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Aluno: Antonio Edson Oliveira Honorato

Disciplina: Epistemologia das Ciências Humanas

MORIN, Edgar. Ciência com consciência. Tradução: Maria D. Alexandre e Maria Alice
Sampaio Dória. 8 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. pp. 15-157.

O conhecimento trouxe um grande progresso ao nosso saber. A ciência é elucidativa,


enriquecedora, conquistadora e triunfante. Contudo, a mesma ciência que liberta, é também a
que traz possibilidades terríveis de subjugação. O conhecimento vivo, que conduz as
descobertas do universo, da vida, do homem, é o mesmo que produziu a ameaça do
aniquilamento da humanidade. O progresso científico produz potencialidades tanto
subjugadoras ou mortais, quanto benéficas.
O desenvolvimento das ciências experimentais desenvolve os poderes manipuladores da ciência
sobre as coisas físicas e os seres vivos, isto favorece o desenvolvimento das técnicas, que remete
a novos modos de experimentação e de observação. Assim, a potencialidade de manipulação
não está fora da ciência, mas no caráter, que se tornou inseparável, do processo científico-
técnico. O método experimental é um método de manipulação, que necessita cada vez mais de
técnicas, que permitem cada vez mais manipulações.
Em função desse processo, a situação e o papel da ciência na sociedade modificaram-se
profundamente desde o século XVII. Se na origem os investigadores eram como amadores e a
atividade científica era sociologicamente marginal, periférica; hoje, a ciência se tornou uma
poderosa e maciça instituição no centro da sociedade.
É um processo inter retroativo, no sentido de que a técnica produzida pelas ciências transforma
a sociedade, mas também, retroativamente, a sociedade tecnologizada transforma a própria
ciência. Os interesses econômicos, capitalistas e o interesse do Estado desempenham seu papel
ativo nesse circuito de acordo com suas finalidades. Mas nem o Estado, nem a indústria, nem o
capital são guiados pelo espírito científico, estes, utilizam os poderes que a investigação
científica lhes dá.
A ciência não controla sua própria estrutura de pensamento. O conhecimento científico é um
conhecimento que não se conhece. Essa ciência, que desenvolveu metodologias tão
surpreendentes e hábeis para apreender todos os objetos a ela externos, não dispõe de nenhum
método para se conhecer e se pensar. É o que o autor chama de uma dupla tarefa cega das
ciências sociais, ou seja, a ciência natural não tem nenhum meio para conceber-se como
realidade social; a ciência antropossocial não tem nenhum meio para conceber-se no seu
enraizamento biofísico; a ciência não tem os meios para conceber seu papel social e sua natureza
própria na sociedade.
Ninguém está mais desarmado do que o cientista para pensar sua ciência. A questão "o que é a
ciência?", é a única que ainda não tem nenhuma resposta científica. É por isso que, mais do que
nunca, se impõe a necessidade do autoconhecimento do conhecimento científico, que deve fazer
parte de toda política da ciência, como da disciplina mental do cientista.
Quando fala sobre a verdade da ciência, Morin afirma que o espírito cientifico não é capaz de
pensar, por isso acredita que o conhecimento cientifico é o reflexo do real. A zona cega da
ciência acredita que a teoria é um reflexo do real.
As teorias científicas são mortais e são mortais por serem científicas. A visão que Popper
registra com relação à evolução da ciência vem a ser a de uma seleção natural em que as teorias
resistem durante algum tempo não por serem verdadeiras, mas por serem as mais bem adaptadas
ao estado contemporâneo dos conhecimentos.
Segundo Morin, o físico não é tão pouco mais inteligente que o sociólogo, que ainda não
conseguiu fazer da sociologia uma ciência. O que ocorre é que, em sociologia, é muito mais
difícil estabelecer o que ele chama de “regra do jogo”, isso porque a verificação experimental
é quase impossível, a subjetividade está sempre comprometida.
O princípio de explicação da ciência clássica eliminava o observador da observação. A
microfísica, a teoria da informação, a teoria dos sistemas, reintroduzem o observador na
observação. A sociologia e a antropologia apelam à necessidade de tomar consciência da
determinação etnosociocêntrica (sentimento de pertencer a um grupo) que hipoteca toda a
concepção de sociedade, cultura, homem.
Assim, vemos que o próprio progresso do conhecimento científico exige que o observador se
inclua em sua observação, o que concebe em sua concepção; em suma, que o sujeito se
reintroduza de forma autocrítica e auto reflexiva em seu conhecimento dos objetos.
O princípio de explicação da ciência clássica tendia a reduzir o conhecível ao manipulável.
Hoje, há que insistir fortemente na utilidade de um conhecimento que possa servir à reflexão,
meditação, discussão, incorporação por todos, cada um no seu saber, na sua experiência, na sua
vida.
Defende que hoje, já não se trata de dominar a natureza quanto de dominar o domínio.
Efetivamente, é o domínio do domínio da natureza que hoje causa problemas. Simultaneamente,
esse domínio é, por um lado, incontrolado, louco e pode conduzir-nos ao aniquilamento; por
outro lado, é demasiado controlado pelos poderes dominantes. Esses dois caracteres
contraditórios explicam-se porque nenhuma instância superior controla os poderes dominantes,
ou seja, os Estados-nações.
O conhecimento não é, segundo ele, uma coisa pura, independente de seus instrumentos e não
só de suas ferramentas materiais, mas também de seus instrumentos mentais que são os
conceitos; a teoria científica é uma atividade organizadora da mente, que implanta as
observações e que implanta, também, o diálogo com o mundo dos fenômenos.
No fundo, a ciência está sempre em movimento, em ebulição e, talvez, o próprio fundamento
de sua atividade — mesmo tendo suas formas burocratizadas — é ser impulsionada por um
poder de transformação. Isso serve para dizer que é preciso abandonar a ideia, um pouco tola,
um pouco ingênua, do progresso linear das teorias que se aperfeiçoam mutuamente.
Assim como na Democracia, Morin diz que a ciência não tem uma verdade, não existe uma
verdade científica, existem verdade provisórias que se sucedem, onde a única verdade é aceitar
essa regra e essa investigação.
A ciência é uma atividade de investigação e de pesquisa. Investigação e pesquisa da verdade,
da realidade etc., porém, a ciência está longe de ser só isso.
Aluno: Antonio Edson Oliveira Honorato
Disciplina: Epistemologia das Ciências Humanas

