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ISBN 978-85-62846-08-3
CDU070.18
Apresentação
António Costa Pinto
Prefácio
René E. Gertz
245 - A Offensiva e o integralismo nas páginas da Tribuna de 379 - O Sigma da atualidade: a Democracia Orgânica e a crítica
Petrópolis: recortes de uma estratégia de doutrinação da Modernidade
Alexandre Luis de Oliveira Natalia dos Reis Cruz
Priscila Musquim Alcântara
combate. Rio de Janeiro: Antunes, 1937. p. 53. Artigo publicado originalmente em:
A Offensiva, Rio de Janeiro, 25 abr. 1936. Por opção dos autores, as citações e
referências dos artigos de Plínio Salgado, publicados no jornal A Offensiva, foram
retiradas de: A doutrina do Sigma. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1935; Cartas
aos camisas verdes. Rio de Janeiro: José Olympio, 1935a; Palavra nova dos tempos
novos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1936; Páginas de combate. Rio de Janeiro:
Antunes, 1937. As obras constituem uma organização bibliográfica com coletâneas
de artigos do autor no principal jornal da Ação Integralista Brasileira. Segundo
Entre tipos e recortes: histórias da imprensa integraJista I 183
que era de circulação nacional, demonstrou-se o veículo privilegiado
disci rOs camisas-verdes
. ,na déeca d a de 1930, queriam ordem para a difusão da política integralista de forma organizada. O
5
naci~n~~a. ~speIto ao princípi? de autoridade e o culto das tradiçõ e subtítulo "Orientação de Plínio Salgado", a partir do número
uma c IS. mnav~m estar cnando uma unidade de pensamento es cinquenta e três, segundo Oliveira, transfonnou o periódico na "voz
6
SOCieda:tu:Pi~:~~::~e brasileira,que se irradiavampel: oficial do líder".
O projeto integralista delineou um Estado autoritário,
política de que dispunham aves dos vanos meIOS de propaganda
. . ' ao passo em que a Aç- Int li corporativista e de natureza burocrático-totalitária, sendo sua
B rasileira (AIB) se tomava o rimeir . ao egra ista principal atribuição garantir a paz social. Salgado era defensor de
Neste estudo li p o partido de massa do Brasil
, ana Isamos a propag d . 1 . ideias grandiloquentes, como a de se fundar uma nova sociedade
jornais, em particular os t ~ a veICUada por meio de
1975) fundad do i ex~os produzidos por Plínio Salgado (1895- elaborada a partir de uma concepção espiritualista e orgânica,
a fon~e oficia~r d~ ~~~~ahs~o brasileiro. Se~do o Chefe Nacional, respaldada por um Estado forte e cristão. Declarou no Manifesto de
Outubro de 1932 que a criação do Estado e da sociedade estaria
teórica das principais idei~:' qu~mamos. seu dISCurSO.como síntese
ligada à concepção do próprio universo, assim a ideia de uma "ordem
essas princi ais ideia orgamza:am o movimento. Dentre
suprema" deveria suprimir todas às vontades individuais em prol de
Salgado proIuziu sobres~ ~::~~~a:~s e mter-rela.cion~mos o que
um "bem maior": a unidade do Brasil. Para tanto, seria necessária a
papel da revolução, sobremodo da egr~l ~ue.almeJa~a Implantar e o
criação de uma sociedade integral homogeneizada e,
_ a História Nacional fmalista re:o~ç.ao mtegrahsta, na História
Salgado contou. e m itrva que o próprio Plínio consequentemente, a supressão de todas as diferenças de classe, raça
ou cor.
Para realizar o presente tr b lh d Considerando o integralismo como estágio último do projeto
textos publicados pel . 'd~ a o.' ebruçamo-nos sobre os
de Deus para a Humanidade,7 universalmente, Salgado se entende
considerado canal oficialode peno ~co _ mtegralista A Offensiva,
não somente como líder da pequena burguesia decadente, nem como
Plínio Salgado destacou-se ccomu~~caçao entre o .Chefe e as massas.
foi sua ação através da . orno 1 erato modermsta e político, mas porta-voz do bacharelismo, tão pouco como guia da redenção
nacionalista brasileira, se projeta, no discurso, enquanto líder da
todo o país. Como afi rma Rodrizo popularizou a sua doutrina por
"nova Humanidade" por antonomásia. Desse modo, a criação da
jornais integralistas é quase o o IgO Santos de Oliveira, "falar em
narrativa era legitimada através do poder entregue a Salgado, uma
integralismo nos anos de 193;'~s~0 que falar da.história do próprio
. esse modo, o Jornal A Offensiva, mistura de misticismo e política que se firmava justamente na fonte
oficial da doutrina. Em artigo publicado em A Offensiva de 9 de
Cont. da nota anterior.
Rodrigo Santos de Oliveira, "A Offensiva foi o . .
~ed: de periódicos que a Ação Inte lista Jornal d~ maior expressão dentro da
orgao do partido e uma das pri . gra ti montou', Tinha o caráter de principal
verdes' junto à sociedade brasil:~I~als, ormas ?e inserção social dos 'camisas- 5 OLIVEIRA, 2010, p. 32.
para outros jornais do movi t a epoca. O Jornal também servia de exemplo 6lbidem.
