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“Você nunca muda as coisas lutando contra a realidade

existente. Para mudar algo, construa um novo modelo que


faça o modelo existente obsoleto.”

Buckminster Fuller
Conteúdo

1. Apresentação -------------------------------------------------------------------------------------------- 4
2. A moeda correta --------------------------------------------------------------------------------------- 6
3. Fluxo linear de valor ------------------------------------------------------------------------------- 7
4. Sem juros, sem investimentos ----------------------------------------------------------------- 10
5. Como seria o mundo com o novo sistema? --------------------------------------------- 11
6. Dá pra fazer? ------------------------------------------------------------------------------------------- 15

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1. Apresentação

Margaret Thatcher, primeira-ministra britânica na época da guerra fria, disse um dos principais jargões a
favor do sistema atual: “There is no alternative” (não há alternativa), apresenta a ideia de que o capitalismo como
conhecemos não é perfeito, mas é o melhor que temos por enquanto. Essa afirmação deixa implícito que pode
existir uma possibilidade melhor de se organizar, mas ela ainda não fora apresentada à sociedade.
Bom... aqui está a alternativa, Margaret.

Ao Trabalhador
O quanto você recebe de salário é justo? O fruto do seu trabalho gera lucro para a empresa, esse excedente
é divido entre os responsáveis de acordo com a vontade do patrão. Como o ser humano é naturalmente ganancioso,
seu patrão sempre irá escolher um pouco a mais para ele do que é justo. Isso se chama exploração do trabalho, ou,
segundo Karl Marx, mais-valia. Esse conflito de interesses do capitalismo é o que gera a desigualdade e a pobreza
em nossa sociedade.
É tentador culpar a pessoa que te contrata por oferecer um salário baixo, mas ele só está tentando diminuir
os seus custos para manter a sua saúde financeira. Afinal de contas, o mercado é competitivo, a empresa que você
trabalha não pode oferecer um produto mais caro do que as outras.
Mas se fosse possível viver em um mundo onde a exploração não existisse? Se fosse possível conceber
uma economia onde não haja conflito de interesses entre empresário e empregado? É difícil imaginar essa situação
nos moldes atuais. Para tal, é necessário alterar as regras de funcionamento da nossa sociedade.

Ao Empresário
Direitos trabalhistas geram dificuldades para encontrar funcionários para seu projeto, há muita burocracia
para se fechar um contrato. Talvez você trabalhe muito mais horas que as pessoas que contrata e se sua empresa
der prejuízo você pode ser o único prejudicado. Mas precisa ser assim?
A classe empresarial é extremamente importante para gerar prosperidade. No entanto, hoje em dia, o seu
retorno financeiro depende de sua capacidade de explorar o consumidor ou o trabalhador contratado. E se fosse
possível ter uma remuneração devido ao bom funcionamento de sua organização independente do valor cobrado
ou do salário pago aos funcionários?
Manifestações de insatisfação com o modelo atual evidenciam uma vontade do espírito humano de alterar
algo profundo na sociedade. Indignamo-nos com ações consideradas deploráveis de algumas pessoas, reclamamos
das consequências da nossa economia no mundo, mas não percebemos que são as regras do jogo que provocam
essas atitudes. Tentamos fazer remendos criando leis para punir ou fazemos caridade para aliviar a culpa, mas a
verdade é que devemos alterar o funcionamento da sociedade.
As tentativas socialistas não interessam mais a maioria da população, o poder sempre irá corromper o
homem. Trata-se de alteramos como a sociedade se organiza para que as consequências inevitáveis dessa nova
estrutura sejam mais satisfatórias do que as atuais.
O capitalismo apresenta frequentemente uma contradição entre o bem coletivo e o enriquecimento
individual. Esse documento irá apresentar uma possiblidade de reestruturação da sociedade que acaba com a
discórdia entre a esquerda e a direita. Uma visão precisa de uma mudança estrutural para convivermos em paz e
prosperidade.

Crises financeiras como a de 2008 evidenciam o caráter instável do atual modelo monetário. Desemprego,
miséria e violência são consequências do cenário estabelecido. Temos a capacidade de produzir para a população
inteira, mas isso não é feito por uma questão financeira.
Soluções profundas requerem mudanças profundas. Pense bem… Se chama capitalismo porque o sistema
gira em torno do capital, certo? Logo, para corrigir os problemas inerentes ao atual sistema econômico devemos
alterar as regras do funcionamento do capital! O dinheiro é a regra do jogo em nossa sociedade.

