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Avaliação de Diferentes Metodologias Executivas de Chumbador

a Partir de Ensaios de Arrancamento em Campo

Silva, D. P.
Escola de Engenharia de São Carlos/USP, São Carlos, São Paulo, Brasil, danpasil@yahoo.com.br

Bueno, B.S.
Escola de Engenharia de São Carlos/USP, São Carlos, São Paulo, Brasil, bsbueno@sc.usp.br

Resumo: Apesar do largo emprego da técnica de solo pregado em nosso país, pouquíssima pesquisa foi
realizada sobre a resistência ao cisalhamento de interface solo-reforço (qs) e sobre a importância deste
parâmetro no desempenho desta técnica de reforço in situ de taludes e escavações. Este trabalho avaliou
experimentalmente, a influência de diferentes metodologias executivas do chumbador (número de injeções)
neste parâmetro. As informações para o desenvolvimento deste trabalho foram obtidas a partir de ensaios de
arrancamento realizados em chumbadores construídos em uma obra em Santo André-SP. Os ensaios de
arrancamento permitiram quantificar melhorias na resistência ao cisalhamento de interface a partir das
injeções do chumbador e estabelecer uma equação que relaciona o valor de qs com o volume injetado de
calda de cimento, sendo uma importante ferramenta para analisar o desempenho do chumbador. Por fim, é
apresentada uma proposta de metodologia para a realização do controle de qualidade do chumbador.

Abstract: Besides the soil nailing technique being common practice in Brazil, there is little research on the
shear strength of the soil-reinforcement interface (qs) and on the importance of this parameter on the
performance of this in situ reinforcement technique of slopes and excavations. This study experimentally
evaluate the influence of different executive methodologies of the nail (i.e. number of grout injections) on
the parameter qs. Data were obtained from in situ, full scale pullout tests performed on nails built in Santo
André city. The results show that significant improvement is achieved on the soil-nail interface shear
strength by the number of grout injections. The pullout tests on the nails provided quantification of this
improvement and establish equation that relate the value of qs to the volume of cement grout injected.
Finally, a methodology is proposed for a quality control procedure on soil-nailed walls.

1 INTRODUÇÃO trabalham basicamente à tração, quanto maior for


este parâmetro, melhor será o desempenho do
O emprego de técnicas de reforço de solos para a reforço na estabilização do maciço de solo.
estabilização de taludes e escavações apresenta-se Para a previsão da resistência ao cisalhamento de
como uma alternativa técnico-econômica viável e interface, diversos pesquisadores têm apresentado
em expansão em todo o mundo. Entre as técnicas de métodos analíticos e diferentes correlações
reforço in situ, a de solo pregado é a de maior apelo empíricas e semi-empíricas baseadas em ensaios de
econômico. campo e de laboratório, entre eles Cartier e Gigan
A estabilidade de uma contenção em solo (1983), Bustamante e Doix (1985), Jewell (1990),
pregado é estudada em seu estado limite último. Clouterre (1991), Heymann et al. (1992), Ortigão e
Sendo assim, um dos parâmetros mais importante e Palmeira (1997) e Proto Silva (2005). Embora estes
responsável pelo mecanismo de transferência de modelos e correlações se baseiem em interações
carga e restrição do movimento do maciço de solo, simples e empreguem parâmetros aparentemente
durante e após a sua escavação, é a resistência ao fáceis de serem determinados, há dificuldade de se
cisalhamento desenvolvida na interface entre o determinar o valor de qs. Neste contexto, a
reforço e o solo circundante (qs). Como as inclusões realização de ensaios de arrancamento é de

