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1
IGREJA LUTERANA
SEMINÁRIO
CONCÓRDIA
Diretor
Leonerio Faller
Professores
Acir Raymann, Anselmo Ernesto Graff, Clóvis Jair Prunzel, Leonerio Faller, Gerson
Luis Linden, Leopoldo Heimann, Paulo Proske Weirich, Paulo Wille Buss, Raul Blum,
Vilson Scholz
Professores Eméritos
Donaldo Schüler, Paulo F. Flor
Norberto Heine
IGREJA LUTERANA
ISSN 0103-779X
Revista semestral de Teologia publicada em junho e novembro pela Faculdade de
Teologia do Seminário Concórdia, da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB),
São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil.
Conselho Editorial
Paulo P. Weirich (Editor), Gerson L. Linden e Acir Raymann
Assistência Administrativa
Ivete Terezinha Schwantes e Alisson Jonathan Henn
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CORRESPONDÊNCIA
Revista Igreja Luterana
Seminário Concórdia
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e-mail: revista@seminarioconcordia.com.br
www.seminarioconcordia.com.br
2
SUMÁRIO
ARTIGO
EDUCAÇÃO CRISTÃ NO CONTEXTO DA IGREJA EVANGÉLICA
LUTERANA 5
Dr. Christoph Barnbrock
AUXÍLIOS HOMILÉTICOS 22
IGREJA LUTERANA
Volume 72 – Novembro 2013 - Número 2
3
ARTIGO
5
IGREJA LUTERANA
3
No contexto alemão, para designar esse campo de atuação diversificado, foi desenvolvido
o conceito da “pedagogia congregacional”. Uma visão geral disso aparece em Peter Bub-
mann et alii [eds.], Gemeindepädagogik, Berlin/Boston, 2012. Naquilo que apresentarei
a seguir, a instrução religiosa nas escolas, que, na Alemanha, assume contornos próprios,
não será levada em conta, ou, quando muito, aparecerá apenas tangencialmente.
4
Thomas de Maizière, in: Burkhard Weitz (ed.), Der erste große Auftritt. Erinnerungen
an die Konfirmation, Frankfurt am Main, 2013, p. 23.
6
EDUCAÇÃO CRISTÃ NO CONTEXTO DA IGREJA EVANGÉLICA LUTERANA
5
Dados estatísticos segundo o Religionsmonitor Deutschland 2013 (http://www.religions-
monitor.de/pdf/Religionsmonitor_Deutschland.pdf - situação em 19 de dezembro de 2013),
p. 32.
6
http://www.pro-medienmagazin.de/gesellschaft/detailansicht/aktuell/emkonfessionslos-
gluecklichem/ - Situação em 23 de dezembro de 2013.
7
Religionsmonitor Deutschland 2013, p. 15.
8
Idem, p. 16.
9
Idem.
7
IGREJA LUTERANA
10
Como exemplo, cito a possibilidade de combinar módulos clássicos de instrução com el-
ementos de lazer ou retiro. (Veja a respeito disto a exposição de Marcell Saß, Frei-Zeiten
mit Konfirmandinnen und Konfirmanden [APrTh 27], Leipzig, 2005, que abordei numa
resenha publicada em Lutherische Theologie und Kirche 29 [2005], p. 206-208).
11
Helmut Hanisch, Unterrichtsplanung im Fach Religion, Göttingen, 2007, p. 49-85, es-
pecialmente p. 54-56. Esta obra forma, também, o pano de fundo das considerações que
se seguem.
8
EDUCAÇÃO CRISTÃ NO CONTEXTO DA IGREJA EVANGÉLICA LUTERANA
12
Christian Grethlein, Religionspädagogik, Berlim e Nova Iorque, 1998, p. 473-477.
13
Veja o Prefácio ao Catecismo Menor de Lutero, onde o Reformador diz: “A lamentável e
mísera necessidade experimentada recentemente, quando também eu fui visitador, é que
me obrigou e impulsionou a preparar este catecismo ou doutrina cristã nesta forma breve,
simples e singela. Meu Deus, quanto miséria não vi! O homem comum simplesmente não
sabe nada da doutrina cristã, especialmente nas aldeias...” (Livro de Concórdia, p. 363).
14
Veja Manfred Josuttis, Religion als Handwerk, Gütersloh, 2002.
9
IGREJA LUTERANA
A mensagem não existe sem as formas por meio das quais ela se
torna inteligível. Antes de mais nada, e por razões teológicas, a
aprendizagem litúrgica é aprendizagem de ordem estética. Isto
significa que os alunos precisam levar em conta palavras, movi-
mentos e atividades que ocorrem no ambiente do culto.15
15
Bärbel Husmann e Thomas Klie, Gestalteter Glaube. Liturgisches Lernen in Schule und
Gemeinde, Göttingen, 2005, p. 14 (ênfase dos autores).
10
EDUCAÇÃO CRISTÃ NO CONTEXTO DA IGREJA EVANGÉLICA LUTERANA
16
Sibylle Rolf, Zum Herzen sprechen. Eine Studie zum imputativen Aspekt in Martin Luthers
Rechtfertigungslehre und zu seinen Konsequenzen für die Predigt des Evangeliums (ASTh
1), Leipzig, 2008, p. 371 (ênfase da autora).
11
IGREJA LUTERANA
Artigo do Credo: “Creio que por minha própria razão ou força não posso
crer em Jesus Cristo, meu Senhor, nem vir a ele”.17 Estas palavras não
apenas dizem algo sobre a minha incapacidade pessoal de obter a fé,
mas também deixam claro que ela está fora do alcance de todos os seres
humanos. Nós mesmos não podemos produzir a fé; ela está além das
nossas próprias possibilidades. O Espírito Santo opera a fé, através do
evangelho, “onde e quando lhe apraz”.18
Ao mesmo tempo, nesse mesmo contexto, fala-se a respeito do meio
pelo qual o Espírito Santo opera a fé, a saber, o evangelho na forma da
palavra de Deus e dos sacramentos. Este evangelho pode ser visto como
um grande esforço de Deus junto a nós. Lutero inicia assim a explicação
do Pai-Nosso, no Catecismo Menor: “Deus quer atrair-nos carinhosamente
com estas palavras, para crermos...”.19 Isto permite dizer que esse “atrair e
estimular” é um tema fundamental na reflexão catequética de Lutero.20
Somente o evangelho opera a fé. Sem o evangelho não existe fé. Agora,
as pessoas que estão engajadas em processos formativos dentro da igreja
podem, através daquilo que fazem, envolver-se nessa ação divina de atrair
e estimular e, desta forma, dar a sua contribuição para que as pessoas não
sejam impedidas de ouvir o evangelho. À luz disto, é preciso ficar atento
para que, na ação formativa em contexto eclesiástico, o evangelho não
seja deixado de lado. Isto ocorre quando nessa ação formativa da igreja
as pessoas nunca chegam a entrar em contato com o evangelho. Tam-
bém seria impossível reconhecer a presença dessa ação divina de atrair e
estimular numa situação em que a instrução é estruturada de forma tão
mecânica e opressiva que a experiência de aprendizagem é prejudicada,
a formação não se processa e, por fim, a impressão geral que fica é que
tudo aquilo foi pouco atraente ou uma grande chatice.
Friedrich Schweitzer expressou de forma bem interessante essa cone-
xão entre a “não-docência” da fé (a impossibilidade de ensinar a fé) e a
necessidade de investir na formação dos cristãos: “Com isto (a saber, com
a explicação de Lutero ao Terceiro Artigo) foram demarcados os limites de
todo e qualquer processo educacional ou formativo com vistas à fé. Na visão
de Lutero, a fé não é um alvo educacional ou formativo, embora também
seja verdade que essa fé pressupõe um processo formativo (posterior)”.21
17
Lutero,Catecismo Menor, O Terceiro Artigo Da Santificação, Livro de Concórdia, p. 371.
18
CA V (Livro de Concórdia, p. 30).
19
Lutero, Catecismo Menor, O Pai-Nosso (Livro de Concórdia, p. 372).
20
A respeito disto e das consequências disso para o processo de aprendizagem em nossos
dias, veja uma discussão mais detalhada em Christoph Barnbrock, Der (ver-)lockende Kat-
echismus. Überlegungen zur Didaktik und Methodik kirchlichen Unterrichts, Lutherische
Theologie und Kirche 28 (2004), p. 177-194.
21
Friedrich Schweitzer, Religionspädagogik (Lehrbuch Praktische Theologie 1), Gütersloh,
2006, p. 31 (ênfase do autor).
12
EDUCAÇÃO CRISTÃ NO CONTEXTO DA IGREJA EVANGÉLICA LUTERANA
22
Para uma exposição mais fundamentada e detalhada, veja Christoph Barnbrock, Mimesis.
Praktisch-theologische Überlegungen, in: Christoph Barnbrock e Werner Klän (eds.), Gottes
Wort in der Zeit: verstehen – verkündigen – verbreiten (Festschrift para Volker Stolle),
Münster, 2005, p. 467-483.
23
CA XXI (Livro de Concórdia, p. 39).
24
Um estudo empírico sobre o trabalho com confirmandos nas igrejas estatais da Alemanha
permitiu constatar mais uma vez o seguinte: “Ao lado da satisfação com a experiência de
fazer parte de um grupo […], os fatores fundamentais que levam os jovens a valorizar o
período da instrução de confirmandos são o pastor e também, em grande medida, embora
isso nem sempre tenha sido devidamente levado em conta, a escolha dos temas a serem
estudados” (Wolfgang Ilg et alii, Konfirmandenarbeit in Deutschland [Konfirmanden-
arbeit erforschen und gestalten, Volume 3], Gütersloh, 2009, p. 72).
13
IGREJA LUTERANA
25
Veja o que aparece sob 4.6.
26
Mt 18.3 em diante.
27
Veja, por exemplo, 1Tm 5.17.
14
EDUCAÇÃO CRISTÃ NO CONTEXTO DA IGREJA EVANGÉLICA LUTERANA
28
Jan Hermelink, Praktische Theologie als Theorie der kirchlichen Organisation, in: Eberhard
Hauschildt/Ulrich Schwab (eds.), Praktische Theologie für das 21. Jahrhundert, Stut-
tgart, 2002, p. 101-119. O texto citado é da página 107.
29
Idem.
30
O significado da relevância para o labor teológico de hoje se tornou bem claro para mim a
partir da leitura de Volker Stolle, Luther und Paulus (ABT 10), Leipzig, 2002, especial-
mente p. 477 em diante.
31
Lutero, Catecismo Menor, O Sacramento do Santo Batismo (Livro de Concórdia, p.
375).
32
Veja, por exemplo, Hans-Martin Gutmann, Der Herr der Heerscharen, die Prinzessin
der Herzen und der König der Löwen, Gütersloh , 1998.
15
IGREJA LUTERANA
33
Veja Anna-Konstanze Schröder, Die persönliche Konversionserfahrung und das kirchliche An-
gebot, in: Martin Reppenhagen (ed.), Konversion zwischen empirischer Forschung und
theologischer Reflexion (Beiträge zu Evangelisation und Gemeindeentwicklung, vol. 18),
Neukirchen-Vluyn, 2012, p. 67-87, em especial p. 78: “Os dados indicam uma maior proba-
bilidade de que a instrução dos confirmandos seja encarada como algo importante por aqueles
cuja conversão se deu na forma de um processo ocorrido dentro da igreja e que tiveram um
processo de socialização ou integração (na igreja) que se estendeu ao longo da vida toda”.
16
EDUCAÇÃO CRISTÃ NO CONTEXTO DA IGREJA EVANGÉLICA LUTERANA
34
Veja Johannes Zimmermann et alii, Zehn Thesen zur Konversion, in: Johannes Zimmermann
e Anna-Konstanze Schröder (eds.), Wie finden Erwachsene zum Glauben. Einführung
und Ergebnisse der Greifswalder Studie, Neukirchen-Vluyn, 2010, 57-167, em especial p.
74: “Para mais de 30% dos entrevistados o processo de conversão durou de dois anos
e meio para menos; para a metade, a conversão durou de cinco anos e oito meses para
menos. Existe também a possibilidade de que seja necessário um período mais longo”.
35
Veja também as reflexões sobre aprendizagem ao longo da vida, no ponto 4.8.
36
http://deutscher-umzugsmarkt.de/umzugsstatistik.html (situação em 23 de dezembro de
2013).
17
IGREJA LUTERANA
entender que pessoas que num lugar ainda eram alunos passaram a ser
professores quando chegaram a outro lugar.37
37
Veja Atos 18.2; 18.26 e Rm 16.3.
38
At 15.7.
39
Schweitzer, Religionspädagogik , p. 16-17.
18
EDUCAÇÃO CRISTÃ NO CONTEXTO DA IGREJA EVANGÉLICA LUTERANA
40
1Co 9.22.
41
Idem.
19
IGREJA LUTERANA
42
Martinho Lutero, Catecismo Maior, Prefácio, 8 (Livro de Concórdia, p. 388).
43
At 10.47.
44
Gerhard Ebeling, Dogmatik des christlichen Glaubens, volume 3, Tübingen, quarta
edição, 2012, p. 123.
20
EDUCAÇÃO CRISTÃ NO CONTEXTO DA IGREJA EVANGÉLICA LUTERANA
45
Idem.
46
Segundo At 2.11.
21
IAUXÍLIOS HOMILÉTICOS
GREJA LUTERANA
LEITURAS
Advento não trata apenas das quatro semanas que antecedem o Na-
tal. A igreja e os cristãos vivem em constante advento. Isto implica estar
preparado para partir deste mundo e aguardar a parousia (vinda final de
Cristo).
As leituras bíblicas para este Primeiro Domingo no Advento falam sobre
a necessidade de se buscar a Cristo, não somente em relação ao Natal,
mas principalmente apontam para a escatologia (com relação à vinda final
de Cristo) e de como devemos viver neste período de espera do advento
final – a parousia de Cristo.
Salmo 122: Convite para irmos à casa do Senhor. As tribos se dirigem
a Jerusalém para louvarem ao Senhor.
Isaías 2.1-5: Palavra que em visão veio a Isaías. O monte Sião será
estabelecido; Deus julgará entre os povos. Por isso, o convite: Vinde, ó
casa de Jacó – para andar na luz do Senhor.
Romanos 13.11-14: O apóstolo Paulo chama a atenção para se
despertar do sono devido à salvação estar perto. A justificação em Cristo
move a se viver a vida em santificação: no revestir-se das obras da luz,
no andar dignamente – não em desordem, bebedices e ciúmes. Fomos
revestidos no Senhor Jesus Cristo para uma nova vida.
Mateus 24.36-44: Enquanto no mundo, devemos estar atentos à
vinda de Cristo. Nos dias de Noé não levaram a sério a palavra de Deus.
Até que veio o dilúvio e destruiu os que não deram créditos às orientações
divinas.
