Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Tese de Doutorado
Rio de Janeiro
Setembro de 2007
Patricia Leal Azevedo Corrêa
Ficha Catalográfica
CDD: 900
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310350/CA
Para Rodrigo
Agradecimentos
Aos professores Cecilia Cotrim e Roberto Conduru, pela participação nas bancas
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310350/CA
Aos funcionários da PUC-Rio, em especial Edna Timbó, Anair dos Santos, Célia
Pereira, Cláudio Santiago e Cleusa Ventura.
Aos colegas bolsistas de Nova York, Beatriz Cerbino, Tadeu Capistrano, Mariana
Baltar e Antonio Fatorelli.
Palavras-chave
Robert Morris; arte contemporânea; escultura norte-americana; dança norte-
americana
Abstract
The North American artist Robert Morris is known mostly as a sculptor, but
his work encloses a diversity of means, procedures and materials among which
dance. Morris was directly involved with dance groups between the end of the
decade of 1950 until mid 1960, period in which he participated in what were
maybe the two most important focuses of research in dance, in the United States,
for his generation: the activities that were developed in San Francisco related to
the professor and dancer Ann Halprin, and activities in New York City resulting
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310350/CA
from the formation of the group Judson Dance Theater. In this period, aside of
acting as dancer in works from other artists, Morris created a small but significant
set of dance works. The thesis considers this set as the basis for the study of the
artist work and strives to see it, mainly, as a deployment of the experiences and
questions arisen in the scope of dance, in dialogue with his concomitant
involvement in painting, drawing and sculpture. Discussing some of the main
points in this dialogue – as the minimalist reductionism, the procedures of tasks
and instructions, the emphasis in the temporality and in the literality of the
corporal action – and some of its central concepts – such as “dance state”, “blank
form” and “anti form” – the thesis intends to extend the possibilities of analysis
and comprehension of a crucial moment not only for the formation and the
subsequent course of Morris work but also for the constitution of the expanded
field of contemporary art.
Keywords
Robert Morris; contemporary art; North American sculpture; North
American dance
Sumário
1. Introdução 11
2. Construções de Dança 25
3. Jogos de Arte 58
4. Forma Vazia 93
5. Anti-Forma 136
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310350/CA
6. Conclusão 173
8. Anexo 189
Lista de Figuras
1
FORTI, Simone. “Father, daughter”. In: Oh, tongue. Los Angeles:
Beyond Baroque Books, 2003, p. 29. A citação na epígrafe diz
aproximadamente o seguinte: “Dançar é tão direto. Quer dizer, pode ser.
Quer dizer, é só colocar a mão no chão e, wow! Eu queria que escrever
fosse assim.” Nos pareceu melhor, neste caso, manter o texto em inglês.
Em todos os demais casos ao longo da tese fizemos a tradução.
12
5
Ibidem.
6
FINEBERG, Jonathan. “Robert Morris looking back: an interview”. In:
Arts Magazine 55/1, 1980, p. 114.
14
7
MORRIS, Robert. “Some Notes on the Phenomenology of Making”, op.
cit., p. 79.
8
FORTI, Simone. Handbook in Motion. Halifax: Press of the Nova Scotia
College of Art and Design; New York: New York University Press, 1974,
p. 31.
15
9
MORRIS, Robert. “Notes on Dance”. In: SANDFORD, Mariellen
(org.). Happenings and Other Acts. London: Routledge, 1995.
16
10
As descrições das danças de Morris são baseadas sobretudo em duas
fontes: as suas reconstituições por outros dançarinos em 1993, feitas sob a
orientação de Robert Morris e especificamente para o registro em vídeo
por Babette Mangolde (Four pieces by Morris [vídeo]. New York, 1993),
e o catálogo da retrospectiva de Morris realizada pelo Museu
Guggenheim em 1994 (PAICE, Kimberly. “Catalogue”. In: KRAUSS,
Rosalind; KRENS, Thomas (orgs.). Robert Morris. The Mind/Body
Problem. New York: Solomon R. Guggenheim Museum, 1994.).
17
se apagam.
Na terceira parte, ele entra no palco trazendo uma lança
azul e, depois de fazer o recorrente anúncio com os dedos,
caminha até posicionar-se a uma boa distância de um grande
retângulo azul, apoiado contra a parede numa lateral da sala.
Ao som de uma batida regular, metálica e seca, que
acompanha toda a terceira parte, ele joga a lança na direção
11
MORRIS, Robert. “Method for Sorting Cows”. In: Art and Literature
11, Winter 1967.
18
12
PANOFSKY, Erwin. Studies in Iconology: Humanistic Themes in the
Art of the Renaissance. New York: Harper and Row, 1962, p. 26.
20
13
Texto reproduzido em PAICE, Kimberly. “Catalogue”, op.cit., p. 178.
23
14
Ibidem.
24
1
Em 1965, Forti estava casada com Robert Whitman. Ela foi conhecida,
ao longo de sua carreira, como Simone Morris, depois Simone Whitman e
desde os anos 70 com seu sobrenome original, Simone Forti.
26
2
MORRIS, Robert. “Notes on Dance”. In: SANDFORD, Mariellen
(org.). Happenings and Other Acts. London: Routledge, 1995, p. 168.
3
BUCHLOH, Benjamin. “Conversation with Robert Morris”. In:
BUSKIRK, Martha; NIXON, Mignon (orgs.). The Duchamp Effect.
Cambridge: The MIT Press, 1996, p. 49.
4
MITCHELL, W.J.T. “Golden Memories – interview with sculptor
Robert Morris”. In: Artforum, April 1994; WILLIAMS, Richard. “Cut
Felt”. In: Art Monthly 208 7-10 July/August 1997.
5
MORRIS, Robert. “Solecisms of Sight: Specular Speculations”. In:
October 103, Winter 2003, p. 34.
27
6
HALPRIN, Ann. “Intuition and Improvisation.” In: VAN TUYL,
Marian (org.). Anthology of Impulse – Annual of Contemporary Dance
1951-1966. Nova York: Dance Horizons, 1969, p. 51.
28
7
Idem. “Yvonne Rainer interviews Ann Halprin”. In: SANDFORD,
Mariellen (org.). Happenings and Other Acts, op.cit., p. 145.
29
10
FORTI, Simone. Handbook in Motion. Halifax: Press of the Nova
Scotia College of Art and Design, 1974, p. 56. As descrições de trabalhos
de Forti são baseadas nos comentários feito ao longo deste seu livro e em
vídeos com reconstruções posteriores: Huddle [vídeo]. New York, 1975;
Jackdaw songs [vídeo]. New York, 1981; The Judson project: Simone
Forti [video]. New York, 1981; Judson Dance Theatre Reconstructions
[vídeo]. New York, 1982; News animations [vídeo]. New York, 1986;
Simone Forti and Troupe [vídeo]. New York, 1988; Simone Forti: from
dance construction to logomotion [vídeo]. New York, 1999.
31
11
O adjetivo “holístico” pode sugerir associações que não
corresponderiam ao seu uso aqui, então vejamos a definição de “holismo”
no Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa: “abordagem que prioriza o
entendimento integral dos fenômenos, em oposição ao procedimento
analítico em que seus componentes são tomados isoladamente”. A
associação mais equivocada que se poderia fazer aqui seria tomá-lo como
equivalente à unidade clássica, baseada na coerência orgânica, na
hierarquia e interdependência de partes. Esperamos esclarecer ao longo do
texto que holistic, assim como unitary form e wholeness, tem outro
sentido para os artistas ligados ao minimalismo.
12
HALPRIN, Ann. “Intuition and Improvisation”, op.cit., p. 53. Nas
palavras de Halprin, a “dança orgânica” seria o contrário da “coreografia
representacional”, citada há pouco.
32
13
FORTI, Simone. Handbook in Motion, op.cit, p. 34.
14
Idem. Interview with Simone Forti [transcrição de áudio]. New York,
1994, s/p.
15
Entrevista em WILLIAMS, Richard. “Cut Felt”, op.cit., s/p.
33
16
Morris comenta a relação entre dança e pintura nesse período na
entrevista concedida a Paul Cummings, em março de 1968, para os
Archives of American Art, e na entrevista com Jack Burnham, em
novembro de 1975, não publicada. MORRIS, Robert. Interview with
Robert Morris [transcrição de áudio]. New York: Archives of American
Art, Smithsonian Institution, 1968; Idem. Interview with Robert Morris by
Jack Burnham. New York, 1975.
17
KAPROW, Allan. “The Legacy of Jackson Pollock”. In: Essays on the
blurring of art and life. Berkeley: University of California Press, 1993.
18
Rebecca Schneider e Caroline Jones, para mencionar dois exemplos,
constroem diferentes leituras desse legado e questionam o papel central
dado a Pollock em várias genealogias da arte performativa e do
experimentalismo do segundo pós-guerra norte-americano. SCHNEIDER,
Rebecca. “Solo Solo Solo”. In: BUTT, Gavin (org.). After criticism: new
responses to art and performance. Malden: Blackwell, 2005; JONES,
Caroline. “Finishing School: John Cage and the Abstract Expressionist
Ego”. In: Critical Inquiry 19/4, Summer 1993.
34
19
MORRIS, Robert. Interview with Robert Morris [transcrição de áudio],
op.cit., s/p.
20
O sentido dessa famosa declaração de Pollock em “My Painting”,
originalmente publicada em 1947, vem reforçar algo que é visível em seu
trabalho: as pegadas e mãos marcadas com tinta em várias de suas telas.
In: CHIPP, H.B. (org.). Teorias da Arte Moderna. São Paulo: Martins
Fontes, 1996, p. 556.
35
21
MORRIS, Robert. Interview with Robert Morris [transcrição de áudio],
op.cit., s/p.
22
Ibidem.
36
23
MORRIS, Robert. Interview with Robert Morris by Jack Burnham, op.
cit., s/p.
24
Idem. Interview with Robert Morris [transcrição de áudio], op.cit., s/p.
25
Idem. Interview with Robert Morris by Jack Burnham, op. cit., s/p. O
“what you do is what you do” de Morris pertence, obviamente, ao mesmo
clima artístico e intelectual do “what you see is what you see” de Frank
37
27
Ibidem.
28
JOWITT, Deborah. Time and the Dancing Image. Berkeley: University
of California Press, 1988, p. 291.
39
29
COPELAND, Roger. “Merce Cunningham and the Politics of
Perception”. In: COPELAND, Roger; COHEN, Marshall (orgs.). What is
dance? Readings in Theory and Criticism. Oxford: Oxford University
Press, 1983, p. 319. Copeland também corrobora nosso argumento no
artigo: COPELAND, Roger. “Merce Cunningham and the Aesthetic of
Collage”. In: The Drama Review 46/1, spring 2002.
30
Copeland faz boas análises de Cunningham, mas tem uma leitura
equivocada da obra de Pollock, que não poderíamos deixar de comentar.
