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MIHALY CSIKSZENTMIHALYI

A DESCOBERTA DO FLUXO
A psicologia do envolvimento
com o vido cotidiano

Tradução de
PEDRO RIBEIRO

Wmf
Rio de Janeiro - 1999
Título original
FINDING FLOW
The Psychology of Engagement
with Everyday Life

Copyright © 1997 by Mihaly Csikszenurühalyi


e Orion Publishing Group Ltd.

"O nome e a marca The MasterMinds


foram publicados com a autorização
de seu proprietário Brockman. Inc."

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preparação de originais
RYTA VINAGRE
LAURA NEVES

CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte
Sindicato Nacional dos Editores de Livros. RJ

Csiksununihalyi` Mihaly
C969d A descoberta do fluxo: a psicologia do envolvimento corn a
vida cotidiana l Mihaly Csikszentmihalyi; tradução de Pedro
Ribeiro. - Rio de Janeiro: Rocco. 1999
. - (Ciência Atual)

Tradução de: Finding flow: the psychology of engagement


with everyday life
Inclui bibliografia
ISBN 85-325-1014-0

1. Vida 2. Cotidiano. l. Titulo. 11. Título: A psicologia do


envolvimento com a vida cotidiana. lIJ. Série.
CDD - 158.2
99-0602 CDU - 159.94
Para Isa, novamente
suMÁRIo

Agradecimentos ................................................................. 9
l - As estruturas da vida cotidiana ..................................... il
2 - O conteúdo da experiência ........................................... 25
3 - Como nos sentimos quando fazemos coisas diferentes 41
4 - O paradoxo do trabalho............................................... 53
5 - Os riscos e as oportunidades do lazer ........................... 67
ó - Relacionamentos e qualidade de vida ............................ 80
7 - Como mudar os padrões de vida ................................... 97
8 - A personalidade autotélica ........................................... l 14
9 - O amor ao destino ....................................................... l 28
Notas ................................................................................ l 45
Referências ........................................................................ 152
Indice ................................................................................ l 59
AGRADECIMENTOS

Os resultados discutidos neste livro se baseiam em pesquisas


financiadas pela Spencer Foundation e pela Alfred P. Sloan
Foundation. Muitos colegas e estudantes forneceram um auxílio
valioso na pesquisa do fluxo. Gostaria de agradecer especialmen-
te a Kevin Rathunde, da Universidade de Utah; Samuel Whalen,
da Nonhwestem University; Kiyoshi Asakawa, da Universidade
Shikoku-Gakuen, no Japão; Fausto Massirnini e Antonella Delle
Fave, da Universidade de Milão, Itália; Paolo Inghilleri, da
Universidade de Perugia, Itália; e a meus colegas na Univer-
sidade de Chicago, Wendy Adlai-Gail, Joel Hektner, Jeanne
Nakamura, John Patton e Jennifer Schmidt.
Dos muitos colegas cuja amizade tanto me auxiliou, gosta-
ria de agradecer especialmente a Charles Bidwell, William
Damon, Howard Gardner, Geoffrey Godbey, Elizabeth Noelle-
Neumann, Mark Runco e Barbara Schneider.
UM

AS ESTRUTURAS DA VIDA COTIDIANA

Se realmente queremos viver, e melhor que comecemos a tentar


imediatamente; se não queremos, não faz mal, mas é melhor
começarmos a morrer.
W. H. Auden

As palavras de Auden sintetizam com precisão o tema deste


livro.l A escolha é simples; entre agora e o inevitável final dos
nossos dias, podemos escolher entre viver ou morrer. A vida bio-
lógica é um processo automático, desde que cuidemos das neces-
sidades do corpo. Mas viver no sentido a que o poeta se refere não
é de modo algum algo que aconteça espontaneamente. Na verda-
de, tudo conspira contra isso: se não assumirmos sua direção,
nossa vida será controlada pelo mundo exterior para servir a pro-
pósitos alheios aos nossos. Instintos biologicamente programa-
dos nos utilizarão para replicar o material genético que carrega-
mos, a cultura garantirá que empregaremos nossa vida para pro-
pagar os seus valores e instituições e outras pessoas tentarão tirar
o máximo da nossa energia para levar adiante seus próprios pla-
nos - tudo isso sem consideração alguma pelo modo como sere-
mos afetados. Não podemos esperar que alguém nos ajude a
viver; precisamos descobrir como fazer isso por conta própria.
Desse modo, o que significa “viver”? É claro que não se
refere simplesmente à sobrevivência biológica. Significa viver de
12 A DESCOBERTA DO FLUXO

