Sie sind auf Seite 1von 501

MINISTÉRIO DAS CIDADES

Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental


Programa de Modernização do Setor Saneamento – PMSS
Unidade de Gerenciamento do Programa - UGP

EXAME DA P ARTICIPAÇÃO DO SETOR


PRIV ADO NA PROVISÃO DOS SERVIÇOS DE
AB ASTECIMENTO DE ÁGUA E DE
ESGOTAMENTO SANITÁRIO NO BR ASIL

PRODUTO FINAL

São Paulo, 30 de Outubro de 2008.


Exame da Participação do Setor Privado na Provisão dos Serviços de Abastecimento
de Água e de Esgotamento Sanitário no Brasil / CONSÓRCIO INECON/FUNDAÇÃO
GETULIO VARGAS; coord.: Ricardo Ramos Robles; vice-coord.: Francisco Humberto
Vignoli; ... [et.al.]. – São Paulo: 2008.
487 p.

1. Setor privado - Brasil. 2. Abastecimento de água - Brasil. 3. Saneamento - Brasil. 4.


Eficiência organizacional. I. CONSÓRCIO INECON/FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS. II.
Robles, Ricardo Ramos. III. Vignoli, Francisco Humberto. IV. Título.

CDU 628.1/.3(81)

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Karl A. Boedecker – Fundação Getulio Vargas

MINISTERIO DAS CIDADES


Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental
Programa de Modernização do Setor Saneamento – PMSS
Unidade de Gerenciamento do Programa – UGP
SCN Quadra 1B – 8º andar – Brasília - DF

INECON, Ingenieros y Economistas Consultores S.A.


Villavicencio 361 – Of. 105 – Santiago – Chile

Fundação Getulio Vargas


Sede: Praia de Botafogo, 190 – Rio de Janeiro – RJ - Brasil

2
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

EQUIPE TÉCNICA

INECON FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Ricardo Ramos Robles Francisco Humberto Vignoli


(Coordenador) (Vice- Coordenador)

Alejandro Bontes Guerrero Daniella Griese Camargo

Alvaro Valencia Euclides Pedrozo Júnior

Ana Clavijo Fábio Borges Ribeiro

Andrea Gutiérrez Francisco Rózsa Funcia

Bruno Ibaceta Frederico de Araújo Turolla

Carlos Cordero José Cláudio Belfort

Carlos Diaz Maria Antonieta Del Tedesco Lins

Jorge Ducci Palma Ricardo Pereira da Silva

Juan Bertucci Thelma Ohira

Omar Medel Tiago Cacique Moraes

Sergio Sapag Wilton de Oliveira Bussab

3
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ............................................................................................................... 16

Estrutura do Relatório ....................................................................................................... 32

1. OBJETIVOS, METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO ....... 35

1.1. Objetivos Gerais............................................................................................... 35

1.2. Objetivos Específicos ...................................................................................... 35

1.3 Alcance do Estudo ........................................................................................... 36

1.4 Enfoque Metodológico Geral ........................................................................... 39

1.5. Metodologia Aplicada para Avaliação de Impacto ......................................... 40

1.6. Desenvolvimento do Trabalho e Disponibilidade de Informações ............... 42

1.6.1. Análise do Banco de Dados do SNIS.............................................................. 42

1.6.2. Desenvolvimento Geral da Coleta de Informações........................................ 43

1.6.3. Fontes de Informações Primárias ................................................................... 44

1.6.4. Fontes de Informações Secundárias .............................................................. 45

1.6.5. Conclusões a respeito da Coleta de Informação e Recomendações ........... 46

2. ANÁLISE DO CONTEXTO GERAL DA PARTICIPAÇÃO DO SETOR


PRIVADO .......................................................................................................... 47

2.1. O Contexto da Crise Fiscal e a Diminuição da Participação do Estado


na Economia .................................................................................................... 47

2.1.1. QUADRO da Crise Fiscal nas Décadas de 1980 e 1990 ................................. 48

2.1.2. O Processo de Privatização ............................................................................ 53

2.2. Análise Geral do Entorno Regulatório ............................................................ 55

2.2.1. Provisão e Operação de Serviços Públicos no Brasil – O Ambiente de


Provisão e Operação de Infra-Estrutura no Brasil ......................................... 55

2.2.1.1. Contrato Público-Privado no Brasil ................................................................ 56

2.2.1.2. Dificuldades Pós-Contratuais ......................................................................... 58

5
2.2.2. Evolução do Marco Regulatório do Saneamento no Brasil........................... 61

2.2.2.1. Situação Antes do Planasa (1971) .................................................................. 61

2.2.2.2. Período Planasa (1971-1986) ........................................................................... 62

2.2.2.3. Período Pós-Planasa (1986-2007) ................................................................... 64

2.2.2.4. A Lei do Saneamento (Lei 11.445/2007) .......................................................... 66

2.2.2.5. A Lei Nº 11.107 e o Setor de Saneamento ...................................................... 68

2.2.3. Regulação Subnacional do Saneamento do Brasil........................................ 68

2.2.3.1. Marcos Regulatórios Estaduais ...................................................................... 68

2.2.3.2. Marcos Regulatórios Municipais..................................................................... 70

2.2.4. Incentivos Regulatórios Do Sistema de Financiamento................................ 71

2.2.4.1. Processos Federais de Financiamento .......................................................... 71

2.2.4.2. PAC – Programa de Aceleração do Crescimento (2007) ............................... 73

2.2.5. Aspectos da Regulação Tarifária no Brasil .................................................... 74

2.2.5.1. Regulação Tarifária no Brasil .......................................................................... 76

2.2.5.2. Evolução do Financiamento no Setor de Saneamento.................................. 77

2.2.5.3. Financiamento sob a Ótica dos Financiadores .............................................. 77

2.2.5.4. Financiamento sob a Ótica dos Prestadores ................................................. 81

2.3. Análise das Interfaces do Setor de Saneamento ........................................... 83

2.3.1. O Marco Legal de Recursos Hídricos ............................................................. 83

2.3.2. O Marco Legal e Institucional da Saúde ......................................................... 84

2.3.3. O Marco Legal de Finanças Públicas.............................................................. 86

2.3.4. O Marco Legal do Meio Ambiente ................................................................... 88

2.3.5. O Marco Legal de Desenvolvimento Urbano .................................................. 89

2.3.6. Análises das Variáveis Institucionais ............................................................. 90

2.3.6.1. Relação entre Tamanho e PSP ........................................................................ 91

2.3.6.2. Situação Anterior ............................................................................................. 92

2.3.6.3. Grau de Definição de Titularidade de Participação Estadual ........................ 93

2.3.6.4. O Caso do Mato Grosso................................................................................... 94

6
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

2.3.6.5. O Caso do Rio de Janeiro ................................................................................ 94

2.3.7. Regulação do Operador Privado ..................................................................... 95

2.3.7.1. Regulação Econômica e Regulação Geral ..................................................... 95

2.3.7.2. Regulação Técnica – Fiscalização e Vigilância Sanitária .............................. 96

2.3.7.3. Modalidade da PSP .......................................................................................... 96

2.3.7.4. Substrato Legal ................................................................................................ 98

2.3.7.5. Origem do Operador ........................................................................................ 98

2.3.7.6. Financiador e Forma de Financiamento ......................................................... 99

2.3.7.7. Ambiente Político ........................................................................................... 100

2.3.8. Modelos de PSP no Brasil ............................................................................. 102

2.3.8.1. Modelo 1: Saída/Enfraquecimento de CESB ............................................... 103

2.3.8.2. Modelo 2: Substituição de Operador Local .................................................. 104

2.3.8.3. Modelo 3: Modelo Complementar ................................................................. 104

2.3.8.4. Modelo 4: Yardstick Interno .......................................................................... 105

2.3.8.5. Observações Finais: Sumário dos Modelos de PSP ................................... 105

3. ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DO ENTORNO DOS CASOS DAS PSP


ESTUDADAS .................................................................................................. 107

3.1. Aspectos Conceituais e Metodológicos ....................................................... 107

3.2. Análise Qualitativa do Entorno das PSP ...................................................... 108

3.3. Análise Qualitativa das Metas Contratuais .................................................. 130

3.4. Conclusões..................................................................................................... 135

4. RESULTADOS DO IMPACTO NO DESEMPENHO ........................................ 139

4.1. Impacto nos Níveis de Cobertura.................................................................. 139

4.1.1. Metodologias Específicas Utilizadas ............................................................ 140

4.2. Resultados Obtidos ....................................................................................... 142

4.3. Indicadores Relacionados ao Desempenho Operacional e Comercial ...... 147

4.3.1 Economias por Funcionário .......................................................................... 147

7
4.3.2. Perdas em Distribuição e Cobertura de Hidrometração .............................. 151

4.3.3. Evasão de Receitas ........................................................................................ 153

4.4. Aspectos Financeiros e Investimentos ........................................................ 153

5. RESULTADOS DAS PESQUISAS DOS USUÁRIOS ...................................... 157

5.1. Aspectos Metodológicos do Levantamento de Dados ................................ 157

5.1.1. Pesquisa de Satisfação: População de Interesse ........................................ 157

5.1.2. Estratos........................................................................................................... 158

5.1.3. Plano Amostral ............................................................................................... 162

5.1.4. Amostra .......................................................................................................... 165

5.1.5. Desempenho do Campo ................................................................................ 170

5.1.6. Cálculo dos Pesos ......................................................................................... 171

5.1.6.1. Nomenclatura ................................................................................................. 171

5.1.7. Estimadores.................................................................................................... 172

5.2. Pesquisa de Impacto...................................................................................... 173

5.2.1 Unidade de Análise ........................................................................................ 173

5.2.2. Sistema de referência. ................................................................................... 173

5.2.3. Amostra .......................................................................................................... 173

5.2.4. Distribuição de Renda ................................................................................... 174

5.2.5. Produto Final .................................................................................................. 176

5.3. Análise da Satisfação dos Usuários ............................................................. 176

5.3.1. Antecedentes.................................................................................................. 176

5.3.1.1. Agrupando os Municípios de Acordo com Suas Semelhanças .................. 177

5.3.1.2. Isolando o Efeito das PSP ............................................................................. 180

5.3.1.3. Contextualizando a Análise ........................................................................... 181

5.3.1.4. Considerações Estatísticas Prévias ............................................................. 182

5.3.1.5. Resultados ...................................................................................................... 182

5.3.2. Análise dos Municípios Não- Maduros ......................................................... 188

8
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

5.3.2.1. Pré-julgamento em Relação às PSP. ............................................................ 188

5.3.2.2. Mudanças na Percepção de Qualidade do Serviço ..................................... 191

5.3.2.3. Conclusões..................................................................................................... 195

5.3.3. Análise dos Municípios Maduros da Região Centro-Oeste......................... 196

5.3.3.1. Pré-julgamento em Relação à PSP. .............................................................. 196

5.3.3.2. Mudanças na Percepção de Qualidade do Serviço ..................................... 199

5.3.3.3. Conclusões..................................................................................................... 205

5.3.4. Análise dos Municípios Maduros da Região Norte ...................................... 206

5.3.4.1. Pré-julgamento em relação à PSP................................................................. 206

5.3.4.2. Mudanças na Percepção de Qualidade do Serviço ..................................... 210

5.3.4.3. Conclusões..................................................................................................... 215

5.3.5. Análise dos Municípios Maduros / Regiões Sul- Sudeste ........................... 216

5.3.5.1. Pré-julgamento em Relação às PSPs ........................................................... 216

5.3.5.2. Mudanças na Percepção da Qualidade de Serviço...................................... 220

5.3.5.3. Conclusões..................................................................................................... 224

5.3.6. Conclusões Gerais ......................................................................................... 225

5.4. Análise da Pesquisa de Novos Conectados ................................................ 227

5.5. Serviço de Água Potável Canalizada ............................................................ 228

5.5.1. Serviço de Esgotamento Sanitário ............................................................... 234

5.5.2. Avaliação Geral do Serviço Prestado ........................................................... 236

5.5.3. Conexões Segundo o Nível de Renda .......................................................... 237

5.6. Conclusões..................................................................................................... 239

6. IMPACTO NO BEM-ESTAR, TARIFAS E MODICIDADE ................................ 241

6.1. Indicadores Relacionados a Tarifas e Modicidade ...................................... 241

6.1.1. Análise da Evolução das Tarifas ................................................................... 241

6.1.1.1. Tarifa Social.................................................................................................... 244

6.1.2. Análise de Modicidade das Tarifas ............................................................... 244

9
6.2. Medição de Impacto no Bem-Estar ............................................................... 246

6.2.1. Serviço de Água ............................................................................................. 247

6.2.2. Serviço de Esgoto .......................................................................................... 247

6.3. Resultados ...................................................................................................... 249

7. IMPACTO FISCAL ........................................................................................... 253

7.1. Introdução ...................................................................................................... 253

7.2. Dos Conceitos ................................................................................................ 253

7.2.1. Impacto Fiscal ................................................................................................ 253

7.2.2. Resultados Fiscais ......................................................................................... 254

7.2.2.1. Resultado Primário ........................................................................................ 254

7.2.2.2. Resultado Orçamentários .............................................................................. 255

7.2.3. Dívida Consolidada Líquida (DCL) ................................................................ 255

7.3. Da Metodologia de Análise ............................................................................ 256

7.4. Dos Resultados .............................................................................................. 259

7.4.1. A Dinâmica Fiscal Municipal: Uma Introdução Necessária ......................... 259

7.4.2. Resultado Orçamentário ................................................................................ 260

7.4.3. Resultado Primário ........................................................................................ 262

7.4.4. Serviço da Dívida ........................................................................................... 264

7.4.5. Dívida Consolidada Líquida .......................................................................... 265

7.4.6. Gastos com Saúde e Educação .................................................................... 266

7.5. Considerações Finais .................................................................................... 269

8. INTEGRAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................... 271

8.1. Cruzamento de Resultados em Relação a Algumas Variáveis


Qualitativas..................................................................................................... 271

8.1.1. Metodologia .................................................................................................... 271

8.1.2. Resultados ...................................................................................................... 273

8.1.3. Conclusões ..................................................................................................... 275

10
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

8.2. Integração dos Resultados de Impacto no Desempenho e nos


Usuários ......................................................................................................... 276

8.2.1. Desempenho Operacional e Financeiro ....................................................... 276

8.3. Integração pela Perspectiva dos Usuários................................................... 280

8.4. Cruzamento com Variáveis Qualitativas e Conclusões............................... 282

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................. 287

ANEXOS

ANEXO 1- Análise da Incorporação das PSP nos Níveis de Coberturas de


Distribuição de Água e de Coleta de Esgoto ............................................... 293

1.1. Resultados...................................................................................................... 296

1.2. Metodologia Complementar para a Análise de Tendências das


Coberturas ...................................................................................................... 302

1.3. Resultados da Metodologia Complementar ................................................. 306

ANEXO 2- Análise de Evasão de Receita e Cobertura de Micromedição ................... 311

2.1. Metodologia .................................................................................................... 311

2.2. Resultados: evasão de receita, evolução, e início da operação ................. 311

2.2.1. Níveis Atuais .................................................................................................. 312

2.2.2. Coberturas de Micromedição ........................................................................ 313

2.3. Conclusão....................................................................................................... 315

ANEXO 3- Análise dos Indicadores de Economias por Funcionários e de Perdas.... 318

3.1. Metodologia .................................................................................................... 318

3.2. Antes e Depois da PSP .................................................................................. 321

3.3. Incorporação de Indicadores de Qualidade ................................................. 323

3.4. Análise da Evolução dos Indicadores de Perdas em Distribuição ............. 324

11
3.5. Conclusão ....................................................................................................... 328

ANEXO 4 - Análise de Indicadores Financeiros e de Endividamento das PSP e


Quantificação dos Investimentos e Fontes de Financiamento ................... 341

4.1- Análise Global: Impacto no Desempenho Operacional das Empresas ...... 342

4.1.1. Impacto no Desempenho Financeiro das Empresas ................................... 342

4.1.2. Impacto nos Investimentos ........................................................................... 343

4.2. Análise por Empresa ...................................................................................... 343

4.2.1. Águas de Itapema S.A. ................................................................................... 343

4.2.2. Águas de Paranaguá S.A. .............................................................................. 344

4.2.3. Águas de Guariroba S.A. ............................................................................... 345

4.2.4. Águas de Guarantã Ltda. ............................................................................... 347

4.2.5. Águas de Sorriso Ltda. .................................................................................. 348

4.2.6. Águas de Matupá Ltda. .................................................................................. 349

4.2.7. Águas de Santa Carmem Ltda. ...................................................................... 350

4.2.8. Águas de União do Sul Ltda. ......................................................................... 350

4.2.9. Serviço de Tratamento de Água e Esgoto Ltda. (SETAE) ........................... 351

4.2.10. Ambient - Serviços Ambientais de Ribeirão Preto S.A. ............................... 352

4.2.11. Águas de Cláudia Ltda. .................................................................................. 353

4.2.12. Águas de Cajamar S.A. .................................................................................. 354

4.2.13. Águas de Carlinda Ltda. ................................................................................ 355

4.2.14. Águas de Cachoeiro S.A. ............................................................................... 356

4.2.15. Ecosama (Mauá) S.A. ..................................................................................... 357

4.2.16. Águas de Limeira S.A. ................................................................................... 358

4.2.17. Águas de Juturnaíba S.A. .............................................................................. 359

4.2.18. Águas de Paraíba S.A. ................................................................................... 360

4.2.19. Águas de Niterói S.A. ..................................................................................... 362

4.2.20. Águas Imperador S.A. .................................................................................... 363

4.2.21. Águas de Pontes e Lacerda Ltda. ................................................................. 364

12
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

4.2.22. Companhia Matonense de Saneamento ....................................................... 365

4.2.23. Águas de Primavera Ltda. ............................................................................. 366

4.2.24. Águas de Guará.............................................................................................. 367

4.2.25. Águas do Amazonas ...................................................................................... 368

4.2.26- Ciágua Concessionária de Águas de Mairinque .......................................... 369

4.2.27. Saneatins - Palmas ........................................................................................ 370

4.2.28. Companhia de Saneamento de Jundiaí ........................................................ 371

4.2.29. Prolagos S.A. .................................................................................................. 372

ANEXO 5- Evolução da Receita, Tarifas e Modicidade ................................................ 379

5.1. Evolução das Tarifas ..................................................................................... 379

5.1.1. Resultados...................................................................................................... 380

5.2. Tarifa Social.................................................................................................... 383

5.3. Evolução da Receita ...................................................................................... 385

5.4. Análise de Modicidade das Tarifas ............................................................... 387

5.5. Conclusão....................................................................................................... 389

ANEXO 6- “O Entorno do Entorno”: Análise do “Entorno Institucional” com


base nos Editais e Contratos ........................................................................ 409

6.1. Considerações Iniciais .................................................................................. 409

6.2. Natureza das Concessões e Metodologia de Estudo .................................. 410

6.2.1. Conhecimento da Demanda .......................................................................... 411

6.2.2. Capacidade de contextualizar as necessidades da Administração ........... 412

6.2.2.1. Conceituação do “Serviço Adequado” ......................................................... 412

6.2.2.2. Definição de obras, metas elementares e demais condições mínimas


para atendimento ao conceito de Serviço Adequado conceituado ............ 413

6.2.2.3. Formalização dos instrumentos convocatórios .......................................... 415

6.3. Conclusões..................................................................................................... 417

13
ANEXO 7- Questionários ................................................................................................ 419

ANEXO 8- Análise da Evolução da Cobertura de Distribuição de Água e Coleta


de Esgoto por Caso ....................................................................................... 447

ANEXO 9- Análise do Banco de Dados do SNIS ........................................................... 453

9.1. Metodologia .................................................................................................... 453

9.2. Análises por Período ..................................................................................... 454

9.3. Análise Segundo a Classificação das Variáveis .......................................... 459

9.4. Conclusões e Recomendações ..................................................................... 462

ANEXO 10- Desenvolvimento da Coleta de Informações e Resultados..................... 463

10.1. Desenvolvimento Geral da Coleta de Informações...................................... 463

10.1.1. Coleta de Dados Quantitativos...................................................................... 465

10.1.2. Respostas Obtidas em Relação às Informações Solicitadas ...................... 469

10.1.3. Considerações finais a respeito da qualidade da informação .................... 478

10.2. Estudos de População Utilizados na Análise da Evolução da


Cobertura de Distribuição de Água e Coleta de Esgoto.............................. 479

10.2.1. Metodologia da Projeção da População Urbana e Rural dos Municípios .. 479

10.2.2. Metodologia da projeção dos domicílios particulares permanentes


totais dos municípios (1989-2006) ................................................................ 481

ANEXO 11- Metodologia para Medição de Impacto ou Resultados Finais ................ 483

11.1. Metodologia Para Medição de Impacto: Serviço de Água Potável ............. 483

11.2. Metodologia para Medição de Impacto: Serviço de Esgoto ........................ 487

11.3. Principais Resultados nas Medições de Impacto. ....................................... 488

11.3.1. Revisão da Informação Disponível para a Análise. ..................................... 488

11.3.2. Análise das Variáveis que Determinam o Excedente do Consumidor. ...... 489

11.3.2.1. Análise das Economias ................................................................................. 490

11.3.2.2. Análise de Volumes Produzidos, Consumidos e Faturados ....................... 491

14
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

11.3.2.3. Análise do Faturamento Médio ..................................................................... 492

11.3.3 Resultados para o Serviço de Água Potável ................................................ 495

11.3.4. Resultados para o Serviço de Esgoto .......................................................... 498

15
ÍNDICE DE QUADROS

QUADRO 2.1 - Endividamento Externo do Brasil 1974-1984 .......................................... 48

QUADRO 2.2 - Investimentos e Inversões Financeiras da União¹ 1981-1984 (R$


milhões/2007) ............................................................................................ 48

QUADRO 2.3 - Necessidade de Financiamento do Setor Público - Primário¹ -


1998-2006 (% do PIB) ................................................................................ 52

QUADRO 2.4 - Número e Percentual de Concessões Renegociadas na América


Latina e no Caribe, por país e por setor, entre meados dos anos
80 e 2000. ................................................................................................... 59

QUADRO 2.5 - Incidência de Renegociação Contratual no Setor de Saneamento


de Acordo com as Características ........................................................... 60

QUADRO 2.6 - Regulação subnacional: agências estaduais ......................................... 69

QUADRO 2.7 - Regulação Subnacional: Agências Municipais ...................................... 70

QUADRO 2.8 - Processos Federais de Financiamento nos Anos Noventas ................. 72

QUADRO 2.9 - Recursos do PAC-Saneamento ............................................................... 73

QUADRO 2.10 - Despesa da União na Função Saneamento (Orçamento Fiscal e


da Seguridade Social)............................................................................. 79

QUADRO 2.11 - Investimentos dos prestadores e suas fontes, SNIS 2006. ................. 82

QUADRO 2.12 - Proporção de doenças infecciosas eparasitárias nas


internações do SUS ................................................................................ 86

QUADRO 2.13 - Causas da ausência de demanda e oferta por PSP em pequenas


localidades no Peru ................................................................................ 92

QUADRO 2.14 - Principais Casos de Envolvimento Estadual nos Processos PSP ...... 94

QUADRO 2.15 - Resumo dos Principais Elementos dos Tipos Contratuais ................. 98

QUADRO 2.16 - Modelos de PSP no Brasil.................................................................... 106

QUADRO 7.1 - Concessões Plenas ................................................................................ 258

QUADRO 7.2 - Resultado Orçamentário Antes e Depois da Concessão ..................... 261

QUADRO 7.3 - Resultado Orçamentário a partir da vigência da Lei de


Responsabilidade Fiscal......................................................................... 262

QUADRO 7.4 - Resultado Primário (em R$ 1.000 de Dezembro de 2006) .................... 263

QUADRO 7.5 - Resultado Primário (em R$ 1.000 de Dezembro de 2006) .................... 264

16
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

QUADRO 7.6 - Serviço da Dívida/RCL (em %) ............................................................... 265

QUADRO 7.7 - DCL/RCL (em %) ..................................................................................... 266

QUADRO 7.8 - Despesas com Pessoal e Encargos, Investimentos, Educação e


Saúde (em % da RCL) ............................................................................. 267

QUADRO A8.1 - Porcentagem Rural em População Atendida² .................................... 449

17
ÍNDICE DE TABELAS

TABELA 1.1 - PSP por Municipio, Região e Modalidade ................................................. 37

TABELA 1.2 - Proporção de Documentos Obtidos .......................................................... 44

TABELA 1.3 - Proporção de Respostas: Informação Quantitativa ................................. 44

TABELA 2.1 - Poupança Externa e Doméstica 1979-1989 (% do PIB) ........................... 50

TABELA 2.2 - Gastos Sociais da União¹ - 1985-1994 (R$ milhões/2007) ....................... 51

TABELA 2.3 - Receita de Privatização 1991-1999 (US$ milhões) ................................... 54

TABELA 2.4 - Gasto Federal com Saneamento por Órgão milhões (r$). ....................... 79

TABELA 2.5 - Desembolsos Não-Onerosos Efetuados pelo Governo Federal para


Saneamento, R$ milhões. ........................................................................... 79

TABELA 2.6 - Peso da Tributação na Receita Total dos Prestadores ........................... 82

TABELA 3.1 - Situação Geográfica e Características dos Casos das PSP


Examinadas no Estudo ............................................................................. 109

TABELA 3.2 - Prazos do Contrato e Datas Relevantes do Processo Prévio ............... 113

TABELA 3.3 - Caracterização do Processo de Licitação e Tipo de Prestador


antes da PSP.............................................................................................. 119

TABELA 3.4 - Mecanismo de Revisão da Estrutura Tarifaria e Entidade de


Fiscalização ............................................................................................... 122

TABELA 3.5 – Resultados do Cruzamento entre a Avalição do Impacto dos


Conflitos Iniciais e a Continuidade Política ............................................. 130

TABELA 4.1 - Resultados das Coberturas de Distribuição de gua ............................... 142

TABELA 4.2 - Resultados das Coberturas de Coleta de Esgoto................................... 143

TABELA 4.3 - Resultados do Cumprimento de Metas para Serviço de água


Segundo Tamanho¹ ................................................................................... 144

TABELA 4.4 - Resultados do Cumprimento de Metas para Serviço de esgoto


Segundo Tamanho .................................................................................... 144

TABELA 4.5 - Impacto na Evolução da Cobertura de Água e Cumprimento de


Metas .......................................................................................................... 145

TABELA 4.6 - Impacto na Evolução da Cobertura de Esgoto e Cumprimento de


Metas .......................................................................................................... 146

18
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA 4.7 – Resuldados da Evolução dos Indicadores de Economias por


funcionário Próprio ................................................................................... 148

TABELA 4.8 - Resuldados da Evolução dos Indicadores de Economias por


funcionário Equivalente ............................................................................ 148

TABELA 4.9 – Distribuição da Taxa de Crescimento Médio Anual do Indicador de


Economias por Funionário Próprio .......................................................... 149

TABELA 4.10 - Distribuição da Taxa de Crescimento Médio Anual do Indicador


de Economias por Funionário Equivalente ............................................. 149

TABELA 4.11 - Evolução das Perdas Percentuais em Distribuição ............................ 151

TABELA 4.12 - Evolução da Cobertura de Hidrometraçâo ........................................... 153

TABELA 4.13 - Evolução da Evasão Anual de Receita .................................................. 153

TABELA 4.14 - Comparação de Indicadores Financeiros do Subgrupo de


Empresas ................................................................................................... 154

TABELA 4.15 - Indicadores Financeiros das PSP Brasil Versus Indicadores


Internacionais ............................................................................................ 155

TABELA 5.1 - Relação das Eempresas Concessionárias de Serviços de Água e


Esgoto, Segundo Algumas Características ............................................. 158

TABELA 5.2 - Processo de Eliminação e Agrupamento de Municípios. ..................... 160

TABELA 5.3 - Processo de Eliminação e Agrupamento de Municípios. ..................... 161

TABELA 5.4 - Distribuição dos Municípios Segundo a Região e a Maturidade


dos Municípios. ......................................................................................... 162

TABELA 5.5 - Número de Ligações Ativas e Municípios por Estrato. ......................... 162

TABELA 5.6 - Dados do Universo da Pesquisa de Satisfação e Impacto .................. 163

TABELA 5.7 - Estratos, Zonas, Municípios Sorteados e Alocação da Amostra ......... 167

TABELA 5.8- Unidades Sorteadas e Respectivas Alocações. ..................................... 169

TABELA 5.9 - Desempenho da Amostra em Campo. .................................................... 171

TABELA 5.10 - Universo da Pesquisa de Impacto Segundo dados do SNIS e


Censo 2000 ................................................................................................ 174

TABELA 5.11 - Distribuição das Rendas nos Municípios da Pesquisa. ...................... 175

TABELA 5.12 - Universo de Municípios Maduros ......................................................... 178

TABELA 5.13 - Universo de Municípios Não-Maduros ................................................. 179

TABELA 5.14 - Avaliação das Mudanças na Qualidade de Serviço nos Atributos


da Água ...................................................................................................... 186

19
TABELA 5.15 - Avaliação das Mudanças na Qualidade de Serviço nos Atributos
do Esgoto ................................................................................................ 186

TABELA 5.16 - Avaliação das Mudanças na Qualidade de Serviço E nos


Atributos do Atendimento ...................................................................... 187

TABELA 5.17 - Lista de municípios pesquisados. ....................................................... 228

TABELA 6.1 –Distribuição das Taxas de Crescimento Real Anual das Tarifas
Residenciais para um volume de 10 m³/mês ........................................ 242

TABELA 6.2 - Distribuição das Taxas de Crescimento Anual das Tarifas Médias
Reais do serviço de Água ....................................................................... 242

TABELA 6.3 – Tendência da Evolução dos Índices de Modicidade no Período


Posteiro ao Início da PSP ....................................................................... 245

TABELA 6.4 – Despesa com Água como Porcentagem da Renda Domiciliar 10


m³/mês - quintil i - Ano 2006 ................................................................... 246

TABELA 6.5 - Mudança no Excedente do Consumidor ................................................. 248

TABELA 6.6 - Lista dos Municípios com Informações Úteis ......................................... 249

TABELA 6.7 - Mudanças Líquidas no Excedente do Consumidor - Serviço de


Água ........................................................................................................... 250

TABELA 6.8 - Mudanças Líquidas no Excedente do Consumidor Serviço de


Esgoto ........................................................................................................ 251

TABELA 7.1 - Distribuição dos Municípios no Brasil (segundo o nº de


habitantes) ................................................................................................. 259

TABELA 8.1 - Resultado da Análise de Bem-estar de Água e de Cumprimento de


Metas de Cobertura ................................................................................... 272

TABELA 8.2 - Resultado da Análise de Bem-estar de Esgoto e de Cumprimento


de Metas de Cobertura .............................................................................. 272

TABELA 8.3 - Renda per capita dos 40% mais Pobres da População (R$ ano
2000), segundo o Cumprimento de Meta de Cobertura de Água .......... 273

TABELA 8.4 - Renda per capita dos 40% mais Pobres da População (R$ ano
2000), segundo o Cumprimento de Meta de Cobertura de Esgoto ....... 274

TABELA 8.5 - Número de economias Totais Segundo o Cumprimento de Metas


de Cobertura de Água ............................................................................... 274

TABELA 8.6 - Número de Economias Totais Segundo o Cumprimento de Metas


de Cobertura de Esgoto ............................................................................ 274

TABELA 8.7 - Cumprimento de Meta de Cobertura de Água e de Continuidade


Política ....................................................................................................... 275

TABELA 8.8 - Cumprimento de Meta de Cobertura de Esgoto e de Presença de


Problemas Técnicos no InÍcio da PSP ..................................................... 275

20
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA 8.9 – Resumo dos Resultados Individuais Relativos ao Desempenho


Operacional e Financeiro .......................................................................... 277

TABELA 8.10 – Resumo dos Resultados Individuais Considerados na Avaliação


integrada das PSP ..................................................................................... 282

TABELA A1.1- Níveis de Cobertura da PSP, por Município ......................................... 294

TABELA A1.2 - Comparação de Tendência por Concessão ......................................... 297

TABELA A1.3 - Comparação de Tendência para Serviço de Água, Segmentado


por Tamanho ......................................................................................... 298

TABELA A1.4 - Comparação de Tendência para Serviço de Água, Segmentado


por Maturidade ...................................................................................... 298

TABELA A1.5 - Comparação de Tendência para Serviço de Esgoto, Segmentado


por Tamanho ......................................................................................... 299

TABELA A1.6 - Comparação de Tendência para Serviço de Esgoto, Segmentado


por Maturidade ...................................................................................... 299

TABELA A1.7 - Cumprimento de Metas para Serviço de Água, Segmentado por


Tamanho ................................................................................................ 300

TABELA A1.8 - Cumprimento de Metas para serviço de Água, Segmentado por


Maturidade ............................................................................................ 300

TABELA A1.9 - Cumprimento de Metas para Serviço de Esgoto, Segmentado


por Tamanho ......................................................................................... 301

TABELA A1.10 - Cumprimento de Metas para Serviço de Esgoto, Segmentado


por Maturidade ...................................................................................... 301

TABELA A1.11 – Impacto em Relação á Evolução de Cobertura em PSP ................... 306

TABELA A1.12 - Impacto da Cobertura de Água Segmentado por Tamanho ............. 307

TABELA A1.13 - Impacto da Cobertura de Água Segmentado por Maturidade ........... 307

TABELA A1.14 - Impacto da Cobertura de Água Segmentado segundo o nível de


Cobertura no Ano de Início .................................................................. 307

TABELA A1.15 - Impacto da Cobertura de Esgoto Segmentado por Tamanho .......... 308

TABELA A1.16 - Impacto da Cobertura de Esgoto Segmentado por Maturidade ....... 308

TABELA A1.17 - Coberturas de Esgoto, Segmentado Segundo Nível de Cobertura


no Ano de Início .................................................................................... 309

TABELA A2.1 - Evolução da Evasão Anual de Receita ................................................. 311

TABELA A2.2 - Evolução de Cobertura de Micromedição ............................................ 314

TABELA A.2.3- Evasão de Receita por Concessionária ................................................ 316

21
TABELA A.2.4- Coberturas de Micromedição por Concessionária ............................. 317

TABELA A3.1 - Evolução do Indicador Economias por Funcionário ......................... 319

TABELA A3.2 - Evolução do Indicador Economias por Funcionário .......................... 319

TABELA A3.3 – Distribuição da Taxa de Crescimento – Media Anunal do


Inicador Economias por Funionário Prórprio ..................................... 320

TABELA A3.4 – Distribuição da Taxa de crescimento - Média Anunal do


Indicador Economias por Funionário Equivalente ............................. 320

TABELA A3.5 - Evolução Perdas Porcentuais em Distribuição .................................... 325

TABELA A3.6 - Economias por Funcionário Próprio ..................................................... 330

TABELA A3.7 - Economidas por Funcionário Equivalente ........................................... 332

TABELA A3.8 - Funcionário Próprio ............................................................................... 334

TABELA A3.9 - Funcionário Equivalente ........................................................................ 336

TABELA A3.10 - Perdas em Distribuição........................................................................ 338

TABELA A3.10 - Perdas em Distribuição........................................................................ 338

TABELA A5.1 – Distribuição das Taxas de Crescimento Real Anuanl das Tarifas
Residenciais para um Volume de 10 m³/mês ..................................... 380

TABELA A5.2 – Distribuição das Taxas de Crescimento Anual das Tarifas


Médias Reais do Serviço de Água ....................................................... 381

TABELA A5.3 - Classificação das Empresas Segundo Tamanho ................................ 385

TABELA A5.4 - Evolução da Receita Operacional Anual por Economia de Água


e Esgoto................................................................................................. 385

TABELA A5.5 - Despesa de Água como Porcentagem da Renda Domiciliar


Conta 10 m³/mês - quintil i - Ano 2006 ................................................. 388

TABELA A5.6 – Tendência da Evolução dos Índices de Modicidade no Período


Posterior ao Início da PSP.................................................................... 388

TABELA A5.7- Designação de Municípios a Áreas Geográficas da PNAD ................ 390

TABELA A5.8 - Tarifa Média Conta Residencial 10 M³ Nominal .................................. 392

TABELA A5.9 – Tarifa Média Conta Residencial 10 M³ Real......................................... 394

TABELA A5.10 – Tarifa Média Nominal .......................................................................... 396

TABELA A5.11 - Tarifa Média Real ................................................................................. 398

TABELA A5.12 - Índice de Evolução da Tarifa Média Residencial Real 10 m³ ............ 400

TABELA A5.13 - Índice de Evolução de Tarifa Média Real ........................................... 402

22
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA A5.14 - Despesa Água como Porcentagem de Renda Domiciliar por


Concessionárias ................................................................................... 404

TABELA A5.15 – Receita Operacional de Água e Esgoto por Economia R$ em


2007 ....................................................................................................... 406

TABELA A9.1 - Dados sem Informação Disponível como Porcentagem do Total


de dados exigidos por ano ................................................................... 455

TABELA A9.2 - Dados Preenchidos pela Consultora, Faltantes no SNIS como


Porcentagem do Total de dados exigidos por ano............................. 456

TABELA A9.3 - Dados Modificados como Porcentagem do Total de dados


exigidos por ano ................................................................................... 458

TABELA A9.4 - Resumo dos Casos como Porcentagem do total de dados


segundo Classificação por Tipo de Variáveis .................................... 460

TABELA A10.1 - Variáveis Originais do SNIS consultadas durante a Tarefa de


Coleta de Informação ........................................................................... 466

TABELA A10.2 - Variáveis Novas Adicionadas à Lista.................................................. 468

TABELA A10.3 - Documentação Obtida das Concessionárias ..................................... 471

TABELA A10.4 - Proporção de Documentos Obtidos ................................................... 473

TABELA A10.5 - Respostas Obtidas em Relação à Informação Quantitativa


Solicitada às Empresas ........................................................................ 474

TABELA A10.6 - Proporção de Respostas- Informação Quantitativa ........................... 475

TABELA A10.7 - Proporção de Dados Faltantes no SNIS Completados durante a


Pesquisa para Contratos de Prestação Integral do Serviço .............. 476

TABELA A10.8 - Proporção de Dados Novos Completados Durante a Pesquisa,


Contratos de Prestação Integral do Serviço ...................................... 477

TABELA A10.9 - Proporção de Dados Completados Durante a Pesquisa, “outros


Contratos” ............................................................................................. 478

TABELA A11.1 - Mudança no excedente do consumidor ............................................. 488

TABELA A11.2 - Lista dos municípios com informações úteis .................................... 489

TABELA A11.3 – Geração de Novas Economias Serviço de Água Potável ................. 490

TABELA A11.4 – Geração de Novas Economias Serviço de Esgoto............................ 491

TABELA A11.5 - Municípios com Redução de Perdas Incorporadas .......................... 492

TABELA A11.6 - Fator Faturamento Médio .................................................................... 494

TABELA A11.7 - Mudanças no Excedente do Consumidor em Conexões


Existentes.............................................................................................. 496

23
TABELA A11.8 - Mudanças no Excedente do Consumidor em Novas Conexões ..... 497

TABELA A11.9 - Mudanças Líquidas no Excedente do Consumidor. ......................... 498

TABELA A11.10 - Mudanças no Excedente do Consumidor em Conexões


Existentes............................................................................................ 499

TABELA A11.11 - Mudanças no Excedente do Consumidor em Novas Conexões. ... 500

TABELA A11.12 - Mudanças Líquidas no Excedente do Consumidor. ...................... 500

24
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ÍNDICE DE GRÁFICOS

GRÁFICO 2.1 - Dispêndio com água e esgoto (uso doméstico) .................................... 75

GRÁFICO 2.2 - Impacto das tarifas de água e esgoto sobre o consumo


doméstico Países da OCDE e Brasil...................................................... 75

GRÁFICO 2.3 - Impacto das tarifas relativas de água e esgoto sobre o consumo
doméstico Países da OCDE e Brasil...................................................... 76

GRÁFICO 2.4 - Aplicações do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, R$


milhões. ................................................................................................... 78

GRÁFICO 2.5 - Desembolsos Não Onerosos da União em Saneamento, milhões


r$ .............................................................................................................. 80

GRÁFICO 2.6 - Investimentos do OGU em Saneamento como % do PIB ...................... 81

GRÁFICO 2.7 - Vencimento de Concessões ................................................................... 93

GRÁFICO 3.1 - Data primeira publicação do Edital de Licitação por Mês-Ano-


Prestação Integral do Serviço e Outros Contratos............................ 115

GRÁFICO 3.2 - Data de Início de Operação por Mês-Ano-Prestação Integral do


Serviço e Outros Contratos. ................................................................ 116

GRÁFICO 3.3 - Período entre data de primeira publicação do edital e início de


operação Prestação Integral do Serviço e Outros Contratos. ........... 117

GRÁFICO 3.4 - Período entre data de assinatUra, início da operação Prestação


Integral do Serviço e Outros Contratos .............................................. 117

GRÁFICO 3.5 – Número de Interessados que Apresentaram Proposta em


Licitação de Contratos de Prestação Integral do Serviço.................. 118

GRÁFICO 3.6 – Critério Segundo o Qual Foi Qualificada a Proposta Comercial ....... 120

GRÁFICO 3.7 – Tipo de Entidade Encarregada de Fazer a Fiscalização do


Contrato................................................................................................. 125

GRÁFICO 3.8 – Resultados da Avaliação Qualitativa com Relação aos


Problemas da Fase Inicial de Operação da PSP ................................. 129

GRÁFICO 3.9 - Número de Metas por Caso Segundo Tamanho Prestação


Integral do Serviço................................................................................ 132

GRÁFICO 3.10 - Número de MetaS por Ano de Assinatura do Contrato Prestação


integral do Serviço................................................................................ 132

GRÁFICO 3.11 - Composição de Metas por Caso Prestação Integral do Serviço. ..... 133

25
GRÁFICO 3.12 - Composição de Metas por Caso por Ano de Assinatura do
Contrato – Prestação Integral do Serviço. .......................................... 133

GRÁFICO 3 .13 - Metas de Impacto Imediato por Caso – Prestação Integral do


Serviço. .................................................................................................. 134

GRÁFICO 4.1 - Dados de Cobertura e Equação de ajuste antes da PSP, Serviço


de água. ................................................................................................. 141

GRÁFICO 4.2 - Análise Antes e Depois, Economias por funcionário Equivalente .... 150

GRÁFICO 4.3 - Análise Antes e Depois, Perdas Porcentuais em Distribuição ........... 152

GRÁFICO 5.1 - Qualidade de Serviço de Empresas e Instituições Públicas e


Privadas, Concessões Não-Maduras ................................................... 189

GRÁFICO 5.2 - Avaliação DE Afirmações - SetorES Público e Privado,


Concessões Não-Maduras ................................................................... 190

GRÁFICO 5.3 - Prova Ácida de Comparação, Concessões Não- Maduras.................. 190

GRÁFICO 5.4 - Atributos da Água, Concessões Não-Maduras / Baixa Renda .......... 191

GRÁFICO 5.5 - Atributos da Água, Concessões Não-Maduras / Não-Baixa Renda ... 192

GRÁFICO 5.6 - Atributos do Esgoto – Concessões Não-Maduras / Baixa Renda ..... 193

GRÁFICO 5.7 - Atributos do Esgoto – Concessões Não-Maduras / Não-Baixa


Renda ..................................................................................................... 194

GRÁFICO 5.8 - Qualidade de Serviço de Empresas e Instituições Públicas e


Privadas - Concessões Maduras / Região CO ................................... 197

GRÁFICO 5.9 - Avaliação Afirmações SetorES Público e Privado Concessões


Maduras / Região CO ............................................................................ 198

GRÁFICO 5.10 - Prova Ácida de Comparação Concessões Maduras/ Região CO ..... 199

GRÁFICO 5.11 - Atributos da Água - Concessões Maduras / Região CO / Baixa


Renda ..................................................................................................... 200

GRÁFICO 5.12 - Atributos da Água - Concessões Maduras / Região CO / Não-


Baixa Renda .......................................................................................... 201

GRÁFICO 5.13 - Atributos do Esgoto - Concessões Maduras / Região CO / Baixa


Renda ..................................................................................................... 202

GRÁFICO 5.14 - Atributos do Esgoto - Concessões Maduras / Região CO / Não-


Baixa Renda .......................................................................................... 203

GRÁFICO 5.15 - Qualidade do Serviço de Empresas e Instituições Públicas e


Privadas - Concessões Maduras / Região N ...................................... 207

GRÁFICO 5.16 - Avaliação: Afirmações Setor Público e Privado - Concessões


Maduras / Região N ............................................................................... 208

26
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

GRÁFICO 5.17 - Prova Ácida de Comparação Concessões Maduras / Região N ........ 209

GRÁFICO 5.18 - Avaliação Total Empresa Concessões Maduras / Região N .............. 210

GRÁFICO 5.19 - Atributos de Água- Concessões Maduras / Região N / Baixa


Renda..................................................................................................... 211

GRÁFICO 5.20 - Atributos de Água - Concessões Maduras / Região N / Não-


Baixa Renda .......................................................................................... 212

GRÁFICO 5.21 - Atributos de Esgoto - Concessões Maduras / Região N / Baixa


Renda..................................................................................................... 213

GRÁFICO 5.22 - Atributos de Esgoto - Concessões Maduras- Região N / Não-


Baixa Renda .......................................................................................... 214

GRÁFICO 5.23 - Qualidade de Serviço de Empresas e Instituições Públicas e


Privadas - Concessões Maduras / Região S-SE ................................ 217

GRÁFICO 5.24 - Avaliação Afirmações - SetorES Público e Privado -


Concessões Maduras / Região S-SE ................................................... 218

GRÁFICO 5.25 - Prova Ácida de Comparação Concessões Maduras / Região S-SE .. 219

GRÁFICO 5.26 - Avaliação Total Empresa Concessões Maduras/ Região S-SE ........ 220

GRÁFICO 5.27 - Atributos da Água – Concessões Maduras / Região S-SE / Baixa


Renda..................................................................................................... 221

GRÁFICO 5.28 - Atributos da Água – Concessões Maduras / Região S-SE / Não-


Baixa Renda .......................................................................................... 222

GRÁFICO 5.29 - Atributos do Esgoto – Concessões Maduras / Região S-SE /


Baixa Renda .......................................................................................... 222

GRÁFICO 5.30 - Atributos do Esgoto - Concessões Maduras/ Região S-SE / Não-


Baixa Renda .......................................................................................... 223

GRÁFICO 5.31 - Avaliação do desempenho atual da empresa ..................................... 229

GRÁFICO 5.32 - A qualidade da água encanada da rua que você recebe em sua
casa é: ................................................................................................... 229

GRÁFICO 5.33 - Concorda com a Seguinte Afirmação: O Serviço de Água é


Melhor que Antes de Estar Conectado................................................ 230

GRÁFICO 5.34 - Em relação à COR. ............................................................................... 230

GRÁFICO 5.35- Em relação ao SABOR ........................................................................... 231

GRÁFICO 5.36 - Em relação à REGULARIDADE/FORNECIMENTO ............................... 231

GRÁFICO 5.37 - Em relação à PRESSÃO ....................................................................... 232

GRÁFICO 5.38 - Em relação ao VALOR DA ENTREGA .................................................. 232

27
GRÁFICO 5.39 - Concorda com a seguinte afirmação: Atualmente há mais falhas
no abastecimento de água ................................................................... 233

GRÁFICO 5.40 - Concorda com a seguinte afirmação: Atualmente é mais fácil e


cômodo ter acesso à água. .................................................................. 233

GRÁFICO 5.41 - Desde que sua casa está conectada aos serviços de água, você
está... ..................................................................................................... 234

GRÁFICO 5.42 - A qualidade do serviço de esgoto que a empresa de


saneamento oferece atualmente em sua casa. ................................... 234

GRÁFICO 5.43 - Avaliação do saneamento .................................................................... 235

GRÁFICO 5.44 - Concorda com a seguinte afirmação: Atualmente, há mais


odores desagradáveis associados ao esgoto .................................... 235

GRÁFICO 5.45 - Como considera o custo inicial de ter acesso ao serviço de


esgoto .................................................................................................... 236

GRÁFICO 5.46 - Concorda com a seguinte afirmação: A qualidade de vida que


tenho atualmente é melhor do que a que tinha antes ........................ 236

GRÁFICO 5.47 - Qual das seguintes alternativas você escolheria? ............................. 237

GRÁFICO 5.48 - Análise do Serviço de Água Canalizada.............................................. 238

GRÁFICO 5.49 - Análise do Serviço de Esgoto. ............................................................. 238

GRÁFICO 6.I – Curva de Evolução Tíbipa do Faturamento de Água para o


Conjunto das PSP Analisadas ............................................................. 243

GRÁFICO 8.1 - Renda per capita de 40% da População mais Pobre por Município¹ ... 273

GRÁFICO A1.1- Coberturas antes e depois da PSP ..................................................... 296

GRÁFICO A1.2 - Cobertura e Equação de Ajuste para o Serviço de Água ................. 303

GRÁFICO A1.3 - Cobertura e Equação de Ajuste para o Serviço de Esgoto .............. 304

GRÁFICO A1.4 - Aplicação dos Critérios de Classificação de Casos ......................... 305

GRÁFICO A2.1 - Evasão Anual de Receita antes e depois da psp .............................. 312

GRÁFICO A2.2 - Evasão de Receita Anual Média 2004-2006, Empresas Pequenas ... 313

GRÁFICO A2.3 - Evasão de Receita Anual Média 2004-2006, Empresas Grandes ...... 313

GRÁFICO A2.4 - Coberturas de Micromedição em 2006, Empresas Pequenas .......... 315

GRÁFICO A2.5 - Coberturas de Micromedição em 2006, Empresas Grandes ............ 315

GRÁFICO A3.1 - Antes e Depois da psp - Economias por funcionário Equivalente... 321

GRÁFICO A3.2 - Economias por funcionário em 2006 - Empresas Grandes .............. 322

28
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

GRÁFICO A3.3 - Economias por Funcionário em 2006 – Empresas Pequenas


com Serviço de Água e Esgoto............................................................ 322

GRÁFICO A3.4 - Economias por Funcionário em 2006 - Empresas Pequenas com


Serviço de Água ou Esgoto ................................................................. 323

GRÁFICO A3.5 - Antes e Depois da psp - Perdas Percentuais em Distribuição......... 325

GRÁFICO A3.6 - Perdas PErcentuais em Distribuição - Empresas Grandes .............. 326

GRÁFICO A3.7 - Perdas PErcentuais em Distribuição - Empresas Pequenas............ 327

GRÁFICO A3.8 - Perdas em Distribuição por Ligação - Empresas Grandes .............. 327

GRÁFICO A3.9 - Perdas em Distribuição por Ligação - Empresas Pequenas ............ 327

GRÁFICO A3.10 - Perdas em Distribuição e Metas Contratuais 2006 ......................... 328

GRÁFICO A5.1 – Curva de Evolução da Tarifa Média de Água para o Conjunto


das PSP Analisadas.............................................................................. 382

GRÁFICO A5.2 – Evolução da Tarifa Média de Água para Casos Fora de Faixa ......... 383

GRÁFICO A5.3 - Porcentagem de Empresas que possuem Tarifa Social ................... 384

GRÁFICO A5.4 - Aplicação da Tarifa Social Segundo Faixa de Consumo .................. 384

GRÁFICO A5.5 - Receita Operacional Anual por Economia de Água e Esgoto -


Empresas Pequenas ............................................................................. 386

GRÁFICO A5.6 - Receita Operacional Anual por Economia de Água e Esgoto -


Empresas Grandes ............................................................................... 387

29
ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA 1.1 - Localização Geográfica das PSP ................................................................ 38

FIGURA 1.2 - Relação entre Objetivos, Indicadores e Fontes de Informação ............... 39

FIGURA 1.3 - Objetivos, Resultados e Indicadores ......................................................... 40

FIGURA 2.1 - Características das Leis para Participação Privada .................................. 57

FIGURA 2.2 - Evolução do marco legal federal do saneamento e legislação


relacionada .................................................................................................. 65

FIGURA 2.3 - Dinâmica de Interesses no Setor de Saneamento. ................................. 102

FIGURA 3.1 - Marco Lógico Para Análise do Entorno ................................................... 107

FIGURA 3.2 - Identificação das Fases Prévias ao Início de Operação de uma PSP .... 108

FIGURA 3.3 - Elementos que Definem as Condições do Entorno de uma PSP no


Brasil .......................................................................................................... 108

FIGURA 5.1- Desenho Amostral ...................................................................................... 179

FIGURA 5.2 - Comparação de Médias ............................................................................. 182

FIGURA 5.3 - Construção da Variável para a Prova Ácida ............................................ 183

FIGURA 6.1 - Excedente do Consumidor ....................................................................... 246

FIGURA A3.1 - Relação entre Indicador de Economias por Funcionário e


Cobertura de Tratamento de Esgoto para o ano de 2006 -
Empresas Grandes¹ ................................................................................ 324

FIGURA A11.1 - Excedente do Consumidor .................................................................. 483

FIGURA A11.2 - Excedente do consumidor antes da PSP .......................................... 484

FIGURA A11.3 - Excedente do consumidor depois da PSP ........................................ 485

FIGURA A11.4 - Mudança no excedente dos usuários conectados existentes ........ 485

FIGURA A11.5 - Excedente do consumidor antes da PSP ........................................... 486

FIGURA A11.6 - Excedente do consumidor depois da PSP. ....................................... 486

FIGURA A11.7- Mudança no excedente dos novos usuários conectados .................. 487

30
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

APRESENTAÇÃO

O crescimento do acesso aos serviços de saneamento básico no Brasil no período de


1991 a 2000 foi desanimador. De acordo com dados do IBGE, a cobertura dos serviços de
abastecimento de água da população urbana cresceu de 87,8% para 89,8%. O acesso da
população rural, embora tenha crescido, não atinge 20%. Em relação aos serviços de
esgotamento sanitário, seja por rede geral ou fossa séptica, a cobertura pela população
urbana passou de 64,4% a 72,0% e da população rural de 9,5% a 12,9%.

Esses percentuais de acesso referem-se ao total do Brasil e não demonstram


adequadamente o que ocorreu nas regiões do país. Não se pode assumir que houve um
crescimento linear do acesso da população rural em todas as regiões. Na região Norte o
acesso dessa população passou apenas de 9,1% para 9,8%, enquanto na região Sudeste o
acesso dessa mesma população quase duplicou de 11,7% para 22,2%. Na região Nordeste,
por exemplo, o acesso aos serviços de esgotamento sanitário da população urbana passou
de 35,8% para 51,0%, mas o acesso da população rural passou apenas de 4,0% para 5,4%.
Na região Centro-Oeste o acesso da população urbana passou de 41,8% a 45,9%.

Em um contexto de baixo crescimento do acesso, existe um grande contingente


populacional sem acesso aos serviços. O Censo DemoGRÁFICO 2000 demonstra que
ainda existem 2.958.831 domicílios cuja forma de abastecimento de água é feita de outra
forma diferente de poço ou nascente na propriedade e que 3.705.308 domicílios não tinham
banheiro ou sanitário. Em relação ao esgotamento sanitário, existem 10.594.752 domicílios
que utilizam a fossa rudimentar como forma de coleta, 1.154.910 que utilizam a vala e
1.110.021 que utilizam rio, lago ou mar como forma de esgotamento.

Esse QUADRO geral das deficiências de acesso aos serviços não qualifica
adequadamente o público desassistido. Será que os domicílios sem acesso aos serviços
concentram-se naqueles cujos responsáveis economicamente são do sexo feminino? Ou
concentram-se naqueles com mais baixa escolaridade? Existe um perfil típico sócio-
econômico de domicílios ou população que não têm em acesso aos serviços nas regiões do
Brasil?

O conhecimento do perfil sócio-econômico dos domicílios e da população que não tem


acesso aos serviços de saneamento será crucial para a obtenção da universalização dos
serviços de saneamento básico no país. A identificação das deficiências de acesso, assim
como dos recentes padrões de inclusão, possibilitará ainda a estimação da probabilidade de
cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Essa qualificação das
deficiências auxiliará os Governos Federal, estadual e municipal na superação dos
obstáculos para melhoria do acesso aos serviços no Brasil.

Nesse contexto, o estudo da participação privada nos serviços de saneamento no


Brasil representa, enquanto proposta, uma tarefa de vulto. Primeiro, pela grande diversidade
que marca as diferentes regiões do país, seja por sua constituição geográfica e econômica,
seja pela própria conFIGURAção política que determinou a provisão de serviços básicos de
interesse público. Ademais, a participação ainda pequena da iniciativa privada no universo
das atividades de saneamento no Brasil impõe dificuldades adicionais à generalização da
análise.

O presente estudo procurou enfrentar esse desafio. Os resultados apresentados


constituem uma ampla análise, inédita, das experiências de concessão privada no Brasil,
mas os resultados obtidos não pretendem encerrar a discussão que existe sobre este tema,

31
mas sim apresentar informações, análises e fatos que contribuam com maior objetividade
técnica para esta discussão.

Estrutura do Relatório

Tendo em vista os objetivos que nortearam o trabalho e as escolhas metodológicas


adotadas, este relatório, além da Apresentação, está estruturado da seguinte forma:

O Capítulo 1 apresenta os objetivos gerais e específicos, caracterizando as perguntas


que integram o TDR1e que foram respondidas no trabalho.

O Capítulo 2 estabelece o marco geral no qual se inseriu a participação privada nos


serviços de água e saneamento no Brasil. Para tanto, parte da análise mais ampla da crise
fiscal e conseqüente redução do espaço ocupado pelo Estado na provisão de bens e
serviços em geral, no qual o processo de privatização, determinado pelas restrições fiscais e
decisões políticas, aparece como item de particular interesse para a análise, que ainda
apresenta a caracterização geral do entorno regulatório do saneamento em que aspectos
históricos e do QUADRO atual são discutidos. Completando o panorama geral do setor são
ainda descritos e discutidos os marcos legais que regulam as distintas interfaces do setor.

O Capítulo 3 caracteriza as condições externas e internas que envolvem a PSP2, por


meio das relações existentes entre os aspectos institucionais, regulatórios, político-sociais e
os concessionários. É ainda apresentada uma análise qualitativa do entorno das PSP
tomando por base: a leitura dos editais e dos contratos, a verificação do grau de
concorrência dos procedimentos licitatórios e os aspectos relacionados à fiscalização do
cumprimento dos contratos.

O Capítulo 4 apresenta as análises e as conclusões obtidas a partir da quantificação


dos principais impactos da PSP no desempenho da prestação dos serviços que ocorreram
nos casos examinados ao longo do estudo. Foram avaliados os impactos na evolução de
coberturas e cumprimento de metas contratuais, na evolução da produtividade da mão de
obra, na evolução do comportamento dos níveis de perdas físicas totais de água e da
cobertura de hidrometração, além da avaliação da gestão de cobranças e dos indicadores
relativos ao desempenho financeiro das empresas e dos investimentos realizados.

O Capítulo 5 apresenta a análise dos resultados das Pesquisas de Satisfação e de


Impacto dos usuários dos serviços de água e esgotamento sanitário. Iniciando pela definição
dos aspectos metodológicos da Pesquisa e do Universo de Análise e, considerando a
importância e ineditismo de uma pesquisa dessa magnitude, o Capítulo corresponde à maior
parcela de todo o texto ora apresentado, na medida em que detalha, minuciosamente, os
resultados alcançados.

No Capítulo 6 são analisados o impacto da PSP sobre os usuários na perspectiva das


tarifas e da modicidade, de um lado, e o impacto no bem-estar, de outro lado. Para tanto,
buscamos responder a duas perguntas: como as tarifas foram evoluindo em relação à
inflação no período posterior à PSP e se as tarifas cobradas pelas concessionárias
representaram uma melhora ou uma deterioração em relação à capacidade de pagamento
dos usuários. Como medida de bem-estar, foi utilizado o conceito de “excedente do
consumidor”, com o objetivo de avaliar a situação com e sem PSP.

1
TDR: Termo de Referência.
2
PSP: Participação do Setor Privado.

32
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

O Capítulo 7 teve por objetivo investigar se houve impacto fiscal para Estados ou
Municípios, enquanto poder concedente, decorrente da PSP, para responder à terceira
pergunta formulada no TDR. Foram analisadas a evolução da dívida consolidada líquida, do
resultado orçamentário, do resultado primário e das despesas com o serviço da dívida, bem
como o comportamento dos gastos com saúde e educação, antes e depois do início da PSP
nos municípios. Ressalte-se que referida investigação tomou por base a análise de dados
secundários e, principalmente, de dados primários, a partir da verificação dos balanços e
documentos relativos à execução orçamentária dos municípios.

Por fim, o Capítulo 8 apresenta o processo de integração dos diferentes resultados


discutidos e apresentados nos capítulos anteriores, a partir das relações causais entre as
variáveis derivadas da análise qualitativa e o desempenho apresentado em cada um dos
casos analisados, segundo os resultados do impacto no bem-estar. Desta maneira,
procurou-se identificar alguns fatores-chave que poderiam influir no bom ou no mau
funcionamento da PSP.

O detalhamento dos temas analisados nos capítulos, a análise do “entorno do entorno”


das PSP e o questionário aplicado aos usuários na Pesquisa de Satisfação e na Pesquisa
de Impacto são apresentados nos 11 (onze) Anexos que finalizam o trabalho.

33
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

1. OBJETIVOS, METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO

1.1. Objetivos Gerais

O objetivo principal deste estudo é o de avaliar os impactos da participação privada na


provisão de serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário no Brasil. Para
tanto, é necessário identificar os possíveis ganhos de bem-estar dos usuários que passaram
a ter acesso a estes serviços, bem como os custos incorridos. Uma das maneiras de se
qualificar esta análise é a verificação das condições gerais em que foram realizadas as
concessões privadas dos serviços de água e esgoto, avaliando três aspectos amplos: (i) o
impacto do ingresso de empresas privadas no que tange ao desempenho dos serviços; (ii) o
impacto desta participação sobre os domicílios; e (iii) os eventuais impactos fiscais da
participação privada.

De maneira geral, a análise efetuada neste trabalho buscou identificar também:

a) as possíveis melhoras de eficiência sócio-econômicas que foram induzidas pela


inclusão da participação privada.
b) os níveis de qualidade dos serviços prestados, incluindo a qualidade do bem, a
qualidade técnica do serviço, a qualidade de atendimento ao cliente e a
preservação ambiental.
c) os investimentos requeridos para a manutenção do equilíbrio financeiro da
atividade, de modo que dê garantia de permanência às empresas privadas no
setor, e para a expansão dos serviços, no longo prazo.
d) a sustentabilidade social, analisada da perspectiva da definição das tarifas.
Estas devem, por um lado, permitir que a sustentabilidade financeira das
empresas privadas do setor seja cuidadosamente desenhada. Por outro lado, é
necessário, também, avaliar a capacidade de pagamento dos usuários mais
pobres.

A participação do setor privado no setor também pode ter sido motivada por razões
relacionadas à política fiscal e, nesse sentido, a análise procurou identificar todas as
variáveis que, nesse contexto, poderiam estar presentes ao longo do processo.

1.2. Objetivos Específicos

De modo mais específico, este estudo visa examinar o impacto da Participação do


Setor Privado (PSP) na provisão dos serviços de abastecimento de água e de esgotamento
sanitário no Brasil, respondendo às três perguntas fundamentais do TDR:

• Pergunta 1:
Qual é o impacto da PSP no desempenho das empresas em fornecer os
serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário?
• Pergunta 2:
Qual é o impacto da PSP nos domicílios em relação ao acesso e à qualidade dos
serviços prestados?

35
• Pergunta 3:
Qual é o impacto fiscal da PSP?

De acordo com a perspectiva do Consórcio, existe uma quarta pergunta que o TDR
menciona mas que não está destacada. Esta pergunta diz respeito à forma pela qual as
diferentes modalidades de PSP e os arranjos institucionais afetam os resultados globais da
PSP. Existem outras perguntas relacionadas a este tema, tais como: quais são os aspectos
que mais influem nos resultados, quais são os temas associados ao entorno regulatório que
devem ser melhorados no futuro no momento de desenhar uma PSP? No trabalho
desenvolvido pelo Consórcio, há um conjunto de análises destinadas explicitamente a
responder a este conjunto de perguntas.

1.3 Alcance do Estudo

São 54 casos de municípios com PSP a serem analisados pelo estudo, de acordo com
o TDR, divididos, conforme a modalidade, da seguinte forma:3

40 casos de concessões plenas;

1 caso de concessão parcial;

11 casos de Build-Own-Transfer (BOT), sendo 2 municípios, Birigui e Jaú, atendidos


por duas empresas;

1 caso de alienação parcial de capital; e

1 caso de contrato de gestão.

Segundo dados de 2006 do IBGE, a população dos municípios considerados é de 11


milhões de habitantes aproximadamente, que representa 6,2% da população total do país e
7,3% da população urbana total. A TABELA 1 sintetiza os casos analisados e classifica os
municípios quanto à operadora, região e população. Já a FIGURA 1 apresenta um mapa do
Brasil destacando a dispersão geográfica das PSP que são analisadas no trabalho.

3
As modalidades de PSP serão explicadas e discutidas com mais amplitude no Capítulo 2.

36
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA 1.1 - PSP por Municipio, Região e Modalidade


Número de
Municípios Envolvidos Nome Operadora Estado Região Modalidade
habitantes (2006)

Guará Águas de Guará São Paulo Sudeste Concessão Plena 20.805


Limeira Águas de Limeira São Paulo Sudeste Concessão Plena 279.553
Ciágua -
Mairinque Concessionária de São Paulo Sudeste Concessão Plena 47.757
Águas de Mairinque
Mineiros do Tietê Caneciste São Paulo Sudeste Concessão Plena 12.844
Mirassol Paz Construção São Paulo Sudeste Concessão Plena 55.009
Sanear -
Araçatuba Saneamento de São Paulo Sudeste BOT 181.597
Araçatuba
Birigui Aqua Pérola São Paulo Sudeste BOT 108.474
Matéria Perfuração
Birigui São Paulo Sudeste BOT 108.474
de Poços
Cajamar Águas de Cajamar São Paulo Sudeste BOT 63.343
Itu Cavo Itu São Paulo Sudeste BOT 156.097
Águas de
Jaú São Paulo Sudeste BOT 125.400
Mandaguahy
Jaú SANEJ São Paulo Sudeste BOT 125.400
Companhia de
Jundiaí Saneamento de São Paulo Sudeste BOT 348.624
Jundiaí
Marília Águas de Marília São Paulo Sudeste BOT 224.094
Companhia
Matão Matonense de São Paulo Sudeste BOT 77.770
Saneamento
Ecosama - Empresa
Concessionária de Concessão
Mauá São Paulo Sudeste 413.943
Saneamento de Parcial
Mauá
Ourinhos Águas de Esmeralda São Paulo Sudeste BOT 106.353
Ribeiro Preto Ambient São Paulo Sudeste BOT 559.651
DH Perfuração de
São Carlos São Paulo Sudeste BOT 218.701
Poços
Araruama, Silva Jardim, Rio de
Águas de Juturnaíba Sudeste Concessão Plena 187.184
Saquarema Janeiro
Armação de Búzios,
Arraial do Cabo, Cabo Rio de
Prolagos Sudeste Concessão Plena 315.193
Frio, Iguaba Grande, São Janeiro
Pedro da Aldeia
Rio de
Campos dos Goytacazes Águas do Paraíba Sudeste Concessão Plena 429.668
Janeiro
Rio de
Guapimirim Fontes da Serra Sudeste Concessão Plena 45.253
Janeiro
Rio de
Niterói Águas de Niterói Sudeste Concessão Plena 476.671
Janeiro
Rio de
Petrópolis Águas do Imperador Sudeste Concessão Plena 309.498
Janeiro
CAENF -
Concessionária de Rio de
Nova Friburgo Sudeste Concessão Plena 178.099
Águas e Esgotos de Janeiro
Nova Friburgo
Águas de Cachoeiro
Cachoeiro de Itapemirim Espírito Santo Sudeste Concessão Plena 198.148
S.A. - Citágua
Carlinda Águas de Carlinda Mato Grosso Centro-Oeste Concessão Plena 9.064
Cláudia Águas de Cláudia Mato Grosso Centro-Oeste Concessão Plena 12.072
Águas de Guarantã
Guarantã do Norte Mato Grosso Centro-Oeste Concessão Plena 33.791
Ltda.
Matupá Águas de Matupá Mato Grosso Centro-Oeste Concessão Plena 12.079
Empresa de
Nobres Saneamento de Mato Grosso Centro-Oeste Concessão Plena 15.630
Nobres

37
Número de
Municípios Envolvidos Nome Operadora Estado Região Modalidade
habitantes (2006)

Primavera do Leste Águas de Primavera Mato Grosso Centro-Oeste Concessão Plena 60.059
Sorriso Águas de Sorriso Mato Grosso Centro-Oeste Concessão Plena 50.617
Arenápolis Águas de Arenápolis Mato Grosso Centro-Oeste Concessão Plena 10.167
Juscimeira Águas de Juscimeira Mato Grosso Centro-Oeste Concessão Plena 12.889
Águas de
Marcelândia Mato Grosso Centro-Oeste Concessão Plena 18.634
Marcelândia
Nova Xavantina Setae Mato Grosso Centro-Oeste Concessão Plena 17.331
Águas de Pontes e
Pontes e Lacerda Mato Grosso Centro-Oeste Concessão Plena 42.428
Lacerda
Águas de Santa
Santa Carmem Mato Grosso Centro-Oeste Concessão Plena 4.410
Carmem
Águas de União do
União do Sul Mato Grosso Centro-Oeste Concessão Plena 5.834
Sul
Mato Grosso
Campo Grande Águas Guariroba Centro-Oeste Concessão Plena 765.245
do Sul
Santa
Itapema Águas de Itapema Sul Concessão Plena 35.990
Catarina
Sanarj -
Araújos Concessionária de Minas Gerais Sudeste Concessão Plena 6.742
Saneamento Básico
Águas de Bom
Bom Sucesso Minas Gerais Sudeste Concessão Plena 17.501
Sucesso
Paraguaçu Coságua Minas Gerais Sudeste Concessão Plena 20.747
Paranaguá Águas de Paranaguá Paraná Sul Concessão Plena 147.933
Manaus Águas do Amazonas Amazonas Norte Concessão Plena 1.688.524
Alienação Parcial
Palmas SANEATINS Tocantins Norte 220.888
de Capital
Contrato de
Fortaleza Hidrosistem Ceará Nordeste 2.416.919
Gestão
Fonte: Elaboração dos Autores

FIGURA 1.1 - Localização Geográfica das PSP

Fonte: Elaboração dos Autores.

38
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

1.4 Enfoque Metodológico Geral

A FIGURA 1.2 apresenta um esquema que resume a visão do Consórcio sobre a


identificação e relacionamento lógico dos diferentes componentes que foram considerados
na análise de avaliação de impacto.

FIGURA 1.2 - Relação entre Objetivos, Indicadores e Fontes de Informação

Fonte: Elaboração dos Autores.

O processo cujo impacto se deseja avaliar é o da incorporação da PSP na provisão


dos serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário no Brasil, com objetivos
ou metas que, no contexto deste projeto, podem ser divididos em três grandes áreas:
resultados imediatos, resultados intermediários e resultados finais do impacto. Os resultados
imediatos medem as ações que o operador privado efetua e é calculado em termos de
indicadores de gestão tradicionais (coberturas, número de novas ligações, inversões,
qualidade do serviço, etc.) e de satisfação dos usuários. Os objetivos intermediários
correspondem a todas aquelas metas que, indiretamente, procuram induzir o alcance do
objetivo final, ou seja, melhoras na eficiência da prestação dos serviços, acesso a fontes de
financiamento e impactos de comportamento dos usuários (por exemplo, histórico de
inadimplência). São incluídos aqui, também, os impactos fiscais que podem surgir da
incorporação de processos de PSP. Os resultados finais ou de impacto correspondem à
razão final pela qual se busca transformar a prestação dos serviços de saneamento
mediante a PSP, isto é, alcançar um aumento significativo no bem-estar dos usuários a um
custo mínimo.

Para determinar o contexto de atuação do operador privado, também é analisado o


desempenho da PSP considerando a forma de contrato e o entorno regulatório pertinente.
Isso enseja uma série de variáveis relacionadas ao cumprimento de metas e eventuais
situações de conflitos entre outros indicadores relevantes.

A cada um destes grupos de objetivos pode-se associar um conjunto de variáveis que


a PSP pretende modificar (variáveis endógenas). Por sua vez, para saber se a trajetória
destas variáveis foi alterada pela PSP e conhecer a magnitude de tal modificação, é

39
necessário estabelecer indicadores que permitam medir quantitativamente se, finalmente, os
objetivos foram atingidos e em que grau isto ocorreu. A identificação e a seleção destes
indicadores e variáveis foram realizadas em função de uma análise das relações de causa e
efeito existentes entre os objetivos associados e a disponibilidade de informações confiáveis
requeridas para sua medição.

Há que se considerar também a variedade de fontes de informação que foram


utilizadas no estudo, incluindo: entrevistas; coleta de dados a partir das visitas de campo,
tanto aos operadores quanto ao poder concedente complementadas com informações
secundárias; realização de pesquisas de campo de âmbito domiciliar; e análise do marco
legal, regulatório e contratual de cada caso onde foi possível obter os antecedentes
necessários.

A caracterização mais específica da relação entre objetivos, resultados e indicadores é


apresentada na FIGURA 1.3. A partir dos objetivos específicos que foram estabelecidos
para efeito de incorporar operadores privados, deduz-se os resultados imediatos e
intermediários e seus correspondentes indicadores. Por outro lado, considerando o objetivo
final da PSP, também foram estabelecidos os indicadores relacionados ao impacto no bem-
estar dos usuários.

FIGURA 1.3 - Objetivos, Resultados e Indicadores

OBJETIVOS DA PSP IMPACTO FINAL DA PSP

OBJETIVOS ESPECIFICOS OBJETIVO


• Dar serviços em quantidade,
cobertura e qualidade adequada • Melhorar a qualidade
• Financiar e executar os
de vida da população
investimentos necessários
• Melhorar a eficiência na e do meio ambiente
prestação dos serviços (em
contratos de gestão)

RESULTADOS IMEDIATOS RESULTADO FINAL


Mensuráveis

OU INTERMEDIÁRIOS
Variáveis

• Mudanças no bem-
• Ligações, volumes de consumo, estar dos usuários:
qualidade da água, atendimento a
• melhorias em saúde e
usuários, etc.
• Contribuir e atrair financiamento meio ambiente
para investimentos, liberar • reduções de custos de
recursos fiscais abastecimento, etc.
• Indicadores específicos de gestão.

Fonte: Elaboração dos Autores.

1.5. Metodologia Aplicada para Avaliação de Impacto

As análises de avaliação de impacto tiveram que ser desenvolvidas em condições de


informação incompleta apesar dos esforços e recursos que o Consórcio pôs à disposição do
projeto para obter a maior quantidade de dados e informações. Dado este cenário, alguns
enfoques metodológicos alternativos tiveram que ser aplicados em função da amplitude e
qualidade da informação que se dispunha, para examinar cada uma das dimensões ou
variáveis necessárias de modo a se obter respostas às perguntas definidas no TDR.

40
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Além disso, as análises qualitativas cumpriram uma função relevante em todo o estudo
realizado pois o conhecimento adquirido de cada situação permitiu validar, desprezar ou
relacionar os resultados que iam sendo obtidos a partir da revisão de informação
quantitativa.

No caso em que se contava com uma série de dados para períodos de tempo
distintos, o que aconteceu em poços casos, a metodologia privilegiou as análises que
compararam a situação anterior e posterior ao início das operações da PSP. Com este
propósito estabeleceu-se a situação contrafactual (sem PSP) a partir de uma projeção
estatística dos dados históricos disponíveis de cada empresa onde foi possível obter
informação minimamente confiável da situação anterior. Esta metodologia foi utilizada para
ter uma medida do impacto final no bem-estar de um conjunto de concessões plenas, além
de servir para avaliar as mudanças ocorridas na evolução das coberturas após as PSP
serem instaladas.4

No caso dos aspectos vinculados à qualidade de serviço e atendimento e, em geral,


aos índices de satisfação de clientes, o Consórcio aplicou outra metodologia baseada na
aplicação de uma grande pesquisa de campo. Esta pesquisa constitui-se de uma amostra
de domicílios segmentadas for faixa de renda que, por fim, servirá para se encontrar
respostas em relação às mudanças percebidas pelos usuários após o início de operações
da PSP.5

Para outros indicadores de desempenho, tanto do ponto de vista financeiro como de


produtividade, tarifas médias e modicidade tarifária, a informação que se obteve é
majoritariamente pertencente ao período posterior ao início da PSP. Nestes casos não foi
possível fazer comparações antes e depois. Desta forma, as variáveis observadas
permitiram que fossem examinadas as tendências observadas na evolução destes
indicadores apenas para períodos posteriores à implementação da PSP, estabelecendo sua
comparação com os padrões internacionais. Esta análise foi complementada pelas
informações obtidas nas entrevistas e nos documentos contratuais, o que permitiu
estabelecer um panorama geral sobre o impacto que teve a PSP.

Por outro lado, com base no estudo da história e do entorno regulatório dos casos
examinados, incluindo a leitura dos editais de licitação e dos contratos, foi elaborada uma
análise qualitativa no sentido de se obter uma visão conjunta das principais características
econômicas e regulatórias.

Finalmente, foi efetuado um cruzamento entre os aspectos regulatórios e os resultados


obtidos nas diferentes análises de impacto realizadas. O objetivo desta análise foi obter
conclusões que permitissem compreender os aspectos que mais influenciaram os resultados
da PSP e as principais deficiências identificadas.

O enfoque metodológico utilizado possui restrições provenientes da escassez de


informação consistente e periódica, apesar do amplo trabalho de campo desenvolvido. De
fato, uma das principais conclusões do estudo tem a ver com este aspecto. Destaca-se, de
modo negativo, a dificuldade para encontrar informação para medir o desempenho e
cumprimento de metas, para caracterizar o marco regulatório e as metas originais e para
conhecer os custos envolvidos e os investimentos realizados.

4
Nestes casos, apesar de contar com maior informação que outros indicadores, a quantidade de dados não permitiu
separar o período prévio à PSP entre duas situações - antes da PSP e na transição para PSP - como aconselham alguns
trabalhos acadêmicos.
5
A realização de pesquisas domiciliares para levantar estes aspectos era uma exigência do TDR, e se tornou
imprescindível ante a falta de informação confiável e ao mau resultado obtido na coleta de dados com os concessionários
sobre indicadores de qualidade de serviço e atendimento.

41
Portanto, a partir das análises efetuadas, não é possível avaliar impactos e obter
conclusões em termos individuais, apesar de que muitos dos exercícios foram realizados
caso a caso. Deste modo, os resultados alcançados pela PSP devem ser considerados em
âmbito global e segundo algumas segmentações como tamanho, maturidade,6
características do entorno regulatório, etc. Ademais, a análise efetuada permite identificar
algumas das razões que explicam as diferenças entre as diversas PSP, com impactos
positivos e negativos.7 Outro subproduto importante do estudo é a base de dados construída
durante seu desenvolvimento, que será útil para posteriores investigações, aprofundando e
complementando as análises realizadas.

1.6. Desenvolvimento do Trabalho e Disponibilidade de Informações

A coleta de informações é uma atividade fundamental para a análise do impacto que a


participação do setor privado teve no desenvolvimento dos serviços de saneamento no
Brasil. Apesar da importância da base de dados do Sistema Nacional de Informações sobre
o Saneamento (SNIS) e não obstante o grande valor, profundidade e a extensão desta base
de dados, algumas inconsistências e lacunas de informação precisaram ser preenchidas
para a consecução dos objetivos propostos no trabalho. Neste item, portanto, são
demonstrados os métodos utilizados para tornar as informações das diversas fontes
pesquisadas consistentes com as análises recomendadas no trabalho. Este trabalho foi
desenvolvido em duas partes:

• A primeira procura efetuar uma avaliação do banco de dados do SNIS com o


objetivo de oferecer uma visão da situação desta base estatística, tanto em
relação às informações demandadas pelo trabalho, quanto aos problemas
encontrados em diversas variáveis disponíveis neste banco. Ao final desta parte
são feitas algumas recomendações com o intuito de melhorar ainda mais as
informações do SNIS.
• A segunda parte tenta resumir o trabalho desenvolvido para a coleta de
informações adicionais necessários para complementar a base de dados do
SNIS. Tais informações foram obtidas tanto de fontes públicas, tais como o
IBGE, bem como de documentação solicitadas às concessionárias durante o
levantamento de dados realizado em campo.8

1.6.1. Análise do Banco de Dados do SNIS

A base de dados mais completa relacionada ao setor de saneamento no Brasil é o


SNIS, de grande importância devido ao grau de profundidade e extensão das informações
recolhidas. Entretanto, foram observados durante o desenvolvimento do Projeto algumas
lacunas de informação, além de inconsistências nos dados.

6
Maturidade é a medida, em quantidade de anos, que a empresa privada leva operando a concessão. A hipótese por trás
da utilização desta variável fundamenta-se no período que a empresa privada leva, após o início da concessão, para obter
resultados. Com base na análise das datas de início de operação dos contratos e de acordo com a discussão que existe
sobre este tema a nível internacional, considerou-se que no caso do Brasil uma PSP pode classificar-se como não madura
se possui uma idade inferior ou igual a 3 anos, contados de junho de 2006 até a data em que começou sua operação.
7
Vários são os aspectos que influenciam o resultado de uma PSP como demonstram a teoria e a prática sobre regulação e
contratos. Sendo assim, a análise efetuada buscou indagar quais desses aspectos apareceram com mais força e
freqüência.
8
Uma das informações adicionais essenciais deste trabalho diz respeito a cuidados na identificação da população e dos
domicílios atendidos pela PSP. A estratégia adotada para inferir a população e o número de domicílios nos anos em que
não há Censo DemoGRÁFICO é apresentada no Anexo 10.

42
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Uma das principais conclusões obtidas nesta revisão é a limitada disponibilidade de


dados, especialmente nos períodos anteriores a 2000. Estes anos apresentaram taxas de
não-respostas dos municípios examinados (fundamentalmente, em sua fase pré-PSP, neste
período) superiores a 64% o que, em grande parte, dificultou a análise de avaliação de
impacto, uma vez que não foi possível contar com as informações dos períodos anteriores
ao início da operação da PSP. Por isso, um dos maiores esforços da Consultoria foi tentar
obter informações primárias para completar a base de dados.

Outro problema encontrado foi a presença de altas taxas de inconsistência entre os


dados comunicados ao SNIS e aqueles que puderam ser levantados. No ano de 2006, por
exemplo, 13,6% dos dados apresentaram diferenças ou foram alterados no banco final em
relação ao banco do SNIS, o que reflete um problema de confiabilidade da informação9 que,
provavelmente, é muito mais elevado devido à não-inclusão de critérios de qualidade dos
dados na análise (presença de outliers, índices de coberturas acima de 100%, etc.).

No Anexo 9 é apresentado um detalhamento da situação atual do banco de dados do


SNIS, dando ênfase ao grau de disponibilidade da informação demandada, assim como dos
principais problemas encontrados durante o desenvolvimento do trabalho. A análise foi
desenvolvida através da comparação entre os dados disponíveis no SNIS e o banco de
dados final elaborado pelo Consórcio. Este banco de dados final é composto, também, de
dados secundários, obtidos do próprio SNIS e dados primários obtidos a partir da pesquisa
de campo desenvolvida com intuito de complementar as lacunas verificadas no SNIS.

1.6.2. Desenvolvimento Geral da Coleta de Informações

Dentre as atividades realizadas pelo Consórcio durante o desenvolvimento do projeto,


mereceu especial atenção o trabalho de coleta de informações, devido à quantidade de
casos em estudo e ao alcance das análises. A informação requerida, tanto qualitativa como
quantitativa, foi obtida de diversas fontes alternativas, conforme mencionado abaixo:

• Foram solicitadas cópias da documentação relacionada aos processos


licitatórios de cada caso. Esta documentação consiste basicamente do edital de
licitação, das propostas apresentadas pelos licitantes (técnica e comercial), do
contrato de concessão, dos termos aditivos aos contratos, das leis municipais e
outros regulamentos relevantes. Também foram solicitadas cópias das
demonstrações financeiras publicadas de cada empresa.
• Foram entrevistados, preliminarmente, os principais executivos das companhias
concessionárias a fim de obter uma visão geral dos processos licitatórios e do
desenvolvimento da PSP. Em alguns casos, também, foram entrevistadas
pessoas que tinham um alto grau de relacionamento e conhecimento da
concessão, mas sem ter participação direta nela.
• Foi recolhida uma grande quantidade de informação publicada na web, como por
exemplo, artigos acadêmicos, estatísticas de saúde, dados operacionais e
financeiros das empresas concessionárias e informações qualitativas a respeito
das concessões.
• Foi avaliada a quantidade e a qualidade da informação técnica e financeira
disponível no SNIS.

9
Estes problemas foram verificados em todos os tipos de variáveis, destacando que há uma grande taxa de não-respostas
nas variáveis correspondentes a indicadores de qualidade dos serviços.

43
• Foram incorporadas estatísticas provenientes de fontes secundárias, em
especial as pesquisas e censos demoGRÁFICOS realizados pelo IBGE.

Todas estas informações foram complementadas com a pesquisa de campo


encomendada ao IBOPE que objetivou medir o grau de satisfação de clientes e de novos
conectados à rede de abastecimento de água e saneamento.

1.6.3. Fontes de Informações Primárias

Para obtenção de dados quantitativos e qualitativos específicos de cada PSP foi


efetuada uma extensa operação de coleta de dados primários em campo. Esta tarefa foi
desenvolvida durante vários meses e cobriu a totalidade dos municípios envolvidos. No
Anexo 10 é descrito, de maneira pormenorizada, o procedimento utilizado nesta atividade.

Deve-se mencionar que houve uma grande variabilidade entre os distintos casos, em
relação ao grau de êxito obtido em termos de quantidade e qualidade das respostas
recebidas. A TABELA 2 apresenta um resumo do êxito alcançado segundo o tipo de
contrato.10

TABELA 1.2 - Proporção de Documentos Obtidos


Contratos integrais Outros contratos
Item
% de casos % casos

Edital 85% 50%


Contrato 85% 64%
Proposta Técnica 50% 14%
Proposta Comercial 35% 7%
Normas da Concessão 74% 29%
Relatórios Financeiros 62% 29%
Fonte: Elaboração dos Autores.

No caso da informação quantitativa a TABELA 1.3 indica a proporção de casos em


que se conseguiu obter a resposta, segundo tipo de informação, de acordo com a mesma
classificação de contratos apresentada anteriormente.

TABELA 1.3 - Proporção de Respostas: Informação Quantitativa


Contratos integrais Outros contratos
Item
% de casos % casos

Formulário 82% 29%


Correções Solicitadas 50% 7%
Estruturas Tarifárias
50% 29%
Históricas
Fonte: Elaboração dos Autores.

É importante destacar a diferença observada entre o nível de respostas do primeiro


grupo de concessionárias e das BOT, em relação às solicitações de dados quantitativos.
Mesmo assim, observa-se um baixo nível de resposta em relação às solicitações de
retificação de dados (segunda solicitação). Por último, foi surpreendente o baixo nível de

10
Foram incluídos dentro do grupo de “concessões integrais” os contratos tipo Concessão Plena, Concessão Parcial e
Alienação Parcial de Capital, que somam um total de 36 contratos. Dentro de “outros contratos” enquadram-se as
modalidades BOT e o contrato de gestão existente em Fortaleza (CE).

44
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

respostas em relação às estruturas tarifárias, mesmo que estas sejam informações


públicas.11 O grau de resposta observado anteriormente não diz nada em relação à
qualidade ou quantidade de informação entregue, a não ser nos casos em que se mede
somente as respostas recebidas nos formatos solicitados.

É necessário observar, entretanto, que em relação aos dados correspondentes ao


período anterior à concessão, praticamente nada pôde ser proporcionado pela empresa
concessionária e tiveram que ser obtidos, quando existiam, do SNIS, de documentação
complementar (por exemplo, da proposta técnica) ou de fontes secundárias de dados. Em
muitos casos, funcionários da mesma concessionária manifestaram que a empresa, uma
vez iniciada a operação, implantou um sistema de informação, inexistente até a data de
inicio do contrato. As solicitações a organismos públicos, empresas estatais e outros que
administravam as concessões durante o período anterior à PSP não lograram êxito, visto
que, em sua totalidade, argumentou-se que os dados estavam perdidos ou que não foram
registrados e ainda, em alguns casos, negaram-se a responder.

1.6.4. Fontes de Informações Secundárias

Com o intuito de contar com a maior quantidade possível de informação para as


análises, além de dispor de um meio de verificação dos dados existentes ou ainda, para
simples referência, o Consórcio recorreu a diversas fontes de informação secundárias.
Apresentamos, a seguir, as fontes consultadas, destacando a finalidade de cada uma:

• Censos DemoGRÁFICOS e Contagem Populacional: para a obtenção de dados


de população para os anos de 1991 e 2000, além de informação sobre acesso
ao abastecimento de água e esgotamento sanitário (rede geral em ambos os
casos), bem como informações sobre renda domiciliar.
• Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (Pnad): para obtenção dados de
referência para a análise das coberturas e renda, além de servir como apoio
para a inferência das populações municipais e número de domicílios para os
anos intercensitários.
• Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB): contém variáveis
quantitativas de interesse para o estudo, como por exemplo, a quantidade de
economias abastecidas por município no ano de 2000.
• Banco de dados do Sistema Único de Saúde (Datasus): contém informação de
variáveis relacionadas com indicadores de saúde da população, incluindo
enfermidades de origem hídrica.
• Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF): informação de pressupostos
familiares importantes para a análise de gastos com abastecimento de água.

As informações sobre abastecimento de água e esgotamento sanitário obtidas a partir


dos Censos DemoGRÁFICOS, PNAD, POF e DATASUS foram incluídas dentro das
informações entregues em meio magnético. O Anexo 10 apresenta a metodologia utilizada
para se inferir a população e o número de domicílios dos municípios listados neste estudo, a
partir da utilização dos Censos DemoGRÁFICOS, da Contagem Populacional e da Pnad.

11
A falta de informação histórica a respeito de tarifas é responsabilidade preponderante das prefeituras ou contratantes,
pois as concessionárias não tiveram acesso a este histórico.

45
1.6.5. Conclusões a respeito da Coleta de Informação e Recomendações

Embora em alguns casos o nível de resposta e a qualidade dos dados entregues


tenha sido boa, em geral, a tarefa de coleta de dados enfrentou dificuldades importantes que
dificultaram o trabalho, inclusive com alguns casos em que não se contou com as
informações quantitativas mínimas para realizar as análises solicitadas.

As informações quantitativas obtidas foram insuficientes para realizar a totalidade das


análises que o Consórcio pretendia realizar. Em particular, o maior obstáculo foi a escassez
de informação anterior ao período da PSP. Uma exceção foi a análise de coberturas que,
embora a informação não fosse concluída, contou-se com dados suficientes para realizar as
análises comparativas entre o período posterior à entrada em operação da PSP e o período
anterior à sua instalação.

Por outro lado, a comunicação constante e o contato pessoal com as empresas,


agências reguladoras e organismos públicos permitiram coletar importantes aspectos
qualitativos do período que antecedeu a PSP, os quais possibilitaram um conhecimento
pleno do ambiente e desenvolvimento das concessões em estudo.

Por fim, são apresentadas recomendações com o intuito de contribuir para o


aprimoramento da metodologia de coleta e processamento de dados no SNIS:

• Desenvolver um procedimento específico e pontual de obtenção de dados para


atualização ou correção de anos anteriores, inclusive de informações
previamente não disponíveis. Convém lembrar que os resultados de tal
procedimento deveriam ser objeto de uma publicação específica, posto que seria
uma retificação e atualização da base de dados histórica.
• Desenvolver ou fortalecer um procedimento de “solução de dúvidas” durante o
processo de preenchimento do formulário da pesquisa. Isto poderia diminuir a
possibilidade de o responsável pelas respostas (Concessionária) preencher o
formulário de maneira inadequada ou com respostas erradas.
• Da mesma forma, desenvolver ou fortalecer mecanismos para incentivar maior
compromisso pela confiabilidade das informações prestadas. No limite, a
Concessionária não pode, de maneira nenhuma, fornecer informações
inconsistentes.
• O Consórcio acredita que à medida que os mecanismos de regulação se
desenvolvam, as Concessionárias terão maior “compromisso” com o sistema
assim como os instrumentos de fiscalização serão mais eficientes, permitindo um
grau de confiança muito maior em relação aos dados.

46
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

2. ANÁLISE DO CONTEXTO GERAL DA PARTICIPAÇÃO DO SETOR


PRIVADO

2.1. O Contexto da Crise Fiscal e a Diminuição da Participação do Estado na


Economia

Dentre os principais argumentos apresentados, de forma isolada ou agrupada, por


diferentes teóricos, desde a economia política clássica, para justificar a presença do Estado
na economia, estão fatores como o desinteresse do setor privado em atuar em
determinados setores, a existência de economias de escala, motivações políticas e controle
de áreas com recursos naturais escassos. No Brasil, a presença destes fatores se verificou
ao longo do processo de industrialização, especialmente após 1930, com a adoção do
modelo de substituição de importações.

A participação estatal na vida econômica brasileira, mesmo tendo se estabelecido de


forma não coordenada desde os primórdios da constituição de uma economia moderna,
ainda na primeira metade do século passado, procurou, antes de tudo, promover a
industrialização junto a uma iniciativa privada ainda débil em termos de volume de capital,
além de fazer frente às crises internacionais e garantir os investimentos em setores
considerados estratégicos, como o da indústria de base, e o da infra-estrutura. Nessa
perspectiva, o estabelecimento da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e a construção
da Usina Siderúrgica de Volta Redonda, durante o primeiro governo de Getúlio Vargas,
foram iniciativas importantes.

Contudo, é no segundo governo de Getúlio Vargas, a partir do início dos anos 50, que
se observa um esforço concentrado para a consolidação de uma indústria de base a partir
dos investimentos estatais, tendo como ícones desse processo, de um lado a Petrobrás e a
Companhia Siderúrgica Nacional, e, de outro, o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e a Instrução 70 da Superintendência da Moeda e Crédito (SUMOC) como
indutores dos projetos de infra-estrutura e do desenvolvimento industrial como um todo12.
Após a morte de Vargas, a ampliação dos investimentos estrangeiros para alavancar o
processo de industrialização foi viabilizada com a Instrução 113 da SUMOC13, muito
utilizada durante o Governo Juscelino Kubitschek (JK) para viabilizar a implantação do Plano
de Metas14.

Portanto, o Estado brasileiro desempenhou papel de fundamental importância durante


a fase constitutiva da indústria, notadamente concedendo incentivos de diversos matizes e,
ainda, investindo diretamente em setores menos atrativos para o setor privado, em especial
nos setores de base e de infra-estrutura. Em outros termos, ficou evidenciada a adoção de
políticas econômicas ativas de claro incentivo ao desenvolvimento industrial brasileiro.

Nesse contexto, as empresas estatais foram responsáveis pelo provimento de serviços


de infra-estrutura e atuaram com base em vultosos investimentos, até o surgimento de
sérias limitações à estrutura de financiamento vigente, com o esgotamento do acesso a
12
Para Lessa (1981, p.20-22), o triênio 1951-54 foi marcado pela “ideologia desenvolvimentista” na condução da política
econômica voltada para o desenvolvimento industrial.
13
Com amparo desta norma, foi possível importar máquinas e equipamentos sem cobertura cambial por parte das
empresas estrangeiras instaladas no país.
14
Conforme Lessa (1981, p.27-34), o Plano de Metas norteou a política econômica do governo JK em favor da
industrialização e “coroava um processo pelo qual o setor privado, desde o início do decênio, vinha progressivamente
delegando ao governo poderes e instrumentos para que fizesse frente às tarefas de complementação industrial”, capazes
de corrigir um processo de “industrialização desordenada com claros pontos de estrangulamento”, como por exemplo, nos
sistemas de transporte e de geração de energia.

47
capitais externos e uma grave crise fiscal, inaugurando uma longa fase de extrema
instabilidade macroeconômica.

Vale lembrar que o início dos anos oitentas é marcado pela crise da dívida externa e
pelo esgotamento de um modelo de financiamento do Estado brasileiro e, pela primeira vez
na agenda nacional, surge a questão do Déficit Público, o qual marcaria, a partir daí, os
debates sobre os rumos da economia brasileira, bem como sobre o papel do Estado na
economia. O estancamento do financiamento público teve profundos impactos sobre os
setores de infra-estrutura, em termos da deterioração de suas atividades e da escassez de
inovações e melhorias.

QUADRO 2.1 - Endividamento Externo do Brasil 1974-1984


Reservas
Dívida Externa Dívida Externa Exportações de Dívida Externa
Internacionais
Ano Bruta (US$milhões) Líquida (US$milhões) Bens (US$milhões) Exportação
(US$milhões)
A C=A-B D E=C/D
B
1.974 20.032 5.269 14.763 7.951 1,86
1.975 25.115 4.040 21.075 8.670 2,43
1.976 32.145 6.544 25.601 10.128 2,53
1.977 37.951 7.256 30.695 12.120 2,53
1.978 52.187 11.895 40.292 12.659 3,18
1.979 55.803 9.689 46.114 15.244 3,03
1.980 64.259 6.913 57.346 20.132 2,85
1.981 73.963 7.507 66.456 23.293 2,85
1.982 85.487 3.994 81.493 20.175 4,04
1.983 93.745 4.563 89.182 21.899 4,07
1.984 102.127 11.995 90.132 27.005 3,34
Fonte: Banco Central do Brasil

2.1.1. QUADRO da Crise Fiscal nas Décadas de 1980 e 1990

A combinação da acentuada aceleração inflacionária no início dos anos oitentas, com


o estancamento do afluxo de recursos financeiros para os países latino-americanos em
conseqüência da crise do endividamento externo, evidenciou o problema das contas
públicas brasileiras: trata-se de um período em que o país caminhou por uma trilha de
profunda instabilidade macroeconômica e em que os déficits públicos inviabilizaram os
investimentos governamentais. Ademais, o modelo de industrialização levado adiante pelo
país, marcado por uma proteção excessiva, nem sempre foi capaz de dar origem a
empresas competitivas e auto-sustentáveis. A crise dos anos oitentas trouxe à luz estas
fragilidades.

QUADRO 2.2 - Investimentos e Inversões Financeiras da


União¹ 1981-1984 (R$ milhões/2007)
Receitas Correntes Investimentos Inversões Financeiras
Ano B/A C/A
A B C

1.981 144.090 22.340 2.350 15,50% 1,63%


1.982 149.297 14.951 6.100 10,01% 4,09%
1.983 144.013 10.219 4.479 7,10% 3,11%
1.984 139.625 7.324 4.657 5,25% 3,34%
Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional (www.tesouro.fazenda.gov.br)
Nota: ¹ Gestão do Tesouro Nacional

48
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Nas diversas análises sobre o período, o Estado aparece em posição de destaque,


desde as visões mais liberalizantes até aquelas ditas da crise fiscal. A corrente liberal
identificava duas causas maiores para a crise na América Latina em geral e no Brasil em
particular: o crescimento exagerado do Estado, manifestado por uma intervenção
exacerbada na economia e pela ênfase ao protecionismo junto a um populismo econômico
que impedia o Estado de controlar as demandas sociais de acordo com as necessidades de
saneamento das finanças públicas. Seguindo esta lógica, a crise deveria ser combatida,
inicialmente, por um reequilíbrio das contas públicas e pela estabilização, para,
posteriormente, ser lançada uma política de crescimento voltada para o mercado, na qual o
Estado teria seu espaço reduzido. À volta do processo de desenvolvimento seria uma
conseqüência lógica do ajustamento15.

A abordagem da crise fiscal sugeria que a perda da capacidade do Estado de poupar


e investir, originada pelos processos de estabilização, impedia que ele retomasse o
comando de políticas de longo prazo para o desenvolvimento. A passagem de uma
predominância de investimentos públicos para um ganho de importância de investimentos
privados não se faz de maneira imediata e a economia ficou estagnada; enquanto isso, o
setor privado não via interesse maior em investir. O setor público, tradicionalmente o grande
promotor do desenvolvimento, deveria repensar as formas de fazê-lo, se não pretendesse
destituir-se totalmente desta função.

O déficit público, problema estrutural destas economias, esteve conectado a muitos


outros componentes e conduziu a uma crise mais ampla do Estado, com a perda de
credibilidade dos governos, à medida que a crise se acentuava. Assim, os defensores do
diagnóstico da crise fiscal vêem a crise dos anos oitentas como a maior (e pior)
conseqüência do modelo de financiamento adotado para a expansão do período precedente
e que se traduziu num endividamento excessivo e na manutenção, também por demais
prolongada, da política de substituição de importações.

Não é exagero afirmar que o Estado brasileiro atuou como um freio aos investimentos
e ao desenvolvimento durante o período. Instauraram-se mecanismos perversos que
tornavam temerosas as decisões de investimento privado, em um contexto de inviabilidade
fiscal e financeira do Estado e de instabilidade da política econômica, com predominância de
medidas de curto prazo.

Com a diminuição do ritmo de crescimento econômico, o Estado foi perdendo parte de


sua receita tributária e, ao lado disso, a elevação dos juros internos teve impacto
determinante sobre a dívida pública.

Simonsen (1992)16 fez uma análise da conta corrente do governo para indicar os
fatores que conduziram à deterioração das finanças públicas e, por conseguinte, da
capacidade de poupar do governo. As receitas fiscais caíram e foram diminuídas também
pelo efeito da inflação sobre elas, apesar do encurtamento de prazos de pagamento.

Ademais, os juros pagos sobre a dívida pública interna mantiveram-se em torno de 2%


do PIB no período. O serviço da dívida externa situou-se também entre 1% e 2%. Do lado
dos gastos correntes, a despesa com pessoal também sofreu uma elevação (as despesas
totais com pessoal passaram de 6,18% do PIB, em 1980, a 7,8%, em 1988).
Adicionalmente, as contas do governo sofreram os efeitos da política antiinflacionária de
contenção dos preços públicos.

15
Trata-se de uma opção de política econômica oposta àquela adotada à época do Plano de Metas, que priorizou o
desenvolvimento industrial em detrimento da estabilidade econômica. Segundo Lessa (1981, p.30), um dos fatores
objetivos da citada priorização foi a inexistência de “conflito entre os propósitos da política e os interesses dos setores mais
dinâmicos da classe empresarial”.
16
SIMONSEN, Mário H. (1992) A conta corrente do governo: 1970-88 in FORUM NACIONAL, Crise do Estado e retomada
do desenvolvimento, Rio de Janeiro, José Olympio.

49
O mercado de crédito internacional deixou de ser uma fonte de poupança para a
economia brasileira a partir do final de 1982, com a crise da dívida externa e, ao final dos
anos oitentas, enquanto a poupança pública caía de forma acentuada, o componente
privado da poupança crescia. Estes dois movimentos estiveram intimamente ligados pelo
aumento da dívida pública: o setor privado tornou-se credor do governo ao absorver os
títulos que este lançava no mercado.

TABELA 2.1 - Poupança Externa e Doméstica 1979-1989 (% do PIB)


Poupança Externa Poupança do Governo Poupança Privada Poupança Doméstica Poupança Total
Ano
A B C D=B+C E=A+D

1.979 4,84 4,21 14,31 18,52 23,36


1.980 5,37 2,70 15,49 18,19 23,56
1.981 4,54 3,13 16,64 19,77 24,31
1.982 6,00 2,01 14,98 16,99 22,99
1.983 3,55 1,45 14,93 16,38 19,93
1.984 (0,05) 0,54 18,41 18,95 18,90
1.985 0,12 - 17,89 17,89 18,01
1.986 2,07 0,98 16,96 17,94 20,01
1.987 0,51 (1,48) 24,14 22,66 23,17
1.988 (1,35) (0,45) 26,12 25,67 24,32
1.989 (0,25) (1,34) 28,45 27,11 26,86
Fonte: Banco Central do Brasil

Ainda segundo Simonsen (1992): "Por que o Brasil investe hoje menos do que na
década de 1970 é questão que se explica em parte por um choque externo: desde a crise da
dívida as fontes de poupança externa secaram. Há, no entanto, um outro aspecto mais
importante e pouco citado: a conta corrente do governo se deteriorou e o setor público, que
no passado contribuía significativamente para a formação de poupança interna,
transformou-se em despoupador. A crise da dívida justifica, em parte, a piora da conta
corrente do governo, mas apenas em pequena parte. O verdadeiro drama é que o governo
perdeu receita tributária real com o efeito Tanzi e, na hora errada, aumentou despesas de
custeio, sobretudo de pessoal".

Portanto, sem ajuste fiscal, a carga tributária e o endividamento público teriam que
crescer para manter o financiamento do Estado, ou então, para que fosse possível
equacionar as deficiências de recursos públicos sem essas alternativas, utilizar o “imposto
inflacionário”, possibilitando o adiamento do ajuste fiscal, com as nefastas decorrências que
essa prática pode ter sobre a renda dos grupos menos favorecidos sem acesso ao setor
bancário.

A cobrança do chamado “imposto inflacionário” permitiu certa redução da carga


tributária e do endividamento público, sem que esforços mais incisivos na direção de um
ajuste fiscal fossem feitos.

Em meio a todo esse processo de deterioração das finanças públicas, a Constituição


Federal de 1988, ao impor uma série de vinculações de receitas a despesas específicas,
limitou de forma pronunciada a margem de ajuste sobre os orçamentos federais. Apesar
disso, deve-se reconhecer que a nova Constituição, chamada de “Constituição-Cidadã” pelo
Deputado Ulysses Guimarães, Presidente da Assembléia Nacional Constituinte, teve como
motivações a ampliação dos direitos civis e a descentralização. Em poucas palavras,
algumas conseqüências desta mudança foram: a ampliação das transferências de receita
para Estados e municípios, a elevação das despesas da previdência e um aumento das
vinculações de gastos da União, notadamente em setores sociais (TABELA 2.2).

50
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA 2.2 - Gastos Sociais da União¹ - 1985-1994 (R$ milhões/2007)

Ano Educação e Cultura Habitação e Urbanismo Saúde e Saneamento Assistência e Previdência Total

1.985 20.039 492 5.074 20.369 45.974


1.986 28.392 2.587 7.772 21.993 60.744
1.987 32.214 4.554 8.952 21.690 67.410
1.988 32.416 5.156 8.156 26.957 72.685
1.989 33.102 639 12.059 59.279 105.079
1.990 24.360 453 8.041 118.994 151.848
1.991 17.775 867 26.317 83.221 128.180
1.992 14.359 236 28.493 84.801 127.889
1.993 21.351 994 37.494 113.080 172.919
1.994 27.387 201 36.571 128.091 192.250
Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional (www.tesouro.fazenda.gov.br)
Nota: ¹ Gestão do Tesouro Nacional até 1992; Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social apartir de 1993.

Porém, no caso específico dos municípios, deve aqui ser destacado que, se do lado
da Receita houve um movimento organizado que determinou a participação da União, dos
Estados, dos Municípios e do Distrito Federal na Receita Tributária, o mesmo não ocorreu
do lado da Despesa. Não houve a formulação de um plano nacional que pensasse a
descentralização dos gastos, o que caracterizou um processo desordenado em que os
municípios foram assumindo um papel cada vez mais importante na composição do gasto
público, muito em função das dificuldades, cada vez maiores, de a União continuar
realizando esses gastos, decorrência direta do crescimento do Déficit Público.

As crescentes demandas apresentadas pela população foram cada vez mais e de


maneira acelerada sendo atendidas pelos Municípios, o que, em última instância, significou
o fortalecimento do poder local enquanto centro de participação política.

Sendo assim, o crescente acúmulo de encargos sob responsabilidade da esfera


municipal de governo, especialmente nas áreas sociais e de infra-estrutura urbana, diante
de uma estrutura tributária centralizada na União17, criou uma espécie de “asfixia financeira”
para a maioria dos municípios brasileiros ao longo dos últimos 20 anos, o que debilitou a
capacidade de financiamento dos investimentos desses governos, inclusive, na área do
saneamento básico.

No nível federal, as restrições impostas à alocação dos recursos tornou-se um


estímulo à elevação da carga tributária, ao mesmo tempo em que constituiu uma pressão
adicional sobre o déficit público, na medida em que limitou as alternativas de cortes de
gastos.

A década de 90 iniciou-se em meio à premência de reduzir o déficit público. Entre as


reformas estruturais do período, para além de planos de estabilização malogrados,
destacam-se o início do processo de abertura econômica e um processo de privatizações
relativamente amplo.

É nesse contexto que se insere o Plano Real, reconhecido como a mais bem sucedida
experiência brasileira de estabilização. Diferentemente dos fracassados planos de
estabilização anteriores, o Plano Real partiu de um vigoroso ajuste fiscal implementado em
sua primeira fase, por meio do Plano de Ação Econômica (1993), o qual dava ênfase total
17
Tomando como referência os dados da Secretaria da Receita Federal (2006), em termos de competência de tributar, a
União concentra cerca de 70% da carga tributária, os Estados 26% e os Municípios 4%. Após as transferências
intergovernamentais, a receita disponível por esfera de governo é de 59% para União, 26% para os Estados e 15% para os
Municípios. Essa composição foi praticamente a mesma no período pós-Constituição de 1988.

51
ao ajuste das contas do setor público, cujos desequilíbrios eram identificados como
responsáveis pela inflação cronicamente elevada do país. O ajuste das contas públicas foi
conseguido tanto pelo aumento da receita como pelo corte de despesas (QUADRO 2.3).

QUADRO 2.3 - Necessidade de Financiamento do Setor


Público - Primário¹ - 1998-2006 (% do PIB)

Ano Nível Federal Nível Regional² Consolidado

1.998 0,17 (0,18) (0,01)


1.999 (2,73) (0,18) (2,92)
2.000 (2,59) (0,64) (3,24)
2.001 (2,27) (1,08) (3,35)
2.002 (2,59) (0,96) (3,55)
2.003 (2,84) (1,05) (3,89)
2.004 (3,16) (1,02) (4,18)
2.005 (4,36) (1,14) (4,35)
2.006 (2,78) (1,08) (3,86)
Fonte: Banco Central do Brasil (www.bcb.gov.br)
Notas: ¹ (+) déficit; (-) superávit.
² Estados e Municípios

“Em 1993, as contas do governo registraram superávit primário e operacional


associados a níveis muito baixos da dívida pública total e mobiliária, o que estabelecia uma
condição, de saída, que nenhum outro plano de estabilização anterior apresentara até
então. Entretanto, essa ênfase no ajuste das contas do setor público perdeu-se no passado:
o déficit público cresceu significativamente de 1994 para 1995, estabilizou-se em 1996 e
voltou a apresentar um vigoroso crescimento de 1997 em diante, fruto da adoção de uma
política econômica que, baseada na ancoragem cambial e em juros extremamente altos,
gerou desequilíbrios internos e externos, além da estagnação econômica”. (Vignoli et al,
2002, p.11)

Com efeito. No período compreendido entre os anos de 1994 a 1999, a dívida


mobiliária federal foi multiplicada por seis, passando de R$ 61,8 bilhões em 1994 para
R$403,3 bilhões em setembro de 1999. Além disso, há que se considerar o caráter
explosivo dessa dívida, pois sua duração média, que já era muito baixa em 1998, 5,1
meses, passou para 3,6 meses em setembro de 1999.

É nesse cenário de desequilíbrio das contas públicas que a Lei de Responsabilidade


Fiscal - LRF (Lei Complementar 101, de 04 de Maio de 2000) aprofundou e normatizou o
processo de saneamento das contas públicas que, timidamente, já havia sido iniciado
anteriormente. Na realidade, o esforço de organização das finanças públicas, cuja
consolidação se traduziu pela LRF, levou a uma importante reestruturação das finanças
estaduais com a privatização de seus bancos, o equacionamento de suas dívidas e uma
maior disciplina sobre as dívidas. Por mais custosos que tenham sido os esforços de
saneamento das finanças subnacionais, os resultados foram notáveis.

A desestatização de um bom número de atividades econômicas nos anos noventas foi


um procedimento coerente:

• Em primeiro lugar, com a política econômica adotada, baseada na adesão aos


princípios do Consenso de Washington que marcaram a vida econômica da
América Latina em geral e do Brasil em particular ao longo da década de 1990;
• Em segundo lugar, com as dificuldades das contas públicas e com a mudança
de percepção do papel do Estado na economia, compatível com os interesses
privados de busca de oportunidades lucrativas para a realização de

52
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

investimentos, no contexto da crise de financiamento do setor público brasileiro


que inviabilizou a manutenção do patrimônio público, bem como sua expansão,
face à depreciação dos investimentos estatais realizados no passado para o
desenvolvimento da economia brasileira.

2.1.2. O Processo de Privatização

Como se sabe, as empresas estatais desempenharam papel de protagonistas no


processo de desenvolvimento brasileiro na segunda metade da década de 70. Sua
importância ainda se manteve por algum tempo no decênio seguinte, até que a completa
incapacidade de investimento do Estado foi minando os investimentos de suas empresas e
estas foram perdendo dinamismo. O processo de privatizações brasileiro passou ao centro
da vida econômica nos anos noventas18.

A venda de empresas públicas deveria atuar como um importante instrumento de


saneamento das contas públicas, quer pela possível utilização dos recursos obtidos com a
venda dos ativos públicos para diminuir o estoque da dívida pública, quer pela redução de
despesas de que estas empresas necessitavam.

Ademais, o esgotamento do acesso a recursos externos tornou inviável a estrutura de


financiamento dos investimentos destas empresas prevalecente até a crise da dívida
externa. É preciso considerar também que a privatização de empresas produtivas e
rentáveis teria como decorrência uma queda de receita para o Estado. No caso de
empresas saudáveis e rentáveis, o Estado deveria esperar um valor de venda, na
privatização, compatível com seu potencial produtivo.

Já a redução do déficit público como resultado coadjuvante da privatização é


fenômeno menos certo, uma vez que a recompra de títulos da dívida com recursos da venda
de estatais só pode ser efetiva se não estiverem atuando outros fatores macroeconômicos
que impulsionem a elevação da dívida.

O Plano Nacional de Desestatização (PND) teve início em 1990 e, a partir daí, as


privatizações passaram a ocupar papel de destaque na política nacional. Nessa etapa,
foram privatizadas em especial empresas tradicionalmente estatais e do setor industrial,
portanto de grande porte. O PND estabeleceu os seguintes grandes objetivos19:

1) Reordenar a posição estratégica do Estado na economia, transferindo à iniciativa


privada atividades então exploradas pelo setor público;
2) Contribuir para a redução da dívida pública, concorrendo para o saneamento das
finanças do setor público;
3) Permitir a retomada de investimentos nas empresas e atividades que vierem a
ser transferidas à iniciativa privada;
4) Contribuir para a modernização do parque industrial do País, ampliando sua
competitividade e reforçando a capacidade empresarial nos diversos setores da
economia;

18
Segundo Tigre et al (1999, p.217), trata-se de um processo associado à tendência de globalização e liberalização
econômica que, entre outros aspectos, priorizou a abertura comercial, tecnológica e financeira, a estabilidade econômica e
o processo de privatização dos serviços públicos na perspectiva da mudança do papel do Estado e da atração de
investimentos.
19
Medida provisória No 155 de 15 de março de 1990.

53
5) Permitir que a administração pública concentre seus esforços nas atividades em
que a presença do Estado seja fundamental para a consecução das prioridades
do Governo; e
6) Contribuir para o fortalecimento do mercado de capitais, através do acréscimo da
oferta de valores mobiliários e da democratização da propriedade do capital das
empresas que integrem o Processo.

O BNDES foi nomeado gestor do PND e administrador do Fundo Nacional de


Desestatização (FND), receptor das ações das empresas privatizáveis.

Em 1995 foi aprovada a Lei de Concessões20, cujo objeto era a definição de regras
para a outorga e prorrogações de autorizações para exploração de serviços públicos, e que
marcou fase crucial no plano de privatizações. A partir daí, abriu-se uma fase de
privatização de serviços públicos, com a negociação de concessões em setores
extremamente interessantes para o setor privado, como o de telecomunicações e o de
energia elétrica.

A partir desta data, teve início a privatização dos serviços públicos, desta vez com um
diferencial importante: junto com a venda de empresas, seria preciso esboçar um plano de
regulação para os setores, de forma a evitar a constituição de monopólios privados nocivos
aos consumidores. O processo teve início com o setor elétrico, de propriedade do governo
federal. Como as geradoras de energia vendiam para distribuidoras estaduais, também
públicas, o processo foi um tanto mais conturbado pelos fatores políticos envolvidos,
especialmente quando emergiu a proposta de privatizar as estaduais também. O segundo
grande setor a ser privatizado, nesta fase, foi o de telecomunicações.

Entre 1991 e 1999, os resultados da privatização chegaram quase a US$ 90 bilhões21,


com destaque para o ingresso de investimentos estrangeiros diretos na compra de
empresas públicas. O aporte de recursos externos à conta de capitais foi bem-vindo em um
momento de elevado déficit nas transações correntes do balanço de pagamentos. Se
considerarmos a distribuição setorial dos investimentos, no mesmo período, 35%
destinaram-se às telecomunicações, o setor elétrico ficou com 34% da receita, enquanto a
siderurgia respondeu por 9% do total das receitas da privatização.

TABELA 2.3 - Receita de Privatização 1991-1999 (US$ milhões)

Governo Federal Governos Estaduais Total Receita de Venda Dívidas Transferidas


Ano
A B C= (A+B) ou (D+E) D E

1.991 1.988 - 1.988 1.614 374


1.992 3.383 - 3.383 2.401 982
1.993 4.188 - 4.188 2.627 1.561
1.994 2.314 - 2.314 1.965 349
1.995 1.628 - 1.628 1.004 624
1.996 4.749 1.770 6.519 5.485 1.034
1.997 12.558 15.117 27.675 22.617 5.058
1.998 26.606 10.858 37.464 30.897 6.567
1.999 554 3.887 4.441 3.203 1.238
Total 57.968 31.632 89.600 71.813 17.787
Part. 64,70% 35,30% 100,00% 80,15% 19,85%
Fonte: BNDES

20
Lei n.º 8.987, de 13 de fevereiro de 1995.
21
Apesar de o programa brasileiro de privatizações ter arrecadado quase US$ 90 bilhões (o que, com a paridade cambial à
época representava cerca de R$ 90 bilhões), a dívida líquida do setor público subiu de 29,2% do PIB em 1994 para 50,5%
em agosto de 1999. A crise fiscal mostrava sua face.

54
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Esse é o contexto fiscal que é o pano de fundo em que se insere a participação do


setor privado na provisão dos serviços de saneamento no Brasil.

2.2. Análise Geral do Entorno Regulatório

2.2.1. Provisão e Operação de Serviços Públicos no Brasil – O Ambiente de


Provisão e Operação de Infra-Estrutura no Brasil

Até meados do século passado, o histórico de operação privada de infra-estruturas e


de serviços públicos no Brasil apresenta-se variado e descontínuo. Antes da segunda
guerra, vários serviços públicos tiveram participação do capital privado, principalmente
estrangeiro, incluindo os setores de energia elétrica, telefonia, saneamento, portos, gás e
transporte público; já no pós-guerra, verificou-se importante mudança do papel do capital
privado na área de infra-estrutura e, a partir dessa época, o governo brasileiro assumiu a
liderança na operação e no investimento. As concessões privadas ainda existentes foram
retomadas pelo Estado, ao mesmo tempo em que se deu a criação de um grande número
de autarquias e de empresas públicas voltadas à exploração desses serviços.

A partir da década de 80, contudo, a redução drástica da capacidade de investimento


do setor público, decorrente da crise econômica interna e externa que se seguiu ao segundo
choque dos preços do petróleo, e as políticas macroeconômicas de contenção da inflação,
que restringiram a geração de recursos via tarifas, alteraram esse QUADRO. Somando-se
às dificuldades de gestão inerente ao setor público, esses fatos criaram fortes limitações à
expansão e ao melhoramento dos serviços públicos22. Ao mesmo tempo em que o setor
privado se tornou altamente dependente da oferta pública de infra-estruturas e serviços, os
investimentos nesta área estagnaram por mais de uma década, levando à deterioração
acentuada das bases até então construídas.

Um novo modelo começou a ser implementado no início da década de 90, com a


abertura da economia à competição internacional e a criação de um processo visando à
transferência de ativos produtivos estatais para a iniciativa privada. O Plano Nacional de
Desestatização (PND), criado em 1990 (Lei 8.031/90), é o reflexo dessa mudança política;
esse plano consistiu inicialmente em um processo de venda de empresas estatais do setor
produtivo, em especial o siderúrgico e o petroquímico, sendo ampliado, a partir de 1995,
com a inclusão de concessões de serviços públicos federais, com foco nos setores de
eletricidade, transporte e telecomunicações; a vertente no setor de infra-estrutura foi iniciada
pela privatização da ESCELSA, Companhia de Distribuição de Energia Elétrica do Estado
do Espírito Santo que, juntamente com a Light Participações, eram as únicas distribuidoras
de energia controladas pelo governo federal23.

O processo incluiu ainda a realização de leilões para concessão do sistema operado


pela Rede Ferroviária Federal, dividido em seis áreas, e, em seguida, pelo da Fepasa.
Tomando-se estas ferrovias juntamente com duas outras de propriedade da Companhia
Vale do Rio Doce, que foram vendidas no pacote da companhia, tem-se que em 1998 toda a
malha ferroviária nacional, exceto a de transportes coletivos urbanos, já era operada por
investidores privados, em flagrante contraste com o modelo praticado anteriormente.

22
BRASIL. Public Service Concessions in Brazil. Brasília: Presidência da República, Secretaria de Assuntos Estratégicos –
SAE, 1995.
23
Fonte: http://www.bndes.gov.br/privatizacao/resultados/historico/history.asp

55
No setor de telecomunicações, após a realização de lances competitivos para a venda
de concessões para exploração do serviço B de telefonia celular, que entraria em
concorrência com a rede da então estatal Telebrás procedeu-se à venda desta última. Com
grande repercussão internacional, realizou-se um leilão único para venda da participação
majoritária da União no sistema Telebrás, que foi dividido em companhias de telefonia fixa,
celular e ainda a operadora de serviços de longa distância Embratel. Além da União, o
Município de Ribeirão Preto também alienou seu controle sobre a companhia telefônica
local. Nesta fase, também teve início o processo de desestatização de empresas estaduais
e de concessões estaduais e municipais, conduzido pelos respectivos governos, com forte
apoio do Governo Federal.

No âmbito dos Estados, ocorreram concessões nos setores de rodovias e de gás


canalizado e a venda de participações em empresas do setor elétrico. Houve também a
tentativa de incluir no processo de desestatização as empresas concessionárias de
saneamento. Houve introdução de participação privada nos casos da Saneatins/TO, da
Região dos Lagos/RJ, de Campo Grande/MS e de Manaus/AM, além da abertura à
participação minoritária de capital privado nas empresas Sabesp/SP, Sanepar/PR e
Copasa/MG.

Na esfera municipal, a participação privada tem se dado com maior ênfase em


concessões e permissões do setor de transporte coletivo e, em menor grau, no setor de
saneamento básico, foco deste estudo, incluindo os serviços de abastecimento de água,
esgotamento sanitário e manejo de resíduos sólidos.

2.2.1.1. Contrato Público-Privado no Brasil

A base legal para a oferta de concessões de serviços públicos no Brasil é estabelecida


pela Constituição Federal (CF), cujo artigo 175, que trata da Ordem Econômica, estabelece:

“Art 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob


regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de
serviços públicos"
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I O regime das empresas concessionárias e permissionárias de
serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua
prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e
rescisão da concessão ou permissão.
II. Os direitos dos usuários;
III. Política tarifária;
V. A obrigação de manter serviço adequado.”

O QUADRO abaixo apresenta uma síntese da finalidade dos principais instrumentos


de participação privada no Brasil. Nesse QUADRO, o eixo vertical apresenta a expectativa
de retorno privado do projeto, enquanto o eixo horizontal representa a expectativa de retorno
social. Note-se que o retorno privado não inclui externalidades sociais importantes, ou seja,
não leva em consideração custos de oportunidades sociais relativos, por exemplo, ao uso de
certos bens ambientais, aos efeitos do projeto sobre a saúde pública e outros. Por outro
lado, o retorno social diz respeito justamente a estas externalidades, ou seja, efeitos do
projeto que, embora não captados na taxa de retorno do investidor privado, são relevantes
para comunidades ou para a sociedade em geral. O QUADRO é explicado na seqüência.

56
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

FIGURA 2.1 - Características das Leis para Participação Privada

Fonte: Elaboração dos Autores.

Os dois quadrantes à esquerda do eixo vertical não são relevantes, pois referem-se a
projetos com interesse social negativo. Trata-se, portanto, de projetos que não deveriam ser
implementados.

O primeiro quadrante refere-se a projetos com interesse tanto privado quanto social.
Quando os projetos neste quadrante apresentam adequado retorno econômico atrativo para
o capital privado, dispensa-se o aporte de recursos públicos não onerosos no seu
financiamento, que pode ser feito exclusivamente com tarifas e receitas do próprio projeto.
Este é o caso típico em que a participação privada pode ser efetivada por meio da Lei de
Concessões (Lei nº. 8.987 de 1995).

No mesmo quadrante, podem ser encontrados projetos que apresentam retornos


insuficientes para sua auto-sustentação econômica, e não atrativos para o investidor
privado, mas que apresentam retorno social elevado; estes podem ser viabilizados com a
aplicação direta de recursos públicos no seu financiamento, como complementação às
fontes de receitas geradas pelos próprios projetos. Neste caso, a participação privada se
enquadra tipicamente na Lei das Parcerias Público-Privadas ou PPP (Lei nº. 11.079 de
2004), na modalidade de concessão patrocinada.

Há ainda os projetos com possibilidade de retorno privado muito baixo ou nulo, mas de
elevado interesse público, cuja viabilidade e sustentabilidade requerem expressiva aplicação
de recursos públicos, bem como os projetos para os quais, mesmo que economicamente
sustentáveis, não se admite a cobrança de preços públicos diretamente dos beneficiários. A
participação privada nesses projetos também pode ser viabilizada através da Lei das PPP,
na modalidade de concessão administrativa, em que a contraprestação ao parceiro privado
fica integralmente a cargo do Poder Público concedente, o qual pode ou não buscar o
retorno integral ou parcial desse custo mediante a cobrança de tributo ou contribuição
específica (taxa ou contribuição de melhoria) dos beneficiários finais, conforme o caso.

O segundo quadrante mostra projetos com retorno econômico negativo, mas com
interesse social positivo. Em sendo papel do Estado prover esses projetos, como na
situação anterior isto também pode ser alcançado em parceria com o setor privado,
mediante concessões administrativas no âmbito da Lei das PPP ou, em certos casos,
mediante contrato disciplinado pela Lei de Licitações (Lei nº. 8.666 de 1993).

57
Note-se que a Lei de Licitações, embora constitua arcabouço básico de contratação do
setor privado pelo setor público, não oferece instrumentos adequados para a implantação e
operação de infra-estruturas que requeiram longos prazos de maturação, pois os contratos
regidos por essa Lei têm prazos limitados a cinco anos, isto é, essa Lei aplica-se somente
aos projetos que envolvam a execução de obras e/ou a prestação de serviços enquadrados
nesse prazo.

Existem ainda outras formas de parcerias entre o setor público e o setor privado no
Brasil, disciplinadas por outros instrumentos legais, com menor importância para a
discussão em tela. Podem ser citadas: a permissão, disciplinada pela Lei de Concessões, e
até mesmo a parceria com as OSCIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse
Público, regida pela Lei nº. 9.790, de 1999, porém ambas têm pouca relevância na
delegação da operação de infra-estrutura de saneamento.

Assim, os dois instrumentos mais relevantes de participação privada são a Lei das
Concessões e a Lei das PPP. Borges e Neves (2005)24, por exemplo, defendem que, após a
lei 11.079, de 2004, passam a existir quatro modalidades de contratos de concessão no
Brasil:

• Concessão comum ou tradicional, calcada em receitas auto-suficientes e sem


contrapartida do Estado (Lei 8.987/95);
• Concessão comum ou tradicional, com contrapartida do Estado complementar à
receita, que não teria sido revogada pela Lei 8.987/95;
• Concessão patrocinada (receita própria insuficiente), com contrapartida do
Estado, complementar à receita; e
• Concessão administrativa sem outra receita que não a do Estado.

Alguns Estados criaram sua própria legislação de PPP, por exemplo, o Estado de São
Paulo, onde as parcerias público-privadas são disciplinadas pela Lei Estadual 11.688 de
2004, que criou Unidade de PPP vinculada à Secretaria Estadual de Economia e
Planejamento.

2.2.1.2. Dificuldades Pós-Contratuais

A existência de um marco legal moderno para a realização de contratos público-


privados no setor de infra-estrutura não torna o processo livre de dificuldades. Entre os
vários estudos que avaliam os problemas surgidos durante a vida de contratos de infra-
estrutura, destaca-se o de Guasch (2004)25. Este autor realizou estudo incluindo 942
concessões realizadas na América Latina e Caribe, sendo 194 no Brasil, nos quais se
identificou elevada incidência de renegociações entre os contratos analisados – quase 30%
dos contratos foram renegociados, como mostra o QUADRO 2.4.

24
Borges, Luiz Ferreira Xavier. Das Neves, Cesar. Parceria Público-Privada: Riscos e Mitigação de Riscos em Operações
Estruturadas de Infra-Estrutura. Revista do BNDES, Rio de Janeiro, V. 12, N. 23, P. 73-118, Jun. 2005.
25
Guasch, Jose Luis. Granting and Renegotiating Infrastructure Concessions: Doing it Right. Washington, D.C.: The World
Bank, 2004. 194 p.

58
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

QUADRO 2.4 - Número e Percentual de Concessões Renegociadas na América Latina e no


Caribe, por país e por setor, entre meados dos anos 80 e 2000.
% no
Telecom Energia Transporte Saneamento TOTAL
total

Argentina 0 em 17 0 em 31 34 em 40 11 em 14 45 em 102 44,1

Bolívia 0 em 0 2 em 17 0 em 5 1 em 2 3 em 24 12,5

Brasil 0 em 87 0 em 7 28 em50 42 em50 70 em 194 36,0

Chile 0 em 12 4 em 81 6 em 27 0 em 3 10 em 123 8,1

Colômbia 0 em 0 0 em 0 28 em 44 0 em 7 28 em 51 54,9

Costa Rica 0 em 0 0 em 31 1 em 1 0 em 0 1 em 32 3,1


República 0 em 1 7 em 10 1 em 3 0 em 0 8 em 14 57,1
Dominicana
Equador 0 em 0 0 em 2 0 em 0 0 em 0 0 em 2 0,0

Guatemala 1 em 1 0 em 0 2 em 2 0 em 0 3 em 3 100,0

Honduras 0 em 1 6 em 8 0 em 0 0 em 0 6 em 10 60,0

Jamaica 0 em 2 0 em 0 0 em 0 0 em 0 0 em 2 0,0

México 0 em 63 2 em 51 46 em91 46 em 58 94 em 263 35,7

Panamá 0 em 0 0 em 0 1 em 5 0 em 0 1 em 5 20,0

Peru 1 em 85 3 em 17 3 em 5 0 em 0 7 em 107 6,5


Trindade e 0 em 1 1 em 1 0 em 0 1 em 1 2 em 3 66,7
Tobago
Uruguai 0 em 0 0 em 0 0 em 2 1 em 1 1 em 3 33,3

Venezuela 1 em 3 0 em 0 1 em 1 0 em 0 2 em 4 50,0
Fonte: reprodução de Guasch (2004), cálculos efetuados pelos autores.

O setor com maior freqüência de renegociações é justamente o setor de saneamento,


seguido pelos de transportes. Em saneamento, foram estudados 194 contratos, sendo 50 no
Brasil. Para a amostra total, 74,4% dos contratos de saneamento passaram por
renegociação, sendo que, na subamostra do Brasil, este índice foi de 84%. O tempo médio
de renegociação contratual no setor de saneamento foi de 1,6 anos, mais curto que o
verificado na média das concessões da base de dados do autor (2,2 anos) e praticamente
metade do tempo registrado no setor de transportes (3,1 anos). Em contraste, o setor de
telecomunicações praticamente não registra casos de renegociação contratual, enquanto
que no setor de energia a freqüência de renegociações foi razoavelmente baixa. Nesse
contexto, não constitui exagero afirmar que a renegociação de contratos de participação
privada constitui regra e não exceção.

Guasch (2004) procura ainda levantar as características mais associadas à


renegociação contratual. No caso do setor de saneamento, as principais características
presentes em contratos renegociados são apresentadas no QUADRO 2.5.

59
QUADRO 2.5 - Incidência de Renegociação Contratual no Setor de
Saneamento de Acordo com as Características

TOTAL SANEAMENTO

Critério de adjudicação
Menor tarifa 60% 82%
Maior pagamento 11% 67%
Critério de regulação
Investimentos obrigatórios 70% 85%
Indicadores de desempenho 18% 25%
Regime regulatório
Preço teto 42% 89%
Taxa de retorno 13% 15%
Entidade reguladora
Existente 17% 41%
Inexistente 61% 88%
Marco legal
Por lei 17% 55%
Por decreto 28% 83%
No contrato 40% 70%
Fonte: Guasch (2004)

O QUADRO mostra que, nas renegociações contratuais em saneamento, foram


predominantes os casos em que:

• O critério de adjudicação foi a menor tarifa, em relação aos casos de maior valor
de outorga (sendo que, especificamente em saneamento, diferentemente dos
demais setores analisados, notou-se incidência de renegociação elevada sob
ambos os critérios de outorga);
• O critério de regulação foi baseado em investimentos, em relação aos casos de
uso de indicadores de desempenho;
• O regime regulatório foi de preço-teto, em relação aos casos de regulação por
taxa de retorno;
• Não havia agência reguladora;
• O marco legal foi estabelecido por lei, relativamente aos que utilizaram
instrumentos mais frágeis como decretos ou o próprio contrato.

Note-se que não se deve derivar deste QUADRO a conclusão de que as


características explicitadas conduzem a maior probabilidade de renegociação, somente pelo
fato de que estas estiveram presentes nos casos renegociados. Trata-se de mero conjunto
de fatos estilizados que podem contribuir para o entendimento das questões subjacentes.

60
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

2.2.2. Evolução do Marco Regulatório do Saneamento no Brasil

2.2.2.1. Situação Antes do Planasa (1971)

Desde a época colonial até o Império, os serviços de abastecimento de água eram


precários (chafarizes), sendo providos pelos governos gerais e de províncias, nos núcleos
urbanos mais desenvolvidos, e caracterizando-se pelo acesso gratuito.

Nesse mesmo período já ocorriam algumas formas de participação privada no


provimento desse serviço, ou pela construção de fontes particulares de acesso gratuito ou
restrito, ou pela atividade dos aguadeiros que promoviam o comércio da água com entrega
domiciliar em barris, atuando como agentes individuais ou como serviçais de proprietários
de fontes particulares.

Remontam também à época do Império as primeiras obras de sistemas de distribuição


domiciliar de água encanada nas cidades do Rio de Janeiro, Recife e São Paulo. Essas
experiências foram realizadas mediante concessões a empreendedores privados, com
registros para a Companhia do Beberibe, que atuou em Recife no período de 1837 a 1912, a
Companhia City, que operou na cidade do Rio de Janeiro entre os anos de 1863 a 1947, e a
Companhia Cantareira, que atuou na cidade de São Paulo no período de 1877 a 1893.

No início do Séc. XX, os Estados passaram a atuar mais fortemente no provimento


dos serviços, retomando as concessões ou se associando aos operadores privados,
prestando diretamente os serviços por meio de órgãos ou repartições públicas, ou em
convênio com municípios.

Datam também desta época algumas experiências de contratação de escritórios


particulares de engenharia para a construção e operação, em regime de concessão ou de
prestação de serviço, de alguns sistemas de abastecimento de água e de coleta de esgotos.
Um dos maiores expoentes e representantes dessa época foi o Engenheiro Francisco
Saturnino Rodrigues de Brito, nascido em Campos, no Rio de Janeiro, em 1864, que
realizou projetos em mais de 55 cidades do País, entre elas as capitais paulista e
pernambucana.

Até meados do século 20, observou-se o crescimento acelerado e progressivo do


déficit de atendimento em serviços urbanos de saneamento, devido, basicamente, à
dispersão dos poucos recursos disponíveis, à inexistência de processos específicos nos
níveis estadual e federal, à concentração de população nas cidades (principalmente a partir
da década de 30), e à carência de recursos dos municípios. Somavam-se aos fatores acima
elencados a inexistência ou irrealidade de sistema de cobrança e a falta de utilização de
instrumentos de planejamento sistemático. Com todas essas dificuldades, e face ao
crescimento da necessidade de ampliação da oferta dos serviços de água e de esgoto, que
se refletia em baixos níveis de atendimento, não se vislumbrava a perspectiva de
equacionamento do problema.

Na década de 40, a União, por meio do Serviço Especial de Saúde Pública, (SESP),
passa a atuar de forma direta na implantação de serviços de água e esgotos, inicialmente
nas regiões de caráter estratégico para o esforço de guerra (2ª Guerra Mundial) e atingindo
quase todo o país nas décadas de 50 e 60. Desde então, a participação privada na
prestação dos serviços de saneamento deixou de existir, salvo uma ou outra experiência
isolada e pouco significativa do ponto de vista institucional.

61
A partir da década de 50, e mais intensamente nos anos sessentas, os municípios,
especialmente os mais desenvolvidos, assumiram a prestação dos serviços; nessa época
surgem os SAAEs – Serviços Autônomos de Água e Esgotos, entidades autárquicas
municipais, muitos deles organizados e administrados mediante convênios com a extinta
Fundação Serviço Especial de Saúde Pública (FSESP) e outros tantos criados por indução
de instituições financeiras que atuavam no setor, como o Banco Nacional de Habitação
(BNH) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), para que pudessem ser
tomadores de recursos de financiamentos.

É também na década de 60 que os Estados intensificaram suas intervenções no setor,


principalmente nas metrópoles e capitais, criando fundos de saneamento, além de
departamentos, de autarquias e das primeiras empresas estaduais (Cedag/GB, Corsan/RS,
Sanep e Saner/PE, Comae e Coseb/BA, Sanepar/PR, Comasp/SP, etc.). O BID começou a
financiar grandes projetos desenvolvidos pela União, pelos Estados e por algumas de suas
capitais. Institui-se o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), gerido pelo BNH, e
o Plano Nacional de Saneamento (PLANASA).

Estima-se que ao final dos anos sessentas os índices de atendimento às populações


urbanas com serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário eram da ordem de
45% e 20% respectivamente, refletindo uma situação bastante precária, em termos de
cobertura.

A evolução do sistema de prestação de serviços de saneamento básico no Brasil,


entendendo-se este como abastecimento de água e esgotamento sanitário, foi
especialmente marcada pela ação do Planasa (Plano Nacional de Saneamento) a partir da
década de 70.