22
PRIMEIRO DOMINGO NO ADVENTO
23
IGREJA LUTERANA
PROPOSTA HOMILÉTICA
Celso Wottrich
Foz do Iguaçu/PR
celso.wottrich@gmail.com
24
SEGUNDO DOMINGO NO ADVENTO
Salmo 72.1-7; Isaías 11.1-10; Romanos 15.4-13; Mateus 3.1-12
SUA MENSAGEM
26
SEGUNDO DOMINGO NO ADVENTO
27
IGREJA LUTERANA
Introdução:
Contextualizar o profeta e sua época.
Para Aquele do qual nos fala o profeta Isaías 11.1-10 (trabalhar o que
Jesus oferece e o que tem reservado para aqueles que, arrependidos,
confiarem nEle).
Conclusão
Vivemos um tempo em que se clama por justiça e falta esperança. Mas
a voz que clama no deserto nos chama a não buscarmos neste mundo ou
em nós mesmos, mas nAquele que veio para nos salvar.
28
TERCEIRO DOMINGO NO ADVENTO
Salmo 146; Isaías 35.1-10; Tiago 5.7-11; Mateus 11.2-15
30
TERCEIRO DOMINGO NO ADVENTO
vos declaro que Elias já veio, e não o reconheceram; antes, fizeram com
ele tudo quanto quiseram. Assim também o Filho do Homem há de pade-
cer nas mãos deles”. Aquele que veio depois, entretanto, tomou sobre si
o padecimento e a dor em proporções muito maiores, pois o fez em lugar
do mundo inteiro.
A referência a João como sendo o maior entre os homens (v.11) se
deve, possivelmente, ao fato de João preceder Jesus no sofrimento. A
referência ao menor no Reino dos céus fica obscura. Arisco a dizer que
podem ser os desalentados, os cegos e todos aqueles que foram alvos
das obras de Cristo.
Para o 3º Domingo no Advento a proclamação da Palavra tem por
objetivo assegurar a todos que Cristo é aquele que estava por vir e que
as suas obras são todas em favor das pessoas. Com suas obras ele quer
revelar que veio salvar. Essa salvação, entretanto, é conquistada pelo
caminho da cruz, onde ele realiza a maior de todas as obras.
PROPOSTA HOMILÉTICA
31
QUARTO DOMINGO NO ADVENTO
Salmo 24; Isaías 7.10-17; Romanos 1.1-7; Mateus 1.18-25
CONTEXTO
TEXTOS
Salmo 24: Este Salmo está apontando para um rei que está chegan-
do a fim de demonstrar sua glória e poder em beneficio da humanidade
pecadora. A glória deste rei está oculta, razão pela qual as portas se fe-
cham para ele, ninguém o deixando entrar em sua própria morada. Isto
pouco vai adiantar, pois ele é um rei todo-poderoso, que mesmo sendo
crucificado, demonstrou toda sua glória e poder sobre pecado, diabo e
morte, a fim de que todos nós pudéssemos ter a vida eterna garantida
na glória eterna.
Isaías 7.10-17: Encontramos neste texto a promessa de que a virgem
Maria conceberá e dará à luz o menino Emanuel. A partir de seu nasci-
mento, Deus estará conosco, estará com o seu povo, livrando-o de todo
pecado. Deste modo, destrói em nós os pavores do pecado por meio de
seu filho Jesus Cristo, o menino Emanuel que se fez presente entre nós.
Romanos 1.1-7: Este texto lembra que, no passado, Deus prometeu
o Salvador, seu filho Jesus Cristo. Que na carne ele se fez homem; se fez
ser humano (v.3). Ele foi feito filho de Deus segundo o Espírito de Deus,
a fim de ressuscitar dos mortos, para que por meio de seu nascimento,
condenação, crucificação, morte e ressurreição pudéssemos ter a certeza
de que Deus está conosco.
QUARTO DOMINGO NO ADVENTO
Mateus 1.18-25: Aqui neste texto, paralelo com Lucas 2.1-7, temos
o relato detalhado do anúncio de que Maria encontrava-se grávida pelo
Espírito Santo. Cumpre-se, portanto, a promessa do Emanuel nascido, o
Deus-conosco. Deus se fez presente entre o seu povo por meio de seu
filho Jesus Cristo, que salvou a humanidade dos seus pecados.
V. 18: Maria está grávida. Como? De que forma? Isso não pode estar
acontecendo, pois Maria nem havia tido relação sexual com homem al-
gum, nem ao menos com José, o homem com quem estava de casamento
marcado.
Isso pode estar acontecendo sim. O que está sendo gerado no ventre
de Maria não é obra humana, mas é obra do Espírito Santo de Deus, que
agiu em Maria para que, por meio dela, tivesse início o cumprimento da
promessa do Salvador à humanidade pecadora.
V. 19: José tem uma reação típica de qualquer homem que se sente
traído, entra em desconfiança em relação a Maria. No entanto, com uma
atitude “cristã”, não age com violência; até mesmo para proteger Maria
e não colocá-la nos comentários do povo, resolve fugir sem que Maria
perceba.
Incapaz de acreditar na inocência de Maria, diante das evidências
que eram maiores que a força de uma pessoa comum, ele ainda encontra
forças para se livrar desta complicada situação. Como esposo prometido
a Maria em casamento, José tinha direitos e deveres para cumprir. E por
ser um severo cumpridor da lei, que em relação à infidelidade matrimonial
era bem rígida (cf. Dt 22.22-24), ele encontrava-se em dificuldade para
aceitar uma aparente traição.
V. 20: José ainda estava pensativo, angustiado, aflito com toda aquela
situação quando em sonho aparece um anjo do Senhor pedindo que ele
livre sua noiva (Maria) de uma situação desastrosa. Pois o que nela foi
gerado é obra do Espírito Santo.
Reconhecendo publicamente Maria como sua mulher, José não livraria
apenas a honra de Maria, mas também da criança que estava para nascer.
Pois em vez de ser o fruto de um relacionamento adúltero, a criança era
obra do Espírito Santo, concebida pela intervenção de Deus, agindo contra
33
IGREJA LUTERANA
OBJETIVO DO SERMÃO
SUGESTÃO HOMILÉTICA
Laudemar Gunsch
São João da Baliza/RR
laudemargunsch@yahoo.com.br
34
DIA DE NATAL
Salmo 2; Isaías 52.7-10; Hebreus 1.1-6 (7-12); João1.1-14 (15-18)
TEXTOS BÍBLICOS
ESQUEMA
DESENVOLVIMENTO
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DIA DE NATAL
37
PRIMEIRO DOMINGO APÓS O NATAL
Salmo 111; Isaías 63.7-14; Gálatas 4.4-7; Mateus 2.13-23
“Do Egito chamei o meu filho”: texto de Os 11.1 (Nm 24.8), que fala
sobre Deus livrando os israelitas da escravidão na terra do Egito. Esta ci-
tação de Oséias 11.1, então, originalmente se referia a Deus chamando o
povo de Israel do Egito no tempo de Moisés. Mas Mateus, sob a inspiração
do Espírito Santo, aplica isto também a Jesus. Ele vê a história de Israel
(filhos de Deus) recapitulada na vida de Jesus (único Filho de Deus). Assim
como Israel, como uma infante nação, desceu ao Egito, assim o menino
Jesus foi para lá. E como Israel foi levado por Deus para fora do Egito,
assim também foi com Jesus. Quanto tempo Jesus e seus pais estiveram
no Egito não é conhecido (Concordia Self-Study Bible – CPH e Bíblia de
Estudo NTLH). Em outras palavras, a citação de Oséias 11.1 refere-se
ao povo de Israel como filho do Senhor (cf. Êx 4.22). Deus fez voltar da
escravidão do Egito o “seu filho” Israel; agora Jesus, “o seu Filho” por
excelência, também esteve exilado naquele mesmo país.
Observação: Um dos temas característicos de Mateus é o do cumpri-
mento, na história de Jesus, do que Deus havia anunciado por meio dos
profetas (cf. Mt 1.22; 2.15, 17, 23; 4.14; 8.17; 12.17; 13.14, 35; 21.4;
26.54, 56; 27.9) (Bíblia de Estudo Almeida).
V. 16: “[...] matar todos os meninos... de dois anos para baixo”: O nú-
mero de mortos tem sido frequentemente exagerado como sendo milhares.
Em uma aldeia tão pequena como Belém, no entanto (mesmo com a área
em volta incluída), o número provavelmente não era grande – embora o
ato, é claro, não tenha sido menos brutal (Concordia Self-Study Bible –
CPH). Calcula-se que em Belém e nas suas vizinhanças haveria entre trinta
e quarenta meninos nessa idade (Bíblia de Estudo NTLH). “Dois anos”: A
estrela pode ter aparecido aos “magos” quase dois anos antes (cf. v.7)
(Bíblia de Estudo Almeida).
V. 18: “Ouviu-se um clamor em Ramá…”: Jeremias 31.15, citado em
Mateus 2.18, onde as ordens de Herodes para matar todas as crianças do
sexo masculino “de Belém e de seus arredores” (Mt 2.16) são indicadas
para ser o cumprimento dessa passagem. (Concordia Self-Study Bible –
CPH). Esta citação de Jeremias 31.15 refere-se ao cativeiro dos israelitas
descendentes de José, filho de Jacó e Raquel (Bíblia de Estudo Almeida). O
evangelista, então, cita Jeremias 31.15, que usa linguagem figurada para
falar sobre a tristeza dos israelitas quando muitos de seus companheiros
foram levados para o cativeiro (Jr 40.1). “Raquel”: a esposa preferida do
patriarca Jacó (Gn 19.30). (Bíblia de Estudo NTLH)
V. 19: “um anjo do Senhor apareceu em sonho a José”: é a terceira
vez que isso acontece com José (Mt 1.20; 2.13; também 2.22) (Bíblia de
Estudo NTLH).
V. 20: Cf. Êx 4.19-20 (Bíblia de Estudo Almeida)
39
IGREJA LUTERANA
Por que Deus fugiria de uma luta (a fuga para o Egito)? O rei Herodes
acabara de ordenar o assassinato de toda criança do sexo masculino de
até dois anos de idade, em um dos mais hediondos infanticídios já visto.
Então, o que um pobre carpinteiro, sua esposa e filho recém-nascido po-
diam fazer? Enfrentar o rei Herodes e seus exércitos? E por que Deus os
enviou para o Egito, entre tantos outros lugares? Troy Schmidt afirma:
“Se pensarmos a esse respeito, Maria e José carregavam a arma mais
40
PRIMEIRO DOMINGO APÓS O NATAL
41
IGREJA LUTERANA
Troy: “Um dia, Jesus se encontraria num túmulo, mas para ele seria
apenas temporário. Uma mera parada de três dias a caminho da eter-
nidade”. Então, nesta terra de faraós mortos, todos os que ainda estão
mortos, chega Jesus, que, um dia, ressuscitaria dos mortos. Nenhum
túmulo poderia segurá-lo... (Glow – Immersion Digital).
HINÁRIO LUTERANO
SUGESTÃO HOMILÉTICA
BIBLIOGRAFIA
Bíblia Online – SBB. Bíblia de Estudo Almeida – SBB. Bíblia de Estudo NTLH
– SBB. Bíblia Vida Nova – Vida Nova e SBB. Harmonia dos Evangelhos –
Casa Publicadora Batista. Glow – Immersion Digital. Concordia Self-Study
Bible – CPH.
Ezequiel Blum
Balneário Camboriú/SC
ezequielblum@gmail.com
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VÉSPERA DE ANO NOVO
Salmo 90.1-12; Isaías 30.(8-14)15-17; Romanos 8.31b-39;
Lucas 12.35-40
CONTEXTO
Ainda não foi nesse ano que Cristo, o noivo da igreja, nos surpreen-
deu com o seu retorno. A expectativa continua. As leituras do dia nos
lembram da presença constante de Deus em nossa vida. O evangelho
nos alerta para estarmos preparados para o grande evento, o retorno de
Cristo. Somos orientados para administrar o nosso dia a dia com sabedoria
até a sua chegada. Sabemos que vale a pena esperá-lo como servos. Já
desfrutamos das bênçãos (vantagens) de sua casa e usufruímos da sua
despensa, mas o desfrute, definitivo e futuro, quando ele retornar, será
incomparavelmente melhor, pois nos servirá eternamente, inclusive de
sua presença física, num novo céu e nova terra.
TEXTOS DO DIA
44
VÉSPERA DE ANO NOVO
o nosso servo, pois sem o seu serviço, nós não seríamos nada (ver Jo
13.4-5 e 15.13; Lc 17.8; Mt 20.28).
Sem dúvida alguma, não podemos relacionar a concessão de tal re-
compensa como merecimento pessoal em pequenas coroas, mansões e/ou
outras possessões materiais. A bem-aventurança concedida pelo Senhor
são bênçãos e capacidades espirituais para usufruto da sua presença
acolhedora e restauradora. Esse serviço espiritual conserva o modelo de
Cristo que, apesar de ser Senhor, nos acolhe em sua mesa com o propósito
de nos servir, o alvo de toda a sua missão. E o termo “bem-aventurado”,
repetido, revela o empenho gracioso que o senhor deseja para coroar
todos os servos fiéis.
É o desejo do Senhor não perder nenhum dos seus servos, mas
conservá-los na sua casa. Não é qualquer lugar da casa, mas à mesa
principal. O Senhor é quem faz o acolhimento de todos que o aguardavam.
Este é o propósito final de servir na sua mesa e na sua casa. Felizes são
aqueles que permanecerem sendo servos fiéis e viverem com expectativa
a parousia com o seu Senhor.
V. 38: Lucas admite três vigílias (Jz 7.19), contrariando o sistema
romano, que dividia em quatro (Mt 14.25). O sentido, porém, é um só: o
retorno do noivo é imprevisível e pode demorar. Isto, porém, não invalida
a promessa. É uma advertência contra a impaciência e o cansaço. Pelo fato
de não marcar tempo, Jesus deseja que o nosso vínculo com ele não seja
limitado a um encontro casual, temporário ou extemporâneo, mas uma
comunhão ativa, permanente e escatológica, que se inicia com o batismo
e perdura pela eternidade. A esperança do cristão se baseia na promessa
de Cristo, no viver com ele diariamente, e não em cálculos apocalípticos.
Jesus deseja que os seus servos desejem e vivam a sua vinda a noite
inteira até a sua vinda, o alvorecer da salvação eterna.
V. 39: Jesus, para reforçar o espírito de vigilância que o servo deve con-
servar, enfatiza com mais uma parábola. A estratégia de apresentar outra
parábola sobre o mesmo tema nos revela a preocupação de Jesus com os
pecadores: facilitar a compreensão, chamar a atenção sobre o perigo e
incentivar a vigilância. E exemplifica com o modus operandi de um ladrão
que pode surpreender um chefe de família. Assim como um chefe de família
vigilante impediria um ladrão de roubar a sua casa, se estivesse de guarda,
da mesma forma o vigia atento não perderá a ceia da sua mansão.