1
fundamental importância para a quantificação mais com características geotécnicas distintas. Entre 0 e
realística deste parâmetro. 0,70 m, identificou-se um aterro de areia fina à
No Brasil, a falta de uma metodologia padrão faz média, argilosa. A partir desta profundidade
com que não seja usual a realização de ensaios de observou-se um perfil de alteração de solo residual.
arrancamento em obras de solo pregado. O valor de Até a profundidade de 4,0 m, identificou-se uma
qs obtido no ensaio é dependente do diâmetro do argila silto-arenosa vermelha/marrom (solo residual
furo (φ furo), do comprimento da interface solo- jovem) com NSPT médio igual a 3, representativo
calda de cimento (LS) e da carga máxima (TL) obtida da linha 2, ou seja, da profundidade de interesse de
no ensaio. O valor de qs é definido em unidades de 1,80 m. Abaixo desta camada, observou-se um solo
tensão, normalmente em kPa (Equação 1). saprolitico até a profundidade investigada de
aproximadamente 8,0 m.
TL Na profundidade de interesse também foram
qs = (1) coletadas amostras de solo, que foram submetidas a
π * φfuro * L S
ensaios de caracterização geotécnica em laboratório
(Tabela 1). Também foram realizados ensaios de
A resistência ao cisalhamento de interface é resistência ao cisalhamento, tipo triaxial
influenciada por diversos fatores, entre os quais: (i) consolidado e não drenado (CU) e ensaios de
variabilidade do solo; (ii) método construtivo do cisalhamento direto rápido, em amostras
chumbador; (iii) variações físicas e geométricas dos indeformadas na umidade de campo. As tensões
elementos de reforço (e.g. comprimento da barra, utilizadas foram de 35, 100 e 200 kPa, para
tipo da barra de aço, diâmetro da coluna de calda de confinamento no triaxial e tensão normal no
cimento e inclinação do reforço) e (iv) níveis de cisalhamento direto. A Tabela 2 apresenta os
tensão atuantes. parâmetros de resistência obtidos.
Apresentam-se neste trabalho os resultados de
um programa experimental que foi desenvolvido em Tabela 1 – Resultados dos ensaios geotécnicos
uma obra em Santo André-SP, ou seja, em escala realizados em laboratório.
real. Propriedade Valor
Os ensaios de arrancamento foram realizados em Massa específica dos sólidos
quatorze chumbadores testes construídos em uma 2,798
(g/cm3)
mesma profundidade (1,80 m), que corresponde à Teor de Argila (%) 46,8
segunda linha de chumbadores da obra. Os Teor de Silte (%) 18,2
chumbadores foram construídos com diferentes Teor de Areia (%) 35,0
metodologias executivas, variando-se o número, a
LL (%) 48
localização das injeções e o comprimento dos
chumbadores. LP (%) 27
Os ensaios de campo permitiram quantificar o Peso Específico (kN/m )3
14,4
parâmetro qs para cada metodologia executiva
permitindo avaliar, para um mesmo tipo de solo, a Umidade Natural (%) 23,1
melhor forma para executar os chumbadores e Classificação Unificada CL
estabelecer equações que relacionam o valor de qs
com o volume injetado de calda de cimento, sendo Tabela 2 – Parâmetros totais e efetivos de
uma importante ferramenta para avaliar as premissas resistência ao cisalhamento.
adotadas em projeto. Total Efetiva
Ensaio c φ c’ φ'
2 MATERIAIS E MÉTODOS
(kPa) (°) (kPa) (°)
2.1 Caracterização Geotécnica do Local Triaxial 29,4 22,7 21,7 31,1
Cisalhamento
29,3 31,5 _ _
Os chumbadores testes foram executados em uma Direto
obra em Santo André-SP em que se utilizou a
técnica de solo pregado para a contenção de uma 2.2 Execução dos Chumbadores Testes
escavação para a implantação de subsolos. O
programa experimental foi realizado em uma mesma Os ensaios de arrancamento foram realizados em
região, na qual, se aproximavam as condições de chumbadores curtos (4,0 m) e longos (7,0 m),
contorno, ou seja, geologia e estado de tensões. instrumentados com extensômetros elétricos. Todos
Na região de estudo a sondagem de simples os reforços foram executados com 1,0 m de trecho
reconhecimento permitiu identificar três camadas livre. Sendo assim, os chumbadores curtos foram
construídos com 3,0 m injetados, enquanto que os
2
chumbadores longos foram construídos com 6,0 m cimento Portland tipo CP III-40 RS. Os resultados
injetados. de ensaios de compressão uniaxial apresentaram
Para a construção dos chumbadores curtos e valor médio superior a 21 MPa, que se apresenta
longos foram utilizadas barras de aço CA-50 de 25 dentro do valor mínimo estabelecido pelo manual
mm com 5,30 m e 8,30 m de comprimento, internacional da FHWA (Lazarte et al., 2003).
respectivamente. O comprimento excedente (1,30
m) foi previsto para facilitar a fixação dos 2.3 Metodologias Executivas e Controle de
equipamentos necessários para a realização do Execução
ensaio de arrancamento. A fim de facilitar os
trabalhos de instrumentação e de transporte para as As metodologias executivas diferem em relação ao
obras, as barras de aço foram divididas em dois número e a localização das injeções. A seguir
trechos. Para permitir a junção das barras em obra, apresentam-se as metodologias adotadas para a
foram confeccionadas roscas centrais e luvas de construção dos chumbadores.
conexão. Metodologia A: chumbador construído somente
Os chumbadores curtos foram instrumentados com a bainha.
com quatro extensômetros elétricos, enquanto que Metodologias B, C e D: os chumbadores foram
para os longos utilizaram-se sete extensômetros construídos inicialmente com a bainha (metodologia
elétricos. Estes sensores foram alinhados na lateral A) e com fases posteriores de injeção. Para estas
das barras de aço para reduzir a influência de metodologias, foram realizadas, respectivamente,
possíveis momentos fletores. Para a calibração dos uma, duas e três fases posteriores de injeção. As
sensores, as barras de aço instrumentadas foram válvulas de injeção foram dispostas igualmente
carregadas sob tração em estágios crescentes e as espaçadas (0,5 m) ao longo de todo o trecho
leituras verificadas para cada nível de carregamento. injetado. A Figura 1 ilustra, para os chumbadores
A preparação dos chumbadores foi realizada de curtos, a distribuição e a localização das válvulas de
forma especifica para cada metodologia e injeção para uma fase de injeção.
comprimento do chumbador. Esta etapa de
preparação compreendeu a fixação, junto à barra de
aço, de centralizadores e de tubos de injeção de
polietileno de 10 mm de diâmetro. Para cada etapa
de injeção, foi instalado um tubo correspondente e
as válvulas foram distribuídas de forma específica
para cada uma das metodologias. Visando garantir a
integridade do trecho livre, engraxou-se e instalou- Figura 1: Localização das válvulas de injeção
se um obturador composto por uma espuma para os chumbadores curtos construídos com as
enrolada. metodologias B, C e D.
A perfuração foi executada com perfuratriz
manual, utilizando o procedimento de lavagem do Metodologia E: Chumbador construído com a
furo. O diâmetro médio acabado foi de 75 mm e bainha (metodologia A) e mais duas fases
inclinação média de 10º em relação à horizontal. posteriores de injeção. As válvulas de injeção foram
Após o termino da perfuração foi então realizado o dispostas de forma localizada. A primeira injeção
preenchimento da cavidade escavada (furo) com foi realizada no trecho final do furo com as válvulas
calda de cimento (Bainha), até que a calda de espaçadas a cada 0,20 m, enquanto que a segunda
cimento extravasasse limpa pela boca do furo. Este injeção foi realizada no restante do trecho injetado,
procedimento foi realizado sob o efeito da gravidade com as válvulas espaçadas a cada 0,5 m. A Figura 2
(sem pressão), a partir de um tubo removível e de ilustra, para os chumbadores curtos, a distribuição e
forma ascendente (do fundo para a boca do furo). As a localização das válvulas de injeção para cada uma
barras de aço, devidamente preparadas, foram então das injeções.
inseridas no furo preenchido. As injeções foram
iniciadas após um intervalo mínimo de 12 horas,
obedecendo ao procedimento da obra, de se realizar
uma fase de injeção por dia.
A Bainha foi executada com um traço de calda
de cimento, com relação água/cimento igual a 0,6.
No traço das injeções, com o objetivo de obter
caldas de cimento com maior fluidez, a relação
água/cimento foi de 0,7. As caldas foram preparadas
em um misturador de alta turbulência, utilizando o