2.2.2.2. Período Planasa (1971-1986)

O Governo Federal criou, em 1968, o Sistema Financeiro do Saneamento (SFS),


tendo o BNH como seu órgão gestor. O objetivo do SFS era viabilizar a realização de ações
sistemáticas e planejadas globalmente, destinadas a enfrentar todo o QUADRO de carência
e dificuldades vivenciadas, até então, pelo financiamento do setor. O Decreto-lei nº. 949, de
1969, autorizou a aplicação de recursos do FGTS nas operações de financiamento para
saneamento, criando condições para a implementação do SFS.

As experiências iniciais do SFS mostraram as dificuldades que teria para o


cumprimento de seus objetivos ante a fragilidade do modelo de gestão dos serviços de
saneamento então vigente, em que as funções públicas estavam pulverizadas de forma
desconexa e às vezes concorrente entre instituições estaduais e alguns milhares de
municípios, e sem planejamento sistemático, quer no aspecto temporal ou de integração
local e regional das ações. Nessas condições, além das operações de financiamento
requererem nível de controle operacional mais complexo e maior estrutura administrativa do
agente financeiro (BNH), a inexistência de regulação minimamente adequada, a falta de
escala e o baixo nível dos projetos, a inexperiência ou a baixa qualificação técnica dos
gestores e operadores dos serviços, entre outras fragilidades do modelo, elevaram os riscos
de sustentabilidade e de eficácia do SFS e da Política Nacional de Saneamento instituída
pela Lei nº. 5.318, de 1967.

Isto levou à elaboração do Plano Nacional de Saneamento – PLANASA –,


desenvolvido pelo Ministério do Interior e implementado a partir de 1971 através das
entidades congregadas ao SFS, tendo ainda o BNH como órgão central, não somente na
mobilização de recursos financeiros, mas, também, na orientação normativa, controle

62
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

técnico e fiscalização. O PLANASA, restrito aos serviços de abastecimento de água e


esgotamento sanitário, interferiu profundamente na organização e gestão institucional
desses serviços, uma vez que os atos normativos do Ministério do Interior e do BNH
condicionavam os financiamentos do SFS à criação de empresas estaduais e à concessão
dos municípios para as mesmas, como medida para viabilizar a implementação e as metas
do PLANASA.

Instituía-se nacionalmente senão a prática sistêmica, pelo menos o propósito do


planejamento global das ações de saneamento básico a partir do âmbito estadual. Por
conseguinte, mobilizava-se, também, um montante expressivo de recursos para aplicação
coordenada nesse campo. Não obstante, o que caracterizou o PLANASA, desde a sua
concepção, foi a centralização, no nível da União e em torno do BNH, das funções de
planejamento, coordenação, controle e apoio financeiro.

Como forma de financiamento do plano, previa-se a aplicação de recursos do FGTS,


administrados pelo BNH, para financiar 50% dos investimentos, cabendo o restante do
financiamento, em cada Estado da Federação, ao Fundo de Água e Esgoto (FAE).

Os Fundos de Água e Esgoto foram criados em todos os Estados da Federação


através de convênio entre o Ministério do Interior, o BNH e os Governos Estaduais. Os
“FAEs” seriam capitalizados progressivamente, através do aporte de recursos dos governos
estaduais e do retorno dos empréstimos concedidos às Companhias Estaduais de
Saneamento (CESBs).

As CESBs eram as únicas instituições credenciadas para a obtenção dos recursos do


sistema, e exploravam os serviços de água e de esgotos em regime de monopólio, sendo
responsáveis pela construção, operação e manutenção desses serviços, mediante
concessão municipal. O princípio básico era o de um único prestador dos serviços de
abastecimento de água e esgotamento sanitário no âmbito do Estado, o que permitiria, por
meio de subsídios cruzados entre localidades, tornar factíveis projetos isoladamente
inviáveis. A exploração empresarial desses serviços requeria a auto-suficiência financeira
das companhias, que seria obtida via tarifa.

Em 1978 foram editados a Lei Federal nº. 6.528 e o Decreto nº. 82.587, que a
regulamentou, constituindo-se nos primeiros instrumentos de regulação econômica
autônoma dos serviços prestados pelas Empresas Estaduais no âmbito do PLANASA, que
até então eram auto-reguladas pelos seus controladores, com intervenção limitada do BNH
mediante os mecanismos de operação do SFS.

Houve, durante o período inicial de vigência do Plano, uma grande disponibilidade de


recursos, o que propiciou uma intensa execução de obras no setor. Em decorrência,
verificou-se significativa redução dos déficits dos serviços, principalmente em termos de
abastecimento de água (atendimento superior a 75% da população urbana era a estimativa
feita em 1980, ante a meta original de 80%), e propiciou também a geração de receitas
adicionais para as CESBs, através das taxas de administração dos projetos financiados.

No período compreendido entre 1975 e 1982, após a consolidação do Plano e antes


do início da crise do sistema, foram aplicados pelo PLANASA mais de US$ 6 bilhões em
obras de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, o que correspondeu a receitas
médias anuais da ordem de US$ 80 milhões em taxas de administração (10% do
investimento), para o conjunto das CESBs. Esses recursos foram fundamentais para a
própria estruturação de algumas das companhias estaduais.

63
Segundo Jobim, 200626: “o sistema, na medida em que retirava autonomia municipal,
se universalizava. Por outro lado, o comportamento favorável da economia, os investimentos
realizados e a prática dos subsídios cruzados fizeram com que o Saneamento Básico no
Brasil se expandisse”.

A ampliação da cobertura dos serviços se deu tanto em números absolutos como em


números relativos. Segundo dados dos censos demoGRÁFICOS (IBGE), o atendimento do
abastecimento de água passou, de 60,5% da população urbana, em 1970, para 79,2%, em
1980, atingindo 86,3%, em 1990. Nesse mesmo período, a cobertura dos serviços de coleta
de esgoto passou de 22,2% da população urbana para 47,9%, em 1990. Entretanto, a
expansão dos serviços aconteceu de forma desigual, priorizando os investimentos nas
regiões sul e sudeste, regiões mais populosas e com poder aquisitivo maior, sem atingir a
universalização almejada.

Em 2005, conforme o SNIS, as CESBs prestavam serviços de abastecimento de água,


mediante concessões, em 3.919 municípios – 70,4% do total de municípios existentes em
2004 –, o que representava 73,2% da população total do país. Nestes municípios, a
cobertura média era de 96,1% da população urbana. Esta atuação era menor nos serviços
de esgotamento sanitário, sendo as CESBs responsáveis por estes serviços em apenas
915 municípios – 16,4% do total, o que representava 47,8% da população brasileira. A
cobertura média nestes municípios era de 57,2% da população urbana.

2.2.2.3. Período Pós-Planasa (1986-2007)

O desequilíbrio financeiro das CESBs começou a ser evidenciado a partir do início dos
anos oitentas, com o agravamento da crise econômica que atingiu o país. Entretanto, outros
fatores diretamente relacionados ao modelo adotado para as ações de saneamento
influíram nesse desequilíbrio. Dentre eles, destacam-se:

• Os elevados custos financeiros, de instalação e de operação, incompatíveis com


a capacidade de retorno característica desse tipo de investimento, e com as
condições sócioeconômicas do país;
• Os altos investimentos decorrentes da utilização indiscriminada de concepções
de projetos de engenharia caracterizados pela centralização, nem sempre
adequada, criando grandes unidades, algumas desnecessariamente sofisticadas
e, também, pelos elevados padrões de consumo considerados;
• A expansão urbana acelerada sem planejamento e com altos custos para a
ampliação dos serviços, produzindo, também, impactos quanto aos custos de
sua operação;
• A ineficiência operacional decorrente, principalmente, dos elevados custos e das
perdas de faturamento, em função de desperdícios resultantes, entre outros
fatores, da pouca atenção dada aos sistemas de controle – medição de
consumo, indicadores de eficiência, etc. Este aspecto relaciona-se também a
deficiências na gestão comercial, incluindo elevada inadimplência e insuficiência
da gestão das cobranças, entre outros fatores;
• As deficiências inerentes ao modelo, no que se refere à auto-sustentação,
evidenciadas a partir do momento em que se começou a atender, também, os
estratos de menor renda, nas periferias dos grandes centros e nas pequenas
localidades. Esses segmentos da população, além da menor capacidade de

26
Voto do Ministro Nelson Jobim na Ação Direta de Inconstitucionalidade 1.842-5 Rio de Janeiro.

64
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

pagamento, que gera maiores índices de inadimplência, podem, em muitos


casos, ter consumos efetivos relativamente elevados, em decorrência da falta de
medição;
• A irrealidade tarifária, sobretudo em face de decisões políticas que, em
determinados períodos, utilizaram as tarifas públicas como instrumento de
redução de tensões inflacionárias ou de populismo eleitoral.

Os recursos do PLANASA, além daqueles destinados aos investimentos em obras,


foram também aplicados no desenvolvimento institucional, em pesquisa e edição de normas
e publicações técnicas, contribuindo para a formação da capacidade operativa hoje
instalada e do acervo técnico-institucional que se dispõe em relação aos serviços de
saneamento. Algumas iniciativas foram tomadas, ainda, nos níveis dos governos estaduais
e federal e no âmbito das próprias companhias, para estabelecer o maior equilíbrio possível
do sistema. Dentre essas iniciativas, destacam-se:

• A renegociação das dívidas das CESBs e dos FAEs junto ao SFS, entre os anos
de 1993 e 1995, com a transferência dos créditos para o Banco do Brasil e a
assunção das dívidas pelos tesouros estaduais na maioria dos Estados;
• Subvenções públicas ou execução de obras, através de processos como Projeto
Alvorada, Prodetur, Pass-BID, Pró-Água e outras transferências voluntárias da
União;
• Aportes para aumento de capital e subvenções para obras dos tesouros
estaduais;
• Cooperação técnica e financeira da União para modernização e capacitação dos
prestadores de serviços estaduais e municipais, através do PMSS/Cidades;
• Abertura do capital por algumas CESBs e adoção de instrumentos de
governança corporativa (Sabesp, Sanepar e Copasa);
• Reestruturação administrativa e instituição de instrumentos e mecanismos de
regulação e controle externo por agências autônomas (Cagece, Compesa,
Caern, Sanesul).

Em linhas gerais, a FIGURA 2.2 a mostra a evolução do marco regulatório federal ao


longo do tempo.

FIGURA 2.2 - Evolução do marco legal federal do


saneamento e legislação relacionada

Fonte: Elaboração dos Autores.

65
Apesar dessas conquistas, parte das Companhias Estaduais de Saneamento enfrenta,
atualmente, sérias dificuldades para prestar o serviço requerido pela população, não
obstante os expressivos aportes de recursos dos caixas estaduais que freqüentemente são
utilizados para socorrer as empresas, inclusive nas despesas correntes.

A partir da segunda metade da década de 80, além das dificuldades financeiras da


maioria das CESBs e do crescimento do número absoluto dos domicílios não atendidos, em
face ao aumento da população urbana sem os correspondentes investimentos em ações de
saneamento básico, o próprio aparelho institucional para a gestão dessas ações, no nível
federal, foi progressivamente desmontado. Em 1986, ocorreu a extinção do BNH,
incorporado pela Caixa Econômica Federal (CEF), e iniciou-se o processo que levou ao fim
do PLANASA. Em 1991, foi revogado o Decreto nº. 82.587, criando o vazio legal na
regulação da prestação dos serviços pelas Empresas Estaduais, que retornam ao processo
de auto-regulação vigente até hoje, enquanto se espera a implementação das diretrizes para
o saneamento básico previstos na Lei nº. 11.445/07.

Pode-se considerar como um marco importante no período pós-Planasa o acesso dos


municípios aos recursos do FGTS para financiar investimentos em saneamento,
anteriormente exclusivos das companhias estaduais, ainda que com recursos mais
limitados.

Na década atual, vence um grande número de contratos de concessão firmados pelas


CESBs na década de 70. Neste momento de renovação de concessões, as CESBs
renovaram muitos contratos de concessão e conquistaram novos, mas também perderam
algumas importantes cidades, como Campo Grande, Niterói, Campos e Manaus, e há um
volume significativo de contratos ainda em discussão. Em relação às cidades perdidas, por
exemplo, em 1997, o Governo do Mato Grosso devolveu aos municípios as concessões da
SANEMAT, que, em processo de extinção, permanece operando apenas em um município.
Na mesma época (1996), o Governo do Acre transformou a empresa SANACRE em
autarquia estadual (DEAS), que atende hoje a 18 municípios, sem a capital, Rio Branco, que
passou a prestar diretamente os serviços.

Recentemente, floresceram distintos modelos de participação privada no setor de


saneamento, como forma de melhorar a eficiência dos serviços, ampliar investimentos e, em
alguns casos, reduzir a despesa pública, seja através da redução dos investimentos
públicos no setor, seja através da concessão onerosa com obtenção de novos recursos para
o poder concedente. Atualmente, a participação do setor privado ocorre em um número
limitado de municípios. O presente estudo de PSP permitirá realizar uma avaliação do grau
atual da participação privada a partir dos dados levantados.

2.2.2.4. A Lei do Saneamento (Lei 11.445/2007)

Uma das características do marco regulatório estabelecido pelo Planasa foi a


regulação pela taxa de retorno através da Lei 6.528, de 11/05/1978, regulamentada pelo
Decreto 82.587, de novembro do mesmo ano. Esta estabeleceu que “as tarifas obedecerão
ao regime do serviço pelo custo, garantindo ao responsável pela execução dos serviços a
remuneração de até 12% (doze por cento) ao ano sobre o investimento reconhecido”. Como
resultado, a lógica do PLANASA mostrou-se fortemente voltada à construção e à ampliação
dos sistemas, com menor ênfase nos aspectos de operação. A ênfase na área de
construção de novos sistemas, em detrimento do setor de operações, que não era
financiado pelo BNH, levou a uma posterior degradação dos sistemas e a um índice
bastante elevado de perdas de água, com a contribuição de fatores anteriormente
elencados.

66
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

A Lei 11.445/2007 define princípios e institui diretrizes de regulação dos serviços


públicos de saneamento básico e a obrigatoriedade da sua existência. O Capítulo V do texto
aprovado estabelece os princípios gerais da regulação:

“Art. 21. O exercício da função de regulação atenderá aos seguintes


princípios:
I – independência decisória, incluindo autonomia administrativa,
orçamentária e financeira da entidade reguladora;
II – transparência, tecnicidade, celeridade e objetividade das decisões ”.
Os objetivos da regulação foram estabelecidos como segue.
“Art. 22. São objetivos da regulação:
I – estabelecer padrões e normas para a adequada prestação dos serviços
e para a satisfação dos usuários;
II – garantir o cumprimento das condições e metas estabelecidas;
III – prevenir e reprimir o abuso do poder econômico, ressalvada a
competência dos órgãos integrantes do sistema nacional de defesa da
concorrência;
IV – definir tarifas que assegurem tanto o equilíbrio econômico-financeiro
do contrato quanto a modicidade tarifária, mediante mecanismos que induzam à
eficiência e à eficácia dos serviços e que permitam a apropriação social dos
ganhos de produtividade”.

A lei procura ainda garantir a transparência no exercício da função regulatória:

“Art. 26. Deverá ser assegurada publicidade aos relatórios, estudos,


decisões e instrumentos equivalentes que se refiram à regulação ou à
fiscalização dos serviços, bem como aos direitos e deveres dos usuários e
prestadores, a eles podendo ter acesso qualquer do povo, independentemente
da existência de interesse direto.
§1º Excluem-se do disposto no caput os documentos considerados
sigilosos em razão de interesse público relevante mediante prévia e motivada
decisão.
§2º A publicidade a que se refere o caput deverá se efetivar,
preferencialmente, por meio de sítio mantido na rede mundial de computadores –
Internet”.

Embora a regulação dos serviços de saneamento básico seja necessariamente


fragmentada em razão das competências constitucionais dos entes da Federação, o que
reduz sensivelmente seu potencial de efetividade, a lei incentiva a delegação das funções
regulatórias para entidades públicas de âmbito regional ou estadual. Essa possibilidade foi
explicitada em dois pontos da norma legal, nos capítulos que tratam da titularidade e da
regulação. Neste último, estabeleceu-se que a regulação poderá ser delegada a qualquer
entidade reguladora constituída dentro dos limites do respectivo Estado. Assim, fica clara a
intenção do legislador em oferecer aos municípios titulares dos serviços a possibilidade de
reduzir o elevado custo da implantação de um aparato regulatório adequado.

67
2.2.2.5. A Lei Nº 11.107 e o Setor de Saneamento

A seguir são analisados os possíveis impactos da lei 11.107 de 2005 (Lei dos
Consórcios) em relação ao modelo das CESBs em vigência no país. Esta lei dispõe sobre
normas gerais para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios contratarem
consórcios públicos para a realização de objetivos de interesse comum e dá outras
providências. Na lei 11.445, define-se gestão associada como sendo “uma associação
voluntária de entes federados, por convênio de cooperação ou consórcio público, conforme
disposto no art. 241 da Constituição Federal”.

O formato de prestação, regulação, financiamento e de fiscalização associativa


derivado da lei dos Consórcios constitui inovação no ambiente institucional brasileiro. A lei
dos consórcios favorece a obtenção de economias de escala e de escopo em pelo menos
dois aspectos:

• Prevê a assinatura de contratos de programa e de convênios entre as CESBs e


os municípios concedentes. Com este dispositivo, a lei dos Consórcios propicia
incentivos à manutenção de ganhos de escala nas operações de saneamento,
evitando uma fragmentação ainda maior destes sistemas.
• Possibilita, através do consorciamento de municípios, uma maior diluição dos
custos médios tipicamente elevados, associados às funções de prestação,
regulação, fiscalização e de financiamento. O consórcio público pode prestar
diretamente, delegar a outro ente, ou através de PSP. A lei 11.445 faculta o
exercício das atividades de regulação e de fiscalização a consórcio público de
direito público integrado pelos titulares dos serviços.

Uma interessante possibilidade sugerida pela lei 11.445 de 2007 a partir da lei dos
consórcios diz respeito à criação de fundos de universalização pelos entes federados,
quando reunidos em consórcios públicos. Em seu art. 13, a lei estabelece que:

“Art. 13. Os entes da Federação, isoladamente ou reunidos em consórcios


públicos, poderão instituir fundos, aos quais poderão ser destinados, entre outros
recursos, parcelas das receitas dos serviços, com a finalidade de custear, na
conformidade do disposto nos respectivos planos de saneamento básico, a
universalização dos serviços públicos de saneamento básico”.

2.2.3. Regulação Subnacional do Saneamento do Brasil

São caracterizadas a seguir as experiências subnacionais de regulação no Brasil


surgidas na década de 90 até o momento, com a instituição de normas legais e
regulamentares e a criação de agências reguladoras em alguns Estados e Municípios.
Apresentam-se como elementos importantes na apreciação do papel das agências os limites
de sua atuação na função regulatória vis-à-vis sua função de fiscalização de aspectos
técnicos.

2.2.3.1. Marcos Regulatórios Estaduais

Alguns Estados e Municípios brasileiros criaram, desde os anos noventas, agências


reguladoras, geralmente multissetoriais, que assumiram algumas funções ligadas à
regulação e à fiscalização de serviços de saneamento. A experiência das agências
estaduais, embora recente, merece análise, pelo seu potencial de contribuição para o

68
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

desenho de um cenário jurídico-institucional que venha a induzir ao surgimento de


alternativas de arranjos com escalas mais adequadas e eficazes para a regulação dos
serviços de saneamento integrando cooperativamente Estados e municípios.

Neste contexto, alguns Estados e Municípios anteciparam-se à definição de uma


política nacional e estabeleceram ordenamentos e estruturas regulatórias próprios, em
muitos casos precários, e, por meio de agências, passaram a regular e fiscalizar
concessionárias estatais e/ou privadas.

Apesar da indefinição legal conclusiva sobre a titularidade dos serviços, cuja matéria
ora se encontra sob apreciação do Supremo Tribunal Federal – o que contribui para a
permanência da fragilidade institucional do setor –, os resultados positivos da atividade de
regulação, em termos da melhoria da qualidade da prestação dos serviços de água e esgoto
(bastante recentes), justificam a ampliação destas experiências em todo o país.

O QUADRO 2.6 a seguir, apresenta somente as agências com experiências estaduais


que efetivamente estão atuando em pelo menos uma função regulatória ligada ao
saneamento básico:

QUADRO 2.6 - Regulação subnacional: agências estaduais

Agência Estado Lei/Ano Concessionário

ADASA DF 3365/04 CAESB


AGENERSA RJ 4556/05 Águas de Jurubatuba, Prolagos
AGESAN TO 1188/00 -
AGR GO 13550/99 Saneago
ARCE CE 12786/97 Cagece
ARPE PE 12126/01 Compesa
ARSAM AM 2568/99 Águas do Amazonas
AGERGS RS 10931/97 Corsan
AGER MT 7101/99 -
AGEPAN MS 2363/01 Sanesul
Fonte: Elaboração dos Autores.27

As agências estaduais atuam na regulação de vários setores de infra-estrutura, e isso


possibilita a otimização de recursos por meio do compartilhamento de infra-estrutura
(administrativa, direção, ouvidoria, jurídica) e pessoal e principalmente, acumulação de
expertise nas áreas jurídica e tarifária da regulação.

Porém, as vantagens são acompanhadas de alguns riscos administrativos e


institucionais, como por exemplo:

• rateio dos custos administrativos da regulação: considerando que cada setor


regulado apresenta uma situação institucional diferente, contingenciamento de
recursos, como no caso dos convênios da Aneel com as agências estaduais,
pode sobrecarregar o rateio de despesas comuns, como pessoal terceirizado,
callcenter de ouvidoria, aluguel de imóveis, etc.;
• conflitos entre alguns setores regulados: exemplo disso ocorre no transporte
intermunicipal, que, marcado pela clandestinidade em alguns Estados e

27
Disponível em: www.abar.org.br

69
Municípios, pode comprometer a imagem institucional da agência perante a
sociedade e o próprio poder concedente.

2.2.3.2. Marcos Regulatórios Municipais

As agências municipais apresentam como característica uma atuação de forma


setorial no saneamento básico, predominantemente os serviços de água e esgoto, em
alguns casos com o escopo ampliado para atuação na área de resíduos sólidos, como no
caso da Arsban, no município de Natal (RN).

Em relação às agências municipais, também é possível identificar aspectos da


fragilidade na questão da titularidade dos serviços. Em Fortaleza, a indefinição da
titularidade dos serviços repercutiu de forma direta na regulação dos serviços, e, após cinco
anos de fiscalização da Arce sobre a Cagece, o município criou sua própria agência
(Agência Reguladora de Fortaleza - Arfor), retomando para si a responsabilidade da
regulação dos serviços, conforme disposto no contrato de concessão. Outro conflito jurídico-
institucional como este acontece entre a Arpe e a Agência Reguladora Municipal de
Petrolina (Armup), pela regulação dos serviços no município.

QUADRO 2.7 - Regulação Subnacional: Agências Municipais


Agência Municípios Lei/Ano Concessionária de Saneamento

AGERSA Cachoeiro Itapemirim 4.798/99 Citágua Águas de Cachoeiro

ARSBAN Natal 5.346/01 CAERN - Companhia de Águas e Esgoto do Rio Grande do Norte

AMAE Joinville 4.341/01 Companhia de Águas de Joinville

ARCG Campo Grande 3.873/00 Águas de Guariroba S.A.

ARSAE Mauá - ECOSAMA

Fonte: Elaboração dos Autores.28

Alguns Municípios que delegaram integral ou parcialmente os serviços a empresas


privadas mantiveram as funções de regulação e/ou fiscalização a cargo do órgão ou
entidade municipal antes responsáveis pela prestação, como no caso de Limeira-SP; outros,
como Jundiaí-SP, atribuíram parte dessas funções a Conselhos Municipais constituídos para
esse fim, com participação da sociedade, do Poder Público e da concessionária.

Um elemento a ser considerado é a necessidade de agregação das funções


regulatórias em instituições com abrangência territorial ampla, para que não ocorra um dos
problemas mais graves enfrentados pelo setor: muitos serviços municipais sem
sustentabilidade econômica e social devido à falta de escala dos sistemas, em razão da
multiplicidade de titulares. A preocupação é forte, em decorrência da insuficiência de
capacitação técnica para a formação de múltiplas entidades com capital humano capacitado
para o exercício das funções regulatórias em bases adequadas. No marco regulatório
instituído com a Lei 11.445/07, embora esta defina diretrizes e mecanismo de indução à
cooperação interfederativa, existe a possibilidade de que as funções de regulação sejam
muito fragmentadas pelo país.

Os problemas desse desenho pulverizado não se encerram na capacidade técnica, há


também que se considerar o elevado custo que recairá sobre os usuários se vierem a se
estabelecer milhares de agências reguladoras locais em municípios que não ofereçam
escalas satisfatórias. Ainda que muitos municípios de pequeno a médio porte possuam
28
Idem nota anterior

70
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

capacidade técnica para exercer a regulação de forma autônoma, do ponto de vista


econômico geralmente é mais interessante que essa função seja exercida em associação
com outros municípios, ou delegada a uma agência de âmbito estadual ou regional.

Independentemente do fato de os serviços municipais serem operados diretamente


por órgãos ou entidades locais, ou delegados a operadores privados, a agregação da
operação e da regulação dos serviços em âmbitos territoriais maiores constitui, juntamente
com a ampliação da participação do setor privado, o principal vetor de direcionamento das
estratégias de reestruturação do setor em vários países desenvolvidos e em
desenvolvimento.

Para as agências municipais, o não compartilhamento dos custos regulatórios


repercute em elevadas taxas de regulação a serem suportadas pelos usuários dos serviços.
Outro ponto de destaque em relação à regulação municipal é o fato de que os benefícios da
proximidade da agência municipal com a sociedade e as esferas políticas locais estão
acompanhados dos riscos de captura do regulador por parte destes setores.

2.2.4. Incentivos Regulatórios Do Sistema de Financiamento

O formato das linhas de financiamento tem impactos sobre a organização institucional


do setor e cria incentivos próprios. Esta seção analisa os possíveis incentivos associados a
processos de financiamentos dos serviços de saneamento.

Para Barat (1996)29, “o Planasa foi o último mecanismo institucionalmente estruturado


e articulado para financiamento e distribuição de recursos para o saneamento básico”. No
âmbito do Planasa, o sistema de financiamentos esteve acoplado a uma regulação por taxa
de retorno. As fontes de financiamento hoje disponíveis, como os processos federais, os
mecanismos de aplicação de recursos do FGTS e das instituições multilaterais, contêm
também elementos de indução a condutas dos tomadores, entretanto apresentam incentivos
de poder relativamente baixo nesse sentido. Adicionalmente, uma parcela significativa das
entidades operadoras não tem capacidade de obtenção de financiamento nos moldes
requeridos pelas fontes disponíveis.

2.2.4.1. Processos Federais de Financiamento

Nos anos noventas, vários processos de financiamento passaram a conter


mecanismos próprios que, de certa forma, propiciaram a criação de incentivos semelhantes
aos regulatórios. Os principais processos federais de financiamento são apresentados no
QUADRO 2.9.

29
BARAT, J. O Financiamento da Infra-Estrutura Urbana: os Impasses as Perspectivas Institucionais, as Perspectivas
Financeiras. In: REZENDE, Fernando; PAULA Tomás B. Infra-Estrutura: Perspectivas de Reorganização - Financiamento.
Brasília: Ipea, 1998.

71
QUADRO 2.8 - Processos Federais de Financiamento nos Anos Noventas

Processo Período Financiamento Beneficiários

PRONURB 1990-1994 FGTS e contrapartida População urbana em geral, com prioridade à baixa renda

PRÓ-
1995-2005 FGTS e contrapartida Preponderantemente áreas com famílias até 12 s.m.
SANEAMENTO

Pró-sanear e PAT- Inclui apoio a projetos de saneamento ambiental em


Até 2005 Inclui Banco Mundial
Pró-sanear assentamentos precários. Assistência técnica aos entes.

OGU e contrapartida, População de baixa renda em municípios com maior


PASS 1996-
BID e BIRD concentração de pobreza.

População de baixa renda, privilegiando comunidades até 7


PROSEGE 1992-1999 BID e contrapartida
s.m.

Apoio técnico e financeiro no desenvolvimento de ações


FUNASA-SB - OGU e contrapartida
com base em critérios epidemiológicos e sociais.
Estudos e assistência técnica aos Estados e municípios em
âmbito nacional; investimentos em modernização
PMSS I 1992-2000 BIRD e contrapartida
empresarial e aumento de cobertura dirigidos a CASAN,
Embasa e Sanesul.
Financiamento de ações de modernização empresarial e de
PMSS II 1998-2007 BIRD e contrapartida estudos de desenvolvimento institucional a companhias do
Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Promoção do uso racional de água junto a prestadores de
PNCDA 1997- OGU e contrapartida serviço de saneamento, fornecedores e segmentos de
usuários.
FGTS, BNDES e Concessionários privados em empreendimentos de
FCP/SAN 1998-2005
contrapartida ampliação de cobertura em áreas com renda até 12 s.m.

Contratação, por Estados, municípios e concessionários, de


PROPAR 1998- BNDES
consultoria, para viabilização de parceria público-privada.

Desenvolvimento de pesquisa em tecnologia de


PROSAB 1996 - FINEP, CNPq, CAPES
saneamento ambiental

SANEAMENTO FGTS, BNDES e Consolida quatro programas e oferece incentivos à


2005-
PARA TODOS contrapartida eficiência.
Fonte: Turolla (2002, p. 14), com modificações.

De maneira geral, Turolla (2002) defende que, para compensar a falta de legislação,
durante os anos noventas, o governo federal deu mais ênfase aos elementos modernizantes
da estrutura institucional que estavam contidos em processos como o PMSS – Processo de
Modernização do Setor de Saneamento. Assim, os processos executados pelo governo
federal lograram gerar incentivos no sentido de produzir um aumento da cobertura dos
serviços, sem, no entanto, produzir alterações estruturais que permitissem um novo salto na
organização e na gestão institucional dos serviços de saneamento.

As instituições multilaterais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID),


o Banco Mundial e a agência japonesa JBIC atuaram como financiadores dos processos
federais com as características já apontadas.

O Programa Saneamento Para Todos, criado em 2005 por iniciativa do Ministério das
Cidades, apresentado em Resolução do Conselho Curador do FGTS, substituiu os
programas anteriores, como Pró-Saneamento, Pró-Sanear, Pró-Comunidade e FCP-San. A
unificação dos programas favorece a agilidade nas operações.

O programa continua e aperfeiçoa a linha de evolução institucional dos programas de


financiamento setoriais que marcou os anos noventas, ampliando e incluindo novos
incentivos à eficiência dos operadores. Neste novo programa, os operadores assinam

72
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

contratos de desempenho, sendo que os critérios de desempenho podem levar à redução


de taxas de juros e ampliação do prazo da operação.

2.2.4.2. PAC – Programa de Aceleração do Crescimento (2007)

O PAC – Programa de Aceleração do Crescimento – constitui conjunto de políticas


que, no caso do setor de saneamento, se voltam para desoneração tributária, destinação de
recursos e estímulo a avanços institucionais. A destinação de recursos para ações de
saneamento básico foi anunciada pelo Governo Federal, conforme os elementos do
QUADRO 2.9.

QUADRO 2.9 - Recursos do PAC-Saneamento


Fonte Montante

OGU – Orçamento Geral da União R$ 12 bilhões

FGTS e FAT R$ 20 bilhões

Contrapartida de Estados, municípios e prestadores. R$ 8 bilhões

Investimento privado Montante não especificado

Fonte: Apresentação Institucional do PAC – Governo Federal

Do ponto de vista de desoneração tributária, a principal medida veio com a Medida


Provisória 351/2007, que criou o REIDI - Regime Especial de Incentivos para o
Desenvolvimento de Infra-Estrutura. O REIDI, a ser regulamentado, oferece suspensão pelo
prazo de cinco anos das contribuições para o PIS e a COFINS sobre as aquisições de
máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos novos, e de materiais de construção e
contratação de serviços para novos projetos de infra-estrutura. A efetividade do mecanismo
dependerá do grau de concorrência presente no interior da cadeia, uma vez que os recursos
só chegarão aos operadores finais se os seus fornecedores operarem em ambiente
suficientemente competitivo, para que as isenções sejam convertidas em menores preços e
não em margens de lucro para os agentes intermediários.

Outra medida de desoneração fiscal diz respeito à redução para vinte e quatro meses
do prazo de recuperação dos créditos de PIS/PASEP e COFINS sobre edificações
incorporadas ao ativo imobilizado.

O PAC também buscou ampliar a disponibilidade de financiamento utilizando recursos


do FGTS. A Medida Provisória 348/2007 institui o Fundo de Investimento em Participações
em Infra-Estrutura - FIP-IE, que permite a criação de fundos dessa natureza por instituições
autorizadas pela Comissão de Valores Mobiliários - CVM. Os fundos se voltam para energia,
transporte, e saneamento básico. Esses fundos deverão ter no mínimo 95% do patrimônio
aplicado em ações ou bônus de subscrição de emissão de sociedades de propósito
específico para a execução de novos projetos e ampliação de projetos existentes.

Adicionalmente, a MP 349/2007 institui o Fundo de Investimento do FGTS (FI-FGTS),


além de alterar a Lei 8036/90, que trata dos recursos que constituem o FGTS. Esse Fundo,
a ser gerido pela CEF, contará inicialmente com R$ 5 bilhões e poderá ser elevado a até
80% do patrimônio líquido do FGTS registrado em 31/12/06. A criação desse fundo vem
sendo questionada por centrais sindicais.

73
2.2.5. Aspectos da Regulação Tarifária no Brasil

Na modelagem e análise da PSP na provisão de serviços públicos, um aspecto de


crucial importância é a relação entre os preços dos serviços e a capacidade de pagamento
dos consumidores (affordability). A limitação de renda de uma sociedade restringe a
universalização dos serviços e infra-estrutura públicos em geral, e do serviço de
saneamento em particular. Este aspecto bastante óbvio tem especial importância quando se
analisa a PSP nos serviços de saneamento. Neste setor, tradicionalmente subsidiado, a
privatização muitas vezes vem acompanhada de políticas de recuperação de custos,
levando a aumentos das tarifas praticadas e eventualmente onerando os mais pobres.

A análise de uma pesquisa da OCDE 30 publicada em 1998 mostra que os países do


mundo que atingiram universalização, pelo critério de cobertura de abastecimento maior que
90% e de coleta e tratamento de esgotos acima de 80% 31 apresentam renda per capita
maior que US$ 20.000/ano. Este é o caso da maior parte dos países da União Européia,
EUA e Canadá, entre outros. Entretanto, estes países apresentam grandes diferenças com
relação a suas políticas de saneamento. Uma análise mais detalhada das tarifas médias
praticadas mostra que alguns países permanecem com serviços subsidiados, enquanto
outros optaram por praticar tarifas que proporcionem a recuperação dos custos de provisão
destes serviços. No primeiro grupo estão países como EUA e Canadá, que praticam tarifas
médias de água e esgoto abaixo de US$ 1/m³. No segundo grupo, estão países como
Alemanha, França, Reino Unido e Dinamarca, entre outros, com tarifas de água e esgoto
acima de US$3/m³ 32.

O Brasil, com renda per capita em torno de US$3.000/ano, tem limitações para a
geração dos recursos demandados pelo setor de saneamento. Esta limitação é responsável,
em parte, por um QUADRO em que, segundo dados de 2004 do IBGE, cerca de 9 milhões
de habitantes nas áreas urbanas e rurais não contavam com abastecimento de água e a
coleta chegava a apenas 48% da população, sendo que o tratamento atingia apenas 20%
dos esgotos gerados. Estes índices médios são ainda mais dramáticos para a população de
baixa renda e para os municípios menores. O déficit em saneamento se caracteriza pelo
baixo atendimento do abastecimento de água à população de mais baixa renda,
principalmente nas regiões menos desenvolvidas e nos municípios menores, e pelo baixos
níveis de cobertura pelos serviços de esgotamento sanitário.

Segundo o SNIS 2004, com tarifa média de água da ordem de US$ 0,50/m³ 33 e
esgoto da ordem de US$ 0,45 /m³ 34, a defasagem entre os custos de provisão dos serviços
de saneamento e as receitas no Brasil foi superada, isto é, naquele ano as receitas
superaram as despesas em 5%. Entretanto, esta defasagem diz respeito apenas aos custos
de manutenção e operação. Mesmo com tarifas relativamente baixas, o comprometimento
de renda com a conta de água e esgoto, no Brasil, já representa mais de 1% da renda per
capita, enquanto nos países da OCDE, por exemplo, este comprometimento varia entre 0,3
a 0,8%35 da renda (Ramos, 2002)36. A redução substancial do déficit de água e esgoto
acompanhada por política tarifária de recuperação dos custos de operação e manutenção
deverá elevar este comprometimento de renda, com o pagamento pelos serviços, a cerca de
2% da renda per capita.

30
OCDE 1999. Household Water Pricing in OECD Countries; ENV/EPOC/GEEI(98)12 /FINAL. OCDE. Paris
31
Estes limites podem variar em função de condições topográficas, em países muito montanhosos ou de ocupação pouco
adensada estes níveis não são possíveis de atingir.
32
Soma da tarifa de água e de esgoto.
33
Considerando o dólar comercial de 30/06/2004 (US$ 1 = US$ 3,11).
34
Vignoli, F. H. Legislação e execução orçamentária. In: Biderman, C; Arvate, P. Economia do setor público no Brasil. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2004
35
Considerando-se taxas de câmbio de mercado
36
Ramos, M. 2002. O Impacto da Cobrança pelo Uso da Água no Comportamento do Usuário. Tese D.Sc., COPPE/UFRJ,
Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

74
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

GRÁFICO 2.1 - Dispêndio com água e esgoto (uso doméstico)

Fonte: Elaboração dos Autores.

A posição relativa do dispêndio médio brasileiro com saneamento em relação aos


países da OCDE é bastante diversa do dispêndio com energia elétrica. Enquanto naqueles
países o dispêndio médio em energia varia entre 1,5% (Luxemburgo) a 4,8% (Áustria), o
dispêndio brasileiro é de 2,4% (ABRADEE, 2006), ocupando uma posição intermediária.

GRÁFICO 2.2 - Impacto das tarifas de água e esgoto sobre o


consumo doméstico Países da OCDE e Brasil
350
Canadá
Estados Unidos
300
Japão
consumo doméstico per capita (l/hab.dia)

Austrália
250

ItáliaGrécia
200 Par.Sul Suécia
Coréia Luxemburgo Inglaterra e País de
São Paulo
Gales
Espanha Suiça Finlândia
150 Brasil Escócia
França Dinamarca
Ceará Bélgica Holanda
Rep. Tcheca Alemanha
100 Hungria

50

0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5
Tarifas médias de água+esgoto (US$/m³)
Fonte: RAMOS,2002

75
Os baixos níveis de renda da população tendem também a limitar as possibilidades de
repasse integral dos custos de coleta e tratamento dos efluentes para as tarifas de
saneamento. Uma análise comparativa da relação consumo doméstico e tarifas de água e
esgoto no cenário internacional e no Brasil, elaborada por Ramos (2002), com base em
dados da OCDE e do SNIS de 1999, é apresentada nos GRÁFICOS 2.2 e 2.3.

No GRÁFICO 2.2, as tarifas apresentam-se em valores absolutos, e verifica-se que as


tarifas brasileiras são relativamente baixas. Já no GRÁFICO 2.3, os valores absolutos das
tarifas foram ponderados pela renda per capita, sendo denominadas “tarifas relativas”. Ainda
que pesem as imprecisões de se trabalhar com valores médios de tarifas e renda, da análise
do GRÁFICO verifica-se que as tarifas relativas praticadas no Brasil são extremamente
elevadas, comparativamente aos países da OCDE. Os valores de tarifas e renda
disponíbilizados recentemente para os casos brasileiros estudados indicam que a análise
permanece válida.

GRÁFICO 2.3 - Impacto das tarifas relativas de água e esgoto sobre o consumo doméstico
Países da OCDE e Brasil
350

Canadá
Estados Unidos
300

Japão
Austrália
250
consumo doméstico per capita (l/hab.dia)

Itália
Grécia
200
Suécia Bacia do Paraíba do Sul
Luxemburgo Coréia
São Paulo
Suiça
Espanha Finlândia Inglaterra e País de
150 Escócia Gales
Brasil
Dinamarca França
Holanda
Bélgica Ceará
Alemanha
Rep. Tcheca
100 Hungria

50

0
0,0000 0,0050 0,0100 0,0150 0,0200 0,0250 0,0300 0,0350 0,0400 0,0450 0,0500
Tarifas médias de água+esgoto/Renda per capita (%)

Fonte: RAMOS,2002

Há também uma questão relativa aos subsídios cruzados, que segundo alguns
estudos têm sido apropriados por consumidores (aponta-se 60% a 80% dos subsídios
cruzados), indivíduos que estão bem acima dos limites de pobreza, enquanto cerca de 80%
dos pobres ficam fora destes benefícios (Estache, 2002)37.

2.2.5.1. Regulação Tarifária no Brasil

Os eventos típicos da regulação tarifária podem ser classificados em dois tipos, a


saber:

Reajuste periódico (indexação) que consiste na previsão contratual de atualização


tarifária, ou através de provisão legal de ajuste da tarifa em períodos determinados ou
37
ESTACHE, A. 2002. Latin America’s Infrastructure Experience: Policy Gaps and The Poor. World Bank. Disponível em:
www.worldbank.org

76
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

sempre que o valor real das tarifas seja reduzido pela evolução do poder de compra da
moeda.

Revisão tarifária, realizada ordinariamente. De acordo com Arnoldo Wald38 este evento
diz respeito à “definição, em respeito ao equilíbrio econômico-financeiro do contrato e a
cada período de alguns anos, de um novo nível tarifário, levando-se em conta as alterações
na estrutura de custos e de mercado da concessionária, os níveis de tarifa observados em
empresas similares no contexto nacional e internacional, os estímulos à eficiência e a
modicidade das tarifas”. A revisão tarifária pode ainda ser realizada em caráter
extraordinário, quando há motivos para tanto.

No Brasil, predominam os reajustes contratuais e são pouco numerosos os casos em


que as tarifas são sujeitas à revisão tarifária ordinária, em caráter periódico. Por exemplo,
trabalho da ADERASA (2005, p. 22) pontuou apenas o caso de prática de revisão tarifária
ordinária em Pernambuco, pela agência reguladora estadual Arpe. Neste caso, chamou a
atenção a elevada freqüência de revisões ordinárias, realizadas anualmente, enquanto a
prática internacional modal é próxima a cinco anos de intervalo.

Há outros casos, mas de maneira geral se dão em caráter extraordinário, sem maiores
objetivos de incentivo à eficiência ou à universalização através de revisão tarifária. Assim,
de maneira geral, pode-se dizer que a regulação tarifária praticada no Brasil é incipiente.

2.2.5.2. Evolução do Financiamento no Setor de Saneamento

Esta seção tem como objetivo apresentar um histórico do financiamento dos


investimentos no país que possibilite identificar as principais fontes disponíveis, a evolução
da importância das mesmas, as fontes onerosas e não onerosas, a disponibilidade de
recursos ao setor privado e a evolução do FGTS na sua função de financiador dos
investimentos no país e ainda o financiamento dos investimentos nos últimos anos.

A análise do histórico do financiamento dos investimentos pode ser realizado através


de pelo menos dois caminhos, a saber: a) através das informações oficiais dos financiadores
(dados oficiais); ou b) das informações fornecidas pelos prestadores (basicamente,
reportadas no SNIS). Os itens a seguir realizam separadamente a análise com base em
ambos os caminhos.

2.2.5.3. Financiamento sob a Ótica dos Financiadores

As principais fontes de recursos financeiros, entre as fontes onerosas, provêm do


Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), enquanto, entre as fontes não onerosas
sobressai o Orçamento Geral da União. Com relação ao FGTS, as aplicações são
apresentadas no GRÁFICO 2.4.

38
Arnoldo Wald. Do Processo de Revisão Tarifária. Princípios e Premissas. Aplicação à Concessão Outorgada à
Consulente. In Direito das Concessões, v. 3, América, Rio de Janeiro, 2004, p. 382, citado por Águas do Amazonas (2005,
p. 13).

77
GRÁFICO 2.4 - Aplicações do Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço, R$ milhões.
2.500,00
2.377,23

2.250,00

2.000,00

1.750,00

1.500,00

1.244,25
1.250,00
Pontes e Lacerda
Pontes e Lacerda
1.000,00

815,37
750,00
623,73
522,49 546,95
511,00
500,00 443,96
329,10
236,64
250,00 193,93
156,36

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007(9)
Fonte: para dados de aplicações entre 1999 e 2007, Revista Conjuntura da Construção, Ano V número 4
(dezembro de 2007) pág. 29; para dados entre 1996 e 1998, Revista Conjuntura da Construção, ano II número 1
(março de 2004) pág 24; e para 1996, Carvalho e Pinheiro (2000, p. 69).
Obs: Os valores de 2007 vão até setembro. Os valores foram atualizados pelo IGP-DI até setembro de 2007.

Note-se que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ofereceu mecanismos


que podem contribuir para a elevação das aplicações do FGTS em saneamento e habitação,
através, por exemplo, do aumento de capital da Caixa Econômica Federal (CEF).

As fontes não-onerosas incluem, principalmente, o Orçamento Geral da União (OGU).


As aplicações do OGU são difíceis de precisar, por estarem diluídas entre vários ministérios.
Nem mesmo a classificação do orçamento por funções permite uma visão clara destas
despesas, tendo em vista que os gastos em saneamento podem se encontrar diluídos em
mais de uma função, e não somente na função saneamento. Os próximos parágrafos
apresentam visões sobre estes dados.

Os valores históricos de desembolso da função Saneamento no OGU, desde que esta


função se apresenta desagregada da antiga função Saúde e Saneamento, são
apresentados no QUADRO 2.10. Ressalte-se, entretanto, que essa função reflete uma visão
parcial do dispêndio no setor, por não conter investimentos que são registrados em outras
funções, mas que são relativos a saneamento.

78
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

QUADRO 2.10 - Despesa da União na Função Saneamento


(Orçamento Fiscal e da Seguridade Social)

Anos Valor Nominal Valor Atualizado pelo IGP-DI

2000 161.087.818,29 306.704.414,15

2001 233.417.736,82 402.675.636,65

2002 97.142.780,04 147.640.168,32

2003 58.683.469,65 72.637.559,91

2004 76.549.868,53 86.612.284,63

2005 88.265.176,40 94.244.205,65

2006 56.178.402,46 58.963.683,96

2007 (janeiro a novembro) 13.206.708,35 13.206.708,35


Fonte: SIAFI - STN/CCONT/GEINC

Uma visão mais ampla requer elaboração. Por exemplo, relatório da Secretaria
Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades e da Secretaria do Tesouro
Nacional do Ministério da Fazenda39 apresenta os dados da TABELA 2.3. Estes foram
apresentados no relatório a preços constantes, os quais já são atualizados pelo IGP-DI da
época, e nesta elaboração foram trazidos a preços correntes até novembro de 2007 pelo
IGP-DI da Fundação Getulio Vargas.

TABELA 2.4 - Gasto Federal com Saneamento


por Órgão milhões (r$).

ÓRGÃO 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Sepurb/Sedu 62,1 1028,3 996,8 640,2 314,5 251,7 329,2 108,8

Min Saúde 160,8 132,4 335,4 520,6 623,4 377,7 1940,5 732,2

Min Meio Ambiente 0,0 10,7 0,0 390,5 0,0 39,1 223,2 60,4

Min Integração 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 81,9 183,1 34,1

TOTAL 222,9 1.171,4 1.332,2 1.551,3 937,9 750,4 2.676,0 935,5

Fonte: SIAFI/SOF e GSF-IPEA/DIPOS. A Sepurb (Ministério do Planejamento, até 1998) e a Sedu (1999 a 2002,
Presidência da República) correspondem à atual estrutura do Ministério das Cidades. A elaboração original é de
IPEA/DIRUR, e atualização dos valores para correntes pelo autor.
Os valores são preços constantes de 2004, deflacionados mensalmente pelo IGP-DI.

Para o período entre 2003 e 2006, a Secretaria Nacional de Saneamento Básico do


Ministério das Cidades reporta a estrutura de desembolsos no documento SNSA/MC (2007,
p. 7). Estes desembolsos são reapresentados na TABELA 2.5, com as devidas atualizações
monetárias.

TABELA 2.5 - Desembolsos Não-Onerosos Efetuados pelo


Governo Federal para Saneamento, R$ milhões.
2003 2004 2005 2006

Cidades 205,3 251,3 295,4 554,6

Funasa 421,9 384,6 272,2 624,4

MI 94,4 145,9 240,4 271,3

Outros 54,8 5,4 74,1 70,9

TOTAL 776,4 787,2 882,1 1521,2

Fonte: SNSA/MC (2007, p. 7)


Os valores apresentados no documento do Ministério das Cidades foram
atualizados pelo IGP-DI anual.

39
SNSA/MC e STN/MF. O Financiamento do Saneamento Básico em 2003/04. Piloto de uma Nova Abordagem para o
Investimento Público no Brasil? Dezembro de 2004.

79
A série histórica resultante da junção das duas TABELAS precedentes é apresentada
no GRÁFICO 2.5.

GRÁFICO 2.5 - Desembolsos Não Onerosos da União em Saneamento, milhões r$


3.000,00

2.676,0

2.500,00

2.000,00

1.551,3 1.521,2
1.500,00
1.332,2
1.171,4

1.000,00 937,9 935,5


882,1
750,4 776,4 787,2

500,00

222,9

-
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Fonte: estimativa e elaboração com base em documentos do Ministério das Cidades.

Na visão de AESBE (2006, p. 5), os valores de totais de investimento do Orçamento


Geral da União em percentual do Produto Interno Bruto (PIB) são os que estão
apresentados no GRÁFICO 2.6.

80
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

GRÁFICO 2.6 - Investimentos do OGU em Saneamento como % do PIB


0,18

0,16
0,16

0,14

0,12

0,10
0,10
0,09
0,08
0,08
0,07
0,06
0,06
0,05 0,05

0,04
0,03
0,02 0,02
0,02

0,00
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Fonte: AESBE (2006, p. 5)

2.2.5.4. Financiamento sob a Ótica dos Prestadores

A fonte de informações sobre os prestadores é o Sistema Nacional de Informações em


Saneamento (SNIS). Em que pese o fato de que são informações auto-declaratórias, trata-
se do único conjunto abrangente de informações disponível no país. Há também um
problema de variação na amostra anual que, na análise deste capítulo, é contornada com a
avaliação do último ano (no caso do perfil das fontes de investimentos) e com o uso de
razões relativas à receita operacional total, no caso da discussão do impacto da tributação
sobre os investimentos.

Para a avaliação do perfil das fontes dos investimentos, pode-se considerar o ano de
2006. Naquele ano, os prestadores de serviços de saneamento declararam, no SNIS, terem
realizado investimentos no montante de 4,53 bilhões de reais. Entre estes, a maior parte
correspondeu a recursos próprios (49,7%), sendo que os recursos não onerosos
representaram 30,4%.

81
QUADRO 2.11 - Investimentos dos prestadores
e suas fontes, SNIS 2006.
Valor

Investimento total dos prestadores R$ 4,53 bilhões


Recursos próprios R$ 2,25 bilhões
Despesas capitalizáveis R$ 0,34 bilhões
Recursos não onerosos R$ 0,57 bilhões
Recursos onerosos R$ 1,38 bilhões
Aplicações do FGTS R$ 0,77 bilhões
Fontes: SNIS 2006; aplicações do FGTS obtidas na revista
Conjuntura da Construção, Ano V número 4 (dezembro de 2007)
pág. 29

Os recursos onerosos corresponderam a menos de 13% do investimento total dos


prestadores. É visível a importância do FGTS como fonte de recursos onerosos.
Comparando-se as aplicações realizadas pelo FGTS em 200640 com o total de recursos
onerosos informado pelos prestadores, chega-se à proporção de que cerca de 56% dos
recursos onerosos captados naquele ano sejam oriundos de aplicações do FGTS.

É importante considerar a contribuição da tributação para o financiamento dos


investimentos no setor de saneamento. Para consideração sobre o impacto do aumento da
tributação no período recente sobre o financiamento dos prestadores, podem ser
observados os dados da TABELA 2.6, agregados do SNIS.

TABELA 2.6 - Peso da Tributação na Receita Total dos Prestadores

SNIS 2003 SNIS 2004 SNIS 2005 SNIS 2006

Razão (despesa fiscal e tributária na 2,94%


2,05% 2,51% 3,25%
DTS) / (receita operacional total)

Razão (despesa fiscal ou tributária na 6,86%


5,09% 5,79% 6,20%
DEX) / (receita operacional total)
Despesa fiscal e tributária como
proporção da receita operacional total dos 7,14% 8,30% 9,45% 9,80%
prestadores
Fonte: SNIS e elaboração do autor.
As variáveis são: despesa fiscal e tributária na Despesa Total de Serviços = F22; despesa fiscal ou
tributária na Despesa de Exploração = F21; receita operacional total = F05.

O principal choque tributário setorial dos últimos anos, realizado em 2004 sobre
alíquotas de contribuições sociais (PIS/PASEP/COFINS), fica visível na TABELA. Em
particular, a majoração das alíquotas tributárias sobre os prestadores contém importante
efeito negativo sobre os investimentos, eventualmente retirando recursos não onerosos que
foram transferidos aos mesmos através de verbas federais.

Note-se que tais alíquotas de contribuições incidem sobre operadores privados e


companhias de economia mista, mas não sobre autarquias e departamentos municipais. A
tributação diferenciada torna a política tributária setorial não neutra em relação ao vínculo
institucional do prestador.

No SNIS 2006, por exemplo, o montante total de investimentos declarado pelos


prestadores foi de R$ 4,16 bilhões, enquanto a tributação consumiu cerca de R$ 2,13
bilhões. Isto significa que a tributação drenou o equivalente a mais da metade da verba
destinada a investimentos. Certamente, esta extração de recursos afeta mais os
investimentos não realizados que as despesas correntes.

40
Fonte: Revista Conjuntura da Construção, Ano V número 4 (dezembro de 2007) pág. 29.

82
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Um exercício simples pode ser feito. Suponha-se que, em 2006, o peso relativo dos
tributos na receita operacional total tenha sido o mesmo que foi calculado no SNIS 2003, de
7,14% (anterior, portanto, a majoração de alíquotas de PIS/PASEP/COFINS). Neste caso,
os prestadores deixariam de transferir ao fisco cerca de R$ 577,6 bilhões de reais, ou seja,
poderia ampliar seus investimentos em 13,87% naquele ano. O aumento da tributação,
portanto, contribui negativamente para a universalização da infra-estrutura de saneamento.

2.3. Análise das Interfaces do Setor de Saneamento

2.3.1. O Marco Legal de Recursos Hídricos

No Brasil, além da degradação causada pelo lançamento de esgotos sem tratamento


no meio ambiente, as perdas dos sistemas de distribuição de água situam-se no patamar de
50%, levando a uma sobreexploração das fontes de abastecimento.

Para reverter este QUADRO, o país vem atuando por um lado na reformulação do
setor de saneamento e, por outro, na estruturação do sistema de gestão de recursos
hídricos, conforme disposto pela Constituição de 1988. A partir do início da década de 90,
estabeleceu-se um longo debate em torno da gestão de recursos hídricos nos níveis federal
e estadual, uma vez que o duplo domínio das águas impõe dois níveis de estruturação da
gestão. Finalmente, foi promulgada, em 1997, a Lei 9.433, que instituiu a Política Nacional
de Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,
dando grande ênfase à participação dos usuários e da sociedade civil na gestão, além de
introduzir o instrumento da cobrança pelo uso da água. Esta lei foi complementada pela Lei
nº. 9.984, de 2000, que criou a Agência Nacional de Águas – ANA – e regulamentou alguns
outros aspectos da gestão relativos à outorga.

Conforme Comune (1997) e Turolla (1999, p. 68-9), a Lei 9.433 de 08 de Janeiro de


1997 criou um arranjo institucional para o sistema de gestão de recursos hídricos no Brasil
baseado na bacia hidrográfica, a qual é entendida como a unidade básica de planejamento
e gestão. No seu âmbito, o uso dos recursos é planejado através dos Comitês de Bacia,
compostos pelos governos municipais, estaduais e federal interessados. Além de envolver
os três níveis de governo no processo decisório, os Comitês contemplam representação dos
usuários dos recursos da bacia. Esses comitês têm como braço executivo as Agências de
Bacia.

Em importante avanço, a Lei estipula que a água é um bem público dotado de valor
econômico, instituindo a cobrança pelo seu uso levando em consideração a sua escassez
enquanto recurso natural. A cobrança objetiva, em termos explícitos, a sinalização do real
valor de uso da água, o incentivo à racionalização desse uso e a geração de recursos para
processos e intervenções. Os instrumentos econômicos aplicáveis à cobrança pelo uso
abrangem o mecanismo de licenças negociáveis, em que é criado um mercado de licenças
que se assemelha a um second best de um mercado direto com suas vantagens de bem-
estar típicas. Nesse caso, a lei prevê a realização de um leilão por tipo de direito (captação,
lançamento e diluição, aproveitamento energético, etc.) e por localidade.

A escolha da bacia hidrográfica como elemento de planejamento e gestão apresenta,


conforme Comune (1997), importantes problemas potenciais. As Agências de Bacia
enfrentam o problema da definição de sua natureza jurídica, sendo órgãos que, localizados
no âmbito da bacia hidrográfica, não apresentam correspondência com as atuais esferas de

83
governo. Adicionalmente, o grau de liberdade na utilização dos recursos oriundos da
cobrança e a sua aplicação na bacia traz problemas adicionais.

A natureza do novo modelo baseado em bacias hidrográficas traz assim conflito com o
modelo estadualizado que persiste como herança do Planasa, com implicações
significativas sobre a definição do papel das CESBs no novo contexto. Esses conflitos
podem se tornar mais evidentes no caso de privatização das companhias estaduais. O
desenho da função regulatória também é afetado pelos papéis que devem ser assumidos
pelas entidades no nível das bacias.

Na gestão descentralizada em comitês e agências de águas, o setor de saneamento


tem um papel relevante como usuário, com assento garantido nos comitês e conselhos de
recursos hídricos. Esta participação se refletirá na demanda por apoio à gestão e por
soluções para os problemas ambientais das bacias causados pela ineficiência dos serviços
e pela baixa cobertura da coleta e tratamento de esgotos por parte dos demais atores
envolvidos. Outra questão relevante para o setor de saneamento é a cobrança pelo uso da
água, tendo em vista que, a magnitude dos usos tanto quantitativos quanto qualitativos,
determinará sobre quem recairá parcela relevante da cobrança, ao lado dos setores
industrial, hidroelétrico, agrícola, e outros. O país conta hoje com 7 comitês de bacias
federais e cerca de 80 comitês estaduais instituídos legalmente, embora em diferentes
níveis de implementação. Apenas dois dos comitês federais contam com agências de bacias
e cobrança pelo uso da água implantada: Comitê de Integração da Bacia do Paraíba do Sul
– CEIVAP – e o Comitê Piracicaba, Capivari, Jundiaí – PCJ. No CEIVAP, em que os
recursos da cobrança já vêm sendo aplicados desde 2003, não surpreende que a maior
parcela dos recursos esteja sendo destinada a ações de saneamento. Isto faz com que este
setor seja ao mesmo tempo o maior pagador e também o maior beneficiário em relação à
cobrança pelo uso da água.

Uma avaliação da PSP deve também analisar a evolução das condições de


salubridade do meio e os impactos sobre o meio ambiente. Um exemplo positivo de impacto
da PSP sobre o meio ambiente é a recuperação da Lagoa de Araruama, a maior lagoa
hipersalina do mundo, que se encontrava francamente ameaçada pela poluição
(www.lagossaojoao.org.br). As negociações lideradas por representantes do Comitê Lagos –
São João, no Estado do Rio de Janeiro, com forte participação das concessionárias
Prolagos e Águas de Juturnaíba, levaram à implantação de sistema de tratamento de
esgotos em tempo seco. Esta solução, juntamente com dragagens realizadas, está levando
à reversão do processo de degradação da Lagoa. Por outro lado, estas concessionárias não
cumprem a determinação legal estabelecida pela Lei Estadual 4.247/03, de pagamento pelo
uso da água, tendo em vista que a agência reguladora ainda não se manifestou sobre o
pleito de repasse desta cobrança para as tarifas.

2.3.2. O Marco Legal e Institucional da Saúde

O marco legal específico da saúde corresponde ao conjunto formado pela Lei


Orgânica da Saúde, Leis Federais 8080/90 e 8142/90. Além disso, a Constituição Federal de
1988, em particular, o capítulo Saúde e as alterações promovidas pela Emenda
Constitucional número 29 de 13 de setembro de 2000 (EC 29) e a Resolução 322/2003 do
Conselho Nacional de Saúde.

A EC/29 modificou artigos da Constituição Federal de forma a assegurar os recursos


mínimos para o financiamento das ações e serviços públicos de saúde. Para o Conselho
Nacional de Saúde41, “a EC 29 representou um importante avanço para diminuir a
41
www.conselho.saude.gov.br, acesso em novembro de 2007.

84
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

instabilidade no financiamento que o setor de saúde enfrentou a partir da Constituição de


1988 (com o não cumprimento dos 30% do orçamento da seguridade social), bem como
uma vitória da sociedade na questão da vinculação orçamentária como forma de diminuir
essa instabilidade”.

Por sua vez, a Resolução 322 do Conselho Nacional de Saúde define quais os gastos
em saneamento que podem ser classificados como de saúde, para fins de cumprimento da
EC 29.

Galvão Jr (2006) resume o papel das autoridades responsáveis pelas atividades de


saúde pública conforme apresentado na seqüência.

“O Ministério da Saúde é o responsável pela coordenação do Sistema


Nacional de Vigilância Sanitária, através do qual presta cooperação técnica-
financeira aos Estados e Municípios, exercendo ações de sua exclusiva
competência. Dentre estas ações está a normatização dos requisitos de
qualidade da água para consumo humano, de uso obrigatório em todo território
nacional. Outras obrigações do Ministério são a promoção e o acompanhamento
da vigilância da qualidade da água em articulação com as Secretarias dos
Estados e do Distrito Federal e o estabelecimento de laboratórios nacionais e
regionais de referência, para dar suporte às ações de maior complexidade na
vigilância da qualidade da água para consumo humano”. Galvão Jr (2006)

Com relação à esfera estadual:

“A Secretaria de Saúde Estadual, através da vigilância sanitária estadual,


apresenta as seguintes funções: promover e acompanhar a vigilância da
qualidade da água em sua área de competência, em articulação com o nível
municipal e os prestadores de serviço; garantir a implementação de um plano de
amostragem nas atividades de vigilância da qualidade da água; estabelecer a
referência laboratorial estadual para dar suporte às ações de vigilância da
qualidade da água para consumo humano; e executar ações de vigilância da
qualidade da água, de forma complementar, em caráter excepcional, quando
constatada, tecnicamente, insuficiência da ação municipal” Galvão Jr., (2006).

Com relação à esfera municipal:

“Compete à vigilância sanitária municipal, exercida pela Secretaria de


Saúde Municipal, a coordenação, planejamento e execução de procedimentos
básicos em vigilância sanitária. Em geral, o exercício da vigilância sanitária
municipal é voltado para a execução de inspeções sanitárias em depósitos e
comércio de alimentos, medicamentos, estabelecimentos de artigos médicos
hospitalares, locais de uso público restrito, como cemitérios, hotéis e
congêneres, entre outros. A gestão plena do sistema municipal de vigilância
sanitária ocorre, usualmente, com o assessoramento da secretaria estadual de
saúde, uma vez que os procedimentos de média complexidade em vigilância
sanitária, os quais envolvem o monitoramento da qualidade da água potável
distribuída à população, requerem maior capacitação técnica, mobilização de
maiores recursos humanos, financeiros e laboratoriais” Galvão Jr (2006).

Além de ser fator determinante na redução da mortalidade, os investimentos em


saneamento representam redução de gastos hospitalares. A provisão de serviços de
saneamento é responsável pela redução das doenças de veiculação hídrica, tais como:
febre tifóide, tracoma, esquistossomose, disenteria bacilar, amebíase, leptospirose e
infecções cutâneas, entre outras.

85
No QUADRO atual, quase 20% dos brasileiros não contam ainda com abastecimento
de água pela rede pública. O abastecimento de água com qualidade, atendendo aos
requisitos do Ministério da Saúde e de forma contínua, beneficia apenas 60% dos
brasileiros. Mais de 50% dos esgotos domiciliares não são coletados e menos de 25% são
tratados, antes de serem devolvidos ao meio ambiente. Segundo dados do DATASUS,
cerca de 70% das internações infantis hospitalares no Brasil são motivadas por falta de
saneamento, resultando no elevado número de 20 óbitos de crianças de 0 a 4 anos,
diariamente.

A relação entre saúde e saneamento fica mais evidente quando se observa a


incidência de doenças de veiculação hídrica por região do país. O QUADRO apresenta o
coeficiente de internações hospitalares de crianças, decorrentes de doenças infecto-
parasitárias, por 10.000, na rede SUS. A incidência é maior nas regiões norte e nordeste,
que apresentam menores índices de cobertura dos serviços.

QUADRO 2.12 - Proporção de doenças infecciosas e


parasitárias nas internações do SUS

REGIÃO %

Região Norte 14,17


Rondônia 17,45
Acre 17,10
Amazonas 12,77
Roraima 9,14
Pará 14,68
Amapá 12,48
Tocantins 10,63
Região Nordeste 12,47
Maranhão 14,06
Piauí 16,87
Ceará 12,97
Rio Grande do Norte 12,91
Paraíba 14,54
Pernambuco 10,26
Alagoas 12,93
Sergipe 9,37
Bahia 11,34
Região Sudeste 5,59
Minas Gerais 5,90
Espírito Santo 7,97
Fonte: Indicadores e Dados Básicos. Brasil – 2006 (IDB-2006), dados de 2005.

2.3.3. O Marco Legal de Finanças Públicas

O sistema de distribuição de recursos, tanto os de natureza onerosa quanto os de


natureza não-onerosa, influencia de maneira relevante o contexto de provisão e operação
dos serviços de saneamento.

86
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Para a consideração deste aspecto é relevante, conforme Vignoli (2004)42 , analisar o


Modelo Orçamentário brasileiro. Este pode ser entendido como “o conjunto de
procedimentos padronizados que devem ser seguidos pelos entes da federação para
poderem arrecadar suas receitas e efetuarem suas despesas” (Vignoli, 2004, p. 365). As
normas legais subjacentes estão estabelecidas em textos como:

• A Lei 4.320 de 1964 e o Decreto-Lei 200 de 1967, que lançaram as bases para a
implantação do Orçamento Processo no Brasil e estabeleceram o Planejamento
como um dos princípios federais da administração pública;
• A Constituição Federal de 1988, que define a relação entre planejamento e
orçamento, com instrumentos como o Plano Plurianual (PPA) e a Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO);
• A Lei Complementar 101 de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), que impôs
normas de Planejamento e Controle das Contas Públicas, com critérios de
estimativa de receita e severos controles do lado da despesa, definiu o conteúdo
da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e determinou modificações na
elaboração do Orçamento Processo (Lei Orçamentária Anual) e outros
mecanismos destinados à transparência na gestão fiscal.

Além destes, outras normas infralegais aplicáveis, com impacto sobre o setor de
saneamento, têm o efeito prático de gerar restrições sobre os financiamentos obtidos pelos
entes da federação. São instrumentos infralegais, por exemplo:

Resolução nº. 43, de 21/12/2001 do Senado Federal:

• Estabelece normas sobre operações de crédito interno e externo dos Estados,


do Distrito Federal e dos municípios, inclusive a concessão de garantia.
• Enquadra, dentro da mesma esfera de governo dos Estados, Distrito Federal e
municípios, as respectivas administrações diretas, os fundos, as autarquias, as
fundações e as empresas estatais dependentes.
• Estabelece vedações, limites e condições para a realização de operações de
crédito.
• Disciplina o encaminhamento de proposta de financiamento ao MF (STN).
• Disciplina o processo de autorização para a contratação de operações de
crédito, delegando ao MF (STN), a competência pela análise do pleito.
• Determina aos entes da federação informações para acompanhamento da dívida
pública.

A resolução nº 43 estabelece vedações, limites e condições para a realização de


operações de crédito, determinando que:

• O montante global das operações realizadas em um exercício financeiro não


pode exceder a 16% da receita corrente líquida;
• O comprometimento do serviço da dívida e demais encargos de contratos
firmados e a contratar não pode ser superior a 11,5% da receita corrente líquida;
• É vedada a contratação de operação de crédito no semestre anterior ao final do
mandato do chefe do poder executivo do Estado, DF ou município.

42
Vignoli, F. H. Legislação e execução orçamentária. In: Biderman, C; Arvate, P. Economia do setor público no Brasil. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2004.

87
O Conselho Monetário Nacional define regras de contingenciamento de crédito ao
setor público, incluindo a resolução 2.827 de 30/03/2001; a resolução 2.909 de 29/11/2001;
a resolução 2.945 de 26/12/2001; a resolução 3.437 de 22/01/2007. Os principais impactos
identificados são:

• Limitação do montante das operações de crédito das instituições financeiras com


o setor público em até 45% do seu patrimônio líquido;
• Incorporação ao controle de contingenciamento de crédito das empresas
públicas não-dependentes;
• Definição de limites de contratação;
• Definição de condições extralimites de contratação.
• Exclui dos limites de contratação as operações:
• De financiamento de contrapartida em reais de projetos financiados por
organismos multilaterais de crédito, nos quais conste a exigência de licitação
internacional com cláusula de financiamento prevista no edital;
• Contratadas com municípios com recursos do BNDES/PMAT (Processo de
Modernização da Administração Tributária).

O conjunto representado pelo Modelo Orçamentário e pela regulamentação infralegal


tem impacto relevante sobre o setor de saneamento, sendo objeto do estudo os efeitos
relacionados à PSP.

2.3.4. O Marco Legal do Meio Ambiente

Na década de 80, verificou-se a instauração de uma série de instrumentos legais de


âmbito nacional definidores de políticas e ações do governo brasileiro, como a Política
Nacional do Meio Ambiente – revisão técnica das legislações pertinentes aos padrões de
qualidade das águas e elaboração de legislações associadas às avaliações de impacto
ambiental.

Entre a década de 90 e o início deste século, verificou-se ênfase no conceito de


desenvolvimento sustentável e de preservação e conservação do meio ambiente,
particularmente dos recursos hídricos, refletindo diretamente no planejamento das ações de
saneamento – instituição da Política e do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos (lei 9.433/97) – e consolidação da avaliação dos efeitos e conseqüências
ambientais de atividades de saneamento.

Galvão Jr (2006) apresenta os órgãos de controle ambiental nas diversas esferas de


governo. Na esfera federal, os órgãos são o CONAMA e o IBAMA, apresentados a seguir:

• “CONAMA: o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, é o órgão


consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA,
sendo responsável por estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao
controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente.
• IBAMA: vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, o Instituto do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA é o órgão gerenciador do
SISNAMA, responsável por formular, coordenar, executar e fazer executar a
Política Nacional do Meio Ambiente, e pela preservação, conservação e uso
racional, fiscalização, controle e fomento dos recursos naturais renováveis. Mais

88
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

especificamente com relação aos serviços de água e esgoto, o IBAMA exerce as


ações de controle, fiscalização e monitoramento da qualidade ambiental das
águas de domínio da União. Além dos recursos hídricos de domínio da União, o
IBAMA tem atuação nos estados sobre qualquer fato gerador de dano ambiental
que venha a atingir as unidades de conservação ambiental que são de sua
competência, como por exemplo: parques e florestas nacionais, estações
ecológicas e áreas de proteção ambientais, entre outros”.

Na esfera estadual, conforme Galvão Jr (2006), “os órgãos ambientais integram o


SISNAMA e apresentam as mesmas funções do IBAMA com relação ao controle dos
serviços de água e esgoto, sendo seu campo de atuação restrito aos recursos hídricos de
domínio estadual e as unidades de conservação sob sua gerência. Com relação aos
aspectos ambientais, os serviços de água e esgotos estão sujeitos a fiscalização e ao
licenciamento ambiental expedido por estes órgãos para a realização de suas atividades”.

2.3.5. O Marco Legal de Desenvolvimento Urbano

Conforme relatório de pesquisa de Cunha et al (2006)43 os claros vínculos entre o


saneamento e o urbanismo são freqüentemente invocados para defender a vinculação do
setor de água e esgoto às autoridades responsáveis pelo planejamento urbano. Argumentos
nesse sentido servem tanto aos municipalistas, que defendem a necessidade da autoridade
local controlar o saneamento, de modo a condicionar o serviço à lógica da cidade (cf.
entrevista com Marcos Helano Montenegro, 2005), quanto aos estadualistas, que pretendem
manter o saneamento das regiões metropolitanas ou áreas conurbadas submetidas à lógica
regional (cf. entrevista com Paulo Massato, 2005).

Os defensores da relação entre saneamento e urbanismo propõem regulamentar


conjuntamente os serviços de captação, tratamento e distribuição de água, de coleta, de
tratamento e despejo de esgoto sanitário e de drenagem urbana e manejo de resíduos
sólidos. Entretanto, há corrente que advoga que a integração dos serviços de abastecimento
de água e esgotamento sanitário e sua regulação deve se dar no âmbito do sistema de
recursos hídricos, lócus natural do sistema de saneamento.

Não obstante, em que pese a necessidade de coordenação entre o saneamento e o


urbanismo, essencial para que os serviços de saneamento atendam às necessidades da
população e desenvolvam-se paralelamente à expansão das cidades ou regiões, permanece
controversa e inconclusa uma postura sobre se a lógica urbana, local ou regional deve
subordinar os serviços de saneamento básico no sentido de determinar quem é o titular, o
regulador, o operador ou o financiador.

Para que os serviços de saneamento acompanhem a expansão da área urbana, a


diversidade de arranjos institucionais existentes no Brasil e em outros países mostra que
pouco importa a natureza do operador. Tanto operadores locais ou regionais ou mesmo
nacionais podem estar adstritos a expandir na direção e no ritmo do crescimento das
cidades ou aglomerações urbanas que atendem, desde que adequadamente regulados em
sua atividade e desde que a regulação observe as diretrizes de planejamento e os planos
instituídos pelas autoridades competentes. Mesmo o âmbito geoGRÁFICO de atuação do
regulador é menos importante que o exercício da atividade regulatória em conformidade
com o planejamento urbano local e regional. O essencial, para que o saneamento opere em

43
Extraído de Cunha, Alexandre dos Santos; Nahoum, André Vereta; Mendes, Conrado Hubner; Coutinho, Diogo
Rosenthal; Ferreira, Fernanda Meireles; Turolla, Frederico Araujo. Poder Concedente e Marco Regulatório no Saneamento
Básico. Caderno Direito GV, Vol 2, no. 2, março 2006.

89
sintonia com o urbanismo, é a existência coordenada de planejamento urbano e de sistema
adequado de regulação, ambos determinantes para a prestação dos serviços.

Em termos de planejamento, a interdependência é mais clara. O planejamento urbano


local e regional deve condicionar a expansão das redes de água e esgoto e o regulador
deve zelar pelo seu cumprimento. A necessidade de observar determinações do
planejamento urbano, ou de plano setorial específico, não é, por si, elemento suficiente ou
condicionante para definição da questão de titularidade; e nem é, como prevê a Lei de
Saneamento, condicionante que limite o exercício das funções de regulação e de operação
dos serviços ao âmbito local e, muito menos, que restrinja suas condições e fontes de
financiamento, uma vez que a expansão e a manutenção dos serviços pode, em
determinados locais ou regiões não-sustentáveis economicamente, depender
constantemente de transferência de recursos orçamentários ou extra-orçamentários
hauridos em outros níveis.

2.3.6. Análises das Variáveis Institucionais

Esta seção apresenta uma análise de uma lista de variáveis identificadas,


preliminarmente, a partir da literatura teórica44, da experiência prévia da consultoria e, em
especial, da experiência obtida neste trabalho que se encontra em andamento.

Note que é fundamental que as variáveis sejam selecionadas em função de uma


análise bibliográfica, teórica e prática muito cuidadosa e profunda. Apresenta-se, nesta
seção, apenas uma proposta inicial para a construção destas variáveis, que serve de base à
discussão dentro do grupo e com terceiros. Não se deve, portanto, tomar a lista de variáveis
aqui apresentadas como definitiva para a análise das PSP, mas apenas como um ponto de
partida para a mesma.

As variáveis preliminarmente identificadas são:

1) Tamanho da operação (em ligações e/ou volume de tratamento);


2) Situação anterior (regional/CESB autarquia municipal, departamento municipal);
3) Grau de definição de titularidade (município isolado, região metropolitana,
consórcio, sistema integrado);
4) Regulação do operador privado: agência, contrato, etc.;
5) Modalidade, ou seja, o tipo de contrato;
6) Substrato legal: lei das concessões, lei das PPP, contrato administrativo, etc.;
7) Origem do operador: nacional ou estrangeiro; setor de origem;
8) Financiador e forma do financiamento;
9) Ambiente político da PSP.

As seções a seguir detalham cada uma das variáveis identificadas.

44
Os textos que serviram de fonte à identificação de variáveis são citados nas seções específicas.

90
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

2.3.6.1. Relação entre Tamanho e PSP

No Brasil há vários casos de introdução de PSP em pequenas localidades. Em


especial, a amostra do PSP Brasil contém um conjunto de concessões plenas, por 25 a 30
anos, em alguns estados, até mesmo em cidades com até 25 mil habitantes45. São
exemplos, as cidades de Novo Progresso-PA (24.948 habitantes), Carlinda-MT (12.296
habitantes), Araújos-MG (6.217 habitantes) e Mineiros do Tietê-SP (11.410 habitantes). A
cidade de União do Sul tem menos de 1.000 ligações. Todas estas cidades têm escala de
operação sensivelmente inferior ao que se costuma considerar como escala mínima viável
no setor.

Há uma percepção razoavelmente difundida no Brasil de que os instrumentos de PSP


se voltam exclusivamente às operações que proporcionam razoável economia de escala,
propiciando viabilidade econômica para a operação. Nesta visão, serviços que não atingem
a um número mínimo de ligações não se viabilizariam para a introdução de PSP.

Por exemplo, Castro (2003, p. 58) relata que a população acima de 150 mil habitantes
“é considerada ideal por especialistas e técnicos da área como limite para viabilidade de
exploração de um sistema de abastecimento público de água e coleta de esgotos”46. É
relevante que, para a seleção da amostra de seu trabalho de análise de eficiência
comparada, o mesmo autor relata ainda que optou por realizar corte excluindo municípios
abaixo de 30 mil ligações, por se entender que “abaixo desse ponto as empresas poderiam
não dispor da organização suficiente para fornecimento dos dados com a qualidade e
confiabilidade necessária para análise” (Castro, 2003, p. 58).

Entretanto, tanto a experiência brasileira quanto a internacional contêm casos de


participação privada em pequena escala, que merecem exame cuidadoso. Por exemplo, no
Peru foi implementado o Proyecto Piloto de Pequenas Localidades (PPPL), com o objetivo
de incentivar a delegação a terceiros de serviços de saneamento operados por municípios.
O projeto foi executado pelo WSP47 com apoio da Agência Canadense para
Desenvolvimento Internacional (ACDI). McGregor (2007) relata que, antes do processo, a
participação privada não encontrava nem demanda nem oferta. O PPPL incluiu ações para
compensar os elementos de insuficiência de demanda e de oferta que foram identificados,
os quais foram listados no QUADRO 2.13.

45
IBGE – CENSO 2000
46
Aparentemente, a afirmação do autor foi extraída de entrevista realizada junto a Marcos Thadeu Abicalil em 18 de
fevereiro de 2003.
47
Water and Sanitation Program (WSP), que é um programa do Banco Mundial.

91
QUADRO 2.13 - Causas da ausência de demanda e oferta por
PSP em pequenas localidades no Peru

Causas da ausência de demanda Causas da ausência de oferta

• A falta de percepção sobre a decisão política do governo central de


promover a PSP em pequenas cidades.
• A crença de que assinar contrato de longo prazo com município teria
alto risco pela ausência desta prática no Peru.
• Falta de conhecimento dos benefícios e • O fato de que as autoridades municipais nunca colocariam as tarifas no
mecanismos de PSP. nível de recuperação de custos.
• A falta de cultura de pagamento por parte da população, o que
• Falta de vontade de elevar as tarifas até
demandaria um forte investimento em educação sanitária.
os níveis de recuperação de custos.
• Falta de vontade para delegar a terceiros • A falta de disposição da população de pagar por um serviço de
um serviço politicamente sensível. qualidade melhorada.
• Falta de vontade das autoridades distritais • A impossibilidade da Sunass de regular tarifas e de supervisionar o
de se subordinarem às autoridades contrato município-operador.
provinciais. • O fato de que os municípios não poderiam conduzir processo de PSP
sem apoio ou assistência técnica de nível de governo regional ou
• Percepção de que o custo da promoção
central.
do investimento privado era
excessivamente elevado. • O fato de que os municípios não contavam com recursos financeiros
para acompanhar os investimentos que se poderia exigir do operador.
• O fato de que o marco legal que regula o saneamento em pequenas
cidades apresentava vácuos normativos e se teria que recorrer a
interpretações cruzadas de normas legais.

Fonte: tradução livre com leves adaptações a partir de McGregor (2007, p. 18)

A presença de operações nesta escala não significa, necessariamente, que as


operações são factíveis, o que ressalta a necessidade de exame cuidadoso como
anteriormente assinalado. Note-se que há diferentes metodologias de análise em relação à
importância da escala de operação dos serviços e, portanto, não há garantia de que se
possa obter uma conclusão segura sobre a relação entre tamanho e PSP, inclusive pela
insuficiência de dados objetivos que subsidiem avaliações mais precisas sobre as mesmas,
mas trata-se de ponto que pode ser considerado na medida do possível neste estudo.

2.3.6.2. Situação Anterior

A situação fática do setor de saneamento deve ser premissa básica para análise de
processos de PSP. As faces atuais do setor foram conferidas na introdução do sistema
Planasa. A partir de então, passou-se a ter operação regional nas CESBs e operação local
(neste caso, por departamento, autarquia ou companhia municipal).

De maneira geral, as concessões do sistema Planasa foram realizadas nos anos 70,
com prazos de 25-30 anos. Nem todos os municípios operados no sistema Planasa,
entretanto, dispõem de contrato de concessão formalizado. O vencimento das concessões
do Planasa constitui momento de negociação que pode envolver a consideração da
alternativa PSP. O GRÁFICO – 2.7 apresenta os vencimentos de concessões, evidenciando
que há grande concentração de vencimentos na década atual.

92
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

GRÁFICO 2.7 - Vencimento de Concessões


210
Freqüência
200
190
180
170
160
150
140
130
120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
1965
1967
1968
1970
1972
1974
1975
1977
1979
1981
1982
1984
1986
1988
1989
1991
1993
1994
1996
1998
2000
2001
2003
2005
2007
2008
2010
2012
2014
2015
2017
2019
2021
2022
2024
2026
2027
2029
2031
2033
2034
2036
2038
2040
2041
2043
2045
2047
2048
Mai
Fonte: SNIS 2005 e Elaboração dos Autores.

Em conclusão, quando o município faz parte do conjunto das operações de uma


CESB, o ponto no tempo em que há maior probabilidade de introdução de PSP é o
momento do vencimento do contrato de concessão, quando há um contrato com prazo
definido. Por outro lado, quando não há prazo definido, ou o município é operado de forma
autônoma, não há, a priori, um momento no tempo que encerra maior probabilidade de
introdução de PSP.

2.3.6.3. Grau de Definição de Titularidade de Participação Estadual

A indefinição sobre a titularidade é uma das principais fontes de insegurança jurídica


no setor de saneamento no Brasil. Entre os impactos da indefinição sobre titularidade sobre
os serviços de saneamento está, por exemplo, a indefinição sobre o ente regulador. Há
registro de conflitos no Brasil nesta linha, como o que se verificou em Fortaleza, onde, após
cinco anos de fiscalização da Arce sobre a Cagece, o município criou sua própria agência
(Agência Reguladora de Fortaleza – Arfor), retomando para si a responsabilidade da
regulação dos serviços, conforme disposto no contrato de concessão.

Assim como na regulação, outros aspectos da PSP podem ser impactados pela
indefinição de titularidade. Por exemplo, sob uma perspectiva teórica, um impacto
importante poderia se verificar na forma de uma maior taxa de retorno requerida para
viabilizar a participação privada, o que poderia inclusive torná-la inviável.

É relevante avaliar em quais processos PSP da amostra houve envolvimento estadual,


independentemente da titularidade efetiva dos serviços. Este aspecto é relevante na análise
dos processos de PSP brasileiros devido, tanto aos papéis particulares que são atribuídos
pela Constituição Federal de 1988 aos entes da Federação quanto aos papéis que os
estados, através das companhias estaduais das quais são controladores, desempenham no
Brasil desde o Planasa, conforme discutido neste estudo. O QUADRO 2.14 apresenta
alguns elementos selecionados dos principais casos de envolvimento estadual nos
processos de PSP da amostra.

93
QUADRO 2.14 - Principais Casos de Envolvimento Estadual nos Processos PSP

UF Tipo de envolvimento

RJ - Participação como poder concedente e como regulador.

MT - Decisão do governo estadual de extinção da companhia.

MS - Sanesul participou como acionista do consórcio vencedor da licitação de Campo Grande.

TO - Decisão de privatização da companhia estadual.

CE - Decisão do governo estadual como controlador da companhia estadual.

AM - Decisão do governo estadual de extinção da companhia estadual.


Fonte: Elaboração dos Autores.

A seguir são destacados os elementos de dois casos, do Mato Grosso e do Rio de


Janeiro. Note-se que a escolha destes dois casos para a discussão nesta seção deve-se à
presença de características particulares que foi interessante identificar e ressaltar neste
ponto do estudo, o que não significa que os demais casos não contenham elementos
singulares que possam ser aprofundados no curso do projeto.

2.3.6.4. O Caso do Mato Grosso

Esta seção apresenta particularidades do caso dos processos de PSP do Estado do


Mato Grosso, em particular a extinção da companhia estadual.

A SANEMAT – Companhia Estadual de Saneamento do Estado de Mato Grosso – foi


criada, no âmbito do Planasa, a partir de autorização da Lei nº. 2.626, de 07 de julho de
1966, e pelo Decreto nº. 120, de 03 de agosto de 1966. Em 13 de dezembro de 2000, a lei
estadual nº. 7.358 autorizou a extinção da Sanemat.

Em um primeiro momento após a extinção da CESB, houve a transferência das


concessões para os municípios. Vários dos municípios que receberam as concessões
iniciaram um processo de concessão. Reporta-se que houve investimentos prévios à
concessão no curto período entre a devolução das concessões aos municípios e a outorga
das concessões ao setor privado.

2.3.6.5. O Caso do Rio de Janeiro

O Estado do Rio de Janeiro lançou seu Processo Estadual de Desestatização em


1995, sendo que entre seus princípios fundamentais esteve a promoção de investimentos
em funções públicas essenciais como o saneamento básico. Conforme o texto da lei
estadual 2470 de 28 de novembro de 1995:

“Art 1º - Fica instituído o Processo Estadual de Desestatização, que será


regido pelos seguintes princípios fundamentais:
(...)
IV - promover investimentos e reestruturação da Administração Pública,
com vistas a sua atuação nas funções públicas essenciais, em especial nas
áreas de educação e saúde pública incluindo-se o saneamento básico”.

94
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

A regulação foi atribuída a ASEP-RJ – Agência Reguladora de Serviços Públicos


Concedidos do Estado do Rio de Janeiro, criada pela lei estadual 2.686 de 1997.
Posteriormente, a incumbência foi transferida à AGENERSA – Agência Reguladora de
Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro, criada pela Lei Estadual 4.556
de 06 de junho de 2005. Segundo a página eletrônica da agência (acesso em 9 de
novembro de 2007), a AGENERSA regula as concessões de saneamento da região dos
Lagos - concessionárias Águas de Juturnaíba e Prolagos. Esta é uma interessante
característica da agência, que regula concessões privadas e não regula operadores
públicos.

2.3.7. Regulação do Operador Privado

Há que se distinguir as funções de regulação de fiscalização e de vigilância sanitária.


Para fins deste relatório, define-se que a função de regulação, ou regulação econômica,
está associada à definição de tarifas e à criação de incentivos econômicos voltados à
eficiência na operação e a definição e controle das metas de cobertura e qualidade de
serviço. A função de fiscalização diz respeito à garantia do bom andamento das funções
técnicas do operador. Já a vigilância sanitária refere-se à garantia de padrões de qualidade
da água distribuída e de esgoto vertido nos corpos receptores. Estas últimas duas funções
estão bastante associadas, podendo ser tratadas conjuntamente como regulação técnica.

2.3.7.1. Regulação Econômica e Regulação Geral

Alguns municípios que delegaram integral ou parcialmente os serviços a empresas


privadas mantiveram as funções de regulação e/ou fiscalização a cargo do órgão ou
entidade municipal antes responsável pela prestação dos serviços (o caso de Limeira-SP,
por exemplo). Em outra forma (Jundiaí-SP), parte dessas funções foi atribuída a Conselhos
Municipais constituídos para esse fim, com participação da sociedade civil, do Poder Público
e da concessionária.

Em vários processos PSP no estado do Mato Grosso, há diversidade de práticas que


podem ser identificadas como regulação, sem a presença de agência reguladora. Por
exemplo, é comum que o reajuste contratual seja baseado em índice de preços, mas
geralmente há negociação com conselho municipal, onde o índice é reduzido nos processos
de negociação. Em Sorriso, por exemplo, em um dado período, o pedido de reajuste chegou
a não ter posição do poder concedente, levando o concessionário a promover o reajuste
contratual independente da anuência do poder concedente.

Em Ribeirão Preto, realizou-se a chamada regulação por contrato, que dispensa


agência reguladora e ocorre a partir do cumprimento dos termos contratuais. Ferreira (2005)
discute a regulação por contrato no caso de Ribeirão Preto e avalia que “a regulação por
contrato não pode ser resumida aos dispositivos contratuais, envolvendo também a
dinâmica entre regulador e regulado, e aponta para o delicado equilíbrio entre segurança e
flexibilidade da relação contratual de longo prazo”.

Há um conjunto de entes que, antes mesmo da introdução da lei 11.445 de 2007, já


dispunha de agências reguladoras, estaduais e municipais. A seção 2.3 deste relatório
discute especificamente a experiência destas entidades reguladoras e aponta dificuldades
institucionais enfrentadas pelas mesmas.

95
No Rio de Janeiro, como já citado, a AGENERSA regula as atividades de duas
concessionárias de serviços públicos de saneamento, Águas de Juturnaíba e Prolagos,
acompanhando os contratos de concessão e monitorando possíveis falhas operacionais e
de atendimento.

Em Mauá, foi criada a ARSAE – Agência Reguladora dos Serviços de Água e Esgoto
de Mauá. A agência regula tanto a autarquia SAMA, quanto a empresa concessionária
ECOSAMA.

2.3.7.2. Regulação Técnica – Fiscalização e Vigilância Sanitária

Há várias conFIGURAções possíveis para a regulação técnica. Um dos modelos


possíveis decorre de informações levantadas pelo grupo de pesquisa de campo no estado
do Mato Grosso, que dão conta de que a vigilância sanitária estadual apresentou atuação
freqüente. A Portaria nº 518 de 2004 do Ministério da Saúde, que dispõe sobre os padrões
de potabilidade da água distribuída para consumo humano e controle de qualidade mínimo
exigido, é referência para água, sendo que os concessionários fazem coleta de amostras
para enviar a laboratórios externos. No caso dos esgotos, especificamente no Mato Grosso
foi mencionada a atuação da SEMA – Secretaria Estadual de Meio Ambiente, que faz coleta
e análise de esgoto, em bases regulares.

2.3.7.3. Modalidade da PSP

O mais importante precedente da formulação de contratos entre o setor público e o


setor privado pode ser encontrado na experiência francesa desenvolvida ao longo do século
XX e, por ser precedente importante, é relatada a seguir. As comunas48 se anteciparam à lei
e, desde a primeira metade do século passado, foram celebrando contratos de delegação
dos serviços a companhias privadas. A lei foi posteriormente incorporando as inovações
surgidas nesses contratos. Existem vários tipos de contratos de concessão e arrendamento,
estabelecendo um espectro de possíveis combinações da distribuição de responsabilidades
e de riscos entre o setor público e o concessionário privado. Não há agência reguladora,
sendo que o principal foco da regulação é o contrato, fiscalizado pelo Tribunal de Contas.

Em contratos de participação privada, há um continuum de possibilidades de arranjos


contratuais. Ferreira (2005) realiza um sumário dos principais tipos de contrato em
saneamento observados na prática internacional49.

a) Terceirização/contrato de serviço
Bastante usados em atividades complementares, correspondem à forma mais
simples e que exigem menor envolvimento do parceiro privado. Não impõem
elevado investimento inicial e, portanto, representam baixo risco para o operador
privado.
b) Operação e manutenção (O&M)

48
As comunas constituem uma unidade básica, altamente descentralizada, de organização do território francês. São mais
de 36.000 comunas, organizadas em departamentos e regiões administrativas.
49
Na realidade, na sua síntese, Ferreira (2005, nota de rodapé 37) afirma que procurou “conjugar as contribuições de
diversos trabalhos com diferentes enfoques, em especial: uma descrição sobre estruturas contratuais utilizadas nos setores
de infra-estrutura em geral (SAVAS, 2000); um sourcebook voltado para proposição de parcerias no âmbito municipal na
área de saneamento (PLUMMER e GENTRY, 2002) e relatórios sobre participação do setor privado em saneamento nos
países em desenvolvimento (SILVA, TYNAN e YILMAZ, 1999; COWEN, 1999”. Estes trabalhos estão citados na lista de
referências bibliográficas deste relatório.

96
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Estes transferem ao parceiro privado a gestão de uma infra-estrutura pública já


existente, para provisão de serviços ao usuário. Esta categoria contempla
compartilhamento dos investimentos entre o setor público contratante e o agente
privado contratado, e pode prever metas de desempenho que produzem
incentivos à eficiência.
c) Lease Build Operate (LBO)/affermage
No LBO o setor público aluga os ativos para o operador privado, que é
remunerado pela cobrança de tarifa aos usuários. O parceiro privado assume
diversos riscos da operação. Para Ferreira (2005, p. 35), “ao conjugar (i) a
transferência da manutenção e operação dos serviços para o contratado e (ii) a
remuneração por meio de tarifas cobradas dos usuários, o LBO gera fortes
incentivos junto à empresa para que os custos de operação sejam reduzidos e o
sistema de cobrança, aperfeiçoado. Por outro lado, é necessário que haja um
controle para que esses incentivos não levem a uma situação indesejada de
redução na qualidade da manutenção do sistema ou abusos na cobrança de
tarifa”.
d) Build-Own-Transfer (BOT), Build-Transfer-Operate (BTO) e Build-Own-Operate
(BOO) / Greenfield projects
Os contratos de BOT, BTO e BOO estão normalmente associados a
investimentos em nova infra-estrutura (greenfield). No BOT, o parceiro privado
constrói e opera por determinado período, ao fim do qual os ativos são
transferidos ao setor público. Em uma das variações possíveis, o BTO
corresponde a um contrato onde o parceiro privado constrói a nova estrutura que
é incorporada ao patrimônio do setor público e alugada ao próprio parceiro
privado. Em outra variação, o BOO, o parceiro privado retém a propriedade
sobre o bem construído e este só será transferido ao setor público se e quando
este determinar a expropriação.
e) Concessões
Silva, Tynan e Yilmaz (1999, p. 7) apud Ferreira (2005, p. 36) definem que “os
contratos de concessão transferem para o contratado toda a operação e
manutenção do sistema e a responsabilidade de realizar os investimentos
necessários por determinado período, durante o qual a empresa será
remunerada por meio da cobrança de tarifas dos usuários. O poder público
define regras sobre a qualidade dos serviços e composição das tarifas.
Normalmente, a concessão tem por objeto a operação de um sistema já
existente, sendo necessários, todavia, investimentos significativos para sua
expansão ou reforma”. O risco de comercial passa ao concessionário, que é
remunerado pela tarifa.

No Brasil, as concessões podem ser definidas no âmbito da lei 8.987 de 1995,


conhecida como lei das Concessões. De maneira mais ampla, a lei 11.079 oferece
categorias mais amplas de concessão, especialmente as que envolvem parcela
complementar oferecida pelo setor público, nos casos em que a atratividade ao setor
privado é relativamente baixa.

Os contratos diferem entre si pelo tipo de compartilhamento de riscos e


responsabilidades (privado, público). O QUADRO 2.15 apresenta elaboração de Ferreira
(2005) sobre os principais tipos contratuais.

97
QUADRO 2.15 - Resumo dos Principais Elementos dos Tipos Contratuais
Terc/contrato O&M LBO BOT/BTO/BOO Concessão

Privado Privado
Propriedade Público Público Público
Público Público

Investimento Público Público Público Privado Privado

Operação e Público Privado


Privado Privado Privado
manutenção (privado)
Arrecadação de Privado Público Privado
Público Público
tarifa (Público) (Privado)
Fonte: Ferreira (2005, p. 37), adaptado de Plummer e Gentry (2002, p. 184)

Para Ferreira (2005, p. 37), a necessidade de investimentos substantivos é um


elemento-chave do setor de saneamento nos países em desenvolvimento e faz com que a
grande maioria dos contratos seja de concessões ou variações de BOT (projetos greenfield).

2.3.7.4. Substrato Legal

O marco legal da PSP no Brasil é composto pelo art. 175 da Constituição Federal,
regulamentado em especial pela lei 8.987 de 1995 (lei das Concessões) e pela lei 11.079 de
2004 (Lei das PPP). Além da legislação nacional, os entes federados dispõem de
dispositivos específicos. Cumpre verificar em que medida a PSP esteve associada à
introdução de nova legislação subnacional para permitir a implantação do processo ou
apresentar-se como conseqüência deste.

2.3.7.5. Origem do Operador

A origem do capital do operador é relevante para a análise da PSP, tanto pelo perfil do
grupo investidor, quanto pela origem do capital (estrangeiro ou nacional). O primeiro aspecto
pode contribuir para uma avaliação se o setor apresenta barreiras de entrada baseadas em
conhecimento específico. No Brasil, a PSP tem atraído grupos econômicos cuja origem de
negócios é variada do ponto de vista dos setores de origem, indicando que o negócio não é
“fechado” a grupos com experiência setorial específica. É relevante destacar também que
há grupos brasileiros, desde o início dos processos de PSP no país.

No tocante às empresas de capital estrangeiro, Corrales (1998) aponta que


praticamente as únicas empresas privadas de tamanho e vocação internacional do setor são
as francesas. Entretanto, podem ser identificados outros operadores internacionais que,
inclusive, vêm atuando em PSP no Brasil. Um caso também interessante de ser destacado é
a saída de operadores internacionais das operações no Brasil. Ducci (2007 – anexo Brasil)
aponta os seguintes casos de saída dos operadores estrangeiros do país:

a) Suez/Odebrecht em Limeira-SP

Ducci (2007) destaca que o caso de Limeira evidencia a fragilidade do marco


regulatório brasileiro, dando como exemplo a alegação, pela oposição, de
suborno na aprovação de lei municipal para a concessão, e a sentença judicial
ordenando o cancelamento do contrato de concessão, revertido no Supremo
Tribunal Federal. Mesmo com evolução positiva dos indicadores, o autor destaca
que em junho de 2006 a concessionária enfrentou ação judicial por ainda haver
esgotos não tratados.

98
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

b) Vivendi na Sanepar (PR).

Refere-se à venda, em 1998, de 39,7% da participação do governo estadual na


Sanepar ao consórcio vencedor Domino Holdings, liderado pelo grupo Vivendi da
França, e posteriormente à aquisição do controle gerencial através de acordo de
acionistas, com a possibilidade de indicação de diretores financeiros,
operacionais e do superintendente.

Entre 2001 e 2002 foram apresentadas diversas acusações contra a empresa, e


em 2003, com a mudança de governador, o governo estadual declarou nulo o
acordo de acionistas.

Para Ducci (2007), “el caso de SANEPAR fue especialmente visible y


preocupante en los años en los cuales estaba en discusión parlamentaria una
reforma del sector que ordenaría, a través de un adecuado marco regulatorio, la
posibilidad que se incorporaran empresas privadas al saneamiento en Brasil.
Esta acción del Estado de Paraná aumentó significativamente los riesgos
percibidos por los operadores internacionales, afectando las perspectivas de
participación en este país”.

c) Suez em Manaus-AM

Em junho de 2000, Suez adquiriu a empresa Manaus Saneamento, na Bolsa de


Valores do Rio de Janeiro, obtendo a concessão de Manaus por 30 anos através
da empresa Águas do Amazonas. A empresa acumulou multas de cerca de 2
milhões de reais relativas ao descumprimento de metas sobre abastecimento de
água, que o concessionário atribuiu a diferenças substanciais nos dados de
cobertura inicial, o que levou a pedido de renegociação do contrato. Em 2006,
Suez transferiu a propriedade da empresa à Vega Engenharia Ambiental S/A, do
mesmo grupo, provocando reação da Câmara Municipal, alegando-se falta de
idoneidade, por esta empresa ter sido citada em escândalos em operações de
lixo em São Paulo. Houve negação da renegociação pelo prefeito municipal e
encomendou-se estudo a consultoria independente. Ducci considera que a
situação da concessão é precária e com possibilidade de cancelamento.

d) AGBAR em Campo Grande-MS

A licitação foi realizada em julho de 2000, vencida pelo consórcio Àguas de


Guariroba, composto pela espanhola AGBAR (50%), Cobel Engenharia (41%) e
a própria CESB Sanesul (9%). Ducci considera que os indicadores iniciais de
gestão foram satisfatórios, incluindo ampliação dos usuários, redução das
interrupções do serviço e outros, mas houve atraso generalizado no
cumprimento das metas de investimento, gerando intervenção da prefeitura por
90 dias, em 2003. Em novembro de 2005, como parte de sua estratégia de saída
da América Latina, Agbar vendeu sua participação ao grupo Bertin/Equipav, que
posteriormente adquiriu outra parte das ações e iniciou plano de reestruturação.

2.3.7.6. Financiador e Forma de Financiamento

A disponibilidade de recursos para investimentos em infra-estrutura pode condicionar o


desenvolvimento do Processo de PSP, pois os financiadores podem exigir certas condições

99
para a concessão do financiamento ou para a participação na operação. Entre os casos já
levantados, pode-se mencionar que, no caso específico de Mauá, reporta-se que a Caixa
Econômica Federal teria exigido que a ECOSAMA tivesse a gestão comercial da concessão,
revelando a importância do financiador enquanto definidor do formato da PSP. Em outros
casos, no Rio de Janeiro, algumas concessionárias financiaram o projeto basicamente com
recursos próprios e BNDES. O papel do BNDES é também relevante neste aspecto.
Conclui-se, assim, que o financiador desempenha papel relevante na definição de alguns
aspectos da PSP, fato que deverá, necessariamente, ser caracterizado no desenvolvimento
do trabalho.

2.3.7.7. Ambiente Político

A continuidade política é fator conjuntural de estabilidade da concessão. Ducci (2007,


p. 38), analisando a saída de operadores internacionais de saneamento da América Latina,
defende que “no cabe duda de que en numerosos casos las condiciones no estaban dadas
para una incorporación masiva del sector privado, como se pretendió, tanto porque no
existía la experiencia técnica asociada al diseño y regulación de contratos de este tipo,
como por la falta de sólido y duradero apoyo político, lo cual es requerido para la
permanencia de concesionarios privados por plazos largos en este tipo de industria”. O autor
se refere a processos de PSP em que houve participação de empresas estrangeiras, mas
sua conclusão pode ser estendida para os casos de PSP em geral. Assim, seguindo a visão
daquele autor, é necessário observar a dinâmica do ambiente político como condição
determinante do sucesso de um processo de PSP.

Sanchez (2001) considera intrigante o fato de que as privatizações de serviços de


saneamento não avançaram em um contexto onde o Poder Executivo possui fortes recursos
de poder dentro do sistema político-partidário. O autor atribui a três fatores condicionantes a
limitação à opção de privatizar no Estado de São Paulo, a saber (Sanches, 2000, p. 99):

1. Fator de ordem legal: os contratos que municípios assinaram com a Sabesp nos
anos 70 e 80, por 30 anos;
2. Fator de ordem estrutural: viabilidade econômica, o que tornaria a privatização
viável em apenas 54 municípios50;
3. Fator político: tratar-se-ia de “uma forte e organizada resistência de diversos
atores sociais agrupados no chamado “setor” saneamento. Formado no Estado
basicamente pela Sabesp, pela Assemae e por sindicatos, esse setor, embora
representasse interesses muitas vezes divergentes, reuniu o que cada um tinha
de mais forte para defender seu mercado”.

O terceiro fator apontado por Sanchez é o de interesse mais direto neste ponto do
estudo. Nos parágrafos a seguir, apresenta-se como o autor detalha sua visão com relação
aos papéis da Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento (Assemae)51 e
da Sabesp.

Com relação à Assemae, a visão do autor é que:

“Durante as tentativas de privatização, a Assemae aportou o conhecimento


técnico que ajudou a combater a assimetria de informação, possibilitando ao
50
Note-se que, como foi discutido neste estudo, a escala de operações pode não constituir empecilho a processos de PSP.
51
Segundo o website da ASSEMAE, a entidade é “uma sociedade civil, sem fins lucrativos, fundada em 1984. Ela reúne
quase 2 mil municípios brasileiros que administram de forma direta e pública os serviços de abastecimento de água,
esgotamento sanitário, drenagem pluvial, resíduos sólidos e controle de vetores. Está organizada em diretorias regionais” –
www.assemae.org.br, acesso em 11/10/2007.

100
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

setor político das cidades, à mídia, aos movimentos sociais e, principalmente,


aos sindicatos, meios para organizar movimentos de resistência coerentes na
luta para dominar, sobretudo, a arena de influência. Já os sindicatos mostraram
um poder de mobilização expressivo quando municiados de meios efetivos para
agir”. Sanches (2000, p. 99)

Com relação à Sabesp, Sanches (2000, p. 99) aponta que:

“A existência no Estado de uma Cesb, como a Sabesp, não é um impedimento


per se à entrada do setor privado. O fato significativo é que a Sabesp
implementou durante o período em questão uma política empresarial com o
objetivo de tornar a empresa mais eficiente e expandir sua área de atuação
dentro do Estado. Assim, atuou, por um lado, como força intimidatória. Se houve
apenas nove prefeitos que tentaram formalmente uma privatização completa de
seus serviços de saneamento, em grande parte foi resultado da política
expansiva da empresa no Estado. Ou seja, qualquer prefeito que tenta uma
concessão dos serviços deve antes construir fortes argumentos para responder
à pergunta: por que outorgar a empresas privadas e não à Sabesp? Por outro
lado, obstruída de participar de concorrências, criou regras informais no jogo ao
ameaçar cortar subsídios em Guarulhos. Dentro de sua principal área de
influência, a RMSP, a Sabesp, um ator interessado em condições privilegiadas,
tornou as regras formais menos decisivas, em virtude de seu alto poder
coercitivo”.

De fato, as entidades representativas do setor de saneamento são organizadas de


forma polar e defendem interesses distintos. Pesquisa da Escola de Direito de São Paulo da
Fundação Getulio Vargas (FGV/EDESP), cujo relatório foi apresentado em Cunha et al
(2006), apresentou uma proposta de caracterização da dinâmica de interesses no setor de
saneamento, conforme apresentado na FIGURA 2.3.

101
FIGURA 2.3 - Dinâmica de Interesses no Setor de Saneamento.

operação pública
estadual

estadualistas

operação operação
pública capitalista
comercial
s

pr
list a

UNIÃO

iv a
a

tist
p

operação operação
ici

as
pública privada
mun

muncipal

operação em
nível local
Fonte: reproduzido de Cunha et al (2006, p. 19)

A FIGURA pode ser explicada conforme o texto do relatório de pesquisa: “Cada grupo
pleiteia pautas próprias, condizentes com uma agenda particular, que fortalecem o papel do
Estado, do Município ou de agentes privados. Isso não significa, porém, que não existam
áreas de confluência. Assim, municipalistas e estadualistas têm em comum a defesa da
prestação dos serviços por entidades públicas. Estadualistas e privatistas se unem em torno
da idéia da lógica empresarial do setor de saneamento. E privatistas e municipalistas podem
sustentar juntamente a operação em âmbito local” (Cunha et al, 2006, p. 19-20). E,
finalmente, a União exerce um papel de direcionador, consignando para qual pólo oferecerá
seu apoio, o que tem variado de acordo com a alternância política no governo federal desde
a década passada.

Nos casos que estão sendo estudados há situações em que houve continuidade da
tendência política dos prefeitos, mas há também casos em que foram verificadas mudanças
que afetaram o entorno da PSP.

2.3.8. Modelos de PSP no Brasil

Esta seção apresenta os resultados do esforço de agrupamento dos casos de PSP em


um conjunto de modelos dentro dos quais os principais casos podem ser enquadrados.

A escolha dos modelos foi baseada nos determinantes prováveis da PSP, ou seja, nos
fundamentos da decisão de promover o PSP. O ponto de partida foi a situação fática. Desde
o Planasa até meados dos anos noventas, o sistema foi basicamente operado pelas CESBs
e por departamentos ou autarquias municipais. Estas duas situações constituem, portanto, o
ponto de partida para a introdução de PSP.

102
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Assim, um primeiro modelo consiste na saída ou no enfraquecimento da CESB, dando


lugar à retomada da concessão pelo município, sendo que no caso relevante para este
estudo a retomada foi seguida da transferência (eventualmente não concomitante) a
operador privado.

Um segundo modelo consiste na situação em que há um operador municipal, que


pode estar organizado sob a forma de autarquia, departamento ou mesmo companhia
integralmente controlada pelo município, e o poder concedente considera que o seu
desempenho é insuficiente e toma a decisão política de realizar processo de PSP. Note-se
que a introdução da PSP pode não ser o alvo único, sendo que o processo de concessão
pode envolver negociação ou participação da CESB como um dos elementos à disposição
do poder concedente para a substituição do operador municipal.

Um terceiro modelo consiste na necessidade de viabilização de investimentos


adicionais, quando se considera que o operador atual dá conta de suas tarefas básicas, mas
não encontra viabilidade para estes investimentos, ou quando considera que um terceiro
poderia realizar os investimentos em bases técnicas superiores ou com menor custo de
investimento. Em tese, esta situação pode partir de uma operação municipal, em qualquer
de suas formas, assim como de uma operação por operador regional (CESB). Neste último
caso, a CESB pode não ter obrigação contratual quanto a parte dos serviços (por exemplo,
tratamento de esgoto).

A quarta situação parte de uma CESB em operação, que deseja criar benchmark de
eficiência dentro de suas próprias operações. Para isto, transfere a operação de uma cidade
ou parte de uma cidade a um parceiro privado, que possibilita a geração de competição por
comparação (yardstick competition) em sua própria área de concessão.

Os itens a seguir detalham os modelos propostos e suas características.

2.3.8.1. Modelo 1: Saída/Enfraquecimento de CESB

Neste modelo, o enfraquecimento52 da CESB leva à saída de municípios, dando


origem ao processo de PSP. Os casos que podem ser incluídos são:

• Municípios do Mato Grosso – no seu conjunto, este caso corresponde à saída


total da CESB, Sanemat, com sua extinção. Neste caso, alguns operadores
potenciais, notadamente controlados por ex-gestores da companhia, identificam
pequenos municípios para operar e centralizam funções na capital.
• Municípios do Amazonas – este caso também corresponde à saída total da
CESB, COSAMA;
• Saneatins – neste caso, a saída da companhia estadual se deu com a
transferência de seu controle. Hoje, 76,5% de suas ações pertencem a Emsa -
Empresa Sul-Americana de Montagem S/A, 23,4% ao Estado e 0,0048% a
outros acionistas53.
• Águas de Guariroba, em Campo Grande-MS.
• No Rio de Janeiro, Águas de Juturnaíba, Prolagos e Águas de Niterói, Águas do
Paraíba, são ex-concessões da CEDAE.

52
Note-se que o enfraquecimento da CESB não se refere à companhia, mas sim à sua posição frente à operação em
determinado município.
53
Informações de www.saneatins.com.br, acesso em 11/10/07.

103
• Águas de Itapema, em Santa Catarina. O município rompeu com a Casan em
2002, e a concessionária recebeu concessão por 25 anos a partir de 2004. Note-
se que vários municípios de Santa Catarina retomaram os serviços, em processo
conturbado, sendo que alguns optaram por processo de PSP.

2.3.8.2. Modelo 2: Substituição de Operador Local

Este modelo corresponde às situações em que houve a decisão política de substituir o


operador local, controlado pelo município, por um operador privado. Trata-se dos casos de:

• Limeira-SP (Águas de Limeira)


• Petrópolis-RJ (Águas do Imperador), concessionário por 30 anos desde 1997,
após a CAEMPE - Companhia de Água e Esgoto do Município de Petrópolis.
• Nova Friburgo-RJ (CAENF – Companhia de Água e Esgotos de Nova Friburgo),
onde passou a operar a concessionária constituída por grupo estrangeiro, em
lugar da Autarquia Municipal de Água e Esgoto (Amae).
• Cachoeiro do Itapemirim-ES (Citagua): empresa concessionária desde julho de
1998, hoje de propriedade de Águia Branca e Cepemar, em lugar do Serviço
Autônomo de Água e Esgoto – SAAE.
• Águas de Paranaguá, em subconcessão de Cagepar.

Há uma tendência de que, neste modelo, a regulação seja atribuída ao antigo


operador municipal. Por exemplo, Mello (2001, p. 15) aponta que “No caso das concessões
de Limeira e Petrópolis, a antiga concessionária estatal foi nomeada para fazer o serviço de
regulação, inclusive a aprovação de revisões e atualização das tarifas sem nenhuma
modificação estrutural significativa, demonstrando a pouca atenção que mereceu a questão
até o momento no Brasil. Em Limeira, o regulador é o SAAE - Serviço Autônomo de Água e
Esgoto, e em Petrópolis, a CAEMPE - Companhia de Água e Esgoto do Município de
Petrópolis”. No trabalho de campo, observou-se que um argumento para a assunção das
tarefas de regulação pelo antigo operador é a justificação dos empregos dos antigos
funcionários.

Poder-se-ia incluir no caso em tela o município de Serrana-SP, que concedeu os


serviços de saneamento e posteriormente retomou a concessão. Conforme Nozaki (2007, p.
101), “os motivos que levaram à concessão foram a dificuldade no atendimento à população
dos serviços de abastecimento de água, e a sua irregularidade no abastecimento, bem
como a inexistência do tratamento de esgoto e baixa coleta dos mesmos”.

2.3.8.3. Modelo 3: Modelo Complementar

Este modelo consiste basicamente nas BOTs, voltadas para a realização de


investimentos complementares em infra-estrutura, os quais o operador detentor de
concessão plena não consegue viabilizar ou prefere realizar através de parceiro privado
para redução de seu próprio custo de investimento.

104
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

São os casos de:

• Ribeirão Preto-SP
• Jundiaí-SP
• Matão-SP
• Itu-SP

Parlatore (2000) comparou casos de participação privada então existentes no Brasil e


avaliou que “os municípios do Rio de Janeiro têm optado pela concessão plena, enquanto
os de São Paulo têm preferido as concessões parciais e, em alguns poucos casos, as
permissões. As concessões parciais têm-se concentrado, principalmente, nas estações de
tratamento de esgoto” (Parlatore, 2000 p. 301-2). Para o autor, três fatores explicam este
padrão:

a) a forte atuação do Ministério Público paulista, exigindo definição quanto ao


tratamento de esgoto;
b) o temor de perder o controle pleno dos serviços, pelo seu valor público; e
c) a presumida capacidade de resolver os demais problemas dos serviços”.
Parlatore (2000, p. 302).

Outras parcerias público-privadas em andamento, à luz da lei 11.079 de 2004,


poderiam ser incluídas neste modelo de PSP, incluindo:

• PPP Sabesp, do sistema produtor de água Alto Tietê.


• PPP Embasa, do emissário de esgotos do Jaguaribe.

2.3.8.4. Modelo 4: Yardstick Interno

Este modelo corresponde à situação em que uma companhia regional (notadamente,


uma CESB) oferece uma área de sua operação para um operador privado. Inicia, assim, um
processo de benchmarking interno, com vistas à comparação do desempenho das suas
demais áreas com a área subdelegada do novo operador. Trata-se do caso de:

• Sabesp, em Cajamar-SP.
• Cagece, em parte do município de Fortaleza, para Hidrosystem.

2.3.8.5. Observações Finais: Sumário dos Modelos de PSP

Os modelos de PSP podem ser classificados em quatro categorias, conforme


apresentado no QUADRO 2.16 Note-se que esta classificação inicial constitui indicativo
desta etapa do estudo, para aprofundamento e revisão posterior, não devendo ser tomada
como definitiva.

105
QUADRO 2.16 - Modelos de PSP no Brasil

Modelo Casos PSP Características definidoras

- Municípios do estado do Mato Grosso.


- Saneatins (privatização da
companhia). - CESB em dificuldades encerra suas operações ou
(1) Saída ou - Manaus-AM. perde concessões que são retomadas pelos municípios;
enfraquecimento de - Municípios do estado do Rio de estes, em alguns casos, optam pela concessão ao setor
CESB. Janeiro (atuais Águas de Juturnaíba, privado.
Prolagos, Águas de Niterói, Águas do
Paraíba).
- Águas de Itapema-SC.
- Limeira-SP.
- Petrópolis-RJ. - Tendência a que a regulação seja feita pelo antigo
(2) Substituição de - Nova Friburgo-RJ.
operador local. serviço municipal.
- Cachoeiro do Itapemirim-ES.
- Paranaguá-PR.
- Ribeirão Preto-SP.
- Jundiaí-SP. -Viabilização de investimentos adicionais.
(3) Investimento - Matão-SP. -Possível influência, em São Paulo, das exigências do
complementar. - Itu-SP. Ministério Público, conforme proposto por Parlatore
- Mauá-SP. (2000).
- Outros.
(4) Competição - Cajamar-SP. Yardstick competition, oriundo de decisão de CESB ou
comparada. - Fortaleza-CE. outro operador para criar benchmark de eficiência.
Fonte: Elaboração dos Autores com base na bibliografia.

106
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

3. ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DO ENTORNO DOS CASOS DAS PSP


ESTUDADAS

Para que possam ser avaliados de maneira o mais exata possível os resultados e os
impactos que as diferentes modalidades e arranjos institucionais têm sobre o
desenvolvimento e os resultados da PSP, é necessário compreender e caracterizar as
condições externas e internas que a envolvem. Este capítulo do relatório objetiva investigar
essas questões.

3.1. Aspectos Conceituais e Metodológicos

A fim de estruturar a discussão sobre estes aspectos, adotou-se um modelo simples


que permite conceituar as relações entre os aspectos institucionais, regulatórios e político-
sociais e os concessionários, e o impacto que eles podem ter sobre o desenvolvimento da
PSP.

Na FIGURA 3.1 apresenta-se o marco lógico que foi considerado para esta análise e
os elementos que o compõem, os quais definem os aspectos que foram levados em conta
para caracterizar e avaliar o marco regulatório que define o entorno geral dos casos das
PSP incluídos no estudo.

FIGURA 3.1 - Marco Lógico Para Análise do Entorno

Aspectos Estruturais

Condições Entorno
de Entorno Institucional

Desempenho da PSP

Desempenho Desempenho
do Operador das
Instituições

Impacto
da PSP

Fonte: Elaboração dos Autores.

De forma complementar, a análise do entorno da PSP deve necessariamente


identificar e contextualizar as diferentes fases que, em geral, o início e a implementação de
uma PSP têm apresentado no Brasil. A FIGURA 3.2 apresenta essas etapas.

107
FIGURA 3.2 - Identificação das Fases Prévias
ao Início de Operação de uma PSP

Processo Processo de
Processo Início da
de Adjudicação
Prévio à Operação Operação da PSP
Licitação e Assinatura
Licitação da PSP
de Contrato

Fonte: Elaboração dos Autores.

Os processos prévios da licitação, a licitação propriamente dita, a fase de adjudicação


e a assinatura do contrato, e o contrato em si, constituem o marco contratual e específico de
uma PSP, ao qual se adicionam tanto os aspectos político-sociais, quanto o marco legal e
institucional relacionado com o setor. A FIGURA 3.3 apresenta esses aspectos.

FIGURA 3.3 - Elementos que Definem as Condições do


Entorno de uma PSP no Brasil

Entorno
Político e
Processo Social
prévio à
Licitação

Marco
Contratual e Condições
Legal de Entorno
Licitação Específicos da PSP
da PSP

Adjudicação Marco Legal e


e Assinatura Institucional
do Contrato Geral
Relacionado
com o Setor

Fonte: Elaboração dos Autores.

3.2. Análise Qualitativa do Entorno das PSP

A TABELA 3.1 apresenta uma primeira segmentação das PSP examinadas dentro do
estudo. Incluem-se informações que permitem identificar o nome da PSP, os Municípios
onde estão localizadas as suas operações54 , o Estado e a região do Brasil à qual pertencem
estes Municípios, o tipo de contrato associado, ou modalidade, segundo a classificação
54
Cabe ressaltar que, no caso de SANEATINS, Palmas foi o único município analisado em todo o estado de Tocantins, por
determinação dos TDR.

108
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

estabelecida no TDR55, o tipo de serviços prestados em cada caso e a população total dos
Municípios envolvidos, segundo o IBGE do ano de 2006.

TABELA 3.1 - Situação Geográfica e Características dos


Casos das PSP Examinadas no Estudo
População
Municípios Nome da Descrição do Serviço dos
Estado Região Modalidade
Envolvidos Operadora Prestado Municípios
em 2006
Gestão integrada dos serviços
Águas do Norte Concessão 1.688.524
Manaus Amazonas de saneamento básico de
Amazonas Plena
água e de esgotos sanitários
Gestão operacional de
sistemas distribuidor de água
Contrato de e coletor de esgoto sanitário 2.416.919
Fortaleza Ceará Hydrosistem Nordeste
Gestão para a Unidade de Negócio
Metropolitano Norte em
Fortaleza.
Águas de Gestão integrada dos serviços
Cachoeiro de Espírito Concessão 198.148
Cachoeiro SA - Sudeste de saneamento básico de
Itapemirim Santo Plena
CITÁGUA água e de esgotos sanitários
Gestão integrada dos serviços
Mato Águas de Centro- Concessão 9.064
Carlinda de saneamento básico de
Grosso Carlinda Oeste Plena
água e de esgotos sanitários
Gestão integrada dos serviços
Mato Águas de Centro- Concessão 12.072
Cláudia de saneamento básico de
Grosso Cláudia Oeste Plena
água e de esgotos sanitários
Gestão integrada dos serviços
Guarantã do Mato Águas de Centro- Concessão 33.791
de saneamento básico de
Norte Grosso Guarantã Ltda. Oeste Plena
água e de esgotos sanitários
Gestão integrada dos serviços
Mato Águas de Centro- Concessão 12.079
Matupá de saneamento básico de
Grosso Matupá Oeste Plena
água e de esgotos sanitários
Empresa de Gestão integrada dos serviços
Mato Centro- Concessão 15.630
Nobres Saneamento de de saneamento básico de
Grosso Oeste Plena
Nobres água e de esgotos sanitários
Gestão integrada dos serviços
Primavera do Mato Àguas de Centro- Concessão 60.059
de saneamento básico de
Leste Grosso Primavera Oeste Plena
água e de esgotos sanitários
Gestão integrada dos serviços
Mato Águas de Centro- Concessão 50.617
Sorriso de saneamento básico de
Grosso Sorriso Oeste Plena
água e de esgotos sanitários
Gestão integrada dos serviços
Mato Águas de Centro- Concessão 10.167
Arenápolis de saneamento básico de
Grosso Arenápolis Oeste Plena
água e de esgotos sanitários
Gestão integrada dos serviços
Mato Águas de Centro- Concessão 12.889
Juscimeira de saneamento básico de
Grosso Juscimeira Oeste Plena
água e de esgotos sanitários
Gestão integrada dos serviços
Mato Águas de Centro- Concessão 18.634
Marcelândia de saneamento básico de
Grosso Marcelândia Oeste Plena
água e de esgotos sanitários
Gestão integrada dos serviços
Mato Centro- Concessão 17.331
Nova Xavantina SETAE de saneamento básico de
Grosso Oeste Plena
água e de esgotos sanitários
Águas de Gestão integrada dos serviços
Mato Centro- Concessão 42.428
Pontes e Lacerda Pontes e de saneamento básico de
Grosso Oeste Plena
Lacerda água e de esgotos sanitários
Gestão integrada dos serviços
Mato Águas de Centro- Concessão 4.410
Santa Carmem de saneamento básico de
Grosso Santa Carmem Oeste Plena
água e de esgotos sanitários
Gestão integrada dos serviços
Mato Águas de Centro- Concessão 5.834
União do Sul de saneamento básico de
Grosso União do Sul Oeste Plena
água e de esgotos sanitários
Mato Gestão integrada dos serviços
Águas Centro- Concessão 765.245
Campo Grande Grosso do de saneamento básico de
Guariroba Oeste Plena
Sul água e de esgotos sanitários
SANARJ Gestão integrada dos serviços
Minas Concessão 6.742
Araújos Concessionária Sudeste de saneamento básico de
Gerais Plena
de Saneamento água e de esgotos sanitários
55
Concessões Plenas (água e esgotos), parciais e BOT, alienação parcial de capital e contrato de gestão.

109
População
Municípios Nome da Descrição do Serviço dos
Estado Região Modalidade
Envolvidos Operadora Prestado Municípios
em 2006
Básico

Gestão integrada dos serviços


Minas Águas de Bom Concessão 17.501
Bom Sucesso Sudeste de saneamento básico de
Gerais Sucesso Plena
água e de esgotos sanitários
Gestão integrada dos serviços
Minas Concessão 20.747
Paraguaçu COSÁGUA Sudeste de saneamento básico de
Gerais Plena
água e de esgotos sanitários
Gestão integrada dos serviços
Águas de Concessão 147.933
Paranaguá Paraná Sul de saneamento básico de
Paranaguá Plena
água e de esgotos sanitários
Araruama, Silva Gestão integrada dos serviços
Rio de Águas de Concessão 187.184
Jardim, Sudeste de saneamento básico de
Janeiro Juturnaíba Plena
Saquarema água e de esgotos sanitários
Armação de
Búzios, Arraial do Gestão integrada dos serviços
Cabo, Cabo Frio, Rio de Concessão 315.193
PROLAGOS Sudeste de saneamento básico de
Iguaba Grande, Janeiro Plena
água e de esgotos sanitários
São Pedro da
Aldeia
Gestão integrada dos serviços
Campos dos Rio de Águas do Concessão 429.668
Sudeste de saneamento básico de
Goytacazes Janeiro Paraíba Plena
água e de esgotos sanitários
Gestão integrada dos serviços
Rio de Águas de Concessão 476.671
Niterói Sudeste de saneamento básico de
Janeiro Niterói Plena
água e de esgotos sanitários
Gestão integrada dos serviços
Rio de Águas do Concessão 309.498
Petrópolis Sudeste de saneamento básico de
Janeiro Imperador Plena
água e de esgotos sanitários
Concessionária
de Águas e Gestão integrada dos serviços
Rio de Concessão 178.099
Nova Friburgo Esgotos de Sudeste de saneamento básico de
Janeiro Plena
Nova Friburgo água e de esgotos sanitários
(CAENF)
Gestão integrada dos serviços
Rio de Fontes da Concessão 45.253
Guapimirim Sudeste de saneamento básico de
Janeiro Serra Parcial
água
Gestão integrada dos serviços
Santa Águas de Concessão 35.990
Itapema Sul de saneamento básico de
Catarina Itapema Plena
água e de esgotos sanitários
Gestão integrada dos serviços
Águas de Concessão 20.805
Guará São Paulo Sudeste de saneamento básico de
Guará Plena
água e de esgotos sanitários
Gestão integrada dos serviços
Águas de Concessão 279.553
Limeira São Paulo Sudeste de saneamento básico de
Limeira Plena
água e de esgotos sanitários
CIÁGUA
Gestão integrada dos serviços
Concessionária Concessão 47.757
Mairinque São Paulo Sudeste de saneamento básico de
de Águas de Plena
água e de esgotos sanitários
Mairinque
Gestão integrada dos serviços
Concessão 12.844
Mineiros do Tietê São Paulo SANECISTE Sudeste de saneamento básico de
Plena
água e de esgotos sanitários
Gestão integrada dos serviços
Paz Concessão 55.009
Mirassol São Paulo Sudeste de saneamento básico de
Construção Plena
água e de esgotos sanitários
ECOSAMA -
Empresa Gestão integrada dos serviços
Concessão 413.943
Mauá São Paulo Concessionária Sudeste de saneamento básico de
Parcial
de Saneamento esgotos sanitários
de Mauá
SANEAR
Araçatuba São Paulo Saneamento de Sudeste BOT Construção e Operação ETE 181.597
Araçatuba
Construção e Operação de 108.474
Birigüi São Paulo Água Pérola Sudeste BOT
Poços

110
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

População
Municípios Nome da Descrição do Serviço dos
Estado Região Modalidade
Envolvidos Operadora Prestado Municípios
em 2006
Matéria
Construção e Operação de 108.474
Birigüi São Paulo Perfuração de Sudeste BOT
Poços
Poços
Águas de 63.343
Cajamar São Paulo Sudeste BOT Construção e Operação ETA
Cajamar

Itu São Paulo CAVO Itu Sudeste BOT Construção e Operação ETE 156.097

Águas de Construção , Operação e 125.400


Jaú São Paulo Sudeste BOT
Mandaguahy Captação, ETA, Reservatório

Construção e Operação de 125.400


Jaú São Paulo SANEJ Sudeste BOT
Interceptores, EEEs e ETE
Companhia de
Jundiaí São Paulo Saneamento de Sudeste BOT Construção e Operação ETE 348.624
Jundiaí
Águas de Construção e Operação de 224.094
Marília São Paulo Sudeste BOT
Marília Poço, Adutora, Reservatório
Companhia
Matão São Paulo Matonense de Sudeste BOT Construção e Operação ETE 77.770
Saneamento
Águas de Construção e Operação de 106.353
Ourinhos São Paulo Sudeste BOT
Esmeralda Poços
Construção, Ampliação e
Ribeirão Preto São Paulo Ambient Sudeste BOT Operação EEEs, ETEs, 559.651
Interceptores
DH Perfuração Construção e Operação de 218.701
São Carlos São Paulo Sudeste BOT
de Poços Poços
Alienação Gestão integrada dos serviços
Palmas Tocantins SANEATINS Norte Parcial de de saneamento básico de 220.888
Capital água e de esgotos sanitários
Fonte:Elaboração dos Autores

Sendo assim, podemos afirmar que:

• Os contratos que abrangem o estudo somam um total de 50. Dentre estes, 13


correspondem à modalidade BOT, 33 são concessões plenas, 2 são concessões
parciais, um caso corresponde à alienação parcial de capital, e um caso é um
contrato de gestão. Cabe ressaltar que, inicialmente, nos TR, o estudo do caso
de Fontes da Serra, no Município de Guapimirim, Estado do Rio de Janeiro, foi
catalogado como concessão plena, mas a revisão do contrato e suas metas,
assim como as entrevistas realizadas, permitiram estabelecer que se tratou de
uma concessão parcial de serviço de água56.
• A população dos Municípios envolvidos perfaz quase 11 milhões de habitantes, o
que no ano de 2006 representava aproximadamente 6% da população total do
Brasil e 7,2% de sua população urbana. Estes indicadores confirmam que a
participação do setor privado na provisão de serviços de saneamento no Brasil
era muito baixa até esse ano. Portanto, os casos que foram estudados neste
projeto correspondem a situações particulares que, provavelmente, não sejam
representativas da situação geral do setor no país.

56
Atualmente, há um conflito judicial entre a prefeitura e a concessionária, pois aquela solicitou a anulação do contrato.
Entre outros aspetos, a prefeitura sustenta que era responsabilidade da concessionária a prestação do serviço de coleta e
tratamento de esgoto. Apesar disto, o exame das metas contratuais e o amparo de várias entrevistas levam a classificar
esta PSP, pelo menos para efeitos deste estudo, como concessão parcial de água.

111
• Os contratos tipo BOT situam-se em no Estado de São Paulo. Por sua vez,
grande parte das concessões plenas divide-se entre este Estado (5), o do Rio de
Janeiro (6), o de Minas Gerais (3) e o de Mato Grosso (15).
• Para o resto das análises que se apresentam neste capítulo e, em geral, em todo
o estudo, foi realizada uma reclassificação dos contratos. Incluíram-se dentro de
um mesmo grupo os contratos tipo concessão plena, concessão parcial e
alienação parcial de capital, que somam um total de 36 contratos, pois todas
estas modalidades possuem um denominador comum: os operadores têm um
contato direto com os usuários e são responsáveis pela prestação integral dos
serviços de água e esgoto, somente do serviço de água ou somente do serviço
de esgoto. Além disto, têm uma baixa responsabilidade no atendimento
comercial aos clientes. Nos outros contratos, há uma situação diferente, o
operador encontra-se mais distante do contato direto com os usuários e tem sob
sua responsabilidade somente uma parte restrita dos processos necessários
para a prestação dos serviços. Por isto foram classificados dentro de outro
segmento denominado “outros contratos”, que se enquadra nas modalidades de
BOT e o contrato de gestão existente em Fortaleza, no Estado de Ceará.

Segundo informação qualitativa obtida nas entrevistas, o modelo seguido em Mirassol


(SP), desde o ano de 2000, foi o de licitar contratos de gestão precários por prazos não
superiores a cinco anos, uma vez que o desenvolvimento de projetos de investimento de
longo prazo não era factível do ponto de vista prático e econômico para os contratados.
Somente recentemente este Município abriu-se à possibilidade de licitar o serviço integral
aos privados na forma de uma concessão. Assim, este caso foi incluído no estudo, uma vez
que se trata de uma experiência interessante de ser relatada, mas não foi incluído na
maioria das análises, tanto qualitativas quanto quantitativas.

Outra situação que teve tratamento semelhante, ou seja, foi relatada,mas não incluída
na maioria das análises, foi a de Juscimeira (MT). Com efeito, trata-se de uma concessão
que praticamente não conseguiu operar antes de ser extinta pelo poder público, em uma
ação que está sendo discutida nos tribunais, o que impediu que fosse estudada mais
profundamente.

Dessa forma, os casos “válidos” de prestação integral do serviço, nos quais se


concentra o estudo, perfazem o número de 34.

Em seqüência, é efetuada uma análise qualitativa do entorno das PSP, baseada na


revisão e no processamento de editais e contratos, a qual foi, como se observou no capítulo
1, complementada com a análise das entrevistas efetuadas com operadores, entidades
concedentes ou contratantes e agências reguladoras.

Na TABELA 3.2 foram incluídas mais informações, para avançar na caracterização


das diversas situações. Neste caso, mostram-se antecedentes relacionados com a
classificação do contrato de acordo com os critérios adotados pelo Consórcio, quais sejam,
o período de duração do contrato original57, o mês e ano em que foi publicado pela primeira
vez o edital da licitação, o mês e ano da assinatura do contrato e o mês e ano em que se
deu o início da operação da PSP.

57
Para efeito da análise apresentada neste capítulo considera-se o prazo original do contrato, o qual, em alguns casos, foi
modificado em função de renegociações posteriores ao início da operação.

112
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA 3.2 - Prazos do Contrato e Datas Relevantes do Processo Prévio


Prazo Data da primeira Data de
Tipo de Contrato Data de
Original publicação do Início de
Segundo Municípios Identificação do Assinatura
do Edital de Operação
Classificação do Envolvidos Concessionário do Contrato
Contrato Licitação (mês/ano)
Consórcio (mês/ano)
(anos) (mês/ano)

Araújos (MG) SANARJ 30 02/2002 08/2002 11/2002


Arenápolis Águas de
S.I. S.I. S.I. S.I.
(MT) Arenápolis
Bom Sucesso Águas de Bom
25 06/2002 10/2002 12/2002
(MT) Sucesso
Cachoeiro de
Águas de Cachoeiro
Itapemirim 30 12/1997 07/1998 07/1998
S/A – CITÁGUA
(ES)
Araruama,
Silva Jardim, Águas de
25 12/1996 12/1997 03/1998
Saquarema Juturnaíba
(RJ)
Campo
Águas Guariroba 30 12/1999 10/2000 10/2000
Grande (MS)
Campos dos
Goytacazes Águas do Paraíba 30 02/1995 09/1996 09/1999
(RJ)
Águas de Carlinda
Carlinda (MT) 30 11/2003 01/2004 03/2004
Ltda.
Águas de Cláudia
Cláudia (MT) 30 01/2004 03/2004 08/2004
Prestação Ltda.
Integral Guapimirim
do Serviço II Fontes da Serra 30 07/1999 S.I. 05/2001
(RJ)
Guará (SP) Águas de Guará 25 07/1999 01/2000 05/2000
Guarantã do Águas de Guarantã
30 S.I. 05/2001 05/2001
Norte (MT) Ltda.
Itapema (SC) Águas de Itapema 25 07/2003 04/2004 07/2004
Juscimeira Águas de
S.I. S.I. S.I. Não operou
(MT) Juscimeira
Limeira (SP) Águas de Limeira 30 10/1994 06/1995 06/1995
CIÁGUA
Mairinque
Concessionária de 30 06/1996 S.I. 05/1997
(SP)
Águas de Mairinque
Águas do
Manaus (AM) 30 04/2000 07/2000 07/2000
Amazonas
Marcelândia Construtora
30 01/2003 06/2003 09/2003
(MT) Nascimento Ltda.
Matupá (MT) Águas de Matupá 30 08/2001 10/2001 10/2001
Mineiros do
SANECISTE 30 04/1995 06/1996 S.I.
Tietê (SP)
Mirassol (SP) Águas de Mirassol S.I. S.I. S.I. S.I.