V. 40: Jesus insiste para nos preservarmos como seus servos. Ele
quer nos conservar no seu reino. Apesar de não marcar o dia exato do
seu retorno, pois somente o Pai disso é sabedor, Jesus reafirma que um
dia voltará. Portanto, a nossa missão é não vacilar, estar sempre pronto
e alerta, aguardando ansiosamente o dia da sua volta. Pois o Filho do
homem virá e deseja que todos os seus servos estejam ao redor de sua
mesa para servi-los com a bem-aventurança eterna.
45
IGREJA LUTERANA
APLICAÇÕES HOMILÉTICAS
PROPOSTA HOMILÉTICA
REFERÊNCIAS
Danilo V. Fach
Vitória/ES
danilofach@gmail.com
46
CIRCUNCISÃO E NOME DO SENHOR / DIA
DE ANO NOVO
Salmo 8; Números 6.22-27; Gálatas 3.23-29; Lucas 2.21
CONTEXTO
1
RUIJS, Raul. Mesa da Palavra, ano A, Comentário Bíblico Litúrgico. Petrópolis: Vozes, 1983,
p. 78
IGREJA LUTERANA
2
RUIJS, Raul. Id idem, p. 79.
3
MORRIS, Leon. Teologia do Novo Testamento. Tradução Hans Fuchs. São Paulo: Vida Nova,
2003, p. 204.
4
JAGNOW, Elmer. A importância de se ler as parábolas dentro do contexto literário, a partir
do exame de Lucas 12 a 18, na perspectiva do Reino de Deus. Dissertação de Mestrado de
Teologia do Seminário Concórdia de São Leopoldo, 2013, p.20
48
CIRCUNCISÃO E NOME DO SENHOR / DIA DE ANO NOVO
USO HOMILÉTICO
49
EPIFANIA DO SENHOR
Salmo 72.1-11(12-15); Isaías 60.1-6; Efésios 3.1-12; Mateus 2.1-12
CONTEXTO
CENÁRIO LITÚRGICO
TEXTOS DO DIA
Isaías 60.1-6: De Jerusalém virá o Rei que será luz para todos os
povos. A face das nações se voltará para ele.
ANÁLISE DO TEXTO
V. 1: “uns magos”: chamar os magos de astrônomos é inexato ou no
mínimo questionável. O objetivo do estudo das estrelas não era científico,
no sentido moderno da palavra. Possivelmente o termo se refere a pessoas
ou mesmo sacerdotes da Babilônia que interpretavam as estrelas e sonhos
e por isso eram considerados “sábios” (NDITNT: HDCG, II, 97-101).
V. 2: “viemos para adorá-lo” – O aoristo com infinitivo denota propó-
sito. Os magos não são movidos por curiosidade e nem pela expectativa
de algum benefício. Eles vêm para reverenciar e adorar Jesus, o qual
reconhecem como o prometido Rei. Este é o propósito da viagem.
“viemos” – A vinda dos magos também é um testemunho da univer-
salidade da graça de Deus.
“adorá-lo” – proskinéw – A palavra é utilizada por Mateus denotando
a adoração prestada a Deus. Com exceção do seu uso em parábolas, ela
sempre se refere a Deus e a Cristo. É um gesto exterior que brota da
disposição interior de reverência e submissão. É um ato de fé. Demonstra
aqui a confiança e o testemunho dos magos de que estavam diante do
próprio Deus.
V. 11: “ouro, incenso e mirra” – As três ofertas são um testemunho
não verbal da fé que habitava o coração dos magos em relação ao meni-
no. O ouro, nobre metal, enfatizava a realeza do nascido Rei dos Judeus.
O incenso destacava a fé na divindade de Cristo, pois se oferece a Deus.
A mirra, perfume com o qual se ungiam os defuntos, parece ser um ele-
mento estranho na categoria “presentes que se dá a um recém-nascido”.
No entanto, testemunha que aquele menino estava destinado a morrer
pelos pecados da humanidade.
PROPOSTA HOMILÉTICA
51
IGREJA LUTERANA
Fernando E. Garske
Pastor no Colégio Luterano Concórdia – São Leopoldo/RS
pastorfernando@gmail.com
52
O BATISMO DO SENHOR / PRIMEIRO
DOMINGO APÓS EPIFANIA
Salmo 29; Isaías 42.1-9; Romanos 6.1-11; Mateus 3.13-17
Salmo 29: Este salmo nos revela que a voz de Deus é tão forte como
quando na época da Criação, voz que controla o mundo e que abençoa
o seu povo.
Isaías 42.1-9: A referência ao “servo do SENHOR” é de vital impor-
tância no livro de Isaías. Dizer “Eis aqui o meu servo” é como dizer: “Olha
ele aí na frente, vá atrás dele”. As palavras que seguem dão-nos bons
motivos para realmente seguirmos este servo; ele é o escolhido de Deus
sobre quem está o Espírito de Deus.
Romanos 6.1-11: Esta é uma reflexão sobre o batismo e a conse-
quente união com Cristo. O batismo nos une à morte e à ressurreição de
Cristo. Estando mortos para o pecado, não mais o servimos. Estando vivos
para Deus, a ele servimos.
Mateus 3.13-17: O evangelho traz elementos dos três textos an-
teriores: a voz de Deus, o servo do SENHOR e o batismo. É claro que
temos aqui um momento específico; o batismo de Jesus. João Batista
queria negar o batismo a Jesus, não porque João pensava que Jesus não
estivesse arrependido (Mt 3.7-8), mas porque não se achava digno de
batizar Jesus. Jesus, para a surpresa de João, age como um servo, sem
gritar na praça para falar de sua santidade, afinal ele poderia ficar sem o
batismo. A voz de Deus, que muitas vezes é sentida como assustadora,
quando se refere a Cristo é suave: “Este é o meu Filho amado, em quem
me comprazo”.
O começo da pregação de João Batista marca a proximidade de uma
nova era na história da igreja de Deus. Os profetas anteriores a João
anunciavam um tempo da graça que viria quando o povo de Israel seria
redimido de seus pecados por meio do servo, o “mediador da aliança com
o povo e luz para os gentios” (Is 42.6). Não se sabia direito quando isso
aconteceria e nem como seria cumprida essa promessa. Tanto é que os
judeus passaram a interpretar as mensagens de redenção profética como
uma redenção política, quando os judeus voltariam a dominar politica-
mente sobre os povos.
Mateus, porém, retoma a mensagem profética como tal. Um pouco
antes de falar do batismo de Jesus, em Mt 3.3, ele cita a passagem de
Isaías 40.3: “[...] voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do
Senhor, endireitai as suas veredas”. O capítulo 40 de Isaías principia a
parte do consolo que Deus reserva ao seu povo escravizado e humilhado.
IGREJA LUTERANA
54
O BATISMO DO SENHOR / PRIMEIRO DOMINGO APÓS EPIFANIA
Mais tarde, Jesus dará ordem aos seus discípulos para que façam discí-
pulos de todas as nações. O modo que isso deveria acontecer era através
do batismo e do ensino (Mt 2818-20). Paulo diz ter sido enviado para
batizar (1Co 1.17). Filipe batizou um eunuco (At 8.38). Outros exemplos:
At 2.41; 8.12; 9.18; 16.15; 16.33; 18.8; 19.5.
Também nós, hoje, como igreja, mantemos o batismo. É uma herança
que temos da igreja antiga, desde Cristo e do seu mensageiro. O batismo
nos faz participantes da mesma graça na qual foram inclusos todos aqueles
que receberam o batismo de João e de todos os discípulos de Cristo que
o procederam.
O interessante é que também Cristo recebeu esse batismo. É de se
notar que não há referência de arrependimento na ocasião do batismo
de Jesus, ao contrário do caso dos demais que chegavam a João Batista.
Ainda hoje se pratica o batismo de arrependimento, no sentido de mudança
de vida como percebemos em Romanos 6.1-11. Isso nos faz perguntar o
porquê de Jesus ter-se deixado batizar.
João batizou Jesus. João viu o próprio Deus aceitar que mãos pecado-
ras lhe colocassem água sobre a cabeça. Jesus recebe o Santo Batismo
em um processo inverso ao nosso. Quando nós recebemos o Batismo, o
recebemos para a nossa salvação. Quando Jesus recebe o Batismo, ele
o recebe para a sua condenação. A água e a Palavra não podiam limpar
Jesus de nada, pois não havia sequer uma sujeira em Jesus, nem um
pecado sequer e, portanto, ele não precisava arrepender-se. Jesus então
recebe a água do Batismo para carregar as nossas sujeiras. Para usar
os termos de Mateus, “nos convém cumprir toda a justiça” ou no grego:
ou]twj ga.r pre,pon evsti.n hvmi/n tlhrw/sai pa/san dikaiosu,nen. Cumprir
toda a justiça é algo que somente o Messias poderia fazer. Ele é o me-
diador da aliança com o povo, pois sem ele não se mantém a aliança
com Deus por causa da desobediência do povo de Deus em relação à
justiça de Deus. Assim posto, ao invés de o batismo limpar Jesus de
seus pecados, é Jesus quem limpa o batismo. Não é à toa que logo após
o seu batismo Mateus nos mostra Jesus sendo tentado. Não que Jesus
só tenha começado a ser tentado neste momento, mas essa ligação é
importante para nos mostrar que Jesus aceita sofrer os mesmos males
que nós sofremos. É assim que ele carrega as nossas dores; Jesus se
fez pecador por nós (2Co 5.21).
Dizer que Jesus carrega as nossas dores não significa dizer que não
teremos mais sofrimentos nesta terra. Após Jesus aceitar carregar os pe-
cados da humanidade, João Batista foi preso (Mt 4.12). E não há nenhuma
contradição nisso. É após a prisão de João Batista que Jesus assume a
posição de pregador porque agora o tempo estava cumprido. Nem antes e
nem depois; era naquela hora! Jesus não passou por cima da autoridade
55
IGREJA LUTERANA
que João Batista tinha. Ele o respeitou e o honrou até o fim, pois ele era
um pregador da palavra de Deus, que viu as maravilhas de Deus e falava
delas. Agora, aquele que é a luz dos gentios, principia o seu ministério na
terra dos gentios (Mt 4.12ss). Assim vemos Jesus, antes de ser batiza-
do, falando da importância de se cumprir toda a lei e, após ser batizado,
anunciando a mensagem de arrependimento aos gentios: “mediador da
aliança com o povo e luz para os gentios” (Is 42.6).
Alguém poderia questionar: “Mas Jesus era maior que João; ele podia
passar por cima dele!” Mas não o fez! O importante ali não era humilhar
ninguém, mas falar daquela grande maravilha que João teve a oportunidade
de ver, e muitos outros não viram, mas tinham que saber também. Então,
quando João não mais podia pregar, Jesus faz a mesma pregação que João
Batista fazia: “Arrependam-se dos seus pecados e creiam no evangelho!”
Isso nos mostra que a pregação de João Batista era, na verdade, a pre-
gação de Deus. Mostra-nos também que João preparara o caminho para
Jesus tanto em sua mensagem quanto no batismo.
Há muitos assuntos que esta pequena perícope nos coloca à disposição.
Poderíamos ensinar sobre a Trindade, sobre o batismo, sobre a humilhação
de Cristo em favor dos seres humanos, sobre a confirmação da obra de
Cristo pelo Pai. Não podemos, porém, perder de vista a época litúrgica em
que estamos; 1º Domingo após Epifania. Um tema característico deste
período da Epifania é a revelação de Deus aos gentios. Este tema é latente
em Mateus, pois o lugar onde Jesus começa a pregar é na Galiléia dos
Gentios. O fato de Jesus cumprir a lei era importante não apenas para os
descendentes de Moisés, mas também para aqueles que não sabiam o que
era a lei. Assim posto, segue abaixo uma possível estrutura de sermão:
I. Não compreendemos as obras de Deus
• João Batista não compreendeu por que Jesus precisava ser
batizado (Mt 3.14)
• Nós não compreendemos por que precisamos do batismo (como
pode simples água tão grandes coisas fazer?)
II. Vivemos pela fé
• Jesus responde a João dizendo que está certo ele ser batizado
(Mt 3.15)
• João não compreende, mas acredita que Jesus lhe diz a ver-
dade
• Deus nos diz que o batismo nos salva
• Não compreendemos isso, mas sabemos que no batismo não
há só água, mas o próprio Cristo está no batismo, o que nos
mostra essa passagem
• Se Cristo está no Batismo, o Pai e o Espírito Santo também
estão, logo, o Espírito Santo também desce sobre nós e o Pai
56
O BATISMO DO SENHOR / PRIMEIRO DOMINGO APÓS EPIFANIA
nos declara como seus filhos (não filho unigênito como nesta
passagem, mas filhos) por ocasião de nosso batismo.
III. Vivemos as obras de Deus pela fé
• Vivificados pelo Deus Triúno no batismo, vivemos para Deus.
57
SEGUNDO DOMINGO APÓS EPIFANIA
Salmo 40.1-11; Isaías 49.1-7; 1Coríntios 1.1-9; João 1.29-42a
CONTEXTO LITÚRGICO
CONTEXTO LITERÁRIO
DESTAQUES DO TEXTO
59
IGREJA LUTERANA
60
SEGUNDO DOMINGO APÓS EPIFANIA
61
IGREJA LUTERANA
62
TERCEIRO DOMINGO APÓS EPIFANIA
Salmo 27.1-9 (10-14); Isaías 9.1-4; 1 Coríntios 1.10-18;
Mateus 4.12-25
64
TERCEIRO DOMINGO APÓS EPIFANIA
Filho de Deus lhes viera entregar; era um convite à fé, o que fica claro
pelo v. 23: “pregando o evangelho do reino” (khru,sswn to. euvagge,lion
th/j basilei,aj).
O fato de que Jesus se importava com as pessoas estava no fato de
que Ele cumpriu seu ofício profético per se. O v. 23 reafirma a verdade
do v. 17. O Verbo que se fez carne não é apenas a própria Palavra, senão
Aquele que também a apresenta. Ele proclamava e “ensinava” – dida,skwn
– um verbo que aparece 58 vezes nos evangelhos, sendo que em apenas 8
Jesus não é o sujeito. Marcos chega a dizer que era “seu costume” ensinar
(Mc 10.1). Não era apenas uma proclamação evangelística esporádica,
mas um ensino substancial, que fica evidente com os capítulos 5 a 7 em
Mateus.
O caráter didático do ministério de Jesus é, por vezes, subestimado, es-
pecialmente no meio neopentecostal, que volta suas atenções unicamente
às curas e milagres. Em Jesus as duas práticas não estão desvinculadas,
e Mateus deixa isso claro com o v. 23. Num contexto onde a doença era
associada ao pecado, a libertação da doença comprovava a autoridade
de Alguém maior do que toda e qualquer força maligna, uma autoridade
evidenciada também no Seu ensino. Aliás, ambos – pregação/ensino e
curas/milagres – denotavam que Jesus se importava com o povo.