Tendo por base principalmente as fotografias de Hans Namuth e a
biografia do pintor, compara o expressionismo de Pollock ao de Martha
Graham e ignora que a sua pintura justamente superou o tipo de
figurativismo e narrativa que podemos ligar a Graham. Para Copeland,
Pollock fez da pintura uma busca ritualizada do innermost self, nostálgico
de uma unidade expressiva pura e primitiva. Para Cunningham, que ao
contrário de Copeland parece ter dado mais atenção ao trabalho do pintor,
“com as pinturas de Pollock, o olho pode ir a qualquer lugar na tela.
Nenhum ponto é mais importante que outro. Nenhum ponto
necessariamente leva a outro.” CUNNINGHAM, Merce. The dancer and
the dance – Merce Cunningham in conversation with Jacqueline
Lesschaeve. New York; London: Marion Boyars, 1991, p. 140.
40
35
FRANK, Peter. “Peter Frank”. In: Soho Weekly News, December 5,
1974, s/p.
42
Fig. 9: Robert Morris, Two Columns, 1961 Fig. 10: Robert Morris, Three L-beams, 1965
36
O tradutor de Arte e Cultura, livro em que Clement Greenberg define a
expressão all-over, traduziu-a como “integral” e all-overness como
“integralidade”, que são também os melhores sinônimos para “holístico” e
“holismo”. GREENBERG, Clement. Arte e Cultura. São Paulo: Ática,
1996, p. 223.
43
37
MORRIS, Robert. “Notes on Sculpture, Part 4”. In: Continuous Project
Altered Daily: The Writings of Robert Morris. Cambridge: The MIT
Press, 1993, p. 54.
38
Idem. “Notes on Sculpture, Part 1”. In: Ibidem, p. 6.
39
Ibidem, p. 7.
40
Idem. “Notes on Sculpture, Part 2”. In: Ibidem, p. 14.
41
Ibidem, p. 15.
42
Ibidem. Morris aqui faz menção à citação de Tony Smith que serve de
epígrafe a este texto:
“Por que você não o fez maior para que ele [o cubo Die] sobrepujasse o
observador?
– Eu não estava fazendo um monumento.
44
Então por que você não o fez menor para que o observador pudesse ver o
topo?
– Eu não estava fazendo um objeto.”
43
MEYER, James. Minimalism: art and polemics in the sixties. New
Haven: Yale University Press, 2001.
44
JUDD, Donald. “Objetos específicos”. In: FERREIRA, Glória;
COTRIM, Cecilia (orgs.). Escritos de Artistas: anos 60/70. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 2006, pp. 103-4.
45
Um exemplo: em American Quartet, texto publicado em 1981, Morris
afirmou que Pollock seria um dos quatro grandes artistas norte-
americanos, sob cujo paradigma situou “a escala, a presença, o aspecto
indiferenciado all-over ou holístico” do minimalismo. MORRIS, Robert.
“American Quartet”. In: Continuous Project Altered Daily: The Writings
of Robert Morris, op. cit., p. 245.
45
46
JUDD, Donald. “Objetos específicos”, op. cit., p. 98.
47
Idem. “Jackson Pollock”. In: Écrits 1963-1990. Paris: Daniel Lelong
Editeur, 1991, p. 331.
48
GLASER, Bruce. “Questions to Stella and Judd”, op. cit., p. 149.
49
Ibidem, p. 156.
50
COLPITT, Frances. Minimal Art - The Critical Perspective. Seattle:
University of Washington, 1993, p. 41.
46
51
JUDD, Donald. “Objetos específicos”, op. cit., p. 100.
52
GREENBERG, Clement. “A crise da pintura de cavalete”. In: Arte e
Cultura, op. cit., pp. 165-67.
53
A discussão sobre as posições desses críticos com relação à escultura
dos anos 60 poderia se estender para além dos interesses deste trabalho,
então optamos por indicar as suas referências básicas. Para as suas
definições positivas de escultura, ver “A nova escultura” de Clement
Greenberg (In: Arte e Cultura, op. cit.) e “Anthony Caro” de Michael
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310350/CA 47
Fig. 11: Robert Morris, Portal, 1961; Frame, 1962; Column, 1961; Slab, 1962
55
MORRIS, Robert. “Notes on Sculpture, Part 1”, op. cit., p. 4.
56
Há no minimalismo de Morris, tanto nas esculturas quanto nas ações
cênicas, uma espécie de didatismo que, como veremos adiante, relaciona-
se à sua ênfase no processo de recepção pelo espectador. Isso confere aos
seus trabalhos e textos dos anos 60 um caráter expositivo que é evidente
em Two Columns e Three L-beams e diretamente enunciado como um
princípio coreográfico em suas Notes on Dance: “Meus esforços estavam
ligados ao didático e ao demonstrativo”. MORRIS, Robert. “Notes on
Dance”, op. cit., p. 169.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310350/CA 49
58
Trecho de seu diário de 1961, reproduzido em FORTI, Simone.
Handbook in Motion, op. cit., pp. 53-4.
59
Os conceitos de frase e fraseado são trabalhados por Yvonne Rainer em
seu famoso texto sobre o Trio A. Ela foi a primeira a mostrar a
importância de se pensar a frase na dança norte-americana dos anos 60 e
sua relação com o minimalismo. Mas apesar de partir da dança de Forti,
Rainer o faz diferentemente desta. Voltaremos ao sentido da frase
coreográfica em Rainer e sua relação com a obra de Morris no momento
oportuno. RAINER, Yvonne. “A quasi survey of some ‘minimalist’
tendencies in the quantitatively minimal dance activity midst the plethora,
or an analysis of Trio A”. In: BATTCOCK, Gregory (org.). Minimal Art - A
Critical Anthology. Berkeley: University of California Press, 1995.
51
60
FORTI, Simone. “Body, mind, world”. In: Oh, tongue, op. cit, p. 116.
61
O rótulo “dança pós-moderna” foi criado pela historiadora da dança
Sally Banes em seu livro Terpsichore in Sneakers: Post-modern Dance e
atribuído à geração de Forti, Rainer, Paxton e Brown (BANES, Sally.
Terpsichore in Sneakers: Post-modern Dance. Middletown: Wesleyan
University Press, 1987). Banes o definiu em contraste com a dança
moderna, mas toda a sua discussão e aplicação dos conceitos de
modernismo e pós-modernismo é confusa e questionável. Os dois
conceitos, como sabemos, poderiam dar margem a um imenso debate que
fugiria ao escopo e ao interesse deste trabalho, debate que, além disso, já
ganhou uma versão a partir das críticas de Susan Manning ao livro de
Banes, que se estendeu em um diálogo por três números da revista The
Drama Review (MANNING, Susan. “Modernist dogma and post-modern
rhetoric: a response to Sally Banes’ Terpsichore in Sneakers”. In: TDR
32/4, winter 1988; BANES, Sally, MANNING, Susan. “Terpsichore in
combat boots”. In: TDR 33/1, spring 1989; BANES, Sally. “Terpsichore
Combat Continued”. In: TDR 33/4, winter 1989). Anos depois, Banes
ainda pareceu preocupada em defender seu rótulo, retomando
indiretamente a argumentação com Manning (BANES, Sally; CARROLL,
Noël. “Cunningham, Balanchine and postmodern dance”. In: Dance
Chronicle 29, 2006). Neste último artigo, a diferenciação que ela e Carroll
estabelecem entre Cunningham e a geração de Forti corrobora nossa
discussão, apesar de fazê-lo sob um ponto de vista diferente do
desenvolvido aqui.
52
Fig. 14: Robert Morris, Rope Fig. 15: Robert Morris, Knots, 1963
Piece, 1964
54
63
Citado em KARMEL, Pepe. “Robert Morris: formal disclosures”. In:
Art in America 83/6, June 1995, p. 93.
64
Motivo suficiente para que se relativize a afirmação de Anna Chave de
que as colunas de Morris seriam mera apropriação de Platforms de Forti.
Mas Chave merece reconhecimento por ter sido a primeira historiadora da
arte a dedicar mais do que uma breve menção à importância de Forti para
o trabalho de Morris e para o minimalismo em geral. Trata-se, porém, de
um artigo sobre vários artistas associados ao minimalismo, que privilegia
um enfoque biográfico, e o espaço dedicado ao diálogo dos dois não
chega a quatro páginas. CHAVE, Anna. “Minimalism and Biography”.
In: The Art Bulletin 28/1, March 2000.
55
65
Citado em KRENS, Thomas. “The Triumph of Entropy”. In: KRAUSS,
Rosalind; KRENS, Thomas (orgs.). Robert Morris. The Mind/Body
Problem. New York: Solomon R. Guggenheim Museum, 1994, p. XIX.
57
têm sob seus pés, sem poder tocar seus corpos no chão. Em
nenhum dos casos, há qualidades de movimento prescritas, os
dançarinos operacionalizam sistemas de ações e exploram os
limites dados aos seus movimentos.
No agenciamento corporal dessas atividades e materi-
ais, estabelecem-se escalas dinâmicas e circunstanciais entre
ação e objeto, ação e tarefa, ação e regra. Podemos dizer que
os movimentos na dança de Morris consistem nessas escalas,
como já o fizemos a respeito da dança de Forti – acontecem
numa espécie de empenho adaptativo, comparativo, em
contato com parâmetros, restrições e possibilidades. As ações
em Column e Site consistem na contraposição do peso e da
extensão de corpos ao peso e à extensão de objetos, o que
produz uma equivalência “ativa” entre os dois termos – os
deslocamentos, atritos, passagens, sustentações e giros do
dançarino de Site estabelecem esse tipo de paridade
provisória, em processo, com a placa que ele move. De
maneira similar, em Waterman Switch a dança é a escala
entre corpos e o comprimento de trilhos, a largura do palco, o
perímetro circular dado por uma haste, uma situação descrita
em áudio e uma imagem que se projeta.
Ordinariedade, jogos, regras: por aí se desenham
possíveis afinidades entre o trabalho que Forti realizou nos
anos 60 e os célebres “jogos de linguagem” do filósofo
Ludwig Wittgenstein. Mas quando, em 2003, Morris chamou
atenção para a importância de uma Forti “wittgensteiniana”
para a dança, sua afirmação tinha um alcance provavelmente
60
3
Idem. “Solecisms of Sight: Specular Speculations”, op. cit., p. 34. No
capítulo anterior, citamos o comentário de Morris sobre a “ordinariedade
wittgensteiniana” introduzida por Forti, referida na nota de rodapé 8.
4
Uma das vezes em que comentou seu interesse pelo filósofo, numa
entrevista feita em 2000 com Anne Bertrand: “Os escritos de Wittgenstein
me transformaram e eu continuo a reler seus textos”. In: MORRIS,
Robert. From Mnemosyne to Clio: the Mirror to the Labyrinth (1998 –
1999 – 2000). Lyon: Musée d’Art Contemporain de Lyon, 2000, p. 194.
5
WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações Filosóficas. Petrópolis:
Vozes, 2005, # 107.
61
6
Ibidem, # 97.
7
GRAYLING, A. C. Wittgenstein. São Paulo: Edições Loyola, 2002, p.