Niterói (RJ) Águas de Niterói 30 05/1997 10/1997 11/1999


Empresa de
Prestação Nobres (MT) Saneamento de 30 S.I. 06/1999 06/1999
Integral Nobres
do Serviço CAENF -
Nova Concessionária de
25 10/1998 05/1999 07/1999
Friburgo (RJ) Águas e Esgotos de
Nova Friburgo
Nova
Xavantina SETAE S.I. S.I. S.I. 2002
(MT)
Paraguaçu
COSÁGUA 30 02/2000 07/2000 07/2000
(MG)
Paranaguá Águas de
28 02/1996 03/1997 03/1997
(PA) Paranaguá

113
Prazo Data da primeira Data de
Tipo de Contrato Data de
Original publicação do Início de
Segundo Municípios Identificação do Assinatura
do Edital de Operação
Classificação do Envolvidos Concessionário do Contrato
Contrato Licitação (mês/ano)
Consórcio (mês/ano)
(anos) (mês/ano)
Petrópolis
Águas do Imperador 30 06/1997 10/1997 01/1998
(RJ)
Pontes e Águas de Pontes e
30 08/2000 12/2000 01/2001
Lacerda (MT) Lacerda Ltda.
Primavera do Águas de Primavera
30 03/2000 08/2000 09/2000
Leste (MT) Ltda.
Armação de
Búzios, Cabo
PROLAGOS 25 04/1996 04/1998 07/1998
Frio e outros
Prestação (RJ)
Integral do Santa Águas de Santa
30 08/2001 12/2001 01/2002
Serviço Carmen (MT) Carmem Ltda.
Águas de Sorriso
Sorriso (MT) 30 03/2000 06/2000 07/2000
Ltda.
União do Sul Águas de União do
30 05/2000 08/2000 11/2000
(MT) Sul Ltda.
Mauá (SP) ECOSAMA 30 12/2001 01/2003 03/2003

Palmas (TO) SANEATINS¹ 25 10/1998 12/1998 12/1998


SANEAR
Araçatuba Saneamento de 21 06/1995 S.I. 01/2000
Araçatuba

Outros Birigui Água Pérola 15 S.I. S.I. 06/1995


Contratos
Matéria Perfuração
Birigüi 15 S.I. S.I. 09/2003
de Poços
Cajamar Águas de Cajamar 14 01/1996 08/1996 09/1997

Itu CAVO Itu 20 S.I. S.I. 05/1998


Águas de
Jaú 21 06/1995 11/1995 11/1998
Mandaguahy
Jaú SANEJ Ltda. 25 08/1996 03/2000 07/2003
Companhia de
Jundiaí Saneamento de 20 08/1995 01/1996 09/1998
Jundiaí
Marília Águas de Marília 20 S.I. S.I. 07/1999
Outros Companhia
Contratos Matão Matonense de 30 06/2002 11/2002 01/2004
Saneamento
Águas de
Ourinhos 17 12/1995 02/1996 10/1996
Esmeralda Ltda.
Ribeirão
Ambient 23 10/1994 09/1995 01/2001
Preto
DH Perfuração de
São Carlos 10 S.I. S.I. 05/1994
Poços
Fortaleza Hydrosistem
5 07/1995 05/1998 05/1998
(CE) Engenharia Ltda.
Fonte: Elaboração dos Autores.
S.I. = Sem informação
¹ No caso de SANEATINS, na data de 31/12/1998 o grupo privado passou a deter 35% das ações da Companhia, mas para as
análise de impacto o ano de 2001 foi considerado como data de início da PSP, tendo em vista que, nesse ano, o grupo privado
passou a ser o controlador da empresa.

Nos casos de prestação integral do serviço, os prazos contratuais oscilam entre um


mínimo de 25 anos e um máximo de 30, sendo este último o mais habitual.

Para “outros contratos” estima-se uma maior variabilidade nos prazos, de acordo com
a diversidade que existe nos tipos de serviços envolvidos. O contrato de gestão de Fortaleza

114
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

é o que apresenta um período contratual menor, de 5 anos. O maior período tem o contrato
de BOT de Matão, de 30 anos. O prazo contratual médio neste grupo é de 18 anos.

O GRÁFICO 3.1 mostra o mês e o ano da primeira publicação do edital de licitação,


ordenados por antigüidade. A partir dele, deduz-se que a metade dos contratos de
prestação integral do serviço teve publicado seu primeiro edital antes de janeiro de 2000 e a
outra metade, depois desta data. A publicação do edital dos “outros contratos” tem datas
anteriores, a maioria entre 1995 e 1996. Somente o caso de Matão é mais recente, datando
de 2002.

GRÁFICO 3.1 - Data primeira publicação do Edital de Licitação por


Mês-Ano-Prestação Integral do Serviço e Outros Contratos
08/2006
02/2006
07/2005
12/2004
06/2004
11/2003
05/2003
10/2002
04/2002
mês-ano

09/2001
02/2001
08/2000
01/2000
07/1999
12/1998
06/1998
11/1997
04/1997
10/1996
03/1996 |
09/1995
02/1995
08/1994
Cachoeiro de Itapemirim

Nova Friburgo

Jundiaí
Armação de Búzios e Outros

Ourinhos
União do Sul
Campos dos Goytacazes

Araruama e Outros

Manaus

Araújos

Jaú Águas
Mineiros do Tietê

Santa Carmem
Paranaguá

Mairinque

Guapimirim

Paraguaçu

Marcelândia

Carlinda

Cláudia

Fortaleza

Cajamar
Guará

Campo Grande

Primavera do Leste

Pontes e Lacerda

Matupá

Mauá

Bom Sucesso

Itapema

Ribeirão Preto

Araçatuba

Jaú Esgoto
Petrópolis

Palmas
Limeira

Sorriso

Matão
Niterói

Prestação Integral de Serviço Outros Contratos

Fonte: Elaboração dos Autores.

Em relação à data de assinatura do contrato, quase um terço dos contratos de


prestação integral do serviço foi firmado antes de janeiro de 2000, sendo que se observa
uma grande concentração entre os anos de 2000 e 2001, período em que se firmou quase
40% dos contratos deste tipo (11), para os quais se teve informação.

O GRÁFICO 3.2 apresenta o ano de início de operação dos contratos, também


ordenados por antigüidade. Pode-se observar que o início de operação concentra-se entre
os anos de 2000 e 2001, data de 15 contratos de prestação integral do serviço (44% dos 34
casos nos quais se obteve informação para este parâmetro). Antes de 2000, começaram a
operar 12 concessões, 35% do total. No segmento de “outros contratos” 9 casos iniciaram
sua operação antes do ano de 2000, isto é, 2/3 do total nesta categoria.

115
GRÁFICO 3.2 - Data de Início de Operação por Mês-Ano-Prestação
Integral do Serviço e Outros Contratos.
04/2006
09/2005
01/2005
06/2004
10/2003
02/2003
07/2002
11/2001
04/2001
mês-ano

08/2000
01/2000
05/1999
10/1998
02/1998
06/1997
11/1996
03/1996
08/1995
12/1994
05/1994
09/1993
01/1993

Nova Xavantina

Jundiaí
União do Sul
Nova Friburgo

Guarantã do Norte
Armação de Búzios e Outros

Ourinhos
Cachoeiro de Itapemirim
Araruama e Outros

Campos dos Goytacazes

Manaus

Araújos

Birigui Águas

Jaú Águas
Paranaguá
Mairinque

Paraguaçu

Marcelândia
Carlinda

Cláudia

Fortaleza
Itu

Marília
Guapimirim

Santa Carmem
Guará

Primavera do Leste
Campo Grande

Pontes e Lacerda

Matupá

Bom Sucesso
Mauá

Juscimeira
Itapema

Cajamar

Araçatuba
Ribeirão Preto
Jaú Esgoto
Petrópolis

Palmas
Nobres

São Carlos

Birigui Poços
Niterói

Sorriso

Matão
Limeira

Prestação Integral de Serviço Outros Contratos

Fonte: Elaboração dos Autores


.

No caso dos contratos integrais, o lapso médio entre a publicação do primeiro edital e
o início de operação da PSP é de 11 meses. Os casos em que este período é superior são
os de CAJ (RJ), Campos dos Goytacazes (Águas do Paraíba) (RJ), Niterói (RJ),
PROLAGOS (RJ), Guapimirim (RJ), Itapema (SC), Paranaguá (PA), Mairinque (SP) e Mauá
(SP). As razões principais para estes atrasos correspondem às resistências do mundo
político e da comunidade organizada, além de conflitos com as companhias estaduais que
prestavam o serviço. Do mesmo modo, para este segmento, o período médio entre a
assinatura do contrato e o início de operação é baixo, de três meses, salvo na situação de
Niterói (RJ) e Campos dos Goytacazes58 (RJ), o que permite concluir que na maioria das
situações o atraso produziu-se entre a data de publicação do edital e a data de assinatura
do contrato.

Em geral, os contratos tipo BOT ou de gestão têm uma antigüidade superior aos
contratos de prestação integral do serviço, o que permite concluir que a PSP, no Brasil, foi
avançando, isto é,as licitações em que, inicialmente, se atribuía ao setor privado algum
processo específico dos serviços de saneamento básico evoluíram para esquemas em que
o setor privado passou a ser responsável pela prestação completa destes serviços. Estima-
se, então, um avanço gradual.

A partir dos dados entregues, teve-se o propósito de caracterizar alguns aspectos do


processo prévio à licitação até a assinatura do contrato. Um deles é o grau de conflito que
envolveu este processo. Para isto, examinam-se duas variáveis: o número de meses
transcorridos entre a data de publicação do edital e a data de inicio de operação e o número
de meses entre a data de assinatura do contrato e o começo da operação.

58
Nestes 2 casos, o atraso produziu-se por resistência do CEDAE e/ou de seu pessoal operacional à época da realização
da PSP, concretizado através de recursos judiciais e mediante ações que tenderiam a retardar o processo (falta de
informação, negativa de retirar-se das instalações, etc.).

116
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

GRÁFICO 3.3 - Período entre data de primeira publicação do edital e início de


operação Prestação Integral do Serviço e Outros Contratos.
90
85
80
75
70
65
60
Meses

55
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0

Jundiaí
União do Sul

Armação de Búzios e Outros

Ourinhos
Nova Friburgo
Cachoeiro de Itapemirim
Manaus

Araújos

Araruama e Outros

Campos dos Goytacazes

Jaú Águas
Carlinda

Paraguaçu

Marcelândia
Cláudia

Mairinque

Paranaguá

Fortaleza
Santa Carmem

Guapimirim

Cajamar
Matupá

Pontes e Lacerda

Primavera do Leste

Bom Sucesso

Guará
Campo Grande

Itapema

Mauá

Araçatuba
Ribeirão Preto
Jaú Esgoto
Palmas

Petrópolis

Niterói
Sorriso

Limeira

Matão
Prestação Integral de Serviço Outros contratos

Fonte: Elaboração dos autores.

GRÁFICO 3.4 - Período entre data de assinatUra, início da operação,


Prestação Integral do Serviço e Outros Contratos

64
60
56
52
48
44
40
Meses

36
32
28
24
20
16
12
8
4
0
Cachoeiro de Itapemirim
Guarantã do Norte

Nova Friburgo

Armação de Búzios e Outros

Ourinhos
União do Sul

Jundiaí
Santa Carmem
Manaus
Paranaguá

Paraguaçu

Marcelândia

Carlinda

Araújos

Araruama e Outros

Cláudia

Campos dos Goytacazes


Fortaleza

Jaú Águas
Palmas

Pontes e Lacerda
Campo Grande
Primavera do Leste
Matupá

Bom Sucesso

Mauá

Itapema

Petrópolis

Guará

Jaú Esgoto
Araçatuba
Ribeirão Preto
Cajamar
Sorriso
Limeira

Matão
Niterói

Prestação Integral de Serviço Outros contratos

Fonte: Elaboração dos Autores.

No caso dos contratos integrais, o lapso médio entre a publicação do primeiro edital e
o início de operação da PSP é de 11 meses. Os casos em que este período é superior são
os de CAJ (RJ), Campos dos Goytacazes (Águas do Paraíba) (RJ), Niterói (RJ),
PROLAGOS (RJ), Guapimirim (RJ), Itapema (SC), Paranaguá (PA), Mairinque (SP) e Mauá
(SP). As razões principais para estes atrasos correspondem às resistências do mundo
político e da comunidade organizada, assim como conflitos com as companhias estaduais
que prestavam o serviço. Do mesmo modo, para este segmento, o período médio entre a
assinatura do contrato e o início de operação é baixo, de 3 meses, salvo na situação de
Niterói (RJ) e Campos dos Goytacazes59 (RJ), o que permite concluir que na maioria das

59
Nestes 2 casos o atraso produziu-se por resistência do CEDAE e/ou de seu pessoal operacional à realização da PSP,
concretizado através de recursos judiciais e mediante ações tendentes a dificultarem o processo (falta de informação,
negativa de retirar-se das instalações, etc.).

117
situações o atraso produziu-se entre a data de publicação do edital e a data de assinatura
do contrato.

Conclui-se que, em geral, os prazos examinados estão dentro de uma faixa aceitável,
salvo os casos citados anteriormente, de modo que este tipo de variável não
necessariamente constitui uma boa aproximação para caracterizar o grau de conflito do
período prévio à PSP, pois há situações em que houve conflitos intensos, como em Limeira
e em Campo Grande, locais que mostram períodos de desenvolvimento mais baixo que a
média.

Outro aspecto com resultado interessante a analisar é o grau de concorrência que


existiu nos processos de licitação, medido pelo número de consórcios que apresentaram
propostas: obteve-se informação para 20 casos de concessões (quase 60% dos 34 casos
“válidos”) e para 5, de um total de 9, para outros contratos.

GRÁFICO 3.5 – Número de Interessados que Apresentaram Proposta em Licitação de


Contratos de Prestação Integral do Serviço

1
3 5%
15%

1
5%

10
5 50%
25%

1 2 3 4 5 ou Mais

Fonte: Elaboração dos Autores

Dos dados analisados, deduz-se que, exceto em uma das licitações com informação
sobre este parâmetro, apresentaram oferta dois ou mais interessados, nos casos
classificados como de prestação integral do serviço. Em 9 licitações, isto é, 42% dos casos
deste segmento, houve 3 ou mais ofertas. Nas BOT e contratos de gestão, observa-se um
panorama similar, isto é, trata-se de um cenário de concorrência razoável, se comparado
com a situação que se apresentou em uma série da PSP do setor de saneamento no resto
da América Latina60 e levando em conta as características do setor em relação a uma
relativa escassez de operadores em nível internacional. Também o cenário de concorrência
parece adequado, em função da falta de experiência que existia em Brasil na operação de
contratos deste tipo no período em que foram licitados.

Outro aspecto com resultado interessante para caracterizar o entorno da PSP está
relacionado ao tipo de prestador que estava a cargo do serviço antes da incorporação do
concessionário privado61.

60
Ver BID, 2008, “Estudio sobre la Salida de Operadores Privados Internacionales de Água de América Latina”.
61
Esta análise somente é relevante para os casos de prestação integral do serviço.

118
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Nos 6 casos tratava-se de uma empresa estadual62, nos 30 restantes o serviço era
prestado por uma autarquia municipal (8) ou por uma administração direta municipal (20).

Na TABELA 3.3 também foram incluídas informações destinadas a conhecer o critério


com que foi qualificada a proposta comercial no processo de avaliação das ofertas durante o
processo de licitação. A análise se concentra nos aspectos econômicos, pois, em geral, em
todos os processos existiu uma avaliação técnica, de modo que as diferenças entre elas se
concentram na forma como foi solicitada e avaliada a proposta comercial.

TABELA 3.3 - Caracterização do Processo de Licitação


e Tipo de Prestador antes da PSP
Tipo de Contrato Prestador do Quantidade Critério de
Segundo Municípios Envolvidos serviço antes de avaliação proposta
Classificação do da PSP proponentes comercial
Consórcio
Araújos (MG) 1 S.I. 1
Arenápolis (MT) 2 S.I. S.I.
Bom Sucesso (MT) 2 3 1
Cachoeiro de Itapemirim (ES) 2 4 2
Araruama, Silva Jardim, Saquarema (RJ) 3 2 3
Campo Grande (MS) 1 2 3
Campos dos Goytacazes (RJ) 3 S.I. 1
Prestação Integral de
Serviço Carlinda (MT) 2 S.I. 1
Cláudia (MT) 2 S.I. 2
Guapimirim (RJ) 2 S.I. 2
Guará (SP) 2 12 1
Guarantã do Norte (MT) 2 S.I. 2
Itapema (SC) 2 S.I. S.I.
Juscimeira (MT) 2 S.I. S.I.
Limeira (SP) 1 3 1
Mairinque (SP) 2 2 1
Manaus (AM) 3 2 3
Marcelândia (MT) 2 S.I. 1
Matupá (MT) 2 S.I. 1
Mineiros do Tietê (SP) 2 S.I. 1
Mirassol (SP) 2 2 1
Niterói (RJ) 3 2 1
Nobres (MT) 2 3 2
Nova Friburgo (RJ) 1 2 3
Nova Xavantina (MT) 2 S.I. S.I.
Prestação Integral de 2
Paraguaçu (MG) 1 S.I.
Serviço
Paranaguá (PA) 1 2 1
Petrópolis (RJ) 1 5 2
Pontes e Lacerda (MT) 2 3 1
Primavera do Leste (MT) 2 3 2
Armação de Búzios, Cabo Frio e outros 3
3 1
(RJ)
Santa Carmen (MT) 2 S.I. 1
Sorriso (MT) 2 2 2
União do Sul (MT)l 2 S.I. 1
Mauá (SP) 1 2 1
Palmas (TO) 3 6 3

62
Nas concessões examinadas no estado do Mato Grosso, foram as prefeituras que assumiram os serviços como resposta
à saída da empresa estadual. Estiveram nesta condição por alguns anos (2 ou 3, em geral) até que concretizaram a
concessão ao setor privado. Algo similar ocorreu em Itapema (SC) e Campo Grande (MS), ainda que os processos de
saída da empresa estadual tenham apresentado características muito diferentes.

119
Tipo de Contrato Prestador do Quantidade Critério de
Segundo Municípios Envolvidos serviço antes de avaliação proposta
Classificação do da PSP proponentes comercial
Consórcio
Araçatuba 2 S.I. S.I.
Birigui Águas 2 S.I. S.I.
Birigüi Poços 2 S.I. S.I.
Cajamar 3 S.I. 1
Itu 4 S.I. S.I.
Jaú Águas 1 S.I. 1
Jaú Esgoto 1 2 1
Outros contratos
Jundiaí 1 3 1
Marília 2 S.I. 1
Matão 1 3 1
Ourinhos 1 S.I. 1
Ribeirão Preto 1 5 1
São Carlos 1 S.I. S.I.
Fortaleza (CE) 3 1 1
Fonte: Elaboração dos Autores
Notas: S.I. = Sem informação.
Prestador do serviço antes da PSP: Critério de avaliação proposta comercial:
1- Autarquia Municipal 1- Só tarifa pelo serviço prestado.
2- Administração Direta Municipal 2- Tarifa e outorga.
3- Empresa Estadual 3- Só outorga.

GRÁFICO 3.6 – Critério Segundo o Qual Foi Qualificada a Proposta Comercial

9
28%

17
53%

6
19%

Só Tarifa Só Outorga Tarifa e Outorga

Fonte: Elaboração dos Autores

Nos contratos de tipo BOT, houve informação disponível para 9 contratos, sendo que,
em todos eles, como esperado, a proposta comercial consistia em uma tarifa pelo serviço
prestado (concorrência pela menor tarifa). Para os contratos integrais, obteve-se
informação, quanto a este aspecto,em 32 casos: deles, em 17a variável a avaliar nas ofertas
comerciais era a tarifa a ser aplicada aos usuários (concorrência pela menor tarifa); em 6,o
relevante era a outorga ou valor que se pagava por adjudicar-se o contrato63 (concorrência

63
Geralmente era estabelecido que uma parcela desta outorga fosse paga no momento da assinatura do contrato e/ou
mediante pagamentos fixos periódicos nos primeiros anos da concessão. A outra parcela correspondia a uma porcentagem
sobre o faturamento mensal a ser paga durante o resto do período de vigência do contrato.

120
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

por maior pagamento à entrada); e, em 9, o aspecto econômico das ofertas era avaliado
como uma mescla entre tarifa e outorga, geralmente mediante uma ponderação que
privilegiava uma menor tarifa aos usuários, mas que também levava em conta os recursos
que iriam ser pagos ao poder concedente pela outorga da concessão.

Para complementar a revisão da forma em que foram julgadas as propostas


comerciais, a partir do estudo de editais e contratos das diferentes PSP que envolveram a
prestação integral do serviço, foram examinadas as características que possuem os
mecanismos para a revisão da estrutura e dos níveis tarifários. Estes antecedentes se
incluem na TABELA 3.4 para 30 casos. Estima-se que somente em Manaus (AM), CAJ (RJ)
e PROLAGOS (RJ) há revisões formais64 de tarifas a cada 5 anos, e em Mauá (SP) estas se
realizam anualmente65, ocasião em que, além de avaliar seu reajuste periódico pelo efeito
da inflação de custos, faz-se uma verificação do equilíbrio econômico-financeiro da
concessão66. Para o resto das concessões, em 28 casos o contrato estabelece de alguma
forma, mais ou menos explícita, que existe a possibilidade de revisões tarifárias, mas em
geral não define a metodologia nem prazos específicos para isto.

Há casos como os de Campo Grande (MS), SANEATINS (TO) e outros, em que as


agências encarregadas da regulação econômica da concessão fazem anualmente a revisão
dos reajustes tarifários que são propostos pelas concessionárias, em função da forma como
evoluem seus custos gerenciáveis e não gerenciáveis67. Em algumas destas ocasiões, as
concessionárias68 podiam estabelecer que, além destes ajustes “normais”, uma adequação
“extraordinária” de suas tarifas poderia ser estabelecida por motivos de reequilíbrio
econômico-financeiro do contrato, gerando um processo de revisão formal de preços.

64
O conceito de revisão tarifária formal refere-se a instâncias em que estão sujeitos a revisão e avaliação todos os custos,
ativos, investimentos, metas, entre outros aspectos, da concessão.
65
No caso de Cachoeiro de Itapemirim (ES) o aditivo contratual N.º 7, de 12 de junho de 2006, incorporou, entre outros
aspectos, a seguinte cláusula: “A partir da data de assinatura deste Termo Aditivo, a cada cinco anos serão realizados
estudos e, se for o caso, será promovida a recomposição do equilíbrio econômico-financeiro do Contrato de Concessão,
sem prejuízo de eventuais revisões que tenham que ser feitas, com este objetivo, antes do qüinqüênio, em razão de fatos
imprevisíveis ou de ocorrências que venham a onerar os encargos da CONCESSIONÁRIA.” Isto é, neste caso, pode se
sustentar que há revisões qüinqüenais, mas, dentro do período examinado, até o ano de 2006, esta regra não existia.
66
Se há um desvio maior que 5%, mediante a aplicação de um procedimento e de uma metodologia estabelecidos nos
documentos contratuais, gera-se uma revisão tarifária.
67
Habitualmente, os custos gerenciáveis são ajustados em função de índices de preços gerais (IGPM, IPCA, etc.) ou
específicos (índices associados a insumos específicos, como produtos químicos, energia elétrica, etc.).
68
Geralmente os contratos também permitem que o poder concedente solicite uma revisão de tarifas por causa de
reequilíbrio econômico-financeiro do contrato, mas não é a prática habitual.

121
TABELA 3.4 - Mecanismo de Revisão da Estrutura Tarifaria
e Entidade de Fiscalização
Tipo de Contrato Mecanismos para Mecanismos Qualificação
Segundo Municípios revisão da estrutura e para resolução de instâncias
Classificação do Envolvidos níveis tarifários pelos de controvérsias de resolução
Consorcio serviços prestados no contrato de conflitos
Araújos (MG) 2 1 2
Arenápolis (MT) S.I. S.I. S.I.
Bom Sucesso (MT) 2 1 2
Cachoeiro de Itapemirim (ES) 2 1 2
Araruama, Silva Jardim,
1 1 1
Saquarema (RJ)
Campo Grande (MS) 2 1 2
Campos dos Goytacazes (RJ) 2 1 2
Carlinda (MT) 2 1 1
Cláudia (MT) 2 1 1
Guapimirim (RJ) 2 1 2
Guará (SP) 2 1 2
Guarantã do Norte (MT) 2 1 1
Itapema (SC) 2 1 0
Juscimeira (MT) S.I. S.I. S.I.
Prestação Integral Limeira (SP) 2 2 0
de Serviço Mairinque (SP) S.I. 2 0
Manaus (AM) 1 1 1
Marcelândia (MT) 2 1 2
Matupá (MT) 2 1 1
Mineiros do Tietê (SP) 2 2 0
Mirassol (SP) S.I. S.I. S.I.
Niterói (RJ) 2 1 2
Nobres (MT) S.I. S.I. S.I.
Nova Friburgo (RJ) 2 1 2
Nova Xavantina (MT) S.I. S.I. S.I.
Paraguaçu (MG) 2 1 2
Paranaguá (PA) 2 2 0
Petrópolis (RJ) 2 1 2
Pontes e Lacerda (MT) 2 1 2
Primavera do Leste (MT) 2 1 1
Armação de Búzios,
1 1 2
Cabo Frio e outros (RJ)
Santa Carmen (MT) 2 1 2
Sorriso (MT) 2 1 1
Prestação Integral
União do Sul (MT)l 2 1 2
de Serviço Mauá (SP) 1 1 1
Palmas (TO) 2 2 0
Araçatuba S.I. S.I. S.I.
Birigüi Águas S.I. S.I. S.I.
Birigüi Poços S.I. S.I. S.I.
Cajamar 2 2 0
Itu S.I. S.I. S.I.
Jaú Águas 2 2 0
Jaú Esgoto 2 2 0
Outros contratos Jundiaí 2 2 0
Marília S.I. S.I. S.I.
Matão 2 1 2
Ourinhos 2 2 0
Ribeirão Preto 2 1 2
São Carlos S.I. S.I. S.I.
Fortaleza (CE) 0 1 1
Fonte: Elaboração dos Autores
Notas:
S.I. = Sem informação
Mecanismos para a revisão da estrutura e níveis tarifários pelos serviços prestados:
0 - Não existe explicitamente a possibilidade de revisões tarifárias.
1 - Revisões periódicas ocorrem de acordo com procedimentos, metodologia e prazos estabelecidos previamente.
2 - Contrato estabelece que existe possibilidade de revisões tarifárias mas não explicita procedimentos, metodologia ou prazos
específicos para isto.
Mecanismos ou Instâncias Especiais para solução de controvérsias no contrato
1 – Sim
2. - Não aparece no contrato. Não existe explicitamente a possibilidade de revisões tarifárias
Qualificação de instâncias de resolução de conflitos:
1 - Não aparece no contrato
2 - Político-institucional
3 - Técnica e independente.

122
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

A análise da modalidade em que foram licitados os contratos e a forma como são


revisadas as tarifas, segundo o que consta na documentação contratual original, permite
estabelecer as seguintes conclusões:

• O fato de que, em geral, não haja revisões tarifárias periódicas, que os


procedimentos metodológicos para elas não estejam suficientemente detalhados
e que o conceito de equilíbrio econômico-financeiro não esteja claramente
definido nos editais e/ou contratos conFIGURA um contexto de pouca
transparência e de baixo nível de accountability dos processos de revisão de
tarifas, assunto que é um aspecto fundamental destes serviços públicos.
• Como se pode verificar na análise apresentada anteriormente, uma grande
porcentagem das concessões foi licitada diretamente pela menor tarifa, ou esta
variável foi crucial para sua adjudicação (26 de 32), valor que, em teoria, deveria
se manter em termos reais ao longo do período de duração do contrato, sujeita
apenas a ajustes periódicos. É impossível pensar que, em um lapso de 20 a 30
anos, não se apresentem situações que modifiquem os parâmetros básicos dos
contratos desta classe, tornando-os sujeitos a renegociações, ainda que, em
alguns casos, possam ser indesejáveis. De modo que é recomendável que
existam regras claras e transparentes para tais renegociações, situação que não
é freqüente nos marcos contratuais examinados69.
• As duas características anteriores tornam propícia a existência de condutas
oportunistas por parte tanto das concessionárias quanto dos concedentes, o que
gera um entorno regulatório arriscado e instável às PSP.
• A maioria das revisões tarifárias tem como objetivo avaliar os desequilíbrios no
contrato e adequar as tarifas para corrigir este problema. A introdução de maior
eficiência nos preços não faz parte dos objetivos tipicamente perseguidos. Há
muito poucos casos em que esta discussão está presente, o que permite concluir
que o esquema geral de fixação de tarifas das PSP no Brasil é do tipo taxa de
retorno, em que não há maiores incentivos à busca de eficiência, nem tampouco
de que os ganhos de eficiência obtidos ao longo do tempo sejam transferidos
aos usuários via tarifas mais baixas.

A TABELA 3.4 apresenta informação a respeito do tipo dos mecanismos existentes


para a resolução de conflitos em cada contrato, o que permite um maior aprofundamento
quanto à avaliação dos aspectos tarifários e de equilíbrio econômico-financeiro, verificando-
se, em primeiro lugar, se estão definidos procedimentos ou instâncias especiais para
solução de controvérsias, e, em segundo lugar,, as características destes procedimentos ou
instâncias. Dentre 31 concessões integrais com informação, foram identificadas 26 com
algum tipo de instância especial, e 5 nas quais os documentos contratuais não fazem
referência a este tipo de mecanismo. Das 26 assinaladas em primeiro lugar, em 16 as
instâncias definidas são de caráter eminentemente técnico, e em 9 têm um perfil mais
político-institucional70, sendo que para um caso não se houve esta informação.

Nas outras classes de arranjos (outros contratos), onde se obteve informação para 9
contratos, em 3 deles há evidência da presença destas instâncias (em somente 2 delas

69
A experiência indica que, para incorporar ao setor privado a prestação destes serviços, o melhor é realizar licitações em
que se estabeleçam previamente e, com clareza, as regras de fixação de tarifas, sua periodicidade, a metodologia para
atualizar a taxa de retorno e os mecanismos para a fixação e a avaliação do cumprimento de metas contratuais. A
competição, nestes casos, pode ocorrer por maior outorga e/ou pela oferta de metas, devidamente auditáveis, mais
exigentes que as mínimas estabelecidas no edital.
70
Mecanismos eminentemente técnicos são aqueles do tipo comissão de arbitragem, tribunal arbitral, comissão de peritos,
conselho arbitral, juízo arbitral, isto é, instâncias independentes, em que cada uma das partes participa na nomeação de
seus integrantes. As instâncias político-institucionais referem-se a organismos como conselhos estaduais ou locais de
regulação, conselhos municipais de Saneamento Básico e comissões de fiscalização.

123
estes órgãos podem qualificar-se como eminentemente técnicos) e nos 6 restantes não há
menção sobre a matéria.

Apesar de se observar a presença de numerosas PSP com instâncias técnicas para a


resolução de conflitos, verificou-se que estas têm operado muito pouco e, em situações de
conflitos contratuais graves, não operam com a velocidade que seria desejável. Isto é uma
conseqüência de que algumas das partes invoca problemas formais que têm atrasado o
processo, chegando até às instâncias judiciais, por exemplo, quanto ao processo de
nomeação de peritos ou especialistas, ao reconhecimento da autoridade de tribunais
arbitrais, etc. Assim, estes mecanismos para a resolução de conflitos não têm funcionado,
na prática, com a eficácia requerida, embora não se possa descartar que sua presença
tenha facilitado negociações até mesmo por um efeito de “ameaça” às partes, induzindo-as
a buscarem acordos,que evitem chegar a tais instâncias.

Em geral, de acordo com o panorama observado no processo de geração, entrada em


funcionamento e operação das PSP do setor de saneamento no Brasil, os conflitos entre
concessionárias ou operadores, contratantes ou poderes concedentes, ou entre terceiros e
alguma das partes, tendem a se judicializar muito facilmente, deixando sua resolução à
atuação dos poderes judiciais locais, estaduais ou federais, o que atrasa sua discussão e
solução definitiva, e afasta a possibilidade de que sejam instâncias técnicas as que
resolvam as diferenças de opinião. Esta característica deve ter influído negativamente no
desenvolvimento de muitos contratos, por gerar uma situação de incerteza por longos
períodos, o que pode induzir à paralisação ou diminuição dos níveis de investimento. Este
fato é uma aspecto adicional em relação à debilidade que apresenta o marco regulatório
específico das PSP no Brasil, pois seus fundamentos, estrutura e mecanismos não estariam
dando respostas adequadas para evitar o excesso de decisões judiciais dos conflitos que
surgem e que são naturais nas relações contratuais complexas.

Por outro lado, na base das entrevistas realizadas, obteve-se informação sobre o
número de aditivos contratuais nas concessões de prestação integral do serviço. A
documentação oficial sobre esta matéria, em geral, não se teve à vista, somente os
antecedentes resgatados dos encontros apoiados por atores-chave71. O resumo deste
levantamento é que em 16 casos para os quais se contou com dados, em 13 ao menos tem
existido um aditivo até a data, em 6 existiram ao menos 2 e em 4 ao menos 3 aditivos.

Outro aspecto que foi examinado relaciona-se com o tipo de entidade encarregada de
fazer a fiscalização do contrato.

71
Um caso que não se inclui neste juízo geral e que é destacável é a agência reguladora municipal de Cachoeiro de
Itapemirim (ES), em cujo sítio na web se encontra toda a documentação contratual, incluindo todos os aditivos realizados.
Ver www.agersa.com.br/legislacao.asp.

124
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

GRÁFICO 3.7 – Tipo de Entidade Encarregada de Fazer a Fiscalização do Contrato

3 3
9% 9% Não existe entidade
3 especializada
9%
Entidade encarregada
previamente do serviço (DAE,
Autarquia)
4 Agência estadual
13%

Agência municipal criada


especialmente

Departamento especializado
19 da prefeitura, criado
60% especialmente

Fonte: Elaboração dos Autores

Obteve-se informação para 32 PSP do tipo integral. Em 19 delas, esta organização


corresponde à mesma que prestava o serviço antes do início da concessão; em 3, a um
departamento especialmente criado pela prefeitura para este propósito; e, em outras 3
concessões, trata-se de outro tipo de organismo que se encarrega diretamente deste
trabalho, como os conselhos municipais de saneamento. Em 4 casos, trata-se de uma
agência estadual, e em 3 de uma agência municipal criada especialmente para fiscalizar a
nova modalidade de prestação do serviço72.

Com base no conhecimento qualitativo adquirido ao longo do estudo, estima-se que a


capacidade de fiscalização dos contratos é fraca. Quando ela é realizada por entidades que
eram as mesmas que antes prestavam o serviço, não existiu uma transição destinada a
capacitar seu pessoal para as novas tarefas que assumiram. Além disso, grande parte das
pessoas que desempenhavam atividades nestas organizações até antes da PSP foram
transferidas aos novos operadores ou absorvidas pelo Município e destinadas a outros fins.
Assim, o QUADRO de pessoal que ficou a cargo das funções fiscalizadoras é exíguo e
pouco capacitado. Em um número significativo de casos visitados, nem sequer havia
pessoal responsável, e o exercício da fiscalização dos contratos era praticamente
inexistente ou estava abandonado.

Nos casos das unidades criadas especialmente pelas prefeituras ou das agências
estaduais ou municipais também criadas com o propósito da PSP73, elas tiveram que ir
aprendendo o caminho e adquirindo conhecimentos na prática cotidiana em relação às
funções de fiscalização e regulação econômica, portanto também se conFIGURA um
cenário de transição inicial com muitos problemas, com maior ou menor intensidade nas
diversas situações; isto demonstra fragilidades manifestas no exercício dessas funções,
mas revela um aprendizado que vem se fortalecendo com o passar dos anos.

72
Em 3 casos não existe entidade especializada para realizar estas atividades.
73
Um tanto diferente é o caso da agência estadual de regulação do Rio de Janeiro, que foi criada em fevereiro de 1997,
sendo que, no momento de dar início aos contratos de concessão da CAJ e PROLAGOS, contava com certa estrutura,
ainda que também se encontrasse em fase inicial de funcionamento.

125
Tudo isto estrutura um cenário com fraca capacidade de fiscalização e regulação dos
contratos, o qual também incentiva comportamentos oportunistas, tanto dos poderes
concedentes como das concessionárias ou operadoras, pois a ênfase técnica que deve
privilegiar a execução das funções fiscalizadoras ou reguladoras é, todavia, precária, ou
diretamente não está presente.

Segundo a informação que se apresenta numa das TABELAS do anexo 13, que
identifica só as concessões para as quais se obteve esta informação nos documentos
contratuais, a taxa de regulação existente nos contratos destinados a financiar este tipo de
organizações move-se numa faixa entre 0,5% e 3%, com alta freqüência em torno de 1%.
Uma recente publicação põe em dúvida a viabilidade de organismos reguladores locais
individuais no Brasil74, como é o que acontece na maioria das PSP examinadas, pois as
taxas de regulação observadas não permitiriam seu autofinanciamento e, com isto, um dos
parâmetros necessários para avançar em seu fortalecimento técnico e em sua
independência.

Outro aspecto que permite ter informação qualitativa em relação ao desenvolvimento


da PSP, uma vez começada sua operação, tem a ver com a saída de grupos estrangeiros
dos consórcios originais que adjudicaram os contratos, certamente para os casos em que
isto é relevante. Para todo o universo de arranjos examinados, isto é, prestação integral do
serviço e esquemas de BOT ou contratos de gestão, há 7 onde inicialmente participava no
consórcio um grupo estrangeiro: Nova Friburgo (RJ), PROLAGOS (RJ), Limeira (SP),
Mineiros do Tietê (SP), Campo Grande (MS) e Manaus (AM), dentre os primeiros, e a BOT
de Ribeirão Preto. Em todos os casos, salvo na CAENF (Nova Friburgo, Grupo Earth Tech),
o grupo estrangeiro original saiu da sociedade vendendo sua participação, pela existência
de problemas no desenvolvimento da concessão ou da BOT que levaram a perdas
econômicas para o grupo estrangeiro (ou excedentes abaixo das expectativas) e/ou em
conseqüência de problemas societários.

Adicionalmente, pode-se destacar que, na maioria dos casos, pouco tempo após a
saída do consórcio estrangeiro os problemas que afligiam a concessão começaram a entrar
em um caminho de normalização ou a aumentar a velocidade do processo que tendia à sua
solução, como em Limeira, Campo Grande e Manaus, o que leva a aventar a hipótese de
que, ante a presença de um entorno regulatório arriscado e propenso a condutas
oportunistas, como se observa de toda a análise efetuada neste capítulo, a presença
controladora de grupos brasileiros pode ter vantagens para o manejo da PSP em
comparação aos grupos estrangeiros, ainda que a informação disponível não permita provar
esta tese.

Nas entrevistas realizadas revela-se interessante a forma de financiamento dos


investimentos, bem como o tipo de entidades que tem participado em seu financiamento,
segundo a própria declaração dos atores-chave entrevistados. Nas TABELAS incluídas em
anexo, apresentam-se estes antecedentes. Cabe fazer notar que, para esta característica,
se obteve informação completa, isto é, 36 casos para o segmento de prestação integral do
serviço. Para outros contratos houve antecedentes para 11 situações. Os resultados indicam
que, para as PSP com prestação integral do serviço, 17 foram financiadas principalmente
com capital próprio e 19 tiveram um financiamento misto de capital próprio e endividamento,
com maior ou menor proporção da dívida. Para os outros contratos, 8 aparecem com capital
próprio como fonte principal de financiamento e 3 são mistos.

Conclui-se que as concessionárias ou operadoras têm investido recursos próprios no


desenvolvimento da infra-estrutura e não somente têm recorrido a empréstimos para obter o

74
“Viabilidade da Regulação Subnacional dos Serviços de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário sob a Lei
11.445/2007”, Turolla, Galvão e Paganini, Revista de Engenharia Sanitária e Ambiental, Junho 2008.

126
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

recurso necessário75, fato que poderia ser destacável dada às incertezas e riscos que geram
as características do entorno regulatório das PSP.

Em relação às entidades que participaram no financiamento, para os contratos que


envolveram prestação integral do serviço, em 17 estão presentes a CEF (Caixa Econômica
Federal) e/ou o BNDES, e somente em 2 casos, Itapema e Manaus, o financiamento inicial
foi obtido de outras fontes nacionais ou estrangeiras.

Na TABELA apresentada em anexo a este capítulo (anexo 13), entrega-se informação


que busca ter uma visão geral sobre o grau de conflito verificado na fase inicial de operação
da PSP, abrangendo os primeiros anos desde a sua entrada em operação. A literatura
especializada sobre estes temas indica que esta fase é crucial para o desenvolvimento
posterior do contrato, e que a presença e intensidade dos conflitos que se dão no início,
muitas vezes condicionam o grau de êxito que pode ter a incorporação do setor privado à
prestação destes serviços. Com base na informação obtida nas entrevistas, foi estabelecido
se nesta etapa existiram problemas relevantes e, quando existiram, o tipo de conflito que se
apresentou e como estes afetaram o desenvolvimento da PSP. Adicionalmente, também
com base nas entrevistas efetuadas, procurou-se identificar se nesta fase inicial existiu
continuidade política das autoridades relevantes em cada caso do estudo76.

Trata-se de uma análise de natureza qualitativa e, além disso, complexa. Sem dúvida
que identificar e tentar classificar os múltiplos problemas que têm afetado os contratos de
prestação integral do serviço, em seus primeiros anos, é uma tarefa árdua que exigiu o
processamento de todas as entrevistas realizadas ao longo do projeto, de sua análise e
interpretação. Com isto não se pretende ter um resultado exaustivo, mas somente oferecer
uma visão sintética, que pode permitir alguma base de comparação para os diferentes casos
estudados.

Foi possível obter alguma informação para os 35 casos examinados do tipo prestação
integral do serviço. A disponibilidade de antecedentes qualitativos difere entre as diversas
situações, mas pelo menos foi possível alcançar algum nível de informação para quase todo
o universo.

Um primeiro aspecto que deve ser ressaltado é a alta taxa de casos com conflitos
relevantes iniciais. Somente em 6, de 31 casos não se identificaram dificuldades, o que
equivale a somente 19% do total.

Dos 30 casos em que se teve alguma evidência sobre problemas, em 14, o


equivalente a quase 50%, existia, entre outras, alguma razão vinculada a ações de oposição
à PSP por parte de terceiros interessados (ministério público, sindicatos, etc.), de atores
políticos (câmara de vereadores, políticos individuais, etc.) ou dos usuários, gerada por
discussões sobre sua legitimidade, transparência, legalidade ou capacidade para solucionar
os problemas que afligiam o serviço.

Em 16 casos77, mais da metade, mencionam-se dificuldades de natureza técnica


relacionadas a problemas encontrados pelas concessionárias, uma vez iniciada a operação,
que não estavam previstos nas informações entregues durante o processo de licitação. Isto
muitas vezes derivou de discussão sobre as metas do contrato, sobre o aumento de custos
75
Esta conclusão, obtida nas entrevistas realizadas, foi confirmada pelas análises financeiras que estão apresentadas no
Anexo 4.
76
Para os efeitos dessa análise, “continuidade política” é quando as autoridades políticas, estaduais ou municipais, que
iniciam seu mandato nos primeiros anos de funcionamento de cada contrato, são as mesmas que lideraram a elaboração,
adjudicação, assinatura do contrato ou início de operação da PSP ou, ainda, são da mesma linha política de seus
antecessores.
77
Cabe notar que em muitos casos os problemas são de natureza diferente e, portanto, na análise apresentada neste
capítulo, não se devem entender como situações “adicionáveis”. Por exemplo, em um mesmo caso, podem existir
problemas de legitimidade e também problemas do tipo técnico.

127
e investimentos ou sobre um nível de qualidade do serviço oferecido aos usuários abaixo
das expectativas. A isto se soma também, nestes casos, a discussão sobre metas com a
falta de clareza em suas definições técnicas, prazos ou tecnologias para obtê-las, como no
do tratamento de esgoto.

Em 11 concessões, houve conflitos importantes relacionados a tarifas, em decorrência


do não cumprimento dos acordos ajustados, ou de diferentes interpretações das regras de
reajuste que dever ser aplicado aos preços, ou ainda pelos critérios de aplicação das
TABELAS tarifárias diante da necessidade do aumento da cobertura de hidrometração.
Incluem-se neste grupo situações de resistência marcada dos usuários contra a PSP, tais
como aquelas geradas pelo aumento de custo dos serviços -- provocado pela medição dos
consumos, ou até por uma melhor gestão comercial (em alguns casos existia uma baixa
cultura de pagamento e uma alta morosidade, que teve que ser abordada pelas novas
concessionárias --ou pela conexão aos serviços de água, em Municípios que antes eram
supridos por outras fontes mais baratas. Em todo caso, nas experiências investigadas, os
problemas ocasionados pelo aumento nos custos dos serviços ao usuário têm uma
incidência menor que o observado em outras PSP na América Latina78. Isto se deve a dois
aspectos:

• Como se verificou, a maioria das licitações foram adjudicadas pela menor tarifa,
o que era um parâmetro crucial na avaliação das ofertas79, ainda que não fosse
o único Em todos estes casos os editais propunham um teto aos valores que se
podiam ofertar, fixado com base nas tarifas existentes na situação anterior ou
estabelecido tendo como referência as TABELAS tarifárias da empresa estadual
mais próxima. Desta forma, o desenho das PSP no Brasil incluiu um controle
sobre as tarifas resultantes das licitações,o que reduziu-se os riscos de impactos
negativos sobre os usuários, sobretudo na etapa inicial do contrato80. Entretanto,
existiram casos emblemáticos, em que o aumento nas contas provocou reações
fortes por parte dos usuários e causou um problema político para o poder
concedente, como em Nova Friburgo (SP), em Mairinque (SP), em Carlinda (MT)
e em Bom Sucesso (MG).
• Em muitos casos havia uma cobertura inicial alta de hidrometração. Em poucas
concessões havia situações de cobertura abaixo de 50% (em 6 das 20 em que
se obteve informação) e a média deste indicador estava em torno de 70%81 ,
índice que sobe a mais de 80% quando não se consideram, para o cálculo da
média, os casos de Nova Friburgo (RJ), Guará (SP) e Sorriso (MT).
• A conexão do esgoto implica maiores custos para os usuários, o que não
contribui para fomentar sua conexão às redes de coleta, mas esta é uma
situação generalizada no Brasil e não somente em relação às PSP, portanto
estes maiores custos para os usuários não têm gerado um problema muito
diferente do que enfrenta o resto das empresas de serviços de saneamento na
região onde se situa cada PSP ou em relação ao resto do país. Portanto, não
constituem um problema atribuível às PSP.

Seguindo com a análise dos problemas iniciais, em 3 casos entre 30 está envolvida
uma decisão política de rescindir o contrato, por parte do poder concedente, problema esse

78
Ver BID, 2008 (op.cit.).
79
As licitações por maior valor de outorga tinham a tarifa fixada no edital.
80
Este aspecto, que é positivo ,também pode ter uma leitura negativa, pois, ao ter tarifas de referência, é possível que os
editais tenham criado uma falta de incentivos para a obtenção de tarifas mais baixas como resultado dos processos
licitatórios, uma vez que os ofertantes habitualmente propõem preços próximos dos valores-teto ou dos valores referenciais
incluídos nos editais.
81
Esta média está influenciada pelos baixos índices que os casos de Nova Friburgo (RJ), Guará (SP) e Sorriso (MT)
apresentavam antes do início da PSP.

128
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

que tem levado a um forte litígio legal entre as partes. Esta é a situação de Guapimirim (RJ),
Juscimeira (MT) e Bom Sucesso (MG).

O consórcio realizou uma avaliação qualitativa em relação ao impacto dos problemas


iniciais caracterizados nos parágrafos anteriores, ao menos quanto ao desenvolvimento
inicial da PSP. Considerou-se que havia um impacto grave quando os conflitos afetaram
fortemente o nível de investimentos comprometidos e/ou levaram a um desequilíbrio
econômico-financeiro muito relevante na concessão e/ou geraram um grave QUADRO
político-social adverso à PSP. Foram qualificados como de impacto médio quando estes
problemas tiveram uma conseqüência relevante, mas que foi manejada de alguma forma
para não qualificá-la como grave. Os casos em que os problemas existiram, mas finalmente
não geraram um efeito relevante sobre o desenvolvimento inicial da PSP, foram qualificados
como de impacto leve. No GRÁFICO 3.8 apresenta-se um resumo dos resultados obtidos
nesta análise.

GRÁFICO 3.8 – Resultados da Avaliação Qualitativa com Relação aos Problemas da Fase
Inicial de Operação da PSP

6
21%

11
38%

7
24%

5
17%

Sem problemas Impacto Grave Impacto Médio Impacto Leve

Fonte: Elaboração dos Autores

Neste aspecto, houve antecedentes para 31 casos. Em 17 deles, isto é, mais da


metade, ou não houve problemas ou estes tiveram um impacto menor. No entanto, houve
outros 14 casos em que as conseqüências foram médias ou graves, dos quais 9 foram
catalogados como graves e os 5 restantes como de efeitos médios.

Em relação à continuidade política, em 16 de 34 casos pode-se sustentar que esta


condição existiu. A TABELA 3.5 mostra os resultados do cruzamento entre a avaliação do
impacto dos conflitos iniciais e o parâmetro continuidade política.

129
TABELA 3.5 – Resultados do Cruzamento entre a Avalição do Impacto dos Conflitos Iniciais e a
Continuidade Política
Impacto dos Problemas

Não houve Grave Médio Leve Total

Sem 4 2 1 7 14

Continuidade Política Não 2 7 4 4 17

Total 6 9 5 11 31

Fonte: Elaboração dos autores.

No cenário com continuidade política, os problemas não existiram ou foram leves em


11 de 14 casos classificados dentro desta categoria. Assim mesmo, neste mesmo
segmento, só em 3 casos existiram problemas de tipo grave ou médio. No cenário sem
continuidade política, os problemas na fase inicial da PSP foram classificados como graves
ou médios em 11 de 17 casos, e como não existindo problemas ou estes sendo leves em 6
destes 17 casos. Esta avaliação sugere que um dos aspectos que contribui para que as
conseqüências destes problemas não tenham passado a uma fase média ou grave é a
presença de continuidade política nas entidades que lideraram a PSP (prefeituras ou
governos estaduais), no período entre sua licitação e adjudicação e sua operação inicial.
Esta hipótese é lógica, pois, ao existir continuidade política nos poderes concedentes, é
mais provável que se façam esforços por superar ou mitigar os problemas que possa vir a
ter a PSP.Entretanto, somente a presença de continuidade política não assegura
necessariamente que não haja conflito ou que eles sejam leves.

3.3. Análise Qualitativa das Metas Contratuais

A partir dos editais e contratos pesquisados, foi elaborada uma base de dados com o
objetivo de processar e analisar qualitativamente as metas contratuais. Para as PSP do tipo
prestação integral do serviço foram processados trinta casos e para outros contratos obteve-
se informação para seis. Considerando o enfoque metodológico adotado para a avaliação
do impacto, as metas foram classificadas em três categorias: metas de impacto imediato,
metas de impacto intermediário e metas relacionadas a obras de infra-estrutura82.

Dentre as metas de impacto imediato encontram-se aquelas relacionadas à cobertura


de água potável, à cobertura de coleta e tratamento de esgoto, aspectos estes que, por sua
vez, estão relacionados à qualidade do serviço oferecido (continuidade, pressão, etc.).
Também se encontram dentro deste grupo as metas relativas à qualidade do serviço
fornecido (turbidez, cor, desinfecção, qualidade dos efluentes de esgoto, etc.) e por último,
estão os parâmetros associados à qualidade do atendimento comercial.

No agrupamento de metas de impacto intermediário são classificados aspectos que


dizem respeito às melhorias da gestão empresarial dos operadores, à diminuição de índices
de perdas físicas e/ou comerciais, às exigências para o aumento da capacidade de
produção de água, ao aumento na cobertura de macromedição, aos padrões para
manutenção preventiva ou corretiva, à instalação de novos sistemas para a gestão
comercial, à elaboração de projetos executivos e/ou de planos diretores, etc.

No caso das metas relacionadas a obras, as mesmas foram classificadas


separadamente por etapas, ou seja, instalações requeridas para a etapa de produção de

82
Estas metas poderiam ser classificadas dentro daquelas de impacto intermediário, porém elas têm características
singulares que aconselham sua incorporação em um agrupamento separado.

130
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

água potável, para a distribuição de águas servidas, para a coleta de esgoto e para o
tratamento de esgoto.

Adicionalmente, visando a fazer uma avaliação qualitativa de cada meta, foram


examinadas quatro dimensões ou aspectos: quão mensurável é a meta; qual a clareza que
se tem a respeito do horizonte de tempo para seu cumprimento; qual a qualificação em
relação ao procedimento para o controle da meta por parte dos fiscalizadores e, por último,
quão verificável é esse procedimento. Cada um destes aspectos foi qualificado com notas
de 1 a 4, de acordo com a escala a seguir:

• Deficiente ou muito deficiente.


• Menos que regular.
• Regular
• Aceitável ou ótimo.

Do total de 36 contratos foram obtidas 1.275 metas, das quais 730 foram de impacto
imediato (57,3%), 449 de impacto intermediário (35,2%) e 96 de obras de infra-estrutura
(7,5%). Para os contratos de “Prestação Integral de Serviço” (29 contratos), a base de dados
tem um total de 1.170 metas, das quais 662 são de impacto imediato, correspondentes a
57% do total, 424 são de impacto intermediário, ou seja, 36%, e as metas expressas em
obras de infra-estrutura são 85, o que equivale a 7%.

O GRÁFICO 3.9 apresenta o total de metas de cada contrato, para os casos de


prestação integral do serviço, separadas entre PSP grandes e pequenas, em função do
número de economias de água e esgoto para o ano de 200683. Destaca-se que, em média,
as pequenas têm um maior número de metas em relação às grandes (43 metas por contrato
e 30 metas por contrato, respectivamente). Este fato permite afirmar que o desenho dos
contratos, em geral, não considera necessária uma maior capacidade de fiscalização à
medida que as metas a serem auditadas aumentam. Além disso, seria de se esperar que,
nos Municípios menores, a capacidade para realizar estas funções tendesse a ser menor
que nos maiores, portanto o número de metas diminuísse à medida que o tamanho do
Município decrescesse, fato que não se comprova, como se pode observar no GRÁFICO
mencionado.

Por outro lado, o GRÁFICO 3.10 mostra o total de metas por caso, ordenados por data
de antiguidade da assinatura do contrato. Nesse GRÁFICO, observa-se que não existe uma
tendência decrescente no tempo da quantidade de metas contratuais, o que seria desejável
para facilitar a sua fiscalização. A hipótese inicial era de que, à medida que os contratos são
mais “modernos”, menor seria o número de metas contratuais, o que resultaria na aquisição
de certa aprendizagem ao longo do tempo. Isto é o que se observa no mencionado
GRÁFICO.

83
O corte entre um grupo e outro é de 100.000 economias totais.

131
GRÁFICO 3.9 - Número de Metas por Caso Segundo Tamanho
Prestação Integral do Serviço.
95
90
85
80
75
70
65
N ° d e Metas

60
55
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
G uarantã do N orte

P aranaguá
U nião do Sul

M arcelândia

P araguaçu

M anaus
M atupá

M auá

Nova Friburgo
Santa C arm em

Pontes e Lacerda

P rim avera do Leste

C arlinda

G uará

C láudia

Cam po G rande
N iterói
M ineiros do T ietê

C achoeiro de
Araújos
G uap imirim

C am pos dos
Bom Sucesso

Itap ema

Lim eira

SAN EAT INS


S orriso

PR O LAG O S
CAJ

G oytacazes

Petrópolis

Itapem irim
G rande
P equena

N° Total de Metas por Caso Média

Fonte: Elaboração dos Autores.

GRÁFICO 3.10 - Número de MetaS por Ano de Assinatura do Contrato


Prestação integral do Serviço
95
90
85
80
75
70
65
60
N° de Metas

55
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
SANEATINS
Mineiros do Tietê

Nova Friburgo

Matupá

Guarantã do Norte

Marcelândia

Mauá
PROLAGOS
Niterói

União do Sul
Campos dos Goytacazes

Manaus
Primavera do Leste

Guará

Campo Grande

Itapema
Araújos
Limeira

1997

Paranaguá

Pontes e Lacerda

Sorriso

Paraguaçu

Bom Sucesso

Carlinda

Cláudia
Cachoeiro de Itapemirim

Guapimirim
CAJ

Petrópolis

Santa Carmem
1995

2004
1999

2003
1998

2002
2001
2000
1996

Ano de Assinatura do Contrato

Fonte: Elaboração dos Autores

Seguindo com a análise, o GRÁFICO 3.11 permite observar a composição das metas
de cada contrato segundo seu tipo, isto é, se são de impacto imediato, intermediário, ou se
estão associadas a obras específicas. Segundo a teoria moderna da regulação, deve-se dar
prioridade, em casos de delegação, ao setor privado, da prestação de serviços públicos, às
metas de impacto imediato, ou seja, àquelas cuja implementação tenha um efeito direto no
bem-estar da população. Para complementar o estudo destes aspectos, incluiu-se o
GRÁFICO 3.12, ordenado por antiguidade da data da assinatura dos documentos
contratuais que mostra a composição das metas.

Em média, nos casos examinados, observa-se que 55% das metas são qualificadas
como de impacto imediato. Existem 16 situações, entre 30, em que esta porcentagem é

132
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

igual ou superior84. De todo modo, é interessante observar que esta incidência aumenta na
medida em que os contratos são mais atuais. Realmente, para os casos com assinatura
antes do ano de 2000, a média é de 42%; entre 2000 e 2001, as metas de impacto imediato
dos contratos assinados representam em média 53%; e, no período posterior ao ano de
2001, a porcentagem passa para 83%.

GRÁFICO 3.11 - Composição de Metas por Caso


Prestação Integral do Serviço.

100%
90%
80%
70%
Percentagem (%)

60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%

União do Sul
SANEATINS
Nova Friburgo

Guarantã do Norte
Cachoeiro de Itapemirim

Araújos

Campos dos Goytacazes

Manaus
Paranaguá

Mineiros do Tietê

Cláudia

Carlinda

Marcelândia

Paraguaçu
Guapimirim

Santa Carmem
Petrópolis
Niterói
Campo Grande

Itapema

Mauá

Bom Sucesso

Guará

Matupá

Primavera do Leste

Pontes e Lacerda
PROLAGOS
CAJ
Limeira

Sorriso
Meta Infraestrutura Impacto Intermédio Impacto Imediato

Fonte: Elaboração dos Autores.

GRÁFICO 3.12 - Composição de Metas por Caso por Ano de Assinatura do


Contrato – Prestação Integral do Serviço.
100%

90%

80%

70%
Percentagem (%)

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%
SANEATINS

União do Sul
Nova Friburgo

Guarantã do Norte
Cachoeiro de Itapemirim
Paranaguá

Paraguaçu

Carlinda
Campos dos Goytacazes

Manaus

Araújos
Guapimirim

Santa Carmem
Mineiros do Tietê

Marcelândia

Cláudia
Pontes e Lacerda

Primavera do Leste

Guará

Campo Grande

Matupá

Bom Sucesso

Mauá

Itapema
PROLAGOS
Petrópolis

Niterói
CAJ
Limeira

Sorriso

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Meta Infraestrutura Impacto Intermédio Impacto Imediato

Fonte: Elaboração dos Autores.

O GRÁFICO 3.13 identifica os componentes das metas de impacto imediato para cada
caso, relacionadas às coberturas de água potável e associadas às coberturas de coleta e/ou

84
Destaca-se o caso de Paraguaçu (MG), em que 100% das metas correspondem a obras de infra-estrutura, o que sugere
que este contrato na realidade não poderia ser catalogado como uma concessão de serviço público, tratando-se de um
esquema cujo objeto é a construção de obras dessa natureza.

133
tratamento de esgoto, que são relativas a diferentes dimensões de qualidade do serviço
(qualidade técnica e qualidade física); e também a outras (qualidade de atendimento, etc.).
Praticamente em todos os casos existe ao menos uma meta de cobertura de água potável e
ao menos duas de coleta ou tratamento de esgoto.

No total, 37% das metas estão associadas a metas de cobertura de água potável ou
esgoto, 27% estão vinculadas à qualidade do serviço e 35% são relacionadas à qualidade
do atendimento e a outros aspectos.

GRÁFICO 3.13 - Metas de Impacto Imediato por


Caso – Prestação Integral do Serviço.
100%

90%

80%

70%
Percentagem(%)

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%

SANEATINS
Cachoeiro de Itapemirim

Guapimirim

Santa Carmem
Campos dos Goytacazes

Itapema
Manaus

PROLAGOS

CAJ
Campo Grande

Limeira

Nova Friburgo

Bom Sucesso

Guarantã do Norte

Marcelândia

Matupá

Mineiros do Tietê

Primavera do Leste

Mauá
Niterói

Carlinda

Guará

Paranaguá

Pontes e Lacerda
Petrópolis

Araújos

Cláudia

Sorriso

União do Sul
Outros Qualidade de Serviço Cobertura Esgoto/Tratamento Cobertura de Água Potável

Fonte: Elaboração dos Autores.

Quanto aos resultados da avaliação qualitativa de cada meta, destaca-se o seguinte:

a) Em relação às metas de cobertura de água e esgoto, conclui-se que se trata de


objetivos que são geralmente mensuráveis e cujo horizonte de cumprimento está
bem definido. Não obstante, observa-se uma deficiência relevante quanto ao
procedimento para o controle destas metas, pois existe só um caso entre 30
(Manaus) em que este aspecto foi qualificado como regular ou aceitável, ou seja,
para o resto das situações foram encontradas deficiências significativas quanto à
forma em que é feita a auditoria do cumprimento contratual dessas exigências85.
b) Em termos de metas relativas à qualidade do serviço (qualidade técnica e
qualidade do bem), em média, apenas 57% das metas desta classe apresentam
indicadores mensuráveis num grau regular ou aceitável. Em relação ao horizonte
de cumprimento, em 96% das mesmas encontra-se bem definido. Porém, no que
se refere à clareza do procedimento para verificação da meta, somente 18%
foram avaliados como regular ou aceitável. Novamente, neste aspecto, só se
destacam os documentos contratuais do caso de Manaus.

Em geral, observa-se que as metas de impacto imediato são mensuráveis e têm uma
boa definição do prazo para o seu cumprimento. No entanto, em relação aos procedimentos
e à informação a ser considerada para auditar seu respectivo cumprimento, pode-se afirmar

85
Confirma esta afirmação o fato de que em 12 de 30 casos dos documentos contratuais analisados, não aparece
nenhuma menção a respeito da área de atendimento que é de responsabilidade do operador. Além disto, nos casos em
que existe alguma referência, esta se limita a indicar aspectos como “área urbana do Município” ou “dentro do Município”,
etc. Em nenhum caso foram encontradas definições mais precisas como planos, coordenadas, etc.

134
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

que, nos documentos contratuais revisados, praticamente não existem referências, mas sim
uma ausência quase total desse tipo de detalhe. Este fato aumenta os riscos de que exista
arbitrariedade ou manipulação na fiscalização das metas, o que oferece evidências
adicionais a respeito da debilidade que a função fiscalizadora apresenta.

3.4. Conclusões

Nesta seção são resumidas as principais conclusões obtidas da análise efetuada


neste capítulo.

Condições Iniciais da Concorrência

a) Foi analisado o grau de concorrência que existiu nos processos de licitação das
PSP. Em geral, na opinião do Consórcio, trata-se de um cenário de concorrência
razoável, se comparado à situação apresentada nas PSP do setor de
saneamento nos demais países da América Latina e levando-se em conta as
características de relativa escassez de operadores do setor, em nível
internacional. A partir dos antecedentes disponíveis, não é possível sustentar
que não existiu concorrência no processo de atribuição destes contratos.
b) Quanto ao critério de qualificação da proposta comercial no processo de
avaliação das ofertas durante o processo de licitação, em mais da metade dos
casos examinados a variável a avaliar nas ofertas era a tarifa a ser aplicada aos
usuários (concorrência pela menor tarifa); em 6 de 32 casos, o relevante era a
outorga ou o valor que se pagava por adjudicar-se o contrato (concorrência por
maior pagamento à entrada); e, em 9, o aspecto econômico das ofertas foi
avaliado em função da tarifa e da outorga.

Regulação Econômica

a) Para complementar a revisão da forma em que foram julgadas as propostas


comerciais, foram examinados os mecanismos para a revisão da estrutura e
níveis tarifários. Estima-se que somente em Manaus (AM), CAJ (RJ) e
PROLAGOS (RJ) há revisões formais de tarifas a cada 5 anos, e em Mauá (SP)
estas se realizam anualmente. Para o resto das concessões, em 28 casos, o
contrato estabelece de alguma forma, mais ou menos explícita, que existe a
possibilidade de revisões tarifárias, mas em geral não define a metodologia nem
os prazos específicos para isto.
b) Na revisão que se fez destes documentos contratuais, não se verificou a
inclusão de uma metodologia explícita para a atualização da taxa de retorno da
concessão, e, na grande maioria dos casos, o conceito de equilíbrio econômico-
financeiro não está claramente definido.
c) A maioria das revisões tarifárias previstas tem como objetivo avaliar os
desequilíbrios no contrato e adequar as tarifas para corrigir este problema. A
introdução de maior eficiência nos preços não está dentro dos objetivos. Há
muito poucos casos em que esta discussão está presente, o que permite concluir
que o esquema geral de fixação de tarifas das PSP no Brasil é do tipo taxa de
retorno, em que não há maiores incentivos à busca de eficiência, nem tampouco
a que os ganhos de eficiência conseguidos no tempo sejam transferidos aos
usuários via tarifas mais baixas.

135
d) A análise da modalidade em que foram licitados os contratos e a forma como
são revisadas as tarifas, segundo o que consta na documentação contratual
original, permite estabelecer as seguintes conclusões:
i. O fato de que, em geral, não estão previstas revisões tarifárias periódicas, de
que os procedimentos metodológicos para elas não estejam suficientemente
detalhados e que o conceito de equilíbrio econômico-financeiro não esteja
claramente definido nos editais e/ou contratos, conFIGURA um contexto de
pouca transparência e baixo nível de accountability dos processos de revisão
de tarifas.
ii. Uma grande porcentagem das concessões foi licitada diretamente pela menor
tarifa ou esta variável foi crucial para sua adjudicação (26 de 32 casos), valor
que, em teoria, deveria se manter em termos reais ao longo do período de
duração do contrato, sujeito apenas a ajustes periódicos. É impossível pensar
que, em um lapso de 20 a 30 anos, não se apresentem situações que
modifiquem os parâmetros básicos dos contratos desta classe, tornando-os
sujeitos a renegociações, ainda que, em alguns casos, possam ser
indesejáveis. De modo que é recomendável que existam regras claras e
transparentes para tais renegociações, situação que não é freqüente nos
marcos contratuais examinados.
iii. As duas características anteriores tornam propícia a existência de condutas
oportunistas por parte das concessionárias ou concedentes, o que gera um
entorno regulatório arriscado e instável às PSP.

Mecanismos de solução de conflitos

a) Dentre 31 concessões integrais com informação, foram identificadas 26 com


algum tipo de instância especial, e 5 nas quais os documentos contratuais não
fazem referência a este tipo de mecanismo. Das 26 assinaladas em primeiro
lugar, em 16 as instâncias definidas são de caráter eminentemente técnico e, em
9, têm um perfil mais político-institucional86, sendo que para um dos casos não
se obteve esta informação.
b) Em geral, os conflitos entre concessionárias ou operadores, e contratantes ou
poderes concedentes, ou entre terceiros e alguma das partes, tendem a passar à
esfera judicial muito facilmente, deixando sua resolução à atuação dos poderes
judiciais locais, estaduais ou federais, o que atrasa sua discussão e a solução
definitiva, além de afastar a possibilidade de que sejam instâncias técnicas as
que resolvam as diferenças de opinião. Este fato é uma amostra adicional em
relação à debilidade que apresenta o marco regulatório específico das PSP no
Brasil, pois seus fundamentos, estrutura e mecanismos não estariam dando
respostas adequadas para evitar o excesso de decisões judiciais dos conflitos
que surgem e que são naturais às relações contratuais complexas.

Características da Função de Fiscalização ou Regulação dos Contratos

a) Estima-se que a capacidade de fiscalização dos contratos é fraca. Quando ela é


realizada pelas mesmas entidades que anteriormente prestavam o serviço, não
existiu uma transição destinada a capacitar seu pessoal nas novas tarefas que
assumiram. Além disso, grande parte das pessoas que desempenhavam

86
Entende-se que mecanismos eminentemente técnicos são aqueles do tipo comissão de arbitragem, tribunal arbitral,
comissão de peritos, conselho arbitral, juízo arbitral, etc. Isto é, instâncias principalmente independentes, em que cada uma
das partes participa na nomeação de seus integrantes. As instâncias político-institucionais referem-se a organismos como
conselhos estaduais ou locais de regulação; conselhos municipais de Saneamento Básico; comissões de fiscalização, etc.
Isto é, órgãos que podem resolver conflitos, mas que possuem uma independência limitada, pois geralmente as
concessionárias não participam na nomeação de seus membros.

136
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

atividades nestas organizações até antes da PSP foram transferidas aos novos
operadores ou foram absorvidas pelo Município e destinadas a outros fins.
Assim, o QUADRO de pessoal que ficou a cargo das funções fiscalizadoras é
exíguo e pouco capacitado. Em um número significativo de casos visitados, nem
sequer havia pessoal responsável, e o exercício da fiscalização dos contratos
era praticamente inexistente ou estava abandonado.
b) A alta atomização detectada nos organismos reguladores joga na contramão de
sua viabilidade financeira e capacidade de fortalecimento.
c) Tudo isto estrutura um cenário com fraca capacidade de fiscalização e regulação
dos contratos, o qual também incentiva a comportamentos oportunistas tanto por
parte dos poderes concedentes como por parte das concessionárias ou
operadoras, pois a ênfase técnica que deve privilegiar a execução das funções
fiscalizadoras ou reguladoras é precária ou nem está presente.

Saída de Grupos Estrangeiros

a) Outro aspecto que permite ter informação qualitativa em relação ao


desenvolvimento da PSP, uma vez começada sua operação, tem a ver com a
saída de grupos estrangeiros dos consórcios originais que adjudicaram os
contratos. Para todo o universo de arranjos examinados, há 7 casos em que
inicialmente participava no consórcio um grupo estrangeiro. Em 6 deles, até ano
2006, o grupo estrangeiro original havia saído da sociedade, vendendo sua
participação, seja pela existência de problemas no desenvolvimento do contrato,
que levaram à presença de perdas econômicas para o grupo (ou excedentes
abaixo das expectativas) e/ou como conseqüência de problemas societários.
b) Na maioria dos casos, em pouco tempo após a saída do consórcio estrangeiro,
os problemas que afligiam à concessão começaram a entrar em um caminho de
normalização ou aumentou a velocidade do processo que tendia à sua solução,
como em Limeira, Campo Grande e Manaus. Inclusive poder-se-ia levantar a
hipótese de que, ante a presença de um entorno regulatório arriscado e
propenso a condutas oportunistas, como se observa de toda a análise efetuada
neste capítulo, a presença controladora de grupos brasileiros pode ter vantagens
para o manejo da PSP em comparação aos grupos estrangeiros, ainda que a
informação disponível não permita provar esta tese.

Análise dos Problemas na Fase Inicial da PSP e Continuidade Política

a) Com base na informação obtida nas entrevistas, foi estabelecido se na etapa


inicial de operação das PSP existiram problemas relevantes e, quando existiram,
o tipo de conflito que se apresentou e como estes afetaram o desenvolvimento
do contrato nesta fase.
b) Em quase 50% dos casos examinados, os problemas iniciais tinham alguma
vinculação com ações de oposição à PSP por parte de terceiros interessados
(ministério público, sindicatos, empresa estadual, etc.), de atores políticos
(câmara de vereadores, políticos individuais, etc.) ou dos usuários, gerada por
discussões sobre sua legitimidade, transparência, legalidade ou capacidade para
solucionar os problemas que afligiam o serviço.
c) Também em mais da metade dos casos mencionam-se dificuldades de natureza
técnica relacionadas a problemas encontrados pela concessionária, uma vez
iniciada sua operação, e que não estavam previstos nas informações entregues
no processo de licitação. Isto muitas vezes derivou de discussão sobre as metas
do contrato, sobre o aumento de custos e investimentos ou sobre um nível de
qualidade do serviço oferecido aos usuários abaixo das expectativas. A isto se

137
soma também, nestes casos, a discussão sobre as metas sem a necessária
clareza em suas definições técnicas, prazos ou tecnologias para obtê-las.
d) No caso de conflitos por temas relativos a tarifas ou aumentos do custo dos
serviços aos usuários a incidência é menor, apenas um terço dos casos
apresentaram este tipo de situação.
e) O consórcio realizou uma avaliação qualitativa em relação ao impacto na fase
inicial de desenvolvimento da PSP, classificando os problemas iniciais como
graves, médios, leves ou inexistentes. Em 17 casos de 29 analisados, ou não
houve problemas ou estes tiveram um impacto menor, isto é, mais da metade do
total. No entanto, há outros 12 casos em que as conseqüências foram médias ou
graves.

Com base nas entrevistas efetuadas, houve uma avaliação que procurou verificar se
nesta fase inicial existiu continuidade política em cada caso do estudo. Foi feito o
cruzamento entre a avaliação do impacto dos conflitos iniciais e o parâmetro continuidade
política. Esta avaliação sugere que um dos aspectos que contribui para que as
conseqüências destes problemas não tenham passado a uma fase média ou grave é a
presença de continuidade política das entidades que lideraram a PSP (prefeituras ou
governos estaduais), no período entre sua licitação e adjudicação e sua operação inicial.
Esta hipótese é lógica, pois, ao existir continuidade política dos poderes concedentes, é
mais provável que se façam esforços por superar ou mitigar os problemas que tenha a PSP.
Mas somente a presença de continuidade política não assegura necessariamente que não
haja conflito ou que eles sejam leves.

Análise Qualitativa das Metas Contratuais

a) Em geral, observa-se que as metas são mensuráveis e têm uma boa definição
do prazo para o seu cumprimento. No entanto, em relação aos procedimentos e
à informação a ser considerada para auditar seu respectivo cumprimento, pode-
se afirmar que, nos documentos contratuais revisados, praticamente não existem
referências, ao contrário, há uma ausência quase total desse tipo de detalhes.
Este fato aumenta os riscos de que exista discricionariedade ou manipulação na
fiscalização das metas, o que oferece evidências adicionais a respeito da
debilidade que a função fiscalizadora apresenta, neste caso, desde a sua origem
nos contratos.

Nos editais e contratos analisados não foram encontradas metas com orientação
específica ou especial para grupos de população de baixa renda.

138
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

4. RESULTADOS DO IMPACTO NO DESEMPENHO

Este capítulo apresenta as análises e as conclusões obtidas em relação à


quantificação dos principais impactos no desempenho da prestação dos serviços que
ocorreram nos casos examinados. Incluem-se os resultados individuais em relação ao
impacto na evolução de coberturas e cumprimento de metas contratuais, na evolução da
produtividade da mão de obra, do comportamento dos níveis de perdas físicas totais de
água e da cobertura de hidrometração, além da evolução da gestão de cobranças. Além
desses aspectos, são avaliados indicadores relativos ao desempenho financeiro das
empresas e seus investimentos.

Antes de aprofundar a análise dos resultados, é importante mencionar que, devido às


restrições de quantidade e qualidade dos dados coletados, os resultados apresentados são
parciais, isto é, aplicam-se ao universo que cobre a informação disponível para cada
variável ou indicador.

4.1. Impacto nos Níveis de Cobertura

No Anexo 8 deste relatório, apresenta-se detalhadamente o trabalho realizado para


analisar, corrigir e completar a informação recebida dos operadores em relação às variáveis
utilizadas para quantificar a cobertura dos serviços de distribuição de água e de coleta de
esgoto. A partir do resultado desta análise, obteve-se uma base de dados para medir o
impacto da PSP sobre os níveis de cobertura para os dois serviços, comparando seus
valores e tendências antes e depois da operação dos novos prestadores.

Para o estudo realizado sobre esta matéria, entende-se como porcentagem de


cobertura a proporção da população conectada à rede, obtida a partir das economias
residenciais ativas, em relação ao total da população do universo de referência considerado.
Este universo pode ser o total da população dos Municípios correspondentes à concessão,
ou exclusivamente a zona urbana destes, caso mais freqüente. A seleção da população
considerada como referência baseou-se no que estabelecia a documentação contratual de
cada caso e as informações qualitativas obtidas nas visitas efetuadas a cada PSP87.

Esta análise teve como foco exclusivamente aquelas concessões qualificadas como
de prestação integral do serviço, pois dentro de suas funções encontra-se a operação e o
desenvolvimento das redes de distribuição de água potável e/ou de coleta de esgoto, assim
como a atenção comercial aos clientes correspondentes.

Do total de 36 casos, foram excluídos aqueles em que a informação disponível era


insuficiente, entre eles Mineiros do Tietê (SP), Arenápolis (MT) e Nobres (MT). Além destes,
não foram considerados os casos de Mirassol (SP) e Juscimeira (MT) pelos motivos
assinalados no capitulo 3. Deste modo, o total de casos passíveis de análise é igual a 31.

A análise busca principalmente avaliar, para cada caso, as mudanças na tendência


observadas nos níveis de cobertura, comparando a tendência obtida através dos dados do
período anterior à concessão com aqueles correspondentes ao período a partir do início da
operação da PSP. O propósito subjacente a esta comparação é simular um cenário
contrafactual, a partir do qual se supõe que a evolução da cobertura do caso sem PSP
87
Na maioria dos casos a informação contratual não estabelece com clareza a área de atuação da PSP, por isto, nas
visitas a campo e nos contatos mantidos com os concessionários e poderes concedentes, foi verificado se a área atendida
era eminentemente urbana ou rural.

139
tivesse seguido a mesma tendência observada no período prévio. Deste modo, é possível
estimar uma diferença nos níveis de cobertura entre os casos com e sem a intervenção do
concessionário privado.

Além disto, procura-se verificar o cumprimento das metas originais dos contratos em
relação a estes índices.

4.1.1. Metodologias Específicas Utilizadas

Inicialmente, para os dados antes e depois da PSP, se determinou, mediante


regressão linear, uma reta, cuja inclinação corresponde à estimativa da tendência na
evolução dos indicadores de cobertura para ambos os cenários. Posteriormente, o valor das
inclinações foi comparado, o que permite analisar se a tendência foi influenciada positiva ou
negativamente pela PSP. Uma limitação desta análise ocorre quando a cobertura no final do
período prévio à concessão já era alta (maior que 90%), podendo derivar em casos com
resultados de tendência negativa, mesmo naqueles casos em que os níveis de coberturas
iniciais foram mantidos ou até mesmo aumentados. Para estes casos, o resultado da análise
é catalogado como neutro, apesar de que a inclinação da curva para o cenário com PSP
inicialmente pareça ser pior do que aquela sem PSP.

Outro aspecto adicional definido diz respeito àqueles casos em que não existe
cobertura de esgoto inicial e a mesma deve ser implementada como parte das exigências
contratuais. Para tratar destes casos, foi considerado o seguinte critério: quando este
serviço é implementado durante o período sob estudo, o impacto é considerado como
positivo; quando isto não acontece, considera-se como um impacto negativo.

Com o objetivo de complementar a análise anterior e ter uma outra visão destes
aspectos, foi desenvolvida uma metodologia alternativa para a construção do cenário
simulado ou contrafactual. Esta construção foi feita a partir de uma análise estatística da
evolução histórica das coberturas nos casos que fazem parte do estudo e que contam com
um número mínimo de dados históricos que permitem fazer a análise agregada da evolução
deste indicador durante o período prévio à operação da PSP.

Neste enfoque, em geral se postula que a evolução das coberturas segue através do
tempo uma curva que pode ser medida estatisticamente e que representa razoavelmente a
situação geral dos Municípios estudados numa situação sem PSP. Assim, enquanto a
análise anterior nos mostra como se comportam as concessões em relação à administração
anterior, esta análise complementar mostra como se desempenham em relação a um
comportamento esperado da situação sem PSP obtida do comportamento conjunto neste
período dos casos analisados.

Para o caso das projeções de cobertura de água potável, foram selecionados 16 casos
que apresentavam dados históricos de pelo menos três anos anteriores à incorporação da
PSP, e que eram razoavelmente consistentes. O total de dados disponíveis para a análise
foi de 67 observações. Estes dados foram ordenados em formato tipo painel, fixando-se
como ano zero aquele para o qual a cobertura atingiu uma cifra perto de 100%. Os dados de
cada empresa foram ordenados no tempo visando a contar com alguma continuidade na
evolução das coberturas do serviço. O GRÁFICO a seguir mostra os dados utilizados e a
equação de ajuste obtida.

140
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

GRÁFICO 4.1 - Dados de Cobertura e Equação de


ajuste antes da PSP, Serviço de água.

120
y = -0,0668x2 + 1,7395x + 92,885
R2 = 0,8991
100

80
% Cobertura Água

60

40

20

0
-30 -25 -20 -15 -10 -5 0
t

Fonte: Elaboração dos Autores.

No GRÁFICO 4.1 pode-se verificar que existem dados de cobertura de água potável
que começam em aproximadamente 20%, e crescem de modo relativamente regular através
do tempo. Ainda que haja lacunas entre alguns anos, a tendência na evolução das
coberturas é relativamente clara. De acordo com estes dados, no cenário sem PSP, seriam
necessários cerca de 25 anos para que os casos analisados passassem de uma cobertura
de 10% para 100%. A forma funcional mais adequada para relacionar taxa de cobertura e
tempo é a equação quadrática mostrada em conjunto com o GRÁFICO.

Para o caso de coleta de esgoto o procedimento foi similar.

Uma vez determinadas as curvas de evolução típica da cobertura na situação antes da


PSP, o efeito da PSP em cada empresa foi medido através do procedimento definido a
seguir.O primeiro passo consistiu em determinar em que ponto da curva se encontrava cada
caso no momento de início da PSP. A partir deste ponto, projetou-se o crescimento das
coberturas no caso contrafactual, sem PSP, para os dez períodos posteriores.

Para estabelecer se o desempenho da empresa foi igual, superior ou inferior ao


“esperado”, considerando a trajetória antes da PSP, a cobertura “projetada” foi comparada
com a cobertura real, depois da PSP, para cada ano.

Os resultados obtidos a partir da aplicação de ambas as metodologias a cada caso


permitiu uma classificação em 3 grupos, a saber:

• Casos Positivos: aqueles em que a evolução da cobertura posterior à PSP


melhorou em relação ao cenário contrafactual.
• Casos Neutros: aqueles em que a evolução da cobertura posterior à PSP se
manteve em relação ao cenário contrafactual. No caso da metodologia que

141
compara as tendências de evolução da cobertura de antes e depois, foram
também catalogados como neutros aqueles casos em que a cobertura no fim do
período já era alta e foi mantida ou inclusive aumentada depois da PSP, apesar
de que a inclinação deste indicador seja inferior no período posterior em
comparação com o período precedente.
• Casos Negativos: aqueles em que a evolução da cobertura posterior à PSP
piorou em relação ao cenário contrafactual. Os casos em que a cobertura de
esgoto antes da PSP era nula e continua sendo no cenário posterior, não
obstante ser uma exigência contratual,foram classificados como negativos nas
duas metodologias.

Finalmente, em relação às análises referentes ao cumprimento das metas contratuais,


em cada caso elas podem ser do tipo “cumpre” ou “não cumpre”, assim como cumprimento
“parcial”, nos casos em que os níveis exigidos são cumpridos em alguns anos e não em
todo o período analisado. São exemplos desta última situação quando se cumpre com a
exigência estabelecida por uma meta, mas com atraso, e, ao contrário, quando a meta é
cumprida, mas posteriormente o nível de cobertura cai para níveis inferiores ao exigido (não
se manteve).

4.2. Resultados Obtidos

Nas TABELAS 4.1 e 4.2 apresenta-se um resumo dos resultados obtidos na


comparação dos níveis de cobertura depois da entrada em operação da PSP contra os dois
cenários contrafactuais definidos: tendências na cobertura para o período anterior e curva
geral de evolução típica das coberturas para o período posterior ao início da PSP.

O caso de Mauá (SP), por tratar-se somente de esgoto, não foi analisado, por
conseguinte, para o serviço de água, o total de casos reduziu-se a 30. No caso de esgoto, a
quantidade de casos se reduz a 28, em função dos casos de Araújos e Bom Sucesso (MG),
que apresentam problemas de informação sobre o esgoto, enquanto o caso de Guapimirim
(RJ), por sua vez, não apresenta serviço de esgoto.

TABELA 4.1 - Resultados das Coberturas de Distribuição de gua

Avaliação Comparação Tendência Comparação com Curva Típica


Impacto Antes-Depois de Evolução Antes da PSP

Positivo 11 12
37% 40%
Neutro 12 9
40% 30%
Negativo 7 9
23% 30%
TOTAL 30 30
Fonte: Elaboração dos Autores.

142
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA 4.2 - Resultados das Coberturas de Coleta de Esgoto

Comparação Tendência Comparação com Curva Típica


Impacto
Antes-Depois de Evolução Antes da PSP

Positivo 9 5
32% 18%
Neutro 2 6
7% 21%
Negativo 17 17
61% 61%
TOTAL 28 28
Fonte: Elaboração dos Autores.

Observa-se, em geral, que os resultados obtidos através das duas metodologias


utilizadas são semelhantes, apesar de suas diferenças conceituais na definição do cenário
contrafactual. Em relação à água, os casos positivos são 11 e 30, considerando o método
de comparação das tendências de antes e depois, e 12 de 30, utilizando a comparação com
a curva típica de evolução da cobertura antes da PSP. Os casos neutros com coberturas
iniciais maiores a 90% são 10 de um total de 12 casos nesta classificação no primeiro
método e 6 de 9 no segundo88.

Para a coleta de esgoto os impactos positivos ou neutros são 11 de 28 segundo


ambos os métodos, o que leva a crer que o número de casos negativos seja similar.

As maiores diferenças acontecem em esgoto, na separação dos resultados entre


positivos e neutros. Na comparação de tendências, os casos positivos são 9 e na
comparação com a curva típica de evolução antes da PSP as situações positivas são
somente 5. O número de neutros é 2 para a comparação de tendências e 6 para o outro
método89. Este resultado era o esperado no caso de esgoto, pois se apresenta num contexto
de coberturas menores, no qual o método de comparação com a curva típica de evolução da
cobertura é mais exigente do que a comparação de tendências, já que o cenário
contrafactual neste método toma em consideração a cobertura inicial da PSP e o número de
anos desde que vem operando.

Com as duas metodologias, conclui-seque entre 23% e 30% dos casos estudados a
evolução da cobertura de água apresentou um impacto negativo com a entrada da PSP. Em
esgoto, os casos negativos representam 61% dos casos examinados. Por outro lado, entre
um terço e 40% dos casos estudados a evolução da cobertura de água sofreu um impacto
positivo, com a entrada da PSP.

Os resultados assinalados no anexo 1 permitem sugerir que o impacto da PSP na


evolução das coberturas do serviço de água não está afetado pelo tamanho da empresa.
Pelo contrário, no serviço de coleta de esgoto se apreciam diferenças nos resultados
segundo o tamanho da concessão e segundo sua maturidade90, isto é, o desempenho

88
Para o serviço de água, na comparação de tendências antes e depois, o total de casos neutros é 12; 10 casos com
cobertura no inicio maior que 90% e 2 com coberturas iniciais entre 50 e 90%. No método da curva típica o total de casos
neutros é 9; 6 com coberturas no início maiores que 90%, 2 entre 50 e 90% e um caso abaixo de 50%.
89
Para o serviço de esgoto, na comparação de tendências antes e depois, o total de casos neutros é 2; 1 caso com
cobertura no inicio maior que 90% e 1 com cobertura inicial menor a 50%. No método da curva típica o total de casos
neutros é6; 1 com cobertura no início maior que 90%, 2 entre 50 e 90% e 3 casos abaixo de 50%.
90
São consideradas como concessões “grandes” aquelas que no ano de 2006 tinham mais de 100.000 economias,
somando suas economias ativas de água e de esgoto. As concessões com menos de 100.000 economias são
consideradas “pequenas”. As concessões que, em julho de 2006, registravam ao menos 3 anos em operação, são
consideradas como “maduras”. As demais são consideradas como “não maduras”. Esta segmentação corresponde ao
mesmo critério considerado no desenho da amostra das pesquisas de satisfação e de novos conectados.

143
melhora em PSP grandes e em concessões maduras, e piora em PSP pequenas e em
contratos com menos de 4 anos de operação (não maduros).

De outra perspectiva, as TABELAS 4.3 e 4.4 apresentam o resultado da análise de


cumprimento de metas contratuais a respeito da cobertura do serviço de água e de coleta
de esgoto91.

A quantidade de casos possíveis de serem analisados se reduz a 20 de 24, devido à


existência de 4 casos sem informação disponível de metas, por falta de informação sobre
seus editais (Itapema-SC, Mairinque-SP, Nobres-MT e Nova Xavantina-MT), mais dois
casos agregados ao final das TABELAS, nos quais as primeiras metas vencem em anos
posteriores a 2006.

Para análise de cumprimento de metas de cobertura para o serviço de esgoto, os


casos com possibilidades de serem verificados foram reduzidos a 19, já que, além dos
casos de Araújos e Bom Sucesso, com problemas de informação, adicionam-se os 4 casos
antes mencionados, para os quais não se obteve informação do edital de licitação, além de
5 casos em que as metas vencem após o ano 2006.

TABELA 4.3 - Resultados do Cumprimento de Metas


para Serviço de água Segundo Tamanho¹
Cumpre Meta Grande Pequena TOTAL
4 7 11
Sim
44% 47% 46%
2 2 4
Parcial
22% 13% 17%
3 6 9
Não
33% 40% 37%
TOTAL 9 15 24
Metas após 2006 1 1 2
Fonte: Elaboração dos Autores.
Nota ¹ : São consideradas como concessões “grandes” aquelas que no ano de
2006 tinham mais de 100.000 economias, somando suas economias ativas de
água e de esgoto. As concessões com menos de 100.000 economias são
consideradas “pequenas”.

TABELA 4.4 - Resultados do Cumprimento de Metas


para Serviço de esgoto Segundo Tamanho
Cumpre Meta Grande Pequena TOTAL
4 2 6
Sim
50% 18% 32%
1 0 1
Parcial
13% 0% 5%
3 9 12
Não
37% 82% 63%
TOTAL 8 11 19
Metas após 2006 2 3 5
Fonte: Elaboração dos Autores.

91
Para esta análise o Consórcio teve que examinar cada caso, para água e esgoto, verificando diferentes variáveis
relativas à população, economias e domicílios, com informações nem sempre confiáveis. Portanto, no estudo desenvolvido,
muitas vezes foram utilizadas estimativas, o que gera certo nível de incerteza nos resultados. Por esta razão, em nenhum
caso se pode ter, a partir destas análises, conclusões absolutas a respeito do cumprimento de responsabilidades
contratuais dos concessionários. Esse tipo de conclusão precisa, na opinião do Consórcio, de um estudo feito a partir de
informações detalhadas obtidas em campo, em um nível que está fora do escopo do presente estudo.

144
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Para o serviço de distribuição de água, 10 de 24 casos não cumpriram as metas


programadas, segundo a avaliação realizada pelo Consórcio, 4 cumpriram-nas parcialmente
e 10 sempre o fizeram. Segundo o tamanho, a situação de não cumprimento ou
cumprimento parcial é relativamente similar, isto é, 5 de 9 casos nas PSP grandes se
encontram nesta classificação e 9 de 15 no caso do segmento de menor tamanho.
Cumpriram sempre, 4 de 9, nas grandes, e 6 de 15, nas pequenas.

No serviço de coleta de esgoto observa-se um desempenho pior. Os não


cumprimentos ou cumprimentos parciais somam um total de 13 casos de 19 (68%). Ao
examinar por tamanho aprecia-se um resultado mais desfavorável para as PSP pequenas,
as quais não cumprem a meta em 9 de 11 casos (mais de 80%), no entanto as grandes o
fazem em 4 de 8 casos (com um caso de cumprimento parcial).

Segundo os resultados verificados, no que se refere ao cumprimento de metas do


serviço de água não se observa que a segmentação por tamanho e maturidade seja
determinante nos resultados conseguidos. Para o serviço de coleta de esgoto a
segmentação por tamanho é relevante. No caso das PSP grandes, 50% dos casos (4 de 8)
cumprem a meta, sendo que, no conjunto das pequenas, somente 18% (2 de 11) o fazem.
Neste serviço, o mesmo acontece com a variável maturidade. Entre as PSP não maduras
nenhuma cumpre a meta, todavia, das maduras, quase 40% (6 de 16) cumprem.

As TABELAS 4.5 e 4.6 mostram um cruzamento das análises de impacto na


cobertura92 e de cumprimento de metas para os casos que podem ser analisados para
cobertura de água e de esgoto, respectivamente. Nestas TABELAS, as PSP são
classificadas de acordo com duas dimensões: o desempenho de uma concessão a respeito
da evolução obtida na cobertura, e o cumprimento das metas contratuais. As porcentagens
estão calculadas em relação ao total dos casos analisados (que se encontra na célula
inferior direita).

TABELA 4.5 - Impacto na Evolução da Cobertura


de Água e Cumprimento de Metas
Cumprimento Metas
Sim Parcial Não TOTAL
4 3 5 12
Comparação Tendência

Positivo
17% 13% 21% 50%
Antes-Depois

4 0 2 6
Neutro
17% 0% 8% 25%
3 1 2 6
Negativo
13% 4% 8% 25%
TOTAL 10 4 10 24
Fonte: Elaboração dos Autores.

92
Considerando o cenário contrafactual obtido das tendências na evolução da cobertura típica de água e esgoto antes da
PSP. Considera-se que esta medida é mais representativa para fazer seu cruzamento com o cumprimento de metas, em
função de que sua determinação leva em conta que os resultados do esforço para aumentar a cobertura de um serviço são
diferentes segundo o nível de cobertura inicial.

145
TABELA 4.6 - Impacto na Evolução da Cobertura
de Esgoto e Cumprimento de Metas
Cumprimento Metas
Sim Parcial Não TOTAL
2 0 1 3
Positivo

Comparação Tendência
11% 0% 5% 16%

Antes-Depois
3 0 2 5
Neutro
16% 0% 1% 26%
1 1 9 11
Negativo
5% 5% 47% 58%
TOTAL 6 1 12 19
Fonte: Elaboração dos Autores.

Como é possível observar na TABELA 4.5, 12 casos apresentam um desempenho


positivo em relação à melhora da tendência na evolução da cobertura de água após da PSP.
No entanto, 5 casos não cumprem as metas em nenhum momento, ainda que seja positivo o
impacto na evolução. Isto poderia indicar que, para estes casos, as metas definidas sejam
de um nível de exigência alto. Entre os casos de desempenho neutro, 4 cumprem a meta e
2 não cumprem. Surpreendentemente, quatro casos com desempenho negativo apresentam
cumprimento parcial do total das metas, indicando que estas poderiam ter um nível de
exigência muito baixo.

Para o serviço de esgoto, na TABELA 4.6 pode-se observar que apenas 3 casos
apresentam desempenho positivo quanto às tendências. Entre eles, 1 não cumpre as metas
contratuais; três casos mostram desempenho neutro, cumprindo a meta estabelecida no
contrato; uma alta proporção dos casos, 11 (representando 58% do total) mostra um
desempenho negativo em relação à tendência, entre os quais 9 não cumprem as metas.
Somente 2 dos 11 casos apresentam cumprimento parcial ou total das metas, o que indica
que provavelmente estas, nestas situações, seriam pouco exigentes.

A principal conclusão desta análise é que, para a coleta de esgoto, em geral, observa-
se uma situação pior do que no caso do serviço de distribuição de água, que em geral
mostra um desempenho muito melhor, tanto em termos da evolução das coberturas quanto
em relação ao cumprimento das metas, o que pode ser devido principalmente a três fatores:

• Em primeiro lugar, a ampliação do serviço de água é desejável tanto para a


empresa concessionária quanto para o usuário, enquanto que o serviço de
esgoto só traz desvantagens aparentes para este último, uma vez que sua conta
duplica e não se percebe nenhum benefício direto. Esta situação é
especialmente notória naqueles domicílios que contam com soluções
particulares para a deposição de esgotos, como, por exemplo, fossas sépticas.
Por sua vez, a empresa busca evitar a instalação da rede de coleta de esgoto
onde perceba que os usuários não estão dispostos a fazer a conexão ou a pagar
a conta pelo serviço, para que isto não lhes cause um prejuízo econômico.
• Em muitos casos as concessionárias instalam a rede, mas os usuários se negam
a conectar-se. Por razões políticas, ou por carecer de ferramentas legais ou
poder de policia, tanto as autoridades como a empresa concessionária se vêem
impedidas de obrigar os usuários a fazerem esta conexão, ou têm dificuldades
para tanto.
• Alguns Municípios, por outro lado, reconhecem o cumprimento das obrigações
contratuais de cobertura de acordo com a disponibilidade da rede (isto é, são
considerados cobertos aqueles domicílios por cuja porta passa a rede). Para

146
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

efeito da presente análise, têm sido contemplados somente aqueles usuários


conectados, o que gera uma diferença entre a quantidade de casos que na
realidade não alcançam os níveis de cobertura exigidos, e de casos que, em
termos legais, não cumprem as exigências do contrato, que, de acordo com esta
situação, seria uma quantidade menor.

Outra conclusão é que existem casos em que, ao que parece, as metas foram
definidas com níveis de exigência muito baixos ou muito altos, o que torna possível cumpri-
las, mesmo sem melhorar substancialmente o acesso aos serviços ou vice-versa. Assim,
mais uma vez, a questão das metas surge como um aspecto crucial no desenho de uma
PSP. Esta situação para o serviço de distribuição de água acontece principalmente nas PSP
de Guarantã do Norte, Matupá, Primavera do Leste e Pontes e Lacerda no Mato Grosso,
onde os usuários têm mostrado resistência à conexão às redes de água, então as metas
para este serviço não têm sido alcançadas. Outra situação acontece em Manaus, onde as
metas originais do contrato se mostram distantes, em comparação à realidade da situação
inicial de cobertura deste serviço.

4.3. Indicadores Relacionados ao Desempenho Operacional e Comercial

Os resultados da análise de indicadores operacionais e comerciais do grupo de


operadores classificados como de prestação integral do serviço, objetivando proporcionar
uma visão de como evoluíram no período posterior à instalação da PSP e, por esta via,
obter alguma hipótese sobre a forma que afetou a PSP no desempenho das empresas neste
âmbito, é apresentada a seguir.

É importante mencionar que, devido às restrições de disponibilidade e de qualidade da


informação, sobretudo para o período anterior à PSP, a análise que se leva a cabo tenta
complementar as respostas advindas dos dois métodos: o primeiro, centrado no estudo da
tendência observada na evolução dos indicadores uma vez iniciada a PSP, para o qual os
dados foram ordenados em TABELAS do tipo painel, em que o número de anos se mediu
em relação ao ano 0 ou de início da PSP, e o segundo, que consistiu em comparar a média
destes indicadores para as situações antes e depois do início da PSP, para os poucos casos
em que se dispôs de alguma informação histórica do período prévio. Em geral, a maior parte
das análises somente se restringiu a um grupo reduzido de prestadores, pois a maior parte
das concessionárias apenas apresenta dados para períodos posteriores ao início da PSP, e,
além disto, estes não estão disponíveis para todos os anos analisados. Por outro lado,
devido à detecção de uma quantidade de informação inconsistente, foi omitida uma parte de
dados, que foram identificados por meio de um árduo processo de validação.

4.3.1 Economias por Funcionário

Considerando as limitações mencionadas, os resultados da análise sobre o impacto


das PSP nos indicadores de desempenho operacional dos serviços para os quais se
dispunha de antecedentes indicam que em média a mesma foi positiva, o que implica uma
melhoria dos indicadores analisados na maior parte dos casos examinados93.

No anexo 3, é possível aprofundar estes temas nas análises desenvolvidas e nos


resultados detalhados obtidos.Nele, inclui-se um apêndice que contém a evolução do

93
Considerando que não se obteve a informação completa, os resultados obtidos não necessariamente refletem o
panorama geral da PSP no Brasil, limitando-se estas conclusões à amostra de casos analisada em cada indicador.

147
número de empregados e dos índices de economias por funcionário para cada PSP e os
resultados individuais obtidos na classificação de sua evolução após o início da mesma.

A análise da evolução dos indicadores de economias por funcionário foi realizada por
meio do cálculo da inclinação de sua trajetória linear, uma vez iniciada a concessão. Foram
identificados dois casos:

• Casos com Tendência Positiva: correspondentes àqueles casos que apresentam


aumentos ou melhoras no indicador de economias por funcionário.
• Casos com Tendência Negativa: correspondentes àquelas empresas com uma
evolução que apresenta diminuição ou deterioração no indicador.

O resumo dos resultados obtidos para cada indicador é indicado nas TABELAS 4.7 e
4.8.

TABELA 4.7 – Resuldados da Evolução dos Indicadores


de Economias por funcionário Próprio

Tendência Grande Pequena TOTAL

9 12 21
Positiva (aumento)
90% 60% 70%
1 8 9
Negativa (diminuição)
10% 40% 30%

Total 10 20 30
Fonte: Elaboração dos Autores.

TABELA 4.8 - Resuldados da Evolução dos Indicadores


de Economias por funcionário Equivalente

Tendência Grande Pequena TOTAL

9 11 20
Positiva (aumento)
90% 61% 71%
1 7 8
Negativa (diminuição)
10% 39% 29%

Total 10 18 28
Fonte: Elaboração dos Autores.

Observa-se que, incluindo as duas versões para este índice, segundo empregados
próprios e segundo empregados equivalentes, existe uma tendência positiva em seus
valores depois do ano de início da PSP. Mais de dois terços dos casos para os quais se
tinha informação (30 para o indicador de economias por funcionário próprio e 28 para o de
economias por funcionário equivalente) apresentam uma tendência positiva (aumento no
valor do índice) na curva que representa a sua evolução para o período posterior ao início
da PSP, no caso do índice de economias por funcionário próprio equivale a 70% e no caso
de economias por funcionário equivalente atinge 71%, isto é, 20 casos. Destes últimos, 11
PSP estão sustentadas num crescimento mais acelerado do número de economias em
relação ao número de empregados, enquanto que em 9 casos isto se deve a um aumento
do número de economias paralelo a uma diminuição na quantidade de pessoal.

De acordo com o tamanho, nota-se que 90% das empresas grandes apresentam uma
melhoria no desempenho deste conceito, medido através do indicador de economias por
funcionário equivalente, enquanto que, nas empresas pequenas, 61% apresenta esta

148
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

condição. Dentro do grupo de empresas grandes, aquela que apresenta uma tendência
negativa do indicador corresponde à concessionária de Campo Grande, enquanto nas
pequenas os sete casos com tendência negativa correspondem aos Municípios de Araújos,
Bom Sucesso, Cláudia, Mauá (ECOSAMA), Guará, Nova Xavantina e Paraguaçu. Nas
TABELAS do apêndice, pode-se observar a qualificação de cada PSP examinada, segundo
a tendência na evolução deste indicador.

No que diz respeito à magnitude do aumento nos índices de produtividade, as


TABELAS 4.9 e 4.10 mostram a distribuição das taxas de crescimento médio anual para o
período posterior ao início da PSP para os indicadores de economias por funcionário próprio
e de economias por funcionário equivalente94.

TABELA 4.9 – Distribuição da Taxa de Crescimento Médio Anual do Indicador de Economias


por Funionário Próprio
Taxa de Crescimento Anual Casos %

Menos de -10% 4 13%

Entre -5% e -10% 2 7%

Entre 0% e -5% 3 10%

Entre 0% e 5% 9 30%

Entre 5% e 10% 7 23%

Mais de 10% 5 17%

Total 30 100%
Fonte: Elaboração dos Autores.

TABELA 4.10 - Distribuição da Taxa de Crescimento Médio Anual do Indicador de Economias


por Funionário Equivalente
Taxa de Crescimento Anual Casos %

Menos de -10% 4 14%

Entre -5% e -10% 2 7%

Entre 0% e -5% 2 7%

Entre 0% e 5% 11 39%

Entre 5% e 10% 3 11%


Mais de 10% 6 21%

Total 28 100%
Fonte: Elaboração dos Autores.

Como se pode observar, uma grande quantidade de casos (53% no indicador de


economias por funcionário próprio e 50% no indicador economias por funcionário
equivalente) encontra-se numa faixa de crescimento médio do indicador entre 0% e 10% por
ano. Especificamente, para o indicador de economias por funcionário próprio, as empresas
que estão acima desta faixa de crescimento correspondem às concessionárias de Guará,
Guapimirim, Matupá, Marcelândia e Pontes e Lacerda. Com uma taxa muito abaixo da
média (decréscimo superior a 10% anual) encontram-se os municípios de Mauá, Araújos,
Bom Sucesso e Paraguaçu.

No caso do indicador de economias por funcionário equivalente, as empresas com


índices de crescimento acima de 10% anual são Guapimirim, Guarantã do Norte, Matupá,
Primavera do Leste, Marcelândia e Pontes e Lacerda. E aquelas com crescimentos abaixo
de -10% são Mauá, Nova Xavantina, Bom Sucesso e Paraguaçu. Este resultado está em
94
As taxas de crescimento foram obtidas como o resultado da divisão da inclinação da trajetória linear de cada indicador
para o período pós PSP e pela projeção linear do indicador no ano 0 (o que teoricamente é o valor da constante da
equação linear). Optou-se por este método devido à alta variabilidade no valor dos indicadores entre um ano e outro.

149
linha com as conclusões qualitativas e permite sustentar que em média existiram aumentos
de produtividade do pessoal em comparação à situação prévia, mas que estes não foram
dramáticos, pois o aumento na cobertura dos serviços e os incrementos nos indicadores de
qualidade de serviço pressionaram no sentido contrário. De fato, ao considerar o
crescimento anual do indicador de economias por funcionário próprio, o qual apresenta uma
menor volatilidade do que o indicador de economias por funcionário equivalente, a taxa de
crescimento da produtividade atinge um valor médio de somente 2,6% anual para o conjunto
de empresas examinadas95.

Adicionalmente, para complementar os resultados apresentados na seção anterior, foi


realizada uma análise comparativa entre a média do valor dos indicadores de antes e depois
da implementação da PSP.

O GRÁFICO 4.2 mostra os resultados da análise de 6 empresas, cujo desempenho é


consistente com os resultados da análise apresentada na seção anterior, que abrange
desde o momento de início da operação da concessão. Efetivamente, dos 6 casos
analisados, correspondentes aos Municípios de Petrópolis, Cachoeiro de Itapemirim,
Carlinda, Cláudia, Campo Grande e Palmas (SANEATINS), 5 apresentam um indicador
médio maior do que antes da PSP, sendo o caso de Palmas o único que apresenta um
indicador menor neste período. Das cinco empresas com um indicador médio maior, duas
apresentam diminuições no QUADRO de pessoal superiores ao crescimento das
economias, enquanto as três restantes têm um aumento mais acelerado das economias em
relação ao pessoal. Esta situação está de certo modo em linha com o panorama comentado
para as tendências observadas no período pós PSP.

GRÁFICO 4.2 - Análise Antes e Depois, Economias


por funcionário Equivalente

1
17%

5
83%

Melhor Pior
Fonte: Elaboração dos Autores.

Considerando-se a média do conjunto de concessões para as quais se obteve a


informação, o indicador de economias por funcionário próprio se situa em 631 economias, e
o indicador de economias por empregado equivalente a 391. Como referência internacional,
pode-se assinalar que as empresas de saneamento do Chile e do Reino Unido apresentam

95
Foi excluído deste cálculo o caso de Marcelândia, por apresentar índices de crescimento muito acima do resto das
concessionárias analisadas.

150
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

índices médios de economias por funcionário próprio superiores a 1.400 economias. Trata-
se de um benchmark exigente que tem implícita uma alta terceirização de serviços.

4.3.2. Perdas em Distribuição e Cobertura de Hidrometração

Neste ponto, são apresentados os resultados para a análise de tendência do indicador


de perdas considerando como referência o ano de início de operação da concessão.
Apresenta-se o indicador de perdas percentuais em distribuição, uma vez que tanto este,
como o de volume de perdas por conexão, não mostram diferenças nos seus resultados.

No anexo 3, é possível aprofundar nestes temas nas análises desenvolvidas e nos


resultados detalhados obtidos, e se incluiu um apêndice que apresenta a evolução das
perdas e cobertura de hidrometração para cada PSP e os resultados individuais obtidos na
classificação de sua evolução após o início da PSP.

No caso das perdas, havia uma cobertura de dados inferior à que estava disponível
para o indicador anterior, mas as análises também mostram melhoras, isto é, reduções nas
porcentagens. Levando em conta o comportamento do indicador de perdas percentuais em
distribuição96, medido através da inclinação de sua curva representativa uma vez iniciada a
PSP, 14 casos de um total de 17 com informação (82%) apresentam diminuições neste
índice97. Entre as empresas pequenas, 6 de 7 casos (86%) apresentam melhoras98, e, entre
as empresas grandes, 8 de um total de 10 casos (80%) também evoluíram positivamente99.

A TABELA 4.11 mostra os resultados para a análise, separadamente para empresas


grandes e pequenas.

TABELA 4.11 - Evolução das Perdas


Percentuais em Distribuição
Tendência Grande Pequena TOTAL
2 1 3
Positiva (aumento)
20% 14% 18%
8 6 14
Negativa (diminuição)
80% 86% 82%

Total 10 7 17
Fonte: Elaboração dos Autores.

Entre as empresas pequenas, seis casos (86%) apresentaram reduções das perdas,
correspondentes a Mairinque, Nova Xavantina, Pontes e Lacerda, União do Sul, Paranaguá
e Araújos. Dentro das empresas grandes oito, (80%), melhoraram sua situação: Manaus,
Limeira, PROLAGOS, Campo Grande, Petrópolis, Campos dos Goytacazes, Cachoeiro de
Itapemirim e Palmas (SANEATINS).

O GRÁFICO 4.3 mostra os resultados da análise das diferenças nas perdas


percentuais médias antes e depois da entrada em operação da PSP. Como se pode

96
Índice de Perdas em Distribuição = (Volume de Água (Produzido + Tratado Importado - de Serviço) - Volume de Água
Consumido)/ Volume de Água (Produzido + Tratado Importado - de Serviço). Privilegiou-se a utilização deste índice, pois
as metas contratuais a respeito deste parâmetro, quando existem, estão expressas em função desta definição. Por outro
lado, os resultados obtidos da análise de evolução com este indicado são os mesmos que com o indicador de perdas em
lt/ligação/dia. A metodologia, assim como um detalhe dos resultados para a análise de Perdas em Distribuição, é
apresentada em Anexo a este estudo.
97
Considerando aquelas empresas que apresentaram diminuição nas perdas durante a PSP, a taxa anual de redução foi
de aproximadamente 3%.
98
Redução anual média: 5%.
99
Redução anual média: 1%.

151
observar, dos nove casos para os que se tinham informação para efetuar esta comparação,
correspondentes a Niterói, Petrópolis, Cachoeiro de Itapemirim, Nova Xavantina, Pontes e
Lacerda, Santa Carmem, Campo Grande, Manaus e Palmas (SANEATINS), sete (78%)
registraram uma média de perdas menor do que antes da PSP, enquanto que os dois
restantes, correspondentes a Campo Grande e Manaus, apresentaram uma média de
perdas maior do que na situação prévia. Esta conclusão é consistente com os resultados de
tendência pós PSP, comentados no item anterior.

GRÁFICO 4.3 - Análise Antes e Depois, Perdas Porcentuais em Distribuição

2
22%

7
78%

Melhor Pior

Fonte: Elaboração dos Autores.

Considerando os dados de perdas para o ano de 2006, em comparação aos


indicadores internacionais, os níveis das PSP no Brasil se encontram dentro da faixa média
para países em desenvolvimento. Segundo o Banco Mundial100, este grupo de países possui
perdas próximas a 35% do total de água produzida nesse ano. Nas PSP examinadas este
índice atinge a uma média de 37%, cifra levemente superior.

Como complemento à análise da evolução de perdas em distribuição foi examinado o


comportamento do indicador de cobertura de hidrometração. Em alguns casos, este índice
melhorou substancialmente com o início da PSP. Segundo as análises realizadas acima de
sua evolução, 26 de 29 concessionárias (90% da amostra com dados) registraram um
aumento ou mantiveram os mesmos níveis de micromedição que no ano de entrada em
operação da PSP101. De acordo com a classificação por tamanho, isto significa que
dezessete empresas pequenas (89% do total dos 19 casos para os quais se tinha
informação nessa faixa) e nove empresas grandes (90% das empresas grandes analisadas)
melhoraram ou mantiveram sua perfomance. Em comparação com a média deste indicador
para a situação antes da PSP, todos os casos analisados (19 em total) registraram uma

100
“The Challenge of Reducing Non-Revenue Water (NRW) in Developing Countries How the Private Sector Can Help: A
Look at Performance-Based Service Contracting”, Bill Kingdom, Roland Liemberger, e Philippe Marin. Dezembro de 2006.
101
Destaca-se o caso de Nova Friburgo que aumentou em 5% a cobertura de micromedição no início de operação
passando para 87% no transcurso de 7 anos. Outros casos significativos neste aspecto são Guarantã do Norte, Nova
Xavantina, Sorriso e Guará.

152
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

média maior depois de iniciada a concessão102. Não foram encontradas diferenças


significativas no comportamento deste indicador entre empresas grandes e pequenas.

TABELA 4.12 - Evolução da Cobertura


de Hidrometraçâo

Tendência Grande Pequena TOTAL

9 17 26
Positiva
90% 89% 90%
1 2 3
Negativa
10% 11% 10%

Total 10 19 29
Fonte: Elaboração dos Autores.

4.3.3. Evasão de Receitas

Em relação à evolução do indicador de evasão de receitas, considerando a tendência


linear desde o início de operação de cada concessão, dezenove casos, que representam
70% das empresas que puderam ser analisados sob esta ótica, revelam uma diminuição nos
níveis de evasão. Este resultado, segmentado segundo tamanho, representa 59% das
empresas pequenas (10 casos de um total de 17) e 90% das empresas grandes (9 casos de
um total de 10). A análise de antes e depois, por sua vez, revela que 5 de um total de 8
empresas analisadas (62% dos casos), apresentam índices de evasão menores que antes
da PSP, confirmando os resultados já assinalados para o período posterior à PSP.

TABELA 4.13 - Evolução da Evasão


Anual de Receita

Tendência Grande Pequena TOTAL

1 7 8
Aumento
10% 41% 30%
9 10 19
Diminuição
90% 59% 70%

Total 10 17 27
Fonte: Elaboração dos Autores.

4.4. Aspectos Financeiros e Investimentos

Para esta análise 23 empresas103 foram consideradas, 18 das quais, sobre a base das
demonstrações financeiras e 5 somente sobre os dados contidos no formulário de
solicitação de antecedentes preenchido pelos operadores, informação que foi
complementada com os dados contidos no SNIS. Os dados disponíveis compreendem total
ou parcialmente o período desde o início das operações de cada empresa até o ano de
2006.
102
Ao se comparar a cobertura de micromedição média de 3 anos antes da PSP aos 3 anos posteriores ao início da
operação, observa-se um aumento médio de 34% no conjunto de casos com dados disponíveis.
103
Exclui-se da análise global aquelas empresas com concessão tipo BOT e aquelas com informação inconsistente. As 18
empresas sobre a base das situações financeiras são: Itapema, Paranaguá, Guariroba, Guarantã, Sorriso, Matupá,
Ribeirão Preto, Cláudia, Carlinda, Cachoeiro, Mauá, Limeira, Imperador-Petrópolis, Juturnaíba, Niterói, Paraíba, Pontes e
Lacerda e Primavera; e as 5 com os dados contidos no formulário: Guará, Amazonas, Mairinque, Palmas e Prolagos.

153
A avaliação do impacto da participação do setor privado no desempenho operacional e
financeiro das empresas de provisão de serviços de saneamento no Brasil se realiza de
maneira indireta, em razão de que não se dispôs de informação suficiente e pertinente104 do
período prévio ao início das PSP. Para a avaliação indireta utilizam-se dois tipos de
análises: (I) evolução que mostra os indicadores entre dois períodos de tempo posteriores
ao início das PSP e (II) uma comparação com indicadores de contratos de concessão em
execução em outros países.

(I) Análises da evolução dos indicadores das empresas com PSP.

Para analisar a evolução de alguns indicadores, tomou-se como base a informação de


um subgrupo de 13 empresas , para as quais existia informação disponível desde o ano de
2001, a qual se reflete na TABELA 4.14.

TABELA 4.14 - Comparação de Indicadores Financeiros


do Subgrupo de Empresas
Média Média Média
Indicadores Variação
2001-2006 2001-2003 2004-2006

Liqüidez Corrente 0,96 1,00 0,93 -0,07

Endividamento sobre o Ativo 57,0% 54,3% 59,9% 5,6%

Passivo Circulante sobre o Passivo total 50,5% 57,5% 44,9% -12,6%

Endividamento sobre o Patrimônio 236,4% 227,7% 259,3% 31,5%

Rentabilidade sobre o Patrimônio Inicial 6,5% 7,9% 3,2% -4,7%

Rentabilidade Operacional Sobre os Ativos 9,8% 7,4% 12,3% 4,9%


Fonte: Elaboração dos autores com dados das situações financeiras das empresas, formulários e SNIS.

Como se pode observar na TABELA anterior, os indicadores mostram uma piora da


situação das empresas, no período de 2004 a 2006, com relação ao triênio imediatamente
anterior,uma vez que quatro dos seis indicadores mostram uma evolução negativa. Com
efeito, no QUADRO pode-se observar que a liqüidez corrente diminuiu levemente; o
endividamento relativo ao ativo aumentou 5,6 pontos percentuais; o endividamento sobre o
patrimônio aumentou 31,5 pontos percentuais e a rentabilidade sobre o patrimônio líquido
inicial médio diminuiu cerca de 5 pontos percentuais. Os outros dois indicadores mostram
uma evolução positiva: a margem operacional média relativa ao ativo total aumentou de
7%,no período de 2001 a 2003, para 12%, entre os anos de 2004 a 2006, e a proporção de
curto prazo da dívida se reduziu em mais de 12 pontos percentuais, com relação ao passivo
total.

(II) Análise da PSP em relação aos contratos de concessão em execução em outros


países.

Na TABELA 4.15 mostra-se uma comparação dos principais indicadores de 23


empresas do setor de saneamento com participação do setor privado do Brasil, para as
quais se dispôs de informação, em relação aos indicadores das empresas com contratos de
concessão em execução em outros países:

104
Não é possível realizar uma comparação do período anterior e posterior à entrada em vigência das concessões devido
ao fato de que a informação que se possui é incompleta e somente é possível obter alguns dados pontuais de somente
duas empresas, Ribeirão Preto e Palmas, para dois anos anteriores ao começo das concessões, os quais são insuficientes
para realizar uma comparação e análise.

154
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA 4.15 - Iindicadores Financeiros das PSP Brasil


Versus Indicadores Internacionais
Referência
PSP Brasil
Indicadores Internacional Diferença
2004-2006
2004-2006
Liqüidez Corrente 2,14 1,00 -1,14
(*)
Endividamento sobre o Ativo 61,7% 60,7% -1,0%
Endividamento sobre o Patrimônio (*) (**) 161,5% 156,0% -5,5%
Anos de fluxo comprometidos pelo 5,5 2,8 -2,7
Endividamento de longo prazo (*)
Passivo circulante sobre o Passivo total 16,6% 49,8% 33,2%
(*)

Rentabilidade sobre o Patrimônio Inicial 23,7% 16,4% -7,2%


Rentabilidade Operacional sobre os 10,1% 14,0% 3,9%
Ativos
Fonte: Elaboração dos autores com dados das situações financeiras das empresas, formulários e
SNIS
(*) Excluíram-se os dados das empresas Itapema, Ribeirão Preto, Primavera e Prolagos nos
indicadores de endividamento, por apresentar valores significativamente fora de faixa.
(**) Corresponde ao endividamento sobre o patrimônio ao final do ano de 2006

Como se pode observar, o comportamento operacional e financeiro das empresas com


PSP do Brasil, consideradas na análise nos anos de 2004 a 2006, mostra uma situação
distinta com relação aos contratos similares de outros países. Com efeito, em quatro dos
sete indicadores, as empresas com PSP do Brasil mostram um melhor desempenho e em
três, um desempenho inferior.

Os indicadores que mostram um melhor desempenho são os de endividamento sobre


o ativo, endividamento sobre o patrimônio, anos de fluxo comprometidos no endividamento
de longo prazo e a rentabilidade operacional sobre os ativos. O endividamento total com
relação ao ativo foi de 61% para o conjunto das empresas, número levemente inferior aos
padrões internacionais; o endividamento total com relação ao patrimônio existente ao final
de 2006 foi de 156%, número menor ao usado como referência e que alcançou os 162%, e,
por outro lado, o endividamento a longo prazo equivale a 3 anos do resultado antes de
lucros, impostos, depreciações e amortizações (fluxo operacional ou EBITDA por sua sigla
em inglês), o que é 2,7 anos menor do que necessitam as empresas concessionárias de
outros países para suprir sua dívida de longo prazo.

A rentabilidade das empresas tem comportamento díspar na comparação com os


padrões internacionais. A rentabilidade operacional sobre o ativo é maior que a de outros
países em quase 4 pontos percentuais, em compensação, a rentabilidade sobre o
patrimônio líquido inicial médio das empresas foi de 16%, valor inferior às porcentagens de
rentabilidade obtidas em contratos de concessão em execução em outros países, que
superam os 20%.

As demais relações mostram resultados menos favoráveis, por exemplo, a proporção


de endividamento de curto prazo, relativo ao endividamento total médio dos anos de 2004 a
2006, que foi igual a 50%, é uma porcentagem elevada em relação aos padrões
internacionais, que se situam abaixo dos 20%. Por outro lado, a relação de liqüidez média
foi igual a 1, menos da metade dos valores dos padrões internacionais no período.

A respeito dos investimentos realizados, com recursos próprios ou através de


empréstimos, o conjunto de empresas consideradas (que somam um total de 23 casos)
realizou, no ano de 2007, investimentos de R$1.381 milhões105. Isto representa 25% em

105
Dados atualizados pela variação anual média do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Ampliado), obtidos do
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), considerando para o cálculo os valores dos índices de dezembro de
cada ano.

155
relação aos investimentos comprometidos no período de concessão segundo ABCON106,
porcentagem ligeiramente superior à proporção do período de concessão transcorrido desde
o início das operações até o ano de 2006 (23%). Tais investimentos foram financiados, em
média107 da seguinte forma: 49,6% com empréstimos e 50,4% com recursos próprios,
segundo análise dos dados financeiros e do SNIS.

O investimento anual médio realizado pelas empresas foi equivalente a 0,5 vezes o
faturamento líquido anual médio, cifra similar aos padrões internacionais para contratos
similares. Por outro lado, o investimento total realizado expresso em moeda de 2007 foi
igual a R$22 mil por habitante108 dos Municípios atendidos.

Em conclusão, pode-se observar que, em geral, a situação financeira das empresas


melhorou no período entre o início das PSP e o ano de 2006. Na maioria dos casos, os
resultados operacionais e líquidos seguiram uma tendência crescente, a liquidez corrente
melhorou e o endividamento sobre o ativo e o patrimônio diminuiu. Inclusive, a relação de
dívida exigível e de longo prazo se manteve nos mesmos níveis e a rentabilidade
operacional sobre os ativos cresceu.

106
Ainda que a informação da ABCON (Associação Brasileira de Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e
Esgoto) não corresponda a dados oficiais, considera-se que é o mais pertinente para poder efetuar uma comparação, uma
vez que não se dispõe do dado dos concessionários.
107
Foi excluída a empresa de Palmas por não haver dados confiáveis para realizar a análise do investimento e só se
conhecer seu investimento e financiamento pelos dados SNIS.
108
O investimento por habitante de cada empresa foi calculado dividindo o valor atualizado do total de seus investimentos
acumulados em 2006 pela população urbana (ou o total da população, segundo corresponda) dos Municípios atendidos do
ano de 2006.

156
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

5. RESULTADOS DAS PESQUISAS DOS USUÁRIOS

5.1. Aspectos Metodológicos do Levantamento de Dados

Os 2.396 domicílios da Pesquisa de Satisfação foram obtidos por um plano amostral


probabilístico estratificado em múltiplos estágios, entre uma população estimada de 850.497
“domicílios conectados ao serviço de água ou conectados aos dois serviços
simultaneamente, água e esgoto, antes da PSP e depois da PSP", distribuídos em 37
Municípios. O plano amostral distribuiu a amostra por regiões geográficas, maturidade do
serviço, tamanho dos Municípios e ainda a renda total dos moradores dos domicílios. Por
ser um procedimento complexo, cada unidade domiciliar tem associado um peso distinto de
contribuição para o total.

Os 610 domicílios da pesquisa de Impacto foram obtidos de modo bastante


semelhante e articulados com o plano da pesquisa de satisfação. Porém, eles refletem o
impacto em uma população potencial de 268.125 "domicílios cujos moradores habitam
aquele domicílio antes e depois da PSP e que depois da PSP foram conectados a algum
serviço que não tinham antes, seja água, esgoto ou ambos", e distribuídos em 30
Municípios.

Detalhes técnicos do plano amostral e da coleta de dados no campo estão descritos


no Anexo Plano amostral.

5.1.1. Pesquisa de Satisfação: População de Interesse

Unidade de análise: "domicílios conectados ao serviço de água ou conectados aos


dois serviços simultaneamente, água e esgoto, antes da PSP e depois da PSP".

Sistema de Referência

Para identificação do universo de interesse da pesquisa, montou-se um Banco de


Dados recolhendo informações do Censo DemoGRÁFICO de 2000, conduzido pelo IBGE e
do SNIS. Um extrato desse banco está na TABELA 5.1. Pode-se observar que foram
identificados cinqüenta e quatro Municípios com PSP, mas com contratos de serviço bem
distintos. A análise desses dados sugeriu a eliminação de alguns deles, bem como o
agrupamento de alguns outros. Um resumo do processo dessa análise encontra-se nas
TABELAS 5.2 e 5.3.

Observa-se, ao final, que o universo da pesquisa ficou reduzido a 37 Municípios,


sendo três deles (Araruama, Saquarema e Silva Jardim) agrupados como Araruama Amplo,
e outros cinco (Armação, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Iguaba e São Pedro da Aldeia)
agrupados como Cabo Frio Amplo. Deste modo, o universo de interesse da pesquisa é
formado por 31 Municípios ou agrupamento de Municípios. Por facilidade, iremos chamar
cada uma dessas unidades simplesmente de Municípios.

Uma das variáveis-chave para orientar o trabalho foi o número de ligações de água
existentes (LIG ATIVAS) no ano imediatamente anterior ao início da operação da
concessionária. Para os Municípios sem essa informação (Bom Sucesso, Itapema e
Mineiros do Tietê) manteve-se a informação atual disponível (LIG ATUAL).

157
5.1.2. Estratos

Os técnicos da pesquisa gostariam de obter resultados para alguns estratos


específicos desse universo, para isso consideraram dois critérios: regiões e maturidade.
Esta última é uma medida construída principalmente com base na antiguidade com que este
serviço foi efetivamente implantado. Para maiores detalhes dos critérios selecionados para
desenho da amostra veja Plano amostral: características de controle para desenho da
amostra.

TABELA 5.1 - Relação das Eempresas Concessionárias de Serviços de


Água e Esgoto, Segundo Algumas Características

Ano Prazo Lig Lig


Municípios Seq Modalidade Empresa Estado
Início (anos) Água Esgoto

esgoto (BOT Amafi, Tejofran,


Araçatuba 1 59.535 59.692
tratamento) Resil, Earth Tech
Developer, Cowan,
Rio de
Araruama 2 plena Erco, EIT, Queiroz 1998 25 20.301 0
Janeiro
Galvão, Trana
Global Engenharia, Minas
Araújos 3 plena 2002 30 1.625
Planex Consultoria Gerais
Nascimento Mato
Arenápolis 4 plena 2000 2.128
Engenharia Grosso
Armação EBAL, EPAL, Águas Rio de
5 plena 1998 25 5.417 0
de Búzios de Portugal Janeiro
Arraial EBAL, EPAL, Águas Rio de
6 plena 1998 25 3.288 0
do Cabo de Portugal Janeiro
Birigüi 7 água, BOT poço Hidrogesp, Colina 32.439 31.720
Bom Global Engenharia, Minas
8 plena 2002 25
Sucesso Planex Consultoria Gerais
EBAL, EPAL, Águas Rio de
Cabo Frio 9 plena 1998 25 27.233 0
de Portugal Janeiro
Cachoeiro Águia Branca, Espírito
10 plena 1998 30 41.620 35.029
de Itapemirim CEPEMAR Santo
Earth Tech, DH
sub-concessão
Perfuração de Poços,
água, BOT ETA,
Cajamar 11 Rek, JNS Eng., 13.113 8.414
captação, adutora,
Serviços Técnicos
EEA, reservatório
Ambientais
Campo Equipav S/A e Heber Mato Grosso
12 plena 2000 30 172.616 34.988
Grande Partic. Ltda do Sul
Developer, Carioca,
Campos dos Rio de
13 plena Queiroz Galvão, 1999 30 70.990 26.661
Goytacazes Janeiro
Cowan, Trana
Mato
Carlinda 14 plena Perenge Engenharia 2004 30 1.118
Grosso
Mato
Cláudia 15 plena Perenge Engenharia 2004 30 2.120 100
Grosso
Fortaleza 16 contrato gestão Hydrosistem Ceará 1998 5 544.406 284.168
Rio de
Guapimirim 17 plena Emissão Engenharia 2001 30 4.483 0
Janeiro
Guará 18 plena Hidrogesp São Paulo 2000 25 5.935 5.653
Perenge Engenharia
Guarantã Mato
19 plena e Paula Regina 2001 30 4.383 0
do Norte Grosso
Fujisawa Raposo
Iguaba EBAL, EPAL, Águas Rio de
20 plena 1998 25 6.895 0
Grande de Portugal Janeiro
Construtora Santa
Itapema 21 plena 2004 25 10.797
Nascimento Catarina
Itu 22 esgoto Cavo 43.501 41.749
água BOT parcial
Resil, Earth Tech,
Jaú 23 capt + aduç + ETA 42.067 41.710
Tejofran, Brick, L.S.
agua
Augusto Velloso,
Jundiaí 24 esgoto (BOT ETE) 89.431 85.236
Coveg, Tejofran
Nascimento Mato
Juscimeira 25 plena 2000 2.937 0
Engenharia Grosso

158
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Ano Prazo Lig Lig


Municípios Seq Modalidade Empresa Estado
Início (anos) Água Esgoto

Suez Environment / São


Limeira 26 plena 1996 30 81.897 80.865
Lumina Paulo
Villanova
São
Mairinque 27 plena Engenharia; 1997 30 9.526 7.326
Paulo
Guaimbê Engenharia
DRMA - Suez
Manaus 28 plena Amazonas 2000 30 241.095 23.943
Ambiental
Nascimento Mato
Marcelândia 29 plena 2000 1.939
Engenharia Grosso
água, BOT poço, Hidrogesp, Telar,
Marília 30 adutora, Paineira, Colina, 66.723 66.693
reservatório Jamp
MBP, Branco Peres,
Matão 31 esgoto 21.497 21.543
Emissão, Holding
Mato
Matupá 32 plena Perenge Engenharia 2001 30 2.371 0
Grosso
esgoto coleta +
São
Mauá 33 gestion comercial Gautama 2003 30 86.862 70.890
Paulo
(A+E)
Mineiros São
34 plena Saneciste 1995 20
do Tietê Paulo
São
Mirassol 35 plena Edson Luiz / Andréia 2003 5
Paulo
Developer, Cowan,
Rio de
Niterói 36 plena Carioca, Queiroz 1999 30 79.231 43.550
Janeiro
Galvão, Trana
Encomind Mato
Nobres 37 plena 1999 30 2.863 0
Engenharia Grosso
Nova Earth Tech, Tyco Rio de
38 plena 1999 25 32.764 31.446
Friburgo Group Janeiro
Nova Mato
39 plena José Vidal de Oliveira 2000 4.873 440
Xavantina Grosso
água (BOT poço Earth Tech, DH
Ourinhos 40 31.862 31.297
profundo) Perfuração
alienação parcial
Palmas 41 EMSA Tocantins 1998 47.659 17.945
capital
Global Engenharia, Minas
Paraguaçu 42 plena 2000 30 4.881 4.770
Planex Consultoria Gerais
sub-concessão Castilho, Porto de
Paranaguá 43 Paraná 1997 28 27.951 9.564
plena Cima
Developer, Queiroz
sub-concessão Rio de
Petrópolis 44 Galvão, Cowan, 1998 30 39.849 32.101
plena Janeiro
Trana
Pontes e Mato
45 plena Agrimat 2001 30 5.635 1.284
Lacerda Grosso
Kullinan Engenharia,
Primavera Filadelfo dos Reis Mato
46 plena 2000 30 6.751 2.219
do Leste Dias, Assis Marcos Grosso
Gurgacz
Ribeirão Tratamento esgoto
47 OHL, INIMA, REK 163.731 157.555
Preto BOT 2 ETE's
Santa Nascimento Mato
48 plena 2000 730
Carmem Engenharia Grosso
São Carlos 49 água Hidrogesp 68.839 68.378
São Pedro EBAL, EPAL, Águas Rio de
50 plena 1998 25 18.402 0
da Aldeia de Portugal Janeiro
Developer, Cowan,
Rio de
Saquarema 51 plena Erco, EIT, Queiroz 1998 25 11.344 0
Janeiro
Galvão, Trana
Developer, Cowan,
Rio de
Silva Jardim 52 plena Erco, EIT, Queiroz 1998 25 4.419 0
Janeiro
Galvão, Trana
Mato
Sorriso 53 plena Perenge Engenharia 2000 30 10.970 0
Grosso
Nascimento Mato
União do Sul 54 plena 2004 721
Engenharia Grosso
Fonte: Elaboração dos Autores.

159
TABELA 5.2 - Processo de Eliminação e Agrupamento de Municípios.
Ano Prazo Seq5
Municípios Seq Modalidade Estado Seq2 Seq3 Seq4
Início anos

UNIVERSO PESQUISADO

Araruama 2 plena Rio de Janeiro 1998 25 2 1 1 1

Arenápolis 4 plena Mato Grosso 2000 4 3 3 2

Bom Sucesso 8 plena Minas Gerais 2002 25 6 5 4 3

Cabo Frio 9 plena Rio de Janeiro 1998 25 7 6 5 4

Cachoeiro de Itapemirim 10 plena Espírito Santo 1998 30 8 7 6 5

Campo Grande 12 plena Mato Grosso do Sul 2000 30 10 8 7 6

Campos dos Goytacazes 13 plena Rio de Janeiro 1999 30 11 9 8 7

Cláudia 15 plena Mato Grosso 2004 30 13 11 10 8

Guapimirim 17 plena Rio de Janeiro 2001 30 15 12 11 9

Guará 18 plena São Paulo 2000 25 16 13 12 10

Guarantã do Norte 19 plena Mato Grosso 2001 30 17 14 13 11

Itapema 21 plena Santa Catarina 2004 25 18 15 14 12

Limeira 26 plena São Paulo 1996 30 23 18 16 13

Mairinque 27 plena São Paulo 1997 30 24 19 17 14

Manaus 28 plena Amazonas 2000 30 25 20 18 15

Marcelândia 29 plena Mato Grosso 2000 26 21 19 16

Matupá 32 plena Mato Grosso 2001 30 29 22 20 17

Mauá 33 plena São Paulo 2003 30 30 23 21 18

Mineiros do Tietê 34 plena São Paulo 1995 20 31 24 22 19

Niterói 36 plena Rio de Janeiro 1999 30 33 26 23 20

Nobres 37 plena Mato Grosso 1999 30 34 27 24 21

Nova Friburgo 38 plena Rio de Janeiro 1999 25 35 28 25 22

Nova Xavantina 39 plena Mato Grosso 2000 36 29 26 23

Palmas 41 plena Tocantins 1998 38 30 27 24

Paraguaçu 42 plena Minas Gerais 2000 30 39 31 28 25

Paranaguá 43 plena Paraná 1997 28 40 32 29 26

Petrópolis 44 plena Rio de Janeiro 1998 30 41 33 30 27

Pontes e Lacerda 45 plena Mato Grosso 2001 30 42 34 31 28

Primavera do Leste 46 plena Mato Grosso 2000 30 43 35 32 29

Santa Carmem 48 plena Mato Grosso 2000 45 36 33 30

Sorriso 53 plena Mato Grosso 2000 30 47 37 34 31

Fonte: Elaboração dos Autores.

160
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA 5.3 - Processo de Eliminação e Agrupamento de Municípios.


Ano Prazo Seq Seq Seq Seq
Municípios Seq Modalidade Estado 5
Início (anos) 2 3 4

ELIMINADOS

Especiais

Araújos 3 plena Minas Gerais 2002 30 3 2 2 401

Carlinda 14 plena Mato Grosso 2004 30 12 10 9 402

Juscimeira 25 plena Mato Grosso 2000 22 17 15 403

União do Sul 54 plena Mato Grosso 2004 48 38 35 404

Est. de São Paulo

Birigüi 7 água, BOT poço 5 4 301

Itu 22 esgoto 19 16 302

Mirassol 35 plena São Paulo 2003 5 32 25 303

Modalidade
esgoto (BOT
Araçatuba 1 1 201
tratamento)
sub-concessão
água, BOT ETA,
Cajamar 11 9 202
captação, adutora,
EEA, reservatório
Fortaleza 16 contrato gestão Ceará 1998 5 14 203
água BOT parcial
Jaú 23 capt + aduç + ETA 20 204
agua
Modalidade

Jundiaí 24 esgoto (BOT ETE) 21 205


água, BOT poço,
Marília 30 adutora, 27 206
reservatório
Matão 31 esgoto 28 207
água (BOT poço
Ourinhos 40 37 208
profundo)
Tratamento
Ribeirão Preto 47 esgoto BOT 2 44 209
ETE's
São Carlos 49 água 46 210

Agrupados

Saquarema 51 plena Rio de Janeiro 1998 25 101

Silva Jardim 52 plena Rio de Janeiro 1998 25 102

Armação de Búzios 5 plena Rio de Janeiro 1998 25 103

São Pedro da Aldeia 50 plena Rio de Janeiro 1998 25 103

Arraial do Cabo 6 plena Rio de Janeiro 1998 25 104

Iguaba Grande 20 plena Rio de Janeiro 1998 25 105

Fonte: Elaboração dos Autores.

161
O cruzamento desses dois critérios sobre os 31 Municípios está na TABELA 5.4.

Os resultados do cruzamento sugerem a criação de quatro estratos para orientação do


plano amostral:

• Estrato 1: formado pelos 7 Municípios sem maturidade, independente da região.


• Estrato 2: formado por 8 Municípios com maturidade, da região CO.
• Estrato 3: Manaus.
• Estrato 4: formado por 15 Municípios das regiões Sul e Sudeste, com
maturidade.

A TABELA 5.5 descreve o universo da pesquisa de satisfação por estrato: 31


Municípios com 850.497 domicílios ligados no sistema de água na data da implantação do
serviço. Além disso, pretende-se garantir precisão estatística para comparação das
respostas entre moradores de baixa renda e os demais. Devido à falta de informações a
priori sobre a classificação econômica dos domicílios ligados às redes, esse controle deverá
ser feito dentro do plano amostral.

5.1.3. Plano Amostral

Optou-se por um plano amostral probabilístico estratificado duplo e em múltiplos


estágios.