. men o e mesmo q - 7 "A História deve revelar-nos as posições do Ser Humano na sua permanente
cap.acldadeem termos de recursos ' . _ ue nao possuíssem a mesma gravitação. No desenvolvimento desses ritmos é que vamos surpreender as três
penódicos". OLIVEIRA R dri PSarapubhcaçao'.A Offensiva era o norte desses
Brasr'1'eira em perspectiva.' In:
o GONÇALVES'
go antos de LA rmprensa. da Açao - lntegralista etapas, que poderemos denominar: de adição, de fusão e de desagregação. A
formação das sociedades obedeceu a esses movimentos. A Primeira Humanidade
Duarte (O ) E . ' eandro Pereira: SIMÔES R
rg.. ntre tipos e recortes' histórias d . .' , enata veio da caverna, até a criação do Politeísmo; a Segunda vem do politeísmo ao
o Medida 2011 p 34 D c: . .a Imprensa integralista. Guaíba/Rê:
S b
0«" ' ,.. essa rorma os artigo d Plí . . Monoteísmo; a Terceira vem do Monoteísmo ao Ateísmo; e a Quarta, que é a nossa,
'JJenslva apresentam particular importa" . s. e mro Salgado no jornal A encontra-se na mesma situação trágica da Primeira, diante do mistério universal.
do Ch ti neta no sentido da -'
. e: para o crescimento e fortalecimento d . co~preensao do discurso Depois da adição, da fusão e da desagregação, chegou a hora da síntese".
as cltaçoes foram estabelecidas de a d o rnovimento integralista, Por opção SALGADO, Plínio. politeísmo - Monoteísmo - Ateísmo - Integralismo. In:
assi . cor o com a nova ' '
4 OLmrv' a Citaçãooriginal da língua portuguesa d dé d rdegraortografica, alterando, __ A quarta humanidade. 5. ed. São Paulo: GRD, 1995. p. 9.
o
Helglo
• T' d d IS Gilberto Vasconcellos
nn a e, r
16
e M~n
bana como o destmatano
'1 a
:u.
em detrimento de muitos outros, mas tomando essa característica Chauí17 apontam a c~asse me~Ia. uresse o setor da sociedade
como essencial e inerente ao conceito mesmo de Estado e não como privilegiado ~o~ tal dISCurSO. en~'revoluçãO" que não atentasse
uma corrupção contingente do conceito, como o era para Rousseau. brasileira ma1~ mteress~dod:mm~::;;vesse o proletariado disciplinado
Com Marx o Estado perde sua "sacralidade", isso quer dizer que a contra a propnedade pnva, t de classes transformando em
oposição entre um estado de natureza e um estado civil é superada e para o trabalho e, ?c~!tasse a l~ e~o político d~ tomada do Estado.
a oposição apontada por ele é entre a sociedade civil e a sociedade "revolução do esp~nto o seu pro~. para A Offensiva, em 1934:
política. Plínio Salgado aSSIm afirma em algo
Marilena Chauí, em "Apontamentos para uma crítica da Ação andes construções nacionais está ~ui~o
Integralista Brasileira", 12 faz uma análise profunda da organização O segredo das b ~ .d de impulsiva do que na resistencIa
integralista, percebendo no movimento a tendência a se atribuir ao menos na com a IVI a se doma com a mesma
1 O povo é um monstro que , .
Estado o papel de construtor da nacionalidade. A autora explica a mora. d leõ es e tigres. Em ultima
.~. m que se omam
emergência da Affi em um contexto de "ausência" de hegemonia, pacIencta co _, 1 ta contra o fato concreto na
análise, toda revoluçao e ulmtacUontraa massa porque esta já
por parte da classe dominante; "desvio", por parte do proletariado; e . " , rtanto uma u a ' d
Históna; e, po , . F terior agora transforma a
heteronomia, por parte da classe média que ora está atrelada à classe se subordirlou a uma Ideia- orça an ,
dominante, ora está atrelada à classe operária, situação essa em fato. 18
engendrada pelo "atraso" brasileiro em relação aos países capitalistas
centrais, cabendo ao Estado assumir o processo de modernização,
. t r mo dedicava-se a
A nova cultura ensinadadi .'pelo msubalternos
egra IS
antecipando-se às classes e constituindo-as como tal. Essa leitura do convictos em
formar homens capazes de mgir e
problema indica uma visão que aceita, enquanto necessário, o
processo de edificação do Estado-nação brasileiro, projetando, - In:._. op.cit.,
. h da nossa revo Iuçao.
segundo a autora, "uma figuração hegeliana do Estado, encarado 14SALGADO, Plínio. Sentido e .ryt mo . da Manhã e publicada duas vezes
como resumo (zuzammenfassung) dos conflitos da sociedade civil e 1935. p. 21-22. Entrevista concedIda ao CorreIO
como seu telos necessário". 13 Em entrevista concedida ao Correio da por aquele matutino. . f ismo brasileiro na década de 30. 2. ed.
15 TRINDADE, Hélgio. Integralzsmo: o asci
Manhã Plínio Salgado afirmou que: Rio de Janeiro/São Paulo: DIFEL, 1979. 1 . C rupira: análise do discurso
16 V ASCONCELLOS, Gilberto. Ideo ogia u .
integralista. São Paulo: Brasiliense, 1979. .
