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A MATRIZ AMOR NOS FONEMAS DA ALEGRIA DE PAULO FREIRE

José Washington de Morais Medeiros


Membro do grupo de pesquisa Estudos culturais e
tecnologias de informação e comunicação - PPGE/UFPB,
mestrando em Ciência da Informação - UFPB.

A sistematização das idéias de Paulo Freire em "Educação como prática da liberdade" é


executada a partir dos pressupostos ideológicos e práticos que formam o pensamento
filosófico do autor. O texto absorve e exterioriza sentimentos universais como a
fraternidade e o amor. A partir destes, molda as diretrizes de mudanças na experiência
de homens e mulheres que puderam sentir as ressonâncias dos sentidos de liberdade
ao mesmo tempo em que conquistavam o ato de leitura na escolaridade tardia.

Educar para uma prática de vida, lutando em prol da libertação do sujeito, não
somente é a grande mensagem da obra, escrita no exílio, como também a linha
filosófico-sociológica do pensamento freiriano. Ao resgatar as práticas metodológicas
executadas pelo novo método de educação de adultos, Freire percorre a história
política do Brasil e o processo de (in)transitividade de uma sociedade historicamente
fechada e avidamente carente de experiências democráticas. O confronto entre
massificação e conscientização acentua a robustez do ato educativo comprometido
muito mais com as dimensões subjetivo-políticas de palavras geradoras de sentidos do
que com o verbalismo destoante de palavras ocas, opacas, sem vida.

O âmago teórico da visão freiriana, registrado a partir da experiência de Angicos, não


foi minimamente construído a partir do "ensinar a ler". Muito além, foi ampliado pela
evolução do movimento de educação popular brasileiro. A politização do sujeito para a
ação histórica corresponde à base de unificação de uma alfabetização que pretende
conduzir à reflexão para a ação e vice-versa.

Conscientizar para a reflexão-ação substancia o conceito de liberdade como um


caminho, sem volta, para a aquisição dos sentidos históricos que vive o homem,
tornando-se sujeito ativamente militante e capaz de decidir. Isto implica numa
reestruturação do ato educativo como ação de reflexão política onde o educando
aprende a ler a palavra a partir da leitura de seu próprio mundo de cultura, labuta,
dor, fome, injustiça.

Este processo, entre ler e libertar-se, encontra no diálogo o substrato que dá formas
aos encontros de troca de saberes. Nesse sentido, a escola comum e tradicional
transforma-se em Círculos de Cultura, o professor em coordenador de debates, o
currículo em programação compacta e o aluno em participante de grupo que, por sua
vez, inspira e impulsiona toda a sistemática dos encontros e dá vida ao diálogo que
sustenta e atravessa o paradigma freiriano da linguagem.

Para os círculos de cultura, conhecer a opressão não é conformar-se com o destino


nem muito menos aceitar as imposições elitistas como castigo messiânico. Numa
realidade de extrema opressão, alfabetizar, processo que durava cerca de trinta dias,
consiste em despertar para a crítica como plataforma de reforço libertador que
preenche o modo de ser dos homem e mulheres através dos debates sobre cultura,
abrindo o processo de conscientização. Assim sendo, "trabalho", "cultura" e
"conscientização" integram a mesma posição de luta, dando forças à pedagogia da
emancipação libertadora.

A preocupação de Paulo Freire em uma educação para a decisão, responsabilidade


social e política aprofunda uma discussão para que a sociedade brasileira consiga
pensar numa verdadeira revolução social impulsionada pelas camadas populares. A
apropriação do espírito crítico em consonância com o aprendizado da leitura se dá a
partir da ruptura de uma postura de alienação (consciência intransitiva/ sociedade
fechada) para uma reivindicação político-social consciente que tem no princípio
racional a chave para a conquista da verdadeira liberdade (consciência transitiva/
sociedade aberta à mudanças).

A pedagogia da liberdade mostra as possibilidades de transgressão entre o intransitivo


e o transitivo como ação de (re)construção das estruturas sociais combatendo as
várias formas de dominação elitista e violência social, tão comuns na sociedade
brasileira. A possibilidade de conquistar a leitura da palavra ao passo que se politize
para a ação consciente de mudanças sociais encontra no princípio dialógico a
potencialização de proporções de entendimento em que a comunicação horizontal
converge imposição hierárquica em discussão nivelada.

Freire enfatiza que a idéia de integração associa-se à tomada de forças de


entendimento para combater a massificação (incompromisso com a existência,
acomodação), sendo esta o grande engodo que reforça o antidiálogo e mina as
experiência democráticas. Assim, o percurso da consciência intransitiva (massificação)
para a transitividade (integração) é marcado por estágios de conscientização que vão
da transitividade ingênua (consciência de argumentação frágil, fanática, mítica,
mágica) para a transitividade crítica (consciência dialogal, ativa, argumentação forte e
coerente para interpretação dos fatos e problemas em direção à matriz do
desenvolvimento).

O intento da ação educativa, para Freire, deve ter como meta o êxito no trabalho de
"partejamento" da consciência ingênua para a consciência transitivo-crítica, no
comportamento do sujeito. Aflorando de dentro para fora, isto torna-se possível
através do debate, da reflexão-ação dos problemas e da participação crítica para
resolvê-los.

Esse princípio de mudança alcança forças quando os espaços dos poderes são
corroídos pelos ideais democráticos que suscitam entre o aprender para a vida e o
viver em verdadeira liberdade. Nesse sentido, a mobilização da alfabetização e o
movimento de conscientização formam a conjectura educacional de uma pedagogia da
democracia.

Nas palavras de Freire (2000, p. 104) "a educação é um ato de amor, por isso, um ato
de coragem. Não pode temer o debate. A análise da realidade. Não pode fugir à
discussão criadora, sob pena de ser uma farsa".

Neste ato que coaduna sentimentos subjetivos com ações políticas concretas, a
educação dialógica mantém a horizontalidade comunicativa para fazer nascer uma
matriz geradora de criticidade. Nutrindo-se do amor, da humildade, da esperança, da
fé, da confiança, a educação congrega as proporções do agir comunicativo dentro das
esferas de um método ativo.
Nessas circunstâncias, tomando o método freiriano o amor como matriz do agir
comunicativo para o ato educacional, a palavra revigora-se pela valorização da
linguagem camponesa "marginal", tornando a geração de sentidos recheada de
atributos de experiência, vida. Então, no centro do círculo, a pilastra do diálogo
comanda o entendimento dos atos de aprendizagem a partir de uma educação
criticamente definida pelo real e pela verdade.

No decanto semântico das rodas de construção do conhecimento na alfabetização de


adultos, as palavras geradoras de entendimento de Freire têm na vanguarda a matriz
AMOR como maximizadora do sentido da vida, sendo que dentro dos fonemas da
alegria nasce o homem que não só vive, mas existe e aprende a reconfigurar o mundo
em que sempre leu.

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