Uma variável secundária a ser controlada no plano amostral foi o tamanho do


Município, este sempre medido por LIG ATIVAS. Para garantir a representatividade dos
diferentes tamanhos de Municípios na amostra, criaram-se substratos em função do
tamanho, representados pela coluna ZONA da TABELA 5.6.

TABELA 5.4 - Distribuição dos Municípios Segundo a Região


e a Maturidade dos Municípios.
(a) Municípios (b) Ligações de Água
Maturidade Maturidade
Região Região
Não Sim Total Não Sim Total

6 8 14 CO 19.202 236.650 255.852


CO
1 1 N 24.719 24.719
N
1 1 2 S 157.260 32.009 189.269
S
14 14 SE 380.657 380.657
SE
7 24 31 Total 176.462 674.035 850.497
Total
Fonte: Elaboração dos Autores.

TABELA 5.5 - Número de Ligações Ativas


e Municípios por Estrato.
Estrato Ligações Ativas N.º Municípios

1 19.202 6

2 195.765 8

3 198.145 1

4 437.385 16

Total 85.0497 31

Fonte: Elaboração dos Autores

162
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA 5.6 - Dados do Universo da Pesquisa de Satisfação e Impacto


Quantidades Quantidades Quantidades Diferença
Ano
de Ligações de Ligações de Ligações Dif. Atuais
Início da Maturidade Domicílios
UF Município de Água de Água Região Estrato de Água Zona Censo Ativas
Concessão Informação (6) permanentes
Ativas Total Ativas (8) (NOVAS)
(3)
(4) (5) (7)
MT Arenápolis . 1999 2.128 2.128 CO N 1 2.128 2.756 11 735 0
MT Cláudia 2004 2002 2.000 2.120 CO N 1 2.000 2.039 11 162 120
MT Marcelândia 2000 1999 1.096 1.939 CO N 1 1.096 2.432 11 803 843
MT Santa Carmem 2000 1999 493 730 CO N 1 493 488 11 0 237
MT Nova Xavantina 2000 1999 4.035 4.873 CO N 1 4.035 4.072 12 304 838
SC Itapema 2004 n.d. n.d. 10.797 CO N 1 9.450 7.236 13 565 1.347

MT Guarantã do Norte 2001 1999 789 4.383 CO S 2 789 4.897 21 3.835 3.594

MT Matupá 2001 1999 420 2.371 CO S 2 420 2.287 21 1.179 1.951

MT Nobres 1999 1997 2.459 2.863 CO S 2 2.459 2.882 21 273 404

MT Pontes e Lacerda 2001 1999 3.195 5.635 CO S 2 3.195 7.833 21 4.317 2.440

MT Primavera do Leste 2000 1997 2.320 6.751 CO S 2 2.320 9.550 21 5.017 4.431

MT Sorriso 2000 1999 4.833 10.970 CO S 2 4.833 8.355 21 1.260 6.137


TO Palmas 1998 1997 24.489 47.659 CO S 2 24.489 34.355 22 1.821 23.170
MS Campo Grande 2000 1998 157.260 172.616 S N 2 157.260 183.302 23 20.523 15.356
AM Manaus 2000 1999 198.145 241.095 CO S 3 198.145 324.620 30 80.210 42.950
MG Bom Sucesso n.d. 2002 n.d. 3.727 SE S 4 3.922 3.735 41 8 -195
RJ Guapimirim 2001 2001 1.285 4.483 SE S 4 1.285 7.201 41 3.498 3.198
SP Guará 2000 1998 4.530 5.935 SE S 4 4.530 5.088 41 136 1.405
SP Mairinque 1997 1999 8.090 9.526 SE S 4 8.090 9.224 41 250 1.436
SP Mineiros do Tietê 1995 n.d. n.d. 2.963 SE S 4 2.789 2.980 41 16 174
MG Paraguaçu 2000 2004 4.826 4.881 SE S 4 4.826 4.066 41 56 55
RJ Araruama (Amplo) (1) 1999 1998 32.009 36.064 S S 4 32.009 40.273 42 16.198 4.055

RJ Cabo Frio (Amplo) (2) 1998 1998 32.508 61.235 SE S 4 32.508 62.422 42 21.311 28.727

ES Cachoeiro de Itapemirim 1998 1997 29.514 41.620 SE S 4 29.514 43.702 42 1.107 12.106

PR Paranaguá 1997 1998 24.719 27.951 N S 4 24.719 33.199 42 3.311 3.232

RJ Petrópolis 1998 1995 24.511 39.849 SE S 4 24.511 80.160 42 38.189 15.338

RJ Nova Friburgo 1999 1999 41.326 32.764 SE S 4 41.326 47.199 43 6.096 -8.562

RJ Niterói 1999 1998 41.496 79.231 SE S 4 41.496 143.823 44 30.934 37.735

RJ Campos dos Goytacazes 1999 1998 44.611 70.990 SE S 4 44.611 100.575 45 26.523 26.379
SP Limeira 1996 1996 59.808 81.897 SE S 4 59.808 66.142 46 502 22.089
SP Mauá 2003 2002 81.441 86.862 SE S 4 81.441 98.969 47 1.555 5.421

163
Quantidades Quantidades Quantidades Diferença
Ano
de Ligações de Ligações de Ligações Dif. Atuais
Início da Maturidade Domicílios
UF Município de Água de Água Região Estrato de Água Zona Censo Ativas
Concessão Informação (6) permanentes
Ativas Total Ativas (8) (NOVAS)
(3)
(4) (5) (7)
Total 834.336 1.106.908 850.497 270.693 256.411
Fonte: SNIS (1995-2004); IBGE (2000)
(1) Araruama / Saquarema / Silva Jardim
(2) Armação dos Búzios / Arraial do Cabo / Cabo Frio / Iguaba Grande / S. Pedro da Aldeia
(3) Em alguns casos não havia informação para o ano imediatamente anterior ao início da concessão
(4) Quantidade de ligações de água. Informação referente ao ano imediatamente anterior ao início da concessão, conforme SNIS.
(5) Informação referente ao ano imediatamente anterior ao início da concessão, conforme SNIS.
(7) Atribuído o número de ligações atuais para os Municípios de Bom Sucesso, Itapema e Mineiros de Tietê, de acordo com o Censo DemoGRÁFICO 2000.
(8) Diferença no Censo entre domicilios particulares permanentes e domicilios permanentes com ligação de água

164
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

5.1.4. Amostra

Inicialmente fez-se a alocação das 2.400 unidades previstas pelos quatro estratos de
interesse e atribuíram-se 400 unidades para cada um dos quatro estratos. As 800 unidades
restantes foram distribuídas entre os estratos 2 e 4, aproximadamente, de maneira
proporcional ao número de ligações ativas. Embora os estratos 2 e 3 tivessem mais ou
menos o mesmo tamanho, optou-se por manter o número de 400 unidades para o estrato
3, pois ele compreende apenas um Município (Manaus). Dentro de cada um desses
estratos, os Municípios foram ordenados por tamanho (ver TABELA 5.7)

Portanto, em função do tamanho da sua contribuição para os resultados da pesquisa,


resolveu-se garantir a presença dos maiores Municípios na amostra, ou seja, atribuir a
esses Municípios a probabilidade 1 de ser selecionado. Na realidade, pode-se considerar
esta nova divisão em substratos, pois poderíamos produzir estimativas para cada um deles
separadamente, embora com baixa precisão, uma vez que o número de unidades
entrevistadas será bastante pequeno. Apenas para diferenciar a notação, iremos chamar
esta nova divisão em 15 estratos de ZONAS.

A alocação do número de entrevistas para cada zona dentro do respectivo estrato foi
aproximadamente proporcional ao tamanho da ZONA. A alocação da amostra pelos
Municípios sorteados encontra-se na TABELA 5.7.

Em resumo, o plano amostral adotado foi o seguinte:

• Os Municípios foram divididos em quatro grandes estratos, para os quais a amostra


responderá com precisão bastante alta.
• Para controlar o tamanho dos Municípios, eles foram agrupados, dentro de cada
estrato, em 15 substratos (indicados por ZONA).
• Dentro de cada Zona foram sorteados a Municípios com probabilidade proporcional
ao tamanho ou com probabilidade igual a 1, quando a zona contivesse apenas um
Município.
• Para cada Município selecionado foram sorteados b Setores Censitários (SC) com
probabilidade proporcional ao número de domicílios particulares permanentes
levantados pelo Censo DemoGRÁFICO do IBGE, em 2000, do seguinte modo:
i. Identificar o número de SC existentes no Município.
ii. Ordenar os SC pela renda média do chefe.
iii. Dividir os SC em b/2 estratos implícitos de mesmo número de domicílios
particulares permanentes.
iv. De cada estrato implícito, sortear dois SC com probabilidade proporcional ao
seu tamanho.
• Para atualizar as informações do Censo, arrolaram-se de forma sistemática 10% dos
domicílios existentes. Além do arrolamento para identificar as alterações no número
de domicílios, também foi aplicado um questionário rápido (ver questionário filtro)
para identificar se o domicílio satisfazia às condições de:
• “Conectado” (ver definição no item População de interesse, acima), para aplicação
do questionário de satisfação.
• “Não-conectado” (ver definição no item População de interesse, abaixo) para
aplicação do questionário de impacto.

165
• Classificar o domicílio em baixa renda ou não (ver a definição dos pontos de corte na
TABELA 5.7), para garantir representatividade desses dois domínios de interesse da
pesquisa.
• Dentro de cada Município sorteou-se, com igual probabilidade, c domicílios, fixando-
se a priori o número de domicílios de baixa renda e os de mais alta renda que
deveriam ser entrevistados, de tal modo que aproximadamente a metade das
entrevistas deveria ser de moradores com rendas mais baixas e a outra metade com
rendas mais altas. A TABELA 5.8 apresenta um resumo das unidades sorteadas e as
respectivas alocações por Municípios e setores.
• Nas zonas onde houve sorteio de Municípios (11,21. 41 e 42), estes foram feitos com
probabilidade proporcional ao tamanho. A alocação do número de unidades foi
mantida constante em cada um deles.

Os Municípios sorteados e o número de unidades a serem sorteadas em cada um


estão listados na TABELA 5.7.

166
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA 5.7 - Estratos, Zonas, Municípios Sorteados e Alocação da Amostra


Quantidades Alocação
Maturidade de ligações de Total Alocação Municípios auto Municípios Alocação por
UF Município Região Estrato Zonas
(6) Água -Ativas estrato Inicial representados Sorteados por ZONA Município
(7)
MT Santa Carmem CO N 1 493 11 s 70

MT Marcelândia CO N 1 1.096 11

MT Cláudia CO N 1 2.000 11

MT Arenápolis CO N 1 2.128 11 s 140 70

MT Nova Xavantina CO N 1 4.035 s 12 s 70 70

SC Itapema CO N 1 10.797 20.549 400 s 13 s 190 190

MT Matupá CO S 2 420 21

MT Guarantã do Norte CO S 2 789 21

MT Primavera do Leste CO S 2 2.320 21 s 40

MT Nobres CO S 2 2.459 21 s 40

MT Pontes e Lacerda CO S 2 3.195 21 s 40

MT Sorriso CO S 2 4.833 21 120

TO Palmas CO S 2 24.489 s 22 s 120 120

MS Campo Grande S N 2 157.260 195.765 400+160 s 23 s 320 320

AM Manaus CO S 2 198.145 198.145 400 s 30 s 400 400

PR Paranaguá N S 3 24.719 41

RJ Guapimirim SE S 4 1.285 41 s 40

SP Mineiros do Tietê SE S 4 2.963 41

MG Bom Sucesso SE S 4 3.727 41

SP Guará SE S 4 4.530 41

MG Paraguaçu SE S 4 4.826 41 s 40

SP Mairinque SE S 4 8.090 41 s 120 40

RJ Petrópolis SE S 4 24.511 42 s 110

ES Cachoeiro de Itapemirim SE S 4 29.514 42 110

RJ Araruama (Amplo) (1) S S 4 32.009 42 s 110

RJ Cabo Frio (Amplo) (2) SE S 4 32.508 42 330

RJ Nova Friburgo SE S 4 41.326 s 43 s 94 94

167
Quantidades Alocação
Maturidade de ligações de Total Alocação Municípios auto Municípios Alocação por
UF Município Região Estrato Zonas
(6) Água -Ativas estrato Inicial representados Sorteados por ZONA Município
(7)
RJ Niterói SE S 4 41.496 s 44 s 94 94

RJ Campos dos Goytacazes SE S 4 44.611 s 45 s 100 100

SP Limeira SE S 4 59.808 s 46 s 132 132

SP Mauá SE S 4 81.441 412.645 400+640 s 47 s 170 170


Total 851.823 2400 2400 2400

Fonte: Elaboração dos Autores.

168
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA 5.8- Unidades Sorteadas e Respectivas Alocações.


Amostra Amostra Corte(SM) Total de SC a Nº dom
ID Municípios Estrato ZONA dom/SC
Satisfação Impacto Renda familiar SC sortear

1 Arenápolis 1 11 70 0 3 15 6 12 72

4 Santa Carmem 1 11 70 0 5 2 2 35 70

3 Nova Xavantina 1 12 70 0 3 15 6 12 72

2 Itapema 1 13 190 0 5 36 14 14 196

6 Nobres 2 21 40 0 3 11 4 10 40

8 Pontes e Lacerda 2 21 40 0 3 27 4 10 40

9 Primavera do Leste 2 21 40 22 5 17 4 10 40

7 Palmas 2 22 120 56 4 124 10 12 120

5 Campo Grande 2 23 320 36 4 686 24 13 312

10 Manaus 3 30 400 102 3 1586 30 13 390

13 Guapimirim 4 41 40 50 3 25 4 10 40

15 Mairinque 4 41 40 0 5 34 4 10 40

19 Paraguaçu 4 41 40 0 4 16 4 10 40

11 Araruama Amplo 4 42 110 14 3 178 8 14 112

20 Paranaguá 4 42 110 16 4 125 8 14 112

21 Petrópolis 4 42 110 70 5 354 8 14 112

18 Nova Friburgo 4 43 94 18 5 211 8 12 96

17 Niterói 4 44 94 88 5 697 8 12 96

12 Campos dos Goytacazes 4 45 100 62 3 435 8 13 104

14 Limeira 4 46 132 52 5 337 10 13 130

16 Mauá 4 47 170 14 5 386 12 14 168

Totais 2400 600 186 2402

Fonte: Elaboração dos Autores.

169
5.1.5. Desempenho do Campo

Os Municípios sorteados e as alocações dos números de Setores Censitários e


domicílios a serem sorteados foram encaminhados ao IBOPE, responsável pelo trabalho de
levantamento de dados no campo.

Para controlar o sorteio da amostra com domicílios de interesse da pesquisa e também


garantir a presença de domicílios de baixa e alta renda, utilizou-se um processo de
amostragem dupla. Na primeira etapa, contou-se o número de domicílios existentes (D´) e
aplicou-se o questionário-filtro em 10% dos domicílios. Esse questionário permitiu identificar e
contar o número de domicílios ligados à rede antes da PSP e ainda a sua classificação com
baixa (DA1´) ou alta renda (DA2´). De posse desses números, é possível estimar o total de
domicílios de baixa ou alta renda no SC, por meio da fórmula D´[DAi´/( DA1´+ DA2´]. Como em
cada Setor Censitário estava previsto um número c de domicílios desse tipo, tem-se uma
estimativa da probabilidade de sorteio de um domicilio de baixa ou alta renda ligado à rede
antes da introdução da PSP.

Observam-se na TABELA 5.8 os cortes de renda estabelecidos para cada Município.


Esses limites foram arbitrados em função da distribuição de renda do Município, segundo os
dados do censo de 2000, procurando garantir a presença de baixa renda entre 40% e 60%. A
distribuição das rendas encontra-se na TABELA 5.11. Esta opção foi usada apenas para
contagem dos tipos de domicílios existentes no setor e posterior cálculo dos respectivos pesos
amostrais. Para comparação de resultados entre domínios de baixa e alta renda, os limites
podem ser fixados independentemente deste critério utilizado no plano amostral.

Na TABELA 5.9 pode-se observar que o desempenho da coleta de dados esteve muito
próximo dos valores estabelecidos pelo plano amostral. Houve apenas uma seleção um pouco
maior de domicílios de baixa renda, mas, como já foi mencionado, este desbalanceamento foi
corrigido na ponderação dos dados.

O questionário-filtro foi respondido por qualquer adulto morador do domicílio, enquanto


que o questionário principal deveria ser respondido preferencialmente pela dona de casa.

170
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA 5.9 - Desempenho da Amostra em Campo.


Plano Amostral Desempenho do Campo

ID Municipio Estrato Zona Satisfação


Impacto Satisfação Impacto
NPB PB Total

1 Arenápolis 1 11 0 72 34 38 72

4 Santa Carmem 1 11 0 70 9 28 37

3 Nova Xavantina 1 12 0 72 31 43 74

2 Itapema 1 13 0 196 65 131 196

6 Nobres 2 21 0 40 20 20 40

8 Pontes e Lacerda 2 21 0 40 19 26 45

9 Primavera do Leste 2 21 22 40 11 18 29 22

7 Palmas 2 22 56 120 54 72 126 57

5 Campo Grande 2 23 36 312 136 186 322 36

10 Manaus 3 30 102 390 190 200 390 104

13 Guapimirim 4 41 50 40 21 21 42 50

15 Mairinque 4 41 0 40 21 19 40

19 Paraguaçu 4 41 0 40 18 22 40

11 Araruama Amplo 4 42 14 112 53 59 112 14

20 Paranaguá 4 42 16 112 44 67 111 16

21 Petrópolis 4 42 70 112 45 67 112 72

18 Nova Friburgo 4 43 18 96 41 56 97 19

17 Niterói 4 44 88 96 50 47 97 90

12 Campos dos Goytacazes 4 45 62 104 54 49 103 62

14 Limeira 4 46 52 130 63 68 131 53

16 Mauá 4 47 14 168 46 122 168 15

Totais 600 2402 1025 1359 2384 610


Fonte: Elaboração dos Autores.

5.1.6. Cálculo dos Pesos

5.1.6.1. Nomenclatura
i. Índices
h= Zona
i= Município
j= Setor censitário
k= Domicílio
l= Domínio indicando baixa ou alta renda

ii. Variáveis
LA = Ligações Ativas (SNIS)
D = domicílios particulares no Censo (IBGE)

171
D'= domicílios particulares contados. (IBOPE)
DA’=domicílios entrevistados no arrolamento e classificados segundo a renda.
a = número Municípios sorteados (plano amostral)
b = número de SC sorteados (plano amostral)
c = número efetivo de casas entrevistadas (IBOPE)

PROBALIDADE ESPERADA DO DOMICILIO I PERTENCER A AMOSTRA A NO DOMÍNIO I.

ah .LAhk bhi .Dhij chijkl


P( I hkli ∈ Al ) = ⋅ ⋅
∑ LAhk ∑ Dhkj D'hkl .
'
DAhijl
∑ DAi
'
hijl

O inverso desta probabilidade será o peso (whijkl) de expansão para cada unidade da
pesquisa.

Os pesos foram calibrados de modo que o total reproduzisse o total de ligações ativas no
universo da pesquisa.

5.1.7. Estimadores

Cada unidade k entrevistada tem, portanto, associado um peso wk, que é o inverso da
sua probabilidade de inclusão. A soma desses pesos reproduz o total do universo de interesse
da pesquisa, descrito acima. Neste caso, tem-se que Σwk=850.497.

Uma estatística-chave no cálculo de várias características de uma variável qualquer Y é o


seu total ponderado na amostra, dado pela expressão Ty=Σwkyk, onde yk é o valor observado
da característica Y para o k-ésimo domicílio da amostra. Por exemplo, um estimador não
viesado da média populacional é a média ponderada na amostra Σwkyk/Σwk. A grande maioria
das estatísticas empregadas nas análises em tela pode ser expressa como sendo do tipo razão
r=Ty/Tx , onde T são estimadores dos totais das características de interesse X e Y, portanto,
seriam também estimadores populacionais adequados.

A estimação de proporções é uma aplicação direta do estimador razão, descrito


anteriormente. Exemplificando: para estimar a proporção de domicílios de baixa renda
satisfeitos com o serviço, basta estimar ponderadamente o número Ty de domicílios nessa
situação e dividir pelo número Tx estimado de domicílios de baixa renda. Ou seja, o quociente
px=Ty/Tx .

É necessária aqui uma palavra de atenção. Como as estimativas indicam valores para o
universo, às vezes imagina-se que sejam valores muito grandes para não considerar as
possíveis variações amostrais. Recomenda-se olhar os resultados com e sem pesos e
determinar os erros amostrais correspondentes.

O cálculo dos erros dos estimadores em planos amostrais complexos exige pacotes
especiais para o seu cálculo; nesta pesquisa, optou-se pelas sub-rotinas específicas do SPSS.

Para a obtenção de estimativas com adequada precisão, os procedimentos


recomendados na apuração dessas estatísticas são:

• uso de sistema de ponderação para produzir estimativas;


• emprego intensivo de estimadores razões, e

172
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

• uso de pacotes específicos do SPSS para estimar os erros amostrais.

5.2. Pesquisa de Impacto

5.2.1 Unidade de Análise

"Domicílio cujos moradores habitam aquele domicílio antes e depois da PSP e que depois
da PSP foram conectados a algum serviço que não tinham antes, seja água, esgoto ou
ambos".

5.2.2. Sistema de referência.

A obtenção de um sistema de referência para dimensionamento desse universo é muito


mais problemática.

Dados do SNIS apresentavam duas informações que poderiam dar uma boa
aproximação deste dimensionamento: a diferença entre ligações atuais e ativas, apresentada
na TABELA 5.6 (variável NOVAS). Porém, estas informações apresentaram alguns resultados
discrepantes. Diferenças negativas, indicaram possível diminuição de ligações.

Os dados do Censo revelam o universo potencial de possíveis ligações, medido pela


diferença entre domicílios particulares permanentes e domicílios com ligações de água, uma
vez que não se sabe se todos esses iriam se ligar ao sistema. Na TABELA – V.9 têm-se duas
estimativas possíveis desse universo. Pode-se notar que, no total, os resultados são bastante
próximos, entretanto, nos estratos, as diferenças ficam mais acentuadas.

Usou-se uma combinação das duas informações para identificação desse universo e
sorteio da amostra, indicado pela variável NOVAS.

5.2.3. Amostra

Para esta pesquisa, estabeleceu-se que o tamanho da amostra seria de 600 domicílios.
Para aproveitar o trabalho de campo e integrar os dois levantamentos, foram usados os
mesmos Municípios já sorteados na pesquisa de satisfação. A alocação foi feita proporcional à
variável NOVAS.

Devido ao número muito pequeno de unidades que seriam entrevistadas, eliminou-se da


pesquisa o estrato 1. A alocação dos domicílios pelos estratos encontra-se na TABELA 5.8,
enquanto que na TABELA 5.9 tem-se os números obtidos em campo.

Em alguns Municípios foi muito difícil encontrar domicílios que satisfizessem às


condições exigidas para entrevista, e, desse modo, foi preciso ampliar a pesquisa para outros
setores censitários além daqueles sorteados para a primeira pesquisa.

O sistema de ponderação foi estabelecido para reproduzir os resultados dos três estratos
da pesquisa e o universo potencial do Censo de 2000, isto é, Σwk=268.125, obtido pela soma
dos estratos 2, 3 e 4 da TABELA 5.10.

173
5.2.4. Distribuição de Renda

Para estabelecer os pontos de corte a fim de garantir a presença de moradores de baixa


e alta renda relativas, dentro de cada Município, usou-se a distribuição de renda do Censo de
2000, conforme apresentado na TABELA 5.11. Procurou-se manter em cada Município um
valor que garantisse uma porcentagem de baixa renda em torno de 40 a 60%, pretendendo-se,
desse modo, encontrar facilmente os domicílios para aplicação dos questionários. Os pontos
estabelecidos aparecem na TABELA 5.8. Esses valores foram usados apenas no questionário-
filtro e serviram, junto com o arrolamento do setor, para estabelecer os pesos de cada
domicílio. Veja a descrição anterior sobre cálculo dos pesos.

Para estudo das diferenças entre as opiniões de moradores de alta e baixa renda, pode-
se usar qualquer ponto de corte de interesse. Neste estudo, sugere-se usar três salários
mínimos, pois garante-se uma freqüência equilibrada de domicílios nas duas categorias.

TABELA 5.10 - Universo da Pesquisa de Impacto


Segundo dados do SNIS e Censo 2000

Estrato SNIS Censo

1 3 385 2 569

2 57 483 38 225

3 42 950 80 210

4 152 593 149 690

Total 256 411 270 693

Fonte: Elaboração dos Autores.

174
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA 5.11 - Distribuição das Rendas nos Municípios da Pesquisa.

Município Corte SM zero até 1SM até 2sm até3sm até5sm até 10 sm até15sm até 20sm

4 Araruama Amplo RJ 3 4,1% 14,5% 30,5% 43,9% 63,3% 84,9% 92,4% 95,7%

1 Arenápolis MT 3 6,4% 23,5% 45,2% 57,7% 74,3% 90,0% 94,6% 97,3%

2 Campo Grande MS 4 2,8% 9,4% 22,7% 35,1% 54,4% 77,1% 85,4% 90,1%

4 Campos dos Goytacazes RJ 3 3,2% 15,0% 31,3% 45,8% 65,5% 84,9% 91,3% 94,7%

4 Guapimirim RJ 3 4,1% 12,2% 28,9% 44,0% 66,4% 88,6% 93,3% 96,4%

1 Itapema SC 5 2,7% 7,1% 17,3% 29,5% 52,5% 81,2% 89,5% 93,6%

4 Limeira SP 5 2,4% 6,6% 14,5% 24,9% 46,4% 76,3% 87,1% 92,3%

4 Mairinque SP 5 4,6% 7,9% 15,4% 28,6% 49,6% 80,6% 89,3% 94,3%

3 Manaus AM 3 7,5% 15,8% 31,4% 44,2% 62,3% 82,3% 89,1% 92,7%

4 Mauá SP 5 5,7% 9,9% 20,2% 31,5% 53,4% 82,2% 91,6% 96,0%

4 Niterói RJ 5 2,5% 6,3% 13,1% 20,0% 32,7% 53,7% 64,9% 73,6%

2 Nobres MT 3 4,2% 15,0% 32,2% 49,0% 71,7% 91,5% 95,7% 97,3%

4 Nova Friburgo RJ 5 1,7% 7,1% 17,7% 29,5% 52,0% 79,6% 89,2% 93,0%

1 Nova Xavantina MT 3 3,3% 16,3% 33,8% 50,7% 69,9% 88,7% 92,9% 95,3%

2 Palmas TO 4 3,8% 10,4% 23,8% 39,1% 57,7% 78,6% 86,1% 90,2%

4 Paraguaçu MG 4 0,9% 8,7% 24,5% 38,1% 61,7% 87,3% 91,1% 94,9%

4 Paranaguá PR 4 3,2% 9,7% 22,9% 34,7% 56,0% 81,2% 89,8% 93,6%

4 Petrópolis RJ 5 2,3% 7,4% 18,4% 29,9% 50,8% 76,6% 85,4% 90,5%

2 Pontes e Lacerda MT 3 3,9% 13,3% 31,9% 47,1% 66,1% 87,8% 93,0% 96,1%

2 Primavera do Leste MT 5 1,5% 4,7% 13,7% 25,8% 50,4% 78,2% 87,0% 91,1%

1 Santa Carmem MT 5 0,0% 0,8% 7,7% 18,6% 41,9% 74,6% 78,5% 82,9%

Total dos estratos 4,2% 11,1% 23,8% 35,9% 55,1% 78,0% 86,2% 90,8%

Fonte: IBGE, Censo DemoGRÁFICO 2000

175
5.2.5. Produto Final

Aos dados enviados pelo IBOPE, responsável pela aplicação dos questionários de
pesquisa, foram acrescentadas as colunas de pesos calculadas pelas fórmulas
anteriormente apresentadas. Esses arquivos, em formato SPSS, estão denominados
BD_conectados e BD_não-conectados.

5.3. Análise da Satisfação dos Usuários

5.3.1. Antecedentes

São apresentados os resultados obtidos através da pesquisa de satisfação realizada,


pesquisa esta que buscava avaliar eventuais mudanças na percepção da qualidade do
serviço dos usuários, produto dos processos de PSP conduzidos em alguns Municípios.

Considerando que os resultados da avaliação poderiam não ser uniformes, foi


identificada uma série de variáveis que poderiam influenciá-los, agrupando os Municípios em
segmentos ou clusters em função das semelhanças referentes a estas variáveis.

Outro aspecto relevante a se considerar tem relação com o fato de que a percepção
das pessoas em relação a um fenômeno específico carece normalmente de objetividade,
uma vez que sofre a influência de fatores que os entrevistados, de forma consciente, não
são capazes de isolar. Neste caso específico, relacionam-se aos julgamentos (positivos ou
negativos) que puderam ter a respeito dos processos de PSP.

O seguinte tema a ser considerado relaciona-se ao fato de que as PSP, em alguns


casos, ocorreram há mais de 15 anos, motivo pelo qual a avaliação da qualidade de serviço
anterior à PSP torna-se bastante difícil. Assim sendo, foram elaborados questionários de
avaliação com diferentes metodologias, os quais foram testados em campo, antes de
selecionar aquele que seria finalmente utilizado. Junto a isso, foi incluída uma série de
perguntas-filtro para maximizar a probabilidade de que o conteúdo de respostas válido para
a pesquisa pudesse avaliar as diferenças.

Inicialmente, havia sido estabelecido como metodologia a comparação atual entre os


Municípios em que foram realizados os processos de PSP e aqueles que, continuam nas
mãos de concessões municipais. Este caminho foi descartado pela equipe de trabalho, que
utilizou a metodologia aqui exposta, baseada em comparações no interior de um mesmo
Município

A seguir é efetuado um aprofundamento das questões aqui expostas e a descrição


sobre como elas foram abordadas para assegurar que os resultados entregues não
apresentassem pré-julgamento, produto de alguma delas, e que sua interpretação fosse
estatisticamente significativa. Desta forma, pode-se afirmar que os resultados das análises
obtidas através das pesquisas são completamente confiáveis, uma vez que todos os
resguardos necessários para evitar e isolar os rumos não-pertinentes foram tomados.

176
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

5.3.1.1. Agrupando os Municípios de Acordo com Suas Semelhanças

Foi construído um desenho amostral que permitiu isolar o efeito de variáveis exógenas
que pudessem influenciar os resultados obtidos, mediante a conFIGURAção de grupos de
Municípios similares em função destas variáveis. As variáveis consideradas, logo do
levantamento de hipóteses realizado, foram as seguintes:

• A área geográfica na qual se encontra o Município: referentes a este tema, foram


identificadas 3 áreas:
i. CO: Centro-Oeste.
ii. N: Norte.
iii. S-SE: Sul - Sudeste.

Ao se incorporar esta variável ao processo do desenho amostral, procurou-se controlar


uma série de aspectos ligados à área na qual se encontra o Município, o que, de outra
forma, seria muito difícil considerar (disponibilidade de aqüíferos, qualidade da água, etc.).
Dessa forma, a hipótese por trás da incorporação desta variável é que Municípios
pertencentes a uma mesma área enfrentam problemas similares, segundo a perspectiva do
estudo em curso.

• A maturidade da concessão é avaliada pela quantidade de anos que a empresa


privada leva operando a concessão. A utilização desta variável fundamenta-se na
hipótese de que, quanto mais tempo a empresa privada tiver permanecido a
cargo da concessão, mais tempo terá tido para solucionar os eventuais
problemas encontrados ao se fazer responsável, antes de começar a executar os
potenciais planos de investimentos comprometidos que geram o impacto
procurado na percepção de qualidade do serviço.
• O tamanho do Município é medido como o número de pessoas totais que ele
possui. A hipótese por trás da incorporação e controle desta variável é de que o
tamanho é relevante desde a perspectiva, por um lado, das economias de escala
obtidas na operação do Município, e por outro, da massa crítica mínima de
ligações requeridas para justificar, do ponto de vista financeiro, os investimentos
eventualmente requeridos para melhorar o serviço (com o conseqüente impacto
na percepção dos clientes).
• A presença de população economicamente carente é medida como a quantidade
e/ou porcentagem de lares com uma renda familiar inferior a 3 salários mínimos.
Esta variável está incluída porque, por um lado, existe a hipótese de que, quanto
maior a proporção de pessoas de baixa renda em um Município, maior será
também a resistência aos aumentos das tarifas eventualmente necessárias para
realizar os investimentos requeridos para gerar impactos na percepção de
qualidade do serviço dos usuários, e, por outro, porque os drivers que causam
impacto na qualidade de serviço percebida variam por grupo socioeconômico.

Em virtude do baixo número de Municípios, e a pequena população que nestes


habitam em relação ao total, foi considerado somente um agrupamento transversal dos
mesmos , cujas concessões não eram maduras:

177
TABELA 5.12 - Universo de Municípios Maduros

Maduro População Total Município

6.442 Araújos

11.958 Matupá

12.029 Mineiros do Tietê

14.983 Nobres

17.252 Bom Sucesso

20.473 Paraguaçu

20.516 Guará

32.940 Guarantã do Norte

41.632 Pontes e Lacerda

44.139 Guapimirim

46.570 Mairinque

48.326 Sorriso

51.208 Mirassol

SIM 53.881 Primavera do Leste

144.797 Paranaguá

177.388 Nova Friburgo

182.514 Araruama + outros

194.605 Cachoeiro de Itapemirim

208.165 Palmas

274.906 Limeira

304.846 Armação dos Búzios + outros

306.002 Petrópolis

406.242 Mauá

426.212 Campos dos Goytacazes

474.046 Niterói

734.164 Campo Grande

1.644.690 Manaus

Porcentagem Sobre a População Total 98%

Fonte: Elaboração dos Autores.

178
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA 5.13 - Universo de Municípios Não-Maduros

Maduro População Total Município

4.251 Santa Carmem

5.333 União do Sul

10.053 Carlinda

11.380 Cláudia

NÃO 12.762 Juscimeira

12.786 Arenápolis

17.353 Marcelândia

17.408 Nova Xavantina

30.309 Itapema

Porcentagem Sobre a População Total 2%

Fonte: Elaboração dos Autores.

Para assegurar a representatividade de todos os tamanhos de Municípios no estudo,


foi realizada uma estratificação destes, assegurando que em cada segmento extraído
existissem Municípios de todos os tamanhos (em vez de realizar um sorteio probabilístico
aleatório dos casos, em que existiria uma alta probabilidade de que somente estivessem
representados os Municípios grandes).

Finalmente, dentro de cada segmento, foram extraídas 2 amostras, uma, de população


de Baixa Renda e outra, de população de Não-Baixa Renda.

FIGURA 5.1- Desenho Amostral

Fonte: Elaboração dos Autores.

179
5.3.1.2. Isolando o Efeito das PSP

Levando em consideração que as percepções relativas às mudanças na qualidade de


serviço poderiam estar influenciadas por idéias preconcebidas (positivas ou negativas) dos
entrevistados, referentes aos processos genéricos de PSP, foi realizada uma série de
perguntas na pesquisa a fim de isolar seu efeito. As perguntas incluídas foram basicamente
de dois tipos:

• Avaliação de outras empresas e instituições públicas e privadas: foi solicitado aos


entrevistados que avaliassem uma série de outras empresas e instituições, tanto
públicas como privadas, para determinar se existiam julgamentos antecipados
específicos em alguma direção determinada. Foi solicitado que se avaliasse
especificamente:
i. Empresas/Instituições Públicas:
• Agências de correio.
• Coleta de lixo.
• Manutenção de ruas e parques.
ii. Bancos Públicos.
• Empresas/Instituições Privadas:
• Cinemas, teatros e parques de entretenimento.
• Bancos privados em geral.
• Educação privada.
• Redes de supermercados.

Foi analisada a avaliação feita pelos entrevistados com relação a cada uma delas,
além de comparar a média em nível de blocos dos dois grupos (promédio público versus
privado).

• Nível de concordância com afirmações: foi entregue uma série de afirmações


com opiniões de valor relativas às empresas e instituições tanto públicas quanto
privadas, e foi solicitado aos entrevistados que manifestassem o quão de acordo
se encontravam com cada uma delas:
iii. Empresas/Instituições Públicas:
• As empresas públicas são menos eficientes.
• As empresas públicas têm empregados mais capacitados.
• As empresas públicas trabalham para melhorar a qualidade de vida
das pessoas.
iv. Empresas/Instituições Privadas:
• As empresas privadas oferecem um serviço de melhor qualidade.
• As empresas privadas procuram levar mais vantagens à custa das
pessoas que utilizam seus serviços.
• As empresas privadas se preocupam apenas com as pessoas de
renda elevada.

Nas seções seguintes, quando são revistos os resultados em nível de grupos de


Municípios, são analisados os resultados obtidos em cada caso, e como tais resultados

180
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

permitem fazer inferências referentes à presença ou ausência de eventuais prejulgamentos


na avaliação de qualidade de serviço.

Adicionalmente, foi analisado o nível de conhecimento relativo à PSP em cada


Município (uma vez que faz sentido analisar eventuais prejulgamentos dos entrevistados
assim que tenham conhecimento do processo de PSP realizado no Município) e o
awareness dos serviços de saneamento, medido através do nível de recordação espontânea
da empresa de saneamento.

5.3.1.3. Contextualizando a Análise

Como já mencionado anteriormente, outro tema relevante relaciona-se à capacidade


do entrevistado de se recordar de fatos passados e, assim, estabelecer uma comparação
entre a qualidade de serviço recebida anteriormente à PSP e a situação atual.

Para abordar o período anterior, foram elaborados inicialmente dois tipos de


questionários diferentes:

• Um questionário com avaliações, no qual os entrevistados deveriam atribuir uma


nota (vinculada a uma escala semântica) para a qualidade de serviço tanto
anterior quanto posterior à PSP. Logo, mediante provas estatísticas, seriam
analisadas as diferenças (em magnitude e significância) entre ambas as
avaliações.
• Um questionário utilizando a chamada “Metodologia das Discrepâncias”, no qual
o pesquisador entregava uma opinião de valor referente a cada aspecto a ser
avaliado, em que se comparava a qualidade de serviço anterior à PSP com a
atual, devendo o entrevistado, simplesmente, manifestar seu nível de
concordância.

Foi realizado um pré-teste em campo, o que possibilitou a conclusão de que o


questionário que identificava o maior poder discriminante correspondia ao da Metodologia
das Discrepâncias109.

Adicionalmente, foi incorporada uma série de filtros para maximizar a probabilidade de


que o entrevistado realizasse uma comparação efetiva:

• Conexão aos serviços: somente foram entrevistados os usuários que declararam


que estavam ligados aos serviços de água e esgoto anteriormente à PSP e que
atualmente se encontravam conectados.
• Anos vivendo no mesmo domicílio: foram consideradas como pesquisas válidas
somente aquelas realizadas a entrevistados que residissem na moradia atual
desde antes do processo de PSP no Município.
• Dona-de-casa: por entender-se que são as donas de casa as que mais estão
expostas à qualidade de serviço entregue pelas empresas de saneamento, foram
entrevistadas somente pessoas que declararam encontrarem-se nesta condição.

109
Questionário apresentado no ANEXO 7.

181
5.3.1.4. Considerações Estatísticas Prévias

No presente relatório, apresentam-se, em muitas ocasiões, comparações entre os


resultados (avaliações dos entrevistados de Baixa Renda vs. entrevistados de Não-Baixa
Renda; avaliações de empresas públicas vs. empresas privadas, etc.). Em cada caso, por
trás da comparação apresentada, há sempre uma análise de significância estatística das
diferenças, sustentado no teste correspondente.

Independentemente do teste utilizado, a significância estatística das diferenças


depende basicamente dos seguintes aspectos:

• A diferença entre as médias comparadas: quanto maior a distância entre as


médias das variáveis, maior é a probabilidade de que a diferença entre ambas
seja estatisticamente significativa.
• A dispersão dos dados: quanto menor a dispersão nos dados, maior é a
probabilidade de que as diferenças sejam estatisticamente significativas.

FIGURA 5.2 - Comparação de Médias

Caso 1 Caso 2

Avaliação Avaliação Avaliação Avaliação


Baixa Renda Não Baixa Baixa Não Baixa
Renda Renda Renda

Fonte: Elaboração dos Autores.

Para o exemplo mostrado na FIGURA 5.2 Caso 2, a probabilidade de que a diferença


nas médias para a avaliação realizada pelos entrevistados de Não-Baixa Renda e os de
Baixa Renda seja estatisticamente significativa é muito maior.

5.3.1.5. Resultados

A seguir apresentam-se os resultados obtidos para cada bloco de Municípios:

• Municípios Não-Maduros.
• Municípios Maduros/Região Centro-Oeste.
• Municípios Maduros/Região Norte.
• Municípios Maduros/Região Sul - Sudeste.

Por sua vez, dentro de cada bloco, analisam-se, de forma separada e comparativa, os
resultados para a população de Baixa Renda e de Não-Baixa Renda.

A análise dentro de cada bloco de Municípios foi estruturada da seguinte forma:

182
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

• Análise de prejulgamento relativa aos processos de PSP. Utilizando as perguntas


específicas já mencionadas, a fim de isolar este efeito, realizaram-se análises
correspondentes a cada caso, para detectar a presença de eventuais
prejulgamentos:
i. Awareness da Empresa: menção espontânea correta do nome da
concessionária de cada Município.
ii. Nível de conhecimento da PSP: fração dos entrevistados que declara ter
conhecimento do processo de PSP realizado no Município.
iii. Avaliação de outras empresas e instituições tanto públicas quanto privadas:
avaliação de cada uma das mencionadas anteriormente, assim como
também da média, como bloco, das Públicas e das Privadas.
iv. Grau de concordância com as tentativas de valor relativas às empresas
públicas e privadas: avaliação de quão concordes os entrevistados se
encontram em relação às opiniões de valor apresentadas no que diz
respeito às empresas e às instituições públicas e privadas.
• “Prova ácida”: foi elaborada uma prova para detectar prejulgamentos na
avaliação da qualidade de serviços a partir dos preconceitos relativos às
empresas públicas e privadas. Para tal efeito, construiu-se, para cada
entrevistado, uma variável com a diferença entre a média da avaliação das
empresas e instituições privadas e as públicas como bloco. Foi, então, analisada,
dentro de cada camada social de Municípios, a distribuição desta variável,
dividindo-a em 4 grupos, de acordo com os quadrantes da distribuição em cada
caso (FIGURA 5.3).

FIGURA 5.3 - Construção da Variável para a Prova Ácida

1 2 3 4

Fonte: Elaboração dos Autores.

Desta forma, de acordo com o quartil no qual se localizava cada entrevistado, foi
classificado em um dos 4 grupos seguintes:

• Camada social 1- Os Públicos: entrevistados que avaliam consistentemente


melhor as empresas e instituições públicas do que as privadas. Estão localizadas
no primeiro quadrante da distribuição da variável criada.
• Camada social 2- Os Indiferentes: entrevistados nos quais não foi possível
estimar diferenças entre as avaliações que fazem das empresas e das

183
instituições públicas e privadas. Estão localizados no segundo quadrante da
distribuição da variável criada.
• Camada social 3- Os Privados: entrevistados que fazem uma melhor avaliação
do bloco de empresas e instituições privadas do que das públicas. Estão
localizados no terceiro quadrante da distribuição da variável criada.
• Camada social 4- Os Muito Privados: entrevistados que fazem consistentemente
uma avaliação muito melhor das empresas e instituições privadas do que das
públicas.

Considerando somente os entrevistados que dizem ter conhecimento dos processos de


PSP nas Concessões de água do Município, selecionaram-se os grupos extremos (a coluna
1, correspondente aos Públicos, e a Coluna 4, correspondente aos Muito Privados) a fim de
detectar se existiam diferenças no nível de concordância que manifestavam relativamente a
se a condição de serviço atual é melhor que a existente previamente à PSP.

Em relação a prejulgamentos, a camada social correspondente aos Públicos deveria


manifestar-se consistentemente mais em desacordo de que a qualidade atual de serviço das
fornecedoras é melhor que a que existia no passado do que o manifestado pela camada
social dos Muito Privados. Se a diferença na avaliação de ambas as camadas fosse
estatisticamente significativa, concluir-se-ia pela existência de risco de um eventual
prejulgamento na análise. Se, ao contrário, não houver diferenças estatisticamente
significativas entre os dois grupos, o risco de prejulgamento é mínimo ou inexistente.

• Análise das Mudanças nas percepções de qualidade de serviço. Tendo


esclarecido as inquietudes com relação à existência de eventuais
prejulgamentos, o passo seguinte corresponde à avaliação da qualidade do
serviço recebido pelos entrevistados, comparando a situação atual à anterior à
PSP. Esta avaliação se realiza nos seguintes níveis:
 Total Empresa: Avaliação da qualidade de serviço atual da empresa
fornecedora, e de como esta qualidade de serviço mudou a partir do
processo de PSP. As perguntas específicas realizadas foram:
• Para a Avaliação atual: “De um modo geral, e levando em
consideração tudo o que você sabe ou ouviu falar, como avalia o
desempenho atual (nome da empresa de saneamento)? Você diria
que é: Ótimo, Bom, Regular, Ruim ou Péssimo?”.
• Para a comparação com anterioridade ao processo de PSP: “Quanto
você concorda ou discorda da seguinte afirmação: atualmente, o
desempenho geral da empresa concessionária de água do Município
é melhor do que no passado, antes de (ano da PSP). Você diria que:
Concordo Totalmente, Concordo, Nem Concordo e nem Discordo,
Discordo ou Discordo Totalmente”.
 Dimensões: Solicitou-se aos entrevistados que avaliassem as dimensões
de serviços (Água, Esgoto e Atendimento), com base nos três aspectos
seguintes:
• Nível de satisfação atual.
 Água: De uma maneira geral, você diria que a qualidade da
água encanada que você recebe da (nome da empresa de
saneamento) em sua casa é: Ótimo, Bom, Regular, Ruim ou
Péssimo?”.

184
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

 Esgoto: De uma maneira geral, você diria que a qualidade do


serviço de esgoto que a (nome da empresa de saneamento)
oferece atualmente em sua casa é: Ótimo, Bom, Regular, Ruim
ou Péssimo?”.
 Atendimento: De um modo geral, levando em consideração tudo
o que você conhece ou já ouviu falar, você diria que atualmente
o atendimento da (nome da empresa de saneamento) é: Ótimo,
Bom, Regular, Ruim ou Péssimo?”.
• Nível de satisfação atual versus o que tinham antes da realização da
PSP.
 Água: “Quanto você concorda ou discorda da seguinte
afirmação: O serviço de água que recebe atualmente em sua
casa é melhor do que o que tinha no passado, antes de (ano da
PSP)?. Você diria que: Concordo Totalmente, Concordo, Nem
Concordo e nem Discordo, Discordo ou Discordo Totalmente”.
 Esgoto: “Quanto você concorda ou discorda da seguinte
afirmação: O serviço de esgoto que recebe atualmente em sua
casa é melhor do que o que tinha no passado, antes de (ano da
PSP). Você diria que: Concordo Totalmente, Concordo, Nem
Concordo e nem Discordo, Discordo o Discordo Totalmente?”.
 Atendimento: “Quanto você concorda ou discorda da seguinte
afirmação: Atualmente, o atendimento oferecido pela empresa
fornecedora de água é melhor do que no passado, antes de
(ano da PSP). Você diria que: Concordo Totalmente, Concordo,
Nem Concordo e nem Discordo, Discordo o Discordo
Totalmente?”.
 Relevância de cada dimensão: Solicitou-se aos entrevistados
que ordenassem as dimensões anteriores, de acordo com a
importância que creditavam a cada uma. Com este ranking
construiu-se um scoring (pontuação) que permitiu avaliar a
relevância que os entrevistados creditam a cada dimensão.
Melhorias e Avaliações altas são mais importantes em
dimensões relevantes que aquelas que não o são.
 Atributos: dentro de cada dimensão, solicitou-se, aos entrevistados, que
avaliassem tanto a relevância dos atributos que a compõem como o nível
de melhorias que têm experimentado desde o processo de PSP.
• Nível de satisfação atual versus o que tinham anteriormente à
realização da PSP.

185
TABELA 5.14 - Avaliação das Mudanças na Qualidade de
Serviço nos Atributos da Água
Concordo Não Concordo e Discordo
FRASES Concordo Discordo
Totalmente Nem Discordo Totalmente

Atualmente, a água é menos cristalina do 5 4 3 2 1


que no passado, antes de (ano da PSP).
Atualmente, a água é mais gostosa de
beber do que no passado, antes de 5 4 3 2 1
(ano da PSP).
Atualmente, a água tem cheiro pior do que 5 4 3 2 1
no passado, antes de (ano da PSP).
Atualmente, a água está mais bem tratada
e mais potável do que no passado, antes 5 4 3 2 1
de (ano da PSP).
Atualmente, o abastecimento de água
falha menos do que no passado, antes de 5 4 3 2 1
(ano da PSP).
Atualmente, a água sai com menos
pressão do que no passado, antes de 5 4 3 2 1
(ano da PSP).
Atualmente, paga-se um preço mais justo
pela água do que no passado, antes de 5 4 3 2 1
(ano da PSP).
Atualmente, tem-se mais segurança na
água tratada do que no passado, antes de 5 4 3 2 1
(ano da PSP).
Fonte: Elaboração dos Autores.

TABELA 5.15 - Avaliação das Mudanças na Qualidade de


Serviço nos Atributos do Esgoto

Não Concordo
Concordo Discordo
FRASES Concordo e Nem Discordo
Totalmente Totalmente
Discordo

Atualmente ocorrem menos refluxos (voltas de


esgoto) do que no passado, antes de 5 4 3 2 1
(ano da PSP).
Atualmente, o esgoto entope com maior
freqüência do que no passado, antes de 5 4 3 2 1
(ano da PSP).
Atualmente, tem-se a sensação de que se
5 4 3 2 1
paga um preço mais justo pelo esgoto.
Atualmente, tem-se mais confiança no
tratamento do esgoto do que no passado, 5 4 3 2 1
antes de (ano da PSP).
Atualmente, sentem-se com maior freqüência
cheiros desagradáveis associados ao esgoto do
5 4 3 2 1
que se sentia no passado, antes de
(ano da PSP).
Atualmente, em função dos bons níveis de
tratamento, os esgotos provocam menos danos
5 4 3 2 1
à saúde pública e ao meio ambiente do que no
passado, antes de (ano da PSP).
Fonte: Elaboração dos Autores.

186
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA 5.16 - Avaliação das Mudanças na Qualidade de


Serviço E nos Atributos do Atendimento

Concordo Não Concordo Discordo


FRASES Concordo Discordo
Totalmente e nem Discordo Totalmente

Atualmente, os erros nas contas de


água acontecem com menor freqüência 5 4 3 2 1
do que no passado, antes de
(ano da PSP).
Atualmente, quando há um corte do
fornecimento de água, sou avisado com 5 4 3 2 1
maior antecedência do que no passado,
antes de (ano da PSP).
Atualmente, comunicar-me com a
empresa de saneamento é mais fácil do 5 4 3 2 1
que era no passado, antes de
(ano da PSP).
Atualmente, os funcionários da empresa
de saneamento são mais atenciosos e 5 4 3 2 1
cordiais do que no passado, antes de
(ano da PSP).
Atualmente, a empresa de saneamento
dá mais flexibilidade para o pagamento 5 4 3 2 1
das contas atrasadas do que no
passado, antes de (ano da PSP).
Atualmente, os funcionários da empresa
de saneamento mostram maior
capacidade de resolução de problemas 5 4 3 2 1
do que no passado, antes de
(ano da PSP).
Fonte: Elaboração dos Autores.

 Mudanças nas fontes e usos de água. Na pesquisa se incluiu uma série de


perguntas relativas às fontes de água utilizadas para os diferentes fins
domésticos. Neste sentido, foram analisados dois aspectos derivados de
eventuais melhorias na qualidade de serviço:
• Aumento na quantidade de usos da água provida pela empresa
fornecedora. Trabalhou-se sob a suposição de que, se os clientes
aumentaram a quantidade de necessidades domésticas satisfeitas
utilizando a água fornecida pela empresa, isto se deveu a alguma (ou
mais de uma, em forma simultânea) das seguintes melhorias na
qualidade de serviço:
 Aumento na disponibilidade de água.
 Um preço mais acessível relativo à receita disponível dos
clientes, sendo que agora podem utilizar a água potável para
outros fins antes proibidos devido ao alto preço.
 Que a qualidade da água tem melhorado, de tal forma que
agora é compatível com necessidades com as quais antes não
eram.
• Utilização atual para consumo. Prova ácida da qualidade. Se a
quantidade de clientes que declaram beber atualmente a água
fornecida pelas concessionárias aumenta, indica que percebem que a
qualidade desta tem melhorado.

187
As necessidades consultadas na pesquisa foram as seguintes:

• Beber.
• Cozinhar.
• Lavar louça.
• Lavar roupa.
• Tomar banho.
• Lavar calçadas/ áreas comuns/ quintal/ regar plantas.
• Encher a piscina.

Por sua vez, as diferentes fontes de água consultadas foram:

• Água de Poço.
• Água de Caminhão-pipa.
• Água mineral/ Galão/ garrafa.
• Água Encanada / da Rua.
• Outro tipo de água.

Utilizando a Metodologia descrita, são apresentados a seguir os resultados obtidos


para cada um dos clusters.

5.3.2. Análise dos Municípios Não- Maduros

Nesta seção incluíram-se, de forma conjunta, todas as concessões “Não-Maduras”. A


amostra não considerou divisões territoriais dentro deste grupo, uma vez que, como foi
mencionado na seção correspondente aos Antecedentes, nos Municípios sob esta condição
encontram-se tão somente 2% da população total em estudo. Os principais resultados são
apresentados a seguir abertos em população de Baixa Renda e Não-Baixa Renda.

5.3.2.1. Pré-julgamento em Relação às PSP.

Inicialmente, quanto ao conhecimento do nome da empresa fornecedora ou


concessionária, foi possível verificar que 75% dos entrevistados mencionam (de maneira
espontânea) corretamente o seu nome, sendo que na população de Não-Baixa Renda, a
porcentagem atinge 91%. Esse resultado indica um alto nível de consciência ou awareness
da população, especialmente para a de Não-Baixa Renda, referente aos serviços de
saneamento e, ao mesmo tempo, evidencia que a população de Baixa Renda tem menos
consciência com respeito aos serviços de saneamento comparativamente ao restante da
população.

A mesma situação pode ser observada em relação aos resultados obtidos sobre o
conhecimento do processo de PSP realizado no Município: constata-se que 63% da
população de Baixa Renda (contra 83% do restante) declara ter conhecimento. Este
resultado pode estar relacionado à baixa maturidade das concessões deste grupo de
Municípios. Mais adiante, será comparado este nível de conhecimento com o existente nos
Municípios cujas concessões são maduras.

188
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

GRÁFICO 5.1 - Qualidade de Serviço de Empresas e Instituições


Públicas e Privadas, Concessões Não-Maduras

Fonte: Elaboração dos Autores.

O GRÁFICO 5.1 apresenta o resultado obtido sobre a qualidade do serviço prestado.


Como é possível verificar, não existem grandes diferenças nas avaliações que as camadas
de Baixa Renda e de Não-Baixa Renda realizam das instituições públicas e privadas. Há
apenas uma diferença, pequena mas estatisticamente significativa, na avaliação das
empresas públicas e privadas entre as duas categorias de população: enquanto a de Baixa
Renda avalia as públicas um pouco mais favoravelmente que as de Não-Baixa Renda,
ocorre um resultado inverso na avaliação das privadas. Convém salientar que houve uma
diferença proporcionalmente maior na avaliação comparativa entre os serviços prestados
pelas empresas privadas e públicas para a população de Não-Baixa Renda, favorável às
privadas, do que para a de Baixa-Renda, favorável às públicas. Esta questão será retomada
posteriomente.

189
GRÁFICO 5.2 - Avaliação DE Afirmações - SetorES
Público e Privado, Concessões Não-Maduras

Fonte: Elaboração dos Autores.

Enquanto os entrevistados manifestam, em termos gerais, que as empresas privadas


oferecem uma melhor qualidade de serviço, existem associações negativas relevantes,
particularmente na camada social de Baixa Renda, de que essas empresas estão
preocupadas principalmente com as pessoas de renda elevada e em obter benefícios
econômicos à custa dos usuários de seus serviços (GRÁFICO 5.2).

• Prova Ácida (GRÁFICO 5.3). Ao analisar a comparação da qualidade de serviço


atual com a recebida anteriormente à PSP que realizam os grupos Públicos e
Muito Privados (de acordo ao definido quando se explicou a metodologia),
obtiveram-se os seguintes resultados:

GRÁFICO 5.3 - Prova Ácida de Comparação, Concessões Não- Maduras

Muito Privados
Públicos

Não Baixa Renda

Baixa Renda

-2 -1 0 1 2

Fonte: Elaboração dos Autores.

190
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

As comparações, tanto dentro da camada social de Baixa Renda como na de Não-


Baixa Renda entre os grupos Públicos e os Muito Privados, não mostraram diferenças
estatisticamente significativas, podendo-se concluir que, neste caso, a existência de
eventuais preconceitos relativos às empresas públicas e privadas não altera a percepção
atual de qualidade de serviço recebida, sendo possível a realização de análises de
mudanças na percepção de qualidade de serviço sem o risco de pré-julgamentos.

5.3.2.2. Mudanças na Percepção de Qualidade do Serviço

Os entrevistados de ambas as camadas (Baixa Renda e Não-Baixa Renda)


manifestam que a qualidade de serviço geral da empresa tem experimentado melhorias de
caráter leve até atingir atualmente um nível próximo a bom. Em relação ao desempenho
atual das concessionárias, não existem diferenças estatisticamente significativas entre as
duas camadas, sendo que, tanto para a população de Baixa Renda, quanto para a de Não-
Baixa Renda, a dimensão relativa ao fornecimento e tratamento de água encanada é a mais
relevante (respectivamente 48,5% e 51,2% da percepção de qualidade de serviço).
Entretanto, há uma diferença na percepção relativa ao serviço que mais tem melhorado no
presente: coleta e tratamento de esgoto para a camada de Baixa Renda; e fornecimento e
tratamento de água para a de Não-Baixa Renda.

Os GRÁFICOS 5.4 e 5.5 a seguir permitem caracterizar com mais detalhes a melhoria
da qualidade de serviço de água avaliada pelas duas categorias de população consideradas
neste estudo.

GRÁFICO 5.4 - Atributos da Água, Concessões


Não-Maduras / Baixa Renda

Baixa Renda

CRISTALINA
30%
GOSTOSA DE BEBER
25%
NÃO TEM CHEIRO

20%
ÉTRATADA

TEM SERVIÇO CONTÍNUO 15%

TEM BOA PRESSÃO


10%

TEM PREÇO JUSTO


5%
SEGURANÇA NA ÁGUA
TRATADA
0%
Muito Melhor no Passado-1
-2 0
Indiferente 1
Muito 2
Melhor no Presente

Fonte: Elaboração dos Autores.

Considerando a população de Baixa Renda (GRÁFICO 5.4), os atributos relativos ao


tratamento da água são os mais relevantes. Em contrapartida, o atributo menos relevante
corresponde à pressão da água. A percepção de preço justo é o único atributo no qual os
entrevistados manifestam que a condição atual tem piorado em relação à existente
anteriormente à PSP. É possível concluir que, embora os entrevistados pensem que o preço
da água tem aumentado mais que proporcionalmente às melhorias na qualidade do serviço,
e por ser o preço ainda pouco relevante na equação total de satisfação, este atributo não

191
tem relevância para alterar a percepção final de melhoria. Covém ressaltar que, em termos
de importância, depois dos atributos relacionados ao tratamento da água, os relativos à
continuidade do serviço e ao sabor da água são os mais indicados.

GRÁFICO 5.5 - Atributos da Água, Concessões


Não-Maduras / Não-Baixa Renda

Não-Baixa Renda

CRISTALINA
35%

GOSTOSA DE BEBER
30%
NÃO TEM CHEIRO
25%
É TRATADA
20%
TEM SERVIÇOCONTÍNUO
15%
TEM BOA PRESSÃO
10%
TEM PREÇO JUSTO
5%
SEGURANÇA NA ÁGUA
TRATADA
0%
Muito
-2 Melhor no Passado-1 Indiferente
0 1Muito Melhor no Presente
2

Fonte: Elaboração dos Autores.

Observa-se pelo GRÁFICO 5.5, para a população de Não-Baixa Renda, uma situação
semelhante à verificada anteriormente, ainda que as relevâncias relativas aos atributos de
tratamento de água sejam maiores, No que diz respeito aos avanços na qualidade de
serviço, repete-se a percepção anterior de melhoria em todos, exceto o preço. Assim sendo,
os clientes seguem sustentando que o preço tem aumentado de maneira mais que
proporcional às melhorias na qualidade de serviço, ainda que este fato não tenha também
impacto na percepção geral referente às melhorias. Observe-se que o sabor da água é
menos relevante comparativamente à avaliação da camada de Baixa Renda, diante da
possibilidade de utilização de substitutos pelos entrevistados para a satisfação de suas
necessidades (principalmente água engarrafada). Tanto os clientes desta camada social
como os de Baixa Renda manifestam que a continuidade do serviço é o atributo que
apresenta maior melhoria.

Os GRÁFICOS 5.6 e 5.7 a seguir permitem caracterizar com mais detalhes a melhoria
da qualidade de serviço de esgoto avaliada pelas duas categorias de população
consideradas neste estudo.

192
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

GRÁFICO 5.6 - Atributos do Esgoto – Concessões


Não-Maduras / Baixa Renda

Fonte: Elaboração dos Autores.

Considerando a população de Baixa Renda (GRÁFICO 5.6), os atributos relativos ao


tratamento do esgoto são os mais relevantes, seguidos de perto pelo referente ao esgoto
não apresentar refluxos. Mais abaixo, aparecem também como bloco, que o esgoto não se
obstrua e que não apresente odores desagradáveis. O atributo menos importante, de longe,
é o relativo ao preço ou ao valor de entrega, sendo praticamente irrelevante para os
pesquisados desta camada social. Com relação à percepção de mudanças na qualidade do
serviço após a PSP no Município, os entrevistados manifestam que em todos os aspectos
importantes têm ocorrido melhorias. O único atributo percebido praticamente como sem
mudanças é o referente ao preço (na água, este atributo também era percebido sem
melhorias ou piorando), mas é tão baixa sua relevância que não é capaz de modificar a
percepção geral de melhorias nesta dimensão.

193
GRÁFICO 5.7 - Atributos do Esgoto – Concessões
Não-Maduras / Não-Baixa Renda

Fonte: Elaboração dos Autores.

Observa-se pelo GRÁFICO 5.7, para a população de Não-Baixa Renda, uma situação
semelhante à verificada anteriormente. A percepção de preço ou valor de entrega é
novamente o atributo menos importante. Os clientes desta camada social também
manifestam que têm ocorrido melhorias em todos os atributos importantes, ficando
para trás, novamente, o atributo relativo ao preço, o qual, dada sua baixa relevância,
praticamente não influencia a percepção de desempenho geral nesta dimensão.

Em relação aos atributos de atendimento, o mais importante tanto para a população de


Baixa Renda, quanto para a de Não-Baixa Renda, corresponde a avisos oportunos de
interrupção de fornecimento, que é, também, o atributo referido como aquele em que se têm
obtido menores avanços (de fato, é percebido praticamente como sem melhorias desde ao
início da PSP do Município). Os seguintes em relação à relevância correspondem à entrega
de contas de água sem erro, à capacidade de resolução de problemas dos funcionários, à
cordialidade na atenção e aos canais de atenção, todos sendo percebidos com pequenas
melhorias após a PSP, assim como as opções de pagamento flexível das contas, que é o
menos relevante de todos, avaliação possivelmente associada à demora na interrupção do
fornecimento para os inadimplentes. .

O número de clientes que declaram ter aumentado a quantidade de usos da água


fornecida pelas concessionárias é praticamente nulo. Em contrapartida, praticamente 10%
dos entrevistados, tanto de Baixa Renda quanto de Não-Baixa Renda, manifestam ter
diminuído o uso, satisfazendo às necessidades originais com fontes alternativas. Esta
diminuição nos usos pode ser explicada por uma queda na quantidade de pessoas que
declaram beber a água fornecida pelas concessionárias após a PSP: de 78% para 74% pela
população de Baixa Renda; e de 52% para 45% pela população de Não-Baixa Renda.

A diminuição dos usos para a água fornecida pelas companhias e a queda na


quantidade de pessoas que declaram utilizá-la para consumo podem encontrar sua
explicação nos seguintes aspectos:

• Em primeiro lugar, o fato de que a percepção de preço da água tenha piorado


explica por que os usuários não substituíram as fontes dos usos que não

194
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

requerem água potável (como regar jardins ou lavar roupa) pela água fornecida
pelas companhias.
• A diminuição da quantidade de pessoas bebendo água fornecida pelas
companhias, sendo particularmente relevante esta diminuição na camada social
de Não-Baixa Renda, pode estar relacionada aos seguintes fatores:
 Quanto menor a renda dos entrevistados, maior é a proporção de
indivíduos que bebe água fornecida pela companhia. Desta forma, o fato de
que a quantidade de pessoas que a consome na camada social de Não-
Baixa Renda diminur tanto, a partir da PSP, pode estar relacionada a que
uma proporção importante desta gente a bebia antes, quando seus
rendimentos eram menores, mas que agora, ao terem seus rendimentos
aumentados, deixaram de consumi-la. O que está por trás deste fenômeno,
então, é a proporção de pessoas que deixaram de ser de Baixa Renda.
 Outro aspecto que poderia explicar este fenômeno é que as pessoas, ainda
que que percebam melhorias na qualidade do tratamento da água, não têm
confiança suficiente para bebê-la. Desta forma, mesmo que os
entrevistados visualizem avanços no aspecto potável da água, ainda
preferem beber água engarrafada, caso sua renda assim o permita. Caso a
qualidade da água tenha efetivamente melhorado, mas os usuários ainda
não a percebam com confiança, então talvez existam problemas de
comunicação por parte das concessionárias, as quais não têm mostrado de
forma efetiva à comunidade os avanços alcançados no quesito
potabilidade.

5.3.2.3. Conclusões

• Primeiramente, todas as provas realizadas demonstram evidências suficientes


que permitem descartar a presença de um pré-julgamento na avaliação da
qualidade de serviço, decorrentes de preconceitos das pessoas relativos às
privatizações.
• Em segundo lugar, a qualidade de serviço geral é percebida, tanto pelas
camadas de Baixa Renda como pelas de Não-Baixa Renda, como melhor em
relação à existente anteriormente à PSP, alcançando avaliações similares às
obtidas por outras empresas consideradas de excelência (como é o caso dos
Correios).
• Quanto às dimensões de qualidade de serviço, a água é de longe a mais
relevante, corresponde a cerca de 50% da satisfação geral. É seguida pelo
serviço de esgoto, com 30%, e pelo atendimento, com 20%.
• Todas as dimensões são percebidas com pequenas melhorias, algumas
estatisticamente relevantes, até atingirem um nível levemente inferior a bom.
• Com respeito aos atributos da água, os mais relevantes para as camadas de
Baixa Renda e Não-Baixa Renda, são os relativos ao tratamento desta, os quais
são entendidos com pequenas melhorias, mas não em nível suficiente para que
as pessoas substituam o consumo de outras fontes pela água fornecida pela
concessionária. A maior dificuldade de acesso às fontes alternativas de consumo
pela camada social de Baixa Renda faz com que o atributo relativo ao sabor da
água seja mais importante comparativamente à camada de Não-Baixa Renda. A
pressão da água é, transversalmente, a menos importante para as duas
categorias de população adotadas neste estudo.

195
• Quanto ao esgoto, os atributos relacionados ao tratamento deste são os mais
importantes, com a percepção de melhorias pelas duas categorias de população
entrevistadas.
• Os atributos relativos ao preço, tanto na água, como no esgoto, ainda que pouco
valorizados, são os que apresentam a pior avaliação em termos de melhorias
após a PSP, sendo que, em alguns casos, a situação piorou. Isto é consistente
com uma pequena diminuição observada nos usos da água potável. De toda
forma, por serem atributos pouco relevantes, não modificam a percepção geral
de melhorias.
• No que diz respeito ao atendimento, o mais relevante é o aviso oportuno de
interrupção no serviço: independentemente da categoria de renda estudada, os
entrevistados manifestam que a situação não melhorou neste aspecto.

5.3.3. Análise dos Municípios Maduros da Região Centro-Oeste

Esta seção analisa os resultados para o bloco de Concessões Maduras da Região


Centro Oeste. Os resultados são também apresentados abertos em população de Baixa
Renda e de Não-Baixa Renda.

5.3.3.1. Pré-julgamento em Relação à PSP.

Inicialmente, quanto ao conhecimento do nome da empresa fornecedora ou


concessionária, foi possível verificar que 92% dos entrevistados mencionam (de maneira
espontânea) corretamente o seu nome. Não existe, como se pode verificar na análise de
outros clusters ou grupos de Municípios, grandes diferenças entre as camadas de Baixa
Renda e de Não-Baixa Renda relativa a este aspecto, sendo as porcentagens em ambas as
camadas igualmente elevadas, o que representa um alto nível de consciência ou awareness
da população referente aos serviços de saneamento.

Contrariamente ao visto no caso do nome da empresa, para o qual não existiam


praticamente diferenças entre as duas camadas sociais estudadas, o nível de conhecimento
relativo aos processos de PSP no Município é muito maior no grupo de Não- Baixa Renda,
no qual 87% dos entrevistados declaram saber que a concessão de água do Município
passou a estar sob o controle de uma empresa privada. No caso da população de Baixa
Renda, somente 55% manifesta ter conhecimento. Desta forma, se existissem pré-
julgamentos relativos aos processos de PSP que pudessem eventualmente comprometer os
resultados do estudo, estes seriam relevantes particularmente na camada social de Não-
Baixa Renda, em que os entrevistados em geral sabem que as Concessões são privadas.

196
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

GRÁFICO 5.8 - Qualidade de Serviço de Empresas e Instituições


Públicas e Privadas - Concessões Maduras / Região CO

Fonte: Elaboração dos Autores.

Como é possível verificar pelo GRÁFICO 5.8, não existem grandes diferenças nas
avaliações que as camadas de Baixa Renda e de Não-Baixa Renda) realizam das
instituições públicas e privadas. As diferenças nas avaliações não são em nenhum caso
estatisticamente significativas. Para o caso dos Bancos, único item avaliado
simultaneamente sob gestão pública e privada, não existem também diferenças
estatisticamente significativas entre as duas categorias de população estudadas. Desta
forma, até este ponto, não existem evidências que indiquem eventuais riscos na avaliação
decorrentes de pré-julgamentos.

197
GRÁFICO 5.9 - Avaliação Afirmações SetorES Público e Privado
Concessões Maduras / Região CO

Fonte: Elaboração dos Autores.

Enquanto os entrevistados manifestam, em termos gerais, que as empresas privadas


oferecem uma melhor qualidade de serviço, existem associações negativas relevantes,
particularmente na camada social de Baixa Renda, de que essas empresas estão
preocupadas principalmente com as pessoas de renda elevada e em obter benefícios
econômicos à custa dos usuários de seus serviços (GRÁFICO 5.9).

• Prova Ácida (GRÁFICO 5.10). Ao analisar a comparação da qualidade de serviço


atual com a recebida previamente à PSP, que realizam os grupos Públicos e
Muito Privados (de acordo ao definido quando se explicou a Metodologia), foram
obtidos os seguintes resultados:

198
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

GRÁFICO 5.10 - Prova Ácida de Comparação


Concessões Maduras/ Região CO

Fonte: Elaboração dos Autores.

As comparações, tanto dentro da camada social de Baixa Renda como na de Não-


Baixa Renda entre os grupos Públicos e os Muito Privados, não mostraram diferenças
estatisticamente significativas, podendo-se concluir que, neste caso, a existência de
eventuais preconceitos relativos às empresas públicas e privadas não altera a percepção
atual de qualidade de serviço recebida, sendo possível a realização de análises de
mudanças na percepção de qualidade de serviço sem o risco de pré-julgamentos

5.3.3.2. Mudanças na Percepção de Qualidade do Serviço

Os entrevistados de ambas as camadas (Baixa Renda e Não-Baixa Renda)


manifestam que a qualidade de serviço geral da empresa tem experimentado melhorias de
caráter leve até atingir atualmente um nível próximo a bom. Com respeito tanto às melhorias
na qualidade de serviço, quanto ao desempenho atual, não existem diferenças
estatisticamente significativas entre ambas as camadas. sendo que, tanto para a população
de Baixa Renda, quanto para a de Não-Baixa Renda, a dimensão relativa ao fornecimento e
tratamento de água encanada é a mais relevante (respectivamente 46,7% e 51,5% da
percepção de qualidade de serviço). Não há uma diferença significativa na percepção
relativa ao serviço que mais tem melhorado no presente, com destaque para o de água.

Os GRÁFICOS 5.11 e 5.12 a seguir permitem caracterizar com mais detalhes a


melhoria da qualidade de serviço de água avaliada pelas duas categorias de população
consideradas.

199
GRÁFICO 5.11 - Atributos da Água - Concessões
Maduras / Região CO / Baixa Renda

Baixa Renda
É CRISTALINA
25%
É GOSTOSA DE BEBER

NÃO TEM CHEIRO 20%

É TRATADA
15%

TEM CONTINUIDADE DO SERVIÇO

10%
TEM BOA PRESSÃO

TEM PREÇO JUSTO


5%

SEGURANÇA NA ÁGUA
TRATADA
0%
Muito
-2 Melhor no Passado-1 Indiferente
0 Muito
1 Melhor no Presente
2

Fonte: Elaboração dos Autores.

Considerando a população de Baixa Renda (GRÁFICO 5.11), quanto à relevância,


têm-se, claramente, 4 faixas de atributos: na primeira e mais importante, estão os atributos
correspondentes à qualidade intrínseca da água (que seja cristalina e que esteja
corretamente tratada); na segunda, estão os atributos relativos ao preço, ao sabor e à
continuidade de serviço; na terceira, está o odor da água; e na quarta, praticamente
irrelevante, está a pressão. Desta forma, para a maioria dos clientes desta camada social, o
que importa é a qualidade da água, para poder consumi-la com confiança. A percepção de
preço justo é o único atributo no qual os entrevistados manifestam que a condição atual tem
piorado em relação à existente anteriormente à PSP. É possível concluir que, embora os
entrevistados pensem que o preço da água tem aumentado mais que proporcionalmente às
melhorias na qualidade do serviço, e por ser o preço ainda pouco relevante na equação total
de satisfação, este atributo não tem relevância para alterar a percepção final de melhoria.

200
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

GRÁFICO 5.12 - Atributos da Água - Concessões


Maduras / Região CO / Não-Baixa Renda

Não-Baixa
Renda
CRISTALINA
25%

GOSTOSA DE BEBER

20%
CHEIRO

TRATADA
15%

CONTINUIDADE DO SERVIÇO

10%
PRESSÃO

PREÇO JUSTO
5%

SEGURANÇA NA ÁGUA
TRATADA
0%
Muito
-2 Melhor no Passado
-1 Indiferente
0 1Muito Melhor no Presente
2

Fonte: Elaboração dos Autores.

Observa-se pelo GRÁFICO 5.5, para a população de Não-Baixa Renda, uma situação
semelhante à verificada anteriormente, ainda que as ainda que as faixas de relevância vistas
anteriormente sejam mais difusas. No que diz respeito aos avanços na qualidade de serviço,
repete-se a percepção anterior de melhoria em todos, exceto o preço. Assim sendo, os
clientes seguem sustentando que o preço tem aumentado de maneira mais que proporcional
às melhorias na qualidade de serviço, ainda que este fato não tenha também impacto na
percepção geral referente às melhorias. Observe-se que o sabor da água é menos relevante
comparativamente à avaliação da camada de Baixa Renda, diante da possibilidade de
utilização de substitutos pelos entrevistados para a satisfação de suas necessidades
(principalmente água engarrafada). Tanto os clientes desta camada social como os de Baixa
Renda manifestam que a continuidade do serviço é o atributo que apresenta maior
melhoria.

Os GRÁFICOS 5.13 e 5.14 a seguir permitem caracterizar com mais detalhes a


melhoria da qualidade de serviço de esgoto avaliada pelas duas categorias de população
consideradas neste estudo

201
GRÁFICO 5.13 - Atributos do Esgoto - Concessões
Maduras / Região CO / Baixa Renda

Baixa Renda

30%

REFLUXOS / VOLTAS DE 25%


ESGOTO
ESGOTO ENTOPE
20%
PREÇO JUSTO
15%
CHEIROS DESAGRADÁVEIS

TRATAMENTO DO ESGOTO 10%

ESGOTOS PROVOCAM MENOS


DANOS À SAÚDE 5%

0%
-2
Muito -1
Melhor no Passado 0
Indiferente 1
Muito Melhor no Presente2

Fonte: Elaboração dos Autores.

Considerando a população de Baixa Renda (GRÁFICO 5.13), o atributo preço é o mais


relevante de todos, enquanto os relativos ao tratamento estão em último lugar. A relevância
atribuída ao preço dificulta uma melhor percepção da evolução da qualidade de serviço após
a PSP, uma vez que a avaliação deste atributo está pior que no passado. Outro aspecto que
chama a atenção nesta camada social é que os atributos mais importantes (depois do preço)
são os relativos à qualidade do serviço de esgoto recebido na casa (ausência de refluxos,
que o esgoto não entupa e que não apresente odores desagradáveis), superando os
atributos de tratamento. Desta forma, estes entrevistados informam que valorizam um
serviço de esgoto de qualidade em suas casas, a um preço justo, importando menos o que
aconteça com os resíduos, uma vez que são coletados desde seus lares.

202
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

GRÁFICO 5.14 - Atributos do Esgoto - Concessões


Maduras / Região CO / Não-Baixa Renda

Fonte: Elaboração dos Autores.

Observa-se pelo GRÁFICO 5.14, para a população de Não-Baixa Renda, uma situação
semelhante à verificada anteriormente. O atributo mais importante é o preço, seguido da
qualidade do esgoto no lar (sem refluxos, que não ocorra entupimento, que não tenha odores
desagradáveis), para só então virem os atributos relativos ao tratamento, ainda que, neste
caso, as diferenças entre eles sejam menores, aproximando-se dos demais. Novamente é o
preço o atributo no qual a evolução é pior percebida, o que propicia que a avaliação final da
evolução da qualidade de serviço no esgoto não seja tão boa.

Em relação aos atributos de atendimento, os mais importantes (com a soma dos


índices superando 50%) tanto para a população de Baixa Renda, quanto para a de Não-
Baixa Renda, correspondem a avisos oportunos de interrupção de fornecimento e entrega da
conta sem erro. Em relação ao primeiro atributo, os clientes manifestam que a situação não
tem melhorado (pelo contrário, a avaliam como levemente pior que antes da PSP); quanto ao
segundo, apontam pequenas melhorias. Os outros atributos são muito menos relevantes,
sendo que os clientes percebem melhorias em todos eles. O atributo menos importante é
aquele relacionado a opções de pagamento flexíveis.

O número de clientes que declaram ter aumentado a quantidade de usos da água fornecida
pelas concessionárias é praticamente nulo. Em contrapartida, praticamente 10% dos
entrevistados na categoria de Não-Baixa Renda, manifestam ter diminuído o uso,
satisfazendo às necessidades originais com fontes alternativas. Esta diminuição nos usos
pode ser explicada por uma queda na quantidade de pessoas que declaram beber a água
fornecida pelas concessionárias após a PSP: de 85% para 77% pela população de Não-
Baixa Renda. Para a população de Baixa Renda, não houve diminuição (na verdade um
pequeno aumento, de 92% para 93%).

A diminuição dos usos para a água fornecida pelas companhias e a queda na


quantidade de pessoas que declaram utilizá-la para consumo podem encontrar sua
explicação nos seguintes aspectos:

• Em primeiro lugar, o fato de que a percepção de preço da água tenha piorado


explica por que os usuários não substituíram as fontes dos usos que não

203
requerem água potável (como regar jardins ou lavar roupa) pela água fornecida
pelas companhias.
• A diminuição da quantidade de pessoas bebendo água fornecida pelas
companhias, sendo particularmente relevante esta diminuição na camada social
de Não-Baixa Renda, pode estar relacionada aos seguintes fatores:
 Quanto menor a renda dos entrevistados, maior é a proporção de
indivíduos que bebe água fornecida pela companhia. Desta forma, o fato de
que a quantidade de pessoas que a consome na camada social de Não-
Baixa Renda diminur tanto, a partir da PSP, pode estar relacionada a que
uma proporção importante desta gente a bebia antes, quando seus
rendimentos eram menores, mas que agora, ao terem seus rendimentos
aumentados, deixaram de consumi-la. O que está por trás deste fenômeno,
então, é a proporção de pessoas que deixaram de ser de Baixa Renda.
 Outro aspecto que poderia explicar este fenômeno é que as pessoas, ainda
que que percebam melhorias na qualidade do tratamento da água, não têm
confiança suficiente para bebê-la. Desta forma, mesmo que os
entrevistados visualizem avanços no aspecto potável da água, ainda
preferem beber água engarrafada, caso sua renda assim o permita. Caso a
qualidade da água tenha efetivamente melhorado, mas os usuários ainda
não a percebam com confiança, então talvez existam problemas de
comunicação por parte das concessionárias, as quais não têm mostrado de
forma efetiva à comunidade os avanços alcançados no quesito
potabilidade.

Apesar disso, a quantidade de pessoas que declaram beber a água fornecida pelas
companhias é particularmente alta, neste cluster de Municípios. E, se a proporção destas
pessoas não aumenta, isso significa que a qualidade da água antes da PSP já era percebida
como suficientemente boa para que as pessoas tivessem a confiança necessária para bebê-
la.

• Primeiramente, todas as provas realizadas demonstram evidências suficientes


que permitem descartar a presença de um pré-julgamento na avaliação da
qualidade de serviço, decorrentes de preconceitos das pessoas relativos às
privatizações.
• Em segundo lugar, a qualidade de serviço geral é percebida, tanto pelas
camadas de Baixa Renda como pelas de Não-Baixa Renda, como melhor em
relação à existente anteriormente à PSP, alcançando avaliações similares às
obtidas por outras empresas consideradas de excelência (como é o caso dos
Correios).
• Quanto às dimensões de qualidade de serviço, a água é de longe a mais
relevante, corresponde a cerca de 50% da satisfação geral. É seguida pelo
serviço de esgoto, com 30%, e pelo atendimento, com 20%.
• Todas as dimensões são percebidas com pequenas melhorias, algumas
estatisticamente relevantes, até atingirem um nível levemente inferior a bom.
• Com respeito aos atributos da água, os mais relevantes para as camadas de
Baixa Renda e Não-Baixa Renda, são os relativos ao tratamento desta, os quais
são entendidos com pequenas melhorias, mas não em nível suficiente para que
as pessoas substituam o consumo de outras fontes pela água fornecida pela
concessionária. A maior dificuldade de acesso às fontes alternativas de consumo
pela camada social de Baixa Renda faz com que o atributo relativo ao sabor da
água seja mais importante comparativamente à camada de Não-Baixa Renda. A

204
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

pressão da água é, transversalmente, a menos importante para as duas


categorias de população adotadas neste estudo.
• Quanto ao esgoto, os atributos relacionados ao tratamento deste são os mais
importantes, com a percepção de melhorias pelas duas categorias de população
entrevistadas.
• Os atributos relativos ao preço, tanto na água, como no esgoto, ainda que pouco
valorizados, são os que apresentam a pior avaliação em termos de melhorias
após a PSP, sendo que, em alguns casos, a situação piorou. Isto é consistente
com uma pequena diminuição observada nos usos da água potável. De toda
forma, por serem atributos pouco relevantes, não modificam a percepção geral
de melhorias.
• No que diz respeito ao atendimento, o mais relevante é o aviso oportuno de
interrupção no serviço: independentemente da categoria de renda estudada, os
entrevistados manifestam que a situação não melhorou neste aspecto.

5.3.3.3. Conclusões

• Da mesma forma que o observado para o cluster de Municípios de Concessões


Não-Maduras, todas as provas realizadas fornecem evidência suficiente que
permite descartar a presença de um pré-julgamento na avaliação da qualidade de
serviço como produto de preconceitos das pessoas em relação às privatizações.
• A qualidade de serviço geral é percebida, tanto pela camada social de Baixa
Renda, como pelos de Não-Baixa Renda, como melhor à existente anteriormente
à PSP, alcançando avaliações similares às obtidas por outras empresas
consideradas de excelência (como é caso dos Correios).
• Com relação às dimensões de qualidade de serviço, a água é de longe a mais
relevante, responsável por cerca de 50% da satisfação geral. É seguida pelo
serviço de esgoto, com 30%, e pelo atendimento, com 20%.
• Todas as dimensões são percebidas com pequenas melhorias, porém
estatisticamente relevantes, até alcançar um nível satisfatório.
• Com relação aos atributos da água, os mais relevantes, tanto na camada de
Baixa Renda, como na de Não-Baixa Renda, foram os relativos ao tratamento,
com a percepção de pequenas melhorias, mas não em nível suficiente para que
houvesse a substituição do consumo de outras fontes pelo do fornecimento de
água das concessionárias. A impossibilidade de acesso a fontes alternativas de
água na camada social de Baixa Renda faz com que o atributo relativo ao sabor
da água seja mais importante em comparação com a de Não-Baixa Renda. A
pressão da água é a menos importante para os usuários. A continuidade de
serviço é consistentemente o atributo para o qual os entrevistados detectam as
maiores melhorias.
• Quanto ao esgoto, o atributo relativo ao preço é o mais importante, seguido pelos
atributos referentes à qualidade do serviço de esgoto recebida no lar. Os
atributos que têm relação com o tratamento dos resíduos são os menos
importantes, sendo particularmente pouco relevantes na camada social de Baixa
Renda.
• Os atributos relativos ao preço, tanto em relação à água, como ao esgoto, são os
que apresentam a pior avaliação comparada referente à condição de serviço

205
anterior à PSP. No caso do esgoto, esta situação é particularmente relevante,
uma vez que o preço é reconhecido como muito importante.
• Com relação ao atendimento, os atributos mais relevantes são o aviso oportuno
de interrupção de fornecimento e que a conta seja entregue sem erros; quanto a
este último quesito, os entrevistados identificam melhorias após o início da PSP,
enquanto que, quanto aos avisos de interrupção, não têm ocorrido avanços (a
percepção é de piora após a PSP).
• A proporção de clientes que declaram beber a água potável, ainda que tenha
diminuído, é bastante alta. Somente a camada social de Não-Baixa Renda
diminui o uso de água como bebida, o que pode estar associado mais a uma
redução do número de pessoas de Baixa Renda que ingressa nessa nova
categoria, e menos a uma percepção de que a qualidade da água tenha piorado.
Em relação à quantidade de pessoas que bebia a água, anteriormente à PSP, ser
tão alta, indica que, já naquela época, a água era percebida com qualidade
suficiente para ser bebida (inclusive pela camada social de Não-Baixa Renda).

5.3.4. Análise dos Municípios Maduros da Região Norte

Esta seção analisa os resultados para o bloco de Concessões Maduras da Região


Norte. Os resultados são também apresentados abertos em população de Baixa Renda e de
Não-Baixa Renda.

5.3.4.1. Pré-julgamento em relação à PSP

Inicialmente, quanto ao conhecimento do nome da empresa fornecedora ou


concessionária, foi possível verificar que 94% dos entrevistados mencionam (de maneira
espontânea) corretamente o nome da empresa fornecedora, sendo este o cluster com a
porcentagem mais alta de recordação. Não existe, da mesma forma como se verificaram
para o caso das Concessões maduras da região CO, diferenças entre as camadas de Baixa
Renda e de Não-Baixa Renda relativas a este aspecto, que apresentam porcentagens
elevadas para ambas as camadas. Isto indica um alto nível de consciência ou awareness da
população em relação aos serviços de saneamento.

Este também corresponde, de longe, ao cluster no qual existe mais consciência


referente aos processos de PSP, que são conhecidos por 94% da população, sem
diferenças entre a camada social de Baixa Renda e a de Não-Baixa Renda. Este resultado é
surpreendente, em comparação ao verificado em outros grupos de Municípios, nos quais a
camada social de Baixa Renda apresentava níveis muito mais baixos de conhecimento. O
alto nível de awareness, por um lado, e a grande proporção de pessoas que declara ter
conhecimento referente aos processos de PSP, por outro, oferecem a evidência de que,
nestes Municípios, os processos de PSP devem ter sido, em geral, conhecidos.

Por outro lado, estes altos níveis de conhecimento indicam que se deve ter muito
cuidado no tratamento de eventuais pré-julgamentos às percepções de qualidade de serviço
induzidos por preconceitos relativos às privatizações,uma vez que, se existissem, estariam
influenciando o declarado por uma grande porcentagem dos entrevistados.

206
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

GRÁFICO 5.15 - Qualidade do Serviço de Empresas e Instituições Públicas


e Privadas - Concessões Maduras / Região N

Fonte: Elaboração dos Autores.

Como é possível verificar pelo GRÁFICO 5.15, não existem grandes diferenças nas
avaliações que as camadas de Baixa Renda e de Não-Baixa Renda) realizam das
instituições públicas e privadas. As diferenças nas avaliações não são em nenhum caso
estatisticamente significativas. Para o caso dos Bancos, único item avaliado
simultaneamente sob gestão pública e privada, não existem também diferenças
estatisticamente significativas entre as duas categorias de população estudadas. Desta
forma, até este ponto, não existem evidências que indiquem eventuais riscos na avaliação
decorrentes de pré-julgamentos

207
GRÁFICO 5.16 - Avaliação: Afirmações Setor Público
e Privado - Concessões Maduras / Região N

Afirmações Setor Publico e Privado

As empresas privadas se preocupam apenas com as


pessoas de renda elevada
As empresas privadas procuram levar mais
vantagens às custas das pessoas que utilizam seus
serviços
As empresas privadas oferecem um serviço de
melhor qualidade

As empresas públicas trabalham para melhorar a


qualidade de vida das pessoas

As empresas públicas têm empregados mais


capacitados

As empresas públicas são menos eficientes

Discordo
-2
DiscordamTotalmente
totalmente-1 Indiferente
0
Indiferente Concordo
1 Totalmente
Concordam 2
totalmente
Não Baixa Renda
Baixa Renda

Fonte: Elaboração dos Autores.

Enquanto os entrevistados manifestam, em termos gerais, que as empresas privadas


oferecem uma melhor qualidade de serviço, existem associações negativas relevantes,
particularmente na camada social de Baixa Renda, de que essas empresas estão
preocupadas principalmente com as pessoas de renda elevada e em obter benefícios
econômicos à custa dos usuários de seus serviços (GRÁFICO 5.16).

Com relação às empresas públicas, chama a atenção o fato de que, neste cluster, os
entrevistados de Não- Baixa Renda não mencionem a crítica observada nos outros grupos
de Municípios com relação à eficiência das empresas públicas, pelo contrário, discordam
dessa afirmação. Existe evidência até este ponto de que não existem prejulgamentos
associadas a preconceitos. A prova ácida do ponto seguinte terminará por esclarecer as
dúvidas.

• Prova Ácida (GRÁFICO 5.17). Ao analisar a comparação da qualidade de serviço


atual com a recebida previamente à PSP, que realizam os grupos Públicos e
Muito Privados (de acordo ao definido quando se explicou a Metodologia), foram
obtidos os seguintes resultados:
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

GRÁFICO 5.17 - Prova Ácida de Comparação


Concessões Maduras / Região N

Fonte: Elaboração dos Autores.

As comparações, tanto dentro da camada social de Baixa Renda como na de Não-


Baixa Renda entre os grupos Públicos e os Muito Privados, não mostraram diferenças
estatisticamente significativas, sendo que é possível observar uma avaliação mais positiva
da população de Não-Baixa Renda em relação à qualidade dos serviços prestados
atualmente após a PSP (que atinge o nível melhor no presente). Porém, a existência de
eventuais preconceitos relativos às empresas públicas e privadas não altera a percepção
atual de qualidade de serviço recebida, sendo possível a realização de análises de
mudanças na percepção de qualidade de serviço sem o risco de pré-julgamentos

209
5.3.4.2. Mudanças na Percepção de Qualidade do Serviço
GRÁFICO 5.18 - Avaliação Total Empresa
Concessões Maduras / Região N

Fonte: Elaboração dos Autores.

Os entrevistados de ambas as camadas (Baixa Renda e Não-Baixa Renda)


manifestam que a qualidade de serviço geral da empresa tem experimentado melhorias após
a PSP, porém a avaliação positiva é mais intensa para os entrevistados da camada social de
Não-Baixa Renda. Estas diferenças observadas são estatisticamente significativas, tornando
possível afirmar que, neste cluster, o grupo de Não-Baixa Renda encontra-se mais satisfeito
que o de Baixa Renda, situação que será analisada com mais detalhes nas próximas
seções.

Com respeito tanto às melhorias na qualidade de serviço, quanto ao desempenho


atual, existem diferenças estatisticamente significativas entre ambas as camadas, sendo
que, para a população de Baixa Renda, a dimensão relativa ao fornecimento e tratamento de
água encanada é a mais relevante (51,4% da percepção de qualidade de serviço), enquanto
que para a de Não-Baixa Renda essa dimensão (água) é menor que a soma das dimensões
atendimento e coleta e tratamento de esgoto (respectivamente 45,6% e 54,4%).

Embora os entrevistados da camada social de Baixa Renda reconheçam melhorias nas


dimensões atendimento e esgoto, sua percepção geral é que o desempenho atual é tão-
somente regular, contrariamente ao observado em relação à água, em que os clientes vêem
melhorias relevantes, além de uma condição atual aproximadamente satisfatória. Os clientes
de Não-Baixa Renda manifestam que, em todas as dimensões, têm ocorrido melhorias,
ainda que concordem com os de Baixa Renda em relação ao desempenho atual da
dimensão fornecimento e tratamento de água. A respeito do esgoto e do atendimento,
reconhecem melhorias, porém em menor medida, qualificando seu desempenho atual como
intermediário entre regular e bom. Este par de dimensões é a que explica principalmente a
diferença na menor percepção de desempenho geral da parcela de Baixa Renda, ao
compará-lo à de Não-Baixa Renda.

210
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

GRÁFICO 5.19 - Atributos de Água- Concessões


Maduras / Região N / Baixa Renda

Baixa Renda
CRISTALINA
30%
GOSTOSA DE BEBER
25%
CHEIRO

20%
TRATADA

CONTINUIDADE DO SERVIÇO 15%

PRESSÃO
10%

PREÇO JUSTO
5%
SEGURANÇA NA ÁGUA
TRATADA
0%
-2
Muito Melhor no Passado-1 Indiferente
0 1Muito Melhor no Presente
2

Fonte: Elaboração dos Autores.

Considerando a população de Baixa Renda (GRÁFICO 5.19), quanto à relevância,


têm-se, claramente, 4 faixas de atributos:.a primeira mais relevante é a água ser cristalina.
Em seguida apresentam-se, em um mesmo nível, continuidade de serviço, tratamento da
água (e confiança de que esta é tratada) e que seja gostosa de beber. Em terceiro lugar
aparece o odor da água e, por fim, a percepção de preço justo e pressão. A respeito das
melhorias posteriores à PSP, os entrevistados manifestam que têm ocorrido melhorias
importantes para a cristalinidade, tratamento, sabor e odor da água, mantendo-se
praticamente sem mudanças a continuidade do serviço (diferindo esta camada social com o
visto anteriormente em outros clusters, nos quais a continuidade de serviço era
consistentemente mencionada como um dos principais atributos) e a pressão (a qual é
praticamente irrelevante). A percepção de preço justo é o único atributo no qual os
entrevistados manifestam que a condição atual tem piorado em relação à existente
anteriormente à PSP. É possível concluir que, embora os entrevistados pensem que o preço
da água tem aumentado mais que proporcionalmente às melhorias na qualidade do serviço,
e por ser o preço ainda pouco relevante na equação total de satisfação, este atributo não
tem relevância para alterar a percepção final de melhoria.

211
GRÁFICO 5.20 - Atributos de Água - Concessões
Maduras / Região N / Não-Baixa Renda

Não-Baixa Renda

É CRISTALINA
25%

É GOSTOSA DE BEBER

20%
NÃO TEM CHEIRO

É TRATADA
15%

TEM CONTINUIDADE DO SERVIÇO

10%
TEM BOA PRESSÃO

TEM PREÇO JUSTO


5%

SEGURANÇA NA ÁGUA
TRATADA
0%
-2
Muito Melhor no Passado-1 0
Indiferente 1Muito Melhor no Presente
2

Fonte: Elaboração dos Autores.

Para a população de Não-Baixa-Renda (GRÁFICO 5.20), foi possível verificar a


existência de 3 grupos de atributos (quanto à sua relevância), em contraposição aos 4 vistos
no caso anterior. No primeiro, agrupam-se os relativos ao tratamento da água - que seja
cristalina e tratada (e confiança no tratamento) - e à continuidade de serviço. No segundo,
estão os atributos relativos ao sabor e ao odor. Assim, os clientes desta camada social estão
dizendo que valorizam que não falte água e que a mesma seja de uma qualidade adequada
aos usos dados, os quais não incluem, em muitos casos, consumi-la. No terceiro grupo
aparecem preço justo e pressão. A respeito das melhorias após a PSP, os entrevistados
avaliam positivamente a situação atual nos atributos que qualificam como mais relevantes,
sendo que a avaliação de indiferença entre as situações antes e depois da PSP é
considerada para o bloco de atributos com menor relevância.

212
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

GRÁFICO 5.21 - Atributos de Esgoto - Concessões


Maduras / Região N / Baixa Renda

Fonte: Elaboração dos Autores.

Considerando a população de Baixa Renda (GRÁFICO 5.21), o atributo mais relevante


está relacionado ao não-entupimento do esgoto. Abaixo deste, aparecem praticamente sem
diferenças quanto à relevância, que o esgoto não apresente refluxos, que possua um
tratamento adequado e que tenha um preço justo, enquanto que, em último lugar, aparece
não ter odores desagradáveis. A percepção atual a respeito de que a dimensão completa de
esgoto apresenta um desempenho somente regular encontra-se na análise dos atributos: o
mais importante (que o esgoto não se obstrua) não apresenta praticamente mudanças a
partir da PSP; e um atributo localizado no segundo bloco de relevância, a percepção de
preço justo, é qualificado como pior que antes da PSP. Desta forma, os clientes estão
afirmando que a qualidade de serviço melhorou pouco e, por outro lado, que o preço tem
aumentado mais do que proporcionalmente. E, ao ser o preço um atributo relevante nesta
dimensão para esta camada social, a percepção final de desempenho é apenas regular.

213
GRÁFICO 5.22 - Atributos de Esgoto - Concessões
Maduras- Região N / Não-Baixa Renda

Fonte: Elaboração dos Autores.

Considerando as respostas dos entrevistados de Não-Baixa Renda (GRÁFICO 5.22)


quanto à relevância, todos os atributos estão muito mais próximos entre si, com destaque
para tratamento do esgoto (incluindo não provocar danos à saúde), seguido por não-
entupimento do esgoto, esgoto sem refluxo e sem cheiro e preço justo. Os entrevistados
desta camada social vêem pequenas melhorias em todos os aspectos, particularmente nos
relativos à qualidade de serviço domiciliar, exceto para a percepção de preço justo, que é
qualificado como pior que antes da PSP. Desta forma, os clientes estão afirmando que a
qualidade de serviço melhorou pouco e, por outro lado, que o preço tem aumentado mais do
que proporcionalmente, sem contudo interferir na percepção total de melhorias nesta
dimensão.

Em relação aos atributos de atendimento, os mais importantes (com a soma dos


índices superando 50%) tanto para a população de Baixa Renda, quanto para a de Não-
Baixa Renda, correspondem a avisos oportunos de interrupção de fornecimento e entrega da
conta sem erro. O atributo menos importante é aquele relacionado a opções de pagamento
flexíveis. Para todos os atributos, a avaliação de atendimento está um pouco melhor que
antes da PSP, com exceção do atributo opções de pagamento flexíveis, que foi avaliado
como indiferente antes e depois da PSP pela população de Não-Baixa Renda..

O número de clientes que declaram ter aumentado a quantidade de usos da água


fornecida pelas concessionárias é praticamente nulo. Em contrapartida, praticamente 10%
dos entrevistados na categoria de Não-Baixa Renda, manifestam ter diminuído o uso,
satisfazendo às necessidades originais com fontes alternativas. Esta diminuição nos usos
pode ser explicada por uma queda na quantidade de pessoas que declaram beber a água
fornecida pelas concessionárias após a PSP: de 85% para 77% pela população de Não-
Baixa Renda. Para a população de Baixa Renda, não houve diminuição (na verdade um
pequeno aumento, de 92% para 93%).

Este é o primeiro dos clusters analisados até o momento em que existe uma proporção
importante de pessoas, particularmente de Baixa Renda, que aumenta os usos que faz da
água: 32% dos entrevistados desta camada social manifestam que utilizam atualmente a
água potável para mais usos que anteriormente à PSP, substituindo outras fontes

214
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

alternativas. Este aumento pode ser explicado principalmente pelas pessoas que passaram a
utilizar a água para beber: de 32% para 56% (Baixa Renda) e de 31% para 37% (Não-Baixa
Renda). Este resultado é compatível com o que foi verificado anteriormente em relação à
qualidade da água.

5.3.4.3. Conclusões

• Da mesma forma que o observado para todos os clusters de Municípios


analisados até o momento, todas as provas realizadas fornecem evidência
suficiente que permite descartar a presença de um pré-julgamento na avaliação
da qualidade de serviço como produto de preconceitos das pessoas em relação
às privatizações.
• A qualidade de serviço geral é percebida, tanto pela camada social de Baixa
Renda, como pelos de Não-Baixa Renda, como melhor à existente anteriormente
à PSP. Porém, os clientes de Baixa Renda manifestam que o nível atual é
apenas superior a regular, o que está longe da avaliação realizada referente aos
benchmarks de excelência, como outras empresas e instituições públicas e
privadas. Na camada social de Não-Baixa Renda, a avaliação geral é melhor.
• Com relação às dimensões de qualidade de serviço, a água é de longe a mais
relevante, responsável por cerca de 50% da satisfação geral, porém o
atendimento superou o esgoto pela primeira vez neste estudo (até o momento).
Com relação às melhorias a partir do início da PSP e ao desempenho atual
atingido, os clientes da camada social de Baixa Renda consideram que têm
ocorrido somente pequenas melhorias no esgoto e no atendimento, até localizar-
se em um nível apenas regular. São estes pares de dimensões (que explicam, de
forma conjunta, o índice de 50% da satisfação total) as que influenciam a
percepção total de qualidade de serviço, uma vez que a água, a dimensão mais
importante, é percebida com melhorias relevantes..
• Com relação aos atributos da água, os mais relevantes, tanto na camada de
Baixa Renda, como na de Não-Baixa Renda, foram os relativos ao tratamento,
com a percepção de pequenas melhorias, relativas à qualidade intrínseca desta:
que seja cristalina e esteja corretamente tratada. Entre as camadas, ocorrem
diferenças, principalmente em relação à continuidade do serviço e ao sabor da
água: enquanto a camada social de Não-Baixa Renda valoriza que o serviço não
tenha interrupções muito mais do que a água tenha um bom sabor, e a camada
social de Baixa Renda identifica ambos os atributos no mesmo nível. Ao analisar
a evolução dos usos da água, este é o único dos clusters analisados até o
momento em que os entrevistados aumentam a quantidade de usos para a
satisfação de suas necessidades com a água potável, o que pode ser explicado,
principalmente, pela maior proporção de clientes que passam a utilizar a água
potável também como bebida. Este último aspecto demonstra um aumento
efetivo na percepção de qualidade da água, e a confiança que esta inspira aos
consumidores após a PSP.
• Quanto ao esgoto, foi possível observar diferenças relevantes entre as camadas
de Baixa Renda e de Não-Baixa Renda: enquanto que para os primeiros o mais
importante é que o esgoto não entupa (qualidade de serviço no lar), para os
segundos os atributos mais relevantes estão relacionados ao tratamento dos
resíduos de esgoto, para que estes não provoquem danos à saúde, nem ao meio
ambiente. Todos os atributos, salvo a relação qualidade/preço, são percebidos
praticamente sem melhorias, ou com pequenos avanços a partir do início da
PSP, na camada social de Baixa Renda. Com a inclusão da avaliação negativa

215
que esta camada social associa ao atributo da relação qualidade/preço, verifica-
se que a percepção geral para esta dimensão é de um desempenho somente
regular, com uma evolução muito baixa logo no início da PSP, o que, por outro
lado, causa impacto na percepção geral de qualidade de serviço, fazendo com
que esta camada social, como foi mencionado anteriormente, tenha uma visão
pior referente à condição de serviço atual que a de Não-Baixa Renda.
• Os atributos relativos ao preço, tanto em relação à água, como ao esgoto, são os
que apresentam a pior avaliação comparada referente à condição de serviço
anterior à PSP.
• Com relação ao atendimento, os atributos mais relevantes são o aviso oportuno
de interrupção de fornecimento e que a conta seja entregue sem erros e os
entrevistados identificam melhorias após o início da PSP,

5.3.5. Análise dos Municípios Maduros / Regiões Sul- Sudeste

Esta seção analisa os resultados para o bloco de concessões Maduras das Regiões
Sul e Sudeste. Os resultados são também apresentados abertos em população de Baixa
Renda e de Não-Baixa Renda.

5.3.5.1. Pré-julgamento em Relação às PSPs

Inicialmente, quanto ao conhecimento do nome da empresa fornecedora ou


concessionária, foi possível verificar que entre 82% e 85% dos entrevistados mencionam (de
maneira espontânea) corretamente o nome da empresa fornecedora. Não há, da mesma
forma como foi verificado anteriormente, diferenças entre as camadas de Baixa Renda e de
Não-Baixa Renda relativas a este aspecto, que apresentam porcentagens elevadas para
ambas as camadas. Apesar destes índices apontarem um alto nível de consciência ou
awareness da população em relação aos serviços de saneamento, foram baixos em
comparação aos outros clusters analisados anteriormente.

Este também corresponde, de longe, ao cluster no qual existe menor nível de


consciência referente aos processos de PSP, que são conhecidos por 59% e 73% da
população de Baixa Renda e de Não-Baixa Renda respectivamente. O baixo nível, tanto
para awareness relativo às empresas de saneamento, assim como o baixo nível de
conhecimento referente aos processos de PSP, conFIGURA um cenário de risco controlado
de preconceitos em relação aos processos de PSP.

216
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

GRÁFICO 5.23 - Qualidade de Serviço de Empresas e Instituições


Públicas e Privadas - Concessões Maduras / Região S-SE

Fonte: Elaboração dos Autores.

Como é possível verificar pelo GRÁFICO 5.23, não existem grandes diferenças nas
avaliações que as camadas de Baixa Renda e de Não-Baixa Renda realizam das instituições
públicas e privadas. As diferenças nas avaliações não são em nenhum caso estatisticamente
significativas. Para o caso dos Bancos, único item avaliado simultaneamente sob gestão
pública e privada, não existem também diferenças estatisticamente significativas entre as
duas categorias de população estudadas. Desta forma, até este ponto, não existem
evidências que indiquem eventuais riscos na avaliação decorrentes de pré-julgamentos

217
GRÁFICO 5.24 - Avaliação Afirmações - SetorES Público
e Privado - Concessões Maduras / Região S-SE

Afirmações Setor Publico e Privado

As empresas privadas se preocupam apenas com as


pessoas de renda elevada

As empresas privadas procuram levar mais vantagens


às custas das pessoas que utilizam seus serviços

As empresas privadas oferecem um serviço de melhor


qualidade

As empresas públicas trabalham para melhorar a


qualidade de vida das pessoas

As empresas públicas têm empregados mais


capacitados

As empresas públicas são menos eficientes

Discordamtotalmente
-2 -1 Indiferente
0 1 Concordamtotalmente
2

Não Baixa Renda


Baixa Renda

Fonte: Elaboração dos Autores.

Enquanto os entrevistados manifestam, em termos gerais, que as empresas privadas


oferecem uma melhor qualidade de serviço, existem associações negativas relevantes de
que essas empresas estão preocupadas principalmente em obter benefícios econômicos à
custa dos usuários de seus serviços (GRÁFICO 5.24). Em seguida, para a população de
Baixa Renda, as empresas privadas procuram levar mais vantagens às custas das pessoas
que utilizam seus serviços. Entretanto, a segunda afirmação da população de Não-Baixa
Renda é de natureza positiva – as empresas privadas oferecem um serviço de melhor
qualidade. No que diz respeito às empresas públicas, existe uma pequena crítica por parte
de ambas as camadas em relação à sua eficiência (ao compará-las com as empresas
privadas), com o reconhecimento, particularmente na camada social de Baixa Renda, de
uma certa preocupação dessas empresas e instituições em melhorar a qualidade de vida das
pessoas. A evidência, até este ponto, indica que o risco de pré-julgamentos associados à
avaliação de qualidade de serviço é baixo. A “Prova Ácida” a seguir permitirá esclarecer o
assunto.

• Prova Ácida (GRÁFICO 5.25). Ao analisar a comparação da qualidade de serviço atual


com a recebida previamente à PSP, que realizam os grupos Públicos e Muito
Privados (de acordo ao definido quando se explicou a Metodologia), foram obtidos os
seguintes resultados:

218
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

GRÁFICO 5.25 - Prova Ácida de Comparação


Concessões Maduras / Região S-SE

Fonte: Elaboração dos Autores.

As comparações, tanto dentro da camada social de Baixa Renda como na de Não-


Baixa Renda entre os grupos Públicos e os Muito Privados, não apresentaram diferenças
estatisticamente significativas, sendo que é possível observar uma avaliação mais positiva
da população de Não-Baixa Renda em relação à qualidade dos serviços prestados
atualmente após a PSP, enquanto que a população de Baixa Renda tem uma avaliação mais
positiva das empresas públicas que as privadas. Porém, a existência de eventuais
preconceitos relativos às empresas públicas e privadas não altera a percepção atual de
qualidade de serviço recebida, sendo possível a realização de análises de mudanças na
percepção de qualidade de serviço sem o risco de pré-julgamentos

219
5.3.5.2. Mudanças na Percepção da Qualidade de Serviço
GRÁFICO 5.26 - Avaliação Total Empresa
Concessões Maduras/ Região S-SE

Fonte: Elaboração dos Autores.

Os entrevistados de ambas as camadas (Baixa Renda e Não-Baixa Renda)


manifestam que a qualidade de serviço geral da empresa tem experimentado melhorias após
a PSP, porém a avaliação positiva é um pouco mais intensa para os entrevistados da
camada social de Não-Baixa Renda. Estas diferenças observadas são estatisticamente
significativas, tornando possível afirmar que, neste cluster, o grupo de Não-Baixa Renda
encontra-se mais satisfeito que o de Baixa Renda, situação que será analisada com mais
detalhes nas próximas seções.

Com respeito tanto às melhorias na qualidade de serviço, quanto ao desempenho atual,


existem diferenças estatisticamente significativas entre ambas as camadas, sendo que, tanto
para a população de Baixa Renda, como para a de Baixa Renda, a dimensão relativa ao
fornecimento e tratamento de água encanada é a mais relevante (46,6% e 49,4%,
respectivamente, da percepção de qualidade de serviço). Porém, para a população de Baixa
Renda, em termos de relevância, a coleta e tratamento de esgoto atingiu o maior índice
neste estudo até o momento (33,5%) e o atendimento é a dimensão menos relevante.

Assim sendo, o esgoto é responsável pelo fato de que a percepção geral de satisfação
seja mais baixa nesta camada social em comparação a de Não-Baixa Renda: é uma
dimensão excepcionalmente importante, e a pior qualificada, tanto atualmente (com um nível
intermediário entre regular e bom), como quanto a sua evolução em relação à condição
anterior à PSP, em que é percebida como a que menos tem evoluído. A água, em
contrapartida, é a dimensão mais relevante e a que apresenta a melhor avaliação atual
(próximo a bom) e as maiores evoluções positivas, desde a realização dos processos de
PSP.

Os clientes de Não-Baixa Renda percebem avanços significativos em todas as


dimensões, embora coincidam com os de Baixa Renda quanto ao bom nível atingido pela
água. Com relação ao esgoto e ao atendimento, reconhecem avanços, mesmo que menores
aos observados na água, considerando que o esgoto particularmente tem ficado um pouco

220
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

mais atrás. De todas as formas, os desempenhos nestas duas dimensões são percebidos
como próximos a bom.

GRÁFICO 5.27 - Atributos da Água – Concessões


Maduras / Região S-SE / Baixa Renda

Baixa Renda
É CRISTALINA
25%
É GOSTOSA DE BEBER

NÃO TEM CHEIRO 20%

É TRATADA
15%
TEM CONTINUIDADE DE SERVIÇO

10%
TEM BOA PRESSÃO

TEM PREÇO JUSTO


5%

SEGURANÇA NA ÁGUA
TRATADA
0%
Muito
-2 Melhor no Passado-1 Indiferente
0 1Muito Melhor no Presente
2

Fonte: Elaboração dos Autores.

Considerando a população de Baixa Renda (GRÁFICO 5.27), os entrevistados deste


grupo não percebem grande diferença em relação à relevância dos atributos, atribuindo
pesos muito similares à segurança no tratamento, a que a água seja cristalina, à
continuidade de serviço, ao sabor da água e ao odor. Em seguida, mais abaixo, aparece a
percepção de preço justo e, por último, a pressão, consideradas praticamente irrelevantes.
Pode-se afirmar que estes clientes valorizam uma água de qualidade, compatível com os
usos que dão à água potável (entre eles, beber) e que o serviço seja contínuo, sem
interrupções.

A respeito das melhorias posteriores à PSP, os entrevistados manifestam que em


quase todos os aspectos houve avanço, ainda que as maiores melhorias sejam notadas no
nível de tratamento da água e na continuidade de serviço. Com relação ao nível de
cristalinidade da água, considera-se que a situação atual é similar à do passado. A
percepção de preço justo é o único atributo no qual os entrevistados manifestam que a
condição atual tem piorado em relação à existente anteriormente à PSP. É possível concluir
que, embora os entrevistados pensem que o preço da água tem aumentado mais que
proporcionalmente às melhorias na qualidade do serviço, e por ser o preço ainda pouco
relevante na equação total de satisfação, este atributo não tem relevância para alterar a
percepção final de melhoria.

221
GRÁFICO 5.28 - Atributos da Água – Concessões
Maduras / Região S-SE / Não-Baixa Renda

Não-Baixa Renda
30%
É CRISTALINA

É GOSTOSA DE BEBER 25%

NÃO TEM CHEIRO


20%
É TRATADA

15%
TEM CONTINUIDADE DE SERVIÇO

TEM BOA PRESSÃO 10%

TEM PREÇO JUSTO


5%
SEGURANÇA NA ÁGUA
TRATADA
0%
-2
Muito Melhor no Passado-1 0
Indiferente 1Muito Melhor no Presente
2

Fonte: Elaboração dos Autores.

Para a população de Não Baixa-Renda (GRÁFICO 5.28), interessa principalmente que


a água seja tratada, importando-lhes bem menos seu sabor, odor e nível de cristalinidade. A
respeito das melhorias após a PSP, os entrevistados avaliam positivamente a situação atual
nos atributos que qualificam como mais relevantes, sendo que, como ocorreu para a
população de Baixa Renda, o atributo preço justo foi avaliado como pior em comparação ao
verificado antes da PSP.

GRÁFICO 5.29 - Atributos do Esgoto – Concessões


Maduras / Região S-SE / Baixa Renda

Fonte: Elaboração dos Autores.


CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Considerando a população de Baixa Renda (GRÁFICO 5.29), o atributo mais relevante


está relacionado ao não-entupimento do esgoto. Abaixo deste, aparecem praticamente sem
diferenças quanto à relevância, que o esgoto não apresente refluxos, que possua um
tratamento adequado e que não tenha odores desagradáveis. Em último lugar ficou o preço
justo.

A percepção atual a respeito de que a dimensão completa de esgoto apresenta um


desempenho melhor em relação ao passado encontra-se na análise dos atributos: com
exceção dos odores desagradáveis, situação praticamente inalterada, e preço justo, atributo
avaliado como pior no presente, os demais apresentam melhorias a partir da PSP. Desta
forma, os clientes estão afirmando que a qualidade de serviço melhorou e, por outro lado,
que o preço tem aumentado mais do que proporcionalmente à qualidade.Considerando que
que o preço é interpretado pelos clientes desta camada social como pouco relevante, a
percepção final é que o esgoto tem melhorado, ainda que em menor medida, que a água e o
atendimento.

GRÁFICO 5.30 - Atributos do Esgoto - Concessões


Maduras/ Região S-SE / Não-Baixa Renda

Fonte: Elaboração dos Autores.

Considerando as respostas dos entrevistados de Não-Baixa Renda (GRÁFICO 5.30)


quanto à relevância, todos os atributos estão muito mais próximos entre si (exceto o preço
justo), com destaque para tratamento do esgoto (incluindo não provocar danos à saúde),
seguido por não-entupimento do esgoto, esgoto sem refluxo e sem cheiro. Os entrevistados
desta camada social vêem pequenas melhorias em todos os aspectos, particularmente nos
relativos à qualidade de serviço domiciliar, exceto para a percepção de preço justo, que é
qualificado como pior que antes da PSP. Desta forma, os clientes estão afirmando que a
qualidade de serviço melhorou pouco e, por outro lado, que o preço tem aumentado mais do
que proporcionalmente, sem contudo interferir na percepção total de melhorias nesta
dimensão.

Em relação aos atributos de atendimento, os mais importantes (com a soma dos


índices superando 50%) tanto para a população de Baixa Renda, quanto para a de Não-
Baixa Renda, correspondem a avisos oportunos de interrupção de fornecimento e entrega da
conta sem erro. O atributo menos importante é aquele relacionado a opções de pagamento
flexíveis. Para todos os atributos, a avaliação de atendimento está um pouco melhor que

223
antes da PSP, com destaque para o nível mais baixo de melhoria atingido pelos dois
atributos mais relevantes.

O número de clientes que declaram ter aumentado a quantidade de usos da água


fornecida pelas concessionárias é pequeno, inferior a 10% para as duas camadas sociais.
Há uma queda na quantidade de pessoas que declaram beber a água fornecida pelas
concessionárias após a PSP: de 84% e 72% para 79% e 67% para a população de Baixa
Renda e Não-Baixa Renda respectivamente.

A diminuição dos usos para a água fornecida pelas companhias, e a queda na


quantidade de pessoas que declaram utilizá-la para beber podem encontrar sua explicação
nos seguintes aspectos:

• Em primeiro lugar, o fato de que a percepção de preço da água tenha piorado


explica por que os usuários não substituíram as fontes dos usos que não
requerem água potável (como regar jardins ou lavar roupa) pela água fornecida
pelas companhias.
• A diminuição da quantidade de pessoas bebendo água fornecida pelas
companhias, sendo particularmente relevante esta diminuição na camada social
de Não-Baixa Renda, pode estar relacionada aos seguintes fatores:
 Quanto menor a renda dos entrevistados, maior é a proporção de
indivíduos que bebe água fornecida pela companhia. Desta forma, o fato de
que a quantidade de pessoas que a consome na camada social de Não-
Baixa Renda diminur tanto, a partir da PSP, pode estar relacionada a que
uma proporção importante desta gente a bebia antes, quando seus
rendimentos eram menores, mas que agora, ao terem seus rendimentos
aumentados, deixaram de consumi-la. O que está por trás deste fenômeno,
então, é a proporção de pessoas que deixaram de ser de Baixa Renda.
• Em primeiro lugar, o fato de que a percepção de preço da água tenha piorado
explica por que os usuários não tenham substituído as fontes dos usos que não
requerem água potável (como regar jardins ou lavar roupa) pela água fornecida
pelas companhias.
• Que a quantidade de pessoas bebendo a água fornecida pelas companhias
diminua, de maneira proporcionalmente mais alta, na camada social de Não-
Baixa Renda, encontra sua explicação no seguinte fato: quanto menor a renda
dos entrevistados, maior é a proporção de indivíduos que bebem a água. Desta
forma, a diminuição da quantidade de pessoas que a consomem na camada
social de Não-Baixa Renda, a partir da PSP, pode ser devida a que uma
proporção importante destas pessoas a bebia antes, quando suas receitas eram
menores, mas que agora, ao terem aumentadas suas receitas, deixou de fazê-lo .
O que está por trás deste fenômeno, então, é a taxa atribuída ao fato de as
pessoas deixarem de ser de Baixa Renda.

5.3.5.3. Conclusões

• Da mesma forma que o observado para todos os clusters de Municípios


analisados até o momento, todas as provas realizadas fornecem evidência
suficiente que permite descartar a presença de um pré-julgamento na avaliação
da qualidade de serviço como produto de preconceitos das pessoas em relação
às privatizações.

224
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

• A qualidade de serviço geral é percebida, tanto pela camada social de Baixa


Renda, como pelos de Não-Baixa Renda, como melhor à existente anteriormente
à PSP, alcançando avaliações similares às obtidas por outras empresas
consideradas de excelência (como é o caso dos Correios). Porém, na camada
social de Baixa Renda, a percepção de qualidade de serviço é pior que a
percepção para a de Não-Baixa Renda, considerando também que os avanços
após o início da PSP têm sido levemente inferiores.
• Com relação às dimensões de qualidade de serviço, a água é de longe a mais
relevante, responsável por cerca de 50% da satisfação geral e o atendimento o
menos relevante com 20%. Com relação às melhorias a partir do início da PSP e
ao desempenho atual atingido, a água é a dimensão mais importante, sendo
percebida melhorias relevantes, e o esgoto, por outro lado, é a dimensão em
relação à qual os entrevistados se manifestam mais críticos.
• Com relação aos atributos da água, os mais relevantes, tanto na camada de
Baixa Renda, como na de Não-Baixa Renda, foram os relativos ao tratamento,
com a percepção de melhorias relevantes, porém insuficientes para garantir o
consumo como bebida por parte da população. A continuidade de serviço é
consistentemente o atributo em que os entrevistados detectam maiores melhorias
e, em ambas as camadas, é o segundo em importância, atrás dos atributos
relativos ao tratamento..
• Quanto ao esgoto, enquanto os entrevistados de Baixa Renda valorizam a
qualidade de serviço domiciliar, apesar do nível de tratamento dos resíduos, nos
de Não- Baixa Renda a situação se inverte. O atributo relativo ao preço é pouco
relevante para ambas as categorias de população. Em relação ao desempenho,
os entrevistados estimam, particularmente na camada social de Baixa Renda,
que têm ocorrido em geral menos avanços que na água após a PSP.
• Os atributos relativos ao preço, tanto em relação à água, como ao esgoto, são os
que apresentam a pior avaliação comparada referente à condição de serviço
anterior à PSP.
• Com relação ao atendimento, os atributos mais relevantes são o aviso oportuno
de interrupção de fornecimento e que a conta seja entregue sem erros, sendo
que os entrevistados identificam melhorias após o início da PSP, Em particular, o
atributo mais importante em ambas as camadas sociais é o aviso oportuno de
cortes, que se associa às menores melhorias observadas após a PSP.

5.3.6. Conclusões Gerais

As análises realizadas permitiram descartar em todos os clusters e camadas de


clientes a presença de pré-julgamento nas avaliações de qualidade de serviço, produto de
eventuais preconceitos dos entrevistados referentes aos processos de PSP. Realizou-se
uma série de provas que incluíram o nível de conhecimento das empresas e dos processos
de PSP, além de avaliações comparadas de blocos de empresas públicas e privadas,
terminando com uma pesquisa realizada especificamente para detectar os eventuais pré-
julgamentos.

Das análises realizadas foi possível observar que, mesmo que existam alguns
conceitos naturalmente associados às empresas privadas e interpretados com conotações
negativas (como a procura do lucro, por exemplo), os entrevistados reconhecem que, apesar
disto, os serviços prestados por estas empresas são freqüentemente de melhor qualidade
que os de seus pares públicos, não existindo, contudo, diferenças na avaliação das

225
evoluções na qualidade de serviço das concessões a partir das PSPs entre os entrevistados
que colocaram melhores notas às empresas e instituições públicas e os que avaliaram
melhor as privadas.

Dessa forma, pode-se efetuar a análise dos níveis atuais de satisfação, assim como
também das evoluções a partir dos processos de PSP, sabendo-se que as probabilidades de
pré-julgamento são mínimas, e que as eventuais diferenças encontradas são reais.

A primeira grande conclusão é que os clientes avaliam que a condição de serviço atual
é melhor que a que tinham antes da PSP, chegando, em muitos casos, a níveis próximos a
bom (similares ao obtido por benchmarks validados em estudos anteriores, como os
Correios, e muito acima de serviços avaliados de forma menos que regular, como a
manutenção de ruas, avenidas e parques).

Este sentimento generalizado de melhoria é explicado, em grande parte, pelos avanços


que os clientes percebem na água, a dimensão de serviço mais importante (ela responde
individualmente por cerca da metade da satisfação geral). Independentemente da camada
social considerada, avalia-se que qualidade desta (medida principalmente como a certeza
de tratamento adequado) tem evoluído positivamente a partir do início das PSPs e, em
muitos casos, também que a continuidade do serviço tem melhorado de forma importante,
sendo estes dois aspectos, qualidade e continuidade de serviço, os mais significativos em
praticamente todas as camadas e clusters.

Apesar disso, ao analisar de forma comparativa as camadas de Baixa Renda e de


Não-Baixa Renda, verificam-se algumas diferenças, principalmente quanto à valorização
relativa dos atributos, devidas principalmente aos usos que os clientes concedem à água
potável: dado que os clientes de Baixa Renda em geral tendem a beber a água potável,
enquanto que os de Não-Baixa Renda utilizam principalmente fontes alternativas para este
fim, os primeiros tendem a valorizar mais todos os atributos referentes à qualidade (não
apenas a percepção de tratamento, mas também a cristalinidade, o sabor e o odor),
enquanto que os outros, tendo certeza de que a água está corretamente tratada, privilegiam
a continuidade de serviço em relação a outros atributos de qualidade não-relevantes para
seus usos principais.

Apesar de existir uma percepção efetiva referente ao fato de que a qualidade física da
água hoje é melhor do que a que existia antes da PSP, não tem aumentado a quantidade de
pessoas que utilizam a água potável para beber. De fato, verificou-se que a quantidade de
pessoas bebendo a água potável desde o início das PSPs diminuiu, sendo particularmente
relevante a taxa de diminuição na camada social de Não-Baixa Renda. Isto indica que,
embora os clientes detectem melhorias na qualidade da água, isso ainda não inspira a
confiança suficiente para consumi-la, motivo pelo qual procuram fontes alternativas (como
água engarrafada, por exemplo),para seu uso.

O esgoto, a segunda dimensão em relevância (salvo uma camada social específica


dentro de um cluster, em que é superado levemente pelo atendimento), corresponde em
geral à dimensão pior avaliada, e a que apresenta os menores avanços desde os processos
de PSP nos Municípios. Os atributos relevantes de cluster a cluster mostram algumas
nuances diferentes, mas, como regra geral, pode-se dizer que, enquanto os clientes de
Baixa Renda privilegiam os atributos relativos à qualidade de serviço recebida no lar (que o
esgoto não entupa, não apresente refluxos nem odores desagradáveis), os de Não-Baixa
Renda tendem a valorizar mais que a realização de um adequado tratamento dos resíduos,
de forma que não se comprometa a saúde pública, nem o meio-ambiente.

No que se refere aos atributos de atendimento, e uma vez que uma grande
porcentagem dos clientes provavelmente nunca tenha tido contato com algum canal de

226
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

atendimento (seja presencial, seja não-presencial) da companhia concessionária, os únicos


dos atributos considerados relevantes pelas duas camadas sociais são os que podem ser
verificados na utilização cotidiana dos serviços: que as contas sejam entregues sem erros e
que os cortes sejam avisados com antecipação suficiente. Em relação a isso, os
entrevistados, de um lado, manifestam a ocorrência de melhorias consistentes quanto aos
erros recebidos nas contas, e, de outro lado, continua inalterada, sem melhoria, a situação
quanto à antecipação com que são avisados dos cortes de fornecimento. O atributo relativo
ao oferecimento de flexibilidades para o pagamento das contas é o menos valorizado nesta
dimensão, possivelmente em razão dos entrevistados saberem que, em geral, é muito difícil
a interrupção do serviço devido ao não-pagamento das contas.

A principal crítica generalizada nas camadas sociais e clusters, mas com nuances
diferentes, é que os preços têm aumentado mais que proporcionalmente à qualidade de
serviço, tanto na água como no esgoto. Os clientes estimam, em geral, que a relação
qualidade/preço dos serviços tem piorado: se esta evolução negativa não tem causado
impacto sensível quanto à percepção geral de melhorias, é somente porque os entrevistados
de quase todos os clusters estimam que este atributo (a relação qualidade/preço) não é
muito importante. Prova disso é que os entrevistados não têm aumentado a quantidade de
usos associados à água potável. Se os clientes sentissem que a relação qualidade/preço
tivesse melhorado (ou pelo menos se mantido), teriam substituído fontes alternativas para
usos que requerem maiores volumes de água, porém qualidades inferiores, como lavar
roupa ou louça, por água potável. Entretanto, isto não tem sido feito.

5.4. Análise da Pesquisa de Novos Conectados

Nesta seção são apresentadas as principais análises e conclusões a respeito da


pesquisa de novos conectados (impacto) aos serviços de água potável canalizada e
esgotamento sanitário em alguns Municípios em que há a participação do setor privado
(PSP). A partir desta análise busca-se, principalmente, conhecer como as PSP contribuíram
para o bem-estar dos novos usuários dos serviços de água e esgoto captados por estas
empresas.

Todos os resultados a seguir foram obtidos a partir de uma amostra de 610 domicílios
entrevistados, aos quais foram aplicados os respectivos fatores de expansão (pesos) para
que possam ser representativos da população dos Municípios pesquisados.

227
TABELA 5.17 - Lista de municípios pesquisados.

Município Nº de Casos

Araruama 14

Campo Grande 36

Campos dos Goytacazes 62

Guapimirim 50

Limeira 53

Manaus 104

Mauá 15

Niterói 90

Nova Friburgo 19

Palmas 57

Paranaguá 16

Petrópolis 72

Primavera do Leste 22

Total 610

Fonte: Elaboração dos Autores.

Nas subseções seguintes são apresentadas as descrições das principais respostas


colhidas por meio do questionário aplicado a estes novos domicílios conectados. Em
primeiro lugar, são demonstradas as avaliações relacionadas respectivamente aos serviços
de água potável canalizada e de esgotamento sanitário. Mais adiante, são efetuadas as
análises da avaliação geral dos serviços prestados, bem como o ponto de vista dos
conectados de acordo com faixas de renda. Por fim, são tecidas as conclusões deste estudo.

5.5. Serviço de Água Potável Canalizada

A primeira análise, no âmbito do serviço de água prestado pela PSP, refere-se à


avaliação do desempenho atual da empresa prestadora. Segundo o GRÁFICO 5.31, 60,4%
dos entrevistados julgam que o serviço de água potável é bom ou ótimo, outros 23% julgam
que é regular e 15,8% crêem que o serviço é ruim ou péssimo.

228
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

GRÁFICO 5.31 - Avaliação do desempenho atual da empresa

Não sabe/ Não


Péssimo; 10.8% opinou; 0.8%
Ótimo; 15.5%
Ruim; 5.0%

Bom; 44.9%
Regular; 23.0%

Fonte: Elaboração dos Autores.

Quanto à análise da água encanada da rua que se recebe no domicílio, o GRÁFICO


5.32 mostra que 72,9% dos entrevistados julgam que a qualidade da água que recebem em
casa é de boa ou ótima qualidade, 20,0% consideram-na regular e 6,8% que a qualidade é
ruim ou péssima.

GRÁFICO 5.32 - A qualidade da água encanada da rua


que você recebe em sua casa é:

Não sabe/ Não


opinou; 0.30%
Péssimo; 3.70%
Ótimo; 13.50%
Ruim; 3.10%

Regular; 20.00%
Bom; 59.40%

Fonte: Elaboração dos Autores.

A pesquisa entre os novos conectados também contemplou a avaliação do serviço de


água antes dele se conectar ao novo serviço. Como se verifica no GRÁFICO 5.33, 72,5%
está de acordo ou totalmente de acordo quanto ao serviço de água potável ter melhorado
com relação à situação prévia à incorporação da rede. Já 14,7% dos domicílios estão em
uma situação neutra, pois manifestaram-se estarem nem de acordo nem em desacordo. Por
fim, 10,2% dos entrevistados estão em desacordo ou totalmente em desacordo com esta
afirmação.

229
GRÁFICO 5.33 - Concorda com a Seguinte Afirmação: O Serviço
de Água é Melhor que Antes de Estar Conectado.

Discordo Não sabe/ Não


Totalmente; 2.2% opinou; 2.7%

Concordo
Discordo; 8.0%
Totalmente; 15.2%

Nem Concordo e
nem Discordo;
14.7%
Concordo; 57.3%

Fonte: Elaboração dos Autores

Em relação à cor da água recebida no domicílio, , 60,6% julgam que a água está
sempre transparente e cristalina, porcentagem que se eleva a 88,8%, considerando-se
aqueles que consideram que a água é normalmente cristalina e transparente. O restante
(11,2%) indicam que muitas vezes ou nunca tal condição é apresentada.

GRÁFICO 5.34 - Em relação à COR.


A água
normalmente é
A água muitas transparente e
vezes não é cristalina, mas em
transparente e algum vezes não
cristalina; 7.0% é; 28.2%

A água nunca é A água é sempre


transparente e transparente e
cristalina; 4.2% cristalina; 60.6%

Fonte: Elaboração dos Autores

Em relação à percepção do gosto da água, o GRÁFICO 5.35 mostra que 51,8% dos
entrevistados indicaram que a água sempre é gostosa de beber e nunca possui gosto ruim.
Em relação aos aspectos considerados negativos, 36,5% dos entrevistados assinalaram que
em algumas ocasiões a água encontra-se com gosto ruim, enquanto que 11,6% assinalaram
que a água muitas vezes ou sempre tem odor ruim.

230
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

GRÁFICO 5.35- Em relação ao SABOR

A água às vezes
tem gosto ruim;
36.5%

A água muitas
vezes tem gosto
ruim; 8.6%

A água sempre
tem gosto ruim.
Nunca é gostosa A água é sempre
de beber; 3.0% gostosa de beber.
Nunca tem gosto
ruim; 51.8%

Fonte: Elaboração dos Autores

A regularidade de fornecimento de água canalizada também foi objeto da entrevista


realizada com os novos conectados. Para 42,6% dos domicílios pesquisados a água nunca
falta. Por outro lado, para 23,7% falta água muitas vezes ou sempre, dentre os quais em
16,3% dos domicílios falta água sempre. Este último dado é de suma importância, uma vez
que indica que certas conexões estão se realizando sem ter oferta de água suficiente para
satisfazer às necessidades das novas famílias conectadas.

GRÁFICO 5.36 - Em relação à REGULARIDADE/FORNECIMENTO

Sempre falta água;


Costuma faltar água 16.3%
muitas vezes; 7.4%

A água nunca falta;


De vez em quando 42.6%
falta água; 33.7%

Fonte: Elaboração dos Autores

Em relação à pressão de água que chega da rua, o GRÁFICO 5.37 mostra que 66,0%
dos domicílios manifestaram que a água chega sempre de forma adequada. Esta
porcentagem se eleva a 82,0% quando se considera o grupo que assinalou que na maioria
das vezes a pressão da água é adequada. Por fim, para 18,1% dos entrevistados a pressão
da água que chega da rua muitas vezes não é adequada ou definitivamente nunca é
adequada.

231
GRÁFICO 5.37 - Em relação à PRESSÃO

Na maioria das
vezes, a pressão
Algumas vezes, a da água que
pressão da água chega da rua é
que chega da rua adequada; 16.0%
é adequada; 8.4%

A pressão da
água que chega
da rua nunca é
A pressão da
adequada; 9.7%
água que chega
da rua é sempre
adequada; 66.0%

Fonte: Elaboração dos Autores

O GRÁFICO abaixo apresenta a avaliação dos novos conectados quanto ao valor da


entrega do serviço de água canalizada. Observa-se, portanto, que 43,3% dos entrevistados
indicaram que o preço pago pelo serviço de água potável é justo, uma vez que o
entrevistado reconhece que a água que recebe é tratada, tornando-se aceitável seu
consumo seguro. Entretanto, outros 16,6% também julgam que pagam um preço justo sem
saber se a água é tratada. Em conjunto, estes domicílios representam quase 60,0% do total.
Por fim, 32,9% dos entrevistados assinalaram que o preço é injusto, uma vez que, nestes
domicílios, não se sabe o que se cobra ou se o serviço vale o que se está cobrando. Esta
percepção é de suma importância, pois é sabido que, quando o serviço de água potável
passa a ser fornecido por fontes alternativas à rede pública, o preço que se paga pelo
serviço é muito menor. Desta forma, considera-se elevado o fato de que quase 33% dos
domicílios acreditam que pagam um preço injusto.

GRÁFICO 5.38 - Em relação ao VALOR DA ENTREGA

Pago um preço justo


Pago um preço pela água mesmo
injusto pela água, sem saber se ela é
porque não sei pelo tratada ou não;
que estou pagando; 16.60%
20.30%

Pago um preço
Pago um preço justo
injusto pela água
pela água porque sei
porque o que é feito
que ela é tratada;
não vale o que é
43.30%
cobrado.; 12.60%

Não recebe conta;


7.20%

Fonte: Elaboração dos Autores

232
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Quanto às falhas no abastecimento de água, o GRÁFICO 5.39 mostra que 31,8% dos
domicílios estão de acordo ou totalmente de acordo que tem havido mais falhas no
abastecimento de água. Este resultado é consistente com relação à opinião de 23,7% dos
entrevistados, que indicaram que há falta de água muitas vezes ou sempre. Por outro lado,
7,8% está em posição neutra quanto à percepção de falhas no abastecimento, enquanto que
57,9% indicaram que está em desacordo ou totalmente em desacordo com a afirmação de
que há falhas de abastecimento.

GRÁFICO 5.39 - Concorda com a seguinte afirmação:


Atualmente há mais falhas no abastecimento de água

Discordo Totalmente;
7.7%
Não sabe/ Não
opinou; 23.7%

Concordo Totalmente;
8.0%

Discordo; 50.2%
Concordo; 23.7%

Nem Concordo e nem


Discordo; 7.8%

Fonte: Elaboração dos Autores

Pelo GRÁFICO 5.40 observa-se que 77,5% dos entrevistados estão de acordo ou
totalmente de acordo com a percepção de que, após a conexão, é mais fácil e cômodo ter
acesso à água. No entanto, 9,2% assinalaram que não estão nem de acordo nem em
desacordo. Por último, 12,3% assinalaram que estão em desacordo ou totalmente em
desacordo com a afirmação de que atualmente há mais comodidade em se acessar o
serviço de água canalizada.

GRÁFICO 5.40 - Concorda com a seguinte afirmação:


Atualmente é mais fácil e cômodo ter acesso à água.