O v. 23, inclusive, traz as mesmas três frases repetidas posteriormente
em 9.35. Tanto lá no cap. 9 como aqui, no início do ministério de Jesus,
a preocupação é com o povo – lá Mateus diz que Jesus ficou com com-
paixão da multidão “porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que
não têm pastor” (9.36). À compaixão de Jesus, o seu amor incondicional
pelo pecador a ponto de se importar sacrificialmente por ele, está ligada
a escolha e a chamada dos discípulos.
Aqui, os quatro primeiros são chamados e prontamente O seguem
– Simão Pedro e seu irmão André, e os dois filhos de Zebedeu, Tiago e
João. A frase imponente não poderia ser outra: “Vinde após mim, e eu
vos farei pescadores de homens” (v. 19). Os discípulos compreenderam
bem o que significa ir “após” (ovpi,sw) Jesus – um chamado a, sem olhar
para trás, seguir irrestritamente o Mestre para uma missão que talvez
nem eles esperavam seria tão grandiosa – pescar gente.
Jesus se importava com estes quatro, e também com os outros oito
que estariam com ele. E isso não foi um acontecimento assim tão banal.
Pescadores não eram, na visão dos judeus, os modelos ideais de pessoas
(como, aliás, também não o eram um publicano e um zelote). Isso porque
os pescadores estavam em contato com todo tipo de pessoas e, portan-
to, também em contato com gentios, o que os deixava cerimonialmente
impuros. Dentre a população mista da Galileia, portanto, e não de dentro
dos muros religiosos de Jerusalém, vieram os primeiros auxiliares de
65
IGREJA LUTERANA
Jesus. Não eram homens extraordinários para uma tarefa comum – era
justamente o contrário.
Mas a escolha dos discípulos mostra um Jesus que se importa não
apenas com aqueles que o haveriam de ajudar a espalhar as boas novas,
mas também e especialmente um Jesus que se importa com a igreja de
todos os tempos. Quando escolheu homens para divulgarem a boa nova
do evangelho, Jesus pensou, então, em mim e em você.
É assim que Ele faz até hoje, quando desperta obreiros, pastores e
missionários que pregam a sua Palavra. Paulo lembrou, com uma fina
ironia, que nem se lembrava de quantos batismos havia feito, mas que
fora chamado a pregar o evangelho, “poder de Deus” (1 Co 1.18) para
salvar os que creem. A epístola do dia põe o foco, portanto, não na dife-
rença entre os pregadores, muito menos nas divisões da igreja; mas sim
na pregação do evangelho. Quando Deus no-lo deixou, mostrou que se
importava conosco.
Contudo, é claro que o início do ministério de Jesus – tal qual a in-
trodução de um sermão – nos aponta para a sua conclusão. A cruz e o
túmulo vazio nos mostram, com evidências sanguíneas, que temos um
Deus que se importou e se importa com a nossa salvação. Cada vez que
a igreja anuncia esta mensagem, “a palavra da cruz”, o Verbo faz a sua
luz brilhar em meio à escuridão do nosso pecado. Aí a luz brilha para que
a levemos para fora do templo, quando todos os cristãos, cada qual com
sua vocação particular, dá seu testemunho falado e vivido. Ou seja, daí é
a nossa vez, como igreja, de nos importarmos com as pessoas, especial-
mente com os que sofrem.
Se é verdade que podemos pensar em como podemos melhor pregar
e cumprir nossa missão – de como podemos com mais eficácia nos impor-
tarmos com a salvação da humanidade – também é verdade que temos
um consolo e um privilégio muito grande em fazer parte da equipe deste
Deus que, em Jesus, se importou e se importa com judeus e gentios,
com humilhados como os galileus Zebulom e Naftali, um Deus que morre
e vive novamente por eles, e ainda os permite, sem qualquer mérito ou
dignidade, fazer parte da sua rede de colaboradores.
SUGESTÃO HOMILÉTICA
66
TERCEIRO DOMINGO APÓS EPIFANIA
Júlio Jandt
Itararé/SP
jullynho@yahoo.com.br
67
QUARTO DOMINGO APÓS EPIFANIA
Salmo 15; Miqueias 6.1-8; 1Coríntios 1.18-31; Mateus 5.1-12
LEITURAS
Salmo 15: O salmo traz perguntas por parte dos homens, no caso
Davi, e as respostas por parte de Deus, pois é o único que as pode res-
ponder correta e suficientemente. Estas perguntas nos levam a refletir
sobre a comunhão e habitação celeste. Perguntas sempre presentes no
ser humano.
A resposta de Deus aponta para uma vida de atitude, de prática, tanto
de fala quanto de ação. No entanto, não é uma lista exaustiva, como que
apontando para uma vida sob o peso da lei, mas fala da integridade do
homem, a qual somente é possível quando unido a Cristo. Sob a graça
do perdão e ação do Espírito Santo, o homem vive a cidadania celeste
já neste mundo. Destaque possível quando colocado em paralelo com o
Sermão do Monte.
A resposta de Deus aponta para uma vida sem culpa, íntegra e de
prática da justiça. Isto é lei. No entanto, é justamente então que podemos
reconhecer que habitar no tabernáculo e morar no santo monte somente
é e será possível pela graça, a qual levará o ser humano a viver nas obras
da fé.
Miqueias 6.1-8: O versículo 8 dá ênfase à justiça. Justiça esta que se
estabelece em Cristo e não no homem, tema que é destacado em todas
as leituras paralelas. Observemos que os capítulos 1, 2 e 3 apresentam o
juízo do Senhor contra Judá e Israel; os capítulos 4 e 5 oferecem consolo
e esperança, anunciando restauração da casa do Senhor; os capítulos 6 e
7 declaram o caminho da salvação. E é neste caminho que o cristão deve
permanecer, vivendo, agindo e praticando as boas obras.
1Coríntios 1.18-31: Louco significa estar sem a sabedoria divina como
um tolo, ou pelo menos negá-la (Pv 1.7; Pv 14.9). O mundo não vê desta
forma. Pensa no caminho humano, feitos humanos, segue a lei para ir a
Deus. Falha. Apontar a cruz é loucura para eles. Mas é a verdade divina
e, portanto, sabedoria que somente Deus pode ter e revelar.
Refletir sobre este texto e sua importância no período de Epifania
nos leva a destacar a pregação da vinda de Jesus como Deus ao mundo
diante da loucura do mundo. Confronta os caminhos de Deus com os
caminhos da mente humana, a qual sempre o leva para longe do Criador
e, especialmente então, para longe do Salvador. Do texto, extraímos que
QUARTO DOMINGO APÓS EPIFANIA
Contexto
O Sermão do Monte, diferente do que parece por estar no início do
livro de Mateus, não foi proferido no início do ministério de Jesus, mas
foi proferido em meados do mesmo, quando já era bem conhecido pelo
povo e por seus discípulos. Os versículos anteriores apontam para uma
extensa caminhada de Jesus que ia da Galileia, Decápolis, Jerusalém e
Judeia (1.25). Sua fama já havia corrido por toda a Síria (1.24).
Falando sobre o texto, Lange sugere que Jesus havia se preparado
para este momento. Afirma ele: “O tempo e o local desta grande aula
foram escolhidos por Jesus com cuidado. Ele passou a noite orando na
montanha”. Jesus tinha um propósito para com os seus discípulos, que
bem o conheciam, mas que precisavam agora ser ensinados quanto à
prática.
Em Lucas 6, encontramos outro relato sobre as bem-aventuranças
proferidas por Jesus. Mesmo que alguns comentaristas defendam que
Mateus e Lucas apresentam o mesmo Sermão do Monte, encontramos
também opinião contrária entre os mesmos. Lange, por exemplo, aponta
para o sermão das bem-aventuranças em Lucas 6.20ss. como sendo um
ensino proferido em outro momento por Jesus, não sendo o mesmo que
encontramos em Mateus. Alguns pontos são destacados por Lange: Ma-
teus descreve que Jesus subiu ao monte e Lucas diz que desceu do monte
(6.17). Um dirigido aos discípulos, outro, a todos que o seguiram.
Expressão
Makarioi - bem-aventurado: significa bendito, feliz, usualmente no
sentido de recebedor privilegiado do favor divino. Expressa a felicidade
de alguém que tem a paz com Deus.
A partir das frases explicativas, que iniciam com o[ti, a bem-aven-
turança que Jesus tem em vista é o Reino do Messias. Jesus declara
bem-aventurados aqueles a quem o mundo teria por infeliz. Isto porque
valorizam o exterior. No entanto, nada é novo, uma vez que todas as
bem-aventuranças são baseadas em passagens do Antigo Testamento. É
digno de nota que, assim como as bem-aventuranças de Jesus como as
do Salmo 1, ambas pressupõem um estado correspondente da mente e
exortam os crentes a valorizar e buscar uma disposição espiritual.
69
IGREJA LUTERANA
Destaques
Lenski diz que o Sermão do Monte é um excelente exemplo dos ensi-
namentos de Cristo. Vemos inúmeras referências destes nos evangelhos.
No entanto, ele é mais do que isto. Nele, vemos apresentada a descrição
plena da vida no Reino, desde a entrada no reino aqui na terra à consu-
mação final, entrada no reino da glória, no dia do julgamento. Somente
quando esta natureza abrangente do sermão é percebida, sua verdadeira
grandeza vai ser percebida.
O perigo na aplicação das bem-aventuranças é colocá-las como atitude
e comportamento moral para então receberem de Deus o que Ele promete.
Assim sendo, colocariam as obras como mérito para as bem-aventuranças.
E a abordagem deve ser justamente oposta.
O Sermão do Monte foi muitas vezes considerado como lei e não como
evangelho. Kretschmann escreve que “em linguagem simples, mas com
específica força e pertinência, Jesus dá um sumário do seu ensino moral, a
doutrina ‘dos frutos e boas obras do cristão’ conforme Lutero”. Jesus expõe
o verdadeiro sentido da lei frente à exposição superficial e pervertida dos
escribas judeus e rabinos, fazendo de novo o trabalho de Moisés, porque
os judeus tinham perdido a verdadeira compreensão de Moisés. Por isso
diz que Jesus aqui ensinou e não pregou.
O sermão lida com a vida destes verdadeiros discípulos e emprega a lei
só como regra pela qual eles vivem e provam ser verdadeiros discípulos.
É a contrapartida para o último julgamento, 25.31-46, em que as obras
são “decisivas” na revelação dos que estão à direita e dos que estão à
esquerda: funciona como evidência para a presença da fé, e para outros,
como evidência para a sua ausência. Por isso, a epístola recebe destaque,
quando aponta para a cruz de Cristo.
O sermão fala das obras, mas que não podem estar independente da
fé. E a cada instante aponta para o evangelho consolador, para o futuro
garantido pela obra salvadora de Jesus, o Reino dos Céus. Encerra con-
70
QUARTO DOMINGO APÓS EPIFANIA
Doutrina
No Sermão do Monte, toda a doutrina de Cristo é exibida na primeira
etapa de seu desenvolvimento, como depois é exposta de uma forma um
pouco análoga na epístola de Tiago. Temos aqui a nova vida cristã, base-
ada agora na lei do amor, uma vida de resposta. A questão não é a vida
exterior, mas interior, a qual se mostra diante dos homens. O primeiro
contraste entre a ação de Deus e as performances do homem – entre o
juiz e o pecador culpado – é contemplar que a bênção é receber as bem-
aventuranças de um Pai misericordioso e compassivo Salvador. Em suma,
a justiça em toda a sua plenitude consiste no fato de que o próprio Cristo
é toda a justiça.
O contraste aponta para Moisés e Cristo. Monte Sinai, no deserto, e o
Monte das Bem-aventuranças, no meio de uma multidão na terra santa.
Moisés sozinho, escondido entre as nuvens de uma tempestade terrível,
Cristo rodeado por seus discípulos, sentando-se no meio deles. O Monte
Sinai, com limites estabelecidos e as pessoas a distância, e o Monte das
Bem-aventuranças abrangendo a multidão. No Monte Sinai, as pessoas
que fogem da montanha, no outro, as pessoas indo até o monte para no
seu cume encontrar a Jesus. Moisés recebeu as tábuas da parte do Senhor,
Jesus revelou do seu coração. A lei de Moisés escrita em tábuas de pedra,
a palavra de Cristo no coração dos seus discípulos. No primeiro caso, o
trovão e relâmpagos, noutro, apenas bem-aventuranças.
Lange diz que existe uma clara conexão entre o Monte das Bem-
aventuranças e o Monte Santo. A primeira bem-aventurança (espírito hu-
milde, pobre) nos leva ao Sinai; a segunda e terceira apontam para Moriá
e Sião; a quarta e quinta nos dirigem ao Gólgota, enquanto a sexta e a
sétima nos fazem lembrar do Getsêmani e Monte das Oliveiras, Betânia
e Monte das Oliveiras ou Tabor. No entanto, é um grande engano colocar
as bem-aventuranças do Sermão do Monte na mesma categoria dos 10
mandamentos.
ESBOÇO DO SERMÃO
71
IGREJA LUTERANA
Klaus Kuchenbecker
Congregação Martinho Lutero – Planaltina/DF
klausek@terra.com.br
72
QUINTO DOMINGO APÓS EPIFANIA
Salmo 112.1-9; Isaías 58.3-9a; 1Coríntios 2.1-12 (13-16);
Mateus 5.13-20
LEITURAS BÍBLICAS
TEXTO E CONTEXTO
como tolo” e, aplicado ao sal, “ficar sem sabor”. Isso já nos proporciona
uma ponte: se o cristão age como tolo, fica “sem sabor” e não pode ser
o sal da terra, pois se torna semelhante ao mundo e, assim, inútil como
o sal sem sabor.
Nesta época de Epifania, Jesus nos mostra que é através de nós que
Ele continua se manifestando ao mundo, como sal e luz que apontam
para sua salvação.
a. Sal
Como sabemos, o sal na época de Cristo tinha valor e uso muito im-
portantes, apesar de não ser tão puro e processado como hoje. Além de
temperar, sua função principal era preservar alimentos, impedindo sua
putrefação, e era usado também para purificação. Por isso seu valor era
grande, usado até para transações comerciais e pagamento de tributos.
Ao dizer que o sal, se perder o sabor, não serve para mais nada, Jesus
estava usando algo que é muito difícil de acontecer na natureza – o sal
ficar insosso. Isso reforça a aplicação que ele faz do “vós sois o sal da
terra”: que não há como ser cristão e não ser o sal da terra, isto é, sermos
aqueles, como indivíduos e como igreja, que impedem ou retardam a pu-
trefação total do mundo e que denunciam o pecado, provocando reações
(o sal na ferida arde!).
