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1. O problema da tolerância
Em todos os países da Europa cristã, da Polônia ao atlântico, se observou, durante o século XVI,
na era do humanismo renascentista, o desenvolvimento de uma atitude nova e mais liberal
frente à religião.
Cristianimo e tolerância
O cristianismo católico ocupa o fundo histórico que aqui nos interessa. A Igreja começou com o
princípio da liberdade. "A César o que é de César, a Deus o que é de Deus", Mateus, 22:21 já nos
indica um princípio de separação entre governo secular e religião.
Na Idade Média a aliança entre Igreja e Estado foi a base da intolerância. A Igreja se submetia
pacientemente aos poderes seculares, enquanto o Estado combatia o surgimento das
heterodoxias religiosas, onde quer que aparecessem. O que se verificará, progressivamente,
será o avanço do Cristianismo por toda a Europa. No século V era possível distinguir as esferas da
Igreja e do Império. No século VIII o velho Império era mera recordação, e a Igreja a única
defensora da civilização na Europa.
Fortificada por sua soberania em assuntos temporais, a Igreja não duvidou em perseguir heresias
que, segundo alegava, ameaçavam a ordem temporal. Sua causa comum era preservar a unidade
dogmática e social da cristandade.
- sociedade e heresia
A luta por tolerância tinha implícita uma negação da estrutura medieval de governo. No século
XVI, é possível perceber uma transformação no mundo medieval. Nesse período aparecerão os
Estados Nacionais e seu desejo de autonomia irá fragmentar o sistema-mundo feudal.
Ainda assim, havia, na Idade Média, convivência com pagãos, judeus e muçulmanos. Mas a
Igreja não tolerava o erro de consciência.
Tanto a negação parcial quanto a total de autoridade foram utilizadas com regularidade em favor
da tolerância durante a época da reforma.
2. A Era da Reforma
Se havia que se buscar uma verdade comum, a ela só se podia chegar mediante caridade e paz,
e a combinação das diferenças era um requisito prévio. Os humanistas eram interessados na
paz.
Erasmo:
Advogou pela causa da paz e denunciou o uso do recurso da guerra pelos príncipes. Descrevia a
si mesmo como alguém que não cessa de perseguir à guerra com a ajuda de sua pluma. Era
simpatizante de Lutero, inicialmente, e se desiludiu com os métodos violentos utilizados pelos
reformadores. Embora criticasse os métodos violentos dos luteranos, condenava que contra eles
se usasse a força. Erasmo interpreta a parábola do joio e do trigo de modo tolerante, ao
contrário do que fez a Igreja Medieval. Era um partidário do pacifismo. O binômio paz e
unanimidade só seria alcançado se os dogmas fossem abandonados. Tinha simpatia pelo
pacifismo dos anabatistas. Não fazia apelos ao povo, mas aos clérigos.
Matheus: 13:24:30
Jesus lhes contou outra parábola, dizendo: "O Reino dos céus é como um homem que semeou
boa semente em seu campo.
Mas enquanto todos dormiam, veio o seu inimigo e semeou o joio no meio do trigo e se foi.
"Os servos do dono do campo dirigiram-se a ele e disseram: ‘O senhor não semeou boa semente
em seu campo? Então, de onde veio o joio? ’
" ‘Um inimigo fez isso’, respondeu ele. "Os servos lhe perguntaram: ‘O senhor quer que vamos
tirá-lo? ’
"Ele respondeu: ‘Não, porque, ao tirar o joio, vocês poderão arrancar com ele o trigo.
Deixem que cresçam juntos até à colheita. Então direi aos encarregados da colheita: Juntem
primeiro o joio e amarrem-no em feixes para ser queimado; depois juntem o trigo e guardem-no
no meu celeiro’ ".
Thomas Morus: importância reduzida para esta história. Sua Utopia previa uma comunidade
política pagã, com completa liberdade de religião e de opinião. Herança não reconhecida para
ateus e materialistas.
A postura luterana: a reforma foi uma revolução conservadora. Seu programa inicial objetivava a
justificação pela fé e a Bíblia em língua vernácula; os objetivos políticos e sociais eram
secundários. Inicialmente sua ênfase era meramente teológica. Logo viu necessidade de ter
liberdade para fazer suas pregações.
Sua defesa da liberdade se fazia em duas frente: o ataque contra a coação das consciências; e
contra o poder do Estado de reprimir heresias.
