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Presidente
Humberto Luiz de Rodrigues Pereira - Embraer
Vice-Presidente
Luiz Eugênio Araújo de Moraes Mello – Vale S.A.
Diretoria
Daniel Gonzaga - Natura Raimar van den Bylaardt - IBP
Fabio Bueno Netto - 24x7 Cultural Rafael Correa Fabra Navarro - Braskem
Filipe Miguel Cassapo - FIEP
Sayonara Moreira - Whirlpool
Geraldo Rochocz - Radix
Sebastião Lauro Nau –WEG
Marli Elizabeth Ritter dos Santos - PUC-RS
Gerente Executiva
Marcela Gentil Flores
MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA, INOVAÇÕES E
COMUNICAÇÕES - MCTIC
Ministro
Gilberto Kassab
SU
Guia da Lei do Bem
O que é inovação para a Lei do Bem?
Conheça o principal instrumento de fomentoà inovação em empresas do Brasil.
MÁ
10 Prefácio 24 d. Boas Práticas
RIO
21 1.1. Inovação Tecnológica de Produto 32 c. Contextualização Prática
Guia de interatividade:
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Guia Lei do Bem|Book Completo
133 4.6. Terceirização das Atividades de P&D 158 5.1.1.5. Dispêndios do Programa
Prefácio
Os dados estatísticos mais recentes levan- Ao analisar os investimentos feitos pelas No entanto, apenas pouco mais de mil em-
tados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, empresas em projetos de PD&I, verificamos presas no Brasil, das 17 milhões ativas, es-
Inovações e Comunicações (MCTIC) e analisa- que as empresas beneficiárias, nos nove tão aproveitando hoje este incentivo, o que
dos pela Associação Nacional de Pesquisa e anos de utilização da Lei do Bem, investiram corresponde a 0,007% das empresas regis-
Desenvolvimento das Empresas Inovadoras mais de R$ 60 bilhões em despesas de capi- tradas no país. O dado mais alarmante é
(Anpei) revelam que as 1.206 empresas que tal e de custeio, correspondendo a uma re- registrado quando analisamos o índice de
declararam o uso dos incentivos fiscais da Lei núncia fiscal do Governo Federal em torno empresas com perfil inovador que se utili-
do Bem em 2014 investiram um total bruto de R$ 11,5 bilhões, o que representa aproxi- zam deste benefício, que chega a 2,5%.
de R$ 9,25 bilhões em atividades de pesqui- madamente 19% do total investido em PD&I,
sa, desenvolvimento e inovação (PD&I). confirmando esse efeito multiplicador. Ou seja, apenas uma em cada 40 empresas
com potencial se utiliza deste benefício.
A renúncia fiscal decorrente totalizou R$ 1,71 Além disso, nos últimos cinco anos, a Lei
bilhão no mesmo período, em valores reais. do Bem viabilizou a implementação de 15 Com o objetivo de orientar as empresas be-
Assim, é possível verificar que o efeito multipli- novos centros de pesquisa e desenvolvi- neficiárias da Lei sobre as regras e formas
cador da Lei do Bem foi de 1 para 4,4. Ou seja, mento no Brasil, propiciando o surgimento de avaliação técnica, a publicação pretende
a cada R$ 1 incentivado, as empresas partici- de mais de 20 mil novos produtos ou uniformizar conceitos e conferir maior
pantes investiram mais R$ 4,41 em 2014. inovações incrementais. segurança jurídica aos envolvidos.
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Guia Lei do Bem
A iniciativa também tem o propósito de e desenvolvimento de inovação tecnológica Este trabalho foi elaborado pela Anpei em
aumentar a confiança e a previsibilidade nas empresas. parceria com o MCTIC e contou com a co-
no processo de utilização da Lei do Bem. laboração coletiva de representantes de
Diante dos desafios e regras em torno da
Assim, o Guia Lei do Bem apresenta os prin- empresas de diferentes portes, consultorias,
utilização dos incentivos à inovação tecnoló-
cipais conceitos utilizados na área de PD&I, agências de fomento e órgãos do governo.
exemplos, boas práticas adotadas pelas em- gica previstos na Lei do Bem, esta é uma ini-
Bons negócios!
presas e orientações para preenchimento ciativa de grande responsabilidade que visa
ampliar o uso dos benefícios por um maior Grupo de Trabalho Lei do Bem
do FORMP&D – formulário para informações
sobre as atividades de pesquisa tecnológica número de empresas. Comitê de Fomento à inovação - ANPEI
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1. Conceito
de Inovação
Tecnológica
Guia Lei do Bem | Parte 1
a. Contextualização Legal
Os incentivos fiscais à inovação tecnológica de 2011, que disciplina os incentivos fis- A recém sancionada Lei nº 13.243 de 2016,
estão previstos no Capítulo III da Lei nº cais às atividades de pesquisa tecnológica que revisou o conceito e alterou o artigo
11.196/2005, também conhecida como Lei do e desenvolvimento de inovação tecnoló- 2º da Lei 10.973 de 2004 (Lei de Inovação),
Bem. A referida Lei conceitua inovação tecno- gica, repetiram a redação do conceito de no inciso IV determina, que inovação é a in-
lógica no artigo 17, § 1º, conforme a seguir: inovação tecnológica estabelecido pela trodução de novidade ou aperfeiçoamento
própria Lei do Bem. no ambiente produtivo e social que resulte
“...considera-se inovação tecnológi- em novos produtos, serviços ou proces-
Em leitura do texto de lei referente ao
ca a concepção de novo produto ou sos ou que, compreenda a agregação de
Decreto nº 5.798/06, constata-se, em seu
processo de fabricação, bem como a novas funcionalidades ou características a
artigo 2º, inc. II, que se considera pesquisa
agregação de novas funcionalidades ou produto, serviço ou processo já existente
tecnológica e desenvolvimento de inova-
características ao produto ou processo que possa resultar em melhorias e em efeti-
ção tecnológica todas as atividades relativas a:
que implique melhorias incremen- vo ganho de qualidade ou desempenho.
tais e efetivo ganho de qualidade
(i) pesquisa básica dirigida;
ou produtividade, resultando maior
competitividade no mercado”. (ii) pesquisa aplicada;
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Guia Lei do Bem | Parte 1
b. Contextualização Teórica
a) a introdução de um novo produto, que pode ser novo para os consumidores, ou uma nova
qualidade de um produto já existente;
b) introdução de um novo método de produção, ainda não testado pelo setor em que a em-
presa está inserida, não sendo necessariamente uma descoberta científica;
A OCDE (1997) define que “inovações tecnológicas de produto e de processo (TPP) compreendem
a implementação de produtos e de processos tecnologicamente novos e a realização de melhora-
mentos tecnológicos significativos em produtos e processos. Uma inovação TPP foi implementada
se ela foi introduzida no mercado (inovação de produto) ou usada em um processo de produção
(inovação de processo)”.
Importante destacar que as teorias e defi- do Bem e o Decreto nº 5.798/2006, que a re-
nições tratadas anteriormente abrangem gulamentou, não considerava serviço como
diversos tipos de inovação, porém a política atividade PD&I, sendo oficializado com a
de incentivos fiscais à PD&I do Brasil, aprovação da Lei nº 13.243/2016.
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Guia Lei do Bem | Parte 1
Assim, diante dos conceitos acima, vale funcionalidades dos produtos, proces-
mencionar que a Lei do Bem apoia apenas sos ou serviços existentes).
as inovações em produtos, processos e
Por fim, quanto à abrangência das inova-
serviços (inovações tecnológicas), não
ções, podem ser beneficiadas pelos incen-
estando assim contempladas inovações tivos da Lei do Bem, uma novidade para
organizacionais, comerciais e de marke- a empresa, setor, mercado nacional
ting, por exemplo. ou internacional, desde que a empresa
Quanto ao impacto das inovações, podem tenha executado, no Brasil, as atividades
ser contempladas nos benefícios tanto de pesquisa tecnológica e desenvolvimento
as inovações radicais (novos produ- de inovação tecnológica (PD&I) em suas ins-
tos, processos ou serviços), quanto talações próprias e/ou em terceiros conforme
as incrementais (agregação de novas previsto na Lei.
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Guia Lei do Bem | Parte 1
c. Contextualização Prática
De acordo com pronunciamentos do Infere-se dessa lógica de aplicação que não é objeto do incentivo a simples aquisição
Ministério da Ciência, Tecnologia, Ino- de tecnologia nem o desenvolvimento de tecnologia sem diferencial significativo
vações e Comunicações (MCTIC), o uso em relação às tecnologias existentes.
isolado da expressão inovação tecnoló-
O benefício é concedido para a realização da inovação tecnológica, que se faz
gica, como sendo passível de benefício
por meio das atividades de PD&I. Importante destacar que o resultado des-
fiscal, tem causado dissonância no en-
sas atividades pode até mesmo não ser alcançado, mas precisa ser efetivamente
tendimento quanto aos objetivos do
Capítulo III da Lei do Bem.
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Guia Lei do Bem | Parte 1
buscado e essa busca deve ser claramente Manual de Frascati como literatura de refe-
demonstrada durante o período de fruição rência conceitual para a análise dos projetos
do benefício fiscal. submetidos no Formulário para in-
formações sobre as atividades de
Importa ainda ressaltar que o conceito de pesquisa tecnológica e desenvolvi-
inovação tecnológica para a fruição da mento de inovação tecnológica nas
Lei do Bem não pressupõe a introdução empresas (FORMP&D).
efetiva de um novo produto ou proces-
Antes de tratar especificamente das carac-
so no mercado, através de sua produção
terísticas de cada uma das atividades de
e comercialização, contemplando, ainda,
pesquisa tecnológica e desenvolvimento de
inovações que ocorram no ambiente interno
inovação tecnológica, é importante abordar
das empresas e que não necessariamente
brevemente os conceitos de inovação de
são lançadas ao mercado.
produtos, inovação de processos e inovação
É importante destacar que o MCTIC adota o de serviços.
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Guia Lei do Bem | Parte 1
Para o conceito de “produto”, é possível a de um produto tecnologicamente novo ou e/ou materiais a um produto já existente no
compreensão tanto para bens, como para aprimorado, como aquele com que o de- mercado, mas tornando-o mais competitivo
serviços. Vale ressaltar que o objeto deste sempenho tenha sido significativamente e/ou de melhor qualidade.
manual é a aplicação dos conceitos ao Mar- aperfeiçoado ou melhorado. Um produto
Para além desses, pode-se apresentar um
co Legal brasileiro, ou seja, atividades de pode ser aprimorado em termos de melhor
exemplo ao nível do desenvolvimento de
PD&I que geram inovação tecnológica serão performance ou de menor custo do proces-
um novo pacote de aditivos para gasolina que
tratados em tópicos separados. so de fabricação, através da concepção de
contém detergente-dispersante e modifica-
novas tecnologias.
Considerando produto para bens, muito dor de atrito (friction modifier) na formulação.
mais ligado a processos industriais e serviços Como exemplo, podemos citar o caso de
O primeiro atua no sistema de alimentação
como atividades de prestação de serviços, reformulação dos produtos de uma linha
de combustível, evitando o acúmulo de de-
conforme orientação de Frascati. cosmética, com desenvolvimento de novas
pósitos no motor, reduzindo as emissões
fórmulas para melhoria de desempenho
Sendo assim, a inovação tecnológica de de gases e espaçando as manutenções
dos produtos de linha (óleos, cremes hi-
produto pode assumir duas formas: do veículo.
dratantes e perfume) e aumento na
• Produto tecnologicamente novo; quantidade de ativos e óleos essenciais O segundo tem a função de reduzir o atrito
• Produto tecnologicamente aprimorado. utilizados, trazendo maior hidratação, perfu- entre as partes móveis do motor, principal-
Tais inovações podem envolver tecnologias mação e/ou sensorial diferenciado. mente na região do 1º e 2º anel de segmento,
radicalmente novas, podem basear-se na contribuindo para um melhor desempenho.
Outro exemplo que se pode citar é o refe-
combinação de tecnologias existentes em rente ao desenvolvimento de novas famílias Não obstante os exemplos mencionados
novos usos ou aplicações, ou podem ser de compressores de alta capacidade e maior acima, outros serão apresentados em maior
derivadas do uso de novo conhecimento. eficiência energética com diminuição do ruí- profundidade nos seus respectivos capítulos,
Esse impacto é observável pela identificação do em até 10%, aplicando novas tecnologias conforme os temas em que se enquadram.
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Guia Lei do Bem | Parte 1
O conceito de inovação de processo Na indústria, inovações em processos vêm Outro exemplo que pode ser apresentado é
pode ser caracterizado como o desen- no sentido de conseguir melhorar o proces- o desenvolvimento de um inibidor de forma-
volvimento de um processo novo ou so produtivo ou mesmo na possibilidade ção de parafina nos poços. Essa tecnologia
significativamente aprimorado. Esse de produzir um novo produto; no caso do contribuiu para reduzir pela metade a fre-
deverá ter como base a concepção de setor de serviços, inovações em processos quência de passagem dos PIGs (dispositivo
uma nova tecnologia de produção, como vão gerar a possibilidade de prestação de utilizado tradicionalmente para a limpeza)
também de equipamentos associados à atividade humana e/ou automatizada mais nos poços e para diminuir a perda de óleo
mesma, ou até de softwares novos com im- eficiente, a ser usufruída por clientes. gerada pelo espaçamento da passagem
pacto nas atividades de suporte à produção. dos PIGs.
Em outras palavras e de forma bastante obje-
O objetivo desta inovação é a sua relação tiva, são processos internos às organizações O inibidor, desenvolvido a partir de técni-
com o ganho de competividade das organi- que possibilitam a prestação de serviços cas de arquitetura molecular, é derivado da
zações, na forma com que elas empregam a clientes. Por exemplo, as inovações de casca de laranja e não traz riscos ao meio
seus esforços para gerar riqueza por meio processo em serviços de telecomunicação ambiente ou aos operadores.
das atividades de criação e produção de a partir da introdução de redes inteligen- Deste modo, é possível observar, ao mesmo
bens, ou na prestação de serviços de forma tes permitiram uma intensa diversificação tempo, a introdução de inovações tecnoló-
mais eficiente.
dos serviços ofertados ao mercado – como gicas de produto e inovações tecnológicas
Ao contrário das atividades industriais, no a espera e visualização de chamadas, os de processo.
setor de serviços as inovações tecnológicas de serviços de caixa postal e, mais tarde, o aces-
processo podem ser de difícil identificação. so à internet por meio de aparelhos móveis.
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Guia Lei do Bem | Parte 1
O interesse deste documento em tentar No setor de serviços incluiem-se em- Atualmente, as três maiores plataformas
conceituar a inovação tecnológica em ser- presas desenvolvedoras de software, são Android, IOS e Windows Phone, sendo
viços gira em torno da complexidade em conforme a classificação da PINTEC (2011): que cada uma destas utiliza sua tecnologia
identificar as fronteiras das atividades de Desenvolvimento de software sob enco- específica de desenvolvimento.
PD&I deste setor, diferente do setor indus- menda; Desenvolvimento de software
As três tecnologias são incompatíveis entre
trial, que possui maior clareza de até onde customizável; Desenvolvimento de software
si, o que força as equipes a repetirem es-
vai o PD&I e onde começam as demais ativi- não customizável; Desenvolvimento de ou-
forços de desenvolvimento de uma mesma
dades de produção de bens. tros serviços de tecnologia da informação,
aplicação, caso pretendam atingir mais de
que envolvam riscos tecnológicos.
Um dos principais conceitos ineren- uma plataforma.
tes à inovação no setor de serviços é a As inovações produzidas por emprsas de
A criação de uma plataforma/arquitetura hí-
caracterização do comportamento de desenvolvimento de software são rela-
brida permitiu o desenvolvimento de aplica-
determinado grupo de usuários. cionadascom melhorias no processo de
ções compatíveis com as três plataformas,
desenvolvimento de software ou no desen-
Porém, uma questão impõe-se: como coletar aumentando a produtividade e reduzindo
volvimento de software novo ou aprimorado.
os dados necessários para tal caracteriza- consideravelmente o esforço e o custo.
ção; como tê-los de forma confiável, uma No caso de empresas desenvolvedoras de
vez que serão informados pelo próprio usu- software, podemos citar como exemplo o
ário; como tratá-los adequadamente; como desenvolvimento de aplicações para as pla-
compilá-los etc. taformas de mobilidade.
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Guia Lei do Bem | Parte 1
d. Boas Práticas
Conforme mencionado ao longo deste ca- realizadas no ano base de análise devem
pítulo, a Lei do Bem busca incentivar as ser levantadas e detalhadas a fim de se
atividades de pesquisa tecnológica e de- observar se há atividades de PD&I sendo
senvolvimento de inovação tecnológica realizadas no escopo dos projetos.
por meio da concepção de novos produ-
Após contextualização de cada proje-
tos, serviços ou processos, bem como
to, é importante analisar qual é a sua
agregação de novas funcionalidades ou
novidade e abrangência, ou seja, se o
características aos já existentes.
projeto representa uma novidade para a
Como ponto de partida, normalmente é im- empresa, setor, mercado nacional ou in-
portante que a empresa identifique ternacional e, ainda, se foi concebido pela
quais os projetos a serem avaliados empresa (situações beneficiadas pela Lei
para fins dos incentivos fiscais de ino- do Bem), ou se representa uma mera
vação tecnológica, sendo necessário o aquisição de máquinas/equipamentos, ou
entendimento do objetivo e contexto dos modernização de ambientes produtivos
mesmos (qual era a situação anterior e o ou Centro de PD&I, situações não beneficia-
que se busca como resultados a partir do das pela Lei do Bem.
desenvolvimento de cada projeto).
Neste momento, para a identificação ini-
Em seguida, é recomendável entender cial do potencial de enquadramento de
qual o cronograma previsto de atividades, cada projeto como inovação tecnológica,
bem como qual o fluxo de desenvolvimen- é imprescindível que a empresa identifi-
to de projetos da empresa, isto porque, que qual o esforço tecnológico associado
mais à frente, ficará claro que as atividades ao desenvolvimento.
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Guia Lei do Bem | Parte 1
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Guia Lei do Bem | Parte 1
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Guia Lei do Bem | Parte 1
Em linha com a figura acima, identificado Por fim, respondidas as perguntas acima,
o projeto com potencial de enquadra- o próximo passo será a avaliação das ati-
mento como inovação tecnológica, será vidades de PD&I do projeto, a fim de se
necessário avaliar quais os novos co- identificar se esse possui potencial de ser
nhecimentos e/ou riscos tecnológicos beneficiado pela Lei do Bem. A seguir, serão
decorrentes das atividades de PD&I, sendo detalhados os conceitos das atividades de
que em um primeiro momento, conforme PD&I que devem ser observados para o en-
disposto no Manual de Frascati, algumas quadramento do projeto nos benefícios da
perguntas devem ser respondidas, sendo: Lei do Bem.
• Quais são os objetivos do projeto? Este esforço de mapear as inovações e
• Existe um elemento novo ou inovador nes- barreiras tecnológicas desde a concep-
te projeto? ção e durante a execução do projeto
• Qual é o tipo de inovação (produto, proces- evita a necessidade de realização de uma
so ou serviço)? “arqueologia documental” no momento de
evidenciar, no formulário da Lei do Bem
• Qual o risco tecnológico do projeto?
ou na prestação de contas de linhas de
• Quais são os métodos utilizados? fomento à inovação, o resultado que as
• Qual a qualificação e dedicação do pessoal atividades de pesquisa e desenvolvimento
envolvido na execução projeto? propiciaram ao longo do tempo.
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2. Atividades de
Pesquisa Tecnológica
e Desenvolvimento
de Inovação
Tecnológica (PD&I)
Guia Lei do Bem | Parte 1
Além do conceito de inovação tecnológica, apresentado anteriormente, é necessário compreender o conceito de pesquisa tecnológica e
desenvolvimento de inovação tecnológica (PD&I), visto que a Lei do Bem busca incentivar as atividades de PD&I que levam a um novo ou
aprimorado produto, processo ou serviço.
A seguir, serão detalhadas a atividade de PD&I: pesquisa básica dirigida, pesquisa aplicada, desenvolvimento experimental, tecnologia industrial
básica e serviço de apoio técnico:
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Guia Lei do Bem | Parte 1
O Decreto nº 5.798, de 2006, que regulamenta a Lei do Bem, traz, em seu artigo 2º uma definição sobre a pesquisa básica dirigida:
“Pesquisa básica dirigida – os trabalhos executados com o objetivo de adquirir conhecimentos quanto à compreensão de novos
fenômenos, com vistas ao desenvolvimento de produtos, processos ou sistemas inovadores”.