Discordo Totalmente; Não sabe/ Não


2.4% opinou; 1.0%
Concordo Totalmente;
Discordo; 9.9% 11.2%

Nem Concordo e nem


Discordo; 9.2%

Concordo; 66.3%

Fonte: Elaboração dos Autores

Finalmente, o GRÁFICO 5.41 mostra que 75,8% dos domicílios encontram-se em


situação melhor desde que sua casa passou a ser conectada aos serviços de água potável,

233
em relação à situação anterior. Apenas 5,0% declararam estarem situação pior do que antes.
O restante manifestou estar em condições iguais às de quando não estava conectado à rede
de água.

GRÁFICO 5.41 - Desde que sua casa está conectada


aos serviços de água, você está...

Pior que estava


antes; 5.0%

Igual estava antes;


19.2%

Melhor que estava


antes; 75.8%

Fonte: Elaboração dos Autores

5.5.1. Serviço de Esgotamento Sanitário

A análise do esgotamento sanitário dos Municípios em estudo se inicia pela avaliação


da qualidade do serviço oferecido pelas empresas de saneamento. Pelo GRÁFICO 5.42,
observa-se que 65,0% dos domicílios entrevistados julgaram que a qualidade do serviço é
boa ou ótima. Por outro lado, 18,5% acreditam que o serviço é regular e 10,3% acham o
serviço ruim ou péssimo.

GRÁFICO 5.42 - A qualidade do serviço de esgoto que a


empresa de saneamento oferece atualmente em sua casa.

Não sabe/ Não


Péssimo; 4.6% opinou; 6.2%
Ótimo; 13.1%

Ruim; 5.7%

Regular; 18.5%

Bom; 51.9%

Fonte: Elaboração dos Autores

O GRÁFICO 5.43 mostra a avaliação dos entrevistados com relação ao serviço de


saneamento. Observa-se que 69,8% dos domicílios consideram este serviço bom ou ótimo,
18,5% acham regular e 5,4% o avaliam como mau ou péssimo.

234
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

GRÁFICO 5.43 - Avaliação do saneamento

Péssimo; Não sabe/


2.40% Não opinou;
Ótimo;
6.40%
13.50%
Ruim; 3.00%

Regular;
18.50% Bom; 56.30%

Fonte: Elaboração dos Autores

Em relação aos odores associados ao esgoto, o GRÁFICO 5.44 mostra que 37,6%
indicaram estar de acordo ou totalmente de acordo com a existência de mais odores
desagradáveis em relação à situação anterior. Por outro lado, 7,5% possuem uma posição
neutra ante esta afirmação, enquanto que 46,8% assinalam estar em desacordo ou
totalmente em desacordo com o fato de haver mais odores desagradáveis. Estes resultados
indicam que uma parte significativa dos entrevistados percebe que o serviço de esgoto não
está funcionando no sentido de reduzir os odores. Esta opinião, entretanto, pode estar
influenciada por outras fontes de maus odores distintos dos associados ao esgoto.

GRÁFICO 5.44 - Concorda com a seguinte afirmação: Atualmente, há


mais odores desagradáveis associados ao esgoto
Concordo
Totalmente;
Não sabe/ Não
5.4%
opinou; 8.1%
Discordo
Totalmente;
Concordo;
5.0%
32.2%

Nem Concordo
e nem Discordo;
Discordo; 7.5% 41.8%

Fonte: Elaboração dos Autores

Em relação à existência de alguma cobrança inicial para ter acesso ao serviço de


esgotamento sanitário, o GRÁFICO 5.45 mostra que 44,6% dos domicílios acham que esta
cobrança foi alta, 45,3% manifestou uma posição neutra e 8,7% crêem ser baixa a cobrança.
Outros 1,5% não se recordam se houve cobrança, ou, no caso de se lembrarem, se esta foi
alta ou baixa.

235
GRÁFICO 5.45 - Como considera o custo inicial de ter
acesso ao serviço de esgoto

Não lembra; 1.5%

Baixo; 8.7%
Alto; 44.6%

Nem alto e nem baixo;


45.3%

Fonte: Elaboração dos Autores

5.5.2. Avaliação Geral do Serviço Prestado

Para uma avaliação geral do serviço prestado, os domicílios foram questionados


quanto à melhoria na qualidade de vida e se há necessidade de mudar a situação atual em
que se encontram. Em relação à qualidade de vida dos moradores em relação à situação
vivida antes, o GRÁFICO 5.88 mostra que 75,6% indicaram que estão de acordo ou
totalmente de acordo com o fato de que a qualidade de vida atual é melhor do que a
observada antes de estar conectado aos serviços de água potável canalizada e ao
esgotamento sanitário. Em contrapartida, 9,3% dos entrevistados não estão de acordo com
está afirmação. Isto significa dizer que existe uma proporção não desprezível da população
que se encontra em discordância com o serviço prestado, embora devessem perceber uma
melhoria substancial ao conectar-se aos novos serviços.

GRÁFICO 5.46 - Concorda com a seguinte afirmação: A qualidade de vida


que tenho atualmente é melhor do que a que tinha antes

Não sabe/ Não


Discordo
opinou; 1.5%
Totalmente; 1.9%
Discordo; 7.4%
Concordo
Totalmente;
18.2%
Nem Concordo e
nem Discordo;
13.6%

Concordo; 57.4%

Fonte: Elaboração dos Autores

O GRÁFICO 5.47 mostra que quase 65% dos domicílios desejam manter sua situação
atual de conexão, em contraste com os 3,3% que se manifestaram desejarem voltar ao
sistema anterior a conectar-se ao serviço. É importante assinalar que 27,0% dos
entrevistados desejam permanecer conectados somente ao serviço de água potável

236
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

canalizada. Isto indica que o serviço de esgotamento sanitário está sendo percebido como
ruim. Conseqüentemente, este resultado mostra que as políticas públicas devam estar
orientadas para a melhoria deste tipo de serviço, de tal forma que tanto a qualidade como a
percepção deste tipo de serviços por parte da população seja boa.

GRÁFICO 5.47 - Qual das seguintes alternativas você escolheria?


Retornar ao
Sistema Anterior,
Estar conectado,
antes da conexão;
somente, ao
3.30% Não sabe/ Não
Serviço de Esgoto;
2.00% opinou; 2.90%

Manter a situação
atual, conectado
ao Sistema de
Estar conectado, Água e Esgoto;
somente, ao 64.80%
Serviço de Água;
27.00%

Fonte: Elaboração dos Autores

5.5.3. Conexões Segundo o Nível de Renda

Um aspecto importante em relação aos novos conectados tem a ver com a não-
discriminação por nível de renda. Ou seja, a conexão dos domicílios que apresentam um alto
nível de renda familiar não poderia, em tese, ser priorizada, em detrimento da conexão
daqueles domicílios que possuem um nível de renda inferior. A análise apresentada a seguir
pretende dar uma visão aproximada desta situação. No entanto, deve-se considerar as
limitações deste exercício como o fato, por exemplo, de que o nível de renda no Brasil , em
geral, tem aumentado, proporcionando uma redução no número de famílias de mais baixa
renda.110

Os GRÁFICOS a seguir comparam a proporção de domicílios cujo nível de renda


alcança um salário mínimo (SM) e aqueles que se encontram acima deste valor111, tanto
para os domicílios permanentes Não-Conectados obtidos a partir do censo do ano 2000,
como para os Novos Conectados, segundo o que apontou a respectiva pesquisa. Esta
comparação é consistente, uma vez que os domicílios permanentes Não-Conectados no ano
2000 representam os potenciais novos conectados para os anos posteriores112. Na teoria e
boa prática, a PSP deve favorecer as conexões domiciliares sem fazer distinção pelo nível
de renda, então a proporção de novos domicílios conectados que se situem até certo nível
de renda (1 SM nesta análise), deveria ser ao menos similar à proporção dos Não-
Conectados totais, segundo o censo do ano 2000 para o mesmo nível de renda. Tal
comparação é válida, pois a pesquisa considerou famílias que atualmente estão conectadas
aos serviços de água e esgoto e que, antes da PSP, não estavam nessa condição, e, além

110
Um exame do nível de renda dos domicílios permanentes apontou que a renda domiciliar tem crescido a uma taxa média
anual de 1,03% no período de 2001-2006, segundo dados obtidos da Síntese de Indicadores de 2006 da Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios (PNAD).
111
Supõe-se que, nos domicílios pesquisados, somente o chefe da família receba renda. Desta forma, o salário mínimo da
pesquisa e do censo é comparável.
112
A suposição por trás deste exercício considera como ano de início da PSP o ano 2000.

237
disso, morava no mesmo domicílio antes e depois de conectarem-se à rede nos Municípios
onde foi feita a pesquisa.

GRÁFICO 5.48 - Análise do Serviço de Água Canalizada.

Não Conectados Censo 2000 Novos Conectados Pesquisa 2008

Acima Acima
1 SM; 1 SM;
43.9% 69.9%

Até 1
Até 1
SM;
SM;
56.1%
30.1%

Até 1 SM Acima 1 SM Até 1 SM Acima 1 SM

Fonte: Elaboração dos Autores

Observa-se que, no ano de 2000, a proporção de domicílios totais Não-Conectados


aos serviços de água cujo nível de renda é menor ou igual a 1 salário mínimo é de 56,1%,
entretanto a mesma proporção para os novos conectados é de somente 30,1%. Como
explicitado acima, este resultado poderia ser indicativo de uma possível discriminação na
conexão de domicílios de baixa renda em favor dos domicílios com maiores rendas. No
entanto, é bom ressaltar que este resultado deve estar sujeito a uma maior investigação,
controlando-se os resultados por outros fatores que possam estar afetando as novas
conexões segundo o nível de renda e isolando-se, desta forma, o efeito atribuível
exclusivamente à PSP, uma vez que a pesquisa não foi desenhada para este fim.

GRÁFICO 5.49 - Análise do Serviço de Esgoto.

Não Conectados Censo 2000 Novos Conectados Pesquisa 2008

Acima
Acima
1 SM;
1 SM;
72.2%
48.8%

Até 1 Até 1
SM; SM;
51.2% 27.8%

Até 1 SM Acima 1 SM Até 1 SM Acima 1 SM

Fonte: Elaboração dos Autores.

De forma análoga, como se observa no GRÁFICO 5.49, no ano de 2000, a proporção


de domicílios Não-Conectados aos serviços de esgotamento sanitário, cujo nível de renda é
menor ou igual a 1 salário mínimo, é de 51,2%, entretanto a mesma proporção de novos
conectados é de somente 27,8%. Como já mencionado, este resultado também é indicativo
de uma possível discriminação na conexão de serviços de esgoto para domicílios de baixa
renda, em favor dos domicílios com maior renda. Porém, como no caso do serviço de água

238
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

potável canalizada, este resultado deve estar sujeito a uma maior investigação e controles
por outros fatores, dado que esta pesquisa não foi realizada com esta finalidade.

5.6. Conclusões

No que diz respeito às consultas de opinião, observou-se que a maioria das opiniões
divulgadas é favorável à empresa que oferece os serviços de água potável canalizada.
Destaca-se que 60% dos entrevistados julgaram o serviço de água como ótimo ou bom e
quase 73% julgaram que a qualidade da água que recebe em casa é boa a ótima. A mesma
porcentagem foi assinalada entre aqueles que acham que o serviço de água tem melhorado,
em relação à situação anterior à conexão à rede pública. Chama a atenção, entretanto, que
33% disseram que a tarifa é maior do que a que se pagava antes113.

De maneira análoga, o serviço de esgotamento sanitário é bem avaliado: em geral,


65% dos entrevistados julgaram que este serviço é ótimo ou bom. Este resultado se
complementa com a avaliação geral do serviço de saneamento, o qual 69,8% dos
entrevistados consideraram ótimo ou bom.

Em relação à opinião geral, 75,6% dos domicílios concordam ou concordam


plenamente que a qualidade visada está melhor que antes de sua conexão aos serviços de
água e esgoto. Isto se reforça pelo fato de que somente 3,3% dos entrevistados
manifestaram-se por voltarem ao sistema de abastecimento e/ou saneamento que tinham
antes de conectar-se aos atuais serviços da rede pública de água e esgoto.

É importante ressaltar que somente 27,0% dos domicílios entrevistados desejam


permanecer conectados apenas ao serviço de água potável, o que demonstra que há uma
percepção de baixa valoração quanto ao serviço de esgoto prestado. Neste sentido, as
políticas públicas devem ser orientadas para a melhoria da qualidade deste serviço e/ou para
acrescentar benefícios que aumentem sua valoração por parte da população.

113
Estes casos podem corresponder ao transporte de água em que não exista um desembolso de dinheiro para a obtenção
de água com volumes muito baixos.

239
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

6. IMPACTO NO BEM-ESTAR, TARIFAS E MODICIDADE

6.1. Indicadores Relacionados a Tarifas e Modicidade

Esta seção tem como finalidade analisar a evolução das tarifas e modicidade dos
preços cobrados dos usuários pelos serviços prestados, em particular para aqueles de baixa
renda. Para tal efeito, tratar-se-á de responder a duas perguntas: como as tarifas foram
evoluindo em relação à inflação em período posterior à PSP, e se as tarifas cobradas pelas
concessionárias representaram uma melhora ou uma deterioração em relação à capacidade
de pagamento dos usuários. O anexo 5 deste relatório apresenta a análise e os cálculos
realizados em maior detalhe.

Esta análise tem como foco o estudo dos casos qualificados como de prestação
integral do serviço, pois os contratos tipo BOT não têm relação direta com as tarifas que são
percebidas pelos usuários. Por outro lado, é preciso mencionar que todas as análises aqui
apresentadas são de tipo parcial, isto é, se limitam à quantidade de informação disponível
para cada indicador e período analisados. Não obstante, espera-se que contribuam para
enriquecer as conclusões finais do presente estudo.

6.1.1. Análise da Evolução das Tarifas

Esta seção tem como objetivo apresentar uma visão geral do comportamento das
tarifas a partir do cálculo de contas tipo e faturamento médio pelos serviços prestados e,
deste modo, avaliar seus efeitos sobre os consumidores. Em particular, trata-se de:

• Analisar a evolução das tarifas no período posterior ao início da PSP, verificando


a existência de aumentos ou diminuições de seus valores, e como estes se
comportaram em relação à evolução dos indicadores de inflação. Nos casos em
que houve informação disponível, também se incorpora na análise o período
prévio à PSP, a fim de avaliar se houve mudança nas tarifas.
• Identificar se os prestadores oferecem tarifas especiais visando a facilitar o
acesso ao consumo dos serviços por parte de famílias de baixa renda.

Como aconteceu com outras informações, devido a limitações no acesso aos dados,
na maioria dos casos somente foi possível realizar as análises para o período posterior à
PSP. Por isto, as conclusões aqui apresentadas restringem-se a esse período, a não ser que
haja menção explícita em contrário.

Analisaram-se os dados de tarifas médias disponíveis (receita média faturada) nas


bases de dados do SNIS114 e, por outro lado, calculou-se o valor unitário por m3 da conta
tipo de água para clientes residenciais “normais”, considerando um consumo de 10 m³
mensais a partir da informação contida nas TABELAS tarifarias coletadas ao longo do
projeto115.

114     Á


Tarifa Média de Água =
   Á ! –    Á #$
115 3
O consumo tipo de 10 m foi selecionado com o objetivo de examinar a evolução das contas mensais associadas a um
volume básico de subsistência ,que, em muitos casos, corresponde ao limite da primeira faixa de consumo nas TABELAS
tarifárias aplicadas aos usuários residenciais.

241
Tanto para as análises a partir da conta-tipo, como para a evolução das tarifas médias
do SNIS, os preços foram atualizados à moeda real de dezembro de 2007, utilizando para
isto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA).

No caso do indicador obtido da conta- tipo, considerando 20 casos para os quais se


contou com a informação para o período posterior à PSP, adverte-se que estas
experimentaram um incremento, tanto em termos nominais quanto em termos reais.

De fato, nominalmente, para o grupo analisado, estas cresceram a uma taxa média de
16% anual no período pós PSP, enquanto que, em termos reais, o crescimento anual médio
para este grupo de concessionários se situou em 5%. A TABELA 6.1, a seguir, mostra a
distribuição das taxas de crescimento real para o grupo de empresas analisadas.

TABELA 6.1 – Distribuição das Taxas de Crescimento Real Anual das Tarifas Residenciais para
um volume de 10 m³/mês

Taxa de Crescimento Anual Casos Porcentagem de Casos

Entre 0% e 5% 11 55%

Entre 5% e 10% 8 40%

Entre 10% e 15% 1 5%

Mais de 15% 0 0%

Total 20 100%

Fonte: Elaboração dos Autores

Como se pode observar, 11 dos casos, o equivalente a 55% das empresas que
puderam ser estudadas, apresentam uma taxa de crescimento real menor que 5% anual,
enquanto que, ao estender a faixa de análise a uma taxa de crescimento de 10% real ao
ano, 19 empresas, o equivalente a 95% dos casos examinados, situam-se dentro desta
faixa. O único caso que apresenta uma taxa de crescimento que excede os 10% real anual é
o de Paranaguá, com 14% ao ano.

O comportamento anterior se verifica também para o indicador de faturamento médio


do serviço de água do SNIS (TABELA 6.2). Este indicador cresceu em média 4% ao ano em
termos reais no período posterior à PSP. De fato, como se verifica na TABELA a seguir, 23
dos 28 casos com informação disponível para este índice o correspondente a 82% do total
de empresas da amostra examinada, exibem uma taxa de crescimento menor ou igual a
10% ao ano. Acima desta taxa de crescimento, encontram-se os casos de Guará (SP), Nova
Friburgo (RJ), Paranaguá (PA), CAJ (RJ) e Petrópolis (RJ).

TABELA 6.2 - Distribuição das Taxas de Crescimento Anual das Tarifas Médias Reais do
serviço de Água

Taxa de Crescimento Anual Casos Porcentagem de Casos

Menos de 5% 14 50%

Entre 5% e 10% 9 32%

Entre 10% e 15% 4 14%

Mais de 15% 1 4%

Total 28 100%

Fonte: Elaboração dos Autores

242
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Além de conhecer as taxas de crescimento médias resulta interessante conhecer como


têm evoluído as tarifas médias (faturamento médio) durante todo o período da PSP. No
GRÁFICO 6.1 mostra-se a evolução da tarifa média de água para o conjunto de casos para
os que se dispôs de informação no período que vai do ano de início da PSP até 6 anos
depois do início de sua operação116. Neste GRÁFICO, o valor da tarifa média mostra-se na
forma de um índice que mede a evolução real deste indicador em relação ao ano de início de
operação da PSP (ano 0), no qual se adota um valor-base igual a 100. Este índice foi
construído para cada concessionária a partir do quociente entre a tarifa real do período
correspondente e a tarifa no ano 0 expressa em termos reais117. Logo a partir do indicador
médio de todas as empresas disponíveis em cada período foi obtido um índice geral para o
conjunto das PSP.

GRÁFICO 6.I – Curva de Evolução Tíbipa do Faturamento de Água para o Conjunto das PSP
Analisadas

Fonte: Elaboração dos Autores

Desta análise é possível obter as seguintes conclusões:

Considerando o comportamento médio do conjunto da PSP deque se teve informação,


a tarifa média reportada no SNIS apresenta uma evolução muito similar à tarifa média
residencial obtida através de uma conta tipo de 10 m³ por mês. Em termos gerais, se adverte
que ambas permanecem relativamente estáveis, sem mudanças bruscas em sua tendência
até o quinto ano de operação.

Esta evolução coincide com a impressão que se depreende da análise qualitativa sobre
a forma em que se tem desenvolvido as PSP no Brasil. Em geral estima-se que, nos
primeiros anos depois de iniciada a operação dos concessionários privados, as tarifas não
tiveram um aumento real notório, inclusive havendo casos em que houve redução nas tarifas
reais. Os aumentos nas tarifas reais têm-se produzido vários anos depois do começo da

116
Não se pode realizar esta análise para o período anterior à PSP devido à escassez e à baixa qualidade dos dados
disponíveis.
117
Nos casos onde não se dispôs de informação para o ano 0, a tarifa foi estimada a partir de uma projeção linear.

243
PSP, como produto de solução de controvérsias surgidas entre concessionárias e poderes
concedentes, de revisões extraordinárias de tarifas ou de renegociações contratuais.

Para os casos em que se dispôs de informação, realizou-se uma comparação dos


valores reais das tarifas médias antes e em seguida à PSP. Os casos com dados em que é
possível sustentar que as tarifas médias tiveram um aumento foram os seguintes: Manaus
(AM), Petrópolis (RJ), Prolagos (RJ), Nova Friburgo (RJ), Guarantã do Norte (MG) e
Paraguaçu (MG), sendo as PSP localizadas no estado de Rio de Janeiro as que apresentam
aumentos reais maiores, em torno de 30%. Mas também há casos em que as tarifas médias
reais apresentaram redução, como em várias concessões do Mato Grosso, incluindo
Cláudia, Matupá, Sorriso e Nova Xavantina.

6.1.1.1. Tarifa Social

A partir das TABELAS tarifárias e de entrevistas realizadas junto às concessionárias,


verificou-se a existência ou não de uma categoria social para a qual se aplicavam preços
menores, visando a facilitar o acesso ao consumo destes serviços. Geralmente a tarifa social
corresponde a uma porcentagem da tarifa residencial normal, que, em média, para as
empresas estudadas, situa-se entre 50% e 60%, considerando um consumo-teto para sua
aplicação entre 10 e 20 m³ mensais. Este benefício, porém, não está presente em todos os
casos.

De um total de trinta e quatro (34) concessionárias, treze possuem uma tarifa social
explícita, o que equivale a 38% da amostragem. E, além disso, verifica-se que, em geral,
estes programas têm baixa cobertura, ou seja, os usuários cadastrados nessa categoria
representam uma pequena porcentagem em relação ao total de clientes residenciais (em
torno de 5% ou menos). Segundo a informação coletada, as empresas que apresentam tarifa
social correspondem aos Municípios de Limeira, Palmas (Saneatins), Mirassol, Mauá, Niterói,
Mairinque, Campos dos Goytacazes, Petrópolis, Cachoeiro de Itapemirim, Araújos, Campo
Grande, Itapema e Paranaguá.

Portanto, a tarifa social é instrumento que se utiliza em menos da metade das PSP
examinadas e que, quando está presente, possui uma cobertura muito baixa com critérios de
focalização deficientes. Somente em casos pontuais, como Limeira (SP) e Cachoeiro de
Itapemirim (ES), e em períodos recentes, têm sido implementados programas em conjunto
com os Municípios, com tendência a melhorar o impacto que possui a tarifa social sobre a
população carente dessas localidades.

6.1.2. Análise de Modicidade das Tarifas

Nesta seção são examinados os efeitos da participação do setor privado no


fornecimento de serviços de saneamento no Brasil, em relação ao impacto observado das
tarifas sobre a capacidade de pagamento dos usuários.

Para efeito de análise, optou-se por elaborar um índice que refletisse o gasto destinado
ao consumo de água potável, como percentual da renda domiciliar. Não foi considerado o
serviço de esgoto para esta análise, uma vez que, entre as PSP examinadas, há muitas que
ainda não fornecem este serviço além do fato de que as tarifas aplicadas são proporcionais
às tarifas de água.

244
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

A análise teve como foco o estudo do comportamento deste indicador considerando


20% dos domicílios mais pobres (1º quintil)118 e adotando-se, para isto, um consumo tipo
mensal por domicílio de 10 m³, que é representativo, de acordo com a experiência prévia dos
consultores, em termos dos usuários residenciais de baixa renda no Brasil.

A análise foi efetuada para cada caso, utilizando a informação contida nas TABELAS
tarifárias de que se dispunha e os dados históricos sobre renda domiciliar foram obtidos pela
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Em termos de evolução, dentro do
período posterior ao início da PSP, os indicadores mostram, em geral, uma tendência
decrescente da despesa com serviços de água em relação à renda dos domicílios pobres, ou
seja, existe uma melhora na capacidade de pagamento destes usuários119. De fato, 12 de 20
casos em que foi possível examinar esta evolução, apresentam uma diminuição do índice
para um consumo- tipo de 10 m³ de água por mês (TABELA 6.3). Estes casos correspondem
a Araújos (MG), Bom Sucesso (MG), Campo Grande (MS), Cláudia (MT), Guapimirim (RJ),
Guarantã do Norte (MT), Manaus (AM), Niterói (RJ), Palmas (TO), Paraguaçu (MG),
Primavera do Leste (MT) e Sorriso (MT). Aqueles com um índice de modicidade com
tendência positiva, isto é, que experimentaram uma piora em termos de capacidade de
pagamento, correspondem aos casos de Cachoeiro de Itapemirim (ES), CAJ (RJ), Limeira
(SP), Matupá (MT), Nova Friburgo (RJ), Nova Xavantina (MT), Paranaguá (PA) e
PROLAGOS (RJ).

TABELA 6.3 – Tendência da Evolução dos Índices de Modicidade no Período Posteiro ao Início
da PSP
Positiva Negativa Total
(Aumento) (Redução)

Casos 8 12 20

% 40% 60% 100%

Fonte: Elaboração dos Autores

Nos casos em que há uma redução do índice de modicidade, sua evolução não pode
ser atribuída a uma diminuição de tarifas, mas sim a um aumento no rendimento médio dos
domicílios localizados dentro do primeiro quintil. No caso dos Municípios com tendência à
deterioração da modicidade (aumento do gasto em água em relação à renda), acontece que
o aumento das tarifas para volume de 10 m3 mensal é maior que o aumento da renda. De
fato, em 6 dos 8 casos em que ocorre esta situação houve taxas de crescimento reais das
tarifas nesta faixa maiores que 5% ao ano.

Foi feita uma análise complementar sobre a situação de modicidade para o ano de
2006 a partir de 21 casos com informação (TABELA 6.4), e os resultados revelam que, em
média, a despesa com serviços de água das famílias mais pobres da amostra de Municípios
estudados representa um percentual de sua renda que se encontra dentro do critério
estabelecido pela OPS120. De fato, considerando um consumo médio de 10 m³ mensais para
o ano de 2006, as despesas realizadas com água potável significam perto de 2,5% da renda
recebida por 20% das famílias mais pobres121. Todavia, como se mostra na TABELA
seguinte, existe uma quantidade de Municípios com índices superiores aos recomendados,
como Palmas (TO), Matupá (MT), Campo Grande (MS), Paranaguá (PA) e a concessionária
PROLAGOS (RJ). Destes casos, somente Matupá, Paranaguá e PROLAGOS apresentam
118
Não se considerou, na análise, a categoria de clientes residenciais que usufruem da tarifa social pelo fato de que, em
geral, estes usuários representam um percentual reduzido do total de clientes residenciais. Além disso, em muitos casos,
esta categoria simplesmente não existe nas TABELAS tarifárias.
119
O indicador é definido como a proporção da renda destinada a pagamento do serviço de água, portanto uma diminuição
no indicador expressa uma melhora em termos de modicidade.
120
No caso dos serviços de saneamento, critérios adotados pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento),
recomendados pela OPS, determinam que, em média, a despesa com água potável como proporção da renda não deveria
superar 3% para a população mais vulnerável.
121
A média ponderada pelo tamanho das PSP é de 2,7%.

245
uma tendência positiva do indicador de modicidade (a deterioração do índice), fato que se
sustenta no mais acelerado incremento de suas tarifas com relação à renda domiciliar. No
caso de Palmas e Campo Grande, em compensação, a tendência do indicador de
modicidade é negativa, o que indica que, apesar de se verificarem melhoras, estas ainda não
permitem chegar aos níveis recomendados.

TABELA 6.4 – Despesa com Água como Porcentagem da Renda


Domiciliar 10 m³/mês - quintil i - Ano 2006

Nível da Modicidade Casos %

Menos de 3% 16 76%

Mais de 3% 5 24%

Fonte: Elaboração dos Autores.

6.2. Medição de Impacto no Bem-Estar

O resultado final ou impacto da PSP foi medido através da estimativa da mudança no


bem-estar dos usuários, comparando-se a situação atual (empresa com PSP) àquela na qual
se encontraria o usuário se a PSP não tivesse sido implementada (contrafactual). Como
medida de bem-estar, utilizou-se o conceito de “Excedente do consumidor” que fornece uma
medida monetária deste. Em termos gerais, procura-se estimar o excedente do consumidor
na situação com e sem a PSP, isto é, situação sem e com projeto.

Formalmente, o excedente do consumidor é definido como a área abaixo da curva de


demanda delimitada pelo nível de preço que cada usuário paga por um bem ou serviço, o
qual é mostrado na próxima FIGURA 6.1.

FIGURA 6.1 - Excedente do Consumidor

P
(R$/m³)

Excedente do consumidor
P0

Pe Curva de demanda

Q0 Qe Q
(m³)

Fonte: Elaboração dos Autores.

Se, por exemplo, conforme mostrado na FIGURA anterior, o usuário tiver que pagar
pelo serviço um preço Pe (R$/m³) por cada m³ de água, este consumirá uma quantidade Qe
(m³) de água potável, quantidade esta que, além disto, maximizará seu bem-estar. Entende-
se por excedente quando o usuário consome os primeiros Q0 m³ de água, uma vez que,
segundo sua curva de demanda, o indivíduo estará disposto a pagar um preço igual a P0
quando, na realidade, paga um preço menor, e igual a Pe. Esta “economia” é um “excedente”
para o consumidor.

246
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

A unidade de análise em todos os casos corresponde a uma economia e as medidas


monetárias do excedente do consumidor se referem a R$ por economia por mês.

As mudanças no bem-estar foram separadas por serviço, obtendo-se separadamente a


variação nos excedentes do consumidor para o serviço de abastecimento de água e para o
serviço de esgoto.

Para maior detalhe desta metodologia e os resultados de sua aplicação ver anexo
específico sobre esta matéria incluído neste relatório.

A medição de impacto para o serviço de água potável considera a estimativa da


medida monetária excedente do consumidor na situação com a PSP e naquela em que esta
não existe. A diferença entre os excedentes corresponde ao impacto ou resultado final da
PSP.

Distinguem-se dois casos para os quais a medição é realizada de maneira distinta:


conexões existentes e novas conexões. O caso de conexões existentes considera aquelas
conexões que foram realizadas de todas as formas sem o emprego da PSP e que, portanto,
estão sujeitas apenas às mudanças introduzidas pela PSP, como, por exemplo, o aumento
na oferta de água, variações no nível tarifário, reduções de perdas, apenas para citar
aquelas mais relevantes.

6.2.1. Serviço de Água

No caso dos novos conectados, a PSP pode trazer consigo um aumento maior que na
situação em que não há PSP; conseqüentemente, terá que ser considerada a mudança no
bem-estar daqueles usuários que abandonam suas fontes alternativas de água e se
conectam à rede da empresa. O preço da água proveniente de uma fonte alternativa é
muitas vezes superior ao de uma rede de abastecimento de uma empresa de saneamento
básico, para a qual os novos usuários pagam um preço menor e, por essa razão, acabam
apresentando um nível de consumo maior, aumentando também seu excedente.

As mudanças no bem-estar e, conseqüentemente, as variações no excedente do


consumidor, foram obtidas por economia, utilizando como valor de referência as economias
ativas totais.

O efeito total da PSP foi medido considerando-se uma média ponderada por economia
do excedente do consumidor para economias existentes e a mudança no excedente do
consumidor para as novas economias que se conectam à rede de água da empresa.

6.2.2. Serviço de Esgoto

A medição da mudança no bem-estar produzida pela PSP no serviço de esgoto


considera uma comparação do nível tarifário, tanto no caso da existência do projeto como
sem ele, com a disposição a pagar (DAP) máxima por este tipo de serviço. À medida que a
DAP for maior que a tarifa, o usuário estaria “poupando”, devido ao fato de estar pagando
menos do que realmente estaria disposto a pagar.

De forma análoga ao caso do serviço de água potável, são consideradas as conexões


existentes e as novas. Por conexões existentes entendem-se todas aquelas realizadas da

247
maneira tradicional, ainda sem a presença da PSP, e por novas conexões todas aquelas
realizadas de modo incrementado, produzidas exclusivamente pela PSP.

Se o nível de preços antes da PSP for PS/P, aquele que se consegue com a PSP for
C/P
P e a disposição máxima a pagar pelos serviços de esgoto for igual à DAP, o excedente
do consumidor por tipo de usuário será definido conforme indicado na TABELA 6.5 abaixo.

TABELA 6.5 - Mudança no Excedente do Consumidor

Tipo de usuário Mudança no excedente

C/P S/P S/P C/P


Usuário existente (DAP - P ) - (DAP - P ) = (P -P )

Novo usuário (DAP - PC/P)

Fonte: Elaboração dos Autores.

O total de empresas (Municípios) a analisar considerou a priori um universo de 56


casos, recebendo-se informação somente para 38 deles. As empresas PROLAGOS (5
Municípios) e Águas de Juturnaíba (2 Municípios) foram analisadas como 2 casos
individuais, devido ao fato de que os dados desagregados por Município não foram
considerados adequados para seu uso, pelo que dispôs finalmente de 32 casos com
informação disponível.

A informação destes 32 casos foi submetida, em primeiro lugar, a uma análise de


pertinência, de forma tal a definir quais Municípios contavam com informação útil para poder
estimar o excedente do consumidor122. Para isto, deve-se contar com informações mínimas
relacionadas ao número de economias, aos volumes de água produzida, consumida e
faturada, às receitas provenientes do serviço de água e de esgoto, em número suficiente
tanto no período prévio ao da PSP, como depois. Finalmente, foi possível dispor de 24
casos com informação útil nos serviços de água potável, e 18 nos serviços de esgoto,
segundo se mostra na TABELA 6.6.

122
Em geral, os valores que dão conta dos volumes de água produzida e consumida apresentaram pouca confiabilidade, ao
constatar indicadores de perdas erráticos, abaixo dos níveis aceitáveis (menor que 25%) e/ou em alguns casos com
consumos maiores que a produção (incluindo água importada).

248
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA 6.6 - Lista dos Municípios com Informações Úteis

Serviço Água Potável Serviço Esgoto

Bom Sucesso-MG Bom Sucesso-MG¹

Cachoeiro de Itapemirim-ES Cachoeiro de Itapemirim-ES

Campo Grande-MS Campo Grande-MS

Campos dos Goytacazes-RJ Campos dos Goytacazes-RJ

Cláudia-MT Cláudia-MT ¹

Guará-SP Guará-SP

Limeira-SP Limeira-SP

Manaus-AM Manaus-AM

Niterói-RJ Niterói-RJ

Nova Friburgo-RJ Nova Friburgo-RJ ¹

Nova Xavantina-MT Nova Xavantina-MT

Palmas-TO Palmas-TO

Paraguaçu-MG ¹ Paraguaçu-MG

Paranaguá-PR Paranaguá-PR ¹

Petrópolis-RJ Petrópolis-RJ

Pontes e Lacerda-MT Pontes e Lacerda-MT ¹

Primavera do Leste-MT Primavera do Leste-MT ¹

PROLAGOS-RJ ² PROLAGOS-RJ ¹

Carlinda-MT ¹

Guarantã do Norte-MT

Marcelândia-MT

Matupá-MT

Santa Carmem-MT ¹

Sorriso-MT
Fonte: Elaboração dos Autores.
Nota:
¹ Os dados disponíveis somente foram úteis para realizar a análise da
evolução das economias.
² Para todos os efeitos considera-se PROLAGOS (que agrupa 5 Municípios)
como um único caso.

6.3. Resultados

Cabe observar que as conclusões obtidas nas medições de impacto deste estudo não
se podem extrapolar a outros casos, nem menos são susceptíveis de serem utilizadas para
realizar inferências estatísticas a respeito, de modo que devem ser consideradas como
análises individuais e referidas somente como resultados em relação ao total de casos aqui
analisados.

O efeito total na mudança de bem-estar foi obtido pela média ponderada do número de
economias existentes e das novas economias geradas devido à PSP.

249
TABELA 6.7 - Mudanças Líquidas no Excedente
do Consumidor - Serviço de Água

Mudança no excedente
Município Tendência Desempenho
do consumidor

Niterói-RJ Muito positiva Aumentar Bom

Guarantã-MT Muito positiva Aumentar Bom

PROLAGOS-RJ Muito positiva Aumentar Bom

Sorriso-MT Muito positiva Aumentar Bom

Campos-RJ Positiva Aumentar Bom

Cláudia-MT Positiva Aumentar Bom

Nova Xavantina-MT Positiva Aumentar Bom

Cachoeiro-ES Positiva Aumentar Bom

Limeira-SP Positiva Aumentar Bom

Palmas-TO Positiva Aumentar Bom

Matupá-MT Positiva Aumentar Bom

Bom Sucesso-MG Positiva Aumentar Bom

Petrópolis-RJ Positiva Aumentar Bom

Paranaguá-PR Positiva Aumentar Bom

Nova Friburgo-RJ Positiva Aumentar Bom

Pontes e Lacerda-MT Positiva Aumentar Bom

Guará-SP Muito positiva Diminuir Bom

Primavera-MT Positiva Diminuir Bom

Marcelândia-MT Negativa Diminuir Ruim

Campo Grande-MS Negativa Diminuir Ruim

Manaus-AM Muito negativa Diminuir Ruim

Fonte: Elaboração dos Autores.

Entre os 21 Municípios para os quais foi possível fazer uma estimativa dos excedentes
do consumidor e das respectivas mudanças que se produzem devido à incorporação da
PSP, em 18 casos o desempenho foi catalogado como bom, enquanto que nos 3 restantes
foi considerado negativo (TABELA 6.7).

Para o serviço de esgoto, estes resultados são apresentados na TABELA 6.8.

250
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA 6.8 - Mudanças Líquidas no Excedente do Consumidor Serviço de Esgoto

Mudança no Excedente
Município1,5 Tendência Desempenho
do consumidor

Limeira-SP Positiva Aumentar Bom

Palmas-TO Positiva Aumentar Bom

Paraguaçu-MG Positiva Aumentar Bom

Nova Xavantina-MT Positiva Aumentar Bom

Campos-RJ Positiva Aumentar Bom

Petrópolis-RJ Positiva Aumentar Bom

Guará-SP Positiva Diminuir Bom

Manaus-AM Negativa Diminuir Ruim

Niterói-RJ Negativa Diminuir Ruim

Cachoeiro-ES Negativa Diminuir Ruim

Campo Grande-MS Negativa Diminuir Ruim

Fonte: Elaboração dos Autores.

Em 7 dos 11 Municípios, para os quais foi possível fazer uma estimativa dos
excedentes do consumidor, os excedentes líquidos estimados foram positivos, todos eles
com tendência a aumentar no tempo, à exceção do Município de Guará, cujos excedentes
tendem a diminuir. Nos casos negativos restantes (4), os excedentes são negativos com
tendência a baixa.

Assim, os resultados obtidos no impacto no bem-estar para o serviço de água são


melhores do que para o serviço de esgoto.

251
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

7. IMPACTO FISCAL

7.1. Introdução

O objetivo deste tópico é investigar se houve impacto fiscal para Estados ou


Municípios, enquanto poder concedente, decorrente da PSP, para responder à terceira
pergunta formulada no TDR. Em termos mais específicos, o presente estudo pretende
contemplar os seguintes aspectos específicos:

• A mudança nos dispêndios referentes às dívidas e aos déficits públicos em


decorrência da PSP;
• A mudança nos pagamentos ou recebimentos do Município ou do Estado
referentes à PSP;
• Os custos de transação da PSP decorrentes da necessidade de estudos e
avaliações prévias à concessão e do aparato regulatório pós-privatizaçao;
• As mudanças no regime de tributação relativas a ICMS, IRPJ, entre outros
impostos.

Estes aspectos foram delimitados no TDR e, nesse sentido, é importante ressaltar que
foi requerida uma abordagem orçamentário-contábil, e não uma abordagem econômica, à
medida em que deveria considerar os impactos nas contas dos Municípios ou Estados.
Convém frisar que, a referida abordagem econômica se realizada, deveria, necessariamente,
determinar o “custo de oportunidade” o que, comprovadamente, não foi requerido pelo TDR.

Sendo assim, será analisada a evolução da dívida consolidada líquida, do resultado


orçamentário, do resultado primário e das despesas com o serviço da dívida, bem como o
comportamento dos gastos com saúde e educação, antes e depois do início da PSP nos
municípios.

Para tanto, o capítulo está estruturado em três seções, além desta introdução e das
considerações finais. A primeira refere-se aos principais conceitos envolvidos na análise,
com destaque para o que se entende por impacto fiscal. A segunda apresenta a metodologia
adotada para a análise dos dados levantados e para a seleção dos 17 municípios. As
análises relativas à evolução da dívida consolidada líquida, do resultado orçamentário, do
resultado primário, do pagamento do serviço da dívida, das despesas com as Funções de
Governo “Saúde” e “Educação” e com os grupos de natureza de despesa “Pessoal e
Encargos” e “Investimentos” desses 17 municípios estão na seção 3.

7.2. Dos Conceitos

7.2.1. Impacto Fiscal

A expressão “impacto fiscal” está associada à idéia de uma forte repercussão (positiva
ou negativa) sobre as receitas e despesas públicas, decorrente de uma ou mais ações dos
agentes econômicos num determinado período de tempo.

253
Do ponto de vista etimológico, “impacto” é uma palavra de origem latina – “impáctus, a,
um ‘impelido contra’, part.pas. de impingère 'ir de encontro a, bater contra, empurrar
violentamente' ” (conforme Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa). O mesmo dicionário
atribui à palavra um sentido FIGURAdo: “impressão ou efeito muito fortes deixados por certa
ação ou acontecimento”.

A palavra “fiscal” também é de origem latina - “fiscális, e relativo ao fisco, ao tesouro ou


erário público ” (conforme Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa). Nessa perspectiva,
Sandroni (2007, p.343) associa a palavra “fiscal” à política econômica: “corresponde à ação
do Estado quanto aos gastos públicos e à obtenção da receita pública”.

Assim sendo, no âmbito deste trabalho, a avaliação do impacto fiscal da PSP deve
considerar a existência ou não de “efeitos muito fortes” sobre a “receita e despesa públicas”
municipais decorrentes do início da PSP no setor de saneamento no Brasil, com implicação
direta sobre os resultados fiscais – primário e orçamentário – e o estoque da dívida pública.

7.2.2. Resultados Fiscais

Os resultados fiscais existentes no âmbito das finanças públicas decorrem de


diferentes metodologias de cálculo para a mensuração da diferença entre receita e despesa
pública. Para os objetivos deste estudo, foram selecionados o “Resultado Primário” e o
“Resultado Orçamentário”.

7.2.2.1. Resultado Primário

O resultado primário expressa a diferença entre receitas e despesas não financeiras,


indicando o grau de capacidade do ente governamental em honrar com o pagamento do
serviço da dívida pública, que corresponde ao somatório da amortização e juros da dívida
pública pago durante um exercício financeiro.

Trata-se de um indicador que ganhou importância a partir do final dos anos 90 no


contexto das cartas de intenção assinadas com o FMI, visando criar condições para o
controle e a redução da dívida pública; e, além disso, especialmente nos Estados e
Municípios, a partir da vigência da Lei Complementar nº. 101/00, conhecida como Lei de
Responsabilidade Fiscal.

Esta norma legal instituiu a obrigatoriedade do acompanhamento anual de um Anexo


de Metas Fiscais, parte integrante da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que serve como
instrumento de avaliação e fiscalização pelos órgãos de controle interno (Poder Executivo) e
externo (Tribunais de Contas e Poder Legislativo) no que tange ao cumprimento da meta do
Resultado Primário enquanto uma das condições qualificadoras da gestão fiscal
responsável.

O Resultado Primário pode ser classificado como “equilibrado”, “superavitário” ou


“deficitário”:

• Equilibrado: reflete a adequada capacidade de honrar com o pagamento do


serviço da dívida pública;
• Superavitário: expressa uma alocação de recursos que supera a necessidade de
pagamento do serviço da dívida pública, indicando a possibilidade de um
abatimento do estoque dessa dívida de forma mais acelerada;

254
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

• Deficitário: situação que aponta para uma incapacidade de alocar recursos em


nível suficiente para o pagamento do serviço da dívida, indicando a necessidade
de uma revisão dos gastos públicos em geral e/ou uma repactuação junto aos
credores dessa dívida para garantir a estabilidade econômica.

7.2.2.2. Resultado Orçamentários

O resultado orçamentário expressa a diferença entre a receita e a despesa


orçamentárias totais, considerando os regimes contábeis de “caixa”, para a receita, e de
“competência”, para a despesa. Indica se a receita arrecadada no exercício foi suficiente
para arcar com as despesas contraídas no mesmo exercício, independentemente do fato do
pagamento ter sido efetuado no mesmo período. Isso porque, do ponto de vista das finanças
públicas, as duas últimas fases da despesa pública são a liquidação – atestação de que a
despesa foi realizada nos termos licitados e/ou contratados – e o pagamento, sendo que
estas fases não precisam ocorrer necessariamente no mesmo exercício de competência da
despesa, no qual ocorre o empenho; a ocorrência de tais casos implica a inscrição em
“restos a pagar”.

O Resultado Orçamentário pode ser classificado como “equilibrado”, “superavitário” ou


“deficitário”:

• Equilibrado: significa que a receita arrecadada foi compatível com os


compromissos assumidos durante o exercício. Se nem todos tiverem sido pagos,
haverá recurso financeiro em caixa no início do exercício seguinte para fazer
frente aos “restos a pagar”. Esta situação é obrigatória no último ano de mandato
dos respectivos Chefes dos Poderes Executivos, nos termos da Lei de
Responsabilidade Fiscal;
• Superavitário: trata-se de resultado que expressa um maior volume de receita
arrecadada em comparação à despesa empenhada no exercício. Neste caso,
além do significado descrito para a situação de equilíbrio, haverá disponibilidade
financeira adicional para garantir abertura de créditos orçamentários de natureza
suplementar e/ou especial visando ao aumento de uma despesa já programada
e/ou à inclusão de uma nova programação;
• Deficitário: quando a receita arrecadada fica abaixo das despesas empenhadas
num determinado exercício financeiro, o que implica a insuficiência financeira no
início do ano seguinte comparativamente aos “restos a pagar”. Trata-se de uma
situação que não pode ocorrer no último ano de mandato nos três níveis de
governo, nos termos da Lei de Responsabilidade Fiscal, pois comprometerá uma
parte da receita a ser arrecadada no exercício de uma nova gestão recém-eleita.

7.2.3. Dívida Consolidada Líquida (DCL)

A DCL expressa a diferença entre a Dívida Consolidada Bruta (DCB) e o Ativo


Financeiro. A DCB pode ser definida como o estoque da dívida pública com exigibilidade
superior a 12 meses ao final de cada exercício financeiro, contraída em função de
determinação legal, convenial, contratual e outros ajustes, bem como de operações de
crédito. O ativo financeiro corresponde à disponibilidade em caixa ou bancos e outros
créditos apurados também no final de cada exercício. Nessa perspectiva, a DCL pode ser
considerada como uma medida da capacidade potencial do poder público em quitar as
dívidas de longo prazo.

255
Trata-se de conceito estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal derivado, na
mensuração bruta, do anteriormente estabelecido pela Lei Federal nº 4320/64 como “Dívida
Fundada”. A relação entre a DCL e a Receita Corrente Líquida é um dos indicadores com a
obrigatoriedade de fixação de metas plurianuais na LDO estabelecida pela Lei de
Responsabilidade Fiscal, tendo como parâmetros para uma gestão fiscal responsável os
limites máximos de 120% e 200% para Municípios e Estados respectivamente, nos termos
da Resolução 40/2001 do Senado Federal.

7.3. Da Metodologia de Análise

A análise do impacto fiscal da PSP pressupõe a adoção de indicadores consagrados


no campo das finanças públicas, a partir das normas constitucionais, legais e infra-legais que
regem a matéria, especialmente, a Constituição Federal de 1998, a Lei de Responsabilidade
Fiscal, a Lei Federal Nº 4320/64, a Portaria MOG Nº.42/99 e a Portaria STN/SOF
nº.163/2001.

A escolha dos indicadores procurou contemplar a importância e representatividade dos


mesmos, quer em termos da tradição das finanças públicas brasileiras, quer enquanto pré-
requisitos para avaliação de pleitos públicos para contratação de operações de crédito e de
celebração de convênios e outros ajustes no âmbito das transferências intergovernamentais,
de caráter voluntário, isto é, em relação aos recursos financeiros a serem obtidos pelos
Municípios junto aos Governos Estaduais e Federal. Além disso, na seleção dos indicadores
de gastos, foi considerada também a dimensão da relevância social e orçamentária.

A escolha dos entes da federação analisados contemplou somente aqueles onde


houve Concessões Plenas feitas pelos Municípios. Os outros casos não foram analisados
pelas seguintes razões:

• A saída ou enfraquecimento das Companhias Estaduais de Saneamento Básico


(CESB) que, em dificuldades, encerraram suas operações ou perderam
concessões que foram retomadas pelos municípios que, à falta de alternativas ou
por opção, fizeram a concessão ao setor privado, deveriam provocar algum
impacto em relação aos governos estaduais. Como, regra geral, as CESBs são
empresas estatais de economia mista, eventuais desequilíbrios financeiros
seriam aborvidos pela própria empresa, sem comprometimento do Orçamento
Estadual. Portanto, nos contornos desse trabalho, não haveria impacto fiscal a
ser analisado.

Incluem-se, nesse caso:

• Municípios do estado do Mato Grosso.


• Saneatins (privatização da companhia).
• Manaus.
• Municípios do estado do Rio de Janeiro.
• Itapema em Santa Catarina.

Mesmo assim, optamos por analisar os casos de Manaus e de Palmas para


fundamentar nossas conclusões.

• As entrevistas feitas durante a realização dos trabalhos, tanto com as


Concessionárias quanto com o Poder Concedente, bem como a análise do

256
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

material disponível, nos permitiram verificar que, nos casos de Concessão Parcial
e BOTs (14 casos), a Concessão ocorreu ou por uma decisão estratégica da
Autarquia Municipal de Saneamento e/ou Prefeitura ou porque o Poder Público
Municipal não dispunha de recursos para realizar os investimentos. Isto não
siginifica, em hipótese alguma, que havia algum Déficit Fiscal por conta da
operação dos serviços, como pudemos constatar.

Foram utilizadas fontes oficiais, primárias e secundárias, pois todos os atos


relacionados à receita e à despesa públicas, e por conseqüência, envolvendo o patrimônio
público, caracterizam-se pela legalidade, formalidade, impessoalidade, zelo ao Erário e pelo
interesse público.

Nessa perspectiva, foram levantados os dados fiscais dos municípios selecionados,


disponibilizados no sítio da Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda,
especificamente em “Situação Fiscal do seu Município” e “Finanças do Brasil” (FINBRA).
Diante da indisponibilidade de algumas informações, recorreu-se também aos Balanços
Anuais das Prefeituras.

Com isso, foi possível avaliar a existência ou não de Impacto Fiscal da PSP a partir da
construção das séries históricas dos indicadores para a maioria dos casos, sendo que o
critério de classificação adotado considerou o agrupamento dos entes da Federação
consideradas as Concessões Plenas, visando:

• avaliar a evolução da despesa em termos reais e detalhar a composição da


despesa, comparando as duas situações, antes e depois da PSP;
• avaliar a evolução do resultado em termos reais, antes e depois da PSP;
• avaliar a evolução em termos reais dos recursos orçamentários do setor público
que puderam ser realocados para outras Funções de Governo, principalmente na
área social;

O QUADRO 7.1 apresenta trinta e três municípios em que a modalidade da concessão


foi plena, sendo que todos os doze casos de Mato Grosso (MT) e quatro do Rio de Janeiro
(RJ) – Cabo Frio (Amplo), Campos dos Goytacases, Guapimirim e Niterói – referem-se à
PSP cuja concessão foi originada de companhias estaduais. As demais (dezessete) tratam
de concessões feitas pelos Municípios.

257
QUADRO 7.1 - Concessões Plenas

Ano de Início
UF Município Empresa Modal da Concessão

MT Arenápolis SANEMAT Plena 2000

MT Cláudia ÁGUAS DE CLÁUDIA Plena 2004

MT Carlinda Águas de Carlinda Plena 2004

MT Marcelândia SANEMAT Plena 2000

MT Nova Xavantina SANEMAT Plena 2000

MT Santa Carmem SANEMAT Plena 2000

MT Guarantã do Norte SANEMAT Plena 2001

MT Matupá SANEMAT Plena 2001

MT Nobres SANEMAT Plena 1999

MT Pontes e Lacerda SANEMAT Plena 2001

MT Primavera do Leste SANEMAT Plena 2000

MT Sorriso SANEMAT Plena 2000

MS Campo Grande SANESUL Plena 2000

SC Itapema ÁGUAS DE ITAPEMA Plena 2004

TO Palmas SANEATINS Plena 1998

AM Manaus COSAMA Plena 2000

ES Cachoeiro de Itapemirim SAAE Plena 1998


Sanarj Concessionária 2002
MG Araújos Plena
de Saneamento Básico
MG Nova Lima Samotracia Plena 2002

MG Bom Sucesso ÁGUAS DE BOM SUCESSO Plena 2002

MG Paraguaçu COSÁGUA Plena 2000

PR Paranaguá APSA Plena 1997

RJ Araruama (Amplo) (1) CAJ Plena 1999

RJ Cabo Frio (Amplo) (2) CEDAE Plena 1998

RJ Campos dos Goytacazes CEDAE Plena 1999

RJ Guapimirim CEDAE Plena 2001

RJ Niterói CEDAE Plena 1999

RJ Nova Friburgo CAENF Plena 1999

RJ Petrópolis CAEMPE Plena 1998

SP Guará ÁGUAS DE GUARÁ Plena 2000

SP Limeira ADL Plena 1996

SP Mairinque CIÁGUA Plena 1997

SP Mineiros do Tietê SANECISTE Plena 1995

(1) Araruama / Saquarema / Silva Jardim


(2) Armação dos Búzios / Arraial do Cabo / Cabo Frio / Iguaba Grande / S. Pedro da Aldeia

O período de análise foi delimitado a partir da definição do ano da concessão ou do


início da PSP como ano-referência (ano “n”): foram considerados os dois anos

258
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

imediatamente anteriores ao da concessão (“n-1” e “n-2”) e os dois ou mais anos posteriores


à concessão (“n”); nesse enquadramento, foram considerados como “situações especiais” os
anos de eleições municipais (1996, 2000 e 2004) durante o período delimitado, pois os
indicadores fiscais destes anos poderiam estar condicionados pelo “efeito eleitoral”123. Outra
referência importante é o ano 2000, pelas novas exigências voltadas ao equilíbrio das contas
públicas trazidas pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

Por fim, nessa perspectiva, os dados das séries históricas quando apresentados em
valores absolutos, foram convertidos para preços de dezembro de 2006, tendo como deflator
o IGP-di da Fundação Getúlio Vargas, para possibilitar comparações em termos constantes.

7.4. Dos Resultados

7.4.1. A Dinâmica Fiscal Municipal: Uma Introdução Necessária

Preliminarmente à apresentação e à análise dos resultados, faz-se necessário um


esclarecimento sobre a dinâmica fiscal envolvida na análise do impacto das concessões para
as finanças municipais. Diferentemente do que ocorre com a União, e em certa medida, com
os Estados, os municípios representam a parte mais frágil, dentro do pacto federativo, no
que se refere ao financiamento do déficit público, dada a rigidez orçamentária e as limitadas
possibilidades de financiamento.

Primeiramente, porque a capacidade de aumentar receita municipal está fortemente


vinculada às decisões políticas e administrativas de outras esferas de governo, visto que a
competência de tributar ainda está centralizada na União, mesmo após a Constituição
Federal de 1998. Em relação ao PIB, a União é responsável pelo lançamento, gestão e
controle de cerca de 70% da carga tributária bruta e, mesmo após as transferências
intergovernamentais, ainda fica com quase 60% da receita disponível. Em outros termos, a
maioria dos municípios brasileiros depende das transferências constitucionais (obrigatórias)
e conveniais (voluntárias) das esferas federal e estadual de governo para o financiamento
entre 50% e 90% de seus gastos, conforme o seu porte: quanto menor (baixo número de
habitantes), tanto maior é essa dependência. A TABELA a seguir ilustra essa situação.

TABELA 7.1 - Distribuição dos Municípios no Brasil


(segundo o nº de habitantes)

Faixa de População Nº de Municípios Participação

Até 10.000 habitantes 2.662 47,8%

De 10.001 a 30.000 habitantes 1.876 33,7%

De 30.001 a 50.000 habitantes 448 8,1%

De 50.001 a 100.000 habitantes 311 5,6%

Acima de 100.000 habitantes 267 4,8%

Total 5.564 100,0%

Fonte: Elaboração dos Autores a partir dos dados do IBGE.

123
Antes da vigência da Lei de Responsabilidade Fiscal, principalmente, havia uma deterioração das contas públicas no
último ano de mandato e ajuste fiscal nos primeiros anos da nova gestão.

259
Se o critério a ser adotado para a definição do porte do município for o número de
habitantes, é possível considerar como “pequeno” aquele com população igual ou menor a
cinqüenta mil habitantes. Nesse caso, quase 90% dos municípios brasileiros (ou 4.986) são
de pequeno porte.

Além disso, é preciso considerar as despesas decorrentes das vinculações


constitucionais e da natureza compulsória de determinadas despesas. Assim, além dos
percentuais mínimos obrigatórios124 de aplicação em Educação e Saúde, outras despesas
apresentam elevado grau de rigidez, como a prestação de serviços nas áreas da
manutenção da cidade (limpeza urbana, iluminação pública, etc.), o pagamento aos recursos
humanos alocados em todas as áreas direta ou indiretamente relacionadas aos serviços
municipais prestados à população, os valores a serem transferidos para o Poder Legislativo
e o serviço da dívida pública (em alguns casos). Com isso, geralmente, a capacidade de
investir é muito limitada, bem como a de assumir novas despesas obrigatórias de caráter
continuado, que geralmente são decorrentes dos investimentos.

Nessa perspectiva, as Concessões tendem a representar, a priori, neutralidade fiscal


para os municípios, pois, se de um lado, há uma redução dos gastos correntes e de capital
para a prestação dos serviços, de outro lado há uma redução da receita em decorrência do
que deixa de ser arrecadado pelo fato do serviço deixar de ser prestado pelo Poder Público.
Essa situação é válida tanto para o caso dos serviços prestados diretamente por um órgão
do Poder Executivo, quanto para os casos desses mesmos serviços serem prestados de
forma indireta, por meio de uma Autarquia ou empresa Pública.

Há também que se considerar as situações em que a responsabilidade pela prestação


dos serviços era do governo estadual, como foram os casos de Mato Grosso com a
SANEMAT e do Rio de Janeiro com a CEDAE, em que a hipótese do impacto fiscal no nível
municipal nem pode ser considerada.

Indicadores Fiscais: Resultado Orçamentário, Resultado Primário, Serviço da Dívida e


Dívida Consolidada Líquida, Gastos com Saúde, Educação, Pessoal e Encargos e
Investimentos.

7.4.2. Resultado Orçamentário

O QUADRO 7.2 apresenta o Resultado Orçamentário dos municípios selecionados,


considerando o critério de periodização definido na metodologia de análise.

124
O artigo 212 da CF estabelece que os Municípios aplicarão nunca menos de 25% da Receita de Impostos,
compreendida também a proveniente de transferências intergovernamentais, na manutenção e desenvolvimento da
Educação. Com relação à Saúde, a Emenda Constitucional Nº 29/2000, determina a obrigatoriedade dos Municípios
aplicarem no mínimo 15% da Receita de Impostos, compreendida também a proveniente de transferências
intergovernamentais.

260
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

QUADRO 7.2 - Resultado Orçamentário Antes e Depois da Concessão


Início da
UF Município Empresa Modal Concessão n-2 n-1 n n+1 n+2
Ano "n"
AM Manaus COSAMA Plena 2000 -5,1% 1,4% 7,7% 0,2% 0,8%
ES Cachoeiro de Itapemirim SAAE Plena 1998 -27,2% -10,9% 0,8% 1,7% 4,4%
Sanarj Conces.
MG Araújos Plena 2002 -4,8% 4,6% 1,5% -2,1% 1,8%
San.Básico
ÁGUAS DE
MG Bom Sucesso Plena 2002 -3,8% 6,8% 2,2% 1,5% 3,0%
BOM SUCESSO
MG Nova Lima Samotracia Plena 2002 3,5% 1,5% 0,0% -7,5% 1,7%
MG Paraguaçu COSÁGUA Plena 2000 -1,3% 2,1% 5,3% 13,6% 6,1%
MS Campo Grande SANESUL Plena 2000 2,3% 2,6% 5,6% 5,4% -6,0%
PR Paranaguá APSA Plena 1997 -18,6% -20,3% -3,5% -13,9% -9,6%
Araruama
RJ CAJ Plena 1999 2,0% 7,7% -10,7% 4,2% nd
(Amplo) (1)
Cabo Frio
RJ CEDAE Plena 1998 -13,4% -8,3% nd nd -2,5%
(Amplo) (2)
RJ Campos dos Goytacazes CEDAE Plena 1999 -4,1% nd nd 2,2% nd
RJ Guapimirim CEDAE Plena 2001 4,3% 2,7% nd 1,8% -6,1%
RJ Niterói CEDAE Plena 1999 -4,8% -7,3% -6,4% -3,1% 0,2%
RJ Nova Friburgo CAENF Plena 1999 -2,6% -0,2% -12,9% -1,4% -12,9%
RJ Petrópolis CAEMPE Plena 1998 -1,1% -10,2% 0,9% 7,5% 1,9%
ÁGUAS DE
SC Itapema Plena 2004 2,3% 3,9% -6,5% 0,2% 0,7%
ITAPEMA
ÁGUAS DE
SP Guará Plena 2000 nd nd -2,7% 5,0% -57,5%
GUARÁ
SP Limeira ADL Plena 1996 -99,7% -36,5% -14,8% -1,9% -8,9%
SP Mairinque CIÁGUA Plena 1997 -5,2% -5,4% 1,3% -4,0% -8,2%
SP Mineiros do Tietê SANECISTE Plena 1995 -24,3% -39,8% -32,0% -40,5% -29,4%
TO Palmas SANEATINS Plena 1998 -18,6% 1,3% -1,2% -0,6% 8,8%
Fonte:adaptado de Secretaria do Tesouro Nacional
(Sistemas "Finanças do Brasil" e"Situação Fiscal do seu Município versão 2007")
nd: Dados não disponíveis (1)Araruama / Saquarema / Silva Jardim: dados de Araruama
(2)Armação dos Búzios / Arraial do Cabo / Cabo Frio / Iguaba Grande / S.Pedro da Aldeia: dados de Cabo Frio

Considerando que “n” refere-se ao ano de início da concessão, os dados apresentados


permitem observar, em termos agregados, uma estabilidade da situação fiscal no período
analisado. Dois anos antes da concessão (n-2), havia 15 municípios com resultado fiscal
negativo, contra 5 positivo. A situação melhorou parcialmente no ano imediatamente anterior
ao da concessão, em que 9 municípios apareciam com resultado negativo, contra 10
positivos, valores que se estabilizaram a partir de então, indicando que cerca de 50% dos
municípios selecionados apresentaram desequilíbrio orçamentário e financeiro mesmo após
o ano de início das concessões.

Do ponto de vista regional, foi possível observar um certo padrão de comportamento


fiscal independentemente da PSP: melhor desempenho dos quatro municípios mineiros em
comparação aos do Rio de Janeiro e São Paulo. No primeiro caso, observa-se a presença
quase constante de equilíbrio orçamentário no período considerado, diferentemente da
elevada incidência de resultados negativos dos municípios fluminenses e paulistas.

Analisando o ano de início das concessões tendo como parâmetro a edição da Lei de
Responsabilidade Fiscal em 2000, é possível constatar, inicialmente, que dos doze
municípios em que a PSP ocorreu antes da vigência dessa lei, sete apresentavam resultado
deficitário no ano de início; enquanto que, dos nove municípios cuja (a) concessão ocorreu
em 2000 ou posteriormente, apenas dois apresentavam déficit orçamentário. Fica aqui um

261
indicativo de que as exigências trazidas pela Lei de Responsabilidade Fiscal guardam
relação direta com a definição dos resultados orçamentários no período analisado.

Entretanto, se for observado o comportamento fiscal dos municípios a partir do ano da


vigência da citada lei de forma desvinculada ao do início da concessão, verifica-se ainda
uma grande incidência de municípios com déficits orçamentários nos anos de 2002, 2003,
2004 e 2006, conforme QUADRO 7.3 a seguir. Essa situação indica a existência de uma
situação anterior de desequilíbrio estrutural de natureza orçamentária e financeira,
reforçando a visão anteriormente apresentada de neutralidade fiscal para os municípios
como decorrência da PSP.

QUADRO 7.3 - Resultado Orçamentário a partir da vigência


da Lei de Responsabilidade Fiscal
Início da 2.006
UF Município Modal 2.000 2.001 2.002 2.003 2.004 2.005
Concessão

AM Manaus Plena 2000 7,7% 0,2% 0,8% -1,4% 0,6% 16,3% -4,2%
Cachoeiro 7,0%
ES Plena 1998 4,4% 1,0% -5,0% 2,1% 3,7% 5,4%
de Itapemirim
MG Araújos Plena 2002 -4,8% 4,6% 1,5% -2,1% 1,8% 8,1% -6,2%

MG Bom Sucesso Plena 2002 -3,8% 6,8% 2,2% 1,5% 3,0% 13,9% 24,0%

MG Nova Lima Plena 2002 3,5% 1,5% 0,0% -7,5% 1,7% 3,7% -2,6%

MG Paraguaçu Plena 2000 5,3% 13,6% 6,1% 22,7% 6,6% 9,1% -6,2%

MS Campo Grande Plena 2000 5,6% 5,4% -6,0% 3,0% -1,9% 8,5% 4,2%

PR Paranaguá Plena 1997 7,8% 10,1% -1,2% 9,8% -0,3% 4,6% 2,0%
Araruama -6,2%
RJ Plena 1999 4,2% nd -0,8% 5,3% nd 0,7%
(Amplo) (1)
Cabo Frio -6,2%
RJ Plena 1998 -2,5% 2,6% 1,2% 1,8% 2,4% 3,8%
(Amplo) (2)
Campos dos 9,3%
RJ Plena 1999 2,2% nd nd nd nd nd
Goytacazes
RJ Guapimirim Plena 2001 2,7% nd 1,8% -6,1% nd 36,2% -6,2%

RJ Niterói Plena 1999 -3,1% 0,2% 2,9% 1,0% 1,4% 0,1% 0,2%

RJ Nova Friburgo Plena 1999 -1,4% -12,9% 4,4% 9,7% 3,2% 5,2% -0,3%

RJ Petrópolis Plena 1998 1,9% 5,8% 1,2% -4,0% 2,9% -5,7% -1,1%

SC Itapema Plena 2004 10,9% 9,1% 2,3% 3,9% -6,5% 0,2% 0,7%

SP Guará Plena 2000 -2,7% 5,0% -57,5% 1,5% -3,1% -0,9% 1,5%

SP Limeira Plena 1996 2,2% 7,9% -1,7% 0,3% -1,8% 7,4% 3,6%

SP Mairinque Plena 1997 -4,6% 0,9% -3,4% -2,7% -0,3% -2,5% -2,5%

SP Mineiros do Tietê Plena 1995 34,6% 1,3% -1,2% -0,9% -5,0% 5,4% -1,5%

TO Palmas Plena 1998 8,8% 1,7% 0,4% 1,8% 5,6% 8,9% 18,5%

Fonte: adaptado de Secretaria do Tesouro Nacional


(Sistemas "Finanças do Brasil" e "Situação Fiscal do seu Município versão 2007")
Notas:
nd: Dados não disponíveis
(1)Araruama / Saquarema / Silva Jardim: dados de Araruama
(2)Armação dos Búzios / Arraial do Cabo / Cabo Frio / Iguaba Grande / S. Pedro da Aldeia: dados de Cabo Frio

7.4.3. Resultado Primário

O QUADRO 7.4 apresenta o Resultado Primário dos municípios selecionados,


considerando o critério de periodização definido na metodologia de análise. Considerando
que “n” refere-se ao ano de início da Concessão, os dados apresentados permitem observar,
em termos agregados, uma certa deterioração na situação do resultado primário no período

262
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

seguinte, apesar da melhora desse indicador em dez municípios no ano “n+1”: dos treze
municípios que têm informações disponibilizadas para os anos “n”, “n+1” e “n+2”, é possível
verificar a ocorrência de resultado primário negativo em cinco, três e três desses
respectivamente; entretanto, tomando por base os dezoito municípios com informações
disponibilizadas para o ano “n+2”, observa-se a grande incidência de resultados deficitários –
oito, isto é, quase a metade. Novamente aqui não há como perceber a existência de impacto
fiscal oriunda do início da PSP.

QUADRO 7.4 - Resultado Primário (em R$ 1.000 de Dezembro de 2006)


Ano de Início n+2
UF Município Modal n-2 n-1 n n+1
da Concessão

AM Manaus Plena 2000 (41.484,68) 25.669,67 99.056,90 2.760,21 24.822,85


Cachoeiro 8.040,01
ES Plena 1998 nd nd 6.746,23 8.574,92
de Itapemirim
MG Araújos Plena 2002 (133,11) 281,85 195,38 23,41 131,63

MG Bom Sucesso Plena 2002 (160,52) 926,39 273,88 110,65 588,07

MG Nova Lima Plena 2002 5.366,06 2.842,74 2.499,41 (4.113,12) 5.839,62

MG Paraguaçu Plena 2000 (779,81) (751,55) (545,09) 1.683,14 204,06

MS Campo Grande Plena 2000 21.933,78 10.762,60 31.909,04 12.767,78 (88.566,10)

PR Paranaguá Plena 1997 nd nd nd (9.971,10) (8.957,08)


Araruama nd
RJ Plena 1999 nd 4.913,64 (7.606,35) 2.823,63
(Amplo) (1)
Cabo Frio (4.590,20)
RJ Plena 1998 nd nd nd nd
(Amplo) (2)
Campos dos nd
RJ Plena 1999 nd nd nd nd
Goytacazes
RJ Guapimirim Plena 2001 1.502,87 1.028,03 nd 705,49 (2.461,84)

RJ Niterói Plena 1999 nd (33.623,27) (23.691,97) (9.696,81) 12.668,32

RJ Nova Friburgo Plena 1999 nd (164,03) (18.657,96) (2.767,98) (21.453,65)

RJ Petrópolis Plena 1998 nd nd 6.697,18 20.259,26 9.491,23

SC Itapema Plena 2004 216,50 1.351,49 (1.609,43) 544,71 513,20

SP Guará Plena 2000 nd nd 85,51 1.246,17 (6.461,00)

SP Limeira Plena 1996 nd nd nd nd (10.626,61)

SP Mairinque Plena 1997 nd nd nd (962,73) (2.934,53)


Mineiros nd
SP Plena 1995 nd nd nd nd
do Tietê
TO Palmas Plena 1998 nd nd (8.516,80) 400,00 20.948,38

Fonte: adaptado de Secretaria do Tesouro Nacional


(Sistemas "Finanças do Brasil" e "Situação Fiscal do seu Município versão 2007")
Notas: nd: Dados não disponívei
(1)Araruama / Saquarema / Silva Jardim: dados de Araruama
(2)Armação dos Búzios / Arraial do Cabo / Cabo Frio / Iguaba Grande / S. Pedro da Aldeia: dados de Cabo Frio

A confirmação disto pode ser encontrada na análise do Resultado Primário a partir da


vigência da Lei de Responsabilidade Fiscal, conforme QUADRO 7.5 a seguir. Percebe-se a
inexistência de uma tendência clara nessa série analisada, com a oscilação de valores de
um ano para o outro, apesar da redução de municípios deficitários em 2004 (três),
comparativamente ao ano 2000 (sete), ambos períodos de eleições municipais. Trata-se de
situação identificada com a plena vigência da citada Lei em 2004, que dispõe sobre a
obrigatoriedade da gestão fiscal equilibrada no último de mandato.

263
QUADRO 7.5 - Resultado Primário (em R$ 1.000 de Dezembro de 2006)
Início da 2.005
UF Município 2.000 2.001 2.002 2.003 2.004
Concessão

AM Manaus 2000 99.056,90 2.760,21 24.822,85 13.673,02 30.336,56 203.937,63


ES Cachoeiro de Itapemirim 1998 8.040,01 3.406,70 (4.889,37) 2.550,45 6.174,88 8.323,34
MG Araújos 2002 (133,11) 281,85 195,38 23,41 131,63 472,69
MG Bom Sucesso 2002 (160,52) 926,39 273,88 110,65 588,07 1.547,22
MG Nova Lima 2002 5.366,06 2.842,74 2.499,41 (4.113,12) 5.839,62 7.547,88
MG Paraguaçu 2000 (545,09) 1.683,14 204,06 2.519,80 201,58 457,82
MS Campo Grande 2000 31.909,04 12.767,78 (88.566,10) (35.294,86) (31.136,65) 60.018,55
PR Paranaguá 1997 12.950,71 14.415,07 (431,17) 11.975,62 (1.506,32) 5.836,38
RJ Araruama (Amplo) (1) 1999 2.823,63 nd (746,19) 2.780,75 nd 1.566,71
RJ Cabo Frio (Amplo) (2) 1998 (4.590,20) 3.413,21 2.951,59 1.051,83 5.533,89 9.787,09
RJ Campos dos Goytacazes 1999 nd nd nd nd nd nd
RJ Guapimirim 2001 1.028,03 nd 705,49 (2.461,84) nd 15.171,64
RJ Niterói 1999 (9.696,81) 12.668,32 25.037,91 5.940,05 15.170,49 3.078,59
RJ Nova Friburgo 1999 (2.767,98) (21.453,65) 13.047,08 10.671,35 3.393,90 10.150,19
RJ Petrópolis 1998 9.491,23 21.149,85 2.281,76 (18.805,44) 9.287,46 (17.622,47)
SC Itapema 2004 2.442,40 1.825,90 216,50 1.351,49 (1.609,43) 544,71
SP Guará 2000 85,51 1.246,17 (6.461,00) 604,52 140,78 373,52
SP Limeira 1996 18.382,80 30.471,85 5.042,74 3.008,17 1.267,59 24.574,22
SP Mairinque 1997 (1.567,40) 663,11 (1.645,98) (864,45) 372,17 (305,13)
SP Mineiros do Tietê 1995 4.572,30 928,72 218,05 158,33 253,72 824,87
TO Palmas 1998 20.948,38 2.773,52 3.398,52 5.033,98 14.435,61 9.489,24
Fonte: adaptado de Secretaria do Tesouro Nacional
(Sistemas "Finanças do Brasil" e "Situação Fiscal do seu Município versão 2007")
Notas: nd: Dados não disponíveis
(1) Araruama / Saquarema / Silva Jardim: dados de Araruama (2)Armação dos Búzios / Arraial do Cabo / Cabo Frio / Iguaba
Grande / S. Pedro da Aldeia: dados de Cabo Frio

7.4.4. Serviço da Dívida

O serviço da dívida em relação à receita corrente líquida é um indicador regulamentado


pela Resolução nº.43/2001 do Senado Federal. É possível observar no QUADRO 7.6 que
dezenove municípios com informações disponíveis para um ou mais anos do período
considerado apresentam situação confortável, bem abaixo do parâmetro de 11,5%
estabelecido pela citada norma.

Tomando como referência a situação posterior ao ano “n”, é possível verificar que, dos
treze municípios com informações disponíveis para comparação, cerca de 2/3 desses
apresentaram crescimento nesse indicador, o que não é compatível com a hipótese de
redução do nível de endividamento em conseqüência do início da concessão. Também aqui
a neutralidade fiscal da PSP é reforçada.

264
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

QUADRO 7.6 - Serviço da Dívida/RCL (em %)


Início da
UF Município Empresa Modal n-2 n-1 n n+1 n+2
Concessão Ano "n"

AM Manaus COSAMA Plena 2000 2,33 3,04 2,50 2,76 2,64


Cachoeiro
ES SAAE Plena 1998 nd nd 5,33 5,59 3,00
de Itapemirim
Sanarj Conces
MG Araújos Plena 2002 2,13 1,58 2,85 3,15 1,35
.San.Básico
ÁGUAS DE
MG Bom Sucesso Plena 2002 2,44 1,90 1,19 0,00 3,33
BOM SUCESSO
MG Nova Lima Samotracia Plena 2002 3,21 2,72 2,51 3,97 3,27
MG Paraguaçu COSÁGUA Plena 2000 0,18 0,15 0,16 1,99 0,89
MS Campo Grande SANESUL Plena 2000 4,92 3,46 2,77 2,46 2,18
PR Paranaguá APSA Plena 1997 nd nd nd 4,79 5,26
Araruama
RJ CAJ Plena 1999 nd 0,00 0,58 1,02 nd
(Amplo) (1)
Cabo Frio
RJ CEDAE Plena 1998 nd nd nd nd 0,00
(Amplo) (2)
Campos dos
RJ CEDAE Plena 1999 nd nd nd nd nd
Goytacazes
RJ Guapimirim CEDAE Plena 2001 0,00 0,00 nd 0,00 0,00
RJ Niterói CEDAE Plena 1999 nd 2,07 2,54 2,64 2,59
RJ Nova Friburgo CAENF Plena 1999 nd 0,06 0,02 0,00 0,00
RJ Petrópolis CAEMPE Plena 1998 nd nd 1,89 1,47 1,30
ÁGUAS DE
SC Itapema Plena 2004 1,29 2,02 2,77 2,24 0,66
ITAPEMA
ÁGUAS DE
SP Guará Plena 2000 nd nd 3,55 3,05 4,97
GUARÁ
SP Limeira ADL Plena 1996 nd nd nd nd 5,83
SP Mairinque CIÁGUA Plena 1997 nd nd nd 2,28 2,04
SP Mineiros do Tietê SANECISTE Plena 1995 nd nd nd nd nd
TO Palmas SANEATINS Plena 1998 nd nd 1,93 0,98 1,82
Fonte: adaptado de Secretaria do Tesouro Nacional
(Sistemas "Finanças do Brasil" e "Situação Fiscal do seu Município versão 2007")
Notas:
nd: Dados não disponíveis
(1)Araruama / Saquarema / Silva Jardim: dados de Araruama
(2)Armação dos Búzios / Arraial do Cabo / Cabo Frio / Iguaba Grande / S. Pedro da Aldeia: dados de Cabo Frio

7.4.5. Dívida Consolidada Líquida

Por fim, a Dívida Consolidada Líquida em relação à Receita Corrente Líquida é um


indicador que foi regulamentado pela Resolução do Senado Federal nº. 40/2001.
Considerando o limite máximo fixado em 120% para os municípios, é possível observar no
QUADRO 7.7 que dezenove municípios com informações disponíveis para um ou mais anos
do período considerado apresentam situação distinta, apesar de confortável em relação ao
parâmetro estabelecido pela citada norma (todos abaixo do limite). A diferença existente
refere-se aos valores positivos e negativos, sendo que, para este indicador, resultado
negativo representa a existência de disponibilidade financeira superior ao valor da dívida e
resultado positivo o inverso.

265
QUADRO 7.7 - DCL/RCL (em %)
Início da
UF Município Empresa Modal Concessão n-2 n-1 n n+1 n+2
Ano “n”
AM Manaus COSAMA Plena 2000 15,79 19,85 13,74 13,05 13,85
ES Cachoeiro de Itapemirim SAAE Plena 1998 nd nd -2,66 -6,89 -3,16
Sanarj Conces
MG Araújos Plena 2002 -6,70 -9,39 -13,07 -4,27 -8,59
.San. Básico
Águas de
MG Bom Sucesso Plena 2002 -8,07 -13,58 -24,35 -4,02 -7,95
Bom Sucesso
MG Nova Lima Samotracia Plena 2002 55,18 49,99 45,44 40,08 32,14
MG Paraguaçu COSÁGUA Plena 2000 -31,23 -29,34 -16,10 -25,24 -32,66
MS Campo Grande SANESUL Plena 2000 21,12 16,33 9,17 -24,16 -24,47
PR Paranaguá APSA Plena 1997 nd nd nd 12,25 13,81
RJ Araruama (Amplo) (1) CAJ Plena 1999 nd -24,58 -9,50 -24,01 nd
RJ Cabo Frio (Amplo) (2) CEDAE Plena 1998 nd nd nd nd -1,85
RJ Campos dos Goytacazes CEDAE Plena 1999 nd nd nd nd nd
RJ Guapimirim CEDAE Plena 2001 -3,09 -4,40 nd -4,43 -1,79
RJ Niterói CEDAE Plena 1999 nd -8,11 -11,67 -13,79 -5,21
RJ Nova Friburgo CAENF Plena 1999 nd -1,91 -2,03 -2,86 -13,34
RJ Petrópolis CAEMPE Plena 1998 nd nd 8,20 7,74 -1,90
ÁGUAS DE
SC Itapema Plena 2004 -7,88 -11,17 -7,08 -7,00 -10,51
ITAPEMA
ÁGUAS DE
SP Guará Plena 2000 nd nd -0,70 -2,45 -1,83
GUARÁ
SP Limeira ADL Plena 1996 nd nd nd nd -10,38
SP Mairinque CIÁGUA Plena 1997 nd nd nd -5,35 -1,41
SP Mineiros do Tietê SANECISTE Plena 1995 nd nd nd nd nd
TO Palmas SANEATINS Plena 1998 nd nd 9,97 5,21 9,99
Fonte: adaptado de Secretaria do Tesouro Nacional
(Sistemas "Finanças do Brasil" e "Situação Fiscal do seu Município versão 2007")
Notas: nd: Dados não disponíveis
(1)Araruama / Saquarema / Silva Jardim: dados de Araruama (2)Armação dos Búzios / Arraial do Cabo / Cabo Frio / Iguaba
Grande / S. Pedro da Aldeia: dados de Cabo Frio

Mais uma vez, é possível constatar pelo indicador da “Dívida” que não houve impacto
fiscal decorrente do início da concessão, reforçando a citada neutralidade fiscal da
implantação da PSP nesses municípios.

7.4.6. Gastos com Saúde e Educação

A análise efetuada procurou verificar também se, em virtude da PSP, houve uma
mudança no perfil do gasto público, através de uma transferência de recursos que antes
eram gastos com a área de saneamento para as áreas sociais, principalmente Educação e
Saúde. Isto poderia ter ocorrido se houvesse uma realocação de recursos para outras áreas
como decorrência de a Prefeitura deixar de investir no setor.

Além disso, a análise procurou verificar também se teria havido uma redefinição de
gastos localizados, com Pessoal e Encargos e Investimentos especificamente.

O QUADRO 7.8 apresenta a evolução desses gastos selecionados para todos os


Municípios considerados.

266
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

QUADRO 7.8 - Despesas com Pessoal e Encargos, Investimentos, Educação e Saúde (em % da
RCL)
Início Ano
Estados Municípios da
Concessão 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
RJ Araruama (Amplo) (1) 1999
pessoal e encargos 64,2 85,7 64,1 52,2 47,3 45,9
investimento 5,4 6,7 6,7 13,5 8,9 10,5
educaçao 27,9 29,1 28,0 37,1 35,0 36,2
saúde 14,8 20,9 19,2 20,9 22,1 19,1
MG Araújos 2002
pessoal e encargos 34,8 29,0 40,1 40,0 38,4 38,8 57,8
investimento 11,2 15,9 17,3 13,7 12,9 9,7 13,3
educaçao 35,0 27,4 25,0 27,6 26,2 28,9 43,4
saúde 23,0 24,1 22,0 21,5 21,7 23,2 18,8
MG Bom Sucesso 2002
pessoal e encargos 59,8 50,7 70,6 45,3 46,0 0,0 51,3 44,7 37,2
investimento 11,7 4,4 17,7 7,8 12,5 0,0 12,2 5,0 10,5
educaçao 37,9 34,6 38,0 34,0 23,6 26,1 22,1 20,5 17,6
saúde 11,8 10,2 16,6 18,0 18,2 20,9 23,7 18,6 19,0
ES Cachoeiro de Itapemirim 1998
pessoal e encargos 47,1 45,8 42,8 52,6 53,7 55,2 48,0 53,1 54,1
investimento 21,1 21,7 22,4 26,7 20,5 16,8 22,4 9,4 4,5
educaçao 30,6 36,0 32,6 25,3 26,4 27,8 31,4 31,8 27,8
saúde 10,9 12,4 15,2 17,5 19,6 18,6 17,3 16,1 15,4
MS Campo Grande 2000
pessoal e encargos 44,6 45,2 41,6 28,7 41,2 37,4 36,3 36,2 37,3
investimento 22,5 16,9 21,7 26,1 38,6 21,0 19,0 10,8 13,6
educaçao 25,7 30,9 29,2 32,5 24,9 22,5 24,3 22,6 23,8
saúde 17,1 16,9 15,0 15,2 35,9 34,0 33,8 31,8 34,1
SP Guará 2000
pessoal e encargos 69,4 45,9 79,4 45,7 43,0 43,1 41,0
investimento 7,8 5,4 22,5 10,8 12,3 12,6 9,0
educaçao 30,9 35,7 66,1 40,6 39,8 41,8 40,2
saúde 19,6 15,4 35,4 19,6 20,4 18,6 19,6
SC Itapema 2004
pessoal e encargos 70,0 57,3 51,2 53,5 45,2 43,7 49,2 46,7 51,0
investimento 17,4 28,0 13,3 8,9 23,1 19,2 16,6 17,6 9,1
educaçao 28,1 31,0 25,2 29,1 30,8 27,0 23,3 32,5 28,4
saúde 6,8 6,4 7,4 8,8 14,4 18,0 17,4 14,2 15,4
SP Limeira 1996
pessoal e encargos 30,7 32,3 31,5 28,0 34,7 38,0 38,3 34,4 37,0
investimento 10,8 7,6 10,4 8,7 16,8 12,4 11,8 14,0 14,4
educaçao 31,8 30,2 30,3 26,7 28,7 28,2 26,4 27,4 30,7
saúde 23,2 23,9 26,8 21,1 26,5 25,4 24,9 23,3 23,9
SP Mairinque 1997
pessoal e encargos 50,3 49,8 50,0 48,2 53,7 48,0 44,4 44,6 48,0
investimento 9,4 7,7 5,2 5,0 11,3 8,1 4,3 4,8 4,9

267
Início Ano
Estados Municípios da
Concessão 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
educaçao 28,8 28,8 29,8 32,5 40,6 39,6 34,3 45,1 45,4
saúde 15,5 18,6 18,3 16,7 16,1 16,7 17,6 16,0 18,0
AM Manaus 2000
pessoal e encargos 61,7 61,4 57,6 63,7 52,7 54,4 49,9 53,5 59,7
investimento 22,7 13,3 16,8 15,6 16,1 14,6 9,2 5,1 9,3
educaçao 28,6 24,7 23,9 26,6 30,4 27,5 26,1 22,5 28,2
saúde 16,2 18,5 16,2 11,6 19,5 21,0 20,1 15,8 20,7
SP Mineiros do Tietê 1995
pessoal e encargos 34,1 44,8 36,0 48,8 57,5 54,7 51,1 42,9 42,1
investimento 1,8 1,3 0,7 6,1 14,0 14,6 9,4 11,3 22,0
educaçao 33,9 27,3 19,2 29,5 36,2 40,2 0,0 34,7 33,2
saúde 12,7 16,4 10,5 16,5 17,5 16,8 0,0 20,4 22,2
RJ Nova Friburgo 1999
pessoal e encargos 46,2 52,3 49,3 63,1 50,7 51,3 52,0 49,4 53,0
investimento 0,0 0,0 0,0 2,4 13,9 3,9 4,6 5,0 6,7
educaçao 25,9 27,5 27,9 34,2 30,1 24,5 24,8 23,5 27,8
saúde 4,1 12,7 31,3 41,7 30,4 28,8 31,7 29,4 30,8
MG Nova Lima 2002
pessoal e encargos 41,3 35,8 38,5 42,0 38,0 37,8 30,7 32,1 33,0
investimento 10,7 13,7 15,4 20,8 19,3 23,9 27,8 17,9 16,4
educaçao 35,3 30,2 36,4 37,2 32,7 28,8 23,9 24,3 26,0
saúde 22,0 14,0 17,1 18,7 15,0 15,0 13,1 16,8 17,6
TO Palmas 1998
pessoal e encargos 32,2 31,8 39,0 41,0 44,9 47,3 43,6 42,2 44,7
investimento 47,0 31,1 22,9 29,0 24,7 16,5 22,2 19,5 9,9
educaçao 24,8 24,2 20,8 22,8 27,8 24,3 21,8 23,0 20,6
saúde 17,7 22,0 24,1 25,4 21,9 22,4 23,0 20,5 20,6
MG Paraguaçu 2000
pessoal e encargos 57,2 56,2 53,0 50,0 44,6 35,3 39,5 35,3 57,8
investimento 11,7 14,0 17,9 8,3 15,8 9,3 14,1 14,5 13,3
educaçao 29,2 25,7 29,7 30,5 34,6 20,9 28,7 24,6 43,4
saúde 35,1 35,1 21,0 20,0 22,7 20,6 25,0 21,4 18,8
PR Paranaguá 1997
pessoal e encargos 52,9 56,0 53,5 45,8 51,0 47,5 49,8 52,4 49,9
investimento 10,3 9,2 1,8 15,3 10,7 10,2 13,6 8,5 9,0
educaçao 30,8 33,4 21,5 30,3 26,6 26,6 30,6 28,8 29,4
saúde 14,7 17,2 17,9 12,5 16,2 14,4 15,8 16,5 18,0
RJ Petrópolis 1998
pessoal e encargos 49,4 40,7 54,2 25,7 51,8 57,2 47,4 49,8 49,0
investimento 5,7 3,5 3,0 2,9 11,3 7,2 5,0 4,7 7,2
educaçao 30,2 27,6 25,0 23,8 26,8 31,6 29,3 30,9 29,2
saúde 14,5 16,9 35,9 33,4 29,7 32,4 29,6 32,6 29,9
Fonte: Adaptado de Secretaria do Tesouro Nacional

268
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

A análise dos dados confirma, mais uma vez, a neutralidade fiscal, bem como os
efeitos tanto da Lei de Responsabilidade Fiscal como, em relação aos gastos com Saúde, os
efeitos da Emenda Constitucional Nº 29.

7.5. Considerações Finais

O presente estudo teve por objetivo investigar se houve impacto fiscal para Estados ou
Municípios, enquanto poder concedente, decorrente da PSP. Muito embora a literatura
internacional125registre afirmações de que nos casos em estudo “sempre ocorrem impactos
fiscais relevantes” e apesar da “impressão dominante” daqueles que lidam com a questão do
saneamento, foi possível observar que não há impacto fiscal para o Poder Concedente.
Todos os indicadores associados à responsabilidade fiscal – resultado orçamentário,
resultado primário, serviço da dívida e dívida consolidada líquida – que foram analisados,
não apresentaram nenhuma evidência de impacto decorrente do início da concessão. O que
é possível identificar, contudo, é uma relação do comportamento desses indicadores com a
vigência da Lei de Responsabilidade Fiscal a partir de 2000.

Do ponto de vista da análise dos gastos com saúde e educação, também não fica
evidenciado algum impacto decorrente da implantação da PSP, no que tange à mudança do
perfil do gasto. Também aqui, revela-se um outro fator relacionado à área da saúde, a saber,
a vigência da Emenda Constitucional nº.29, que estabeleceu limite mínimo de aplicação em
saúde de 15% para os municípios a partir de 2001, com regra de transição até 2005
estabelecendo percentuais crescentes de aplicação para os que estivessem abaixo desse
parâmetro. A mesma situação de neutralidade ocorre com os gastos relativos a “Pessoal e
Encargos” e “Investimentos”.

Além disso, não há impacto fiscal para a Prefeitura à medida que ela deixa de assumir
a responsabilidade da ação-fim enquanto Poder Concedente. Diante da neutralidade fiscal
decorrente da redução concomitante de receita e despesa oriundas dos serviços que foram
assumidos pelo setor privado, a eventual realocação de recursos de uma área para outra,
bem como a perda de obrigatoriedade de investir na área de saneamento, não pode ser
caracterizada como situação de ocorrência de impacto fiscal, pois este não pode ser
avaliado sob condição hipotética ou condicional, à medida que não é válido o argumento de
que “se não houvesse a PSP, a Prefeitura teria que investir”, pois não há impacto sobre algo
que não foi efetivamente realizado.

Portanto, para os casos em que o Poder Público Municipal não dispunha de recursos
para realizar os investimentos, ainda que necessários, não há que se considerar a existência
de um impacto fiscal “potencial”, pois tal situação indicava a incapacidade orçamentária e
financeira municipal de ampliar e/ou melhorar a qualidade do serviço prestado.

Há que se considerar também a mesma neutralidade, em termos de impacto fiscal,


para os casos de concessão feita por uma empresa estatal, cujo resultado tenha sido a
obtenção de uma receita não operacional utilizada para o pagamento da dívida: trata-se de
uma movimentação financeira restrita ao âmbito da própria empresa, sem afetar os Balanços
Orçamentário, Financeiro e Econômico do Estado, afinal, a empresa continuará prestando
serviços em outros municípios.

125
Ver a respeito, especialmente, as publicações de Giuseppe Larossi, Caroline van den Berg, Subhrendu Pattanayak, Jui-
Chen Yang e Herath Gunatilake - The International Bank for Reconstruction and Development /The World Bank – 2006

269
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

8. INTEGRAÇÃO DOS RESULTADOS

Este capítulo tem por objetivo apresentar as análises e resultados obtidos no processo
de integração dos diferentes resultados individuais discutidos e apresentados nos capítulos
anteriores.

8.1. Cruzamento de Resultados em Relação a Algumas Variáveis Qualitativas

O objetivo central desta seção é estabelecer relações causais entre variáveis


derivadas da análise qualitativa apresentada no capítulo 3 deste relatório e o desempenho
apresentado em cada uma dos casos, segundo os resultados do impacto no bem-estar, e
desta maneira, identificar alguns fatores-chave que podem influir no bom ou no mau
funcionamento da PSP.

Antes de serem aprofundados os resultados, é importante ressaltar que, devido à


escassa informação disponível para efetuar as análises, os resultados que se apresentam
são parciais, isto é, limitam-se à quantidade de dados disponíveis, com suas restrições. No
entanto, espera-se que estes contribuam para enriquecer discussões posteriores.

8.1.1. Metodologia

A aplicação da metodologia para estabelecer as relações utilizou TABELAS que


contêm dados de resultados das PSP e variáveis qualitativas. Efetuaram-se cruzamentos
estatísticos entre as variáveis independentes (aspectos qualitativos) e as variáveis
dependentes (resultados), sendo que todos estes foram examinados considerando uma
confiabilidade estatística entre 85% e 95%.

Para o caso das TABELAS de tabulação cruzada entre variáveis, foi aplicado um teste
- “Quadrado de Pearson” -, que permitiu avaliar a hipótese de serem as variáveis (objeto do
estudo) independentes ou, pelo contrário, se estas se relacionavam entre si. No caso dos
testes de comparação de médias foi utilizada a análise de variância de um fator (“ANOVA”)
com a qual se analisou a existência de diferenças na média das variáveis qualitativas
relacionadas a cada PSP, que apresenta diferente nível de desempenho na variável
dependente126.

Para o desenvolvimento das análises, o primeiro passo foi escolher uma variável que
aproximasse, em boa forma, os resultados obtidos na análise de impacto no bem-estar
(variável “Proxy”), devido à pouca quantidade de casos em que esta análise pôde ser feita
(21 casos para água e só 11 para esgoto). Foram consideradas três possibilidades:

• Resultado de análise de tendência linear na evolução de coberturas antes e


depois da PSP.
• Resultados de análises de evolução de coberturas depois da PSP comparada
com a curva típica de evolução de coberturas antes da PSP.

126
H0: As médias populacionais são iguais.

271
• Resultados da análise de cumprimento de metas de cobertura127.
• O critério para estabelecer a eleição da variável proxy mais apropriada se
baseou na seleção daquela que cumprisse o objetivo de explicar uma maior
proporção dos resultados da análise de impacto no bem-estar, e que ao mesmo
tempo fosse consistente com os resultados esperados, isto é, que um maior
número de resultados positivos na análise de bem-estar estivesse associado aos
resultados positivos da variável proxy e vice-versa.

A variável escolhida corresponde ao resultado das análises de cumprimento de metas


de cobertura. Como é possível ver nas TABELAS 8.1 e 8.2, existe uma alta correlação entre
os resultados da análise de bem-estar e os resultados da análise de cumprimento de metas
de água (p-value associado: 0.027 ou significativo aos 95% de confiança). Esta relação não
é estatisticamente significativa no caso do esgoto (p-value associado: 0.270 ou não
significativo a um 85% ou 90% de confiança), no entanto seus resultados respondem à
lógica esperada128.

TABELA 8.1 - Resultado da Análise de Bem-estar de Água


e de Cumprimento de Metas de Cobertura
Resultado da Análise de bem-estar de Água¹

Sim Não Total

Cumpre 11 0 11
Cumprimento da Não Cumpre 5 3 8
Meta de Água
Total 16 3 19

Fonte: Elaboração dos Autores.


Nota: ¹ P-value Teste de Pearson χ-quadrado: 0.027

TABELA 8.2 - Resultado da Análise de Bem-estar de Esgoto


e de Cumprimento de Metas de Cobertura
Resultado da Análise de Bem-estar de Esgoto¹

Sim Não Total

Cumpre 3 1 4
Cumprimento de Não Cumpre 1 2 3
Meta de Esgoto
Total 4 3 7

Fonte: Elaboração dos Autores.


¹ P-value Teste de Pearson χ-quadrado: 0.270

Então, objetivando ter maior quantidade de dados para as análises estatísticas,


utilizou-se o cumprimento de metas de cobertura como proxy do resultado de impacto no
bem-estar. Por isto, no restante deste capítulo, esta é a variável que se cruza com as outras
variáveis qualitativas.

127
Neste caso reduziu-se a quantidade de resultados possíveis a duas opções, “Cumpre”, “Não Cumpre”. No caso de
cumprimento parcial, foi incluído dentro da categoria “Cumpre”. Este critério foi adotado só para facilitar as análises
estatísticas, e não constitui uma avaliação qualitativa do Consórcio em relação a considerar como positivos os casos em
que a avaliação no cumprimento de metas foi parcial.
128
O impacto no bem-estar em esgoto foi estimado para um menor número de casos que em água, quase a metade deles ,
portanto a quantidade de informação é muito reduzida para exigir uma representatividade estatística similar à obtida em
água.

272
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

8.1.2. Resultados

A primeira hipótese examinada tem a ver com a possível diferença na renda per capita
média para os 40% da população mais pobre (primeiro e segundo quintil) entre aqueles
Municípios com baixo e alto desempenho, o que se baseia na constatação de que as
empresas que operam em Municípios com maior renda, arrecadação sustentada, e maior
rentabilidade, conseguem realizar maiores investimentos com recursos onerosos ou
provenientes das próprias tarifas e, portanto têm maiores incentivos a investir.

GRÁFICO 8.1 - Renda per capita de 40% da População mais Pobre por Município¹

160

140

120

100
R$ 2000

80

60

40

20

0
Nova Xavantina

Matupá

Guarantã do Norte

Mauá

Mairinque

Mineiros do Tietê
Marcelândia

Nova Friburgo
Mirassol
PROLAGOS
Manaus

Campos dos Goytacazes

CAJ
Juscimeira

Guará

Campo Grande

Itapema

Primavera do Leste

União do Sul
Niterói
Guapimirim

Cachoeiro de Itapemirim
Arenápolis

Nobres

Araújos
Bom Sucesso

Pontes e Lacerda

Carlinda

Paranaguá

Paraguaçu

Sorriso
Cláudia

Limeira
Santa Carmem
Palmas

Petrópolis

Fonte: Censo 2000.


Nota:¹ No caso de CAJ e PROLAGOS se considerou a renda de Araruama e Cabo Frio respectivamente, que são os
Municípios maiores em cada caso.

Os resultados dos testes de comparação de médias segundo renda per capita são
apresentados nas TABELAS 8.3 e 8.4. Como se pode observar, aqueles Municípios que
cumpriram a meta de cobertura de água apresentam uma renda per capita média maior do
que aqueles em que a meta não foi cumprida, diferença esta que, contudo, não é
estatisticamente significativa aos 85% de confiança.

TABELA 8.3 - Renda per capita dos 40% mais Pobres da População (R$ ano 2000),
segundo o Cumprimento de Meta de Cobertura de Água
Cumprimento de Desvio
Média N Padrão¹
Meta de Água

Cumpre 99.68 15 27.45

Não Cumpre 84.35 9 23.18

Total 93.93 24 26.51

Fonte: Elaboração dos Autores.


¹ P-value Teste ANOVA: 0.176

No caso do esgoto, esta relação se mantém, mas as diferenças são estatisticamente


significativas aos 85% de confiança.

273
TABELA 8.4 - Renda per capita dos 40% mais Pobres da População (R$ ano 2000),
segundo o Cumprimento de Meta de Cobertura de Esgoto
Cumprimento de Meta Desvio
Média N Padrão
de Esgoto

Cumpre 107.0476 7 29.02299

Não Cumpre 87.7588 12 25.56807

Total 94.8652 19 27.77875

Fonte: Elaboração dos Autores.


P-value Teste ANOVA: 0.149

Por outro lado, considerando como variável independente o tamanho, observa-se que
não existe uma relação forte entre cumprimento de metas e tamanho da empresa, no caso
de água (TABELA 8.5).

TABELA 8.5 - Número de economias Totais Segundo o Cumprimento


de Metas de Cobertura de Água

Cumprimento de Meta de Água

Não Total
Cumpre
Cumpre
Grande 6 3 9

Tamanho Pequena 9 6 15

Total 15 9 24

Fonte: Elaboração dos Autores.


P-value Teste de Pearson χ-quadrado: 0.744

No caso do serviço de esgoto, em compensação, existe esta relação. Enquanto as


empresas grandes registram 5 de 7 casos com cumprimento de metas, as pequenas
somente o fazem em 2 de 9 casos (TABELA 8.6). Esta relação é estatisticamente
significativa aos 95% de confiança. Entre os motivos que explicariam este comportamento
FIGURA o de que as empresas grandes têm maiores possibilidades de utilizar os
excedentes do serviço de água para cobrir o déficit que geralmente gera o serviço de
esgotamento sanitário.

TABELA 8.6 - Número de Economias Totais Segundo o Cumprimento


de Metas de Cobertura de Esgoto

Cumprimento de Meta de Esgoto

Não Total
Cumpre
Cumpre
Grande 5 3 8

Tamanho Pequena 2 9 12

Total 7 12 19

Fonte: Elaboração dos Autores.


P-value Teste de Pearson χ-quadrado: 0.048

Outra possível relação estudada foi a existente entre a “continuidade política” e o


cumprimento das metas de cobertura. A hipótese por trás disto é a de que uma maior
estabilidade institucional provavelmente implicaria um melhor desempenho da
concessionária. Esta relação foi checada para o caso das metas de água, em que a maior
parte das empresas que não cumpriram as metas apresentaram mudanças políticas em sua
administração na fase inicial da PSP (6 de 9). Esta relação, no entanto, apesar de ter lógica,
com os dados que se tem, não é estatisticamente significativa (TABELA 8.7).

274
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA 8.7 - Cumprimento de Meta de Cobertura de Água


e de Continuidade Política

Cumprimento de Meta de Água

Não Total
Cumpre
Cumpre
Sim 7 3 10

Continuidade Não 7 6 13
Política
Total 14 9 23

Fonte: Elaboração dos Autores.


P-value Teste de Pearson χ-quadrado: 0.431

Finalmente, foi analisada a possível influência das situações em que, nos primeiros
anos de operação da PSP, houve dificuldades de natureza técnica relacionadas a
problemas encontrados pelas concessionárias uma vez iniciadas suas operações,
problemas esses que não estavam previstos nas informações entregues no processo de
licitação. Isto muitas vezes derivou de discussão sobre as metas do contrato, sobre o
aumento de custos e investimentos ou sobre um nível de qualidade do serviço oferecido aos
usuários abaixo das expectativas.

Segundo os resultados da análise estatística realizada, a existência deste tipo de


acontecimento explica diferenças no cumprimento de metas para o serviço de esgoto
(TABELA 8.8).

TABELA 8.8 - Cumprimento de Meta de Cobertura de Esgoto e de


Presença de Problemas Técnicos no InÍcio da PSP

Cumprimento de Meta de Esgoto

Não Total
Cumpre
Cumpre
Não 5 3 8
Presença de Problemas Sim 2 9 11
Técnicos
Total 7 12 19

Fonte: Elaboração dos Autores.


P-value Test de Pearson χ-quadrado: 0.048

Na TABELA 8.8, pode-se observar que não foi cumprida a meta de esgoto em 9 de 12
casos em que houve este tipo de problema no início da PSP. Entre os casos em que se
atingiu a meta de esgoto, não existiram estas dificuldades em 5 de 7 casos. O teste é
estatisticamente significativo aos 90%.

8.1.3. Conclusões

As conclusões obtidas são as seguintes:

• Há maior probabilidade de que a PSP tenha um impacto positivo no bem-estar


da população à medida que aumenta a renda per capita dos Municípios onde
opera.
• No caso do serviço de esgoto, em que os resultados das PSP examinadas
tendem a ser muito menos positivos ou mais débeis do que no serviço de água,
quanto maior o tamanho do mercado atendido, medido pelo número de

275
economias totais, maior a probabilidade de que se verifique um desempenho
positivo no bem-estar.
• Há maior probabilidade de que a PSP tenha benefícios no bem-estar dos
usuários, sobretudo em esgoto, quando há um estudo prévio profundo das
condições técnicas e cadastrais dos sistemas e quando este conhecimento é
incorporado ao desenho das metas do contrato.
• A continuidade política tende a aumentar as probabilidades de sucesso da PSP
ou a diminuir suas possibilidades de fracasso, o que, examinado de outra
perspectiva, indica que, ante a ausência de um entorno regulatório forte, torna-se
mais relevante que as autoridades políticas próximas sejam estáveis no período
inicial.

8.2. Integração dos Resultados de Impacto no Desempenho e nos Usuários

Esta seção tem por objetivo apresentar as análises e resultados obtidos no processo
de integração dos diferentes resultados individuais discutidos e apresentados nos capítulos
anteriores e anexos a este trabalho. A idéia é oferecer uma visão conjunta do impacto da
PSP sobre o desempenho das concessões e sobre os usuários.

Em geral, a avaliação que se pretende realizar concentra-se na PSP como conceito


integral e não nas entidades específicas que o compõe: operadores, entidades
fiscalizadoras ou reguladoras,entorno regulatório, etc.

O que se busca é levantar certas hipóteses mediante análises que mesclam aspectos
quantitativos e qualitativos. As características da informação disponível não permitiram
realizar exames robustos do ponto de vista estatístico, apesar dos esforços realizados nesta
direção.

Os casos que puderam ser examinados com esta ótica são 22.

8.2.1. Desempenho Operacional e Financeiro

A TABELA 8.9 apresenta um resumo de alguns dos resultados alcançados na medição


da evolução do desempenho das empresas desde o início de sua operação. Inclui-se a
qualificação dada à tendência do indicador de economias por funcionário próprio, a evolução
de perdas na distribuição e o valor médio dos indicadores de Rentabilidade Média Sobre
Ativos para o período de 2004 a 2006.

É importante destacar que, para avaliar a evolução dos indicadores de pessoal e de


perdas, cada empresa foi comparada a si mesma. Não há comparações dos níveis
absolutos destes índices entre elas.

O ideal teria sido incorporar a esta análise a evolução que tiveram as PSP quanto a
indicadores de qualidade de serviço, pois a tendência no indicador de economias por
funcionário pode ser influenciado pela evolução dos níveis de qualidade de serviço
fornecidos. Mas isto não foi possível pela falta de informação sobre estes aspectos.

276
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA 8.9 – Resumo dos Resultados Individuais Relativos ao Desempenho Operacional e


Financeiro

Economias por Rentabilidade


Perdas em
Grupo Município funcionário Sobre Ativos
Distribuição
Próprio 2004-2006

Limeira Crescente Decrescente 15%

Palmas Crescente Decrescente 50%

Cláudia Crescente S/I 23%

Guará Crescente S/I 49%

Campos dos Goytacazes Crescente Decrescente 11%

Pontes e Lacerda Crescente Decrescente 7%

1 Campo Grande Crescente Decrescente 11%

Matupá Crescente S/I 12%

Cachoeiro de Itapemirim Crescente Decrescente 12%

Paranaguá Crescente Decrescente 31%

Petrópolis Crescente Decrescente 19%

Sorriso Decrescente S/I 10%

Niterói Crescente Crescente 11%

Manaus Crescente Decrescente 0.3%

Primavera do Leste Crescente S/I 6%

Guarantã do Norte Crescente S/I 3%

Nova Friburgo Crescente Crescente S/I

2 União do Sul Decrescente Decrescente S/I

CAJ Crescente Crescente 1%

PROLAGOS Decrescente Decrescente -6%

Nova Xavantina Decrescente Decrescente S/I

Bom Sucesso Decrescente Crescente S/I


Fonte: Elaboração dos Autores.

Com esta informação pretende-se proporcionar uma primeira visão sobre o


desempenho relativo das PSP do ponto de vista empresarial. Foram identificados 2 grupos
de concessionárias que apresentam resultados com claras diferenças.

No primeiro grupo (Grupo 1), incluem-se aquelas PSP que, de modo geral,
apresentam índices de economias por funcionário crescentes (ou com tendência positiva)129
e perdas na distribuição decrescentes (ou com tendência negativa), além de uma
rentabilidade média sobre ativos que é superior ou está dentro de padrões internacionais
para este setor. Integram este grupo as empresas de Limeira (SP), Palmas (Saneatins),
Cláudia (MT), Guará (SP), Campos dos Goytacazes (RJ), Pontes e Lacerda (MT), Campo
Grande (MS), Matupá (MT), Cachoeiro de Itapemirim (ES), Paranaguá (PR), Petrópolis (RJ),
Niterói (RJ) e Sorriso (MT).

129
Naqueles casos onde existem diferenças entre o indicador de economias por funcionário próprio e economias por
funcionário equivalente, privilegiou-se o uso do primeiro indicador, devido ao que se pôde concluir das análises, ou seja,
que este é mais estável no tempo que o segundo, mas os resultados da tendência não são muito diferentes.

277
O Grupo 2 caracteriza-se por PSP com resultados inferiores quanto ao desempenho,
tanto em termos operacionais quanto em termos financeiros. Em geral, trata-se de
concessionárias com índices de economias por funcionário próprio decrescentes (ou com
tendência negativa) ou com perdas crescentes na distribuição (ou com tendência positiva) e
uma rentabilidade média sobre ativos menor do que as que apresentam as empresas do
primeiro grupo, que, inclusive podem chegar a ser negativas. Situam-se neste segmento as
empresas de União do Sul (MT), CAJ (RJ), PROLAGOS (RJ), Nova Xavantina (MT), Bom
Sucesso (MG), Manaus (AM), Primavera do Leste (MT), Guarantã do Norte (MT) e Nova
Friburgo (RJ).

É importante mencionar que alguns Municípios como Itapema, Marcelândia,


Guapimirim, Carlinda, Paraguaçu, Araújos, Mairinque não contaram com informação
suficiente para realizar esta análise, motivo pelo qual não puderam ser classificados.

Ao incorporar, dentro de cada grupo, a variável tamanho130, avalia-se que no grupo 1


há 7 de 10 empresas qualificadas como grandes, o que poderia sugerir que o tamanho
poderia vir a afetar os resultados, no sentido de que as empresas de maior escala tenderiam
a maiores possibilidades de obter resultados operacionais e financeiros razoáveis. Para as
empresas pequenas, a situação é mais equilibrada, pois estão presentes no grupo 1 e 2 em
proporções semelhantes.

A segmentação nos 2 grupos mencionados foi cruzada com a análise realizada sobre
o cumprimento de metas. Sobre este aspecto convém ter presente, uma vez mais, que a
avaliação realizada pelo Consórcio em relação ao cumprimento de metas originais busca
medir, através de uma mesma regra, a evolução destes indicadores em cada uma das
concessionárias, com o objetivo de obter resultados relativos que permitam diferenciar as
PSP nesta perspectiva. Não se visa a obter resultados absolutos sobre esta matéria, o que é
função das entidades de fiscalização desses contratos.

Considerando o cumprimento da meta no serviço de água, dentro do grupo 1, foram 6


do total de 12 casos em que se pôde avaliar este aspecto. Cumprimento parcial apresenta-
se em 2 destes casos, por isso, em 4 situações as metas de água não se cumpriram,
segundo a avaliação do consórcio131. Nestas PSP poderiam existir falhas na regulação que
permitiram que estas empresas alcançassem resultados aceitáveis do ponto de vista
empresarial sem que se tenha cumprido o aumento esperado no acesso a este serviço.
Também poderiam existir, em alguns destes casos, problemas na definição das metas, pois,
do ponto da avaliação do impacto na evolução das coberturas de água, as PSP Pontes e
Lacerda e Matupá possuem resultados positivos.

No caso do serviço de coleta de esgoto, neste mesmo grupo 1, 3 de 9 PSP cumprem


as metas, 1 tem cumprimento parcial e 5 não cumprem132. Chama a atenção que os casos
de Matupá e Pontes e Lacerda obtenham boas avaliações operacionais e financeiras e não
cumpram nem as metas de água, nem as de esgoto.

Os casos do grupo 1 que cumprem a meta de água e esgoto são Limeira, Guará e
Niterói, e podem ser catalogados como as PSP de melhor desempenho global no grupo dos
casos examinados.

Para o Grupo 2, no serviço de água, 3 empresas cumprem as metas originais, 2 o


fazem de forma parcial e 3 não cumprem: Manaus, Primavera do Leste e Guarantã do
Norte. As que cumprem são CAJ, PROLAGOS e Bom Sucesso, isto é, trata-se de
concessões que possuem um desempenho operacional e financeiro inferior ao que
130
Como indicado ao longo de todo este relatório, as empresas pequenas são aquelas que, no ano de 2006, tinham menos
de 100.000 economias de água e esgoto. As grandes correspondem ao grupo restante.
131
Pontes e Lacerda, Matupá, Campo Grande e Petrópolis.
132
Campos dos Goytacazes, Pontes e Lacerda, Matupá, Cachoeiro de Itapemirim e Paranaguá.

278
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

apresentam as PSP do Grupo 1, mas que cumprem as metas neste serviço. Nestas
situações poderiam existir falhas na regulação que possam ter podido gerar este cenário
contraditório.

No mesmo grupo 2, para o serviço de esgoto, , 2 concessionárias cumprem e 5 não


cumprem as metas pactuadas originalmente. Os casos que cumprem são Nova Friburgo e
PROLAGOS. Chama a atenção novamente o caso de PROLAGOS, com cumprimento tanto
nas metas de água como com nas de esgoto, sendo que possui um desempenho financeiro
muito inferior às outras PSP, o que constitui uma situação que poderia não ser sustentável a
longo prazo e que a regulação deveria corrigir.

Outro aspecto investigado foi a possível relação entre aumento da receita média de
água no período posterior à PSP e a rentabilidade média do período de 2004 a 2006. Dentro
do Grupo 1, que apresenta um crescimento real anual acima de 10% neste indicador,
encaixam-se as concessões de Guará, Paranaguá, Petrópolis e Campos dos Goytacazes
(RJ). Coincidentemente, as 3 primeiras também apresentam rentabilidades acima da faixa
normal para o setor em nível internacional (49%, 31% e 19%)133.

No caso contrário, apresenta-se a situação de Cláudia, Pontes e Lacerda, Sorriso e


Limeira. Nos 2 primeiros, a taxa de crescimento da receita média é negativa no período
posterior à entrada em operação da PSP, e em Sorriso e em Limeira observa-se um
crescimento médio positivo, mas tão- somente de 1,6% ao ano. No caso de Pontes e
Lacerda, as diminuições registradas neste indicador talvez sejam um aspecto a influenciar o
não-cumprimento de metas determinado pelo Consórcio. A concessão de Cláudia possui um
resultado de rentabilidade de 23%, o que é surpreendente se levarmos em consideração
que sua receita média em água diminuiu 19% ao ano. É provável que haja um problema
com os dados.

Chama a atenção o caso da SANEATINS, que apresenta uma rentabilidade sobre


ativos de 50%, com aumentos de receita média de 5,2% ao ano134. Neste caso as metas
para os serviços de água e esgoto estão estabelecidas para os anos posteriores a 2006,
mas a avaliação feita pelo Consórcio para a avaliação das metas em água é neutra (com
cobertura inicial maior que 90%) e em esgoto é positiva. Então pode ser catalogado dentro
dos casos de bom desempenho, nesta perspectiva.

No Grupo 2 situam-se PSP com aumentos fortes de receita média, como Nova
Friburgo (13% ao ano) e CAJ (15% ao ano). Apesar deste aumento, CAJ apresenta uma
rentabilidade sobre ativos muito baixa, que pode ser devida aos esforços que têm sido
colocados para o cumprimento das metas de água. No caso de Nova Friburgo, cumprem-se
as metas de esgoto e parcialmente as de água, por isto poderiam ser consistentes com isto
os incrementos de receita média comentados. Lamentavelmente, neste caso, não foram
obtidos dados financeiros de fontes contábeis.

Os crescimentos negativos na receita média neste grupo apresentam-se em Nova


Xavantina (-4,5%) e Primavera do Leste (-2,2%). Os casos com crescimentos baixos neste
indicador são Guarantã do Norte (1,5%), Manaus (1,7%) e PROLAGOS (2%).

Em geral, as concessões situadas no estado do Mato Grosso apresentam tendência a


uma deterioração na receita média ou a aumentos muito leves. Esta situação é consistente
com o conhecimento qualitativo adquirido destes casos, em que o ajuste das tarifas tem sido
um constante problema que os concessionários têm enfrentado.
133
Petrópolis é um caso especial, apresenta uma alta rentabilidade, um aumento de 10% reais ao ano em sua receita
média, não cumpre as metas em água, tem um cumprimento parcial em esgoto e a avaliação do impacto na evolução de
coberturas em água e esgoto é negativa. É provável que seja necessário efetuar ajustes à aplicação de sua regulação.
134
Este nível de rentabilidade poderia ser transitório, em função dos investimentos que têm que ser materializados para
cumprir as metas futuras.

279
8.3. Integração pela Perspectiva dos Usuários

Os resultados das pesquisas de satisfação mostram, em geral, um impacto positivo da


PSP em relação à situação prévia. Em todos os clusters e camadas, os clientes avaliam que
a condição de serviço atual é melhor que a que tinham antes da PSP, chegando sua
avaliação, em muitos casos, até níveis próximos de bom.

Este sentimento generalizado de melhora se explica, em grande parte, pelos avanços


que os clientes visualizam na água propriamente dita, a dimensão de serviço mais
importante (ela responde, por si só, praticamente pela metade da satisfação geral). Em
relação a este tema, os clientes manifestam que a qualidade da água (medida
principalmente como a certeza de adequado tratamento) tem evoluído positivamente desde
o início das PSP; além disso, como, em muitos casos, também a continuidade do serviço
tem melhorado de forma importante. Estes dois aspectos, qualidade e continuidade de
serviço, são os mais importantes em praticamente todas as camadas e clusters.

O esgoto, por outro lado, é percebido como a dimensão com menores avanços,
mesmo que se reconheça, na maioria dos casos, que houve melhoras ao longo do processo
da PSP.

A principal crítica, generalizada transversalmente nos segmentos e clusters, mas com


nuances diferentes, em função da valorização destes em relação ao atributo específico, é
que os preços têm aumentado mais que proporcionalmente à qualidade de serviço, tanto na
água como no esgoto. Os clientes estimam, em geral, que a relação qualidade/preço dos
serviços tem piorado.

Com relação aos níveis absolutos de qualidade de serviço, a água é a que resulta
consistentemente em uma melhor avaliação, em todos os casos com resultados muito
próximos à avaliação do serviço de correios (benchmark), o que indica que os clientes
percebem que a qualidade da água é boa, e não há nada a invejar, em termos
comparativos, de outros serviços considerados de excelência pelos clientes. Em relação ao
anterior, onde ocorre a pior avaliação para a água é na camada social de Baixa Renda do
cluster de Municípios Maduros da Região Norte (Manaus).

Levando em consideração as conclusões mencionadas anteriormente sobre os


resultados da avaliação do nível de satisfação dos usuários, a avaliação apresentada na
seção anterior sobre avaliação integral de desempenho, a análise realizada pelo Consórcio
sobre o cumprimento das metas de cobertura originais dos contratos e, como complemento,
a avaliação do impacto no bem-estar, é possível obter as seguintes conclusões:

• As PSP de Guará (SP), Niterói (RJ), Saneatins135 (TO) e Limeira (SP) são as que
apresentam os melhores resultados (Grupo A). Cumprem as metas de água e
esgoto, têm melhorado os níveis de qualidade de serviço fornecidos, encontram-
se no grupo com melhores indicadores operacionais e financeiros e, por último,
possuem avaliações positivas do impacto no bem-estar do serviço de água. O
caso de PROLAGOS (RJ) também está próximo a este grupo de concessões,
mas em uma escala mais abaixo, pois, do ponto de vista do desempenho
operacional e financeiro, encontra-se classificado dentro do grupo com
resultados regulares (grupo 2 segundo classificação comentada na seção
anterior).
• Em um segundo grupo (Grupo B), em um patamar mais abaixo que as
anteriores, situam-se as PSP de Paranaguá (PA), Cachoeiro de Itapemirim (ES),
135
No caso de Saneatins, como as metas para água e esgoto estão definidas para anos posteriores a 2006, a análise levou
em consideração os resultados da avaliação do impacto e a evolução de coberturas, que no caso do serviço de água, é
neutra, com cobertura inicial maior que 90%, enquanto que, no caso de coleta de esgoto, é positiva.

280
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Cláudia e Pontes e Lacerda de Mato Grosso, as quais cumprem as metas ao


menos em serviço de água, possuem avaliações positivas no bem-estar e
situam-se no grupo 1, do ponto de vista do desempenho. Próximas a este grupo,
mas em um degrau mais abaixo situam-se as concessões de Bom Sucesso
(MG), Nova Friburgo (RJ)136 e CAJ137 ,devido ao fato de a avaliação integral de
seu desempenho ser inferior (foram classificadas no Grupo 2).
• Também dentro deste grupo, mas em um nível mais abaixo que as 5 PSP que o
lideram, podem-se classificar as PSP de Campos dos Goytacazes (RJ) e Sorriso
(MT), que apresentam cumprimento só parcial das metas do serviço de água.
• Um terceiro grupo (Grupo C), com um resultado inferior aos anteriores, é
formado por várias concessões do Mato Grosso que não cumprem as metas
nem de água nem de esgoto, mas ao menos apresentam um impacto positivo na
evolução da cobertura de água e possuem uma qualificação positiva de impacto
no bem-estar deste serviço. São os casos de Matupá, Guarantã do Norte, União
do Sul138 e Primavera do Leste. Próximos a estas PSP, mas em uma escala mais
abaixo, situam-se as concessões de Petrópolis (RJ) e Nova Xavantina (MT), as
quais ao menos possuem impactos positivos no bem-estar.
• Finalmente, um quarto grupo (Grupo D), composto pelos casos de Campo
Grande (MS) e Manaus (AM), que não cumprem as metas originais de água e
esgoto139 , e possuem uma avaliação negativa no bem-estar em relação a ambos
os serviços. Campo Grande, diferentemente de Manaus, foi classificada dentro
do grupo 1, do ponto de vista de seu desempenho. Adicionalmente, Manaus
apresenta um resultado pior que o de todas as outras zonas do Brasil
pesquisadas, em relação à opinião dos usuários quanto ao nível de qualidade de
serviço fornecido em água.

A TABELA 8.10 mostra um resumo das variáveis consideradas para a análise


realizada.

136
Nova Friburgo (RJ) tem cumprimento somente parcial das metas de água, mas é uma das poucas PSP que cumprem as
metas de esgoto, fato que, para efeitos desta avaliação, se considerou que “compensava” de algum modo seu
cumprimento parcial em água.
137
No caso da CAJ (RJ), não se dispôs de informação para avaliar o impacto no bem-estar do serviço de água, ainda que,
para esta análise, presume-se que este impacto é positivo, pois se trata de um caso similar ao de PROLAGOS (RJ).
138
Neste caso, não se obteve informação para avaliar o impacto no bem-estar, mas se incluiu neste grupo, pois apresenta
um impacto positivo na evolução da cobertura de água e um cumprimento parcial de metas.
139
No caso de Campo Grande, as metas de esgoto foram definidas para anos após 2006, mas, neste caso, foi considerada
a avaliação na evolução de cobertura de coleta de esgoto.

281
TABELA 8.10 – Resumo dos Resultados Individuais Considerados na Avaliação integrada das
PSP
Análise Análise
Grupo Segundo Resultado Evolução
Cumprimento Cumprimento Evolução
Avaliação do Município no Bem- Cobertura
Metas Água Metas Esgoto Cobertura
Desempenho estar Água Esgoto
Água
Cachoeiro de
Sim Não Bom Negativo Negativo
Itapemirim
Campo Metas Post
Não Ruim Negativo Negativo
Grande 2006
Campos dos
Parcial Não Bom Positivo Negativo
Goytacazes
Metas Post
Cláudia Sim Bom Neutro Negativo
2006
Guará Sim Sim Bom Positivo Neutro

Limeira Sim Sim Bom Neutro Neutro

1 Matupá Não Não Bom Positivo Negativo

Niterói Sim Sim Bom Positivo Positivo


Palmas Metas Post Metas Post
Ruim Neutro Positivo
(Saneatins) 2006 2006
Paranaguá Sim Não Bom Negativo Negativo

Petrópolis Não Parcial Bom Negativo Negativo


Pontes e
Não Não Bom Positivo Neutro
Lacerda
Metas Post
Sorriso Parcial Bom Positivo Negativo
2006
Sem
Bom Sucesso Sim Sem Informação Bom Neutro
Informação
Sem
CAJ Sim Não Negativo Negativo
informação
Guarantã do
Não Não Bom Positivo Negativo
Norte
Manaus Não Não Ruim Neutro Neutro

2 Nova Friburgo Parcial Sim Bom Negativo Negativo


Nova Sem
Sem Informação Bom Negativo Negativo
Xavantina Informação
Primavera do
Não Não Bom Positivo Positivo
Leste
PROLAGOS Sim Sim Bom Positivo Positivo
Sem
União do Sul Parcial Não Positivo Negativo
Informação
Fonte: Elaboração dos Autores.

8.4. Cruzamento com Variáveis Qualitativas e Conclusões

A partir dos resultados obtidos na seção anterior, efetuaram-se análises para


determinar se existiam algumas características comuns entre os grupos das PSP
classificadas em cada um dos agrupamentos ou clusters definidos, levando-se em conta a
avaliação dos resultados, do ponto de vista dos usuários e do desempenho. Por esta via,
busca-se responder à pergunta sobre quais são os aspectos institucionais e de entorno que
afetam os resultados da PSP.

As conclusões obtidas sobre esta matéria são as seguintes:

a) Intensidade dos conflitos iniciais: foi encontrada uma correlação negativa em


relação à intensidade dos problemas verificados na PSP em seu período inicial,
tal como se prevê na experiência prática de países da América Latina. Existe

282
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

uma tendência a obter melhores resultados quando estes problemas foram leves
ou não existiram. No Grupo A, isto aconteceu em 4 de 5 casos. Nos casos
classificados nos Grupos A e B em conjunto, mais de 70% das PSP (10 de 14)
enquadram-se nesta situação.

A situação inversa apresenta-se nos grupos C e D. Os 2 casos catalogados


dentro do grupo D apresentam problemas muito graves ou de média gravidade
nos anos iniciais de operação. Se somarmos todos os casos dos dois grupos,
em 50% deles ocorreram problemas deste grau de intensidade.

A análise realizada sugere que o fato de não existirem problemas nos anos
iniciais de operação da PSP ou, ao menos, de que estes tenham sido leves,
determina um entorno que gera maiores probabilidades de que esta seja bem
sucedida.

b) Continuidade política: uma das principais conclusões obtidas na análise do


entorno regulatório das PSP pesquisadas, a partir do cruzamento entre a
avaliação do impacto dos conflitos iniciais acontecidos e o parâmetro de
continuidade política, é que a presença de continuidade política contribui para
que as conseqüências dos problemas iniciais não tenham passado a uma fase
média ou grave. Então, desta perspectiva, e segundo o estabelecido no item
anterior, a presença de continuidade política é um dos aspectos que aumentam
as possibilidades de que a PSP no Brasil tenha bons resultados.

A existência de um entorno regulatório instável, com entidades que cumprem o


trabalho de fiscalização ou regulação com fraca capacidade técnica e
institucional e com a presença de metas contratuais que nem sempre estão
claramente definidas e são difíceis de auditar, conFIGURA um cenário em que a
continuidade política se torna um aspecto relevante para compensar de alguma
forma essas debilidades e aumentar as possibilidades de êxito da PSP, uma vez
que são maiores as probabilidades de que os conflitos que possam surgir em
sua fase inicial sejam adequadamente administrados e que seus impactos no
desenvolvimento dos contratos sejam nulos ou leves.

c) Conflitos de origem técnica: foi analisada a possível influência sobre os


resultados da PSP das situações em que, nos primeiros anos de operação, os
contratos tiveram dificuldades de natureza técnica relacionadas a problemas
encontrados pelas concessionárias, uma vez iniciadas suas operações, e não
previstos nas informações ou estudos entregues no processo de licitação. Ao
somar os casos do Grupo A e B que são os de melhor desempenho global, se
depreende que, em quase 65% deles, este tipo de problema não existiu. Em
compensação, nos grupos C e D, que mostram resultados inferiores, em mais de
70% dos casos se apresentou este tipo de problema.

Isto mostra que a elaboração de antecedentes e de estudos profundos, com


dados de boa qualidade, no período prévio à licitação de uma PSP permite
aumentar suas probabilidades de êxito, pois reduz as possibilidades de
discussão e interpretação sobre as metas do contrato, sobre aumentos não
esperados de custos e investimentos ou sobre as características do nível
desejado de qualidade do serviço a ser oferecido aos usuários.

d) Nível de renda da população: outra hipótese examinada tem a ver com a


possível diferença na renda per capita média para os 40% da população mais
pobre (primeiro e segundo quintil), entre aqueles Municípios com baixo e alto
desempenho. Avalia-se que o nível médio de renda deste segmento da

283
população, no caso dos Municípios do Grupo A, é quase 50% maior que os
classificados dentro do grupo D, o que poderia indicar que há melhores
condições para ter um bom desempenho na PSP em situações onde a
população possui uma renda domiciliar mais alta.

Este resultado também é um sinal da debilidade na regulação dos contratos, pois


em contextos onde a auto-regulação é predominante, como é a situação geral
dos casos examinados neste estudo, as concessionárias tendem a se comportar
de acordo com uma lógica de livre mercado, em que os maiores níveis de renda
permitem cobrar tarifas mais altas, o que incentiva a realização de investimentos
e a obtenção de rentabilidades adequadas.

Adicionalmente, outro exemplo de que o contexto regulatório não ajuda para


atenuar este tipo de conduta é a inexistência total, nos editais ou contratos, de
metas específicas focadas na população de baixa renda. Soma-se a isto, o fato
de que a tarifa social é instrumento que se utiliza em menos da metade das PSP
examinadas e que, quando está presente, possui uma cobertura muito baixa,
com critérios de focalização deficientes. Somente em casos pontuais como
Limeira (SP) e Cachoeiro d Itapemirim (ES), e em períodos recentes, foram
implementados programas, em conjunto com os Municípios, com tendência a
focalizar e melhorar o impacto que possui a tarifa social sobre a população
carente dessas localidades.

A conclusão obtida é consistente com alguns dos resultados da pesquisa de


novos conectados. Nela, observa-se que no ano 2000, para o total dos
Municípios onde foi feita a pesquisa, a proporção de domicílios de baixa renda140
não- conectados aos serviços de água é de 56,1%, entretanto a mesma
proporção para os novos conectados pesquisados é de somente 30,1%. Este
resultado poderia ser indicativo de uma possível discriminação na conexão de
domicílios de baixa renda em favor dos domicílios com maiores rendas. A
mesma situação acontece com a conexão ao esgoto.

e) Evolução da tarifa média: nos Grupos A e B, a tarifa média de água


(faturamento médio) cresceu a taxas reais superiores a 5% ao ano, no período
posterior à entrada em operação da PSP; em compensação, nos grupos C e D
estas taxas foram bastante menores, 2,9% e 2,2%, respectivamente. Ou seja, à
medida que se deterioram os resultados do desempenho do ponto de vista
integral, os aumentos tarifários são mais reduzidos. Este é um resultado
interessante, que poderia ser evidenciado nos casos exitosos (Grupos A e B) em
que se apresenta um equilíbrio de alto nível, caracterizado por realização de
investimentos, melhoramentos na qualidade de serviço fornecida, cumprimento
de metas de cobertura, sustentação de incrementos reais de tarifas e obtenção
de rentabilidades adequadas.

Em uma situação oposta, se encontrariam as PSP situadas nos grupos C e D,


em que um baixo desempenho não tem dado a sustentação para aumentos
maiores de tarifas, o que fez com que os investimentos não fossem
materializados segundo o planejado e, finalmente, não se cumprissem as metas.

Em resumo, a continuidade política, a inexistência ou o baixo impacto dos


problemas na fase inicial da PSP, a existência de informações mais confiáveis e
de antecedentes técnicos mais sólidos no processo de licitação dos contratos e
os maiores níveis de renda da população propiciaram a geração de equilíbrios

140
Nível de renda menor ou igual a 1 salário mínimo.

284
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

de alto nível nas PSP de melhor desempenho global, o que em parte explica seu
sucesso.

f) Ano de início de operação: finalmente, há outro aspecto que poderia influenciar


os resultados, como o número de anos em que o contrato está em operação.
Observa-se que nos grupos A e B, em quase 60% dos casos, o ano de início de
operação foi antes do ano 2000; em compensação, nos grupos C e D, tão-
somente 12,5% dos casos começaram antes deste ano, tendo a grande maioria
(87,5%) início de operação do ano 2000 em diante. Este fato poderia significar
que a maturidade da PSP influenciaria seus resultados, existindo maiores
possibilidades de êxito em concessões com mais anos de operação.

285
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

BIBLIOGRAFIA

Abicalil, M. T. Uma Nova Agenda para o Saneamento. In: “O Pensamento do Setor de


Saneamento no Brasil: Perspectivas Futuras”. Série Modernização do Setor de
Saneamento. PMSS. 2002.
ADERASA – Grupo de Tarifas y Subsídios. Las Tarifas de Agua Potable y Alcantarillado en
América Latina, 2005.
AESBE - Associação das Empresas de Saneamento Básico Estaduais (2006).
Financiamento de Investimentos em Saneamento Básico. Medidas sugeridas para
expansão sustentável e modernizadora. Dezembro de 2006.
ASSEMAE/FNS. 1º Diagnóstico Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento. Brasília:
ASSEMAE – Fundação Nacional de Saúde, 1996. 2ª Edição.
Águas do Amazonas. Requerimento para Revisão Periódica do Contrato de Concessão.
Manaus, 18 de março de 2005.
Barat, J. O Financiamento da Infra-Estrutura Urbana: os Impasses as Perspectivas
Institucionais, as Perspectivas Financeiras. In: REZENDE, Fernando; PAULA Tomás
B. Infra-Estrutura: Perspectivas de Reorganização - Financiamento. Brasília: Ipea,
1998.
Berg, Caroline van den; Pattanayak, Subhrendu; Yang, Jui-Chen; e Herath Gunatilake.
Getting the Assumptions Right: Private Sector Participation Transaction Design and
the Poor in Southwest Sri Lanka. Water Supply and Sanitation Sector Board
Discussion Paper Series. Paper no. 7, The World Bank, October 2006.
Borges, Luiz Ferreira Xavier. Das Neves, Cesar. Parceria Público-Privada: Riscos e
Mitigação de Riscos em Operações Estruturadas de Infra-Estrutura. Revista do
BNDES, Rio de Janeiro, V. 12, N. 23, P. 73-118, Jun. 2005.
Brasil. Public Service Concessions in Brazil. Brasília: Presidência da República, Secretaria
de Assuntos Estratégicos – SAE, 1995.
Caovilla, Marizete. A Gestão Municipal dos Sistemas de Água e Esgoto do Estado de Mato
Grosso: uma Abordagem Crítica. Dissertação de Mestrado em Física e Meio
Ambiente, Universidade Federal de Mato Grosso, 2007.
Carvalho, Carlos Eduardo e Pinheiro, Maurício Mota Saboya (2000). FGTS: avaliação das
propostas de reforma e extinção. Economia e Sociedade, Campinas, (15): 49-83, dez.
2000
Castro, C. E. T. Avaliação da Eficiência Gerencial de Empresas de Água e Esgotos
Brasileiras por Meio da Envoltória de Dados (DEA). Dissertação (Mestrado). Rio de
Janeiro: PUC, Departamento de Engenharia Industrial, 2003.
Comune, Antonio Evaldo. Anuatti, Francisco. Considerações sobre a eficiência no novo
arranjo institucional da gestão dos recursos hídricos no Brasil. USP-Instituto de
Pesquisas Econômicas, Programa de Seminários Acadêmicos, Seminário no. 28/97-
13/11/97. São Paulo, 1997.
Corrales, María Elena. La regulación en períodos de transición: el caso de los servicios de
agua potable y saniamiento en América Latina. In: Barrionuevo Filho, Arthur. Lahera
P., Eugenio (eds). Qué hay de nuevo en las regulaciones? Telecomunicaciones,
electricidad y agua en América Latina. Eudeba/CLAD, 1998.