complexidade do cosmos. Este livro estuda maneiras de viver


deste modo, apoiando-se o máximo possível em descobertas da
psicologia contemporânea e nas minhas próprias pesquisas,
assim como na sabedoria do passado, em todas as formas como
foi registrada.
Vou refazer a pergunta “o que é uma boa vida?” de uma
maneira bastante modesta. Em vez de lidar com profecias e mis-
térios, tentarei me limitar ao máximo às evidências racionais,
focalizando os eventos cotidianos que geralmente encontramos
durante um dia normal.
Um exemplo concreto poderá ilustrar melhor o que quero
dizer com levar uma boa vida. Anos atrás, meus alunos e eu estu-
damos uma fábrica onde eram montados vagões de trem. A ofici-
na principal era um grande galpão sujo onde mal se podia ouvir
uma palavra sequer, devido ao barulho constante. A maioria dos
soldadores que trabalhava ali detestava seu emprego, e ficava
constantemente olhando para o relógio, ansiosa para ir embora.
Assim que saíam da fábrica corriam para os bares da vizinhança,
ou cruzavam a fronteira do estado em busca de lugares mais ani-
mados.
Exceto um deles: Joe, um homem semi-alfabetizado de ses-
senta e poucos anos, que aprendera sozinho a compreender e con-
sertar cada peça de equipamento na fábrica, de guindastes a
monitores de computador. Ele adorava pegar máquinas que não
estavam funcionando, descobrir o que havia de errado com elas e
coloca-las novamente em funcionamento. Ele e a esposa cons-
truíram um grande jardim de pedras nos dois terrenos vazios jun-
to à sua casa, e nele instalaram fontes que criavam um efeito de
arco-íris - mesmo durante a noite. Os cento e poucos moldadores
que trabalhavam na usina respeitavam Joe, embora não o com-
preendessem muito bem. Eles pediam sua ajuda sempre que
havia algum problema. Muitos diziam que sem Joe a fábrica teria
de fechar.
Nos últimos anos conheci muitos executivos principais de
várias empresas, políticos poderosos e dezenas de laureados com
o prêmio Nobel - pessoas eminentes, que de muitas maneiras
viviam vidas excelentes, mas nenhuma delas era melhor do que a
de Joe. O que toma uma vida como a dele serena, útil e digna de
ser vivida? Esta é a pergunta crucial à qual este livro tentará res-
ponder. Minha abordagem tem três pressupostos principais. O
AS ESTRUTURAS DA VIDA COTIDIANA 13