90.
8
WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações Filosóficas, op. cit., # 43.
62
9
Ibidem, # 120.
10
Ibidem, # 110.
11
Ibidem, # 111.
12
Ibidem, # 116.
13
Ibidem, # 108.
14
RAINER, Yvonne. Work 1961-73. Halifax: Press of the Nova Scotia
College of Art and Design; New York: New York University Press, 1974,
p. 7.
63
15
Esta versão está em vídeo: Jackdaw songs [vídeo]. New York, 1981.
64
16
WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações Filosóficas, op. cit., # 97.
17
A importância do atrito para a geração de Forti e Rainer também é bem
literal quando lembramos que o uso de tênis era freqüente em suas
performances. Forti foi provavelmente a primeira a recomendar
diretamente o uso de tênis nas dance constructions, em 1960 – vide, por
exemplo, as fotografias de See-Saw. Daí, certamente, vem a associação
feita por Sally Banes para o título de seu livro, Terpsichore in Sneakers:
Post-modern Dance. Ao sugerir a imagem da musa da dança, Terpsícore,
usando tênis, Banes imaginou três diferentes momentos históricos: a musa
dançando de sapatilhas no apogeu do balé, de pés descalços no apogeu da
dança moderna, e finalmente de tênis, na era da dança pós-moderna.
18
LOUPPE, Laurence. Poétique de la Danse Contemporaine. Bruxelles:
Contredanse, 1997, p. 297.
65
19
LANGER, Susanne. “The Dynamic Image: Some Philosophical
Reflections on Dance”. In: STEINBERG, Cobbett (org.). The Dance
Anthology. New York; London: New American Library, 1980, p. 344.
20
Ibidem, p. 343.
21
Ibidem, pp. 343-4.
66
Fig. 19: Robert Morris, Table, 1964; Corner beam, 1964; Cloud, 1962;
Corner piece, 1964; Floor beam, 1964
24
Os poliedros de Morris “são perceptivelmente feitos de placas de
compensado (tipicamente) com técnicas familiares a qualquer marceneiro
amador. Os objetos são portanto claramente ocos”. COMPTON, Michael;
SYLVESTER, David (orgs.). Robert Morris. London: Tate Gallery, 1971,
p. 25.
25
Para Wittgenstein, os equívocos da filosofia originam-se “quando a
linguagem está em ponto morto, não quando ela trabalha”.
WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações Filosóficas, op. cit., # 132.
68
26
MORRIS, Robert. “Notes on Sculpture, Part 2”, op. cit., p. 13.
27
Ibidem, p. 14.
28
Ibidem, p. 15.
29
Ibidem, p. 15.
69
30
KRAUSS, Rosalind. Caminhos da Escultura Moderna. São Paulo:
Martins Fontes, 1998, p. 333.
31
Ibidem, p. 323.
70
32
FOSTER, Hal. “Introduction”. In: The return of the real: the avant-
garde at the end of the century. Cambridge: MIT Press, 1996, p. xi.
Citamos aqui a introdução, mas a avaliação do papel das neo-vanguardas
é feita mais detalhadamente no texto “Who’s afraid of the neo-avant-
garde?”, incluído neste livro.
33
Idem. “The crux of minimalism”. In: The return of the real: the avant-
garde at the end of the century, op. cit., p. 68.
34
KRAUSS, Rosalind. “A Escultura em Campo Ampliado”. In: Gávea 1,
1984.
35
Krauss recorre tanto a Merleau-Ponty quanto a Wittgenstein em suas
análises da dessubstancialização minimalista do espaço interno, aqui e em
outros escritos. Nos parece, no entanto, que o segundo é mais produtivo
diante dos poliedros de Morris. Não há dúvidas quanto à importância de
Merleau-Ponty, de quem Morris foi leitor entre os anos 50 e 60: a
desconstrução da gestalt, realizada com os poliedros, mostra seu interesse
na fenomenologia da percepção. Mas nos parece que uma poética da
reversibilidade da “carne” está distante das caixas de Morris e que é mais
viável pensá-las em uma poética da ordinariedade.
71
36
KRAUSS, Rosalind. Caminhos da Escultura Moderna, op. cit., pp.
318-321.
37
WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações Filosóficas, op. cit., # 32.
38
Ibidem, # 31.
72
39
Ibidem, # 248.
40
Ibidem, # 381.
41
Ibidem, # 384.
42
Ibidem, # 199.
43
Ibidem, # 373.
73
44
Ibidem, # 2.
74
45
Ibidem, # 28.
46
Consoante com seus argumentos, Wittgenstein não conceitua os termos
que parecem ser os mais importantes em Investigações Filosóficas, como
“forma de vida”, “uso”, “jogo” e “regra”, apenas dá exemplos que nunca
extrapolam o vocabulário ordinário. Sobre “forma de vida”, lemos:
“representar uma linguagem equivale a representar uma forma de vida”
(Ibidem, # 19) e “a expressão ‘jogo de linguagem’ deve salientar aqui que
falar uma língua é parte de uma atividade ou de uma forma de vida”
(Ibidem, # 23).
47
Ibidem, # 21.
48
Ibidem, # 5.
75
49
MORRIS, Robert. “Professional Rules”. In: Critical Inquiry 23, Winter
1997, pp. 316-7. Nesse texto, Morris reflete sobre o que seria a
incoerência ou descontinuidade “lingüística” de que sua produção foi
acusada por grande parte da crítica quando houve sua retrospectiva, em
1994, no Guggenheim Museum. Aqui ele assume, nitidamente, o modo de
condução do raciocínio e os argumentos wittgensteinianos. O texto se
desenvolve, à maneira de Investigações, através do diálogo com um
suposto interlocutor que faz perguntas e duvida das afirmações, e traz
inúmeras citações do filósofo.
50
Além de seu emprego da gestalt ser bem próximo ao emprego da
definição ostensiva pelo filósofo, Morris usa nesses textos uma estrutura
didática que começa pela apresentação das questões e passa ao seu
gradual desmonte, à maneira do que ocorre em Investigações Filosóficas.
Este livro, todo escrito em tom estrategicamente didático, também é uma
referência para o didatismo inicial de Morris.
51
MORRIS, Robert. “Notes on Sculpture, Part 1”, op. cit., p. 7.
76
52
Idem. “Notes on Sculpture, Part 2”, op. cit., pp. 16-7.
53
Idem. “Notes on Sculpture, Part 3”. In: Continuous Project Altered
Daily, op. cit., p. 23.
54
Ibidem.
55
Essa observação nos parece importante porque Morris dá como
exemplo de gestalt um “cubo que se tem em mente”, o que pode sugerir
que a gestalt esteja sendo tomada por uma forma geométrica ideal. Mas se
nos baseamos em Wittgenstein, a “forma ideal cubo” é uma convenção
lingüística, que participa da experiência de um cubo material assim como
o conceito de “vermelho” é uma convenção que participa da fala “Isto é
vermelho” mas não encerra a experiência da cor. Uma mostra de que
Morris rejeita a concepção idealista dos sólidos geométricos é o fato de
empregar um vocabulário da construção civil: portal, moldura, viga, laje
etc.
77
56
WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações Filosóficas, op. cit., p. 254.
Como a parte II de Investigações Filosóficas não é subdividida em
parágrafos, adotamos nesse caso a indicação do número de página.
57
Ibidem, p. 278.
58
Ibidem, p. 255.
59
Ibidem, p. 262.
60
MORRIS, Robert. “Notes on Sculpture, Part 2”, op. cit., p. 20.
78
61
MITCHELL, W. J. T. “Wall labels: word, image and object in the work
of Robert Morris”. In: KRAUSS, Rosalind; KRENS, Thomas (orgs.).
Robert Morris. The Mind/Body Problem, op. cit., p. 69.
62
Ibidem.
79
Fig. 20: Robert Morris, Cloud, 1962 Fig. 21: Robert Morris, Corner piece, 1964
63
JUDD, Donald. “In the Galleries”. In: Complete Writings 1959-1975,
op. cit., p. 165.
64
WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações Filosóficas, op. cit., # 28.
80
Fig. 22: Robert Morris, Location, 1963 Fig. 23: Robert Morris, I-box, 1962
81
65
Em uma entrevista de 1994, Morris comenta o trocadilho: “uma mulher
teria que fazer uma letra diferente do ‘I’ com o seu corpo”. MITCHELL,
W. J. T. “Golden Memories – interview with sculptor Robert Morris”. In:
Artforum, April 1994, s/p.
82
66
FORTI, Simone. Handbook in Motion, op. cit., p. 118.
67
Ibidem, p. 119.
68
Ibidem.
69
Ibidem.
83
70
Ibidem, p. 118. A relação entre voz e instrumento no Raga é uma
referência importante para trabalhos que Forti desenvolveu nos anos
1970, especialmente os duos com o músico Peter Van Riper, nos quais
movimento e som interagiam em cena, num tipo de diálogo “parcialmente
improvisacional, baseado em materiais pré-estabelecidos” (Ibidem, p.
143). Note-se que, para Forti, “materiais” para dança podem ser desde
construções, objetos e movimentos, até sons, imagens e textos de vários
tipos, como notícias de jornal, verbetes de dicionário, as suas breves
descrições de “estados de dança” observados em diversas situações ou as
tarefas e instruções escritas para dançarinos.
71
Ibidem, p. 143. Forti criou um conjunto de solos chamado Zoo Mantras
a partir de seus estudos do movimento de animais, “o que me parecia um
tipo de comportamento de dança” (Ibidem, p. 146).
72
Ibidem, p. 118. Lembramos que “pé” é uma unidade de medida (foot),
usual nos EUA.
84
73
Ibidem, p. 120.
74
LEPECKI, André. “Inscribing Dance”. In: Of the presence of the body:
essays on dance and performance theory. Middletown: Wesleyan
University Press, 2004, p. 127.
75
Ibidem.
85
76
Ibidem.
77
NOVERRE, Jean-Georges. “Letters on Dancing and Ballets”. In:
STEINBERG, Cobbett (org.). The Dance Anthology, op. cit., p. 9.
78
LEPECKI, André. “Inscribing Dance”, op. cit., p. 129.
79
O site da enciclopédia Britannica traz, incluído em seu verbete ‘dance
notation’, uma comparação visual entre cinco sistemas de notação de
dança – os de Feuillet, Laban, Benesh, Stepanov e Eshkol-Wachmann –,
interessante para que se faça uma idéia das diferentes estruturas e
vocabulários desenvolvidos nessas codificações do movimento. In:
http://concise.britannica.com/ebc/art-44735 .
86
80
Citado em MAC LOW, Jackson. “Postscript”. In: FORTI, Simone. Oh,
tongue, op. cit., p. 153.
81
FORTI, Simone. Handbook in Motion, op. cit., p. 9.
82
Ibidem, p. 148. O estudo Zero foi desenvolvido na década de 1970.
83
Idem. The Judson project: Simone Forti [vídeo]. New York, 1981.