3
Tabela 3 – Identificação e características dos
chumbadores.
N° Comprimento
Metodologia Tipo
Chumbador (m)
1 D 6,0 Longo
2 A 3,0 Curto
3 E 3,0 Curto
4 E 6,0 Longo
5 A 3,0 Curto
6 A 6,0 Longo
7 C 3,0 Curto
8 C 6,0 Longo
Figura 2: Localização das válvulas de injeção 9 B 3,0 Curto
para os chumbadores curtos construídos com a 10 B 6,0 Longo
metodologia E. 11 F 3,0 Curto
12 F 6,0 Longo
Metodologia F: Chumbador construído com a 13 D 3,0 Curto
bainha (metodologia A) e mais três fases posteriores 14 D 6,0 Longo
de injeção (chumbador curto) ou quatro fases
posteriores de injeção (chumbadores longos). As A Tabela 3 mostra que foi executado o mesmo
injeções foram realizadas por três/quatro tubos número de chumbadores curtos e longos. Para cada
perdidos ao longo de todo o trecho injetado, através uma das metodologias estudadas, foram construídos,
de válvulas localizadas de injeção. A primeira pelo menos, um chumbador curto e outro longo.
injeção foi realizada de forma localizada no trecho Durante a execução dos chumbadores controlou-
final e as demais, também localizadas, de forma se a pressão e o volume da injeção. O controle do
ascendente ao longo do trecho injetado. A Figura 3 volume foi realizado medindo-se o nível de calda de
apresenta, para os chumbadores curtos, a localização cimento dentro do tanque misturador. A
das válvulas de injeção para as diferentes fases de determinação das pressões de injeção foi realizada
injeção. por um manômetro, localizado na saída da bomba
de injeção. A Tabela 4 apresenta um resumo do
controle de execução dos chumbadores testes e
mostra que a pressão máxima de injeção foi de 2,0
MPa, obtida para a segunda fase de injeção do
chumbador executado com a metodologia C. Para a
terceira fase de injeção dos chumbadores executados
com as metodologias D e F as pressões de injeção
também foram elevadas e da ordem de 1,6 MPa. As
elevadas pressões e a ausência de volumes injetados
Figura 3: Localização das válvulas de injeção nestas fases remetem a uma melhor qualidade
para os chumbadores curtos construídos com a (integridade) do chumbador. Observa-se também
metodologia F. que os volumes de injeção nunca foram superiores a
51 litros, ou seja, volume equivalente a uma calda
Foram construídos 7 chumbadores curtos e 7 de cimento preparada com um saco de cimento (50
chumbadores longos. Os chumbadores testes foram kg) e relação água-cimento igual a 0,7. Este volume
construídos entre os chumbadores de projeto da foi utilizado como critério de parada, por considerar
obra. Os chumbadores de projeto foram inicialmente que maiores volumes de injeção poderiam ser
construídos somente com a bainha, para evitar a danosos a edificações vizinhas, já que,
influência das injeções nos chumbadores testes. provavelmente, teriam encontrado algum vazio
Somente após a realização dos ensaios de excessivo no maciço de solo. Os resultados obtidos
arrancamento dos chumbadores testes, os a partir do controle de execução poderão ser melhor
chumbadores de projeto foram injetados. avaliados e comparados após as análises dos
Com o objetivo de padronizar e facilitar a resultados dos ensaios de arrancamento.
execução e a interpretação dos resultados, os
chumbadores foram numerados. A Tabela 3
apresenta o número, a metodologia construtiva, o
comprimento e o tipo de cada chumbador estudado.

