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1. Como forma de delinear um pouco da polissemia que o tema se caracteriza, optei por relatar o
pensamento conceitual de alguns autores que temos estudado em nosso grupo com maior freqüência e
densidade. Certamente este trabalho não objetiva aprofundar este estudo polissêmico, mas apenas
apresentar outras nuances conceituais que fazem parte do cenário de estudo e investigação interdisciplinar.
Optei por inserir, também, alguns conceitos sobre transdisciplinaridade, justamente para indicar tal
movimento polissêmico. Acredito que Sommerman consiga definir com clareza esta aproximação quando
trata da interdisciplinaridade tipo transdisciplinar, como o texto mostrará adiante.
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Next step, interdisciplinarity, not only juxtaposes results, but combines methods, which
implies the identification of new objects of inquiry. This was typical in the Scientific
production of the 19* century. Interdisciplinarity gave rise to new areas of knowledge, such
as, for example, electromagnetism, thermodynamics, neuro-physiology physicochemistry,
quantum mechanics. These areas, typically interdisciplinarian, later defined their specific
objects of study and their methods. Indeed, they became new disciplines.
With the invention of new and more sophisticated instruments of observation and analysis,
which became intense in the 20th century, the interdisciplinarian approach, as well as the
intercultural, became insufficient. The quest for total knowledge and for a planetary culture
asks for a transdisciplinarian and transcultural approach. (D'Ambrosio, 2005, p. 1)
[...] The transdisciplinarian approach relies on mastering, in different leveis of proficiency,
but, necessarily, in an integrated way, Several disciplinarian areas, ranging from cognitive
sciences to epistemology, history, politics, and Several other theoretical reflections of
disciplinarian and interdisciplinarian nature. (Idem, p. 5)
São verdadeiras gaiolas epistemológicas [as disciplinas]: quem está dentro da gaiola só voa
dentro da gaiola, e não mais do que isso. Somos pássaros tentando voar em gaiolas
disciplinares.
Surgem, obviamente, as deficiências desse conhecimento, e começamos a perceber
fenômenos e fatos que não se encaixam em nenhuma das gaiolas. [...] Aí estamos dando
um passo para a interdisciplinaridade, onde encontramos com outros e, nesse encontro,
juntos, misturando nossos métodos, misturando nossos objetivos, mesclando tudo isso,
acabamos criando um modo próprio de voar. E nascem as interdisciplinas.
Essas interdisciplinas acabam criando suas próprias gaiolas. [...] As disciplinas vão se
amarrando, criando padrões epistemológicos próprios, e a gaiola vai ficando muito maior.
Podemos voar mais, mas continua
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sendo gaiola. Acho que não é demais querermos voar mais, fora das gaiolas, sermos
totalmente livres na busca do conhecimento. [...] A interdisciplinaridade é um passo muito
difícil, sem o qual não se pode dar qualquer passo seguinte. (D'Ambrosio, 2003, p. 72)
2. Citação do autor Sommeman (2006, p. 63). A intenção da reprodução da citação foi dar sentido ao
trecho onde o autor desvela o sentido dos três tipos de interdisciplinaridade.
3. O autor citado evidencia em seu texto que a Categorização de interdisciplinaridade forte se deve ao
fato da importância que se dá ao sujeito e às trocas intersubjetivas, e a interdisciplinaridade fraca foi
denominada como tal pela pouca ênfase que se dá ao sujeito.
4. Os grupos de pesquisa Gepi e Cetrans possuem uma proximidade/parceria há alguns anos e dialogam
freqüentemente sobre questões referentes a inter e transdisciplinaridade. Ressalto aqui dois momentos
importantes de parceria: II Congresso Mundial sobre Transdisciplinaridade(2005) e X Seminário
Internacional de Educação — "Interdisciplinaridade como forma de inclusão numa educação mundial"
(2005), em que a apresentação das ideias de Sommerman foram discutidas e, em seguida, publicadas no livro
que fundamenta as afirmativas acima.
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maneira como o corpo (humano ou animal) está posicionado; pose, posição, postura;
comportamento ditado por disposição interior; maneira de agir em relação a pessoa, objeto,
situação etc; maneira, conduta; posição assumida, orientação, modo ou norma de proceder;
propósito ou modo de se manifestar esse propósito; (psicologia) estado de disponibilidade
psicofísica marcado pela experiência e que exerce influência diretiva e dinâmica sobre o
comportamento. Etimologia
it. attitudine (sXVI), segundo Devoto e Oli, “positura della persona, attegiamento”, do lat.
medv. *actitudo, inis “posição, ação”, ligado ao lat. actus, us “ato, ação, gesto”; ver ag-,
A interdisciplinaridade permite-nos olhar o que não se mostra e intuir o que ainda não se
consegue, mas esse olhar exige uma disciplina própria capaz de ler nas entrelinhas.
(Fazenda, 2000)
Um olhar que diz, que aprova, que rejeita, que comunica o que as palavras
às vezes negam. O olhar trai e ao mesmo tempo traduz o discurso das palavras e
dos gestos.
O sentido do olhar interdisciplinar vai além do sentido da visão cuidada,
da observação curiosa. Está presente em todos os sentidos e também no
silêncio. Um olhar que fala, que ouve, que vê, que percebe com a pele e com o
cheiro e tenta olhar o que, aparentemente, não se mostra. O olhar que dialoga.
Assim, nos alimentamos. Mas, nesse movimento de ingestão e deglutição que caracteriza a
re-visitação do conceito e o entendimento de seu processo histórico e pessoal, se todo o
alimento só nos serve e nos faz mais fortes, de que adianta toda a minha saúde intelectual
se não entro na dança e no exercício de gastar toda essa energia com o outro, na prática,
num sentido do Eu — Tu. (Buber, 1986)
Referências bibliográficas