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Guia Lei do Bem | Parte 1
b. Contextualização Teórica
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Guia Lei do Bem | Parte 1
c. Contextualização Prática
Uma maneira de deixar mais claro o objetivo A pesquisa básica dirigida, em geral, Pontuamos abaixo alguns aspectos
de um projeto científico de pesquisa básica ou busca verificar respostas para solução práticos sobre o conceito de pesquisa
aplicada é através da apresentação de uma de problemas identificados com vistas à básica dirigida:
breve introdução sobre o tema da pesqui- elaboração e execução de projetos espe- • Objetiva gerar conhecimentos novos
sa, as etapas dos estudos, testes envolvidos cíficos. Em geral, se identifica essa fase úteis para o avanço do projeto, man-
e as competências técnicas necessárias para da P&D como as premissas sob as quais tendo os resultados almejados
a pesquisa em questão. Desta maneira, os deve trabalhar inicialmente a equipe em perspectiva.
avaliadores terão uma contextualização me- envolvida no desenvolvimento, visando
• É realizada com o objetivo de aumen-
lhor no momento da análise dos projetos. chegar a um resultado que atenda aos
tar o conhecimento sobre algum
requisitos preliminares do projeto.
assunto, procurando identificar na
O conceito de pesquisa básica dirigida no
Assim, temos que, no âmbito de aplicação pesquisa uma aplicação específica
contexto de utilização da Lei do Bem pode
e utilização da Lei do Bem, o conceito de ao projeto.
ser compreendido como os trabalhos de
pesquisa básica dirigida pode ser compre- • Busca o conhecimento voltado à
busca executados com o objetivo de adqui-
endido como a investigação de novos fenô- sua aplicação.
rir conhecimentos quanto à compreensão
menos, estrategicamente orientada para a • Busca a difusão do conhecimento ge-
de novos fenômenos, com vistas ao desen-
criação de novos ou aprimorados, produtos, rado no respectivo setor de atuação
volvimento de projetos que visam resultar
processos e serviços no âmbito de um pro- deste no respectivo setor de atuação.
em produtos, processos ou sistemas inova- jeto específico. Trata-se, portanto, de ativi-
dores. Envolve a análise de propriedades, dades de pesquisa básica voltada especifi-
teorias, leis, estruturas e conexões para for- camente a um objetivo ou um determinado
mular e/ou comprovar hipóteses. propósito prático.
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Guia Lei do Bem | Parte 1
d. Exemplos
O desenvolvimento da mecânica quântica, alergias, ou doenças crônicas, além de forne- dos seus produtos, processos ou serviços.
no início do século XX, foi classificado essen- cer o histórico de medicamentos do paciente. Assim, o foco principal da pesquisa básica
cialmente como pesquisa básica. Mais tarde, dirigida é a procura por novos elementos/
Em 2014, a empresa Applied Digital Solutions
nos anos 1950, esse mesmo conhecimento conhecimentos que resultem na cria-
(ADS) foi autorizada pela Food and Drug Ad-
foi usado de forma aplicada para desenvol- ção de novos conceitos e ofereçam
ministration (FDA), entidade regulatória do
ver o início da microeletrônica. uma possível solução em relação à
setor de saúde nos Estados Unidos, a utili-
necessidade identificada.
Nos anos 2000, esses conhecimentos ad- zar o VeriChip para armazenar informações
quiridos passaram a ser utilizados, na forma médicas sobre o portador do dispositivo. É interessante descrever esse cenário,
de pesquisa básica dirigida, no desenvolvi- demonstrando que a pesquisa básica di-
Sugere-se explorar com clareza de detalhes
mento de um dispositivo eletrônico (chip) rigida tem por objetivo buscar possíveis
o que levou a empresa a seguir com aquela
para implantação subcutânea em humanos linha da pesquisa. Em geral, a pesquisa conceitos, conhecimentos, soluções e
para uso médico, que ficou conhecido como básica dirigida nas empresas surge pela formas de transformá-las em novo pro-
VeriChip, com o objetivo de armazenar in- identificação de um problema ou oportuni- duto, processo ou serviço no merca-
formações médicas sobre o portador do dade que se apresenta como potencial para do de atuação, ou até mesmo identificar
dispositivo, tais como o grupo sanguíneo, aumento de qualidade ou competitividade determinada oportunidade.
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Guia Lei do Bem | Parte 1
e. Boas Práticas
Dentre as atividades de PD&I, a pesquisa básica dirigida talvez seja a que possua
características mais peculiares quanto à sua gestão devido à sua natureza.
A primeira a ser destacada é o próprio A segunda característica é quanto à A terceira particularidade está relaciona-
escopo de um projeto deste tipo. Por se evidência dos resultados: investir em da à contratação de ICTs para realização
tratar de pesquisa básica, mesmo que pesquisa básica significa que a empresa da pesquisa ou parte dela. Por se tratar de
orientada, é possível que não se tenha está disposta a correr riscos para se posi- pesquisa básica dirigida, é importante salien-
clareza dos resultados que se buacam. cionar na fronteira tecnológica. Quando se tar que, para o dispêndio ser considerado
Neste caso, seguindo os exemplos de Ins- trata deste tipo de pesquisa, a possibilida- na Lei do Bem, o risco tecnológico deve ser
tituições de Ciência, Tecnologia e Inovação de do esforço provar que não é possível o da empresa que está realizando o dispên-
(ICTs), uma orientação seria a de criar linhas desenvolvimento de determinada tec- dio. Desta forma, é de suma importância
de pesquisas com foco em diversas am- nologia é bastante elevada. Por isso, é a atenção na hora de firmar o contrato de
plitudes de conhecimento que a empresa importante evidenciar tanto os resultados prestação de serviço.
necessita aprimorar, como se fossem um positivos, quanto negativos por meio
programa, que, dependendo do avanço des- de documentação técnica e financeira.
tas atividades, podem derivar ao longo do Tal procedimento ajudará na prestação de
tempo em projetos, cujos escopos poderão contas e no preenchimento do formulário
ser definidos à medida que os conceitos da Lei do Bem.
forem descobertos.
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Guia Lei do Bem | Parte 1
O Decreto nº 5.798, de 2006, que regulamenta a Lei do Bem, traz, em seu artigo 2º, uma definição sobre a pesquisa aplicada:
“Pesquisa aplicada – os trabalhos executados com o objetivo de adquirir novos conhecimentos, com vistas ao desenvolvimento ou
aprimoramento de produtos, processos e sistemas”.
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Guia Lei do Bem | Parte 1
b. Contextualização Teórica
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Guia Lei do Bem | Parte 1
c. Contextualização Prática
Enquadram-se no conceito de pesquisa conhecimento numa esfera de atuação ao seu titular a possibilidade de registro
aplicada as atividades executadas com o específica, na ciência, na indústria e no de pedidos de privilégios quanto a Direito
objetivo de adquirir novos conhecimen- setor de serviços, voltada para sua aplica- de Propriedade Intelectual junto ao Ins-
tos, aplicando propriedades, teorias, leis, ção a um projeto particular em execução, tituto Nacional de Propriedade
estruturas e conexões com vistas ao com potencial impacto econômico. Industrial (INPI).
desenvolvimento ou aprimoramento de
Outro aspecto a ser considerado no con- Em suma, podemos considerar que a pes-
produtos, processos e sistemas. Além
ceito é a constatação de que ,na pesquisa quisa aplicada e a pesquisa básica diri-
de determinar os possíveis usos para
aplicada, se identificam atividades em que
as descobertas da pesquisa básica diri- gida podem estar contidas em quadros
conhecimentos previamente adquiridos
gida ou novos métodos e maneiras de de referência comuns e uma pode ali-
são utilizados para coletar, selecionar e pro-
alcançar um determinado objetivo específi- mentar a outra, sendo certo dizer que, em
co, envolve o conhecimento disponível e sua cessar fatos e dados, a fim de se obter e
regra, a pesquisa aplicada, em função do
aplicação na busca da solução para os desa- confirmar resultados, e gerar impacto efeti-
resultado a que visa atingir, impõe maior
fios propostos nos respectivos projetos. vo visando a um determinado objetivo.
rigor na definição do problema, no dese-
A pesquisa aplicada se apresenta Percebe-se, não raramente, que o resul- nho, na metodologia adotada e na análise
como prática e é designada para gerar tado da pesquisa aplicada pode garantir dos resultados.
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Guia Lei do Bem | Parte 1
• É realizada com o objetivo de obter conhecimento que será usado a curto ou médio prazo.
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Guia Lei do Bem | Parte 1
d. Exemplos
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Guia Lei do Bem | Parte 1
e. Boas Práticas
Sugerimos descrever as etapas de aplicação Manual de Frascati, a pesquisa aplicada pro- Lei do Bem, este ao nível técnico e também
das diferentes técnicas, consideradas as dis- cura verificar se os conhecimentos gerados financeiro, ou seja, FormP&D e prestação
tintas áreas do conhecimento incidentes na pela pesquisa básica são aplicados ao de- de contas.
solução, durante o desenvolvimento desta senvolvimento. Por isso, a importância do
Geralmente, os resultados da pesquisa apli-
fase do projeto. conhecimento da pesquisa básica dirigida
cada se desdobram em provas de conceitos
estar devidamente documentado, para que
É importante abordar a formatação e experimentos.
possa ser referenciado nos resultados da
operacional das ideias, métodos e sis- pesquisa aplicada. É importante refletir sobre a importância de
temas que foram utilizados e aplicados, registrar até mesmo os casos de insucessos,
bem como o encadeamento entre esses Para um melhor controle das atividades
pois estes podem ajudar a explicar o porquê
elementos, que contribuiu para o resul- envolvidas, recomenda-se que os resulta- de algumas decisões futuras da empresa
tado alcançado nesta fase da pesquisa dos da pesquisa aplicada sejam também quanto às inovações em questão. Do ponto
e desenvolvimento. documentados, de forma que possam ser de vista da Lei do Bem, os projetos de in-
facilmente rastreados para uma mais fácil sucesso também podem ser considerados.
Este tipo de pesquisa é mais comum nas transição para atividades de desenvolvi- Desse modo, não se deve descaracterizar
empresas, por ser tratar da geração de mento experimental. Para além desse fator e retirar a importância da documentação
conhecimento diretamente aplicado ao interno, também será importante esse con- quando a empresa está efetuando a tratati-
desenvolvimento de inovações. Segundo o trole para um melhor aproveitamento da va desse tipo de projeto.
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Guia Lei do Bem | Parte 1
O Decreto nº 5.798, de 2006, que regulamenta a Lei do Bem, traz, em seu artigo 2º, uma definição sobre a desenvolvimento experimental:
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Guia Lei do Bem | Parte 1
b. Contextualização Teórica
No Manual de Frascati, o desenvolvimento Manual de Frascati apresenta, além de co- Esse Guia define, com maior clareza, a ori-
experimental consiste na realização de nhecimentos pré-existentes, a pesquisa e/ gem do conhecimento utilizado para que a
trabalhos sistemáticos, baseados em co- ou a experiência prática. atividade de desenvolvimento experimental
nhecimentos preexistentes, obtidos por possa ser executada.
A seguir, seguem as duas definições
meio de pesquisa e/ou experiência prá-
para análise: Notadamente temos aqui o entendimento
tica, com a finalidade de produção de
de que as atividades de desenvolvimento
novos materiais, produtos ou dispositivos; A Legislação diz:
experimental nas organizações não decor-
a implantação de novos processos, sis- “desenvolvimento experimental: os trabalhos rem de uma ação linear da PD&I, ou seja,
temas e serviços; ou o aperfeiçoamento sistemáticos delineados a partir de conheci- não existe a necessidade de passarmos pela
considerável dos preexistentes. mentos pré-existentes...” pesquisa básica dirigida e aplicada para que
Neste item, podemos notar a complemen- O Manual de Frascati diz: a atividade de desenvolvimento experimen-
tariedade conceitual entre a Legislação e o tal possa ser classificada como inovadora, o
“O desenvolvimento experimental consiste
Manual de Frascati. que permite concluir que o conhecimento é
na realização de trabalhos sistemáticos,
adquirido através da experiência prática.
A legislação apresenta conhecimentos baseados em conhecimentos preexisten-
preexistentes como prerrogativa para defi- tes, obtidos por meio de pesquisa e/ou
nição do desenvolvimento experimental, e o experiência prática...”
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Guia Lei do Bem | Parte 1
c. Contextualização Prática
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Guia Lei do Bem | Parte 1
A seguir alguns trechos adaptados do Manual de Frascati que ilustram esta questão:
• O estudo de determinadas reações de • O estudo da absorção da radiação ele- • A determinação da cadeia de aminoáci-
polimerização sob diversas condições, tromagnética por um cristal para a dos na molécula de um dado anticorpo
dos seus produtos resultantes e das obtenção de informações sobre sua es- é considerada como pesquisa básica.
suas propriedades físicas e químicas é trutura eletrônica é considerado como O mesmo trabalho realizado com fins
considerado como pesquisa básica. A pesquisa básica. O estudo da absorção de obter a diferenciação de anticor-
tentativa de otimizar uma das reações da radiação eletromagnética pelo mes- pos correspondentes às diversas mo-
para a obtenção de um polímero dotado mo material sob variadas condições
léstias é considerado como pesquisa
de determinadas propriedades físicas experimentais, tais como temperatura,
aplicada. Encontrar um método para a
ou mecânicas, que lhe confiram algu- impureza, concentração etc., para
síntese do anticorpo de uma de-
ma utilidade particular, é considerada obter algumas propriedades de de-
terminada moléstia, com base no
como pesquisa aplicada. Realizar este tecção da radiação, verificando-se a
conhecimento de sua estrutura e
processo otimizado em laboratório em sensibilidade, rapidez de resposta etc.,
maior escala, pesquisando e avaliando é considerada como pesquisa apli- no procedimento de ensaios clínicos,
métodos possíveis para a sua produção cada. A criação de algum dispositivo verificando a sua eficácia de síntese em
comercial e, eventualmente, pesqui- que melhore detectores de radiação doentes que tenham concordado em
sando e avaliando produtos que pos- em determinada gama espectral, com se submeter experimentalmente a
sam ser realizados com este polímero, base neste material, é considerada tratamento avançado ou de ponta, é
é considerado como desenvolvimento. como desenvolvimento. considerado como desenvolvimento.
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Guia Lei do Bem | Parte 1
d. Exemplos
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Guia Lei do Bem | Parte 1
e. Boas Práticas
Para algumas empresas a diferença entre casos são segregadas das plantas ope- dos dispêndios, para que estes estejam
engenharia e atividades de PD&I pode ser de racionais e com sua gestão de projetos contabilizados conforme a exigência da lei.
difícil segregação, principalmente se anali- independente. Este cenário facilita a seleção Outras etapas, como verificação das barrei-
sarmos o fato de que, no Brasil, diversas em- de projetos de inovação. Porém, essa não é ras tecnológicas e documentação, podem
presas não possuem setores distintos para a realidade para todas as empresas. Neste ajudar no momento de submeter o formu-
executar estas duas atividades. Nota-se, caso os projetos de PD&I são geridos em lário da Lei do Bem.
com isso, problemas por parte das em- um portfólio estratégico com projetos de
Sob o aspecto cultural da inovação da empre-
presas em relação à seleção dos projetos outras caraterísticas como de evolução or-
sa, inserir periodicamente a discussão sobre
que serão incentivados pela Lei do Bem e ganizacional, ampliação de mercado, marke-
os avanços tecnológicos e inovações que fo-
à avaliação conceitual que o MCTIC faz des- ting entre outros.
ram desenvolvidas pelas equipes de PD&I e
tes projetos. Sendo assim, sugere-se que a
Este cenário exige da empresa uma gestão áreas de apoio à inovação deve ajudar na ge-
empresa faça uma profunda reflexão do
diferenciada para projetos de PD&I, per- ração de alternativas tecnológicas e reconhe-
desafio tecnológico superado com as
mitindo que os recursos sejam “blindados” cimento das inovações no momento de gerar
atividades de PD&I do projeto, ou seja, para contemplar a característica de risco a documentação de projetos de PD&I.
quais foram as barreiras tecnológicas presentes nos projetos desta natureza. Uma
transpassadas e também como estas boa prática é a segregação dos projetos de As empresas de serviço e de desenvolvimen-
barreiras foram superadas, em outras PD&I no portfólio, desta forma, é possível to de software enfrentam a dificuldade de
palavras, qual foi a metodologia ou o cami- dar visibilidade ao investimento em PD&I reconhecer as atividades de PD&I em suas
nho encontrado pela empresa para resolver realizado pela organização de forma prática. inovações, devido às características já men-
o problema e, com isso, alcançar a inovação cionadas neste Guia. Por isso, a gestão de
Outro ponto a ser considerado é a inser-
tecnológica do projeto. projetos torna-se uma ferramenta importan-
ção nas metodologias de gestão de pro-
te nesse reconhecimento.
Algumas empresas possuem distinta áre- jetos e portfólio das etapas relacionadas
as específicas de PD&I, que em muitos ao apontamento de esforço e verificação
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Guia Lei do Bem | Parte 1
O Decreto nº 5.798, de 2006, que regulamenta a Lei do Bem, traz, em seu artigo 2º, uma definição sobre a Tecnologia industrial básica:
“Tecnologia industrial básica – aquelas tais como a aferição e calibração de máquinas e equipamentos, o projeto e a confecção
de instrumentos de medida específicos, a certificação de conformidade, inclusive os ensaios correspondentes, a normalização
ou a documentação técnica gerada e o patenteamento do produto ou processo desenvolvido”.
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Guia Lei do Bem | Parte 1
b. Contextualização Teórica
O termo Tecnologia Industrial Básica (TIB) O SINMETRO foi instituído pela Lei nº 5.966, As obras (i) Programa Tecnologia Industrial
foi concebido pela extinta Secretaria de Tec- de 11 de dezembro de 1973, e é constitu- Básica e Serviços Tecnológicos para a Inova-
nologia Industrial (STI), do antigo Ministério ído por organizações públicas e privadas ção e Competitividade, publicada em 2001
da Indústria e do Comércio (MIC), no fim da que exercem atividades relacionadas à me- pelo MCT e (ii) Tecnologia Industrial Básica
década de 70, com o objetivo de expressar, trologia, normalização, qualidade industrial – Trajetória, Tendências e Desafios no Brasil,
em um conceito único, as funções básicas e certificação da conformidade como ele- publicada em 2005 pelo MCT, CNE, SENAI e
do Sistema Nacional de Metrologia, Norma- mento importante de apoio ao Programa IEL, apresentam conceitos importantes que
lização e Qualidade Industrial (SINMETRO). Brasileiro de Qualidade e Produtividade podem auxiliar no entendimento e aderên-
Posteriormente, agregou-se a essas fun- (PBQP), programa voltado para a melhoria cia com as definições da Lei do Bem.
ções a Gestão da Qualidade. Os alemães da qualidade de produtos, processos e serviços
denominaram a TIB de MNPQ (Messen, na indústria, comércio e administração federal.
Normen, Prüfen, Qualität) – explicitando o TIB compreende as áreas de metrologia,
encadeamento das funções relativas a Me- normalização, regulamentação técnica
didas, Normas, Ensaios e Qualidade. Nos e avaliação de conformidade (acredita-
EUA adota-se o termo Infrastructural Te- ção, inspeção, ensaios, certificação e suas
chnologies. A expressão MSTQ (Metrology, funções correlatas). Inclui também a ques-
Standardization, Testing and Quality) é tão da propriedade intelectual e informação
também comumente utilizada. tecnológica, associadas a estas áreas.
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Guia Lei do Bem | Parte 1
O Programa TIB proposto na obra Os mesmos itens/atividades são também relativos à propriedade intelectual, seja para
(i) compreende 6 itens: Metrologia citados na obra (ii). As atividades relaciona- patenteamento da inovação seja para nego-
(Científica, Industrial e Legal), Normalização das com TIB são: “metrologia, normalização ciação de direitos quando da transferência
e Regulamentação Técnica, Avaliação da e regulamentação técnica, avaliação da con- de tecnologia”.ário elaborar. Referiu-se que
Conformidade (Inspeção, Ensaios, Certifi- formidade, informação tecnológica, gestão
cação e Procedimentos de Autorização), e propriedade intelectual”. Além disso, ela
Tecnologias de Gestão, Propriedade apresenta que “a metrologia se torna cada
Intelectual e Informação Tecnológica, vez mais necessária em estágios cada vez
conforme quadro: mais precoces no processo de desenvolvi-
mento tecnológico e de inovação já que me-
Metrologia dições e ensaios de materiais, partes e com-
Normalização ponentes são necessários para verificação
Avaliação de Conformidade da adequação de características e respostas
Inspeção ao uso pretendido ou para estudo dos efei-
tos das modificações introduzidas, mesmo
Ensaios
antes da etapa intermediária caracterizada
Certificação
por ensaios de protótipos e de corridas ex-
Outros itens do Guia ISO/IEC 2 perimentais de processos.”