12 CHAUÍ, Marilena. Apontamentos para uma crítica da Ação lntegralista Brasileira. 17 CHAuí, 1985, p. 17-149. ctores de pátrias. ln: _. op.cit.
ln: CRAUÍ, Marilena; FRANCO, Maria Sylvia Carvalho. Ideologia e mobilização 18 SALGADO, Plínio. O drama dos Gonstru . A OjJensiva, Rio de JanelfO, U
popular. São Paulo: paz e Terra, 1985. p. 17-149. 1936. p. 15-17. Artigo publicado ongmalmente em.
13 Ibidem, p. 21-22.
out. p. 1, 1934. h' t' . s da imprensa integralista I 18~
188 I Entre tipos e recortes: histórias da imprensa integralista
Entre tipos e recortes: IS ona
deve ser qualquer coisa de maravilhoso e de imprevisto, e só
obedecer. Essa dura disciplina garantiria a manutenção d tru o Chefe deverá saber, no instante supremo em que o Destino
hierá . ízid . a es tura
erarquica -ngrd a do nacional-corporativismo
' . integralista ' po r meIO
. dos Povos lhe falar aos ouvídos."
d a e 1a b, oraçao
. e uma política autoritária que tinha n a mora 1'- cnsta o
seu vértice. A moral do integralismo se baseava nos deveres d Salgado condenava todas as formas de Estado moderno, em
hO,~em para com Deus, para com a pátria e para com sua famíli~ especial a liberal-democracia. Possuía um fundamento espiritualista
Plínio 1Salgado. pregava o culto da digni dade ,naClOna da honra . l' e do Estado,21 compreendendo-o como uma "Grande Família
pessoa, o bno, a. c~ragem, o sacrificio, a renúncia; e promovia o Nacional" que buscaria "no pequeno núcleo o segredo de seus
culto , ~as tradiçoes _ brasileiras," estimulando sentimentos lineamentos e de sua estrutura, o princípio da solidariedade, a
xenofóbicos
.d . die a aversao
_ . ao cosmopolitismo ' e exos d e uma
r fi essência da autoridade, da harmonia dos movimentos e atitudes em
estn ente in ignaçao diante da situação de dependência econômica que se conjugam as diferenciações dos temperamentos". 22 Desse
cul~a~ que acreditava subjugar o Brasil. Incitava també e pressuposto conceitual deriva sua concepção de Estado que
~oh~aneda~e corporativist~ e. possuía uma ideia um ta~to amo~r;::d: superlativiza a família como modelo ideal do Estado Integral e sua
justiça social e independência financeira garantidas sempre p 1 base natural e fonte de legitimidade. A respeito dessa visão que o
Estado. ' ,e o integralismo de Plínio Salgado tem do Estado, Sérgio Buarque de
. ~~lgado: incorrendo e~ incursões historiográficas, apresentava Holanda, em "Raizes do Brasil",23 compreende que foi herdada da
a História NacI~nal que destinava lugares "imutáveis e eternos" para histórica falta de coesão social entre a gente lusitana que vinha para o
cada um ~a sociedade Integral e que absorveria todos os brasileiros Brasil, que só se reconhece em unidade quando sob um governo
nas suas diferenças em torno do Estado providencial Em "Virtud d "forte", que centralize e monopolize a política e os projetos de
C . V d " . . I e e
amisas- er es , ~al~ad~ e,~pnme a dureza sublime que enfrenta organização social:
~quele .que se dispõe a revolução do espírito" e adere ao
integralismo no conturbado contexto social da década de 1930:
20SALGADO, Plínio. Virtude de Camisas-Verdes. In: __ op.cit., 1937, p. 88-
o
Aos verdadeiros integralistas não importa o termino d I t 89. Artigo publicado originalmente em: A Offensiva, Rio de Janeiro, 21 abr. p. 2,
po . bri a u a,
rque os .ill~ na a própria luta. Aos camisas verdes
1936.
valorosos a Idem d~ vitória chega a entristecer, pois eles são 21A Ação Imperial Patrionovista Brasileira (1928) de Arlindo Veiga dos Santos,
como as procelanas: amam as tempestades e respiram movimento da restauração monárquica que rejeitava a experiência brasileira
contentes na~ atmosferas carregadas de ameaças. Lutar: eis a "infectada" pelo liberalismo, em artigo publicado em 1932, descreve o Estado
grande al~gr.ladeste movimento. Encontrar dificuldades: eis a Integral: "Um conjunto orgânico, nacional, hierarquizado, e harmônico [...] onde o
conceito de liberdade é profundamente humano, hierárquico e paternal, atendendo à
nossa vo~upla. Sermos perseguidos: eis o motivo poemático.
sociabilidade do homem, a sua finalidade última, e ao bem comum geral"
Sermos illcompre~nd!dos: eis. ~ prazer singular que nos
mostra_u,ma supenondade deliciosa. A incerteza do dia de (TRINDADE, 1979, p. 115).