Quanto ao primeiro, Lutero acreditava que nenhum homem deveria ser obrigado a crer, mas
todos deveriam ser ensinados a partir do Evangelho (A vontade livre, 1525). Quanto ao segundo,
acreditava (Da autoridade secular, 1523) que as heresias eram assunto dos bispos, não de
príncipes. A heresia é espiritual. O governo civil deve se meter apenas em assuntos seculares.
Acreditava que deveria haver tolerância com os anabatistas. Esta foi sua postura inicial; no
entanto, Lutero logo se viu diante de um movimento de mais alcance do que havia imaginado.
Foi assim que passou a rechaçar a tolerância, em especial contra a revolta campesina de 1525.
Essa nova postura coincidiu com sua necessidade de organizar uma Igreja reformada.
Aproximando-se de príncipes e magistrados, Lutero fundou um aparato coativo junto ao Estado
muito parecido com aquele do cristianismo medieval.
Lutero se opôs à supressão de cultos; depois defendeu. Primeiro defendeu os direitos subjetivos
da consciência, depois passou a defender unicamente o critério objetivo das escrituras. Primeiro
se opôs à pena de morte aos anabatistas, depois a defendeu. Primeiro defendeu a convivência
pacífica com judeus, depois aprovou sua expulsão da Saxônia. Também reviu sua opinião a
respeito da separação entre Igreja e Estado. Com essa mudança, a reforma perdeu seu caráter
pangermanista e sua chamada revolucionária. Isto provocou muitos dissidentes a recorrerem ao
anabatismo e a abandonarem o luteranismo.
Suíça: reformador prévio a Litero, Zuinglio. Tornou-se rapidamente intolerante contra católicos e
anabatistas. A oeste da Suíça, Genebra ganhava poder como cidade reformada. Farel conquista
os cantões suiços ocidentais, em especial Genebra em 1533, onde será extinta a missa católica
em 1535.
Intolerância Calvinista
Calvino e Farel foram expulsos de Genebra em 1538. Martin Bucer acolhe Calvino em
Estrasburgo por três anos, onde dirige uma igreja de protestantes franceses.
Genebra volta a adotar as recomendações de Calvino e passa a ser intolerante em 1541. Torna-
se uma teocracia. Projetou a luta religiosa a uma esfera de alcance internacional. Não aceitava
acordos ou compromissos e passa a ser intolerante não apenas com a velha Igreja, mas também
com movimentos radicais.
15 anos de idade
Nem mesmo o excomungado, diz ele, deixa de ser cidadão. Os politiques, como L'Hopital,
estavam preocupados com a manutenção da monarquia absolutista. Há dois tipos de politiques:
os que colocam os interesses do Estado acima dos demais, e os que são a favor de um pacto
para manter a integridade política estatal, apesar das próprias convicções religiosas.
Desde o primeiro momento, Catarina de Médici havia aceitado como fundamento de sua política
certo tipo de coexistência tolerante entre católicos e protestantes. Seu objetivo era menos a paz
civil do que a autoridade da coroa. 1560: o edito de Amboise. 1561: Coloquio de Poissy. O
colóquio fracassou. A consolidação do protestantismo em 1562 levou a uma intensificação das
guerras religiosas. Edito de Amboise em 1563 deu liberdade de consciência apenas a
proprietários de terra. Com isso, os reformados perderam apoio das massas.
Grupo que "acolheu" Henrique IV, quando este, convertido, se torna rei da França.
O Edito de Nantes se manteve por três quartos de século. Mas esse edito decepcionou a
protestantes, pois obtiveram direitos de minoria, não igualdade. O governo politique continuou
nos tempos do cardeal Richelieu, que tomou o poder em 1624, sob o reinado de Luis XIII.
Colocava-se como contrário ao separatismo religioso, mas favorável à convivência. Era preciso
colocar fim a sua autonomia política, não a dissidencia em si.
As medidas adotadas pelo grande cardeal não partiam de uma tolerância convicta e de certo
irenismo, mas dos projetos de unidade nacional que queria alcançar.
O edito de Nantes possivelmente deixou de existir como tal com a morte de Henrique IV em
1610. O período que vai de sua morte até 1685 marca uma paulatina revogação de partes do
Edito. A perseguição popular foi crescendo de modo progressivo. Essa revogação foi muito bem
recebida em toda a França. Ocorriam as dragonadas, que eram perseguições com o fim de
converter protestantes à força, contra as quais até o papa se levantou.
