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CURSO DE PSICANÁLISE
FILOSOFIA E PSICANÁLISE
Freud não era um inculto em filosofia tendo nessa área boa formação de
base e enfatizava que a psicanálise não era uma modalidade filosófica do saber
justamento por sua pretensão científica. No entanto por ser um saber fundado
na interpretação proximava-se do discurso filosófico. Freud procurava distinguir
a filosofia da psicanálise por isso empreendeu a crítica da psicanálise à filosofia.
Contudo, Freud teve de reconhecer que a psicanálise não se adequava aos
cânones neopositivistas de ciência. Assim, diferentes conceitos
metapsicológicos fundamentais não eram passíveis de qualquer verificação. A
pulsão de morte por ele mesmo foi chamada de especulação. Por isso mesmo,
valeu-se de Platão e de Empédocles, constituindo então um argumento mítico,
para legitimar finalmente o conceito de pulsão de morte. Mais tarde aproximou a
metapsicologia da bruxaria, justamentente porque os enunciados teóricos da
psicanálise não se combinavam com os cânones neopositivistas do discurso da
ciência. Dessa forma temos uma metáfora que evoca uma época em que os
espíritos maus eram considerados os responsáveis pela loucura. Freud
encontra-se assim num mato sem cachorro, grifo meu.
segundo a concepção freudiana o psiquismo seria perpassado por
fantasmas, que encantavam a realidade psíquica, para o bem e para o mal. Nas
cenas onde os desejos se inscreviam e circulavam permanentemente, os
fantasmas capturavam os signos e as representações mentais, colocando a
subjetividade em movimento, sustentando-a no seu pensar, no seu dizer e no
seu fazer. Por isso mesmo, pela interpretação a metapsicologia freudiana
buscava realizar o deciframento dos fantasmas e dos desejos que
impulsionavam a subjetividade, que se manifestavam pelas formações do
inconsciente. A concepção psicanalítica de que existiria um psiquismo
inconsciente e que a subjetividade transcenderia em muito os registros do eu e
da consciência, implicou efetivamente no descentramento do sujeito. Essa tese
colocou em questão uma longa tradição que se constituiu com Descartes e que
foi denominada de filosofia do sujeito.
para Freud o eu onipotente teria que ser limitado na sua arrogância, para
que o narcisismo pudesse se deslocar de sua condição de primário para a de
secundário. Com isso, o eu que se enuncia inicialmente como sendo o seu
próprio ideal (eu ideal), teria que reconhecer um ideal que lhe transcendesse,
para reconhecer a alteridade no outro (ideal do eu), a fim de poder se libertar da
imagem alienada pela qual fora constituído. Essa transformação implicaria para
Freud na experiência da castração, condição de possibilidade do complexo de
Édipo e do advento das identificações sexuadas, pelas quais as condições
masculina e feminina seriam constituídas.