4
Tabela 4 – Controle de execução dos chumbadores testes.
Chumbador Bainha 1a Fase 2a Fase 3a Fase
Total volume
Pressão Volume Pressão Volume Presão Volume Injetado (litros)
Id Met. Tipo Data Hora Data Hora Data Hora Data Hora
(MPa) (litros) (MPa) (litros) (MPa) (litros)

1 D Longo 6/5/08 15:15 7/5/08 08:30 - 33,5 8/5/08 08:45 1,0 51,0 9/5/08 07:36 0,7
84,5
2 A Curto 7/5/08 15:45
0,0
3 E Curto 6/5/08 15:10 7/5/08 08:20 - 24,0 8/5/08 08:40 0,5 15,0
39,0
4 E Longo 6/5/08 15:10 7/5/08 08:20 1,0 24,0 8/5/08 08:40 0,5 51,0
75,0
5 A Curto 7/5/08 15:30
0,0
6 A Longo 7/5/08 15:20
0,0
7 C Curto 6/5/08 11:50 7/5/08 08:10 - 51,0 8/5/08 08:30 2,0
51,0
8 C Longo 6/5/08 11:50 7/5/08 08:10 - 51,0 8/5/08 08:30 0,5 51,0
102,0
9 B Curto 7/5/08 15:00 8/5/08 08:20 1,0 10,0
10,0
10 B Longo 7/5/08 15:00 8/5/08 08:20 1,0 24,0
24,0
11 F Curto 7/5/08 14:20 8/5/08 08:10 0,6 51,0 9/5/08 07:32 0,4 7,0 10/5/08 07:44 1,6
58,0
12 F Longo 7/5/08 14:20 8/5/08 08:10 0,6 51,0 9/5/08 07:28 0,6 51,0 10/5/08 07:40 1,5
102,0
13 D Curto 6/5/08 11:30 7/5/08 08:00 - 15,0 8/5/08 08:00 - 51,0 9/5/08 07:28 1,5
66,0
14 D Longo 6/5/08 11:30 7/5/08 08:00 - 24,0 8/5/08 08:00 0,5 51,0 9/5/08 07:23 1,6
75,0
Nota: Id: identificação do chumbador; Met: metodologia executiva utilizada na construção do chumbador.

A Figura 4 apresenta uma vista geral dos


chumbadores após a sua execução.

consistiu na aplicação de uma pequena carga para


garantir um melhor ajuste do sistema de
arrancamento. As cargas eram aplicadas ao
chumbador por meio de macaco hidráulico, em
estágios de 5,0 kN, de forma que os
deslocamentos, devidamente controlados, fossem
analisados concomitantemente, já que o sistema
de leitura fazia a aquisição automática da célula
de carga, dos transdutores de deslocamento e dos
extensômetros elétricos. Entre cada estágio de
carregamento, aguardava-se o período de tempo
necessário para a estabilização dos deslocamentos
e das leituras dos extensômetros elétricos. O
ensaio de arrancamento foi realizado até atingir a
Figura 4: Vista dos chumbadores testes
condição de ruptura, definida por uma ruptura
executados.
frágil (pico) ou uma ruptura plástica
(deslocamentos crescentes sem incremento de
2.4 Ensaios de Arrancamento
carga). A Figura 5 apresenta o esquema de
montagem e o detalhe dos equipamentos e
Todos os chumbadores foram ensaiados de
acessórios utilizados no ensaio de arrancamento.
maneira similar. Buscou-se, determinar a
resistência ao cisalhamento de interface solo-
reforço e verificar a evolução dos carregamentos
ao longo do seu comprimento a partir da
instrumentação. A primeira parte dos ensaios

5
verificação do comportamento do parâmetro qs em
função da metodologia executiva, do volume de
injeção de calda de cimento e do comprimento do
chumbador. Adicionalmente, também são
apresentados os resultados obtidos a partir da
instrumentação realizada com extensômetros
elétricos ao longo da barra de aço.