Propriedade Intelectual
Percebemos, no texto da obra, o desta-
Patentes
que dado às atividades de patenteamento,
Cultivares
também relacionadas com a TIB, “outros
Topografia serviços TIB também são fundamentais à
Figura 2 – Programa TIB. inovação, devendo ser destacados aqueles
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Guia Lei do Bem | Parte 1
c. Exemplos
Para a pesquisa e desenvolvimento de deter- Desenvolvimento de um sistema inédito para O mesmo projeto acima, dado o seu ineditis-
minado produto, foi necessário a compra agropecuária de precisão que necessitou mo no mercado mundial, acabou gerando,
de um dinamômetro para motor de ciclo realizar testes sistemáticos em protóti- durante o seu desenvolvimento, oito depó-
Otto. Tal equipamento requer um serviço pos e produtos finais de modo a obter sitos de pedidos de patente, tanto junto ao
de aferição e calibração para assegurar com certificação Anatel devido aos sistemas INPI, como também junto a diversos outros
exatidão as medidas de potência e torque. eletrônicos de RF usados para comunicação escritórios de patente em outros países.
Foi igualmente necessário a confecção de de dados e certificação Inmetro para as-
alguns instrumentos específicos de medição segurar a precisão nas medidas realizadas
que serão acoplados ao dinamômetro. no rebanho.
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Guia Lei do Bem | Parte 1
d. Boas Práticas
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Guia Lei do Bem | Parte 1
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Guia Lei do Bem | Parte 1
O Decreto nº 5.798, de 2006, que regulamenta a Lei do Bem, traz, em seu artigo 2º uma definição sobre serviços de apoio técnico:
“Serviços de apoio técnico – são aqueles indispensáveis à implantação e à manutenção das instalações ou dos equipamen-
tos destinados, exclusivamente, à execução de projetos de pesquisa, desenvolvimento ou inovação tecnológica, bem como à
capacitação dos recursos humanos a eles dedicados”.
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Guia Lei do Bem | Parte 1
b. Contextualização Teórica
O Manual de Frascati aborda uma série de tipos de exemplos a este respeito. As ati- efetuadas pelos serviços centrais para as
atividades de apoio indireto que não cons- vidades administrativas e os trabalhos de necessidades das atividades de PD&I.
tituem, propriamente falando, atividades escritório que não são realizados exclusi-
Nessa mesma situação se caracterizam
de PD&I, mas as apoiam. vamente para efeitos de PD&I, incluindo as
igualmente as atividades de gestão e ad-
atividades dos serviços centrais de finanças
Por convenção, os dados sobre o quadro de ministração e os trabalhos em escritório.
e do quadro de pessoal, fazem parte tam-
funcionários de PD&I incluem a atividade PD&I Os trabalhos relativos a patentes, engenharia
bém deste tópico.
propriamente dita, mas excluem as chama- do produto final ou design, manifestações,
das atividades de apoio indireto, enquanto Algumas atividades, como as de uma bi- coleta de dados, testes e estudos de
elas são levadas em conta nas despesas de blioteca, contábil, jurídica ou serviços de viabilidade podem ser parte de um pro-
P&ID por seus executores de despesas ge- computação, fazem parte de PD&I pro- jeto de P&D como uma obra de apoio do
rais. As atividades de transporte, de arma priamente dita se forem exclusivamente projeto principal.
zenamento, de limpeza, de reparação, de destinadas a ela, porém tornam-se ativi-
manutenção e de segurança fornecem dades de apoio indireto quando são
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Guia Lei do Bem | Parte 1
c. Contextualização Prática
Essa tipologia de serviços é extrema- Tais atividades servem de apoio à PD&I. A rubrica “Outros/Serviços de apoio técni-
mente importante para a continuidade Neste Guia, os dados sobre recursos co” costuma receber muitos lançamentos
da PD&I, pois, por vezes, as empresas humanos atuantes diretamente nas ativida- que não se caracterizam como “Apoio téc-
não têm estrutura de apoio para a exe- des de PD&I incluem-se naturalmente no nico”, como é estritamente requerido no
cução de atividades específicas e, devido seu cômputo. FORMP&D. A consequência é que muitas
a essa situação, é obrigatória a contra- contratações cujo escopo não cabe como
Todavia, por convenção, devem ser exclu-
tação de serviços de terceiros com Apoio Técnico são lançadas nessa rubrica.
ídas todas as atividades de apoio indireto.
o objetivo de realizar um suporte ao Por exemplo, a contratação e transferência
Exemplos típicos de apoio indireto são as
projeto da empresa. da execução da pesquisa e do desenvolvi-
atividades de transporte, armazenamento,
limpeza, reparo, manutenção e segurança, mento por empresas de grande porte, ou
Pode-se identificar e exemplificar, desde já,
como ilustrados no Manual de Frascati. as terceirizações de clara atividade técnica
algumas dessas situações, nomeadamente:
essencial ao projeto e que obriga a um risco
serviços de armazenamento de produtos Adicionalmente, as atividades administrati-
(o não armazenamento em condições ade- vas e os trabalhos burocráticos, mesmo que tecnológico não da contratante, mas sim, da
quadas pode comprometer o resultado da realizados exclusivamente com finalidades contratada. Tais situações constituem aloca-
pesquisa), desenvolvimento de sistemas (que de apoio à PD&I e, principalmente, quando ções indevidas e, portanto, foram conside-
servirão de insumo para a pesquisa desenvol- realizadas nos serviços centrais encarre- radas como “problemas com dispêndios de
vida), movimentação e transporte de cargas, gados de finanças e de pessoal de PD&I, natureza grave3”.
serviços de geoprocessamento, bodyshop de não devem ser computadas como
software, metalografia, entre outros. PD&I propriamente dita.
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Guia Lei do Bem | Parte 1
d. Exemplos
Seguem alguns serviços de apoio que, se- como usinagem, calderaria, recuperação
gundo o exposto em contextos anteriores, de peças ou ajustamento mecânico. Apoio
poderiam ser classificados como elegíveis na prototipação de produtos e instrumen-
para objeto da Lei do Bem: tal relacionado a projetos de PD&I;
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Guia Lei do Bem | Parte 1
e. Boas Práticas
Assim como a tecnologia industrial básica, entende-se que as atividades de serviços parcial, para as empresas contratadas de
de apoio técnico somente poderiam ser incentivadas na Lei do Bem se puderem apre- médio e grande porte. Tal tem subsistência
sentar relação direta com os projetos de PD&I desenvolvidos pela empresa. na Solução de Consulta nº 277, de 31 de ou-
tubro de 2011, que dispõe:
Os gastos efetuados com pessoal contratado pela empresa para prestar serviços de
apoio técnico de modo não exclusivo, registrados de forma detalhada e individualiza- “Pesquisa Tecnológica e Desenvolvimento de
da em sua contabilidade, estão contemplados pelos benefícios fiscais previstos nos arts. Inovação Tecnológica. O benefício previsto
17 e 19 da Lei nº 11.196, de 2005, desde que se configurem indispensáveis à implantação no artigo 18 da Lei n° 11.196/05 não impe-
e à manutenção das instalações ou dos equipamentos destinados, exclusivamente, à execução de que as despesas com pesquisa tecnológica
de projetos de pesquisa, desenvolvimento ou inovação tecnológica, bem como à capacitação e desenvolvimento de inovação tecnológica,
dos recursos humanos a eles dedicados. classificáveis como despesas operacionais pela
legislação do Imposto sobre a Renda de Pes-
Conforme Solução de Consulta nº 4 de 24/jan/2013, publicada pela SRF - http://normas.receita.
soa Jurídica (IRPJ) realizadas com empresas
fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=40548
de grande porte sejam levadas em considera-
Art. 5º Para fins do disposto no art. 4º, poderão ser considerados os seguintes dispêndios: ção para o aproveitamento do incentivo fiscal,
• os salários e os encargos sociais e trabalhistas de pesquisadores e de pessoal de prestação desde que não caracterizem transferência de
de serviço de apoio técnico de que tratam a alínea “e” do inciso II e o inciso III do art. 2º; execução da pesquisa, ainda que parcialmen-
te. Cabe ao Ministério da Ciência e Tecnologia
• a capacitação de pesquisadores e de pessoal de prestação de serviços de apoio técnico de - MCT determinar se os dispêndios efetuados
que tratam a alínea “e” do inciso II e o inciso III do art. 2º. (IN 1187 a RFB de 29/ago/2011- http://
pela pessoa jurídica podem ser considerados
normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?idAto=16160&visao=anotado)
como dispêndios vinculados à pesquisa tecno-
Relativamente à contratação desses serviços, salienta-se que o entendimento de elegibilidade lógica e desenvolvimento de inovação tecnoló-
desses dispêndios pressupõe que não seja transferida a execução da pesquisa, ainda que gica, para fins de gozo do incentivo fiscal”.
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Guia Lei do Bem | Parte 1
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3. OUTROS
CONCEITOS
UTILIZADOS
PELO MCTIC
Guia Lei do Bem | Parte 1
Apresentaremos alguns conceitos utiliza- apresentação de informações ao MCTIC e pon- A seguir, serão destacados estes tópicos,
dos pelo MCTIC via pareceres técnicos de to de partida para a avaliação das atividades com o intuito de dirimir dúvidas e construir
avaliação dos projetos de inovação tecno- de pesquisa tecnológica e desenvolvimento um conceito geral para avaliação dos proje-
lógica e formulário para informação sobre de inovação tecnológica de pessoas jurídicas tos elegíveis para fins de Lei do Bem e apre-
as atividades de pesquisa tecnológica e de- beneficiárias dos incentivos fiscais, previstos sentação ao MCTIC. Ao fim, para contextuali-
senvolvimento de inovação tecnológica nas no capítulo III da Lei nº 11.196, de 2005. zar como estes componentes poderiam ser
empresas (FORMP&D). descritos de forma conjunta, inserimos uma
O Decreto nº 5.798 de 2006, que regulamen-
seção com exemplos de projetos e suas in-
Basicamente, além das informações de tou o Capítulo III da Lei 11.196 de 2005, não
formações necessárias.
cunho estatístico quanto ao desenvolvi- trouxe nenhum conceito objetivo do que ca-
mento de PD&I no país, o FORMP&D re- racterizaria um elemento tecnologicamente
quer detalhamento sobre: (i) a fase em que novo ou inovador, barreira tecnológica
se encontra a pesquisa (básica, aplicada ou ou metodologia.
desenvolvimento experimental); (ii) elemen-
to tecnologicamente novo ou inovador; (iii) É importante destacar que as informa-
barreira ou desafio tecnológico superável; ções quanto ao elemento tecnologica-
(iv) metodologia/métodos utilizados; (v) data mente novo ou inovador, barreira ou
de início/previsão de término. desafio tecnológico superável e me-
Os itens abordados (elemento tecnologica- todologia/métodos utilizados, são os
mente novo ou inovador, barreira ou de- itens que mais geram questionamen-
safio tecnológico superável e metodologia/ tos por parte do MCTIC às empresas.
métodos utilizados) são aqui descritos por Isto se deve, provavelmente, ao cará-
serem parte fundamental do formulário para ter subjetivo que envolve os conceitos.
60
Guia Lei do Bem | Parte 1
O Decreto nº 5.798 de 2006, que regulamentou o Capítulo III da Lei 11.196 de 2005, não trouxe nenhum conceito objetivo do que caracterizaria
um elemento tecnologicamente novo ou inovador; porém, ao definir o que é inovação tecnológica em seu art. 2º, traz algumas orientações quan-
to ao que deve ser observado para identificar a existência de um elemento inovador.
“Inovação tecnológica: a concepção de novo produto ou processo de fabricação, bem como a agregação de novas funciona-
lidades ou características ao produto ou processo que implique melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou
produtividade, resultando maior competitividade no mercado”
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Guia Lei do Bem | Parte 1
b. Contextualização Teórica
Segundo o Manual de Frascati, as outras palavras, quando a solução de um medições e estudos de atividades científicas
atividades de inovação tecnológica problema não parece óbvia para alguém que e tecnológicas, “Inovação é a implementação
são o conjunto de diligências cientí- está perfeitamente ciente de todo o conjunto de um produto (bem ou serviço) ou proces-
ficas, tecnológicas, organizacionais, de conhecimento e técnicas básicas comu- so novo ou com um alto grau de melhoria,
financeiras e comerciais, incluindo o mente utilizadas no setor considerado. ou um método de comercialização ou orga-
investimento em novos conhecimen- nizativo novo aplicado às práticas de negó-
De acordo com a pesquisa da PINTEC, as
tos, que realizam ou destinam-se à cio, ao lugar de trabalho ou às relações ex-
inovações realizadas pelo setor produtivo
realização de produtos e processos ternas”. De todas as definições, a inovação
brasileiro estão intimamente vinculadas às
tecnologicamente novos e melhores. puramente tecnológica é aquela relacionada
inovações de processo – majoritariamente
com o produto ou processo. A necessidade
na aquisição de tecnologias em máquinas
PD&I é apenas uma dessas atividades e de suprimir o termo tecnológica na defini-
e equipamentos ou em inovações adapta-
pode ser realizada em diferentes estágios ção dada é devida à incorporação das inova-
tivas (o conceito de inovação adotado pela
do processo de inovação, sendo usada não ções de marketing e organizativas. Existindo
PINTEC é mais abrangente). No caso da Lei
apenas como uma fonte de ideias inventivas, controvérsia na hora de diferenciar as inova-
do Bem, o conceito de “inovação” é mais
mas também para resolver os problemas ções de processo e as organizacionais, este
restrito e trata-se de “inovação tecnológica”
que possam surgir em qualquer etapa do Manual definiu que: inovações de processo
(vinculado ao Manual de Frascati). Esta par-
processo, até a sua conclusão. Ainda no Ma- lidam sobretudo com a implementação de
ticularidade acaba concorrendo para que os
nual de Frascati, o critério fundamental que novos equipamentos, softwares, técnicas
resultados sejam menos expressivos do que
permite distinguir entre PD&I e as atividades ou procedimentos, enquanto as inovações
aqueles computados na pesquisa PINTEC.
correlatas é a existência de um elemento de organizacionais lidam primordialmente com
novidade, não insignificante, e a dissipação Segundo o Manual de Oslo, guia aceito mun- pessoas e a organização do trabalho. Se a
de incerteza científica ou tecnológica, em dialmente que visa orientar na realização de inovação envolve métodos de produção
62
Guia Lei do Bem | Parte 1
ou de abastecimento novos ou significativa- • Uma nova metodologia científica de análises Salientando que o elemento inovador
mente melhorados que visam reduzir custos e testes. que a Lei do Bem incentiva não precisa
unitários ou aumentar a qualidade do produ- trazer novidade para o mercado, é su-
• Uma nova tecnologia em matéria-prima,
to, trata-se de uma inovação de processo. ficiente com que traça aprimoramento
embalagem com design funcional inova-
substancial para a empresa, como indi-
O elemento tecnologicamente novo dor, formulação, estruturas nano, entre
cado no próprio site do MCTIC (http://www.
deve representar um progresso científi- outros, que irão compor um produto já mctic.gov.br/mctic/opencms/tecnologia/
co ou tecnológico. Trata-se da hipótese existente ou um novo produto, resultan- incentivo_desenvolvimento/lei_bem/_bem/
que está sendo testada para superação
do em uma melhoria de desempenho, Lei_do_Bem.html): “Vale ressaltar, que a
da barreira4. Assim, o projeto deve resultar
redução de impacto ambiental, amplia- inovação tecnológica, para os fins de ob-
em uma nova compreensão (mais ampla e
ção de uso e outros fatores que irão tenção destes incentivos, pode se dar em
aprofundada) dos fenômenos, das relações
trazer diferenciação e maior competitivi- relação à empresa, e não necessariamente
ou dos princípios de tratamento suscetíveis
dade para a empresa. ao mercado”
de interessar a mais de uma organização,
como descrito no Manual de Frascati. • Novos processos e novas rotas tecnológicas.
63
Guia Lei do Bem | Parte 1
c. Contextualização Prática
Espera-se que, neste item, sejam apre- As atividades realizadas para superar o
sentadas informações que identifiquem a problema constituem os projetos de PD&I,
novidade gerada pelo projeto de pesquisa. cujos resultados apresentarão uma so-
lução, ou não, para o problema dado.
O elemento tecnologicamente novo deve
Eles sempre apresentarão um resultado,
representar um progresso científico ou tec-
mesmo que seja um apontamento que a
nológico. Por progresso científico ou tecno-
premissa adotada e testada para superação
lógico entende-se:
da barreira não deve ser mais seguida, pois
• A aquisição de conhecimentos quanto à não funciona.
compreensão de novos fenômenos (Pes-
quisa Básica Dirigida);
d. Exemplos
· Desenvolvimento de um novo shampoo para cabelos que faz uso de um novo óleo essencial da
biodiversidade brasileira com atividade alisadora.
· Desenvolvimento de uma nova formulação com nanotecnologia para produção de tintas e revesti-
mentos mais brilhantes e que evitem a corrosão.
· Utilização de algas marinhas para a detecção de poluentes marinhos e sua remoção pela captação
do dióxido de carbono, em casos de desastres naturais
· Desenvolvimento de equipamentos e utilização de big data para otimizar a correção de solo, o pro-
cesso de plantio, necessidade hídrica e identificação de pragas na agricultura de precisão.
65
Guia Lei do Bem | Parte 1
e. Boas Práticas
É importante entender que nem toda me- exemplos de ganho para análise da exis-
lhoria ou projetos intitulados como PD&I tência de elemento de inovação:
pela empresa podem ser considerados
a) Melhoria de performance dos equipamen-
como elegíveis para fins de utilização de
tos utilizados na produção;
incentivos fiscais, mesmo que venha a
trazer ganho para a empresa. É necessá- b) Redução de custo;
rio avaliar o que é esta “inovação” e qual
c) Postergação de investimentos;
é o seu impacto para a companhia.
d) Otimização de processo;
A “inovação” não deve ser afirmada de
maneira absoluta, sem menção a um ben- e) Ganho de qualidade;
chmarking ou outra forma de comparação
que justifique a qualificação de inovação f) Ganho de produtividade;
tecnológica. O critério para distinguir se há, g) Redução de reclamações com os clientes;
ou não, um elemento novo ou inovador está
em sua essência em identificar: h) Melhoria nas ferramentas de gestão dos
projetos;
• Qual é o produto, processo ou
serviço novo? i) Inclusão de novos insumos, produtos ou
equipamentos no processo atual após
• Qual é a nova funcionalidade ou caracterís-
homologação/qualificação de tecnologias;
tica agregada ao produto ou processo ou
serviço ou sistemas? j) Obtenção de conhecimentos e detecção
de melhorias nos produtos e processos;
• Qual é o ganho significativo trazido com a
solução proposta? Seguem abaixo alguns k) Redução de impactos ambientais.
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Guia Lei do Bem | Parte 1
O Decreto nº 5.798 de 2006, que regulamentou o Capítulo III da Lei 11.196 de 2005, não trouxe nenhum conceito objetivo do que caracterizaria
Barreira ou Desafio Tecnológico Superável.
67
Guia Lei do Bem | Parte 1
Entende-se como barreira ou desafio Neste item as empresas devem focar nas
tecnológico superável as etapas ou dificuldades encontradas durante o desen-
eventos que podem representar o in- volvimento do projeto, quais adversidades
sucesso de seu projeto de inovação. surgiram ou poderiam ter afetado o segui-
mento e conclusão das etapas da criação.
É comum nos depararmos com fases de um As atividades de PD&I buscam apresentar
projeto de inovação em que encontramos resultados para um determinado problema
uma ausência de tecnologia/informação ou ou a dificuldade encontrada para realizar
profissional técnico qualificado, necessários um evidente aperfeiçoamento.
para dar continuidade ao projeto. Outro
Mais detalhadamente, espera-se que a
fato comum é a não comprovação de uma empresa informe:
hipótese em testes empíricos. Há, ainda, ca-
sos em que a barreira é o elevado custo de • Qual o problema tecnológico resolvido;
desenvolvimento de uma nova tecnologia,
• Com que abordagem ele foi resolvido;
inviabilizando a comercialização da mesma
ou dos produtos que a possuirão. A barreira • Se houve necessidade de investigação ou
pode ou não ser superável, o que resultará foi resolvido com o repertório de conheci-
no sucesso ou insucesso do projeto. mentos dominado.
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Guia Lei do Bem | Parte 1
d. Exemplos
· Desequilíbrio químico em uma formulação contendo novos insumos químicos, resultando na precipitação e formação de corpo de fundo.
