RECURSO ORDINÁRIO - 03VT de Diadema RECORRENTE: 1. JOSÉ DA SILVA 2. ARAGUAIA CONSTRUTORA BRASIL RODOVIAS S/A RECORRIDO: 1. VIGEL MÃO DE OBRA TEMPORÁRIA LTDA 2. POLO LOCADORA DE BENS LTDA
ACORDAM os Juízes da 12ª TURMA
do Tribunal Regional do Trabalho da Segunda Região em: por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso ordinário do reclamante, para reconhecer o vínculo empregatício com a empresa Araguaia Construtora Brasileira de Rodovias S/A, a partir de 19/11/2001, na função de operador de rolo, com salário conforme reajustes normativos, acrescendo-se a condenação FGTS + 40%, horas extras, férias em dobro acrescidas de 1/3 e 13º proporcional relativas ao referido período, devendo a 3ª recorrida (Polo Locadora de Bens Ltda.) responder solidariamente pelos créditos deferidos; por igual votação, NEGAR PROVIMENTO ao recurso interposto pela empresa Araguaia Construtora Brasileira de Rodovias S/A. Mantém-se o valor arbitrado a condenação para efeitos de custas processuais.
São Paulo, 12 de Junho de 2008.
NELSON NAZAR PRESIDENTE E RELATOR
PROCESSO TRT/SP Nº 01014200626302002
RECURSO ORDINÁRIO RECORRENTES: 01) JOSÉ DA SILVA 02) ARAGUAIA CONSTRUTORA BRASILEIRA DE RODOVIAS S/A RECORRIDOS: 01) VIGEL MÃO-DE-OBRA TEMPORÁRIA LTDA. 02) POLO LOCADORA DE BENS LTDA. ORIGEM : 3ª VARA DO TRABALHO DE DIADEMA
Inconformado com a r. sentença de fls. 311/318, complementada pelas
decisões proferidas em sede de embargos declaratórios (fls. 343 e 348), que julgou parcialmente procedente a reclamação trabalhista, interpõe o reclamante o RECURSO ORDINÁRIO de fls. 339/342, postulando, em resumo, o reconhecimento do vínculo empregatício a partir de 19/11/2001. A reclamada ARAGUAIA CONSTRUTORA BRASILEIRA DE RODOVIAS S/A, por sua vez, interpõe o RECURSO ORDINÁRIO de fls. 354/360, postulando a reforma da sentença nos seguintes aspectos: a) horas extras; b) acordo de compensação; e c) férias. Contra-razões da reclamada Araguaia Construtora Brasileira de Rodovias S/A (fls. 350/353) e do reclamante (fls. 384/391). É o relatório.
V O T O
Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço dos recursos
ordinários.
DO RECURSO DO RECLAMANTE
Postula o reclamante o reconhecimento do vínculo empregatício no
período anterior ao reconhecido pelo Juízo de origem, qual seja, de 19/11/2001 a 01/03/20002. Não obstante o posicionamento do Juízo a quo, da análise do conjunto probatório realizado nos autos, não se verifica contradição entre o depoimento prestado pela 2ª testemunha trazida pelo reclamante (Sr. Sebastião dos Santos) e as informações prestadas na audiência de instrução de sua própria reclamação trabalhista (fls. 289). Assim, tem-se que restou plenamente demonstrado por meio do depoimento da testemunha Sebastião dos Santos o labor, na função de operador de rolo, no ano de 2001. Senão vejamos (fls. 93):
5) que quando chegava no canteiro de obras o reclamante sempre estava
trabalhando como rolista, inclusive em 2001; Dessa forma, considerando a comprovação da prestação de serviços no período anterior ao reconhecido pelo Juízo de origem, impõe-se a reforma da sentença para reconhecer o vínculo empregatício com a empresa Araguaia Construtora Brasileira de Rodovias S/A, a partir de 19/11/2001, na função de operador de rolo, com salário conforme reajustes normativos, acrescendo-se a condenação FGTS + 40%, horas extras, férias em dobro acrescidas de 1/3 e 13º proporcional relativas ao referido período, devendo a 3ª recorrida (Polo Locadora de Bens Ltda.) responder solidariamente pelos créditos deferidos, tendo em vista pertencerem ao mesmo grupo econômico, conforme reconhecido pelo Juizo a quo.
