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Nome da Disciplina:

Teorias Sociológicas Contemporâneas

Apontamentos de: Maria Melo


E-mail: operacoes.asm@ana.pt
Data: 10 de Março de 2007

Livro:

Nota:

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APONTAMENTOS
TEORIAS SOCIAIS CONTEMPORÂNEAS

A – EMERGÊNCIA DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO


1. Teoria Social Clássica
2. A Filosofia da Ciência Social

B – A PLURALIDADE PARADIGMÁTICA
3. Teoria Critica, Marxismo e Neo-Marxismo
4. Teorias da Acção e da Praxis
5. Teoria dos Sistemas
6. Interaccionismo Simbólico
7. Teoria da Escolha Racional “TER”
8. Sociologia do Tempo e do Espaço

2
A – EMERGÊNCIA DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO

INTRODUÇÃO

Surgiu no séc. XIX e início do séc. XX como 1 comentário crítico aos principais processos
socioeconómicos e políticos que moldaram o mundo moderno.
Do ponto de vista histórico a Teoria Social Clássica (TSC) pode ser considerada como 1 fase
durante a qual a reflexão sobre a sociedade se automatizou da filosofia social e politica
assegurando 1 pretensão efectiva ao estatuto de disciplina distinta. O seu objecto era a
própria sociedade. No sentido histórico, a TSC ocupa 1 posição intermédia entre a fase
setecentista do desenvolvimento da ciência social e a teoria social contemporânea do pós
guerra.
O pensamento sociológico não é o mm que o pensamento do social. O social reporta-se à
esfera do real enquanto que o sociológico reporta à esfera do conceptual. Com o social
estamos ao nível do homem e da vida, com o sociológico estamos ao nível de “pensar,
perspectivar, questionar discutir, conceptualizar”.
Do ponto de vista epistemológico o social faz parte do objecto enquanto que o sociológico
faz parte da imagem e do sujeito.

No sec XIX o Homem começou a pensar o social mediante novos critérios.

A principal realização da TSC foi ter identificado e elaborado a maioria dos grandes temas
que emergem na construção da teoria da sociedade cuja noção se funda de que a
sociedade é algo de essencialmente distinto da natureza.
Um dos contributos principais da TSC foi o desenvolvimento do conceito de estrutura social.
Estrutura: entende-se por aqueles sistemas englobantes de relações sociais que surgem
como forças aparentemente externas, determinante das vidas dos indivíduos.

Sociologia
Nasceu num contexto revolucionário (rev francesa, ver ind, ver cientifica) e, + como
reacção de temor pelas consequências da mudança do que pelo fervor revolucionário.
A Revolução Industrial foi o acontecimento que + contribuiu p/ a especificidade da
sociologia. Produziu transformações em série, desde o êxodo rural, à proletarização das
cidades e ao estabelecimento de grandes burocracias e serviços necessários à sociedade
industrial. Gerou tb marginalidade social, conflito, alteração súbita de normas, movimentos
migratórios, miséria e acumulação de grandes riquezas.

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Comte e Durkheim fundaram uma sociologia da “ordem e do progresso” condicionada pela
sua preocupação com a desordem e a estagnação social.

Karl Max, Émile Durkheim, Max Weber e George Simmel dedicaram s sua vida ao estudo
dos problemas sociais, tornando-se os pais fundadores desta nova disciplina cientifica e
nomotética: a ciência positiva que Comte deu o nome de Sociologia em 1830 no seu Cours
de Philosophie Positive.

Principais correntes clássicas da Sociologia:


Positivismo: refere-se á análise científica dos objectos reais, em função da convicção
epistemológica. Conhecer o objecto real tal como ele é.

Funcionalismo e organicismo: estabelecem 1 analogia entre a sociedade e os


organismos e explicam as interacções entre as pessoas como resultado de desempenho de
funções próprias do sistema social.

Sociologia histórica e o estudo da autoridade burocrática: caracterizado pela


atribuição de uma especificidade própria aos fenómenos humanos e uma intencionalidade
racional das acções;

Marxismo: acentua o papel do conflito na teleonomia da história;

Desde o sec XIX, portanto, desde a sua criação, a sociologia foi marcada pela diversidade
de pontos de vista que correspondiam a outros tantos objectivos políticos e sociais.

Marx concebeu as relações humanas marcadas pela mudança teleonómica em direcção ao


comunismo.
Ao contrário, outros fundadores, como Weber ou Durkheim, eram anti-socialistas. Não
concebiam a revolução como um estado necessário do desenvolvimento humano.
Empenharam-se na reconstituição da ordem social. A palavra de ordem face aos problemas
do capitalismo não foi revolução, mas reforma.

A importância do espírito cientifico

Determinismo: impõe-se como base epistemológica da ciência e os cientistas n/ cessam


de procurar e descobrir as regularidades do comportamento dos fenómenos físicos e
químicos.

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O espírito matemático e científico irá estender-se a todas as ciências sem excepção p/ a
sociologia.
A sociologia do séc. XIX vive o espírito do séc., é cientista. Acredita no progresso da espécie
humana através da instauração de 1 governo científico de toda a vida humana e faz da
ciência a nova religião c/ a sua moral particular. É valorativa e acredita que pode conhecer a
verdade 1x q o seu objecto é cognoscível.
A cientização da sociologia pressupõe a experimentação como método de observação
empírica, o único garante da positividade.

O desenvolvimento da Sociologia foi marcado tb pelas diferentes histórias nacionais e


reflecte a evolução da sociedade europeia. Destacam-se a França e a Alemanha.

A Sociologia Francesa, as Luzes e a Revolução

Entre as contribuições da filosofia das luzes para a sociologia destaque-se a elaboração de


conceitos de sociedade civil, sociedade e cultura.

Também o estudo dos povos selvagens proporcionado pelas descobertas permite acelerar o
desenvolvimento de ideias relativistas. Estes estudos, baseados na observação e não na
especulação, ajudaram a promover uma autonomização do pensamento do social em
relação à reflexão filosófica.

Iluministas de 1ª geração – Descartes, Hobbes e Locke


Iluministas de geração posterior – Rosseau e Montesquieu

Iluminismo: generalizou a crença de que a evidência científica deveria constituir o critério


supremo da verdade, e que a razão e a experiência, na linha do positivismo Newtoniano
deveriam proporcionar o controlo do mundo. Esta concepção foi transferida para a
sociologia francesa por Comte e Durkheim, no que se chamou o positivismo sociológico.

A Sociologia Alemã

O pensamento sociológico alemão teve como expoente Marx, Weber e Simmel.

CAP I – TEORIA SOCIAL CLÁSSICA

Comunidade natural – é determinada pela tradução e pela satisfação tradicional ou

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convencional de desejos e necessidades.

Sociedade industrial – é uma forma revolucionária de, única e não natural de lidar com
desejos e necessidades.

As principais contribuições da TSC foram:


- Distinção entre natureza e cultura;
- Distinção entre livre arbítrio e determinismo;
- Distinção entre estrutura e acção.

Karl Marx
Desenvolve 1 teoria estrutural determinista, considerando que a estrutura domina a acção
individual. A estrutura é caracterizada por relações de classe associadas a modos de
produção, é a economia (modo de produção) que explica as relações sociais.
Marx desenvolve o materialismo histórico em colaboração com Engels.
São as seguintes as fraquezas da teoria de Marx:
- Não resolveu as relações entre estrutura e acção (agency);
- Sobrevalorizou os aspectos ligados às bases materiais da acção social;
- Explicou deficientemente o problema da manutenção da ordem e coesão;
- Menosprezou a importância da democracia;
- Desprezou os factos de teor normativo.

O seu pensamento foi especialmente influenciado pelo filosofo alemão + proeminente do 2º


quarto do séc. XIX, Hegel. Este último dá vida a 2 conceitos chave: dialéctica e idealismo. A
dialéctica é simultaneamente 1 método de pensamento e 1 imagem do real. Hegel aplicou
este conceito às ideias mas Marx aplicou-o ao processo histórico e aos aspectos materiais
da vida, nomeadamente à economia – Materialismo Histórico.

Marx adere à critica materialista de Feuerbach e adopta filosofia materialista mas tb o


desejo de intervenção prática na vida humana. Interessa-se + pelos factos reais que pelas
ideias abstractas. A sua atitude não é só filosófica de interpretação mundo é mais do que
isso, a praxis que pode e deve mudar o mundo.

Embora Marx não tenha sido um sociólogo podemos considerar que as suas teorias contem
uma visão sociológica do mundo.

Os principais conceitos desenvolvidos por Marx:

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- Capital, Capitalismo, alienação, mais-valia, valor-trabalho, salário, processo de produção,
modo de produção, classe social, luta de classes, ditadura do proletariado, ideologia.

Durkheim
Para explicar a estrutura, recorre às relações de solidariedade ou de ligação entre as
pessoas.
Define o social e as regras de observação dos factos sociais. Distingue sociedade de cultura;
Critica o utilitarismo e o liberalismo económico; O seu pensamento evolui p/ evidenciar já
não tanto a coacção que a sociedade exerce s/ os indivíduos, mas os efeitos de assimilação
das normas sociais permitidas pelos processos de socialização;
Embora liberal do ponto de vista político, Durkheim temia, como Comte e os católicos, a
desordem social revolucionária. Por isso dedicou a maior parte dos seus trabalhos ao estudo
da ordem social. Foi um reformista convicto de que a revolução é indesejável pelas
consequências negativas que acarreta.

Empenhou-se em distinguir a sociologia das outras ciências, particular/ da psicologia e da


história e estabeleceu como seu objecto o estudo das relações entre o indivíduo e a
sociedade.

Considerou que a tarefa principal da sociologia é o estudo dos factos sociais que são por
natureza distintos dos factos individuais. Assim, na sua obra As regras do método
sociológico (1895), explicou a natureza do social e a sua necessária metodologia de análise.
Nela afirma que os factos sociais são externos às consequências individuais e dotados de
poder coercitivo, em virtude do qual se impõem aos indivíduos.
Com Durkheim, tb com Comte, a sociologia adquiriu o seu estatuto científico e tornou-se
uma disciplina autónoma, com teorias e métodos próprios.
Os principais conceitos sociológicos:
- Factos sociais, anomia, divisão do trabalho, lei sociológica, comunidade moral, consciência
colectiva, representações colectivas, ordem social, solidariedade social, suicídio, sagrado e
profano.

Alexis de Tocqueville
Construiu os conceitos de autoridade tradicionalmente dispersa do Antigo Regime e
autoridade centralizada do Estado democrático moderno.

Estuda o estado democrático e caracteriza-o em função de 4 aspectos:


- Carácter absolutizante ou totalizador;

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- Base de apoio centrada nas massas;
- Centralização e racionalização;
Identificou na Ver francesa um fermento para a privacidade individual e para o despotismo
de estado e propôs o reequilíbrio da relação individuo/estado através de 1 conj. De medidas
tendentes a conferir aos indivíduos direitos de cidadania e a separar o poder judicial do
legislativo, de modo a limitar a arbitrariedade do poder executivo.

As principais falhas do seu pensamento:


- Fraqueza na explicitação de natureza e surgimento dos direitos de cidadania;
- Não explicação das relações promíscuas entre os grupos poderosos e o aparelho de
estado.

Deixou-se fascinar pela ideia de modernidade. Acreditava que o homem que se encontrava
num processo de libertação caracterizado por vínculos n/ coercivos e resultantes de acções
de decisões livres;
Compreendeu o perigo da sociedade democrática: o individualismo.
Não deixou de sublinhar os limites de qualquer democracia, pois considerou que impõem
uma tirania da maioria.

Principais conceitos sociológicos:


- Democracia, sociedade democrática, liberdade, igualdade/desigualdade.

Max Weber
Ao contrario dos autores anteriores n/ é 1 estruturalista, mas 1 teórico da acção,
acentuando o ponto de vista do actor e n/ do grupo.
Baseia a sua teoria numa epistemologia algo diferente, colocando o sujeito cognoscente no
centro da relação de conhecimento; Preconiza a interpretação e a construção de sentido por
parte da mente individual. Considera que o sentido dos factos sociais é construído
socialmente incorporando valores e interesses. Postula que não é aceitável a explicação da
sociedade que exclua o sentido das acções relevantes dos actores envolvidos.
A concepção da estrutura liga-se ao conceito de “consequências não intencionais da acção”.
Esta concepção vê as principais instituições humanas como consequência da acção humana
Vê a estrutura como resultado da acção humana, mas interpreta-a como resultado de 1
acção imbuída de sentido e n/ determinado pelas relações de classe próprias.
Enquanto Marx explica o capitalismo moderno pela lógica económica do modo de produção,
Weber explica-o pelos factores morais ligados ao espírito do protestantismo e à
racionalização do mundo ocidental.

