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Resumo
Os estudos das relações internacionais possuem suas origens nas teorias políticas. Este
artigo busca mostrar como os principais teóricos clássicos influenciaram os novos
teóricos do realismo nas relações internacionais.
Palavras-chave
Relações Internacionais; Realismo; Teoria Política
Alabastro: revista eletrônica dos alunos da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, São Paulo, ano 4, v. 2, n. 8, 2016, p. 85-90.
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As contribuições da teoria política para o desenvolvimento da teoria realista de relações internacionais
GIULIANO GUIDI BRAGA
Alabastro: revista eletrônica dos alunos da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, São Paulo, ano 4, v. 2, n. 8, 2016, p. 85-90.
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o período entre guerras em que as ideias do idealismo que o hegemon, aquele que possui maior poder,
estavam em voga foram um período de crise para as predominantemente militar (o que Carr classifica como
relações entre os Estados. High Politics), deve usar a força virtuosamente, sabendo
De modo a colocar o plano estatal como quando usa-la e quando apelar para a diplomacia
principal, Carr diz que nenhum Estado está subordinado (CARR, 1981).
a uma Organização Internacional (OI), estando elas a Nasce no espectro teórico de relações
mercê das vontades dos membros que estão sempre internacionais a noção de sobrevivência de um
buscando benefícios próprios. Quanto à Liga das Estado perante os outros. Já que há a preocupação
Nações mais especificamente, Carr coloca que ela teve com a sobrevivência, as ações dos Estados devem ser
uma visão ingênua a não prever os conflitos ocorridos, minuciosamente calculadas.
sendo que a política internacional, na visão realista, está Outro teórico político que contribuiu para
baseada na disputa pelo poder (CARR, 1981). o desenvolvimento da teoria realista de relações
internacionais foi Hobbes. A noção de natureza humana
Influências das teorias políticas no realismo do realismo transportada para a natureza dos Estados
clássico em relações internacionais é formada através de um
híbrido entre as visões Maquiaveliana e Hobbesiana.
Como as primeiras teorias de relações Muito é utilizado sobre o Estado de Natureza
internacionais buscavam o resgate de outras ciências hobbesiano, em que os homens estão em um espectro
humanas, o embasamento teórico do realismo se pautou de guerra constante, transportando essa visão ao sistema
muito na visão de natureza humana e de contrato social internacional que é formado por Estados que estão
da filosofia política. Os principais nomes resgatados constantemente em tensões conflituosas. Isso dava uma
por essa teoria são Maquiavel e Hobbes. conotação negativa à anarquia no sistema internacional
Carr faz um resgate mais profundo a Maquiavel dizendo que os Estados não entrariam em guerras
ao adotar a visão de natureza humana maquiaveliana e constantemente por via de recursos, porém somente o
adaptando essa visão para as relações entre os Estados. fator anárquico do sistema internacional, já era preciso
Maquiavel propôs que as relações de poder são intrínsecas para que os Estados vivessem em um ambiente de
à natureza humana, prevendo uma certa imutabilidade inconstâncias (CARR, 1981).
da natureza humana, versando que as relações de poder Para os realistas, embora a anarquia gere esse
é que prevalecem em tempos de conflitos. Carr, adapta sistema de tensão ela é mais que necessária e um direito
essa visão ao propor a ingenuidade da Liga das Nações de todos os Estados, pois eles são os atores de força
ao não conseguir se sustentar em tempos conflituosos, maior no sistema internacional. O direito internacional
preconizando um certo pessimismo em relação à pode ser algo bom para os Estados na medida em que
natureza humana (VIOTTI e KAUPPI, 2010). pode servir como uma moderação. Porém a partir do
O mesmo transporte teórico pode ser visto momento em que o direito internacional passa a suprimir
quanto a visão de virtude dos homens, o que Maquiavel a ação dos Estados, é completamente compreensível
colocou como não apenas o uso da força, mas o uso que os Estados o ignorem.
virtuoso da força. Essa virtude nos Estados pode
ser encontrada nas relações de hegemonia, sendo
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um cenário de MAD, já que o poderio nuclear não era do Ordenamento; (ii) Diferenciação Funcional; (iii)
mútuo. Distribuição das Capacidades.
De acordo com o primeiro princípio, Waltz
Noerealismo: uma revisita das teorias coloca que o ordenamento d sistema político doméstico
políticas deve ser centralizado e hierárquico, porém no âmbito
internacional, esse sistema deve ser descentralizado
Surgindo no final da década de 1970 até o e anárquico. Um fator de centralização que gerou
começo dos anos 1990, essa releitura da teoria realista controvérsias entre os neorrealistas foi a criação da
buscava adaptar os preceitos teóricos clássicos e Organização das Nações Unidas (ONU), dizendo que
neoclássicos para um sistema cuja participação das a organização pode se mostrara como um leviatã do
organizações internacionais estava em seu auge e a sistema internacional, resgatando a teoria de Hobbes
participação das forças transnacionais também estava (WALTZ, 1979).
começando a ganhar força. Em relação ao segundo princípio, os Estados
O principal teórico do neorrealismo é Kenneth internamente devem buscar uma diferenciação de suas
Waltz. Em suas principais obras, “Theory of International instituições, como a distinção clara entre os três poderes
Politics” publicado em 1979 e “O Homem, o Estado constitucionais. Porém, no âmbito externo, os Estados
e a Guerra” publicado em 1959. No primeiro, Waltz não possuem diferenciação alguma entre si, sendo que
inaugura a teoria neorrealista, já no segundo, inaugura todos os Estados possuem espectros econômicos,
a metodologia dos níveis de análise utilizada com políticos, culturais, etc. Todos os Estados possuem
frequência nas teorias das relações internacionais. a mesma função no sistema internacional (WALTZ,
Como o embasamento teórico do neorrealismo 1979).
de Waltz é baseado na metodologia dos níveis de Esse princípio a não diferenciação pode ser
análise, cabe uma rápida investigação do método. Os visto no terceiro princípio referente à Distribuição
níveis de análise podem ser divididos em três, sendo das Capacidades. Os Estados são iguais juridicamente,
eles: (a) Nível Sistêmico; (b) Nível Estatal; (c) Nível porém de modo pragmático a igualdade é medida entre
Societal. O primeiro deles diz respeito aos temas do as capacidades dos Estados, muitas vezes atribuídas ao
sistema internacional, buscando refletir sobre como plano militar, de acordo com o espectro neorrealista.
o sistema como um todo reage a diversos tipos de Isso só pode ocorrer em um sistema internacional
fatores de pressão. Já o segundo, versa sobre a visão anárquico que permita os Estados a se desenvolverem
do Estado e como o Estado e seus elementos internos, de modo particular (WALTZ, 1979).
colocado no patamar de ator principal, reage às pressões Para que esses princípios possam ocorrer nas
internacionais. Por fim, o terceiro rege sobre a visão relações internacionais, é necessária a lógica de Balanço
individual, levando em conta as lideranças e os grupos do Poder, que Waltz traduz para Equilíbrio de poder,
de pressão, abrangendo uma análise mais psicológica e sendo que, somente em m sistema que se preconize tal
antropológica para os casos (WALTZ, 1959). característica a anarquia pode ser benéfica de modo a
Waltz inaugura no aspecto teórico a proposição sempre trazer uma relação de bônus ao Estado.
de princípios de regimento do sistema internacional no
âmbito do Estado. Sendo tais princípios: (i) Princípio
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Referências bibliográficas
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