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84 | 2009
Os desafios da economia solidária
Jean-Louis Laville
Publisher
Centro de Estudos Sociais da Universidade
de Coimbra
Electronic version
URL: http://rccs.revues.org/381 Printed version
DOI: 10.4000/rccs.381 Date of publication: 1 mars 2009
ISSN: 2182-7435 Number of pages: 7-47
ISSN: 0254-1106
Electronic reference
Jean-Louis Laville, « A economia solidária: Um movimento internacional », Revista Crítica de Ciências
Sociais [Online], 84 | 2009, colocado online no dia 01 Dezembro 2012, criado a 02 Outubro 2016. URL :
http://rccs.revues.org/381 ; DOI : 10.4000/rccs.381
JEAN-LOUIS LAVILLE
A economia solidária:
Um movimento internacional
O artigo mostra como em diferentes contextos nacionais e continentais se gerou um
movimento de economia solidária. A diversidade de práticas no seio da sociedade civil
local e internacional merece ser sublinhada. Esta geração de iniciativas, simultaneamente
políticas e econômicas surgidas nas últimas décadas, prolonga e renova a economia
social, oferecendo, assim, propostas concretas para uma outra economia, num período
de crise capitalista. Como tal, não pode ser ignorada na busca de um modelo económico
e de uma acção pública renovada.
Autogestão e alternativa
Os movimentos conduzidos pelos operários especializados, misturando imi-
grantes e jovens assalariados muitas vezes distantes das estruturas que
deviam representá-los, não se limitam às reivindicações salariais. Fora do
sistema de relações profissionais rebentam revoltas que contestam a orga-
nização dita científica do trabalho e a sua dupla especialização: vertical,
separando a concepção da execução das tarefas, e horizontal, dividindo o
trabalho em gestos repetitivos. “O trabalho em migalhas” é objecto de
acusação e as exigências de participação formuladas pelos próprios assala-
riados são retomadas pelos sindicalistas e pelos políticos. É a irrupção da
corrente autogestionária no campo intelectual. No dealbar dos anos 1960,
o pensamento crítico era dominado por análises centradas nos dispositivos
de controlo social. De imediato, a sensibilidade autogestionária deslocou-
-se para o terreno de acção. Para ela, em vez de se refinar a análise da alie-
nação, era importante combatê-la o mais rapidamente possível.
Segundo o título da obra de G. Friedmann.
A economia solidária: Um movimento internacional |
Autogestions, 1981.
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Esta expressão foi proposta para referir que, em relação à intervenção sociológica teorizada por
A. Touraine, é menos o confronto entre o grupo mobilizado e os sociólogos que explicita o sentido
da acção do que os debates realizados no seio do próprio grupo, tendo em conta que este grupo
de intervenção pode, ele próprio, fazer valer o direito de iniciativa e de expressão em favor de
populações privadas do acesso ao espaço público. Ver O. Corpet, 1982; O. Corpet, M. Hersent,
J. L. Laville, 1986.
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As aquisições de empresas
Os colectivos voluntários que acabámos de descrever estavam ligados à
crise de valores que afectou o modelo de crescimento dos Trinta Glorio-
sos. A partir da década de 1980, a conjuntura económica altera-se: são os
colectivos forçados, resultantes da crise económica, que passam a desem-
penhar o papel mais importante. Ao contrário do que acontecia na época
do pleno emprego e do trabalho em migalhas, uma parte do trabalho indus-
trial passou a ter como característica solicitar a especialização cognitiva e a
inteligência, o que explica a adopção da gestão participativa, prolongando
as teses de autogestão ao serviço da empresa. Simultaneamente, o livre-câm-
bio e o fim das restrições sobre o mercado de capitais tornam possível a
deslocalização das produções para países com salários baixos e sem protec-
ção social. Os assalariados das multinacionais são, simultaneamente, inti-
mados a envolver-se na produção e submetidos à ameaça da perda do
emprego. Esta injunção paradoxal é associada a uma defesa da substitui-
ção da regulação pública, considerada demasiado restritiva, por uma regu-
lação ética resultante do voluntariado das empresas. Exerce-se pressão no
sentido da baixa dos salários e da redução das despesas sociais.