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As principais fraquezas da sua teoria:
- As suas teorias da acção só fazem sentido no quadro da aceitação do individualismo liberal
do sec XIX;
- A Teoria Social é construída com base no ideal do sujeito virtuoso;
- Subvaloriza a capacidade da democracia e da cidadania de reduzirem a dominação
burocrática e a racionalização.

Recusa aceitar a ideia de Marx de que as ideias sejam um simples reflexo do mundo
material, e dedica-se a estudar a influência destas nos factos históricos, nomeadamente o
do surgimento do capitalismo. Considerou o mundo das ideias como autónomo em relação à
economia e capaz de a afectar de forma decisiva, especialmente as ideias religiosas, que
associou ao desenvolvimento do racionalismo ocidental e à sua manifestação na esfera
económica - sistema capitalista. Acerca disso escreveu a tese que se tornou central no
pensamento sociológico: “A Ética protestante e o espírito do capitalismo” 1905.
Outro aspecto que o opõe a Marx é a sua teoria de estratificação social. Marx põe a tónica
na existência de classes que se distinguem pelo lugar que os indivíduos ocupam no
processo produtivo, Weber acredita que é dominado pela esfera económica, mas tb por
outras esferas, tais como o prestígio e o poder.
Centra o seu trabalho no estudo do processo de racionalização de que o capitalismo
constituirá 1 parcela. É significativo o esforço que faz p/ estudar a burocracia como
fenómeno de afirmação de racionalização do mundo e ainda o estudo das religiões e o seu
papel neste processo.

Principais conceitos:
- Acção social, racionalização, burocracia, tipo ideal, acção racional, grupo hierocrático,
julgamento de valor.

Augusto Comte
Fundou o positivismo na filosofia e nas ciências sociais, particularmente na sociologia. Foi
quem utilizou pela 1ª vez a designação de Sociologia para referir a análise positivista dos
fenómenos sociais e políticos, que ele julgava estarem sujeitos às leis naturais.
O seu pensamento seguiu 1 orientação tradicionalista e progressista; enquanto Saint-Simon
foi um socialista liberal e progressista. Orientou-se intelectualmente por reacção ao
pensamento iluminista e revolucionário francês; Combateu a desorganização e a anarquia;
fundamenta as suas ideias num sistema conceptual a que chama sociologia e que é
elaborado segundo a crença no positivismo e n/ no catolicismo.

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Acredita que a desordem social se deve à desordem intelectual, e que é fundamental educar
o povo para organizar a sociedade.
Foi defensor do unitarismo metodológico.

Principais conceitos sociológicos:


- Filosofia positiva, ordem/progresso, religião cientifica, lei dos 3 estádios, leis de
desenvolvimento social, valor moral, sociologia positivista.

CAP II - A FILOSOFIA DA CIÊNCIA SOCIAL

INTRODUÇÃO

Todas as ciências se autonomizaram a partir do pensamento filosófico.

A Filosofia, na sua especialidade de Filosofia das Ciências, reflectiu acerca da actividade das
ciências e dos cientistas ao longo dos tempos, produzindo 1 teoria filosófica da ciência
metateoria.
Metateoria reflecte acerca da teoria científica, quer do ponto de vista formal ou interno
(relativo à lógica, método e correcção dos raciocínios utilizados), quer do ponto de vista
social ou externo (relativo às condições sociais da produção cientifica, culturas e modus
faciendi sociais, limites estruturais e conjunturais, relações de poder).

As teorias do social tornaram-se muito dependentes da metateoria construída pelos próprios


cientistas sociais que se dedicaram essencialmente à reflexão acerca do objecto formal.
Assim é muitas vezes difícil distinguir a teoria da metateoria no seio das ciências sociais.

A principal linha de clivagem no seio do pensamento sociológico alinha o


positivismo/naturalismo/objectivismo1 (Durkheim e Parsons e maioria das correntes anglo
saxónicas e parte dos marxistas como Engels e Althusser) e correntes daí derivadas ou
inspiradas, contra o construtivismo/anti naturalismo/subjectivismo2 (Max Weber e maioria
pensamento germânico e outros marxistas como, Lukács, Sartre e da Escola de Frankfurt) e
respectivas correntes derivadas ou inspiradas.

Um outro grupo alternativo surgiu recentemente e pode ser considerado como naturalista
crítico ou pós-positivista3 pois apresenta 1 programa realista n/ positivista da ciência.

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O positivismo foi o modelo clássico. Ontologicamente afirmar o realismo significa que está
presente a crença de que a realidade existe independentemente do conhecimento que
temos dela.
O Positivismo pretende explicar os fenómenos sociais através da existência de leis gerais
que regem todos os fenómenos e que permitem explicar as acções ou ocorrências
observáveis. Do ponto vista epistemológico considera 2 esferas: sujeito e objecto as quais
são independentes.

Dualismo epistemológico ou separação entre o sujeito e o objecto de estudo: enquanto q a


esfera do real permanece inalterável face ao sujeito, a esfera do sujeito transforma-se pela
relação de conhecimento.

Implicações do ponto de vista metodológico: adopção de 1 metodologia


experimental/manipulativa p/ a verificação de hipóteses, utilização preferencial de métodos
quantitativos e adesão ao unitarismo metodológico.

Construtivismo ou anti-naturalismo, também considerada hermenêutica.


É relativista e afirma que a realidade é apreendida de formas múltiplas, através de conceitos
mentais inatingíveis que se baseiam na experiência social e pessoal dos indivíduos.
Os fenómenos sociais são ontologicamente diferentes dos físicos/naturais pois regem-se por
regras que não são logicamente independentes dos comportamentos humanos. A linguagem
é a estrutura que materializa os sentidos subjectivamente visado pelos agentes sociais.

Do ponto de vista epistemológico, a proposta hermenêutica afirma a impossibilidade da


previsão por aplicação de leis gerais. É transaccional, o que significa que o sujeito e o
objecto interagem e n/ são independentes. Os factos n/ existem por si. São criados pelo
investigador-subjectivismo.

Implicações do ponto de vista metodológico:


- Adopção de metodologias hermenêuticas e dialécticas que permitem interpretar e
comparar relações variáveis, imprevisíveis e singulares, ou seja, não generalizáveis.

Realistas críticos ou pós-positivistas combinam aspectos dos 2 paradigmas anteriores.


São realistas, portanto consideram que a realidade existe antes e fora dos sujeitos, mas a
realidade social é simultaneamente imanente e transcendente em relação aos indivíduos.
Assim, a ontologia da estrutura social n/ é independente da ontologia dos sujeitos.
Consideram que existe uma relação entre realidade e a subjectividade dos sujeitos que

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agem socialmente. O seu programa intelectual pretende conciliar estes dois pólos.

A principal contribuição deste paradigma é a superação do dualismo epistemológico


positivista pela afirmação de que a realidade social está imbuída de valores, e o papel das
ciências sociais inclui a descrição e explicação desses valores que condiciona a estrutura
social. Concilia a realidade objectiva e subjectiva da acção social.

Os pós-positivistas realistas postulam diferenças ontológicas e epistemológicas significativas


entre ciências sociais e físico-naturais, pelo que optam pelo dualismo metodológico.

A natureza da Ciência Social

Surge da resposta à questão: Qual é a natureza das ciências sociais?


Alguns pensam que a sociologia são matérias científicas equivalente à biologia ou física, e
que não há razão para a distinção entre ciências e letras ou humanidades. São os
unitaristas metodológicos ou naturalistas – Comte, Ernst Mach Circulo de Viena.
Outros pensam que as ciências sociais não são ciências como as físicas ou naturais, são os
dualistas metodológicos ou anti-naturalistas – Dilthey, Windelband, Rickert, Husserl, Alfred
Schutz, Gadamer.
Max Weber ocupou 1 posição intermédia.

Um dos desenvolvimentos mais marcantes da teoria social recente tem sido o redespertar
da sociologia histórica que tende a dar especial atenção às relações políticas e militares, em
particular as verificadas entre Estados-nação.

Filosofia da ciência

Desenvolveu-se em vários sentidos:

a) Filosofia anglo-americana e alemã, incluindo o Circulo de Viena. Trata-se de uma


epistemologia interna ou reflexão acerca do conjunto de requisitos p/ a produção de
evidências científicas. Incide especialmente no rigor das proposições, induções e
deduções. É 1 análise do formalismo do pensamento científico. A verdade é considerada
1 conformação de proposições linguísticas à realidade e portanto, 1 discurso objectivo
acerca do real.

b) Filosofia epistemologia francesa e marxismo, incluindo Khun: conjunto de factores

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externos aos processos intelectuais em si, que podem condicionar e configurar a
produção e os resultados das investigações. Incide nas condições sociais e históricas. É
relativa ao poder, à política, à economia, à cultura, à ideologia, etc. A verdade é
constituída socialmente e é relativa no tempo e no espaço.

c) Pragmatistas americanos, incluindo Peirce: epistemologia interna e externa, conjugando


rigor formal c/ capacidades intelectuais desenvolvidas em condicionamento cultural. A
verdade deixa de ser objectiva e passa a ser consensual. Resulta de um processo
colectivo de entender o mundo que corresponde a 1 conjunto de práticas e rotinas
institucionais produzidas pela comunidade científica nas suas práticas.

E as ciências sociais?

A influência do Circulo de Viena caracterizou-se pela emergência do Neo-positivismo que foi


predominante nas ciências sociais em meados do séc. XX. As excepções foram a
Antropologia cultural e a corrente sociológica Interaccionismo simbólico.

As críticas a esta postura intelectual tiveram como resultado novas e diversificadas


perspectivas, n/ necessariamente compatíveis ou redutíveis mas às outras, como sejam, o
construtivismo, a sociologia histórica, a teoria neo-hermeneutica, a revisão crítica do
funcionalismo, a teoria crítica do funcionalismo, a teoria critica, o anti-positivismo, o
estruturalismo, o feminismo e outras.

Circulo de Viena
Surge em 1923 liderado por Moritz Schlink. Foi constituído por um grupo de
filósofos/cientistas seguidores do empirismo anti-metafisico iniciado por Ernst Mach na
Universidade de Viena em 1895.
Criaram 1 paradigma científico herdeiro do positivismo, designado por “positivismo lógico”
que pretende ser o responsável pela criação de 1 concepção cientifica do mundo (q incluía a
rejeição de toda a metafísica tradicional e aplicava os seus princípios à teoria do
conhecimento, atacando radicalmente as concepções kantianas e os conceitos de verdade
subjectiva. Propunha o estabelecimento de 1 ciência unificada, realista e empirista), e
apresenta-se como 1 movimento cientifico e educativo c/ a finalidade de fazer 1 síntese do
empirismo e do positivismo comtiano;
Ambicionava a transformação social através do esclarecimento nessa concepção;
Afirma que a explicação sociológica, tal como a histórica deveria seguir o modelo dedutivo-
nomológico (nomotética procura leis gerais) ou “lei explanatória” das ciências sociais.

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Destacados membros – Moritz Schlink, Rudolf Carnap, Otto Neurath, Hans Hahn e ainda
Ludwig Wittgenstein, Albert Einstein e Bertrand Russel que não foram membros mas
influenciaram.

Dilthey
Filosofo hermeneuta, anti-naturalista, fez a distinção entre 2 tipos de conhecimento: análise
cientifica natural e análise cientifica social. A 1ª é aplicável a fenómenos que se podem
exprimir por leis e a 2ª aplica-se a fenómenos que exprimem intenções dos agentes.
A sua principal contribuição situou-se ao nível da psicologia experimental e da psicologia
cultural, à qual aplicou novas técnicas de medida.

Gadamer
Especializou-se em hermenêutica e concebe-a como 1 método de interpretação, à
disposição do cientista social, capaz de explicitar os sentidos atribuídos tradicionalmente às
acções que conjugam passado e presente no acto do conhecimento. A produção de
significados é dialógica, ou seja, integra duas lógicas.