· Integração, análise e simulação em regime permanente e dinâmico de sistemas com a presença de fontes alternativas (eólica, solar, biomassa,
etc.) e dispositivos conversores de Smart Grid no sistema elétrico
· Ausência de miscibilidade de ingredientes que compõe uma nova matéria-prima a ser utilizada em um novo óleo hidratante de banho.
· Uso de biologia sintética para desenvolvimento de novos tipos de biocombustíveis de segunda geração, a base de cana-de-açúcar, por meio da
fotossíntese induzida artificialmente
· Combinação de técnicas distintas em computação quântica, como a abordagem de “quantum annealing” com a estrutura de “gates”
(portões) quânticos.
· Dificuldade em atender, com uma única arquitetura, modelos distintos on-premise (local) e nuvem (remoto) com armazenamento multitenant,
para garantir a integridade e segurança dos dados.
· Confecção de soluções estruturais pré-fabricadas e modulares que facilitem a instalação, promovendo praticidade sem comprometer solicita-
ções mecânico-estruturais.
· Aplicação de materiais alternativos, melhorando características funcionais, mas sem comprometer parâmetros de durabilidade e resistência
em embalagens de alimentos.
· Uso de hidrogéis nanoestruturados para encapsulamento de esferóides de células para aplicações em medicina regenerativa.
· Incorporação de novos materiais e reforços em pneus para reduzir a massa dos produtos, com ganhos ambientais e sociais.
· Atender a requisitos mecânicos definidos, desenvolvendo modelo contrutivo com base em desenho modular, de forma a facilitar o transporte
(não precisando de veículos especiais).
69
Guia Lei do Bem | Parte 1
e. Boas Práticas
Quando da descrição da barreira ou desafio tecnológico superados na execução do projeto a empresa deverá abordar alguns dos seguintes
pontos de forma clara e sucinta:
• Se o problema também ocorre no mercado, descrever um pouco se há estudos ou proposta de solução fora e se a empresa que está desen-
volvendo a pesquisa está indo na mesma linha ou está buscando outras alternativas;
• Evidenciar caso os conhecimentos adquiridos até o momento pela empresa não resolvem o problema;
70
Guia Lei do Bem | Parte 1
O Decreto nº 5.798 de 2006, que regulamentou o Capítulo III da Lei 11.196 de 2005, não trouxe nenhum conceito objetivo do que caracterizaria
Metodologia/Métodos Utilizados.
71
Guia Lei do Bem | Parte 1
b. Contextualização Teórica
O termo Metodologia, define, seman- Para descrever com clareza, a empresa deve,
ticamente, o conjunto de métodos e resumidamente, descrever as atividades
procedimentos técnicos que dirige um pro- executadas, o processo utilizado, bem como
cesso de pesquisa. É através do método que demonstrar as competências que foram
a pesquisa adquire cientificidade, uma vez exigidas para implementação do projeto.
que todo conhecimento científico é constru- A empresa deve detalhar a metodologia de
ído sobre um método. A metodologia, por pesquisa ou desenvolvimento experimental,
conseguinte, é um instrumento de procedi- e não apenas uma metodologia convencional
mento técnico do conhecimento5. de desenvolvimento da solução, ou
uma metodologia de inovação (de for-
Consiste no conjunto de técnicas e ma vaga) de uma forma mais geral,
métodos utilizados para descrever sem especificar aspectos de pesquisa e
como a barreira/desafio tecnológico desenvolvimento experimental4.
poderá ser superado. Ou seja, como
se pretende obter a melhoria nos pro-
dutos, processos e serviços ou como
gerar novos produtos, processos
e serviços.
72
Guia Lei do Bem | Parte 1
c. Contextualização Prática
A metodologia a ser apresentada não deve ser extensa, recomenda-se descrever com clareza
as etapas/atividades executadas. Para este item, as informações a serem apresentadas devem
ser suficientes para que haja compreensão do que foi feito no ciclo de desenvolvimento do
projeto e de onde podem ter surgido as barreiras e dificuldades citadas no item anterior.
73
Guia Lei do Bem | Parte 1
d. Exemplos
• Estudos bibliográficos;
74
Guia Lei do Bem | Parte 1
e. Boas Práticas
A metodologia é responsável pela transpa- da apresentação de uma breve introdução • Indicação de uma hipótese: é uma respos-
rência e pela objetividade da pesquisa ou sobre o tema da pesquisa, as etapas dos ta a priori ao problema destacado. É muito
projeto. Significa, portanto, que ela traduz a estudos, testes envolvidos e as competên- importante descrever as hipóteses que fo-
forma por meio da qual o pesquisador está cias técnicas necessárias para a pesquisa ram abordadas para resolver o problema;
avançando na busca pelos seus resultados, em questão. Desta maneira os avaliadores
possibilitando, inclusive, que outros sigam terão uma contextualização melhor no mo- • Coleta de dados: busca de dados que ve-
os mesmos passos, o mesmo caminho uti- mento da análise dos projetos. nham auxiliar na solução do problema e
lizado pelo proponente. confirmar a hipótese;
Em suma, o ideal seria descrever quais são
A metodologia a ser apresentada ao MC- as técnicas, métodos ou atividades que es- • Descrever os testes, ensaios e técnicas uti-
TIC deve ser concisa e direta, focando nas tão sendo utilizados para atingir o objetivo lizadas para validar ou não as hipóteses;
etapas que compõe o desenvolvimento do da pesquisa. Ou seja, como serão testadas
projeto e seus diferenciais frente aos proje- as hipóteses para solução do problema. • Análise da resposta: verificação da viabili-
tos tradicionais. Para projetos que focam no Esta descrição permitiria compreender dade da hipótese encontrada;
desenvolvimento de novos produtos, reco- a linha de raciocínio proposta pela empresa
• Descrever as hipóteses abandonadas, o
menda-se uma descrição do passo a passo para o desenvolvimento da pesquisa.
motivo de sua não utilização e também
das etapas do projeto, focando nas princi-
Destacam-se algumas práticas operacionais6: a explicação pela escolha da abordagem
pais etapas de um desenvolvimento do pro-
que teoricamente resolve o problema;
duto, processo ou serviço.
• Identificação de um problema ou oportu-
Uma maneira de deixar mais claro o objetivo nidade: esse é um questionamento, uma • Não apresentar metodologia padronizada
de um projeto de pesquisa básica, aplicada indagação, ou seja, aquela curiosidade/ne- associada a uma ferramenta de controle
ou desenvolvimento experimental é através cessidade que o levou a pesquisar; gerencial do desenvolvimento.
75
Guia Lei do Bem | Parte 1
Tipo?
Elemento Tecnologicamente Metodologia/
Produto, serviço Barreira ou Desafio Tecnológicoico?
Novo ou Inovador Métodos Utilizados
ou sistema?
Desenvolvimento de solução otimizada
1-Rota resina troca iônica: efetividade do pro- 1-Revisão bibliográfica; 2-Seleção de
de remoção de CS2 (compostos sulfu-
cesso a diferentes concentrações de CS2 na agentes sequestrantes ou adsorventes
rados), que garanta a especificação do
carga; estabilidade da resina a alta reatividade comerciais específicos; 3-Seleção do ponto
produto final e a excelência operacional,
das correntes contendo di-olefinas (restringe de tratamento (menor impacto à unidade);
levando ao menor impacto no resultado
os processos de remoção de CS2); seleção da 4-Teste em planta de pequena escala de
econômico da unidade. O projeto de
solução compatível com a frequente variação laboratório (planejamento experimental);
desenvolvimento trará o domínio do Processo
da margem do negócio de isopreno. 2-Agente 5-Identificação/caracterização dos produ-
processo de remoção CS2 em
sequestrante: eficiência do agente seques- tos formados (solubilidade, corrosividade,
correntes da planta de isopreno. O
trante; efeito corrosivo aos equipamentos da estabilidade química etc.). A partir dos da-
domínio tecnológico do processo está
unidade dos produtos de reação; separação dos de laboratório, definir o processo com
restrito a outros fabricantes de isopreno
do produto formado e excesso do melhor relação custo/benefício e robustez
que não possuem interesse em divulgar
agente sequestrante. à variação da concentração de CS2 nafta.
ou licenciar a tecnologia.
77
Guia Lei do Bem | Parte 1
Tipo?
Elemento Tecnologicamente Metodologia/
Produto, serviço Barreira ou Desafio Tecnológicoico?
Novo ou Inovador Métodos Utilizados
ou sistema?
Definição do conceito do projeto; pesqui-
Desenvolvimento experimental de sis-
sas sobre o comportamento do condutor
tema autônomo de veículos leves, com
humano; detalhamento das principais
aplicação de algoritmos baseados em Reproduzir em ambiente de simulação o
rotas tecnológicas possíveis; modelagem
inteligência artificial para simulação de comportamento de um condutor humano
matemática e simulações virtuais exaus-
diversas situações de riscos de trânsito na direção de um veículo, por meio de um
tivas do funcionamento de cada sistema,
eminentes, tais como: aproximação de sistema autônomo, que integrará um conjunto
Sistema sub-sistema e funções individualmente,
outro veículo/obstáculo, sinal fechado, de tecnologias para sensoreamento, controle
bem como de sua integração no veículo.
via bloqueada, etc. O problema tec- e atuação, determinando autonomamente as
Neste primeiro momento serão realizadas
nológico está no fato da empresa não melhores ações a serem tomadas de forma
apenas simulações computacionais, sendo
deter conhecimentos aprofundados nos segura e confiável.
uma segunda fase do projeto a construção
conceitos e tecnologias disponíveis, e em
de protótipos físicos para testes do funcio-
sua aplicação em veículos autônomos.
namento real da solução proposta.
A regulamentação da Lei do bem (Lei nº 11.196/2005, Capítulo III), que decorre do Decreto nº 5.798, de 7 de junho de 2006, define os conceitos de
atividades de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica para fins de utilização de incentivos fiscais, que compreende a pesquisa
básica dirigida, pesquisa aplicada, desenvolvimento experimental, tecnologia industrial básica e serviços de apoio técnico.
Os benefícios fiscais estabelecidos na Lei nº 11.196/2005, Capítulo III, não alcançam desenvolvimento de engenharia.
Como vimos no item Conceito de Inovação Tecnológica do presente Guia, o §1º do art. 17 da Lei 11.196/2005 conceituou apenas o que seria
inovação tecnológica, ou seja, “a concepção de novo produto ou processo de fabricação, bem como a agregação de novas funcionalidades ou ca-
racterísticas ao produto ou processo que implique em melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade, resultando maior
competitividade no mercado”.
80
Guia Lei do Bem | Parte 2
b. Contextualização Teórica
O cientista Albert Einstein definiu que: “Os Enquanto a ciência (física, química, bio-
cientistas investigam o que já existe; enge- logia, etc.), nos permite o ganho de um
nheiros criam o que nunca existiu” (“Scien- conhecimento do mundo e universo, a enge-
tists investigate that which already is; nharia permite que este conhecimento
Engineers create that which has never seja aplicado na vida real, por meio
been”- Albert Einstein – Livre tradução). da solução de problemas, designing e
construção de coisas.
Para o Comitê de Certificação de Engenha-
ria e Tecnologia dos Estados Unidos (1982) Engenheiros se distinguem dos outros pro-
“engenharia é profissão na qual o conhe- fissionais pela habilidade que possuem para
cimento das ciências matemáticas e natu- resolver problemas complexos e implantar
rais, obtido através do estudo, experiência soluções de forma rentável e prática.
e prática, é aplicado com julgamento no
Portanto, diante dos conceitos acima, pode-
desenvolvimento de novos meios de
mos concluir que a engenharia é a apli-
utilizar, economicamente, os materiais
cação de conceitos científicos para a
e forças da Natureza para o benefício
solução de problemas reais e a implan-
da humanidade7” .
tação de soluções práticas que sejam
Na mesma linha, o sítio americano “What viáveis técnica e financeiramente.
is engineering?”, definiu: “Engenharia é
a aplicação de conhecimento científico para
solução de problemas do mundo real.
82
Guia Lei do Bem | Parte 2
c. Contextualização Prática
Trazendo este conceito para o âmbito da Lei engenharia e as atividades de desenvolvi- que não necessariamente esses desen-
do Bem, considerando-se principalmente as mento experimental (esta última beneficiada volvimentos apresentarão sucesso. Um
atividades de pesquisa tecnológica e desen- pela Lei do Bem): evidente aperfeiçoamento dos já pro-
volvimento de inovação tecnológica previstas duzidos também pode ser considerado
“Muitas empresas descreveram projetos de
no Decreto 5.798/2006, podem ser consi- nessa classificação, desde que seja de-
engenharia enquadrando como projeto de
deradas para fins de incentivos fiscais, monstrado que não foi simplesmente
pesquisa. A alteração ou criação de um pro-
apenas as atividades de engenharia que uma alteração de layout ou de design
duto pode ser classificada como pesquisa e
estejam relacionadas ao desenvolvimen- e sim um aperfeiçoamento. Alterações
desenvolvimento experimental ou como um
to de novos produtos ou processos ou ao corriqueiras ou rotineiras que não envolvem
desenvolvimento de engenharia. A Lei do
aprimoramento dos mesmos, desde que risco em virtude dos processos e metodo-
Bem só prevê incentivos fiscais para o primei-
exista risco tecnológico para tal. Isso logias utilizados no desenvolvimento serem
ro caso. A diferença entre as duas clas-
significa que as atividades de engenha- conhecidos ou dominados são considerados
sificações está no risco envolvido nas
ria devem envolver aquelas relativas ao como desenvolvimento de engenharia. Estes
atividades. O conceito de desenvolvimento
desenvolvimento tecnológico e solução desenvolvimentos podem resultar em novos
experimental da Lei do Bem está relaciona-
de problemas cujas chances de sucesso produtos. Também podem ser resultado de
do com trabalhos sistemáticos delineados
sejam incertas e/ou em que haja um ris- pesquisas de mercado ou pesquisas que vi-
a partir de conhecimentos pré-existentes,
co tecnológico que não seja alcançado. sam conhecer e detectar melhorias nos pro-
visando à comprovação ou demonstração
dutos e processos. Estas atividades não são
Essa assertiva decorre do Relatório Anu- da viabilidade técnica ou funcional de novos
elegíveis como utilizadoras dos incentivos fis-
al de Atividades de PD&I (2013), publicado produtos, processos, sistemas e serviços ou,
cais da Lei do Bem”.
pelo MCTIC, que buscou em uma parte sig- ainda, um evidente aperfeiçoamento dos já
nificativa do trabalho pontuar as diferenças produzidos ou estabelecidos. Esta ativida- De acordo com o trecho do Relatório Anu-
entre as atividades de desenvolvimento de de envolve risco tecnológico, haja vista al do MCTIC (2013) acima apresentado,
83
Guia Lei do Bem | Parte 2
a diferença essencial entre as duas ativi- “Tornam-se necessário esclarecimentos so- competência técnica, sobre as informações
dades (desenvolvimento experimental e bre o que de fato foi realizado em termos de relativas aos programas de pesquisa tec-
desenvolvimento de engenharia) estaria no pesquisa experimental e o que é atividade nológica e desenvolvimento de inovação
risco envolvido. cotidiana de engenharia, visto que o proje- tecnológica enviadas ao MCTIC pelas em-
to é bastante amplo e aplicações deste tipo presas beneficiárias da Lei do Bem.
Por basear ou mensurar as diferenças entre
não são incomuns. Torna-se necessário
“desenvolvimento experimental” e “desenvol- Pelos trechos extraídos do Relatório Anu-
caracterizar os desafios técnicos que não
vimento de engenharia” nas incertezas e/ou al de Atividades de PD&I (2013) e dos pa-
são resolvidos pela simples aplicação do
riscos em incorrer-se no empreendimento receres técnicos CGIT/SETEC/MCTIC, ano
conhecimento geral da área. Falta também
tecnológico, o conceito de “risco envolvido” é base 2014, pode-se inferir que o desen-
um detalhamento dos riscos tecnoló-
subjetivo e pode atrelar-se ao nível de contri- volvimento experimental envolve risco
gicos envolvidos e da diferenciação da
buição intelectual mínimo que o resultado da tecnológico e não exige obtenção de
plataforma desenvolvida em relação a ou-
PD&I traz ao mercado. Ou seja, quanto maior sucesso ao final do projeto.
tras existentes no mercado”.
a inventividade da proposta e dos objetivos
Ademais, um evidente aperfeiçoamento
da PD&I maior o risco tecnológico. Importante destacar, que os CATs (Comi-
tecnológico de produtos existentes tam-
tês de Auxílio Técnico) foram regulamen-
Para complementar o entendimento acerca bém pode ser considerado como resultado
tados pela Portaria nº 788, de 05/08/2014
das atividades de engenharia, bem como a decorrente de desenvolvimento experi-
assertiva pela qual o risco técnico envolvido do MCTIC, cujo §1º determinou que os mental, desde que seja demonstrado que o
é o elemento que distingue o desenvolvi- CATs serão criados com o objetivo de aperfeiçoamento não se tratou simplesmen-
mento experimental do desenvolvimento prestar auxílio técnico à equipe da SETEC te de uma alteração de layout ou de design
de engenharia, seguem abaixo trechos extra- (Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e sim de uma efetiva melhoria.
ídos de pareceres emitidos pela CGIT/SETEC/ e Inovação) na elaboração de diagnóstico
MCTIC - FORMP&D ano base 2014: opinativo, nas suas respectivas áreas de
84
Guia Lei do Bem | Parte 2
85
Guia Lei do Bem | Parte 2
d. Exemplos
Um exemplo de projeto de engenharia, empresa, sendo implementado com o de investigação da viabilidade técnica ou
dentro da concepção das autoridades go- suporte de fornecedores e recursos das funcional, não sendo apenas protótipos para
vernamentais, seria o desenvolvimento de áreas de engenharia interna. testes de produção ou avaliação de mercado.
veículos com foco em redução de custos
Por outro lado, caso o projeto possua O resultado do desenvolvimento experimen-
que envolvem a utilização de conhecimentos
fases como, por exemplo, o desenvol- tal é a comprovação prática da viabilidade
pré-existentes na empresa, sem evidente
vimento de sistemas alternativos para a técnica ou funcional de um novo produto,
risco tecnológico atrelado, com atividades
redução do consumo de combustíveis, no- processo ou sistema, sendo implementado
de design do veículo, redesenho/supressão/
vas formas de propulsão alternativas ao uso por áreas de inovação, engenharia e com
comunicação ou mudança de materiais de
de gasolina e/ou diesel (biocombustíveis, suporte de universidades, centros de pes-
componentes/peças do veículo para ga-
desenvolvimento de novos sistemas para quisas, laboratórios de testes e fornecedo-
nhos de custos, nacionalização de peças
alcance da relação de consumo entre etanol res especializados e que objetivam alcançar
com fornecedores locais.
e gasolina), e para tanto sejam agregados resultados inventivos ou compostos por alto
Este tipo de desenvolvimento de produto conhecimentos à equipe, bem como grau de contribuição técnica como as inven-
geralmente segue uma metodologia co- sejam evidenciados os riscos tecno- ções tecnológicas. Geralmente são projetos
nhecida pela empresa, caracterizada pela lógicos inerentes, a perspectiva de que envolvem treinamentos específicos
existência de procedimentos já dominados e podem gerar conteúdos interessantes
alcançar resultados tecnológicos in-
para a implementação de determinados para possíveis patentes, bem como teses
ventivos com significativo grau de
produtos. Também envolve os ensaios, si- de mestrado e doutorado.
contribuição intelectual, o projeto ou
mulações numéricas e testes de montagem
parte dele poderão ser classificados
e rodagem para a validação das caracte-
como desenvolvimento experimental.
rísticas e funcionalidades implementadas
no novo veículo. O projeto nem sempre Os protótipos desenvolvidos neste caso ge-
agrega novos conhecimentos à equipe e à ralmente são utilizados em experimentos
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Guia Lei do Bem | Parte 2
e. Boas Práticas
Como boas práticas, para que um proje- • Comparar com o estado da arte ou com conhecimento geral da área/departamento e
to que apresenta atividade de desenvolvi- a situação atual dos desenvolvimentos já despender-se um tempo maior para preen-
mento experimental não seja caracterizado existentes na empresa, a fim de mostrar chimento, de forma adequada e consistente,
como sendo de engenharia, torna-se impres- o progresso tecnológico que o Projeto de do item “3.1 - Atividades de PD&I” do FORM-
cindível evidenciar os riscos tecnológicos P,D&I trará; P&D, descrevendo-se com clareza o elemento
envolvidos e a diferenciação do produto/pro- tecnologicamente novo ou inovador, a bar-
cesso desenvolvido em relação a outros já • Identificar o que pode impedir ou dificultar reira ou desafio tecnológico superável, as
existentes no mercado. a aplicação da tecnologia no mercado; metodologias e métodos superados.