Com a “corporate governance”, as normas de rentabilidade definidas
pelos accionistas livres para escolher os seus investimentos no mercado
internacional, entre 12 e 15% do capital, transformam o trabalho em variá
vel de ajustamento. Daqui resulta a multiplicação das tentativas de conver-
são de empresas em cooperativas para salvar as produções consideradas
pelos assalariados como viáveis, mesmo que estas não satisfaçam as exigên-
cias do mercado internacional de capitais.
Depois da renovação enraizada na ideologia alternativa, o movimento
cooperativo de trabalho foi profundamente afectado por uma outra vaga
de cooperativas, fruto já não de uma escolha, mas de uma necessidade: as
aquisições de empresas. Em Itália, apesar da falta de rigor das estatísticas,
pode falar-se de cerca de 1.000 aquisições, de 1975 a 1985, a maioria no
Norte do país, na área do têxtil e do vestuário, da tipografia, da mecânica
de pequena dimensão, da madeira e do transporte, empregando em média
entre 30 e 100 assalariados. Em Espanha, as aquisições foram feitas não
somente sob a forma de cooperativa, mas também sob a forma de socieda-
des anónimas de trabalhadores com uma participação dos empregados no
capital maioritário. O número não é conhecido em termos exactos, mas
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Entre os mais conhecidos: The Scottish Daily News, KME e Méridien na Grã-Bretanha (chama-
dos as cooperativas “Benn” devido ao apoio do ministro trabalhista Benn), Clems na Itália, Tricofil
no Québec.
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Ver o debate entre os dois: Z. Navarro, 2002: 189-232 e H. Martins de Carvalho, 2002: 233-260.
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Os serviços de proximidade
Nos países escandinavos, há organizações novas que revelam uma forma de
agir diferente da das associações tradicionais. Desviando-se da abordagem
política e cultural hegemónica na década de 1970, estas organizações pro-
põem, nos anos 1980, “novas formas organizacionais e soluções para os
problemas sociais locais” (Klausen e Selle, 1996: 99-122). Entre elas figu-
ram as organizações denominadas “promotoras de projectos”, na Dina-
marca, apoiadas pelos poderes públicos com o objectivo de reforçar a assun-
ção de responsabilidades por parte de cidadãos voluntários nas políticas
sociais. Na Suécia, as organizações de mulheres criaram centros de acolhi-
mento e de aconselhamento para as mulheres vítimas de violência domés-
tica, levando mais de metade dos municípios a realizar iniciativas públicas
de apoio às mulheres. Na mesma década de 1980, pais e mães iniciaram
modalidades de guarda de crianças, porque, na sua perspectiva, o serviço
público não correspondia a todas as necessidades, nem quantitativa, nem
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Para uma demonstração dos efeitos perversos da profissionalização gestionária das associações,
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Para uma síntese das iniciativas locais na Europa, cf. L. Gardin, J. L. Laville, 2000; L. Gardin, 2006.
11
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Uma síntese, a partir do caso francês, sobre os paradoxos da inserção: B. Eme, 2005; uma
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uma sociedade humana que estão em causa. É certo que não se trata de
subsistência, mas antes de igualdade de acesso e de respeito dos direitos
humanos nos serviços. Porém, é, de facto, um sentimento de pertença que
desencadeia o envolvimento, mesmo se não está em causa uma identidade
herdada, e sim uma identidade construída através da acção colectiva. É a
igualdade dos membros que constitui a regra, mesmo que as experiências
se encontrem menos ligadas a um tipo de actores do que a uma deliberação
entre diversos tipos de actores (utilizadores, assalariados, voluntários,...).