Habermas
Influenciou o desenvolvimento científico das ciências sociais com a sua critica à consciência
tecnológica que se desenvolve nas sociedades capitalistas tardias;
Fez uma revisão do materialismo histórico mostrando que, para além dos aspectos
económicos evidenciados por Marx, existe 1 crise de racionalidade, legitimidade e motivação
nas sociedades industriais avançadas, que afecta os sistemas políticos e socioculturais e põe
em causa a sobrevivência das sociedades avançadas.

Husserl
Fez uma investigação sistemática da consciência humana;
Criou a fenomenologia como método filosófico de questionar os fenómenos da consciência e
desenvolveu questões relativas à forma pela qual se constituem os objectos na consciência
humana.

Lukács
Desenvolveu estudos sobre a consciência de classe e alienação.
Fundador do marxismo hegeliano que viria a conduzir à Teoria crítica.
Contribui para retirar do paradigma marxista a inevitabilidade da marcha histórica conduzir
à racionalidade, e substituiu-a pela ideia de que a marcha historia esta relacionada com a
praxis humana.

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Mannheim
Leccionou na London School of Economics e no London Institute of Education;
Estabeleceu as bases da sociologia do conhecimento, como meio racional de conhecimento.
Estudou a estrutura da sociedade de massas e a sua fragmentação, adoptando ideias
extremistas de planificação social para o restabelecimento da ordem social.

Shutz

Leccionou na N.Y. School of Social Research;


Introduziu na sociologia a fenomelogia de Husserl combinando-a com outras escolas
interpretativas e criando condições para o surgimento da Etnometodologia e da teoria critica
de Habernas.
Obras: A fenomelogia do mundo social

B. A PLURALIDADE PARADIGMÁTICA

Introdução

A sociologia nasceu optimista quanto às possibilidades de racionalizar a vida social e


minimizar os prejuízos da revolução. No entanto, a evolução do sistema capitalista acentuou
as assimetrias sociais, isso veio a provocar na sociologia uma evolução para formas mais
criticas.

As escolas do sec. XIX, que tinham sido naturalistas, organicistas e mecanicistas, à medida
que se avançou no sec XX, tornaram-se obsoletas, ao mesmo tempo que foram aparecendo
tendências intelectuais anti-evolucionistas, especialmente através de Nietzsche.

O desenvolvimento da antropologia e da etnografia, mostrando a diversidade e relativizando


as normas e modelos sociais, permitiu mostrar uma impossibilidade de unitarismo no
desenvolvimento social. A própria crise na s ciências físicas, com o surgimento da geometria
não – euclidiana, a teoria dos conjuntos e a decadência do cálculo como único modelo de
conhecimento do universo, contribuíram para repensar a epistemologia das ciências sociais,
até aí marcadas pelo paradigma cientifico positivista.

Em 1894, foi organizado em Paris o I Congresso do Instituto Internacional de Sociologia. No


inicio do sec XX, a Sociologia vivia uma situação instável, com os sociólogos desentendidos

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quanto ao objecto e métodos a utilizar nas suas investigações. No entanto, a geração de
grandes sociólogos do sec XIX e princípio do sec XX esteve ainda relativamente unida.
Ligou-a a preocupação com os graves problemas da sociedade capitalista, a metodologia, a
objectividade, a necessidade de separação dos métodos da sociologia das ciências exactas,
a separação definitiva da sociologia relativamente à filosofia, a necessidade de realização de
estudos empíricos e a abordagem estruturo-analitica em substituição da histórica-
evolucionista. Por outro lado, é marcante a diferença cada vez mais acentuada entre a
sociologia não marxista e a sociologia marxista como pontos de vista irredutíveis. Evoluindo
em torno destas questões, no final do sec XIX e princípio do Sec XX, a sociologia não tinha
atingido uma unidade paradigmática.

Na Inglaterra, James Bryce começou a publicar através da Sociedade Sociológica de Londres


a revista “Sociological Review”, mas só em 1907 foi criada a 1ª cadeira de sociologia na
Universidade de Londres.

Em França, reservava-se o termo sociologia para os estudos dos discípulos de Comte. Os


seguidores de Le Play consideravam que produziam estudos de “ciência social”.

Duas escolas de sociologia, a de Le Play (criador do método monográfico) e a de René


Worms (organicismo) foram igualmente incapazes de deixar como herança uma reflexão
condutora do pensamento sociológico francês.

Na Europa, a sociologia chegou às vésperas da IIGM sem influência e sem prestígio.

Na Alemanha, as faculdades de filosofia que incluíam as ciências humanas recusavam todos


os estudos empíricos. A sociologia não era aceite nem pelas universidades nem pela
burocracia dirigente. Tonnies criou a Sociedade Sociológica Alemã em 1909. Depois de Marx
e Weber, é a Tonnies que cabe a mais importante produção teórica ao longo de mais de
cinquenta anos. Juntamente com Simmel é um dos fundadores da sociologia formal.
No final da IIGM, a sociologia estava decadente.

Ao contrário, nos EUA, a influência de Spencer e do pragmatismo dava origem a ideias


reformadoras. Em 1876, foi leccionado em Yale o primeiro curso de sociologia, e em 1893,
Small iniciou em Chicago a 1ª cadeira de especialização em sociologia. Em 1895 foi criada a
revista “American Journal of Sociology”, e em 1905 foi crida a Sociedade Sociológica
Americana. A sociologia Americana foi iniciada por pensadores e investigadores das mais

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diversas áreas e não profissionais de sociologia.

A Sociologia americana começou a desenvolver-se na 2ª metade do sec XIX, fortemente


caracterizada pelas ideias liberalistas e darwinistas e sob influência de Herbert Spencer.
Destaque para a escola de Chicago que veio constituir um importante núcleo de reflexão e
produção teórica graças aos trabalhos de Small, Park e, Thomas, Cooley e especialmente
Mead com o interaccionismo simbólico.

Depois de Chicago, em Harvad a sociologia é introduzida por Pitirim Sorokin, e


posteriormente, Talcot Parsons eleva-a ao mais alto expoente, por desenvolver uma teoria
geral da acção e criar o estrutural funcionalismo.

A tradição liberal da sociologia americana apoia-se em dois elementos essenciais: 1º crê na


liberdade e no bem-estar individual; 2º adoptaram um ponto de vista evolucionista quanto
ao progresso social. Na pratica, a sociologia americana é conservadora.

Entre os factores que influenciaram o pensamento sociológico americano conta-se o


cristianismo protestante e a sua ética associada. Um outro traço do carácter geral da
sociologia americana é o facto de se afastar de abordagens históricas e buscar um carácter
empírico do tipo científico quantitativo, acusando pouca ou nenhuma influência de Weber,
Marx e Durkheim.
A escola de Chicago foi representada por Thomas, W.L. e por Robert Park, especialmente
ligados a questões de emigração e à ecologia humana ou sociologia urbana. Na escola de
Chicago predominaram os estudos descritivos e culturalistas.

Duas outras figuras se tornaram centrais na escola de Chicago: Charles Horton Cooley e
George Herbert Mead. Estão ligados à mais destacada contribuição dessa escola: o
interaccionismo simbólico.

Tanto cooley como Mead recusaram a perspectiva behaviorista. Postularam a importância


da consciência moldada pela interacção social. Do ponto de vista metodológico o
interaccionismo recorreu à observação sistemática do comportamento humano. Utilizou o
método da introspecção compreensiva, que consiste em tentar colocar-se no lugar do outro.

O interaccionismo ficou em grande parte circunscrito a uma tradição empírica oral,


facilmente ultrapassado pelas grandes formulações teóricas mais elaboradas, como o
estrutural funcionalismo.

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Em Harvard a sociologia é introduzida por Pitirim Sorokin, que aí introduziu o 1º
departamento de sociologia. Foi nesse departamento que Talcott Parsons se viria a
destacar, sendo Prof. de destacadas figuras do estrutural funcionalismo, tais como Robert
Merton, Kingsley Davis e Wilbert Moore.

A sociologia americana até Parsons foi marcada pelo empirismo e pela realização de
grandes inquéritos por Samuel Stouffer e Lazarsfeld. Este novo grupo de empiristas
dedicados à realização de grandes inquéritos situa-se numa linha de pensamento diferente
da linha tradicional e com uma orientação individualista quantitativa e nominalista. Do ponto
de vista epistemológico, estes inquéritos são sustentados pela crença de que o individuo é
uma fonte segura de verdade para aceder ao todo social. Esta corrente empirista é muito
inspirada no behaviorismo.

A estatística é a técnica cujo desenvolvimento permitiu por em evidencia as convicções


empíricas. É uma sociologia pragmática que ignora completamente a teoria por não
acreditar na sua relevância.

É interessante constatar que a teoria estatística aplicada às ciências sociais e a maior parte
de todos os métodos quantitativos de analise do social foram criados fora da América, no
seio de grandes tradições teóricas, no entanto, nos EUA atingiram grande importância.
Foram os americanos que usaram estas técnicas, assumindo-as como modelo de leitura do
real, que se impõe por si. Lazarsfeld representa uma abordagem que se debruça
intensivamente sobre os aspectos teóricos e metodológicos das técnicas de inquérito e
amostragem, recolha e tratamento de dados. É responsável pela cientificidade dos
inquéritos sociológicos.

As teorias feministas surgiram no seio da teoria sociológica e caracterizam-se por 1


abordagem da vida social e das relações humanas a partir de 1 perspectiva feminista da
sociologia dos géneros. Dividem-se em 2 abordagens:

Funcionalistas, teorias de conflito e neo-marxistas: macrossociais, baseiam-se na convicção


de que as mulheres ocupam 1 posição subordinada no grupo doméstico correspondente a 1
situação social;
Interaccionismo simbólico e Etnometodologia: microssociais afirma que o género se produz
a partir das relações interpessoais;

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As respostas à questão básica de como deve ser explicada a diferença entre a vida das
mulheres e a dos homens encontram variadíssimas perspectivas: bio-sociais, institucionais,
culturais, psicológicos.

Entre os estudos funcionalistas destacam-se trabalhos de Miriam Johnson. No sei da teoria


doa conflitos foi janet chafetz. Ao nível do interaccionismo simbólico, destacam-se Cahil e
Goffman, enquanto que no campo da Etnometodologia, são de referir Fenstermaker e
Zimmerman.

Depois dos anos 60, 1 dos grandes temas de discussão de sociologia liga-se c/ a
compreensão do mundo actual.
Alguns sociólogos contemporâneos afirmam que nos encontramos numa sociedade moderna
evoluída e que a sociologia dos clássicos pode explicar a realidade social.
Outros preferem falar de 1 sociedade pós-moderna, a qual já n/ pode ser explicada pelos
paradigmas sociológicos existentes.
Em sociologia, as narrativas de modernidade foram essencialmente construídas por Marx,
Weber, Durkheim e Simmel.

Marx desenvolve o seu estudo da modernidade associando-o ao sistema económico


capitalista; Weber caracteriza a modernidade como a época de desenvolvimento e
institucionalização da racionalidade social; Durkheim entende que o carácter da
modernidade se distingue do da pré-modernidade pelo estabelecimento de vínculos sociais
de tipo orgânico.

Simmel incide no estudo da vida urbana e na economia monetária que caracterizam a


modernidade.

Anthony Giddens, considerou a sociedade actual como a fase radical dessa modernidade.
Essa radicalidade é uma consequência da acumulação no tempo dos efeitos particulares da
modernidade.

Giddens constrói uma interpretação estruturalista da modernidade e apresenta-a como


caracterizada pela distanciação das relações sociais e pela reflexibilidade, elementos
associados ao estado nacional. A radicalizaçao da modernidade levou à estandardização e
esvaziou os sentidos do tempo e do espaço, permitindo uma racionalização cada vez maior
e criando uma cultura de risco.
Jurgen Habernas, expoente máximo do neo-marxismo, alargou a importância ao estudo da

19
informação e liberdade de comunicação. Interessou-se pelos problemas da informação e da
liberdade de comunicação.

Outra teoria social que considera determinante o papel da estrutura social é o


estruturalismo. Enquanto que o funcionalismo refere-se aos aspectos da estrutura social
enquanto sistema de manutenção da coesão social, o estruturalismo refere-se à estrutura
simbólica que se manifesta em toda a acção social e que não é imediatamente visível. Esta
estrutura social é essencialmente linguística e operatória, a estrutura social, e permite a
leitura em termos linguísticos ou semióticos da vida social.

