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13/07/2018 Eleições e disputa judicial complicam privatização e pauta do setor | CanalEnergia

/ REPORTAGENS ESPECIAIS

13 DE JULHO DE 2018

ELEIÇÕES E DISPUTA JUDICIAL COMPLICAM


PRIVATIZAÇÃO E PAUTA DO SETOR
Governo ainda tenta emplacar PL das distribuidoras no Senado em agosto, mas é obrigado a suspender
leilão do dia 26

SUELI MONTENEGRO, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE BRASÍLIA

Uma conjunção de fatores agravada pelo calendário eleitoral de 2018 parece con rmar, nas últimas
semanas, os receios mais pessimistas em relação às possibilidades de aprovação de temas de
interesse do governo e do próprio setor elétrico no Congresso Nacional. Decisões liminares contra a
privatização da Eletrobras mostram, no entanto, que o Judiciário também pode ser decisivo para
enterrar de vez o plano de venda das seis distribuidoras da estatal, o único que ainda tinha alguma
chance de acontecer este ano, mas foi suspenso pelo BNDES após a concessão de duas novas
liminares. Uma delas é contra o edital do leilão previsto para o dia 26.

Com a operação de venda do controle da holding descartada para 2018, as expectativas se voltam
para a possibilidade de garantir em agosto no Senado a aprovação do projeto de lei que facilita a
venda das distribuidoras e resolve, ao mesmo tempo, o impasse do risco hidrológico dos geradores
com dívidas no mercado de curto prazo. O PL 10.322 teve sua aprovação concluída esta semana na
Câmara, mas enfrenta resistências de senadores da própria base aliada. De qualquer forma, o
governo ainda terá de suspender as decisões judiciais para garantir a privatização.

Além da solução para o GSF dentro do PL das distribuidoras, o mercado aposta em um acordo com a
oposição na comissão especial do projeto de lei da portabilidade (PL 1917), para tentar encaminhar
ainda este ano a mudança no modelo comercial do setor elétrico. Os comercializadores de energia,
que têm capitaneado o movimento de abertura do mercado no Congresso nos ultimo anos, trabalham
com a expectativa de conseguir encaminhar a proposta de reestruturação do setor para uma possível
votação após as eleições.

Contam, para isso, com a manutenção da integridade da proposta resultante da Consulta Pública 33,
incorporada ao projeto pelo deputado Fábio Garcia (DEM-MT). A ideia é não cair na mesma
armadilha que tornou inviável a Medida Provisória 814 e complicou o processo de venda das
empresas de distribuição. Uma proposta semelhante à de Garcia está sendo relatada no Senado por
Tasso Jereissati (PSDB-CE), dentro da mesma lógica de manutenção da essência das mudanças
consolidadas pelo Ministério de Minas e Energia após discussão com o setor.

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13/07/2018 Eleições e disputa judicial complicam privatização e pauta do setor | CanalEnergia

Avanços signi cativos no setor elétrico e no setor


enérgico nos últimos seis meses, fruto do trabalho do
Congresso e do MME.
Dep. Fabio Garcia (DEM-MT)

Para o presidente executivo da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia, Reginaldo


Medeiros, três fatores impediram que o projeto de reestruturação do setor elétrico fosse aprovado
no primeiro semestre pelo Congresso. O primeiro foi a mudança no comando do Ministério de Minas
e Energia, com a saída em abril do ministro Fernando Coelho Filho e da equipe que coordenou
internamente as discussões sobre o tema. “Talvez hoje o ministério não tenha tanta clareza sobre a
importância disso”, a rma Medeiros.

A fragilidade política do governo, que cou evidente depois da greve dos caminhoneiros; e a postura
da oposição de bloquear toda e qualquer mudança proposta, também levaram ao resultado atual, em
sua avaliação. “Nós estamos em um governo em nal antecipado de mandato”, diz o executivo. A
Abraceel vai promover em agosto um encontro com os presidenciáveis para discutir o futuro do
setor.

“Como eu sou otimista, estou ainda acreditando que vai passar o PL das distribuidoras e, junto com
ele, vai o do GSF. E o da portabilidade, pode ser que mudem as prioridades depois de resolver esse
problema [das distribuidoras]”,  diz o presidente do Fórum das Associações do Setor Elétrico, Mário
Menel. Ele reconhece que o projeto das empresas vai ter di culdades no Senado, mas aposta no
interesse do governo em garantir a aprovação da proposta sem alterações na casa, para evitar que ele
volte para a Câmara dos  Deputados. Vencido esse desa o, a próxima batalha seria evitar um possível
veto presidencial à solução para o risco hidrológico.

