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Educar para uma prática de vida, lutando em prol da libertação do sujeito, não
somente é a grande mensagem da obra, escrita no exílio, como também a linha
filosófico-sociológica do pensamento freiriano. Ao resgatar as práticas metodológicas
executadas pelo novo método de educação de adultos, Freire percorre a história
política do Brasil e o processo de (in)transitividade de uma sociedade historicamente
fechada e avidamente carente de experiências democráticas. O confronto entre
massificação e conscientização acentua a robustez do ato educativo comprometido
muito mais com as dimensões subjetivo-políticas de palavras geradoras de sentidos do
que com o verbalismo destoante de palavras ocas, opacas, sem vida.
Este processo, entre ler e libertar-se, encontra no diálogo o substrato que dá formas
aos encontros de troca de saberes. Nesse sentido, a escola comum e tradicional
transforma-se em Círculos de Cultura, o professor em coordenador de debates, o
currículo em programação compacta e o aluno em participante de grupo que, por sua
vez, inspira e impulsiona toda a sistemática dos encontros e dá vida ao diálogo que
sustenta e atravessa o paradigma freiriano da linguagem.
O intento da ação educativa, para Freire, deve ter como meta o êxito no trabalho de
"partejamento" da consciência ingênua para a consciência transitivo-crítica, no
comportamento do sujeito. Aflorando de dentro para fora, isto torna-se possível
através do debate, da reflexão-ação dos problemas e da participação crítica para
resolvê-los.
Esse princípio de mudança alcança forças quando os espaços dos poderes são
corroídos pelos ideais democráticos que suscitam entre o aprender para a vida e o
viver em verdadeira liberdade. Nesse sentido, a mobilização da alfabetização e o
movimento de conscientização formam a conjectura educacional de uma pedagogia da
democracia.
Nas palavras de Freire (2000, p. 104) "a educação é um ato de amor, por isso, um ato
de coragem. Não pode temer o debate. A análise da realidade. Não pode fugir à
discussão criadora, sob pena de ser uma farsa".
Neste ato que coaduna sentimentos subjetivos com ações políticas concretas, a
educação dialógica mantém a horizontalidade comunicativa para fazer nascer uma
matriz geradora de criticidade. Nutrindo-se do amor, da humildade, da esperança, da
fé, da confiança, a educação congrega as proporções do agir comunicativo dentro das
esferas de um método ativo.
Nessas circunstâncias, tomando o método freiriano o amor como matriz do agir
comunicativo para o ato educacional, a palavra revigora-se pela valorização da
linguagem camponesa "marginal", tornando a geração de sentidos recheada de
atributos de experiência, vida. Então, no centro do círculo, a pilastra do diálogo
comanda o entendimento dos atos de aprendizagem a partir de uma educação
criticamente definida pelo real e pela verdade.