Esta teoria social surge a partir do paradigma de análise linguística do suíço Ferdinand de
Saussure.
Tomou o nome de semiótica qd aplicado à análise da comunicação, incluindo linguagem
gestual, simbólica, trabalho que foi desenvolvido por Roland Barthes.

A aplicação da teoria estruturalista da linguística à antropologia foi feita pelo antropólogo


francês Claude Levi-Strauss. Considerado como o pai do estruturalismo, aplicou o
paradigma de Saussure ao estudo de mitos e dos sistemas de parentesco nas sociedades
primitivas.

O marxismo tb fez 1 adaptação estruturalista. Preocupa-se em encontrar a estrutura social


entendida como pré-requisito para a compreensão da história humana. Os representantes
desta corrente são: Althusser, Nicod, Maurice Gaudelier. A estrutura social é considerada
real, mas não a estrutura da mente como Levi-Strauss, mas da própria estrutura da
sociedade, como no estrutural funcionalismo. O Marxismo estrutura é acima de tudo anti-
empirista e procura 1 meio de identificar a estrutura escondida na realidade social.

Uma corrente recente que se distingue do estruturalismo é o pós-estruturalismo. A estrutura


não existe na linguagem mas no discurso acerca da linguagem. A linguagem é instável e
mutável, não esta sujeita a uma estrutura constrangedora, e apenas escrita está nesta
situação.

O pós estruturalismo, representado por Jacques Derrida, apresenta-se como um projecto


teórico hostil às grandes narrativas e à existência de uma lógica interna ao desenvolvimento
social.

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Michel Foucault é sem dúvida o + conhecido dos pós-estruturalistas e faz 1 abordagem
personalizada da atitude pós estruturalista. No seu pensamento cruzam-se perspectivas
fenomelogicas, estruturalistas e relativas a Nietzsche.

O pós-modernismo parte do principio de que nos últimos anos a sociedade capitalista sofreu
modificações e rupturas tão significativas que deram origem a 1 nova sociedade claramente
diferenciada da sociedade moderna.

A pós-modernidade radica na crença de que não existe apenas uma maneira de responder a
a qualquer pergunta formulada, mas que, ao contrário, haverá sempre uma multiplicidade
de pontos de vista a aplicar a qualquer explicação do social.
A nível cultural, o pós-modernismo caracteriza-se por 1 produção massificada, dirigida para
as técnicas de cópia e não de criação.

A teoria social pós moderna tende a ser relativista irracional e niilista, baseada nos pontos
de vista de Foucault e Nietzsche.
Jean François Lyotarel distingue-se entre os mais famosos pós-modernistas.

Outra corrente ainda no âmbito do pós-modernismo que, no entanto, afirma existir uma
continuidade entre 2 períodos é representada pelos estudos de Frederic Jameson. Este
acredita que existe uma continuidade no sistema económico uma ruptura ao nível cultural. A
cultura moderna é superficial, imitativa e portanto constitui uma cultura de simulacros.

O facto de esta cultura destruir emoções leva ao surgimento de sentimentos generalizados


de indiferença e incapacidade de percepção da pp complexidade de manipulação cultural
levada a cabo pelo e dentro do sistema. O actor encontra-se perdido face à abundância de
informação que chegam ao actor social através de variadas formas: literatura, tv cinema.

Jameson tenta fazer a síntese do pós-modernsimo e do pensamento marxiano. Para isso


incorpora posições teóricas, muitas contraditórias entre si.

Anthony Giddens
Construiu uma teoria pp da estruturação social e considera que vivemos, actualmente, a
fase radical da modernidade.

Teoria Crítica, Marxismo e Neo-Marxismo

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Marxismo
Conjunto de doutrinas políticas e de teorias sociais, sociológicas, económicas, políticas, etc.
que se encontram na base ideológica da acção de muitos partidos socialistas e comunistas e
que derivam todos da obra de Karl Marx e Friedrich Engels.
Desenvolveu-se entre final sec XIX e final sec XX.

Após Marx, as teorias marxistas seguiram de perto a convicção determinista, economicista


do seu inspirador. Este determinismo económico é caracterizado pela crença na existência
de uma teleonomia na história humana determinada pela proeminência dos factores
económicos da vida social. Assim, a economia e as lutas sociais que ela gera, são tidos
como motor da mudança social e da evolução histórica. As outras dimensões da vida
humana, tais como a politica, a religiosa, encontram-se subordinados aos aspectos
económicos.
A importância da acção individual é relegada para 2º plano.

O marxismo inicial foi alvo de criticas, que viriam a dar origem a outras perspectivas de
inspiração marxista. Surgiu a corrente critica de inspiração hegeliana representada por
Lukács e por António Gramsci. Este corrente teve como objectivo ultrapassar as limitações
do determinismo economicista e introduzir o subjectivismo na reflexão marxiana.

Lukács reformula os conceitos centrais de reificação de consciência de classe. Trabalha o


conceito de comodidades, ou seja, bens materiais produzidos pelo sistema capitalista que se
impõem aos indivíduos como se fossem independentes deles. A reificação diz respeito ao
mesmo fenómeno mas estendido às instituições, à lei, ao estado, etc.

O marxismo hegeliano é tb representado por Gramsci. O seu grande objectivo foi


uniformizar a teoria social com a prática; criticar o marxismo ortodoxo e o seu carácter
positivista e cienticista, em particular o determinismo económico e a insistência na ligação
particular entre infraestrutura e superestrutura; a inevitabilidade das leis históricas e o
colapso necessário do capitalismo.
Insistiu mais nas ideias colectivas que nas estruturas económicas, o que reflecte a sua
formação hegeliana. Desenvolveu o conceito de hegemonia, que definiu como liderança
cultural exercida pelas classes dominantes. Este conceito apresentou-se como alternativa ao
marxismo ortodoxo.

22
Teoria Crítica
As principais contribuições desta teoria são de Marcuse, Habernas, Horkheimer, Adorno,
Bottomore, Friedman, Held, Jay, Wiggershaus, Slater, principais representantes da Escola
de Frankfurt.
Constituída em 1923 por um grupo alemão neo-marxista insatisfeito com os destinos do
pensamento marxista.

A teoria crítica inspira-se no pensamento de Marx mas é uma alternativa moderna ao


determinismo económico. Constituiu uma crítica à sociedade gerada pelo sistema capitalista
e ao seu sistema de produção de conhecimentos. Afirma a importância da base económica,
mas não afirma o seu determinismo. Mostra, antes, que no capitalismo avançado a
dominação se faz pela esfera cultural e ideológica e não pela esfera económica.

Como críticos da ideologia e da cultura, os autores da TC incidem as suas análises na


produção científica e intelectual da sociedade capitalista. Acusam o positivismo de esquecer
o actor social e o homem e o tratar como indivíduo estatístico.
A teoria critica ataca também a própria sociologia, considerando-a cienticista e vendo a
ciência como um fim em si, de costas voltadas para a realidade social.

Esta teoria concebe o pensamento do social como tendo a obrigação de ajudar as pessoas a
lutar contra dominação e a opressão. Sugere a criação de uma sociologia democratizada e
ao serviço das comunidades.

A TC transfere a sua atenção para a dominação, alienação e conformismo. Os meios de


comunicação social são tb fonte de ataques.
Critica a industria de conhecimentos, representada pelas universidades, pelo facto de esta
viver fechada em si.

As TC já tinham surgido antes da Escola de Frankfurt. Surgiram Ana Europa do sec XVII e
podem ser consideradas uma tradição alemã que inclui o pensamento de Kant, dos
hegelianos de esquerda, Marx e Engels. Chamou-se “critica da economia politica” à ciência a
que se dedicou Marx.

Como corrente, foi definida por Max Horkheimer. Pretende ser 1 reflexão filosófica/crítica da
dialéctica da economia política.

23
Do ponto de vista intelectual, esta teoria é uma conceptualização formal baseada na lógica
dedutiva e na experiência, centrada no conceito marxista de troca. A TC, após o declínio da
escola de Frankfurt, prosseguiu o seu desenvolvimento nos EUA. Ali teve novo expoente,
Wright Mills através da obra “Imaginação Sociológica” 1959.

Habernas trabalhou e substitui os conceitos de “forças de produção” e de “relações de


produção” pelos conceitos de trabalho e interacção simbolicamente mediada”. Por isso
Habernas abandonou a contradição sistémica a que se referem os conceitos marxistas,
substituindo-a pelas noções de “diferentes tipos de acção, interesses de conhecimento e
conflito entre sistema social e o mundo quotidiano. Nunca se considerou sucessor da escola
de Frankfurt e dói sempre autocrítico em relação à TC. Cortou os laços com a critica da
economia politica e com os discursos anteriores a si.

Podemos afirmar que a TC constitui uma reflexão acerca do processo histórico de


desenvolvimento da modernidade europeia.

O marxismo ocidental e os outros


A TC é geralmente vista como uma parte do marxismo ocidental.
A expressão Marxismo ocidental foi criada por Maurice Marleau-Ponty em 1950. Trata-se
mais de uma atitude intelectual do que uma tradição ou um movimento propriamente dito.
Nasceu como resposta europeia à revolução de Outubro na Rússia e foi iniciada por 2
comunistas: Georg Lukács em “history and class consciousness” e Karl Korsch na obra
“marxism and Philosophy”.A estes 2 seguiu-se Gramsci, fundador do partido comunista
italiano.

O marxismo ocidental foi autónomo em relação ao tradicional e em relação ao marxismo


institucionalizado. Opõe-se tb ao Trotskismo.

O trabalho dos marxistas ocidentais concentrou-se na epistemologia e na estética e criou


novos conceitos marxistas.

O MO pode ser visto como transcendência da distinção entre ciência e ética, segundo o
modelo da dialéctica hegeliana, afirmando que a acção moralmente correcta é aquela que
se baseia no conhecimento correcto da situação filosófica da historia e da consciência de
classe.

24
Marxismo e as rotas da modernidade
O Marxismo entre 1880 e 1970 tornou-se a principal influência intelectual dos maiores
movimentos sociais de modernidade: o movimento trabalhista e o movimento anti-
colonialista ou anti-imperialista.

O neo-marxismo assumiu múltiplas facetas e tornou-se bastante heterogéneo se comparado


com o pp marxismo ocidental. O aspecto mais relevante foi a sua colonização do
pensamento sociológico que se tornou altamente permeável às ideias de Marx e passou a
considerá-las parte da teoria sociológica. Os nomes mais destacados deste movimento
foram: Maurice Goudelier, Claude Meilassoux e Emanuel Terray na antropologia e Piero
Safra na economia. A partira da 2ª metade da década de 70, este movimento começa a ter
menos importância.

TEORIAS DA ACÇÃO E DA PRAXIS

Teoria da Acção – alude à importância crucial da consistência subjectiva na direcção da


acção. Identificam 1 fonte p/ a produção de padrões inteligíveis.
O fundamento destas teorias foi a filosofia utilitarista que postulava que a acção humana se
desenrolava em função da natureza humana, e, portanto, toda a acção correspondia a 1
satisfação de necessidades, ou à minimização de perdas e sofrimentos. A isto opunha-se p
pensamento romântico, que sublinhava os efeitos negativos da acção utilitarista por esta ter
carácter oportunista e provocar indirectamente danos sociais. Mas os utilitaristas
contrapunham que o interesse individual poderia tb conduzir à virtude colectiva e afirmavam
que a responsabilidade das acções individuais devia ser imputada aos actores e não à
estrutura.

Actualmente, as teorias dividem-se entre: teorias de acção subjectiva (Weber e Parsons) e


teorias da Praxis (Dewley, Mead, Garfinkel e Giddens).

Teorias da Acção

Max Weber
Weber colocou o actor e o significado que ele atribui às suas acções como chave da leitura
da acção social.
Definiu a acção social como sendo “significados subjectivos que o indivíduo atribui ao seu
comportamento” e considerou que toda a acção social é imbuída de significado.
Interessado no carácter científico das análises, procurou 1 método de generalização.

25
Foi no sentido de esforço p/ compreender o sentido visado nas acções sociais que criou o
método ideal típico.
O método dos tipo-ideais permite construir padrões regulares na acção, tendo em conta a
variabilidade de significados particulares presentes.