DO RECURSO DA RECLAMADA
HORAS EXTRAS
Sustenta a reclamada, inicialmente, que o depoimento da testemunha
Jocely Borges dos Santos não pode ser considerado válido, vez que conflita com os termos de sua própria reclamação trabalhista no que tange a jornada de trabalho. Alega a recorrente que referida testemunha, na qualidade de autora, reconheceu a veracidade das anotações de horário constantes dos cartões de ponto, enquanto, como testemunha, afirmou a incorreção dos referidos registros. Postula, por fim, a expedição de ofícios ao Ministério Público para apuração de eventual crime de falso testemunho. O inconformismo não prospera, na medida em que a pretensão da reclamada quanto ao reconhecimento da jornada registrada nos cartões de ponto é inócua por não ter a recorrente colacionada aos autos, como lhe incumbia, os referidos cartões, o que leva a prevalência dos horários descritos na inicial. Nesse sentido a Súmula nº 338, inciso I, do C. TST:
338 - Jornada de trabalho. Registro. Ônus da prova.
(Res. 36/1994, DJ 18.11.1994. Redação alterada - Res 121/2003, DJ 19.11.2003. Nova redação em decorrência da incorporação das Orientações Jurisprudenciais nºs 234 e 306 da SDI-1 - Res. 129/2005, DJ. 20.04.2005) I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de freqüência gera presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. (ex-Súmula nº 338 - Res 121/2003, DJ 19.11.2003) (grifo nosso)
Destarte, nenhum reparo está a merecer a r. decisão que acolheu como
corretos os poucos cartões de ponto acostados aos autos, prevalecendo, para os períodos restantes, a jornada descrita na exordial. Melhor sorte não socorre a recorrente quanta a compensação de jornada, vez que não foi acostado aos autos qualquer acordo com o objeto em questão, descumprindo, portanto, os termos do art. 59 da CLT. Por fim, não há que se falar no deferimento de expedição de ofício ao Ministério Público para apuração de eventual crime de falso testemunho, já que inexistem indícios da prática de falsidade.
FÉRIAS
Alega a recorrente ser indevida a condenação, uma vez que restou
cabalmente comprovado nos autos o gozo de férias coletivas todo final de ano. Razão, contudo, não assiste a recorrente. Como bem salientou o Juízo da Vara de origem, a reclamada não comprovou o cumprimento das regras atinentes as férias coletivas constantes dos arts. 139, 140 e 141 da CLT, in verbis (fls. 314):
Estabelece a CLT por meio dos artigos 139/141 as regras para a
concessão de férias coletivas, incluindo a comunicação ao Sindicato. A reclamada em momento algum cuidou de juntar essa prova documental, não havendo nos autos prova da comunicação prévia com fixação das datas de descanso, nem o pagamento discriminado em documento próprio. Note-se ainda, que a testemunha da ré nada prova sobre o tema, havendo notícias da primeira testemunha do autor, Jocely, do trabalho durante o final do ano. Assim, não há prova do descanso de qualquer férias. Assim, defiro os pedidos "4 e 6", com exceção do período anterior a 01 de março de 2002, autorizado a compensação de valores pagos sob idênticos títulos.
Destarte, mantenho a decisão.
Em vista do exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao recurso ordinário do
reclamante, para reconhecer o vínculo empregatício com a empresa Araguaia Construtora Brasileira de Rodovias S/A, a partir de 19/11/2001, na função de operador de rolo, com salário conforme reajustes normativos, acrescendo-se a condenação FGTS + 40%, horas extras, férias em dobro acrescidas de 1/3 e 13º proporcional relativas ao referido período, devendo a 3ª recorrida (Polo Locadora de Bens Ltda.) responder solidariamente pelos créditos deferidos; e NEGO PROVIMENTO ao recurso interposto pela empresa Araguaia Construtora Brasileira de Rodovias S/A. Mantenho o valor arbitrado a condenação para efeitos de custas processuais.
NELSON NAZAR Desembargador Federal do Trabalho Relator a/4