22 SALGADO, Plínio. A revolução da Família. In: __ oop.cit., 1936, p. 59.
amanha e o nosso diadema de glória. Exclamamos: 'A nossa Artigo publicado originalmente em: A Offensiva, Rio de Janeiro, 17 jun. p. 1, 1935;
hora chegará'; pomos nisso a nossa honra e fazemos dessa e posteriormente em: SALGADO, Plínio. Madrugada do Espírito. São Paulo:
frase o nosso penache, o nosso élan, o nosso brio. Porém se Guanumby, 1946, p. 117-124. Na referência, o autor informa que o texto é de 1934,
nos .pergunta~: .'q~ando chegará a vossa hora?' - então, mas, segundo indicação do original em A OjJensiva, a publicação ocorreu em 1935.
sentimo-nos diminuídos e humilhados, porque a nossa hora O texto foi ainda publicado em: SALGADO, Plínio. A revolução da família.
Brasília: Secretaria de Estudantes do PRP - Diretório do Distrito Federal. Coleção
Divulgação Doutrinária, 1951; e publicado no Suplemento da Enciclopédia do
Integralismo, Rio de Janeiro: Clássica brasileira, 1960, p. 223-229.
19SALGAD O, Plínio ' . .. Ao chefe de polícia de Santa Catharina. ln: . 23HOLANDA, Sérgio Buarque. Raízes do Brasil. 26. ed. São Paulo: Companhia das
14937.p. 125-126. Artigo publicado originalmente em' A Ottensiva Rio de·JOP.Clt.,
2 ago. p. J, 1935. . 'JJ" aneiro, Letras, 2007. p. 38.
Entre tipos e recorte histórias da imprensa integralista I 191
190 I Entre tipos e recortes: histórias da imprensa integralista
profissão. [...] Só os vagabundos ficarão d~ fora, pois todo
homem que trabalha terá de defender seus mteresses dentro
Criando a consciência das 'diferenciações' dos gru _ 26
-' . pos da sua corporaçao.
humanos. e das expressoes SOCiaiS, que passam a grav'tI~
harmomosamente no sentido de bem comum, cada qual c
, . om Em "Estado Totalitário e Estado Integral", Salgado
sua propna natureza, sua própria função, seus própri
'd a a autoridade do Estado como uma força mantenedora da
objetivos. O Estado, por sua vez, penetra-se dessa consciênc~: onSI er . . fi .
e 'a Essa autoridade para o autor, não é supenor nem menor
?a sU,an~tureza, da s~a ~nção e dos seus objetivos. Princípios harIDOnI. " . - . , .
imutáveis fixam os limites de ação de cada pessoa e de cad a Svalores sociais como a farnilia, a corporaçao, o mUnICIplO,a
.
grupo, assim como de cada expressão humana (Cultura
a OUatrO economia e a ' religião, mas se trata de um va Ior "dif t"
1 eren e ,
euImra, da vid
ento de natureza diversa às outras esferas a VI a socia . I,
Economia, Religião). O Estado se fortalece, guardando seu~
de um elem h'
próprios limites e defendendo e sustentando suas netra a dinâmica social e humana como um deus ex-mac ma.
prerrogativas. 24 que pe . , . E t d
Mantendo íntegras as organizações corp~ratl:as. e cIvIcas,. o ~ a o
Integral também mantém íntegro a SI propno. O naclOnah~mo
Segundo Salgado, "o Trabalho não é um direito, porque é um feria teor moral à disciplina da ordem que Salgado al~eJava
dever. Como direito, ele se escraviza; como dever se eleva e se eon . . 1t d 27
incutir nas massas, em particular no sempre irrequieto pro e ana O.
liberta".25 Todo homem deve ser um produtor, o Estado deve intervir Em 1935, no artigo "O problema da ordem", afirmou:
diretamente no processo produtivo através das corporações,
toma~do-se patente a tendência totalitária do Estado Integral. O 'camisa-verde' aprende a ser modesto, diligente,
Considerando que, para Salgado, a principal causa do caos social no respeitoso; adquire um exato conceito de Autori?ade; ~prende
Brasil seja a falta de disciplina, podemos admitir esse argumento a amar a sua Pátria e a tudo sacrificar por ela, inclusive seus
como uma forma para compreender o autoritarismo advogado pelos interesses e vaidades pessoais; aprende a sofrer, a calar, a
trabalhar sem alarde; aprende a amar seus companheiro~, que
líderes integralistas. Para os dirigentes da AIB, o autoritarismo seria
constituem hoje uma família de 400.000 irmãos. No dia e~
necessário para conduzir a totalidade da nação rumo à harmonia,
que todos os brasileiros forem 'camisas-verdes', estara
segundo o critério hegeliano de organização social e do Estado como resolvida a primeira questão desse complexo problema da
telos da nação e síntese das classes que a compõem.
Ordem. 28
24 SALGADO, Plínio. Estado Totalitário e Estado Integral. In: __ oop.cit., 1937, 26 SALGADO, Plínio. Sentido e rythmo da nossa revolução. In: __ o op.cit.,
p. 175. Artigo publicado originalmente em: A Offensiva, Rio de Janeiro, 1 novo p. 2,
~9~6 e pos~eri?nnente e~: SALGADO, Plínio op.cit., 1946, p. 169-179. Nessa 1935, p. 23-24. . 1937
27SALGADO, Plinio. Estado Totalitário e Estado Integral. In: __ oop.cit., ,
última referência o autor informa que o texto é de 1946, mas segundo indicação do
original em A Offensiva a publicação ocorreu em 1936.