A economia opera, entre outras coisas, graças ao poder das moedas de representar valor, a sua circulação
natural gera um fluxo importante de bens e serviços para o bem-estar da nossa civilização. A sua existência, gera
uma recompensação pelo capital e trabalho investidos no mercado de fatores de produção. O seu uso racional gera
uma economia inteligente dos recursos disponíveis para a população.
Logo, eliminar a existência do dinheiro em nossa sociedade é um passo impossível de ser dado. Mas será
possível conceber uma moeda que mantenha as qualidades necessárias e elimine os defeitos ocasionados pelo seu
uso na sociedade?
Dinheiro é apenas uma abstração, um número em uma conta. De todas as abstrações possíveis, utilizemos
uma que seja favorável para o bom funcionamento da sociedade. Utilizemos uma moeda correta.

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2. A moeda correta

As moedas facilitam nossa troca de bens em um livre mercado, possibilitando a divisão do trabalho. Um
indivíduo consegue fazer uso do dinheiro que ganha a partir de suas horas de trabalho para comprar as horas
trabalhadas pela sociedade dispersas nos preços do vários bens e serviços. Isso é lindo!
O objetivo dessa obra é incentivar a criação de uma moeda correta em todos os aspectos. Um sistema
monetário que continue sendo um meio eficiente de intermediar a economia, e que, além disso, o seu uso signifique
uma reestruturação na sociedade. Transitaremos para um paradigma de civilização mais igualitário e harmonioso,
ainda que livre e meritocrático.
O título do capítulo evidencia a noção de que a criação principal necessária para evoluir sistematicamente
a nossa sociedade não é apenas algo fictício, feito para a sociedade funcionar, trata-se também de algo ligado
diretamente a noção de valor, buscando se alinhar no que é justo e real.
Ainda não houve uso de uma moeda correta na história da humanidade. Metais preciosos, papel moeda e
moedas digitais compõem o cenário do sistema monetário atual.
No caso de metais preciosos, a criação foi decidida pela natureza, ignorando a nossa necessidade. A
concentração desses metais entre os seres humanos foi se ajustando ao decorrer dos séculos a partir da mineração,
comércio, saques...
No caso da moeda de uso cotidiano atual, a sua criação é decidida pelo banco central quando faz sua
emissão, ou pelos outros bancos quando fazem empréstimos. A sua concentração se dá como consequência do
comércio, investimentos, benefícios governamentais, corrupção...
No caso de criptomoedas, a criação é decidida pelos seus desenvolvedores. A sua concentração se dá como
consequência de três eventos: ser da equipe inicial, a compra dessa moeda de outra pessoa, ou pelo fornecimento
de capacidade computacional para o funcionamento do sistema.
Uma moeda correta teria sua criação vinculada à contraprestação de algo fornecido à sociedade, como sua
hora de trabalho. A sua concentração se daria pela economia das próprias pessoas, não sendo possível roubos,
corrupção, benefícios governamentais, retorno sobre investimento ou mineração da moeda.
A sociedade que utilizar a moeda correta não destina o lucro das empresas para recompensar os
empreendedores, e essa é a mudança principal necessária para a nossa evolução. Adotar uma moeda correta traz
vários benefícios que serão explorados no capítulo 5, agora precisamos entender o fluxo que ela causa.
3. Fluxo linear de valor

O fluxo linear é uma maneira visual de entender as diferenças propostas na economia. Vamos explorá-lo
da esquerda para à direita, da criação de valor até a sua destruição.

Fluxo de moeda no sistema desejado.