3.1 Influência da Metodologia Executiva

Para poder avaliar e quantificar a influência das


diferentes metodologias executivas, são
apresentados gráficos contendo o valor de qs para
cada uma das metodologias executivas. Para facilitar
a análise comparativa, os valores percentuais
Figura 5: Esquema de montagem e detalhe dos
apresentados foram referenciados (100%) em
equipamentos e acessórios utilizados na realização
relação aos valores de qs da metodologia A. A
dos ensaios de arrancamento.
Figura 6 mostra estas análises para os chumbadores
curtos. Vale a pena lembrar que, para os
3 RESULTADOS E ANÁLISES
chumbadores executados com a metodologia A, o
parâmetro qs foi calculado a partir da média dos
A Tabela 5 apresenta o resumo dos resultados dos
valores obtidos para os chumbadores 02 e 05.
ensaios de arrancamento realizados nos
chumbadores curtos e longos construídos com as
250
diferentes metodologias executivas. São
apresentados os principais parâmetros obtidos a
200 390,2%
partir dos ensaios, que são: carga máxima de ruptura
(Tmáx), deslocamento referente à carga máxima,
150
resistência ao cisalhamento de interface solo-reforço 266,8%
qs (kPa)

250,3%
(qs) e modo de ruptura (quando esta ocorre), 231,6%

100
nomeando F para ruptura frágil e P para ruptura
plástica. Os chumbadores que não atingiram a 100% 105,6%
50
ruptura foram identificados por NR.
0
Tabela 5 – Resumo dos resultados dos ensaios de 02 e 05 9 7 13 3 11

arrancamento. A B C D E F
Chumbador
Chumbador
Tmáx Deslocamento qs Modo de Figura 6: Análise comparativa entre os valores
L (kN) (mm) (kPa) Ruptura de qs obtidos para os chumbadores curtos
N° Met Tipo
(m)
executados com as diferentes metodologias
1 D 6,0 Longo - - - - executivas.
2 A 3,0 Curto 40,7 11,9 56,7 F
3 E 3,0 Curto 91,5 10,4 127,4 F
4 E 6,0 Longo - - - -
Da Figura 6, é possível observar que o valor de
5 A 3,0 Curto 27,9 8,3 38,8 F qs obtido para a metodologia B foi 5,6% superior ao
6 A 6,0 Longo 125,0 13,9 87,1 F valor obtido para a metodologia A, ou seja, houve
7 C 3,0 Curto 85,8 13,7 119,5 F um pequeno incremento na resistência ao
8 C 6,0 Longo 73,6 7,2 51,2 NR
9 B 3,0 Curto 36,2 7,0 50,4 F
cisalhamento de interface. Este fato sugere que o
10 B 6,0 Longo 197,3 19,3 137,3 F chumbador executado com a metodologia B
11 F 3,0 Curto 79,4 7,1 110,6 F apresenta imperfeições ao longo do trecho injetado,
12 F 6,0 Longo 176,2 12,6 122,6 NR similares aos da metodologia A. Os incrementos de
13 D 3,0 Curto 133,8 14,1 186,3 P
qs para as metodologias C, E e F foram próximos e
14 D 6,0 Longo 179,4 10,8 124,9 NR
da ordem de 150,3, 166,8 e 131,6%,
Nota: Met: metodologia executiva empregada na
construção do chumbador; L: comprimento do trecho respectivamente. O chumbador executado com a
injetado do chumbador. metodologia D foi o que obteve o melhor
desempenho em termos de qs. O ganho neste
Frente ao grande número de resultados parâmetro foi da ordem de 290,2%, em relação ao
apresentados, foram realizadas análises para a chumbador executado somente com a bainha
(metodologia A).
6
Previa-se, inicialmente, que os chumbadores Na tentativa de verificar uma tendência de
executados com as metodologias C e E (bainha + 2 comportamento, os valores de qs e dos volumes de
fases) apresentassem resultados de mesma ordem de injeção dos chumbadores curtos são apresentados
grandeza. Da mesma forma, esperavam-se em um mesmo gráfico (Figura 8). Para facilitar a
comportamentos similares para as metodologias D e visualização, os volumes injetados são apresentados
F (bainha + 3 fases). Entretanto, este fato foi no mesmo gráfico.
verificado somente para a primeira situação.
250 80
Também era esperado que, teoricamente, os 66,0