287
Cowen, Penelope J. Brook (1999a). The Private Sector in Water and Sanitation: how to get
started. In: The Private Sector in Water: Competition and Regulation. Washington:
World Bank, p. 21-24.
Cunha, Alexandre dos Santos; Nahoum, André Vereta; Mendes, Conrado Hübner; Coutinho,
Diogo R.; Ferreira, Fernanda Meirelles; Turolla, Frederico Araujo. Poder Concedente
e Marco Regulatório no Saneamento Básico. Cadernos Direito GV, v. 2, no. 2, março
2006.
Ducci, Jorge. Salida de Operadores Privados Internacionales de Agua en América Latina:
Informe Final. Banco Interamericano de Desarrollo, Febrero 2007.
Estache, Antonio. 2002. Latin America’s Infrastructure Experience: Policy Gaps and The
Poor. World Bank. Disponível em: www.worldbank.org.
Ferreira, C. K. L. O Financiamento da Infra-Estrutura: o Papel do “Project Financing”. Texto
para Discussão - Instituto de Economia do Setor Público. TD/IESP 25, Junho 1995.
Ferreira, Fernanda Meirelles. Regulação por Contrato no Setor de Saneamento: o Caso de
Ribeirão Preto. Dissertação de Mestrado em Administração Pública e Governo.
Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas.
São Paulo, 2005.
FGV/EESP e Sinduscon. Revista Conjuntura da Construção, ano II número 1 (março de
2004) – Seção Indicadores da Construção.
FGV/EESP e Sinduscon. Revista Conjuntura da Construção, Ano V número 4 (dezembro de
2007) – Seção Indicadores da Construção.
Furtado, Celso. A Formação Econômica do Brasil. 16ª edição. São Paulo: Companhia
Editora Nacional, 1979.
Galvão Junior, A.C.; Silva, Alexandre Caetano da; Queiroz, Eveline Alves de ; Basílio
Sobrinho, Geraldo . Regulação, procedimentos de fiscalização em sistemas de
abastecimento de água. 1. ed. Fortaleza: Expressão Gráfica Editora Ltda/ARCE,
2006. v. 1. 160 p.
Galvão Jr, A. C. ; Turolla, F. A. ; Paganini, W. S. . Viabilidade da Regulação Subnacional dos
Serviços de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário sob a Lei 11.445/2007.
Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 13, p. 134-143, 2008.
Giambiagi, F. e Além, A.C. (2000). Finanças Públicas. 2ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier-
Campus.
Giambiagi, Fábio. Estabilização, reformas e desequilíbrios macroeconômicos: os anos FHC
(1995-2002). In: Giambiagi et al. Economia Brasileira Contemporânea. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2005.
Guasch, Jose Luis. Granting and Renegotiating Infrastructure Concessions: Doing it Right.
Washington, D.C.: The World Bank, 2004. 194 p.
Lessa, Carlos. Quinze anos de política econômica. São Paulo: Brasiliense, 1981.
Marques, Rosa M. e Rego, José Márcio (orgs.). Economia Brasileira. 2ª edição. São Paulo:
Saraiva, 2003.
McGregor, Jorge. La Creación de un Mercado de Operadores Especializados para Pequeñas
Ciudades. Agua. Revista del Comitê Sectoral de Agua y Saneamiento. No. 24. Lima,
junio 2007, pp. 14-19.
Mello, Marina Figueira de. Privatização do Setor de Saneamento no Brasil: Quatro
Experiências e Muitas Lições. Texto para Discussão 447, Departamento de Economia
da PUC-Rio, setembro 2001.

288
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Nozaki, Victor Toyoji de. Análise do Setor de Saneamento Básico no Brasil. Dissertação de
Mestrado em Economia Aplicada. Faculdade de Economia, Administração e
Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, 2007.
OCDE 1999. Household Water Pricing in OECD Countries; ENV/EPOC/GEEI(98)12 /FINAL.
OCDE. Paris
Parlatore, Antonio C. A Privatização do Setor de Saneamento no Brasil. In: PINHEIRO,
Armando C. & FUKASAKU, Kiichiro, A Privatização no Brasil: o Caso dos Serviços de
Utilidade Pública. Rio de Janeiro: BNDES, 2007.
Plummer, Janelle e Gentry, Brad. Establishing appropriate organisational and contractual
arrangements. In: Plummer, Janelle. Focusing Partnerships: a sourcebook for
municipal capacity building in public-private partnerships. London: Earthscan
Publications Ltd., p. 179-212, 2002.
Ramos, M. 2002. O Impacto da Cobrança pelo Uso da Água no Comportamento do Usuário.
Tese D.Sc., COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Sanchez, O. Águas de São Paulo: as tentativas de privatização do saneamento (1995/8).
Dissertação de Mestrado. São Paulo, DCP/USP, 2000.
Sanchez, O. A. ; Oliveira, C. T. . O setor de saneamento básico no Brasil e no Estado de São
Paulo. Cadernos CEDEC, São Paulo, v. 62, p. 06-42, 1998.
Savas, Emanuel S. Privatization and Public-Private Partnerships. London: Chatam House
Publishers, 2000.
Silva, Gisele; Tynan, Nicola e Yilmaz, Yesim. Private Participation in Water and Sewarage
Sector: recent trends. In: The Private Sector in Water: Competition and Regulation.
Washington: World Bank, p. 5-12, 1999.
Simonsen, Mário H. (1992) A conta corrente do governo: 1970-88 in FORUM NACIONAL,
Crise do Estado e retomada do desenvolvimento, Rio de Janeiro, José Olympio.
Smith, Adam. Investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações. 3ª edição.
São Paulo: Nova Cultural, 1988. Volume III (Livro Quinto).
SNSA/Ministério das Cidades. Investimentos Federais em Saneamento: Relatório de
Aplicações entre 01 de Janeiro de 2003 e 31 de Dezembro de 2006. 23 de março de
2007.
SNSA/MC e STN/MF. O Financiamento do Saneamento Básico em 2003/04. Piloto de uma
Nova Abordagem para o Investimento Público no Brasil? Dezembro de 2004.
Tavares, Maria da Conceição. Da substituição de importações ao capitalismo financeiro. Rio
de Janeiro: Paz e Terra, 1972.
Tigre, Paulo Bastos et al. Mudanças institucionais e tecnologia: impactos da liberalização
sobre o sistema nacional de inovações. In: Bauman, Renato (org.). Brasil: uma
década em transição. Rio de Janeiro: Campus, 1999.
Turolla, Frederico A. Provisão e Operação de Infra-Estrutura no Brasil: o Setor de
Saneamento. Dissertação de Mestrado. Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 1999.
Turolla, Frederico A. Política de Saneamento Básico: Avanços Recentes e Opções Futuras
de Políticas Públicas. Série Textos para Discussão no. 922. Brasília: Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada, 2002.
Vargas, Marcelo Coutinho. O Negócio da Água: Riscos e Oportunidades das Concessões de
Saneamento à Iniciativa Privada: Estudos de Caso no Sudeste Brasileiro. São Paulo:
Editora Anablume, 2005.

289
Vignoli, FH et al. A lei de Responsabilidade Fiscal Comentada para Municípios. São Paulo:
Fundação Getulio Vargas, 2002.
Vignoli, F. H. Legislação e execução orçamentária. In: Biderman, C; Arvate, P. Economia do
setor público no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

290
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ANEXOS

291
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ANEXO 1- Análise da Incorporação das PSP nos Níveis de Coberturas de


Distribuição de Água e de Coleta de Esgoto

A descrição da metodologia utilizada para a análise do efeito da incorporação das PSP


nos níveis de cobertura de água e esgoto e os resultados obtidos em função dessa
incorporação são apresentados a seguir.

Para efeitos da análise, entende-se como porcentagem de cobertura a proporção da


população conectada à rede de água e esgoto, obtida a partir das economias residenciais
ativas, em relação ao total da população do universo de referência considerado. Em função
dos documentos analisados – editais e contratos – bem como das entrevistas realizadas, o
universo de referência foi definido considerando o total da população ou a população urbana
dos municípios da amostra.

Esta análise terá como foco exclusivamente aquelas concessões qualificadas como de
prestação integral do serviço, pois dentre suas funções encontra-se a operação e o
desenvolvimento das redes de distribuição de água potável e de coleta de esgoto, bem
como a atenção comercial dos clientes correspondentes.

A TABELA A1.1 apresenta a caracterização dos níveis de cobertura por município.


Deste conjunto, foram excluídos aqueles casos em que a informação disponível era
insuficiente: Mineiros do Tietê (SP), Arenápolis (MT) e Nobres (MT). Além destes, foi
excluído o caso de Mirassol (SP) por não estar constituído como concessão plena141 durante
o período de análise. Por último, o caso de Juscimeira (MT) foi deixado de fora por tratar-se
de uma concessão que praticamente não chegou a operar antes de ser extinta pelo poder
público, cuja ação ainda está sendo discutida no Poder Judiciário. Assim sendo, o total de
casos possíveis de serem analisados totalizou trinta e um.

141
O modelo seguido em Mirassol desde o ano de 2000 era licitar contratos de gestão por prazos não superiores a cinco
anos, com o qual o desenvolvimento de projetos de investimento a longo prazo era uma impossibilidade prática e
econômica desde o ponto de vista dos contratados. Só recentemente este município aceitou a possibilidade de licitar o
serviço integral para privados na forma de concessão.

293
TABELA A1.1- Níveis de Cobertura da PSP, por Município

Casos População

Guará Total

Limeira Urbana

Mairinque Urbana

Mauá Urbana

CAJ Total

PROLAGOS Total

Campos dos Goytacazes Urbana

Guapimirim Total

Niterói Urbana

Petrópolis Total

Nova Friburgo Urbana

Cachoeiro de Itapemirim Total

Carlinda Total

Cláudia Urbana

Guarantã do Norte Urbana

Matupá Urbana

Nobres Urbana

Primavera do Leste Urbana

Sorriso Urbana

Marcelândia Urbana

Nova Xavantina Urbana

Pontes e Lacerda Urbana

Santa Carmem Urbana

União do Sul Urbana

Campo Grande Urbana

Itapema Total

Araújos Total

Bom Sucesso Total

Paraguaçu Total

Paranaguá Urbana

Manaus Urbana

Palmas Urbana

Fonte: Elaboração dos Autores.

Desta forma, a análise busca principalmente avaliar, para cada caso, os seguintes
resultados relativos aos índices de cobertura:

• mudanças na tendência dos níveis de cobertura, comparando a tendência obtida


através dos dados do período anterior à concessão com aqueles
correspondentes ao período a partir do início da operação da PSP. O propósito
desta comparação é simular um caso contrafactual supondo que a evolução da
cobertura do caso sem PSP tivesse seguido a mesma tendência observada no
período prévio. Deste modo, é possível estimar uma diferença na evolução dos
níveis de cobertura entre os casos com e sem a intervenção do concessionário
privado.
• verificar o cumprimento das metas originais dos contratos correspondentes.

294
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Para cada caso, os índices de cobertura anteriores e posteriores à data de início de


operações da PSP foram analisados separadamente, como se destaca no GRÁFICO A1.1.

Para ambos os conjuntos de dados, determinou-se, mediante regressão linear, uma


reta, cuja inclinação corresponde à estimativa da tendência na evolução dos indicadores de
cobertura para ambos os cenários. Posteriormente, as inclinações obtidas são comparadas,
o que permite inferir se a tendência foi influenciada positiva ou negativamente pela PSP.

Os resultados obtidos a partir da aplicação da metodologia a cada caso permitiram


uma classificação em três grupos, a saber:

• Casos Positivos: Aqueles em que a inclinação da curva de evolução da


cobertura posterior à PSP tem um valor maior em relação ao cenário sem
PSP142.
• Casos Neutros: Aqueles em que a inclinação evolução da cobertura posterior à
PSP se manteve em relação ao cenário sem PSP143. Nesta classificação foram
também catalogados como neutros aqueles casos em que a cobertura no fim do
período prévio a PSP já era alta e ela foi mantida ou inclusive aumentada depois
da PSP, apesar de que a inclinação da reta seja inferior no período posterior em
comparação com o período precedente.
• Casos Negativos: Aqueles em que a inclinação da reta representativa da
evolução da cobertura posterior à PSP tem um valor menor em relação ao
cenário sem PSP. Os casos em que a cobertura de esgoto antes da PSP era
nula, e continua sendo no cenário posterior, não obstante ser uma exigência
contratual, foram classificados como negativos.

Os critérios assinalados são ilustrados no GRÁFICO A1.1. Neste GRÁFICO, a


inclinação da linha verde pontilhada representa a tendência anterior à concessão, enquanto
que a inclinação da linha pontilhada em vermelho indica a tendência observada durante a
concessão. Tomando este exemplo em particular, poder-se-ía inferir que a tendência
melhorou, já que passou de levemente negativa (cobertura estagnada) para positiva
(crescente). Neste caso, a suposição na situação contrafactual é que a cobertura teria
seguido estagnada, ao menos até o final do período em estudo (ano 2006).

142
O valor da inclinação da reta para o cenário com PSP tem que ser pelo menos um 10% maior do valor da
inclinação da reta sem PSP.
143
Tem um valor igual ou dentro da faixa de mais o menos 10% do valor da inclinação no período prévio a PSP.

295
GRÁFICO A1.1- Coberturas antes e depois da PSP

105%

100%

95%
% População Atendida

90%

85%

80%

75%

70%

65%

60%
-8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Ano relativo ao início da operação
Cobertura histórica Cobertura Concessão

Fonte: Elaboração dos Autores.

Os resultados referentes ao cumprimento das metas contratuais para cada caso


podem ser de tipo “cumpre” ou “não cumpre”, assim como cumprimento “parcial”, nos casos
em que os níveis exigidos são cumpridos em alguns anos, e não em todo o período
analisado. Um exemplo deste caso refere-se ao cumprimento da exigência estabelecida por
uma meta, mas com atraso, ou então, a meta é cumprida mas posteriormente o nível de
cobertura cai para níveis inferiores ao exigido (não se manteve).

1.1. Resultados

Para uma melhor apreciação dos resultados, o conjunto de casos analisados foi
estratificado segundo tamanho e maturidade, de acordo com os seguintes critérios:

São consideradas como concessões “grandes” aquelas que, no ano de 2006, tinham
mais de 100.000 economias, somando suas economias ativas de água e de esgoto. As
concessões com menos de 100.000 economias são consideradas “pequenas”.

As concessões que, em Julho de 2006, registravam ao menos três anos em operação,


são consideradas como “maduras”. As demais são consideradas como “não maduras”. Esta
segmentação corresponde ao mesmo critério considerado no desenho da amostra das
pesquisas de satisfação e de novos conectados.

296
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA A1.2 - Comparação de Tendência por Concessão


Impacto Impacto
Município UF Tamanho Cobertura Esgoto
Cobertura Água

Guará SP Pequena Positivo Positivo

Limeira SP Grande Neutro Neutro

Mairinque SP Pequena Neutro Negativo

Mauá SP Pequena Não presta Serviço Positivo

CAJ RJ Pequena Neutro Negativo

PROLAGOS RJ Grande Positivo Positivo

Campos dos Goytacazes RJ Grande Positivo Negativo

Guapimirim RJ Pequena Negativo Não presta Serviço

Niteroi RJ Grande Positivo Positivo

Petrópolis RJ Grande Negativo Negativo

Nova Friburgo RJ Grande Negativo Negativo

Cachoeiro de Itapemirim ES Grande Neutro Negativo

Carlinda MT Pequena Negativo Negativo

Cláudia MT Pequena Neutro Negativo

Guarantã do Norte MT Pequena Positivo Negativo

Matupá MT Pequena Positivo Negativo

Nobres MT Pequena Falta Informação Falta Informação

Primavera do Leste MT Pequena Positivo Positivo

Sorriso MT Pequena Positivo Negativo

Marcelândia MT Pequena Negativo Negativo

Nova Xavantina MT Pequena Negativo Positivo

Pontes e Lacerda MT Pequena Positivo Positivo

Santa Carmem MT Pequena Neutro Negativo

União do Sul MT Pequena Neutro Negativo

Campo Grande MS Grande Negativo Positivo

Itapema SC Pequena Neutro Negativo

Araújos MG Pequena Neutro Falta Informação

Bom Sucesso MG Pequena Neutro Falta Informação

Paraguaçu MG Pequena Neutro Positivo

Paranaguá PR Pequena Positivo Negativo

Manaus AM Grande Positivo Neutro

Palmas TO Grande Neutro Negativo

Fonte: Elaboração dos Autores.

As TABELAS A1.3 e A1.4 mostram os resultados da análise comparativa de


tendências para a cobertura de água, segundo tamanho e maturidade, respectivamente.
Assim, para cada grupo (concessões grandes e pequenas) é mostrada a quantidade de
casos cuja tendência melhorou (Positivo), piorou (Negativo) ou onde a mudança de
tendência não foi significativa (Neutro). Dentro do efeito neutro, foram contabilizados os

297
casos em que a cobertura inicial já era alta e que se manteve nesta mesma situação . As
porcentagens são relativas ao total de cada coluna.

TABELA A1.3 - Comparação de Tendência para Serviço de Água,


Segmentado por Tamanho
Comparação
de Grande Pequena TOTAL
Tendência
4 7 11
Positivo
40% 35% 37%

3 9 12
Neutro
30% 45% 40%

3 4 7
Negativo
30% 20% 23%

TOTAL 10 20 30

Fonte: Elaboração dos Autores.

TABELA A1.4 - Comparação de Tendência para Serviço de Água,


Segmentado por Maturidade
Comparação Não
de Maduras TOTAL
maduras
Tendência
11 0 11
Positivo
48% 0% 37%

8 4 12
Neutro
33% 57% 40%

4 3 7
Negativo
17% 43% 23%

TOTAL 23 7 30

Fonte: Elaboração dos Autores.

O caso de Mauá (SP), por tratar-se só de esgoto, não foi analisado, por conseguinte,
para o serviço de água, o total de casos reduziu-se a trinta (30).

Os resultados mostrados nas TABELAS anteriores assinalam que os casos com


impacto positivo são 11 de 30 (37%), os negativos correspondem a 7 de 30 (23%) e os os
casos neutros atingiram 12 de 30 (40%). Os resultados também indicam que a segmentação
por tamanho não é relevante para as comparações de tendências de antes e depois no caso
do serviço de distribuição de água, o que seria relevante para a variável maturidade. Nas
PSP não maduras, nenhuma teve um resultado positivo e 3 de 7 tiveram um impacto
negativo; em compensação, para as maduras, quase a metade (11 de 23) obteve um
resultado positivo e 17% (4 de 23) mostram um impacto negativo.

Analogamente, as TABELAS A1.5 e A1.6 mostram os resultados para a cobertura de


esgoto. A quantidade de casos se reduz a vinte e oito (28) em função da retirada de Araújos
e Bom Sucesso (MG) que apresentam problemas de informação sobre o esgoto. Analisou-
se o caso de Mauá (SP), mas não o de Guapimirim (RJ), que não apresenta serviço de
esgoto. As porcentagens mostradas foram calculadas em relação ao total de cada coluna.

298
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA A1.5 - Comparação de Tendência para Serviço de Esgoto,


Segmentado por Tamanho
Comparação
de Grande Pequena TOTAL
Tendência
3 6 9
Positivo
30% 33% 32%

2 0 2
Neutro
20% 0% 7%

5 12 17
Negativo
50% 67% 61%

TOTAL 10 18 28

Fonte: Elaboração dos Autores.

TABELA A1.6 - Comparação de Tendência para Serviço de Esgoto,


Segmentado por Maturidade
Comparação Não
de Maduras TOTAL
maduras
Tendência
8 1 9
Positivo
38% 14% 32%

2 0 2
Neutro
10% 0% 7%

11 6 17
Negativo
52% 86% 61%

TOTAL 21 7 28

Fonte: Elaboração dos Autores.

Os resultados mostrados nas TABELAS anteriores assinalam que os casos com


impacto positivo são 9 de 28 (32%) e os negativos correspondem a 17 de 28 (61%). Ou
seja, há evidência de que em esgoto os casos negativos representam, em termos relativos,
um total muito superior aos de água.

Os mesmos resultados incluídos nas TABELAS anteriores também induzem a pensar


que a segmentação por tamanho não seria relevante para a comparação de tendências de
antes e depois no caso do serviço de coleta de esgoto, igual ao que ocorre para a
distribuição de água. Pelo contrário, para a variável maturidade, as diferenças nos impactos
revelam que,. nas PSP não maduras, somente uma teve um resultado positivo e 6 de 7
tiveram um impacto negativo, enquanto que, para as maduras, 38% (8 de 21) obtiveram um
resultado positivo.

Por outro lado, as TABELAS A1.7 e A1.8, apresentam igualmente o resultado da


análise de cumprimento de metas contratuais a respeito da cobertura do serviço de água144.
A redução da quantidade de casos possíveis de serem analisados - vinte e quatro (24) –
está relacionada à existência de quatro (4) casos sem informação disponível de metas, por
falta de informação sobre seus Editais (Itapema-SC, Mairinque-SP, Nobres-MT e Nova
Xavantina-MT), e mais dois casos agregados ao final das TABELAS, os quais as primeiras
metas vencem em anos posteriores a 2006.

144
Para a análise de cumprimento de metas foi utilizada uma margem de erro de 3% para, deste modo, considerar a
incerteza das informações.

299
TABELA A1.7 - Cumprimento de Metas para Serviço de Água,
Segmentado por Tamanho
Cumpre Grande Pequena TOTAL
Meta

4 7 11
Sim
45% 47% 46%

2 2 4
Parcial
22% 13% 17%

3 6 9
Não
33% 40% 37%

TOTAL 9 15 24

Prazo após 1 1 2
2006
Fonte: Elaboração dos Autores.

TABELA A1.8 Cumprimento de Metas para serviço de Água,


Segmentado por Maturidade
Cumpre Não TOTAL
Maduras
Meta maduras

9 2 11
Sim
47% 40% 46%

3 1 4
Parcial
16% 20% 17%

7 2 9
Não
37% 40% 37%

TOTAL 19 5 24

Metas Pós 2 0 2
2006
Fonte: Elaboração dos Autores.

Quanto ao cumprimento de metas do serviço de água, a segmentação por tamanho e


maturidade não foi determinante nos resultados conseguidos.

As TABELAS A1.9 e A1.10 exibem o resultado da análise de cumprimento de metas


de cobertura para o serviço de esgoto. Neste aspecto, os casos com possibilidades de
serem analisados foram reduzidos a dezenove (19), pois, além de Araújos e Bom Sucesso
com problemas de informação, adicionam-se os quatro (4) casos antes mencionados para
os quais não se obteve informação do edital de licitação, além de cinco (5) cujas metas
vencem após o ano de 2006.

300
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA A1.9 - Cumprimento de Metas para Serviço de Esgoto,


Segmentado por Tamanho
Cumpre Grande Pequena TOTAL
Meta

4 2 6
Sim
50% 18% 32%

1 0 1
Parcial
13% 0% 5%

3 9 12
Não
37% 82% 63%

TOTAL 8 11 19

Prazo após 2 3 5
2006
Fonte: Elaboração dos Autores

TABELA A1.10 - Cumprimento de Metas para Serviço de Esgoto,


Segmentado por Maturidade
Cumpre Não TOTAL
Maduras
Meta maduras

6 0 6
Sim
38% 0% 32%

1 0 1
Parcial
6% 0% 5%

9 3 12
Não
56% 100% 63%

TOTAL 16 3 19

Metas Pós 3 2 5
2006
Fonte: Elaboração dos Autores.

Os resultados obtidos para o cumprimento de metas no serviço de coleta de esgoto


assinalam que a segmentação por tamanho é relevante. No caso das PSP grandes, 50%
dos casos (4 de 8) cumprem a meta, sendo que, no conjunto das pequenas, tão somente
18% (2 de 11) cumprem.

O mesmo acontece com a variável maturidade: nas PSP não maduras nenhuma
cumpre a meta; todavia, para as maduras, 38% (6 de 16) cumprem.

Outra conclusão desta análise é que para a coleta de esgoto, em geral, observa-se
uma situação pior do que no caso do serviço de distribuição de água, tanto em termos da
evolução das coberturas, quanto em relação ao cumprimento das metas. Isto pode ser
devido principalmente a três fatores:

• Em primeiro lugar, a ampliação do serviço de água é desejável tanto para a


empresa concessionária quanto para o usuário, enquanto que o serviço de
esgoto só traz desvantagens aparentes para este último, já que a sua conta se
duplica e não se percebe nenhum benefício direto. Esta situação é
especialmente notória naqueles domicílios que contam com soluções
particulares para a disposição de esgotos, como por exemplo, fossas sépticas.

301
Por sua vez, a empresa busca evitar a instalação da rede de coleta de esgoto
onde perceba que os usuários não estão dispostos a fazer a conexão para evitar
um prejuízo econômico.
• Em muitos casos as concessionárias instalam a rede, mas os usuários se negam
a conectar-se. Por razões políticas ou por carecer de ferramentas legais ou
policiais, tanto as autoridades, como a empresa concessionária, sentem-se
impedidas de obrigar os usuários a fazer esta conexão.
• Alguns municípios, por outro lado, reconhecem o cumprimento das obrigações
contratuais de cobertura de acordo com a disponibilidade de rede (isto é, são
considerados cobertos aqueles domicílios em cuja porta passa a rede). Para
efeito da presente análise, são contemplados somente aqueles usuários
conectados, o que gera uma diferença entre a quantidade de casos que, na
realidade, não alcançam os níveis de cobertura exigidos, e de casos que, em
termos legais, não cumprem com as exigências do contrato, o que, de acordo
com esta situação, seria uma quantidade menor.

1.2. Metodologia Complementar para a Análise de Tendências das Coberturas

Com o objetivo de complementar a análise anterior, foi desenvolvida uma metodologia


alternativa para a construção do cenário contrafactual. Esta construção foi feita a partir de
uma análise estatística da evolução histórica das coberturas dos casos do presente estudo,
baseada em um número mínimo de dados históricos que permitem fazer a análise durante o
período prévio à operação da PSP.

Neste enfoque, em geral, considera-se que a evolução das coberturas segue através
do tempo uma curva medida estatisticamente e que representa razoavelmente a situação
geral dos municípios estudados numa situação sem PSP. Assim, enquanto a análise
anterior nos mostra o desempenho presente em relação ao passado, a análise
complementar mostra a mesma situação presente mas agora em relação a um
comportamento esperado para o cenário sem PSP obtida do comportamento conjunto neste
período dos casos analisados.

Para o caso das projeções de cobertura de água potável, foram selecionados


dezesseis (16) casos que apresentavam dados históricos de pelo menos três anos
anteriores à incorporação da PSP, e que eram razoavelmente consistentes. O total de dados
disponíveis para a análise foi de sessenta e sete (67) observações. Estes dados foram
ordenados em formato tipo painel, fixando-se como ano zero aquele para o qual a cobertura
atingiu uma cifra perto de 100%. Os dados de cada empresa foram ordenados no tempo,
visando contar com alguma continuidade na evolução das coberturas do serviço. O
GRÁFICO a seguir mostra os dados utilizados e a equação de ajuste obtida.

302
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

GRÁFICO A1.2 - Cobertura e Equação de Ajuste para o Serviço de Água

120

2
y = -0,0668x + 1,7395x + 92,885
2
R = 0,8991
100

80
% Cobertura Água

60

40

20

0
-30 -25 -20 -15 -10 -5 0
t

Fonte: Elaboração dos Autores.

O GRÁFICO A1.2 possibilitou verificar a existência de dados de cobertura de água


potável que começam em aproximadamente 20%, e crescem de modo relativamente regular
através do tempo. Ainda que haja lacunas em alguns anos, a tendência na evolução das
coberturas é relativamente clara. De acordo com estes dados, seriam necessários cerca de
25 anos para que os casos analisados passassem de uma cobertura de 10% para 100% no
cenário sem PSP. A forma funcional mais adequada para relacionar taxa de cobertura e
tempo é a equação quadrática mostrada em conjunto com o GRÁFICO, a que apresenta um
R2 de 90%.

Para o caso das projeções de coberturas de esgoto, foram consideradas as


informações de cinco (5) empresas que tinham dados de pelo menos três anos de história
prévia à incorporação da PSP, e que demonstraram ser razoavelmente consistentes. O total
de dados disponíveis foi de vinte e cinco (25). Os mesmos foram ordenados em formato tipo
painel, fixando-se como ano zero aquele para o qual a cobertura atingiu uma cifra cerca de
87%, o máximo disponível na amostra. Os dados de cada caso foram ordenados no tempo
de modo a dispor de certa continuidade na evolução das coberturas. O GRÁFICO seguinte
mostra os dados utilizados e a equação de ajuste obtida.

303
GRÁFICO A1.3 - Cobertura e Equação de Ajuste para o Serviço de Esgoto
100

90
3 2
y = -0,0028x - 0,129x + 1,1828x + 83,128
2
80 R = 0,9856

70
% Cobertura Esgoto

60

50

40

30

20

10

0
-40 -35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0
t

Fonte: Elaboração dos Autores.

O GRÁFICO A1.3 mostra serviços que atingem níveis de cobertura de


aproximadamente 5%, aos quais são atribuídos trinta e cinco anos de atraso em relação à
meta de 90%. Outro grupo de empresas apresenta dados de cobertura em torno de 20%, ao
qual se atribui um atraso entre 20 e 30 anos. O último conjunto de empresas tem coberturas
superiores a 60%, obtidas nos últimos 10 anos. O melhor ajuste estatístico, entre a taxa de
cobertura e o tempo, é o polinômio de terceiro grau indicado no GRÁFICO, que mostra um
R2 de 99%. Neste caso, porém, a equação prevê uma queda nas coberturas a partir do ano
seis, ficando fora da amostra observada, o que para esta faixa de tempo, anteriormente, se
supunha um aumento de um ponto porcentual por ano até chegar a 100% de cobertura (ano
0).

Uma vez determinadas as curvas de tendência para a situação antes da PSP, o efeito
da PSP em cada empresa foi medido através do procedimento descrito a seguir.

O primeiro passo consistiu em determinar em que ponto da curva se encontrava cada


caso no momento de início da PSP. Para isso, aplicou-se a função inversa da equação de
água ou esgoto, segundo correspondia, ao último ponto observado antes da incorporação
do operador privado. A partir deste ponto, projetou-se o crescimento das coberturas no caso
contrafactual para os dez (10) períodos posteriores.

Para estabelecer se o desempenho da empresa foi igual, superior ou inferior ao


“esperado”, considerando a trajetória antes da PSP, a cobertura projetada foi comparada
com a cobertura real depois da PSP para cada ano. Para fazer esta comparação,
considerando que a construção do modelo da trajetória sem PSP baseou-se em um
procedimento estatístico, definiu-se para as análises uma margem de erro equivalente a 3%,
identificando-se assim três resultados possíveis para cada ano da PSP:

a) Positivo: Correspondente àqueles anos em que a cobertura real da empresa


estava acima da margem de cobertura projetada segundo sua trajetória hipotética. Também
foram incluídos dentro desta classificação, aqueles casos cuja cobertura real atingida foi
equivalente a 100%. Este critério se resume como:

304
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Cobertura Real com PSP > Cobertura Projetada sem PSP +3%

ou

Cobertura Real com PSP= 100%

b) Neutro: Correspondente àqueles anos em que a cobertura real da empresa se


encontrava dentro das margens de cobertura projetadas, segundo sua trajetória no caso
contrafactual, e de acordo com a proposição a seguir:

Cobertura Projetada sem PSP – 3% ≤ Cobertura Real com PSP ≤ Cobertura


Projetada sem PSP+3%

c) Negativo: Correspondente àqueles anos em que a cobertura real da empresa se


encontrava abaixo da margem de cobertura projetada segundo sua trajetória no caso
contrafactual.

Cobertura Real com PSP < Cobertura Projetada sem PSP - 3%

O GRÁFICO A1.4 mostra um exemplo de dois critérios aplicados na classificação dos


casos. É possível verificar que três dos sete dados disponíveis para períodos posteriores ao
início de operação da PSP podem ser classificados como positivos, um deles seria
classificado como neutro e três como negativos.

GRÁFICO A1.4 - Aplicação dos Critérios de Classificação de Casos

110

Caso Positivo
100

90
% Cobertura Esgoto

80

Caso Neutro
70

60
Caso Negativo

50

40

30
-16 -11 -6 -1 4
t

Cobertura Proyectada sin PSP Cobertura Projetada sem PSP±3% Cobertura Real com PSP

Fonte: Elaboração dos Autores.

Finalmente, os resultados ano a ano foram analisados pela equipe do Consórcio que
determinou, com base em seu conhecimento e critério estabelecido, se o efeito global da
PSP sobre as coberturas de cada caso foi positivo, neutro ou negativo.

305
1.3. Resultados da Metodologia Complementar
TABELA A1.11 – Impacto em Relação á Evolução de Cobertura em PSP
Impacto Impacto
Município Tamanho Maturidade Cobertura Esgoto
Cobertura Água

Guará Pequena Madura Positivo Neutro

Limeira Grande Madura Neutro Neutro

Mairinque Pequena Madura Neutro Negativo

Mauá Pequena Madura Não presta serviço Neutro

CAJ Pequena Madura Negativo Negativo

PROLAGOS Grande Madura Positivo Positivo

Campos dos Goytacazes Grande Madura Positivo Negativo

Guapimirim Pequena Madura Negativo Não presta serviço

Niteroi Grande Madura Positivo Positivo

Petrópolis Grande Madura Negativo Negativo

Nova Friburgo Grande Madura Negativo Negativo

Cachoeiro de Itapemirim Grande Madura Negativo Negativo

Carlinda Pequena Não Madura Neutro Negativo

Cláudia Pequena Não Madura Neutro Negativo

Guarantã do Norte Pequena Madura Positivo Negativo

Matupá Pequena Madura Positivo Negativo

Nobres Pequena Madura Falta Informação Falta Informação

Primavera do Leste Pequena Madura Positivo Positivo

Sorriso Pequena Madura Positivo Negativo

Marcelândia Pequena Não Madura Positivo Negativo

Nova Xavantina Pequena Não Madura Negativo Negativo

Pontes e Lacerda Pequena Madura Positivo Neutro

Santa Carmem Pequena Não Madura Neutro Negativo

União do Sul Pequena Não Madura Positivo Negativo

Campo Grande Grande Madura Negativo Neutro

Itapema Pequena Não Madura Neutro Negativo

Araújos Pequena Madura Positivo Falta Informação

Bom Sucesso Pequena Madura Neutro Falta Informação

Paraguaçu Pequena Madura Negativo Positivo

Paranagua Pequena Madura Negativo Negativo

Manaus Grande Madura Neutro Neutro

Palmas Grande Madura Neutro Positivo


Fonte: Elaboração dos Autores.

As TABELAS A1.12, A1.13 e A1.14 mostram os resultados para esta análise


complementar para a cobertura de distribuição de água, segundo tamanho e maturidade,
respectivamente. Por sua vez, as TABELAS – A1.15, A1.16 e A1.17 apresentam os

306
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

resultados para a cobertura de coleta de esgoto. Como se pode observar, para a cobertura
de água, a análise foi realizada para trinta casos (o mesmo número utilizado para a análise
de tendência), enquanto que para o esgoto só foram analisados dezenove casos, por terem
sido excluídos aqueles em que não existia cobertura durante o período em estudo (os
mesmos já foram mencionados na análise de comparação de tendências).

TABELA A1.12 - Impacto da Cobertura de Água


Segmentado por Tamanho

Impacto Grande Pequena TOTAL

3 9 12
Positivo
30% 45% 40%

3 6 9
Neutro
30% 30% 30%

4 5 9
Negativo
40% 25% 30%

TOTAL 10 20 30

Fonte: Elaboração dos Autores.

TABELA A1.13 - Iimpacto da Cobertura de Água


Segmentado por Maturidade
Não TOTAL
Impacto Maduras
maduras

10 2 12
Positivo
43% 29% 40%

5 4 9
Neutro
22% 57% 30%

8 1 9
Negativo
35% 14% 30%

TOTAL 23 7 30

Fonte: Elaboração dos Autores.

TABELA A1.14 - Impacto da Cobertura de Água Segmentado


segundo o nível de Cobertura no Ano de Início
Nível de Nível de
Nível de
Cobertura Cobertura TOTAL
Impacto Cobertura
0% < X < 50% < X <
X > 90%
50% 90%
4 8 0 12
Positivo 54%
66% 0% 40%

1 2 6 9
Neutro 13%
17% 67% 30%

1 5 3 9
Negativo 33%
17% 33% 30%

6 15 9 30
TOTAL
Fonte: Elaboração dos Autores.

307
Os resultados mostrados nas TABELAS anteriores assinalam que os casos com
impacto positivo são 12 de 30 (40%) e os negativos correspondem a 9 de 30 (30%). Todavia
os casos neutros com cobertura inicial maior que 90% são 6 de 9 (67%), o que poderia
aumentar os casos que poderiam ser catalogados como exitosos e levá-los a um total de 18
de 30. Se o mesmo critério, mas em caso oposto, se aplica aos classificados como neutros
com coberturas iniciais inferiores a 90%, os casos que poderiam ser classificados como sem
êxito somam 12 de 30. Deduz-se então que a situação encontrada revela um equilíbrio entre
impactos positivos e negativos. Conclui-se também que esta metodologia é mais exigente
que a comparação de tendências de antes e depois.

Os resultados também indicam que a segmentação por tamanho e maturidade não


pareceram ser relevantes para as comparações com o cenário “contrafactual” no caso do
serviço de distribuição de água. Este fato quanto à maturidade é diferente ao obtido com a
metodologia anterior.

TABELA A1.15 - Impacto da Cobertura de Esgoto


Segmentado por Tamanho

Impacto Grande Pequena TOTAL

3 2 5
Positivo
30% 11% 18%

3 3 6
Neutro
30% 17% 21%

4 13 17
Negativo
40% 72% 61%

TOTAL 10 18 28

Fonte: Elaboração dos Autores.

TABELA A1.16 - Impacto da Cobertura de Esgoto


Segmentado por Maturidade
Não TOTAL
Impacto Maduras
maduras

5 0 5
Positivo
24% 0% 18%

6 0 6
Neutro
28% 0% 21%

10 7 17
Negativo
48% 100% 61%

TOTAL 21 7 28

Fonte: Elaboração dos Autores.

308
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA A1.17 - Coberturas de Esgoto, Segmentado Segundo Nível de Cobertura no Ano de


Início
Nível de Nível de
Nível de
Cobertura Cobertura TOTAL
Impacto Cobertura
0% < X < 50% < X <
X > 90%
50% 90%
3 2 0 5
Positivo 29%
15% 0% 18%

3 2 1 6
Neutro 29%
15% 100% 21%

14 3 0 17
Negativo 42%
70% 0% 61%

20 7 1 28
TOTAL
Fonte: Elaboração dos Autores.

Em relação à cobertura de esgoto, os resultados demonstram que os casos com


impacto positivo são somente 5 de 28 (18%) e os negativos correspondem a 17 de 28%
(61%). Todavia, para os casos neutros, foi identificado um (1) com cobertura inicial maior
que 90%, o que poderia aumentar os casos que poderiam ser catalogados como exitosos e
levá-los a um total de 6 de 28 (21%). Se o mesmo critério, mas no caso oposto, se aplica
aos classificados como neutros com coberturas iniciais inferiores a 50%, os casos que
poderiam ser classificados como sem êxito somam 20 de 28 (65%). Conclui-se que, no
serviço de esgoto, os casos negativos superam amplamente os casos positivos, o que
coincide com o resultado obtido na comparação de tendências de antes e depois.

Os resultados também indicam que a segmentação por tamanho e maturidade seria


relevante no caso do serviço de esgoto. No caso das PSP não maduras 100% tiveram
impacto negativo na análise realizada.

309
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ANEXO 2- Análise de Evasão de Receita e Cobertura de Micromedição

Os resultados da análise dos indicadores relacionados com a gestão comercial das


concessionárias - evasão da receita e cobertura de micromedição – são analisados a seguir
com o intuito de se verificar qual é o impacto da PSP na evolução desses indicadores. A
análise concentra-se no grupo de operadores classificados como prestadores integrais do
serviço, pois para outros contratos, como os BOT, estes indicadores não são apropriados.

2.1. Metodologia

Foi analisada a evolução destes indicadores com o fim de avaliar sua tendência em
cada uma das PSP consideradas neste estudo e para as quais existiam informações
disponíveis . Em geral, devido às limitações dos dados disponíveis, a análise foi feita
através de dois métodos: o primeiro, baseado num estudo da tendência do indicador no
período posterior à entrada em operação da PSP; e, um segundo, realizado a partir da
comparação do valor médio do indicador antes e depois do início da PSP. Neste último
caso, a análise só se restringiu a um grupo reduzido de prestadores, pois a informação
disponível tem um alcance menor.

As análises aqui apresentadas são de tipo parcial, isto é, restrigem-se à quantidade de


informação disponível para cada indicador, que por sua vez, foi processado e examinado
através de um criterioso processo de validação da informação.

2.2. Resultados: evasão de receita, evolução, e início da operação

Considerando a tendência linear desde o início da operação de cada concessão,


dezenove casos, que representam 70% das empresas analisadas sob essa ótica,
apresentaram uma diminuição nos seus níveis de evasão (TABELA A2.1). Este resultado,
segmentado segundo tamanho, representa 59% das empresas pequenas (10 casos de um
total de 17) e 90% das empresas grandes (9 casos de um total de 10).
145
TABELA A2.1 - Evolução da Evasão Anual de Receita

Tendência Grande Pequena TOTAL

1 7 8
Positiva
(aumento) 10% 41% 30%

9 10 19
Negativa
(diminuição) 90% 59% 70%

Total 10 17 27

Fonte: Elaboração dos Autores.

Os dados constantes das TABELAS apresentadas ao final desse ANEXO, permitem


verificar as diferenças entre as médias de evasão de receitas do período prévio e posterior
ao início de operação da concessão. Para aqueles casos com informação (oito); verificou-se
que cinco empresas, que representam dois terços das concessões com informação,

145
Detalhes dos dados e resultados desta TABELA são apresentados ao final deste anexo.

311
registraram índices menores após a entrada em operação da PSP. Este fato confirma os
resultados anteriormente analisados para a evolução deste índice durante o período após da
PSP.

GRÁFICO A2.1 - Evasão Anual de Receita antes e depois da psp

3
38%

5
62%

Melhor Pior
Fonte: Elaboração dos Autores.

2.2.1. Níveis Atuais

Devido à alta variabilidade observada nos níveis de evasão de receita entre um ano e
outro, a análise aqui apresentada considera a média de seus valores para um período de
três anos: 2004 a 2006146.

Os GRÁFICOS A2.2 e A2.3 destacam os resultados obtidos. Observa-se que, em


média, a evasão de receita é de 3,1% para empresas pequenas e de 6,2% para as
empresas grandes. Porém, a média das empresas pequenas está influenciada pelos altos
valores negativos que apresentam os municípios de Cláudia e Sorriso no período
observado. Estes índices claramente obedecem a situações pontuais e não representam
uma situação de longo prazo. Com a exclusão desses dois casos da base de cálculo, a
média passaria para 6%.

146   / 0 12ã /


Índice de Evasão de Receitas =
  /

312
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

GRÁFICO A2.2 - Evasão de Receita Anual Média 2004-2006, Empresas Pequenas

20%
16,7%
15,5%
15%
11,5%
10,0%
10% 9,0% 9,0%
7,3%
6,0%
5,1% 4,4%
5% 2,9%
1,1% 1,5% 1,4%
-0,5%
0%
-4,3%
-5%

-10%

-15%

-20,5% -20,8%
-20%

-25%
ECOSAMA

Guapimirim

Santa Carmem
Matupá

Marcelândia
Guará

Mairinque

Carlinda

Cláudia

Guarantã do Norte

Primavera do Leste

Sorriso

Nova Xavantina

Pontes e Lacerda

Itapema
CAJ

Paranaguá
União do Sul
Evasão de Receita Anual Média 2004-2007 Média

Fonte: Elaboração dos Autores.

GRÁFICO A2.3 - Evasão de Receita Anual Média 2004-2006, Empresas Grandes

20% 17.7%

15%
10.6%
9.4%
10%
5.3% 6.4%
4.1% 5.0% 4.0%
5% 3.5%

0%
-4.1%
-5%

-10%

SANEATINS
Goytacazes

Manaus
Itapemirim
Petrópolis

Friburgo

Cachoeiro

Grande
PROLAGOS

Niterói
Limeira

Campo
Nova
Campos

de
dos

Evasão de Receita Anual Média 2004-2007 Média

Fonte: Elaboração dos Autores.

Dentre as empresas pequenas, aquelas que apresentam maiores taxas de evasão


média são Carlinda e Guará com aproximadamente 17% e 16% respectivamente. Entre as
empresas grandes, aquelas com maiores índices de evasão são Manaus e Petrópolis, com
aproximadamente18% e 11% respectivamente.

2.2.2. Coberturas de Micromedição

Os resultados obtidos para a análise de coberturas de micromedição são


apresentados a seguir. As coberturas de micromedição são apuradas a partir da

313
porcentagem de ligações ativas hidrometradas em relação ao total de ligações ativas de
água.

O comportamento das tendências lineares na evolução da cobertura de micromedição


é apresentado na TABELA A2.2. Observa-se que vinte e seis concessionárias - 90% da
amostra - apresentam aumento ou mantêm os mesmos níveis de micromedição em
comparação ao ano de entrada de operação da PSP. Este resultado, segmentado segundo
o tamanho, indica que dezessete empresas pequenas (89% do total dos 19 casos para os
quais se contava com informação nessa faixa) melhoraram ou mantiveram a sua
performance. Igual condição se verifica para nove empresas grandes, ou seja, 90% dos
casos analisados.
147
TABELA A2.2 - Evolução de Cobertura de Micromedição

Tendência Grande Pequena TOTAL

9 17 26
Positiva
90% 89% 90%

1 2 3
Negativa
10% 11% 10%

Total 10 19 29

Fonte: Elaboração dos Autores.

Comparando-se as médias de antes e depois da entrada em operação da PSP,


verifica-se que em todos os casos, para os quais se contava com informação para realizar
esta análise (dezenove no total), a situação melhorou em relação ao período anterior.

Os GRÁFICOS A2.4 e A2.5 mostram os níveis de cobertura de micromedição


correspondentes ao ano de 2006. Verifica-se que praticamente todas as empresas para as
quais se contava com dados sobre a matéria possuem níveis elevados para este índice. No
segmento de empresas pequenas, 100% da amostra, que representa 19 casos, tinham
coberturas de micromedição superiores a 93%. Entretanto, em relação às empresas
grandes, sete entre dez empresas apresentavam coberturas superiores a 90%, duas
estavam entre 85% e 90% e uma tinha cobertura de 61%, o que corresponde à concessão
de Manaus. Portanto, desconsiderando este último caso, a média seria de 95% entre as
empresas grandes.

147
Detalhes dos dados e resultados desta TABELA são apresentados ao final deste anexo.

314
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

GRÁFICO A2.4 - Coberturas de Micromedição em 2006, Empresas Pequenas

102%

100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
100% 99%

98% 98%
97%
96%
%
95% 95%
94%
94% 93%

92%

90%

Nova Xavantina
Primavera do

Itapema
CAJ
Guará

Mairinque

Carlinda

Cláudia

Guarantã do

Matupá

Sorriso

Marcelândia

Pontes e

Paraguaçu

Paranaguá
Guapimirim

Santa Carmem

União do Sul

Araújos
Lacerda
Norte

Leste
% de Ligações Ativas Hidrometradas/Ligações Ativas Totais de Água. Média

Fonte: Elaboração dos Autores.

GRÁFICO A2.5 - Coberturas de Micromedição em 2006, Empresas Grandes

120%
100% 98% 99% 100% 100%
100% 95% 94%
85% 87%

80%
61%
60%
%

40%

20%

0%

SANEATINS
PROLAGOS

Manaus
Niterói

Grande
Limeira

Friburgo

Cachoeiro de

Campo
Petrópolis

Campos dos
Goytacazes
Nova

Itapemirim

% de Ligações Ativas Hidrometradas/Ligações Ativas Totais de Água. Média

Fonte: Elaboração dos Autores.

2.3. Conclusão

Neste anexo foi examinado o efeito da PSP sobre o comportamento dos indicadores
de evasão de receita e cobertura de micromedição, visando fornecer um panorama geral
sobre o desempenho da gestão comercial dos concessionários.

Em relação ao primeiro indicador, evasão da receita, a média dos níveis dos últimos
três anos está baixa, tanto para as empresas grandes (6,2%), quanto para as pequenas
(3,1%, que aumenta para 6% com a eliminação dos valores extremos) .

Para a cobertura de micromedição, observa-se um aumento na fração de ligações


micromedidas, com níveis atuais próximos a 100% na maior parte dos casos pesquisados.

Conclui-se da análise dos dois indicadores que, em geral, com a PSP, houve um
desempenho melhor que o ocorrido na situação anterior.

315
TABELA A.2.3- Evasão de Receita por Concessionária

Municipio -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 TENDENCIA DEPOIS

Guará 30% 25% -2% -4% 0% 50% Decrescente


Limeira 6% -1% 1% 0% 2% 8% 2% 6% 3% 3% Crescente
Mairinque 4% 13% 12% 6% 10% 10% 11% 14% Crescente
Mineiros do Tietê
Mirassol
ECOSAMA* 3% 7% 5% Crescente
CAJ 71% 27% 58% 2% 2% 0% -3% 5% Decrescente
PROLAGOS 54% 51% 100% 28% 35% 3% -9% -6% Decrescente
Campos dos Goytacazes 24% 19% 19% 7% 8% 6% 2% Decrescente
Guapimirim 33% 48% 22% -1% 1% -1% Decrescente
Niterói 29% 100% 22% 16% 5% 8% 6% Decrescente
Petrópolis 23% 13% 19% 11% 14% 11% 12% 8% 11% Decrescente
Nova Friburgo 40% 31% 18% 4% 4% 12% 10% 6% Decrescente
Cachoeiro de Itapemirim 5% 5% 4% 5% 6% 3% 2% 5% Decrescente
Carlinda 43% 7% Decrescente
Cláudia 12% 94% 20% Crescente
Guarantã do Norte 16% -3% 6% 12% -5% -2% 3% -6% 10% Decrescente
Matupá 0% 0% 9% 4% 5% Crescente
Nobres 11% 22% 12%
Primavera do Leste 8% 9% Crescente
Sorriso -3% -8% 11% 9% -3% -3% 30% 31% -1% Decrescente
Arenápolis
Juscimeira
Marcelândia 15% 7% 11% 3% Decrescente
Nova Xavantina 4% 5% 1% 3% Decrescente
Pontes e Lacerda 21% 15% 13% 48% 7% 9% 6% 11% 13% Crescente
Santa Carmem 2%
União do Sul 1% 7% Crescente
Campo Grande 14% -3% -1% 19% 11% 17% 6% 3% 6% Decrescente
Itapema 13% 6% Decrescente
Araújos
Bom Sucesso
Paraguaçu
Paranaguá 42% 24% 7% 16% 14% 5% -2% 5% -1% 1% Decrescente
Manaus 21% 20% 19% 15% 19% Decrescente
SANEATINS 23% 16% 37% 38% 26% 11% 7% 8% 2% 4% 6% Decrescente

316
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA A.2.4- Coberturas de Micromedição por Concessionária

Municipio -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 TENDÊNCIA DEPOIS

Guará 27% 30% 35% 100% 99% 99% 100% 100% Crescente
Limeira 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% Crescente
Mairinque 98% 99% 99% 100% 100% 100% 100% 100% Crescente
Mineiros do Tietê
Mirassol
ECOSAMA
CAJ 70% 74% 91% 89% 89% 93% 94% 95% Crescente
PROLAGOS 40% 57% 77% 85% 89% 91% 93% 95% Crescente
Campos dos Goytacazes 49% 66% 71% 83% 91% 91% 92% 94% Crescente
Guapimirim 100% 100% 100% 100% 100% 100% Crescente
Niterói 33% 33% 50% 68% 71% 78% 84% 85% 85% 85% 85% Crescente
Petrópolis 45% 82% 87% 93% 95% 96% 98% 97% 97% 98% Crescente
Nova Friburgo 5% 30% 64% 71% 77% 81% 84% 87% Crescente
Cachoeiro de Itapemirim 72% 74% 80% 82% 83% 92% 98% 98% 98% 99% 99% Crescente
Carlinda 86% 93% 100% 100% Crescente
Cláudia 59% 50% 68% 93% 96% 94% Crescente
Guarantã do Norte 1% 1% 1% 1% 30% 50% 60% 83% 100% 100% Crescente
Matupá 2% 2% 1% 28% 65% 100% 100% Crescente
Nobres 67% 85%
Primavera do Leste 71% 82% 100% 100% 100% Crescente
Sorriso 43% 41% 39% 34% 44% 73% 86% 92% 97% 95% Crescente
Arenápolis
Juscimeira
Marcelândia 2% 7% 97% 94% 93% Decrescente
Nova Xavantina 53% 52% 62% 40% 70% 100% 100% 100% Crescente
Pontes e Lacerda 57% 56% 53% 51% 83% 89% 49% 46% 53% 100% Decrescente
Santa Carmem 1% 1% 7% 97%
União do Sul 96% 98% Crescente
Campo Grande 90% 95% 97% 98% 89%
88% 96% 95% 97% 99% 100% Crescente
Itapema 100% 100% Crescente
Araújos 100% 100% 100% 100% Crescente
Bom Sucesso 100% 100% 100% 100% Crescente
Paraguaçu 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% Crescente
Paranaguá 57% 71% 90% 94% 96% 98% 98% 99% 99% 99% Crescente
Manaus 33% 39% 43% 42% 43% 46% 57% 62% 62% 61% Crescente
SANEATINS 85% 90% 97% 100% 99% 100% 100% 99% 97% 98% 100% Decrescente

317
ANEXO 3- Análise dos Indicadores de Economias por Funcionários e de
Perdas

A eficiência física no setor de saneamento básico pode ser analisada a partir de dois
indicadores: a relação entre o número de clientes e a quantidade de funcionários que
trabalham para uma determinada empresa prestadora de serviços e a porcentagem ou
volume de perdas no processo de distribuição de água.

Serão examinados, a seguir, o comportamento desses dois indicadores, doravante


denominados de economias por funcionário e de perdas em distribuição, para as diferentes
concessionárias objeto desta investigação, com o objetivo de determinar se a PSP teve ou
não impacto em seu desempenho.

As análises aqui descritas estão centradas no grupo de operadores classificados como


prestadores integrais dos serviços, pois para outros contratos como os BOT estes tipos de
índices para medição de eficiência não são apropriados.

A análise será apresentada em quatro seções, sendo que esta introdução é parte da
primeira. A metodologia está detalhada na seção 2 e os resultados na seção 3. Por último,
será apresentada a conclusão.

3.1. Metodologia

A análise está centrada em dois aspectos: primeiro, um estudo da evolução destes


indicadores desde o início da operação até a atualidade, quando se examina a tendência de
sua trajetória em cada uma das empresas. Depois, em forma complementar, faz-se uma
análise comparativa do valor médio do indicador para os períodos antes e depois da PSP.

É necessário alertar que essa análise, especialmente do último aspecto, ficou restrita a
um grupo reduzido de prestadores, pois a maior parte das concessionárias apresenta dados
somente para períodos posteriores ao início da PSP e, além disso, estes não estão
disponíveis para todos os anos analisados. Além disso, diante de uma grande quantidade de
informação detectada com baixa confiabilidade, sobretudo de perdas, uma série de dados
específicos foi desconsiderada nesta análise, identificada por meio de um árduo processo
de validação.

Adicionalmente, realizou-se uma análise da situação atual do nível destes índices, a


qual permitirá ao leitor ter uma visão mais ampla do QUADRO geral da PSP no Brasil .

Os resultados da análise da evolução dos indicadores estudados foram obtidos a partir


da estimação da trajetória linear dos indicadores, uma vez iniciada a concessão. Foram
identificados dois casos:

Tendência Positiva: Correspondentes àqueles casos que apresentam aumentos ou


melhoras no indicador de economias por funcionário.

Tendência Negativa: Correspondentes àquelas empresas com uma evolução que


apresenta diminuição ou deterioração no indicador.

318
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA A3.1 - Evolução do Indicador Economias por Funcionário

Tendência Grande Pequena TOTAL

9 12 21
Positiva
(aumento) 90% 60% 70%

1 8 9
Negativa
(diminuição) 10% 40% 30%

Total 10 20 30

Fonte: Elaboração dos Autores.

TABELA A3.2 - Evolução do Indicador Economias por Funcionário

Tendência Grande Pequena TOTAL

9 11 20
Positiva
(aumento) 90% 61% 71%

1 7 8
Negativa
(diminuição) 10% 39% 29%

Total 10 18 28

Fonte: Elaboração dos Autores.

Em geral, observa-se uma tendência de melhora em relação ao ano de início da PSP:


mais de dois terços dos casos com informação disponível refletem essa tendência positiva.

De acordo com o tamanho, nota-se que 90% das empresas grandes apresentam uma
melhora no desempenho deste conceito, medido através do indicador de economias por
funcionário equivalente, enquanto que nas empresas pequenas, 61% apresenta esta
condição. Dentro do grupo de empresas grandes, aquela que apresenta uma tendência
negativa do indicador corresponde à concessionária de Campo Grande, enquanto nas
pequenas, os sete casos com tendência negativa correspondem aos municípios de Araújos,
Bom Sucesso, Cláudia, Mauá (ECOSAMA), Guará, Nova Xavantina e Paraguaçu. Nas
TABELAS apresentadas ao final desse ANEXO pode-se observar a qualificação outorgada a
cada PSP examinada segundo a tendência da evolução deste indicador.

No que se refere à magnitude do aumento nos índices de produtividade, as TABELAS


A3.3 e A3.4 mostram a distribuição das taxas de crescimento médio anual para o período
posterior ao início da PSP para os indicadores economias por funcionário próprio e
economias por funcionário equivalente148.

148
As taxas de crescimento foram obtidas a partir da relação entre a inclinação da trajetória linear de cada indicador para
o período após a PSP e a projeção linear do indicador no ano 0 (o que teoricamente é o valor da constante da equação
linear). Optou-se por este método devido à alta variabilidade no valor dos indicadores entre um ano e outro.

319
TABELA A3.3 – Distribuição da Taxa de Crescimento – Media Anunal do Inicador Economias
por Funionário Prórprio

Taxa de Crescimento Anual Casos %

Menos de -10% 4 13%

Entre -5% e -10% 2 7%

Entre 0% e -5% 3 10%

Entre 0% e 5% 9 30%

Entre 5% e 10% 7 23%

Mais de 10% 5 17%

Total 30 100%
Fonte: Elaboração dos Autores.

TABELA A3.4 – Distribuição da Taxa de crescimento - Média Anunal do Indicador Economias


por Funionário Equivalente

Taxa de Crescimento Anual Casos %

Menos de -10% 4 14%

Entre -5% e -10% 2 7%

Entre 0% e -5% 2 7%

Entre 0% e 5% 11 40%

Entre 5% e 10% 3 11%

Mais de 10% 6 21%

Total 28 100%
Fonte: Elaboração dos Autores.

É possível verificar que uma grande quantidade de casos (53% no indicador de


economias por funcionário próprio e 51% no indicador economias por funcionário
equivalente) encontra-se numa faixa de crescimento médio do indicador entre 0% e 10% por
ano. Especificamente, para o indicador economias por funcionário próprio, as empresas que
estão acima desta faixa de crescimento correspondem às concessionárias de Guará,
Guapimirim, Matupá, Marcelândia e Pontes e Lacerda, enquanto que, com uma taxa muito
abaixo da média (decréscimo superior a 10% anual) encontram-se os municípios de Mauá,
Araújos, Bom Sucesso e Paraguaçu.

No caso do indicador economias por funcionário equivalente, as empresas com


índices de crescimento acima de 10% anual são Guapimirim, Guarantã do Norte, Matupá,
Primavera do Leste, Marcelândia e Pontes e Lacerda, enquanto que aquelas com
crescimento abaixo de 10% são Mauá, Nova Xavantina, Bom Sucesso e Paraguaçu.
Considerando o crescimento anual do indicador economias por funcionário próprio, o qual
apresenta uma menor volatilidade do que o indicador economias por funcionário
equivalente, a taxa de crescimento da produtividade atinge um valor médio de apenas 2,6%
anual para o conjunto de empresas examinado.

320
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

3.2. Antes e Depois da PSP

Adicionalmente, para complementar os resultados apresentados na seção anterior, foi


realizada uma análise comparativa entre a média do valor dos indicadores de antes e depois
da implementação da PSP.

O GRÁFICO A3.1 mostra os resultados da análise de 6 empresas, cujo desempenho é


consistente com os resultados da análise apresentada na seção anterior, que abrange
desde o momento de início da operação da concessão. Efetivamente, dos 6 casos
analisados, correspondentes aos municípios de Petrópolis, Cachoeiro de Itapemirim,
Carlinda, Cláudia, Campo Grande e Palmas (SANEATINS), cinco apresentam um indicador
médio maior do que antes da PSP, com exceção de Palmas, que apresenta um indicador
menor neste período. Das cinco empresas com um indicador médio maior, duas
apresentam diminuições no QUADRO de pessoal que superam o crescimento das
economias, enquanto as três restantes têm um aumento mais acelerado das economias em
relação ao funcionário. Esta situação é compatível com as tendências observadas no
período após a PSP.

GRÁFICO A3.1 - Antes e Depois da psp - Economias por funcionário Equivalente

1
17%

5
83%

Melhor Pior
Fonte: Elaboração dos Autores.

O GRÁFICO A3.2 mostra os indicadores de economias por funcionário próprio e


equivalente para o conjunto de PSP grandes. Como se observa, a maior parte das
empresas estudadas apresenta um indicador de economias por funcionário próprio superior
ao de economias por funcionário equivalente, o que revela a existência de terceirização de
atividades. Considerando-se a média do conjunto de concessões para as quais se obteve a
informação, o indicador de economias por funcionário próprio se situa em 631 economias e
o indicador de economias por funcionário equivalente a 391 economias.

321
GRÁFICO A3.2 - Economias por funcionário em 2006 - Empresas Grandes
981
1000
878
900

800
704 715 702 692
Economias/Empregado

700 652

600 552
515
500 449 465
426
401 393
400 334 330 319
305
300
227
184
200

100

0
Limeira PROLAGOS Campos dos Niterói Petrópolis Nova Cachoeiro de Campo Manaus SANEATINS
Goytacazes Friburgo Itapemirim Grande
Ec. por Pessoal Próprio Ec. por Pessoal Equivalente
Média Ec. por Pessoal Próprio Média Ec. por Pessoal Equivalente

Fonte: Elaboração dos Autores.

Os índices para o segmento de empresas pequenas que prestam serviços conjuntos


de água e esgoto são apresentados no GRÁFICO A3.3. Em geral, observa-se a presença
de uma alta dispersão no indicador de economias por funcionário próprio, com altos índices
para Guará e Primavera do Leste, os quais superam 760 economias por funcionário. No
entanto, em termos do indicador equivalente, este é mais homogêneo e situa-se perto de
uma média de 304 economias por funcionário.

GRÁFICO A3.3 - Economias por Funcionário em 2006 – Empresas


Pequenas com Serviço de Água e Esgoto

800 760 773

700

600
Economias/Empregado

530
508
500
433
393 387 402
400
285 285 293
300 254 267 257
207
200 168

100

0
Guará Mairinque Cláudia Primavera do Nova Xavantina Pontes e Paraguaçu Paranaguá
Leste Lacerda

Ec. por Pessoal Próprio Ec. por Pessoal Equivalente


Média Ec. por Pessoal Próprio Média Ec. por Pessoal Equivalente

Fonte: Elaboração dos Autores.

Finalmente o GRÁFICO A3.4 mostra os indicadores para as empresas pequenas que


prestam apenas um dos dois serviços, água ou esgoto. Como era de se esperar, estas PSP
exibem um indicador menor. Considerando a média, este grupo apresenta um índice de
economias por funcionário próprio de 397 e um indicador de economias por funcionário
equivalente de 246.

322
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

GRÁFICO A3.4 - Economias por Funcionário em 2006 - Empresas


Pequenas com Serviço de Água ou Esgoto

724
700 677
659

Economias/Empregado 600

500
419
387
400 350
323 332 337
317
300 261 257
231 244 223 235
207
200 179 179
159
129
100

0
Guapimirim Carlinda ECOSAMA Guarantã do Matupá Sorriso Marcelândia Santa Carmem União do Sul Itapema Araújos
Norte

Ec. por Pessoal Próprio Ec. por Pessoal Equivalente


Média Ec. por Pessoal Próprio Média Ec. por Pessoal Equivalente

Fonte: Elaboração dos Autores.

De modo geral, pode-se concluir que as empresas grandes têm indicadores superiores
aos das empresas pequenas, sendo que estas, por sua vez, apresentam um desempenho
melhor do que aquelas que só prestam um serviço. Por outro lado, observa-se em todos os
segmentos a presença de terceirização dos trabalhos, refletindo uma queda considerável
dos indicadores de economias por funcionário equivalente em relação aos de economias por
funcionário próprio.

3.3. Incorporação de Indicadores de Qualidade

Os indicadores de economias por funcionário examinados e, em geral, todos os


indicadores de eficiência, sejam eles físicos ou monetários, estão influenciados pelos níveis
de qualidade do serviço que presta cada concessionária. Uma análise integral desta matéria
exigiria considerar as diferenças nos indicadores de qualidade existentes e seu possível
efeito sobre os índices de produtividade examinados. Porém, a informação recebida dos
concessionários sobre qualidade, e inclusive a existente no SNIS para estas PSP, além de
ser escassa, tem deficiências e inconsistências que tornam inviável a sua incorporação para
esta análise.

Outro aspecto que pode influenciar os indicadores analisados refere-se à cobertura do


tratamento de esgoto que tem cada PSP. É claro que dois casos semelhantes terão
indicadores de pessoal diferentes se um deles conta com tratamento de esgoto e o outro
não. Para fazer uma primeira aproximação deste fenômeno, tomou-se um índice que
representa a porcentagem de esgoto tratado sobre o total de água potável consumida, a
hipótese inicial que se tinha era que os casos com uma maior porcentagem de esgoto
coletado e tratado apresentariam menores índices de economias por funcionário do que
aqueles casos onde existe uma menor porcentagem de esgoto tratado. A relação entre
ambos os indicadores é apresentada na FIGURA abaixo.

323
FIGURA A3.1 - Relação entre Indicador de Economias por Funcionário
e Cobertura de Tratamento de Esgoto
para o ano de 2006 - Empresas Grandes¹

100%
% de Tratamento de Esgoto / Volume Água Consumida

Niterói

80%
PROLAGOS

Limeira
60%
Petrópolis
Cachoeiro de Itapemirim

40%
Campo Grande
0 100 200 300 400 500 600 700 800

Campos dos Goytacazes 20% Manaus

SANEATINS

Nova Friburgo 0%

-20%
Economias/Empregados Equivalentes

Fonte: Elaboração dos Autores.


Nota:¹ O tamanho da esfera indica o tamanho relativo segundo o número de economias.

Como sugere a FIGURA, considerando o indicador de cobertura absoluta de esgoto


coletado e tratado, não se registra evidência de que um menor índice de economias por
funcionário esteja associado a uma menor cobertura de tratamento. De fato, observa-se que
o comportamento, em muitos casos, é o contrário do esperado, ainda que, para uma análise
conclusiva, outras variáveis podem ser consideradas.

3.4. Análise da Evolução dos Indicadores de Perdas em Distribuição

Os resultados para a análise de tendência do indicador de perdas considerou como


referência o ano de início de operação da concessão. Adotou-se o indicador de perdas
percentuais em distribuição, pois tanto este, como o de volume de perdas por conexão, não
mostram diferenças nos seus resultados.

Dois casos foram destacados:

• Tendência Positiva: Correspondentes àquelas empresas que apresentam


aumentos ou deteriorações no indicador.
• Tendência Negativa: Correspondentes àquelas empresas que apresentam
diminuições ou melhoras no indicador.

A TABELA A3.5 mostra os resultados para a análise para empresas grandes e


pequenas.

324
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA A3.5 - Evolução Perdas Porcentuais em Distribuição

Tendência Grande Pequena TOTAL

2 1 3
Positiva (aumento)
20% 14% 18%

8 6 14
Negativa (diminuição)
80% 86% 82%

Total 10 7 17

Fonte: Elaboração dos Autores.

Em geral, observa-se que quatorze casos (82%) registraram diminuições no indicador,


o que evidencia uma redução nas perdas. Entre as empresas pequenas, seis casos (86%) -
Mairinque, Nova Xavantina, Pontes e Lacerda, União do Sul, Paranaguá e Araújos -
apresentaram melhoras. Entre as empresas grandes, oito casos (80%) - Manaus, Limeira,
PROLAGOS, Campo Grande, Petrópolis, Campos dos Goytacazes, Cachoeiro de Itapemirim
e Palmas (SANEATINS) - melhoraram sua situação.

O GRÁFICO A3.5 mostra os resultados da análise das diferenças nas perdas


percentuais médias antes e depois da PSP. Como se pode observar, dos nove casos com
informações disponíveis (Niterói, Petrópolis, Cachoeiro de Itapemirim, Nova Xavantina,
Pontes e Lacerda, Santa Carmem, Campo Grande, Manaus e Palmas (SANEATINS)), sete
(78%) registraram uma média de perdas menor do que antes da PSP, enquanto que Campo
Grande e Manaus apresentaram uma média de perdas maior do que na situação anterior.
Esta conclusão é consistente com os resultados de tendência examinados no item anterior.

GRÁFICO A3.5 - Antes e Depois da psp - Perdas Percentuais em Distribuição

2
22%

7
78%

Melhor Pior

Fonte: Elaboração dos Autores.

Tomando como referência os parâmetros internacionais, os percentuais de perdas


verificados no Brasil após a PSP (média de 37% do total da água produzida em 2006)

325
encontram-se nos níveis dos países em desenvolvimento (em torno de 35%), segundo o
Banco Mundial149.

Quanto ao comportamento das perdas nas empresas segundo seu tamanho, observa-
se que, em média, as perdas nas pequenas são menores do que nas grandes: enquanto as
primeiras registram um índice que em média é de aproximadamente 33%150, as demais
registram perdas de 41% do total de água produzida (Ver GRÁFICO A3.6 e A3.7). Estes
índices, em termos absolutos, equivalem a 259 litros por conexão-dia para as empresas
pequenas e 540 litros por conexão-dia para as empresas grandes. (Ver GRÁFICOS A3.8 e
A3.9).

Chama a atenção os altos volumes de perdas registrados por Nova Friburgo (55%),
Manaus (58%), Campo Grande (56%) e PROLAGOS (52%): todos eles apresentam
percentuais de perdas superiores a 50%, mesmo com níveis de macro e micromedição de
quase 100%. No entanto, Limeira apresenta um índice de perdas de aproximadamente 16%,
abaixo dos índices das demais empresas analisadas.

GRÁFICO A3.6 - Perdas PErcentuais em Distribuição - Empresas Grandes

60% 58% 56%


55% 52%
50%

40% 37% 35% 36%


29% 30%
30%

20% 16%

10%

0%
SANEATINS
Manaus

Goytacazes
Itapemirim

Petrópolis
Friburgo

Cachoeiro

Grande

PROLAGOS

Niterói
Limeira

Campo
Nova

Campos
de

dos

Perdas em % Perdas em % Média

Fonte: Elaboração dos Autores.

149
“The Challenge of Reducing Non-Revenue Water (NRW) in Developing Countries How the Private Sector Can Help: A
Look at Performance-Based Service Contracting”, Bill Kingdom, Roland Liemberger, y Philippe Marin. 2006.
150
Índice Perdas em Distribuição = (Volume de Água (Produzido Tratado Importado - de Serviço) - Volume de Água
Consumido)/ Volume de Água (Produzido Tratado Importado - de Serviço)

326
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

GRÁFICO A3.7 - Perdas PErcentuais em Distribuição - Empresas Pequenas

60%
48%
50%

40% 35% 37%


33% 34% 34%
30%
22%
19%
20%

10%

0%
Mairinque Nova Itapema Araújos Paranaguá Pontes e Santa União do
Xavantina Lacerda Carmem Sul

Perdas em % Perdas em % Média

Fonte: Elaboração dos Autores.

GRÁFICO A3.8 - Perdas em Distribuição por Ligação - Empresas Grandes

1,400 1,312
1,200
L/Ligação/Dia

1,000
753 792
800 643 693
600
400 311 328
262
199
200 115

SANEATINS
PROLAGOS

Goytacazes

Manaus
Grande
Niterói

Itapemirim
Limeira

Friburgo

Cachoeiro

Campo
Petrópolis

Nova
Campos

de
dos

Perdas em L/Lig/Dia Perdas em L/Lig/Dia Média

Fonte: Elaboração dos Autores.

GRÁFICO A3.9 - Perdas em Distribuição por Ligação - Empresas Pequenas


393
400
363
350 331

300 284
266
241
L/Ligação/Dia

250

200

150
105
89
100

50

0
Mairinque

Xavantina

Itapema

União do
Araújos

Paranaguá

Pontes e

Carmem
Lacerda

Santa
Nova

Sul

Perdas em L/Lig/Dia Perdas em L/Lig/Dia Média

Fonte: Elaboração dos Autores.

327
Os resultados relativos ao cumprimento das metas deste indicador são apresentados a
seguir. São poucos os casos em que existem este tipo de meta nos contratos - apenas seis.
Em alguns casos adicionais, existem também metas de perdas máximas, mas as mesmas
estão situadas em anos muito posteriores a 2006.

GRÁFICO A3.10 - Perdas em Distribuição e Metas Contratuais 2006

SANEATINS* 29%
20%

Campo Grande* 56%


28%

União do Sul 34%


25%

Santa Carmem 34%


17%

Pontes e Lacerda 19%


33%

PROLAGOS 52%
30%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

Metas Contratuais Perdas em Distribuição 2006

Fonte: Elaboração dos Autores.


* Saneatins: a meta corresponde ao ano de 2008 e Campo Grande a meta corresponde a 2010.

Como se pode observar, só uma das seis empresas examinadas registrou perdas
menores às impostas pelo contrato de concessão, no período analisado. As cinco restantes
não cumpriram com as metas estabelecidas.

3.5. Conclusão

Os resultados da análise de economias por funcionário evidenciam que, em relação à


evolução dos indicadores, a maior parte deles apresenta melhora no seu desempenho, tanto
nas empresas grandes, quanto nas pequenas. Esta melhora também fica evidenciada no
indicador de perdas em distribuição, em que 82% dos casos com informação disponível
exibiram uma tendência decrescente para o período posterior a PSP, o que também está
confirmado nas análises de antes e depois.

Por outra parte, em termos dos níveis de produtividade, é possível constatar que, em
geral, as empresas grandes gozam de um melhor desempenho do que as empresas
pequenas, as quais, por sua vez, apresentam melhor desempenho do que outras igualmente
pequenas, mas que só prestam um serviço. Considerando os funcionários próprios, as
empresas grandes possuem uma média de 631 economias por funcionário, as pequenas
com água e esgoto, 471, e as pequenas com só um serviço, 397. Por outro lado, no
referente aos funcionários equivalentes, as empresas grandes apresentam um indicador
médio de 391 economias por funcionário, as pequenas de 304 e as pequenas com apenas
um serviço exibem um indicador de 246. Neste sentido, conclui-se que existe um alto grau
de terceirização dos trabalhos.

Para o indicador de perdas em distribuição, observa-se que, em média as perdas


associadas às empresas pequenas são menores do que nas grandes. Enquanto que as
primeiras registram perdas de aproximadamente 33% do volume produzido, as demais
registram perdas de 41%.

328
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

329
TABELA A3.6- Economias por Funcionário Próprio
Crescimento Tendência Número
Tendência
Municipio -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Médio Anual de Empregados
Depois
c/r ao Ano de Início Próprios Depois
Guará 468 492 849 850 772 760 Crescente 11.6% Negativa
Limeira 632 649 718 815 876 888 900 904 891 876 Crescente 4.8% Negativa
Mairinque 272 292 318 329 337 354 373 393 Crescente 6.7% Negativa
Mineiros do Tietê
Mirassol
ECOSAMA 1077 1033 821 724 Decrescente -11.5% Positiva
CAJ 258 296 268 314 297 266 Crescente 0.7% Positiva
PROLAGOS 511 351 472 523 479 455 476 429 401 Decrescente -0.1% Positiva
Campos dos Goytacazes 427 479 569 612 622 630 652 Crescente 8.7% Negativa
Guapimirim 81 97 142 176 175 179 Crescente 25.0% Negativa
Niterói 756 768 740 732 710 825 981 Crescente 4.0% Positiva
Petrópolis 260 637 599 581 612 656 693 705 726 715 Crescente 2.9% Positiva
Nova Friburgo 324 369 443 440 434 451 484 515 Crescente 6.5% Negativa
Cachoeiro de Itapemirim 242 239 320 478 477 478 494 525 537 538 552 Crescente 5.3% Negativa
Carlinda 190 235 231 Decrescente -1.9% Positiva
Cláudia 523 360 385 387 Crescente 3.8% Positiva
Guarantã do Norte 157 213 230 250 251 244 Crescente 8.9% Positiva
Matupá 171 187 234 302 350 Crescente 44.5% Negativa
Nobres 340
Primavera do Leste 707 773 Crescente 5.7% Negativa
Sorriso 687 748 699 661 638 644 659 Decrescente -1.8% Positiva
Arenápolis
Juscimeira
Marcelândia 184 377 387 Crescente 90.5% Negativa
Nova Xavantina 368 293 224 211 254 Decrescente -9.4% Positiva
Pontes e Lacerda 300 433 530 Crescente 14.4% Positiva
Santa Carmem 323

330
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Crescimento Tendência Número


Tendência
Municipio -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Médio Anual de Empregados
Depois
c/r ao Ano de Início Próprios Depois
União do Sul 361 257 Decrescente -9.1% Positiva
Campo Grande 525 541 567 610 679 767 771 775 875 864 834 702 Crescente 0.1% Positiva
Itapema 671 677 Crescente 0.9% Negativa
Araújos 654 661 620 337 Decrescente -12.2% Positiva
Bom Sucesso 2317 2337 736 284 Decrescente -29.9% Positiva
Paraguaçu 984 662 509 491 491 443 267 Decrescente -11.2% Positiva
Paranaguá 339 354 400 497 429 353 358 384 402 Crescente 0.5% Positiva
Manaus 544 590 598 602 692 Crescente 6.4% Negativa
SANEATINS 137 205 269 229 215 208 192 191 198 211 227 Crescente 2.3% Positiva

331
TABELA A3.7- Economidas por Funcionário Equivalente
Crescimento Tendência Número
Tendência
Municipio -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Médio Anual de Empregados
Depois
c/r ao Ano de Início Equivalentes Depois
Guará 443 404 438 582 558 285 Decrescente -0.3% Positiva
Limeira 523 452 522 569 639 748 741 657 696 618 Crescente 4.8% Negativa
Mairinque 244 231 259 234 247 267 271 285 Crescente 2.8% Negativa
Mineiros do Tietê
Mirassol
ECOSAMA 826 566 419 Decrescente -20.1% Positiva
CAJ 221 221 206 261 233 205 Crescente 0.3% Positiva
PROLAGOS 167 234 324 313 448 337 305 305 Crescente 7.9% Positiva
Campos dos Goytacazes 316 370 411 358 422 352 334 Crescente 0.3% Positiva
Guapimirim 61 32 53 101 109 129 Crescente 48.5% Negativa
Niterói 502 345 361 422 499 370 449 Crescente 0.3% Positiva
Petrópolis 214 483 410 429 398 356 515 515 421 465 Crescente 1.0% Positiva
Nova Friburgo 221 329 390 397 293 278 267 330 Crescente 0.0% Positiva
Cachoeiro de Itapemirim 149 148 215 414 455 456 431 422 392 427 393 Crescente 2.7% Negativa
Carlinda 158 195 207 Crescente 6.6% Positiva
Cláudia 288 360 293 293 Decrescente -9.6% Positiva
Guarantã do Norte 80 126 173 212 219 179 Crescente 21.8% Positiva
Matupá 125 137 174 227 261 Crescente 47.8% Negativa
Nobres 328
Primavera do Leste 354 433 Crescente 20.1% Negativa
Sorriso 292 389 185 348 360 317 Crescente 2.0% Positiva
Arenápolis
Juscimeira
Marcelândia 168 223 Crescente 19.5% Negativa
Nova Xavantina 354 209 175 207 Decrescente -12.4% Positiva
Pontes e Lacerda 198 382 508 Crescente 30.1% Negativa
Santa Carmem 159

332
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Crescimento Tendência Número


Tendência
Municipio -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Médio Anual de Empregados
Depois
c/r ao Ano de Início Equivalentes Depois
União do Sul 304 Positiva
Campo Grande 525 195 259 229 281 497 526 355 459 319 Decrescente -0.7% Positiva
Itapema 332
Araújos 371 359 365 235 Decrescente -9.3% Positiva
Bom Sucesso 1699 1627 382 158 Decrescente -31.8% Positiva
Paraguaçu 498 308 228 267 243 233 168 Decrescente -10.1% Positiva
Paranaguá 189 207 193 329 227 184 223 179 257 Crescente 0.8% Positiva
Manaus 344 375 354 384 426 Crescente 5.5% Negativa
SANEATINS 109 93 193 228 169 160 135 118 153 123 184 Crescente 2.4% Positiva

333
TABELA A3.8- Funcionário Próprio

Municipio -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Tendência

Limeira 220 218 206 192 186 189 192 195 203 211 Negativa
Niterói 307 329 366 381 402 357 307 Positiva
Manaus 499 493 509 518 470 Negativa
SANEATINS 634 650 547 540 696 796 915 1,097 1,222 1,264 1,252 1,246 Positiva
Guará 6 22 23 14 14 16 16 Negativa
Mairinque 64 60 56 56 56 54 53 52 Negativa
Mineiros do Tietê
Mirassol
ECOSAMA 74 80 106 129 Positiva
CAJ 202 139 132 160 143 149 161 171 193 Positiva
PROLAGOS 114 220 195 187 219 256 306 361 380 Positiva
Campos dos Goytacazes 297 268 235 231 236 239 239 Negativa
Guapimirim 57 48 33 26 27 28 Negativa
Petrópolis 300 144 156 168 165 158 156 160 162 168 Positiva
Nova Friburgo 301 272 234 238 242 233 219 209 Negativa
Cachoeiro de Itapemirim 320 337 269 191 200 205 204 195 193 197 196 Negativa
Carlinda 5 5 6 6 Positiva
Cláudia 4 7 7 8 Positiva
Guarantã do Norte 10 12 14 16 18 19 Positiva
Matupá 10 10 10 9 8 Negativa
Sorriso 9 10 13 16 19 20 21 Positiva
Nobres 9
Primavera do Leste 16 16 Negativa
Arenápolis
Juscimeira
Marcelândia 11 6 6 Negativa
Nova Xavantina 13 17 23 25 21 Positiva

334
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Municipio -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Tendência

Pontes e Lacerda 14 15 16 17 16 16 Positiva


Santa Carmem 3
União do Sul 2 3 Positiva
Campo Grande 329 326 318 308 289 288 290 269 247 261 284 357 Positiva
Itapema 40 40 Negativa
Araújos 11 11 12 23 Positiva
Bom Sucesso 4 4 13 35 Positiva
Paraguaçu 9 14 18 20 21 24 40 Positiva
Paranaguá 104 102 92 83 98 116 117 112 111 Positiva

335
TABELA A3.9- Funcionário Equivalente

Municipio -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Tendência

Limeira 266 312 283 274 254 224 233 268 259 298 Negativa
Niterói 462 732 750 660 572 795 670 Positiva
Manaus 788 774 859 812 765 Negativa
SANEATINS 662 815 1,200 750 700 1,015 1,190 1,559 1,974 1,635 2,151 1,539 Positiva
Guará 12 23 27 27 20 21 43 Positiva
Mairinque 71 76 69 78 76 72 72 71 Negativa
Mineiros do Tietê
Mirassol
ECOSAMA 100 154 222 Positiva
CAJ 163 176 208 172 189 208 248 272 Positiva
PROLAGOS 463 391 301 335 260 432 507 499 Positiva
Campos dos Goytacazes 402 346 326 395 347 428 466 Positiva
Guapimirim 76 146 87 46 43 38 Negativa
Petrópolis 365 190 228 227 253 291 210 219 279 258 Positiva
Nova Friburgo 442 305 266 264 358 378 396 326 Positiva
Cachoeiro de Itapemirim 520 544 398 220 209 215 234 242 264 248 275 Negativa
Carlinda 6 5 7 7 Positiva
Cláudia 7 7 9 10 Positiva
Guarantã do Norte 20 19 18 19 21 26 Positiva
Matupá 14 14 13 11 11 Negativa
Sorriso 26 23 57 34 36 44 Positiva
Nobres 9
Primavera do Leste 32 29 Negativa
Arenápolis
Juscimeira
Marcelândia 12 10 Negativa
Nova Xavantina 14 24 30 26 Positiva

336
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Municipio -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Tendência

Pontes e Lacerda 21 17 19 19 18 17 Negativa


Santa Carmem 6
União do Sul 2 16 Positiva
Campo Grande 329 906 695 818 794 419 411 633 516 784 Positiva
Itapema 82
Araújos 19 20 20 32 Positiva
Bom Sucesso 5 6 25 62 Positiva
Paraguaçu 18 29 40 36 41 45 63 Positiva
Paranaguá 187 174 191 125 185 221 188 240 174 Positiva

337
TABELA A3.10- Perdas em Distribuição

Municipio -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Tendência Depois

Guará
Limeira 17% 30% 28% 30% 28% 18% 18% 18% 17% 16% Decrescente
Mairinque 48% 44% 46% 41% 35% 39% 35% 33% Decrescente
Mineiros do Tietê*
Mirassol*
ECOSAMA*
CAJ 18% 28% 30% 42% 39% 62% 63% 62% Crescente
PROLAGOS 67% 60% 64% 47% 49% 59% 52% Decrescente
Campos dos Goytacazes 39% 48% 44% 38% 36% 33% 30% Decrescente
Guapimirim*
Niterói 52% 50% 36% 30% 31% 34% 37% 35% 35% Crescente
Petrópolis 51% 35% 37% 29% 34% 34% 25% 21% 21% 36% Decrescente
Nova Friburgo 51% 57% 44% 43% 59% 61% 55% 55% Crescente
Cachoeiro de Itapemirim 52% 36% 39% 42% 39% 38% 40% 37% 37% 37% Decrescente
Carlinda* 77%
Cláudia
Guarantã do Norte*
Matupá*
Nobres*
Primavera do Leste
Sorriso*
Arenápolis*
Juscimeira*
Marcelândia*
Nova Xavantina 63% 53% 55% 59% 35% Decrescente
Pontes e Lacerda 59% 58% 56% 35% 26% 30% 26% 19% 19% Decrescente
Santa Carmem* 70% 61% 63% 34%
União do Sul* 67% 34% Decrescente
Campo Grande 50% 48% 53% 55% 55% 57%
56% 51% 54% 55% 56% Decrescente
Itapema* 37%
Araújos* 27% 16% 22% Decrescente
Bom Sucesso 31% 30% 30% 35% Crescente
Paraguaçu
Paranaguá 66% 68% 68% 62% 67% 66% 40% 48% 48% Decrescente
Manaus 70% 65% 67% 55% 72% 70% 71% 58% 58% Decrescente

338
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Municipio -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Tendência Depois

SANEATINS 54% 43% 43% 45% 31% 43% 36% 32% 30% 41% 29% Decrescente
Guará
Limeira 17% 30% 28% 30% 28% 18% 18% 18% 17% 16% Decrescente
Mairinque 48% 44% 46% 41% 35% 39% 35% 33% Decrescente
Mineiros do Tietê
Mirassol
ECOSAMA
CAJ 18% 28% 30% 42% 39% 62% 63% 62% Crescente
PROLAGOS 67% 60% 64% 47% 49% 59% 52% Decrescente
Campos dos Goytacazes 39% 48% 44% 38% 36% 33% 30% Decrescente
Guapimirim
Niterói 52% 50% 36% 30% 31% 34% 37% 35% 35% Crescente
Petrópolis 51% 35% 37% 29% 34% 34% 25% 21% 21% 36% Decrescente
Nova Friburgo 51% 57% 44% 43% 59% 61% 55% 55% Crescente
Cachoeiro de Itapemirim 52% 36% 39% 42% 39% 38% 40% 37% 37% 37% Decrescente
Carlinda* 77%
Cláudia
Guarantã do Norte*
Matupá
Nobres
Primavera do Leste
Sorriso
Arenápolis
Juscimeira
Marcelândia
Nova Xavantina 63% 53% 55% 59% 35% Decrescente
Pontes e Lacerda 59% 58% 56% 35% 26% 30% 26% 19% 19% Decrescente
Santa Carmem 70% 61% 63% 34%
União do Sul 67% 34% Decrescente
Campo Grande 50% 48% 53% 55% 55% 57% 56% 51% 54% 55% 56% Decrescente
Itapema 37%
Araújos 27% 16% 22% Decrescente

339
Municipio -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Tendência Depois

Bom Sucesso 31% 30% 30% 35% Crescente


Paraguaçu
Paranaguá 66% 68% 68% 62% 67% 66% 40% 48% 48% Decrescente
Manaus 70% 65% 67% 55% 72% 70% 71% 58% 58% Decrescente
SANEATINS 54% 43% 43% 45% 31% 43% 36% 32% 30% 41% 29% Decrescente

340
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ANEXO 4 - Análise de Indicadores Financeiros e de Endividamento das PSP e


Quantificação dos Investimentos e Fontes de Financiamento

Foram analisadas 33 empresas, 23 sobre a base das demonstrações financeiras (das


quais nove estão auditadas por auditores externos), e 10 com base no formulário de
solicitação de antecedentes preenchidos pelos operadores.

Das 23 empresas que apresentaram as demonstrações financeiras, 22 delas


completaram o formulário de solicitação de antecedentes, cuja comparação revelou que a
totalidade destes apresenta diferenças com os dados contidos nos balanços e/ou
demonstrações de resultados (cujo detalhe por empresa é descrita no ponto 4). Esta
constatação não dá confiabilidade à informação contida nos formulários. Considerou-se 10
empresas cuja única fonte de informação é o formulário de solicitação de antecedentes
preenchido pelos operadores, por corresponder aos casos qualificados como emblemáticos.

Por outro lado, das 33 empresas consideradas na análise, três possuem contratos
denominados BOT (Build-Operate-Tranfer), a saber, Cajamar, Companhia Matonense de
Saneamento e Jundiaí, mas que foram excluídas da análise global, dado que estes
contratos apresentam características distintas de um contrato de concessão Porém, foram
analisados individualmente.

Nos casos das empresas de Santa Carmem, União do Sul e Serviços de Tratamento
de Água e Esgoto (SETAE), a informação contida nas demonstrações financeiras não foi
considera pertinentente para a análise, já que os balanços das duas primeiras mostram um
patrimônio líquido negativo nos últimos três anos e a informação do SETAE apresenta
inconsistências importantes entre os dados de receitas e gastos contidos nos documentos
impressos recebidos (Demonstrações de Resultados dos anos de 2004 e 2006) e os
registrados no formulário de solicitação de antecedentes, além de diferenças entre as somas
totais de ativos no balanço de 2003 das partidas do passivo que não estão corretamente
classificadas de acordo com o prazo da dívida. Por esta razão, estes três casos foram
excluídos da análise global, porém analisados individualmente os aspectos permitidos pela
informação disponível.

Além disso, a empresa Prolagos será considerada como uma só na forma consolidada
para a análise global, devido aos dados individuais por município contidos no formulário, a
maioria das partidas correspondem a distribuições dos valores consolidados. Situação
similar se apresenta no caso de Juturnaíba.

Em conseqüência, para a análise global, foram consideraradas 23 empresas151, sendo


18 sobre a base das demonstrações financeiras e 5 somente sobre os dados contidos no
formulário de solicitação de antecedentes preenchido pelos operadores, informação que foi
complementada com os dados contidos no sistema do SNIS. Os dados disponíveis
compreendem total ou parcialmente o período desde o início das operações de cada
empresa até o ano de 2006.

151
Exclui-se da análise global aquelas empresas com concessão BOT e aquelas com informação inconsistente.

341
4.1- Análise Global: Impacto no Desempenho Operacional das Empresas

Em conjunto, as 23 empresas consideradas para a análise global apresentam dados


para 145 períodos anuais152. Em 127 destes períodos, apresenta-se a informação do
resultado líquido, dos quais 56,7% mostram resultados positivos. Seis das 23 empresas têm
resultados positivos em todos os anos de operação. Estas empresas são as seguintes:
Guariroba, Cláudia, Cachoeiro de Itapemirim, Mauá, Niterói e Paraíba. As últimas quatro
empresas mencionadas apresentam resultados positivos ascendentes nos últimos três anos,
situação na qual também se encontram Sorriso, Imperador e Guará. Em compensação,
Guarantã, Juturnaíba e Prolagos apresentam perdas nos últimos três anos. O número de
empresas com resultados líquidos negativos nos últimos anos foi de sete no ano de 2004,
cinco no ano de 2005 e de seis no ano de 2006.

Por outro lado, 61% das 23 empresas têm um resultado operacional positivo em todos
os anos e 81% do total dos períodos com informação de resultado operacional, este é
positivo. A soma do resultado operacional médio dos últimos três anos é de R$201,3
milhões, expresso a preços de 2007, o qual equivale a uma rentabilidade de 9,6% sobre a
soma do ativo total médio das 23 empresas.

Adicionalmente, cabe assinalar que a única empresa que apresenta um valor negativo
no EBITDA médio dos últimos três anos é a Prolagos. Em média o EBITDA dos últimos três
anos das empresas é de R$12,8 milhões a preços de 2007, o que equivale em média a
42,5% das receitas líquidas153 faturadas.

4.1.1. Impacto no Desempenho Financeiro das Empresas

A relação de liquidez corrente (ativo circulante/passivo circulante) média nos últimos


três anos foi de 1,0 oscilando entre 0,8 em 2004, 1,0 em 2005 e 1,2 em 2006. Cinco
empresas têm um índice de liquidez média menor que 0,5; oito entre 0,5 e 1; oito entre 1 e
2; e duas maiores que 2.

A análise dos indicadores de endividamento foi feito considerando 19 empresas 154. O


grau de endividamento médio em relação ao ativo total das empresas nos últimos três
anos,(2004 a 2006) foi de 61%. Das empresas consideradas, três têm um endividamento
médio inferior a 50% do ativo total; treze entre 50% e 75% e três maiores que 75%. Por
outro lado, o grau de endividamento médio em relação ao patrimônio das empresas, no
mesmo período de tempo, é de 193%. Duas empresas têm um endividamento inferior a
100% do patrimônio; dez entre 100% e 250% e cinco empresas acima de 250%. Amazonas
apresenta um endividamento médio de 19,1%, enquanto que Mairinque alcança 306% e
Carlinda 319%.

A proporção de passivo circulante em relação ao passivo exigível médio nos últimos


três anos foi de 50%. Quatro empresas têm uma proporção de passivo circulante médio
inferior a 25% do total do passivo exigível, seis entre 25% e 50%; seis entre e 50% e 75% e
três uma proporção maior que 75%. No caso de Carlinda 100% do Passivo Exigível
correspondem ao Passivo Circulante.

152
Os períodos e as empresas para as quais não há informação dentro do período de análise considerado - entre os anos
de 2004 a 2006 - são os seguintes: Itapema 2004, Ribeirão Preto 2006, Carlinda 2004, Mairinque 2006 e Palmas 2004.
153
As Receitas Líquidas correspondem às Receitas Brutas menos os impostos.
154
Não foram incluídos os dados das empresas de Itapema, Ribeirão Preto, Primavera do Leste e da empresa Prolagos por
apresentarem valores fora de faixa e duvidosos. Também foram desconsideradas as seguintes informações: Guarantã
2006 e Guará 2004 por apresentarem patrimônios negativos.

342
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

O endividamento a longo prazo equivale a três anos do EBITDA médio das empresas
nos últimos três anos. Em nove empresas, o passivo a longo prazo equivale a menos de
dois anos no EBITDA médio, em sete, a mais de dois anos e menos de cinco, e em três, a
mais de cinco anos. Estas últimas correspondem a Guarantã, Águas de Juturnaíba e Pontes
e Lacerda.

4.1.2. Impacto nos Investimentos

O conjunto das 23 empresas consideradas realizaram investimentos que totalizaram


R$1.381,4 milhões a preços de 2007, com uma média de R$60,1 milhões por empresa.
Destes investimentos, considerando a fonte de financiamento, em média, 50,4% com
recursos próprios e o restante mediante empréstimos.

A empresa que registra o maior valor de investimento total é Prolagos com R$334,8
milhões, seguida de Palmas com R$223,7 milhões e Guariroba com R$136,3 milhões. As
empresas com menores valores de investimento são Guará (R$294 mil), Cláudia (R$188
mil), Matupá (R$152 mil) e Carlinda (R$56 mil).

A análise do investimento realizado pelas empresas em relação à população dos


municípios atendidos mostra que em média o investimento por habitante155 é de R$22,3 mil.
A empresa que registra um maior investimento per capita é Itapema com R$1,09 milhão,
seguida de Prolagos com R$1,06 milhão e Palmas com R$1,03 milhão. As empresas com
menor investimento per capita são Guará (R$14 mil), Primavera e Matupá (R$13 mil cada
uma).

4.2. Análise por Empresa

4.2.1. Águas de Itapema S.A.

Fonte: Demonstrações Financeiras auditadas nos anos de 2005 e 2006.

Os dados que foram informados no formulário respondido a partir dos balanços


possuem diferenças com os dados contidos nas demonstrações financeiras auditadas,
conforme demonstrado a seguir.

Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional da empresa foi positivo nos anos de 2005 e 2006 (R$3,0
milhões e R$2,5 milhões, respectivamente, a preços correntes), o que, em relação ao ativo
total, diminuiu de 26,1% no ano de 2005 para 4,7% em 2006.

O resultado líquido do ano de 2005 foi positivo (R$2,7 milhões) e o de 2006 foi
negativo (R$3,5 milhões) devido ao impacto de custo do serviço de intermediação financeira
para a colocação das Cédulas de Crédito Bancário (R$4 milhões). A rentabilidade em
155
O investimento por habitante de cada empresa foi calculado dividindo o valor atualizado do total de seus investimentos
acumulados em 2006 pela população urbana (ou o total da população, segundo corresponda) dos municípios atendidos no
ano de 2006. No caso da Ambient consideraram-se os dados de população de 2005, já que a informação de seus
investimentos inclui somente até este ano.

343
relação ao patrimônio inicial foi positiva no ano de 2005 (233,3%) e negativa no ano de 2006
(-91,5%).

O EBITDA foi positivo para ambos os anos, mas diminuiu de R$3,04 milhões em 2005
para R$2,8 milhões no ano de 2006 a preços correntes. Estes valores representam 42,8%,
em 2005, e 35,5%, em 2006, das Receitas Líquidas.

Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente (ativo circulante/passivo circulante) passou de 0,2 no


ano 2005 para 4,7 em 2006. O valor do ano de 2006 é excepcionalmente elevado, pois
dentro das disponibilidades deste ano FIGURAm os recursos obtidos com a colocação das
Cédulas de Crédito Bancário para financiar o programa de investimentos do ano de 2007.

O grau de endividamento em relação ao ativo total incrementou-se de 66,5% no ano


de 2005 para 95,5% no ano de 2006, como conseqüência da emissão de Cédulas de
Crédito Bancário num valor de R$43 milhões, com uma taxa de juros anual de 10,5% a 11%
e correção monetária indexada com base no IGPM, a ser pago em 129 meses, a partir de
maio de 2008. O grau de endividamento em relação ao patrimônio incrementou-se de
199,6% no ano de 2005 para 2.098,9% no ano de 2006. A proporção de passivo circulante
em relação ao passivo exigível total diminuiu de 79,4% para 5,8%. A relação da dívida em
função das Receitas Líquidas aumentou de 108,0% no ano de 2005 para 635,1% em 2006.
O endividamento de longo prazo existente ao final do ano de 2006 equivale a 15,8 anos de
EBITDA médio da empresa nos anos de 2005 e 2006.

Impacto nos Investimentos

De acordo com os dados contidos na nota 4 das demonstrações financeiras do ano de


2006, a empresa realizou investimentos num total de R$35,7 milhões a preços correntes .
Destes investimentos, a principal fonte de financiamento foi empréstimos (91,8%) e o
restante com recursos próprios, segundo deduz-se da análise das demonstrações
financeiras. O investimento realizado pela empresa equivale a R$1,09 milhão por habitante
a preços de 2007.

O investimento médio anual realizado pela empresa equivale a 2,4 vezes as receitas
anuais líquidas médias do período analisado.

4.2.2. Águas de Paranaguá S.A.

Fonte: Demonstrações financeiras auditadas dos anos de 2005 e 2006 e dos dados
contidos no formulário de resposta à solicitação de informação dos anos de 1998 a 2006.

Existem diferenças nos dados de demonstrações de resultado informadas no


formulário respondido pelo operador dos anos de 2005 e 2006 e que estão detalhados a
seguir.

344
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional da empresa foi positivo nos últimos 3 anos (2004-2006) e


alcançou R$10,6 milhões em 2004, R$6,2 milhões em 2005 e R$6,4 milhões em 2006 a
preços correntes . Em relação ao ativo total, o resultado oscilou entre 42,4% no ano de
2004, 24,0% em 2005 e 25,8% em 2006.

O resultado líquido também foi positivo nos três anos, com uma média de R$3,7
milhões a preços de 2007, e a rentabilidade em relação ao patrimônio inicial de cada ano
oscilou entre 27,8% no ano de 2004, 25,3% no ano de 2005 e 24,6% no ano de 2006.

O EBITDA foi positivo para os três anos: diminuiu de R$12,1 milhões em 2004 para
R$7,8 milhões no ano de 2005 e aumentou para R$8,7 milhões em 2006 a preços
correntes., Estes valores representam 76,0%, no ano de 2004, 44,7% em 2005, e 47,3% em
2006, das Receitas Líquidas.

Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente oscilou ao redor de 0,55 nos últimos três anos, o que
significa que a empresa não dispõe de recursos realizáveis suficientes para cobrir suas
dívidas de curto prazo.

O grau de endividamento em relação ao ativo total reduziu-se nos últimos 5 anos de


60,6% no ano 2002 para 31,9% no ano 2006 e com relação ao patrimônio está diminuindo
progressivamente nos últimos 8 anos passando de 307,8% no ano de 1999 para 46,8% no
ano de 2006. A proporção de passivo circulante em relação ao passivo exigível total
apresentou um crescimento de 18,3% no ano de 2002 para 61,1% em 2006. A relação
Dívida/Receitas Líquidas foi variável e oscilou entre 76,0% em 2004, 44,7% em 2005 e
47,3% em 2006. O endividamento de longo prazo existente ao final do ano de 2006 equivale
a menos de um ano do EBITDA médio da empresa nos últimos três anos.

Impacto nos Investimentos

De acordo com os dados contidos na nota 4 das demonstrações financeiras do ano de


2006, a empresa realizou investimentos totais de R$31 milhões a preços correntes Quanto
às fontes de financiamento, 42,3% foram realizados com empréstimos, 32,9% com aumento
de capital e 24,8% com recursos provenientes da operação, segundo deduz-se da análise
das demonstrações financeiras dos últimos dois anos em conjunto com os dados contidos
no formulário respondido pelo operador. O investimento realizado pela empresa equivale a
R$338 mil por habitante a preços de 2007.

O investimento anual médio realizado pela empresa equivale a 0,4 vezes as receitas
líquidas anuais médias do período analisado.

4.2.3. Águas de Guariroba S.A.

Fonte: Demonstrações financeiras auditadas dos anos de 2004, 2005 e 2006 e


formulário preenchido pelo operador nos anos de 2001 a 2006.

345
Os dados referentes à demonstração de resultados informados no formulário
respondido possuem diferenças com os dados contidos nas demonstrações financeiras
auditadas.

Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional da empresa foi positivo nos três anos analisados de R$23,7
milhões em 2004; R$32,1 milhões em 2005 e R$24,9 milhões em 2006 a preços correntes.
Em relação ao ativo total, esses resultados oscilaram de 9,6% no ano de 2004, para 13,3%
em 2005 e para 8,7% em 2006.

O resultado líquido também foi positivo nos três anos, com uma média de R$7,8 a
preços de 2007, e a rentabilidade em relação ao patrimônio inicial de cada ano tem oscilado
entre 9,3% no ano de 2004; 17,3% no ano 2005 e 8,7% no ano de 2006.

O EBITDA foi positivo para os três anos, aumentou de R$33,0 milhões em 2004 para
R$40,7 milhões no ano de 2005 e diminuiu para R$34,2 milhões em 2006 a preços
correntes. Estes valores representam 39,9% no ano de 2004, 45,7% em 2005 e 33,2% em
2006 das Receitas Líquidas.

Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente oscilou entre 0,7 e 0,8 nos últimos 3 anos, o que
significa que os ativos circulantes cobrem parcialmente as dívidas de curto prazo.

O grau de endividamento em relação ao ativo total manteve-se relativamente estável,


oscilando entre 72,9% no ano de 2005 e 76,3% no ano de 2006. O empréstimo de maior
valor tem uma taxa de juros de 13,2% anual indexado com base no IGPM. A proporção do
passivo circulante em relação ao passivo exigível total também está relativamente estável
entre 21% e 23%. A relação de Dívida/Receitas Líquidas foi variável e oscilou entre 225,6%
em 2004, 197,7% em 2005 e 212,8% em 2006. O endividamento de longo prazo existente
ao final do ano 2006 equivale a 4,5 anos do EBITDA médio da empresa nos últimos três
anos. O grau de endividamento em relação ao patrimônio reduziu-se de 306,2% no ano
2004 para 269,3% no ano de 2005, para logo aumentar no ano de 2006 (321,8%) pelo
incremento do passivo, tanto de curto, como de longo prazo.

Impacto nos Investimentos

De acordo com os dados contidos na nota 6 das demonstrações financeiras do ano de


2006, a empresa realizou investimentos totais de R$114 milhões a preços correntes .
Quanto às fontes de financiamento, 73,9% foram realizadas por meio de empréstimos,,
24,2% com recursos provenientes da operação e 1,9% com aumento de capital, segundo
deduz-se da análise das demonstrações financeiras. O investimento realizado pelas
empresas equivale a R$181.000,00 por habitante a preços de 2007.

O investimento anual médio realizado pela empresa equivale a 0,2 vezes as receitas
líquidas anuais médias do período analisado.

346
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

4.2.4. Águas de Guarantã Ltda.

Fonte: Balanços e demonstrações de resultados não auditadas dos anos de 2001 a


2006, faltando o ano de 2003, já que os dados recebidos desse ano correspondem ao
balancete de 30 de abril, formulário preenchido pelo operador dos anos de 2001, 2002,
2004, 2005 e 2006

O formulário preenchido pelo concessionário contém somente os dados financeiros


proporcionados pelo SNIS dos anos de 2004 e 2005, e os deste último ano repetem os
dados do ano de 2004.

Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional da empresa foi positivo nos três anos analisados, ainda que
com uma tendência decrescente (R$149 mil em 2004; R$142 mil em 2005 e R$84 mil em
2006 em a preços correntes). Em relação ao ativo total, oscilou entre 3,2% nos anos de
2004 e 2005 e 2% em 2006.

O resultado líquido, em compensação, foi negativo nos três anos e ascendente (-


R$269 mil em 2004, -R$62 mil em 2005 e -R$18 mil em 2006) no qual o patrimônio líquido
da empresa reduziu-se a uma cifra negativa no ano de 2006 (-R$2 mil).

O EBITDA foi positivo para os três anos, aumentou de R$341 mil em 2004 para R$372
mil no ano de 2005 e diminuiu para R$312 mil em 2006 a preços correntes. Estes valores
representam 37,6% no ano 2004, 34,0% em 2005 e 26,2% em 2006 das Receitas Líquidas.

Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente oscilou entre 0,16 no ano de 2004 e 0,08 no ano de
2006, o que significa que a empresa praticamente não dispõe de recursos realizáveis para
cobrir suas dívidas de curto prazo.

O grau de endividamento em relação ao ativo total aumentou de 98,3% no ano de


2004 para 100% no ano de 2006. O grau de endividamento em relação ao patrimônio
alcançou cifras incomuns, o que faz presumir a existência de erros nos dados. A proporção
de passivo circulante em relação ao passivo exigível total foi reduzida de 19,0% no ano de
2004 para 15,2% no ano de 2006. A dívida em relação às Receitas Líquidas foi decrescente,
passando de 508,4% em 2004, para 410,9% em 2005 e para 361,0% no ano de 2006. O
endividamento de longo prazo existente ao final do ano de 2006 equivale a 10,1 anos do
EBITDA médio da empresa nos últimos três anos.

Impacto dos Investimentos

De acordo com os dados contidos na discriminação do Balanço do ano de 2006, a


empresa realizou investimentos totais de R$4,5 milhões a preços correntes . Quanto às
fontes de financiamento, 93,5% foram realizadas por meio de empréstimos, 2,1% com
recursos provenientes da operação e 4,3% com aumento de capital, segundo deduz-se da
análise das demonstrações financeiras. O investimento realizado pela empresa equivale a
R$157.000,00 por habitante a preços de 2007.

347
O investimento anual médio realizado pela empresa equivale a 1,2 vezes as receitas
líquidas anuais médias do período analisado.

4.2.5. Águas de Sorriso Ltda.

Fonte: Balanços e demonstrações de resultados não auditados dos anos de 2000 a


2006.

Os dados referentes à demonstração de resultados informados no formulário


respondido possuem diferenças com os dados contidos nas demonstrações financeiras nas
partidas de receitas operacionais e custos dos serviços.

Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional da empresa foi positivo nos três anos analisados, mas oscilou
de R$513 mil em 2004; para R$449 mil em 2005 e para R$1,3 milhão em 2006 (a preços
correntes). Em relação ao ativo total, oscilou entre 7,4% no ano de 2004, 4,7% em 2005 e
18,6% em 2006.

O resultado líquido também foi positivo nos três anos, com uma média de R$361 mil a
preços de 2007, e a rentabilidade em relação ao patrimônio inicial de cada ano tem oscilado
entre 7,0% no ano de 2004; 6,7% no ano de 2005 e 30,0% no ano de 2006.

O EBITDA foi positivo para os três anos, mas diminuiu de R$657 mil em 2004 para
R$600 mil no ano de 2005 e aumentou para R$1,47 milhão em 2006 a preços
correntes,.Estes valores representam 24,7%, no ano de 2004, 19,3%, em 2005, e 43,8%,
em 2006, das receitas líquidas.

Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente oscilou entre 1,9 e 1,3 , o que significa que a empresa
dispõe de ativos circulantes suficientes para cobrir suas dívidas de curto prazo.

O grau de endividamento em relação ao ativo total diminuiu de 68%, no ano de 2004,


para 56%, no ano de 2006, e em relação ao patrimônio, passou de 209%, no ano de 2004,
para 126%, no ano de 2006. A proporção de passivo circulante em relação ao passivo
exigível total aumentou de 38% no ano de 2004 para 62% no ano de 2006. A dívida em
relação às Receitas Líquidas oscilou de 176,9% em 2004, para 231,1% em 2005 e para
117,3% no ano de 2006. O endividamento de longo prazo existente ao final do ano de 2006
equivale a 1,6 anos do EBITDA médio da empresa nos últimos três anos.

Impacto nos Investimentos

De acordo com os dados contidos na discriminação do Balanço do ano de 2006, a


empresa realizou investimentos totais de R$2,9 milhões a preços correntes . Quanto às
fontes de financiamento, 40,5% foram realizadas por meio de empréstimos, 15,4% com
recursos provenientes da operação e 44,1% com aumento de capital, segundo deduz-se da

348
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

análise das demonstrações financeiras. O investimento realizado pela empresa equivale a


R$87.000,00 por habitante a preços de 2007.

O investimento anual médio realizado pela empresa equivale a 0,2 vezes as receitas
líquidas anuais médias do período analisado.

4.2.6. Águas de Matupá Ltda.

Fonte: Balanços não auditados dos anos de 2001 a 2006 (sem incluir demonstrações
de resultados) e o formulário preenchido pelo operador.

Nos dados do balanço contidos no formulário correspondentes aos anos de 2003,


2004 e 2005 incluiu-se como Passivo exigível o valor correspondente ao Ativo realizável de
longo prazo.

Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional da empresa registrado no formulário digital foi positivo nos


três anos analisados (R$33 mil em 2004; R$31 mil em 2005 e R$102 mil em 2006 a preços
correntes). Em relação ao ativo total, oscilou entre 8,4% no ano 2004, 6,9% em 2005 e
22,0% em 2006.

O resultado líquido foi positivo nos anos de 2004 e 2006, e negativo em 2005, com
uma média de R$25 mil a preços de 2007, e a rentabilidade em relação ao patrimônio inicial
de cada ano foi de 126,3% no ano de 2004; -13,8% no ano de 2005 e 46,0% no ano de
2006.

O EBITDA foi positivo para os três anos, diminuiu de R$30 mil em 2004 para R$26 mil
no ano de 2005 e aumentou para R$93 mil em 2006 a preços correntes, estes valores
representam 5,4% no ano de 2004, 4,0% em 2005 e 13,1% em 2006 das receitas líquidas.

Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente oscilou entre 0,6 e 0,9 nos últimos três anos, o que
significa que a empresa não dispõe de recursos realizáveis suficientes para cobrir suas
dívidas de curto prazo.

O grau de endividamento em relação ao ativo total oscilou entre 57,4% no ano de


2004, 68,0% no ano de 2005 e 54,2% no ano de 2006, e em relação ao patrimônio, diminuiu
de 1.210% no ano de 2003 para 118,3% no ano de 2006. Há inconsistências na
classificação entre passivo circulante e exigível de longo prazo que dificultam a análise de
sua composição, somente aparecem passivos de longo prazo nos períodos de 2003 de
R$20 mil e 2006 de R$106 mil. A dívida em relação às Receitas Líquidas oscilou entre
41,5% em 2004, 47,4% em 2005 e 35,4% no ano de 2006.

349
Impacto nos Investimentos

De acordo com os dados contidos na discriminação do balanço do ano de 2006, a


empresa tem realizado investimentos totais de R$121 mil a preços correntes. Quanto às
fontes de financiamento, 74,4 foram realizados por meio de empréstimos, 25,6% com
recursos provenientes da operação segundo deduz-se da análise do Balanço da Empresa.
O investimento realizado pela empresa equivale a R$ 13.000,00 por habitante a preços de
2007.

O investimento anual médio realizado pela empresa equivale a 0,1 vezes as receitas
líquidas anuais médias do período analisado.

4.2.7. Águas de Santa Carmem Ltda.

Fonte: Balanços e demonstrações de resultados não auditados dos anos de 2003 a


2006 e dados contidos em formulário respondido pelo concessionário.

Os balanços de Santa Carmem não representam adequadamente a situação


financeira da empresa, já que o patrimônio é negativo nos últimos três anos, razão pela qual
não se consideram pertinentes para a análise. Além disso, apresentam algumas diferenças
entre os dados dos balanços e os do formulário preenchido pelo concessionário.

Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional foi zero nos anos de 2004 e 2005 e negativo em 2006 (-R$40
mil). O resultado líquido foi 0 em 2004 e negativo em 2005 e 2006 (-R$3 mil e -R$44 mil,
respectivamente, a preços correntes).

Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente oscilou entre 0,3 e 0,6, o que significa que a empresa
não dispõe de recursos realizáveis suficientes para cobrir suas dívidas de curto prazo.

O grau de endividamento em relação ao ativo total supera os 100% nos últimos três
anos, o que pode indicar a existência de erros nos dados.

Impacto dos Investimentos

Segundo o balanço, a empresa não registra investimentos. Ainda que no formulário


digital conste investimento de R$66 mil no ano de 2006, o mesmo é inconsistente diante da
elevação total do ativo (R$41 mil).

4.2.8. Águas de União do Sul Ltda.

Fonte: Balanços e demonstrações de resultados não auditados dos anos de 2003 a


2006 e dados do formulário preenchido pelo operador para os anos de 2001 a 2006.

350
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Os balanços de União do Sul não representam adequadamente a situação financeira


da empresa, já que o patrimônio é negativo nos últimos três anos, mesma situação
verificada para o ativo circulante e o total de ativos no ano de 2004, razão pela qual não se
consideram pertinentes para a análise.

Impacto no Desempenho Operacional

Segundo os dados contidos nas demonstrações de resultados, o resultado operacional


foi negativo em 2004 (-R$17 mil), positivo em 2005 (R$2 mil) e negativo em 2006 (-R$21
mil). O resultado do exercício foi negativo nos anos de 2004 (-R$23 mil) e 2006 (-R$22 mil)
e 0 em 2005.

Impacto no Desempenho Financeiro

O grau de endividamento em relação ao ativo total supera os 100% nos últimos três
anos, o que reflete a existência de erros nos dados.

Impacto nos Investimentos

De acordo com balanço do ano de 2006, a empresa registra um investimento de R$5


mil realizado no ano de 2004. Contudo, segundo o formulário digital FIGURA um
investimento de R$ 80.000,00 em 2006, o qual é inconsistente em comparação com o total
de ativos deste ano no valor de R$ 46.000,00 .

4.2.9. Serviço de Tratamento de Água e Esgoto Ltda. (SETAE)

Fonte: Balanços não auditados dos anos de 2002 a 2006, demonstrações de


resultados dos anos de 2004 e 2006 e formulário respondido pelo concessionário, no qual
não se incluíram os dados de balanço.

Existem diferenças nos dados contidos nas demonstrações financeiras e nos dados do
formulário respondido pelo operador no item de receitas operacionais nos períodos 2004 e
2006.

Impacto no Desempenho Operacional

As demonstrações de resultados não são adequadas para a análise, pois os anos com
dados recebidos (2004 e 2006) apresentam importantes inconsistências com os dados
contidos no formulário digital. Por exemplo, as receitas do ano de 2006, segundo as
demonstrações de resultados, elevam-se a R$717 mil; e, segundo o formulário, são R$1,144
milhão. Além disso, nas demonstrações de resultados do ano de 2004, FIGURAm gastos de
R$1,178 milhão por conceito de Provisão para Imposto que não está considerado na soma
dos gastos.

351
Impacto No Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente oscilou entre 1,4 no ano de 2004, 15,3 em 2005 e 3,7 no
ano de 2006, o que significa que a empresa dispõe de recursos mais que suficientes para
cobrir suas dívidas de curto prazo. Cabe assinalar que, nos anos de 2003 a 2005, se
reclassificou uma quantia de R$85 mil, que no balanço FIGURA dentro do Passivo
Circulante, mas em nome da conta que corresponde ao Exigível de longo Prazo.

O grau de endividamento em relação ao ativo total é baixo e tem oscilado entre 7% e


9%, o mesmo ocorre com relação ao patrimônio que tem oscilado entre 7% e 10%. A
proporção de passivo circulante em relação ao passivo exigível total foi incrementada de
5,6% no ano de 2004 para 28,6% no ano de 2006.

Impacto nos Investimentos

A empresa não informou os valores dos investimentos realizados, nem foi possível
obter do balanço, pois este contém somente o valor líquido do ativo imobilizado..

4.2.10. Ambient - Serviços Ambientais de Ribeirão Preto S.A.

Fonte: Demonstrações financeiras auditadas dos anos de 1999 a 2005. Nos anos de
1999 e 2000 faltam as demonstrações de resultados.

Não foi recebido o formulário desta empresa.

Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional da empresa foi positivo nos últimos três anos, com uma
tendência ascendente (R$2,7 milhões em 2003; R$5,0 milhões em 2004 e R$11,0 milhões
em 2005 a preços correntes). Em relação ao ativo total, passou de 2,8% no ano de 2003,
para 5,1% em 2004 e para 11,9% em 2005.

O resultado líquido, em compensação, foi negativo nos anos de 2003 e 2004, devido
ao efeito dos gastos financeiros, e positivo em 2005 (-R$10,0 milhões em 2003; -R$5,8
milhões em 2004 e R$3,4 milhões em 2005). A rentabilidade em relação ao patrimônio inicial
do ano de 2005 foi de 138,4%.

O EBITDA foi positivo, e com tendência crescente, de R$4,4 milhões em 2003, R$11,9
milhões no ano de 2004 e R$18,1 milhões em 2005 a preços correntes, estes valores
representam 64,8% no ano de 2003, 50,9% em 2004 e 73,1% em 2005 das receitas
líquidas.

Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente oscilou de 0,1 no ano de 2003, para 1,0 em 2004 e
para 0,5 no ano de 2005. Este último dado significa que, neste ano, a empresa dispunha da
metade dos recursos realizáveis requeridos para cobrir suas dívidas de curto prazo.

352
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

O grau de endividamento em relação ao ativo total oscilou entre 93% e 97% e com
relação ao patrimônio oscilou entre 1.450% e 1.500% entre os anos de 2003 e 2005,
alcançando 3.799% no ano de 2004 devido à expressiva diminuição do patrimônio desse
ano. A taxa de juros para empréstimo de maior montante é de 3,5% ao ano superior à taxa
de juros de longo prazo (TJLP). A proporção do passivo circulante em relação ao passivo
exigível total diminuiu de 47% no ano de 2003 para 12% no ano de 2004 e 37% em 2005. A
dívida em relação às Receitas Líquidas diminuiu nos três anos analisados de 1.329,4%, em
2003, para 352,3% em 2005. O endividamento de longo prazo existente ao final do ano de
2005 equivale a 5 anos do EBITDA médio da empresa dos anos de 2003 a 2005.

Impacto nos Investimentos

De acordo com os dados contidos na nota 7 do balanço do ano de 2005, a empresa


realizou investimentos em construções e edificações no total de R$81,7 milhões a preços
correntes . Quanto às fontes de financiamento, 76,5% foram realizados com empréstimos,
2,7% com recursos provenientes da operação e 20,8% com aumento de capital, segundo
deduz-se da análise das demonstrações financeiras. O investimento realizado pela empresa
equivale a R$ 219.000,00 por habitante a preços de 2007.

O investimento anual médio realizado pela empresa equivale a 1,2 vezes as receitas
líquidas anuais médias do período analisado.

4.2.11. Águas de Cláudia Ltda.

Fonte: Balanços e demonstrações de resultados não auditados dos anos de 2004 a


2006, e Balancete do ano de 2006.

Existem diferenças nos dados contidos nas demonstrações financeiras e nos dados do
formulário respondido pelo operador nas partidas das demonstrações de resultados.

Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional da empresa foi positivo nos últimos três anos, oscilando entre
R$87 mil em 2004; R$239 mil em 2005 e R$166 mil em 2006 a preços correntes. Em
relação ao ativo total, oscilou entre 12,9% no ano de 2004, 32,4% em 2005 e 22,3% em
2006.

O resultado líquido também foi positivo nos três anos, com média de R$106 mil a
preços de 2007, e a rentabilidade em relação ao patrimônio inicial de cada ano oscilou entre
104,0% no ano de 2004, 148,0% no ano de 2005 e 37,6% em 2006.

O EBITDA foi positivo para os três anos analisados, de R$101 mil em 2004, R$277 mil
no ano de 2005 e R$228 mil em 2006 a preços correntes. Estes valores representam 21,5%
no ano de 2004, 39,6% em 2005 e 35,6% em 2006 das receitas líquidas.

353
Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente foi de 0,2 no ano de 2004, 0,3 em 2005 e 0,1 no ano de
2006, o que significa que a empresa praticamente não dispõe de recursos realizáveis para
cobrir suas dívidas de curto prazo.

O grau de endividamento em relação ao ativo total foi reduzido de 84,8% no ano de


2004 para 55,2% no ano de 2006. O mesmo ocorreu com o grau de endividamento em
relação ao patrimônio, que diminuiu de 558,8% no ano de 2004 para 123,4% no ano de
2006. A proporção de passivo circulante em relação ao passivo exigível total aumentou de
37,4% no ano de 2004 para 97,6% em 2006. A dívida em relação às Receitas Líquidas
diminuiu nos três anos analisados, de 121,5% em 2004 para 64,1% em 2005. O
endividamento de longo prazo existente ao final do ano de 2005 equivale a 0,05 anos do
EBITDA médio da empresa dos anos de 2003 a 2005.

Impacto nos Investimentos

De acordo com os dados contidos no balancete do ano de 2006, a empresa realizou


investimentos totais de R$172 mil a preços correntes. Quanto às fontes de financiamento,
42,4% foram realizados com empréstimos e 57,6% com recursos provenientes da
operação, segundo deduz- se da análise das demonstrações financeiras. O investimento
realizado pela empresa equivale a R$ 20.000,00 por habitante a preços de 2007.

O investimento anual médio realizado pela empresa equivale a 0,1 vezes as receitas
líquidas anuais médias do período analisado.

4.2.12. Águas de Cajamar S.A.

Fonte: Demonstrações financeiras auditadas dos anos de 2005 e 2006 e formulário


respondido dos anos de 1997 a 2004.

Existem diferenças nos dados contidos nas demonstrações financeiras e nos dados
do formulário respondido pelo operador nas receitas operacionais e nos custos dos serviços.

Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional da empresa foi positivo nos últimos três anos, oscilando entre
R$1,2 milhão em 2004 e 2005 e R$1,7 milhão em 2006 a preços correntes. Estes resultados
representam em relação ao ativo total 77,1% no ano de 2004, 92,0% em 2005 e 128,0% em
2006.

O resultado líquido também foi positivo nos três anos, com média de R$1,3 milhão a
preços de 2007, e a rentabilidade em relação ao patrimônio inicial de cada ano aumentou de
62,0% no ano de 2004, para 73,5% no ano de 2005 e para 139,8% em 2006.

O EBITDA foi positivo para os três anos analisados e, com tendência crescente,
passou de R$1,2 milhão em 2004, para R$1,5 milhão no ano de 2005 e para R$2,0 milhões
em 2006 a preços correntes. Estes valores representaram 45,5%, no ano de 2004, 47,0%,
em 2005, e 55,2%, em 2006, das receitas líquidas.

354
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente foi de 1,6 no ano de 2004, 0,9 em 2005 e 2,6 no ano de
2006, o que significa que a empresa dispõe de recursos realizáveis suficientes para cobrir
suas dívidas de curto prazo.

O grau de endividamento em relação ao ativo total é baixo e oscilou entre 6,4% no ano
de 2004, 11,4% no ano de 2005 e 10,2% no ano de 2006. O mesmo ocorreu em relação ao
patrimônio, que oscilou entre 6,8% no ano de 2004, 12,9% no ano de 2005 e 11,3% no ano
de 2006. A dívida em relação às Receitas Líquidas oscilou entre 3,8% em 2004, 4,7% em
2005 e 3,8% em 2006. O total do passivo exigível corresponde ao endividamento de curto
prazo nos três anos.

Impacto nos Investimentos

De acordo com os dados contidos no formulário digital, a empresa tem realizado


investimentos por total de R$248.000,00 a preços correntes. Estes investimentos foram
totalmente financiados com recursos provenientes da operação, segundo deduz-se da
análise das demonstrações financeiras. O investimento realizado pela empresa equivale a
R$ 5.000,00 por habitante a preços de 2007.

4.2.13. Águas de Carlinda Ltda.

Fonte: Balanço e demonstrações de resultados no auditados dos anos de 2005 e


2006, Balancete do ano de 2006 e formulário preenchido pelo operador.

Existem diferenças nos dados contidos nas demonstrações financeiras e nos dados do
formulário respondido pelo operador nas receitas operacionais e nos custos dos serviços do
ano de 2006.

Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional da empresa foi positivo nos anos de 2005 e 2006 (R$7 mil e
R$38 mil, respectivamente, a preços correntes). Em relação ao ativo total, foi de 4,2% no
ano de 2005 e 19,0% em 2006.

O resultado líquido foi negativo no ano de 2005 (-R$15 mil) e positivo em 2006 (R$16
mil) e a rentabilidade em relação ao patrimônio inicial foi de 43,2% em 2006.

O EBITDA foi positivo para os dos anos analisados e aumentou de R$10 mil em 2005
para R$42 mil no ano de 2006 a preços correntes. Estes valores representaram 3,9%, no
ano de 2005, e 15,0%, em 2006, das receitas líquidas.

355
Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente foi de 0,5 no ano de 2005 e 2006, o que significa que a
empresa dispõe de aproximadamente a metade dos recursos realizáveis requeridos para
cobrir suas dívidas de curto prazo.

O grau de endividamento em relação ao ativo diminuiu de 77,4% no ano de 2005 para


74,5% no ano de 2006 e com relação ao patrimônio diminuiu de 351,4% no ano de 2005
para 288,5% no ano de 2006. A dívida em relação às Receitas Líquidas aumentou de 50,8%
em 2005 para 53,2% em 2006. O total do passivo exigível corresponde ao endividamento de
curto prazo nos dois anos.

Impacto nos Investimentos

De acordo com os dados contidos no balancete do ano de 2006, a empresa tem


realizado investimentos no total de R$ 52.000,00 a preços correntes. Quanto às fontes de
financiamento, 75% foram realizados com com capital próprio e 25% com recursos
provenientes da operação, segundo deduz-se da análise das demonstrações financeiras. O
investimento realizado pela empresa equivale a R$ 16.000,00 por habitante a preços de
2007.

O investimento anual médio realizado pela empresa equivale a 0,1 vezes as receitas
líquidas anuais médias do período analisado.

4.2.14. Águas de Cachoeiro S.A.

Fonte: Demonstrações financeiras não auditadas dos anos de 2003 a 2006 e


formulário dos anos de 1998 a 2006.

Existem diferenças nos dados contidos nas demonstrações financeiras e nos dados do
formulário respondido pelo operador nas demonstrações de resultados.

Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional da empresa foi positivo nos últimos três anos com uma
tendência crescente (R$3,0 milhões em 2004, R$5,4 milhões em 2005 e R$6,1 milhões em
2006 a preços correntes). Em relação ao ativo total, foi de 7,6% no ano de 2004; 13,1% em
2005 e 14,4% em 2006.

O resultado líquido também foi positivo nos três anos, com uma média de R$1,9
milhão a preços de 2007, e a rentabilidade em relação ao patrimônio inicial foi de 7,2% no
ano de 2004; 16,4% em 2005 e 18,4% em 2006.

O EBITDA foi positivo para os três anos analisados e, com tendência crescente,
passou de R$4,9 milhões em 2004, para R$8,2 milhões no ano de 2005 e para R$9,1
milhões em 2006 a preços correntes Estes valores representam 25,1% no ano de 2004,
36,8% em 2005 e 35,4% em 2006 das receitas líquidas.

356
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente oscilou ao redor de 0,6, o que significa que a empresa
dispõe de pouco mais da metade dos recursos realizáveis requeridos para cobrir suas
dívidas de curto prazo.

O grau de endividamento em relação ao ativo diminuiu de 70,5% no ano de 2004 para


62,4% no ano de 2006 e em relação ao patrimônio passou de 239,4% no ano de 2004 para
165,8% no ano de 2006. A taxa de juros dos empréstimos de longo prazo é de 9,5% a 11%
anual. A proporção de passivo circulante em relação ao passivo exigível total aumentou de
41,5% no ano de 2004 para 45,7% no ano de 2006. A dívida em relação às Receitas
Líquidas diminuiu de 142,6% em 2004 para 102,3% em 2006. O endividamento de longo
prazo existente ao final do ano de 2006 equivale a 1,9 anos do EBITDA médio da empresa
dos anos de 2004 a 2006.

Impacto nos Investimentos

De acordo com os dados contidos no formulário digital, a empresa tem realizado


investimentos no total de R$42 milhões a preços correntes. cifra que excede a quantia que
FIGURA na nota 4 do balanço do ano de 2006 (R$35.000.000,00). Quanto às fontes de
financiamento, 49,6% foram realizados com empréstimos 43,0% com recursos
provenientes da operação e 7,4% com capital próprio, segundo deduz-se da análise das
demonstrações financeiras. O investimento realizado pela empresa equivale a R$
288.000,00 por habitante a preços de 2007.

O investimento anual médio realizado pela empresa equivale a 0,3 vezes as receitas
líquidas anuais médias do período analisado.

4.2.15. Ecosama (Mauá) S.A.

Fonte: Demonstrações financeiras auditadas dos anos de 2003 a 2006 e formulário


preenchido pelo operador.

O formulário inclui informação de ECOSAMA e da Autarquia de Água e Esgoto da


cidade – SAMA - não se pode comparar com a informação do Balanço que apresenta as
informações da Ecosama.

Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional da empresa foi positivo nos últimos três anos com uma
tendência crescente (R$203 mil em 2004, R$1,2 milhões em 2005 e R$7,8 milhões em 2006
a preços correntes). Em relação ao ativo total, foi de 2,4% no ano de 2004, 7,7% em 2005 e
24,6% em 2006.

O resultado líquido também foi positivo e ascendente nos três anos, com uma média
de R$2,0 milhões a preços de 2007, e a rentabilidade em relação ao patrimônio inicial foi de
18,2% no ano de 2004, 28,3% em 2005 e 63,7% em 2006.

357
O EBITDA foi positivo para os três anos analisados e com tendência crescente:
passou de R$269 mil em 2004, para R$1,4 milhão no ano de 2005 e para R$8,4 milhões em
2006 a preços correntes. Estes valores representam 2,6% no ano de 2004, 12,7% em 2005
e 43,9% em 2006 das receitas líquidas.

Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente oscilou entre 1,1 em 2004; 2,4 em 2005 e 0,8 em 2006,
o que significa que as empresas em média podem cobrir com seus recursos realizáveis o
total de suas dívidas de curto prazo.

O grau de endividamento em relação ao ativo aumentou de 45,0% no ano de 2004


para 68,7% no ano de 2006 e em relação ao patrimônio aumentou de 81,6% no ano de 2004
para 219,2% no ano de 2006. A proporção de passivo circulante em relação ao passivo
exigível total diminuiu de 100% no ano de 2004 para 22,2% no ano de 2005 e para 34,9%
no ano de 2006. A dívida em relação às Receitas Líquidas aumentou de 36,8% em 2004
para 113,0% em 2006. O endividamento de longo prazo existente ao final do ano de 2006
equivale a 4,2 anos do EBITDA médio da empresa dos anos de 2004 a 2006

Impacto nos Investimentos

De acordo com os dados contidos no formulário digital, a empresa realizou


investimentos totais de R$18,6 milhões desde o início de suas operações, a preços
correntes, o que é consistente com a informação contida na nota 6 do balanço do ano de
2006. Quanto às fontes de financiamento, 68,3% foram realizados com empréstimos,
21,1% com recursos provenientes da operação e 10,6% com aumento de capital, segundo
deduz-se da análise das demonstrações financeiras. O investimento realizado pela empresa
equivale a R$ 48.000,00 por habitante a preços de 2007.

O investimento anual médio realizado pela empresa equivale a 0,5 vezes as receitas
líquidas anuais médias do período analisado.

4.2.16. Águas de Limeira S.A.

Fonte: Demonstrações financeiras auditadas dos anos de 2003 a 2006 e formulário


respondido pelo concessionário.

Existem diferenças nos dados contidos nas demonstrações financeiras e nos dados do
formulário respondido pelo operador.

Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional da empresa foi positivo nos últimos três anos (R$7,3 milhões
em 2004, R$6,2 milhões em 2005 e R$8,4 milhões em 2006 a preços correntes). Em relação
ao ativo total, foi de 16,9% no ano de 2004, 12,2% em 2005 e 16,1% em 2006.

358
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

O resultado líquido também foi positivo nos três anos, com uma média de R$4 milhões
a preços de 2007, e a rentabilidade em relação ao patrimônio inicial foi de 39,9% no ano de
2004, 25,5% em 2005 e 35,4% em 2006.

O EBITDA foi positivo para os três anos analisados e com tendência crescente passou
de R$10,8 milhões em 2004, para R$11,1 milhões no ano de 2005 e para R$13,2 milhões
em 2006 a preços correntes. Estes valores representam 26,4% no ano de 2004, 24,3% em
2005 e 26,8% em 2006 das receitas líquidas.

Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente oscilou entre 0,4 em 2004; 0,5 em 2005 e 0,8 em 2006,
o que significa que a empresa não dispõe dos recursos realizáveis suficientes para financiar
seus compromissos de curto prazo.

O grau de endividamento em relação ao ativo diminuiu de 73,5% no ano de 2004 para


63,1% no ano de 2006 e com relação ao patrimônio diminuiu progressivamente nos últimos
quatro anos de 318,3% no ano de 2003 para 171,0% no ano de 2006. A proporção de
passivo circulante em relação ao passivo exigível total diminuiu de 64,8% no ano de 2004,
para 52,3% no ano de 2005 e para 46,7% no ano de 2006. A dívida em relação às Receitas
Líquidas oscilou entre 77,4% em 2004, 81,6% em 2005 e 66,9% em 2006. O endividamento
de longo prazo existente ao final do ano de 2006 equivale a 1,4 anos do EBITDA médio da
empresa dos anos de 2004 a 2006.

Impacto nos Investimentos

De acordo com os dados do formulário digital, a empresa realizou investimentos totais


de R$45,5 milhões a preços correntes. cifra que é inferior aos R$53 milhões registrados
como custo dos sistemas de água e esgoto na nota 4 do balanço do ano de 2006. Quanto
às fontes de financiamento, 29,2% foram realizados com empréstimos 66,9% com recursos
provenientes da operação e 3,8% com aumento de capital, segundo deduz-se da análise
das demonstrações financeiras. O investimento realizado pela empresa equivale a R$216
mil por habitante a preços de 2007.

O investimento anual médio realizado pela empresa equivale a 0,2 vezes as receitas
líquidas anuais médias do período analisado.

4.2.17. Águas de Juturnaíba S.A.

Fonte: Balanço e demonstrações de resultados dos anos de 2004 a 2006 em formato


digital e dados formulário preenchido por concessionário e SNIS dos anos de 2001 a 2006.

Existem diferenças nos dados contidos nas demonstrações financeiras e nos dados do
formulário respondido pelo operador nas demonstrações de resultados.

359
Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional da empresa foi negativo no ano de 2004 (-R$139 mil) e


positivo nos anos de 2005 e 2006 (R$947 mil em 2005 e R$355 mil em 2006 a preços
correntes). Em relação ao ativo total, foi de -0,6% em 2004, 2,9% em 2005 e 0,9% em 2006.

O resultado líquido foi negativo nos três anos, com uma média de -R$669 mil a preços
de 2007 e representam em relação ao patrimônio -9,6% em 2004, -3,7% em 2005 e -6,1%
no ano de 2006.

O EBITDA foi positivo para os três anos analisados e oscilou de R$261 mil em 2004
para R$1,9 milhão no ano de 2005 e para R$1,8 milhão em 2006 a preços correntes. Estes
valores representam 2,6%, no ano de 2004, 13,8%, em 2005, e 11,4% em 2006 das receitas
líquidas.

Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente foi de 0,6 em 2004; 2,7 em 2005 e 4,4 em 2006, com
uma média de 2,6, o que significa que a empresa dispõe de recursos realizáveis mais que
suficientes para cobrir seus compromissos de curto prazo.

O grau de endividamento em relação ao ativo diminuiu de 66,7% no ano de 2004 para


54,2% no ano de 2006, e em relação ao patrimônio também diminuiu de 200,7% no ano de
2004 para 118,2% em 2006. A proporção de passivo circulante em relação ao passivo
exigível total também foi reduzida de 46,5% no ano de 2004 para 7,4% no ano de 2006. A
dívida em relação às Receitas Líquidas oscilou entre 150,0% em 2004, 135,0% em 2005 e
134,1% em 2006. O endividamento de longo prazo existente ao final do ano de 2006
equivale a 14,6 anos do EBITDA médio da empresa dos anos de 2004 a 2006.

Impacto nos Investimentos

De acordo com os dados contidos no formulário digital, a empresa realizou


investimentos totais de R$22,8 milhões a preços correntes, quantia inferior ao valor do ativo
imobilizado bruto do ano de 2006 (R$32,6 milhões a preços correntes). Quanto às fontes de
financiamento, 77,6% foram realizados com empréstimos, 1,1% com recursos provenientes
da operação e 21,2% com aumento de capital, segundo deduz-se da análise das
demonstrações financeiras para os anos de 2004 a 2006 e dos dados do SNIS para os anos
anteriores. O investimento realizado pela empresa equivale a R$ 135.000,00 por habitante a
preços de 2007.

O investimento anual médio realizado pela empresa equivale a 0,2 vezes as receitas
líquidas anuais médias do período analisado.