MORIN, Edgar. Ciência com consciência. Tradução: Maria D. Alexandre e Maria Alice
Sampaio Dória. 8 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. pp. 173-344.

Morin inicia o texto afirmando que a problemática da complexidade ainda é marginal no


pensamento científico, no pensamento epistemológico e no pensamento filosófico. Isso porque
os grandes debates entre importantes autores, como Popper, Kuhn, Lakatos etc., tratam da
racionalidade, da cientificidade, da não-cientificidade, mas não tratam da complexidade; e por
isso os seguidores, discípulos, desses autores, vendo que a complexidade não é tratada por eles,
que são seus mestres, concluem que ela não existe.
Pelo fato de ter sido tratada marginalmente, o texto traz alguns mal-entendidos sobre a
complexidade: primeiro, consiste em conceber a complexidade como receita, como resposta,
em vez de considerá-la como desafio e como uma motivação para pensar; segundo, consiste em
confundir a complexidade com a completude.
A complexidade surge como dificuldade, como incerteza e não como uma clareza e como
resposta o problema disso, segundo o texto, é saber se há uma possibilidade de responder ao
desafio da incerteza e da dificuldade.
Ela seria o obstáculo, o desafio. Depois, quando se avança pelas avenidas da complexidade,
apresentadas no texto, percebe-se que existem dois núcleos ligados, um núcleo empírico e um
núcleo lógico. O núcleo empírico contém, de um lado, as desordens e as eventualidades e, do
outro lado, as complicações, as confusões, as multiplicações proliferantes. O núcleo lógico, sob
um aspecto, é formado pelas contradições que se deve necessariamente enfrentar e, no outro,
pelas indecidibilidades inerentes à lógica.
De acordo com o texto, o desafio da complexidade faz renunciar o mito da elucidação total do
universo, mas encoraja a prosseguir na aventura do conhecimento que é o diálogo com o
universo. O diálogo com o universo é a própria racionalidade. O que se acredita é que a razão
deveria eliminar tudo o que é irracionalizável, ou seja, a eventualidade, a desordem, a
contradição, a fim de encerrar o real dentro de uma estrutura de ideias coerentes, teoria ou
ideologia.
Tratando da ordem e da desordem, o texto traz a ideia de que é impossível, tanto no domínio
do conhecimento do mundo natural como no conhecimento do mundo histórico ou social,
reduzir nossa visão quer à desordem, quer à ordem. Segundo Morin, a visão de uma história
inteligente, ou seja, uma história que obedece a leis racionais, é tola. Isso porque, tanto na
história como na vida, há de se conceber as errâncias, os desvios, os desperdícios, as perdas, os
aniquilamentos, e não apenas as riquezas, como também não só de vida, mas de saber, de saber
fazer, de talentos, de sabedoria. Portanto, o que se tem de fazer é aprender a pensar
conjuntamente ordem e desordem.
A noção de desordem preocupa. A mente é impotente diante de um fenômeno desordenado.
Pior: a desordem provava degradação e ruína no universo e na sociedade. A desordem é aquilo
que precisa ser eliminado.
Na pré-ciência houve uma recusa da desordem e do acaso. Forças poderosas de recusa atuaram
no pensamento clássico. A princípio, a força da lógica. Precisávamos de coerência para
compreender o mundo. E, também, a força do que eu chamo de paradigma da simplificação que
