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● O calendário litúrgico

Muitas festas não têm dia certo para acontecer.

As festas normalmente estão associadas aos dias santos do catolicismo. Mas as


datas podem variar de terreiro para terreiro, de acordo com a disponibilidade e as
possibilidades da comunidade.
De maneira geral, o que importa é comemorar o orixá na sua época.
As principais festas, ao longo do ano, são as seguintes:

Abril: Feijoada de Ogum e festa de Oxóssi (associado a São Sebastião), em


qualquer dia.

Junho: Fogueiras de Xangô (associados a São João e São Pedro), dias 25 e 29.

Agosto: Festa para Obaluaiê (associado a São Lázaro e São Roque) e festa de
Oxumaré (associado a São Bartolomeu), em qualquer dia.

Setembro: Começa um ciclo de festas chamado Águas de Oxalá, que pode seguir
até dezembro. Festa de Erê, em homenagem aos espíritos infantis (associados a
São Cosme e Damião). Festa das iabás (esposas de orixás) e festa de Xangô
(associado a São Jerônimo), em qualquer dia.

Dezembro: Festas das iabás Iansã (Santa Bárbara), dia 4, Oxum e Iemanjá
(associadas a Nossa Senhora da Conceição), dia 8. Iemanjá também é
homenageada na passagem de ano.

Janeiro: Festa de Oxalá (coincide com a festa do Bonfim, em Salvador), no segundo


domingo depois do dia de Reis, 6 de janeiro.

Quaresma: O encerramento do ano litúrgico acontece durante os quarenta dias que


antecedem a Páscoa, com o Lorogun, em homenagem a Oxalá.

Ao som dos atabaques, o santo baixa

Fotografar uma festa de candomblé não é tão fácil. Na Casa Branca, é


absolutamente proibido. Mas outros terreiros, como o Ilê Axé Ajagonã Obá-Olá
Fadaká, em Cotia, região da grande São Paulo, são mais liberais. Nesta casa,
podemos bater fotos da cerimônia em homenagem a Xangô. Mas com uma ressalva:
a de jamais fotografar de frente um filho-de-santo com o orixá incorporado.

A casa está cheia: 85 pessoas lotam o barracão. Os atabaques começam a falar


com os deuses. Os orixás são invocados com cantigas próprias e os filhos-de-santo
entram na roda, um a um, na chamada ordem do xirê: primeiro, o filho de Ogum,
seguido pelos filhos de Oxóssi, Obaluaiê e assim por diante.
Ao som do canto e da batida dos atabaques, cada integrante da roda entra em
transe. O corpo estremece em convulsão, às vezes suavemente, outras vezes com
violência. Agora, os filhos incorporam os orixás e dançam até que o pai-de-santo
autorize, com um aceno, sua saída, para serem arrumados pelas camareiras,
chamadas equedes. Logo depois, eles voltam ao barracão, vestindo roupas, colares
e enfeites típicos de seu santo. Ao ouvir seu cântico, cada um começa a dançar
sozinho uma coreografia que conta a origem do orixá incorporado.

É quase meia-noite quando os atabaques tocam as cantigas de Oxalá, o criador dos


homens. Saudado Oxalá, é hora da comunhão com os deuses: os pratos são
servidos aos participantes da festa. O xirê chega ao fim.

Sem música, não existe cerimônia

Tudo acontece sob a batida de três atabaques


Os três atabaques que fazem soar o toque durante o ritual também são
responsáveis pela convocação dos deuses.
O rum funciona como solista, marcando os passos da dança. Os outros dois, o rumpi
e o lé, reforçam a marcação, reproduzindo as modulações da língua africana iorubá
uma língua cantada, como o sotaque baiano. Além dos atabaques, usam-se também
o agogô e o xequerê.
São, ao todo, mais de quinze ritmos diferentes. Cada casa-de-santo tem até 500
cânticos. Segundo a fé dos praticantes, os versos e as frases rítmicas, repetidos
incansavelmente, têm o poder de captar o mundo sobrenatural. Essa música
sagrada só sai dos terreiros na época do carnaval, levada por grupos e blocos de
rua, principalmente em Salvador, como Olodum ou Filhos de Gandhi .

As divindades têm defeitos humanos

Em qualquer terreiro, a entrada dos orixás na festa segue sempre a mesma


seqüência da ordem do xirê. Depois de despachar Exu, o primeiro a entrar na roda é
Ogum, seguido de Oxóssi, Oba- luaiê, Ossaim, Oxumaré, Xangô, Oxum, Iansã,
Nanã, Iemanjá e Oxalá.

Segundo a tradição, os deuses do candomblé têm origem nos ancestrais dos clãs
africanos, divinizados há mais de 5 000 anos. Acredita-se que tenham sido homens
e mulheres capazes de manipular as forças da natureza, ou que trouxeram para o
grupo os conhecimentos básicos para a sobrevivência, como a caça, o plantio, o uso
de ervas na cura de doenças e a fabricação de ferramentas.

Os orixás estão longe de se parecer com os santos cristãos. Ao contrário, as


divindades do candomblé têm características muito humanas: são vaidosos,
temperamentais, briguentos, fortes, maternais ou ciumentos. Enfim, têm
personalidade própria. Cada traço da personalidade é asso-ciado a um elemento da
natureza e da sua cultura: o fogo, o ar, a água, a terra, as florestas e os instrumentos
de ferro.
Na África Ocidental, existem mais de 200 orixás. Mas, na vinda dos escravos para o
Brasil, grande parte dessa tradição se perdeu. Hoje, o número de orixás conhecidos
no país está reduzido a dezesseis. E, mesmo desse pequeno grupo, apenas doze
são ainda cultuados: os outros quatro Obá, Logunedé, Ewa e Irôco raramente se
manifestam nas festas e rituais.

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