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Guia Lei do Bem | Parte 2
A legislação que norteia a fruição dos incentivos de inovação tecnológica conceitua o desenvolvimento experimental, como relativo a trabalhos
sistemáticos delineados a partir de conhecimentos pré-existentes, visando à comprovação ou demonstração da viabilidade técnica ou funcional
de novos produtos, processos, sistemas e serviços ou, ainda, um evidente aperfeiçoamento dos já produzidos ou estabelecidos (Fonte: alínea
c, art. 2º, Decreto 5.798/2006).
Nesse sentido, os testes são atividades essenciais ao desenvolvimento de um novo/melhorado produto, processos, siste-
mas e serviços, pois permitem a comprovação da viabilidade técnica, caracterizando-se, assim, como uma atividade de
desenvolvimento experimental.
88
Guia Lei do Bem | Parte 2
b. Contextualização Teórica
A viabilidade técnica de uma tecnologia é Testes e avaliações compreendem os en- projetos desde o estágio de desenvolvimen-
entendida como um procedimento de trans- saios de produtos e de processos novos ou to (TRL 5) até o estágio de disponibilização
ferência dos resultados da pesquisa (básica significativamente melhorados. No que diz de uma a tecnologia (TRL 8).
e aplicada) realizada em ambiente de labo- respeito à indústria de transformação, in-
A escala de maturidade de tecnologia (TRL)
ratório para a fase de desenvolvimento e na cluem-se nessa categoria a produção para
é a escala desenvolvida para permitir a ava-
sequência para produção, após a realização ensaios e as plantas piloto.
liação da maturidade de uma determinada
de testes, de conformidade, de qualidade,
A produção experimental insere-se no PD&I tecnologia e a comparação consistente de
de viabilidade, etc.
se ela implicar em testes de escala. maturidade entre os diferentes tipos de
tecnologias em desenvolvimento, ou seja, é
Os testes em escala industrial podem O ponto de partida é a tecnologia testada e
uma escala utilizada para dar suporte à to-
ser definidos como ensaios em unida- validada em ambiente de laboratório e o re-
mada de decisão.
des piloto, equipamento industrial ou sultado é a tecnologia validada e especificada
unidade industrial para replicar, atra- para implantação em escala de produção.
vés de uma metodologia definida, os Considerando a escala de maturidade de
resultados obtidos em etapas anterio- tecnologia (Technology Readiness Level=TRL),
res da pesquisa realizada em ambiente os testes em escala industrial podem
de laboratório. ser executados como atividades dos
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Guia Lei do Bem | Parte 2
As fases iniciais do TRL (1 a 4) correspondem às etapas de pesquisa básica e de validação da tecnologia em escala de laboratório.
A partir do TRL 5, inicia-se a etapa de desenvolvimento da tecnologia, considerando:
a) Testes e prototipagem da tecnologia em ambiente de aplicação - Piloto (TRL 5): A tecnologia é preparada e testada em ambiente de produção
simulado.
c)Produção piloto em baixa escala ou planejamento da tecnologia para demonstração em ambiente operacional (TRL 7):
A tecnologia passa a ser testada em ambiente industrial de escala reduzida e especificada para ser produzida ou utilizada em escala real. Tra-
ta-se de um passo significativo que requer demonstração no espaço definido para utilização. O protótipo deve estar próximo do caso real ou
à escala do sistema operacional planejado e a demonstração tem que ser realizada no ambiente previsto.
d) Tecnologia e processos de produção disponibilizados e qualificados (TRL 8): A tecnologia e os sistemas produtivos estão adaptados, conside-
rando todas as necessidades para a sua implantação, para a escala real de produção industrial. Teste piloto em escala próxima da escala de
campo, mas ainda não em escala de disponibilização para o mercado.
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Guia Lei do Bem | Parte 2
Prova de Conceito
TRL 3
Estudo analítico, experimental (aspectos críticos)
Validação em Piloto
TRL 5
Teste de fidelidade dos elementos integrados
Fonte: Analise Bain; U.S. Departament of Defense (DoD); National Aeronautics and Space Administration (NASA);
European Space Agency (ESA). 91
Guia Lei do Bem | Parte 2
Ainda que a tabela 2.3 do Manual de Frascati mencione que parte dos testes em escala industrial possa ser considerado como PD&I,
a Lei nº 11.196/2005 é omissa quanto à possibilidade de utilização destes dispêndios para fins de dedutibilidade.
Alguns casos que ilustram a fronteira entre as atividades de P&D e outras atividades industriais
Planta piloto Incluir em P&D Contando que o principal objetivo seja P&D
Incluir os estudos de concepção necessários durante os trabalhos
Estudos de Concepção e desenho industrial Incluir somente uma parte em P&D de P&D. Excluir estudos de Concepção
para o processo de produção
Incluir P&D suplementar e as atividades de ferramental e
Engenharia industrial e ferramentaria Incluir somente uma parte em P&D engenharia industrial associadas à elaboração de novos produtos
e processos de produção
Inclui-se quando a produção requer testes reais em grande
Produção a título de teste Incluir somente uma parte em P&D magnitude e subsequentes novos estudos de concepção e
de engenharia. Excluir todas as outras atividades correlatas
Detecção de problemas de pane e serviço
Excluir de P&D Com exceção de P&D suplementar
de pós venda
Todos os trabalhos administrativos e jurídicos relacionados
Trabalhos relacionados a patentes e licenças Excluir de P&D a patentes e licenças (exceto aqueles diretamente
relacionados a um projeto de P&D)
Análise de rotina Excluir de P&D Mesmo se realizadas pela equipe de P&D
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Guia Lei do Bem | Parte 2
c. Contextualização Prática
Testes em Planta Piloto: Uma planta piloto É comum o uso do termo planta piloto e
é um pequeno sistema industrial operado planta de demonstração de forma intercam-
para gerar informações sobre o comporta- biável, entretanto, conceitualmente, uma
mento do sistema. É utilizada na concepção planta piloto é de menor escala que uma
de instalações de maiores dimensões. Plan- planta de demonstração.
ta piloto é um termo relativo, no sentido de
As plantas piloto são utilizadas para reduzir
que as plantas são geralmente menores do
o risco associado com a construção de gran-
que as plantas de produção em grande es-
des instalações de processo e fazem isso de
cala, mas são construídas em uma variedade
várias maneiras:
de tamanhos. Algumas plantas são constru-
ídas em laboratórios, enquanto outras exi- a) Definição de parâmetros de engenharia;
gem esforços substanciais de engenharia, b) Expansão da capacidade de produção;
custam milhões de dólares e são montadas
c) Introdução de novas tecnologias de processo;
e fabricadas a partir de equipamentos de
processo, instrumentação e de tubulação. d) Introdução de novos produtos.
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Guia Lei do Bem | Parte 2
d. Exemplos
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Guia Lei do Bem | Parte 2
• Catalisadores Isozoom: Um desafio cons- para gerar informações necessárias às pes- de matéria, padrões de mistura e outras
tante para a área de refino é aumentar ain- quisas. Os resultados obtidos permitiram variáveis. A partir dos testes em escala pi-
da mais a produção de gasolina. O Centro definir através de P&D adicional os ajus- loto, foi possível implantar a tecnologia
de Pesquisas e Desenvolvimento da Petro- tes no produto e no processo, fornecendo em escala industrial, que forneceu infor-
bras (Cenpes) desenvolveu um novo aditivo também especificações complementares mações sobre o desempenho do produto
(o nome comercial é “Isozoom”) que, incor- para o teste em escala real. Os estudos de no processo. O teste em escala industrial
porado ao catalisador das Unidades de FCC, ampliação de escala permitiram a observa- ocorreu no processo de produção de ga-
permite uma maior octanagem da nafta ção das condições de operação e estudos solina na Refinaria Gabriel Passos (Regap)
craqueada, com mínima redução de rendi- de atividade e seletividade dos catalisado- onde o catalisador foi incorporado na
mento. O aditivo para teste foi produzido e res, além da otimização das variáveis de Unidade de Craqueamento Catalítico Flui-
testado em escala reduzida (planta piloto do processo. Projetos realizados diretamente do II (CCF II), com o objetivo de fornecer
Centro de Pesquisas) que simula o proces- com dados de bancada podem não ser informações sobre o desempenho ope-
so em escala industrial. Enquanto plantas bem-sucedidos quando o sistema quími- racional do catalisador. O resultado final
industriais trabalham com toneladas de co é muito complexo, pois as mudanças de foi o aumento de produção no processo
catalisadores, insumos ou cargas, nos pi- escala podem afetar a atividade catalítica, industrial, demonstrando a viabilidade da
lotos bastam alguns gramas do material efeitos térmicos, velocidade de transferência implantação em escala de produção.
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Guia Lei do Bem | Parte 2
A Lei do Bem não traz qualquer menção em relação as atividades de nacionalização, tropicalização e localização, sendo que, pelo conceito de
inovação tecnológica, podemos entender que essas atividades somente podem ser consideradas para fins dos incentivos fiscais se
envolverem adaptações para a localização do produto/processo ao mercado brasileiro que seja resultado da alteração e/ou incre-
mento de funcionalidades e das características do produto ou processo, somente por meio de atividades de PD&I.
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Guia Lei do Bem | Parte 2
b. Contextualização Teórica
A nacionalização, tropicalização ou Esse processo pode tornar-se um mudanças de materiais utilizados para a sua
localização de produtos e processos empreendimento e/ou atividade de fabricação, matérias-primas constituintes
podem ser entendidos como um con- pesquisa e desenvolvimento para que dos produtos, mudança das tecnologias uti-
junto de atividades necessárias para sejam desenvolvidos aperfeiçoamen- lizadas para o processamento, entre outros,
adaptar seus requisitos ou característi- tos ou adaptações, de forma a agregar que implicam na realização de pesquisas
cas técnicas a um mercado específico, novas características ao produto/ para gerar novos conhecimentos sobre a
com intuito de atender às condições processo internalizado. aplicação dessas mudanças nos projetos já
ambientais, demandas consumeristas idealizados no exterior.
O Manual de Frascati complementa o concei-
e até mesmo exigências legislativas de
to de P&D ao trazer que “a pesquisa e o de- Ainda, essas alterações podem induzir
um país.
senvolvimento experimental (P&D) incluem mudanças significativas dos projetos para
o trabalho criativo levado a cabo de forma que os produtos/processos se tornem
Esse processo inclui desde uma análise
sistemática para aumentar o campo dos viáveis tecnicamente.
detalhada do projeto, na qual é constatada
conhecimentos, incluindo o conhecimento
sua viabilidade em relação à adequação às
do homem, da cultura e da sociedade, e a
normas técnicas locais, disponibilidade de
utilização desses conhecimentos para criar
recursos e mão de obra; até a sugestão de
novas aplicações”.
alterações e soluções que permitam uma
melhor adaptação cultural ou execução Muitas vezes as alterações necessárias
do projeto. para nacionalizar um produto implicam em
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Guia Lei do Bem | Parte 2
c. Contextualização Prática
Estas atividades podem resultar em ati- Lembrando que esse tipo de atividade requer
vidades de PD&I, mas o projeto como um maior esforço de argumentação para que
um todo não deve ser enquadrado como seja aceita pelo MCTIC com a apresentação
tal. Assim, caso haja atividade com de documentos e Relatórios Técnicos.
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Guia Lei do Bem | Parte 2
d. Exemplos
Torna-se importante que as empresas Outra dificuldade/barreira para a execução desses projetos é a inexistência de capacitação
identifiquem e segreguem exatamen- técnica dos fornecedores de alguns componentes. Por não possuírem tecnologias de produ-
te as atividades de PD&I realizadas em ção similares aos dos países de origem dos produtos, a qualidade de componentes a serem
razão da nacionalização/localização/tro- aplicados por alteração das características físico-químicas de materiais durante o processo
picalização e justifiquem tecnicamente podem ser afetadas, o que também gera a necessidade de pesquisar e/ou desenvolver alter-
esse enquadramento. A seguir, são ci- nativas para se chegar a um produto final viável tecnicamente.
tados alguns exemplos em que podem
ser identificadas limitações técnicas Por fim, a qualidade dos combustíveis e o método de estocagem dos derivados de petró-
e trabalhos de PD&I associados para a leo podem influenciar no comportamento dos motores, o que leva à necessidade de
chamada tropicalização. realização de testes adicionais e ao PD&I retroativo da aplicação de filtros de combustível e óleo
Como primeiro exemplo, podemos citar dos motores.
o caso de empresas do setor de equi-
pamentos e máquinas agrícolas. Para Nos setores farmoquímico e de alimentos, as condições de fornecimento de matérias-primas
atenderem à legislação de ruídos e emis- ou da capacidade produtiva de fornecedores nacionais leva ao desenvolvimento de rebalan-
sões de gases, essas empresas devem ceamento e/ou desenvolvimento de novas formulações de produtos, já que a alteração, por
identificar projetos de motores, que mínima que seja, da qualidade das matérias-primas empregadas podem resultar em
implicam na alteração de componentes alterações significativas na qualidade final do produto.
específicos, havendo assim mudança de
materiais na composição de estruturas, o Essa condição também influencia diretamente no processo de produção dos produtos, que
que implica no desenvolvimento de pes- por alteração das especificações e/ou mudança de matérias-primas podem alterar as in-
quisas sobre o comportamento desses terações que ocorrem durante o processo, surgindo assim a necessidade de realizar PD&I
materiais aplicados às máquinas. retroativo para a revisão do processo de fabricação nessas empresas.
100
Guia Lei do Bem | Parte 2
e. Boas Práticas
Como boas práticas, o que pode ser realiza- • Identificação dos riscos tecnológicos exis-
do é a melhor caracterização dos desafios, tentes em não serem atingidos os objetivos
anteriormente citados, e das barreiras tec- específicos do proposto PD&I relativo à
nológicas encontradas pelas empresas para tropicalização/nacionalização/localização
que a avaliação seja facilitada, por meio da dos produtos.
produção dos seguintes documentos: Além disso, demonstrar que houve de
fato um novo conhecimento gerado,
• Relatório Técnico que explicite em detalhes assim como capacitação tecnológica
as características técnicas dos produtos da equipe envolvida podem esclarecer
que forem adotados no Brasil, principal- dúvidas que os avaliadores possam ter
mente aqueles que sejam necessários durante o processo.
para o fundamento efetivo no mercado.
Há, também, que citar que a Instrução Nor-
mativa RFB nº 1.178/2011 solicita, como
• Projeto de pesquisa que explicite os de-
controle mínimo necessário para a utilização
senvolvimentos tecnológicos necessários,
dos benefícios, os controles analíticos dos
que deverão ser implementados por uma
custos e despesas por projeto incentivado.
atividade de PD&I para alcançar as adap-
tações técnicas dos produtos ao mercado.
101
Guia Lei do Bem | Parte 2
Na Lei do Bem, Lei nº 11.196/2005 – Capítulo III, Decreto nº 5.798/2006 ou na Instrução Normativa Federal IN RFB Nº 1187/2011, há a definição
ou tópico específico de melhoria. Esta é referenciada na definição de pesquisa aplicada (adquirir novos conhecimentos em produtos, processos
e sistemas) e no desenvolvimento experimental (comprovação ou demonstração da viabilidade técnica ou funcional destes):
Pesquisa aplicada: os trabalhos executados com o objetivo de adquirir novos conhecimentos, com vistas ao desenvolvimento ou aprimoramento
de produtos, processos e sistemas (Decreto 5.798/2006, art. 2º alínea b; IN RFB Nº 1187/2011, art. 2 b).
Desenvolvimento experimental: os trabalhos sistemáticos delineados a partir de conhecimentos pré-existentes, visando a comprovação ou demons-
tração da viabilidade técnica ou funcional de novos produtos, processos, sistemas e serviços ou, ainda, um evidente aperfeiçoamento dos já produ-
zidos ou estabelecidos (Decreto 5.798/2006, art. 2º alínea c; b; IN RFB Nº 1187/2011, art. 2 b).
102
Guia Lei do Bem | Parte 2
b. Contextualização Teórica
103
Guia Lei do Bem | Parte 2
Portanto, no contexto do grau de inova- mercado, de lançamento de produção, de de modelos de demonstração para testes
ção dos trabalhos de PD&I, pode-se ter acerto de máquinas e do redesenho de pro- e produção. Uma boa base prática para o
resultados mais radicais, ou novos, que cesso de produção. exercício do julgamento nos casos difíceis.
ao longo do tempo pelas análises longitu-
No entanto, determinadas atividades como Ligeiramente expandida, enuncia-se
dinais dos economistas poderão indicar
acerto de máquinas, desenvolvimento de como segue:
como resultantes de uma “destruição
criativa” de determinada indústria. processos, ou a concepção e construção
“Se o objetivo principal dos trabalhos
Mas também é possível considerar as de protótipos, por exemplo, podem conter
for a introdução de novos aperfeiço-
melhorias incrementais significativas elementos apreciáveis de PD&I, de difícil
amentos técnicos no produto ou no
de produtos processo e serviços. determinação precisa. Esta situação é par-
processo, devem ser considerados den-
ticularmente aplicável ao setor de defesa
Diante da análise dos resultados das ativi- tro do escopo da PD&I. Se, por outro
e às indústrias de grande escala, como
dades de PD&I, é necessária atenção para lado, o produto ou processo já estiver
a aeroespacial.
entender as fronteiras entre estas ativida- substancialmente definido e o objetivo
des e outras atividades industrias ou de Dificuldades análogas podem aparecer na principal dos trabalhos for desenvolver
manutenção que podem até gerar ajustes distinção entre determinados serviços pú- mercados, planejar a pré-produção, pla-
relacionados à produção, manutenção ou blicos baseados em tecnologia, como nejar sistemas de produção ou produzir
correção de falhas. inspeção e controle, e algumas atividades as- controle harmonioso de produção, não
sociadas à PD&I, como os trabalhos na área devem ser considerados como PD&I.”
Convém excluir, cuidadosamente, atividades
de alimentos e de produtos farmacêuticos.
que, mesmo fazendo parte indubitável do De forma geral, para poder catalogar uma
processo de inovação, raramente envolvem Sempre haverá dificuldade na identificação atividade como PD&I, tem que se obter
PD&I, caso típico dos pedidos de patentes, precisa do corte entre o desenvolvimento e a a resolução de uma incerteza científica
de liberação de licenças, de pesquisa de pré-produção, especialmente na fabricação ou tecnológica.
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Guia Lei do Bem | Parte 2
c. Contextualização Prática
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Guia Lei do Bem | Parte 2
Como definido na contextualização teórica, um processo é um conjunto de ações ou ativi- Geralmente, a melhoria em processos bus-
dades sistematizadas que tem uma finalidade específica. Novos métodos, fluxos e soluções ca aumentar a produtividade, reduzir custos,
envolvidos na criação de valor para o cliente. Sob este escopo, um processo pode abranger aumentar a qualidade, diminuir impactos das
qualquer âmbito ou setor, desde um modelo organizacional, até equipamentos e/ou softwares atividades no meio ambiente, entre outros.
associados (a uma operação específica ou ao conjunto) e mesmo serviços.
Apesar da grande abrangência, o texto a se-
A inovação de processo pode ser associada a uma sequência de atividades que têm guir focará mais no âmbito industrial, pois o
por objetivo gerar resultados através dos processos rotineiros8. De acordo com o software e o serviço terão tratamento diferen-
Manual de Oslo9, Inovação tecnológica de processo é a adoção de métodos de pro- ciado em capítulos posteriores.
dução novos ou significativamente melhorados, incluindo métodos de entrega dos É bastante comum que muitas inovações
produtos. Tais métodos podem envolver mudanças no equipamento ou na organi- em processos sejam decorrentes de melho-
zação da produção, ou uma combinação dessas mudanças, e podem derivar do uso rias de processos existentes, mas para que
de novo conhecimento. Os métodos podem ter por objetivo produzir ou entregar
tais projetos sejam elegíveis à Lei do Bem, é
produtos tecnologicamente novos ou aprimorados, que não possam ser produzidos
necessário que atividades de PD&I estejam
ou entregues com os métodos convencionais de produção, ou pretender aumentar
neles contidas e que seja possível identificar
a produção ou eficiência na entrega de produtos existentes.
a barreira tecnológica a ser superada.
110
Guia Lei do Bem | Parte 2
Nesse sentido, o quadro abaixo retirado do Manual de Frascati, parte 2.3.4, apresenta alguns casos ilustrativos da fronteira entre o P&D e outras
atividades industriai9:
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Guia Lei do Bem | Parte 2
Pode haver dificuldade das empresas em Salvo em casos em que estes estejam atrelados ao novo processo ou à sua melhoria significa-
identificar que tipos de projetos de melho- tiva, podem sim ser considerados como elegíveis, pois possibilitam ganho de conhecimento e
rias são elegíveis para a Lei do Bem. agregação de valor.