Nesse depoimento gravado em vídeo, Forti usa a expressão jump-off place
ao referir-se aos seus dance reports.
87
84
WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações Filosóficas, op. cit., # 50.
88
85
Ibidem.
86
Ibidem, # 53 e # 54.
87
Ibidem, # 219.
88
Ibidem, # 193. A sugestão da linha férrea e da máquina como contra-
exemplos do emprego de regras é reforçada por GRAYLING, A. C.
Wittgenstein, op. cit., p. 105.
89
89
Ibidem, # 85.
90
GOOSSEN, E. C. “The Artist Speaks: Robert Morris”. In: Art in America 58,
May/June 1970, p. 107.
90
Fig. 26: Robert Morris, Stairs, 1964 Fig. 27: Robert Morris, Hand and Toe Holds,
1964
91
TUCKER, Marcia. Robert Morris. New York: Whitney Museum of
American Art and Praeger Publishers, 1970, p. 11.
91
92
MORRIS, Robert. “Morris, un Américain dans l’espace”. In:
Libération, 1 September, 1995. Citado em: Idem. From Mnemosyne to
Clio: the Mirror to the Labyrinth, op. cit., pp. 223-4.
92
93
KRAUSS, Rosalind. Caminhos da Escultura Moderna, op. cit., p. 331.
Krauss se refere à tarefa de agarrar pedaços de chumbo com a mão, no
filme Hand Catching Lead, de 1968, de Richard Serra, que ela relaciona,
em seguida, ao “tempo operacional da nova dança”. Krauss observa a
respeito dessa imagem de uma mão isolada, mas empenhada em uma
atividade específica, que todo o artista está “nessa demonstração externa
de comportamento contraída até uma única extremidade”. A associação
com Serra aqui, portanto, não é casual. A sua série de filmes com mãos,
realizada no fim dos anos 60, é inspirada em filmes de Yvonne Rainer,
como Hand Movie, de 1966, e Volleyball, de 1967. No primeiro, uma mão
isolada faz movimentos com os dedos; no segundo, pés brincam com uma
bola. A ligação desses filmes com a dança de Rainer é evidente. Ver a
esse respeito: MICHELSON, Annette; SERRA, Richard; WEYERGRAF,
Clara. “The Films of Richard Serra: an Interview”. In: October 10,
Autumn 1979.
4
Forma Vazia
1
O título completo da publicação é An Anthology of Chance Operations,
Indeterminacy, Concept Art, Anti-Art, Meaningless Work, Natural
Disasters, Stories, Poetry, Essays, Diagrams, Music, Dance Constructi-
ons, Plans of Action, Mathematics, Compositions, editada por Young com
a assistência de Jackson Mac Low e George Maciunas. Quando o lança-
mento, previsto para 1961 mas adiado por falta de recursos, finalmente
aconteceu em 1963, Morris já havia cancelado a sua contribuição
alegando desacordo com George Maciunas e a orientação da antologia
para a então nascente estética Fluxus. A publicação saiu sem o texto de
Morris, que veio a ser publicado na íntegra em 1984. MORRIS, Robert.
“Blank Form”. In: HASKELL, Barbara. Blam! The explosion of pop,
minimalism and performance 1958-1964. New York: Whitney Museum,
1984, p. 101.
2
Liz Kotz analisa a influência de Cage na disseminação desse novo tipo
de arte na Nova York do início dos anos 60. KOTZ, Liz. “Post-Cagean
Aesthetics and the ‘Event’ Score”. In: October 95, Winter 2001.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310350/CA 94
3
MORRIS, Robert. “Blank Form”, op. cit. Reproduzido na Figura 30.
95
9
Ibidem, pp. 31-2
10
Em “Experimental Music”, op. cit., p. 12, escreveu: “Para onde vamos
a partir daqui? Rumo ao teatro.”
11
TOMKINS, Calvin. The bride and the bachelors: five masters of the
avant garde. New York: Penguin Books, 1976, p. 116.
12
Citado por Tomkins em: Ibidem, pp. 137-8. Essa afirmação de Cage
deixa mais evidente a sua relação com a obra de Duchamp, de que
trataremos a seguir.
97
13
CAGE, John. “Experimental Music”, op. cit., p. 11.
14
Idem. “On Robert Rauschenberg, artist, and his work”. In: Silence, op.
cit., p. 100. Com relação às telas brancas de Rauschenberg, anteriores a
4’33’’, Cage escreveu: “Uma tela nunca está vazia” (p. 99).
15
De fato, “duração” e “teatralidade” foram os elementos minimalistas
identificados por Michael Fried na conhecida polêmica provocada por
“Art and Objecthood”. Sabe-se, além disso, que este texto se referia
sobretudo aos poliedros de Morris, vistos por Fried, e à sua leitura de
textos e entrevistas de Morris, Donald Judd e Tony Smith – é o que diz
David Batchelor em seu livro sobre o tema. BATCHELOR, David.
Minimalismo. São Paulo: Cosac & Naify, 1999, pp. 66-7.
16
CAGE, John. “Composition as Process”, op. cit., p. 28.
17
MORRIS, Robert. “Blank Form”, op. cit.
98
18
Ibidem.
19
CAGE, John. “Composition as Process”, op. cit., p. 31.
20
Idem. “Experimental Music”, op. cit., p. 8.
21
Idem. “Lecture on Nothing”. In: Silence, op. cit., pp. 109-19. A citação
não faz jus à paginação do texto, em colunas com muitos brancos e
quebras de frase inusuais, feita segundo uma estrutura rítmica e que
funcionaria como partitura para a interpretação oral.
99
22
Essa é, por exemplo, a visão de CRNKOVIC, Gordana. “Utopian
America and the Language of Silence”. In: PERLOFF, Marjorie;
JUNKERMAN, Charles (orgs.). John Cage: composed in America.
Chicago: University of Chicago Press, 1994.
23
MORRIS, Robert. “Blank Form”, op. cit.
24
Ibidem.
25
Ibidem.
100
26
Idem. “Letters to John Cage”. In: October 81, Summer 1997, pp. 72-3.
O artigo reúne quatro cartas de Morris, que basicamente consistem na
apresentação e explicação de projetos de trabalho, dentre os quais alguns
realizados e outros que nunca saíram do papel. A publicação dessas cartas
resultou de uma pesquisa feita por Branden Joseph no John Cage Archive,
e é acompanhada de uma introdução à correspondência dos dois artistas e
ao contexto em que esta se desenvolveu, escrita pelo pesquisador
(JOSEPH, Branden. “Robert Morris and John Cage: Reconstructing a
Dialogue”. In: October 81, Summer 1997).
27
Ibidem, p. 73.
101
28
CAGE, John. “Letter to Paul Henry Lang”, citado em JOSEPH,
Branden. “Robert Morris and John Cage: Reconstructing a Dialogue”, op.
cit., p. 64.
29
Em sua introdução às cartas de Morris, Branden Joseph comenta que
além de alguns projetos do final dos anos 50, nunca levados a cabo,
Morris teria realizado um único trabalho empregando procedimentos de
acaso, 100 Pieces of Metal, de 1968-69.
30
PEPPER, Ian. “From the ‘Aesthetics of Indifference’ to ‘Negative
Aesthetics’: John Cage and Germany 1958-1972”. In: October 82,
Autumn 1997, p. 33.
102
31
DUCHAMP, Marcel. “The Creative Act”. In: The Writings of Marcel
Duchamp. New York: Da Capo Press, 1989, p. 140.
32
Seria possível, é claro, relacionar a response ability de Cage a vertentes
da teoria literária que, nos anos 60, propuseram a leitura como atividade
produtiva. Mas seguiremos a sugestão de Liz Kotz de que fazê-lo seria
incorrer numa espécie de circularidade, já que, segundo a autora, a nova
textualidade então proposta teria entre seus reconhecidos precedentes a
música pós-serial, produto da recepção européia das estratégias de
indeterminação de Cage. Kotz dá exemplos que, em todo caso, merecem
menção. A poética da “obra aberta” de Umberto Eco foi explicitamente
baseada nos experimentos com “forma aberta” de Luciano Berio, Henri
Pousseur e outros compositores europeus do segundo pós-guerra,
enquanto Roland Barthes afirmou em From Work to Text: “Sabemos hoje
que a música pós-serial alterou radicalmente o papel do intérprete, que é
chamado a ser um co-autor da partitura, completando-a mais do que
dando-lhe ‘expressão’. O Texto é algo próximo a esse novo tipo de
partitura: ele pede ao leitor uma colaboração prática.” Citado em: KOTZ,
Liz. “Post-Cagean Aesthetics and the ‘Event’ Score”, op. cit., p. 56. Mais
um motivo, nos parece, para privilegiarmos a “arte-como-recepção” de
Duchamp, de quem Cage esteve muito próximo desde o início dos anos
40, quando se instalou em Nova York.
33
PEPPER, Ian. “From the ‘Aesthetics of Indifference’ to ‘Negative
Aesthetics’...”, op. cit., p. 34.
O comentário de Pepper remete a esta frase de Cage, em que aparecem as
três dimensões da música: “Composição é uma coisa, performance é
outra, audição uma terceira coisa. O que elas podem ter a ver uma com a
outra?” (CAGE, Jonh. “Experimental music: doctrine”. In: Silence, op.
cit., p.15). O exemplo clássico é ainda 4’33’’, com sua partitura-texto,
escrita à maneira de instruções, sua performance aberta, já que a partitura
indica a possibilidade de quaisquer instrumentos e número de músicos, e
sua audição “incidental”.
103
34
Entre os componentes mais ativos do Judson Dance Theater (1962-
1964) podemos destacar Yvonne Rainer, Steve Paxton, Trisha Brown,
Judith Dunn, Deborah Hay, Alex Hay, Lucinda Childs, David Gordon e
Robert Morris. De todos estes, apenas Morris não participou do curso de
Robert Dunn (1960-1962), enquanto Simone Forti fez o curso de Dunn
mas não integrou o Judson Dance Theater. Além disso, Forti, Rainer,
Brown e Morris participaram de cursos com Ann Halprin na Califórnia.
Quanto a referências sobre o curso de Dunn: a mais completa é o livro de
Sally Banes (BANES, Sally. Democracy’s Body – Judson Dance Theater,
1962 – 1964. Durham and London: Duke University Press, 1993). Em
seguida, há um artigo mais específico da mesma autora (BANES, Sally.
“Choreographic Methods of the Judson Dance Theater”. In: DILS, Ann;
ALBRIGHT, Ann Cooper (orgs.). Moving History/Dancing Cultures – a
Dance History Reader. Middletown: Wesleyan University Press, 2001) e
um breve artigo do próprio Robert Dunn (DUNN, Robert Ellis. “Judson
Days”. In: Contact Quarterly 14/1, 1989).
35
Exemplos dados em BANES, Sally. “Choreographic Methods of the
Judson Dance Theater”, op. cit.