Volume de Injeção (L)


resultados de qs para as metodologias D e F seriam 51,0 58,0
60
200
superiores às metodologias C e E. Esta previsão foi 39,0
40

apenas confirmada para a metodologia D. 150


20

A Figura 7 apresenta a análise comparativa

qs (kPa)
0,0 10,0
0
realizada para os chumbadores longos. 100
-20

250
-40
50
-60
200
0 -80
02 e 05 9 7 13 3 11
150 157,8% A B C D E F
qs (kPa)

143,5% 140,9% Chumbador


qs Volume de injeção (L)
100 100%
Figura 8: Variações de qs e dos volumes de
50
58,8%
injeção dos chumbadores curtos para as diferentes
metodologias executivas.
0
6 10 8 14 12 Os resultados apresentados na Figura 8 mostram,
A B C D F
Chumbador
claramente, que os ganhos no parâmetro qs estão
diretamente relacionados com a metodologia
Figura 7: Análise comparativa entre os valores executiva e, consequentemente, com os volumes de
de qs obtidos para os chumbadores longos injeção de calda de calda de cimento determinados
executados com as diferentes metodologias para cada metodologia executiva. Ao analisar o
executivas. chumbador curto executado com a metodologia B,
verifica-se que a proximidade do parâmetro qs em
A partir dos valores de qs apresentados na Figura relação à metodologia A pode ser explicada pelo
7 e lembrando que somente os chumbadores 06 menor volume injetado (10,0 litros). Para o
(metodologia A) e 10 (metodologia B) atingiram a chumbador longo executado com esta mesma
condição de ruptura, é possível tecer os seguintes metodologia, houve um ganho em termos de qs de
comentários: 57,8 % (Figura 5.10) e o volume injetado foi de 24,0
- Conforme esperado, o valor de qs obtido para a litros. A similaridade dos parâmetros qs para os
metodologia B foi 57,8% superior ao valor de qs de chumbadores curtos executados com as
referência (metodologia A). metodologias C, E e F são justificadas pelos
- Como a condição de ruptura não foi atingida volumes injetados de 51,0, 39,0 e 58,0 litros,
para os chumbadores executados com as respectivamente. O melhor desempenho da
metodologias C, D e F, não foi possível, para estas metodologia D deve-se ao maior volume injetado
metodologias, realizar a análise comparativa. (66,0 litros).
Entretanto, como esperado, verificou-se que, mesmo Embora não tenha sido possível a realização da
sem finalizar os ensaios, os chumbadores exumação dos chumbadores, os ensaios de
executados com as metodologias D e F arrancamento comprovam que a melhoria no
apresentaram resultados de qs superiores à desempenho deve-se à melhoria da integridade do
metodologia A, tomada como referência. chumbador e as eventuais ramificações das injeções
A partir dos resultados obtidos, verifica-se que o no maciço de solo.
valor de qs está intimamente relacionado com a A partir das análises apresentadas, verificou-se,
metodologia executiva e, consequentemente, com o quantitativamente, a interdependência entre o
volume de calda de cimento que foi injetado para as parâmetro qs e o volume de injeção. Para facilitar
diferentes metodologias executivas. futuras análises comparativas, foi atribuído um fator
adimensional “V”, que representa a relação entre o
3.2 Influência do Volume de Injeção volume injetado e o volume da cavidade escavada.

7
A Figura 9 apresenta uma correlação entre os dois 150
272%
parâmetros (qs x Fator V).
120

250

y = 23,994x + 41,174 90 182%

qs (kPa)
R2 = 0,819
Curto
200
Longo
D
60
100% 100%
150
qs (kPa)