4.2.18. Águas de Paraíba S.A.

Fonte: Balanço e demonstrações de resultados dos anos de 2004 a 2006 em formato


digital e dados completados no formulário e SNIS dos anos de 2000 a 2006.

360
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Existem diferenças nos dados contidos nas demonstrações financeiras e nos dados do
formulário respondido pelo operador.

Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional da empresa foi positivo e ascendente nos últimos três anos
(R$7,4 milhões em 2004; R$10,0 milhões em 2005 e 2006 a preços correntes). Em relação
ao ativo total, foi de 8,8% em 2004, 11,8% em 2005 e 11,9% em 2006.

O resultado líquido da empresa também foi positivo nos últimos três anos e
ascendente, com uma média de R$3,6 milhões a preços de 2007. A rentabilidade em
relação ao patrimônio inicial foi de 4,3% no ano de 2004, 11,7% em 2005 e 12,5% em 2006.

O EBITDA foi positivo para os três anos analisados, aumentou de R$13,4 milhões em
2004 para R$17,0 milhões no ano de 2005 e logo diminuiu para R$15,2 milhões em 2006 a
preços correntes. Estes valores representam 44,4% no ano de 2004, 45,2% em 2005 e
37,4% em 2006 das receitas líquidas.

Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente foi de 1,7 em 2004 e 2005 e de 1,2 em 2006, o que
significa que a empresa dispõe de recursos realizáveis suficientes para cobrir suas dívidas
de curto prazo.

O grau de endividamento em relação ao ativo diminuiu de 58,7% no ano de 2004 para


52,8% no ano de 2006, e com relação ao patrimônio diminuiu de 142,3% em 2004 para
111,8% em 2006. A proporção de passivo circulante em relação ao passivo exigível total
aumentou de 15,7% no ano de 2004 para 43,9% no ano de 2006. A dívida em relação às
Receitas Líquidas oscilou entre 164,0% em 2004, 130,4% em 2005 e 108,7% em 2006. O
endividamento de longo prazo existente ao final do ano de 2006 equivale a 1,6 anos do
EBITDA médio da empresa dos anos de 2004 a 2006.

Impacto nos Investimentos

De acordo com os dados contidos no formulário digital, a empresa realizou


investimentos totais de R$77,4 milhões a preços correntes, compatível com o valor do ativo
imobilizado bruto do ano de 2006. Quanto às fontes de financiamento, 47,5% foram
realizados com empréstimos, 48,2% com recursos provenientes da operação e 4,3% com
capital próprio, segundo deduz-se da análise das demonstrações financeiras, para os anos
de 2004 a 2006 e os dados do SNIS para os anos anteriores. O investimento realizado pela
empresa equivale a R$ 282.000,00 por habitante a preços de 2007.

O investimento anual médio realizado pela empresa equivale a 0,4 vezes as receitas
líquidas anuais médias do período analisado.

361
4.2.19. Águas de Niterói S.A.

Fonte: Balanço e demonstrações de resultados e dados SNIS dos anos de 2004 a


2006 em formato digital e formulário preenchido pelo operador.

Existem importantes diferenças nos dados contidos nas demonstrações financeiras e


nos dados do formulário respondido pelo operador nas receitas operacionais e nos custos
dos serviços.

Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional da empresa foi positivo e ascendente nos últimos três anos
(R$27,8 milhões em 2004; R$30,3 milhões em 2005 e R$30,5 milhões em 2006 a preços
correntes). Em relação ao ativo total, foi de 11,3% em 2004; 11,5% em 2005 e 10,4% em
2006.

O resultado líquido da empresa também foi positivo e ascendente nos últimos três
anos, com uma média de R$14,5 milhões a preços de 2007. A rentabilidade em relação ao
patrimônio inicial foi de 17,1% no ano de 2004, 20,9% em 2005 e 23,2% em 2006.

O EBITDA foi positivo para os três anos analisados e oscilou de R$36,4 milhões em
2004 para R$40,0 milhões no ano de 2005 e para R$37,9 milhões em 2006 a preços
correntes. Estes valores representaram 37,4% no ano de 2004, 32,7% em 2005 e 27,5% em
2006 das receitas líquidas.

Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente foi de 1,1 nos três anos analisados, o que significa que
a empresa dispõe de recursos realizáveis suficientes para cobrir suas dívidas de curto
prazo.

O grau de endividamento em relação ao ativo oscilou entre 72% e 74% e em relação


ao patrimônio oscilou entre 260% e 285%. A proporção de passivo circulante em relação ao
passivo exigível total aumentou de 49,1% no ano de 2004 para 76,6% no ano de 2006. A
dívida em relação às Receitas Líquidas diminuiu de 182,9% em 2004 para 157,0% em 2006.
O endividamento de longo prazo existente ao final do ano de 2006 equivale a 1,3 anos do
EBITDA médio da empresa dos anos de 2004 a 2006.

Impacto nos Investimentos

De acordo com os dados contidos no SNIS, a empresa tem realizado investimentos no


total de R$26,1 milhões a preços correntes, cifra que é significativamente inferior ao valor do
ativo imobilizado bruto do ano de 2006 (R$129,1 milhões a preços correntes), pois não se
dispõe dos valores investidos nos anos anteriores a 2004. Estes investimentos foram
totalmente financiados com recursos provenientes da operação, segundo deduz-se da
análise das demonstrações financeiras para os anos de 2004 a 2006. O investimento
realizado pela empresa equivale a R$59 mil por habitante a preços de 2007.

362
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

O investimento anual médio realizado pela empresa equivale a 0,1 vezes as receitas
líquidas anuais médias do período analisado.

4.2.20. Águas Imperador S.A.

Fonte: Balanço e demonstrações de resultados dos anos de 2004 a 2006 em formato


digital e dados formulário preenchido pelo operador e SNIS dos anos de 2001 a 2006.

Existem diferenças nos dados contidos nas demonstrações financeiras e nos dados do
formulário respondido pelo operador nos itens de receitas operacionais e de custo dos
serviços.

Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional da empresa foi positivo e ascendente nos últimos três anos
(R$6,3 milhões em 2004; R$8,1 milhões em 2005 e R$9,5 milhões em 2006 a preços
correntes). Em relação ao ativo total, foi de 14,9% em 2004, 19,8% em 2005 e 20,8% em
2006.

O resultado líquido da empresa também foi positivo e ascendente nos últimos três
anos, com uma média de R$3,5 milhões a preços de 2007. A rentabilidade em relação ao
patrimônio inicial foi de 12,8% no ano de 2004, 18,8% em 2005 e 24,3% em 2006.

O EBITDA foi positivo para os três anos analisados e, com tendência crescente,
aumentou de R$8,7 milhões em 2004 para R$10,4 milhões no ano de 2005 e passou para
R$11,9 milhões em 2006 a preços correntes Estes valores representaram 38,0% no ano de
2004, 37,3% em 2005 e 35,9% em 2006 das receitas líquidas.

Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente foi de 1,1 em média nos últimos três anos, o que
significa que a empresa dispõe de recursos realizáveis suficientes para cobrir suas dívidas
de curto prazo.

O grau de endividamento em relação ao ativo reduziu-se de 60,9% no ano de 2004


para 48,4% no ano de 2006 e em relação ao patrimônio diminuiu de 156,0% em 2004 para
93,9% no ano de 2006. A proporção de passivo circulante em relação ao passivo exigível
total também diminuiu de 42,1% no ano de 2004 para 40,3% no ano de 2006. A dívida em
relação às Receitas Líquidas diminuiu de 112,1% em 2004 para 66,8% em 2006. O
endividamento de longo prazo existente ao final do ano de 2006 equivale a 1,2 anos do
EBITDA médio da empresa dos anos de 2004 a 2006.

Impacto nos Investimentos

De acordo com os dados contidos no SNIS, a empresa realizou investimentos totais de


R$17,7 milhões a preços correntes, muito inferior ao valor do ativo imobilizado bruto do ano
de 2006 (R$48 milhões a preços correntes). Quanto às fontes de financiamento, 17,0%
foram realizados com empréstimos, 58,4% com recursos provenientes da operação e

363
24,6% com aumento de capital, segundo deduz-se da análise das demonstrações
financeiras para os anos de 2004 a 2006 e dos dados do SNIS para os anos anteriores. O
investimento realizado pela empresa equivale a R$70.000,00 por habitante a preços de
2007.

O investimento anual médio realizado pela empresa equivale a 0,1 vezes as receitas
líquidas anuais médias do período analisado.

4.2.21. Águas de Pontes e Lacerda Ltda.

Fonte: Balanço e demonstrações de resultados dos anos de 2001 a 2006, Balanço do


ano de 2000, dados do formulário preenchido pelo operador e SNIS dos anos de 2005 e
2006.

Existem diferenças nos dados contidos nas demonstrações financeiras e nos dados do
formulário respondido pelo operador em especial nas demonstrações de resultados.

Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional da empresa dos últimos três anos foi positivo e apresentou
uma queda no ano de 2006 (R$581 mil em 2004; R$642 mil em 2005 e R$145 mil em 2006
a preços correntes). Em relação ao ativo total, houve uma diminuição de 11,3% em 2004
para 7,3% em 2005 e para 1,5% em 2006.

O resultado líquido da empresa apresentou uma forte queda nos últimos três anos,
inclusive foi negativo no ano de 2006 (-R$35 mil a preços correntes). A média destes anos
foi de R$253 mil a preços de 2007. A rentabilidade em relação ao patrimônio inicial foi de
19,6% no ano de 2004, 8,5% em 2005 e -1,0% em 2006.

O EBITDA foi positivo para os três anos analisados com tendência de queda:, diminuiu
de R$593 mil em 2004 para R$540 mil no ano de 2005 e passou para R$309 mil em 2006 a
preços correntes. Estes valores representam 37,8% no ano de 2004, 28,1% em 2005 e
14,3% em 2006 das receitas líquidas.

Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente foi de 1,2 em média nos últimos três anos, o que indica
que a empresa dispõe de recursos realizáveis suficientes para cobrir suas dívidas de curto
prazo.

O grau de endividamento em relação ao ativo aumentou de 37,4% no ano de 2004


para 63,6% no ano de 2006, e o mesmo ocorreu com relação ao patrimônio, que passou de
59,7% em 2004 para 174,6% no ano de 2006. A proporção de passivo circulante em relação
ao passivo exigível total diminuiu de 41,5% no ano de 2004 para 12,5% no ano de 2006. A
dívida em relação às Receitas Líquidas aumentou de 123,0% em 2004 para 287,9% em
2006. O endividamento de longo prazo existente ao final do ano de 2006 equivale a 10,7
anos do EBITDA médio da empresa dos anos de 2004 a 2006.

364
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Impacto nos Investimentos

De acordo com os dados contidos nas notas dos balanços da empresa e na


informação do formulário digital, a empresa realizou investimentos totais de R$8,02 milhões
a preços correntes, compatível com o valor do ativo imobilizado bruto do ano de 2006.
Quanto às fontes de financiamento, 51,9% foram realizados com empréstimos, 29,8% com
recursos provenientes da operação e 18,3% com aumento de capital, segundo deduz-se da
análise das demonstrações financeiras, para os anos de 2001 a 2004 e os dados do SNIS
para os anos de 2005 e 2006. O investimento realizado pela empresa equivale a
R$272.000,00 por habitante a preços de 2007.

O investimento anual médio realizado pela empresa equivale a 0,9 vezes as receitas
líquidas anuais médias do período analisado.

4.2.22. Companhia Matonense de Saneamento

Fonte: Balanço e demonstrações de resultados dos anos de 2005 e 2006. O formulário


não possui dados financeiros (Não há informação dos anos anteriores).

Existem diferenças nos dados contidos nas demonstrações financeiras e nos dados do
formulário respondido pelo operador no item de receitas operacionais.

Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional da empresa nos dos anos analisados foi positivo aumentando
de R$284 mil no ano de 2005 para R$1,9 milhão no ano de 2006 a preços correntes. Estes
resultados representam em relação ao ativo total 2,2% no ano de 2005 e 11,6% em 2006.

O resultado líquido da empresa foi negativo no ano de 2005 (-R$250 mil a preços
correntes) e, consequentemente, o patrimônio final deste ano foi negativo (-R$130 mil a
preços correntes). O resultado do ano de 2006 foi de R$269 mil a preços correntes, e a
média destes anos foi de R$4 mil a preços de 2007. A rentabilidade em relação ao
patrimônio inicial foi negativa para os dois anos, pelo resultado liquido e o patrimônio final do
ano de 2005 (-207% no ano de 2005 e -208% em 2006).

Não foi possível calcular o EBITDA para esta empresa , pois não existem dados da
depreciação e amortização dos períodos analisados.

Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente foi de 0,35 em média para os anos analisados, o que
indica que a empresa somente dispõe de pouco mais de um terço de recursos realizáveis
para cobrir o total de suas dívidas de curto prazo.

Não foi possível calcular o grau de endividamento em relação ao ativo.. A proporção


de passivo circulante em relação ao passivo exigível total reduziu-se de 13,6% no ano de
2005 para 8,7% no ano de 2006. A dívida em relação às Receitas Líquidas diminuiu de
1.404,8% em 2005 para 357,2% em 2006. O endividamento de longo prazo existente ao

365
final do ano de 2006 equivale a 13,5 anos do EBITDA médio da empresa dos anos de 2005
e 2006.

O grau de endividamento em relação ao patrimônio passa de -9.883,9% em 2005


(produto do patrimônio negativo deste ano) para 11.812,5% no ano de 2006 devido ao alto
grau de endividamento de longo prazo.

Impacto nos Investimentos

Os investimentos realizados pela empresa não constam nos balanços, no formulário, e


nos dados do SNIS. O ativo imobilizado líquido do ano de 2006 é de R$10,81 milhões a
preços correntes apresentando uma variação em relação ao ano anterior de R$220.000,00.

4.2.23. Águas de Primavera Ltda.

Fonte: Balanço e demonstrações de resultados dos anos de 2000 a 2005, balancete


de verificação do ano de 2006 não auditados e sem notas explicativas e dados do SNIS de
2002 a 2006.

A informação da demonstração de resultados no ano de 2005 está incompleta. Além


disso, existem múltiplas diferenças nos dados contidos nas demonstrações financeiras e nos
dados do formulário respondido pelo operador.

Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional da empresa foi positivo para os anos de 2004 e 2006 e


aumentou de R$720 mil em 2004 para R$790 mil em 2006 a preços correntes156. Em
relação ao ativo total, foi de 6,2% em 2004 e 6,3% em 2006.

O resultado líquido da empresa foi negativo no ano de 2005 (-R$53 mil) e aumentou
para R$91 mil no ano de 2006 a preços correntes,. A rentabilidade em relação ao patrimônio
inicial foi de -5,1% no ano de 2004 e de 8,9% em 2006.

O EBITDA foi positivo e aumentou de R$216 mil em 2004 para R$391 mil no ano de
2006 a preços correntes. Estes valores representam 8,6% no ano de 2004 e 12,3% em 2006
das receitas líquidas.

Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente foi de 0,29 nos três anos analisados. Isto indica que a
empresa não dispõe de recursos realizáveis suficientes para cobrir o total de suas dívidas
de curto prazo.

O grau de endividamento em relação ao ativo oscilou entre 90% e 91% durante os três
anos analisados e em relação ao patrimônio passou de 1.077,0% no ano de 2004 para

156
Não há informações do resultado operacional no ano de 2005.

366
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

1004,7% no ano de 2006. A proporção de passivo circulante157 em relação ao passivo


exigível total no ano de 2004 foi de 45,2%, com queda no período seguinte para 36,8% e
aumento no ano de 2006 para 49,1%. A dívida com relação às Receitas Líquidas diminuiu
de 421,2% em 2004 para 349,5% em 2006. O endividamento de longo prazo existente ao
final do ano de 2006 equivale a 18 anos do EBITDA médio da empresa dos anos de 2004 e
2006.

Impacto nos Investimentos

De acordo com os dados contidos no SNIS, a empresa realizou investimentos no total


de R$672.000,00 a preços correntes, inferior ao valor do ativo imobilizado bruto do ano de
2006 (R$10,4 milhões a preços correntes). Quanto às fontes de financiamento, 37,5% foram
realizados com empréstimos e 62,5% com recursos provenientes da operação, segundo
deduz-se da análise das demonstrações financeiras. O investimento realizado pela empresa
equivale a R$13.000,00 por habitante a preços de 2007.

O investimento anual médio realizado pela empresa equivale a 0,1 vezes as receitas
líquidas anuais médias do período analisado.

4.2.24. Águas de Guará

Fonte: Formulário dos anos de 2003 a 2006 e dados SNIS.

Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional da empresa foi positivo para os três últimos períodose oscilou
de R$376 mil em 2004, para R$86 mil em 2005 e para R$1,47 milhão em 2006 a preços
correntes. Em relação ao ativo total, foi de 48,3% em 2004, 7,8% em 2005 e 89,5% em
2006.

O resultado líquido foi ascendente passando de negativo no ano de 2004 (-R$40 mil a
preços correntes), até chegar aos R$434 mil em 2006 a preços correntes, com uma média
de R$135 mil a preços de 2007. A rentabilidade sobre o patrimônio inicial aumentou de
50,0% em 2004 para 149,1% no ano de 2006. O resultado operacional para o ano de 2005
de acordo com a informação do formulário da empresa e do SNIS é de R$0.

O EBITDA foi positivo para os anos analisados e diminuiu de R$461 mil em 2004 para
R$141 mil no ano de 2005, para logo aumentar para R$1,5 milhão a preços correntes. Estes
valores representam 26,4%, em 2004, 6,7%, em 2005, e 65,5%, em 2006, das receitas
líquidas.

157
Dentro dos passivos da empresa a partir do ano de 2001 existe uma partida denominada “Receitas faturadas e não
rec.” que foi reclassificada dentro dos passivos circulantes.

367
Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente foi de 0,9 em 2004; 2,0 em 2005 e 1,4 em 2006, com
uma média de 1,4, o que significa que a empresa dispõe de recursos realizáveis suficientes
para cobrir seus compromissos de curto prazo.

O grau de endividamento em relação ao ativo reduziu-se de 115,4% no ano de 2004


para 55,8% no ano de 2006 e em relação ao patrimônio158 diminuiu de 278,5% no ano de
2005 para 126,3% em 2006. A proporção de passivo circulante em relação ao passivo
exigível total foi de 59,1% no ano de 2004, diminuiu para 44,9% no ano de 2005 e alcançou
53,4% no ano de 2006 por efeito combinado de diminuição do passivo longo prazo e
aumento do passivo circulante neste último período. A dívida em relação às Receitas
Líquidas diminuiu de 51,5% em 2004 para 39,5% em 2006. O endividamento de longo prazo
existente se manteve, nos três anos, equivalente a 0,6 anos do EBITDA médio da empresa
dos anos de 2004 a 2006.

Impacto nos Investimentos

De acordo com os dados do SNIS, a empresa somente registra um investimento no


ano de 2005 de R$271.000,00 a preços correntes, quantia que representa 22% do ativo
imobilizado bruto do ano de 2006 (R$1,2 milhão a preços correntes). Este investimento foi
totalmente financiado com aumento de capital, segundo deduz-se da análise das
demonstrações financeiras e os dados do SNIS. O investimento realizado pela empresa
equivale a R$14 mil por habitante a preços de 2007.

O investimento anual médio realizado pela empresa equivale a 0,1 vezes as receitas
líquidas anuais médias do período analisado.

4.2.25. Águas do Amazonas

Fonte: Formulário respondido pelo operador nos anos de 2002 a 2006 e dados do
SNIS para o mesmo período.

Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional da empresa foi positivo para os anos de 2004 e 2005, R$2,6
milhões e R$8,7 milhões respectivamente a preços correntes; no ano de 2006, contudo,
diminuiu consideravelmente e foi negativo ( -R$7,4 milhões a preços correntes). Em relação
ao ativo total, foi de 0,5% no ano de 2004, 1,7% no ano de 2005 e de -1,5% em 2006.

O resultado líquido da empresa foi positivo para os anos de 2004 e 2005, R$355 mil e
R$538 mil respectivamente a preços correntes; diminuiu no ano de 2006 e foi negativo na (-
R$12,23 milhões a preços correntes). Isto se explica, em parte, pelo montante de
depreciação do período, que alcançou os R$29,6 milhões a preços correntes. A
rentabilidade em relação ao patrimônio inicial foi de 0,1% para os anos de 2004 e 2005, no
ano de 2006 foi negativa -2,9% pelo resultado negativo neste período.

158
O patrimônio líquido da empresa para o ano de 2004 é negativo -R$120 mil devido ao resultado do exercício do ano de
2003 de - R$140 mil.

368
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

O EBITDA foi positivo para os anos analisados e aumentou de R$30,5 milhões em


2004 para R$36,8 milhões no ano de 2005 e, no ano de 2006, diminuiu para R$22,2 milhões
a preços correntes Estes valores representam 23,5%, no ano de 2004, 25,3% em 2005, e
14,8%, no ano de 2006, das receitas líquidas.

Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente foi ascendente: passou de 0,58 em 2004, a 0,79 em


2005, e no ano de 2006 foi de 1,2, o que indica que a empresa neste período contou com os
recursos realizáveis suficientes para cobrir o total de suas dívidas de curto prazo.

O grau de endividamento em relação ao ativo diminuiu de 17,8% em 2004 para 13,0%


no ano de 2006 e o mesmo ocorre em relação ao patrimônio, de 21,6% em 2004 para 15,0%
em 2006. A proporção de passivo circulante em relação ao passivo exigível total diminuiu de
91,3% no ano de 2004 para 69,2% no ano de 2005 e aumentou em 2006 para 73,5% devido
à proporção em que diminuiu o passivo de longo prazo, foi maior a diminuição do passivo
circulante. A relação de dívida com relação às Receitas Líquidas diminuiu de 69,8% em
2004 para 43,4% em 2006. O endividamento de longo prazo existente ao final do ano de
2006 equivale a 0,6 anos do EBITDA médio da empresa dos anos de 2004 a 2006.

Impacto nos Investimentos

De acordo com os dados do SNIS, a empresa registra investimentos no montante de


R$111,2 milhões a preços correntes, o que representa 19% do ativo imobilizado bruto do
ano de 2006 (R$578 milhões a preços correntes). Quanto às fontes de financiamento, 23,9%
foram realizados com empréstimos , 54,4% com aumento de capital e 21,7% com recursos
da operação, segundo deduz-se da análise das demonstrações financeiras. O investimento
realizado pela empresa equivale a R$80.000,00 por habitante a preços de 2007.

O investimento anual médio realizado pela empresa equivale a 0,2 vezes as receitas
líquidas anuais médias do período analisado.

4.2.26- Ciágua Concessionária de Águas de Mairinque

Fonte: Formulário respondido pelo operador dos anos de 1999 a 2006 e dados do
SNIS mesmo período.

As informações disponíveis referentes ao ano de 2005 correspondem ao balanço, às


receitas e aos investimentos realizados e, para 2006, somente às receitas e aos
investimentos realizados.

Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional da empresa foi positivo para os anos de 2003 e 2004, R$798
mil e R$1,03 milhões respectivamente, a preços correntes, com uma média de R$1,1 milhão
a preços de 2007. Estes resultados representam em relação ao ativo total 9,4% no ano de
2003 e 11,8% no ano de 2004.

369
O resultado líquido da empresa foi negativo para os anos de 2003 e 2004, -R$26 mil e
-R$44 mil respectivamente a preços correntes. A média destes anos foi de -R$42 milhões a
preços de 2007. A rentabilidade em relação ao patrimônio inicial foi de -1,2% no ano de
2003 e -2,1% no ano de 2004.

O EBITDA para esta empresa não se pode calcular devido a não existirem dados da
depreciação e amortização dos períodos analisados.

Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente foi descendente e passou de 1,72 em 2003 para 0,46
em 2005, o que indica que a empresa não contava com os recursos realizáveis suficientes
para cobrir o total de suas dívidas de curto prazo.

O grau de endividamento em relação ao ativo se manteve na faixa de 75% a 76% no


período de 2003 a 2005, e em relação ao patrimônio diminuiu de 318,7% em 2004 para
293,2% em 2005. A proporção de passivo circulante em relação ao passivo exigível total
aumentou de 53,5% no ano de 2004 para 81,8% no ano de 2005 pelo efeito conjunto do
aumento do passivo circulante e a diminuição do passivo de longo prazo para menos da
metade do período 2004. A relação de dívida com relação às Receitas Líquidas diminuiu de
143,2% em 2003 para 131,8% em 2005. A equivalência do endividamento de longo prazo
com o EBITDA da empresa não foi calculado devido à falta de informação dos resultados
dos anos de 2005 e 2006.

Impacto nos Investimentos

De acordo com os dados do SNIS, a empresa registra investimentos na ordem de


R$5,5 milhões a preços correntes, sendo que 90% deste investimento foram realizados nos
anos de 1999 e 2000. Quanto às fontes de financiamento, 76,7% foram realizados com
empréstimos , 1,9% com aumento de capital e 21,3% com recursos da operação, segundo
deduz-se da análise das demonstrações financeiras e dados do SNIS. O investimento
realizado pela empresa equivale a R$222.000,00 por habitante a preços de 2007.

O investimento anual médio realizado pela empresa equivale a 0,2 vezes as receitas
líquidas anuais médias do período analisado.

4.2.27. Saneatins - Palmas

Fonte: Formulário respondido pelo operador nos anos de 1996 a 2006 e dados do
SNIS do mesmo período.

Os dados do ano de 2004 correspondem somente às receitas e o investimento do


período. Além disso, foram identificadas importantes inconsistências entre os totais de ativos
e passivos dos períodos de 2002, 2005 e 2006.159

159
Existe uma diferença de R$114,7 milhões entre ativo e passivo.

370
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional da empresa foi positivo para os anos de 2005 e 2006, R$86,4
milhões e R$92,0 milhões respectivamente a preços correntes. Em relação ao ativo total foi
de 49,7% no ano de 2005 e de 51,2% em 2006.

O resultado líquido da empresa foi positivo para os dois últimos períodos, R$29,6
milhões e R$33,4 milhões respectivamente a preços correntes, com uma média de R$33,3
milhões a preços de 2007. Não foi possível calcular a rentabilidade em relação ao
patrimônio inicial pelas inconsistências encontadas.

O EBITDA foi positivo para os anos de 2005 e 2006 e aumentou de R$95,3 milhões
em 2005 para R$103,0 milhões no ano de 2006. Estes valores representam 339,4% no ano
de 2005 e 330,5% no ano de 2006 das receitas líquidas, devido à alta quantia das Receitas
Operacionais em comparação com o nível de faturamento da empresa.

Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente foi de 1,9 para o ano de 2005 e de 1,5 em 2006,
indicando que a empresa dispõe de recursos realizáveis mais que suficientes para cobrir o
total de suas dívidas de curto prazo.

O grau de endividamento em relação do ativo manteve-se em 21% ao ano para os


dois últimos períodos.. A proporção de passivo circulante em relação ao passivo exigível
aumentou de 31,5% no ano de 2005 para 36,9% em 2006 pelo efeito combinado do
aumento do passivo circulante e da diminuição do passivo de longo prazo nesse período. A
dívida em relação às Receitas Líquidas diminuiu de 127,3% em 2005 para 119,0% em 2006.
O endividamento de longo prazo existente no ano de 2006 equivale a 0,2 anos do EBITDA
médio da empresa dos anos de 2005 e 2006.

Impacto nos Investimentos

De acordo com os dados do SNIS, a empresa registra investimentos na ordem de


R$145,9 milhões a preços correntes.. Quantos às fontes de financiamento, de acordo com a
informação do SNIS, 17,2% foram realizados com empréstimos e 82,8% com recursos
próprios. O investimento realizado pela empresa equivale a R$1,03 milhão por habitante a
preços de 2007.

O investimento anual médio realizado pela empresa equivale a 1,2 vezes as receitas
líquidas anuais médias do período analisado.

4.2.28. Companhia de Saneamento de Jundiaí

Fonte: Formulário respondido pelo operador dos anos de 1998 a 2006 com os dados
do balanço e Demonstrações de Resultados e dados do SNIS do mesmo período com
relação ao investimento.

371
Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional da empresa foi positivo para os três últimos períodos e oscilou
de R$1,3 milhão em 2004 para R$3,6 milhões em 2005, e para R$1,7 milhão no ano de
2006, a preços correntes. Em relação ao ativo total, 4,8% no ano de 2004, 11,4% no ano de
2005 e 5,4% em 2006.

O resultado líquido da empresa também foi positivo para os períodos de 2004 a 2006,
com o mesmo comportamento do resultado operacional oscilando de R$1,5 milhão em 2004
para R$3,4 milhões no ano de 2005, e para R$2,0 milhões em 2006, a preços correntes. A
média para os anos de 2004 a 2006 foi de R$2,5 milhões a preços de 2007. A rentabilidade
em relação ao patrimônio inicial foi de 17,2% para o ano de 2004, de 36,8% em 2005 e de
18,0% no ano de 2006.

O EBITDA foi positivo para os períodos analisados e aumentou de R$3,4 milhões em


2004 para R$5,6 milhões no ano de 2005 e diminuiu para R$4,3 milhões no ano de 2006.
Estes valores representam 14,7% no ano de 2004, 22,2% em 2005 e 15,5% no ano de 2006
das receitas líquidas.

Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente foi ascendente e passou de 2,5 em 2004 para 3,6 em
2005 e para 6,8 no ano de 2006 , o que indica que a empresa neste período contou com
recursos realizáveis mais que suficientes para cobrir o total de suas dívidas de curto prazo.

O grau de endividamento em relação ao ativo manteve a média de 67% no período


analisado, e em relação ao patrimônio o endividamento dos períodos analisados oscilou
entre 205,0% no ano de 2004, 185,0% em 2005 e 219,3% em 2006. A proporção de passivo
circulante em relação ao passivo exigível total diminuiu no período, de 17,2% no ano de
2004 para 7,6% no ano de 2006, pelo efeito combinado da tendência de queda do passivo
circulante e a tendência ascendente do passivo de longo prazo. A dívida em relação às
Receitas Líquidas diminuiu de 81,3% em 2004 para 77,4% em 2006. O endividamento de
longo prazo existente ao final do ano de 2006 equivale a 4,2 anos do EBITDA médio da
empresa dos anos de 2004 a 2006.

Impacto nos Investimentos

De acordo com os dados do SNIS, a empresa registra investimentos na ordem de


R$73,6 milhões a preços correntes, quantia que corresponde a mais do dobro do ativo
imobilizado bruto do ano de 2006 (R$36,38 milhões a preços correntes). Quanto às fontes
de financiamento, 17,4% foram realizados com empréstimos, 37,0% com aumento de capital
e 45,5% com recursos da operação, conforme se deduz da análise das demonstrações
financeiras e dos dados do SNIS. O investimento realizado pela empresa equivale a
R$306.000,00 por habitante a preços de 2007.

4.2.29. Prolagos S.A.

A empresa Prolagos S.A. tem atividade em cinco municípios: Cabo Frio, Armação de
Búzios, Arraial do Cabo, Iguaba Grande e São Pedro da Aldeia.

372
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Fonte: Dados de formulário preenchido por concessionário de 1998 a 2006 e dados do


SNIS do mesmo período.

Cabo Frio

Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional da empresa foi negativo para todo o período analisado: no


ano de 2004, foi de -R$5,7 milhões; em 2005, foi de -R$4,5 milhões; e no ano de 2006
diminuiu para -R$12,53 milhões, a preços correntes. Em relação ao ativo total, foi de -4,9%
em 2004, -3,5% em 2005 e -9,5% em 2006.

O resultado líquido foi negativo nos três anos, diminuiu de -R$6,1 milhões em 2004
para -R$13 milhões no ano de 2006, a preços correntes, com uma média de -R$8,5 milhões
a preços de 2007. A rentabilidade em relação ao patrimônio inicial foi de -29,7% no ano de
2004, de -18,3% em 2005 e de -51,5% no ano de 2006.

O EBITDA foi negativo para os períodos analisados e, com tendência decrescente,


diminuiu de -R$2,0 milhões em 2004 para -R$2,1 milhões no ano de 2005 e para -R$7,7
milhões no ano de 2006. Estes valores representaram -12,8% no ano de 2004, -11,9% em
2005 e -37,7% no ano de 2006 das receitas líquidas.

Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente foi de 0,28 em 2004, de 0,24 em 2005 e de 0,18 em


2006, o que significa que a empresa não dispõe dos recursos realizáveis suficientes para
cobrir seus compromissos de curto prazo.

O grau de endividamento em relação ao ativo aumentou de 78,5% em 2004, para


80,7% no ano de 2005 e para 88,2% em 2006, e em relação ao patrimônio o endividamento
também aumentou de 364,4% no ano de 2004 para 746,8% em 2006. A proporção de
passivo circulante em relação ao passivo exigível oscilou no período, foi de 42,5% em 2004,
44,3% em 2005 e 38,8% em 2006. A dívida em relação às Receitas Líquidas oscilou entre
566,6% em 2004, 605,2% em 2005 e 566,3% em 2006. Devido ao EBITDA médio do
período analisado ser negativo, não foi possível calcular sua relação com a dívida de longo
prazo, pois o resultado expresso em anos seria negativo.

Impacto nos Investimentos

De acordo com os dados contidos no formulário digital, a empresa realizou


investimentos totais de R$117,4 milhões a preços correntes, inferior ao valor do ativo
imobilizado bruto do ano de 2006 (R$144,4 milhões a preços correntes). Quanto às fontes
de financiamento, 78,3% foram realizados com empréstimos, 12,8% com recursos
provenientes da operação e 8,9% com aumento de capital, segundo deduz-se da análise
das demonstrações financeiras e os dados do SNIS. O investimento realizado pela empresa
equivale a R$968.000,00 por habitante a preços de 2007.

373
O investimento anual médio realizado pela empresa equivale a 1,1 vezes as receitas
líquidas anuais médias do período analisado.

Armação de Búzios

Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional da empresa foi negativo para todo o período analisado: em


2004, foi de -R$637 mil, em 2005, de -R$509 mil e, em 2006, diminuiu para -R$1,4 milhão, a
preços correntes. Estes resultados representam em relação ao ativo total -4,9% em 2004, -
3,5% em 2005 e -9,5% em 2006.

O resultado líquido foi negativo nos três anos, diminuiu de -R$686 mil em 2004 para -
R$1,5 milhões no ano de 2006, a preços correntes, com uma média de -R$951 mil a preços
de 2007. A rentabilidade em relação ao patrimônio inicial foi de -29,7% no ano de 2004, de -
18,3% para em 2005 e de -51,5% no ano de 2006.

O EBITDA foi negativo para os períodos analisados e, com tendência decrescente,


diminuiu de -R$228 mil em 2004 para -R$232 mil no ano de 2005 e para -R$868 mil no ano
de 2006. Estes valores representaram -4,9% no ano de 2004, -4,6% em 2005 e -14,7% no
ano de 2006 das receitas líquidas.

Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente foi de 0,28 em 2004, de 0,24 em 2005 e de 0,18 em


2006, o que significa que a empresa não dispõe dos recursos realizáveis suficientes para
cobrir seus compromissos de curto prazo.

O grau de endividamento em relação ao ativo aumentou de 78,5% em 2004, para


80,7% no ano de 2005 e para 88,2% em 2006, e com relação ao patrimônio o
endividamento também aumentou de 364,4% no ano de 2004 para 746,8% em 2006. A
proporção de passivo circulante em relação ao passivo exigível oscilou no período entre
42,5% em 2004, 44,3% em 2005 e 38,8% em 2006. A dívida em relação às Receitas
Líquidas oscilou entre 218,9% em 2004, 233,8% em 2005 e 220,3% em 2006. Devido ao
EBITDA médio do período analisado ser negativo, não foi possível calcular sua relação com
a dívida de longo prazo, pois o resultado expresso em anos seria negativo.

Impacto nos Investimentos

De acordo com os dados contidos no formulário digital, a empresa realizou


investimentos totais de R$27,66 milhões a preços correntes, superior ao valor do ativo
imobilizado bruto do ano de 2006 (R$16,19 milhões a preços correntes). Quanto às fontes
de financiamento, 70,1% foram realizados com empréstimos, 10,0% com recursos
provenientes da operação e 19,9% com aumento de capital, segundo deduz-se da análise
das demonstrações financeiras e os dados do SNIS. O investimento realizado pela empresa
equivale a R$1,5 milhão por habitante a preços de 2007.

O investimento anual médio realizado pela empresa equivale a 1,1 vezes as receitas
líquidas anuais médias do período analisado.

374
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Arraial do Cabo

Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional da empresa foi negativo para todo o período analisado: em


2004, foi de -R$1,6 milhão, em 2005, de -R$1,3 milhão e, em 2006, diminuiu para -R$3,6
milhões, a preços correntes. Estes resultados representaram em relação ao ativo total 4,9%
em 2004, -3,5% em 2005 e -9,5% em 2006.

O resultado líquido foi negativo nos três anos, diminuiu de -R$1,8 milhão em 2004
para -R$3,7 milhões em 2006, a preços correntes, com uma média de -R$2,44 milhões a
preços de 2007. A rentabilidade em relação ao patrimônio inicial foi de -29,7% em 2004, de -
18,3% em 2005 e de -51,5% em 2006.

O EBITDA foi negativo para os períodos analisados e, com tendência decrescente,


diminuiu -R$586 mil em 2004 para -R$596 mil no ano de 2005 e para -R$2,2 milhões no ano
de 2006. Estes valores representam -32,2% no ano de 2004, -30,0% em 2005 e -96,8% no
ano de 2006 das receitas líquidas.

Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente foi de 0,28 em 2004, de 0,24 em 2005 e de 0,18 em


2006, o que significa que a empresa não dispõe dos recursos realizáveis suficientes para
cobrir seus compromissos de curto prazo.

O grau de endividamento em relação ao ativo aumentou de 78,5% em 2004, para


80,7% no ano de 2005 e para 88,2% em 2006, e em relação ao patrimônio o endividamento
também aumentou de 364,4% no ano de 2004 para 746,8% em 2006. A proporção do
passivo circulante em relação ao passivo exigível oscilou no período entre 42,5% em 2004,
44,3% em 2005 e 38,8% em 2006. A dívida em relação às Receitas Líquidas oscilou entre
1427,9% em 2004, 1.525,1% em 2005 e 1.455,4% em 2006. Devido ao EBITDA médio do
período analisado ser negativo, não foi possível calcular sua relação com a dívida de longo
prazo, pois o resultado expresso em anos seria negativo.

Impacto nos Investimentos

De acordo com os dados contidos no formulário digital, a empresa realizou


investimentos totais de R$14,5 milhões a preços correntes, inferior ao valor do ativo
imobilizado bruto do ano de 2006 (R$41,6 milhões a preços correntes). Quanto às fontes de
financiamento 80,6% foram realizados com empréstimos, 15,3% com recursos provenientes
da operação e 4,1% com aumento de capital, segundo deduz-se da análise das
demonstrações financeiras e dos dados do SNIS. O investimento realizado pela empresa
equivale a R$748.000,00 por habitante a preços de 2007.

O investimento anual médio realizado pela empresa equivale a 1,1 vezes as


receitas líquidas anuais médias do período analisado.

375
Iguaba Grande

Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional da empresa foi negativo para todo o período analisado: em


2004, foi de -R$845 mil, em 2005, de -R$676 mil, e, em 2006, diminuiu para -R$1,9 milhão,
a preços correntes. Em relação ao ativo total, foi de -4,9% em 2004, -3,5% em 2005 e -9,5%
em 2006.

O resultado líquido foi negativo nos três anos, diminuiu de -R$910 mil em 2004 para -
R$1,93 milhões no ano de 2006, a preços correntes, com uma média de -R$1,4 milhões a
preços de 2007. A rentabilidade em relação ao patrimônio inicial foi de -29,7% em 2004,
18,3% em 2005 e de -51,5% em 2006.

O EBITDA foi negativo para os períodos analisados e com tendência decrescente:


diminuiu de -R$303 mil em 2004 para -R$308 mil em 2005, e, em seguida, para -R$1,2
milhão no ano de 2006. Estes valores representam -12,9% em 2004, -12,0% em 2005 e -
37,7% em 2006 das receitas líquidas.

Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente foi de 0,28 em 2004, de 0,24 em 2005 e de 0,18 em


2006, o que significa que a empresa não dispõe dos recursos realizáveis suficientes para
cobrir seus compromissos de curto prazo.

O grau de endividamento em relação ao ativo aumentou de 78,5% em 2004, para


80,7% no ano de 2005 e para 88,2% em 2006, e em relação ao patrimônio o endividamento
também aumentou de 364,4% no ano de 2004 para 746,8% em 2006. A proporção de
passivo circulante em relação ao passivo exigível oscilou no período entre 42,5% em 2004,
44,3% em 2005 e 38,8% em 2006. A dívida em relação às Receitas Líquidas oscilou entre
571,5% em 2004, 610,4% em 2005 e 566,3% em 2006. Devido ao EBITDA médio do
período analisado ser negativo, não foi possível calcular sua relação com a dívida de longo
prazo, pois o resultado expresso em anos seria negativo.

Impacto nos Investimentos

De acordo com os dados contidos no formulário digital, a empresa realizou


investimentos totais de R$25,1 milhões a preços correntes, superior ao valor do ativo
imobilizado bruto do ano de 2006 (R$21,5 milhões a preços correntes). Quanto às fontes de
financiamento 70,2% foram realizados com empréstimos, 9,4% com recursos provenientes
da operação e 20,4% com aumento de capital, segundo deduz-se da análise das
demonstrações financeiras e dos dados do SNIS. O investimento realizado pela empresa
equivale a R$1,6 milhão por habitante a preços de 2007.

O investimento anual médio realizado pela empresa equivale a 1,4 vezes as receitas
líquidas anuais médias do período analisado.

376
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

São Pedro da Aldeia

Impacto no Desempenho Operacional

O resultado operacional da empresa foi negativo para todo o período analisado, no


ano de 2004 foi de -R$2,7 milhões, em 2005 de -R$2,1 milhões e no ano de 2006 diminuiu
chegando a -R$5,9 milhões, a preços correntes. Em relação ao ativo total, foi de -4,9% em
2004, -3,5% em 2005 e -9,5% em 2006.

O resultado líquido foi negativo nos três anos, diminuiu de -R$2,9 milhões em 2004
para -R$6,1 milhões no ano de 2006, a preços correntes, com uma média de -R$4,0 milhões
a preços de 2007. A rentabilidade em relação ao patrimônio inicial foi de -29,7% no ano de
2004, de -18,3% em 2005 e de -51,5% no ano de 2006.

O EBITDA foi negativo para os períodos analisados e, com tendência decrescente,


diminuiu -R$950 mil em 2004 para -R$967 mil no ano de 2005 e para -R$3,6 milhões no ano
de 2006. Estes valores representaram -11,5%, no ano de 2004, -10,8%, em 2005, e -37,7%,
no ano de 2006, das receitas líquidas.

Impacto no Desempenho Financeiro

A relação de liquidez corrente foi de 0,28 em 2004, de 0,24 em 2005 e de 0,18 em


2006, o que significa que a empresa não dispõe dos recursos realizáveis suficientes para
cobrir seus compromissos de curto prazo.

O grau de endividamento em relação ao ativo aumentou de 78,5% em 2004, para


80,7% no ano de 2005 e para 88,2% em 2006, e em relação ao patrimônio o endividamento
também aumentou de 364,4% no ano de 2004 para 746,8% em 2006. A proporção de
passivo circulante em relação ao passivo exigível oscilou no período entre 42,5% em 2004,
44,3% em 2005 e 38,8% em 2006. A dívida em relação às Receitas Líquidas oscilou entre
511,6% em 2004, 546,5% em 2005 e 566,3% em 2006. Devido ao EBITDA médio do
período analisado ser negativo, não foi possível calcular sua relação com a dívida de longo
prazo, pois o resultado expresso em anos seria negativo.

Impacto nos Investimentos

De acordo com os dados contidos no formulário digital, a empresa realizou


investimentos totais de R$64,2 milhões a preços correntes, superior ao valor do ativo
imobilizado bruto do ano de 2006 (R$67,5 milhões a preços correntes). Quanto às fontes de
financiamento 64,6% foram realizados com empréstimos, 11,8% com recursos provenientes
da operação e 23,6% com aumento de capital, segundo deduz-se da análise das
demonstrações financeiras e dos dados do SNIS. O investimento realizado pela empresa
equivale a R$1,1 milhão por habitante a preços de 2007.

O investimento anual médio realizado pela empresa equivale a 1,1 vez as receitas
líquidas anuais médias do período analisado.

377
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ANEXO 5- Evolução da Receita, Tarifas e Modicidade

Este anexo tem como finalidade analisar a evolução das receitas, tarifas e modicidade
dos preços cobrados dos usuários pelos serviços prestados, em particular para aqueles de
baixa renda. Para tal efeito, tratar-se-á de verificar o comportamento das tarifas, o
comportamento das receitas operacionais das empresas e, finalmente, verificar se as tarifas
cobradas pelos concessionários representaram uma melhora ou uma deterioração em
relação à capacidade de pagamento dos usuários, considerando o momento imediatamente
após o início da operação das concessões

Esta análise tem como foco o estudo dos casos qualificados como de prestação
integral do serviço, pois os contratos tipo BOT não têm relação direta com as tarifas que
percebem os usuários. Por outro lado, é preciso mencionar que todas as análises
apresentadas aqui são de tipo parcial, isto é, limitam-se à quantidade de informação
disponível para cada indicador e período analisado.

5.1. Evolução das Tarifas

Esta seção tem como objetivo proporcionar uma visão geral sobre o comportamento
das tarifas a partir do cálculo de contas tipo pelos serviços prestados e, deste modo, avaliar
seus efeitos sobre os consumidores. Em particular, trata-se de:

• Analisar a evolução das tarifas no período posterior ao início da PSP, verificando


a existência de aumentos ou diminuições de seus valores, e como estes se
comportaram em relação à evolução dos indicadores de inflação160. Nos casos
em que houve informação disponível também se incorpora na análise o período
prévio à incorporação da PSP a fim de avaliar se existiram mudanças nas tarifas
ao comparar seus valores neste período em relação ao período posterior.
• Identificar se os prestadores oferecem tarifas especiais visando facilitar o acesso
ao consumo dos serviços por parte de famílias de baixa renda.

Foi elaborada uma base de dados a partir da informação de TABELAS tarifárias


entregues pela ABCON, complementando-se com TABELAS tarifárias históricas fornecidas
por alguns concessionários ou incluídas nos editais de licitação para períodos diferentes aos
fornecidos pela ABCON.

A partir destes antecedentes, calculou-se uma conta tipo de água para clientes
residenciais “normais” considerando um consumo de 10 m³ mensais161. A seguir, o valor da
conta foi calculado em termos unitários, através do quociente entre o valor total e a
quantidade de m³ considerados, de forma a obter uma aproximação do preço efetivo pago
por m³ consumido ou tarifa média recebida pelo cliente.

Adicionalmente, e com o objetivo de complementar as tarifas médias obtidas, foram


analisados os dados de faturamento médio disponíveis nas bases de dados do SNIS162.

160
Neste caso, apesar de que, em geral, os antecedentes utilizados para a realização do estudo incluem dados até o ano
2006, decidiu-se incorporar informação referente ao ano 2007 para incluir o máximo de informação disponível.
161
O consumo tipo de 10 metros cúbicos foi selecionado com a idéia de examinar a evolução das contas mensais
associadas a um volume básico de subsistência e que em muitos casos corresponde ao limite da primeira faixa de
consumo nas TABELAS tarifárias aplicadas aos usuários residenciais.
162 Receita Operacional Direta de Água
Tarifa Média de Água =
(Volume de Água Faturada–Volume de Água Exportada)

379
Tanto para as análises a partir da conta tipo, como para a evolução das tarifas médias
do SNIS, os preços foram atualizados a preços de Dezembro de 2007, utilizando-se o Índice
Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA).

5.1.1. Resultados

Considerando 20 casos para os quais foi possível obter a informação de TABELAS


tarifárias residenciais para o período posterior à PSP, é preciso alertar que estas
experimentaram um incremento tanto em termos nominais, como reais. De fato, ao analisar
contas tipo de 10 m³ de água para um cliente residencial em termos nominais, observa-se
que, no conjunto das concessões analisadas, a taxa média anual de crescimento foi de 16%
no período pós PSP, enquanto que, em termos reais, o crescimento anual médio deste
grupo de concessionários foi de 5%. A TABELA A5.1 mostra a distribuição das taxas de
crescimento real para o grupo de empresas analisadas.

TABELA A5.1 – Distribuição das Taxas de Crescimento Real Anuanl das Tarifas Residenciais
para um Volume de 10 m³/mês

Taxa de Crescimento Anual Casos Porcentagem de Casos

Entre 0% e 5% 11 55%

Entre 5% e 10% 8 40%

Entre 10% e 15% 1 5%

Mais de 15% 0 0%

Total 20 100%
Fonte: Elaboração dos Autores.

Como se pode observar, 11 dos casos, equivalentes a 55% das empresas que
puderam ser estudadas, apresentaram uma taxa de crescimento real menor que 5% anual,
enquanto que ao estender a faixa de análise a uma taxa de crescimento de 10% real ao
ano, 19 empresas, equivalente a 95% dos casos examinados, situam-se dentro desta faixa.
O único caso que apresenta uma taxa de crescimento que excede os 10% real anual é
Paranaguá com 14% ao ano.

O comportamento anterior também está presente para o indicador da tarifa média do


serviço de água do SNIS (TABELA A5.2). Este indicador cresceu em média 4% ao ano em
termos reais no período posterior à PSP. De fato, como se vê na TABELA seguinte, 23 dos
28 casos com informação disponível para este índice, correspondente a 82% do total de
empresas da amostra examinada, exibem uma taxa de crescimento menor ou igual a 10%
ao ano. Acima deste valor encontram-se os casos de Guará, Nova Friburgo, Paranaguá,
CAJ e Petrópolis.

380
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA A5.2 – Distribuição das Taxas de Crescimento Anual das Tarifas Médias Reais do
163
Serviço de Água

Taxa de Crescimento Anual Casos Porcentagem de Casos

Menos de 5% 14 50%

Entre 5% e 10% 9 32%

Entre 10% e 15% 4 14%

Mais de 15% 1 4%

Total 28 100%
Fonte: Elaboração dos Autores.

Além de conhecer as taxas médias de crescimento, é interessante conhecer como têm


evoluído as tarifas médias (faturamento médio) durante todo o período da PSP. No
GRÁFICO A5.I mostra-se a evolução da tarifa média de água para o conjunto de casos com
informações disponíveis no período de início da PSP até seis anos depois do início de sua
operação164. Neste GRÁFICO, o valor da tarifa média equivale ao índice que mede a
evolução real deste indicador em relação ao ano de início de operação da PSP (ano zero),
no qual se adota um valor base igual a 100. Este índice foi construído para cada
concessionária a partir do quociente entre a tarifa real do período correspondente e a tarifa
no ano zero expressa em termos reais165. Assim sendo, a partir do indicador médio de todas
as empresas disponíveis em cada período, foi possível obter um índice geral de evolução
deste indicador para as PSP. Em cada um dos períodos contou-se com pelo menos 17
dados de tarifas.

163
As taxas de crescimento anuais examinadas correspondem às que se obtém ao comparar o primeiro dado disponível
para o período posterior à PSP, geralmente para o primeiro ano de operação, com o último dado obtido, o qual geralmente
corresponde aos anos de 2006 ou 2007.
164
Não se pode realizar esta análise para o período anterior à PSP, devido à escassez e baixa qualidade dos dados
disponíveis.
165
Nos casos onde não se dispôs de informação para o ano 0, estimou-se a tarifa a partir de uma projeção linear.

381
GRÁFICO A5.1 – Curva de Evolução da Tarifa Média de Água para o Conjunto das PSP
Analisadas
140

130
Tarifa Média Ano/Tarifa Média T=0

120

110

100

90

80
0 1 2 3 4 5 6

Tarifa Média Água Tarifa Média Residencial Água

Fonte: Elaboração dos Autores.

Considerando o comportamento médio do conjunto da PSP em que se teve


informação, a tarifa média reportada no SNIS apresenta uma evolução muito similar à tarifa
média residencial obtida através de uma conta tipo de 10 m³ por mês. Em termos gerais, é
preciso destacar que ambas permanecem relativamente estáveis, sem mudanças bruscas
em sua tendência até o quinto ano de operação.

Esta evolução é coincidente com a impressão que se depreende da análise qualitativa


sobre a forma em que se tem desenvolvido as PSP no Brasil. Em geral, estima-se que os
primeiros anos depois de iniciada a operação dos concessionários privados, as tarifas não
tiveram um aumento real notório, inclusive havendo casos em que houve redução nas tarifas
reais. Os aumentos nas tarifas reais têm-se produzido vários anos depois do começo da
PSP, como produto de resolução de conflitos iniciais, revisões extraordinárias de tarifas ou
de renegociações contratuais.

O GRÁFICO seguinte mostra a forma de distribuição da evolução das tarifas médias


depois da PSP para aqueles casos que apresentam um comportamento muito abaixo ou
muito acima da média, considerando uma faixa de desvio padrão representada pela área
azul.

Como se pode observar para este período (GRÁFICO A5.2), novamente são os
municípios de Nova Friburgo, Guará e Petrópolis que se destacam por apresentarem um
crescimento mais acelerado das tarifas com relação à média. No restante dos casos onde
se apresentou um aumento pronunciado das tarifas como CAJ e Paranaguá, observou-se
que estas somente experimentaram altas taxas de crescimento a partir dos últimos anos de
operação, o que não se inclui no GRÁFICO. Por outro lado, entre as concessionárias que se
encontram muito abaixo da média, destacam-se os municípios de Cláudia, Guapimirim e
Nova Xavantina, que, inclusive, apresentam taxas de crescimento negativas em relação à
tarifa inicial da PSP.

382
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

GRÁFICO A5.2 – Evolução da Tarifa Média de Água para Casos Fora de Faixa
250

Tarifa Média Ano/Tarifa Média T=0 200

150

100

50

0
0 1 2 3 4 5 6

Tarifa Média Água Guará


Guapimirim Nova Friburgo Cláudia Nova Xavantina
União do Sul Petrópolis

Fonte: Elaboração dos Autores.

Por outro lado, para os casos com informações disponíveis, realizou-se uma
comparação dos valores reais das tarifas médias antes e depois da PSP. Os casos com
dados em que é possível sustentar que as tarifas médias tiveram um aumento foram os
seguintes (ver TABELAS ao final desse ANEXO): Manaus, Petrópolis (RJ), Prolagos (RJ),
Nova Friburgo (RJ), Guarantã do Norte (MG) e Paraguaçu (MG), com aumentos mais
expressivos para os casos das PSP do Rio de Janeiro. Há casos em que as tarifas médias
reais tiveram diminuições, como várias concessões do Mato Grosso - Cláudia, Matupá,
Sorriso e Nova Xavantina.

5.2. Tarifa Social

A partir das TABELAS tarifárias e de entrevistas realizadas junto às concessionárias,


procedeu-se a investigação sobre a existência de uma categoria social com preços
menores, visando facilitar o acesso ao consumo destes serviços para a população mais
vulnervel.

Geralmente a tarifa social corresponde a uma porcentagem da tarifa residencial


normal, que em média, para as empresas estudadas, está na faixa entre 50% e 60%,
considerando um consumo máximo entre 10 e 20 m³ mensais. Este benefício, porém, não
está presente em todos os casos.

383
GRÁFICO A5.3 - Porcentagem de Empresas
que possuem Tarifa Social

13
38%

21
62%

Tem Não Tem


Fonte: Elaboração dos Autores.

Como se pode observar no GRÁFICO A5.3, de um total de trinta e quatro (34)


concessionárias com alguma informação sobre este aspecto, treze possuem uma tarifa
social explícita, o que equivale a 38% da amostra. E, além disso, verifica-se que, em geral,
estes programas têm baixa cobertura, ou seja, os usuários cadastrados nessa categoria
representam um pequeno percentual em relação ao total de clientes residenciais
(normalmente em torno de 5% ou menos). As empresas que apresentam tarifa social
correspondem aos municípios de: Limeira, Palmas, Mirassol, Mauá, Niterói, Mairinque,
Campo dos Goytacazes, Petrópolis, Cachoeiro de Itapemirim, Araújos, Campo Grande,
Itapema e Paranaguá.

O desconto implícito na tarifa social nem sempre é aplicável a todas as faixas de


consumo (GRÁFICO A5.4). De oito concessionárias com tarifa social explícita e que
apresentam informação sobre a aplicação detalhada do mesmo, cinco o realizam somente
até um consumo máximo de 10 m³, as três restantes aplicam o desconto em todas as faixas.

GRÁFICO A5.4 - Aplicação da Tarifa Social


Segundo Faixa de Consumo

3
38%

5
62%

Primeira Faixa Todas as Faixas

Fonte: Elaboração dos Autores.


CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

5.3. Evolução da Receita

Os resultados da análise da evolução da receita informada pelos concessionários


serão apresentados a seguir, com o objetivo de proporcionar uma visão sobre seu
comportamento a partir da perspectiva da geração de maiores receitas assim que iniciada a
PSP.

Para obter uma aproximação do impacto da PSP nas receitas operacionais das
empresas, examinou-se o comportamento do indicador de receita operacional por economia
de água e esgoto166 para o período que vai do início da operação da PSP até a atualidade
(ano 2006). Não houve informação confiável para efetuar comparações antes e depois.

O estudo está centrado em dois aspectos: uma análise de comparação dos níveis que
apresenta este indicador para o ano 2006 e uma análise da sua evolução, na qual se
examina a tendência registrada para cada uma das empresas em estudo.

Todas as análises são mostradas de forma separada, segundo a segmentação por


número de economias totais, identificando-se dois grupos, cujos critérios de partição são
apresentados na TABELA A5.3.

TABELA A5.3 - Classificação das Empresas Segundo Tamanho

Classificação Economias Totais

Pequena Até 100.000

Grande Mais de 100.000

Fonte: Elaboração dos Autores.

Os valores se encontram atualizados a preços de 2007, de acordo com o Índice


Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA).

Os resultados da análise da evolução da receita, considerando como referência a


inclinação associada com a trajetória do indicador de receita unitária desde o início da
operação da concessão, estão apresentados na TABELA A5.4. Observa-se que doze (12)
empresas pequenas (63% do total com informação disponível) apresentam uma inclinação
positiva, revelando um aumento no nível de receita por economia. Nas empresas grandes,
estes casos são nove (9), que correspondem a 90% do número dos casos examinados
neste segmento. Somando ambos os grupos, vinte e um (21) casos de um total de vinte e
nove (29), que equivalem a 72%, apresentam tendência de aumento de suas receitas
operacionais unitárias.

TABELA A5.4 - Evolução da Receita Operacional Anual


por Economia de Água e Esgoto

Tendência Grande Pequena TOTAL

9 12 21
Positiva (crescente)
90% 63% 72%

1 7 8
Negativa (decrescente)
10% 37% 28%

Total 10 19 29

Fonte: Elaboração dos Autores.

166   / ( = >)


Receita Operacional por Economia =
# ? /? Á  #?

385
Dentro do grupo de empresas grandes, aquela que apresenta uma tendência negativa
deste indicador corresponde a concessionária Prolagos, enquanto que, nas pequenas, os
sete casos com tendência negativa estão concentrados nos municípios do Mato Grosso -
Carlinda, Cláudia, Guarantã do Norte, Sorriso, Marcelândia, Nova Xavantina e União do Sul.

Para o ano de 2006, em geral, observa-se que as empresas grandes obtêm, em


média, maiores receitas por economia do que aquelas segmentadas no grupo de empresas
pequenas. Enquanto as primeiras registram uma receita média anual de R$ 351 por
economia, as segundas apresentam uma receita anual de R$ 253. Esta situação pode ser
decorrente do fato de que dentro do grupo das empresas pequenas são consideradas tanto
empresas com serviço de água e esgoto, quanto empresas com apenas um serviço, o que
poderia provocar diferenças na arrecadação. Não obstante, como se pode verificar no
GRÁFICO A5.5, as empresas com serviço de água e esgoto não têm necessariamente
receitas por economia significativamente superiores àquelas com apenas um serviço. Por
exemplo, a concessionária de Sorriso, mesmo fornecendo somente o serviço de água,
apresenta receitas superiores à média das empresas de seu segmento.

Outro resultado visível é a alta dispersão das receitas tanto nas empresas grandes,
quanto nas pequenas. Dentro das empresas pequenas, as que contam com menores
receitas por economia são Araújos (MG) (R$ 88 por economia ao ano) e Cláudia (MT) (R$
129 por economia ao ano); e a com maior valor é Paranaguá (PA) (R$ 467). Entretanto,
entre as empresas grandes, a que apresenta menores receitas por economia é Nova
Friburgo (RJ) (R$ 220) e a que tem receitas mais altas é Niterói (RJ) (R$ 527) (GRÁFICO
A5.6).

GRÁFICO A5.5 - Receita Operacional Anual por Economia de


Água e Esgoto - Empresas Pequenas

500 467
450
400
R$ 2007/ Economia

350 304 319 312


298 294
300 270 263 264 257
245
250 222 222 224
198
200 173
150 129
88
100
50
0
Xavantina
Primavera do

Itapema*
Guará

Mairinque

Cláudia

Guarantã do

Pontes e

Paraguaçu

Paranaguá
Guapimirim*

Carlinda*

Matupá*

Sorriso*

Marcelândia*

Carmem*

União do Sul*

Araújos
Lacerda

Santa
Nova
Norte*

Leste

Receita Op. Anual por Economia Água e Esgoto Receita Op. Anual por Economia Água e Esgoto Média

Fonte: Elaboração dos Autores.


Nota: Indica que a empresa presta apenas um serviço: Água ou Esgoto

386
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

GRÁFICO A5.6 - Receita Operacional Anual por Economia de


Água e Esgoto - Empresas Grandes

600
527
500 467 479

R$ 2007/ Economia
400 360

289 302 301


300 282 280
220
200

100

SANEATINS
PROLAGOS

Grande

Manaus
Niterói
Limeira

Friburgo

Cachoeiro de

Campo
Campos dos

Petrópolis
Goytacazes

Nova

Itapemirim
Receita Op. Anual por Economia Água e Esgoto Receita Op. Anual por Economia Água e Esgoto Média

Fonte: Elaboração dos Autores.

5.4. Análise de Modicidade das Tarifas

Nesta seção são examinados os efeitos da participação do setor privado no


fornecimento de serviços de saneamento no Brasil, em relação ao impacto observado das
tarifas sobre a capacidade de pagamento dos usuários, em particular para a população de
baixa renda.

Para a análise, optou-se por elaborar um índice que refletisse o gasto destinado ao
consumo de água potável, como percentual da renda domiciliar167. A análise teve como foco
o estudo do comportamento deste indicador considerando 20% dos domicílios mais pobres
da população (1º quintil),168 e adotando-se para isso um consumo mensal tipo por domicílio
de 10 m³, representativo de acordo com os dados conhecidos sobre o consumo dos
usuários residenciais de baixa renda no Brasil.

A análise foi efetuada para cada caso utilizando a informação contida nas TABELAS
tarifárias que se dispunha. Os dados históricos sobre renda domiciliar foram obtidos da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). A associação entre os municípios
examinados e o segmento geoGRÁFICO relevante da PNAD está descrita na TABELA de
Classificação de Municípios na PNAD, incorporada ao final deste anexo.

Regra geral, os níveis tarifários apresentam dois efeitos sobre o nível de acesso: um
efeito barreira, que impede que uma pessoa acesse o serviço, e um efeito inibidor, que
desestimula o seu uso. Nesse sentido, o pleno acesso aos serviços seria atingido quando o
efeito inibidor chegasse em um nível no qual os usuários utilizam a quantidade de serviço
que consideram necessária, sem reduzir o consumo de outros bens ou serviços essenciais.
No caso dos serviços de saneamento, por exemplo, critérios adotados pelo BID (Banco
Interamericano de Desenvolvimento), recomendados pela OPS, determinam que, em média,

167
Não foi considerado o serviço de coleta de esgoto devido a que há muitos casos em que este serviço ainda não é
prestado pelas concessionárias e porque as tarifas de esgoto em geral são iguais às tarifas de água segundo se verifica
nas TABELAS tarifarias.
168
Não se considerou na análise o grupo de clientes da categoria ‘residencial social’ pelo fato de que, em geral, estes
usuários representam um percentual reduzido do total de clientes residenciais. Além disso, em muitos casos, esta categoria
simplesmente não existe nas TABELAS tarifárias.

387
a despesa com água potável como proporção da renda não deveria superar 3% no caso das
famílias mais carentes.

Para o ano 2006, a partir de 21 casos com informação (TABELA A5.5), os resultados
revelam que, em média a despesa com serviços de água das famílias mais pobres da
amostra de municípios estudados representa um percentual de sua renda que se encontra
dentro do critério estabelecido pela OPS. De fato, considerando um consumo médio de 10
m³ mensais para o ano de 2006, as despesas realizadas com água potável significam em
média cerca de 2,5% da renda recebida por 20% das famílias mais pobres169. Todavia,
como mostra a TABELA seguinte, existe uma quantidade de municípios com índices
superiores aos recomendados, como Palmas (Saneatins), Matupá (MT), Campo Grande
(MS), Paranaguá (PA) e a concessionária PROLAGOS (RJ). Destes casos somente Matupá,
Paranaguá e PROLAGOS apresentam uma tendência positiva do indicador de modicidade
(aumento do gasto como proporção da renda), fato que se sustenta no mais acelerado
incremento de suas tarifas com relação à evolução da renda domiciliar170. No caso de
Palmas e Campo Grande, em compensação, a tendência do indicador de modicidade é
negativa (a redução), indicando que, apesar das melhorias verificadas, estas ainda não
permitem chegar a níveis de acessibilidade recomendados.

TABELA A5.5 - Despesa de Água como Porcentagem da Renda


Domiciliar Conta 10 m³/mês - quintil i - Ano 2006

Modicidade Casos %

Menos de 3% 16 76%

Mais de 3% 5 24%
Fonte: Elaboração dos Autores.

Em termos de evolução, dentro do período posterior ao início da PSP, os indicadores


mostram em geral uma tendência decrescente, ou seja, existe uma melhora na capacidade
de pagamento dos usuários171. De fato, em 12 de 20 casos em que foi possível examinar a
evolução da modicidade neste período, apresenta-se uma diminuição do índice para um
consumo tipo de 10 m³ de água por mês (TABELA A5.6). Isto corresponde a Araújos, Bom
Sucesso, Campo Grande, Cláudia, Guapimirim, Guarantã do Norte, Manaus, Niterói,
Palmas, Paraguaçu, Primavera do Leste e Sorriso. Enquanto que aqueles com um índice de
modicidade com tendência positiva (aumento da despesa em água relativa à renda), isto é,
que experimentaram uma piora em termos de capacidade de pagamento, corresponde aos
casos de Cachoeiro de Itapemirim (ES), CAJ (RJ), Limeira (SP), Matupá (MT), Nova
Friburgo (RJ), Nova Xavantina (MT), Paranaguá (PA) e PROLAGOS (RJ).

TABELA A5.6 – Tendência da Evolução dos Índices de Modicidade no Período Posterior ao


Início da PSP
Positiva Negativa Total
(aumento) (redução)

Casos 8 12 20

% 40% 60% 100%


Fonte: Elaboração dos Autores.

169
Média ponderada pelo tamanho do município 2,7%.
170
No caso de Matupá o crescimento médio da tarifa média residencial no período posterior à PSP elevou-se a 7% ao ano,
em Paranaguá um 14% e em PROLAGOS um 10%.
171
Lembrar que o indicador é definido como a proporção da renda destinada à água, portanto uma diminuição no
indicador, expressa uma melhora em termos de modicidade.

388
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Nos casos que apresentam melhoria (redução), a evolução não pode ser atribuída a
uma diminuição de tarifas, mas sim a um aumento na renda média dos domicílios
localizados dentro do primeiro quintil. De fato, ao analisar os doze municípios com tendência
decrescente, três casos, correspondentes a Bom Sucesso, Manaus e Primavera do Leste,
apresentaram um incremento da tarifa média residencial superior a 5% ao ano em termos
reais, enquanto que o resto o fez a uma taxa inferior. Isto significa que nestes municípios, o
crescimento na renda domiciliar média das famílias mais pobres cresceu a taxas superiores.

No caso dos municípios com tendência a deterioração da modicidade (aumento do


gasto em relação à renda), seis dos oito casos apresentaram taxas de crescimento reais das
tarifas médias maiores que 5% ao ano e somente nos casos de Cachoeiro de Itapemirim e
Limeira, se apresentaram uma taxa menor. Em nenhum destes casos, o crescimento da
renda média familiar do segmento mais pobre da população, foi suficiente para compensar
os aumentos de tarifas comentados.

5.5. Conclusão

Foram analisados os efeitos da PSP sobre as tarifas dos serviços prestados,


considerando para isso uma análise sobre a evolução de contas tipo e a sua relação com a
capacidade de pagamento da população mais pobre ou “modicidade”, entendida esta última
como a porcentagem de gasto em água sobre o total da renda média recebida pelos
domicílios de 20% mais pobre da população durante o período posterior à PSP.

As conclusões gerais desta análise são as seguintes:

Para os casos examinados, não existe evidência de que em geral a modicidade das
tarifas para as famílias mais pobres tenha piorado durante o período posterior à PSP. De
fato, considerando a evolução do indicador de modicidade para cada uma das empresas
analisadas, percebe-se uma leve melhoria, o que pode ser explicado por um crescimento
mais rápido da renda domiciliar destes segmentos da população, em relação ao crescimento
real que as tarifas registraram neste período para a categoria residencial. Efetivamente, as
tarifas, em termos reais, registraram um aumento médio anual entre 4% e 5% que permitiu
que as maiores partes das empresas examinadas aumentassem suas rendas operacionais
por economia, em relação ao momento de início da concessão.

Todavia, apesar da melhora na modicidade destacada no ponto anterior, existe uma


quantidade de municípios com índices de gasto em saneamento superiores aos
recomendados pelo OPS. De acordo com esta entidade, não mais de 3% da renda das
famílias pobres deve ser destinado a gasto em água. No entanto, as análises aqui
apresentadas revelam que, cinco dos vinte e um casos com informação disponível em 2006,
correspondente a 24% dos municípios analisados, se encontram fora desta faixa. Isto
permite concluir que seria preciso implementar políticas de subsídios visando corrigir esta
situação.

Finalmente, em relação à existência de uma tarifa social explícita, de um total de trinta


e quatro concessionárias com informação sobre esta matéria, só 13 delas possuem uma
categoria especial com este objetivo. Por outro lado, de acordo com as informações
recebidas, em geral sua abrangência é baixa, dado que o percentual de clientes
cadastrados neste segmento é de um dígito só (aproximadamente 5%).

389
TABELA A5.7- Designação de Municípios a Áreas Geográficas da PNAD

Municípios Unidade da Federação Classificação PNAD

Manaus AM Auto Representativo


Palmas TO Auto Representativo
Fortaleza CE Região Metropolitana
Araújos MG Não Auto Representativo
Bom Sucesso MG Não Auto Representativo
Paraguaçu MG Não Auto Representativo
Cachoeiro de Itapemirim ES Auto Representativo
Araruama RJ Auto Representativo
Armação dos Búzios RJ Não Auto Representativo
Arraial do Cabo RJ Não Auto Representativo
Cabo Frio RJ Auto Representativo
Campos dos Goytacazes RJ Auto Representativo
Guapimirim RJ Região Metropolitana
Iguaba Grande RJ Não Auto Representativo
Niterói RJ Auto Representativo
Nova Friburgo RJ Auto Representativo
Petrópolis RJ Auto Representativo
São Pedro da Aldeia RJ Não Auto Representativo
Saquarema RJ Não Auto Representativo
Silva Jardim RJ Não Auto Representativo
Araçatuba SP Auto Representativo
Birigui SP Não Auto Representativo
Cajamar SP Região Metropolitana
Guará SP Não Auto Representativo
Itu SP Não Auto Representativo
Jaú SP Não Auto Representativo
Jundiaí SP Auto Representativo
Limeira SP Auto Representativo
Mairinque SP Não Auto Representativo
Marília SP Auto Representativo
Marília SP Auto Representativo
Matão SP Não Auto Representativo
Mauá SP Região Metropolitana
Mineiros do Tietê SP Não Auto Representativo
Mirassol SP Não Auto Representativo
Ourinhos SP Não Auto Representativo
Ribeirão Preto SP Auto Representativo
São Carlos SP Auto Representativo
Paranaguá PR Auto Representativo
Itapema SC Não Auto Representativo
Campo Grande MS Auto Representativo
Arenápolis MT Não Auto Representativo
Carlinda MT Não Auto Representativo
Cláudia MT Não Auto Representativo
Guarantã do Norte MT Não Auto Representativo
Juscimeira MT Não Auto Representativo

390
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Municípios Unidade da Federação Classificação PNAD

Marcelândia MT Não Auto Representativo


Matupá MT Não Auto Representativo
Nobres MT Não Auto Representativo
Nova Xavantina MT Não Auto Representativo
Pontes e Lacerda MT Não Auto Representativo
Santa Carmem MT Não Auto Representativo
Sorriso MT Não Auto Representativo
União do Sul MT Não Auto Representativo
Fonte: Elaboração dos Autores.

391
TABELA A5.8- Tarifa Média Conta Residencial 10 M³ Nominal

Município -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Limeira 0.22 0.38 0.42 0.55 0.60 0.65


Niterói 0.37 0.89 0.89 1.28
Manaus 0.62 0.69 0.87 1.14 1.14 1.22 1.33 1.65
Palmas 0.60 1.00 1.10 1.24 1.39 1.51 1.53 1.71
Guará 0.92
Mairinque 1.19
Mineiros do Tietê
Mirassol
Mauá
CAJ 0.45 0.44 1.28
PROLAGOS 0.45 0.49 0.59 0.62 0.73 0.89 1.09 1.46 1.51 1.56
Campos dos Goytacazes 1.27
Guapimirim 0.76 1.00 1.00
Petrópolis 1.30
Nova Friburgo 0.60 0.74 0.86 0.98 1.04 1.10
Cachoeiro de Itapemirim 0.51 0.45 0.55 0.64 0.64 0.93 0.96 0.98 1.21 1.24
Carlinda 1.22
Cláudia 0.78 0.87 0.91 0.94
Guarantã do Norte 0.70 0.79 1.00 1.06 1.12
Matupá 0.85 1.06 1.25 1.37 1.47
Sorriso 0.60 0.60 0.69 0.94 0.94 0.94 1.10 1.29
Nobres
Primavera do Leste 0.96 1.06 1.26 1.33 1.35
Arenápolis
Juscimeira
Marcelândia 0.80
Nova Xavantina 0.57 0.70 0.82 0.84 0.91

392
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Município -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Pontes e Lacerda
Santa Carmem 0.93
União do Sul 1.17
Campo Grande 0.90 0.97 1.06 1.28 1.59 1.67 1.71 1.76
Itapema 1.75
Araújos 0.95 0.95 1.11 1.26 1.32
Bom Sucesso 0.83 0.96 1.11 1.24 1.24
Paraguaçu 0.52 0.57 0.62 0.72 0.82 0.91 0.96 1.00
Paranaguá 0.38 0.46 0.59 0.73 0.88 1.08 1.29 1.47 1.58

Fonte: Elaboração dos Autores.

393
TABELA A5.9 – Tarifa Média Conta Residencial 10 M³ Real

Município -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Limeira 0.52 0.58 0.59 0.68 0.69 0.70


Niterói 0.75 1.26 1.10 1.33
Manaus 1.03 1.07 1.23 1.40 1.32 1.32 1.38 1.65
Palmas 1.42 1.54 1.56 1.53 1.61 1.63 1.59 1.71
Guará 0.95
Mairinque 1.19
Mineiros do Tietê
Mirassol
Mauá
CAJ 0.92 0.81 1.33
PROLAGOS 0.92 0.87 0.96 0.96 1.03 1.09 1.25 1.58 1.57 1.56
Campos dos Goytacazes 1.27
Guapimirim 0.93 1.08 1.00
Petrópolis 1.30
Nova Friburgo 0.85 0.91 0.99 1.06 1.08 1.10
Cachoeiro de Itapemirim 0.94 0.79 0.90 0.98 0.91 1.15 1.11 1.06 1.25 1.24
Carlinda 1.22
Cláudia 0.90 0.94 0.94 0.94
Guarantã do Norte 1.08 0.91 1.08 1.10 1.12
Matupá 1.20 1.31 1.44 1.48 1.52
Sorriso 0.99 0.92 0.98 1.16 1.09 1.02 1.14 1.29
Nobres
Primavera do Leste 1.18 1.22 1.36 1.38 1.35
Arenápolis
Juscimeira
Marcelândia 0.92
Nova Xavantina 0.70 0.81 0.89 0.87 0.91

394
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Município -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Pontes e Lacerda
Santa Carmem 0.96
União do Sul 1.17
Campo Grande 1.48 1.49 1.50 1.58 1.84 1.80 1.77 1.76
Itapema 1.75
Araújos 1.17 1.10 1.20 1.30 1.32
Bom Sucesso 1.03 1.11 1.20 1.29 1.24
Paraguaçu 0.86 0.87 0.87 0.89 0.94 0.98 0.99 1.00
Paranaguá 0.72 0.85 0.97 1.11 1.24 1.33 1.49 1.59 1.64

395
TABELA A5.10 – Tarifa Média Nominal

Município -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Limeira 0.52 0.50 0.47 0.47 0.45 0.62 0.79 0.98 1.06 1.13
Niterói 1.08 0.70 1.00 1.20 1.45 1.64 1.87 1.98 2.22
Manaus 0.87 0.97 1.04 1.12 1.60 1.71 2.15 2.28 2.33
Palmas 1.00 1.03 0.98 0.96 1.29 1.35 1.82 2.11 2.13
Guará 0.54 0.36 0.41 0.93 0.96
Mairinque 0.56 0.91 0.99 1.06 1.21 1.39 1.43 1.53
Mineiros do Tietê
Mirassol
Mauá
CAJ 0.67 0.57 0.95 1.13 1.33 1.30 2.33 2.64
PROLAGOS 0.95 1.44 1.43 1.54 1.54 1.54 1.93 1.96
Campos dos Goytacazes 0.71 1.04 1.26 1.49 1.64 1.78 1.91
Guapimirim 1.05 1.51 1.20 1.19 1.24
Petrópolis 0.45 0.62 0.86 0.98 0.86 1.10 1.34 1.48 1.86 1.98
Nova Friburgo 0.43 0.59 0.48 0.53 1.25 1.49 1.41 1.40
Cachoeiro de Itapemirim 0.73 0.81 0.82 0.94 1.06 1.32 1.43 1.54 1.78
Carlinda 1.48 1.43
Cláudia 0.93 0.90 0.84 0.95 1.10 0.72 0.75
Guarantã do Norte 1.02 0.85 0.84 0.98 1.44 1.51 1.50 1.55 1.56
Matupá 1.16 0.84 0.82 0.86 1.08 1.78 1.62 1.52
Sorriso 0.92 0.83 0.80 0.87 0.97 1.35 1.14 1.13 1.39
Nobres 0.99 0.87 0.90
Primavera do Leste 1.00 0.94 1.61 1.71
Arenápolis
Juscimeira
Marcelândia 0.93 0.84 0.86 0.91 1.19

396
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Município -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Nova Xavantina 0.98 0.86 0.85 1.00 0.93 1.16 1.25 1.12
Pontes e Lacerda 1.01 0.90 0.88 1.12 1.51 1.52
Santa Carmem
União do Sul 0.19 1.21 1.48
Campo Grande 1.04 0.99 1.07 1.24 1.39 1.50 1.69 1.97 2.15 2.28
Itapema 2.07
Araújos 1.03 1.09 1.15 1.34
Bom Sucesso 0.81 1.01 1.13 1.29
Paraguaçu 0.44 0.57 0.61 0.71 0.82 0.91 0.98
Paranaguá 0.73 0.85 0.90 0.95 1.26 1.37 1.83 2.41 2.68 3.15

397
TABELA A5.11- Tarifa Média Real

Município -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Limeira 1.07 0.95 0.88 0.82 0.74 0.95 1.12 1.20 1.23 1.22
Niterói 2.21 1.33 1.64 1.84 2.06 2.02 2.16 2.14 2.30
Manaus 1.78 1.84 1.93 1.96 2.27 2.11 2.48 2.46 2.42
Palmas 2.04 1.96 1.82 1.69 1.83 1.66 2.10 2.28 2.21
Guará 1.00 0.60 0.63 1.00 1.00
Mairinque 0.99 1.50 1.51 1.50 1.49 1.61 1.55 1.59
Mineiros do Tietê
Mirassol
Mauá
CAJ 1.24 1.00 1.46 1.59 1.64 1.50 2.52 2.74
PROLAGOS 1.75 2.36 2.20 2.18 1.90 1.78 2.08 2.03
Campos dos Goytacazes 1.17 1.59 1.78 1.83 1.89 1.93 1.98
Guapimirim 1.48 1.87 1.39 1.28 1.29
Petrópolis 1.07 1.14 1.51 1.60 1.32 1.56 1.65 1.71 2.01 2.05
Nova Friburgo 0.76 0.97 0.74 0.75 1.54 1.72 1.52 1.45
Cachoeiro de Itapemirim 1.39 1.43 1.34 1.45 1.50 1.63 1.65 1.66 1.85
Carlinda 1.59 1.48
Cláudia 1.77 1.66 1.47 1.34 1.27 0.78 0.78
Guarantã do Norte 1.94 1.56 1.48 1.50 2.04 1.86 1.73 1.67 1.61
Matupá 2.21 1.56 1.45 1.21 1.33 2.06 1.75 1.58
Sorriso 1.74 1.53 1.41 1.34 1.37 1.66 1.32 1.22 1.44
Nobres 1.88 1.60 1.47
Primavera do Leste 1.91 1.74 1.85 1.77
Arenápolis
Juscimeira
Marcelândia 1.76 1.56 1.51 1.05 1.23
Nova Xavantina 1.86 1.58 1.50 1.41 1.15 1.33 1.35 1.16
Pontes e Lacerda 1.93 1.66 1.55 1.73 1.63 1.57

398
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Município -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Santa Carmem
União do Sul 0.33 1.39 1.53
Campo Grande 2.11 1.89 1.98 2.04 2.14 2.13 2.08 2.28 2.32 2.36
Itapema 2.15
Araújos 1.26 1.25 1.24 1.39
Bom Sucesso 1.15 1.25 1.31 1.39
Paraguaçu 0.73 0.87 0.86 0.87 0.95 0.99 1.01
Paranaguá 1.40 1.57 1.59 1.56 1.93 1.94 2.25 2.78 2.89 3.26

399
TABELA A5.12 - Índice de Evolução da Tarifa Média Residencial Real 10 m³
Taxa de
Município -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Tendência Crescimento
Anual
Limeira 100 112 114 130 133 135 Positiva 3%
Niterói 69 100 117 101 123 Positiva 1%
Manaus 100 104 120 137 128 129 135 161 Positiva 9%
Palmas 92 100 101 99 104 106 103 111 Positiva 2%
Guará
Mairinque
Mineiros do Tietê
Mirassol
Mauá
CAJ 113 100 163 Positiva 8%
PROLAGOS 130 100 123 136 135 146 154 177 223 221 220 Positiva 10%
Campos dos Goytacazes
Guapimirim 100 99 115 106 Positiva 2%
Petrópolis
Nova Friburgo 100 119 127 138 147 150 153 Positiva 6%
Cachoeiro de Itapemirim 100 84 96 104 96 122 118 112 133 132 Positiva 4%
Carlinda
Cláudia 100 104 105 104 Positiva 1%
Guarantã do Norte 100 85 100 102 104 Positiva 1%
Matupá 100 105 114 126 129 133 Positiva 7%
Sorriso 100 94 99 117 110 103 116 131 Positiva 4%
Nobres
Primavera do Leste 100 113 117 130 132 129 Positiva 5%
Arenápolis
Juscimeira
Marcelândia
Nova Xavantina 100 102 117 128 127 132 Positiva 7%

400
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Taxa de
Município -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Tendência Crescimento
Anual
Pontes e Lacerda
Santa Carmem
União do Sul
Campo Grande 100 101 102 107 124 122 120 119 Positiva 3%
Itapema
Araújos 100 109 103 112 121 123 Positiva 3%
Bom Sucesso 100 103 112 121 130 125 Positiva 5%
Paraguaçu 100 101 101 103 110 114 115 117 Positiva 2%
Paranaguá 100 117 135 154 171 183 206 219 226 Positiva 14%
Dados em azul indicam que o índice foi calculado com base na projeção linear da tarifa no ano zero.
As inclinações e as taxas de crescimento foram construídas a partir de dados reais.

401
TABELA A5.13 - Índice de Evolução de Tarifa Média Real
Taxa de Crescimento
Município -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Tendência
Anual

Limeira 100 131 117 107 101 91 116 137 147 151 149 Positiva 1.6%
Niterói 135 81 100 100 112 125 123 132 130 140 Positiva 6.7%
Manaus 85 88 92 94 100 109 101 119 118 116 Positiva 1.7%
Palmas 127 122 113 106 100 114 104 131 142 138 Positiva 5.2%
Guará 166 100 104 167 166 Positiva 11.0%
Mairinque 100 85 129 131 129 128 139 133 137 Positiva 8.6%
Mineiros do Tietê
Mirassol
Mauá
CAJ 100 81 118 129 133 121 203 221 Positiva 15.2%
PROLAGOS 100 135 126 125 109 102 119 116 Negativa 2.0%
Campos dos Goytacazes 100 91 124 139 143 148 150 155 Positiva 11.6%
Guapimirim 100 85 107 79 73 74 Negativa -3.2%
Petrópolis 94 100 132 141 116 136 144 150 176 180 Positiva 10.0%
Nova Friburgo 100 129 97 99 204 227 201 192 Positiva 13.1%
Cachoeiro de Itapemirim 108 100 112 105 113 117 127 129 130 144 Positiva 4.1%
Carlinda 100 93 86 Negativa -7.3%
Cláudia 140 131 116 106 100 62 62 Negativa -19.2%
Guarantã do Norte 129 104 98 100 136 124 115 112 107 Negativa 1.5%
Matupá 178 126 117 100 98 107 166 141 127 Positiva 7.6%
Sorriso 123 108 99 100 94 97 117 93 86 102 Negativa 1.6%
Nobres
Primavera do Leste 95 86 100 92 88 Negativa -2.2%
Arenápolis
Juscimeira
Marcelândia 184 163 158 100 110 129 Positiva 8.8%
Nova Xavantina 132 112 106 100 81 95 96 82 Negativa -4.5%

402
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Taxa de Crescimento
Município -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Tendência
Anual

Pontes e Lacerda 111 96 90 100 94 91 Negativa -1.8%


Santa Carmem
União do Sul 100 125 138 Positiva 5.0%
Campo Grande 104 93 97 100 105 104 102 112 114 116 Positiva 2.6%
Itapema
Araújos 100 106 105 104 116 Positiva 3.4%
Bom Sucesso 100 108 114 121 Positiva 7.0%
Paraguaçu 100 119 118 119 129 135 138 Positiva 6.4%
Paranaguá 100 113 114 112 138 139 162 199 207 234 Positiva 14.9%
Dados em azul indicam que o índice foi calculado com base na projeção linear da tarifa no ano zero.
As inclinações e as taxas de crescimento foram construídas a partir de dados reais.

403
TABELA A5.14 - Despesa Água como Porcentagem de Renda Domiciliar por Concessionárias

Município -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Tendência

Limeira 1.5% 1.7% 1.6% 2.0% 1.8% 1.6% Positiva


Niterói 2.0% 3.1% 3.0% 2.9% Negativa
Manaus 2.8% 2.9% 2.7% 3.2% 2.7% 2.3% 2.5% Negativa
Palmas 3.9% 4.0% 3.6% 3.8% 3.3% 3.7% 3.1% Negativa
Guará 1.9%
Mairinque
Mineiros do Tietê
Mirassol
Mauá
CAJ 2.2% 2.9% Positiva
PROLAGOS 2.2% 2.4% 2.4% 2.6% 3.0% 3.3% 3.3% 3.4% Positiva
Campos dos Goytacazes
Guapimirim 2.9% 2.7% Negativa
Petrópolis
Nova Friburgo 2.1% 2.5% 2.6% 2.2% 2.3% Positiva
Cachoeiro de Itapemirim 2.5% 2.4% 2.7% 2.8% 2.4% 3.3% 2.7% 2.6% 2.6% Positiva
Carlinda
Cláudia 2.1% 2.1% 1.9% Negativa
Guarantã do Norte 2.8% 2.1% 2.4% 2.2% Negativa
Matupá 2.9% 3.3% 3.3% 3.3% 3.1% Positiva
Sorriso 2.4% 2.4% 2.4% 2.9% 2.5% 2.3% 2.3% Negativa
Nobres
Primavera do Leste 2.9% 2.8% 3.1% 2.8% Negativa
Arenápolis
Juscimeira
Marcelândia 2.1%
Nova Xavantina 1.8% 1.9% 2.0% 1.8% Positiva

404
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Município -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Tendência

Pontes e Lacerda
Santa Carmem 1.9%
União do Sul
Campo Grande 3.9% 3.8% 3.6% 4.1% 4.2% 3.9% 3.4% Negativa
Itapema
Araújos 3.3% 2.6% 2.6% 2.7% Negativa
Bom Sucesso 2.9% 2.7% 2.6% 2.6% Negativa
Paraguaçu 2.3% 2.3% 2.2% 2.5% 2.3% 2.2% 2.0% Negativa
Paranaguá 2.0% 2.1% 3.2% 4.0% 3.2% 3.5% 4.0% 3.6% 3.5% Positiva

405
TABELA A5.15 – Receita Operacional de Água e Esgoto por Economia R$ em 2007

Município -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 TENDÊNCIA DEPOIS

Guará 83 163 165 169 188 198 Crescente


Limeira 262 265 243 223 196 236 266 285 278 284 Crescente
Mairinque 235 317 320 309 293 300 290 298 Crescente
Mineiros do Tietê
Mirassol
ECOSAMA 158
CAJ 332 273 768 373 400 342 Crescente
PROLAGOS 406 403 331 314 363 262 251 282 Decrescente
Campos dos Goytacazes 251 268 303 269 281 299 302 Crescente
Guapimirim 139 161 340 301 273 304 Crescente
Niterói 411 468 525 478 473 491 527 Crescente
Petrópolis 199 228 248 221 249 247 258 287 301 Crescente
Nova Friburgo 194 211 186 180 194 225 215 220 Crescente
Cachoeiro de Itapemirim 219 214 228 227 233 240 253 280 Crescente
Carlinda 231 222 Decrescente
Cláudia 231 128 129 Decrescente
Guarantã do Norte 483 324 266 364 282 270 Decrescente
Matupá 170 196 286 273 263 Crescente
Nobres 296
Primavera do Leste 311 319 Crescente
Sorriso 295 289 272 252 227 264 Decrescente
Arenápolis
Juscimeira
Marcelândia 267 245 Decrescente
Nova Xavantina 234 252 242 222 Decrescente
Pontes e Lacerda 232 323 294 Crescente
Santa Carmem 224

406
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Município -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 TENDÊNCIA DEPOIS

União do Sul 272 257 Decrescente


Campo Grande 365 444 462 426 466 450 467 Crescente
Itapema 297 312 Crescente
Araújos 78 79 81 88 Crescente
Bom Sucesso 144 153 163 171 Crescente
Paraguaçu 163 159 154 163 165 173 Crescente
Paranaguá 162 297 305 292 307 322 338 439 442 467 Crescente
Manaus 471 445 492 503 479 Crescente
SANEATINS 333 335 366 373 360 Crescente

407
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ANEXO 6- “O Entorno do Entorno”: Análise do “Entorno Institucional” com


base nos Editais e Contratos

O estudo apresentado a seguir teve como base a análise da documentação solicitada


a Concedentes e Concessionárias, constituída, principalmente, por:

• Editais de Licitação
• Contratos
• Propostas Técnicas
• Propostas Comerciais
• Normas Relativas à Concessão dos Serviços

A leitura desses documentos proporcionou um panorama dos processos e permitiu a


identificação de algumas características relevantes para aferição do planejamento e da
efetivação das concessões.

A documentação é volumosa e deveria ser ainda maior, vez que muitos projetos não
forneceram documentação conforme solicitação original.

Essa ausência de elementos prejudicou a análise proposta, pois, apesar do


delineamento restrito do estudo, não se teve um conjunto homogêneo de subsídios, criando
uma situação diversa da esperada e considerada adequada ao plano elaborado.

6.1. Considerações Iniciais

O estudo “burocrático” das concessões pretendeu verificar e comparar características


das concessões realizadas, conforme amostra de 56 (cinqüenta e seis) municípios do
território nacional.

As características mais relevantes que se buscou estudar foram aquelas relacionadas


à compatibilidade da documentação com a Lei 8987, de 13 de fevereiro de 1995, e que trata
do regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos previsto no art. 175
da Constituição Federal, e com a Lei 8666, de 21 de junho de 1993, que Regulamenta o art.
37, inciso XXI, da Constituição Federal e institui normas para licitações e contratos da
Administração Pública.

Pontualmente, foram compiladas informações que se consubstanciaram em planilha


resumo, aonde se foi possível o estabelecimento de alguns critérios de análise necessários
à consecução do objetivo do Consórcio.

Além dessas informações, o estudo procurou identificar, no que se refere à lei de


concessão de serviços públicos, características relacionadas à natureza das concessões,
incluindo a concepção dos objetos de concessão, e a eficiência da contextualização
decorrente no efetivo processo de contratação dos concessionários.

Procurou, ainda, aferir se tal contextualização foi compatível com as formalidades


legais exigidas nos processos licitatórios.

409
Em linhas gerais, partiu-se da premissa que a leitura dos editais de licitação, das
propostas técnicas e dos contratos firmados poderia oferecer uma trajetória lógica dos
processos de concessão, oferecendo o panorama requerido para o estudo principal que
abrangeria a comparação das situações fáticas com o obtido nesse estudo preliminar.

No entanto, a premissa foi parcialmente comprometida. Em parte pela ausência de


documentos e, de outro lado, pela qualidade das informações disponíveis.

A ausência de documentos significou a impossibilidade de concatenar a trajetória


lógica citada, pois em síntese, a expectativa foi de identificar a caracterização do objeto e
dos critérios de julgamento para obtenção da proposta mais vantajosa nos editais de
licitação, aferir se as propostas técnicas guardavam obediência aos preceitos estabelecidos
e, por fim, se os contratos eram instrumentos adequados a garantir que o que proposto seria
efetivamente cumprido.

Toda ausência documental ensejou, portanto, uma quebra na seqüência de análise


concebida como adequada à caracterização pretendida.

Outro aspecto relevante referiu-se às condições das informações disponíveis.

Observou-se certa incipiência na concepção dos objetos de concessão. Essa


característica levou a uma circunstância de indefinição de critérios de julgamento e,
conseqüentemente, os contratos sofreram com tal condição.

De toda argumentação preambular se vislumbra, no que se refere às características


burocráticas dos processos, a necessidade de buscar mecanismos de ordem legal ou de
orientação técnica para correção de distorções que se procura apontar a seguir.

6.2. Natureza das Concessões e Metodologia de Estudo

Dispõe a Constituição da República:

“Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime
de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de
serviços públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços
públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as
condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;
II - os direitos dos usuários;
III - política tarifária;
IV - a obrigação de manter serviço adequado.”

Da Legislação Maior destacam-se, no âmbito do estudo realizado:

• Os direitos dos usuários e a obrigatoriedade da manutenção do serviço


adequado e
• A possibilidade da concessão, mas, sempre, através de licitação.

Desse impositivo constitucional foi delineada a metodologia do estudo, pois dados a


incumbência do Poder Público de prestação dos serviços públicos e o regramento para

410
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

concessão, restou a necessidade de identificar a observância dos processos à Lei 8987/95,


que traz todas as exigências para outorga dos serviços em regime de concessão, e à Lei
8666/93 e alterações, que regulamenta o processo para efetivação das concessões.

6.2.1. Conhecimento da Demanda

A primeira parte do estudo limitou-se a, no contexto apresentado, identificar as


características contidas na documentação disponível no que se refere às normas da lei de
concessões.

Em linhas gerais, foi selecionado como principal objeto de investigação o objeto da


concessão e suas características inerentes como: serviço adequado, metas e critério de
julgamento para escolha da melhor proposta.

Essa seleção foi adotada, pois reúne, a princípio, o conjunto básico de informações
para subsidiar o estudo proposto e de onde é possível, de forma mais ou menos
padronizada, verificar o quanto as Administrações tinham de conhecimento de suas
demandas e sua capacidade de contextualizá-las, à guisa de elaborar instrumentos
convocatórios capazes de guardar obediência aos preceitos legais e serem mecanismos
efetivos de viabilizar concessões e garantir uma condição satisfatória de acompanhamento
das respectivas execuções contratuais.

Do impositivo legal tem-se que a prestação dos serviços de água e esgoto com toda
sua complexidade é incumbência do Poder Público, sendo, portanto, dever da
Administração o conhecimento de suas necessidades, o dimensionamento dos recursos
necessários à implementação e manutenção dos serviços e delineamento das alternativas
mais vantajosas para a consecução de seus objetivos.

Antes mesmo de deliberar pela prestação direta dos serviços ou de sua concessão, a
Administração tem que possuir conhecimento técnico satisfatório para se valer de sua
autodeterminação enquanto ente federado e exercício de suas competências.

A escolha da definição do objeto das concessões foi um componente bastante


elucidativo, principalmente pela caracterização da incipiência do trato dessa demanda no
âmbito municipal, pelo menos no limite dessa fase de estudo, predominantemente
burocrático.

É certo que a imposição dessa incumbência aos municípios pode ser objeto de ampla
discussão, principalmente no que se refere ao tempo de organização necessário para
domínio do tema, mas, longe de quaisquer discussões históricas e legais, é fato que a
maioria dos municípios estudados pareceu não deter conhecimentos suficientes para
organizar os processos de concessão.

A complexidade técnica do tema e o imenso conjunto de variáveis decorrentes das


condições locais parecem ter sido um estorvo para se deflagrar as contratações
necessárias.

A identidade de muitos editais e suas características evidencia que sua abordagem


pretendeu mais guardar obediência às exigências legais, no que se refere aos quesitos
técnicos, do que desenvolver o tema a partir das necessidades municipais.

Para melhor entendimento das assertivas até aqui proferidas quanto ao objeto das
concessões, foram estabelecidos alguns quesitos de investigação, considerados

411
elementares para os projetos de concessão e cuja verificação poderia indicar certo grau de
desenvolvimento do conhecimento técnico no âmbito municipal. Pontualmente, é o conjunto:

6.2.2. Capacidade de contextualizar as necessidades da Administração

De uma forma geral, a descrição dos objetos das concessões manteve uma
característica de generalidade. Os descritivos iniciais trouxeram linhas mestras, capazes de
caracterizar os serviços, mas sem densidade. Densidade que também não foi verificada nos
detalhamentos decorrentes.

Os editais não foram concebidos de forma que ficasse demonstrado o conhecimento


das demandas e a opção clara do que a Administração efetivamente pretendeu enquanto
alternativa técnica adequada às suas peculiaridades.

Essa afirmação será ratificada quando apresentadas as características abordadas nos


quesitos seguintes e principalmente na crítica, que será objeto do item 5 desse documento.

Lembrando que a presente análise se atém aos limites das características burocráticas
dos processos de concessão, verificar-se-á que dessa circunstância de dificuldade de
contextualização das demandas terão origem alguns traços de inconsistências que devem
ser eliminadas em processos futuros.

6.2.2.1. Conceituação do “Serviço Adequado”

A Lei 8.987/95 dispõe:

“Art. 6º Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço


adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta lei,
nas normas pertinentes e no respectivo contrato.

§ 1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade,


eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das
tarifas.”

Assim, estabelecido o arcabouço conceitual, novamente, tem-se a impressão de que a


manifestação do conceito nos instrumentos convocatórios parece mais procurar obediência
aos impositivos legais do que desenvolver os anseios da Administração.

Muitos editais foram singelos e traduziram o conceito conforme exemplo a seguir:

• regularidade: a prestação dos serviços nas condições estabelecidas neste


contrato e nas normas técnicas aplicáveis;
• continuidade: a manutenção, em caráter permanente, da oferta dos serviços;
• eficiência: a execução dos serviços de acordo com as normas técnicas
aplicáveis e em padrões satisfatórios, que busquem em caráter permanente, a
excelência, e que assegurem, qualitativa e quantitativamente, o cumprimento
dos objetivos e das metas de concessão;
• atualidade: modernidade das técnicas, dos equipamentos e das instalações e a
sua conservação e manutenção, bem como a melhoria e a expansão do serviço,
na medida das necessidades dos usuários dos sistemas de água e esgoto;

412
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

• generalidade: universalidade da prestação dos serviços, isto é, serviços iguais


para todos os usuários sem qualquer discriminação;
• cortesia na prestação dos serviços: tratamento adequado aos usuários dos
sistemas de água e esgoto;
• modicidade da tarifa: a justa correlação entre os encargos da Concessionária e a
retribuição dos usuários dos sistemas de água e esgoto, expressa no valor inicial
da tarifa de água e esgoto.”

(licitação por concorrência nacional CN 04/96 – SOSP RJ – Arraial do Cabo, Cabo Frio
e São Pedro da Aldeia).

É de se questionar quais os motivos que levaram a Administração em não se valer


desses tópicos para conceber critérios objetivos de análise de propostas técnicas e
comerciais.

Em sentido diverso a conceituação de serviço adequado teve papel secundário nos


instrumentos convocatórios, servindo mais como um quesito que foi lembrado para atender
à Constituição do que fundamento para justificar suas exigências.

Cumpre observar que nos tópicos editalícios sobre metas encontram-se muitas
exigências em consonância com o “Serviço Adequado”, mas notadamente, e na maioria dos
casos, essas exigências foram pouco desenvolvidas, incentivando a interpretação de que o
estudo das demandas poderia ter sido uma atividade de maior relevância.

6.2.2.2. Definição de obras, metas elementares e demais condições mínimas


para atendimento ao conceito de Serviço Adequado conceituado

Esse quesito de investigação foi amplamente desenvolvido e tornando-se fundamental


para caracterizar os argumentos até agora apresentados.

Em linhas gerais, toda obra na Administração Pública deve ser precedida de um


conjunto de procedimentos de forma que fique caracterizada a opção inequívoca de
atendimento à determinada demanda.

Tanto é assim que a lei de licitações é reconhecidamente rigorosa no regramento


desse tipo de contratação.

Obras de qualquer porte dependem de projetos básicos e executivos adequadamente


detalhados que permitam sua plena caracterização e acompanhamento das execuções
contratuais.

Essa realidade no ordenamento legal, na jurisprudência e na doutrina faz com que a


expectativa do estudo seja a verificação de padrões similares nas obras pretendidas e
necessárias para efetivo cumprimento das demandas descritas nos objetos de concessão.

No entanto, muitos instrumentos convocatórios deixaram de trazer à disputa esses


elementos, oferecendo a impressão que a escolha de determinadas obras, sabidamente
necessárias, seriam apenas parte acessória de um projeto maior.

Em um primeiro momento parece adequado que quando se submete uma demanda a


um certame do tipo técnica e preço que se proporcione certa liberdade aos licitantes para
que ofereçam as alternativas ao crivo dos julgadores, mas é imprescindível que,

413
independente dessa premissa, as obras quando contratadas estejam de acordo com a
legislação aplicável.

Grande parte das concessões referiu-se a prestação de serviços e realização de obras


e apesar de levadas a termo como indicado acima parece, em que pese tratar-se dessa ser
uma análise sob a ótica burocrática, que muitos casos poderiam ser objeto de contestação.

Em específico, há, aqui, um ponto de destaque, pois muitas propostas técnicas não
foram colocadas à disposição do estudo, mas a expectativa fundada na documentação
disponível é que esse seja um ponto de relevante importância para contratações futuras.

Independentemente da liberdade que a Administração pretenda dar aos licitantes na


oferta de propostas técnicas é imprescindível que haja maior investigação técnica nesse
componente das concessões, pois não parece ser razoável que algo que é objeto de
tamanho rigor nas licitações ordinárias tenha tratamento diferenciado nas contratações de
serviços de água e esgoto.

No que se refere às metas e condições mínimas para atendimento do conceito de


“Serviço Adequado” a leitura dos documentos procurou compilar informações que
pudessem, efetivamente, caracterizar uma descrição adequada do objeto da concessão e
que demonstrassem o conhecimento das demandas por parte da Administração.

Essa investigação dividiu as metas em grupos, com o objetivo de facilitar a


interpretação das informações colhidas e estabelecer algum padrão de comparação entre
municípios.

O primeiro conjunto de metas verificado referiu-se à cobertura e medição dos serviços


em face ao percentual da população atendida.

Em linhas gerais o que se verificou foi um escalonamento de percentuais a serem


atingidos no curso do tempo, de forma que os cronogramas decorrentes continham,
invariavelmente, saltos em razão de ações como conclusão de obras ou outras melhorias
preconizadas nos instrumentos convocatórios ou propostas técnicas.

Esse escalonamento não foi, na maioria dos eventos, justificado. A simples leitura dos
documentos disponíveis não ofereceu subsídios claros de que as demandas estimadas
teriam comportamento compatível com os recursos provenientes das tarifas oriundas dos
serviços prestados e que os incrementos indicados como metas estariam alinhados com
essa evolução.

É possível que estudos dessa natureza não tenham sido integrados aos editais ou,
ainda, que fizessem parte de justificativas de viabilidade econômica constante de propostas
técnicas não disponíveis.

De qualquer forma, e como em outros grupos, percebeu-se uma grande identidade na


maneira como tais metas foram apresentadas nos editais, levando à interpretação de que
sua concepção tenha seguido o mesmo caminho.

As metas relativas à qualidade dos serviços prestados também não tinham um padrão
estabelecido.

Como regra geral, os produtos dos serviços tinham como meta, apenas, a obediência
à legislação vigente. Em alguns casos, porém, observou-se a preocupação com a definição
de índices, tais como de qualidade da água e esgotos tratados, fluoração da água, etc. Não

414
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

raro, se observou expressões como: “Garantir o padrão de potabilidade estabelecido na


Portaria nº 36 de 19/01/90 do Ministério da Saúde”.

Incrementos tecnológicos tanto operacionais como de atendimento também foram


objeto de metas estabelecidas. Essas “exigências” em forma de metas a serem atingidas
também se caracterizaram pela generalidade de seus descritivos.

O tema informatização, por exemplo, não foi tratado objetivamente, de forma que a
generalidade de metas é recorrente.

Novamente, e a título de exemplo, descrições simplistas ocuparam lugar de exigências


mais específicas, pois expressões constantes em muitos editais referiram-se ao tema da
seguinte forma: “informatização do serviço de atendimento, de modo a agilizar a prestação
de qualquer informação do interesse dos usuários, que deverá ser atendida através de
simples consulta aos computadores especialmente programados”.

Na mesma linha, raras foram as oportunidades em que se percebeu alguma


preocupação com planejamento, projetos de gestão e definição de planos diretores e,
quando verificados esses eventos, caracterizaram-se pela generalidade de seus conteúdos.

Grosso modo, o detalhamento de metas não foi suficiente para suprir as deficiências
dos descritivos dos objetos de concessão se caracterizando, predominantemente subjetivas,
fluidas ou inócuas.

6.2.2.3. Formalização dos instrumentos convocatórios

Além do “Serviço Adequado”, outra preocupação do estudo decorrente dos preceitos


constitucionais foi a obediência aos requisitos legais para formalização da concessão dos
serviços. Nesse contexto, se destacam duas diretrizes principais:

Lei 8.666, de 21 de junho de 1993


(Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para
licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências.)
“Art.3º - A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional
da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração e
será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da
probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do
julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.
Lei 8.987, de 13 de fevereiro de 1995
(Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços
públicos previsto no art. 175 da Constituição Federal, e dá outras providências.)
“Art. 14. Toda concessão de serviço público, precedida ou não da execução de
obra pública, será objeto de prévia licitação, nos termos da legislação própria e
com observância dos princípios da legalidade, moralidade, publicidade,
igualdade, do julgamento por critérios objetivos e da vinculação ao instrumento
convocatório.
Art. 18. O edital de licitação será elaborado pelo poder concedente, observados,
no que couber, os critérios e as normas gerais da legislação própria sobre
licitações e contratos e conterá, especialmente:

415
II - a descrição das condições necessárias à prestação adequada do serviço;
IX - os critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros a serem utilizados no
julgamento técnico e econômico-financeiro da proposta;”

Em síntese, todo processo deveria, então, ter observado as regras gerais da Lei de
Licitações e, em específico, os princípios de julgamento objetivo e vinculação ao instrumento
convocatório.

No entanto, o atendimento do princípio de julgamento objetivo depende da


Administração conhecer suas demandas e alternativas capazes de atendê-las e isso não
ocorreu, como visto anteriormente.

Carência de elementos técnicos de definição do objeto da concessão concedeu um


plexo de variáveis absolutamente incompatível com as premissas necessárias ao
julgamento objetivo.

Para ilustração do problema:

“Modernizar a operação e o sistema de venda de água tratada, com a medição de


consumo real e melhoria das instalações e equipamentos”.

“Executar projeto do Sistema de Abastecimento de Água, prevendo: a ampliação da


capacidade de produção de unidades de reservação e aplicação de flúor em 100% da água
distribuída”.

“Melhorar as instalações comerciais e de tratamento, bem como automatizar o


sistema”.

“Informatização do serviço de atendimento, de modo a agilizar a prestação de


qualquer informação do interesse dos usuários, que deverá ser atendida através de simples
consulta aos computadores especialmente programados”.

“Atender normas brasileiras nos quesitos de qualidade”

“Efluente de esgoto deverá obedecer aos padrões legais estabelecidos”

Os exemplos demonstram a opção por documentos singelos e, sem uma definição


clara do pretendido, os processos tiveram que se valer, invariavelmente, de critérios de
julgamento absolutamente subjetivos, contrariando os impositivos legais.

Em uma seqüência lógica temos que editais sem os subsídios adequados permitiriam
que as propostas apresentassem, com inegável liberdade, as alternativas técnicas. Essa
liberdade seria causa de uma vasta multiplicidade de variáveis e, por sua vez, isso acabou
por significar uma incapacidade de compará-las objetivamente.

Esse foi o rito escolhido. Sem saber de forma segura o que contratar, lançou-se mão
de um instrumento convocatório vago e se aguardou a interferência dos interessados em
participar dos certames.

Recebidas as propostas, teve início o procedimento que deveria ter ocorrido em


momento anterior.

Como já afirmado, o estudo da práxis de mercado, de viabilidade econômica e


principalmente das alternativas compatíveis com as peculiaridades locais deveria ter sido
concluído antes mesmo de se decidir pela prestação dos serviços através de concessão.

416
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Em momento impróprio se deu o estudo das alternativas, pois o julgamento das


propostas se caracterizou, por todo o exposto, pela subjetividade.

Dessa constatação são dois os destaques:

Os processos não atenderam aos princípios gerais da legislação relativa às licitações


e a simplicidade dos instrumentos convocatórios deu oportunidade à apresentação de
alternativas técnicas não previstas anteriormente, fato que dificulta todo o acompanhamento
de execução contratual.

Outro aspecto foi ainda observado, não de uma forma predominante, mas com
recorrência merecedora de nota.

Muitos editais são, em grande parte, “idênticos”.

É certo que a terminologia técnica do segmento faz com que exista similaridade dos
temas, mas, certamente, essa característica destacada, a identidade, ultrapassa a
expectativa.

Notadamente, editais publicados em certas regiões tiveram uma influência técnica que
se reproduziu e isso pode ser mais fator para ratificação da assertiva crítica quanto à falta
de conhecimento das próprias demandas.

É possível que os primeiros editais acabaram por tornar-se uma panacéia, sendo
utilizados como modelo ou referência. De qualquer forma, o cruzamento dessas informações
com o estudo dos resultados das concessões possa contribuir para algum entendimento
dessa questão.

No que se refere aos contratos, se observou que os documentos na sua maioria


procuraram ater-se às exigências legais, mas da mesma forma como indicado nos tópicos
anteriores, os dispositivos relativos à execução contratual relacionados ao objeto da
concessão são, em certo grau, vagos.

Há uma expectativa a ser confirmada no estudo de resultados das concessões acerca


da dificuldade de acompanhamento da execução contratual.

Principalmente os quesitos relacionados à fiscalização dos contratos e aplicação de


penalidades por descumprimento das cláusulas contratuais são, a princípio, incompatíveis
com a expectativa de um processo de acompanhamento rigoroso e instrumentalizado a
corrigir eventuais distorções no curso dos contratos.

É certo que apesar da simplicidade desses mecanismos a legislação permitirá à


Administração fazer valer o interesse público, mas essa característica intrínseca das
dificuldades iniciais apontadas deve ser corrigida em eventos futuros, pois tratam de
elementos de fundamental importância para que o proposto e julgado como melhor
alternativa atinja os objetivos preceituados.

6.3. Conclusões

O avanço nos estudos contemplando a maioria dos municípios confirma as conclusões


anteriormente apresentadas, quais sejam:

• Superficialidade no estudo do problema e falta de conhecimento técnico ensejam


uma concepção imprópria do objeto da concessão

417
• Sem caracterização adequada, faltam os elementos necessários à elaboração
de editais de licitação e é dificultado o trabalho da área de licitações na
formalização de critérios objetivos.
• Editais insatisfatórios dão vez, reiteradamente, a contratos deficientes, aonde se
percebe todo tipo de dificuldade no acompanhamento da execução, na
fiscalização dos serviços e correção das distorções.
• Verificação de situações onde o julgamento além de subjetivo não observou o
princípio de vinculação ao instrumento convocatório.

Todas essas características demonstram que as primeiras experiências dos


municípios na outorga de concessões de serviços tiveram, na maioria dos casos, vícios
similares e principalmente decorrentes da falta de conhecimento prévio e adequado das
reais demandas e condições locais.

É certo que as considerações ora apresentadas correspondem a um panorama obtido


apenas da documentação fornecida.

Mais, outros temas poderiam ser trazidos a esse documento, mas dada a pluralidade
de formas e conceitos verificados a tarefa corresponderia apenas a um descritivo
individualizado, contrariando a proposta inicial de apresentação de elementos recorrentes e
que pudessem oferecer um panorama geral das concessões realizadas.

Diante de todo o exposto, é de se estudar uma forma de disciplinar o processo das


concessões, articulando as demandas com conceitos melhor elaborados de “Serviço
Adequado” e, principalmente, orientando os responsáveis pelas concessões das
conseqüências da não observância das exigências legais.

Em síntese:

• Recomendar estudos prévios aos processos de concessão ou sucessão das


concessões já promovidas, contemplando as expectativas discriminadas
anteriormente: Conhecimento da Demanda, Aspectos Técnicos, Peculiaridades
Regionais e Viabilidade Econômica.
• Estabelecer conceitos do serviço adequado, exigindo da Administração a
compilação de informações elementares e necessárias ao estabelecimento de
critérios objetivos de propostas técnicas.

418
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ANEXO 7- Questionários

São apresentados, a seguir, os questionários que foram utilizados para a Pesquisa de


Satisfação e Pesquisa de Impacto realizadas, conforme já destacado, pelo Instituto
Brasileiro de Opinião Pública e Estatística – IBOPE.

IBOPE Inteligência – Janeiro 2008

Nº QUEST.
JOB N° 1306/07 QUESTIONÁRIO FILTRO
Versão 3
NOME DO RESPONDENTE DDD:

FONE RES:

ENDEREÇO: FONE COM.:

BAIRRO: CIDADE: UF: CELULAR:

E-MAIL:

ENTREVISTADOR(A): COD. DATA:

VERIFICADOR(A): COD. DATA:

CRITICA COD. DATA:

CRÍTICA COMENTÁRIOS

(108-9)
DISTRITO: |________|________|
(110-13)
SETOR: |________|________|________|________|
Nº DO (114-17)
ENTREVISTADOR |________|________|________|________|
(118-22)
CIDADE: |________|________|________|________|________|
(124-25)

[Duração da entrevista em minutos]: min]

(126-29)

[Para a codificação: data da realização da entrevista]: dd/mm)

419
Bom dia/tarde/noite. Eu faço parte da equipe de entrevistadores do IBOPE que está
realizando uma pesquisa com moradores desse bairro e gostaríamos de falar com a
dona-de-casa ou algum outro responsável por este domicílio, com 18 anos ou mais.

ENTREVISTADOR: CASO A DONA-DE-CASA NÃO SEJA A INFORMANTE, PEÇA PARA


FALAR COM ALGUMA OUTRA PESSOA DO DOMICÍLIO COM 18 ANOS OU MAIS.

F1. ANOTE QUEM É O INFORMANTE


DONA-DE-CASA 1
OUTRO RESPONSÁVEL COM 18 ANOS OU 2
MAIS

F2. ANOTE O SEXO


Homem 1
Mulher 2

F3. QUAL É A SUA IDADE?

ANOTE

ENTREVISTADOR: CONSULTE A CARTELA “DE MUNICÍPIOS” E ANOTE ABAIXO O ANO


DA CONCESSÃO E A RENDA CORRESPONDE A ESTE MUNICÍPIO
MUNICÍPIO ANO DA CONCESSÃO RENDA

P3A. Pensando na renda familiar mensal deste domicílio, você diria que está abaixo ou
acima de R$_____________ (ver renda do município) - RU
ABAIXO 1
ACIMA 2

F4. Desde quando você e sua família moram em _________________(anotar município) ,


isso foi antes ou depois de ___________ ? (anotar ano da concessão)
ANTES 1  PROSSIGA
DEPOIS 2  ENCERRA

F5. E nesta casa, você e sua família estão morando aqui desde quando, isso foi antes ou
depois de _________? (anotar ano da concessão)
ANTES 1  PROSSIGA
DEPOIS 2  ENCERRA

F6a. Sua casa está ATUALMENTE conectada à rede pública de água?


F6b. Sua casa está ATUALMENTE conectada à rede pública de esgoto?
F6A F6B
Conectada à rede pública de Conectada à rede pública de esgoto
água
SIM 1 1
NÃO 2 2

420
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ENTREVISTADOR: SE A CASA NÃO ESTIVER CONCECTADA À REDE DE ÁGUA E


ESGOTO, AGRADEÇA E ENCERRE

F7a. No passado, ou seja, antes de _____________(anotar ano da concessão) essa casa


estava ou não conectada à rede pública de água?

F7b. Ainda pensando no passado, ou seja, antes de _____________( anotar ano da


concessão) essa casa estava ou não conectada à rede pública de esgoto?
F7A F7B
Rede de água Rede de esgoto
SIM 1 1
NÃO 2 2

SE CITAR CÓDIGO 1 E 2, EM QUALQUER SITUAÇÃO, AGRADEÇA E ENCERRE.


VER F1, SE FOR A PRÓPRIA DONA-DE-CASA E MAIOR DE 25 ANOS PROSSIGA,
CASO CONTRÁRIO AGRADEÇA E PEÇA PARA CHAMAR A DONA-DE-CASA.
SE A DONA-DE-CASA NÃO ESTIVER DISPONÍVEL IREMOS REALIZAR VOLTA NESTE
DOMICÍLIO. AGENDAR O RETORNO!

RETORNO MARCADO PARA:

DIA: _______/________/_________ HORÁRIO

DIA: _______/________/_________ HORÁRIO

DIA: _______/________/_________ HORÁRIO

ENDEREÇO: __________________________________________________________

NOME: _______________________________________________________________

IDADE:_______________

 SE EM P6A E P6B CITOU CODIGO 1, VÁ PARA O QUESTIONÁRIO PRINCIPAL


“CONECTADOS”

 SE EM P7A E P7B CITOU CODIGO 2, VÁ PARA O QUESTIONÁRIO PRINCIPAL “


NOVOS CONECTADOS” – CASO CONTRÁRIO, ENCERRE

421
NOME DO RESPONDENTE

ENDEREÇO:

CONECTADOS
Nessa pesquisa vamos falar sobre empresas de Saneamento, ou seja, empresas que levam
o serviço de água encanada e esgoto para as residências.
É muito importante que você entenda que vou lhe fazer perguntas sobre a prestação de
serviços de água e esgoto em relação a dois períodos distintos: vamos falar sobre os dias
atuais e sobre uma época anterior a ____________________(anotar o ano da concessão
deste município) . Só para você lembrar melhor, nesta época ocorreram alguns fatos
marcantes como, por exemplo, “o governo do presidente Collor”, “o movimento dos Caras
Pintadas”, e a “criação do plano real no governo do presidente Itamar Franco”, entre outros.
Você conseguiu lembrar desta época? É sobre ela que também vamos falar.

Avaliação do Serviço

P.1 Atualmente qual é a empresa de saneamento que fornece a água encanada da rua para
sua casa? Resposta Única

Nome da 99. Não sabe/ Não


(ANOTE)______________________________
Empresa lembra

P.2: Você se lembra do nome da empresa de saneamento que fornecia água no passado,
antes de 1999? Resposta Única

Nome da 99. Não sabe/ Não


(ANOTE)______________________________
Empresa lembra

P.3: (CARTÃO) De um modo geral, e levando em consideração tudo o que você sabe ou
ouviu falar, como avalia o desempenho atual ______________________ (inserir nome da
empresa de saneamento – ver P1)? Você diria que é:
Resposta
Única
Ótimo 5
Bom 4
Regular 3
Ruim 2
Péssimo 1
NS/NOP 9

422
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

P.4: (CARTÃO) O quanto você concorda ou discorda da seguinte afirmação: “Atualmente, o


desempenho geral da empresa concessionária de água do município é melhor do que no
passado, antes de 1999”. Você diria que:
Resposta
Única
Concordo Totalmente 5
Concordo 4
Nem Concordo e nem
3
Discordo
Discordo 2
Discordo Totalmente 1
NS/NOP 9

P.5: (CARTÃO DISCO) Pensando na importância dos serviços de água e esgoto, qual
desses aspectos é o mais importante para você? E em segundo lugar? E em terceiro?
Resposta única por coluna
1º LUGAR 2º LUGAR 3º LUGAR
Fornecimento e tratamento de água
a. encanada 1 1 1
b. Coleta e tratamento de esgoto 2 2 2
c. Atendimento geral ao cliente 3 3 3

P.6: (CARTÃO) De uma maneira geral, você diria que a qualidade da água encanada que
você recebe da ___________________ (ver P1) em sua casa é:
Resposta
Única
Ótima 5
Boa 4
Regular 3
Ruim 2
Péssima 1
NS/NOP 9

P.7: (CARTÃO) O quanto você concorda ou discorda da seguinte afirmação: “O serviço de


água que recebo atualmente em minha casa é melhor que o que tinha no passado, antes de
1999”:
Resposta
Única
Concordo Totalmente 5
Concordo 4
Nem Concordo e nem
3
Discordo
Discordo 2
Discordo Totalmente 1
NS/NOP 9

423
P.8: (CARTÃO DISCO) Agora eu gostaria de saber a importância que você dá a alguns
aspectos relacionados à água encanada da rua. Neste cartão constam alguns desses
aspectos. Por favor, leia cada um deles. Qual desses aspectos relacionados à água
encanada da rua você considera o mais importante? E em segundo lugar? E em terceiro? E
em quarto?
Resposta única por coluna
1º LUGAR 2º LUGAR 3º LUGAR 4º LUGAR
A água ser transparente/
a. cristalina 1 1 1 1
b. A água ser gostosa de beber 2 2 2 2
c. A água não ter cheiro 3 3 3 3
d. A água ser potável/ tratada 4 4 4 4
e. Não faltar água 5 5 5 5
A água ter uma pressão
f. adequada 6 6 6 6
g. A água ter um preço justo 7 7 7 7

P.9: (CARTÃO) Agora, vou lhe mostrar frases que comparam algumas características da
água atual com a água que recebida no passado, antes de 1999. Com ajuda deste cartão,
por favor, diga o quanto você concorda ou discorda de cada uma das frases. Em relação à
frase “.....” , você diria que: Resposta única por linha
Nem
Concordo Concordo Discordo
RODIZIAR FRASES Concordo Discordo NS/NOP
Totalmente e Nem Totalmente
Discordo
Atualmente, a água é
a. menos cristalina que no 5 4 3 2 1 9
passado, antes de 1999
Atualmente, a água é
mais gostosa de beber
b. que no passado, antes 5 4 3 2 1 9
de 1999
Atualmente, a água tem
c. cheiro pior que no 5 4 3 2 1 9
passado, antes de 1999
Atualmente, a água
está mais bem tratada e
d. mais potável que no 5 4 3 2 1 9
passado, antes de 1999
Atualmente, o
abastecimento de água
e. falha menos que no 5 4 3 2 1 9
passado, antes de 1999
Atualmente, a água sai
com menos pressão
f. que no passado, antes 5 4 3 2 1 9
de 1999
Atualmente, pago um
preço mais justo pela
g água que no passado, 5 4 3 2 1 9
antes de 1999
Atualmente, tenho mais
segurança na água
h tratada que na década 5 4 3 2 1 9
de 90

424
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

P.10: (CARTÃO) De uma maneira geral, você diria que a qualidade do serviço de esgoto
que a ______________ (ver P1) oferece atualmente em sua casa é:
Resposta
Única
Ótima 5
Boa 4
Regular 3
Ruim 2
Péssima 1
NS/NOP 9

P11: (CARTÃO) O quanto você concorda ou discorda da seguinte afirmação: “O serviço de


esgoto que recebo atualmente na minha casa é melhor do que o que tinha no passado,
antes de 1999”. Você diria que:
Resposta
Única
Concordo Totalmente 5
Concordo 4
Nem Concordo e nem
3
Discordo
Discordo 2
Discordo Totalmente 1

P.12: (CARTÃO DISCO) Qual a importância que você dá a alguns aspectos relacionados ao
sistema de esgoto que é utilizado aqui na sua casa? Neste cartão constam alguns desses
aspectos. Por favor, leia cada um deles. Qual desses aspectos relacionados ao sistema de
esgoto você considera o mais importante? E em segundo lugar? E em terceiro?
Resposta única por coluna
1º LUGAR 2º LUGAR 3º LUGAR
a. O esgoto não voltar nos encanamentos 1 1 1
b. O esgoto nunca entupir 2 2 2
c. O serviço de esgoto ter um preço justo 3 3 3
d. Não sentir cheiro de esgoto 4 4 4
e. O esgoto ser tratado adequadamente e não poluir 5 5 5

425
P.13: (CARTÃO) Agora vou lhe mostrar algumas frases que descrevem algumas
características do sistema de esgoto de sua casa e gostaria que você me indicasse qual
dessas frases mais se aproxima do serviço de esgoto que você recebe atualmente. Por
favor, me diga o quanto você concorda ou discorda destas frases: Resposta única por
linha
Nem
Concordo Concordo Discordo
RODIZIAR FRASES Concordo Discordo NS/NOP
Totalmente e Nem Totalmente
Discordo
Atualmente ocorrem
menos refluxos / voltas
a 5 4 3 2 1 9
de esgoto que no
passado, antes de 1999
Atualmente o esgoto
entope com maior
b 5 4 3 2 1 9
freqüência que no
passado, antes de 1999
Atualmente tenho a
sensação de que pago
c 5 4 3 2 1 9
um preço mais justo pelo
esgoto
Atualmente, tenho mais
confiança no tratamento
d do esgoto do que tinha 5 4 3 2 1 9
no passado, antes de
1999
Atualmente sinto com
maior freqüência cheiros
desagradáveis
e 5 4 3 2 1 9
associados ao esgoto do
que sentia no passado,
antes de 1999
Atualmente, em função
dos bons níveis de
tratamento, os esgotos
f 5 4 3 2 1 9
provocam menos danos
à saúde pública e ao
meio ambiente

P.14: (CARTÃO) De um modo geral, levando em consideração tudo o que você conhece ou
já ouviu falar, você diria que atualmente o atendimento da ________________ (ver P1) é:

Resposta
Única
Ótimo 5
Bom 4
Regular 3
Ruim 2
Péssimo 1
NS/NOP 9

426
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

P.15: (CARTÃO) O quanto você concorda ou discorda da seguinte afirmação: “Atualmente,


o atendimento oferecido pela empresa fornecedora de água é melhor do que no passado,
antes de 1999”:
Resposta Única
Concordo Totalmente 5
Concordo 4
Nem Concordo e nem Discordo 3
Discordo 2
Discordo Totalmente 1
NS/NOP 9

P.16: (CARTÃO DISCO) Neste cartão constam alguns aspectos relacionados à qualidade
do serviço prestados por empresas fornecedoras de água encanada da rua e recolhimento
de esgoto. Por favor, me diga, qual desses aspectos você considera o mais importante
neste tipo de serviço? E em segundo lugar? E em terceiro?
Resposta única
por coluna
1º 2º 3º 4º
LUGAR LUGAR LUGAR LUGAR
a. Entregar a conta de água sem erros 1 1 1 1
Avisar com antecedência adequada sobre interrupção do
b. 2 2 2 2
fornecimento de água
c. Oferecer opções de atendimento de fácil acesso 3 3 3 3
Ter um atendimento educado e cordial por parte dos
d. 4 4 4 4
funcionários da empresa
e. Oferecer opções flexíveis de cobrança 5 5 5 5
f. Ter funcionários que sabem resolver os problemas 6 6 6 6

427
P.17: (CARTÃO) Vou lhe mostrar algumas frases comparando o momento atual com o
passado, ou seja, antes de 1999. Por favor, diga o quanto você concorda ou discorda com
cada frase que vou ler: Resposta única por linha
Nem
Concordo Concordo Discordo
RODIZIAR FRASES Concordo Discordo NS/NOP
Totalmente e nem Totalmente
Discordo
Atualmente, os erros nas contas
de água acontecem com menor
a. 5 4 3 2 1 9
freqüência que no passado, antes
de 1999
Atualmente, quando há um corte
do fornecimento de água, sou
b. avisado com maior antecedência 5 4 3 2 1 9
do que no passado, antes de
1999.
Atualmente, comunicar-me com a
empresa de saneamento é mais
c. 5 4 3 2 1 9
fácil do que era no passado,
antes de 1999.
Atualmente, os funcionários da
empresa de saneamento são
d. 5 4 3 2 1 9
mais atenciosos e cordiais do que
no passado, antes de 1999.
Atualmente, a empresa de
saneamento dá mais flexibilidade
e. para o pagamento das contas 5 4 3 2 1 9
atrasadas do que no passado,
antes de 1999
Atualmente, os funcionários da
empresa de saneamento
f. mostram maior capacidade de 5 4 3 2 1 9
resolução de problemas do que
no passado, antes de 1999

P.18: (CARTÃO) Considerando todas as perguntas feitas e considerando o que você sabe
ou já ouviu falar, você diria que o desempenho atual da ________________________ (ver
P1) nesta cidade é:
Resposta
Única
Ótimo 5
Bom 4
Regular 3
Ruim 2
Péssimo 1
NS/NOP 9

P.19: (CARTÃO) Com a ajuda deste cartão me diga para quais finalidades você utiliza água
em sua casa:

428
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

P.20: (CARTÃO) Com este outro cartão, me diga que tipo de água você utiliza na sua casa
para______________(APLICAR P20 PARA CADA FINALIDADE CITADA EM P19 (CODIGO=1):
P. 19 P. 20
RU LINHA Resposta múltipla por linha
Água
Água Água de Água Outro
mineral/
NAO SIM de Caminhão Encanada / tipo de
Galão/
Poço pipa da Rua água
garrafa
a. Beber 2 1 1 2 3 4 5
b. Cozinhar 2 1 1 2 3 4 5
c. Lavar louça 2 1 1 2 3 4 5
d. Lavar roupa 2 1 1 2 3 4 5
e. Tomar banho 2 1 1 2 3 4 5
Lavar calçadas/
áreas comuns/
f. 2 1 1 2 3 4 5
Quintal/ Regar
plantas
g. Encher a piscina 2 1 1 2 3 4 5
TRANSPORTE PARA P21 RESPOSTAS DA P19 (CÓDIGO 1)

P.21: (CARTÃO) Com este mesmo cartão, mas agora pensando no passando, ou seja,
antes de 1999, me diga que tipo de água você utilizava para _________(VEJA OS ITENS
TRANSPORTADOS)
P.22: Você conta atualmente com fornecimento de água durante todo o dia? RU
Água
Água Água de Água Outro
mineral/
de Caminhão Encanada / tipo de
Galão/
Poço pipa da Rua água
▼ garrafa
( ) Beber 1 2 3 4 5
( ) Cozinhar 1 2 3 4 5
( ) Lavar louça 1 2 3 4 5
( ) Lavar roupa 1 2 3 4 5
( ) Tomar banho 1 2 3 4 5
Lavar calçadas/
áreas comuns/
( ) 1 2 3 4 5
Quintal/ Regar
plantas
( ) Encher a piscina 1 2 3 4 5
Sim 1 PPP24
Não 2 PROSSIGA

P.23: Por quantas horas, em média, por dia, você NÃO conta com fornecimento de água?

ANOTE

429
Sobre os Processos de PSP

P.24: (CARTÃO) Com a ajuda deste cartão, por favor, gostaria que você avaliasse a
qualidade de alguns serviços disponíveis neste município. Pensando nas (os) - LEIA UM
SERVIÇO POR VEZ – “__________________”, você diria que a qualidade deste serviço é:
Resposta única por linha
Ótima Boa Regular Ruim Péssima NS/NOP
RODIZIAR
a. Agências de correio 5 4 3 2 1 9
b. Cinemas, teatros e parques de entretenimento 5 4 3 2 1 9
c. Bancos privados em geral 5 4 3 2 1 9
d. Coleta de lixo 5 4 3 2 1 9
e. Educação privada 5 4 3 2 1 9
f. Manutenção de ruas e parques 5 4 3 2 1 9
g. Redes de supermercados 5 4 3 2 1 9
h. Bancos Públicos 5 4 3 2 1 9

ENTREVISTADOR LEIA: Nos últimos anos, vários serviços que eram realizados pelo Setor
Público/ ESTADO/PREFEITURA passaram a ser realizados por Empresas Privadas.

P.25a: (CARTÃO) Indique o quanto você concorda ou discorda das seguintes afirmações
sobre as empresas do SETOR PÚBLICO. Em relação à seguinte frase (LER ALTERNATIVAS)
“.........”, você diria que: Resposta única por linha
Nem
Concordo Concordo Discordo
RODIZIAR FRASES Concordo Discordo NS/NOP
Totalmente e nem Totalmente
Discordo
As empresas públicas são menos
a 5 4 3 2 1 9
eficientes
As empresas públicas têm
b. 5 4 3 2 1 9
empregados mais capacitados.
As empresas públicas trabalham
c para melhorar a qualidade de vida 5 4 3 2 1 9
das pessoas

P.25b: (CARTÃO) Indique o quanto você concorda ou discorda das seguintes afirmações
sobre as empresas do SETOR PRIVADO. Em relação à seguinte frase (LER
ALTERNATIVAS) “.........”, você diria que: : Resposta única por linha
Nem
Concordo Concordo e Discordo
RODIZIAR FRASES Concordo Discordo NS/NOP
Totalmente nem Totalmente
Discordo
As empresas privadas
a oferecem um serviço de 5 4 3 2 1 9
melhor qualidade.
As empresas privadas
procuram levar mais
b vantagens às custas 5 4 3 2 1 9
das pessoas que
utilizam seus serviços.
As empresas privadas
se preocupam apenas
c 5 4 3 2 1 9
com as pessoas de
renda elevada

430
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

P.26: Você sabia que a partir de ______________(ANOTAR ANO DA CONCESSÃO) o


serviço de água passou a ser realizado por uma empresa privada em seu município?
Resposta Única
Sim 1
Não 2

Seção Final: Perfil

P.28: Apenas para uma classificação econômica, você poderia me dizer se na sua casa tem
os itens abaixo? (LER ITENS ABAIXO)? (SE SIM) Quantos?
(Os eletrodomésticos devem estar em funcionamento / conserto a ser consertados em
breve)
Quais dos seguintes itens você possui em sua casa?

Não T E M (Quantidade)
Posse de itens Tem
tem 1 2 3 4 ou +
Televisores em cores 0 ( ) 1 2 3 4
Videocassete/DVD 0 ( ) 2 2 2 2
Rádios 0 ( ) 1 2 3 4
Banheiros 0 ( ) 4 5 6 7
Automóveis 0 ( ) 4 7 9 9
Empregadas
0 ( ) 3 4 4 4
mensalistas
Máquinas de lavar 0 ( ) 2 2 2 2
Geladeira 0 ( ) 4 4 4 4
Freezer(*) 0 ( ) 2 2 2 2
(*) Independente ou 2ª porta da geladeira
Até que ano de escola o chefe de família cursou?
Nomenclatura atual Pontos Nomenclatura antiga
Analfabeto/ até 3ª Série
0 Analfabeto/Primário incompleto
Fundamental
4ª a 7ª Série Fundamental. 1 Primário completo/Gin. incompleto
Fundamental completo/Médio
2 Ginasial completo/Col. incompleto
incomplet
Médio completo / Superior
4 Colegial completo/Sup. incompleto
incompleto
Superior completo 8 Superior completo

431
TOTAL DE CLASSE SOCIAL
PONTOS A1 (42 a 46 pontos) 1
A2 (35 a 41) 2
B1 (29 a 34) 3
B2 (23 a 28) 4
C1 (18 a 22) 5
C2 (14 a 17) 6
D (8 a 13) 7
E (0 a 7 ) 8

P.29: (CARTÃO) Somando a sua renda com a renda das pessoas que moram com você,
qual é, aproximadamente, a renda familiar?
Sem nenhuma renda 0
Até R$ 380,00 1
+ de R$ 381,00 a R$ 760,00 2
+ de R$ 761,00 a R$ 1.900,00 3
+ de R$ 1.901,00 a R$ 3.800,00 4
+ de R$ 3.801,00 a R$ 7.600,00 5
+ de R$ 7.601,00 a R$ 19.000,00 6
+ de R$ 19.000,00 7
Não sabe 8
Recusa 9

P.30: Lembra-se de quanto pagou aproximadamente em sua última conta de água?

,
NÃO LEMBRA / NÃO SABE........8
RECUSA......................................9
AVALIAR COMPREENSÃO DAS PERGUNTAS:

P.31. (CARTÃO) De maneira geral o quanto você considerou fácil ou difícil responder as
perguntas sobre água e esgoto, comparando o momento atual com o passado. Você diria
que com essa forma de perguntar o seu entendimento foi:
Muito fácil 5
Fácil 4
Nem fácil nem difícil 3
Difícil 2
Muito difícil 1
Não sabe dizer/ NOP 9 ENCERRE

432
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

P.32. Por que razão você considerou _______________(resposta da P32) responder as


perguntas nessa forma, comparando o momento atual e o passado? EXPLORAR

433
NOME DO RESPONDENTE

ENDEREÇO:

NOVOS CONECTADOS
Nessa pesquisa vamos falar sobre empresas de Saneamento, ou seja, empresas que levam
o serviço de água encanada e esgoto para as residências.