Acreditava-se que Luis XIV tivesse revogado pelas simpatias republicanas dos protestantes, e
pela crença de que essa minoria religiosa fosse danosa à perenidade do tecido social francês,
uma unidade que deveria ser mantida para dar sustentáculo ao Absolutismo.
Três foram as razões para a perseguição aos huguenotes; a religiosa; a cultural; a política - falta
de lealdade à Igreja, e, portanto, ao Estado.
Tolerância Inglesa
Elisabeth I conseguiu manter unida a sua Igreja com base na alternância entre repressão e
permissividade.
Jaime I foi mais permissivo, pois, embora protestante, tinha entre Stuarts entre seus
ascendentes. Até 1625 reinou, e advertia ao Parlamento que a heresia não deveria ser
combatida pela força. Conspiração da Polvora de 1605: Guy Fawkes. Vê-se a necessidade de se
tomar medidas contra católicos. Era, no entanto, hostil aos puritanos, calvinistas ingleses.
Richard Hooker reconhecia o caráter de comunidade cristã nas outras Igrejas, e admitia a
possibilidade até mesmo do Papa ser salvo eternamente. A influência de obras arminianas abriu
o diálogo entre correntes calvinistas e a Igreja anglicana. Ao final da década de 1630, as
perseguições havia contribuído para que a Ighreja e a Coroa estivessem em franca inimizada com
grupos liberais puritanos e anglicanos.
Ato de 1650 revogou a legislação penal contra dissidências religiosas. Havia, agora, grande boa
vontade com os católicos. Também durante o protetorado de Cromwell se readmitirão os judeus.
Esse era o espírito, aliás, dos pensadores da época, como James Harrington.
Levellers: William Walwyn e Richard Overton. Pediam a liberdade total de consciência.
Essa legislação estabeleceu da forma mais taxativa que nunca o monopólio religioso do
anglicanismo. O momento era pouco oportuno para defender a tolerância, vez que, nesse
momento, a experiência da República estava gravada como um fracasso.
1664: Conventicle Act. Proibía reuniões religiosas de mais de cinco pessoas, não familiares, fora
dos limites da Igreja Anglicana.
Joseph Glanvill (1630-1680). A confiança nas declarações dogmáticas deveria ser destruída, e
substituída pela modéstia e reserva prudente de opiniões. Papel da razão em destruir os
dogmas.
Edward Stillingfleet (1635-1699). Era um latitudinarista, oposto ao dogma, mas que acreditava
que a tolerância universal era como um "cavalo de Tróia". Sua preocupação, como muitos
outros, era política, por temer a ascensão política dos católicos. Isso coloca em relevo o medo
que se tinha, à época, da insegurança política que a tolerância pode significar.
Declaração de Indulgência de 1672, tentada por Carlos II, fracassou. Medida ia revogar as leis
penais vigentes e garantir culto público a outros protestantes e privado aos católicos.
William Penn e a luta pelos direitos das minorias. 1644-1718. Quaker. Um dos mais eminentes
defensores da tolerância. Quakers eram odiados e desprezados por todas as religiões oficiais.
Dois mil quakers teriam sido presos durante cinco anos do Protetorado. Sua consciência social
também fizeram deles potencialmente subversivos em questões políticas. Penn era filho de um
almirante conhecido.
The Great Case of Liberty of Conscience. Penn definiu a liberdade de consciência como direito ao
culto público. Estabelecia que a liberdade, tal como a propriedade, era um direito natural. Desse
modo, a intolerância era ilegal e inconstitucional. "Um homem pode ser um bom inglês e, ao
mesmo tempo, indiferente aos assuntos da Igreja". Sua argumentação tinha natureza secular e
racionalista.
Penn percebeu maior tolerância com James II. James era a favor da liberdade religiosa.
Guilherme de Orange prometeu liberdade a dissidentes e direito de culto privado a católicos.
James II tinha um governo "manco" por investir contra os direitos de propriedade dos tories.
Guilherme e Maria sequer cumpriram suas promessas. Seu "Tolerance Act" apenas garantiu
liberdade de culto a reformados dissidentes. Não revogou as duras leis penais de antes. Católicos
perseguidos, mas batistas e quakers foram tolerados. Criação de uma maioria protestante.