104
36
Sally Banes escreveu: “Outro método coreográfico usado nas aulas de
Dunn, a redução do movimento a ‘uma só coisa’, que depois reapareceria
como um asceticismo correlato ao da escultura minimalista, caracterizou
as danças de Simone Forti e Steve Paxton.” Ibidem, p. 353.
37
Idem. “Simone Forti: Dancing as if Newborn”. In: Terpsichore in
Sneakers: Post-modern Dance, op. cit., p. 29.
105
38
CAGE, John. “Composition as Process”, op. cit., pp. 29-30. A estória,
contada entre as inúmeras anedotas espalhadas ao longo de Silence,
aparece em “Edgard Varèse”. In: Silence, op. cit., p. 85.
106
39
FORTI, Simone. Handbook in Motion, op. cit., p. 118.
40
DUCHAMP, Marcel. “The 1914 Box”. In: The Writings of Marcel
Duchamp, op. cit., p. 22.
107
45
COPELAND, Roger. “Dance, Feminism and the Critique of the
Visual”. In: THOMAS, Helen (org.). Dance, Gender and Culture. New
York: St. Martin’s Press, 1993, p. 140.
110
46
ANTIN, David. “Art & Information 1, Grey Paint, Robert Morris”. In:
Art News 65/2, April 1966, p. 58.
47
BERGER, Maurice. Labyrinths: Robert Morris, Minimalism and the
1960s. New York: Harper & Row, 1989, p. 64.
48
Quando See-Saw foi apresentada pela primeira vez, em 1960, Morris e
Forti estavam casados e ela pretendia fazer o dueto com ele. Mas como se
sentiu indisposta à época da estréia, propôs a Rainer que o fizesse com
Morris. Em 1965, quando Waterman Switch foi apresentada, Morris esta-
va casado com Rainer.
49
DUCHAMP, Marcel. “The Green Box”. In: The Writings of Marcel
Duchamp, op. cit., p. 56.
111
50
Ibidem, p. 57.
51
Ibidem, pp. 63 e 65.
52
Ibidem, p. 56. Em inglês: “Slow life. Vicious circle. Onanism.
Horizontal. Round trip for the buffer. Junk of life. Cheap construction.
Tin, cords, iron wire. Eccentric wooden pulleys. Monotonous fly wheel.
Beer professor.”
53
Ibidem, p. 68.
112
(Fig. 16) e a Box with the sound of its own making (Fig. 17),
duas caixas que “encerram” performances, como bem notou
David Sylvester ao escrever a respeito da última:
54
COMPTON, Michael; SYLVESTER, David (orgs.). Robert Morris, op.
cit., p. 10.
114
Fig. 34: Robert Morris, sem título (Leave Key Fig. 35: Robert Morris, Litanies, 1963
on Hook), 1963
Uma
imaginação de aprisionamento é mesmo congênita ao
trabalho de Morris e a dança, campo de atividades sensível a
tudo que, literalmente, mobiliza ou imobiliza o artista, já
surgiu nela imersa. Anos antes da criação de Site e Waterman
Switch, a dança Column já era emblemática da estranha
combinação entre enclausuramento e minimalismo que mais
adiante ganharia a forma, um tanto inquietante, de um grande
anel em fibra de vidro irradiando luz fluorescente por suas
frestas (Fig. 36). “É como se o trabalho em questão tivesse
uma vida interior, até mesmo secreta”55, comentou Michael
Fried em sua crítica ao minimalismo, talvez pensando nessa
escultura. Morris certamente tem um interesse – descabido
para Judd, por exemplo – numa característica específica das
caixas, que é a sugestão de que ela guarda alguma coisa, algo
que não se pode e talvez não se deva tentar revelar – uma
idéia tão antiga quanto o mito da caixa de Pandora, a que ele
faria referência em trabalhos bem posteriores. É o caso de
The Fallen and the Saved (Fig. 37), de 1994, com imensas
55
FRIED, Michael. “Art and Objecthood”. In: BATTCOCK, Gregory
(org.). Minimal Art - A Critical Anthology, op. cit., p. 129.
115
Fig. 36: Robert Morris, sem título (Ring with Light), Fig. 37: Robert Morris, The Fallen and the Saved,
1965 1994
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310350/CA
59
WITTGENSTEIN, Ludwig. Tractatus Logico-Philosophicus. London
and New Jersey: Routledge and Humanities Press International, 1974, #
6.521.
60
Idem. Investigações Filosóficas, op. cit., # 133.
61
Ibidem, # 262.
62
DUCHAMP, Marcel. “The Creative Act”, op. cit., p. 139.
118
63
Ibidem.
64
Idem. “The Green Box”, op. cit., p. 32.
119
mundo.
(...)
Não podemos pensar o que não podemos pensar; logo o que
não podemos pensar tampouco podemos dizer.
Esta observação dá a chave do problema, quanta verdade há
no solipsismo.
O que o solipsismo quer significar é inteiramente correto; só
que não pode ser dito, mas se manifesta.
O mundo é meu mundo: isto se manifesta no fato de que os
limites da linguagem (da linguagem que é a única que com-
preendo) significam os limites do meu mundo.66
65
WITTGENSTEIN, Ludwig. Tractatus Logico-Philosophicus, op. cit., #
7.
66
Ibidem, # 5.6 – 5.62. Adotamos na tradução do trecho entre parêntesis a
sugestão de Jaakko Hintikka de que o seu sentido correto em inglês seria
“the only language that I understand”. HINTIKKA, Jaakko. “On
Wittgenstein’s ‘Solipsism’”. In: Mind 67, January 1958, p. 88.
120
67
A distinção entre um solipsismo cartesiano, dito “solipsismo
metafísico”, e um solipsismo empregado como estratégia de investigação,
contrário ao primeiro e ligado tanto ao positivismo lógico quanto à
tradição fenomenológica, dito “solipsismo metodológico”, é apresentada e
discutida por Sami Pihlström. O autor problematiza essa distinção, mas ao
mesmo tempo sugere a impossibilidade de uma investigação filosófica
que não parta de algum tipo de solipsismo metodológico, sob o qual
localiza, entre outros, a filosofia de Wittgenstein. PIHLSTRÖM, Sami.
“Two kinds of methodological solipsism”. In: Sats – Nordic Journal of
Philosophy 1/2, 2000.
68
“A totalidade das proposições é a linguagem”, afirma Wittgenstein no
Tractatus, # 4.001.
69
HINTIKKA, Jaakko. “On Wittgenstein’s ‘Solipsism’”, op. cit., p. 90.
70
Ibidem, p. 91.
71
Ibidem.
121
72
WITTGENSTEIN, Ludwig. Tractatus Logico-Philosophicus, op. cit., #
3.221.
73
Ibidem, # 6.42.
74
Ibidem, # 6.52 – 6.521.
75
HINTIKKA, Jaakko. “What does the Wittgensteinian Inexpressible
Express?”. In: Harvard Review of Philosophy XI, Spring 2003, pp. 11-12.
Hintikka mostra como a inefabilidade da semântica foi uma questão para
Frege e Russell, por exemplo, mas ambos se restringiram a “tímidas
tentativas” de considerar as conseqüências do problema. Wittgenstein, ao
contrário, teria dado uma direção radical à questão ao afirmá-la, no
Tractatus, como manifestação do “místico” (# 6.522).
122
80
WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações Filosóficas, op. cit., # 293.
81
Ibidem, # 126.
82
Ibidem, # 398.
83
Ibidem, # 412. A seguir, no # 413, Wittgenstein compara o seu exemplo
de ilusão introspectiva com o de William James, para quem o “si-mesmo”
não passaria de “movimentos peculiares na cabeça e entre a cabeça e a
garganta” – “a situação de atenção de um filósofo que profere para si a
palavra ‘si-mesmo’ e quer analisar o seu significado”. No # 412, o “dirigir
minha atenção para a minha consciência” também consiste em
movimentos na cabeça e certos gestos faciais.
124
84
O sentido háptico, também chamado de “tato ativo”, engloba o sentido
cinestésico e o sentido tátil, combinando a sensibilidade ao movimento e a
sensibilidade cutânea. É freqüentemente associado aos cegos, que o
empregam para ler e identificar superfícies e objetos, por exemplo.
85
A anedota é contada em PAICE, Kimberly. “Catalogue”, op. cit., p. 94.
125
Fig. 39: Robert Morris, Blind Time I, 1973 Fig. 40: Robert Morris, Blind Time I, 1973
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310350/CA
Fig. 41: Robert Morris, Blind Time III, 1985 Fig. 42: Robert Morris, Blind Time IV, 1991
86
CHERIX, Christophe. “Questions for Robert Morris”. In: CHERIX,
Christophe (org.). Robert Morris, Estampes et Multiples, 1952-1998:
Catalogue Raisonné. Genève: Cabinet des Estampes du Musée d'Art et
d'Histoire; Chatou: Centre National de l'Estampe et de l'Art Imprimé,
1999, p. 151.
128
87
Todas as transcrições de textos da série Blind Time são baseadas no
catálogo mais completo sobre o tema: CRIQUI, Jean-Pierre (org.). Robert
Morris: blind time drawings, 1973-2000. Göttingen: Steidl, 2005, s/n.
88
SURIN, Kenneth. “Morris drawing blindfolded”. In: TSOUTI-
SCHILLINGER, Nena; SURIN, Kenneth (orgs.). Robert Morris: blind
time drawings. New York: Haim Chanin Fine Arts, 2003, p. 14.
89
Morris teria afirmado: “Nos Blind Time Drawings estou sempre
reduzido aos meus níveis mais baixos. Tateante e patético, sem ilusões de
vista. Fragmentado e espástico, sem ilusões de totalidade.” Citado em:
TSOUTI-SCHILLINGER, Nena. “Drawing in time”. In: ______; SURIN,
Kenneth (orgs.). Robert Morris: blind time drawings, op. cit., p. 8.
129
90
CRIQUI, Jean-Pierre (org.). Robert Morris: blind time drawings, 1973-
2000, op. cit., s/n.
91
Além do já citado “Morris drawing blindfolded”, também: SURIN,
Kenneth. “Getting the Picture: Donald Davidson on Robert Morris’s
Blind Time Drawings IV (Drawing with Davidson)”. In: The South
Atlantic Quarterly 101/1, Winter 2002.
92
Sem chão firme: lembremos que sua primeira apresentação pública
como dançarino se deu na gangorra de See-Saw. Sem se olhar no espelho:
Ann Halprin sempre se recusou a instalar espelhos em seu studio de
dança, no esforço de desligar a atenção cinestésica dos alunos de qualquer
projetividade visual. Ver comentário a esse respeito em: CAUX,
Jacqueline. “Ann Halprin: Centre Pompidou”. In: Art Press 304,
Setembro 2004, p. 15. O emprego de espelhos na escultura de Morris,
sobre o qual falaremos mais adiante, sem dúvida está relacionado ao seu
uso – ou negação – na dança.
130
93
MORRIS, Robert. “Writing with Davidson: some afterthoughts after
doing Blind Time IV: Drawing with Davidson”. In: Critical Inquiry 19,
Summer 1993, p. 620.