Se deixarmos de ser sal, agimos como tolos (mwranqh/ – v. 13) e nos
tornamos semelhantes ao mundo. Aqui entra o “estamos no mundo, mas
dele não somos”, o cuidado para que as tentativas de ser “tudo para com
todos” não nos torne insípidos e nos deixemos contaminar com as influ-
ências do mundo (isto sim, naquela época, mudava ou anulava o gosto do
sal – a contaminação com outros elementos químicos), perdendo nossa
influência denunciadora, purificadora e de dar “tempero” ao mundo – o
bom tempero do amor de Cristo.
Lutero diz que “com a palavra ‘sal’, Jesus mostra qual deve ser a fun-
ção dos seus seguidores. Pois sal não é sal para si mesmo, pois não pode
salgar a si mesmo, mas serve para salgar carne e o que mais é necessá-
rio na cozinha, para que preserve seu gosto, se mantenha conservado e
não apodreça. Assim, também vocês são sal, diz ele, não um sal para a
cozinha, e sim, para, com ele, salgar a carne, ou seja, o mundo inteiro”
(OS 9, 68-69). E continua: “Se quiseres pregar o evangelho e ajudar às
74
QUINTO DOMINGO APÓS EPIFANIA
pessoas, também tens que ser incisivo, tens que esfregar sal nas feridas,
mostrando o reverso e denunciar o que não está certo...” (OS 9,70).
Lenski nos lembra que “o mundo preferiria que fôssemos mel em vez
de sal” e que, por outro lado, o sal não é um alimento (Matthew, 199).
Não podemos ser “mel” no sentido de tentar agradar ao mundo com nossa
pregação (Gl 1.10). Podemos dizer, do ponto de vista da interpretação
luterana, que o sal é a Lei, que denuncia o pecado, e que se queremos
usar a palavra “mel”, este seria o doce Evangelho, que salva e alimenta a
alma (cf. Sl 119.103, 19.10). A Lei, como o sal, não alimenta, mas serve
para denunciar, purificar e provocar sede pela água da vida.
b. Luz
Ao dizer que somos “luz do mundo”, Jesus novamente usa a figura
absurda para reforçar seu ponto: é de fato ilógico e insensato alguém
querer esconder uma cidade sobre um monte, ou acender uma lamparina
para colocá-la debaixo de um cesto. Ou seja, o óbvio e natural é esperado
– que se coloque a luz no lugar onde pode iluminar bem.
Cristo é a verdadeira luz que veio ao mundo (Jo 1.8-9, 3.19-21, 8.12)
e os seus discípulos tornam-se luz para o mundo por estarem unidos com
ele (2Co 5.17; Gl 3.27). Esta luz a podemos refletir apenas pelo poder dado
pelo Espírito Santo (Fp 2.13; Gl 5.22-26; Jo 15.4-5; 2Co 3.5) e é assim
que as pessoas poderão ver nossas boas obras e glorificar o Pai.
Ao lado de ser sal, “esse é o segundo aspecto do ministério do qual
Jesus incumbe os amados apóstolos: que sejam chamados luz do mundo
e que, também, o sejam, isto é, que instruam as almas e lhes mostrem o
caminho para a vida eterna [...]. Isso, também, é necessário porque Cristo
não quer que esse ministério seja exercido às escondidas ou, somente,
em determinado lugar, mas que seja louvado publicamente pelo mundo
afora”, comenta Lutero (OS 9,75-76).
Lutero também argumenta que as obras da luz (v.16) são sobretudo
“ensinar corretamente, praticar a fé, instruir, fortalecer e perseverar nela,
com o que testemunhamos que somos cristãos íntegros”, pois “ensinar
e confessar a Cristo, de verdade, não é possível sem a fé, conforme diz
Paulo em 1Co 12.3 [...]. Por isso, a mais certa obra de um verdadeiro
cristão é somente uma: glorificar e anunciar a Cristo de tal modo que as
pessoas aprendam que elas nada são e que Cristo é tudo [...] Assim, as
duas coisas estão no devido lugar: em primeiro lugar, devemos sempre
ensinar e promover a fé e, consequentemente, também viver de acordo
com ela, para que, desse modo, tudo o que fazemos seja feito na fé e
proceda da fé” (OS 9,79-80).
Este viver de acordo com a fé é o nosso brilhar, que pode ser iden-
tificado também com os frutos do Espírito (Gl 5), e com as palavras de
75
IGREJA LUTERANA
c. Jesus e a lei
Resumindo o que Jesus diz nos versículos 17 a 20, podemos dizer
que Jesus cumpriu a lei no sentido de que lhe deu seu sentido completo,
enfatizando seus princípios profundos e o total compromisso com ela em
vez de um mero conhecimento e obediência exterior a ela.
Jesus é contra o legalismo e a hipocrisia demonstrados pelos fariseus
de então e de hoje. Desaprova o seguir a lei só exteriormente (vide Is 58
acima) sem que isso venha do coração transformado por Deus, e mostra
(v. 20) que a justiça das obras é, na verdade, impossível.
Somente Cristo excedeu a justiça dos escribas e fariseus. Por isso,
unidos com Ele recebemos esta justiça, como afirma Paulo (Rm 8.1 e 2Co
5.21), e podemos ser sal da terra e luz do mundo.
SUGESTÃO HOMILÉTICA
76
QUINTO DOMINGO APÓS EPIFANIA
OBRAS CONSULTADAS
Leandro D. Hübner
Rio Branco/AC
ledahu@gmail.com
77
SEXTO DOMINGO APÓS EPIFANIA
Salmo 119.1-8; Deuteronômio 30.15-20; 1Coríntios 3.1-9;
Mateus 5.21-37
CONTEXTO
TEXTO
79
IGREJA LUTERANA
Conclusão – Você ouviu o que foi dito? Agradeça a Deus, isto é graça,
justificação, ação dele em nós. Você quer praticar o que ouviu? Agradeça
igualmente, isto é santificação – ação dele em nós! Não vamos mudar o
país inteiro? Não importa, este não é o objetivo principal. Mas sim, res-
ponder ao amor de Deus, amando ao nosso próximo. Para que ele também
conheça este amor, creia. E seja salvo.
80
SÉTIMO DOMINGO APÓS EPIFANIA
Salmo 119.33-40; Levítico 19.1-2,9-18; 1Coríntios 3.10-23;
Mateus 5.38-48
CONTEXTO
TEXTO
1. Lei de Moisés
Nós também queremos seguir a lei do talião, não costumamos dar ou-
vidos à palavra de Deus, queremos sempre devolver na mesma moeda.
Alguns exemplos da leitura do Evangelho, especialmente sobre o
perdão.
82
SÉTIMO DOMINGO APÓS EPIFANIA
Djosef Lambrecht
Xanxerê/SC
djosefhz@hotmail.com
83
OITAVO DOMINGO APÓS EPIFANIA
Salmo 115.(1-8) 9-18; Isaías 49.8-16a; 1 Coríntios 4.1-13;
Mateus 6.24-34
85
A TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR
Salmo 2.6-12; Êxodo 24.8-18; 2Pedro 1.16-21; Mateus 17.1-9
87
IGREJA LUTERANA
Marcos Schmidt
Novo Hamburgo/RS
marsch@terra.com.br
88
QUARTA-FEIRA DE CINZAS
Salmo 51; Joel 2.12-19; 2Coríntios 5.20b-6.10; Mateus 6.1-6, 16-21
CONTEXTO
LEITURAS
Salmo 51: O pecado é uma triste realidade que faz parte de toda
humanidade. O rei Davi sabia disso, por isso pede: “Apaga as minhas
transgressões, lava-me completamente da minha iniquidade e purifica-
me do meu pecado”.
É fato, todos somos pecadores, e a consequência maior é a morte eter-
na. Davi sabia disso, por isso diante do presente de Deus, que é o perdão,
a salvação (v.12), ele pode dizer: “Então ensinarei aos transgressores os
teus caminhos, e os pecadores se converterão a ti” (v.13). A ação é de
Deus. Diante desta ação – que é perdão, é salvação – Davi então faz.
Primeiro ele, Davi, ganha e depois ele pode fazer.
Deus” (v.21). Jesus Cristo é aquele que assume o nosso lugar. Ele pagou o
preço do nosso pecado. Ele cumpriu a lei em nosso lugar, e é ele, somente
ele, que nos faz justos diante de Deus. É por ele e por meio dele que nos
é dada a salvação, por ele somos feitos justos aos olhos de Deus.
Paulo reconhece os feitos, a graça que Deus concedeu a ele, e não
somente a ele, mas a todas as pessoas. O apóstolo Paulo vive essa graça.
Deus fez tudo por ele, deu tudo a ele e agora ele vive essa graça (2 Co
6.4-10).
O TEXTO
1
Lothar Coenen e Colin Brown. Dicionário Internacional de Teologia do NT, p. 1120.
2
Lothar Coenen e Colin Brown. Dicionário Internacional de Teologia do NT, p. 1123, 1124.
90
QUARTA-FEIRA DE CINZAS
SUGESTÃO DE ESBOÇO
91
PRIMEIRO DOMINGO NA QUARESMA
Salmo 32.1-7; Gênesis 3.1-21; Romanos 5.12-19; Mateus 4.1-11
TEXTOS
Mateus 4.1-11:
1. Contexto bíblico do texto
2. Narrativa; personagens; momento histórico.
93
IGREJA LUTERANA
ENCAMINHAMENTO HOMILÉTICO
94
PRIMEIRO DOMINGO NA QUARESMA
Matheus Schmidt
Santa Maria/RS
matheuschmidt@hotmail.com
95
SEGUNDO DOMINGO NA QUARESMA
Salmo 121; Gênesis 12.1-9; Romanos 4.1-8, 13-17; João 3.1-17
SALMO 121
GÊNESIS 12.1-9
E te abençoarei.
Geralmente a atenção do leitor deste episódio olha para o texto do
ponto de vista de Abraão. Em outras palavras, do ponto de vista do ser
humano como objeto da atenção de Deus. Em decorrência disso, a ten-
dência é fazer de Abraão alguém especial, uma pessoa destacada das
demais. Por fim, pode se tentar ver em Abraão alguma coisa especial, uma
qualidade, que tenha feito com que Deus o escolhesse. Nessa sequência,
fica mais difícil enquadrar nesse raciocínio a pessoa de Abraão tal como
ele aparece na narrativa.
Entretanto, a narrativa bíblica mostra um Abraão contraditório. Gene-
roso e cuidador dos seus e da sua família, como, por exemplo, ao cuidar
de Ló. Valente em defender o seu povo dos inimigos. Preocupado em
que Sodoma e Gomorra não sofram a punição de Deus. Por outro lado, o
vemos como homem medroso que não apresenta Sara como sua esposa
diante da autoridade no Egito. E, finalmente, a Escritura não descreve
SEGUNDO DOMINGO NA QUARESMA
nem indica o estado de espírito dele ao andar com Isaque ao monte onde
este seria sacrificado.
Como ele se torna bênção para as nações? Contraditório como é, por
que e como ele se tornaria em bênção? Para responder a essa pergunta,
precisamos tirar os olhos de Abraão e voltar o nosso olhar para aquele
que fez essa afirmação. Foi Deus quem pôs Abraão no centro da histó-
ria de Deus com o seu povo. Abraão desapareceria da história se Deus
não tivesse decidido que Abraão seria modelo para todos que precisam
de um Deus para confiar plenamente. O personagem não é Abraão. O
personagem é Deus como o Senhor que nos criou, nos amou, guiou e
protegeu assim como o fez com Abraão. O verdadeiro, o único, o Deus
em que se pode confiar quando precisamos confiar em alguém, quando
precisamos jogar o nosso destino e a nossa vida na mão de outro.
Abraão é uma bênção para nós na medida em que precisamos apren-
der a confiar neste Deus que confirmou a sua palavra, poupando Isaque
e todos os filhos dos homens para entregar por todos o seu próprio Filho
Jesus Cristo.
Por esta razão damos graças por Abraão que na sua experiência de
vida aponta para Deus. Assim, ele é a nossa bênção.
Ver Abraão e outros personagens bíblicos como heróis que não sen-
tem as fraquezas e mazelas do restante da humanidade é uma tendência
observável em muitos testemunhos de cristãos. Minimizar os problemas
e maximizar os acertos parece, por vezes, ser demonstração de respeito
e honra ao personagem bíblico.
O apóstolo Paulo vem na contramão desta tendência para dizer que
Abraão nada fez para receber de Deus a escolha, a bênção, a paternidade
histórica dos que são de Deus. Pois as obras de Abraão também são de
Deus. Abraão nada precisou fazer para receber a atenção e o cuidado de
Deus. Foi Deus quem decidiu escolher Abraão e acompanhá-lo passo a
passo em todos os caminhos por onde andou. Abraão somente lembrava
da promessa: “Tu serás uma bênção. Abençoarei os que te abençoarem
e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem”.
A ação, a obra é de Deus. O próprio Abraão é obra de Deus. Seu olhar
para a promessa e andar na promessa Paulo chama de “fé”. Os caminhos
tortuosos de Abraão Deus os endireitou. As escolhas de Abraão Deus as
santificou e fez redundar em bem. Abraão não apontava para si, mas para
um Deus que ele não via. Um Deus que ninguém jamais viu. Um Deus
não feito por mãos humanas. Um Deus que em vez de exigir, promete;
em vez de cobrar, santifica e abençoa quem nada fez por merecer a pro-
messa e a bênção.
97
IGREJA LUTERANA
JOÃO 3.1-17
98
SEGUNDO DOMINGO NA QUARESMA
Paulo P. Weirich
São Leopoldo/RS
weirich.proskep@gmail.com
99
TERCEIRO DOMINGO NA QUARESMA
Salmo 95.1.-9; Êxodo 17.1-7; Romanos 5.1-8;
João 4.5-26 (27-30, 39-42)
CONTEXTO LITÚRGICO
LEITURAS DO DIA
Romanos 5.1-8: Aqui Paulo nos mostra que Cristo foi à cruz exata-
mente para morrer pelo povo pecador, teimoso. Quem nisso se firma e
nisso confia é aceito por Deus e tem paz (v.1), tem a certeza de estar livre
da maldição eterna. E no v.8 Paulo escreve e nos mostra o quanto Deus
nos ama: Cristo (o Justo) morre para salvar os rebeldes, os teimosos.
Morre para nos salvar.
TERCEIRO DOMINGO APÓS EPIFANIA
CONTEXTO
101
IGREJA LUTERANA
PROPOSTA HOMILÉTICA
Introdução: Quantos dias você já passou sem água? Sem beber, sem
tomar banho, sem lavar as mãos, sem lavar roupa ou a louça? Vemos que
diariamente a água é indispensável.