Oposição, mudança no MME e governo fragilizado


di cultaram tramitação.
Reginaldo Medeiros, da Abraceel

Menel admite que o setor sabia desde o início das di culdades que o governo teria em aprovar as
propostas de privatização e de mudança no marco legal em ano de eleições. Mas lembra que as
propostas do MME não andaram na velocidade desejada porque pararam na Casa Civil da
Presidência. Havia, por exemplo, resistências em relação à proposta do GSF, que foi incluída pelo
ministério no texto original da MP 814 junto com as medidas relacionadas à Eletrobras, mas acabou
sendo excluída do texto nal. “Perdemos muito tempo, e o tempo cou curto.”

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A MP perdeu a validade em 1º de junho, após a inclusão de um conjunto grande de emendas


parlamentares, algumas  polêmicas por gerarem custos bilionários para o consumidor de energia
elétrica. A medida foi substituída pelo PL 10.332,  aprovado na Câmara com os mesmos
penduricalhos que tornaram a MP 814 inviável.

Para Menel, as associações e empresas do setor não tem qualquer responsabilidade pelo inchaço
desses projetos. “O setor elétrico colocou emendas para buscar soluções de problemas do setor”,
explicou o executivo. Ele lembrou que emendas como a que aumenta o valor do gás das usinas do
Programa Prioritário de Termeletricidade, a que corrige o custo da energia de Angra 3 e a que prevê
indenização e estabilidade por dois ano aos funcionário das estatais privatizadas foram iniciativas do
Legislativo.

O presidente da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de


Consumidores Livres, Edvaldo Santana, considera que parte da culpa pelo fracasso da MP 814 é do
governo, que não teve força para impor sua pauta ao Congresso; mas parte é do próprio setor, que
incluiu emendas para resolver problemas particulares. Com a caducidade da MP 814, todos os
penduricalhos foram parar no PL 10.332, que deveria repetir o conteúdo original da MP, mas incluiu
alterações que aumentam em mais de 5% a tarifa para o consumidor, segundo cálculos da Abrace.

Setor apresentou proposta para solucionar


problemas.
Mario Menel, do FASE

“Não faz o menor sentido. Embora a gente seja totalmente favorável ao GSF, favorável a privatização
das distribuidoras, isso não pode ser feito a qualquer custo”, critica o executivo. As duas propostas
foram relatadas pelo deputado Júlio Lopes (PP-RJ), responsável por emendas como a do PPT e a de
Angra 3.

No caso do projeto da Eletrobras (PL 9.463), a iniciativa de alterar a proposta partiu do deputado
José Carlos Aleluia (DEM-BA), que acabou “enxugando os recursos [que viriam] da descotização” com
a inclusão de uma série de adendos ao texto original. As mudanças esvaziaram e ajudaram a afundar o
processo de privatização da Eletrobras, na avaliação de Santana. “Eu diria que hoje, para o bem do
setor elétrico, é melhor que tudo isso seja aprovado no ano que vem. Mais bem pensado, com um
governo mais forte, um governo começando”, opina o dirigente da Abrace.

Entre os parlamentares de diferentes bancadas, prevalece a leitura de que a probabilidade de


aprovação de propostas polêmicas torna-se cada vez menor com a proximidade das eleições de
outubro. Mas ainda há quem se mostre otimista, como o deputado Fábio Garcia. Ele avalia que houve
avanços signi cativos no setor elétrico e no setor enérgico nos últimos seis meses, fruto do trabalho
do Congresso e do MME, que se re etiram nos resultados satisfatórios dos leilões de petróleo do
pré–sal e nos de geração e de transmissão de energia elétrica.

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13/07/2018 Eleições e disputa judicial complicam privatização e pauta do setor | CanalEnergia

Garcia vai tentar avançar com o projeto da portabilidade em agosto na comissão da Câmara que trata
do assunto, para  depois tentar votar a matéria no plenário da casa. Para o parlamentar, nada deu
errado nos últimos meses no Congresso. “Se a gente analisar muito friamente, o único ponto que não
conseguiu evoluir de fato foi a privatização da Eletrobras.”

Não faz sentido mudanças a qualquer custo.


Edvaldo Santana, da Abrace

José Carlos Aleluia lembra que ano eleitoral é um ano sensível e os deputados são in uenciados pela
percepção das ruas.  O deputado aponta dois problemas graves logo no início do governo, que foram
as denuncias da Operação Lava Jato contra o presidente Michel Temer. Isso fragilizou, e
comprometeu a articulação no Congresso, pois se perdeu muito tempo discutindo essas denúncias,
opina.