94
Ibidem, p. 619.
131
irônico.”99
Essa percepção do tempo, na arte, como força
dissipativa, desorientação ou perda deve ser pensada, mais
uma vez, através do diálogo com Marcel Duchamp, marcante
nas noções de discrepância e erro de Blind Time. O primeiro
trabalho em que Morris fez uma anotação de tempo, vale
lembrar, foi o desenho de 1961 em que repetiu o texto de
Litanies por duas horas e meia, parecendo seguir as
“Especificações para Readymades” da Boîte Verte: “O que
importa então é apenas a questão da marcação do tempo (...)
Naturalmente inscreva essa data, hora, minuto, no readymade
como informação.”100 O que importa, nesse caso, é o
momento único e fugaz do ato criativo, o “encontro”
[rendezvous] do artista com certos materiais e objetos – mas
isso coloca todos os posteriores encontros do público com
esses mesmos objetos em situação de “atraso” [delay],
“reunião indecisiva”.101 Podemos seguir aqui o raciocínio
sugerido por Thierry de Duve a esse respeito: se “atraso”
98
LEE, Pamela. “Some kinds of duration: the temporality of drawing as
process art”. In: BUTLER, Cornelia (org.). Afterimage: Drawing through
Process. Los Angeles: Museum of Contemporary Art, 1999, p. 37. Neste
texto, a autora se propõe a analisar alguns modelos temporais da arte, e
sobretudo do desenho, nos anos 60 e 70. Além do destaque dado ao
“entrópico”, ela também aborda o “transitivo” e o “contingente”.
99
CHERIX, Christophe. “Questions for Robert Morris”, op. cit., p. 152.
100
DUCHAMP, Marcel. “The Green Box”, op. cit., p. 32.
101
Ibidem, p. 26.
133
102
DE DUVE, Thierry. “Echoes of the Readymade: Critique of Pure
Modernism”. In: BUSKIRK, Martha; NIXON, Mignon (orgs). The
Duchamp Effect, op. cit., p. 115. De Duve se refere às notas sobre o
Grand Verre, que dizem: “Use ‘atraso’ ao invés de quadro ou pintura;
quadro em vidro se transforma em atraso em vidro”, e ao texto sobre o ato
criativo, que diz que o artista “terá que esperar pelo veredicto do
espectador”.
103
Um estudo mais aprofundado sobre a indicialidade na obra de
Duchamp e sua relação com a arte norte-americana: KRAUSS, Rosalind.
“Notes on the Index: Seventies Art in America, Part I” (In: October 3,
Spring 1977) e “Notes on the Index: Seventies Art in America, Part II”
(In: October 4, Autumn 1977).
134
4
PAICE, Kimberly. “Catalogue”, op. cit., p. 160.
5
The Creative Act de Duchamp e Lecture on Nothing de Cage são
exemplos de textos de palestras que lidam, de diferentes maneiras, com
discrepâncias constitutivas da ação artística. Cage, em especial, é
claramente uma referência para 21.3. O músico se tornou célebre também
por suas lectures performáticas, que muitas vezes se misturavam com
lembranças ou comentários auto-referenciais e igualmente convertiam o
139
10
Idem. “The Mind/Body Problem: Robert Morris in Series”. In: _______
; KRENS, Thomas (orgs.). Robert Morris. The Mind/Body Problem, op.
cit., p. 5. Dos vários exemplos dados por Krauss, citamos um extraído da
novela Watt: “Here he stood. Here he sat. Here he knelt. Here he lay.
Here he moved, to and from, from the door to the window, from the
window to the door; from the window to the door, from the door to the
window; from the fire to the bed, from the bed to the fire; from the bed to
the fire, from the fire to the bed; from the door to the fire, from the fire to
the door....” [p. 11]. O próprio Morris teria indicado uma possibilidade de
aproximação entre o seu minimalismo e a obra de Beckett quando
escreveu, em 1975, que nos espaços criados pelo escritor, “um Murphy,
um Malone ou um Watt permutam precisa e infinitamente a sua limitada
reserva de idéias e pertences miseráveis.” MORRIS, Robert. “Aligned
with Nazca”. In: Continuous Project Altered Daily: The Writings of
Robert Morris, op. cit., p. 160.
141
Fig. 46: Robert Morris, Slung mesh, 1968 Fig. 47: Robert Morris,
sem título, 1968
11
Um “livro de artista” com trabalhos feitos exclusivamente por
reprografia. SIEGELAUB, Seth; WENDLER, John (orgs.). Xerox Book -
Carl Andre, Robert Barry, Douglas Huebler, Joseph Kosuth, Sol Lewitt,
Robert Morris e Lawrence Weiner. New York: Siegelaub & Wendler,
1968.
142
12
PAICE, Kimberly. “Catalogue”, op. cit., p. 180.
143
13
BANES, Sally. Greenwich Village 1963 – Avant-garde, Performance e
o Corpo Efervescente. Rio de Janeiro: Rocco, 1999, p. 44.
14
Citado em: Idem. Democracy’s Body – Judson Dance Theater, 1962 –
1964, op. cit., p. 79. A citação de Banes se refere a anotações não
publicadas de Morris.
144
Fig. 49: Yvonne Rainer, We Shall Run, 1963 Fig. 50: Yvonne Rainer,
Part of a Sextet, 1964
15
Todas as descrições de trabalhos de Rainer são baseadas em seus
próprios textos, citados a seguir, e em filmes da época ou reconstruções
posteriores em vídeo: Continuous project - Altered daily [filme]. New
York, 1969; Lives of performers [vídeo]. New York, 1972; Trio A - The
mind is a muscle, part 1 [filme]. New York, 1978; Judson Dance Theatre
reconstructions [vídeo]. New York, 1982; The Judson project: Yvonne
Rainer [vídeo]. New York, 1983; Five easy pieces: five films [vídeo].
New York, 2003.
145
16
BANES, Sally. Democracy’s Body – Judson Dance Theater, 1962 –
1964, op. cit., p. 87.
17
ANDERSON, Jack. “Yvonne Rainer: the Puritan as Hedonist”. In:
Ballet Review 2/5 1969, p. 31.
18
Em seu texto sobre Parts of Some Sextets, que citamos a seguir, Rainer
comenta que Check, dança apresentada por Morris em Estocolmo em
1964, foi um ponto de referência para o trabalho. Além disso, o interesse
em empregar colchões estava ligado a atividades de improvisação
envolvendo o deslocamento de móveis e objetos que ela havia proposto e
desenvolvido com Morris durante um dos encontros do Judson Dance
Theater, também em 1964.
146
21
MICHELSON, Annette. “Yvonne Rainer, Part One: the Dancer and the
Dance”. In: Artforum, January 1974, pp. 58-9.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310350/CA 148
22
JOWITT, Deborah. Time and the Dancing Image, op. cit., p. 307.
23
BANES, Sally. Terpsichore in Sneakers: Post-modern Dance, op. cit.,
p. 91.
24
MORRIS, Robert. “Dance”. In: Village Voice, February 3, 1966, p. 25.
A estréia de Trio A aconteceu em 10 de janeiro de 1966.
150
25
RAINER, Yvonne. “A quasi survey of some ‘minimalist’ tendencies in
the quantitatively minimal dance activity midst the plethora, or an
analysis of Trio A”. In: BATTCOCK, Gregory (org.). Minimal Art – A
Critical Anthology, op. cit. A tabela da Figura 53 encontra-se na página
263 dessa edição.
26
LOUPPE, Laurence. Poétique de la Danse Contemporaine, op. cit., p.
151.
151
27
RAINER, Yvonne. “A quasi survey of some ‘minimalist’ tendencies in
the quantitatively minimal dance activity midst the plethora, or an
analysis of Trio A”, op. cit., p. 270.
28
SAYRE, Henry. “Tracing Dance”. In: The Object of Performance – the
American Avant-Garde since 1970. Chicago and London: The University
of Chicago Press, 1989, p. 126. Seria possível, como Sayre propõe nesse
texto, pensar o jogo entre repetição e diferença na performance e na dança
a partir da dinâmica da différance de Jacques Derrida – “o jogo
sistemático de diferenças, dos traços de diferenças, do espaçamento por
meio do qual elementos relacionam-se uns aos outros...”. Mas além dessa
abordagem teórica já ser insistentemente trabalhada nos estudos de
performance, sua consideração fugiria aos limites da tese.
29
RAINER, Yvonne. “A quasi survey of some ‘minimalist’ tendencies in
the quantitatively minimal dance activity midst the plethora, or an
analysis of Trio A”, op. cit., p. 272.
152
30
MORRIS, Robert. “Dance”, op. cit., p. 25.
31
RAINER, Yvonne. “A quasi survey of some ‘minimalist’ tendencies in
the quantitatively minimal dance activity midst the plethora, or an
analysis of Trio A”, op. cit., p. 272.
153
32
MORRIS, Robert. “Notes on Sculpture, Part 4”. In: Continuous Project
Altered Daily: The Writings of Robert Morris, op. cit., p. 57.
33
Ibidem, p. 61.
34
Idem. “Anti Form”. In: Continuous Project Altered Daily: The Writings
of Robert Morris, op. cit.
Na verdade, esse título foi proposto pelo editor da Artforum à época e
Morris não o emprega em nenhum momento ao longo do próprio texto. O
caráter certamente problemático da expressão anti form no entanto acaba
por torná-la produtiva, além de emblemática, para o contraponto à blank
form que propomos aqui. Morris, obviamente, nunca comentou seu
trabalho em termos de um tal contraponto – ou “passagem” – com as duas
expressões, nem sequer voltou a usá-las em outras ocasiões além dos dois
textos em que apareceram, em 1961 e 1968. Nossa sugestão de articulá-
las como numa “passagem” é também uma referência à idéia de Rosalind
Krauss de que as transformações recentes da escultura poderiam ser
pensadas como Passages in Modern Sculpture – título de seu livro
publicado em 1977. Além da discussão de trabalhos de Morris, nos parece
evidente que a argumentação principal do livro tem algo de um diálogo
com sua obra e seus textos.
154
37
Ibidem.
38
MORRIS, Robert. “Some Notes on the Phenomenology of Making”. In:
Continuous Project Altered Daily: The Writings of Robert Morris, op.
cit., p. 77.
39
Idem. “Anti Form”, op. cit., p. 45. Aqui, Morris dá dois exemplos do
que seria essa concepção conservativa da arte como fim e não como
processo: a mudança da madeira para o mármore, mantendo-se a mesma
aparência, na arquitetura grega, e os bronzes cubistas com múltiplos
planos facetados.
156
40
Ibidem, p. 46.
41
Os estudos mais completos sobre o desenvolvimento das séries de
feltros de Morris foram organizados por Pepe Karmel no seguinte
catálogo: KARMEL, Pepe (org.). Robert Morris: the Felt Works. New
York: Grey Art Gallery and Study Center/NYU, 1989.