Renda
O sistema desejado é um banco que gera uma renda para às famílias em contraprestação ao que elas
fornecem para a sociedade. Podemos entregar nosso tempo e suor, nossa dedicação empreendedora ou até bens e
posses à sociedade e seríamos ressarcidos por isso.
Dessa maneira não existiria a exploração do trabalhador, muito menos a miséria e a desigualdade gritante,
pois a remuneração do trabalhador não depende da vontade do empresário ou do lucro da empresa.
Seria uma recompensa para as pessoas independente de sua raça, gênero ou credo. Um estímulo ao trabalho
e à doação que valoriza o tempo utilizado e a qualidade do que é feito. A moeda seria gerada por uma equação igual
para todos, através de um sistema incorruptível.
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Deve ser considerado o que é feito. Arquiteto, pintor, pipoqueiro ou programador, cada profissão recebe
uma quantia por hora de serviço. O sistema será encarregado de atribuir valor da hora padrão para cada profissão.
Os trabalhos mais duros ou que requerem mais tempo de aprendizado merecem maior remuneração por
hora de serviço. Os valores dos salários também devem variar para estabilizar as curvas de oferta e procura por
mão de obra. Assim, cada cidadão estará livre para escolher as profissões que deseja executar e todos teriam a
certeza que o tempo dedicado à atividade estará sendo remunerado corretamente
O salário tem como seus integrantes não só o valor fixo estipulado, mas também as comissões,
percentagens, gratificações ajustadas e abonos. Para a sociedade é justo recompensar o resultado pois estimula o
trabalho inteligente. O próprio sistema deve possuir a capacidade de computar esses benefícios. A maneira de
avaliar a qualidade de um serviço pode variar de caso a caso e cabe ao empregador decidir o seu método.
No caso dos empresários é proposto que seus bônus sejam relativos à satisfação da demanda e pela
qualidade que os consumidores atribuem ao seu produto ou serviço.
Observa-se que em relação ao fluxo circular atual não há lucro. Os empresários desse modelo recebem
renda diretamente do sistema e não através de uma diferença entre a receita e a despesa de sua empresa. Essa
característica elimina motivadores por trás de muitos problemas do capitalismo.

Transferências
O dinheiro recebido pelo trabalho feito à sociedade concede ao cidadão o direito de consumir os bens e
serviços produzidos por ela. Como uma unidade representativa de valor, a moeda utilizada é a prova da vontade do
indivíduo pelo bem. A compra é uma espécie de contrato que garante à pessoa a posse do objeto ou o direito ao
serviço oferecido por determinada organização.
A partir das transferências dos cidadãos, as empresas podem efetuar as compras de seus insumos e pagar
as taxas de utilização ao governo. Logo, o preço de venda de determinado bem representa o custo para a sua
produção. Se as pessoas querem pagar o custo da produção de determinado bem, então a empresa produtora está
fazendo uma alocação racional de recursos. O caixa positivo das empresas justifica sua existência.
Logo, são os cidadãos, através da sua decisão de onde gastam os seus dinheiros que decidem quais
organizações devem continuar operando no mundo. Não fica a cargo de um estado burocrático escolher quais
organizações funcionam, isso será função do mercado. Teremos uma democracia mais direta e a liberdade de criar
qualquer empresa para resolver qualquer problema do mundo. Conseguiremos viver em uma sociedade livre e
igualitária.
Além de fazer uso para consumo próprio, as pessoas poderiam aplicar dinheiro em projetos existentes para
ajudar na compra dos recursos necessários. Doações da moeda funcionariam como poder de voto decisório sobre
o que será feito na sociedade.
No fluxo linear, as organizações são impossibilitadas de transferir dinheiro para pessoas, por isso o lucro
como pagamento de empresários não é possível. A organização pode contratar os funcionários e esses recebem
renda do sistema.