As suas ideias foram inspiradoras de várias correntes q desenvolveram no séc. XX: o


interaccionismo simbólico, Etnometodologia e teoria de escolha racional.
Todas estas teorias postulam que só os recursos humanos podem agir de acordo c/ os
processos cognitivos e avaliativos e essa característica deve constituir a base de
entendimento, do modo como funciona a acção, a formação de instituições e de estruturas
sociais.
Ao analisar o “hábito” e a “tradição”, Weber compreende o limite da sua perspectiva.

São 3 as características da acção social 2º Max Weber sobre as quais desenvolve a sua
teoria da acção:
1. a acção social (comportamento com significado atribuído) é sempre
subjectivamente, orientada p/ o comportamento dos outros (indivíduos, populações,
antepassados, gerações futuras);
2. a “relação social” é diferente da “acção social” pois só existe “relação social” se
vários actores orientarem mutuamente o significado das suas acções;
3. pode existir 1 conteúdo significativo estável em relações de longa duração, que pode
ser interpretado pelos actores através de máximas. È o caso de máximas supra-
individuais, tais como preceitos religiosos, códigos burocráticos e regras praticas de
sobrevivência;

Weber constrói a noção de máxima ou norma supra-individual. A partir desse conceito


explica o estabelecimento da “ordem de legitimidade”. Entende por ordem qualquer relação
social que se oriente por uma norma superior (não por uma norma pessoal ou privada) ou
seja, qualquer relação social que se desenvolva, estando presente nos seus protagonistas a
convicção moral de vinculação a um dever independente da sua vontade. Qd os actores se
dispõem a agir (comportar-se em função de um significado particular) comprometidos com
significados que não são pessoais mas moral ou juridicamente postulados, estamos em
presença de uma ordem legitima.
É preciso testar o “fundamento das acções” que pode ser o egoísmo e interesse pessoal de
nível inferior ou o altruísmo e interesse colectivo superior.

Talcott Parsons

26
A produção teórica de Parsons, foi por ele designada de Teoria da Acção. A sua 1ª obra
recebeu o nome de “A estrutura da acção social” e aborda a acção social através de um
modelo de explicação que designou de “acto unidade”.
As principais ideias que o levam a constituir o seu acto unidade são:
1. Racionalidade meios-fins da acção, retirada das teorias utilitaristas;
2. Sentido subjectivo da acção social, retirada de Weber;
3. Integração moral da acção, retirada de Durkheim.

Retoma aspectos fundamentais do utilitarismo e introduziu-lhe alterações provenientes das


concepções de acção racional instrumental e valorativa de Weber, tendo sempre em
consideração o carácter activo dos actores e negando qualquer tipo de determinismo
biológico ou sociocultural.

Construiu o conceito de “fins últimos que dizem respeito a princípios que regem cadeias de
acções e que se encontram presentes na acção social sob a forma de sentimentos difusos
ou atitudes de valor. Pressupõe que o actor atribua os seus comportamentos a um qualquer
sentido e que percepcione a sua acção como algum meio para atingir o fim que tem em
mente. Parsons dá assim grande ênfase aos valores nas cadeias de acção racional.

Para Durkheim a ordem social impõe-se através da “força constrangedora das normas que o
processo de socialização fornece coercivamente aos indivíduos”. As regras, portanto,
possuem força moral. Mas para Parsons, tal como Durkheim, considera a existência de
violações da das normas. Apesar disso, tal como Durkheim, afirma a importância marginal
do nº de infractores às normas, maioria permanece cumpridora.

Parsons afirma que “as normas morais são suficientes para impedir a desintegração numa
desordem hobbesiana.

Outra questão menos forte no pensamento de Parsons diz respeito à importância relativa
dos hábitos e das emoções como causas da acção.

Teoria da Praxis

John Dewley e George Herbert Mead

Weber e Parsons são considerados subjectivistas, pois acreditam que os actos mentais
moldam o dirigem a execução da conduta-subjectividade enquanto fundamento da acção.

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As T. da Praxis distinguem-se das subjectivas por considerarem muito menor a importância
da consciência na acção social. São 2 os importantes teóricos da praxis: John Dewley e
George Herbert Mead.

Mead apresentou 1 novo modelo de comportamento social, chamado interaccionismo


simbólico, que perdurou ao longo de sec XX. Contam-se entre as varias correntes
interaccionistas a sociologia do quotidiano, do absurdo, criativa, interpretativa, existencial,
fenomenologica.

O principal conceito de interesse relevante introduzido pelos autores do interaccionismo foi


o de “interacção”.
A interacção é um processo pelo qual os seres humanos ajustam os seus comportamentos
entre si e o meio, ou seja, em processos que implicam a consciência e em processos que n/
a implicam.

O conceito de interacção foi trabalhado diferentemente pelos 2 autores.


Enquanto Dewley dá grande importância aos hábitos na acção, entendidos como ciclos de
comportamento, que servem propósitos económicos à mudança como as outras formas de
adaptação. Mead centra-se mais nas relações sociais e no papel que a consciência pessoal
desempenha na interacção.

4 Pontos fundamentais do interaccionismo:

1. Os mundos humanos n/ são só materiais e objectivos, mas tb fortemente simbólicos;


2. A permanente transformação dos significados dá origem a 1 processo de identidade,
história pessoal ou construção do EU em função da percepção do tempo e de 1
sentido de ordem histórica e civilização;
3. Uma vez que o conceito chave é a interacção, o interaccionismo simbólico pretende
estudar os processos colectivos cuja unidade mínima de análise é o EU sendo que
este pressupõe a relação c/ o outro;
4. A investigação interaccionista é sempre empírica e relativa às interacções sociais;

Harold Garfinkel
Assenta todo o seu raciocínio na premissa fundamental de que “a Acção Social constitui 1
realização activamente produzida (…) os actores sociais sabem como produzir 1 acção, mas
a maior parte do tempo mantêm apenas 1 consciência tácita daquilo que sabem – Praxis.

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Garfinkel, Goffman, John Austin e outros sociolinguistas da conversação estudam a
importância simbólica da interacção, afirmando que qualquer símbolo ou gesto possui vários
significados e a determinação da sua significação depende da sua inserção num contexto
específico construído localmente.

1 dos limites evidentes da Etnometodologia é a ênfase colocada na praxis ou produção real


da experiência consciente em simultâneo c/ a fraquíssima atenção dispensada à
sensibilidade do individuo e aos seus sentimentos.
Outra reside na sua incapacidade na sua incapacidade de explicar as questões de poder.
Finalmente, outra reside no facto de o estudo empírico de todas a questões praticas sem
generalização teórica impedir a compreensão de formas recorrentes de conduta.

Anthony Guiddens
Produziu 1 teoria dita da estruturação c/ o intuito de ultrapassar 2 pontos de discordância
teórica chamados dualismos: acção/estrutura e sujeito/objecto.
O seu objectivo era relevar a importância da praxis social sem desprezar as questões
persistentes da vida social sem desprezar as questões persistentes da vida social.
Afirma que tudo o que acontece na vida social se produz através de formas de
“desempenho da conduta” que contribuem para a produção e reprodução de relações
sistémicas e de padrões estruturais. O sistema e a estrutura são produtos colectivos.
Considera que o tempo e os lugares materiais condicionam os desempenhos de conduta.

Para compreender as ligações entre os actores, tendo em conta a praxis e a estrutura, o


autor distingue 2 conceitos:
• Integração social: respeita ao estabelecimento de relações face a face, ou seja,
típicas de sistemas como famílias, aldeias, etc.
• Integração sistémica: respeita a relações à distância física ou temporal, facilitados hj
pelos meios de transporte e comunicações.

As práticas ou procedimentos ocorrem integradas por 4 elementos, que são designados


elementos estruturais: regras de procedimento, regras morais, recursos materiais e recursos
de autoridade.

O autor desenvolve o conceito de “dualidade da estrutura” para evidenciar a associação


entre a estrutura e praxis. Esta dualidade de estrutura diz respeito à prática que pressupõe
a aquisição de conhecimentos e recursos adquiridos previamente. Os actores que dispõem

29
de mais recursos estão em condições de dominar as relações

Desenvolve uma teoria do sujeito baseada em 3 níveis de subjectividade: consciência


discursiva ou nível de raciocínio; consciência pratica e subjectividade inconsciente.

Crítica – não fornece qualquer fundamentação normativa para as acções solidárias e


comunais.

TEORIA DOS SISTEMAS

Introdução

Nenhuma outra corrente teve tanta importância como o estrutural funcionalismo de Talcott
Parsons, permanecendo dominante entre os anos 30 e 60 do sec XX nos EUA.

O mérito de Parsons foi ter conseguido uma síntese das principais ideias sociológicas desde
Durkheim a Malinowski, a qual integra a capacidade de explicar os diferentes níveis sociais,
desde a estrutura social ao comportamento individual.

The Structure of social Action tornou-se uma referência para o estrurtutural-funcionalismo


americano pois introduziu no pensamento americano as correntes da sociologia europeias
(Durkheim Pareto e Weber) e exclui o pensamento de Marx e de Simel.
Permitiu ligar os pontos de vista do actor com os pontos de vista mais macroestruturais dos
sistemas social e cultural, numa perspectiva de articulação e não contradição.

Parsons interessou-se pelas condições de manutenção e funcionamento do sistema social e


das modalidades da acção social. A sua pergunta de partida foi “de que forma as
sociedades subsistem e se mantêm unidas e coesas?”

A perspectiva sociológica dita funcionalista não teve início em Parsons mas remonta aos
fundadores. A novidade acrescentada por Parsons foi a introdução da estrutura na função.
Considerou que a sociedade é um sistema vivo que tem de adaptar-se a um ambiente em
constante mutação e encontrar o seu equilíbrio, assegurando que cada uma das partes
funcione de forma pp e adequada aos objectivos.

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Considera que a sociedade como um sistema auto-suficiente, constituído por vários
subsistemas interligados e interdependentes. Cada um dos subsistemas contribui para
assegurar os “imperativos funcionais” que lhes são pp e que são elementos básicos
necessários ao equilíbrio da sociedade e, que por conseguinte, necessários à sua
manutenção. Ou seja, são funções de integração social.

Esta teoria desenvolvida por Parsons envolve 4 imperativos funcionais e são designados
pelo esquema AGIL:

A de adaptação
G de realização dos objectivos
I de integração dos actos
L de manutenção dos modelos latentes

Pretende ser 1 modelo de interpretação dos desafios vividos pelos actores sociais de qq
sistema social independentemente da sua dimensão.

Acusando influência de Durkheim, Parsons considerou que só um sistema de valores forte


permitiria assegurar uma sociedade estável e eficiente. A aquisição destes valores sociais,
só é possível graças ao “processo de socialização”, ao “controlo social” e ao desempenho de
“papéis sociais”. Ao longo da sua vida cada indivíduo desempenha múltiplos papeis: pai,
aluno, trabalhador.

Ao analisar as normas e valores, vai agrupa-los em duas categorias:


• Emotivos ou expressivos, orientados para a colectividade;
• Instrumentais ou orientados para a realização;

Em função deste critério de divisão, Parsons constrói 1 quadro de variáveis estruturais q


permitem descodificar os valores presentes na acção social. Assim identifica na sociedade
contemporânea 4 conjuntos de pares de valores antagónicos, que constitui em variáveis de
análise da acção social – variáveis estruturais:

1 Particularismo/Universalismo
2 Aquisição/Atribuição
3 Especificidade/Difusão
4 Neutralidade/Afectividade

31
Nas sociedades + avançadas predominam os valores de tipo instrumental que conduzem à
eficiência funcional necessária à aquisição.
Nas sociedades tradicionais e nos grupos mais restritos predominam os valores expressivos
e afectivos que permitem os relacionamentos mais holisticos.

O estrutural-funcionalismo começou a evidenciar fraquezas por volta dos anos 60,


nomeadamente a incapacidade de explicar problemas da sociedade americana.

Robert Merton
Um dos mais reputados discípulos de Parsons foi Robert Merton. Dedicou-se especialmente
ao refinamento teórico do estrutural funcionalismo, tendo trabalhado particularmente os
conceitos de função latente, função manifesta, disfunção e teoria de médio alcance.