112
Guia Lei do Bem | Parte 2
• Ferramentaria e Industrialização: Na maior parte dos casos, as fases de ferramentaria e in- Contudo, se surgirem problemas no pro-
dustrialização são componentes do processo de produção. Podem ser identificadas três fases cesso de integração e se for necessária a re-
na ferramentaria, a saber: alização de P&D para produzir um produto
aceitável, estas atividades associadas com o
• A utilização dos componentes pela primeira vez, incluindo o uso de componentes advindos dos processo de ferramentaria devem ser classi-
trabalhos das atividades de PD&I; ficadas como PD&I.
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Guia Lei do Bem | Parte 2
Como definido na contextualização teórica, sistema é um módulo ordenado de ele- ou ferramentas; e as funcionais ou sistê-
mentos interligados e que interagem entre eles mesmos. Sob este escopo, um sistema micas, relacionadas à introdução de novas
pode abranger qualquer âmbito ou setor, desde um conjunto de componentes ou funcionalidades realizadas por meio de no-
elementos físicos que componham um produto, até uma interligação de elementos vas programações ou reprogramações do
intangíveis que interagem para atender uma demanda específica. sistema, não exigindo a inclusão de um novo
software ou hardware.
Assim, como já existem capítulos específicos citados anteriormente relacionados à
O Manual de Frascati considera o desen-
parte de produto ou processo, onde já é incluído o conceito de sistema associado a
volvimento de software como PD&I apenas
eles, o texto a seguir está focado ao sistema como um intangível, especificamente,
quando se dá a resolução de uma incer-
ao relacionado a softwares.
teza científica e tecnológica sobre bases
“Inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) ou processo novo ou sistemáticas. Esta determinação exclui ati-
com um alto grau de melhoria, ou um método de comercialização ou organizativo novo vidades como conversão e/ou tradução de
aplicado às práticas de negócio, ao lugar de trabalho ou às relações externas”, segundo linguagem de computação, adaptação de
sistemas existentes e outros, ações típicas
o Manual de Oslo, de todas as definições, a inovação puramente tecnológica é aquela
do desenvolvimento de inovação incremen-
relacionada com o produto ou processo. Assim, “as inovações de processo também
tal, características das empresas nacionais
abarcam técnicas, equipamentos e softwares novos ou substancialmente melhora-
de base tecnológica, mais especificamente
das em atividades auxiliares de suporte, como compras, contabilidade, computação e
das desenvolvedoras de software de
manutenção. A implementação de tecnologias da informação e da comunicação (TIC)
gestão integrada.
novas ou significativamente melhoradas é considerada uma inovação de processo se
ela visa melhorar a eficiência e/ou a qualidade de uma atividade auxiliar de suporte9”. O aspecto destes projetos ligados ao desen-
volvimento de softwares pode ser classifica-
Inovações tecnológicas nessa área estão mais relacionadas às mudanças nas plataformas do em P&D se ele resulta em um progresso
tecnológicas dos produtos ou à introdução de novas tecnologias, como um novo software no campo de softwares.
114
Guia Lei do Bem | Parte 2
Destas melhorias, normalmente, procede Determinados projetos, quando obser- necessárias devido à introdução de uma
uma evolução em vez de uma revolução. vados individualmente, podem não pa- tecnologia relacional. Essas modificações
recer como enquadráveis nos conceitos ou adaptações podem não ser consideradas
É por isso que a transição para uma versão
de PD&I, pois não se consegue enxergar como PD&I quando vistas isoladamente, mas
mais poderosa, uma adição ou uma modi-
ficação de um programa ou de um sistema durante o desenvolvimento do sistema o projeto de adaptação, no seu conjunto,
existente podem ser classificadas como o uso de novas tecnologias ou riscos pode gerar uma solução para uma incerteza
P&D, se elas incorporam os progressos tecnológicos suficientes que impliquem científica ou técnica e, por conseguinte, me-
científicos e/ou tecnológicos que levam a sua caracterização como tal. Mas, den- recer a classificação como PD&I2.
um enriquecimento do conhecimento2. tro de um contexto global, quando
Ou seja, os trabalhos para o desenvolvi-
analisada a interligação do sistema com
Um progresso científico e/ou tecnológico é mento de um software “simples”, utilizando
outros sistemas coligados, podem ser
possível em matéria de software e pode ser ferramentas e tecnologias corriqueiras, que a
realizado mesmo se um projeto não é con- identificadas propriedades que permi-
priori não teria enquadramento nos concei-
cluído no prazo. tam a categorização como PD&I.
tos de PD&I, poderiam se enquadrar em casos
Na verdade, uma falha pode aumentar os Assim, por exemplo, certas modificações de integração com outros softwares e tecno-
conhecimentos que temos da tecnologia de na estrutura de dados e nas interfaces com logias que fazem parte de um sistema único,
software, ao mostrar que uma abordagem o usuário em um processador de lingua- sempre que tal integração e adaptação
especial não dará resultado2. gem de quarta geração podem tornar-se apresente desafio tecnológico.
115
Guia Lei do Bem | Parte 2
116
Guia Lei do Bem | Parte 2
117
Guia Lei do Bem | Parte 2
• Pesquisa matemática relacionada à análise de risco financeiro. É mais difícil identificar PD&I no setor
de serviços do que na indústria ma-
• Desenvolvimento de modelos de riscos para elaborar uma política de crédito. nufatureira porque este não revela
necessariamente uma característica
• Desenvolvimento experimental de um novo software para as operações bancárias feitas em casa. “especializada”, mas inclui várias áre-
as: PD&I relacionada à tecnologia, em
• Desenvolvimento de técnicas para o estudo do comportamento dos consumidores para criar ciências sociais e humanas, incluin-
novos tipos de contas e serviços bancários. do PD&I relativa ao conhecimento
de comportamentos e organizações.
• Pesquisa com a finalidade de identificar novos riscos ou novas características de risco a serem Este último conceito já está integra-
levados em consideração nos contratos de seguro. do no ensaio do “conhecimento do
homem, cultura e sociedade”, mas é
• Pesquisa sobre os fenômenos da sociedade que têm um impacto sobre as novas formas de particularmente importante no caso
seguro (saúde, aposentadoria etc.), como a cobertura para não fumante. de atividades de serviço. Como esses
tipos diferentes de PD&I podem ser
combinados em um dado determi-
• PD&I relacionada com bancos e seguros por via eletrônica. Serviços relacionados com a Inter-
nado projeto, é importante delinear
net e aplicações de comércio eletrônico.
com clareza as diferentes formas que
toma a PD&I considerada. Se a análise
• PD&I relacionada a serviços financeiros novos ou consideravelmente melhores (novas contas,
se limita a trabalhos de PD&I relacio-
empréstimos, seguros conceitos e de instrumentos de poupança).
nados com a tecnologia, por exemplo,
há um risco de subestimar o conteúdo
de PD&I.
118
Guia Lei do Bem | Parte 2
O Manual de Frascati reconhece que o setor de serviço foi sempre desconsiderado em virtude da PD&I básica nas áreas das ciências exatas,
naturais e de engenharia. Essa área, a partir do manual de 2002, começa a ser apresentada:
Suas aplicações nos serviços apresentam, por consequência, problemas específicos. Estas atividades comportam muitas vezes aplicações de
software e trabalhos de pesquisa em ciências sociais. No segundo capítulo, uma nova seção (2.4) foi adicionada para examinar tais problemas.
Além disso os produtos oferecidos na forma de serviço nas últimas décadas têm se sofisticado:
Isso levou a inovações imateriais nas atividades de serviços e de produtos, já que o setor de serviços cada vez mais contribui de maneira cres-
cente para os trabalhos do setor empresarial.
Os projetos desenvolvidos nessa área de serviços incluem os setores de gestão administrava, bancos, seguros e outros setores
onde há um produto ou processo imaterial com problemas específicos de identificação de PD&I nas suas atividades:
É difícil definir os limites de PD&I nas atividades de serviços por dois motivos essenciais: em primeiro lugar, é difícil identificar projetos que
envolvam P&D e, segundo, porque a linha entre P&D e outras atividades inovadoras que não são parte de P&D é muito tênue.
Entre os muitos projetos inovadores no domínio de serviços, aqueles que constituem PD&I conduzem a novos conhecimentos ou utilizam co-
nhecimentos para desenvolver novas aplicações, de acordo com a definição dada no primeiro parágrafo do presente capítulo.
Além disso, em empresas de serviços, P&D não é sempre organizada formalmente em empresas manufatureiras (ou seja, com um serviço
dedicado a P&D e emprego de pesquisadores ou engenheiros de pesquisa identificados como tal na tabela de efetivos etc.). O conceito de
P&D em serviços permanece menos preciso, por vezes passando despercebido dentro dessas empresas. À medida que se acumula experiência
em matéria de levantamentos sobre P&D nos serviços, os critérios para a identificação de P&D e exemplos de P&D ligados a serviços podem
exigir refinamento.
119
Guia Lei do Bem | Parte 2
Além dos exemplos citados no decorrer do em relação as características básicas do ser- PD&I é preciso que a empresa demons-
texto, podemos apresentar mais alguns ca- viço, porém introduziu melhorias significati- tre que suas especificidades não são bem
sos que podem corroborar no entendimen- vas em relação ao tempo de processamento tratadas pela tecnologia e conhecimento
to de que há a necessidade de PD&I na me- da conta do cliente e permitiu maior controle vigentes. E para isso existem algumas ques-
lhoria substancial de produtos, processos, dos produtos expostos e em estoque. Tam- tões que podem ser feitas para embasar o
sistemas e serviços. bém podemos citar como exemplos a im- entendimento da empresa: o que a equipe
plementação de um novo equipamento de aprendeu ao executar o projeto/atividade
Em relação à melhoria de produtos, um
automação em uma linha de produção ou a configura um conhecimento útil não dispo-
exemplo bastante claro da necessidade de
implementação de um design assistido por nível largamente no corpo de conhecimento
PD&I é o desenvolvimento de roupas auto-
computador para desenvolvimento de pro- da área? Esse conhecimento seria de grande
limpantes. A incorporação de um composto
dutos. valia para uma outra empresa do mercado?
químico junto às fibras do algodão possibi-
litou tornar a ligação entre elas resistente A introdução de mecanismos de monitori- Geraria uma novidade para os profissionais
ao ponto de suportar situações adversas zação GPS para serviços de transporte e a da área? Muitas vezes, a experimentação de
e, principalmente, um grande número de implementação de um novo sistema de re- uma tecnologia/metodologia nova e ainda
lavagens e ainda, quando exposta à luz, é serva em uma agência de viagens são tam- instável no mercado pode gerar uma série
capaz de liquidar bactérias que estejam bém exemplos de melhorias de processo. de lições aprendidas que poderia configurar
infestando e produzindo odores. o avanço científico/tecnológico.
Um exemplo de melhoria em sistemas é
Como melhoria de processos, podemos citar a transformação de uma aplicação desk-
a utilização de código de barras nos hiper- top para web ou para dispositivos móveis.
mercados. Não houve nenhuma alteração Para ser considerada uma atividade de
120
Guia Lei do Bem | Parte 2
A partir de tal coleta, foi necessária a rea- função do aumento do número de variáveis
lização de modelagens estatísticas para a (princípio da parcimônia), o que restringe
identificação dos padrões comportamentais e a coleta de informações muitas vezes im-
segmentação de usuários dentro do mesmo portantes para uma correta caracterização;
grupo. dimensionamento adequado das métricas
de coleta levando em conta as necessida-
A partir disso foram, elaboradas estraté-
gias de indução de comportamento através des de modelagem e a capacidade de coleta
do oferecimento de vantagens financeiras. e processamento dos dados via sistemas
Nesse momento, outras questões im- móveis; defeito de sobredispersão devido à
põem-se: quais vantagens surtiriam o efeito heterogeneidades de indivíduos.
121
Guia Lei do Bem | Parte 2
• Desenvolvimento de modelos econométricos para entender a relação entre variáveis econômicas através da aplicação de um modelo matemático
para avaliação de riscos de um grupo específico.
• Análise dos efeitos da evolução econômica e social sobre o consumo e atividades de lazer.
122
Guia Lei do Bem | Parte 2
e. Boas Práticas
Esta é a informação que deve ser contextualizada. Deve-se evitar afirmar a “inovação” de ma-
neira absoluta, sem menção a um benchmarking ou a outra forma de comparação que justifi-
que a qualificação de inovação tecnológica.
123
Guia Lei do Bem | Parte 2
Devido às características específicas da legislação vigente (Lei 11.196 de 2005, Lei do Bem), poderemos considerar como projetos
plurianuais aqueles cujos trabalhos se estendem além de um período fiscal, para o caso do Brasil, com trabalhos executados em
124
Guia Lei do Bem | Parte 2
a. Contextualização Legal
Não existe na legislação nenhuma relação direta que trate conceitualmente deste assunto.
Em relação a período, a legislação discorre de maneira objetiva com o olhar tributário, ou seja,
o fechamento em ano calendário. Nos tópicos abaixo, abordaremos como reportar projetos
plurianuais de acordo com a Lei do Bem.
125
Guia Lei do Bem | Parte 2
b. Contextualização Teórica
126
Guia Lei do Bem | Parte 2
Para melhor esclarecer esta interpretação dada, seguem algumas dicas indicadas no Existem diversos exemplos adicionais no
próprio Manual de Frascati, no qual fica evidenciado que algumas tarefas, não sen- Manual de Frascati que esclarecem o po-
do consideradas individualmente como de Pesquisa ou Desenvolvimento, se fazem sicionamento das entidades e organismos
parte de um projeto de P&D (como parte deste, agregando valor, não como ativida- participantes deste em relação a esta tipo-
de indireta), podem ser consideradas como atividade de P&D. Todas as informações a logia de atividades.
seguir foram extraídas do Manual de Frascati, capítulo 2.2, Atividades excluídas de P&D:
O escopo destas informações é o de
salientar que não em toda fase ou tra-
• As atividades especializadas tais como atividades de coleta, indexação, classificação, difusão,
balho de um projeto de P&D existe
tradução, análise e avaliação, deverão ser excluídas, salvo quando levarem exclusivamente ou
um risco tecnológico associado, e essa
principalmente ao apoio de sustentação de P&D (por exemplo, a preparação de relatório origi-
atividade continua sendo passível do
nal sobre os resultados de P&D será incluída nas atividades de P&D)
incentivo por se tratar de uma ativi-
dade de P&D, salientando sempre que
• Ainda que a coleta de dados de interesse geral (atividade desenvolvida habitualmente por
este trabalho tem que ser necessário
organismos públicos) seja considerada como excluída da P&D, a coleta de dados efetuada ex-
para o andamento do projeto e não se
clusivamente ou principalmente no quadro de processos de P&D está inclusa nas atividades de
trate de uma atividade auxiliar indireta
P&D (dados sobre as trajetórias e características particulares no interior de reatores nucleares,
(como atividades de controle de custos,
por exemplo). Este raciocínio se aplica igualmente no tratamento e interpretação de dados.
por exemplo).
• Em relação aos estudos de viabilidade, é comentado que o estudo de projetos da engenharia Na contextualização prática será colocado
de acordo com as técnicas existentes, com a finalidade de fornecer informações adicionais um exemplo para melhor entendimento
antes de tomar qualquer decisão de implementação, não faz parte de P&D. Nas ciências so- desta interpretação.
ciais, estudos de viabilidade consistem em examinar as características socioeconômicas e as
consequências das situações determinadas (por exemplo, um estudo sobre a possibilidade
de implantar um complexo petroquímico em uma determinada área). No entanto, estudos de
viabilidade em projetos de pesquisa são parte de P&D. 127
Guia Lei do Bem | Parte 2
c. Contextualização Prática
128
Guia Lei do Bem | Parte 2
Período
Desenho final
129
Guia Lei do Bem | Parte 2
Analisando três das etapas do projeto, podemos Podemos observar, nestas três atividades:
evidenciar que:
• Desenho mecânico, que cumpre todos os requisitos de forma evidente para
• Desenho mecânico: existe risco tecnológico, pois está sendo ser tratada como atividade de P&D passível de incentivo, pois existe risco
definido um novo desenho mais compacto e que implica no tecnológico associado a ela.
uso de materiais alternativos, visto que um desenho inapro-
priado pode trazer falhas de: resistência mecânica, por usar • Teste laboratorial, na qual não existe risco tecnológico, mas se trata de uma
materiais alternativos e chapas de menor espessura (risco de atividade necessária para o correto andamento do projeto, agregando valor
quebra, dobra, resistência a alta temperatura, etc.); funciona- ao resultado final do desenvolvimento. É, portanto, uma atividade passível
mento ineficiente, pois um produto mais compacto pode limi- de se enquadrar como de P&D.
tar as funcionalidades do equipamento; entre outros.
• Preparação para lançamento e venda do produto: não existe risco tecnoló-
• Teste laboratorial: análise física. São testes com tipologia pa- gico nem é etapa necessária para o andamento do projeto. Portanto, não é
drão e podem ser destrutivos ou não destrutivos (dureza, trabalho passível de se enquadrar como P&D.
desgaste, tração, compressão, friabilidade, etc.). Não existe Não é necessário que toda a atividade de P&D tenha um risco tecnológico asso-
risco tecnológico associado a esta atividade, pois são pro- ciado. O risco tecnológico está associado ao projeto como um todo.
cedimentos padronizados para testar um conceito definido
previamente. Seguindo o exemplo sugerido, em 2019, não haveriam atividades de risco
tecnológico, seriam atividades vinculadas ao teste e validação do conceito
• Preparação para lançamento e venda do produto: se trata de ideado. Não haveria necessidade de modificar a descrição da inovação e do
atividade sem risco tecnológico, voltada para a ações de mer- desafio associado (exceto no caso de observação de falhas que não tinham
cado e melhor definição de estratégia para a venda do novo sido planejadas), e sim de evidenciar, de forma específica, os trabalhos desen-
produto desenvolvido. volvidos durante o ano.
130
Guia Lei do Bem | Parte 2
d. Boas Práticas
Ainda que um projeto seja plurianual, O MCTIC solicita que sejam atualizadas
na avaliação de um Programa Anual, da as informações no decorrer dos anos do
qual esse projeto faça parte, a proposta projeto, incluindo aquelas relacionadas
do projeto será analisada considerando à barreira tecnológica. Como demostra-
sua duração total. No entanto, na apro- do no contexto teórico e prático, não
vação do Programa Anual serão consi- tem por que existir motivo para alte-
derados somente os custos do projeto ração em relação ao risco tecnológico,
referentes ao ciclo em questão. exceto se encontrada alguma dificul-
dade adicional não planejada que seja
A continuidade do projeto plurianual de-
importante destacar.
verá fazer parte do(s) Programa(s) do(s)
ciclo(s) seguinte(s) ao inicial, nos quais deve- Também vale ressaltar que, na descrição
rão ser considerados os respectivos custos de projetos plurianuais, devem ser des-
de execução do projeto, de acordo com o critas quais atividades foram realizadas
cronograma aprovado. em cada ano. Não se deve repetir a descri-
ção dos anos anteriores, não indicando
Na continuidade de um projeto plurianual, evoluções nos desenvolvimentos, o que
poderá ser necessário alterar a execu- não é adequado e pode gerar questiona-
ção de etapas previstas na proposta inicial. mentos por parte dos avaliadores3.
Essas alterações deverão ser identificadas no
relatório anual apresentado ao MCTIC para
cada ciclo em que será avaliado o projeto.