Taxas de utilização
As organizações utilizarão o valor recebido para comprar os insumos de outras empresas e efetuar o
pagamento de taxas de utilização ao Estado.
É recomendada a utilização de três taxas de utilização. Utilização da terra, de recursos naturais e da mão
de obra. A taxa pelo uso de terras deve avaliar a área utilizada e a qualidade do espaço. A taxa pelos recursos
extraídos da natureza deve considerar a sua escassez e o impacto ambiental. A taxa pela mão de obra terá um valor
único por hora de trabalho, independente de quanto aquele indivíduo recebe de salário e deve variar de acordo com
a necessidade de mão de obra.
Toda essa cobrança é necessária para que os preços dos produtos existam e sejam representativos de algo
concreto. Elas foram escolhidas para criar-se incentivos contra a concentração absurda de terras, a exploração da
natureza, e a utilização demasiada de mão de obra. Esses recursos são escassos e devemos ter uma maneira
inteligente de aloca-los.
O Estado não receberá o valor pelas taxas cobradas às empresas, pois assim é o correto. Não deve possuir
interesses financeiros em nenhum tipo de exploração. Além do mais, não precisará disso, e a destruição do dinheiro
é necessária para o controle do valor da moeda.
As empresas calculariam os seus gastos operacionais e quanto deve custar a venda de seu produto para que
se mantenha financeiramente no positivo. Poderiam atuar no negativo durante algum tempo em caso de algum
investimento grande. A saúde financeira de uma empresa indica o seu bom funcionamento, está alocando os
recursos de maneira correta e gerando valor. A sociedade aprova a sua existência.
Multas, penalidades financeiras impostas ao cidadão ou à empresa pela justiça possuiriam fim parecido.
No sistema desejado o dinheiro utilizado para pagar uma multa é destruído. Desta maneira, não se aumenta alguma
arrecadação ao multar mais ou menos veículos ou cidadãos, igualmente, a justiça não será corrompida pela vontade
de enriquecer.

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4. Sem juros, sem investimentos

A existência dos juros é incompatível com o sistema desejado, uma vez que não há lucro para pagá-los.
Lembre-se que o preço dos bens deve representar os recursos necessários para a sua produção e que o caixa da
empresa não pode transferir dinheiro para pessoas.
Além disso, os juros não condizem com o objetivo de criar uma moeda correta. Não faz sentido poder criar
dinheiro a partir de dinheiro. Além de ser perverso, pois causa de um fluxo de capital dos que precisam para os que
já possuem, gerando um aumento injusto na concentração de riquezas.
Sem juros, remove-se a necessidade de um mercado de capital na sociedade. Remoção necessária para se
acabar com alguns males como a instabilidade econômica devido a especulações e o direcionamento de capital
apenas a empreendimentos lucrativos.
Para possibilitar a inexistência de juros, o sistema desejado deve ser capaz de possuir contas no positivo
ou no negativo sem cobrá-las por isso. Seria como o próprio sistema tivesse a possibilidade de fazer uma espécie
de empréstimo sem juros, atuar como emprestador ideal.
Dessa maneira, qualquer pessoa ou empresa que precise fazer uma compra ou transferência e não tiver
caixa disponível para tal, poderá fazê-lo, ficando em débito para com a sociedade. Esse tipo de funcionamento
monetário já existe e funciona relativamente bem, se chama LETS (Local Exchange Tranding System) e tem alguns
focos no Reino Unido.
5. Como seria o mundo com o novo sistema?

Podemos criar a base para o florescimento de uma sociedade justa, eficiente e maravilhosa se alterarmos o
funcionamento do nosso sistema. Podemos existir em uma harmoniosa e sustentável sociedade. Sobre uma nova
estrutura mais justa, uma economia digna de uma civilização avançada.
Os problemas econômicos encontrados na modernidade se dão por consequência de um sistema corrupto
que surge inevitavelmente do modelo existente. Com o novo modelo, estaremos livres dos defeitos antigos. Listo
10 problemas resolvidos com a adoção de uma moeda correta.

1) O impacto ecológico diminuiria. O descaso com o meio ambiente das indústrias só acontece por causa
do conflito de interesses entre o lucro e o compromisso ecológico. Existem projetos sustentáveis em todos os
segmentos que não são colocados em prática por ir de encontro aos interesses econômicos.
Sobre o uso de uma moeda correta, o valor que os empresários recebem não diminui caso eles tenham
iniciativas sustentáveis. A reciclagem é remunerada por ser um retorno de um recurso à sociedade. E é cobrada
uma taxa pela exploração de recursos naturais. Logo, constrói-se as bases para boas práticas ambientais em todos
os níveis da sociedade.

2) As desigualdades sociais diminuiriam. A distribuição de riquezas nunca foi justa, mas o sistema
monetário atual favorece a acumulação na mão de poucos. O motivo todo mundo já conhece, quem tem capital
consegue investir e aumentar sua riqueza, quem não tem possui dificuldades de sair da pobreza.
Com a renda surgindo através da mesma equação para todas os cidadãos uma igualdade justa é garantida
pelo próprio sistema.