157
Fig. 56: Robert Morris, sem título, 1967 Fig. 57: Robert Morris, sem título, 1967
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310350/CA
Fig. 58: Robert Morris, sem título, 1968 Fig. 59: Robert Morris, sem título, 1969
42
Citado em PATTON, Phil. “Robert Morris and the fire next time”. In:
Art News 82, December 1983, p. 86.
159
43
Morris é contemporâneo ao surgimento da performance art e da body
art, em que são centrais o envolvimento e a exibição do corpo do artista
no trabalho de arte. As referências para esses dois tipos de prática artística
também incluem a dança, em especial Ann Halprin e o Judson Dance
Theater, além de Pollock, Cage, Duchamp, Yves Klein, Joseph Beuys e,
entre outros, o próprio Morris, assiduamente referido como um precursor
com suas Column e Box for Standing. Como acontece nestes dois
trabalhos, a relação com a dança é determinante das possibilidades de
envolvimento corporal exploradas por Morris, e compreender essa relação
161
1969
44
Kimberly Paice comenta, no catálogo da retrospectiva de Morris no
Guggenheim, que o artista manteve um diário durante todo o processo do
CPAD, e cita algumas de suas anotações não publicadas. Um exemplo:
“talvez a qualidade fecal dos montes de lama me revolte mais do que
admito”. In: PAICE, Kimberly. “Catalogue”, op. cit., p. 235.
163
45
MORRIS, Robert. “Notes on Sculpture, Part 4”, op. cit., p. 69.
46
Ibidem.
47
Dois textos críticos publicados sobre o trabalho que, apesar de muito
distintos entre si, igualmente ressaltam o gigantismo e a espetacularidade
da montagem: MICHELSON, Annette. “Three Notes on an Exhibition as
a Work”. In: Artforum 8/10, June 1970; “Maximizing the Minimal”. In:
Time Magazine, April 20, 1970 (sem autoria).
164
48
MICHELSON, Annette. “Three Notes on an Exhibition as a Work”, op.
cit., p. 64.
49
MORRIS, Robert. “The Peripatetic Artists Guild Announces Robert
Morris”. Reproduzido em: BERGER, Maurice. Labyrinths: Robert Morris,
Minimalism and the 1960s. New York: Harper & Row, 1989, p. 94. Aqui,
165
50
O termo “inventário” é usado por Annette Michelson ao comentar
CPAD em seu texto sobre Rainer: MICHELSON, Annette. “Yvonne
Rainer, Part One: the Dancer and the Dance”, op. cit., p. 61. Toda a
descrição desses inventários, que fazemos a seguir, está baseada no
programa de CPAD, feito para a apresentação no Whitney e reproduzido
em: RAINER, Yvonne. Work 1961-73, op. cit., p. 129-31.
167
51
RAINER, Yvonne. Work 1961-73, op. cit., p. 129.
168
52
MICHELSON, Annette. “Yvonne Rainer, Part One: the Dancer and the
Dance”, op. cit., p. 62.
53
MORRIS, Robert. “Some Notes on the Phenomenology of Making”,
op. cit.
54
RAINER, Yvonne. Work 1961-73, op. cit., p. 125. O desenvolvimento
subseqüente de CPAD foi, na verdade, a quase imediata formação do
grupo de dança Grand Union (1970-1976), com a autonomização do
grupo original de Rainer e a entrada de novos dançarinos. As atividades
do Grand Union eram essencialmente improvisacionais e, tendo à frente
Steve Paxton, foram o ponto de partida para o desenvolvimento da
contact improvisation.
169
58
Ibidem, pp. 165-66.
59
WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações Filosóficas, op. cit., # 203.
172
1
MORRIS, Robert. From Mnemosyne to Clio: the Mirror to the
Labyrinth, op. cit., p. 179.
2
Ibidem, p. 165.
174
3
WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações Filosóficas, op. cit., # 343 e
p. 296. O parágrafo 343 diz: “As palavras, com que expresso a minha
lembrança, são a minha reação mnêmica.” E na segunda parte do livro, à
página 296, o filósofo acrescenta: “Vivências mnêmicas são fenômenos
concomitantes de recordar. Recordar não tem conteúdo vivencial”.
4
Ibidem, p. 296.
5
Ibidem.
175
6
Ibidem, p. 185.
7
Referências Bibliográficas
ANDERSON, Jack. “Yvonne Rainer: the Puritan as Hedonist”. In: Ballet Review
2/5, 1969.
ANTIN, David. “Art & Information 1, Grey Paint, Robert Morris”. In: Art News
65/2, April 1966.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310350/CA
BANES, Sally. “Choreographic Methods of the Judson Dance Theater”. In: DILS,
Ann; ALBRIGHT, Ann Cooper (orgs.). Moving History/Dancing Cultures – a
Dance History Reader. Middletown: Wesleyan University Press, 2001.
BERGER, Maurice. Labyrinths: Robert Morris, Minimalism and the 1960s. New
York: Harper & Row, 1989.
CAUX, Jacqueline. “Ann Halprin: Centre Pompidou”. In: Art Press 304,
Setembro 2004.
CHAVE, Anna. “Minimalism and Biography”. In: The Art Bulletin 28/1, March
2000.
CHIPP, H.B. (org.). Teorias da Arte Moderna. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
COPELAND, Roger. “Dance, Feminism and the Critique of the Visual”. In:
THOMAS, Helen (org.). Dance, Gender and Culture. New York: St. Martin’s
Press, 1993.
DAVIDSON, Donald. “The Third Man”. In: Critical Inquiry 19, Summer 1993.
178
DEMPSTER, Elizabeth. “Women Writing the Body: Let’s Watch a Little How
She Dances”. In: GOELLNER, Ellen; MURPHY, Jacqueline (orgs.). Bodies of the
Text. New Brunswick: Rutgers, 1995.
DUNN, Robert Ellis. “Judson Days”. In: Contact Quarterly 14/1, 1989.
FORTI, Simone. Handbook in Motion. Halifax: Press of the Nova Scotia College
of Art and Design; New York: New York University Press, 1974.
FOSTER, Hal. The return of the real: the avant-garde at the end of the century.
Cambridge: MIT Press, 1996.
FRANK, Peter. “Peter Frank”. In: The Soho Weekly News, December 5, 1974.
FRIED, Michael. “Anthony Caro”; “Art and Objecthood”. In: Art and
Objecthood. Chicago; London: The University of Chicago Press, 1998.
GLASER, Bruce. “Questions to Stella and Judd”. In: BATTCOCK, Gregory (org.).
Minimal Art - A Critical Anthology. Berkeley: University of California Press, 1995.
GOOSSEN, E. C. “The Artist Speaks: Robert Morris”. In: Art in America 58,
May/June 1970.
HALPRIN, Ann. “Intuition and Improvisation”. In: VAN TUYL, Marian (org.).
Anthology of Impulse – Annual of Contemporary Dance 1951-1966. New York:
Dance Horizons, 1969.
179
HINTIKKA, Jaakko. “On Wittgenstein’s ‘Solipsism’”. In: Mind 67, January 1958.
JONES, Caroline. “Finishing School: John Cage and the Abstract Expressionist
Ego”. In: Critical Inquiry 19/4, Summer 1993.
KAPROW, Allan. Essays on the blurring of art and life. Berkeley: University of
California Press, 1993.
KARMEL, Pepe. “Robert Morris: formal disclosures”. In: Art in America 83/6,
June 1995.
_____________ (org.). Robert Morris: the Felt Works. New York: Grey Art
Gallery and Study Center/NYU, 1989.
KOTZ, Liz. “Post-Cagean Aesthetics and the ‘Event’ Score”. In: October 95,
Winter 2001.
_____________. “Notes on the Index: Seventies Art in America, Part I”. In:
October 3, Spring 1977.
_____________. “Notes on the Index: Seventies Art in America, Part II”. In:
October 4, Autumn 1977.
art”. In: BUTLER, Cornelia (org.). Afterimage: Drawing through Process. Los
Angeles: Museum of Contemporary Art, 1999.
MEYER, James. Minimalism: art and polemics in the sixties. New Haven: Yale
University Press, 2001.
_____________. “Yvonne Rainer, Part One: the Dancer and the Dance”. In:
Artforum 12/5, January 1974.
_____________. “Wall labels: word, image and object in the work of Robert
Morris”. In: KRAUSS, Rosalind; KRENS, Thomas (orgs.). Robert Morris. The
Mind/Body Problem. New York: Solomon R. Guggenheim Museum, 1994.
_____________. “Method for Sorting Cows”. In: Art and Literature 11, Winter
1967.
PATTON, Phil. “Robert Morris and the fire next time”. In: Art News 82,
December 1983.
182
PIERCE, Robert J. “Denying the fountain of youth”. In: The Soho Weekly News,
May 3, 1979.
_____________. Work 1961-73. Halifax: Press of the Nova Scotia College of Art
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310350/CA
SCHIMMEL, Paul (org.). Out of Actions: Between Performance and the Object
1949 – 1979. Los Angeles: The Museum of Contemporary Art, 1998.
_____________. “Solo Solo Solo”. In: BUTT, Gavin (org.). After criticism: new
responses to art and performance. Malden: Blackwell, 2005.
SIEGELAUB, Seth; WENDLER, John (orgs.). Xerox Book - Carl Andre, Robert
Barry, Douglas Huebler, Joseph Kosuth, Sol Lewitt, Robert Morris e Lawrence
Weiner. New York: Siegelaub & Wendler, 1968.
TOMKINS, Calvin. The bride and the bachelors: five masters of the avant garde.
New York: Penguin Books, 1976.
TUCKER, Marcia. Robert Morris. New York: Whitney Museum of American Art
and Praeger Publishers, 1970.
WILLIAMS, Richard. “Cut Felt”. In: Art Monthly 208 7/10, July/August 1997.
Bibliografia Consultada
BANES, Sally. “Pouvoir et corps dansant”. In: Danse et Utopie. Paris: Editions
L’Harmattan, 1999.
___________. “Simone Forti: Out of the Kinesthetic Rut”. In: Village Voice, Sept
4, 1978.
BOIS, Yve Alain; KRAUSS, Rosalind. Formless: a user's guide. New York: Zone
Books, 1997.
184
CARTER, Alexandra (org.). The Routledge dance studies reader. London; New
York: Routledge, 1998.
DERRIDA, Jacques. Memoirs of the blind: the self-portrait and other ruins.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310350/CA
DE SALVO, Donna (org.). Open Systems: Rethinking Art c. 1970. London: Tate
Publishing, 2005.
DIDI-HUBERMAN, Georges. O que vemos, o que nos olha. São Paulo: Editora
34, 1998.
EISENMAN, Stephen. “The space of the self: Robert Morris ‘In the Realm of the
Carceral’”. In: Arts Magazine 55/1 September 1980.
FOSTER, Hal (org.). Vision and visuality. Seattle: Bay Press, 1988.
___________. “Objectivist Dance from the 1950s to the Present”. In: Reading
Dancing: Bodies and Subjects in Contemporary American Dance. Berkeley:
University of California Press, 1986.