A forte convergência entre a economia popular contemporânea no Sul
e os serviços de proximidade no Norte tem a ver com a valorização dos
saberes ligados à prestação de cuidados. Nos serviços de proximidade
podemos também encontrar uma desconstrução da clivagem entre privado
e público que não corresponde às vivências das mulheres e negligencia as
competências de educação e de mediação que o trabalho afectivo reclama
para contribuir para o bem-estar das crianças, das pessoas dependentes ou
doentes (Folbre, 1997).13 Como no Sul, importa, em primeiro lugar, recor-
dar que esta produção de cuidados era tradicionalmente assegurada pela
família e, nesta, pelas mulheres. Contra uma divisão sexuada das tarefas,
como esta, importa, de seguida, defender que estas actividades são cruciais
e fundam o sentido da vida em sociedade. Ao contrário de uma dissociação
e de uma hierarquização entre espaços económico, político e doméstico,
instalando os homens no centro dos dois primeiros, para remeter as mulhe-
res ao terceiro, como um enclave, adoptar a perspectiva da vida decente e
do bem-estar humano leva a constatar que “é impossível não cuidar e não
trabalhar” (Lewis, 2003). Os cuidados não podem, por isso, ser objecto de
uma externalização total em favor do Estado ou do mercado, que não teria
em conta a transmissão intergeracional que eles representam e que os ins-
trumentalizaria em nome da criação de empregos, sem avaliar o respectivo
substrato antropológico. Os cuidados constituem um bem público e asse-
gurá-los pressupõe, por um lado, uma partilha das responsabilidades entre
a família, as autoridades públicas, mas também o mercado e a sociedade
civil; e, por outro lado, uma partilha das responsabilidades intrafamiliares
entre homens e mulheres que pressupõe igualdade de oportunidades no
mercado de trabalho. Estas partilhas devem ser debatidas no quadro de
uma sociedade reflexiva onde os problemas políticos são também questões
da vida quotidiana e das relações de género.14
O comércio justo
Os serviços de proximidade inscrevem-se, por conseguinte, nesta longa his-
tória das iniciativas locais que remonta à economia popular. A maior novi-
dade, em contrapartida, é o aparecimento de iniciativas que se desenvol-
vem no Norte e no Sul. Se as respostas são comparáveis, é porque as
políticas neoliberais que se exercem no Sul e cujo conteúdo é sintetizado
no consenso de Washington (abertura acentuada à concorrência interna-
cional, recurso acrescido a mecanismos de mercado em detrimento da regu-
lação pública e privatização dos serviços públicos), impregnam também as
escolhas públicas no Norte.
A partir do início dos anos 1980, as instituições financeiras internacionais
começaram a condenar as políticas industriais e sociais como ineficazes,
dando a prioridade à liberalização das economias, ao saneamento das finan-
ças públicas e à privatização dos serviços de saúde. A procura de soluções
por parte dos governos para restaurar o crescimento recebe uma resposta
de vocação universal, segundo o consenso de Washington: recurso acrescido
a mecanismos de mercado livres de regulação estatal, intervenção pública
mínima, abertura acentuada à concorrência internacional. O Banco Mundial
e o Fundo Monetário Internacional ganham em importância ao condicio-
narem os seus apoios a políticas ditas de ajustamento estrutural. Corolário:
o aumento das diferenças sociais, do desemprego e da pobreza no interior
de cada país é tão sensível como o crescimento das desigualdades sociais a
nível mundial.
Os países do Sul, dominados pelas oligarquias ligadas às elites do Norte,
optaram, há muito tempo, por um modo de desenvolvimento dependente
em relação às exportações de matérias primas e de produtos agrícolas.
Desde a sua criação em 1994, a Organização Mundial do Comércio acentua
a degradação dos termos de troca, porque os preços destes produtos tende
a aumentar mais lentamente do que os preços dos produtos industriais do
Norte. A abertura comercial praticada sem terem sido integradas normas
sociais e ambientais vinculativas na legislação internacional, conjugada
com o rigor orçamental a nível nacional, teve efeitos sobre muitas centenas
de milhares de camponeses no mundo, sobretudo porque a redução das
intervenções públicas se revela selectiva. A manutenção de subvenções
fortes permite aos países ricos exportar a preços tão baixos que levam
ao desaparecimento das produções locais. Ao mesmo tempo, constrói-
se uma série de exigências técnicas como barreiras aduaneiras contra as
importações. Na realidade, os poderes de negociação dos países são, no
mínimo, díspares e as multinacionais interferem nos acordos internacio-
nais, controlando metade e dois terços da produção e do comércio mun-
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– melhorar a vida dos pequenos produtores do Sul, marginalizados por falta de meios
financeiros e de experiência, criando escoamentos para comercializar os seus produ-
tos agrícolas ou artesanais junto dos consumidores do Norte desejosos de contribuir
para uma maior solidariedade entre o Norte e o Sul;
– constituir uma rede de consumidores, através da sensibilização da opinião pública
para as injustiças das regras do comércio internacional e da realização de acções junto
dos decisores políticos e económicos. (Ritimo-Solagral, 1998: 15)
Como acontece com o colectivo “De l’éthique sur l’étiquette” (Da ética na etiqueta) em
17
França.