3) O desemprego reduziria bastante. Com o dinheiro surgindo a partir do trabalho, nenhuma empresa
perderia ao contratar um funcionário a mais. Possuir uma atividade e contribuir para o bem coletivo seria estimulado
e bem recompensado. O desemprego iria naturalmente reduzir a níveis ínfimos.

4) A criminalidade diminuiria como consequência da nova estrutura mais igualitária da sociedade. Além
disso, o dinheiro digital não permitiria que haja furtos de moedas nem transferências não autorizadas.
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5) A inflação deixaria de existir. Sobre o uso de uma moeda correta, os empresários não receberiam o
valor da venda de um produto, logo, os preços não teriam razão para subir de valor continuamente.

6) A instabilidade econômica não existiria mais por duas razões: não haveria especulação no mercado de
investimento e a remuneração das pessoas não estaria baseada no consumo. Dessa maneira não aconteceria quebras
por efeito manada e nem períodos cíclicos de recessão econômica. Constrói-se finalmente os pilares para uma
sociedade continuamente próspera.

7) O consumismo diminuiria. Publicidades em excesso não encheriam nossas mentes com informações
indesejadas. Vendedores não nos tirariam a paciência tentando nos convencer de algo que não queremos. Afinal de
contas no novo sistema monetário as pessoas recebem pela contribuição feita para a sociedade não pela venda.

8) A obsolescência programada deixaria de ser uma realidade. Hoje em dia, organizações fabricam
artigos menos duráveis para que você volte a consumir o mesmo produto em menos tempo, a sandália sempre
quebra no mesmo lugar. Sobre uma moeda correta, os empresários receberiam por satisfazer a demanda, não pela
venda, não há perigo em ter uma clientela satisfeita com o produto que tem em mãos.

9) A maior parte dos tipos de corrupção deixaria de ser possível por causa da existência do fluxo linear
de capital. O dinheiro de organizações não poderia ser transferido para cidadãos, não há a possibilidade de haver
desvio de verbas para favorecimento pessoal. Também não haverá interesse em criar monopólios ou cartéis para
manipular o preço de venda dos produtos e lucrar mais com isso.

10) A competição deixará de ser uma realidade no mundo empresarial, pois não irão disputar vendas, irão
cooperar para satisfazer as demandas da população. A instauração de uma sociedade melhor trará benefícios às
nossas mentes e nossos espíritos. Poderemos finalmente viver em paz e em uma comunidade global. As interações
com as outras pessoas serão mais genuínas. Todo mundo poderá viver em abundância!
Estrutura das Organizações
As organizações funcionariam independentemente do Estado. Fazendo uma analogia com o corpo humano,
as pessoas são as células, as organizações são os órgãos e o Estado é o cérebro, apenas mais um órgão que não
decide como os outros funcionam, mas decide o que o corpo como um todo realiza.
A proposta pode parecer uma mudança radical demais, no entanto, o funcionamento de qualquer
organização permanecerá praticamente o mesmo. Não há alteração necessária na produção, distribuição ou
hierarquia da mesma, apenas uma mudança no sistema financeiro. Seria como entregar a responsabilidade com
pagamentos de funcionários para um terceiro competente e ficar responsável pelo resto.
Logo, uma organização do sistema desejado é uma pessoa jurídica possuidora de uma conta no sistema
que trabalha com fluxo de moeda para justificar a sua existência. É uma entidade com pertences atribuídos a ela,
como dinheiro, maquinário e construções. Recebe das pessoas através do fornecimento de um bem ou através de
doações. Utiliza o valor recebido para comprar matéria-prima, transferir para outras organizações de sustentação e
pagar as taxas de utilização ao Estado.
No capitalismo, o entendimento que os meios de produção pertencem ao detentor do capital cria uma
justificativa para a exploração da mão de obra. A solução encontrada pelo socialismo foi entregar toda a posse ao
Estado, o que é ineficiente. Como disse Aristóteles, a virtude está no caminho do meio, a solução é entender que a
posse dos meios de produção é da organização que os utiliza. As organizações são entidades maiores que seus
donos, os seus bens não podem ser transferidos para um indivíduo e será de posse daquela empresa para sempre.
Caso opte por vender um ativo, o valor recebido pertencerá ao caixa da empresa.