25 SALGADO, Plín~o. Concepção Integralista do Trabalho. ln: __ oop.cit., 1936,
p. 174.
28 SALGADO, Plínio. °
problema da ordem. In: __
8 Arti
o~p.cit., 1935, p. 3. IgO
publicado originalmente em: A Offensiva, RIO de Janeiro, 7 fev. ~. 1, 1935 e
p. 148. Artigo publicado originalmente em: A Offensiva, Rio de Janeiro, 1 novo p. 2, posterionnente publicado no Suplemento da Enciclopédia do Integrahsmo, op.cit.,
1936 e postenonnente em: SALGADO, Plínio op. cit., 1946, p. 169-179 e ainda no
Suplemento da Enciclopédia do Integralismo, op.cit., 1960, p. 259-264. 1960, p. 231-250.
Entre tipos e recortes: histórias da imprensa integralista 1193
192 1 Entre tipos e recortes: histórias da imprensa integralista
de mas~a no Brasil (1932-1937)",29 aborda o a el d .
educaçao e transmi~são da doutrina para os ~~tant:s~rirensa na rre homens, de desespero econômico e instabilidade social,
~erra, ~ntre comunismr, e integralismo se travou de fo e fato, a ~:nçando o naci?n~lismo camisa-verde como a ~ca lanterna ~apaz
sistemática na arena da imprensa e propaganda E fi . rrna lllais de guiar os brasileiros pela turva tempestade de mcertezas da decada
que Salgado elaborou suas estratécrias di '. 01 nesse cenário
de 1930.
líti ' . o' tscursrvas de coo t ~
po I ica, estrateglas essas que se constituí p açao
fr .. Iram como o can I .
equentemente utilizado pelo Chefe N' I a lllals Uma campanha nacionalista não se improvisa na hora do
11 aCIOna para se c .
com as massas e produzir uma campanha ti . omunlcar perigo. Trabalhei cinco anos (1926-1931) para formar os
Segundo Cavalari, o jornal desempenhava a an Ic_omullIsta eficaz. primeiros afloramentos de uma consciência definitiva
popularizar a teoria definida elo ~~çao de atualizar e brasileira; trabalhei mais cinco anos (1931-1936) para
inteligível ao grande público: p grupo dmgente, tornando_a concretizar em 'fato histórico' o estado de espírito que eu
gerei nos primeiros cinco anos. O 'fato histórico' não se
inventa de uma hora para outra; ele é construído devagar, com
A palavra impressa, isto é, o livro e o jornal oc paciência, tenacidade, firmeza e convicção. Tudo no Brasil
lugar de destaque na rede constituída pela ~p:~am um será inútil como salvação nacional, contra o comunismo, se
pnnclpalmente por seu intermédio que a d trin .":"; Era, não se opuser à mística vermelha uma outra mística mais
che'gava ate ao militante. O livr' ,ou a mtegralista
. ,. forte. 33
produzidas pelos teóricos do a~id:elculava .as ldelas
popularizava. A d?u~ina mantinha-~e viva p:ra ~ i~~;~l' as Em "O ardil totalitário: imaginário político no Brasil dos anos
graças a sua matenahzação através do jornal. 30 gr ista
30",34 Eliana Dutra contribui com um valoroso estudo do imaginário
Lançando um olhar retrospectiv b político e social dos anos 1930 para compreendermos o que
Salgado exprime sua incansável I o S? .r~ sua atuação política, significava a liberdade dentro da esquerda e da direita no país. O
inauguração da AIB b uta - miciada antes mesmo da conceito de liberdade nesse período não se definia por um caráter de
em outu ro de 1932 d
sociais" o projetaram no rquan o seus romances
• • - autonomia do sujeito. O desejo coletivo era permeado por uma noção
ressalta seu em enho cenano ~acIO~al da década de 1920, e de "pátria" que escaramuçava o conceito democrático de liberdade,
Sigma e seu "pa~el bist: p;,opagaçao sl.stemática da doutrina do dando espaço para as "amarras da dominação't." Essa ideia estava
rumo à consolida ão do co na marcha lI:exoráv~1 do integralismo presente em ambos os discursos, tanto naquele que se opunha às
textos lançados co~ ro n~vo Esta?o-n~çao brasIleiro. Através de ideias comunistas, e dessa forma defendia certo tipo de ordenamento
Chefe Nacional ''u p fusao pelos jornais e revistas integralistas, o totalitário, bem como no discurso comunista que defendia um projeto
, m personagem a meio inh
político e o chefe reli ioso" 32. canu o entre o chefe revolucionário.
extrem -di . ~,onentava a "revolução cultural" da De acordo com Dutra, a noção de pátria adquiriu, portanto,
a Irelta, consolIdando o autoritarismo num cenário de luta
~ma potencialidade estratégica se tomando um "elemento
29 CAVAL '.
Imprescindível dentro do conjunto de valores, práticas e normas que
. ARI, Rosa Mana FeIteiro Integrali .'d . têm por finalidade a preservação da ordem e da estabilidade
rcartIdo de massa no Brasil (1932-1937) B smo. I eologia e organização de um
o Ibidem p 79 . auru: EDUSC, 1999.
31 ".