FRY, Edward. “Robert Morris: the dialectic”. In: Arts Magazine 49, September
1974.
GIBSON, Eric. “The real Robert Morris?” In: The New Criterion, March 1985.
GINOT, Isabelle; MICHEL, Marcelle. La Danse au XXe Siècle. Paris: Larousse, 2002.
HOWELL, John. “No to homogenized dancing”. In: Performing Arts Journal, 2/2,
Fall 1977.
ILES, Chrissie. Into the light: the projected image in American art, 1964-1977.
New York: Whitney Museum of American Art, 2001.
JOHNSTON, Jill. Marmalade me. Hanover and London: University Press of New
England, 1994.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310350/CA
JOWITT, Deborah. The dance in mind: profiles and reviews 1977-83. Boston:
D.R. Godine, 1985.
KLOSTY, James. Merce Cunningham. New York: Saturday Review Press, 1975.
MARTIN, John. The modern dance. New York: Dance Horizons, 1965.
McDONAGH, Don. “Dance: Simone Forti, a virtuoso of movement”. In: The New
York Times, December 1, 1977.
_____________. Robert Morris. Less than. Comune di Reggio Emilia: Gli Ori,
2005.
_____________. Robert Morris: mirror works 1961-78. New York: Leo Castelli,
1979.
_____________. Robert Morris: tar babies of the new world order. Milano:
Charta; Venezia: Nuova Icona, 1997.
NORVELL, Patricia; MORRIS, Robert. “Robert Morris – May 16, 1969”. In:
ALBERRO, Alexander; NORVELL, Patricia (orgs.). Recording Conceptual Art.
Berkeley, Los Angeles, London: University of California Press, 2001.
PAXTON, Steve. “Improvisation is a word for something that can’t keep a name”.
In: DILS, Ann; ALBRIGHT, Ann Cooper (orgs.). Moving History/Dancing
Cultures – a Dance History Reader. Middletown: Wesleyan University Press,
2001.
Hall, 1964.
RATCLIFF, Carter. “Robert Morris: a Saint Jerome for our times”. In: Artforum,
April 1985.
RAY, Gene. Joseph Beuys, mapping the legacy. New York: D.A.P.; Sarasota:
John and Mable Ringling Museum of Art, 2001.
ROBINS, Corinne. “Robert Morris: death and picture frames”. In: Arts Magazine,
May 1988.
ROSE, Barbara. “ABC Art”. In: BATTCOCK, Gregory (org.). Minimal Art: A
Critical Anthology. Berkeley: University of California Press, 1995.
SIEGELAUB, Seth (org.). Joseph Kosuth, Robert Morris. Bradford: Laura Knott
Gallery, 1969.
STEINBERG, Cobbett (org.). The Dance anthology. New York: New American
Library, 1980.
SULTAN, Terrie (org.). Inability to endure or deny the world : representation and
text in the work of Robert Morris. Washington: Corcoran Gallery of Art, 1990.
TEICHER, Hendel (org.). Trisha Brown: dance and art in dialogue 1961-2001.
Andover: Addison Gallery of American Art, 2002.
VERGINE, Lea. Body art and performance: the body as language. Milan: Skira
Editore, 2000.
WILSON, William S. “Hard questions and soft answers”. In: Art News 68/7,
November 1969.
WOOD, Paul. Conceptual Art. New York: Delano Greenidge Editions, 2002.
189
8
Anexo
Material audiovisual pesquisado nos acervos da Dance Collection – The New York
Public Library for the Performing Arts e do Avery Fisher Center – New York
University:
VHS.
Biped.
Coreografia: Merce Cunningham. Música: Gavin Bryars. EUA (Nova
York): 1999. 1 videodisco (50 min.), som, cor.
Canfield.
Coreografia: Merce Cunningham. Intérpretes: membros da Merce Cunningham
Dance Company (Carolyn Brown, Merce Cunningham, Ulysses Dove, Douglas
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310350/CA
Dunn, Meg Harper, Susanna Hayman-Chaffey, Chris Komar, Sandra Neel, Valda
Setterfield e outros). Música: Pauline Oliveros. EUA (Minneapolis): 1972. 1
videodisco (33 min.), som, p&b.
Clytemnestra. [destaques]
Coreografia: Martha Graham. Intérprete: Yuriko Kimura. Filmagem: Max
Waldman. Max Waldman´s Studio (s.l.): 1972. 1 fita de vídeo (5 min.), mudo,
p&b, U-matic.
Dive in / 3.
Intérpretes: Almon Grimsted e Clarinda MacLow; Linda Austin e Doug
Henderson; Simone Forti. EUA (Nova York): 1989. 2 fitas de vídeo (68 min.),
som, cor, U-matic.
CONTEÚDO: Improvisações realizadas no Danspace Project´s: Third Annual
Festival of Improvisation, em outubro de 1989.
Dennis Diamond. EUA (Nova York): 1979. 2 fitas de vídeo (90 min.), som, p&b,
U-matic.
Exchange.
Coreografia: Merce Cunningham (1978). EUA (Nova York): 1991. 1 videodisco
(36 min.), som, cor.
Michele Pogliani. Música: Giuseppe Verdi (aria de Simon Boccanegra, Ato I).
Cantora: Victoria de los Angeles.
Fractions I.
Direção: Charles Atlas. Coreografia: Merce Cunningham. Intérprete: Merce
Cunningham Dance Company. Música: Jon Gibson. EUA (Nova York): 1978. 1
fita de vídeo (33 min.), som, cor e p&b, U-matic.
Frontier.
Coreografia: Martha Graham (1935). Reconstrução: Martha Graham.
Interpretação: Ethel Winter. Música: Louis Horst. EUA: 1964. 1 filme (7 min.),
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310350/CA
Huddle.
Coreografia: Simone Forti. Intérpretes: desconhecidos. Filmagem: Andy Mann.
EUA (Nova York): 1975. 1 fita de vídeo (29 min.), som, p&b, U-matic.
Jackdaw songs.
Coreografia: Simone Forti. Intérpretes: Lyon Balliett, Deborah Day-Orr, Simone
Forti, Richmond Johnstone, Susan Rethorst, Ivy Sky Rutzky e Rex Shrout.
Música: Peter van Riper. Filmagem: Dennis Diamond. EUA (Nova York):
Dance/Video Access Project, 1981. 1 fita de vídeo (80 min.), som, p&b, VHS.
Intérpretes: Craig Bromberg, Pat Ethridge e Susan Rethorst; Pop 2 (c.2 min.).
Coreografia e interpretação: Edward Bhartonn; Trio A (c.12 min.). Coreografia e
interpretação: Yvonne Rainer.
Setterfield, Shirley Soffer e Fernando Torm; James Barth, Tannis Hugill, Epp
Kotkas, Sarah Soffer (dançarinos); e Yvonne Rainer. Filmagem: Babette
Mangolte. EUA: Zeitgeist Films em parceria com a Yvonne Rainer Collection,
1972. 1 fita de vídeo (90 min.), som, p&b, VHS.
Phaedra.
Coreografia: Martha Graham. Intérpretes: membros da Martha Graham Dance
Company (Bonnie Oda Homsey, Mario Delamo, Tim Wengerd, Diana Hart,
Diane Gray e Lucinda Mitchell). Música: Robert Starer. Cenografia: Isamu
Noguchi. EUA: 1977. 1 filme (27 min. 30 sec.), som, cor, 16 mm.
Primitive mysteries.
Coreografia: Martha Graham. Intérpretes: membros da Martha Graham Dance
Company. Música: Louis Horst. EUA: 1977. 1 fita de vídeo (18 min. 30 sec.),
som, cor, U-matic.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310350/CA
RainForest.
Coreografia: Merce Cunningham (1968). Intérprete: Merce Cunningham Dance
Company. EUA (Nova York): 2003. 1 videodisco (39 min.), som, cor.
Revolving upside down; Bouncing in the corner, #1; Bouncing in the corner,
#2.
Direção: Bruce Nauman. EUA (Chicago): Video Data Bank, Escola do Instituto
da Arte, 1968-1969. 1 fita de vídeo.
Solo #1.
Coreografia e interpretação: Simone Forti. Filmagem: Andy Mann. Som: Peter
Van Riper. EUA (Nova York): Castelli-Sonnabend Tapes and Films, 1974
c.1975. 1 fita de vídeo (20 min.), som, p&b, U-matic.
Sounddance.
Coreografia: Merce Cunningham. Intérprete: Merce Cunningham Dance
Company. EUA (Berkeley, California): 1975. 1 videodisco (26 min.), mudo, p&b.
Statues.
Coreografia e interpretação: Simone Forti. EUA (Nova York): 1977. 1 fita de
vídeo (12 min.), som, p&b, U-matic.
Still life): Jon Gibson (Framing music); Some English suites #1 (ca. 15 min.).
Improvisação: Steve Paxton. Música: J.S. Bach. Pianista: Glenn Gould;
Animations (c.16 min.). Interpretação: Simone Forti; Some English suites #2
(c.20 min.). Improvisação: Steve Paxton. Música: J.S. Bach. Pianista: Glenn
Gould.
Story.
Coreografia: Merce Cunningham. Música: Toshi Ichiyanagi (Sapporo).
Decoração: Robert Rauschenberg. Finlândia: Finnish Broadcasting Company,
1964. 1 filme (20 min.), som, p&b, 16 mm.
Summerspace. [destaques]
Coreografia: Merce Cunningham. Cenografia e figurinos: Robert Rauschenberg.
Filmagem: Helen Priest Rogers. EUA (Connecticut): 1958. 1 filme (11 min.),
mudo, p&b, 16 mm.
The foothills.
Direção: Simone Forti. Coreografia: Simone Forti, em colaboração com os
membros da companhia. Intérpretes: Simone Forti e trupe (K. J. Holmes, Lauri
Nagel, David Rosenmiller e David Zambrano). Leitura de texto: Simone Forti e
David Rosenmiller. EUA (Chester Springs, Pennsylvania): 1986. 2 fitas de vídeo
(117 min.), som, cor, U-matic.
197
Torse.
Coreografia: Merce Cunningham. EUA (Nova York): 1976. 1 videodisco (52
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310350/CA
Variations V.
Coreografia: Merce Cunningham. Intérpretes: Merce Cunningham, Carolyn
Brown, Barbara Lloyd, Sandra Neels, Albert Reid, Peter Saul e Gus Solomons Jr.
Música: John Cage. Filmagem: Stan VanDerBeek. Alemanha: Norddeutscher
Rundfunk, Hamburg e Sveriges Radio Television, 1966. 1 filme (48 min.), som,
p&b, 16 mm.
Westbeth.
Direção: Merce Cunningham e Charles Atlas. Coreografia: Merce Cunningham.
Filmagem: Charles Atlas, Lynda Rodulitz, Greg Tonning e Merce Cunningham.
Figurinos: Mark Lancaster (segundo o design de Jasper Johns). EUA (Nova
York): 1975. 1 fita de vídeo (32 min.), som, p&b, U-matic.