131
Guia Lei do Bem | Parte 2
132
Guia Lei do Bem | Parte 2
Um dos pontos mais controversos em pagamentos realizados a universidades, ins- inventor independente, microempresa (ME)
relação ao benefício fiscal à inovação tecno- tituição de pesquisa, inventor independente e empresa de pequeno porte (EPP)).
lógica é a identificação dos dispêndios que (art. 17, §2º Lei nº. 11.196/2005), microem-
Destaca-se, ainda, que a própria Instrução
podem ser considerados como PD&I, princi- presa e empresa de pequeno porte (art. 18
Normativa RFB nº 1.187/2011 em seu ar-
palmente se tratando de serviços prestados da Lei nº 11.196/2005), desde que a pes-
tigo 4º esclarece que os dispêndios com a
por terceiros. soa jurídica que efetuou o dispêndio fique
prestação de serviços técnicos, tais como
com a responsabilidade, o risco empresa-
De acordo com o inciso I, do artigo 17 da Lei exames laboratoriais, testes, contratados
rial, a gestão e o controle da utilização dos
nº 11.196/2005, podem ser beneficiados: com outra pessoa jurídica podem ser be-
resultados gerados.
neficiadas desde que não caracterizem
“os dispêndios realizados no período de
A Lei nº 11.196/2005 não se pronunciou transferência de execução da pesquisa, ain-
apuração com pesquisa tecnológica e
acerca da possibilidade de beneficiamen- da que parcialmente.
desenvolvimento de inovação tecnológica clas-
to dos valores pagos às médias e grandes
sificáveis como despesas operacionais pela Nesse mesmo sentido, a Solução de Con-
empresas. No entanto, a Instrução Norma-
legislação do Imposto sobre a Renda da Pes- sulta nº 277, de 31 de outubro de 2011,
tiva RFB nº 1.187/2011 dispôs que não é
soa Jurídica - IRPJ ou como pagamento na esclarece que o previsto no artigo 18 da Lei
permitido o uso dos incentivos em relação
forma prevista no § 2º deste artigo”. do Bem não traz impedimento para que
às importâncias empregadas ou transferi-
dispêndios realizados com empresas de
A Lei do Bem não definiu claramente quais das a outra pessoa jurídica para execução
grande porte sejam beneficiados, desde que
tipos de dispêndios poderiam ser benefi- de pesquisa tecnológica e desenvolvimento
não haja transferência da execução da pes-
ciados, mas em relação à contratação de de inovação tecnológica sob encomenda
quisa, ainda que parcialmente.
serviços PD&I de terceiros, a Lei dispôs expres- ou contratadas, salvo as permissões legais
samente que poderão ser beneficiados os (universidades, instituição de pesquisa,
133
Guia Lei do Bem | Parte 2
134
Guia Lei do Bem | Parte 2
b. Contextualização Teórica
Atualmente é muito comum no desenvol- No que tange as atividades de PD&I, Em cada parceria executada, há um propó-
vimento de novos produtos ou processos especificamente, tem sido prática re- sito específico de execução de projetos de
a prática de inovação aberta (open inno- corrente a formalização de parcerias PD&I. Em alguns casos, o objeto de contra-
vation), ou seja, conforme o livro Open com universidades, instituições de pes- tação será apenas a execução de encomen-
Innovation: The New Imperative for Cre- quisa ou empresas com o propósito de da de tecnologia, ou seja, a proposta da con-
ating and Profiting from Technology, de desenvolver novos/aprimorados produ- tratação é delegar a um terceiro a execução
tos ou processos. As parcerias são cons- de toda pesquisa.
Henry Chesbrough, as empresas também
recorrem a conhecimentos externos para tituídas para suprir lacunas internas
Em outros, a proposta é o desenvolvimen-
da empresa. Estas demandas podem
avançar de forma eficiente nas ativida- to de uma parceria para a realização de
ser, por exemplo: carência de habilida-
des de PD&I, já que o conhecimento esta um projeto cujo escopo será o surgimento
des ou especialização; necessidade de
globalmente distribuído. de uma inovação compartilhada (desen-
desenvolvimento de materiais, peças,
volvimento compartilhado). Há casos tam-
A prática da inovação aberta pode se dar de componentes, produtos, equipamentos
bém em que haverá apenas prestação de
diversas formas, tais como por meio da in- e serviços técnicos complementares;
serviços que serão executados de forma a
ternalização de ideias, tecnologias, patentes necessidade de focar nas atividades complementar o atingimento do objetivo da
(ou até mesmo licenciamento das mesmas), estratégicas de PD&I em detrimento da inovação - obtenção ou aprimoramento de
protótipos, criação de spin-offs, etc. Porém, atuação no desenvolvimento de ativi- produtos ou processos. E, por vezes, o esco-
é claro que, neste modelo, o estabelecimen- dades periféricas, mas essenciais para po da prestação será apenas a qualificação
to de parcerias é fundamental. atingir o objetivo principal. e homologação de tecnologias existentes.
135
Guia Lei do Bem | Parte 2
Embora a formalização de parcerias seja indicadas em Lei. São aquelas que abordam uma série de atividades que não constituem, pro-
fundamental para as atividades de inova- priamente falando, a P&D, mas a apoiam.
ção tecnológica, a Lei do Bem buscou limitar
Na medida em que a atividade secundária fosse principalmente realizada nos interesses de P&D, ela
quais os dispêndios com parcerias, que en-
deveria ser classificada como P&D. Lembrando alguns exemplos extraídos do Manual de Frascati:
volvam encomenda/contratação de PD&I,
podem ser beneficiados, conforme demons- • Realização de trabalhos científicos e técnicos destinados a um projeto (organização e execução
trado no item anterior. de experiências ou de levantamentos, construção de protótipos etc.);
Como indicado na contextualização legal, • Programação e gestão de projetos de P&D, em se tratando, claramente, dos aspetos científicos
serviços de apoio técnico podem ser tercei- e tecnológicos;
rizados, independentemente do porte da
empresa contratada, desde que não carac- • Preparação de relatórios de progresso e relatórios finais sobre projetos de P&D, incluindo os
terize transferência da pesquisa. aspectos relacionados com P&D que eles contêm;
Assim, lembrando algumas informações • Entrega, no plano interno, de serviços destinados aos projetos de P&D, incluindo os trabalhos
já indicadas no campo Serviços de Apoio de informática ou os serviços de biblioteca e de documentação;
Técnico do presente Guia, seria importante
• Contribuição para as tarefas administrativas relacionadas ao financiamento e à gestão dos
destacar novamente algumas informações
agentes de P&D;
extraídas do Manual de Frascati que permi-
tem diferenciar atividades que podem ser • Trabalhos relativos a patentes, engenharia do produto final ou design, manifestações, coleta de
consideradas como de apoio, além daquelas dados, testes e estudos de viabilidade.
136
Guia Lei do Bem | Parte 2
c. Contextualização Prática
A questão da terceirização das atividades de Como pode ser observado acima, algumas tecnológica contratados no País com universi-
PD&I ainda é objeto de muitas dúvidas por empresas incluem os dispêndios de pres- dades, instituições de pesquisa ou consultores
parte das empresas, recebendo destaque tação de serviço de atividades técnicas independentes sejam computados para efeito
no Relatório Anual de Atividades de PD&I essenciais do projeto de pesquisa dentro da dos cálculos dos incentivos fiscais, desde que
2013, publicado no sítio do MCTIC: rubrica de outros e serviços de apoio técnico. as pessoas jurídicas que efetuarem os dispên-
Contudo, estes serviços essenciais configu- dios fiquem com a responsabilidade, o risco
A rubrica “7.1.3. Outros/serviços de apoio técni-
rariam uma encomenda de tecnologia, não empresarial, a gestão e o controle da utiliza-
co” costuma receber muitos lançamentos que
cabendo utilização para fins de incentivo. ção dos resultados dos dispêndios. Da mesma
não caracterizam como “Apoio Técnico”, como
forma, poderão ser deduzidas como despesas
estritamente requerido no FORMP&D. A consequ- O Relatório Anual de Atividades de PD&I operacionais as importâncias transferidas à
ência é que muitas contratações cujo escopo não 2013 publicado pelo MCTIC também eluci- micro e pequenas empresas de que trata a Lei
cabe como Apoio Técnico, por exemplo, a con- dou que: nº 9.841, de 1999, destinadas à execução de
tratação de desenvolvimento por empresas de
“... apesar do grande objetivo da Lei do Bem pesquisa tecnológica e de desenvolvimento de
grande porte ou terceirizações de clara atividade
seja estimular as empresas para que reali- inovação tecnológica de interesse e por con-
técnica essencial ao projeto são lançadas nessa
ta e ordem da pessoa jurídica que promoveu
rubrica. Tais situações constituem alocações in- zem atividades próprias de P&D, a referida
a transferência.”
devidas e, portanto, foram consideradas como Lei permite também que os dispêndios com
“problemas com dispêndios de natureza grave”. pesquisa e desenvolvimento de inovação
137
Guia Lei do Bem | Parte 2
Neste trecho do relatório exposto acima, a Com efeito, as concessões de tais incentivos
proposta é destacar a necessidade de refle- têm contribuído sobremaneira para desper-
xão da empresa sobre o papel dela na pes- tar, no meio empresarial, em qualquer área
quisa, buscando identificar nesta análise se de atuação, a necessidade de melhorarem
o risco, a responsabilidade, gestão e contro- a gestão tecnológica, de adotarem modelos
le do resultado destes dispêndios serão dela de mecanismos de cooperação entre em-
ou caberá ao contratado. Se todos estes presas, fornecedores, universidades, ICT’s,
requisitos foram da empresa contratante, redes de pesquisas setoriais e micro e pe-
caberá à mesma utilizar a dedutibilidade quenas empresas, para aumentar a com-
dos dispêndios. petitividade em seus produtos, processos e
Sem dúvida, os incentivos fiscais destinados serviços e, por consequência, competirem
às empresas inovadoras representam um em bases mais sólidas, e com produtos de
marco estratégico importante para o país. maior valor agregado.
138
Guia Lei do Bem | Parte 2
d. Exemplos
Exemplo 1: Como exemplo da transferên- contratante poderá utilizar esses valores fase de prototipação houve a necessidade
cia da execução da pesquisa/encomenda para apuração dos benefícios fiscais da de contratar uma empresa de médio porte
de tecnologia, podemos citar um projeto Lei do Bem, pois há autorização expressa com processo especializado de usinagem
que visa pesquisar o melhoramento genéti- na legislação. que ajudou na construção de alguns com-
co de uma determinada fibra com o obje- ponentes mecânicos internos.
Exemplo 2: Desenvolvimento de um novo
tivo de obter maior produtividade florestal
equipamento considerado como inovador,
e qualidade da madeira produzida por uma
utilizando o mesmo exemplo que o indicado
determinada empresa. Neste projeto, serão
no item 2.4.5, ou seja, novo equipamento de
realizados inúmeros estudos genéticos com
grande tamanho com os diferenciais a se-
emprego de novas metodologias.
guir: menor tamanho, devido realização de
Caso essa pesquisa aplicada seja realizada desenho mais compacto; maior eficiência,
por um prestador de serviço de médio ou devido a aplicação de novo circuito eletrôni-
grande porte, a empresa contratante não co; menor peso, devido à utilização de ma-
poderá se beneficiar dos valores pagos no teriais alternativos em alguns componentes.
cálculo dos benefícios fiscais da Lei do Bem,
A fase inicial de desenho mecânico foi re-
por configurar transferência na execução da
alizada por um prestador de serviço clas-
pesquisa, conforme demonstrado acima.
sificado como EPP. O esquema elétrico
No entanto, caso uma universidade seja foi desenvolvido por uma média empresa
contrata para realizar a pesquisa, a empresa especializada do setor, enquanto que na
139
Guia Lei do Bem | Parte 2
De todos os trabalhos contratados como prestadores de serviços, podem se caracterizar como não elegíveis:
• Desenvolvimento do esquema elétrico: se trata de uma empresa terceira de médio porte à qual foi transferida parcialmente
a P&D.
E como elegíveis:
• Desenho mecânico: se trata de uma empresa terceira de pequeno porte à qual foi transferida parcialmente a P&D.
• Usinagem de componentes: se trata de uma empresa terceira de médio porte que serviu como apoio ao desenvolvimento, pois se trata de uma
atividade correlata da P&D, mas necessária ao andamento do projeto, e que não incorre para o terceiro em responsabilidade, risco empresa-
rial, gestão ou controle da utilização dos resultados do projeto.
Exemplo 3: Desenvolvimento de novo método de movimentação de dados na área de software, objetivando criar uma extensão para trabalhar
com Gitflow, facilitando o processo de manutenção e versionamento de códigos, integrando ferramentas open sources ao Git (Repositório de
código), possibilitando uma automação de deploys e incluindo a automatização de testes e upgrades na estrutura de banco de dados.
A empresa definiu toda a solução: estudou as tecnologias existentes no mercado, definiu as especificações técnicas e funcionais do sistema,
criou e esquematizou todo o fluxograma de trabalho a ser codificado, definiu os algoritmos a serem aplicados no desenvolvimento e desenhou
as interfaces necessárias para a integração.
140
Guia Lei do Bem | Parte 2
141
Guia Lei do Bem | Parte 2
e. Boas Práticas
Como boa prática para avaliação dos dispêndios relativos à execução das atividades de PD&I Destaca-se que a vedação de beneficia-
por encomenda/contratação, é importante entender qual o tipo de serviço foi terceirizado: mento de pagamentos feitos às empre-
sas de médio e grande porte se refere
Serviço de apoio técnico Sim às atividades técnicas essenciais à PD&I.
Tecnologia industrial básica Sim Não há, na legislação, qualquer vedação
para contratação de serviços técnicos
Exames laboratoriais Sim
complementares, desde que não caracteri-
Testes Sim
ze transferência da pesquisa.
Pesquisa básica Depende
É possível o desenvolvimento compar-
Pesquisa aplicada Depende tilhado ou cooperado (pelo menos com
Desenvolvimento experimental Depende duas empresas) de atividades de PD&I,
desde que, quando da apresentação
Após essa análise, se tratando de serviços de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de
das informações para avaliação da
inovação tecnológica (pesquisa básica, pesquisa aplicada ou desenvolvimento experimental),
elegibilidade, seja possível evidenciar
é importante identificar qual o terceiro contratado para execução da atividade:
a contribuição de cada parceiro, bem
como a responsabilidade, risco, contro-
Terceirização das atividades de PD&I Posso beneficiar na Lei do Bem? le e gestão que compete a cada um. E
Universidade, ICT ou Inventor Independente Sim ainda, é importante destacar que cada
Microempresas e empresas de pequeno porte Sim empresa poderá se beneficiar apenas
dos gastos que incorreram para a exe-
Empresas de médio e grande porte Não
cução das atividades de PD&I.
142
Guia Lei do Bem | Parte 2
• Avaliar o objeto do escopo das contratações firmadas (convênios, termos de cooperação técnico-científica, etc.) a fim de verificar qual é o pro-
pósito, buscando confirmar que não há encomenda de tecnologia para médias e grandes empresas. Caso haja, expurgar para fins de fruição
do incentivo.
• Demonstrar que o convênio ou parceria com universidade, ICT ou inventor independente se refere às atividades de PD&I.
• Deixar claro que a responsabilidade, o risco empresarial, a gestão e o controle da utilização dos resultados gerados pertencem à empresa beneficiária.
• Quando se tratar de desenvolvimento compartilhado ou cooperado, apresentar informações de cada parceiro/cooperado, bem como a res-
ponsabilidade, risco, controle e gestão que compete a cada um. Cada empresa poderá se beneficiar apenas dos gastos que incorreram para a
execução das suas atividades de PD&I.
143
Guia Lei do Bem | Parte 1
A utilização dos incentivos por parte das empresas ocorre de forma automática, não havendo consulta prévia e nem pré-análise dos projetos. O
conteúdo do formulário de cada empresa é avaliado e recebe parecer técnico da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (SETEC)
do MCTIC, principalmente no tocante ao tópico que trata das atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico e/ou inovação tecnológica.
Recomenda-se uma leitura da Portaria MCTIC no 4.349/2017.
O formulário é dividido em sete partes. Segue abaixo as orientações de preenchimento do formulário por tópico.
146
Guia Lei do Bem | Parte 3
Número
Item Descrição do Item
do Item
1 Ano Base Ano correspondente das informações que serão inseridas no FORMP&D.
Deve-se inserir o nome devidamente registrado sob o qual uma pessoa jurídica se individualiza
1.1 Razão Social
e exerce suas atividades.
O Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica do Ministério da Fazenda que irá aproveitar o benefício
de redução do pagamento de imposto de renda, oferecido pela Lei do Bem. É importante res-
1.2 CNPJ
saltar que os dispêndios com Pesquisa e Desenvolvimento devem ter ocorridos neste
mesmo CNPJ.
Preencher de acordo com a categoria que se enquadra sua empresa. Seguem as opções abaixo:
1.3 Tipo de Empresa Organismo - Organismo público: administrado pelo governo
- Organismo privado
147
Guia Lei do Bem | Parte 3
Número
Item Descrição do Item
do Item
Inserir um campo de atuação geral da empresa: em operação; fusão ou cisão total; incorpora-
1.20 Atuação da Empresa
ção de/por outra empresa; cisão parcial; alteração de CNPJ por motivos distintos dos anteriores.
Inserir a classe nacional de atividade econômica da empresa (CNAE). Caso necessário, verifique
1.21 Classificação de atividade econômica da empresa.
o CNAE adequado no site: https://cnae.ibge.gov.br/?view=estrutura
148
Guia Lei do Bem | Parte 3
Neste segundo bloco, devem ser inseridas as características da beneficiária. É importante ressaltar que as informações abaixo devem ser relativas
ao CNPJ informado no formulário.
Número
Item Descrição do Item
do Item
Inserir em qual das opções abaixo a beneficiária se enquadra:
- Capital controlador nacional: é quando a beneficiária está sob titularidade direta ou indireta de
pessoas físicas ou jurídicas residentes e domiciliadas no País.
2.1 Origem do capital controlador da empresa - Capital controlador estrangeiro: é quando a beneficiária está sob titularidade direta ou indireta
de pessoas físicas ou jurídicas domiciliadas fora do País.
- Capital Misto: é quando a beneficiária está sob titularidade direta ou indireta de pessoas físicas
ou jurídicas domiciliadas dentro e fora do País
Qual o valor da receita líquida da empresa no ano Inserir a receita liquida do ano base referente ao CNPJ que está recebendo o benefício de redu-
2.3
base? ção do IR da Lei do Bem.
149
Guia Lei do Bem | Parte 3
Número
Item Descrição do Item
do Item
Prejuízo Fiscal é aquele decorrente do resultado negativo da base de cálculo do lucro real, na
2.4 A empresa fechou com o prejuízo fiscal o ano base?
apuração do IRPJ e da CSLL.
Inserir qual a forma de apuração do IRPJ e da CSLL que a beneficiária utiliza. As Pessoas Jurídi-
cas, por opção ou por determinação legal, são tributadas por uma das seguintes formas:
a) Simples: regime simplificado e engloba de recolhimento de tributos e contribuições, tendo
como base de apuração a receita bruta.
b) Lucro Presumido: é a forma de tributação simplificada do Imposto de Renda das Pessoas
Jurídicas (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro (CSLL)
2.4.1 A apuração do IRPJ e da CSLL
c) Lucro Real: se dá mediante a apuração contábil dos resultados, com os ajustes determinados
pela legislação fiscal
d) Lucro Arbitrado: é aplicável pela autoridade tributária quando a pessoa jurídica deixar de cumprir
as obrigações acessórias relativas à determinação do lucro real ou presumido, conforme o caso.
Para a empresa usufruir dos benefícios da Lei do Bem é necessário que ela seja tributada pelo
regime de Lucro Real.
Inserir uma breve explicação mencionando que a empresa naquele exercício executou projetos
2.4.2 Se for usufruir dos incentivos fiscais, explique o motivo
de PD&I e quer exercer sua faculdade de usufruir os benefícios fiscais.
150
Guia Lei do Bem | Parte 3
Número
Item Descrição do Item
do Item
Verificar, através do faturamento bruto anual (o montante de recursos auferidos pelo agente
regulado ao longo do exercício financeiro, proveniente de vendas de mercadorias, prestação de
serviços, transferências sujeitas a tributação ou, ainda, dotação orçamentária anual), qual é o
porte da beneficiária.
Seguem abaixo os valores de faturamento:
- Empresa de grande porte: Superior a R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais), de acordo
com a Medida Provisória nº 2.190-34/2001.
2.6 Informar e explicar a classificação do porte da empresa
- Empresa de médio porte: Igual ou inferior a R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais) e superior
a R$ 6.000.000,00 (seis milhões de reais), de acordo com a Medida Provisória nº 2.190-34/2001.
- Empresa de pequeno porte: Igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil
reais) e superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais), de acordo com a Lei Comple-
mentar nº 139/2011.
- Microempresa: Igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais), de acordo
com a Lei Complementar nº 139/2011.
Detalhar qual é o ramo de atuação da beneficiária, qual é o seu core business, ou seja, qual o
2.7 Explicar o que a empresa faz e o seu foco de atuação
ponto forte e estratégico da atuação da empresa.
151
Guia Lei do Bem | Parte 3
Número
Item Descrição do Item
do Item
Especificar qual é o perfil que a beneficiária se enquadra frente a tomada de decisão da realização
de um investimento, levando em consideração a tolerância ao risco deste. Abaixo as característi-
cas dos perfis:
- Conservador: prioriza a segurança como ponto decisivo para as suas aplicações.