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O Papel do Estado
O Estado é composto de diversas entidades que em atuação em conjunta permitem o funcionamento da
sociedade pelos princípios republicanos. Algumas funções principais devem se manter características de uma
entidade nacional única. A defesa do território nacional exercida pelo exército; o funcionamento de uma justiça
capaz de estabelecer um contrato social gerador de paz; a polícia necessária para conter ações em que a liberdade
individual se considere superior a coletividade; entre alguns outros arbitrários são poderes característicos de uma
entidade central, o Estado.
O sistema desejado permite que as organizações possuam autonomia nas suas gerências sem que haja
malefícios para a sociedade. Percebe-se que se tenta possuir as características positivas do livre mercado. São os
consumidores aqueles que possuem o direito de escolher qual organização deve continuar funcionando através da
utilização de seu salário. As pessoas devem possuir a liberdade de abrir um próprio negócio para satisfazer alguma
demanda da população. E embora as organizações possuam um caixa próprio separado da conta do empresário, a
gerência das empresas é de competência de seus donos.
Caberá ao Estado ter o poder de encerrar o funcionamento de empresas que estão apresentando resultado
negativo durante muito tempo, ou seja, empresas que estão gastando mais recursos do que produzindo. Isso é
fundamental para se garantir uma alocação racional de recursos e inovação na sociedade. Essa maneira de decidir
quais organizações devem operar na sociedade é igual a do livre mercado.
Uma vez que os funcionários públicos já estão sendo pagos pelo sistema e que as organizações públicas
podem funcionar com o incentivo dos cidadãos, não será necessário cobrar impostos. No entanto, o país pode
preferir que haja um investimento contínuo para certas organizações de caráter fundamental para o funcionamento
do Estado. Nesse caso, impostos de renda podem ser cobrados da população por um governo que direcionaria o seu
uso.

Agora, em relação ao funcionamento do sistema desejado, temos um ponto importante a tratar. Quem irá
gerir o funcionamento da moeda proposta? Temos duas opções:
1- O sistema desejado será gerido pelo Estado
2- O sistema desejado será gerido por uma iniciativa privada
Em ambos os casos as suas funcionalidades previstas serão as mesmas, mas a prática pode ser muito
diferente. As diferenças principais se dão nas competências para gerir as instituições do sistema, na origem da
reserva necessária para o funcionamento da moeda e nas alterações que devem ser feitas na legislação nacional.
6. Dá pra fazer?

A alteração proposta é característica de nossa época devido ao desenvolvimento recente de tecnologias na


área de criptomoedas e bancos digitais. A nova moeda digital pode ter regras diferentes de uma moeda física, cabe
a nós entender quais sãos as melhores regras possíveis para o bom funcionar de nossa civilização. Esse manifesto
propõe um conjunto de regras decente, no entanto, não há como ter certeza de todas as características ideias para o
melhor sistema possível. É necessário experimentar e melhorar com a prática. Para o bem do futuro da humanidade,
é preciso possibilitar que esse modelo e outros sejam testados.

O Software
Uma organização será responsável pela infraestrutura de toda essa orquestra. Um programa que permita
que sejam realizadas todas as transações financeiras cotidianas. Receberá informação dos cidadãos membros sobre
os contratos de prestação de serviços e a utilização do valor gerado. Receberá informação das organizações
membros sobre os funcionários, os gastos e as vendas. Informará aos membros a quantia em posse e o histórico de
utilização detalhado. Garantirá a reserva de valor a partir da moeda digital que é responsável.
Tecnologias que possibilitem essa estrutura estão sendo desenvolvidas e implantadas ao redor do mundo
por vários empreendimentos financeiros. Estão apresentando algoritmos de funcionamento cada vez mais leves,
possibilitando a escalabilidade, e um nível de segurança cada vez mais confiável. No entanto, o sistema desejado
possui características únicas, deverá desenvolver a própria tecnologia para funcionar. A decisão sobre a arquitetura
da moeda correta acontecerá em momento oportuno pelos responsáveis por sua construção.
Eu tenho uma ideia de como ela será e vou dividir aqui, embora isso se trate apenas de um palpite. Não
gosto da tecnologia por trás das criptomoedas, são pesadas e lentas. Não gosto de ter bancos controlando as regras
do funcionamento monetário. Logo, o sistema que desejo possui bancos de dados e processadores próprios,
divididos pelo mundo de forma que a inoperância de um ou mais não prejudique o funcionamento geral. Essas
máquinas devem rodar sem sofrer intervenções. Dessa maneira, teremos um sistema monetário que não obedece a
vontades de algum grupo e suas regras serão conhecidas por todos.
Imagino o exército tomando conta da segurança em torno das máquinas e protocolos de segurança
avançados fazendo a segurança virtual. O sistema vai beber de diversas fontes, então cabe aos diversos atores da
sociedade contribuir com os valores necessários para o sistema funcionar. Tudo isso para garantir que o valor
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atribuído a cada conta esteja seguro e possa ser usado como moeda. Para ser utilizável e propor uma experiência
prazerosa ao cidadão, o sistema deve possuir todas as funcionalidades aqui previstas de maneira amigável ao
usuário.