Ao contrário do seu mestre, Merton não desprezou a contribuição científica de Marx e fez
uma síntese entre as ideias culturalistas de Max Weber e as ideia materialistas e
economicistas daquele autor.

Distinguiu a análise externa de 1 interna.


Do ponto de vista interno, analisou o ethos que permitiu constituir a comunidade científica
como grupo fechado e separado da comunidade.

Valores principais da comunidade cientifica:


• O universalismo
• O comunismo
• O desinteresse
• O cepticismo organizado

A este sistema de valores Merton chama paradigma, ou seja, as regras e o jogo que limitam
emocionalmente e profissionalmente a comunidade dos cientistas.

Distingue a sua abordagem da de Parsons:


≠ Deixa a ambição teórica de longo alcance do mestre e dedica-se à construção de
teorias de médio alcance;
≠ Afirma que este não deve estudar apenas funções sociais mas tb as disfunções;
≠ Para Merton há sempre equivalentes funcionais de qualquer elemento ou função
social.

32
Encontra 3 limitações na análise funcionalista de Malinowski e Radclif Brown:
 O postulado da unidade funcional;
 O postulado da universalidade funcional;
 O postulado da indispensabilidade;

Pensa que todos os objectos sociais podem ser sujeitos a observação mediante o modelo
funcionalista. Afirma que a analise estrutural funcionalista deve distinguir os motivos
subjectivos que estão na base das acções sociais. As funções segundo Merton, definem-se
como consequências observáveis que se destinam a produzir adaptação ou ajustamento
num sistema.
Às consequências negativas chama disfunções. Estas, tal como as funções, podem
contribuir para a manutenção de outras partes do sistema social.

Merton fala tb de não-funções, que dizem respeito a consequências irrelevantes para o


sistema social.
Introduz tb os conceitos de:
 Função latente – funções não intencionais.
 Função manifesta – funções intencionais.
 Consequenciais não intencionais – afirma que qualquer acção tem consequências
intencionais tem e não intencionais e à sociologia cabe evidenciar as consequências
não intencionais da acção social.
 Cultura – 1 conjunto normativo de valores que permitem gerir os comportamentos
individuais e comuns aos membros de uma sociedade ou grupo.
 Estrutura social – 1 conjunto Organizado de relações sociais nas quais os membros
de 1 sociedade ou grupo estão implicados.
 Anomia – ocorre quando existe 1 disjunção aguda entre as normas e objectos
culturais e as capacidades q os membros do respectivo grupo social têm de as
implementar, pois devido às suas posições na estrutura social, certos indivíduos são
incapazes de agir de acordo c/ os valores normativos vigentes.

Criticas ao estrutural funcionalismo


 Separou-se da história concreta e foi incapaz de a ter em consideração. Trata-se
portanto de 1 teoria a-histórica. Excesso de abstracção e deficit histórico;
 Incapacidade de explicação da mudança social;
 N/ está habilitado a estudar conflitos sociais e de valorizar em demasia as relações
sociais harmoniosas;

33
 Considera apenas os aspectos negativos do conflito e de exagerar o consenso social
e a integração em níveis n/ realistas, centrando-se na análise da cultura, normas e
valores. Estes 3 argumentos levam à ideia de que se tratou de uma teoria
conservadora, ideologicamente enviesada.
 A nível metodológico, o estrutural funcionalismo era considerado vago, ambíguo e
pouco claro, trabalhando c/ + noções abstractas do que c/ a sociedades reais.
Acreditou que a realidade social poderia ser explicada por uma única teoria
integrada, o que não é verdade.
 O a-historicismo inviabiliza o método comparativo;

WRIGHT MILLS E A CRITICA DO ESTRUTUAL FUNCIONALISMO

A grande oposição ao pensamento estrutural funcionalista veio do pp da universidade de


Columbia, onde Merton era professor, por intermédio de Wright Mills.
Publicou “Os colarinhos brancos” em 1951 e “A elite do poder” em 1956.
No seu livro “A imaginação sociológica de 1960, leva ao máximo o seu criticismo contra
Parsons e a sua teoria.
Mills está na linha das escolas históricas sociológicas clássicas da Europa, embora o seu
objectivo fosse, reformara sociedade americana, popularizar a sociologia e desenvolver no
público uma imaginação sociológica. Permaneceu liberal e humanista, favorável a uma
liderança moral e leal à ideia iluminista de que o conhecimento poderia libertar e melhorar o
mundo.

Teoria do Conflito
A teoria do conflito surgiu e desenvolveu-se nos anos 50 e 60 como resposta às limitações
do estrutural funcionalismo. Tb tem raízes no marxismo e em Simmel.
Orientou-se p/ o estudo das estruturas e das instituições. É representada por Ralf
Dahrendorf.

Principais afirmações:
 A sociedade não é estática;
 A sociedade não é pacífica;
 A maior parte dos elementos da sociedade contribuem para a existência de conflitos;
 A ordem sócia não nasce espontaneamente, é coercivamente imposta;
 A ordem social é mantida pelo exercício do poder.

34
Dahrendorf inspira-se em Marx e Weber. Como eles, vê os conflitos de classe como chaves
do dinamismo social da mudança. Não baseia a sua leitura no antagonismo das classes
como resultante da sua posição no processo de produção, mas na desigualdade da
distribuição do poder e especialmente da autoridade.

Afirma que a sociedade tem 2 faces: a do conflito e a do consenso, e advoga portanto uma
divisão da teoria sociológica: a teoria do consenso e a teoria do conflito.

O grupo é um cosmos de luta e conflito. Este conflito de interesses pode até não ser
consciente. Por isso desenvolve o conceito de interesse latente que contrapõe ao de
interesse manifesto (que são interesses inicialmente latentes que se vieram a manifestar).

Constrói uma tipologia de grupos em que distingue 3 estadios até chegar ao grupo de
conflito:
 Quase grupos, em que coincidem interesses comuns;
 Grupos de interesse, em que estabelecem objectivos de acção comum liderada;
 Grupos de conflito, em que estão em conflito com outros grupos.

Criticas:
 Não ter em consideração a os aspectos da ordem e da estabilidade social;
 Ideológica e radical;
 Acusada de ser + próxima do e-f do que do marxismo;
 Apenas atingir dimensão macro, descurando o micro.

Esta teoria acabou por n/ ter 1 importância decisiva no pensamento sociológico. No


entanto, pode ter contribuído para início aceitação tardia (anos 60) do pensamento marxista
nos EUA.

Neofuncionalismo

Em meados dos anos 80 um novo esforço teórico tentou recuperar as ideias funcionalistas,
sob a designação de neofuncionalismo, desenvolvido por Jeffrey Alexander e Paul Colomy.

Orientações teóricas:
 Funcionou como modelo descritivo da realidade social;
 As diferentes partes do sistema encontram-se ligadas e a sua interacção não é
gerada por qualquer força. Há uma pluralidade de forças;

35
 A analise teórica dirige-se para a ordem e para a acção social aos nineis racional e
expressivo;
 Deixa de entender o equilíbrio social como sendo estático;
 Mantêm a ênfase na cultura, personalidade e sistema social, tal como Parsons, mas
introduz a ideia de possibilidade de mudança social;
 A mudança social resulta de um processo de diferenciação dentro dos subsistemas,
de personalidade, social e cultural, e não necessariamente harmoniosa;
 A conceptualização e teorização teórica são independentes de outros níveis de
análise sociológica.

As raízes históricas

O funcionalismo surgiu na América na década de 0 do sec XX, mas tem raízes anteriores, no
sec XIX com o darwinismo.
A escola americana teve uma vertente mais empírica, associada à escola de Chicago,
pioneira no 1º teço do sec XX.
É costume associar-se o nascimento do funcionalismo americano com a publicação de “The
Structure of Social Action” de Parsons em 1937, assinala a preponderância da escola de
Chicago, e a ascensão de Parsons em Harvard.

O funcionalismo na América. A centralidade de Parsons

Parsons direccionou os seus trabalhos para uma área de convergência entre sociologia,
psicologia e antropologia.
A partir dos anos 60, Parsons reagiu às críticas a si dirigidas criando a teoria da acção
cibernética. Dedicou-se então a questionar o funcionamento do programa simbólico do
controlo nos sistemas de acção. Assim, reaproximou-se da biologia e da genética.

CAP 6 – INTERACCIONISMO SIMBÓLICO

A fundação do IS deve-se a Herbert Mead e teve como influencia o pragmatismo e o


behaviorismo.

Pragmatismo:
 Não existe uma verdadeira realidade fora do indivíduo;
 Aquilo que as pessoas não praticam esquecem;

36
 As pessoas definem os objectos sociais em função da sua pp experiência pessoal, ou
seja, subjectivamente;
 Para entendermos as perspectivas dos outros temos de nos pôr na sua pele;
 O concreto sobrepõe-se ao abstracto e o geral ao universal;
 A verdade absoluta é inatingível, devemos buscar verdades parciais e provisórias;
 Deve-se evitar todos os dualismos filosóficos considerando-os um erro.

Behaviorismo:
 Formulada por John B. Watson e ligada à observação dos comportamentos humanos
que correspondiam a estímulos exteriores;
 O comportamento humano é equivalente ao comportamento animal, que tb se
processa mediante estímulo/resposta;
 Rejeita a mente e faz do actor apenas um sujeito passivo.

Mead não aceita a perspectiva behaviorista.


O IS é um tipo de micro-sociologia que se situa entre as teorias de Marx e Parsons e a
psicologia.

O IS pode ser resumido como se segue:


 Insiste na dimensão vivida da experiência individual no dia-a-dia;
 O actor é considerado a unidade mínima de análise;
 Os indivíduos sofrem vários estímulos ao mesmo tempo e tem de decidir a qual deles
dar resposta, isso implica uma percepção diferenciadora dos vários estímulos. O acto
de nos relacionarmos com os objectos é criador de um sentido do objecto para nós.
O objecto é, pois, dependente do sujeito;
 A resposta aos estímulos por parte do homem permite a manipulação dos objectos;
 Nas relações inter-individuais, o gesto é a expressão fundamental que funciona como
estimulo que desencadeia respostas. Os gestos vocais são os + significativos da
comunicação humana;
 É o sentido partilhado pelos actores em jogo que lhes permite comunicar;
 Transmite-se não apenas um som ou um gesto mas um significado. Isto pressupõe
imediatamente uma resposta. Os símbolos estimulam portanto os indivíduos à
comunicação;
 O signo é mais eficaz na relação social que qualquer outro;
 É exclusivamente através de símbolos significantes que o pensamento humano se
torna possível;

37
 Os signos tb tornam possível uma interacção simbólica. Isto significa que os
indivíduos podem interagir não somente através gestos, mas de símbolos, permitido
formas padronizadas de interacção, que constituem formas padronizadas de
organização social;
 A capacidade de pensar é portanto moldada pela interacção social;
 Os indivíduos estão habilitados a alterar as conotações atribuídas aos gestos pela sua
interpretação pessoal dos mesmos;
 Os modelos de interacção e comunicação criam grupos e sociedades;
 Reconhece-se a importância da estrutura social e das instituições mas recusa-se a
aceitar que elas sejam determinantes do comportamento humano.

Apesar do que ficou dito, os interaccionistas estão convencidos que a ordem social não
resulta espontaneamente da comunicação directa. A aprendizagem de papéis durante o
processo de socialização ensina aos indivíduos o que os outros esperam dele.

O processo de socialização permite aos indivíduos aprenderem a distinguir o “eu” do “mim”.


O “eu” é pessoal, intimo enquanto o “mim” é social e construído em função das
expectativas dos outros.
Não podendo saber qual será a interpretação pessoal de cada um dos outros, em relação às
minhas acções, construo uma forma de agir que tendo em conta um modelo médio do que
penso ser o outro. É o conceito de outro generalizado. Este conceito representa uma
imagem construída pelos indivíduos acerca do que eles pensam que os outros pensam
deles. Esta imagem é construída não em função de todos os outros, mas do outro
significativo. Daqueles cuja imagem que tem de nos, nos interessa.

A influência da ênfase no pensamento do social teve relevância ao nível sociológico.


O IS criou uma tradição de análise empírica, especialmente em domínios ligados à
marginalidade social e aos comportamentos desviantes. Produziu vários contributos
teóricos, tais como a teoria da rotulagem, a Etnometodologia, a fenomenologia e o modelo
dramático.