Informar e explicar o perfil de investimento da empre-
2.9 - Moderado: deseja segurança nos seus investimentos, mas também aceita investir em produtos
sa (tolerância ao risco)
com maior risco que podem proporcionar ganhos melhores no longo prazo. Diversificar é a estra-
tégia indicada para os investimentos de empresas com esse perfil.
- Dinâmico: busca possibilidade de maiores ganhos no longo prazo, para isso aceita correr
mais riscos.
Informar e explicar sobre a relevância dos investimen- Mensurar neste campo a importância dos investimentos em P&D para a estratégia tecnológica da
2.10
tos para a estratégia tecnológica da empresa beneficiária.
152
Guia Lei do Bem | Parte 3
Neste terceiro bloco, devem ser inseridas as informações de todos os projetos executados, passíveis de serem incentivados pela Lei do Bem.
• Nos campos de 3.1.1 até 3.1.14 é necessário informar os dados por projeto, individualmente.
• Nos campos de 3.1.4 até 3.1.8 existe um limite de caracteres que podem ser inseridos.
• Nos campos de 3.1.4 a 3.1.7 o limite é de 500 caracteres por campo e no item 3.1.8 são 1000 caracteres.
Número
Item Descrição do Item
do Item
3.1.1 Atividade de PD&I Inserir o nome do projeto beneficiado pela Lei do Bem
Informar qual o elemento novo ou inovador do projeto citado. Para facilitar o preenchimento
3.1.4 Elemento tecnologicamente novo ou inovador deste quadrante, utilizar o item “Elemento Tecnologicamente Novo ou Inovador, Contextualiza-
ção Teórica” deste Guia.
153
Guia Lei do Bem | Parte 3
Número
Item Descrição do Item
do Item
Informar qual a barreira ou desafio tecnológico superável identificado no projeto citado. Para
3.1.5 Barreira ou desafio tecnológico superável facilitar o preenchimento deste quadrante, utilizar o item “Barreira ou Desafio Tecnológico
Superável” deste Guia.
Para facilitar o preenchimento deste campo, ler o item “Metodologia/Métodos Utilizados” deste
3.1.6 Metodologia / métodos utilizados
Guia.
Informar se o projeto é novo ou plurianual. Para facilitar o preenchimento deste campo ler o
3.1.7 O projeto é contínuo?
item “Projetos Plurianuais” deste Guia.
3.1.8 Data de início/Previsão de término Inserir data de início do projeto e data de conclusão ou previsão para conclusão.
Inserir as informações complementares aos campos anteriores, bem como indicação facultativa
3.1.9* Descrição
de que a empresa enviará em anexo ao FORMP&D ou que as enviará pela via postal.
Para auxiliar no preenchimento deste campo, utilizar o Decreto nº 5.798 Art. 3º, parágrafo 1º. Inse-
rir nesse campo os dispêndios dos projetos incentivados com os terceiros listados abaixo:
A) Universidades: instituição de ensino superior pluridisciplinar e de formação de quadros profis-
sionais de nível superior, de investigação, de extensão e de domínio e cultivo do saber humano.
3.1.9* Relação dos serviços de terceiros - contratados B) Instituição de Pesquisa: são centros de pesquisas em que o principal objetivo é desenvolver
pesquisa e criar patentes para o país.
C) Inventor Independente: pessoa física, não ocupante de cargo efetivo, cargo militar ou emprego
público, que seja depositante de pedido de patente (patente de invenção ou modelo de utilidade)
no Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI.
154
Guia Lei do Bem | Parte 3
Número
Item Descrição do Item
do Item
Para auxiliar no preenchimento deste campo, utilizar a Instrução Normativa RFB nº 1187, de 29 de
agosto de 2011, capítulo II, parágrafo 3º.
Inserir os dados e dispêndios dos projetos incentivados com os terceiros listados abaixo:
a) Micro Empresas: sociedade empresárial, a sociedade simples, a empresa individual de respon-
sabilidade limitada ou o empresário, que aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou
3.1.10 Relação dos serviços de terceiros - valores transferidos inferior a R$360.000,00.
B) Empresas de pequeno porte: aquela que aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior
a R$360.000,00 e igual ou inferior a R$3.600.000,00.
C) Inventor Independente: uma pessoa física, não ocupante de cargo efetivo, cargo militar ou
emprego público, que seja depositante de pedido de patente (patente de invenção ou modelo de
utilidade) no Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI.
Inserir os dados e dispêndios dos projetos incentivados com os terceiros listados abaixo:
- Serviços de apoio técnico: Para facilitar o preenchimento deste quadrante, utilizar o item “Servi-
ços de Apoio Técnico, Contextualização Prática” deste Guia.
Serviço de apoio técnico, tecnologia industrial básica - Tecnologia industrial básica: Para facilitar o preenchimento deste quadrante, utilizar o item “Tec-
3.1.11
e viagens nologia Industrial Básica, Contextualização Prática” deste Guia.
- Viagens: Inserir dispêndios efetuados com viagens técnicas nacionais para o projeto incentivado.
Além destes dispêndios, podem ser consideradas neste campo as despesas previstas na IN 1.187,
Art.4º, § 10 e as despesas previstas na alínea “e” do inciso II e o inciso III do art. 2º.
Inserir os dispêndios com material de consumo dos projetos incentivados. Material de consumo:
material cuja a utilização é limitada apenas ao tempo de desenvolvimento do projeto. Exemplos:
3.1.12 Material de Consumo
material/insumos/dispositivos/componentes utilizado para a confecção de protótipo e/ou testes
de protótipos, dentre outros.
155
Guia Lei do Bem | Parte 3
Número
Item Descrição do Item
do Item
Inserir o valor dos dispêndios efetivados em projeto de pesquisa científica e tecnológica e de ino-
Dispêndio em ICT ou por entidades científicas e tecno-
vação tecnológica a ser executado por Instituições Científica e Tecnológica (ICT).
3.1.13 lógicas privadas, sem fins lucrativos (art. 19a da lei nº
Por ICT entende-se instituições cientificas e tecnológicas privadas ou públicas, cujo o objetivo é
11.196/05).
desempenhar atividades de pesquisa e desenvolvimento.
Informar os dados de todos os colaboradores que trabalharam no projeto incentivado pela Lei do
Bem. Informar dados abaixo, por colaborador:
- CPF
- Nome
- Titulação
- Total de horas: inserir total de horas anuais trabalhadas no projeto descrito.
- Dedicação: informar se o colaborador tem dedicação parcial ou exclusiva no projeto.
Dedicação exclusiva: o colaborador deve ter trabalhado mais que 80% do seu tempo nos projetos
3.1.14 Recursos Humanos
de PD&I reportados na Lei do Bem durante o ano base.
Dedicação parcial: o colaborador deve ter trabalhado menos que 80% do seu tempo neste projeto
durante o ano base.
- Valor: inserir o valor total dispêndido com este colaborador durante o ano base para este projeto.
É importante ressaltar que a beneficiária tem a opção de não preencher este campo por projeto.
Caso a beneficiária opte por não preencher este campo, ela deverá incluir um anexo no campo 3.2
(anexar arquivos da empresa). O anexo deve comtemplar uma tabela com todas as informações
solicitadas acima.
Inserir documentação para comprovação das atividades de PD&I realizados no ano base. Neste
campo, não devem ser inseridos arquivos com informações meramente institucionais. Caso a be-
3.2 Anexar Arquivos da Empresa
neficiária tenha optado por enviar a tabela de RH referente ao campo 3.1.14 via anexo, esta tabela
deverá ser anexada aqui.
Neste quarto bloco, devem ser inseridas informações de pedidos de patentes de todos os projetos incentivados pela Lei do Bem.
Atentar-se que o campo 4.1 também existe limitação de caracteres. O máximo permitido são 500 caracteres.
Número
Item Descrição do Item
do Item
157
Guia Lei do Bem | Parte 3
Neste quinto bloco, devem ser inseridas informações adicionais dos projetos incentivados pela Lei do Bem. Atentar-se aos campos 5.2.4 e 5.2.5
pois existe limitação de caracteres. O máximo permitido são 500 caracteres.
Número
Item Descrição do Bloco
do Item
Inserir em percentual a fonte de recursos que foram utilizados para pagar os dispêndios do
projeto. No formulário constam as opções abaixo:
- Recursos próprios: todo o recurso é proveniente do patrimônio líquido.
5 Recursos - Financiamentos: operação financeira em que a parte financiadora, em geral uma instituição fi-
nanceira, fornece recursos para outra parte que está sendo financiada, de modo que esta possa
executar algum investimento específico previamente acordado.
- Fonte do financiamento: inserir o nome da financiadora.
Direitos de exploração de serviços, marcas e patentes, softwares, são exemplos de bens intan-
gíveis. Aqui são listados os vinculados exclusivamente às atividades de pesquisa tecnológica e
5.1 Bens intangíveis
desenvolvimento de inovação tecnológica, classificáveis no ativo diferido do beneficiário, para
efeito de apuração do IRPJ.
Este tópico traz uma contextualização dos equipamentos por projeto de PD&I. 1. Relacionar os
equipamentos, máquinas, aparelhos e instrumentos, bem como os acessórios sobressalentes e
5.2 Equipamentos por projeto de PD&I
ferramentas que acompanham esses bens, destinados a Pesquisa e Desenvolvimento Tecnoló-
gico; 2. Tais equipamentos não devem estar relacionados se estiverem na linha de produção.
158
Guia Lei do Bem | Parte 3
Número
Item Descrição do Item
do Item
A empresa possui algum programa de formação ou Caso a empresa possua algum programa que capacite os funcionários envolvidos em PD&I deve
5.2.4
desenvolvimento de RH destinado à PD&I? ser mencionado aqui.
Existem outros investimentos da empresa em PD&I, Além dos dispêndios citados nos descritivos do FORMPD&I, citar a existência de outros investimentos
5.2.5
além dos previstos nos programas descritos? que a empresa realiza para PD&I.
Inserir os gastos destinados à manutenção de marcas, patentes e cultivares, ainda que pagos no
Gastos destinados ao registro e à manutenção de mar- exterior relacionadas ao CNPJ informado no FORMP&D.
5.2.6
cas, patentes e cultivares, ainda que pagos no exterior Para facilitar o preenchimento deste campo, utilizar a Instrução Normativa RFB nº 1187, de 29 de
agosto de 2011, Capitulo II, Art 4º, Capitulo 4º.
159
Guia Lei do Bem | Parte 3
Número
Item Descrição do Item
do Item
Somente as empresas que optaram por anexar a planilha com RH (item 3.2) precisam preencher.
Caso a empresa necessite preencher, seguem abaixo os campos necessários de preenchimento:
- Número de pessoas: inserir a quantidade de colaboradores que participaram do projeto por
nível de titularidade (doutor, mestre, pós-graduado, graduado, tecnólogo, técnico de nível mé-
dio, apoio técnico).
- Valor gasto: inserir o valor dispendido, referente ao ano base, por titulação dos colaboradores.
5.3 Quadro analítico dos recursos humanos - Horas: inserir o número de horas, referente ao ano base, dispêndios por titulação
dos colaboradores.
- Nº de Pessoas com Dedicação Exclusiva Ano Anterior ao Ano Base: inserir o número de pessoas
com dedicação exclusiva referente ao Form P&D do ano base anterior a este.
É importante ressaltar que, nos campos “número de pessoas” e “valor gasto”, é necessário separar
o preenchimento por dedicação parcial e dedicação exclusiva.
Neste campo, não é necessário nenhum preenchimento, pois ele é um resumo de todos os dis-
5.4 Itens de dispêndios
pêndios e informações inseridos no bloco 3.
160
Guia Lei do Bem | Parte 3
Neste sexto bloco, devem ser inseridas as informações adicionais dos incentivos oferecidos pela Lei do Bem. A seguinte mensagem consta no
começo deste bloco:
• O Capítulo III da Lei do Bem e a Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil nº 1.187, de 29 de agosto de 2011, determinam que a exclusão
de que tratam fica limitada ao valor do lucro real e da base de cálculo da CSLL, antes da própria exclusão, vedado o aproveitamento de eventual
excesso em período de apuração posterior.
• O incentivo especificado no subitem 2.5 não pode ser acumulado com incentivos fiscais previstos nos artigos. 17 e 19 da Lei nº 11.196/05, con-
forme §1º do art. 19-A dessa lei.
• Todos os dispositivos legais citados estão dispostos no Decreto 5.798/06, com exceção do subitem 2.5.
• As opções de depreciação acelerada incentivada, especificadas nos subitens 8.1 e 8.2, não podem ser aplicadas, cumulativamente, para um
mesmo ativo, conforme §2º do art. 9º do Decreto nº. 5.798/06.
• As opções de amortização acelerada, especificadas nos subitens 9.1 e 9.2, não podem ser aplicadas, cumulativamente, para um bem intangível,
conforme §2º do art. 9º do Decreto nº. 5.798/06.
• Pessoas jurídicas que utilizarem os benefícios de que tratam as Leis n° 8.248, de 23 de outubro de 1991, 8.387, de 30 de dezembro de 1991, e
10.176, de 11 de janeiro de 2001, relativamente às atividades de informática e automação, só poderão pleitear os incentivos fiscais previstos
nos subitens 2.1; 2.2 e 2.3, de acordo com o art. 16, §1° e 2°, I e II, do Decreto n°. 5.798/06.
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Número
Item Descrição do Item
do Item
Mais 20%, no caso de incremento do número de Se a empresa aumentou o número de pesquisadores contratados com dedicação exclusiva em
pesquisadores contratados com dedicação exclusiva mais de 5%, quando comparado a base do ano anteriormente reportado, a beneficiária poderá
no Ano Base acima de 5%, em relação à média dos deduzir mais 20% do valor total dos dispêndios com P&D. Dessa forma, ela poderá deduzir até
2.2
pesquisadores com contrato no ano anterior (inc. I do 80% para efeito de apuração do lucro líquido e da base de cálculo da CSLL. Para auxiliar no pre-
§1º do art. 8º ou art. 16 - caso de atividade de infor- enchimento deste campo, utilizar a Instrução Normativa RFB nº 1187, de 29 de agosto de 2011,
mática e automação) – se aplicável. Capítulo 2º, Art. 7, Parágrafo 2º, Inciso 1º.
Mais 10%, no caso de incremento do número de pes- Se a empresa aumentou o número de pesquisadores contratados com dedicação exclusiva
quisadores contratados com dedicação exclusiva no em até 5%, quando comparado a base do ano anteriormente reportado, a beneficiária poderá
Ano Base em até 5%, em relação à média dos pesqui- deduzir mais 10% do valor total dos dispêndios com P&D. Dessa forma, poderá deduzir até 70%
2.3
sadores com contrato no ano anterior (inc. II do §1º para efeito de apuração do lucro líquido e da base de cálculo da CSLL. Para auxiliar no preen-
do art. 8º ou art. 16 - caso de atividade de informática chimento deste campo, utilizar a Instrução Normativa RFB nº 1187, de 29 de agosto de 2011,
e automação) – se aplicável. Capítulo 2º, Art. 7, Parágrafo 2º, Inciso 1º.
162
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Número
Item Descrição do Item
do Item
Sem prejuízo das deduções adicionais anteriores, Informar o valor da dedução de mais 20%, no caso da empresa ter patente concedida ou culti-
2.4 mais 20%, no caso de patente concedida ou cultivar var registrado. Para auxiliar no preenchimento deste campo, utilizar a Instrução Normativa RFB
registrado (§4º do art. 8º) - se aplicável nº 1187, de 29 de agosto de 2011, Capítulo 2º, Art. 7, Parágrafo 8º.
3 Total de Deduções Campo com preenchimento automático, com a soma dos campos 2.1, 2.2, 2.3, 2.4 e 2.5.
Inserir o valor dos equipamentos, máquinas, aparelhos e instrumentos nacionais, bem como os
Reduções de IPI - 50% do IPI incidente sobre equipa-
acessórios sobressalentes e ferramentas que acompanhem esses bens, destinados à pesquisa e ao
4.1 mentos, máquinas, aparelhos e instrumentos nacio-
desenvolvimento tecnológico, que utilizaram o benefício proposto neste quadrante. Para auxiliar no
nais destinados à PD&I (inc. II do art. 3º)
preenchimento deste campo, utilizar o decreto nº 5.798, de 7 de junho de 2006, Art. 3º, Inciso 2º.
Inserir o valor dos equipamentos, máquinas, aparelhos e instrumentos importados, bem como
Reduções de IPI - 50% do IPI incidente sobre equipa- os acessórios sobressalentes e ferramentas que acompanhem esses bens, destinados à pesquisa
4.2 mentos, máquinas, aparelhos e instrumentos importa- e ao desenvolvimento tecnológico, que utilizaram o benefício proposto neste quadrante. Para
dos destinados à PD&I (inc. II do art. 3º) auxiliar no preenchimento deste campo, utilizar o Decreto nº 5.798, de 7 de junho de 2006, Art. 3º,
Inciso 2º.
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Número
Item Descrição do Item
do Item
Total da redução do IPI Campo com preenchimento automático, com a soma dos campos 4.1 e 4.2.
Redução a zero da alíquota do IR na fonte incidente Inserir o valor das remessas ao exterior destinadas
sobre as remessas ao exterior destinadas aos paga- aos pagamentos de registro e manutenção de marcas, patentes e cultivares, que utilizaram o be-
6
mentos de registro e manutenção de marcas, paten- nefício previsto neste quadrante. Para auxiliar no preenchimento deste campo, utilizar o decreto
tes e cultivares (inc. VI do art. 3º) nº 5.798, de 7 de junho de 2006, Art. 3º, Inciso 6º.
7 Total dos incentivos Campo com preenchimento automático, com a soma dos campos 3, 4, 5 e 6.
Depreciação acelerada integral Campos para preenchimento de informações relacionadas à depreciação acelerada integral
Depreciação acelerada integral dos equipamentos, má- Inserir o valor das máquinas, aparelhos e instrumentos destinados à PD&I que utilizaram o bene-
8.1 quinas, aparelhos e instrumentos destinados à PD&I fício proposto neste quadrante. Para auxiliar no preenchimento deste campo, utilizar a Instrução
(inc. III do art. 3º) Normativa RFB nº 1187, de 29 de agosto de 2011, Capítulo 3º.
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Número
Item Descrição do Item
do Item
Total de depreciação acelerada incentivada Campo com preenchimento automático, com a soma dos campos 8.1 e 8.2.
Total da amortização acelerada Campo com preenchimento automático, com a soma dos campos 9.1 e 9.2.
Total de diferimento Campo com preenchimento automático, com a soma dos campos 8 e 9.
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Guia Lei do Bem | Parte 3
No último bloco, devem ser inseridas informações complementares relacionadas à utilização dos incentivos oferecidos pela Lei do Bem. A seguin-
te mensagem consta no começo deste bloco:
Número
Item Descrição do Item
do Item
Explicitar outras informações julgadas relevantes ou Inserir neste campo informações complementares quanto à utilização dos incentivos oferecidos
7.1 quaisquer sugestões voltadas para o aperfeiçoamento pela Lei do Bem, além de sugestões para aprimoramento do sistema de concessão desses incen-
do sistema de concessão desses incentivos fiscais tivos fiscais
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Após o envio do FORMP&D, por meio do site MCTIC, as submissões do FORMP&D são anali-
sadas, no Ministério pela Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (SETEC), que
instituiu em agosto de 2014, os Comitês de Auxílio Técnico (CATs), conforme Portaria nº 788,
de 05 de agosto de 2014. Os CATs são compostos por servidores públicos especialistas nas
diversas áreas do conhecimento, auxiliando o MCTIC na análise técnica das informações pres-
tadas pelas empresas beneficiárias da Lei do Bem. O objetivo com a criação destes Comitês
foi agregar competência técnica especializada na análise dos projetos das diversas áreas do
conhecimento em que eles são submetidos.
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Guia Lei do Bem
Referências
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tação. Instituto de Matemática e Estatística. Universidade de São Paulo (USP). São Paulo, 2016.
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e desenvolvimento de inovação tecnológica, de que tratam os arts. 17 a 26 da Lei no 11.196, de 21 de novembro de 2005. Brasília: [s.n.],
2006. Regulamenta os incentivos fiscais às atividades de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica, de que tratam
os arts. 17 a 26 da Lei no 11.196, de 21 de novembro de 2005.
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Guia Lei do Bem
13. BRASIL, R. F. D. Instrução Normativa RFB n.º 1.187/2011 - Disciplina os incentivos fiscais às atividades de pesquisa tecnológica e desenvolvi-
mento de inovação tecnológica de que tratam os arts. 17 a 26 da Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005. Brasília: RFB, 2005.
14. BRASIL, C. N. DECRETO Nº 5.698, DE 8 DE FEVEREIRO DE 2006. Brasília: Casa Civil - Subchefia para Assuntos Jurídicos, 2006.
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