G<?NÇALVES, Leandro Pereira Lit . .
autentIcidade nacional nos ro d
I ~r~tura e Autontansmo: a busca da
GONÇALVES, Leandro Pere:.n~~!1l10 Salgado. In: SILVA, Giselda Brito; 33
Autoritária: Integralismos Na.' I S' di ' Maurício (Org.). Histórias da política SALGADO, Plínio. Em face do diluvio. In: __ op.cit., 1937, p. 36-37.
o
Edit
32 1 ora da UFRPE, 2010.
' clOna - m icalismo N .
' azismo e Fascismos. Recife: ~igo publicado originalmente em: A Offensiva, Rio de Janeiro, 5 jul. p. 2, 1936.
DUTRA, Eliana. O ardil totalitário: imaginário político no Brasil dos anos 30.
TRINDADE, 1979, p. 166.
~o de Janeiro: Editora UFRJ, Belo Horizonte: Editora UFMG, 1997.
194 1 Entre tipo Ibidem, p. 149.
s e recortes: histórias da imprensa integralista
Entre tipos e recortes: histórias da imprensa integralista 1195
. 1" 36 D c:
sociar. essa rorma, se engendra nos anos 1930 de uma nação só se desperta com sacrificio e com dor. 38
de pretensão totalitária que pode se; percebida no ~~ma ordelll 2°V~
estou alerta!", no qual Salgado faz uma d . _ go VeJo-vos e
integralismo: escnçao geral do sentido do É necessário unir o conceito de "pátria", do imaginário social,
o conceito de Estado nesse momento, sobretudo porque esse
;atriotismo é o pilar das estruturas autoritárias que surgem nesse
o integrali~mo é grandioso e complexo. É um . período, ele é responsável pela diluição das diferenças entre as
filosofico; e a criação de uma nova cultura" movIme~to
novo de democracia de direito de ' e w:n cop.ceIto esferas públicas e privadas, através desse apelo se "manipula as
. , .' ,econorrua E inseguranças dos sujeitos individuais, fazendo-os revivenciar
movnnento CIVICO,educacional de c. _. um
• A • ,lormaçao de temores arcaicos que são direcionados para o espaço público da
conscIencIa na massa popular E' . uma
id . um mOVImentoem 1
nação", lugar esse que tomaria o espaço reservado junto à mãe, junto
um ade do Brasil, pela arre imenta _ . pro da
subordinação de todos os prob1emas i~:~d~~sa~en~~mentose à famí'I'Ia e ao Iar. 39
dos supremos interesses da Nação É . q dro geral Dutra lembra que, para que essa insegurança social fosse
lutando pela redenção dos opri~d um :ovImento .social, alimentada, era necessário todo um aparato dos discursos que se
:::~~~~~ pr~~:~~:i~ di~lgar valores~:nver~~ :;~~:~~~ munem de pregações de cunho nacionalista, o que só aumentaria os
. . um movimento de b d d receios. Por outro lado, como afirma a autora, esses mesmos
exercIta~do uma continua assistência aos desampar~:lo: ~, discursos acalmavam os ânimos com as jornadas cívicas e as
~~n~~sV~~:~~:~o:~~~Oc~~~i~~~:~ilOque é indispensávei à~ campanhas de civismo que ordenavam e direcionavam as emoções
em conjunto, criando uma atmosfera de segurança e união da pátria.
Salgado escreveu sobre a cone - d I' Como resposta a essa devoção da sociedade, esses discursos
ordem defendida pelo integr I' ep~;o e. iberdade, nessa nova acenavam com uma "garantia simbólica: da proteção com a ideia-
a ismo, em As Dictadur " fi imagem de pátria/mãe; da integridade com uma ideia-imagem de
veementemente, que o conceito de li as , a I~ando,
conceito de liberdade da I' . berdade. que professa difere do pátria/una; e da identidade social e ou nacional com a ideia-imagem
comuns na Amé L' s o igarquias caudIlhescas ditatoriais tão de pátria/moral't'?
enca atina O Che fi N . ,
ao nacionalismo só havend' t'd e acional coaduna a liberdade Na arena política, a disputa simbólica entre comunistas e
, o sen 1 o aquela em função desse:
integralistas reitera a reprodução de um imaginário político
A liberdade é o maior dom h ' . permeado pelo medo e cada um desses pólos buscou arrebatar
Quando abrimos - d umano. E a glona dos povos. aqueles que procuravam proteção nas organizações coletivas.
estão atentando co~:~ o ~r~~:as. li~e~daddes,.
porque elas Salgado pinta, dessa forma, o quadro daquelas disputas:
queremos em troca al . pnncipn, e liberdade, nós
o patrimônio d ~~~ COIsaque substitua com vantagem
'. e uma civilização que já passou E d . - A esquerda é violência, é o golpe cruel, é o assassínio frio, é o
pode existir gove fi . , epois, nao defloramento em massa, é o saque organizado, é o massacre,
di . li mo .orte sem cultura forte. Só ela cria a
C~~CIP.~a: ~orque cr:a a consciência de necessidade. A é o incêndio, é a blasfêmia. A direita é a união sagrada em
SCIenCIaas necessIdades não se cria por decretos. A alma tomo da Bandeira da Pátria, das tradições nacionais, é a
virtude, é a castidade, é o heroísmo, é a religiosidade, é a
delicadeza dos sentimentos, é o pudor individual e coletivo, é
38
36nUTRA, 1997 P 150 SALGADO, Plínio. As dictaduras. In: __ op.cit., 1935, p. 64. Artigo
o
37SALGAD .',: . publicado originalmente em: A OjJensiva, Rio de Janeiro, 14 fev. p. I, 1935.