Desenvolvimento:
a) A crise e a sede que o pecado traz. A falta de água é sinal de
desespero, boca seca, morte. A lei produz sede, leva ao inferno e
abate. Onde ter água?
b) Existem muitas fontes. Encontramos água suja e potável. Qual
utilizamos e para que fim? Tantas religiosidades prometem matar
a sede. Qual está apontando para o Senhor?
c) Quem mata a sede é o DOM de Deus. É Cristo. É gratuito. Ele mes-
mo se oferece a todos: seja samaritano, seja alemão, brasileiro,
pobre, rico, mulher, criança... Cristo, a Água da Vida, mata a sede
para sempre. O evangelho refresca, vivifica e leva ao céu.
102
TERCEIRO DOMINGO APÓS EPIFANIA
Leandro Born
Crissiumal/RS
leandro.born@bol.com.br
103
QUARTO DOMINGO NA QUARESMA
Salmo 142; Isaías 42.14-21; Efésios 5.8-14; João 9.1-41
ou João 9.1-7,13-17,34-39
LEITURAS
TEXTO
João 9.13-34: Um homem que era cego volta a enxergar. Tal fato,
sem dúvida, seria motivo de grande júbilo e de regozijo para qualquer
pessoa que tomasse conhecimento do mesmo. Bem, não para todas as
pessoas, porque os fariseus se preocupam em questionar o ex-cego com
as seguintes perguntas: De que maneira ele foi curado? Quem fez isso? A
cura havia sido realizada em um sábado? Se foi em um sábado, o homem
que realizou esta cura não podia ser de Deus. Sem dúvida, do Deus que
os fariseus conheciam por meio de suas leis e preceitos, não podia ser um
homem de Deus, pois para eles o importante era cumprir a lei, mesmo
que o cumprimento rígido da lei resultasse na perdição de alguém, ou que
alguém fosse deixado pelo caminho à beira da morte (como na parábola
do Filho Pródigo).
O homem curado não concorda, afinal se esse homem não fosse envia-
do por Deus, jamais poderia tê-lo curado. Sem dúvida, tal argumento era
105
IGREJA LUTERANA
PROPOSTA HOMILÉTICA
Rômulo S. Souza
São Gonçalo/RJ
rsluterano@yahoo.com.br
106
QUINTO DOMINGO NA QUARESMA
Salmo 130; Ezequiel 37.1-14; Romanos 8.1-11;
João 11.1-45 (46-53) ou João 11.17-27, 38-53
LEITURAS DO DIA
quem é, mostra todo o seu poder e poder sobre a morte. Mostra quem é
o Messias e pode de fato ser o nosso salvador.
Histórico: Jesus havia pregado, e a pregação dele não agradou alguns
dos judeus, que quiseram matá-lo. Depois disso, ele havia se retirado para
a Pereia, a leste do Jordão, perto de Jerusalém. Mesmo estando lá, teve
notícias de seu amigo Lázaro. Nesse momento da narrativa, os judeus já
estão tramando para matá-lo. Veremos que depois que Jesus realiza o
milagre, alguns fariseus conspiram para tirar a vida dele.
O TEXTO
João 11.1-45 é um texto que parece estranho, pois Jesus sabe que
Lázaro, seu querido amigo, está doente (v.3). Mesmo assim, ele espera
por dois dias para decidir ir até lá, chegando quatro dias depois. Impor-
tante notar que Jesus já diz no início da narrativa que o resultado dessa
doença seria que revelaria o seu poder (v.4). Nem sempre entendemos
os desígnios de Deus. Ver também João 9.3.
Vv. 6,7: As irmãs se preocupam com a demora de Jesus. Se ele tivesse
vindo logo, isso poderia não ter acontecido, Lázaro ainda poderia estar
vivo. Elas não confiam totalmente, ficam com um pé atrás.
Vv. 9,10: Jesus quer mostrar que enquanto não chega a hora esti-
pulada pelo Pai, ele irá trabalhar, pois irá chegar o momento em que ele
não estará mais andando com eles. Ele também não precisa temer os
judeus, porque não poderiam matá-lo enquanto o dia que o Pai estipulou
não tivesse chegado. Vemos mais uma vez que Cristo vai morrer porque
ele quer, porque ele sabe a consequência da sua morte e ressurreição
(nossa salvação). Ele não morreu porque não conseguiu vencer os que o
queriam morto.
Vv. 14,15: Jesus dá a entender que se ele estivesse lá, Lázaro não teria
morrido. Mas foi melhor ele morrer, pois agora os discípulos verão uma
grande manifestação da glória de Deus. Ele já havia afirmado no início
que aquela doença era para a glorificação do Filho (v.4).
V. 17: Se Lázaro estava sepultado havia quatro dias, então ele mor-
reu logo após Jesus receber a notícia de que ele estava doente. Pois de
onde Jesus estava até Betânia era a distância de um dia, ele ficou dois
dias lá.
Quando Jesus chegou lá, falou com Maria e Marta. Maria reconheceu
que Jesus é o Messias. Jesus falou belas palavras de consolo para elas e
para nós também: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim,
ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim nunca morrerá”
(v.25). Nada pode ser tão consolador. Mesmo que tudo acabe aqui, ainda
assim temos a vida eterna.
108
QUINTO DOMINGO NA QUARESMA
PROPOSTA HOMILÉTICA
109
DOMINGO DE RAMOS
Salmo 118. 19-29 ou Salmo 31.9-16; Isaías 50.4-9a;
Filipenses 2.5-11; Mateus 26.1-27,66 ou Mateus 27.11-66
[ou Mt 21.1-11] ou João 12.20-43
CONTEXTO
LEITURAS
reis. “Adornai a festa com ramos” (v. 27), sendo esta festa marcada com
os ramos estendidos diante de Jesus. “Este é o dia que o Senhor fez” (v.
24). Provavelmente uma profecia referindo-se ao dia do Senhor, o dia da
ressurreição, no qual a vitória de Cristo seria declarada. “A pedra que os
construtores rejeitaram” (v. 22), referência clara às autoridades religiosas
de Israel que rejeitaram o Messias, a principal pedra da construção do
reino de Deus.
TEXTO DA MENSAGEM
111
IGREJA LUTERANA
112
DOMINGO DE RAMOS
SUGESTÃO HOMILÉTICA
Valci Sering
Andreazza/RO
vsering@uol.com.br
113
QUINTA-FEIRA SANTA
Salmo 116.12-19; Êxodo 24.3-11; Hebreus 9.11-22; Mateus 26.17-30
ÊNFASES E ANÁLISE
Páscoa, Pásxa.
A Páscoa do Antigo Testamento aponta para a Páscoa do Novo Testa-
mento, a libertação que seria realizada pelo Messias. Nesta ceia pascal, o
Mestre Jesus revela aos seus discípulos quem seria o traidor (v.23). Depois
institui o sacramento da Santa Ceia, na qual oferece aos que nele creem,
junto com o pão e o vinho, seu corpo e sangue, como selo da remissão
dos pecados adquirido na cruz. Cristo, ao instituir a Santa Ceia, mostrou
que o seu sacrifício foi de doação pelo pecador. E que estaria na vida dos
seus, nos sofrimentos e angústias deles bem como intercederia por eles
junto ao Pai (João 17). Pois o Senhor, nosso Criador e Redentor, depois da
última ceia, quando está para começar sua amarga paixão e morte pelos
nossos pecados, entregou este sacramento como consolo para corações
angustiados e união dos cristãos com Cristo e de uns para com os outros.
Jesus é o verdadeiro Cordeiro Pascal dos pecadores. Seu sangue tira os
pecados do mundo (Jo 1.29, 1Jo 1.7). A cada celebração da Santa Ceia,
nosso Senhor, que foi morto, mas vitoriosamente ressuscitou, nos abraça
pessoalmente com o seu próprio corpo e sangue que preservam nossa
vida em seu novo corpo, a igreja.
115
IGREJA LUTERANA
Assunto: Jesus quis comemorar sua última Páscoa com os seus dis-
cípulos e, naquele momento, institui a Santa Ceia, a nova aliança entre
Deus e a humanidade. É uma aliança baseada no amor, na misericórdia,
na graça e no perdão de Cristo.
Disposição:
1. Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
a. O seu sangue é a garantia da validade da nova aliança.
b. Temos a promessa de que onde pão é comido e vinho bebido em
sua memória, ele está presente com o seu corpo e seu sangue,
concedendo perdão, vida e salvação.
c. A Santa Ceia é alimento para vida eterna.
d. Haverá uma última ceia bem-aventurada na casa do Pai, onde
estaremos com ele em eterna comunhão.
Volmar Herbertz
Congregação São Lucas – Novo Hamburgo/RS
volmarhtz@bol.com.br
116
SEXTA-FEIRA SANTA
Salmo 22 ou Salmo 31; Isaías 52.13-53.12; Hebreus 4.14-16; 5.7-9;
João 18.1-19,42 ou João 19.17-30
CONTEXTO
na sua grande obra salvadora, em seu grande amor por nós. Nem a morte
o pôde deter. A última palavra sobre a Sexta-Feira Santa está no Domingo
de Páscoa com a ressurreição do Senhor.
TEXTOS BÍBLICOS
118
SEXTA-FEIRA SANTA
USO HOMILÉTICO
119
IGREJA LUTERANA
A cabeça
A meditação começa com o fixar dos olhos à cabeça coroada de Jesus.
Canta-se a estrofe 1 do hino Ó fronte ensanguentada:
Sua face
A meditação muda para a face e os olhos do Senhor crucificado. Canta-
se a estrofe 2 do hino Ó fronte ensanguentada:
Os ombros (a troca)
A meditação volta-se para a vida na troca que Jesus faz ou os ombros
que suportam um fardo pesado. Ele toma o nosso pecado e recebemos a
justiça dele. Aqui Gerhard é um verdadeiro pregador e evangelista. Canta-
se a estrofe 3 e 4 do hino Ó fronte ensanguentada:
120
SEXTA-FEIRA SANTA
Seus pés
Vamos às feridas dos pés. Por nossa causa Jesus andou pelo caminho
da cruz, todo o caminho para a final e perfeita salvação. Ele não começou
a amar e desistiu em seguida. Ele amou até o fim. Canta-se a estrofe 6
do hino Ó fronte ensanguentada:
Sua morte
Corpo e alma padecem. A cautela não só nos ataca às vezes, mas
a presença da morte, a sombra do vale da morte é “morte à porta”. O
padecimento vem em forma de morte de sonhos, fome de esperança,
negligências em cuidar das necessidades internas, irritações por causa do
trabalho, problemas com os filhos e pais ou esposas, uma fadiga depois
de um longo sacrifício, o chamado pelo Salvador em sua angústia é para
que ele conquiste as nossas também.
121
IGREJA LUTERANA
122
SÁBADO DE ALELUIA
Salmo 16; Daniel 6.1-24; 1Pedro 4.1-8; Mateus 27.57-66
OS TEXTOS
O SÁBADO DE ALELUIA
124
SÁBADO DE ALELUIA
SUGESTÃO
2.
- saber que estas promessas são válidas;
- a morte leva o cristão para uma eterna vida com Deus;
- não há motivos para ter medo.
3.
- confie em Deus, o Senhor;
- Davi, Daniel e Paulo confiaram até à morte;
- nós também podemos confiar na obra salvadora de Cristo.
125
RESSURREIÇÃO DE NOSSO SENHOR
Salmo 16; Atos 10.34-43; Colossenses 3.1-4; Mateus 28.1-10
CONTEXTO LITÚRGICO
OS TEXTOS
Ideia central
Salmo 16: As palavras escritas por Davi, divinamente inspiradas pelo
Espírito Santo, nos levam ao Salvador Jesus. Dando destaque aos versí-
culos 10 e 11, Davi sabia que a obra do Santo de Deus venceria a morte.
Em Atos 2.31 o apóstolo Pedro cita a confiança de Davi na ressurreição.
Porque Jesus vive, nossa alma não ficará na morte.
Atos 10.34-43: Pedro está pregando para seus companheiros de mis-
são. Sua ênfase está no poder de Deus em salvar pessoas, não importando
a nacionalidade, face, forma ou aspecto exterior. Eles são testemunhas do
Cristo benfeitor da humanidade e, principalmente, do Cristo que “comeu
e bebeu” na presença deles depois da ressurreição. Assim, o centro da
pregação e do testemunho deles é o nome de Cristo, pois “todo aquele
que nele crê recebe remissão dos pecados”.
Mateus 28.1-10: A ressurreição de Jesus é a prova final do pleno
perdão oferecido por Deus através de seu Filho em favor da humanida-
RESSURREIÇÃO DE NOSSO SENHOR
de. Quando Deus executa sua vontade para salvar os pecadores, não há
quem o impeça.
Colossenses 3.1-4: O fundamento de todo cristianismo está na res-
surreição de Cristo, pois somos ressuscitados com ele para uma vida com
Deus. Através da fé temos plena comunhão com Cristo, o que nos leva a
uma nova vida guiada pela vontade de Deus e não mais pelo pecado. Por
isso os cristãos buscam as coisas de Deus.
Ideias comuns
A ressurreição é o mais doce evangelho para o ser humano. Já podemos
experimentá-la nesta vida, tendo em vista que no último dia nossa alma
não ficará na morte, mas ressuscitará para a vida eterna.
Ênfase teológica
Com nosso pecado, morremos com Cristo. Para uma nova vida, res-
surgimos com Cristo.
127
IGREJA LUTERANA
ENCAMINHAMENTO HOMILÉTICO
Lei e evangelho
Lei: Quando falamos de ressurreição, é até difícil apontar a lei. Mas,
sem ela, a ressurreição se torna um “platonismo”, pois dizemos corre-
tamente que a ressurreição é a nova vida pela qual Deus nos levanta,
no batismo, a fim de vivermos conforme sua santa palavra. Porém, esse
“levantar-se” deve ser bem entendido, assim como o “morrer” para o
pecado. A Apologia da Confissão chama esse processo de mortificação e
vivificação, que são as duas partes da conversão do homem. A mortificação
da carne, que Paulo em Colossenses 2.11 chama de “despojamento do
corpo da carne”, não é uma transformação simulada, mas é verdadeira-
mente o terror da consciência, agonizante, que o homem naturalmente
é incapaz de suportar. “Nesses padecimentos a concupiscência natural é
expurgada”.1 É lógico que a lei posta sobre o pecado é sentida em nosso
corpo natural (pecador). Explicando sobre o batismo no Catecismo Maior,
Lutero diz que o velho homem é o que nos é inato desde Adão. A ira, o
ódio, a inveja, a infidelidade, a avareza, a preguiça, a soberba, a incredu-
lidade e os mais diversos vícios devem ser afogados na água do batismo.
Portanto, morrer para o pecado é um morrer verdadeiro, já provado em
nosso corpo mortal, traspassado na morte real de Cristo.
1
LIVRO DE CONCÓRDIA. Apologia da Confissão, artigo XII, Do arrependimento, p. 198.
128
RESSURREIÇÃO DE NOSSO SENHOR
Objetivo do texto:
A ressurreição é a fonte da nova vida em Cristo.