Avaliação do Serviço

P.1: Atualmente qual é a empresa de saneamento que fornece a água encanada da rua
para sua casa? Resposta Única
1. Nome da 99. Não sabe/ Não
(ANOTE)____________________________
Empresa lembra

P.2: (CARTÃO) De um modo geral, e levando em consideração tudo o que você sabe ou
ouviu falar, como avalia o desempenho atual da _______________________________(ver
P1) na atividade que desenvolve: Você diria que o desempenho dela é:
Resposta
Única
Ótimo 5
Bom 4
Regular 3
Ruim 2
Péssimo 1
NS/NOP 9

P.3: (CARTÃO) De um modo geral, você diria que a qualidade da água encanada da rua
que você recebe em sua casa é:
Resposta
Única
Ótima 5
Boa 4
Regular 3
Ruim 2
Péssima 1
NS/NOP 9

434
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

P.4: (CARTÃO) O quanto você concorda ou discorda da seguinte afirmação: “Atualmente, o


serviço de fornecimento de água que recebo em minha casa é melhor do que quando não
estava conectado à rede”. Você diria que:
Resposta
Única
Concordo Totalmente 5
Concordo 4
Nem Concordo e nem
3
Discordo
Discordo 2
Discordo Totalmente 1
NS/NOP 9

435
P.5: (CARTÃO) Agora eu vou mostrar frases que descrevem algumas características da
água e gostaria que você me indicasse qual dessas frases mais se aproxima da água
encanada da rua que você recebe hoje em sua casa. Em relação _____________, você
diria que: Resposta única por bloco
RODÍZIAR BLOCOS P.5
( ) COR
A água é sempre transparente e cristalina 4
A água normalmente é transparente e cristalina, mas em algumas vezes não é 3
A água muitas vezes não é transparente e cristalina 2
A água nunca é transparente e cristalina 1
( ) SABOR
A água é sempre gostosa de beber. Nunca tem gosto ruim 4
A água às vezes tem gosto ruim 3
A água muitas vezes tem gosto ruim 2
A água sempre tem gosto ruim. Nunca é gostosa de beber 1
( ) CHEIRO
A água nunca tem cheiro 4
Às vezes a água tem algum cheiro 3
Muitas vezes a água tem cheiro ruim 2
A água sempre tem cheiro muito ruim 1
( ) POTÁVEL/ TRATADA
A água é totalmente tratada e potável e pode ser bebida sem preocupação 4
Acho que a água é tratada e potável, mas não tenho certeza 3
Acho que a água não é tratada e potável para o consumo humano 2
Tenho certeza que a água não é tratada e potável para o consumo humano. 1
( ) REGULARIDADE/ FORNECIMENTO
A água nunca falta 4
De vez em quando falta água 3
Costuma faltar água muitas vezes 2
Sempre falta água 1
( ) PRESSÃO
A pressão da água que chega da rua é sempre adequada 4
Na maioria das vezes, a pressão da água que chega da rua é adequada 3
Algumas vezes, a pressão da água que chega da rua é adequada 2
A pressão da água que chega da rua nunca é adequada 1
( ) VALOR DA ENTREGA
Pago um preço justo pela água porque sei que ela é tratada 4
Pago um preço justo pela água mesmo sem saber se ela é tratada ou não 3
Pago um preço injusto pela água, porque não sei pelo que estou pagando 2
Pago um preço injusto pela água porque o que é feito não vale o que é cobrado 1

436
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

AGORA VAMOS FALAR APENAS SOBRE O SERVIÇO DE ESGOTO PRESTADO PELA


EMPRESA DE SANEAMENTO

P.6: (CARTÃO) De uma maneira geral, você diria que a qualidade do serviço de esgoto que
a ___________oferece atualmente na sua casa é:
Resposta
Única
Ótima 5
Boa 4
Regular 3
Ruim 2
Péssima 1
NS/NOP 9

P.7: (LER ALTERNATIVAS) Quando sua casa não estava conectada à rede como o esgoto
era eliminado?

Resposta Única
Rios, Córregos 1
Ruas 2
Fossa 3
Ou de outra forma?
4
(anote)

P.8: (CARTÃO) De um modo geral, levando em consideração tudo o que você conhece ou
já ouviu falar, como você avalia o atendimento da _____________ (resposta P1)
atualmente. Você diria que o atendimento é:

Resposta Única
Ótimo 5
Bom 4
Regular 3
Ruim 2
Péssimo 1
NS/NOP 9

437
P.9: (CARTÃO) Com a ajuda deste cartão me diga para quais finalidades você utiliza água
em sua casa:

P.10: (CARTÃO) Com este outro cartão, me diga que tipo de água você utiliza na sua casa
para______________ (APLICAR P10 PARA CADA FINALIDADE CITADA EM P9
(CODIGO=1):
P. 9 P. 10
RU LINHA Resposta múltipla por linha
Água
Água Água de Água Outro
mineral/
NAO SIM de Caminhão Encanada tipo de
Galão/
Poço pipa / da Rua água
garrafa
a. Beber 2 1 1 2 3 4 5
b. Cozinhar 2 1 1 2 3 4 5
c. Lavar louça 2 1 1 2 3 4 5
d. Lavar roupa 2 1 1 2 3 4 5
e. Tomar banho 2 1 1 2 3 4 5
Lavar calçadas/ áreas
f. comuns/ Quintal/ 2 1 1 2 3 4 5
Regar plantas
g. Encher a piscina 2 1 1 2 3 4 5

TRANSPORTE PARA P11 RESPOSTAS DA P9 (CÓDIGO 1)

P.11: (CARTÃO) Com este mesmo cartão, mas agora pensando no passando, ou seja,
quando sua casa não estava conectada à rede, me diga que tipo de água você utilizava para
_________(VEJA OS ITENS TRANSPORTADOS)

Água Água de Água Outro


Água mineral/
de Caminhão Encanada / da tipo de
Galão/ garrafa
▼ Poço pipa Rua água
( ) Beber 1 2 3 4 5
( ) Cozinhar 1 2 3 4 5
( ) Lavar louça 1 2 3 4 5
( ) Lavar roupa 1 2 3 4 5
( ) Tomar banho 1 2 3 4 5
Lavar calçadas/ áreas
( ) comuns/ Quintal/ Regar 1 2 3 4 5
plantas
( ) Encher a piscina 1 2 3 4 5

438
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Mudanças na Qualidade de Vida

P.12: (CARTÃO) O quanto você concorda ou discorda da seguinte afirmação: “A qualidade


de vida que tenho atualmente, utilizando os serviços da empresa de Saneamento, é melhor
do que a que tinha quando minha casa não estava conectada”.

Resposta
Única
Concordo Totalmente 5
Concordo 4
Nem Concordo e nem
3
Discordo
Discordo 2
Discordo Totalmente 1
NS/NOP 9

P.13: (CARTÃO) Agora, vou ler para você algumas frases sobre a qualidade de vida
associada às residências conectadas à rede pública de saneamento. Por favor, me diga o
quanto você concorda ou discorda das seguintes afirmações: Resposta única por linha
Nem
Concordo Concordo Discordo NS/
Concordo Discordo
Totalmente e Nem Totalmente NOP
Discordo
Atualmente, há mais
a. odores desagradáveis 5 4 3 2 1 9
associados ao esgoto.
Atualmente, há menos
b. risco de mortalidade 5 4 3 2 1 9
infantil
Atualmente, há mais
c. falhas no abastecimento 5 4 3 2 1 9
de água
Atualmente, é mais fácil e
d. 5 4 3 2 1 9
cômodo ter acesso à água
Atualmente, há menos
e. risco de doenças e 5 4 3 2 1 9
infecções.
Atualmente, há mais ratos
f. 5 4 3 2 1 9
e baratas
Atualmente, os rios e o
g. mar estão mais 5 4 3 2 1 9
contaminados
Atualmente, os gastos
h. com limpeza foram 5 4 3 2 1 9
reduzidos

439
P.14: (CARTÃO) O quanto você concorda ou discorda da seguinte afirmação: “Atualmente,
gasto mais com a conta de água e de esgoto do que gastava antes, quando não estava
conectado à rede pública:

Resposta
Única
Concordo Totalmente 5
Concordo 4
Nem Concordo e nem
3
Discordo
Discordo 2
Discordo Totalmente 1
NS/NOP 9

P.15: (LER ALTERNATIVAS) Considerando a forma de pagamento pelos serviços de


fornecimento de água: qual das alternativas você prefere?
Resposta
Única
A forma de cobrança atual, em que se paga, mensalmente, ao receber a
1
conta de água
A forma de pagamento anterior à conexão, em que se pagava toda vez que
2
o abastecimento de água ocorria

P.16: (LER ALTERNATIVAS) De maneira geral, você diria que desde que sua casa está
conectada aos serviços de água, você está:
Resposta
Única
Melhor que estava antes 1
Igual estava antes 2
Pior que estava antes 3

P.17: (CARTÃO) Se você pudesse escolher, qual das seguintes alternativas você
escolheria? Considere em sua avaliação o custo total, em reais, de cada uma das
alternativas que vou ler.
Resposta
Única
Retornar ao Sistema Anterior, antes da conexão 1
Manter a situação atual, conectado ao Sistema de Água e Esgoto. 2
Estar conectado, somente, ao Serviço de Água (pagar somente por este
3
serviço).
Estar conectado, somente, ao Serviço de Esgoto (pagar somente por este
4
serviço)
NS/NOP

440
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

P.18a: Houve algum tipo de custo para você ter o acesso ao Serviço de Saneamento?
Resposta
Única
Sim 1 PROSSIGA
Não houve custo nenhum / foi
2 PPP20
completamente gratuito

P.18b: (LER ALTERNATIVAS) Considerando o custo inicial realizado para ter acesso aos
Serviços de Saneamento, você diria que o custo da conexão foi_______________:
Resposta
Única
Alto 1
Nem alto e nem baixo 2
Baixo 3

P.19: (LER ALTERNATIVAS) Como você pagou a despesa inicial para ter acesso aos
Serviços de Saneamento?
Resposta Única
Em uma parcela única 1
Em parcelas mensais 2

(LER) Ou pagou de outra forma? Qual? (anotar)

P.20: (LER ALTERNATIVAS) Quando você ficou sabendo sobre a expansão dos serviços
de saneamento, ou seja, água e esgoto, você tinha interesse em que esses serviços fossem
feitos no seu bairro?
Resposta Única
Sim 1
Não 2
Indiferente 3
Não recorda / não
4
lembra

P.21: (CARTÃO) Por favor, indique a alternativa que mais se aproxima da atitude que você
teve para ter o acesso aos Serviços de Saneamento. Você diria que:
Resposta
Única
Entrei em contato com a Prefeitura e/ou a Empresa de Saneamento e/ou
alguma outra Instituição para solicitar que realizassem a conexão de minha 1
casa.
Não fiz absolutamente nada, e minha casa foi conectada à rede 2
Ou alguma outra atitude? (anotar)

441
Seção Final: PERFIL

P.23: Atualmente, quantas pessoas moram na sua casa?


ANOTE

P.24: Para tornar a essa pesquisa ainda mais completo e precisa, estamos solicitando aos
moradores entrevistados uma conta de água deste mês ou do mês passado para anotar
alguns dados. Você poderia, por favor, pegar a sua conta de água?

Ítens Valor
Encargos Fixos R$

Água R$

Esgoto R$

Sub Total R$

Outros pagamentos R$

TOTAL R$

Unidade

m³ ( )

Tarifa (código) ( )

Diâmetro ( )

Recusou / não encontrou 99

P.25: Sua casa possui caixa de água?


Resposta Única
Sim 1
Não 2

P.26: Sua casa possui vaso sanitário?

Resposta Única
Sim 1
Não 2

442
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

P.27: (LER ALTERNATIVAS) Qual o tipo de esgotamento sanitário há em sua casa?


Resposta Única
Rede Geral de esgoto 1
Fossa Séptica 2
Fossa Rudimentar 3
Vala Negra 4
Outros: 5
Não sabe dizer / NOP 9

GLOSSÁRIO
Rede geral de esgoto: quando o aparelho sanitário estiver ligado a uma rede geral de
esgoto sanitário;
Fossa séptica ligada à rede pluvial: quando o aparelho sanitário estiver ligado à fossa
séptica e que o escoamento das águas servidas seja canalizado para a rede de águas
pluviais;
Fossa rudimentar: quando a instalação sanitária estiver ligada à fossa rústica (fossa negra,
poço, buraco, etc.);
Vala negra: quando a instalação sanitária estiver ligada a uma vala negra (escoadouro de
águas pluviais a céu aberto);
Outros: quando a instalação sanitária estiver ligada diretamente a um rio, lago, mar, etc.;

P.28: Quantos banheiros há em sua casa?


ANOTE

443
P.29: Apenas para uma classificação econômica, você poderia me dizer se na sua casa tem
os itens abaixo? (LER ITENS ABAIXO)? (SE SIM) Quantos?
(Os eletrodomésticos devem estar em funcionamento / conserto a ser consertados em
breve)
Quais dos seguintes itens você possui em sua casa?

Não T E M (Quantidade)
Posse de itens Tem
tem 1 2 3 4 ou +
Televisores em cores 0 ( ) 1 2 3 4
Videocassete/DVD 0 ( ) 2 2 2 2
Rádios 0 ( ) 1 2 3 4
Banheiros 0 ( ) 4 5 6 7
Automóveis 0 ( ) 4 7 9 9
Empregadas
0 ( ) 3 4 4 4
mensalistas
Máquinas de lavar 0 ( ) 2 2 2 2
Geladeira 0 ( ) 4 4 4 4
Freezer(*) 0 ( ) 2 2 2 2
(*) Independente ou 2ª porta da geladeira
Até que ano de escola o chefe de família cursou?
Nomenclatura atual Pontos Nomenclatura antiga
Analfabeto/ até 3ª Série
0 Analfabeto/Primário incompleto
Fundamental
4ª a 7ª Série Fundamental. 1 Primário completo/Gin. incompleto
Fundamental completo/Médio
2 Ginasial completo/Col. incompleto
incomplet
Médio completo / Superior
4 Colegial completo/Sup. incompleto
incompleto
Superior completo 8 Superior completo

TOTAL DE CLASSE SOCIAL


PONTOS A1 (42 a 46 pontos) 1
A2 (35 a 41) 2
B1 (29 a 34) 3
B2 (23 a 28) 4
C1 (18 a 22) 5
C2 (14 a 17) 6
D (8 a 13) 7
E (0 a 7 ) 8

444
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

P.30: Somando a sua renda com a renda das pessoas que moram com você, qual é,
aproximadamente, a renda familiar?
Sem nenhuma renda 0
Até R$ 380,00 1
+ de R$ 381,00 a R$ 760,00 2
+ de R$ 761,00 a R$ 1.900,00 3
+ de R$ 1.901,00 a R$ 3.800,00 4
+ de R$ 3.801,00 a R$ 7.600,00 5
+ de R$ 7.601,00 a R$ 19.000,00 6
+ de R$ 19.000,00 7
Não sabe 8
Recusa 9

AGRADEÇA E ENCERRE

445
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ANEXO 8- Análise da Evolução da Cobertura de Distribuição de Água e


Coleta de Esgoto por Caso

O objetivo deste anexo é o de apresentar a metodologia de processamento das


informações relativas à cobertura de água e esgoto provenientes de diferentes fontes, de
maneira a determinar as melhores estimativas possíveis, para obter algumas conclusões da
evolução das populações atendidas, das economias atendidas e das coberturas, relativas à
rede de água e de esgoto. Também se faz um comparativo dos níveis de atendimento
considerando as exigências dos contratos.

Além dos demais indicadores, as coberturas são estudadas também com base nos
dados do IBGE - Censos, a PNAD e a PNSB do ano 2000. Isto possibilita a comparação de
diferentes fontes de informação e a detecção de inconsistências entre elas, o que nem
sempre é possível com os demais indicadores.

Algumas definições a respeito das variáveis a serem analisadas:

O índice de habitantes por economia (ou domicílio) é um indicador calculado utilizando


um dado de população dividido pelo dado correspondente de quantidade de economias
residenciais (ou domicílios). A esse respeito existem distintos casos:

• Para calcular os índices de habitante por domicílio do Consórcio, urbanos e


totais, foram utilizadas as projeções de população elaboradas neste trabalho.
Esses índices são representativos da população total do município (rural ou
urbana). A metodologia utilizada para as projeções encontra-se detalhada no
Anexo 10.
• Os indicadores da concessionária ou do SNIS são calculados a partir das
populações atendidas e das economias residenciais, pelo que representa a
amostra de domicílios atendidos.
• Os índices obtidos a partir dos Censos DemoGRÁFICOS e da PNAD são
calculados utilizando as populações atendidas com rede geral e as populações
totais correspondentes.
• Em relação à PNAD, é necessário esclarecer que pela natureza dos dados
utilizados, nenhum município do conjunto analisado está significativamente
representado por ela, salvo Manaus. Entretanto, a inclusão de indicadores
obtidos da PNAD nessa análise se justifica pela necessidade de ter uma
referência adicional para utilizar como complemento.
• Para o cálculo das coberturas foram utilizados como populações totais de cada
ano os resultados da projeção do IBGE de população total do município e as
projeções feitas pelo Consórcio relativas à população urbana.
• As coberturas obtidas dos Censos e da PNAD foram calculadas utilizando-se as
populações atendidas com rede geral e as populações totais correspondentes.

Mesmo que a presente análise tenha contado com uma maior amplitude de
informações que as demais análises do estudo, persiste uma escassez de dados sólidos,
especialmente para os períodos anteriores às concessões. A análise foi realizada
principalmente sobre os dados do SNIS e dados primários coletados em campo,
complementados pelos censos e a PNSB, com a PNAD só como referência, salvo no caso
de Manaus.

447
As coberturas de água (ou esgoto) foram calculadas dividindo a população atendida
pela rede de água (esgoto) pela população total ou urbana estimada para o conjunto de
municípios atendidos pela concessionária, segundo o escopo da análise para cada caso.

A análise foi feita sobre as populações urbanas atendidas e totais, e a justificativa é


que praticamente em todos os casos as metas contratuais estão expressas em termos da
população urbana. Porém, existem casos onde, segundo as informações disponíveis de
população atendida urbana e total, havia um grau significativo de atendimento rural, ou as
informações só tinham sentido considerando o atendimento do total do município, razão pela
qual o Consórcio estimou necessário considerar nesses casos a população total atendida,
assim como a população total dos municípios, para a análise das coberturas. O QUADRO
A8.1, a seguir, mostra em quais casos analisados se considerou a população total e a
justificativa para o critério.

448
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

QUADRO A8.1 - Porcentagem Rural em População Atendida²


% Rural em relação à Pop. Atendida²
Cobertura
Justificativa Adotada pelo
Caso¹ Censo SNIS População Objetivo Considerada
Consórcio
2000 2006 Metas de Cobertura³ pelo Consórcio

Guará 0,00% 3,10% Urbana Total Consistência dos dados


Limeira 0,75% 0,00% Urbana Urbana Atend. rural não significativo
Mairinque 0,71% 0,00% Sem Informação Urbana Atend. rural não significativo
Mauá 0,00% 0,00% Urbana Urbana Atend. rural não significativo
Pop. residente +
CAJ 2,53% 10,19% Total Atend. rural significativo
flutuante
Pop. residente +
PROLAGOS 7,47% 0,00% Total Atend. rural significativo
flutuante
Campos dos
2,10% 0,00% Urbana Urbana Consistência com metas
Goytacazes
Guapimirim 35,17% 0,00% Urbana Total Consistência dos dados
Niterói 0,00% 0,00% Urbana Urbana Atend. rural não significativo
Petrópolis 3,62% 2,17% Total Total Atendi. rural significativo
Nova Friburgo 3,60% 0,00% Urbana Urbana Consistência com metas
Cachoeiro de
4,03% 7,90% Urbana Total Consistência dos dados
Itapemirim
Carlinda 2,48% 0,00% Urbana Total Consistência dos dados
Cláudia 5,03% 0,16% Urbana Urbana Consistência com metas
Guarantã do Norte 0,00% 3,08% Urbana Urbana Consistência com metas
Matupá 11,32% 3,63% Urbana Urbana Consistência com metas
Nobres 1,48% 0,00% Sem Informação Urbana Atend. rural não significativo
Primavera do
0,00% 0,00% Urbana Urbana Atend. rural não significativo
Leste
Sorriso 0,85% 0,00% Urbana Urbana Atend. rural não significativo
Marcelândia 13,32% 0,00% Urbana Urbana Consistência com metas
Nova Xavantina 0,15% 0,00% Sem Informação Urbana Atend. rural não significativo
Pontes e Lacerda 17,31% 0,00% Urbana Urbana Consistência com metas
Santa Carmem 2,22% 0,00% Urbana Urbana Consistência com metas
União do Sul 28,49% 0,00% Urbana Urbana Consistência com metas
Campo Grande 0,00% 0,00% Urbana Urbana Atend. rural não significativo
Consistência com outros casos
Itapema 0,00% 0,00% Sem Informação Total
litoral
Araújos 8,39% Urbana Total Consistência dos dados
Bom Sucesso 1,45% Urbana Total Consistência dos dados
Paraguaçu 1,40% 2,03% Não especifica Total Atend. rural significativo
Subconcessão exclusivamente
Paranaguá 2,31% 0,00% Urbana Urbana
urbana
Manaus 0,00% 0,00% Urbana Urbana Atend. rural não significativo
Palmas 0,05% 0,39% Urbana Urbana Atend. rural não significativo
Fonte: Elaboração dos Autores.
Notas:
¹ Dos 36 casos de concessões plenas, não estão foram considerados: Mineiros do Tietê e Arenápolis (por falta de dados);
Juscimeira cuja concessão foi suspensa e Mirassol cuja concessão teve início há pouco tempo.
2
Indicador calculado da seguinte forma: a população rural atendida dividido pela população atendida total. Para o censo 2000
a população atendida é definida como a que têm cobertura de rede geral. No SNIS a população atendida é obtida diretamente
do concessionário.
³
Na documentação de cada caso, as metas de cobertura referem-se a um percentual da população a ser atendida sobre um
total, que comumente é a população urbana do município. Essa definição foi considerada na decisão de analisar a cobertura
sobre a população urbana ou total. Os casos sem informação referem-se àqueles que os Edtais não apresentavam as metas e
àqueles em que o Consórcio não teve acesso ao material.

449
As justificativas mencionadas no QUADRO A8.1 respondem aos seguintes critérios:

• Se o percentual de população rural atendida é significativo, ou seja, maior que


2%, e as metas não definem explicitamente atendimento urbano, é considerada
a cobertura para o total da população (“Atendimento Rural Significativo”).
• Se as metas são definidas sobre a população urbana (“consistência com
metas”), ou quando não há informações de metas,é considerado o atendimento
urbano.
• Exceções às regras anteriores: Carlinda, Guará, Guapimirim, Cachoeiro de
Itapemirim e Araújos, que têm um percentual significativo de atendimento rural,
mesmo que as metas sejam expressas em termos da população urbana. Nesses
casos as informações disponíveis só fazem sentido se o Consórcio analisa a
cobertura sobre a população total.
• Finalmente, nos casos de Itapema e Bom Sucesso, os critérios anteriores
indicariam analisar as coberturas urbanas, mas as informações disponíveis só
podem ser analisadas em relação à população total desses municípios.

As fontes para a população atendida foram trabalhadas da seguinte forma:

• Em primeiro lugar, com base nas informações sobre a população atendida


fornecidas pelo mesmo concessionário, seja ao SNIS ou diretamente ao
Consórcio durante o trabalho de coleta de informações.
• Secundariamente, o Consórcio estimou as populações atendidas a partir do
dado de economias residenciais, considerado um dado mais sólido. O problema
foi que, enquanto as economias residenciais totais estavam disponíveis, as
economias urbanas não, razão pela qual foi feito um trabalho de estimar as
economias residenciais urbanas a partir da população atendida urbana obtida do
SNIS, conservando a mesma relação de habitantes por economia.

A estimativa do Consórcio de população atendida sempre foi elaborada com base nos
índices de habitantes por domicílio urbanos ou totais obtidos, conforme mencionado
anteriormente.

Entre os problemas e complexidades enfrentados durante a análise das coberturas,


estão:

• As informações das operadoras não são sempre compatíveis com as do IBGE,


ou com estimativas que se podem obter a partir dessas informações oficiais. Isto
não necessariamente significa que as informações fornecidas pelas empresas
sejam erradas. Elas recolhem particularidades e características especiais de
suas áreas de atendimento, que são muito difíceis de obter a partir da análise de
fontes secundárias. O resultado final dessas incompatibilidades é a presença de
índices de coberturas maiores que 100%. Inclusive, em alguns casos, o
resultado final calculado pelo Consórcio apresenta esses dados aparentemente
inconsistentes nas coberturas (mesmo que o trabalho feito procura sse minimizar
essas ocorrências), o que deve ser entendido como resultado da natural
incerteza contida tanto nas projeções de população como nas estimativas de
população atendida.
• O Consórcio teve problemas também com os casos onde está presente um nível
importante de população flutuante. Essa característica é muito difícil de refletir na
análise com a informação disponível.

450
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

• Tanto o Censo como a PNAD não separam os domicílios conectados à rede


geral de esgotos dos conectados à rede pluvial, o que invalida as análises de
cobertura de esgotos que podem ser feitas com esses dados. Em alguns casos o
Consórcio foi informado pela empresa Concessionária dos problemas em campo
causados pelas conexões clandestinas de esgoto à rede pluvial ou vice-versa.
• Faltam dados de economias e outras informações relevantes para poder
acompanhar em alguns casos a evolução completa dos indicadores estudados.

Todas essas dificuldades da análise implicam que não pode ser aplicada uma regra
única a todos os casos. O Consórcio teve que examinar cada caso, para água e esgoto,
verificando diferentes variáveis relativas à população, economias e domicílios, para ter uma
idéia geral do contexto analisado.

Portanto, a análise desenvolvida, devido à natureza e grau de complexidade das


informações, o que determina que muitas vezes sejam utilizadas estimativas, apresenta um
certo nível de incerteza, pelo que em nenhum caso podem-se concluir, a partir destas
análises, conclusões absolutas a respeito do cumprimento de responsabilidades contratuais.
Esse tipo de conclusão precisa, na opinião do Consórcio, de um estudo feito a partir de
informações detalhadas obtidas em campo, num nível que está fora do escopo do presente
estudo.

A análise dos casos individuais pode ser verificada, com maiores detalhes, no
Relatório de Andamento Nº 4.

451
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ANEXO 9- Análise do Banco de Dados do SNIS

Este anexo tem por objetivo efetuar uma avaliação do banco de dados do SNIS com o
objetivo de oferecer uma visão da situação desta base estatística, tanto em relação às
informações demandadas pelo trabalho, quanto aos problemas encontrados em diversas
variáveis disponíveis neste banco. Ao final desta parte são feitas algumas recomendações
com o intuito de melhorar ainda mais as informações do SNIS.

É importante destacar que todas as análises aqui apresentadas têm como foco
principal identificar as falhas em termos de disponibilidade e inconsistência dos dados
entregues pelas concessionárias com respeito às informações prestadas pelo SNIS e não
tem relação com a qualidade dos dados (por exemplo, índices de perdas de água acima do
normal, presença de outliers,172nas series históricas, etc.)

A base de dados mais completa relacionada ao setor de saneamento no Brasil é o


SNIS, de grande importância devido ao grau de profundidade e extensão das informações
recolhidas. Entretanto, foram observados, durante o desenvolvimento do Projeto, alguns
casos de lacunas de informação, além de inconsistências nos dados.

9.1. Metodologia

Foi construído um banco de dados que permita elaborar indicadores para a avaliação
de impacto da PSP. Os dados utilizados foram obtidos a partir de duas fontes: o banco de
dados do SNIS, e a pesquisa realizada com as concessionárias, a qual contribuiu para a
obtenção dos dados primários. O trabalho consistiu basicamente em completar o banco de
dados secundário com as informações obtidas das concessionárias, de modo a obter um
banco de dados o mais completo possível.

Porém, durante o processo de montagem desse banco de dados surgiram dificuldades


relacionadas às lacunas de informação, bem como problemas de inconsistências entre os
dados do SNIS e aqueles informados pelas concessionárias. Ao se comparar o banco de
dados final utilizado no estudo com o do SNIS, identificaram-se quatro situações:

• Casos sem informação: corresponde aos casos sem informação primária nem
secundária disponível, ou seja, sem informação no banco de dados final.
• Casos sem dados do SNIS: corresponde aos casos em que só se obteve
informação primária, ou seja, dados obtidos pela Consultoria e que não estavam
disponíveis no SNIS.
• Casos similares: corresponde aos casos em que a informação secundária (SNIS)
apresenta consistência (ou até mesmo é igual) à informação primária. Também
inclui os casos em que apenas se dispõe das informações disponibilizadas pelo
SNIS.173
• Casos modificados: corresponde aos casos em que a informação secundária
(SNIS) é inconsistente (ou não é igual) à informação primária (ou à informada
pelas concessionárias).

172
Entende-se por outlier se um dado cujo valor está fora das ordens de magnitude em relação à série de dados a que
pertence, em um contexto em que deve necessariamente ser um erro.
173
Dessa forma, o dado final utilizado é idêntico ao dado informado no SNIS.

453
9.2. Análises por Período

Como já mencionado em outros relatórios, um dos principais problemas na elaboração


das análises foi a escassa disponibilidade de informação, ou até mesmo nula, para os
períodos anteriores à implantação da PSP. Neste sentido, grande parte dos esforços da
Consultoria concentrou-se em completar os dados disponíveis com as informações
prestadas pelas concessionárias.

As TABELAS A9.1 e A9.2 apresentadas a seguir resumem a situação geral dos dados
finais com respeito ao banco de dados do SNIS a partir de 1995174 para um universo de 30
concessões plenas.175.

A TABELA A9.1 mostra a quantidade de dados não disponíveis como proporção dos
dados exigidos para cada ano. Verifica-se um aumento progressivo das informações
disponíveis, tendência ilustrada pela diminuição do número de casos sem informação, que
passaram de uma média de 97,8% em 1995 para 9,1% dos dados no ano de 2006. Isso
evidencia o problema já mencionado da quantidade de dados indisponíveis, que é visível,
sobretudo, nos períodos anteriores a 2000, com taxas de não-resposta superiores a 64%
para todos os anos estudados.

174
Ano de início do sistema de dados do SNIS.
175
Não foram consideradas nas análises as concessões que correspondem aos municípios de Nobres e Mairinque devido
à falta de resposta de tais concessionárias. Outros tipos de informação complementar foram obtidos do SNIS.

454
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA A9.1 - Dados sem Informação Disponível como Porcentagem do Total de dados exigidos por ano

Concessão 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 TOTAL

Araújos 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 29,0% 29,0% 29,0% 29,0% 76,3%
Bom Sucesso 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 12,9% 11,3% 11,3% 11,3% 100,0% 70,6%
Cachoeiro de Itapemirim 100,0% 72,6% 62,9% 11,3% 6,5% 11,3% 8,1% 6,5% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 23,3%
CAJ 100,0% 98,4% 100,0% 16,1% 48,4% 100,0% 0,0% 0,0% 0,0% 1,6% 8,1% 4,8% 39,8%
Campo Grande 71,0% 56,5% 56,5% 56,5% 85,5% 69,4% 14,5% 19,4% 12,9% 0,0% 0,0% 0,0% 36,8%
Campos dos Goytacazes 100,0% 100,0% 100,0% 87,1% 100,0% 11,3% 19,4% 6,5% 12,9% 0,0% 0,0% 0,0% 44,8%
Carlinda 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 96,8% 69,4% 100,0% 96,8% 32,3% 37,1% 0,0% 77,7%
Cláudia 100,0% 100,0% 64,5% 61,3% 61,3% 100,0% 100,0% 33,9% 88,7% 16,1% 1,6% 0,0% 60,6%
Guapimirim 100,0% 100,0% 100,0% 96,8% 100,0% 100,0% 27,4% 24,2% 4,8% 21,0% 14,5% 12,9% 58,5%
Guará 100,0% 100,0% 72,6% 56,5% 91,9% 30,6% 21,0% 100,0% 11,3% 25,8% 4,8% 0,0% 51,2%
Guarantã do Norte 100,0% 100,0% 74,2% 66,1% 66,1% 91,9% 33,9% 16,1% 16,1% 12,9% 16,1% 14,5% 50,7%
Itapema 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 96,8% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 56,5% 1,6% 87,9%
Limeira 100,0% 33,9% 33,9% 25,8% 16,1% 11,3% 8,1% 6,5% 0,0% 12,9% 0,0% 0,0% 20,7%
Manaus 100,0% 74,2% 67,7% 64,5% 56,5% 91,9% 91,9% 21,0% 8,1% 11,3% 11,3% 0,0% 49,9%
Marcelândia 100,0% 100,0% 53,2% 53,2% 53,2% 100,0% 100,0% 98,4% 95,2% 19,4% 79,0% 4,8% 71,4%
Matupá 100,0% 100,0% 77,4% 69,4% 67,7% 100,0% 96,8% 8,1% 8,1% 4,8% 3,2% 1,6% 53,1%
Mauá 100,0% 100,0% 50,0% 50,0% 50,0% 50,0% 50,0% 50,0% 48,4% 45,2% 41,9% 41,9% 56,5%
Niterói 100,0% 67,7% 67,7% 85,5% 79,0% 24,2% 19,4% 8,1% 12,9% 0,0% 0,0% 0,0% 38,7%
Nova Friburgo 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 24,2% 11,3% 6,5% 6,5% 0,0% 0,0% 12,9% 9,7% 39,2%
Nova Xavantina 100,0% 100,0% 72,6% 66,1% 67,7% 96,8% 100,0% 38,7% 45,2% 46,8% 45,2% 17,7% 66,4%
Palmas 98,4% 56,5% 54,8% 38,7% 40,3% 58,1% 46,8% 22,6% 27,4% 12,9% 0,0% 3,2% 38,3%
Paraguaçu 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 6,5% 6,5% 6,5% 6,5% 0,0% 0,0% 0,0% 43,8%
Paranaguá 100,0% 100,0% 66,1% 25,8% 22,6% 11,3% 11,3% 21,0% 4,8% 4,8% 0,0% 0,0% 30,6%
Petrópolis 66,1% 100,0% 100,0% 30,6% 11,3% 29,0% 11,3% 12,9% 0,0% 0,0% 0,0% 1,6% 30,2%
Pontes e Lacerda 100,0% 100,0% 72,6% 64,5% 64,5% 82,3% 32,3% 54,8% 54,8% 54,8% 0,0% 0,0% 56,7%
Primavera do Leste 100,0% 100,0% 75,8% 75,8% 91,9% 90,3% 83,9% 83,9% 83,9% 9,7% 50,0% 0,0% 70,4%
PROLAGOS 100,0% 91,9% 100,0% 27,4% 25,8% 19,4% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 4,8% 9,7% 31,6%
Santa Carmen 100,0% 100,0% 71,0% 66,1% 64,5% 96,8% 100,0% 100,0% 90,3% 90,3% 85,5% 3,2% 80,6%
Sorriso 100,0% 100,0% 72,6% 66,1% 66,1% 54,8% 17,7% 22,6% 19,4% 14,5% 16,1% 14,5% 47,0%
União do Sul 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 88,7% 96,8% 90,3% 90,3% 90,3% 21,0% 83,9% 3,2% 80,4%
TOTAL 97,8% 91,7% 78,9% 65,4% 65,0% 64,6% 48,9% 39,0% 32,6% 19,9% 20,4% 9,1% 52,8%
Fonte: Elaboração dos Autores.

455
TABELA A9.2 - Dados Preenchidos pela Consultora, Faltantes no SNIS como
Porcentagem do Total de dados exigidos por ano

Concessão 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 TOTAL

Araújos 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 71,0% 71,0% 71,0% 71,0% 23,7%
Bom Sucesso 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 87,1% 88,7% 88,7% 88,7% 0,0% 29,4%
Cachoeiro de Itapemirim 0,0% 1,6% 1,6% 17,7% 4,8% 1,6% 12,9% 0,0% 3,2% 0,0% 12,9% 0,0% 4,7%
CAJ 0,0% 1,6% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 1,6% 1,6% 0,4%
Campo Grande 29,0% 8,1% 8,1% 6,5% 14,5% 30,6% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 12,9% 0,0% 9,1%
Campos dos Goytacazes 0,0% 0,0% 0,0% 1,6% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,1%
Carlinda 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 3,2% 1,6% 0,0% 3,2% 6,5% 62,9% 0,0% 6,5%
Cláudia 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 11,3% 0,0% 98,4% 0,0% 9,1%
Guapimirim 0,0% 0,0% 0,0% 1,6% 0,0% 0,0% 29,0% 25,8% 25,8% 41,9% 1,6% 0,0% 10,5%
Guará 0,0% 0,0% 3,2% 1,6% 8,1% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 1,1%
Guarantã do Norte 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 8,1% 0,0% 83,9% 83,9% 0,0% 0,0% 12,9% 15,7%
Itapema 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 3,2% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 43,5% 16,1% 5,2%
Limeira 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
Manaus 0,0% 3,2% 4,8% 6,5% 14,5% 8,1% 8,1% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 1,6% 3,9%
Marcelândia 0,0% 0,0% 9,7% 1,6% 3,2% 0,0% 0,0% 1,6% 4,8% 22,6% 21,0% 8,1% 6,0%
Matupá 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 3,2% 91,9% 91,9% 35,5% 27,4% 11,3% 21,8%
Mauá 0,0% 0,0% 50,0% 50,0% 50,0% 50,0% 50,0% 50,0% 51,6% 54,8% 58,1% 58,1% 43,5%
Niterói 0,0% 1,6% 1,6% 3,2% 1,6% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 1,6% 0,8%
Nova Friburgo 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
Nova Xavantina 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 3,2% 0,0% 0,0% 4,8% 3,2% 0,0% 4,8% 1,3%
Palmas 1,6% 11,3% 6,5% 14,5% 4,8% 19,4% 6,5% 3,2% 3,2% 1,6% 14,5% 16,1% 8,6%
Paraguaçu 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 93,5% 93,5% 93,5% 93,5% 19,4% 19,4% 17,7% 35,9%
Paranaguá 0,0% 0,0% 33,9% 1,6% 0,0% 12,9% 1,6% 12,9% 14,5% 1,6% 4,8% 12,9% 8,1%
Petrópolis 1,6% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 11,3% 1,1%
Pontes e Lacerda 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 17,7% 0,0% 45,2% 45,2% 45,2% 0,0% 0,0% 12,8%
Primavera do Leste 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 8,1% 9,7% 16,1% 16,1% 16,1% 12,9% 50,0% 12,9% 11,8%
PROLAGOS 0,0% 8,1% 0,0% 0,0% 0,0% 1,6% 1,6% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 12,9% 2,0%
Santa Carmen 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 3,2% 0,0% 0,0% 9,7% 9,7% 14,5% 9,7% 3,9%
Sorriso 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 45,2% 16,1% 17,7% 12,9% 3,2% 12,9% 12,9% 10,1%
União do Sul 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 11,3% 3,2% 9,7% 9,7% 9,7% 9,7% 16,1% 11,3% 6,7%
TOTAL 1,1% 1,2% 4,0% 3,5% 4,0% 10,5% 8,3% 18,0% 21,5% 14,2% 21,1% 10,2% 9,8%
Fonte: Elaboração dos Autores.

456
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Já a TABELA A9.2 mostra a quantidade de dados obtida pela Consultoria e que não
estava disponível no banco de dados do SNIS, como porcentagem do total dos dados
exigidos para cada ano. Esta porcentagem reflete claramente os esforços da Consultoria
para a obtenção dos dados primários. Considerando todo o período 1995-2006, foram
reunidos 9,8% dos dados totais necessários que não estavam disponíveis no SNIS.

A TABELA A9.3, por sua vez, apresenta a quantidade de dados alterados pelo
Consórcio, como resultado da coleta de novos dados primários em campo, expressada
como proporção do total dos dados necessários. Pode-se notar que há um aumento da
porcentagem de dados inconsistentes entre o SNIS e as fontes primárias ao longo do
tempo. Isso não implica, necessariamente, que os dados recentes sejam menos confiáveis
do que os dados de anos anteriores. Note-se que o percentual de dados modificados é
fortemente afetado pela quantidade de informações disponíveis, uma vez que uma
quantidade maior de dados, também provoca um aumento da probabilidade de identificação
de erros, quer pelo aumento na quantidade de dados disponíveis para comparação ou pela
maior quantidade de dados existentes sobre o total necessário.176

Neste sentido, uma medida aceitável para avaliar o grau de inconsistência entre as
informações utilizadas do SNIS e a definitiva utilizada nas análises, seria averiguar os dados
de 2006, uma vez que este ano teve cerca de 92% do total das informações necessárias,
tornando possível efetuar um maior número de comparações. Assim, 13,6% dos dados
apresentam diferenças ou tiveram sua base de dados modificada em relação à base do
SNIS, o que reflete um problema de confiabilidade da informação, que, provavelmente, é
muito mais elevado, devido à não incorporação de critérios de qualidade dos dados na
análise (por exemplo, presença de outliers e indicadores fora dos intervalos aceitáveis).

176
Note-se que os percentuais apresentados são calculados com base no total dos dados exigidos e não dos dados
disponíveis. Assim, a maior quantidade de dados disponíveis poderia implicar uma maior quantidade de dados modificados
sobre o total de dados exigidos.

457
TABELA A9.3 - Dados Modificados como Porcentagem do Total de dados exigidos por ano

Concessão 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 TOTAL

Araújos 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
Bom Sucesso 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
Cachoeiro de Itapemirim 0,0% 0,0% 0,0% 4,8% 16,1% 11,3% 4,8% 17,7% 16,1% 17,7% 6,5% 17,7% 9,4%
CAJ 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 4,8% 0,0% 0,0% 4,8% 0,0% 22,6% 2,7%
Campo Grande 0,0% 16,1% 16,1% 17,7% 0,0% 0,0% 1,6% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 9,7% 5,1%
Campos dos Goytacazes 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 1,6% 0,0% 37,1% 3,2%
Carlinda 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
Cláudia 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 45,2% 3,8%
Guapimirim 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 30,6% 27,4% 32,3% 6,5% 27,4% 0,0% 10,3%
Guará 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
Guarantã do Norte 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 11,3% 0,0% 0,9%
Itapema 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 1,6% 0,1%
Limeira 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 12,9% 1,1%
Manaus 0,0% 0,0% 0,0% 4,8% 0,0% 0,0% 0,0% 6,5% 1,6% 6,5% 6,5% 0,0% 2,2%
Marcelândia 0,0% 0,0% 1,6% 1,6% 1,6% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 9,7% 0,0% 11,3% 2,2%
Matupá 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 9,7% 12,9% 37,1% 5,0%
Mauá 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
Niterói 0,0% 1,6% 1,6% 0,0% 1,6% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 3,2% 6,5% 27,4% 3,5%
Nova Friburgo 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 1,6% 0,0% 0,0% 0,0% 27,4% 9,7% 9,7% 9,7% 4,8%
Nova Xavantina 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 16,1% 1,3%
Palmas 0,0% 0,0% 4,8% 8,1% 8,1% 6,5% 8,1% 9,7% 9,7% 9,7% 14,5% 38,7% 9,8%
Paraguaçu 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 27,4% 32,3% 27,4% 7,3%
Paranaguá 0,0% 0,0% 0,0% 12,9% 19,4% 12,9% 24,2% 16,1% 14,5% 19,4% 25,8% 19,4% 13,7%
Petrópolis 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 3,2% 1,6% 0,4%
Pontes e Lacerda 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 21,0% 11,3% 2,7%
Primavera do Leste 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 4,8% 0,0% 17,7% 1,9%
PROLAGOS 0,0% 0,0% 0,0% 8,1% 12,9% 17,7% 4,8% 4,8% 14,5% 33,9% 8,1% 32,3% 11,4%
Santa Carmen 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 6,5% 0,5%
Sorriso 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 1,6% 0,0% 4,8% 0,0% 0,0% 0,0% 0,5%
União do Sul 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 9,7% 0,8%
TOTAL 0,0% 0,6% 0,8% 1,9% 2,0% 1,6% 2,7% 2,7% 4,0% 5,5% 6,2% 13,8% 3,5%
Fonte: Elaboração dos Autores.

458
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

9.3. Análise Segundo a Classificação das Variáveis

Identificados os problemas relacionados com a disponibilidade e consistência entre os


dados fornecidos pelas concessionárias e pelo SNIS, cabe perguntar se estas são
“transversais” em todo o universo de variáveis ou se concentram em um grupo específico.
Para resolver esta questão, a amostra foi dividida em três grupos de variáveis assim
definidas:

• Variáveis Financeiras: Correspondem às variáveis agrupadas nas categorias B


e F definidas pelo SNIS.
• Variáveis Operacionais: Correspondem às variáveis agrupadas nas categorias
A e E definidas pelo SNIS.
• Variáveis Qualitativas: Correspondem às variáveis agrupadas na categoria Q
definida pelo SNIS.

A TABELA A9.4 apresenta a distribuição dos tipos de casos sobre o total de dados
correspondentes a cada tipo de variável para o período 1994-2006. Assim, foi identificado
um padrão de comportamento similar entre o grupo de variáveis financeiras e operacionais,
que não são iguais ao grupo de variáveis qualitativas.

Considerando os dados financeiros, por exemplo, observa-se que, em média, 53,4%


dos casos não tinham informação, 31,2% apresentavam informação consistente (ou igual),
11,6% foi completado pela Consultoria e 3,7% apresentaram diferenças entre a base final
utilizada e a base do SNIS. Para as variáveis operacionais, 52% dos casos não têm
qualquer informação, 34% é igual à base do SNIS, 9,4% foi completado pela Consultoria e
4,4% apresentou diferenças entre a base final e o informado pelo SNIS.

Por último, para as variáveis qualitativas, 66,6% dos casos não têm qualquer
informação, 27,5% é consistente ou igual, 5% foi modificado e apenas 0,9% puderam ser
completados com os dados da pesquisa. Dessa forma, as variáveis qualitativas são, em
geral, aquelas com menor quantidade de dados.

459
TABELA A9.4 - Resumo dos Casos como Porcentagem do total de dados segundo Classificação por Tipo de Variáveis

Classificação Financeiro Operacional Qualidade

Sem dado Sem Sem dado Sem Sem dado Sem


Concessão Igual Modificado Igual Modificado Igual Modificado Informação
SNIS Informação SNIS Informação SNIS
Araújos 0,0% 0,0% 29,5% 70,5% 0,0% 0,0% 29,4% 70,6% 0,0% 0,0% 0,0% 100,0%
Bom Sucesso 0,0% 0,0% 29,5% 70,5% 0,0% 0,0% 22,0% 78,0% 0,0% 0,0% 30,8% 69,2%
Cachoeiro de 46,2% 20,2% 8,7% 25,0% 69,9% 2,4% 0,7% 26,9% 58,7% 0,0% 2,9% 38,5%
Itapemirim
CAJ 52,2% 5,4% 0,3% 42,0% 55,2% 1,0% 0,7% 43,0% 50,0% 0,0% 0,0% 50,0%
Campo Grande 45,8% 0,6% 8,0% 45,5% 47,2% 11,9% 21,3% 19,6% 41,3% 1,0% 0,0% 57,7%
Campos dos 44,9% 3,8% 0,0% 51,3% 50,0% 4,2% 0,3% 45,5% 49,5% 0,0% 0,0% 50,5%
Goytacazes
Carlinda 15,4% 0,0% 5,1% 79,5% 13,3% 0,0% 5,9% 80,8% 15,4% 0,0% 7,2% 77,4%
Cláudia 26,3% 3,8% 7,7% 62,2% 27,6% 2,8% 9,8% 59,8% 17,3% 3,8% 7,7% 71,2%
Guapimirim 14,7% 15,4% 11,9% 58,0% 22,0% 9,8% 4,9% 63,3% 21,6% 0,5% 13,0% 64,9%
Guará 45,5% 0,0% 0,0% 54,5% 50,3% 0,0% 2,8% 46,9% 33,2% 0,0% 0,0% 66,8%
Guarantã do Norte 32,4% 2,2% 17,9% 47,4% 28,7% 0,0% 10,8% 60,5% 28,8% 0,0% 14,4% 56,7%
Itapema 4,5% 0,0% 7,4% 88,1% 7,3% 0,0% 5,6% 87,1% 7,2% 0,5% 0,0% 92,3%
Limeira 75,6% 1,9% 0,0% 22,4% 79,4% 0,3% 0,0% 20,3% 57,2% 0,5% 0,0% 42,3%
Manaus 45,2% 0,0% 2,2% 52,6% 47,2% 5,6% 7,7% 39,5% 25,0% 0,0% 0,0% 75,0%
Marcelândia 19,9% 3,8% 7,4% 68,9% 25,9% 1,4% 3,1% 69,6% 7,7% 0,0% 6,3% 86,1%
Matupá 19,2% 1,9% 22,1% 56,7% 22,0% 4,2% 20,6% 53,1% 13,0% 9,1% 16,3% 61,5%
Mauá 0,0% 0,0% 50,3% 49,7% 0,0% 0,0% 48,6% 51,4% 0,0% 0,0% 13,5% 86,5%
Niterói 47,8% 3,2% 0,3% 48,7% 60,8% 5,2% 1,7% 32,2% 48,6% 0,5% 0,0% 51,0%
Nova Friburgo 52,9% 3,5% 0,0% 43,6% 50,0% 8,7% 0,0% 41,3% 51,9% 0,0% 0,0% 48,1%
Nova Xavantina 25,6% 2,2% 0,3% 71,8% 37,1% 0,3% 2,4% 60,1% 21,2% 1,0% 1,0% 76,9%
Palmas 47,4% 8,3% 11,5% 32,7% 44,8% 15,0% 9,4% 30,8% 22,1% 1,9% 0,5% 75,5%
Paraguaçu 1,6% 10,9% 37,5% 50,0% 19,9% 2,8% 29,7% 47,6% 16,8% 5,8% 31,3% 46,2%
Paranaguá 51,9% 6,1% 12,5% 29,5% 36,4% 29,0% 5,9% 28,7% 42,3% 0,0% 1,9% 55,8%
Petrópolis 62,5% 1,0% 2,2% 34,3% 69,9% 0,0% 0,3% 29,7% 54,3% 0,0% 0,0% 45,7%
Pontes e Lacerda 25,3% 3,8% 13,1% 57,7% 29,0% 2,8% 16,8% 51,4% 21,6% 0,0% 2,9% 75,5%
Primavera do Leste 12,8% 2,6% 20,2% 64,4% 16,8% 2,1% 8,7% 72,4% 14,4% 0,0% 0,0% 85,6%
PROLAGOS 57,1% 8,7% 3,5% 30,8% 50,0% 19,2% 2,8% 28,0% 42,3% 1,4% 0,0% 56,3%

460
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Classificação Financeiro Operacional Qualidade

Sem dado Sem Sem dado Sem Sem dado Sem


Concessão Igual Modificado Igual Modificado Igual Modificado Informação
SNIS Informação SNIS Informação SNIS
Santa Carmen 15,4% 0,6% 7,4% 76,6% 16,8% 0,3% 2,1% 80,8% 7,2% 0,5% 0,0% 92,3%
Sorriso 40,1% 0,0% 19,2% 40,7% 35,7% 1,4% 3,8% 59,1% 42,3% 0,0% 1,9% 55,8%
União do Sul 9,0% 1,3% 12,2% 77,6% 11,9% 0,3% 4,2% 83,6% 13,5% 0,5% 0,0% 86,1%
TOTAL 31,2% 3,7% 11,6% 53,4% 34,2% 4,4% 9,4% 52,0% 27,5% 0,9% 5,0% 66,6%
Fonte: Elaboração dos Autores.

461
9.4. Conclusões e Recomendações

Uma das principais conclusões é a limitada disponibilidade de dados, especialmente


nos períodos anteriores a 2000. Estes anos apresentaram taxas de não-respostas superior a
64% o que, em grande parte, dificultou a análise de avaliação de impacto, uma vez que não
foi possível contar com as informações dos períodos anteriores ao início da PSP. Por isso,
um dos maiores esforços da Consultoria foi o de obter informações primárias para completar
a base de dados, tendo atingido 9,8% do total dos dados necessários e que não estavam
disponíveis no SNIS.

Outro problema encontrado foi a presença de altas taxas de inconsistência entre os


dados comunicados ao SNIS e aqueles que puderam ser reorganizados. No ano de 2006,
por exemplo, 13,6% dos dados apresentaram diferenças ou foram alterados no banco final
em relação ao banco do SNIS, o que reflete um problema de confiabilidade da informação177
que, provavelmente, é muito mais elevado devido à não-inclusão de critérios de qualidade
dos dados na análise (presença de outliers, coberturas acima de 100% etc.).

Portanto, apresentamos as seguintes recomendações no intuito de contribuir para


aprimorar a metodologia de coleta e processamento de dados no SNIS:

• Desenvolver um procedimento específico e pontual de obtenção de dados para


atualização ou correção de anos anteriores, inclusive de informações
previamente não disponíveis (por exemplo, dados de anos anteriores à
participação de dito operador no SNIS, mas que tenha disponíveis em seus
sistemas de informação). Convém lembrar que os resultados de tal procedimento
deveriam ser objeto de uma publicação específica, posto que se estaria
retificando e atualizando uma base de dados histórica.
• Desenvolver ou fortalecer um procedimento de “solução de dúvidas” durante o
processo de preenchimento do formulário da pesquisa. Isto poderia diminuir a
possibilidade de o responsável pelas respostas (Concessionária) preencher o
formulário de maneira inadequada ou com respostas erradas.
• Da mesma forma, desenvolver ou fortalecer mecanismos de responsabilização
mais efetivos pela veracidade das informações prestadas. A Concessionária não
pode, de maneira nenhuma, dar informações inconsistentes.
• O Consórcio acredita que à medida que os mecanismos de regulação se
desenvolvam, as Concessionárias terão maior “compromisso” com o sistema
assim como os instrumentos de fiscalização serão mais eficientes, permitindo um
grau de confiança muito maior em relação aos dados.

177
Estes problemas foram verificados em todos os tipos de variáveis, destacando que há uma grande taxa de não-
respostas nas variáveis correspondentes à qualidade dos serviços.

462
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ANEXO 10- Desenvolvimento da Coleta de Informações e Resultados

Neste anexo, propõe-se apresentar o mecanismo de coleta de informações adicionais


necessários para complementar a base de dados do SNIS. Tais informações foram obtidas
tanto de fontes públicas, tais como o IBGE, bem como de documentação solicitadas às
concessionárias durante o levantamento de dados realizado em campo. Na primeira parte
deste anexo, é explicado o procedimento de coleta de informações junto às concessionárias.
Na segunda parte, apresenta-se a metodologia empregada para estimar a população urbana
e o número de domicílios particulares permanentes (totais e urbanos), entre o período de
1989 e 2007.

10.1. Desenvolvimento Geral da Coleta de Informações

A coleta de informações foi realizada a partir de diversas fontes alternativas, conforme


mencionado abaixo:

• Foram solicitadas cópias da documentação relacionada aos processos


licitatórios de cada caso consiste basicamente do Edital de licitação; do contrato
de concessão; dos textos de modificações do contrato; das propostas
ganhadoras, tanto da parte técnica como da comercial (investimentos, preços,
tarifas propostas, etc.); e das leis municipais relevantes e outros regulamentos.
Também foram solicitadas cópias das demonstrações financeiras publicadas de
cada empresa.
• Foram entrevistados preliminarmente os principais executivos das companhias
concessionárias, a fim de obter uma visão geral dos processos licitatórios e do
desenvolvimento da PSP em cada caso. Em alguns casos também foram
entrevistadas pessoas que tinham um alto grau de relacionamento e
conhecimento da concessão, mas sem ter participação direta nela.
• Foi recolhida uma grande quantidade de informação publicada na web, como por
exemplo, artigos acadêmicos, estatísticas de saúde, dados operacionais e
financeiros das empresas concessionárias e informações qualitativas a respeito
das concessões.
• Foi avaliada a quantidade e a qualidade da informação técnica e financeira
disponível no SNIS.
• Foram incorporadas estatísticas provenientes de fontes secundárias, em
especial as pesquisas e censos demoGRÁFICOS realizados pelo IBGE.

Todas estas informações foram complementadas com pesquisas de satisfação de


clientes e de novos conectados obtidas a partir de uma extensa operação de coleta de
dados primários em campo. Esta tarefa de coleta de dados de campo foi desenvolvida
durante vários meses e cobriu a totalidade dos municípios envolvidos, de acordo com um
procedimento geral descrito a seguir:

• Em primeiro lugar, foi selecionada uma equipe de trabalho composta por


profissionais locais com formação acadêmica relevante e com conhecimento do
problema, sendo parte da equipe com pelo menos nível de mestrado. Esta
equipe se encarregou de efetuar o relacionamento com as pessoas a serem
contatadas, bem como das visitas aos diferentes municípios da amostra de
casos.

463
• Esta equipe, com a assistência dos consultores peritos do Consórcio, realizou
um estudo dos antecedentes disponíveis em contratos, entrevistas preliminares
e informações do SNIS entre outras bases de dados, de modo a diagnosticar as
necessidades dos antecedentes a serem cobertos para cada caso.
• Buscou-se definir um contato executivo em cada empresa concessionária, que
atuaria como elo entre esta empresa e a equipe de trabalho. Sua função seria
receber as solicitações, coordenar as visitas a campo e reuniões, administrar a
entrega dos antecedentes solicitados aos consultores e, em geral, atender
dúvidas e requerimentos destes.
• O passo seguinte consistiu em fazer chegar os requerimentos de dados
quantitativos às empresas, como formulários em formato eletrônico, os quais
deveriam ser preenchidos pelo pessoal das concessionárias. Além disso,
reiterou-se a solicitação da documentação relacionada com a licitação da
concessão naqueles casos onde faltavam. Estabeleceu-se um prazo razoável
para que a empresa preenchesse os formulários e conseguisse os documentos.
• Ao receber as respostas das empresas, as informações foram revisadas de
maneira a detectar inconsistências. Sem seguida, realizaram-se novas
solicitações de dados específicos necessários para a correção das
inconsistências e complementação da falta de dados.
• Paralelamente, buscou-se coordenar visitas a cada município e empresa
envolvidos na pesquisa. Durante estas visitas, realizaram-se reuniões com
executivos das empresas para aprofundar os temas tratados nas entrevistas
preliminares, bem como fechar todos os pontos pendentes em relação aos
demais dados solicitados.
• Durante a mesma viagem a campo agendada, buscou-se contatar o poder
concedente, em cada caso, de acordo com um procedimento similar ao descrito
anteriormente. As informações antecedentes solicitadas à concedente buscaram
complementar e aferir os dados entregues pelas empresas, além de obter dados
a respeito do período anterior à concessão e reunir informações para o estudo
de impacto fiscal.
• Adicionalmente, foram efetuados contatos com as agências reguladoras
municipais e estatais correspondentes (onde as havia), com a finalidade de
recolher informação a respeito de sua participação no desenvolvimento da PSP
e informação quantitativa a sua disposição. Coordenaram-se reuniões com
funcionários relacionados ao serviço de água e esgoto dentro destas agências. A
este respeito é necessário observar que muitos destes organismos também
estão encarregados de outros serviços, como por exemplo, o transporte
interurbano ou concessões de estradas.
• O planejamento das visitas a campo foi amplamente analisado pela equipe, de
maneira a obter o máximo de eficiência nas viagens. Foi administrado um plano
de ação detalhado dos passos a seguir nas gestões de contato com cada
empresa e organismo; buscando coordenar com um grau razoável de
simultaneidade as visitas às empresas dentro das zonas de proximidade
geográfica e consolidando os casos com empresas controladoras em comum,
como por exemplo, as empresas do Grupo Águas do Brasil, que possuem várias
concessões no estado do Rio de Janeiro. Nestes casos, por exemplo, buscou-se
canalizar as solicitações de informação de maneira centralizada, de modo a se
economizar tempo e recursos financeiros.
• Durante estes procedimentos buscou-se minimizar a possibilidade de realizar
solicitações de informação posteriores à visita a campo. Todavia, o
relacionamento obtido em cada caso pelos consultores permitiu facilitar a

464
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

entrega dos dados nos casos onde foi necessário solicitar antecedentes
adicionais ou onde existiram atrasos na entrega de informação.

Durante cada um dos passos descritos, contou-se sempre com a assistência da


ABCON. Em alguns casos, inclusive, os contatos foram administrados diretamente através
desta organização, a qual possibilitou um bom nível de colaboração das empresas,
especialmente de seus afiliados.

10.1.1. Coleta de Dados Quantitativos

Foi coletada uma grande quantidade de informação qualitativa e quantitativa durante o


desenvolvimento do estudo. A seguir são descritos os aspectos relevantes do processo de
coleta de dados quantitativos.

De modo a simplificar o processo de coleta destes dados, buscou-se reduzir


minimamente a quantidade de informação a ser solicitada. Desta forma, foram
determinados, em primeiro lugar, os indicadores que seriam utilizados na análise dos casos
e, a partir destes indicadores, foi identificada uma lista de variáveis necessárias para seu
cálculo. Ainda assim, este procedimento resultou em um formulário de dados extenso.

As variáveis foram consultadas para cada ano da concessão e para alguns anos
históricos (anteriores a este). Em geral, tentou-se obter informação para os 4 anos
anteriores ao início da operação da PSP. Assim, para cada caso, construiu-se uma matriz
de dados, cuja extensão dependeu da quantidade de anos de antiguidade do contrato.

Muitas destas variáveis estavam disponíveis na base de dados do SNIS, pelo qual o
trabalho constituiu uma oportunidade para:

• Revisar valores aparentemente inconsistentes, por exemplo, variáveis que


geram, por um lado, outliers ou, por outro lado, indicadores fora de faixas
aceitáveis de acordo com a experiência do Consultor nesta matéria.
• Completar dados vazios da base de dados original.
• Confirmar os valores já declarados pelas empresas.
• Ampliar a lista de variáveis do SNIS, especialmente quanto à abertura de
informação comercial e investimentos.
• Tentou-se também, através deste método, coletar informação de tipo sócio-
econômico dos usuários atendidos.

Na TABELA A10.1 são apresentadas as variáveis pertencentes ao SNIS que foram


consultadas. Adicionalmente, foram consultadas variáveis novas, não pertencentes à base
de dados do SNIS, sendo que na TABELA A11.2 são descritas aquelas mais relevantes.

465
TABELA A10.1 - Variáveis Originais do SNIS consultadas durante
a Tarefa de Coleta de Informação

Descrição Tipo Subtipo Unidade Código¹

População do município Total Habitante G12

População atendida de água Total Habitante A01

Quantidades de ligações de água Ativas Total Ligação A02

Quantidades de economias ativas de Total (ativas) Total Economia A03


água
Quantidades de ligações de água Ativas micromedidas Total Ligação A04
Quantidades de economias ativas de Total (ativas) Residenciais Economia A13
água
Volumes de água Produzido 1000m³/ano A06
Volumes de água Tratada Em ETAs 1000m³/ano A07

Volumes de água Micromedido Total 1000m³/ano A08

Volumes de água Consumido Total 1000m³/ano A10

Volumes de água Faturado Total 1000m³/ano A11

Volumes de água Tratada Importado 1000m³/ano A18

Volumes de água Tratada Exportado 1000m³/ano A19

Volumes de água De serviço 1000m³/ano A24


Consumo de energia elétrica para 1000 kWh/ano A28
água
População atendida de esgoto Total Habitante E01

Quantidade de ligações de esgoto Ativas Ligação E02

Quantidade de economias ativas de Total (ativas) Economia E03


esgoto
Extensão da rede de esgoto km E04

Volumes de esgoto Coletado 1000m³/ano E05

Volumes de esgoto Tratado 1000m³/ano E06

Volumes de esgoto Faturado 1000m³/ano E07

Consumo de energia elétrica de 1000 kWh/ ano E28


esgoto

Receitas operacionais Direta Água R$/ano F02

Receitas operacionais Direta Esgoto R$/ano F03

Receitas operacionais Total R$/ano F05

Arrecadação total R$/ano F06

Receitas operacionais Direta Água exp. R$/ano F07

Crédito de contas a receber R$/ano F08


Despesas de F10
Despesas com os serviços Pessoal próprio R$/ano
exploração (DEX)
Despesas de F11
Despesas com os serviços Produtos químicos R$/ano
exploração (DEX)
Despesas de F13
Despesas com os serviços Energia elétrica R$/ano
exploração (DEX)
Despesas de F14
Despesas com os serviços Terceiros R$/ano
exploração (DEX)
Despesas de F15
Despesas com os serviços Total R$/ano
exploração (DEX)
Despesas de F27
Despesas com os serviços Outras da DEX R$/ano
exploração (DEX)
Quantidade de empregados próprios Empregado F26

Ativo circulante 1.000 R$ B01

Ativo total 1.000 R$ B02

Exigível a longo prazo 1.000 R$ B03

Lucro líquido com depreciação 1.000 R$/ano B04

466
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Descrição Tipo Subtipo Unidade Código¹

Passivo circulante 1.000 R$ B05

Patrimônio líquido 1.000 R$ B06

Resultado exercícios futuros 1.000 R$ B08

Resultado operacional sem 1.000 R$/ano B12


depreciação
Paralisações em Sistemas de Água Paralisações Eventos/ano Q02

Paralisações em Sistemas de Água Duração Horas/ano Q03

Paralisações em Sistemas de Água Economias Atingidas Economias/ ano Q04

Intermitências em sistemas de Água Economias Atingidas Economias/ ano Q15

Intermitências em sistemas de Água Interrupção Eventos/ ano Q21

Intermitências em sistemas de Água Duração Hora/ ano Q22


Reclamações e
Reclamações e Serviços Executados Solicitações de Reclamações/ ano Q23
Serviços
Reclamações e Serviços Executados Serviços Executados Reclamações/ ano Q24
Tempo de Execução Q25
Reclamações e Serviços Executados Hora
dos Serviços
Amostras para Análises Cloro Residual Analisadas N° amostras/ ano Q06

Amostras para Análises Cloro Residual Fora do Padrão N° amostras/ ano Q07

Amostras para Análises Turbidez Analisadas N° amostras/ ano Q08

Amostras para Análises Turbidez Fora do Padrão N° amostras/ ano Q09

Amostras para Análises Coliformes Fecais Analisadas N° amostras/ ano Q26

Amostras para Análises Coliformes Fecais Fora do Padrão N° amostras/ ano Q27

Extravasamentos de Esgoto Extravasamentos Eventos/ ano Q11

Fonte: Elaboração dos Autores.


Nota: ¹ Corresponde ao código original utilizado na base de dados do SNIS

467
TABELA A10.2 - Variáveis Novas Adicionadas à Lista

Descrição Tipo Subtipo Unidade Código¹

Quantidades de ligações de água Ativas Residenciais Ligação A42


Ativas A44
Quantidades de ligações de água Residenciais Ligação
micromedidas
Quantidades de ligações de água Ativas Comerciais Ligação A45

Quantidades de economias ativas de água Total (ativas) Comerciais Economia A46


Ativas A47
Quantidades de ligações de água Comerciais Ligação
micromedidas
Quantidades de ligações de água Ativas Industriais Ligação A48

Quantidades de economias ativas de água Total (ativas) Industriais Economia A49


Ativas A50
Quantidades de ligações de água Industriais Ligação
micromedidas
Quantidades de ligações de água Ativas Fiscais/Públicos Ligação A51

Quantidades de economias ativas de água Total (ativas) Fiscais/Públicos Economia A52


Ativas A53
Quantidades de ligações de água Fiscais/Públicos Ligação
micromedidas
Estimativa de Ligações Clandestinas Água (Estimativas) Ligação A85

Volumes de água Micromedido Residenciais 1000m³/ano A54

Volumes de água Consumido Residenciais 1000m³/ano A55

Volumes de água Faturado Residenciais 1000m³/ano A56

Volumes de água Micromedido Comerciais 1000m³/ano A57

Volumes de água Consumido Comerciais 1000m³/ano A58

Volumes de água Faturado Comerciais 1000m³/ano A59

Volumes de água Micromedido Industriais 1000m³/ano A60

Volumes de água Consumido Industriais 1000m³/ano A61

Volumes de água Faturado Industriais 1000m³/ano A62


Volumes de água Micromedido Fiscais/Públicos 1000m³/ano A63

Volumes de água Consumido Fiscais/Públicos 1000m³/ano A64

Volumes de água Faturado Fiscais/Públicos 1000m³/ano A65

Tempo de atenção para Novas Ligações Dias/atn A73

Carentes - Classes E61


Ligações atendidas com afastamento Ligações
D+E
Ligações atendidas com afastamento Total Ligações E62

Custo estimado fontes alternativas esgoto R$/mês E71

População atendida com Rede de Esgoto, mas (Estimativas) Habitante E90


não Ligada
Estimativa de Ligações Clandestinas Esgoto (Estimativas) Ligação E85
Quantidade de Economias com tarifa social se (em branco) F70
aplica
Recuperação Anual devedores - R$ R$/ano F75

Inadimplência de longo prazo % F40

Investimentos Realizados Reposição Captação 1.000 R$/ano F41


Investimentos Realizados Reposição Adução 1.000 R$/ano F42

Investimentos Realizados Reposição Tratamento de Água 1.000 R$/ano F43

Investimentos Realizados Reposição Elevatórias de Água 1.000 R$/ano F44

Investimentos Realizados Reposição Reservatórios 1.000 R$/ano F45

Investimentos Realizados Reposição Distribuição 1.000 R$/ano F46

Investimentos Realizados Reposição Hidrometração 1.000 R$/ano F47

Investimentos Realizados Reposição Coleta 1.000 R$/ano F48

Investimentos Realizados Reposição Afastamento 1.000 R$/ano F49


Elevatórias de F50
Investimentos Realizados Reposição 1.000 R$/ano
Esgoto

468
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Descrição Tipo Subtipo Unidade Código¹

Tratamento de F51
Investimentos Realizados Reposição 1.000 R$/ano
Esgotos
Total dos Sistemas F63
Investimentos Realizados Reposição 1.000 R$/ano
de Água
Total dos Sistemas F64
Investimentos Realizados Reposição 1.000 R$/ano
de Esgoto
Investimentos Realizados Reposição Atendimento 1.000 R$/ano F65

Investimentos Realizados Reposição TOTAL 1.000 R$/ano F69

Investimentos Realizados Expansão Captação 1.000 R$/ano F52

Investimentos Realizados Expansão Adução 1.000 R$/ano F53

Investimentos Realizados Expansão Tratamento de Água 1.000 R$/ano F54

Investimentos Realizados Expansão Elevatórias de Água 1.000 R$/ano F55

Investimentos Realizados Expansão Reservatórios 1.000 R$/ano F56

Investimentos Realizados Expansão Distribuição 1.000 R$/ano F57

Investimentos Realizados Expansão Hidrometração 1.000 R$/ano F58

Investimentos Realizados Expansão Coleta 1.000 R$/ano F59

Investimentos Realizados Expansão Afastamento 1.000 R$/ano F60


Elevatórias de F61
Investimentos Realizados Expansão 1.000 R$/ano
Esgoto
Tratamento de F62
Investimentos Realizados Expansão 1.000 R$/ano
Esgotos
Total dos Sistemas F66
Investimentos Realizados Expansão 1.000 R$/ano
de Água
Total dos Sistemas F67
Investimentos Realizados Expansão 1.000 R$/ano
de Esgoto
Investimentos Realizados Expansão Atendimento 1.000 R$/ano F68

Investimentos Realizados Expansão TOTAL 1.000 R$/ano F71

Investimentos Realizados Global TOTAL 1.000 R$/ano F72

Ativo Permanente 1.000 R$ B15

Depreciação Acumulada 1.000 R$ B20


Fonte: Elaboração dos Autores.
¹ Este código foi designado pelo Consórcio buscando guardar consistência com a base original do SNIS.

Observa-se, portanto, que estas variáveis foram classificadas por códigos similares
aos do SNIS para possibilitar a compatibilização em uma única base de dados. As consultas
foram feitas através de um formulário único, em que foi possível, para o encarregado de
completá-lo, a apreciação do valor original da variável no SNIS, para cada ano, quando este
dado era disponível. Assim, foi possível, à pessoa encarregada de preencher o formulário,
determinar se o valor do SNIS deveria ser confirmado ou corrigido, ou se deveria ser
preenchido o campo nos casos em que não existisse informação. Com a finalidade de
realizar a análise de evolução das tarifas e de sua modicidade, foram solicitadas, também,
as estruturas tarifárias para todo o período da concessão.

10.1.2. Respostas Obtidas em Relação às Informações Solicitadas

Deve-se mencionar que houve uma grande variabilidade entre os distintos casos, em
relação ao grau de êxito obtido em termos de quantidade e qualidade das respostas
recebidas. Neste ponto se fornece informação em relação ao grau de respostas obtidas por
caso. A TABELA A10.3 mostra como as concessionárias responderam às distintas
solicitações de documentação estabelecidas, ou seja, documentação de licitação, as
demonstrações financeiras e as diversas propostas (comerciais e técnicas).

469
A TABELA A10.4 indica a proporção de casos de onde se conseguiu obter a resposta
por tipo de documento. Estas proporções foram calculadas com base na informação da
TABELA anterior. Tal como mencionado anteriormente, confirmaram-se os entraves
enfrentados, especialmente para conseguir as propostas técnicas e comerciais. Para
estabelecer a diferença entre as respostas dos distintos tipos de concessionárias, elas foram
separadas em dois grupos.

• Em um primeiro grupo, são incluídos os Contratos tipo Concessão Plena


• No segundo grupo, são incluídos os “outros contratos”.

Como se pode observar pelos resultados da TABELA A10.4 havia, em geral, muito
mais problemas para conseguir as propostas técnicas e comerciais que para os editais e
contratos. Entretanto, a dificuldade de obtenção destes documentos entre as
concessionárias de prestação integral de serviço eram muito maiores.

É importante observar que: em todo o estudo, foi feita uma reclassificação dos
contratos. Foram incluídos dentro de um mesmo grupo os contratos tipo Concessão Plena,
Concessão Parcial e Alienação Parcial de Capital, que somam um total de 36 contratos, pois
todas estas modalidades têm um denominador comum: os operadores têm um contato
direto com os usuários e são responsáveis da prestação integral dos serviços de água e
esgoto, somente do serviço de água ou somente do serviço de esgoto, de acordo com o
caso. Ademais, a responsabilidade destas concessões no atendimento comercial dos
clientes é tida como baixa.

470
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA A10.3 - Documentação Obtida das Concessionárias


Proposta Proposta Normas da Relatórios
UF Município Operadora Edital Contrato
Técnica Comercial Concessão Financeiros

AM Manaus Águas do Amazonas   


CE Fortaleza Hydrosistem 
ES Cachoeiro de Itapemirim Águas de Cachoeiro S/A - Citágua     
MG Araújos Sanarj Concessionária de Saneamento Básico     
MG Bom Sucesso Águas de Bom Sucesso     
MG Paraguaçu Coságua    
MS Campo Grande Águas Guariroba      
MT Arenápolis Arenápolis
MT Carlinda Águas de Carlinda      
MT Cláudia Águas de Cláudia      
MT Guarantã do Norte Águas de Guarantã Ltda.      
MT Marcelândia Marcelândia  
MT Matupá Águas de Matupá      
MT Nobres Empresa de Saneamento de Nobres
MT Nova Xavantina Setae 
MT Pontes e Lacerda Águas de Pontes e Lacerda     
MT Primavera do Leste Águas de Primavera      
MT Santa Carmem Águas de Santa Carmem  
MT Sorriso Águas de Sorriso      
MT União do Sul Águas de União do Sul   
PR Paranaguá Águas de Paranaguá     
RJ Araruama, outros Águas de Juturnaíba    
RJ Cabo Frio, outros. Prolagos     
RJ Campos dos Goytacazes Águas do Paraíba    
RJ Guapimirim Fontes da Serra  
RJ Niterói Águas de Niterói    
CAENF - Concessionária de Águas e Esgotos de Nova
RJ Nova Friburgo   
Friburgo
RJ Petrópolis Águas do Imperador    

471
Proposta Proposta Normas da Relatórios
UF Município Operadora Edital Contrato
Técnica Comercial Concessão Financeiros

SC Itapema Águas de Itapema  


SP Araçatuba Sanear Saneamento de Araçatuba
SP Birigui Aqua Pérola
SP Birigui Matéria Perfuração de Poços
SP Cajamar Águas de Cajamar   
SP Guará Águas de Guará     
SP Itu Cavo Itu 
SP Jaú Águas de Mandaguahy 
SP Jaú Sanej   
SP Jundiaí Companhia de Saneamento de Jundiaí    
SP Limeira Águas de Limeira   
SP Mairinque Ciágua Concessionária de Águas de Mairinque 
SP Marília Águas de Marília
SP Matão Companhia Matonense de Saneamento      
SP Mauá Ecosama      
SP Mineiros do Tietê Saneciste    
SP Ourinhos Águas de Esmeralda  
SP Ribeirão Preto Ambient     
SP São Carlos DH Perfuração de Poços 
TO Palmas Saneatins    
Fonte: Elaboração dos Autores.

472
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA A10.4 - Proporção de Documentos Obtidos


Contratos de Prestação “Outros Contratos”
Item Integral do Serviço % casos
% casos

Edital 85% 50%


Contrato 85% 64%

Proposta Técnica 50% 14%

Proposta Comercial 35% 7%

Normas da Concessão 74% 29%

Relatórios Financeiros 62% 29%

Fonte: Elaboração dos Autores.

Nos outros contratos, a situação é diferente: o operador encontra-se mais afastado do


contato direto com os usuários e tem a seu cargo somente uma parte dos processos
necessários para a prestação dos serviços. Por isso foram classificados dentro de outro
segmento denominado “outros contratos”, nos quais se enquadram as modalidades BOT e o
contrato de gestão existente em Fortaleza (CE). Segundo informação qualitativa coletada
em entrevistas, o modelo seguido em Mirassol (SP) desde o ano de 2000 foi de licitar
contratos de gestão precários por prazos não maiores que cinco anos, onde o
desenvolvimento de projetos de investimento de longo prazo não era factível do ponto de
vista prático e econômico. Apenas recentemente este município abriu a possibilidade de
licitar o serviço integral aos privados na forma de uma concessão. Mesmo assim, este caso
foi incluído dentro do estudo por se tratar de uma experiência interessante de ser descrita,
embora não seja incluída dentro das análises qualitativas nem quantitativas. Outra situação
peculiar ocorreu com Juscimeira (MT), pois se trata de uma concessão que praticamente
não chegou a operar antes de ser extinta pelo poder público em uma ação que está sendo
discutida nos tribunais. Logo, tampouco pôde ser aprofundado seu estudo. Portanto,
totalizaram 34 casos “válidos” de prestação integral do serviço nos quais se concentra o
estudo.

A TABELA A10.5 mostra como as concessionárias responderam às distintas


solicitações de dados quantitativos requeridos através do formulário desenhado. Como
mencionado anteriormente, as respostas ao formulário de dados quantitativos foram
revisados pela equipe a partir do qual surgiram consultas e solicitações de correção, muitas
das quais delineadas e solucionadas durante as visitas a campo. A coluna correspondente
mostra o grau de resposta a estas solicitações.

473
TABELA A10.5 - Respostas Obtidas em Relação à Informação
Quantitativa Solicitada às Empresas
Estruturas
Correções Tarifárias
UF Município Operadora Formulário
Solicitadas Históricas

AM Manaus Águas do Amazonas | | |

CE Fortaleza Hydrosistem
Cachoeiro de |
ES Águas de Cachoeiro S/A - Citágua | |
Itapemirim
Sanarj Concessionária de Saneamento |
MG Araújos |
Básico
MG Bom Sucesso Águas de Bom Sucesso | |

MG Paraguaçu Coságua | |

MS Campo Grande Águas Guariroba | | |

MT Arenápolis Arenápolis

MT Carlinda Águas de Carlinda | |

MT Cláudia Águas de Cláudia | | |

MT Guarantã do Norte Águas de Guarantã Ltda. | |

MT Marcelândia Marcelândia |

MT Matupá Águas de Matupá | | |

MT Nobres Empresa de Saneamento de Nobres

MT Nova Xavantina Setae | |

MT Pontes e Lacerda Águas de Pontes e Lacerda |

MT Primavera do Leste Águas de Primavera | |

MT Santa Carmem Águas de Santa Carmem |

MT Sorriso Águas de Sorriso | |

MT União do Sul Águas de União do Sul |

PR Paranaguá Águas de Paranaguá | | |

RJ Araruama, outros Águas de Juturnaíba | |

RJ Cabo Frio, outros Prolagos | | |


Campos dos
RJ Águas do Paraíba | |
Goytacazes
RJ Guapimirim Fontes da Serra | |

RJ Niterói Águas de Niterói | |


CAENF - Concessionária de Águas e |
RJ Nova Friburgo |
Esgotos de Nova Friburgo
RJ Petrópolis Águas do Imperador | |

SC Itapema Águas de Itapema

SP Araçatuba Sanear Saneamento de Araçatuba

SP Birigui Aqua Pérola

SP Birigui Matéria Perfuração de Poços

SP Cajamar Águas de Cajamar | | |

SP Guará Águas de Guará

SP Itu Cavo Itu

SP Jaú Águas de Mandaguahy

SP Jaú Sanej

SP Jundiaí Companhia de Saneamento de Jundiaí | |

SP Limeira Águas de Limeira | | |


Ciágua Concessionária de Águas de
SP Mairinque
Mairinque
SP Marília Águas de Marília

474
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Estruturas
Correções Tarifárias
UF Município Operadora Formulário
Solicitadas Históricas

SP Matão Companhia Matonense de Saneamento | |

SP Mauá Ecosama | | |

SP Mineiros do Tietê Saneciste

SP Ourinhos Águas de Esmeralda | |

SP Ribeirão Preto Ambient

SP São Carlos DH Perfuração de Poços

TO Palmas Saneatins | | |

Fonte: Elaboração dos Autores.

A TABELA A10.6 indica a proporção de casos em que se conseguiu obter a resposta,


de acordo com a mesma classificação de casos utilizada para a situação de entrega de
documentação apresentada anteriormente.

TABELA A10.6 - Proporção de Respostas- Informação Quantitativa

Contratos de Prestação “Outros Contratos


Item Integral do Serviço % casos
% casos

Formulário 82% 29%

Correções Solicitadas 50% 7%

Estruturas Tarifárias Históricas 50% 29%

Fonte: Elaboração dos Autores.

É importante assinalar a diferença observada entre o nível de respostas do primeiro


grupo de concessionárias e das BOT, em relação às solicitações de dados quantitativos
formulados. Mesmo assim, observa-se um baixo nível de resposta em relação às
solicitações de retificação de dados (segunda solicitação). Por último, são surpreendentes o
baixo nível de respostas em relação às estruturas tarifárias, mesmo quês estas sejam
informações públicas.

O grau de resposta observado anteriormente não diz nada em relação à qualidade ou


quantidade de informação quantitativa entregue, a não ser nos casos em se mede somente
as respostas recebidas nos formatos solicitados. Para avançar em uma análise mais
profunda, pode-se dividir a informação quantitativa entre as variáveis do SNIS e as novas
variáveis requeridas para o estudo.

A TABELA A10.7 mostra o grau de êxito do Consórcio correspondente à coleta de


dados faltantes no SNIS, para cada caso do tipo Concessão Plena. Estas porcentagens são
representadas como uma proporção das informações complementadas pelos dados que na
base de dados do SNIS aparecem vazios. 178 Ou seja:

Qtd completados
%Completado =
Qtd vazios

Existem tipos de dados em que se obteve um grau de êxito maior em sua coleta, pelo
que se mostram as proporções de preenchimento dos dados faltantes nas categorias

178
Considera-se um “dado” aquele que corresponda a uma célula no formulário de variáveis por ano. Assim,
por exemplo, se temos um caso que requer completar 200 variáveis para 10 anos, temos um total de 2.000
dados.

475
financeiras (dados contábeis e de receita, despesas, arrecadação etc.), operacionais
(ligações, economias, volumes de água e esgoto, etc.) e de qualidade (interrupções do
fornecimento, amostras fora de padrão de cloro residual, etc.).

TABELA A10.7 - Proporção de Dados Faltantes no SNIS Completados durante


a Pesquisa para Contratos de Prestação Integral do Serviço

% Preenchimento de Variáveis do SNIS sem Dados

Caso
Financeiro Operacional Qualidade Total

Araújos 29,5% 29,4% 0,0% 21,8%

Bom Sucesso 29,5% 22,0% 30,8% 27,2%

Cachoeiro de Itapemirim 25,7% 2,5% 7,0% 13,0%

CAJ 0,8% 1,6% 0,0% 0,8%

Campo Grande 15,0% 52,1% 0,0% 21,3%

Campos dos Goytacazes 0,0% 0,8% 0,0% 0,3%

Carlinda 6,1% 6,9% 8,5% 7,0%

Cláudia 11,0% 14,1% 9,8% 11,7%

Guapimirim 17,0% 7,2% 16,7% 13,6%

Guará 0,0% 5,6% 0,0% 1,8%

Guarantã do Norte 27,5% 15,2% 20,3% 21,0%

Itapema 7,7% 6,0% 0,0% 5,2%

Limeira 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

Manaus 4,1% 16,3% 0,0% 6,3%

Marcelândia 9,7% 4,3% 6,8% 7,1%

Matupá 28,0% 28,0% 21,0% 26,2%

Mauá 50,3% 48,6% 13,5% 40,2%

Niterói 0,7% 5,2% 0,0% 1,7%

Nova Friburgo 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

Nova Xavantina 0,4% 3,9% 1,2% 1,8%

Palmas 26,1% 23,5% 0,6% 15,6%

Paraguaçu 42,9% 38,5% 40,4% 40,8%

Paranaguá 29,8% 17,2% 3,3% 17,1%

Petrópolis 6,1% 1,2% 0,0% 2,7%

Pontes e Lacerda 18,6% 24,6% 3,7% 16,4%

Primavera do Leste 23,9% 10,8% 0,0% 13,1%

PROLAGOS 10,3% 9,1% 0,0% 6,1%

Santa Carmem 8,8% 2,5% 0,0% 4,2%

Sorriso 32,1% 6,1% 3,3% 15,4%

União do Sul 13,6% 4,8% 0,0% 7,0%

TOTAL 17,8% 15,3% 7,0% 14,0%

Fonte: Elaboração dos Autores.

Do mesmo modo, existem dados onde se substituiu a informação original da base de


dados do SNIS pela correção efetuada, seja pela empresa concessionária durante a tarefa,
seja pelo Consórcio, baseando-se nas estimativas e informações obtidas da documentação
complementar ou fontes secundárias de dados. Estas correções sempre se fundamentaram
na existência de problemas com o dado original disponível na base de dados do SNIS (ver
Anexo 9).

476
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

A TABELA A10.8 mostra o grau de êxito obtido na coleta de dados correspondentes


às variáveis novas, não pertencentes ao SNIS. Para estes dados, a proporção assinalada na
TABELA corresponde à quantidade de dados coletados em relação ao total solicitado.

TABELA A10.8 - Proporção de Dados Novos Completados Durante a


Pesquisa, Contratos de Prestação Integral do Serviço

% Preenchimento por Tipo

Caso
Financeiro Operacional População Qualidade Total

Araújos 19,7% 30,8% 30,8% 0,0% 24,7%

Bom Sucesso 20,5% 21,6% 0,0% 30,8% 21,1%

Cachoeiro de Itapemirim 50,0% 21,0% 0,0% 46,2% 35,1%

CAJ 4,5% 14,3% 0,0% 0,0% 9,1%

Campo Grande 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

Campos dos Goytacazes 6,4% 5,0% 0,0% 0,0% 5,5%

Carlinda 0,0% 0,6% 0,0% 0,0% 0,3%

Cláudia 14,1% 16,2% 15,4% 15,4% 15,2%

Guapimirim 2,8% 23,3% 0,0% 30,8% 13,5%

Guará 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

Guarantã do Norte 0,0% 4,6% 0,0% 0,0% 2,2%

Itapema 0,9% 0,0% 0,0% 0,0% 0,4%

Limeira 4,9% 64,7% 0,0% 0,0% 33,8%

Mairinque 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

Manaus 0,0% 13,9% 0,0% 0,0% 6,8%

Marcelândia 6,8% 8,3% 0,0% 0,0% 7,3%

Matupá 19,4% 38,5% 38,5% 38,5% 29,5%

Mauá 9,0% 9,6% 0,0% 23,1% 9,5%

Niterói 6,0% 14,3% 0,0% 7,7% 10,0%


Nobres 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

Nova Friburgo 2,8% 20,8% 0,0% 0,0% 11,4%

Nova Xavantina 0,4% 5,6% 0,0% 0,0% 2,9%

Palmas 6,0% 28,3% 0,0% 0,0% 16,6%

Paraguaçu 42,3% 53,8% 53,8% 53,8% 48,4%

Paranaguá 4,1% 48,4% 0,0% 3,8% 25,6%

Petrópolis 7,5% 0,4% 0,0% 7,7% 3,9%

Pontes e Lacerda 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

Primavera do Leste 38,9% 11,2% 0,0% 0,0% 23,9%

PROLAGOS 0,0% 15,8% 0,0% 0,0% 7,7%

Santa Carmem 7,3% 6,0% 7,7% 3,8% 6,6%

Sorriso 0,0% 2,9% 0,0% 0,0% 1,4%

União do Sul 4,3% 6,0% 0,0% 3,8% 5,1%

TOTAL 8,7% 15,2% 4,6% 8,3% 11,8%

Fonte: Elaboração dos Autores.

Por fim, a TABELA A10.9 apresenta o grau de êxito obtido pelo Consórcio com a
coleta de dados para cada caso de Concessão Parcial ou BOT. Neste grupo, incluem-se
todos os casos de BOT de São Paulo. Estes dados não se encontram no SNIS, visto que a
informação que usa esta base de dados é entregue pelos organismos identificados em cada
município como o prestador de serviço de água. Neste sentido, as concessões tipo BOT

477
correspondem a contratos de prestação de serviços a empresas, sem contato direto com o
usuário final, e não estão incluídas na amostra de empresas pesquisadas pelo SNIS.179

TABELA A10.9 - Proporção de Dados Completados Durante a


Pesquisa, “outros Contratos”

% Preenchimento por Tipo

Caso Modalidade
Financeiro Operacional Qualidade Total

Birigui ¹ Água 0% 0% 0% 0%

Cajamar Água 49% 0% 28% 33%

Jaú - Água Água 0% 0% 0% 0%

Marília Água 0% 0% 0% 0%

Ourinhos Água 29% 15% 0% 19%

São Carlos Água 0% 0% 0% 0%

Araçatuba Esgoto 0% 0% 0% 0%

Itu Esgoto 0% 0% 0% 0%

Jaú - Esgoto Esgoto 0% 0% 0% 0%

Jundiaí Esgoto 77% 66% 43% 68%

Matão Esgoto 4% 70% 100% 36%

Ribeirão Preto Esgoto 0% 0% 0% 0%

TOTAL 15% 9% 7% 12%

Fonte: Elaboração dos Autores.


Nota¹ Dois casos de BOT de produção de água com a mesma empresa concessionária considerados como um só.

É necessário observar que em relação aos dados correspondentes ao período anterior


à concessão, praticamente nada pôde ser proporcionado pela empresa concessionária e
tiveram que ser obtidos, quando existiam, do SNIS, de documentação complementar (por
exemplo, da proposta técnica) ou de fontes secundárias de dados. Em muitos casos,
funcionários da mesma concessionária manifestaram que a empresa, uma vez começada a
operação, implantou um sistema de informação, inexistente até a data de inicio do contrato.
As solicitações a organismos públicos, empresas estatais e outros que administravam as
concessões durante o período anterior à PSP não tiveram êxito, visto que, em sua
totalidade, argumentou-se que os dados estavam perdidos ou que não foram registrados, ou
simplesmente em alguns casos se negaram a responder.

10.1.3. Considerações finais a respeito da qualidade da informação

Em relação à qualidade da informação, pode-se concluir o seguinte:

• Observam-se dados que produzem inconsistências no cálculo de indicadores,


sobretudo para as análises de perdas de água. Algumas concessões ao que
parece não contam com um sistema de medição que permita obter cifras
consistentes para a produção e consumo de água. Isto se dá com maior ênfase
em concessões pequenas. Os dados que originam indicadores inconsistentes se
encontram devidamente assinalados no Banco de Dados elaborado pelo
Consórcio.
• Os sistemas de informação em relação aos indicadores de qualidade nas
empresas são em geral muito recentes. Além disso, os dados que se

179
Para o caso de Fortaleza nenhuma informação quantitativa foi obtida.

478
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

conseguiram obter são de pouca utilidade para as análises requeridas ou


possuem problemas de consistência e confiabilidade.
• Os dados do SNIS apresentam algumas inconsistências que se tentou remediar.
A este respeito, existem dados que foram corrigidos, seja de acordo com a
informação proporcionada pela empresa, seja mediante estimativas do consultor.

Entre as dificuldades que o Consórcio enfrentou durante este trabalho - e que


explicam, em parte, os problemas que existem com a informação obtida - tiveram especial
relevância as seguintes:

• O contato inicial com as empresas não esteve isento de desconfianças e


negativas por parte destas, superadas através de contatos por meio da ABCON.
Ainda assim, houve alguns casos onde não se conseguiu contato algum, nem
resposta mais além do que a entrevista preliminar. Algumas concessões
argumentaram conflitos legais para evitar a entrega de informação.
• Praticamente todas as empresas demoraram muito com suas respostas
(especialmente em relação às informações quantitativas) e algumas
simplesmente nunca responderam. Freqüentemente reiterou-se solicitações por
extravios de correios eletrônicos enviados pela equipe.
• A documentação que se conseguiu obter, em muitos casos, foi incompleta. Em
particular, foram recuperadas muito poucas propostas técnicas e comerciais. As
empresas protegeram-se zelosamente o que consideravam parte de seu
conhecimento técnico (ainda que todo este material seja de natureza pública).

A duração do processo de coleta de informações primaria foi maior que o


originalmente previsto, em função de dificuldades na coordenação das visitas a campo. Tais
dificuldades podem ser atribuídas a possíveis problemas de agenda dos executivos das
empresas; mas não pode ser excluído o eventual desinteresse, preocupações com sigilo e
com informações, entre outros.

Neste anexo, propõe-se explicar a metodologia empregada para estimar a população


urbana e o número de domicílios particulares permanentes (totais e urbanos), entre o
período de 1989 e 2007. Os resultados obtidos a partir desta metodologia estão disponíveis
na Base de dados que acompanha a este relatório.

10.2. Estudos de População Utilizados na Análise da Evolução da Cobertura de


Distribuição de Água e Coleta de Esgoto

Nesta seção, propõe-se explicar a metodologia empregada para estimar a população


urbana e o número de domicílios particulares permanentes (totais e urbanos), entre o
período de 1989 e 2007. Os resultados obtidos a partir desta metodologia estão disponíveis
na base de dados que acompanha a este relatório.

10.2.1. Metodologia da Projeção da População Urbana e Rural dos Municípios

Devido à ausência de dados oficiais que permitam identificar a população urbana e


rural dos municípios nos anos intercensitários, fez-se uso de um método que utiliza os
dados do Censo DemoGRÁFICO (1980, 1991 e 2000) e Contagem Populacional (1996 e
2007) como fonte de informações primárias. Para projetar o número de habitantes urbanos
nos anos em que não ocorreram recenseamentos ou contagens populacionais, calculou-se

479
as proporções de populações urbanas e rurais dos anos em que puderam ser observados
estes dados (1980, 1991, 1996, 2000 e 2007). Estas proporções são, por fim, apropriadas
para o período seguinte ao ano em que ocorreu o recenseamento ou a contagem
populacional.

A utilização destes dados, entretanto, não evita a ocorrência de saltos nas proporções
entre os períodos. Para suavizar estes saltos, foi utilizado um método baseado na taxa
média anual de crescimento da urbanização nos períodos intercensitários. Basicamente,
obteve-se a proporção da população urbana entre um período de recenseamento e outro e
calculou-se a taxa média de crescimento anual (geométrica) dessa proporção.

No entanto, diversas lacunas de dados em função dos municípios criados


posteriormente ao ano de recenseamento e a particularidade da Contagem Populacional de
2007, proporcionaram uma série de observações. De modo geral, foram adotados os
seguintes critérios:

• No período 1989-1990 foram utilizadas as taxas médias de crescimento da


urbanização entre os Censos DemoGRÁFICOS de 1980 e1991.
• No período 1992-1995 foram utilizadas as taxas médias de crescimento da
urbanização entre o Censo DemoGRÁFICO de 1991 e a Contagem Populacional
de 1996.
• No período 1997-1999 foram utilizadas as taxas médias de crescimento da
urbanização entre a Contagem Populacional de 1996 e o Censo DemoGRÁFICO
de 2000.
• No período 2001-2006 foram utilizadas as taxas médias de crescimento da
urbanização entre o Censo DemoGRÁFICO de 2000 e a Contagem Populacional
de 2007. Esse item só foi aplicado para os municípios que participaram da
contagem de 2007.

As exceções foram as seguintes:

• Para os municípios criados após os anos de recenseamento ou contagem


populacional (1980, 1991, 1996 e 2000), simplesmente foram aplicadas as
proporções da população urbana do ano de recenseamento imediatamente após
a instalação do município. Daí em diante, seguiu-se o critério descrito
anteriormente.
• Os municípios de Cachoeiro de Itapemirim, Campos dos Goytacazes, Nova
Friburgo, Petrópolis, Araçatuba, Jundiaí, Limeira, Marília, Ribeirão Preto e São
Carlos não participaram da Contagem Populacional de 2007. Por isso, tiveram a
população urbana calculada com base na proporção de urbanização do Censo
DemoGRÁFICO de 2000. Esse mesmo critério foi utilizado para o cálculo da
população urbana das Unidades da Federação e do Brasil, pelo fato de que nem
todos os municípios tiveram contagem populacional.

Após o cálculo das proporções, foram aplicados estes percentuais sobre a população
total para obter a população urbana e a população rural (por diferença).

480
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

10.2.2. Metodologia da projeção dos domicílios particulares permanentes


totais dos municípios (1989-2006)

A projeção dos domicílios particulares permanentes urbanos dos municípios é


complexa, pois não existe nenhum dado oficial de número de domicílios entre os anos de
recenseamento. Deste modo, houve a necessidade de se estimar, em primeiro lugar, o
número de domicílios permanentes totais. Para realizar tal projeção foram utilizados tanto os
dados dos recenseamentos (Censos DemoGRÁFICOS de 1980, 1991 e 2000; e Contagens
Populacionais de 1996 e 2007) e as PNADs dos anos intercensitários para o período 2001-
2006. Segue, abaixo, o critério utilizado:

• No período 1989-1990 foram aplicadas as taxas médias de crescimento anual


dos domicílios entre os Censos DemoGRÁFICOS de 1980 e1991 sobre o total
de domicílios registrados em 1980 para cada município e Unidade da Federação
(UF).
• Em 1991 foram utilizados os domicílios permanentes totais do Censo
DemoGRÁFICO de 1991.
• No período 1992-1995 foram aplicadas as taxas médias de crescimento anual
dos domicílios permanentes entre a Contagem Populacional de 1996 e o Censo
DemoGRÁFICO de 1991 sobre o total de domicílios permanentes registrados em
1991 para cada município e Unidade da Federação (UF).
• Em 1996 foram utilizados os domicílios permanentes totais da Contagem
Populacional de 1996.
• No período 1997-1999 foram aplicadas as taxas médias de crescimento anual
dos domicílios permanentes entre o Censo DemoGRÁFICO de 2000 e a
Contagem Populacional de 1996 sobre o total de domicílios permanentes
registrados em 1996 para cada município e Unidade da Federação (UF).
• Em 2000 foram utilizados os domicílios permanentes totais do Censo
DemoGRÁFICO de 2000
• No período 2001-2006 três critérios foram utilizados:
a) Para os municípios que participaram da Contagem Populacional de 2007,
foram aplicadas as taxas médias de crescimento anual dos domicílios
permanentes entre a Contagem Populacional de 2007 e o Censo
DemoGRÁFICO de 2000 sobre o total de domicílios permanentes
registrados em 2000 para cada município.
b) Para os municípios que não passaram pela contagem de 2007 foram
aplicadas as taxas de crescimento anual dos domicílios permanentes
totais, correspondente a cada UF a que o município pertença, obtidas a
partir das PNADs de 2001 e 2006. As exceções foram os municípios de
Fortaleza, Niterói e Mauá, onde foram aplicadas as taxas de crescimento
dos domicílios permanentes urbanos, de acordo com a respectiva UF, por
possuírem 100% de urbanização.
c) Para as UFs e Grandes Regiões foram utilizados os dados de domicílios
permanentes totais obtidos nas PNADs de 2001 e 2006. As exceções
ocorreram para os dados da Região Norte e do Estado do Amazonas para
os anos 2001 a 2003, pois, nestes dois casos, os domicílios permanentes
rurais não participaram da pesquisa. Para estas duas unidades, utilizou-se
a taxa de crescimento dos domicílios permanentes totais entre 2000 e
2006 e aplicou-se sobre o resultado de 2000.

481
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ANEXO 11- Metodologia para Medição de Impacto ou Resultados Finais

O resultado final ou impacto da PSP foi medido através da estimativa da mudança no


bem-estar dos usuários comparando-se a situação atual (denominada de empresa com
PSP) com aquela na qual se encontraria o usuário se a PSP não tivesse sido implementada
(denominada de contrafactual). Como medida de bem-estar utilizou-se o conceito de
“Excedente do consumidor” que fornece uma medida monetária deste. Em termos gerais,
procura-se estimar o excedente do consumidor na situação com e sem a PSP, doravante e
de forma indistinta, situação sem e com projeto.

Formalmente, o excedente do consumidor é definido como a área abaixo da curva de


demanda delimitada pelo nível de preço que cada usuário paga por um bem ou serviço, o
qual é mostrado na FIGURA A11.1.

FIGURA A11.1 - Excedente do Consumidor

P
(R$/m³)

Excedente do consumidor
P0

Pe Curva de demanda

Q0 Qe Q
(m³)

Fonte: Elaboração dos Autores.

Desta forma, caso o usuário tiver que pagar pelo serviço um preço Pe (medido em
R$/m³) por cada m³ de água, este consumirá uma quantidade Qe de água potável (em m³)
que maximizará seu bem-estar. Entende-se por excedente quando o usuário consome os
primeiros Q0 × m³ de água, já que, segundo sua curva de demanda, o indivíduo estará
disposto a pagar um preço igual a P0 quando, na realidade, paga um preço menor, e igual a
Pe. Esta “economia” é um “excedente” para o consumidor.

A unidade de análise em todos os casos corresponde a uma economia e as medidas


monetárias do excedente do consumidor se referem a R$ por economia por mês. As
mudanças no bem-estar foram separadas por serviço, obtendo-se separadamente a
variação nos excedentes do consumidor para o serviço de abastecimento de água e para o
serviço de esgoto, cujas metodologias específicas são explicadas a seguir.

11.1. Metodologia Para Medição de Impacto: Serviço de Água Potável

A medição de impacto para o serviço de água potável considera a estimativa da


medida monetária excedente do consumidor na situação com a PSP e naquela em que esta

483
não existe. A diferença entre os excedentes corresponde ao impacto ou resultado final da
PSP.

Distinguem-se dois casos para os quais a medição é realizada de maneira distinta:


conexões existentes e novas conexões.

Caso 1: Conexões existentes.

O caso de conexões existentes considera aquelas conexões que foram realizadas de


todas as formas sem o emprego da PSP e que, portanto estão sujeitas apenas às mudanças
introduzidas pela PSP como, por exemplo, o aumento na oferta de água, variações no nível
tarifário, reduções de perdas, apenas para citar aquelas mais relevantes.

Supondo-se que na situação sem a PSP exista restrição na oferta de água, na qual o
consumidor só pode ter acesso a Q* × m³, o excedente do consumidor é definido pela área
mostrada na próxima FIGURA. Nela se individualiza o valor P* correspondente ao preço
implícito de racionamento,180 que é interpretado como o preço (tarifa) que faz com que os
usuários decidam consumir Q* × m³ de água.

FIGURA A11.2 - Excedente do consumidor antes da PSP

P
(R$/m³)

Excedente do consumidor
P*

Ps/p Curva de demanda

Q* Qs/p Q
(m³)

Fonte: Elaboração dos Autores.

Supondo-se que a PSP produza um aumento na oferta de água em uma situação em


que não há restrição de consumo para o usuário e que, adicionalmente, as tarifas tenham
sofrido um aumento, o excedente do consumidor nestas condições é definido pela área do
triângulo mostrada na FIGURA A11.3.

180
Este valor é útil quando são realizados os cálculos do excedente.

484
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

FIGURA A11.3 - Excedente do consumidor depois da PSP

P
(R$/m³)

Excedente do consumidor
P*

Pc/p
Ps/p Curva de demanda

Q* Qs/p Q
(m³)
Qc/p

Fonte: Elaboração dos Autores.

Ao efetuar a diferença entre as situações com e sem projeto, obtém-se que o


excedente do consumidor é definido, na FIGURA A11.4, pela soma da área do trapézio
(efeito quantidade que exprime o aumento na quantidade consumida pelo usuário e pela
área do retângulo em vermelho (efeito preço) que exprime a variação de preços entre a
situação com e sem projeto (negativo em caso de aumento de preços).

FIGURA A11.4 - Mudança no excedente dos usuários


conectados existentes

P
(R$/m³)

Efeito quantidade
P*

Pc/p
Ps/p Curva de demanda

Efeito preço

Q* Qs/p Q
c/p
(m³)
Q

Fonte: Elaboração dos Autores

O excedente do consumidor será sempre positivo se a PSP aumentar a quantidade


consumida e o novo preço que o usuário terá que pagar for menor que na situação sem a
PSP. No caso em que o preço for maior, a mudança no excedente será positiva, se e
somente se, o efeito quantidade for maior que o efeito preço.

Caso 2: Novas Conexões.

A PSP pode trazer consigo um aumento maior que na situação em que não há PSP;
conseqüentemente terá que ser considerado a mudança no bem-estar daqueles usuários
que abandonam suas fontes alternativas de água e se conectam à rede da empresa.

485
Seguindo o mesmo raciocínio anterior tem-se que na situação sem projeto o
excedente do consumidor é determinado pela área do triângulo da FIGURA A11.5, onde PFA
indica o preço da fonte alternativa de água (poço, transporte desde um rio ou nascente, etc.)
e QFA exprime a quantidade de água (em m³) que se consome da fonte alternativa.

FIGURA A11.5- Excedente do consumidor antes da PSP

P
(R$/m³)

Excedente do consumidor
PFA

Pc/p
Curva de demanda

QFA Q
Qc/p
(m³)

Fonte: Elaboração dos Autores.

O preço da água proveniente de uma fonte alternativa é várias vezes superiores ao de


uma rede de abastecimento de uma empresa de saneamento básico, para a qual os novos
usuários pagam um preço menor e, por essa razão, acabam apresentando um nível de
consumo maior, aumentando também seu excedente, cuja medida monetária corresponde à
área mostrada na FIGURA A11.6.

FIGURA A11.6 - Excedente do consumidor depois da PSP.

P
(R$/m³)

Excedente do consumidor
PFA

Pc/p
Curva de demanda

QFA Q
Qc/p
(m³)

Fonte: Elaboração dos Autores.

A mudança no bem-estar do novo usuário é determinada pela diferença do excedente


na situação com a PSP e aquela em que esta não existe, o que é indicado graficamente
pela área do trapézio (em verde) da FIGURA A11.7.

486
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

FIGURA A11.7- Mudança no excedente dos novos


usuários conectados

P
(R$/m³)

PFA Maior consumo

Pc/p
Curva de demanda

Redução de Custos

QFA Q
Qc/p
(m³)

Fonte: Elaboração dos Autores.

O aumento do excedente dos novos usuários conectados pode ser explicado através
de duas componentes. Em primeiro lugar, existe um aumento devido à diminuição no custo
de aquisição da água, ao passar de um preço PFA a um preço PC/P muito menor. É gerado
um segundo efeito devido ao fato do usuário pagar um preço PC/P que lhe permite aumentar
seu consumo, passando de um nível QFA a outro QC/P.

Aspectos práticos.

As mudanças no bem-estar e, conseqüentemente, as variações no excedente do


consumidor, foram obtidas por economia, utilizando como valor de referência às economias
ativas totais.

O efeito total da PSP foi medido considerando-se uma média ponderada por
economia, do excedente do consumidor para economias existentes e a mudança no
excedente do consumidor para as novas economias que se conectam à rede de água
potável da empresa.

11.2. Metodologia para Medição de Impacto: Serviço de Esgoto

A medição da mudança no bem-estar produzida pela PSP no serviço de esgoto


considera comparar o nível tarifário, tanto no caso da existência do projeto como sem ele,
com a disposição a pagar (DAP) máxima por este tipo de serviço. À medida que a DAP for
maior que a tarifa, o usuário estaria “poupando” devido ao fato de estar pagando menos do
que realmente estaria disposto a pagar.

De forma análoga ao caso do serviço de água potável, são consideradas as conexões


existentes e as novas. Por conexões existentes entendem-se todas aquelas realizadas da
maneira tradicional, ainda sem a presença da PSP, e por novas conexões todas aquelas
realizadas de modo incrementado, produzidas exclusivamente pela PSP.

Se o nível de preços antes da PSP for PS/P, aquele que se consegue com a PSP for
C/P
P e a disposição a pagar máxima pelos serviços de esgoto for igual a DAP, o excedente
do consumidor por tipo de usuário será definido conforme indicado na TABELA A11.1.

487
TABELA A11.1 - Mudança no excedente do consumidor

Tipo de usuário Mudança no excedente

Usuário existente (DAP - PC/P) - (DAP - PS/P) = (PS/P - PC/P)

Novo usuário (DAP - PC/P)

Aspectos práticos.

As mudanças no bem-estar e, conseqüentemente, as variações no excedente do


consumidor, foram obtidas por economia, utilizando como valor de referência as economias
ativas totais.

O efeito total da PSP foi medido considerando-se uma média ponderada por
economia, do excedente do consumidor para economias existentes e a mudança no
excedente do consumidor para as novas economias que se conectam à rede de água
potável da empresa.

11.3. Principais Resultados nas Medições de Impacto.

Nesta seção apresentam-se os principais resultados obtidos a partir das análises e


estimativas na mudança do bem-estar dos usuários pelo efeito da incorporação da PSP nos
serviços municipais de água potável e de esgoto.

Em primeiro lugar se reportam aqueles casos com informação útil para estimar os
excedentes dos consumidores, medida monetária da mudança de bem-estar, para
posteriormente mostrar os resultados que lançou a análise das principais variáveis que
determinam o excedente do consumidor, assim como também o impacto final sobre os
usuários produto da incorporação da PSP, fazendo distinção explícita entre o serviço de
água potável e de esgoto, cujos resultados se incluem em separado.

11.3.1. Revisão da Informação Disponível para a Análise.

O total de empresas (municípios) a analisar considerou a priori um universo de 56


casos, recebendo-se informação somente para 38 deles. As empresas PROLAGOS (5
municípios) e Águas de Juturnaíba (2 municípios) foram analisadas como 2 casos
individuais, devido que os dados desagregados por município não se consideraram
adequados para seu uso, com o qual se dispôs finalmente de 32 casos com informação
disponível.

A informação destes 32 casos foi submetida em primeiro lugar a uma análise de


pertinência de forma tal a definir quais municípios contavam com informação útil para poder
estimar o excedente do consumidor181. Para isso deve-se contar com informações mínimas
que fazem relação com o número de economias, volumes de água produzida, consumida e

181
Em geral os valores que dão conta dos volumes de água produzida e consumida apresentaram pouca
confiabilidade, ao constatar indicadores de perdas erráticos, abaixo dos níveis aceitáveis (menor que 25%)
e/ou em alguns casos com consumos maiores que a produção (incluindo água importada).

488
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

faturada, receitas provenientes do serviço de água e de esgoto, em número suficiente tanto


no período prévio ao da PSP, como depois. Finalmente, foram utilizados de 24 casos com
informação útil nos serviços de água potável, e 18 nos serviços de esgoto, listados na
TABELA A11.2.

TABELA A11.2 - Lista dos municípios com informações úteis

Serviço Água Potável Serviço Esgoto

Bom Sucesso-MG Bom Sucesso-MG /*

Cachoeiro de Itapemirim-ES Cachoeiro de Itapemirim-ES

Campo Grande-MS Campo Grande-MS

Campos dos Goytacazes-RJ Campos dos Goytacazes-RJ

Cláudia-MT Cláudia-MT /*

Guará-SP Guará-SP

Limeira-SP Limeira-SP

Manaus-AM Manaus-AM

Niterói-RJ Niterói-RJ

Nova Friburgo-RJ Nova Friburgo-RJ /*

Nova Xavantina-MT Nova Xavantina-MT

Palmas-TO Palmas-TO

Paraguaçu-MG /* Paraguaçu-MG

Paranaguá-PR Paranaguá-PR /*

Petrópolis-RJ Petrópolis-RJ

Pontes e Lacerda-MT Pontes e Lacerda-MT /*

Primavera do Leste-MT Primavera do Leste-MT /*

PROLAGOS-RJ PROLAGOS-RJ /*

Carlinda-MT /*
Guarantã do Norte-MT

Marcelândia-MT
Matupá-MT
Santa Carmem-MT /*

Sorriso-MT
Notas:
/* Os dados disponíveis somente foram úteis para realizar a análise da evolução das economias.
/** Para todos os efeitos PROLAGOS (que agrupa 5 municípios) considera-se como um único caso.

Cabe observar que as conclusões obtidas nas medições de impacto deste estudo, não
são extrapoláveis a outros casos, nem menos susceptíveis de serem utilizadas para realizar
inferências estatísticas a respeito, pelo qual devem ser consideradas como análises
individuais e referidas somente como resultados em relação do total de casos aqui
analisados.

11.3.2. Análise das Variáveis que Determinam o Excedente do Consumidor.

Em geral, foram analisadas as séries de tempo, antes e depois da implantação da


PSP, e foram estabelecidas tendências de forma tal que um desvio acima da tendência
observada no período prévio à PSP é considerado atribuível à participação do setor privado.

489
Ao contrário, se a evidência exprimir uma tendência abaixo da observada antes da
implantação da PSP, o impacto é considerado nulo.

As principais variáveis estudadas foram: número de economias totais ativas, dotações


para consumo de água (m³/economia/mês), perdas na distribuição de água e faturamento
médio.

11.3.2.1. Análise das Economias

Serviço de Água Potável.

Em 17 casos (71% da amostra) estimou-se que na situação com projeto a criação de


novas economias era favorecida. Isto implica um aumento do número de conexões
incorporando novos usuários à rede. De certa forma este resultado representa um impacto
positivo da PSP sobre as economias de água nestes municípios. Em outros 7 municípios
(29% da amostra) não foram encontradas evidências de um aumento no número de
economias de água maior que o observado no período prévio à implantação da PSP,
mantendo-se um crescimento igual à tendência do período sem a PSP. A comparação dos
municípios, em cada caso, pode ser verificada na TABELA A11.3.

TABELA A11.3 – Geração de Novas Economias


Serviço de Água Potável
Municípios com novas Municípios sem novas
economias estimadas economias estimadas

Manaus-AM Campo Grande-MS


Niterói-RJ Petrópolis-RJ
PROLAGOS-RJ Nova Friburgo-RJ
Sorriso-MT Paraguaçu-MG
Primavera do Leste-MT Bom Sucesso-MG
Guará-SP Marcelândia-MT
Nova Xavantina-MT Carlinda-MT

Guarantã do Norte-MT
Cláudia-MT
Matupá-MT
Santa Carmem-MT
Campos dos Goytacazes-RJ
Paranaguá-PR
Pontes e Lacerda-MT
Palmas-TO
Limeira-SP
Cachoeiro de Itapemirim-ES
Fonte: Elaboração dos Autores.

Serviço de Esgoto.

Em 11 municípios estimou-se que a incorporação da PSP ao serviço de esgoto


favoreceu a criação de novas economias em um número maior ao que se houvesse obtido
seguindo a tendência observada previamente à situação com PSP. Este resultado pode ser
considerado um impacto positivo da PSP sobre as economias de esgoto destes municípios.
Por outro lado, em 7 municípios não se encontrou evidência que indica que a PSP

490
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

favorecera a criação de novas economias, concluindo-se então que na situação com PSP o
número de economias alcançado segue a tendência histórica.182 A comparação de cada
caso é resumida na TABELA A11.4.

TABELA A11.4 – Geração de Novas Economias


Serviço de Esgoto
Municípios com novas Municípios sem novas
economias estimadas economias estimadas

Niterói-RJ Nova Friburgo-RJ


Manaus-AM Petrópolis-RJ
Palmas-TO Paranaguá-PR
Limeira-SP Bom Sucesso-MG
Campos dos Goytacazes-RJ Pontes e Lacerda-MT
Paraguaçu-MG Nova Xavantina-MT
PROLAGOS-RJ Cláudia-MT
Campo Grande-MS
Primavera do Leste-MT
Guará-SP
Cachoeiro de Itapemirim-ES
Fonte: Elaboração dos Autores.

11.3.2.2. Análise de Volumes Produzidos, Consumidos e Faturados

A análise de volumes é relevante para os efeitos do excedente do consumidor no caso


do serviço de água potável,183 uma vez que o volume de água consumida, em conjunto com
o preço, determina o valor do excedente. Qualquer mudança no consumo com relação à
situação sem PSP, seja por aumentos na demanda por água potável ou por uma maior
quantidade de água disponível produz mudanças no excedente (redução de perdas). Por
essa razão, procedeu-se uma revisão dos dados relativos à produção de água potável e
consumo de água faturada pela empresa, de tal forma que se pudesse construir uma
situação sem PSP.

Nos municípios de Santa Carmem, Carlinda e Paraguaçu não foi possível dispor de
informação suficiente para analisar a tendência e evolução dos volumes produzidos e
consumidos de água. Logo, estes casos ficaram automaticamente descartados para a
estimação do excedente do consumidor

No resto dos casos observou-se uma alta dispersão nos valores de produção e
consumo de água potável. O consumo diário por pessoa (litros por habitante ao dia)
alcançou valores entre 70 e 400 litros ao dia por individuo. Em geral, as tendências dos
consumos per capita ou por economia são baixas, coincidindo na maioria dos casos com o
início da PSP. Isto se explicaria, além da baixa efetividade nas dotações de consumo, em
uma melhora nos sistemas de medição. Os valores de produção de água potável por
economia também apresentam na maioria dos casos tendências a baixa, excetuando-se
desta situação os municípios de Bom Sucesso e Manaus, junto com PROLAGOS.

182
Em alguns casos encontrou-se que na situação com PSP a tendência reduziu. De modo conservador,
estes efeitos foram observados considerando-se que a criação de novas economias foi nula.
183
No caso dos serviços de esgoto, e segundo fora explicado na seção metodológica, o excedente do
consumidor para os usuários existentes fica determinado pelas diferenças nas tarifas entre a situação com e
sem projeto (com e sem PSP), e no caso dos novos conectados entre a máxima disposição a pagar dos
usuários por este tipo de serviços e a tarifa com projeto (com PSP).

491
A análise das perdas em distribuição184 também se detectou uma grande dispersão
nos valores obtidos, encontrando-se valores que oscilam entre 0% e 73%. Por este motivo,
somente se considerou sensato incorporar efeitos atribuíveis à PSP produto de uma
redução de perdas quando estas forem maiores que 30%185 e apresentarem uma evolução
com padrões razoavelmente estáveis, em qualquer outro caso estes efeitos se consideraram
nulos. Por hipótese, se considerou para a situação sem PSP um nível de perdas constante
levando em conta o observado no período anterior à incorporação da PSP, porcentagens
que na situação com projeto (com PSP) se reduzem. Os municípios que têm sido tratados
sob este pressuposto são apresentados na TABELA A11.5.

TABELA A11.5 - Municípios com Redução de


Perdas Incorporadas
Perdas sem Perdas com
Município PSP (2006)
PSP /*

Niterói-RJ 50.0% 35.5%


Cachoeiro de Itapemirim-ES 43.7% 38.8%
PROLAGOS-RJ 65.0% 52.5%
Petrópolis-RJ 40.0% 37.1%
Nova Xavantina-MT 58.7% 35.0%
Pontes e Lacerda-MT 45.0% 27.0%
Campos dos Goytacazes-RJ 48.1% 30.5%
Limeira-SP 30.0% 18.5%
Paranaguá-PR 65.0% 50.9%
Palmas-TO 50.0% 37.9%

Campo Grande-MS 57.0% 55.6%

Nota: /* Nível de perdas que se têm suposto na situação sem PSP.


Fonte: Elaboração dos Autores

Considera-se que nestes municípios a PSP produziu-se um impacto positivo por


quanto se reduziram as perdas em distribuição. No caso dos novos conectados interessa
conhecer o volume consumido no caso que as necessidades de água potável foram
supridas por fontes alternativas. Como estes consumos são pequenos em comparação com
aqueles que se registram ao estar conectado à rede de água, o impacto da PSP sobre estes
usuários é sempre positivo.

11.3.2.3. Análise do Faturamento Médio

O cálculo do excedente do consumidor precisa dos níveis de preços, tanto para o


serviço de água potável como para o serviço de esgoto, pelo qual qualquer mudança no
preço traz consigo uma mudança no excedente do consumidor186. Assim, como um aumento
na tarifa produz uma redução no excedente do consumidor, entretanto uma baixa produz o
efeito contrário. Detectar a existência de mudanças tarifárias entre a situação com PSP e
aquela na qual a incorporação da PSP não se concretiza (contrafactual) é a central nesta
análise.

184 3 3
As perdas na distribuição foram obtidas pela diferença entre os m produzidos e os m consumidos
informados por empresa, expressos em termos percentuais em relação aos níveis de produção.
185
Vários municípios apresentaram perdas menores que 10%, o que evidencia valores pouco confiáveis.
186
No cálculo do excedente do consumidor todos os valores monetários têm sido atualizados para 2007
utilizando o IPCA (índice de Preços ao Consumidor Amplo) calculado pelo IBGE.

492
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Serviço de Água Potável

Como estimador dos níveis tarifários associado ao serviço de água potável utilizou-se
o faturamento médio, o qual se constrói como o quociente entre a receita total anual
faturada dividido pelo consumo total anual faturado ($R/m3). Processou-se a informação
publicada pelo SNIS com dados exclusivamente municipais consignados entre o ano de
1997 e 2006, considerando as receitas diretas de água (variável F02) e os volumes de água
faturados (variável A11) agregados por Estado obtendo-se uma tarifa média para cada um
deles.

A análise consistiu em medir as variações históricas de faturamento médio em cada


município, e compará-las com a variação experimentada na Demonstração a qual pertence,
desde o ano em que se dá início à PSP e o ano de 2006. Sob o pressuposto de que as
tarifas na situação sem PSP seguiram a mesma variação que os municípios do estado,
qualquer diferença detectada na análise é atribuível à incorporação da PSP.

Em geral todos os municípios analisados apresentaram uma alta no faturamento


médio pelos serviços de água potável, com valores entre 2,9% e 18,4% ao ano. A exceção
corresponde aos municípios de Cláudia e Pontes e Lacerda, ambas pertencentes ao Estado
de Mato Grosso, que apresentaram variações abaixo de 17,1% e 33,0%,
respectivamente.187

As variações no faturamento médio no nível do Estado devem ser entendidas como a


variação que se produz no Estado a partir do início da PSP no respectivo município. É por
este motivo, que em caso dos municípios pertencentes a um mesmo Estado cujas PSP
tenham iniciado em anos distintos, as variações nos faturamentos médios calculados a nível
estadual diferiram por que se consideram dois períodos de tempo distintos. As análises
atingiram o que a maioria dos Estados apresentou altas no faturamento médio desde o início
das PSP alguns casos que não apresentaram mudanças nos níveis de faturamento médio,
com variações entre 3% e 21% ao ano com relação ao faturamento médio obtido ao início
da PSP no respectivo município. No caso de Cláudia e Marcelândia,188 ambos pertencentes
ao Estado de Mato Grosso, o faturamento médio pelo serviço de água potável do Estado
não experimentou variação durante o período compreendido entre o início da PSP e o ano
de 2006.

Finalmente o pressuposto adotado para a projeção da situação sem projeto (sem


PSP), leva em conta que a taxa de crescimento do faturamento médio é uma proporção da
observada na situação com PSP. Esta proporção é igual ao quociente entre a variação
anual por Estado e a variação por município, ambas obtidas no período compreendido entre
o inicio da PSP e último ano com registro (ano 2006). Os resultados apresentam-se na
TABELA A11.6.

187
No caso de Pontes e Lacerda, o faturamento médio anual de água potável obtida para o ano de 2006
alcançou uma cifra igual a 0,15 R$/m³, valor considerado baixo, o que indica certa falta de confiabilidade nos
resultados obtidos para este município.
188
Marcelândia iniciou seu período de PSP no ano 2003, para o qual não foi possível levantar o faturamento
médio, de modo que para efeitos desta análise se considerou como ano de início o de 2004. Outros
municípios que se encontram em situação similar são: Matupá, Niterói, Primavera, Campos e Limeira.

493
TABELA A11.6 - Fator Faturamento Médio

Município Fator

Bom Sucesso-MG /* 1,50

Limeira-SP /* 1,50

Nova Xavantina-MT /* 1,50

Palmas-TO /* 1,50

PROLAGOS-RJ 1,32

Nova Friburgo-RJ 1,16

Petrópolis-RJ 1,06

Guará-SP 1,04

Niterói-RJ 0,95

Campos dos Goytacazes-RJ 0,95

Paranaguá-PR 0,89

Cachoeiro de Itapemirim-ES 0,86

Pontes e Lacerda-MT 0,46

Matupá-MT 0,46

Sorriso-MT 0,36

Guarantã do Norte-MT 0,34

Primavera do Leste-MT 0,32

Marcelândia-MT 0,00

Cláudia-MT 0,00

Campo Grande-MS -0,31

Manaus-AM -0,34
Nota: /* O fator obtido foi maior que 1,5. Esta cifra foi
considerada de forma conservadora como cota superior.
Fonte: Elaboração dos Autores.

Os fatores sobre a unidade indicam que os aumentos (o diminuições) dos


faturamentos médios na situação sem projeto são maiores (o menores) que no caso com a
PSP, no caso que fator é igual a zero a tarifa sem PSP permanece constante. Este fator se
aplica aos aumentos (o diminuições) porcentuais que se observam nas tarifas com a PSP.
No caso de acréscimo (o diminuição) na tarifa com PSP e considerando um fator maior que
um (menor que um), a tarifa sem PSP aumenta (decresce) em uma porcentagem maior
(menor). Como critério conservador não se permitiu que o fator fosse maior que 1,5. Os
municípios que se encontram nesta situação são: Bom Sucesso, Limeira, Nova Xavantina e
Palmas.

No caso dos novos conectados se devem comparar os faturamentos médios com o


nível de preços de utilizar água potável de fontes alternativas. Como os preços de
abastecer-se com água potável de fontes alternativas são muito elevados comparados com
os preços do serviço de água potável da rede, o impacto da PSP sobre estes usuários é
sempre positivo.

494
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Serviço de Esgoto

Em geral, a tarifa pelo serviço de esgoto pode expressar-se como uma porcentagem
da tarifa pelo serviço de água potável, com o qual é possível utilizar os resultados anteriores
considerando as mesmas hipóteses. Finalmente o pressuposto adotado para a projeção da
situação sem projeto (sem PSP), leva em conta que a taxa de crescimento do faturamento
médio é a mesma proporção que a obtida para o caso do serviço de água potável.

Os faturamentos médios pelo serviço de esgoto consideram valores mensais por


economia, de forma tal a podê-los comparar com valores de máxima disposição ao pago
(DAP) por este tipo de serviços. Este último é relevante na hora de calcular o excedente do
consumidor para os novos conectados, pois este grupo terá uma mudança de excedente
positivo na medida em que a tarifa, neste caso do faturamento médio, seja menor que sua
máxima disposição a pagar pelo serviço. No caso dos usuários existentes, e como fora
explicado no capítulo metodológico, a diferença de tarifas entre a situação com e sem PSP
determina a mudança no excedente do consumidor.

11.3.3 Resultados para o Serviço de Água Potável

A TABELA A11.7 abaixo tenta caracterizar as mudanças nos excedentes do


consumidor que foram encontrados nas análises para as conexões existentes, nele
informando se foi conseguido um aumento ou um decréscimo do bem-estar do usuário com
a PSP. O aumento do bem-estar é obtido com uma mudança positiva no excedente do
consumidor (informado na TABELA) ao passo que um decréscimo é resultante de uma
mudança negativa no excedente. Além disso, é indicado se a mudança no excedente é
mantida no tempo ou não. No caso de uma variação positiva com tendência a aumentar se
entende que é uma mudança sustentada, ao passo que se for positiva com tendência a
diminuir, não se trata de uma mudança sustentada. De forma análoga é feita a conclusão
para o caso contrário.

A mudança de bem-estar para as conexões existentes, medida como a variação no


excedente do consumidor, foi positiva com tendência a aumentar, isto é, um aumento de
bem-estar sustentado, para 13 dos 21 municípios analisados. O município de Cláudia
mostra uma mudança positiva, mas com tendência a diminuir. No resto dos casos foram
observadas mudanças negativas com tendência a diminuir, exceto pelos municípios de
Pontes e Lacerda e Guarantã que apresentam uma tendência a aumentar. As mudanças
negativas com tendência a diminuir, indica uma perda de bem-estar para os usuários que se
conectariam a rede de água durante o período da PSP, ainda PSP não fora executada. Isto
se explica pelo fato do aumento do faturamento médio produzir uma redução do bem-estar
(efeito preço) superior ao aumento de bem-estar obtido com o aumento do consumo (efeito
quantidade).

495
TABELA A11.7 - Mudanças no Excedente do
Consumidor em Conexões Existentes
Mudança no
Município Excedente Tendência
do consumidor

Niterói-RJ Positiva Aumentar

PROLAGOS-RJ Positiva Aumentar

Nova Xavantina-MT Positiva Aumentar

Campos-RJ Positiva Aumentar

Cachoeiro-ES Positiva Aumentar

Limeira-SP Positiva Aumentar

Palmas-TO Positiva Aumentar

Bom Sucesso-MG Positiva Aumentar

Petrópolis-RJ Positiva Aumentar

Nova Friburgo-RJ Positiva Aumentar

Guará-SP Positiva Aumentar

Paranaguá-PR Positiva Aumentar

Cláudia-MT Positiva Diminuir

Pontes e Lacerda-MT Negativa Aumentar

Guarantã-MT Negativa Aumentar

Matupá-MT Negativa Diminuir

Sorriso-MT Negativa Diminuir

Marcelândia-MT Negativa Diminuir

Primavera-MT Negativa Diminuir

Campo Grande-MS Negativa Diminuir

Manaus-AM Muito negativa Diminuir


Fonte: Elaboração dos Autores.

A TABELA A11.8 mostra a mudança no bem-estar dos usuários naqueles municípios


que geraram novas economias, adicionais às que se houveram criado sem a PSP.

496
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

TABELA A11.8 - Mudanças no Excedente do Consumidor


em Novas Conexões
Mudança no
Município Excedente do Tendência
consumidor

Guarantã-MT Muito positiva A aumentar

Sorriso-MT Muito positiva A aumentar

Nova Xavantina-MT Muito positiva A aumentar

Primavera do Leste-MT Muito positiva A aumentar

Paranaguá-PR Muito positiva A aumentar

Pontes e Lacerda-MT Muito positiva A aumentar

PROLAGOS-RJ Muito positiva A aumentar

Guará-SP Muito positiva A diminuir

Niterói-RJ Muito positiva A diminuir

Matupá-MT Muito positiva A diminuir

Campos dos
Muito positiva A diminuir
Goytacazes-RJ

Cláudia-MT Muito positiva A diminuir

Manaus-AM Muito positiva A diminuir

Limeira-SP Muito positiva A diminuir

Palmas-TO Muito positiva A diminuir

Cachoeiro do
Muito positiva A diminuir
Itapemirim-ES
Fonte: Elaboração dos Autores.

Da TABELA anterior se depreende que todos os municípios que geram conexões


adicionais apresentam uma mudança no bem-estar dos usuários muito positivo. Isso deve-
se a troca de uma fonte alternativa, em geral de alto custo e que permite um baixo consumo,
por uma conexão à rede de água potável, que apresenta um custo menor e permite um
maior consumo. No que diz respeito das tendências destas mudanças, em 7 municípios é a
aumentar, enquanto nos 9 restantes é a diminuir.

O efeito total na mudança de bem-estar foi obtido pela média ponderada do número de
economias existentes e das novas economias geradas devido à PSP. Os resultados obtidos
produziram mudanças positivas no bem-estar em todos os municípios, exceto aquela
observada em Palmas, Marcelândia, Campo Grande, e Manaus, com uma diminuição
sustentada no excedente total. Dos municípios que apresentaram aumento no bem-estar de
seus usuários, foi estimado que todos estes persistiram ao longo do tempo (com tendência a
aumentar), exceto do município de Guará e Primavera do Leste cujo aumento de bem-estar
apresenta uma tendência para queda. Finalmente, tem-se que dos 21 municípios, para os
quais foi possível fazer uma estimação dos excedentes do consumidor e as respectivas
mudanças que se produzem no devido à incorporação da PSP, em 18 casos o desempenho
foi catalogado como bom, enquanto que nos 3 restantes foi negativo. Estes resultados se
apresentam na seguinte TABELA.

497
TABELA A11.9 - Mudanças Líquidas no Excedente do Consumidor.
Mudança no
Município Excedente Tendência Desempenho
do consumidor

Niterói-RJ Muito positiva Aumentar Bom

Guarantã-MT Muito positiva Aumentar Bom

PROLAGOS-RJ Muito positiva Aumentar Bom

Sorriso-MT Muito positiva Aumentar Bom

Campos-RJ Positiva Aumentar Bom

Cláudia-MT Positiva Aumentar Bom

Nova Xavantina-MT Positiva Aumentar Bom

Cachoeiro-ES Positiva Aumentar Bom

Limeira-SP Positiva Aumentar Bom

Palmas-TO Positiva Aumentar Bom

Matupá-MT Positiva Aumentar Bom

Bom Sucesso-MG Positiva Aumentar Bom

Petrópolis-RJ Positiva Aumentar Bom

Paranaguá-PR Positiva Aumentar Bom

Nova Friburgo-RJ Positiva Aumentar Bom

Pontes e Lacerda-
Positiva Aumentar Bom
MT

Guará-SP Muito positiva Diminuir Bom

Primavera-MT Positiva Diminuir Bom

Marcelândia-MT Negativa Diminuir Ruim

Campo Grande-MS Negativa Diminuir Ruim

Manaus-AM Muito negativa Diminuir Ruim

Fonte: Elaboração dos Autores.

11.3.4. Resultados para o Serviço de Esgoto

A TABELA A11.10 expressa de forma qualitativa o efeito produzido pela PSP para as
conexões existentes, tentando caracterizar as mudanças nos excedentes do consumidor
que foram estimadas nas análises. Esta TABELA informa se foi obtido um aumento ou uma
diminuição do bem-estar do usuário com o emprego da PSP. O aumento do bem-estar é
obtido com um excedente positivo ao passo que um decréscimo com um excedente
negativo. Também é mostrado se a mudança no excedente é sustentada ou não ao longo

498
CONSÓRCIO INECON / FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

do tempo. No caso de uma mudança positiva com tendência a aumentar entende-se como
uma mudança sustentada, ao passo que se ela for positiva com tendência a diminuir, não se
trata de uma mudança sustentada. De forma análoga é feita a conclusão para o caso
contrário.

TABELA A11.10 - Mudanças no Excedente do


Consumidor em Conexões Existentes.
Mudança no
Município Excedente Tendência
do consumidor
Limeira-SP Positiva Aumentar

Palmas-TO Positiva Aumentar

Paraguaçu-MG Positiva Aumentar

Nova Xavantina-MT Positiva Aumentar

Petrópolis-RJ Positiva Aumentar

Guará-SP Positiva Aumentar

Manaus-AM Negativa Diminuir

Campos-RJ Negativa Diminuir

Cachoeiro do Negativa Diminuir


Itapemirim-ES
Niterói-RJ Negativa Diminuir

Campo Grande-MS Negativa Diminuir

Fonte: Elaboração dos Autores.

Da TABELA A11.10 observa-se que 6 municípios apresentaram aumentos no bem-


estar dos usuários produto de mudanças positivas nos excedentes do consumidor
estimados, todos com uma tendência à alta. No resto dos municípios as mudanças obtidas
são negativas com tendência à baixa.

Em relação às novas conexões, as estimativas indicaram que em todos os casos os


novos usuários experimentaram um aumento em seu bem-estar,189 que pôde ser inferido
pelo excedente positivo com tendência a aumentar obtido. Os municípios de Guará, Palmas,
Cachoeiro de Itapemirim, Niterói e Manaus, apresentaram aumento no bem-estar dos
usuários com uma tendência a diminuir ao longo do tempo.

189
A mudança no bem-estar dos novos usuários está dada pela diferença entre a máxima disposição a pagar
(DAP) e o faturamento médio com a PSP. Nas simulações a DAP utilizada foi de R$40 por economia mês
(referente ao ano de 2000).

499
TABELA A11.11 - Mudanças no Excedente
do Consumidor em Novas Conexões.
Mudança no
Município Excedente Tendência
do consumidor
Paraguaçu-MG Muito positiva Aumentar

Campos-RJ Muito positiva Aumentar

Limeira-SP Muito positiva Aumentar

Guará-SP Muito positiva Diminuir

Palmas-TO Muito positiva Diminuir

Campo Grande-MS Positiva Aumentar

Manaus-AM Positiva Diminuir

Niterói-RJ Positiva Diminuir

Cachoeiro do Positiva Diminuir


Itapemirim-ES
Fonte: Elaboração dos Autores.

Por fim, o efeito total na mudança de bem-estar foi obtido pela média ponderada do
número de economias existentes e das novas economias geradas devido à PSP. Estes
resultados são apresentados na TABELA A11.12 seguinte.

TABELA A11.12 - Mudanças Líquidas no


Excedente do Consumidor.
Mudança no
Município Excedente Tendência
do consumidor
Paraguaçu-MG Muito positiva Aumentar

Campos-RJ Muito positiva Aumentar

Limeira-SP Muito positiva Aumentar

Guará-SP Muito positiva Diminuir

Palmas-TO Muito positiva Diminuir

Campo Grande-MS Positiva Aumentar

Manaus-AM Positiva Diminuir

Niterói-RJ Positiva Diminuir

Cachoeiro-ES Positiva Diminuir

Fonte: Elaboração dos Autores.

Como se pode verificar na TABELA A11.12, em 7 municípios os excedentes estimados


foram positivos, todos eles com tendência a aumentar no tempo, à exceção do município de
Guará cujo excedente tende a diminuir. Nos quatro casos restantes, os excedentes são
negativos com tendência à baixa. Finalmente, dos 11 municípios para os quais foi possível
fazer uma estimação dos excedentes do consumidor e as respectivas mudanças que se
produzem devido a incorporação da PSP, em 7 casos o desempenho foi classificado como
bom, enquanto que nos 4 restantes foi ruim.

500
.

Das könnte Ihnen auch gefallen