Arti .0, Plínío, Vejo-vos e estou alerta' In: . 39 nu
igo pubilcado originalmente em' A Oll: .' . -:---' 0l!.Clt., 1936, p. 103-104. 40 TRA, 1997, p. 150.
I
196 Enu .
I e tIpOS e recorte . h' , .
. 'JJenslva, Rio de JaneIro, 16 set. p. 2 1936.
. '
Ibidem, p. 151.
s: rstórías da Imprensa integralista
Entre tipos e recortes: histórias da imprensa integralista I 197
o sacrificio, é a honra de uma Nação."! povo, excitadores da sensibilidade! Ó sádicos perversos, que
fazeis sofrer a nossa Pátria os permanentes sobressaltos e as
Nos discursos de S~lgado, o conceito de ordem implica e dores mais cruéis que são dores da consciência de uma
combate permanente as manifestações contrárias à 111ulll inferioridade nacional que pretendeis cada vez mais pôr em
~onserv~dora e ao pressuposto espiritualista que alicer l110ral evidencia! 44
m~egralt~mo e que despertava simpatia em conservador~ava ~o
fi.lta?os. a"AIB. Em um texto inflamado, intitulado "Sentido d s nao Dessa forma, a figura do inimigo gerou um tema que se tornou
vIO~encIa, Salgado não deixa brecha aos indeci d a nossa frequente nos discursos e frases nacionais - "a defesa da soberania e
nacional: eCISOS a causa da grandeza nacional" - o que nos leva a fazer uma dupla leitura da
ameaça que esse "inimigo" causa: uma ameaça externa e interna.
Entre ~ Bem e, o Mal, não há imparcialidade possível. A luta ' Externamente a ameaça se daria pela invasão do inimigo estrangeiro
s~m tregua. 80 os metodos são diferentes. Enquanto o M I ~ e internamente a ameaça ocorreria pela comoção social, que no
~nuoso, cova:d~ e torpe, o Bem é franco, é corajoso e fer: de Brasil se apoiaria na ligação que o inimigo interno teria com o
ente, sem OdIO, sem rancor, como se cura um ' e [nimigo externo, o que leva o discurso de direita a "demonizar" a
nc
cauteri~ando-o. [...] Temos uma obra de Cultura c: ;; figura do comunista internacionalista." No artigo "Epicuristas e
Hu~ailldade a realizar. Os perversos procurarão impedir no Stóicos", de 1934, Salgado demonstra o significado que o combate
P reClsamos esmagá-Ios.42 - s.
ao comunismo tem para o integralismo:
A figura do inimigo é d
~onstruída nesses discursos tant~ c~~:i essa operação .política O Brasil novo vai nascer da luta entre comunistas e
Imperialistas. Na figur d . . . st~s quanto fascIstas ou integralistas. [...] Estes, querem garantir o culto de Deus, da
a . a o mmugo se persorufica a doença a morte Pátria e da Família, querem implantar um governo finalista e
a disciplinador, querem combater o capitalismo internacional
in:~~~~doeus sdeJa e~e , é o elelmento sombrio responsável po; todas a~
ruma mora e materi I da i bili ,. que escraviza o Brasil e resolve a questão social interna pela
social e sobr tud d . _, . a, a insta I Idade política e
organização corporativa, extinção dos partidos, orientação da
Q uan doo Sa Igado
e o, a traição a nacIOnalidade e ao espírito cívico. 43
atacava os o .t d economia nacional num sentido de bem coletivo e base
I'. " pOSIores a nova ordem conservadora
o JaZIa atraves da desmorali - . , material para as famílias. 46
depravado daquele esmora izaçao, da mSi?uação de um caráter
s que negavam a doutnna do S:
consequentemente ne avam d . . 19ma e que, Nesse sentido, o povo assume um papel na revolução
desei . .' g a or em espiritual que o integralismo integralista, absorvendo a doutrina da AIB e lutando pela vitória
eseJava difundir e consolidar Em um' .
conspiradores de todas as '. _ " artigo des!mado "Aos dessa ideia. A vitória do integralismo sobre o comunismo inauguraria
oligarquias estaduais: consprraçoes , o autor nao poupa as uma nova era, uma nova fundação da nação, sob o Estado Integral
que, segundo Salgado, resguardava o verdadeiro nacionalismo e
Ó masturbadores da Na - d traduzia o espírito da nação. O que liga o povo ao seu Estado é uma
çao, epravadores dos instintos de um
44
41 SALG ' . . SALGADO, Plínio. Aos conspiradores de todas as conspirações. ln: __ o
. A1?O, PIITIIO.Carta aos lllconscientes In: . op.cit., 1935, p. 83. Artigo publicado originalmente em: A Offensiva, Rio de Janeiro,
Artigo publicado originalmente em' A Offi . . Ri' --: op.ctt., 1937, p. 22.