Críticas, anos 70:


Incapacidade de analise para alem do nível dos pequenos grupos;
Reduzir a sociedade à imagem que as pessoas fazem dela;
Ser individualizante e subjectivo;
Relativista em extremo;
Metodologicamente desnorteante;

38
Preocupar-se em demasiado com o transitório.

O trabalho + importante do IS foi desenvolvido por Erving Goffman, no seu livro


“Presentation of Self in Everiday Life” 1959.
O sentido atribuído ao “self” é profundamente influenciado por Mead, e a tensão
identificada por este entre “eu” e o “mim” é expressa através do modelo dramaturgico.

Goffman entendia que o comportamento humano não estava pré-determinado e resultava


da capacidade criativa individual e da liberdade pessoal limitada por contextos sociais.
Desenvolveu o modelo dramaturgico de acção social, que é concebida como uma actuação
em publico em que o indivíduo desempenha papeis, de modo a proteger o seu intimo e a
sua auto-imagem.

O conceito de papel social é central no pensamento de Goffman. Os desempenhos pessoais


desses papéis são únicos e têm a ver com o modo como cada indivíduo concebe a criação e
manutenção da sua imagem em função dos traços definidos socialmente para esse papel.
Trata-se de uma interpretação de papel semelhante à que os actores desempenham no
palco. Goffman afirma que a vida é vivida em diferentes regiões. Estas podem ser regiões
da frente ou da retaguarda. As 1ªs dizem respeito à intimidade e as 2ªs dizem respeito aos
actos públicos onde os indivíduos são levados estrategicamente a agir formalmente, de
modo a forjarem a imagem que lhes convém. Assim, toda a vida social está organizada em
zonas de tempo e espaço que se caracterizam diferentemente.

Etnometodologia

É um método de análise da realidade sócia e foi criada por Harold Garfinkel.


A Etnometodologia baseia-se na observação da vida social do dia-a-dia, na tradição dos
estudos empíricos do interaccionismo simbólico. Relativiza, portanto, a importância das
estruturas sociais.
Parte do pressuposto de que o que mantém a ordem e a coesão social é a vida rotineira do
dia-a-dia. Os indivíduos, no seu dia-a-dia, preocupam-se apenas com o desempenho das
suas rotinas e dos seus papéis, e só se apercebem da existência das estruturas sociais face
a acontecimentos dramáticos.
O fenómeno que permite manter unida a sociedade é o encontro concertado de práticas,
regras e expectativas comuns que ocorre entre os indivíduos. Assim a Etnometodologia
pretende estudar os métodos que os indivíduos utilizam nas suas relações do dia-a-dia, os
reflectem as sua aprendizagens e as suas interpretações das experiências já vividas. No

39
fundo, trata-se de estudos acerca do senso comum e das maneiras de viver. Para
estudarem as rotinas e a sua importância na manutenção da ordem social, estes
investigadores provocam, metodologicamente, rupturas nas práticas sociais, como o
incumprimento de regras, desrespeito pelos outros, etc.

Garfinkel desenvolveu 3 conceitos fundamentais:


Método documental – método que permite identificar certos padrões de interpretação
e significação existentes na vida do dia-a-dia que conduzem os indivíduos a uma
experiência social particular.
Reflexibilidade – refere-se ao fenómeno de interpretação individual orientada por um
sentido predeterminado socialmente. Cada indivíduo utiliza os outros para elaborar
as suas imagens pelo que elas são o reflexo das suas interacções.
Indexicalidade – aponta para o facto de nenhuma palavra ter sentido fora do seu
contexto.

Para a Etnometodologia, a linguagem e a conversação são, pois, fundamentais para criar a


realidade social. Ela é socialmente construída como afirmarão Peter Bergman e Luckman em
1965, na sua obra “A construção social da realidade”. A tarefa principal da Etnometodologia
é refutar o princípio sociológico de que a realidade social existe por si e é independente dos
indivíduos. A tarefa do sociólogo não deve ser de criar o sentido para a vida social, mas sim
a de escrever como é que o homem da rua cria sentido para a sua vida. Para isso basta
observar.
A utilização de estatísticas é tida como ilegítima pois a caracterização é subjectiva e
enviesada.
Recorre à fenomenologia e à semiologia para interpretar os sentidos do todo social, termo
de Goffman.

Críticas:
Incapacidade de explicar e produzir apenas descrições;
Apresentar pessoas como criadoras da realidade;
Não contemplar a influência do poder, das estruturas sociais, historia e politica;
Representar a vida social como sendo uma colecção de vidas individuais;
Não fazer mais do que leituras do senso comum, sendo incapaz de explicar qualquer
fenómeno;
Ser um ramo do movimento hippie californiano dos anos 60;
Ser subjectiva.

40
Ideias apresentadas no manual

Interaccionismo Simbólico: Imagens, Historias e Temas

O IS desenvolveu-se ao longo do sec XX e tem sido uma das correntes sociológicas de


maior longevidade.
A maior parte das sociologias interaccionistas simbólicas resultam da interligação de 4
temas fundamentais:
1. Sugere que os mundos distintamente humanos não são só mundos materiais e
objectivos mas sim fortemente simbólicos;
2. Remete-nos para a ideia de progresso. Em todos os lugares, em todas as sociedades,
vidas, situações há evolução. Este processo constante relaciona-se com a aquisição
de 1 sentido do eu, de desenvolvimento de 1 biografia, de ajustamento aos outros,
de organização da noção do tempo, de negociação da ordem, de construção de
civilizações. Trata-se de 1 visão bastante dinâmica do mundo social.
3. A interacção. O foco de atenção em todo o trabalho interaccionista incide sobre as
acções conjuntas através das quais as vidas se organizam e as sociedades se
constituem. A sua preocupação é os comportamentos colectivos.
4. Prende-se com o seu envolvimento no mundo empírico. O IS permanece de pés bem
assentes na terra. A teoria interaccionista é capaz de guiar o estudo de todo e
qualquer aspecto da vida social, no entanto, tudo o que vem a ser descoberto é
sempre objecto de investigação empírica.

Historias controversas
George Herbert Mead foi considerado o fundador do IS, nos anos 20. O termo, no entanto,
apareceu em 1937, com Herbert Blumer.

4 Correntes fundamentais do IS:


1. Escola de Chicago – Blumer
2. Escola de Iowa – Manford Khun
3. Escola Dramaturgica – com raízes em Durkheim
4. Escola Etnometodologica – com raízes em Parsons

O apogeu Interaccionista: a Sociologia de Chicago em acção

O IS foi a + importante teoria empírica do sec XX. É uma teoria americana que atingiu o
seu máximo vigor em Chicago conjugando influências pragmatistas, formalistas e da

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sociologia de Simmel.
Robert E. Park e E. Burgess foram as 2 figuras + conhecidas dessa escola nos anos 20 a 40.
A tendência dominante da sociologia de Chicago foi o empirismo. A observação directa da
realidade, a desconfiança em esquemas generalizadores abstractos, a ideia e o método de
observação participante e o estudo de casos foram a dominante nesse ambiente intelectual
americano.
O trabalho de Mead foi prosseguido e revisto pelo seu discípulo Herbert Blumer.
Becker e Goffman foram 2 herdeiros desta tradição criando a Etnometodologia, que viria a
distinguir-se do IS de modo a tornar-se tb uma tradição dentro da sociologia.

CAP 7 – TEORIA SOCIOLÓGICA E TEORIA DA ESCOLHA RACIONAL “TER”

As orientações sociológicas positivistas do presente momento encontram-se em três teorias:


Teoria da Troca, Teoria das redes e Teoria da escolha Racional.

Teoria da Troca

No seio da qual surgiram varias contribuições distintas, mas todas marcadas pelo
behaviorismo, quer pela afirmação da existência de uma racionalidade nos comportamentos
individuais dirigida para fins e objectivos particulares, e condicionante do meio social.
Baseia-se portanto em convicções behavioristas, ie, afirma a importância dos
comportamentos individuais na determinação do meio social.

O fundador desta teoria foi George Homans com a publicação do ensaio “Social behavior as
Exchange” em 1958.
Pretende mostrar as consequências sociais dos comportamentos individuais nas interacções
dos diferentes actores. Julga que a interpretação oportunista dos actores sociais vai pautar
os seus comportamentos no meio social.
Existe aqui uma profunda influência liberalista, uma convicção de que o resultado social das
acções individuais está directamente ligado aos interesses privados de optimização das suas
posições. Trata-se de uma teoria utilitarista.

Uma importante contribuição para esta teoria da troca foi formulada por Peter Blau.
Pretendia compreender a estrutura social a partir das relações sociais. Compreender como é
que, a partir da interacção social, poderia surgir a complexidade de uma estrutura social.
Blau sublinha a importância da troca social como originária da pp estrutura social, através
de um processo que decorre em 4 momentos:

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1. Os indivíduos estabelecem trocas entre si;
2. Estas trocas geram diferenças de poder e estatuto;
3. Por sua vez, os diferentes estatutos e níveis de poder buscam a sua pp legitimação
e organização;
4. O que leva a ao 4º momento caracterizado pela oposição de situações e à mudança
social.

A Teoria das trocas sublinha o aspecto behaviorista do estimulo-resposta. Considera que as


relações interindividuais se organizam em torno de sistemas de recompensa que
condicionam os comportamentos individuais, orientados egoisticamente para os benefícios
da sua interacção social.

Uma interpretação a nível macro foi desenvolvida por Richard Emerson. Considera que a
perspectiva teórica de Homans é reducionista e incapaz de explicar a totalidade da vida
social. Em 1972 desenvolve uma teoria integrada que inclui a base psicológica, mas
igualmente os aspectos macro-sociais. Amplia a sua análise considerando que os actores
sociais podem ser individuais ou colectivos.
Emerson considera que os indivíduos orientam as suas acções de modo a obter benefícios
próprios, e portanto, os seus comportamentos são racionais no sentido dessa obtenção.

Emerson considera estes mesmos aspectos aplicados a entidades colectivas, dotadas de


determinados valores que as caracterizam, e concretizando trocas em rede entre si e entre
os seus actores, que designa de:
Rede de trocas – uma estrutura social que resulta de duas ou mais relações de troca entre
actores sociais, que se afectam mutuamente de forma positiva ou negativa. Este resultado é
positivo qd a troca estabelecida amplia a capacidade de troca futura do actor social, e é
negativa qd reduz a sua capacidade de troca, ie, reduz a sua capacidade de produzir
benefícios para terceiros em troca de benefícios que estes lhes proporcionam no seio da
rede. É esta desigualdade na troca que gera desigualdade de poder e a dependência de uns
em relação a outros. O poder é um fenómeno estrutural que resulta das relações de troca
em rede e que condiciona essas mesmas relações.

Teoria das Redes

Dedica-se à compreensão das ligações entre os níveis macro e micro da realidade social e
foi desenvolvida por Richard Emmerson.

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A teoria das redes é um exemplo de reorientação da teoria da troca no sentido de relativizar
a perspectiva atomista.
A teoria das redes ultrapassa a perspectiva psicologista através de um enfoque culturalista
centrado no estudo do processo de socialização, durante o qual normas e valores são
interiorizados pelos actores sociais. Transfere-se a análise do nível motivacional dos
indivíduos para o cumprimento das normas, para a observação das regularidades no
cumprimento dessas mesmas normas. Assim buscam-se redes de relações padronizadas,
estruturas profundas de acção, para alem das aparências superficiais dos sistemas sociais.
Na teoria das redes, os actores estão constrangidos pela estrutura social, pelo que a
perspectiva fundamental é estrutural e não individual.

Nesta teoria mantém-se o paradigma de analise em função das redes de trocas de recursos.
Considera-se que os actores podem ser entidades colectivas com diferentes capacidades de
acesso aos recursos, o que dá origem a uma estrutura estratificada em função desses
níveis. Os níveis referem-se ao poder, aos bens materiais, à informação, etc. a
estratificação, por sua vez, mostra que há uma estrutura de dependência de uns em relação
a outros.

Teoria da Escolha Racional

Esta teoria é tb uma variante e um desenvolvimento da teoria da troca, que se manteve um


tanto marginal à teoria sociológica. Foi formulada essencialmente por James S. Coleman.
Em 1989 Coleman fundou a revista “Rationality and Society” e em 1990 publicou o livro
“Foundations of Social Theory”.