reinou durante muito tempo e por muitas vezes ainda reina no entendimento dos cientistas.
A resistência à desordem não é só metafísica; também é moral. É preciso rejeitar a desordem
dos sentidos, a desordem das pulsões, as desordens políticas. É preciso recusar a desordem na
sociedade porque a desordem é o crime, é a anarquia, é o caos.
O universo de fenômenos é inseparavelmente tecido de ordem, de desordem e de organização.
Essas noções são complementares e, no que se refere à ordem e desordem, são antagonistas, até
mesmo contraditórias. Isso nos mostra que a complexidade é uma noção lógica.
A partir do momento em que há uma profundeza do universo, em que a distinção não é mais
possível e em que a separação não existe mais, então, passa a ser evidente que o real não se
consome na ideia de ordem, nem na ideia de desordem, nem na da organização. Elas são
indispensáveis para conceber o mundo dos fenômenos, mas não o mistério de onde nascem os
fenômenos. Dito de outro modo, a ordem e a desordem, como a causalidade, como a
necessidade e, acrescenta, como a organização, são necessárias para conceber o mundo dos
fenômenos.
De acordo com o texto, o sociólogo ou o "político" vive uma situação esquizofrênica. Por um
lado, sua experiência subjetiva, como a de todo ser humano, é a de sua relativa liberdade, sua
responsabilidade, seus deveres, suas intenções; vê a sua volta não só determinismos, mas
também atores com os quais estão em relação de competição, de conflito ou de cooperação. A
partir daí, há o divórcio total entre essa visão subjetiva "vivida" e a visão dita científica.
O que se passa atualmente no domínio das ciências sociais, na realidade, é que, segundo Morin,
há duas sociologias em uma. Há a sociologia que se pretende científica e a que resiste a essa
cientificação.
Define no texto, a situação paradoxal do ser humano, que é e pode ser o mais autônomo e o
mais subjugado; as subjugações que lhe são impostas inibem ou suprimem sua liberdade. Mas
sua autonomia só se pode afirmar e fazer emergir suas überdades nas e pelas dependências. Isso
quer dizer, que fazemos a história que nos faz; somos jogados e jogadores na sociedade.
Dependemos da sociedade, que depende de nós; a sociedade parece-nos um ser transcendente
externo e superior que se nos impõe, mas ela só existe por nós e desaparece totalmente logo que
cessam as interações dos indivíduos; de fato, nós nos coproduzimos mutuamente: os indivíduos
fazem a sociedade, que, por meio da cultura, faz os indivíduos. A autonomia da sociedade
depende dos indivíduos, cuja autonomia depende da sociedade.
Segundo Morin, é evidente que não existe um "paradigma de complexidade'' no mercado. Mas
o que aparece aqui e ali, nas ciências, é uma problemática da complexidade, baseada na
consciência da não eliminabilidade daquilo que era eliminado na concepção clássica da
inteligibilidade; essa problemática deve animar uma busca dos modos de inteligibilidade
adequados a essa conjuntura.
Apresenta então doze mandamentos, sendo a formulação da hipótese de que um paradigma de
complexidade poderia ser constituído na e pela conjunção desses princípios de inteligibilidade.
Assim, se esforça para extrair um princípio de complexidade comportando esses doze
"mandamentos".

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