~3 mar. p. I, 1935.
posteriormente em: A Offensiva R" d J ensiva, o de Janeiro, 7 ago. p. 2, 1936 e
42 SALGADO PI" S . ' 10 e aneiro, 14 ago. p. 2, 1936. 46 nUTRA, 1997, p. 152-153.
Arti .' mIO. entido da nossa violência In: . SALGADO, Plínio. Epicuristas eStóicos. In:__ . op.cit., 1936, p. 27. Artigo
43 19Opublicado originalmente em' A O{l; . Ri'. '--.' op.ctt., 1936, p. 104.
DUTRA, 1997, p. 151. . 'JJenSlva, o de Janeiro, 5 JU!. p. 1,1934. PUblicado originalmente em: A Offensiva, Rio de Janeiro, 6 dez. p. 1, 1934 e
POsteriormente em: SALGADO, Plínio. op.cit., 1946, p. 125-131.
198 I Entre tipos e reco t . h' ,. .
r es. tstorias da Imprensa integraJisla Entre tipos e recortes: histórias da imprensa integralista I 199
relação passional, construída através do mito de fundação nacion I Nova.51
narrado pela elite dirigente. a,
Assim, Marilena Chauí, em sua obra "Brasil: mito fundador . rto Vasconcellos, em sua análise sociológica :'A
sociedade autoritária'Ç" classifica seu conceito de mito: "no qua~ p~ra :~b~ra" a concepção integralista introjetada na. narrativa
essa narrativa é a solução imaginária para tensões, conflitos e Ideol~g~a C
histofl~lzant~ 1
lo
mi~o de fundação nacional e do desenv.olv1me?to da
artir de uma ideia primeva e finalista, al~m de
contradições que não encontram caminhos para serem resolvidos no
nível da realidade"." Na base de nosso mito fundador está presente lIistófla SOCia a P . _ da doutrina também reproduzia um
a a transrmssao , 1
segundo a autora, a ideia do pátrio poder enquanto princípi~ canal par t itário de apreensão do real. Ponto no qua converge:
incontestável de autoridade. O mito fundador salienta o aspecto para~i~a ~u ~~~ores do tema citados até agora, refere-se ao fat~ o
espiritualista de nossa narrativa nacional, na presença de imagens os pflnc1.pms . ar através do discurso político, como um ator
como a terra prometida, o povo eleito, luta entre Deus e o Diabo e nacionalismo ~~bclOn 'flexão sobre a realidade, ocultando a luta de
. nal que nu e a re li tre as
milenarismos nos sermões de Vieira. Uma narrativa que sagra a passlO . ~. . 1 O nacionalismo sugere a a lança en
História e o govemante do povo, uma "ordem estável segundo a classes e a dmarmca StOC~'luta pela salvação da nação, alcançando,
vontade de Deus".49 classes sob o ?~etex o.. tu r ta esboçado ao fundo desse discurso,
través do cenano espm a 1S
Desse modo, a política integralista será caracterizada ~m caráter de universalidade.
fortemente pela busca da legitimação de sua História Nacional, que
justifica um projeto de Estado autoritário. Para tanto, recorre à O discurso do caráter nacional não é ,ide.olófigiCO
a?e.nas ~~
, aparencla enomelllca,
ocultação da realidade material da história e da dinâmica social por sentido de permanlec~r ~res~rd:m social ou pelo fato de
meio de um discurso irracionalista que, através da associação de empreender a apo ogia a . d d 'Sua característica
di , .ca real da SOClea e.
imagens caras às diversas culturas das regiões do Brasil, ocultar a ma~ .' ois ele deixa entrever a
sintetizando-as no ideal nacionalista, universaliza o projeto de Estado essenci~l.. é o macl:;hsmo, ,:Ornem brasileiro' através da
r
dos dirigentes integralistas. Salgado afirma que "Um povo não deve impoSsl?lhdadd~de co ueeced i~a de modo autoritário, a única
ão E um lSCurSOq, . d '.
esperar pelo Futuro, deve marchar para ele, deve precipitá-Ia. A
:~: p~la qual_seriapos~íve~~apt~a~~e~l~~a:~;:~~~~n~~:~~~
História escreve-se com pensamentos transformados em ação", 50 o
via da emoçao ~u da ,mtu~çaoi' termo repleto de conotações
que impulsiona o povo à marcha para o futuro é a "força de uma integralista do signo naciona , fi _ 52
ldeia", motor da História. afetivas e que tem por objetivo afogar are exao.
58 bSALGAD
. ' . Os heróes In:
O, Plínio. . 6\ SALGADO, Plínio. Revolução Integralista. In: _. op.cit-, 1936, p. 47-48.
P9U licado originalmente em: A OjJ~nsi~a--P:--' op.cit., 1935, p. 138-139. Artigo
60 DUTRA, 1997, p. 196. ' 10 de Janeiro, 21 jun. p. 1, 1934. Artigo publicado originalmente em: A OjJensiva, Rio de Janeiro, 4 out. p. I, 1934.
62 SALGADO, Plínio. Vejo-voS e estou alerta. In: __ o op.cit., 1936, p. 102.
Ibidem, p. 196-197. Entre tipos e rec0l1es: histórias da imprensa integralista \ 205
204 I Entre tipos e reco 11es.. h'istonas
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