Tema:
Não temais!
129
SEGUNDO DOMINGO DE PÁSCOA
Salmo 148; Atos 5.29-42; 1Pedro 1.3-9; João 20.19-31
LEITURAS DO DIA
nada ou muito pouco haviam feito para modificar aquela execução. Mes-
mo com as mulheres trazendo a notícia de que Jesus havia ressuscitado,
continuaram mergulhados na angústia, na desesperança, no medo e, por
isso, com falta de paz. Essa perícope nos leva ao período intermediário
no cumprimento da promessa que Jesus havia feito a seus discípulos:
“Eis que subimos para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue
aos principais sacerdotes e aos escribas; condená-lo-ão à morte e o
entregarão aos gentios; hão de escarnecê-lo, cuspir nele, açoitá-lo e
matá-lo; mas, depois de três dias, ressuscitará” (Mc 10.33,34). Grande
parte dessa promessa havia se concretizado, a chegada a Jerusalém, a
prisão, o sofrimento e a morte. Temos, então, uma breve visão do que
seria dos discípulos e de todos os cristãos, caso a ressurreição não se
tornasse um fato. Os discípulos, escondidos naquele lugar são a clara
imagem daquilo que o apóstolo Paulo expressa em 1Co 15.19: “Se a
nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais
infelizes de todos os homens”. Pela graça de Deus, o desfecho “daquele
dia” torna aqueles homens e todos que creem em Jesus Cristo as pessoas
mais felizes do mundo.
O TEXTO
V. 19: “Daquele dia” indica o mesmo dia em que Jesus apareceu a Maria
Madalena, o primeiro dia da semana, o domingo da ressurreição. O termo
grego usado para descrever o medo dos discípulos (phóbon) sugere um
grande terror. Um temor de que os judeus fizessem com eles o que haviam
feito com seu mestre. A paz é desejada em claro contraste ao medo.
V. 20: Jesus demonstra que não tinha havido nenhuma substituição,
aquele que estava ali era o mesmo homem que havia sido pregado na
cruz e ferido pela lança. Em contraste com o profundo medo causado pela
morte, está a extrema alegria pela ressurreição.
Vv. 21-23: Jesus havia orado: “Assim como tu me enviaste ao mundo,
também eu os enviei ao mundo” (Jo 17.18). Agora, ele vem concretizar
isso. Assim como Jesus recebeu o Espírito Santo para o desempenho da
sua missão (1.32-34;3.34), eles agora também o recebem com a mesma
finalidade. Este mesmo Espírito deve ser o guia e orientador no cumpri-
mento do Ofício das Chaves.
Vv. 24,25: Podemos supor que Tomé talvez fosse uma daquelas pes-
soas que em momentos de grande tristeza e pesar prefere se isolar a
permanecer com um grupo, por isso “não estava com eles quando veio
Jesus”. Quanto à sua dúvida, João 14.5 já nos apresenta o caráter um
pouco pessimista de Tomé, mas isso não faz dele alguém pior do que os
outros que da mesma forma só perderam o medo depois de ver.
131
IGREJA LUTERANA
Vv. 26-29: A evidência de que Jesus estava vivo não tem efeito dife-
rente ou menor porque Tomé primeiramente não creu. A fé que o salva
e a alegria que o toma são as mesmas dos outros discípulos, inclusive
daqueles que não viram (v.29). A confissão de Tomé fortalece o prólogo
ao evangelho: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e
o Verbo era Deus. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de
graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do
Pai” (Jo 1.1,14).
Vv. 30,31: Os evangelhos não são biografias. Pelo menos não no sen-
tido de expor tudo o que Jesus fez. O objetivo do evangelho é verificado
e confirmado por Paulo: “[...] também vós, depois que ouvistes a palavra
da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido,
fostes selados com o Santo Espírito da promessa” (Ef 1.13).
REFLEXÕES TEOLÓGICAS
132
SEGUNDO DOMINGO DE PÁSCOA
c. Aquele que cumpriu e cumpre o que prometeu nos enche com a sua
paz, uma paz que nos acompanha em todo o nosso viver, mesmo
em meio às piores aflições. É com a paz de Cristo que devem ser
despedidos aqueles que vão à casa do Senhor ouvir o sermão.
14.27,28: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou
como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se ate-
morize. Ouvistes que eu vos disse: vou e volto para junto de vós.
Se me amásseis alegrar-vos-íeis de que eu vá para o Pai, pois o
Pai é maior do que eu”.
20.21a: “Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco!”
SUGESTÃO HOMILÉTICA
Jonas Pause
Dourados/MS
jonaspause@hotmail.com
133
TERCEIRO DOMINGO DE PÁSCOA
Salmo 116.1-14; Atos 2.14a, 36-41; 1 Pedro 1.17-25; Lucas 24.13-35
CONTEXTO
TEXTOS
foram conduzidos para uma nova vida. Esse texto mostra que o evangelho
tem poder de conduzir ao arrependimento e à fé. Mostra também como os
apóstolos pregavam claramente lei e evangelho e como o Espírito Santo
operava por essa pregação.
1Pedro 1.17-25: Os cristãos invocam Deus como seu Pai, levam a
ele todos os seus pedidos porque ele é seu Pai por causa de Cristo. O
apóstolo menciona o motivo básico para uma vida de santificação: “[...]
sabendo que fostes resgatados, não com coisas corruptíveis, com prata
ou ouro, de vossa vã conduta que por tradição vos foi transmitida, mas
com o precioso sangue de Cristo, como um cordeiro sem defeito e sem
mácula”. Temos aqui um lembrete do grande e decisivo fato da salvação,
o qual é a influência individual mais forte na vida dos cristãos. A vida in-
teira de todos os infiéis, por natureza de todas as pessoas, é uma vida de
escravidão vergonhosa e terrível sob o poder do pecado, sendo que todos
os pensamentos, palavras e atos dessas pessoas são vãos, sem sentido
no que diz respeito à vida espiritual. Os cristãos foram redimidos desta
escravidão porque aceitaram o fato do pagamento da remissão através
do sangue de Cristo. Exatamente tão sério como o apóstolo enfatizou a
necessidade da fé e duma confiança inabalável em Deus, tão fortemente
também ressalta a necessidade do amor cristão: “Tendo vossos corações
purificados na obediência à verdade ao amor sincero aos irmãos, amai-vos
de coração uns aos outros”. A característica da fé é que ela é obediente à
verdade do evangelho. Essa obediência dos cristãos purificou seus corações
do antigo egoísmo, do amor natural de si mesmo. Agora são capazes e
estão dispostos para mostrar amor real, genuíno e sincero, sem qualquer
traço de hipocrisia ou fingimento.
Lucas 24.13-35: “Dois deles”, não dos apóstolos, mas do conjunto
maior de discípulos caminham para Emaús. Emaús era uma vila que ficava
a noroeste de Jerusalém, sendo toda a distância uns onze quilômetros. Os
dois homens conversavam sobre todas as coisas que haviam ocorrido nos
últimos dias em Jerusalém, isto é, em todos os acontecimentos que lá se
tornaram públicos. E, enquanto assim prosseguiam em seu caminho, total-
mente pensativos do que os rodeava, o próprio Jesus decidiu caminhar com
eles. Os olhos deles, porém, estavam contidos, isto é, estavam impedidos
de reconhecer seu Senhor. Os dois discípulos enxergaram em Jesus só um
companheiro de viagem, e todo o procedimento dele tendia a confirmar
esta ideia. Inquiriu deles, de modo muito casual, quanto aos assuntos so-
bre os quais estavam trocando ideias pelo caminho afora, e sobre os quais
estavam tão preocupados. Eles pararam para encarar o recém-chegado, e
seus rostos registravam a dor profunda que enchia seus corações.
E quando Jesus, para levá-los a uma maior franqueza, interpelou sur-
preso: “Que coisas?”, então os dois homens, de modo muito mais vivo,
lhe expuseram a causa de toda sua preocupante conversa. Toda esta ex-
135
IGREJA LUTERANA
136
TERCEIRO DOMINGO DE PÁSCOA
palavras de Jesus que lhes falara pelo caminho. Cheios de ansiosa alegria,
repartiram um com o outro sua experiência. É uma palavra impressionan-
te: seus corações lhes ardiam no peito. “Seus corações lhes começaram a
queimar enquanto o estranho expunha a Escritura, e persistiram a quei-
mar enquanto ele prosseguia, inflamando-se com cada palavra sempre
mais.” O Senhor lhes abrira totalmente as Escrituras em seu discurso
pelo caminho. Agora se conscientizaram de que as antigas profecias lhes
haviam sido um livro selado e fechado. Mas agora este lhes fora aberto,
e conheciam alguns de seus maravilhosos tesouros e belezas. A alegria
destes homens não lhes permitiu que descansassem em Emaús. Mesmo
que já fosse passado das seis horas, eles se ergueram imediatamente da
refeição; foram depressa a Jerusalém e se sentiram constrangidos para
levar a boa nova aos demais.
Introdução
Em nossos dias é comum ouvir que as pessoas se sentem sozinhas,
sentem a falta de alguém para conversar, sentem a falta de alguém que
sente ao seu lado para juntos tomar um chimarrão, um cafezinho. É es-
tranho ouvir isso, pois vivemos cercados de pessoas por todos os lados.
O problema é que as pessoas, em sua maioria, estão tão preocupadas
consigo mesmas que não olham para o lado.
137
IGREJA LUTERANA
Conclusão
Na caminhada aqui neste mundo não estamos sozinhos. Há alguém que
nos acompanha a cada segundo de nossas vidas. Mesmo que por vezes pa-
reça que estamos abandonados em meio à multidão, podemos ter a certeza
que Cristo vem ao nosso encontro, se aproxima de nós e caminha ao
nosso lado. Os discípulos no caminho de Emaús demoraram a perceber
que aquele com quem falavam era Jesus, ressuscitado. Que aquele que
perguntava: O que vos preocupa? era o seu mestre que estava ali para
consolá-los e fortalecê-los na fé. Por vezes o pecado nos fecha os olhos; as
preocupações são tantas que não conseguimos ver que Jesus está ali, bem
perto de nós, querendo consolar e amparar. Graças a Deus que Cristo não
desiste de nós e sempre de novo se aproxima, a cada dia, para ali ficar e
caminhar conosco. Pois sem Cristo ao nosso lado não sobreviveríamos
nem um segundo sequer. Se vivemos, isso é graça de Deus.
BIBLIOGRAFIA
138
QUARTO DOMINGO DE PÁSCOA
Salmo 23; Atos 2.42-47; 1Pedro 2.19-45; João 10.1-10
CONTEXTO LITÚRGICO
PANO DE FUNDO
ANÁLISE DO TEXTO
Tendo como pano de fundo este Davi pastor de ovelhas e pastor com
sua reputação manchada, mas que foi acolhido na graça de Deus, então
o Salmo 23 ganha mais peso e profundidade para nós pastores e para as
ovelhas que Jesus nos confiou.
IGREJA LUTERANA
140
QUARTO DOMINGO DE PÁSCOA
PROPOSTA HOMILÉTICA
Miquéias Eller
Ariquemes/RO
miqueiaseller@yahoo.com.br
141
QUINTO DOMINGO DE PÁSCOA
Salmo 146; Atos 6.1-9; 7.2a, 51-60; 1Pedro 2.2-10; João 14.1-14
CONTEXTO LITÚRGICO
A Páscoa é o ponto alto dos atos de governo de Deus. Deus que proje-
tou, executou, organizou, legislou, e que, com justiça, uma vez comprovada
a afronta à soberania de seu governar, decretou ordem para condenação,
agora revoga essa ordem. A morte já era prevista como decorrência de uma
suposta desobediência. Logo, executar a morte obedece à lei e à ordem
estabelecidas por ele. A Páscoa, neste sentido, é um ato de governo, um
decreto muito maior, pois contraria o seu primeiro regime de justiça. Daí
se segue tudo novo. Nova criação. Novas criaturas. Nova aliança. Novo
relacionamento Criador x criatura. Ou seja, novo regime de governo. Não
mais “o salário do pecado é a morte”, mas sim “onde está, ó morte, o teu
aguilhão?”. Esta é a maravilha da Páscoa, que põe júbilo e alegria onde
havia dor e tristeza. Que anistia completamente o antes condenado ser
humano, dando-lhe benefícios, cuidados, enfim: misericórdia. O lugar
preparado por Jesus é um prêmio para uma, antes rebelde, mas agora
reconciliada humanidade com o seu Deus.
OS TEXTOS
Atos 6.1-9; 7.2a, 51-60: Para exercer o seu governar, Deus vale-se de
instrumentos. Interessante é que Estêvão serviu mais que as mesas (v.2),
QUINTO DOMINGO DE PÁSCOA
ele serviu também às almas (v.8). Ligação direta com o próximo texto que
trata da função espiritual do discipulado (1 Pe 2.9). Outro, dentre estes
sete, que se destacou também na evangelização e que foi escolhido no
mesmo momento foi Filipe (At 8.8-40). A imposição de mãos (v.6) talvez
tenha feito mais que apenas conferir autoridade para exercer um cargo.
Pena que não lemos o v. 10, onde nos é apresentado o atuar do Espírito
Santo em Estêvão, usando-o como instrumento para testemunho; esse
aspecto aparece em 7.55. O fim da perícope nos apresenta o primeiro
mártir (Estêvão) e também um membro especial do Conselho Superior,
Saulo. A atuação de Saulo na morte de Estêvão não foi meramente a de
um espectador, tanto que a imagem de seu sangue não lhe deixou a me-
mória (At 20.22). Por um lado a dura cerviz (v. 51), por outro a contínua
insistência misericordiosa de Deus para, a seu tempo e à sua maneira,
converter o coração ao evangelho (Atos 9).
143
IGREJA LUTERANA
eu vou para junto do Pai” (v.12). A ida de Cristo gera uma multiplicidade
de pequenos cristos e, assim, pequenos instrumentos do Pai a realizar as
suas obras. Em Cristo inaugura-se um contato novo com o Pai. A Páscoa
marca esse promulgar, esse autorizar de relação entre os incontáveis da
humanidade que creem com o seu Deus. Interessante é esse “pedir em
meu nome” (vv.13 e 14) e a afirmação “farei”, um contraste com João
16.23, onde o Pai é quem fará. Essa relação reforça a unidade de Jesus
Cristo com o Pai, já que eles são um, e que as obras de Cristo são obras
do Pai, ou, as obras do Pai se mostram em Cristo. Sendo assim, o uso do
me ajuda na indicação da unidade e até habilita as orações direcionadas
ao Senhor Jesus, não somente a Deus Pai.