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Daqui resultam os debates sobre a comercialização limitada nas lojas do mundo, face à abertura
à grande distribuição, ou sobre o equilíbrio voluntariado-profissionalização. Para o caso francês,
cf. as publicações da Fédération Artisans du Monde (Federação Artistas do Mundo) que difunde
igualmente aquelas que são editadas pelo colectivo “De l’éthique sur l’étiquette” (Da ética na
etiqueta).
19
Sobre o consumo responsável e solidário, ver também E. Mance, 2006.
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Sobre a diferença, no contexto do vocábulo “mercado”, entre “lugar do mercado” e uma relação
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riências que se libertam da passagem pela moeda oficial nas trocas que
suscitam. Dois exemplos podem ser citados nos países francófonos: o pri-
meiro é o das redes de autoprodução acompanhada que começam a asso-
ciar-se: oficinas de bairro, cozinhas colectivas, jardins-de-infância familiares,
auto-reabilitação e auto-construção de habitação, lazer, reparações.21 Os
apoios podem ser de ordem muito diversa e as aproximações não são, por
isso, imediatas mas derivam todos da auto-produção, no sentido de activi-
dades destinados a produzir bens e serviços para consumo próprio e da
vizinhança (Cérézuelle, 2004: 101-108). O segundo exemplo é o das redes
de trocas recíprocas de saberes, as quais se estruturaram em movimento há
já vários anos (Héber-Suffrin, 1998: 417). Cada uma destas redes propõe
estabelecer relações entre quem oferece e quem procura saberes de todo o
tipo, não hierarquizados: “dos saberes funcionais (saber preencher formu-
lários...) aos saberes clássicos (literatura, instrumentos musicais...) ou ainda
ao saber fazer (utilização de software informático, cozinha, jardinagem...)”
(Héber-Suffrin, 1992). Neste dois exemplos, como no caso dos sistemas de
trocas locais, o quadro associativo é concebido como “uma tentativa de
reequilíbrio permanente, de criação de coerência entre a actividade e a
igualdade, numa tensão construtiva e cognitiva” (Héber-Suffrin, 1998: 214).
22
A este respeito, algumas apresentações são demasiado datadas e demasiado influenciadas apenas
pelo exemplo dos sistemas de trocas locais. Assim, no livro de F. Cusin e D. Benamouzig, 2004,
devemos notar a referência que lhes é feita, mas temos também que refutar a avaliação que os
autores propõem, em jeito de generalização, quando escrevem “coloca-se a questão da disponibi-
lidade ou não de generalizar este sistema alternativo ao mercado” (208). Se a questão for colocada
nestes termos, a conclusão não pode ser senão a invalidação de um projecto irrealista. A escolha
entre “transacções mercantis ou lógicas de doação?”, para retomar a terminologia dos autores, é
enviesada, como demonstra a posição mais matizada de G. Simmel apresentada mais abaixo.
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Esta questão é desenvolvida em Laville, 1995: 32-54, e retomada em Laville, 1997.
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dem ser tanto cidadãs como empresariais. Estas não poderão ter alcance se
não forem capazes de promover a democracia, tanto no seu funcionamento
interno como na sua expressão externa.
Economia solidária
É nesta perspectiva que ela participa da sociologia económica, se, como defendem F. Cusin e
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D. Benamouzig (2004: 12), esta “não se subordinar às problemáticas próprias da teoria económica”,
suscitando “uma reflexão mais geral sobre o papel da economia nas sociedades modernas”.
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