E
C 30
F
100

0
A Metodologia A Metodologia B
50 B Tipo de Chumbador

Figura 10: Variação de qs para os diferentes tipos


0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0
de chumbadores (curtos e longos), considerando as
Fator V metodologias A e B.
Figura 9: Valores de qs x Fator V para os
chumbadores curtos executados com as diferentes Da análise comparativa dos valores de qs
metodologias executivas. apresentados na Figura 10, é possível observar que
os valores obtidos para os chumbadores longos
O ajuste linear apresentado na Figura 9 mostra foram 82% e 172% superiores aos valores obtidos
um valor de R² aceitável, considerando-se o para os chumbadores curtos, comparando-se as
pequeno espaço amostral e as variabilidades metodologias A e B, respectivamente.
inerentes às metodologias executivas adotadas para A disparidade dos resultados obtidos para os
a construção dos chumbadores. O coeficiente linear chumbadores curtos e longos se deve as possíveis
da equação do ajuste equivale a um volume de imperfeições do preenchimento da calda de cimento
injeção igual a zero, ou seja, representa a ao longo do trecho injetado. Para a metodologia A,
metodologia A (bainha). Considerando esta o maior comprimento dos chumbadores longos pode
situação, o valor de qs, representado por 41,2 kPa, é ter minimizado estas imperfeições, já que o maior
inferior ao mínimo sugerido pela GeoRio (1999), de comprimento do trecho inclinado e injetado pode ter
60 kPa. provocado um melhor preenchimento da cavidade
Os resultados obtidos mostram que a escavada. A discrepância dos resultados envolvendo
quantificação do volume de injeção é uma excelente os chumbadores curtos e longos executados com a
opção no controle de qualidade de execução do metodologia B também pode ser justificada pelo
chumbador. Recomenda-se que, para obras que volume injetado. Enquanto para o chumbador curto
apresentem o mesmo solo analisado, adote-se a o baixo volume injetado fez com que o seu
função qs = 23,99 x “Fator V” + 41,2 (kPa). desempenho se assemelhasse ao da metodologia A,
para o chumbador longo, o volume injetado foi
3.3 Influência do Comprimento do Chumbador representativo (24,0 litros), melhorando bastante o
seu desempenho.
A fim de quantificar a influência do comprimento
dos chumbadores, foram apresentados gráficos que 3.4 Resultados da Instrumentação
relacionam o valor de qs em chumbadores curtos e
longos, para as metodologias A e B (Figura 10). A utilização de extensômetros elétricos ao longo do
Tomou-se como referência apenas estas comprimento das barras de aço permitiu verificar a
metodologias, visto que, somente para elas, a distribuição dos carregamentos durante a realização
condição de ruptura foi atendida, tanto para os do ensaio. Os dados advindos da instrumentação
chumbadores curtos como para os longos. Para a proporcionaram uma maior previsão e
análise comparativa, os valores percentuais confiabilidade dos resultados. A partir da
apresentados foram referenciados (100%) em similaridade dos comportamentos observados, são
relação aos valores de qs dos chumbadores curtos. apresentadas as curvas típicas obtidas para
chumbadores curtos e longos. A Figura 11 mostra
curvas com quatro níveis de carregamento em
relação à carga de ruptura (25, 50, 75 e 100%).

8
100,0
qs inicial
90,0

80,0

70,0 100% Ensaios de Arrancamento


Carga (kN)

60,0 75%
50%
50,0 25%
40,0
0 injeção 1 injeção 2 injeções 3 injeções
30,0
(V0) (V1) (V2) (V3)
20,0

10,0

0,0 Gráfico qs x volume


0 1 2 3 4
Comprimento do Reforço (m)

(a) qs e volume
180,0 de projeto (Vp)

160,0
Controle de qualidade
140,0
( volume de injeção)
120,0 100%
Carga (kN)

75%
100,0 Padronização dos
50%
chumbadores
80,0 25%
60,0
Figura 12: Proposta para otimização de projeto e
40,0 controle de desempenho na técnica de solo pregado.
20,0

0,0 A partir dos resultados obtidos recomenda-se,


0 1 2 3 4 5 6 7
Comprimento do Reforço (m) que para um mesmo tipo de solo, seja realizado pelo
menos quatro ensaios de arrancamento em
(b)
chumbadores executados com diferentes números de
injeções (0, 1, 2 e 3). Estes ensaios de arrancamento
Figura 11. Distribuição de carga ao longo do
são fundamentais para a verificação do qs inicial
comprimento para chumbadores curto (a) e longo
estimado em projeto. Os valores de qs obtidos a
(b), em percentagem em relação à carga de ruptura.
partir dos ensaios de arrancamento devem ser
plotados em função dos fatores adimensionais de
A partir da Figura 11, observa-se que os
volume (V0, V1, V2 e V3), determinados para os
chumbadores apresentaram comportamentos
diferentes números de injeções. Ao analisar estes
semelhantes no tocante à mobilização das cargas,
valores, o projetista poderá determinar um qs de
durante a realização do ensaio de arrancamento.
projeto e seu correspondente volume injetado de
Como arrancamento ocorre no contato solo-reforço,
calda de cimento.
a mobilização da resistência é gradual, ou seja, da
Para garantir as premissas assumidas no projeto e
cabeça em direção à parte interna do chumbador.
padronizar o desempenho dos chumbadores
Nota-se a tendência de uma distribuição triangular
executados, os volumes de injeção devem ser
das cargas ao longo da barra. Para o chumbador
objetos de um rigoroso controle na obra. Para
curto, todo o seu comprimento foi mobilizado
melhorar a qualidade e poder confirmar a
durante a realização do ensaio. Para o chumbador
integridade dos chumbadores, o controle dos
longo, as cargas de arrancamento no final do trecho
volumes injetados deve ser realizado
injetado foram praticamente inexistentes.
concomitantemente com o controle das pressões de
injeção.
4 PROPOSTA DE METODOLOGIA PARA
Estes ensaios de arrancamento devem ser
CONTROLE DE QUALIDADE
realizados em chumbadores curtos, ou seja, com três
metros de trecho injetado e um metro de trecho
A partir das análises realizadas é proposta uma
livre. A realização de ensaios neste tipo de
metodologia para otimização de projeto e controle
chumbador mostrou-se ser prática e eficiente.
de desempenho na técnica de solo pregado. A
Figura 12 apresenta a metodologia proposta. Vale a
5 CONCLUSÕES
pena ressaltar que a metodologia proposta é válida
para um mesmo tipo de solo.
Com base nas informações obtidas neste trabalho, as
seguintes conclusões são delineadas:

9
• A avaliação da influência da metodologia Cartier, G. e Gigan, J.P. (1983) Experiments and
executiva foi mais conclusiva para os Observations on Soil Nailing Structures. In: 8th
chumbadores curtos, já que somente para European Conference on Soil Mechanics and
eles foi possível realizar os ensaios de Foundation Engineering, Proceedings, Finland,
arrancamento para todas as metodologias p. 473-476.
executivas. Clouterre. (1991) Recommandations Clouterre
• Os resultados dos ensaios de arrancamento Project National Clouterre, Presses de 1’ENPC,
mostraram um aumento significativo do Paris, 269p.
parâmetro qs, quando foram comparadas as GeoRio (1999). Manual Técnico de Encostas:
diferentes metodologias executivas, em que Ancoragem e Grampos. Fundação GeoRio, 184p.
houve alguma fase de injeção de calda de Heymann, G., Rohde, A.W., Schwartz, K. e
cimento, com a metodologia A, tomada Friedlaender, E. (1992) Soil Nail Pull Out
como referência. Estes resultados Resistance in Residual Soils. In: International
mostraram-se bem coerentes e com Symposium on Earth Reinforcement Practice,
aumentos gradativos para os chumbadores Proceedings, Fukuoka/kyushu/Japan, vol.1,
executados com o maior número de p.487-492.
injeções. O chumbador executado com a Jewell, R.A. (1990) Review of Theoretical Models
metodologia D apresentou o desempenho for Soil Nailing. In: Internacional Reinforced
mais satisfatório. Soil Conference, Glasgow, pp.265-275.
• Embora a localização das válvulas de Lazarte, C. A., Elias, V., Espinoza, R. D. e Sabatini,
injeção não tenha influenciado P. J. (2003) Soil nail walls. In: Report FHWA0-
sobremaneira os resultados, a distribuição IF-03-017, Geotechnical Engineering Circular n.
dessas válvulas igualmente espaçadas (0,50 7, U.S. Department of Transportation, Federal
m) é o mais recomendado. Highway Administration, Washington, DC,
• Os resultados mostraram que o incremento USA, March.
no parâmetro qs está relacionado com o Ortigão, J. A. R. e Palmeira, (1997) Optimised
volume de calda de cimento que foi design for soil nailed walls. In: Proceedings of
injetado. the 3rd International Conference on Ground
• Verificou-se a interdependência entre o Improvement Geosystems (GIGS), pp. 368-374,
valor de qs e o volume de injeção. London, UK, June. Edited by M.C.R. Davies, F.
• Os resultados obtidos mostraram que a Schlosser, Ground Improvement Geosystems,
determinação do volume de injeção é uma Thomas Telford, London, UK.
excelente opção no controle de qualidade de Proto Silva, T. (2005). Resistência ao Arrancamento
execução do chumbador. Ao realizar este de Grampos em Solo Residual de Gnaisse. Rio
controle, é possível, para um mesmo tipo de de Janeiro, 128p. Dissertação de Mestrado, PUC-
solo, estimar o valor de qs, a partir do Rio de Janeiro.
volume injetado para cada chumbador, e a
sua variação no maciço.
• A disparidade dos resultados obtidos para os
chumbadores curtos e longos se deve as
possíveis imperfeições do preenchimento da
calda de cimento ao longo do trecho
injetado. O maior comprimento dos
chumbadores longos pode ter minimizado
estas imperfeições, já que o maior
comprimento do trecho inclinado e injetado
pode ter provocado um melhor
preenchimento da cavidade escada.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

Bustamante, M. e Doix, B. (1985) Une Méthode


Pour le Calcul des Tirants et dês Micropieux
Injectées. Bulletin de Liaison des Laboratoire des
Ponts et Chaussées, Paris, n. 140 (Nov/Dec), pp.
75-92.

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