Esta teoria opera na base do individualismo metodológico e pretende constituir uma base
de análise micro-social que sirva de explicação do nível macro. Assim, Coleman pretende
explicar o nível macro-social a partir das acções racionais dos sujeitos ao nível micro.
Coleman pretende que a teoria sociológica não se limite a um exercício académico e que
sirva para fazer intervenção social.

A teoria baseia-se no pressuposto de que os indivíduos têm objectivos e valores que os


orientam, os quais tentam implementar através das sua acções. Além disso, faz apelo às
concepções individualistas da economia, segundo as quais, as acções são racionais e
tendem a maximizar a satisfação das necessidades e dos desejos individuais.
A teoria organiza-se analisando 2 elementos distintos: actores e recursos. Os actores
tentam controlar os recursos cujo controlo tb interessa aos outros, de acordo com os seus

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interesses. Porque desejam o controlo de recursos controlados por outros os actores têm de
envolver-se em relações sociais.

Embora reconhecendo que na vida real as pessoas não fazem só escolhas racionais,
Coleman relativiza o papel da irracionalidade na sua teoria. Por outro lado, não tem em
consideração o constrangimento que o nível macro exerce sobre o nível micro.

Ideias apresentadas no manual

A TER constitui uma actualização e desenvolvimento das ideias de Max Weber quanto ao
objecto da sociologia.
Numa afirmação de Max Weber “ A sociologia (…) é 1 ciência que intenta a compreensão
interpretativa da acção social, por forma a alcançar uma explicação causal da prática e dos
seus defeitos”. “A acção é social qdo leva em conta o comportamento dos outros e qdo o
seu curso é por ele orientado”.

A TER parte particularmente da orientação fenomenologica, cujos principais objectivos


pareceriam encontrar formas de conceber a acção (social) que, ao nível local, fossem
pormenorizadas e complexas.
A TER tem provado ser o quadro de análise teórico mais bem sucedido no género das
ciências sociais que trabalham com explicações de fenómenos a nível macro ou sistémico.
Na sua acepção mais lata a TER propõe-se a compreender os actores individuais.

A TER é muito recente e os contributos fundamentais estão a ser dados por Coleman e
Fararo, Cook, Levi e Ester.

As fundações da TER na Sociologia contemporânea


A teoria baseia-se na crença iluminista de que a acção humana é conduzida pela razão. A
TER pressupõe que a acção social, a criação de cultura normas e valores está relacionada
com os desempenhos individuais e o seu reflexo no sistema social.
Metodologicamente propõe a concepção dos actores sociais através de 1 modelo que
reduza as acções à forma + simples possível.
Os percursores da TER são: Homans, Peter Blau e Mancur Olson.

Está ligada à Teoria dos jogos e à teoria das redes, teoria da aprendizagem, teoria mimética
e teoria evolucionista. A TER parece ser uma fusão entre a economia e a sociologia.

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A natureza dos problemas teóricos em sociologia

A TER pressupõe que os acontecimentos de nível macro se produzem pela conjugação de


efeitos dos acontecimentos de nível micro. Daí que os teóricos mais extremistas desta
corrente tenham produzido um reducionismo que dá pelo nome de individualismo
metodológico.

A TER pretende construir modelos de inter-relações com o fim de perceber pela


compreensão, e explicar dedutivamente, a causalidade da acção social.

A TER baseia-se em 3 Premissas:

1. Individualismo ou presunção que só os indivíduos agem e, portanto, tudo o que ocorre


na vida social é proveniente da acção individual.
2. Optimização: ou presunção de que o individuo age sempre da melhor maneira que lhe é
possível.
3. Autocentramento ou presunção que o objectivo da acção individual é sempre o bem-
estar do pp actor.

Privilégio paradigmático: é através do relaxamento de certos aspectos destas premissas, e


pela adição de outros ingredientes teóricos que será possível forjar a teoria sociológica.

CAP 8 – SOCIOLOGIA DO TEMPO E DO ESPAÇO

A sociologia do espaço e do tempo

A partir dos anos 70 e 80 do sec XX a sociologia passou a preocupar-se com a forma como
as estruturas e os processos sociais e culturais são forçosamente temporais e espaciais.

Existem vários sentidos de tempo analisados por diferentes autores.


O tempo e o espaço emergiram em diversos lugares, rompendo com algumas noções
preexistentes formadas em torno de distinção que serviram para construir uma sociologia
que não era nem temporal nem espacial.

Entre as perspectivas sociológicas do tempo, a concepção derivada de Durkheim sublinha


que o tempo nas sociedades humanas é abstracto e impessoal e organizado socialmente, ou
seja, o tempo é uma instituição social sendo que as suas categorias não são naturais, mas

46
sociais. As suas características variam de sociedade para sociedade.

Sorokin e Merton chamaram a atenção para a natureza qualitativa do tempo social que é
visto como um padrão não necessariamente diário.
Foi Max Weber que problematizou a importância do tempo do relógio na transformação das
subjectividades, ou seja, na forma como os actores sócias representam mentalmente o
tempo e as suas actividades em relação a ele.

Heidegger, Bergson e Mead deram 3 contribuições preciosas para a teoria social do tempo:
Heidegger mostrou o carácter temporal irredutível da existência humana: os
seres humanos são essencialmente temporais;
Bergson, contestou 1 concepção espacializada do tempo. Os indivíduos devem
ser vistos como existindo no tempo. Vê o tempo como 1 variável qualitativa e o
espaço como 1 variável quantitativa.
Mead desenvolveu 1 ponto de vista temporal que relaciona o tempo c/ a acção,
os acontecimentos e os papeis, portanto como uma variável objectivada. Esta é uma
mentalidade relativista típica do séc XX.

Durkheim defende que apenas os humanos tem o conceito de tempo e que o tempo nas
sociedades humanas é abstracto e impessoal e não meramente individual. O tempo é uma
categoria social do pensamento, objectivamente adquirida no interior das sociedades e,
como tal, varia de sociedade para sociedade.

Uma breve história do espaço

Os sociólogos clássicos analisaram o conceito de espaço de 1 forma críptica e pouco


desenvolvida.

Marx analisa como a acumulação capitalista se baseia na aniquilação do espaço pelo tempo
e como isso produz transformações surpreendentes na agricultura, na industria e na
população ao longo do espaço e do tempo.

Durkheim defende que existem 2 tipos de sociedade c/ 2 formas de solidariedade a elas


associadas: a mecânica e a orgânica.
Apresenta tb uma tese da modernização na qual as lealdades geográficas locais seriam
gradualmente eliminadas pelo surgimento de novas ocupações baseadas na divisão do
trabalho.

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Tb é da sua autoria a teoria social do espaço: possui dois elementos. O 1º é o de que 1 vez
que numa determinada sociedade todos tem representações semelhantes do espaço, a
causa de tais representações é social; o 2º é o de que, pelo menos em alguns casos, as
representações espaciais espelham literalmente o padrão dominante de organização social.

A contribuição clássica + importante para a sociologia do espaço foi a de Simmel. Este


analisou 5 propriedades básicas das estruturas espaciais:
1. Carácter exclusivo ou único de 1 espaço;
2. As formas nas quais o espaço pode ser dividido em partes e actividades
espacialmente enquadradas;
3. O grau em que as interacções sociais podem ser localizadas no espaço;
4. O grau de proximidade ou distância, especialmente na cidade, e o papel da
percepção da luz;
5. A possibilidade de mudar de local e as consequências, em especial, da chegada do
“estranho”.
Simmel tende sobretudo a ver o espaço como algo que se torna menos importante a
medida que a organização social se separa do espaço.

O grande desenvolvimento sociológico após morte de Weber deve-se à escola de Chicago,


aí ao nível da ecologia humana ou urbanismo, de que Louis Wirth e Redfield foram os
principais representantes. Estes investigadores mostraram que a organização do espaço, em
termos de dimensão e densidade, produz padrões sociais correspondentes, o que não
corresponde à ideia de Simmel.
Wirth defendia que existiam 3 causas para as diferenças nos padrões sociais das áreas
urbanas e das áreas rurais: dimensão; densidade e heterogeneidade.
A análise de Wirth que fornece as bases para a pesquisa da sociologia urbana e a de
Redfield as bases para a sociologia rural.
Problematização do conceito de comunidade em função de vários eixos explicativos:
a) Acepção topográfica – partilha do espaço;
b) Acepção social – interconhecimento e participação em instituições locais;
c) Acepção afectiva – existência de comunhão moral e afectiva entre os membros;
d) Acepção ideológica – local de conflito social e dominação.

A crítica dos anos 1970

Um 1º aspecto de critica são os estudos de Castells serviram para cristalizar algumas


objecções em relação à “sociologia do espaço” da altura, a qual tinha sido organizada em

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redor de tentativas para teorizar o “urbano” e o “rural”.
No principio dos anos 1970 estes tópicos esgotaram-se intelectualmente pois tratava-se de
1 período em que o trabalho desenvolvido era escasso e pouco inovador.

Um 2º aspecto destacado por Massey tinha a ver como a forma que a sociologia tinha
organizado os seus conhecimentos do espaço em torno da distinção rural/urbano enquanto
que o foco espacial da geográfica tinha sido a região.
Assim, Massey considera a espacialidade como um aspecto integral e activo da produção
capitalista. Tem várias dimensões para além do da região, incluindo a distância, movimento,
proximidade, especificidade, percepção, simbolismo e sentido. E o espaço é um factor de
fundamental importância que, para usar uma terminologia realista, contribui decisivamente
para determinar os poderes causais das entidades sociais tais como as classes, o Estado, as
relações capitalistas e o sistema patriarcado.

O 3º aspecto diz respeito à crescente atenção dada à forma como a produção foi
internacionalizada desde o fim da II GM.
Outra revisão teórica dos conceitos do tempo e do espaço resulta da tese da “nova divisão
internacional de trabalho” que envolvia uma sofisticada tentativa de teorizar esta nova
forma espacial.
São referidos 3 factores que permitem o desenvolvimento de 1 nova divisão internacional
do trabalho:
1) Rápido melhoramento na produtividade; o
2) A existência de mudanças técnicas e organizacionais no processo produtivo de
determinados produtos industriais;
3) Desenvolvimento das tecnologias de comunicação.

Esta nova espacialidade apresenta 3 consequências:


1) O colapso generalizado do emprego na industria em muitas cidades do 1º Mundo;
2) O aumento do emprego na manufactura fabril em países recente/ industrializado;
3) A intensificação da competição entre lugares para atrair e manter o capital móvel.

O tempo e o espaço em Giddens

Giddens desenvolveu uma teoria particular do espaço e do tempo, ligada à sua teoria da
estruturação social.
Tendo Heidegger como inspirador, postulou 5 características no ser humano:
1. Consciência da pp finitude;

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2. Transcendência da experiência sensorial individual por via da memoria;
3. Consciência do passar do tempo integrada nas instituições;
4. Existência de subconsciente individual que liga o passado e presente;
5. Movimento da passagem pelo tempo, passível de interpretação como uma presença
ou ausência do corpo.

A conduta diária não está só confinada por fronteiras físicas e geográficas, mas também por
paredes espaço-temporais existentes em todos os lados. Estas paredes têm sofrido grandes
mudanças e essas mudanças deram-se no sentido de fazer convergir o espaço com o tempo
devido ao encurtamento do espaço resultante das tecnologias, nomeadamente nos
transportes e comunicações.
Giddens considera que os processos individuais de vida estão ligados aos processos de
longa duração das instituições, tentando assim integrar a teoria da acção na teoria das
estruturas. Desenvolve vários conceitos para atingir esse objectivo de que podemos
destacar:
Conceito de regionalização;
Conceito de presença-disponibilidade;
Conceito de distanciamento espaço-temporal;
Conceito de margens de tempo;
Conceito de repositórios de poder;
Conceito de tempo vazio.

Sociologia do tempo e do espaço

Adam propõe que deixe de se distinguir o tempo natural do tempo social, tal como se deve
deixar de distinguir sujeito e objecto, natureza e cultura, pois muito do que os cientistas
atribuem exclusivamente ao humano está generalizado na natureza. Só o tempo do relógio
não existe na natureza e é esse que tem sido desprezado pela sociologia por ter sido
considerado como uma variável do tempo natural.

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