primeiro é que profetas, poetas e filósofos vislumbraram verda-


des importantes no passado, verdades que são essenciais para a
continuidade de nossa sobrevivência. Mas essas verdades foram
expressas no vocabulário conceitual de sua época, de modo que,
para que sejam úteis, seu significado precisa ser redescoberto e
reinterpretado a cada geração. Os livros sagrados do judaísmo,
cristianismo, islamismo, budismo e dos Vedas são os melhores
repositórios das idéias mais importantes para nossos ancestrais, e
ignorá-los é um ato de arrogância infantil. Mas é igualmente
ingênuo acreditar que tudo que foi escrito no passado contém
uma verdade absoluta e imutável.
O segundo pressuposto deste livro é que atualmente a ciên-
cia oferece as informações mais essenciais para a humanidade. A
verdade científica também é expressa de acordo com a visão de
mundo de sua época, e portanto mudará e poderá ser descartada
no futuro. Provavelmente existe tanta superstição e mal-entendi-
dos na ciência moderna quanto havia nos mitos antigos, mas esta-
mos próximos demais no tempo para ver a diferença. É possível
que no futuro a percepção extra-sensorial e a energia espiritual
nos levem à verdade sem a necessidade de teorias e laboratórios.
Mas os atalhos são perigosos; não podemos nos iludir pensando
que nosso conhecimento é mais avançado do que realmente é.
Apesar de todas as conseqüências, na atualidade a ciência é ainda
o único espelho confiável da realidade, e a ignoramos por nossa
conta e risco.
O terceiro pressuposto é que, se desejamos compreender o
que acarreta “viver” de verdade, devemos escutar as vozes do
passado e integrar suas mensagens com o conhecimento que a
ciência está lentamente acumulando. Gestos ideológicos - tais
como o projeto de retorno à natureza de Rousseau, que foi um
precursor da fé freudiana - são apenas atitudes vazias de signifi-
cado se ninguém tem idéia do que é a natureza humana. Não há
esperança no passado; não há solução a ser encontrada no presen-
te; tampouco ficaremos melhores saltando para um futuro imagi-
nário. O único caminho para descobrir o significado da vida é a
tentativa lenta e paciente de compreender as realidades do passa-
do e as possibilidades do futuro do modo como elas podem ser
compreendidas no presente.
Portanto, neste livro “vida” significará aquilo que experi-
mentamos da manhã até a noite, sete dias por semana, durante
14 A DESCOBERTA DO FLUXO

setenta anos se tivermos sorte, durante ainda mais tempo se for-


mos ainda mais afortunados. Essa pode parecer uma perspectiva
estreita em comparação com as visões muito mais exaltadas da
vida que os mitos e as religiões tornaram familiares para nós.
Mas, subvertendo a aposta de Pascal, parece que, na dúvida, a
melhor estratégia é acreditar que esses mais ou menos setenta
anos são nossa única chance de experimentar o cosmos, e deve-
mos aproveita-la ao máximo - pois, se não o fizermos, podere-
mos perder tudo, e, se estivermos errados e houver uma vida após
a morte, não perderemos nada.
O que será esta vida é em parte detemu'nado pelos processos
químicos do nosso corpo, pela interação biológica entre os
órgãos, pelas ínfimas correntes elétricas saltando entre as sinap-
ses do cérebro, e pela organização da informação que a cultura
impõe sobre nossa mente. Mas a qualidade real da vida - o que
fazemos, e como nos sentimos quanto a isso - será determinada
por nossos pensamentos e nossas emoções; pelas interpretações
que damos a processos químicos, biológicos e sociais. O estudo
do fluxo de consciência que passa pela mente é da competência
da filosofia fenomenológica. Meu trabalho nos últimos trinta
anos consistiu em desenvolver uma fenomenologia sistemática
que utiliza as ferramentas das ciências sociais - primariamente
psicologia e sociologia - para responder à pergunta: como é a
vida? E à pergunta mais prática: como cada um de nós pode ter
uma vida excelente?2
O primeiro passo para responder a essas perguntas se rela-
ciona com ter uma boa noção das forças que formam aquilo que
podemos experimentar. Quer gostemos ou não, cada um de nós
está sujeito aos limites do que podemos fazer e sentir. Ignorar
esses limites leva à negação e mais tarde ao fracasso. Para alcan-
çar a excelência, devemos primeiro compreender a realidade do
cotidiano, com todas as suas exigências e possíveis frustrações.
Em muitos dos antigos mitos, quem desejava encontrar a felicida-
de, o amor ou a vida eterna tinha de primeiro viajar pelo mundo
do além. Antes de obter a permissão para contemplar os esplen-
dores do céu, Dante teve de perambular pelos horrores do inferno
para que pudesse compreender o que nos impede de atravessar os
portões celestiais. O mesmo é verdade na busca mais terrena que
estamos prestes a iniciar.

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