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FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA

DIREITOS REAIS – 3º Ano – Noite – Exame Escrito


Tópicos de Correcção

AMÉLIA, solteira e de idade avançada, era proprietária de um andar – a fracção X - no


Edifício Zorba, sito no centro de Lisboa. Pretendendo gozar o resto da sua vida com
algum conforto, AMÉLIA decidiu vender a referida fracção ao seu jovem afilhado,
BENTO, que se encontrava a trabalhar no Luxemburgo. Porém, como lhe custava
abandonar aquela que sempre tinha sido a sua casa, AMÉLIA acordou com BENTO
vender-lhe esta a um preço mais baixo do que o seu valor de mercado, continuando ela
utilizar a fracção enquanto fosse viva. O negócio foi celebrado por escritura pública em
12 de Junho de 1995. BENTO regressou ao Luxemburgo no dia seguinte, sem ter
registado aquela aquisição. Desde essa data, nunca mais foram pagas as
comparticipações anuais nas despesas de conservação e fruição das partes comuns do
Edifício Zorba, referentes à fracção X…

Aquisição derivada do direito de propriedade sobre o imóvel por B, por contrato


(408º n.º 1 e 1316º);

Aquisição derivada da posse do imóvel por B, por constituto possessório (1263º al.
d) e 1264º do CC);

Caracterização da posse adquirida por B: posse titulada (1259º), de boa fé (1260º),


pacífica (1261º), pública (1262º);

Identificação da situação de detenção do imóvel por A após a celebração da


compra e venda e a sua posse correspondente ao exercício do direito de usufruto;

Constituição do direito de usufruto do imóvel a favor de A durante a vida da


usufrutuária, por contrato (1439º, 1440º, 1443º);

Identificação das obrigações do usufrutuário (1474º) e regime dos encargos de


conservação e fruição das partes comuns do edifício (1424º).

Identificação de factos sujeitos a registo – compra e venda e usufruto – art. 2º n.º 1


al. a) do C.R.Predial

Passados dois anos, AMÉLIA adoeceu e mudou-se para uma Casa de Repouso, tendo
escrito ao seu afilhado que não pretendia continuar a utilizar a casa.

Extinção do usufruto por renúncia (art. 1476º n.º 1 al. e) e n.º 2).

Por outro lado, no início de 1998, a Administração do Condomínio do Edifício Zorba


intentou contra AMÉLIA uma acção executiva para pagamento das comparticipações
nas despesas do condomínio em dívida ao Condomínio, o que determinou a penhora da
fracção X.

Cotações: I a) - 8 v; I b) - 4 v; II a) - 3 v; II b) 3 v; sistematização e redacção – 2 v.


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DIREITOS REAIS – 3º Ano – Noite – Exame Escrito
Tópicos de Correcção

Legitimidade da Administração do Condomínio para cobrar judicialmente as


comparticipações em dívida (art. 1436º al. d), 1437º n.º 1).

Legitimidade passiva de A (1474º) e de B (1420º e 1424º).

Considerar a hipótese de B poder deduzir embargos de terceiro (1285º).

Em 1998, a fracção X é vendida judicialmente a CRISTINA e DÁRIO que procedem ao


registo da sua aquisição. Depois de CRISTINA ter pago várias obras de restauro das
canalizações e pinturas e tectos e mandado colocar um chão flutuante, os dois mudam-
se, ainda nesse ano, para a mencionada fracção, onde passaram a viver.

Aquisição derivada da propriedade do imóvel por C e D em regime de


compropriedade (1403º).

Identificação do campo de aplicação do art. 5º n.º 1 do C.R.Predial. Problemática


relacionada com o conceito de “terceiro”; concepção restrita de “terceiro” (art. 5º
n.º 4 do C.R.Predial).

Atenta a venda judicial, C e D não são terceiros para efeitos do art. 5º n.º 4 do
C.R.Predial, pelo que não beneficiariam da protecção conferida pelo art. 5º n.º 1
do C.R.Predial face a um eventual conflito com B, que não registou a aquisição do
imóvel (não ocorre nenhuma aquisição tabular). Nesta sub-hipótese, considerar
ainda a impossibilidade de aplicação da acção de restituição da posse por B (1281º
n.º 2) e a possibilidade de este intentar uma acção de reivindicação (1311º);
caracterizar a espécie de posse de C e D – titulada, de boa fé, pública (art. 1259º,
1260º e 1262º) – e os efeitos dessa posse (1270º, 1273º e 1275º).

Em 12/06/2009, na sequência da morte de AMÉLIA, BENTO regressa a Portugal.


Chegado à porta da fracção X, surpreende-se ao encontrar DÁRIO e CRISTINA a sair
de sua casa.

Identificar e caracterizar a aquisição da propriedade do imóvel por usucapião, por


D e C, em regime de compropriedade (1294º al. a) e 1316º)

a) Quid juris?

b) Imagine que CRISTINA, aproveitando a ausência de DÁRIO que se encontrava


temporariamente fora do país, arrendou o quarto deste a EVA por um prazo de 5
anos. EVA não quer sair da fracção X, invocando o seu direito ao gozo do quarto de
DÁRIO pelo prazo estabelecido no contrato que celebrara. Terá razão?

Identificação da situação de compropriedade entre D e E (1403º) e da posição dos


comproprietários (1405º).

Cotações: I a) - 8 v; I b) - 4 v; II a) - 3 v; II b) 3 v; sistematização e redacção – 2 v.


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DIREITOS REAIS – 3º Ano – Noite – Exame Escrito
Tópicos de Correcção

Regime do uso da coisa comum (1406 n.º 1) e da administração da coisa (1407º),


aplicável a D e E.

Oneração de coisa alheia por C (art. 1408 n.º 2).

II

Relacione, sucintamente, os seguintes conceitos:

a) Prevalência e sequela;

Prevalência: consiste na prioridade dos direitos reais sobre os direitos de crédito


e sobre os direitos reais constituídos posteriormente quando total ou
parcialmente incompatíveis com o anterior. A doutrina encontra-se dividida,
existindo quem recuse a prevalência como característica dos direitos reais (Ex.
Prof. Menezes Cordeiro); quem a considere característica destes direitos (Ex.
Prof. Oliveira Ascensão); e quem entenda que só há prevalência nos direitos
reais de garantia sobre a mesma coisa (Ex. Prof. Pinto Coelho).

Sequela: é consequência necessária do direito real e traduz o poder do titular do


direito real de actuar sobre a coisa que lhe foi afectada, na medida necessária ao
exercício dos poderes que sobre ela lhe são conferidos (J. OLIVEIRA
ASCENSÃO – Direito Civil. Direitos Reais.5ª ed. Coimbra: Coimbra Editora,
1993, p. 625). Exemplo de manifestação da sequela é a acção de reivindicação,
pela qual se exige a entrega da própria coisa (1311º)

b) Efeito consolidativo do registo predial e efeito atributivo do registo predial.

Efeito consolidativo: a constituição ou transmissão do direito real opera por


mera eficácia do contrato (art. 408º n.º 1 do CC), independentemente do registo
deste. Porém o registo, entre outros efeitos, evita a aquisição tabular de um
terceiro, consolidando a posição jurídica de quem registou a sua aquisição.

Efeito atributivo: protecção da aquisição de um direito por um terceiro na base


de uma situação registal desconforme (aquisição tabular).

Cotações: I a) - 8 v; I b) - 4 v; II a) - 3 v; II b) 3 v; sistematização e redacção – 2 v.

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