Para o parlamentar, o sucesso do PL das distribuidoras depende agora do Senado Federal, que tem
uma correlação de forças diferente da Câmara. Enquanto os estados afetados pela privatização têm
pouco deputados, todos eles tem o mesmo número de senadores (três) das demais unidades da
federação. “O seis estados (AM,AL,AC, RO,RR e PI) tem 18 senadores, que é  muito em relação ao
tamanho da bancada do Senado. No Senado são 80 e poucos. Então, [esse número representa] quase 20
[senadores], ou 17%, 18% do Senado”, conclui o deputado, que vê nessa representação uma das
explicações para a resistência ao projeto.

“Eu sou um pessoa que, por exemplo, não sou a favor de venda de patrimônio público discutido aqui
no no plenário a toque de caixa, de emergência”, reclamou esta semana o senador Eduardo Braga
(MDB), que representa o Amazonas. Por razões distintas, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-
AM) também é contra a aprovação da venda das empresas Eletrobras.

“ O governo ainda vai insistir nessa negociata, mas estaremos vigilantes contra esta ação que traz
insegurança energética para cidadãos e empresas das regiões atendidas pelas distribuidoras”, a rma
a parlamentar amazonense. Ela acredita que apesar das di culdades do governo Temer em aprovar
as medidas de privatização no Congresso, existe um grande risco potencial, e a oposição tem que
permanecer atenta aos movimentos do governo. “Existe o risco real de o governo Temer, depois de
ter sido derrotado nas urnas, tentar acelerar o desmonte do Estado. Por isso, estamos preparados
para impedir estas e outras propostas contra o patrimônio do povo”, diz.

Sucesso do PL das distribuidoras agora depende


do Senado.
Dep. José Carlos Aleluia (DEM-BA)

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O líder do PSB na Câmara, Danilo Cabral (PE), atribui o sucesso da obstrução aos projetos do governo
para o setor à mobilização da sociedade e dos trabalhadores, e à articulação politica coesa dos
partidos políticos contrários à privatização. A organização surgiu no segundo semestre do ano
passado, quando  começou o debate, e tem criado muitos obstáculos para o governo não apenas no
Legislativo, mas também no Judiciário.

“Desde o começo, dizíamos que o tempo era nosso aliado nesse processo, porque quanto mais
próximo do período eleitoral, com a virada do ano, naturalmente, aqueles que tinham propensão a
votar favorável à privatização iriam car pressionados pelas ruas. E foi o que de fato aconteceu”,
avalia Cabral. Ele cita como exemplo a perda de validade da MP 814.

A oposição fez um acordo no limite para suspender a obstrução ao PL das distribuidoras em troca da
retirada do PL da holding. O parlamentar acredita que é preciso manter a mobilização e defende que
a privatização faça parte dos debates da campanha eleitoral. “A gente precisa aproveitar o momento
eleitoral para cobrar de todos os pré-candidatos qual é a posição de cada um em torno desse
processo de desmonte de Estado brasileiro e, especi camente, do setor energético. Que o pré-
candidato vá lá e diga. Se o povo brasileiro, de forma soberana, entender que esse é o caminho, quem
assumir o governo tem até autoridade, legitimidade para conduzir a discussão em torno desse
assunto. Na forma como vinha sendo no governo do presidente Temer, não tinha como ele prosperar”,
diz.

Na avaliação do advogado Gustavo de Marchi, nas duas últimas semanas o Congresso conseguiu
avanços importantes com a aprovação pelos deputados do projeto que retira entraves importantes à
venda das distribuidoras Eletrobras, porém, todo o processo chama a atenção para a necessidade de
um olhar diferenciado para essas empresas. “São regiões totalmente diferentes do que a gente
vivencia no Sul, Sudeste, e é importante que se entenda a dinâmica daquela operação e as
especi cidades das regiões”, observou De Marchi. Ele identi ca a origem da resistência dos
senadores ao projeto não à privatização, mas à necessidade de considerar as particularidades das
áreas de concessão que serão vendidas.

Oposição ao desmonte do patrimônio


brasileiro.
Dep. Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM)

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De Marchi também acredita em uma solução para o GSF e no andamento das medidas do setor, mas
lembra que são questões que se arrastam há anos. “Você não pode achar que mundo vai acabar em
31 de dezembro”. Em sua avaliação, desde que se consiga pavimentar o caminho para o próximo ano,
já seria algo bené co.

O advogado e ex-consultor jurídico do MME Guilherme Baggio acredita que o governo pode até ter
tentado mobilizar a base aliada no Congresso, mas o problema era a complexidade da operação e a
questão politica que envolve a privatização da Eletrobras.

Sobre a retomada das votações em agosto ou depois das eleições, ele tem dúvidas se será possível
aprovar temas que demandam grandes alterações. “Acho que pequenas modi cações em pequenos
pontos é possível. Mas grandes votações, temas que demandam debates públicos e até emocionais,
como, por exemplo, a privatização da Eletrobras, serão mais difíceis de serem encaminhados.”

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