144
QUINTO DOMINGO DE PÁSCOA
SUGESTÃO
Ondiekson F. Lenke
Realengo/RJ
lenke.lenke@bol.com.br
145
SEXTO DOMINGO DE PÁSCOA
Salmo 66.8-20; Atos 17.16-31; 1Pedro 3.13-22; João 14.15-21
LEITURAS
147
IGREJA LUTERANA
148
SEXTO DOMINGO DE PÁSCOA
quem são aqueles espíritos aos quais Jesus prega, nem o que Jesus lhes
pregou, tampouco o que estava querendo dizer com “prisão”.
149
ASCENSÃO
Salmo 47; Atos 1.1-11; Efésios 1.15-23; Lucas 24.44-53
151
IGREJA LUTERANA
ESBOÇO
Desenvolvimento
1. A contextualização do momento
2. O diálogo com os discípulos
3. A partida e as advertências de esperar o Espírito Santo.
4. A importância da hora certa para todas as coisas.
5. A partida e a alegria da promessa do retorno.
152
SÉTIMO DOMINGO DE PÁSCOA
Salmo 68.1-10; Atos 1.12-26; 1 Pedro 4.12-19;5.6-11; João 17.1-11
154
SÉTIMO DOMINGO DE PÁSCOA
PROPOSTA HOMILÉTICA
1. Se não orarmos por unidade, demonstramos que ele não está em nós?
Crer ou não crer. É fácil assim definir meu estado de ser cristão? Claro
que não, não sondamos os corações. Mas somos levados a refletir e colocar
em prática em nossa vida a oração. E por que não orarmos pela nossa
unidade em Cristo e com o nosso próximo? Claro que o pecado, o mundo
e a nossa própria carne tentam nos separar desta ferramenta preciosa
para a nossa vida e a vida do próximo, que é a oração.
155
DOMINGO DE PENTECOSTES
Salmo 25.1-15; Joel 2.28-32; Atos 2.1-21; João 7.37-39
CONTEXTO LITÚRGICO
LEITURAS DO DIA
Salmo 25.1-15: Salmo escrito por Davi, que nos fala da vida que é
guiada pelo Senhor. Especialmente neste domingo de Pentecostes, onde
lembramos que é Deus Espírito Santo que habita em nós e nos guia pelo
caminho da verdade e da salvação (25.4,5). O salmista ainda pede que
Deus tenha misericórdia e que não lembre dos seus pecados (25.7). É
Deus quem aponta o caminho certo para seguirmos (25.8,12) e guia o
cristão no caminho da justiça e da verdade (25.9,10).
DOMINGO DE PENTECOSTES
V. 37: “O último dia da festa”. A festa que Lucas cita aqui era a festa
de Pentecostes. Ela era celebrada anteriormente pelo povo judeu e tam-
bém era conhecida como “Festa das Semanas ou das Primícias”. O povo
judeu também relembrava assim os anos no deserto, onde matar a sede
157
IGREJA LUTERANA
158
DOMINGO DE PENTECOSTES
SUGESTÃO HOMILÉTICA
O ser humano vive na seca espiritual desde a queda em pecado. Ele
já nasce sedento espiritualmente e, geralmente, vive sua vida inteira em
busca de algo para saciar essa sua sede. Sozinho, por suas próprias forças,
o ser humano não consegue encontrar o caminho para a verdadeira fonte
de água viva – Cristo Jesus. Somente através da ação do Espírito Santo,
pelos meios da graça, palavra e sacramentos, o ser humano encontra a
verdadeira fonte de água viva.
Através da ação do Espírito Santo em nossas vidas, passamos de
recebedores da água viva para recipientes da água viva. Mas será que é
possível obter “água viva” de recipientes secos e disformes? Para o Espírito
de Deus tudo é possível!
Mas como isso é possível? Quem sou eu? Um pobre e miserável pe-
cador! Sim, mas essa não é toda a verdade. Também sou um pecador
perdoado, um pecador lavado e regenerado diariamente nas águas do
batismo. A água que flui tem sua força, não do recipiente em si, mas em
Jesus. A água que colocamos para fora depende das chuvas de bênçãos
que Deus faz descer dos céus – em sua Palavra e sacramentos. Em Cris-
to, não precisamos continuar como recipientes secos e disformes – feias
criaturas. Cristo nos transforma, as coisas antigas passam e eis que se
fazem novas.
No Pentecostes, rios de água viva fluíram dos apóstolos, que anuncia-
ram a mensagem de Deus para pessoas de diferentes lugares e nas mais
diversas línguas. Deus fez com que mais de três mil pessoas aceitassem a
mensagem da salvação e fossem batizadas. Através da proclamação da sua
palavra, o Espírito Santo ainda faz com que hoje muitas pessoas venham
a receber da água da vida. Ele usa cada um de nós como proclamadores
desta palavra de onde fluem rios de água viva.
159
FESTA DE SANTA MARIA, MÃE DO SENHOR
Salmo 45.10-17; Isaías 61.7-11; Gálatas 4.4-7; Lucas 1.(39-45) 46-55
CONTEXTO LITÚRGICO
A Festa de Santa Maria comemora a “dormição” da Virgem Maria, isto
é, seu adormecer na morte e, seguramente, na fé em Cristo. A celebração
do dia 15 de agosto surgiu no Oriente por volta do séc. V, confirmando
uma antiga tradição da igreja. Por mais que seja uma festa em lembrança
de Maria, em última instância, é uma festa cristocêntrica.
LEITURAS
Salmo 45.10-17: O salmista dá conselho a uma mulher a qual chama
de filha e na última estrofe afirma: “O teu nome, eu o farei celebrado de
geração a geração, e, assim, os povos te louvarão para todo o sempre”.
Gálatas 4.4-7: O apóstolo Paulo escreve acerca da encarnação de
Cristo: “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nas-
cido de mulher, nascido sob a lei”.
Lucas 1.(39-45) 46-55: Na perícope, temos dois relatos importantes:
1. Visita que a bem-aventurada Maria fez a Isabel; 2. Magnificat.
PRÓPRIOS DO DIA
Introito: O introito é uma ação de graças pela ação de Deus, pelo seu
constante auxílio e amparo.
Coleta do dia: A coleta pede para que todos os que foram redimidos
pelo sangue de Cristo possam ser reunidos com ela na glória eterna.
Gradual: O salmo utilizado como gradual é 45.13-14 e pinta um quadro
de uma princesa que, ornada, é levado ao rei.
Verso: O verso é parte do Magnificat, onde se enfatiza o anúncio da
grandeza de Deus, pois a alma de Maria está repleta de alegria por causa
do Criador.
Prefácio próprio: Se a celebração for dentro de um culto eucarístico,
o pastor tem duas possibilidades dentro do livro de liturgia1: 1) Prefácio
próprio “Anunciação do Senhor, A visitação e Santa Maria, Mãe do Senhor”;
2) Prefácio intitulado “Dia de Todos os Santos”.
1
Comissão de Culto da IELB. Culto luterano: liturgias. Porto Alegre: Concórdia Editora,
2010. p . 27 e 46.
FESTA DE SANTA MARIA, MÃE DO SENHOR
ESTUDO DO TEXTO2
A perícope é composta de dois blocos: 1.A visita de Maria e 2. O cântico
de Maria. A opção é pelo texto expandido, pois não envolve somente o
cântico de Maria, o Magnificat, mas também a visita que a bem-aventurada
mãe do Senhor fez à sua prima Isabel. Arthur Just, em seu comentário
sobre Lucas, afirma que as duas partes, 39-45 e 46-55, formam uma
unidade.
MAGNIFICAT
O Magnificat pode ser dividido em duas estrofes: 1) 1.46b–49 re-
flete a ação poderosa de Deus sobre Maria e sua resposta de louvor e
agradecimento; 2) 1.50-55 é o cumprimento das promessas feitas por
Deus para seu povo.
Na primeira estrofe, Maria agradece a Deus que a contemplou. E ela
ser lembrada por que Deus, o todo-poderoso, fez grandes coisas. Este o
real motivo que é ela é bem-aventurada, pois Deus fez grandes e mara-
vilhosas coisas: “Porque contemplou na humildade da sua serva. Pois,
desde agora, todas as gerações me considerarão bem-aventurada”.
Em Lucas 11.27 temos um relato de alguém que enaltece o ventre e
os seios que amamentaram Jesus. Jesus responde que abençoados são
aqueles que ouvem a palavra de Deus e a guardam. E Maria foi essa
2
JUST JR., Arthur A. Luke 1.1-9:50. A Theological Exposition of Sacred Scripture.
Saint Louis: Concordia Publishing House, 2001. p.72-87.
161
IGREJA LUTERANA
pessoa. Ela ouviu e guardou as promessas. Segundo Just, ela foi a pri-
meira catecúmena. Ela foi a primeira cristã na nova aliança.
A ênfase da segunda estrofe está no cumprimento das promessas
feitas ao povo de Deus: a favor de Abraão e sua descendência. Ou seja,
descreve a salvação de Deus em favor de Israel. O centro desta segunda
estrofe está na palavra “misericórdia”. Por esta misericórdia Deus age.
MAGNIFICAT DE LUTERO3
Neste texto, Lutero escreve sobre o Cântico de Maria e o dedica ao
Duque João Frederico. Lutero chama atenção para três aspectos impor-
tantes:
1. Maria como expressão de vida a partir do Espírito Santo.
2. Como exemplo da graça de Deus.
3. Exemplo do agir de Deus na história.
3
LUTERO, Martinho. O Magnificat. In Obras Selecionadas, v. 6
162
FESTA DE SANTA MARIA, MÃE DO SENHOR
4
KINNAMAN, Scott A. (Ed.). Treasury of Daily Prayer. Saint Louis: Concordia Publishing
House, 2009. p. 625-626.
163
IGREJA LUTERANA
ASPECTOS HOMILÉTICOS
Objetivo
1. Demonstrar que celebrar Maria é celebrar a presença física do
Deus encarnado, Jesus Cristo;
2. Honrar a bem-aventurada Maria conforme as nossas Confissões
preveem.
Tema: A festa de Maria não é sobre Maria, mas sim sobre Jesus.
1. Introdução:
a. A festa de Maria não é sobre Maria, mas sim sobre Jesus;
b. Cada detalhe do texto é resposta à presença física de Jesus.
2. Análise do evangelho do dia
a. Visita de Maria a Isabel;
b. Cântico de Maria
- ação de Deus sobre Maria;
- ação de Deus sobre o povo.
3. Citação das três honras a favor da lembrança dos santos
- 21º artigo da Apologia da Confissão. Citar as três honras
aplicando-as no caso da bem-aventurada Maria.
SERMÃO
A festa de Maria não é sobre Maria, mas sim sobre Jesus
Que a graça do Senhor Jesus Cristo, o Deus que se encarnou no ventre
da bem-aventurada Maria, o amor de Deus e comunhão do Espírito Santo
sejam com todos.
Meus caros irmãos em Cristo, devo lhes dizer de meu contentamento
de poder estar diante de vós e pregar no dia da bem-aventurada Maria,
a mãe de nosso Senhor. No semestre passado preguei sobre José, o tutor
164
FESTA DE SANTA MARIA, MÃE DO SENHOR
165
IGREJA LUTERANA
Elissandro Silva
São Leopoldo/RS
hans_luther@hotmail.com
166
Festa de Santa Maria,
Mãe de Nosso Senhor
15 de agosto
SEMINÁRIO CONCÓRDIA
São Leopoldo/RS
IGREJA LUTERANA
ORAÇÃO DA NOITE
OFÍCIO DA LUZ • LUCERNARIUM
Em pé
L Jesus Cristo é a luz do mundo, [João 8.12]
C luz que escuridão alguma pode apagar. [João 1.5]
L Fica conosco, Senhor, pois já é noite
C o dia já está acabando. Lucas 24.49
L Que a tua luz afaste toda escuridão 1 Coríntios 4.5
C e ilumine a tua Igreja. [2 Coríntios 4.6]
HINO
Louvado sejas, ó Jesus. HL 35.1 Martinho Lutero, 1524
LEITURAS
ALELUIA e VERSO Lucas 1.47
168
FESTA DE SANTA MARIA, MÃE DE NOSSO SENHOR
SANTO EVANGELHO
Lucas 1.39-55
Após a leitura:
L Ó Senhor, tem compaixão de nós.
C Graças te damos, Senhor.
L Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais,
pelos profetas,
C nestes últimos dias nos falou pelo Filho. Hebreus 1.1-2a
Sentado
SERMÃO
A Festa de Maria não é sobre Maria, mas é sobre Cristo.
Em pé
CÂNTICO
ANTÍFONA Antiphona super Magnificat, Livro de Culto de Magderburgo, 1613, p. 1046.
L Este é o dia que o Senhor fez; Salmo 118.24
C Hoje o Senhor olhou para a aflição de seu povo [Êxodo 3.7]
L e enviou a redenção. [Salmo 111.9]
C Hoje a morte que surgiu da mulher foi vencida
pela semente de uma mulher.
L Hoje Deus se fez homem.
C Ele permaneceu o que era e assumiu o que não era.
L Portanto, lembremos devotamente o princípio da nossa redenção
C e exultemos, dizendo: Glória a Ti, ó Senhor! Aleluia!
MAGNIFICAT
Cântico de Maria
Lucas 1.46-55
C A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus,
meu Salvador, porque ele contemplou na humildade da sua serva. Pois
desde agora todas as gerações me considerarão bem-aventurada, porque
o Poderoso me fez grandes coisas. Santo é o seu nome. A sua misericórdia
vai de geração em geração sobre os que o temem. Agiu com o seu braço
valorosamente; dispersou os que no coração alimentavam pensamentos
soberbos. Derrubou dos seus tronos os poderosos e exaltou os humildes.
Encheu de bens os famintos e despediu vazios os ricos. Amparou a Israel,
seu servo, a fim de lembrar-se da sua misericórdia, a favor de Abraão
e de sua descendência para sempre, como prometera aos nossos pais.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio, agora
é e para sempre será – de eternidade a eternidade. Amém.
169
IGREJA LUTERANA
L Todo-Poderoso Deus, que escolheste a Virgem Maria para ser a mãe de teu
único filho, concede que nós, que somos redimidos pelo sangue dele, tomemos
parte com ela na glória de teu reino eterno; através de Jesus Cristo, teu Filho,
nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora
e sempre.
C Amém.
L Bendigamos ao Senhor.
C Demos graças a Deus.
BÊNÇÃO
L O Deus de todo poder e misericórdia, Pai, Filho e Espírito Santo, vos abençoe
e preserve.
C Amém.
170
FESTA DE SANTA MARIA, MÃE DE NOSSO SENHOR
171
IGREJA LUTERANA
RESENHA BIBLIOGRÁFICA
SÁNCHEZ M., Leopoldo A. Pneumatología – El Espíritu Santo y la
espiritualidad de la iglesia. St. Louis: Concordia Publishing House, 2005.
192 p.
172
RESENHA BIBLIOGRÁFICA
173
IGREJA LUTERANA
Gerson L. Linden
São Leopoldo/RS
174
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