Para completar o funcionamento do sistema desejado, diversas instituições deverão ser criadas:
-Uma responsável pela manutenção do maquinário necessário.
-Outra pela segurança local e virtual do sistema.
-Um conselho para avaliar e discutir os valores dos salários.
-Um banco para guardar as reservas do sistema, garantindo o valor da moeda.
-Um tribunal para julgar pessoas recebendo injustamente ou compras maldosas por parte das empresas.

Alteração na legislação
Segundo o artigo 463 do Código de Leis Trabalhistas: A prestação, em espécie, do salário será paga em
moeda corrente do país.
Segundo o artigo primeiro da lei de número 9.069 sobre o sistema monetário nacional: A moeda corrente
no país é o Real.
Segundo o artigo 21 da constituição: Compete à União emitir moeda.
Segundo o artigo 164 da constituição: A competência da União para emitir moedas é exercida
exclusivamente pelo banco central.
Segundo o artigo 43 da Lei de contravenções penais: Recusar-se a receber, pelo seu valor, moeda de curso
legal no país é sujeito a multa.

Logo, se o sistema for gerido pelo Estado, caberá ao banco central regular a emissão de novas moedas.
Será necessário que o nosso código de leis entenda a existência da nova moeda como corrente no país para que seja
possível pagar o salário dos indivíduos.
No caso do sistema sendo gerido por uma iniciativa privada, deve-se atribuir a competência de emitir
moedas a outros órgãos e considerar as novas moedas como correntes no país.
No entanto, existem várias moedas sociais paralelas no Brasil e elas não são questionadas, pois se adaptam
aos interesses do governo. Essas moedas não comercializam seus papéis, têm um caráter social e não possuem
impacto no valor do real. Na prática, um conjunto de leis complementares serão criadas para tratar a implementação
do novo sistema monetário.
A Transição
Não existe “de repente” nas leis do universo.
A alteração do modelo de sociedade acontecerá pois estamos vivendo sobre a influência de duas curvas
evolucionais importantes. A evolução do conhecimento e a evolução tecnológica. Ambas alteram como percebemos
e interagimos com o mundo. Cedo ou tarde, o sistema capitalista não será mais compatível com as aspirações da
humanidade e uma maneira melhor de se organizar será tecnologicamente possível.
Percebe-se a evolução do conhecimento na história. Inevitavelmente nós aprendemos com os erros e
repetimos os acertos.
Percebe-se a evolução tecnológica em nossas mãos. Aprendemos a nos comunicar com o celular nos
últimos anos. Computador, internet, automação e inteligência artificial são inovações recentes que alteraram nossa
relação com o mundo.
Apesar de ser notável a influência dessas duas curvas nas nossas vidas, nós não estamos apenas boiando
nesse mar de eventos chamado história. Escolhemos para onde nadamos e isso faz toda a diferença. A decisão sobre
para onde nadar é primeiramente de nossa responsabilidade, mas também é influenciada por nossa cultura e
educação. A busca por uma cultura humana global capaz de mostrar o melhor caminho a ser tomado é um objetivo
crucial da nossa época.
Nossa história na terra está tão marcada pela evolução que essa parece ser a razão da nossa existência. A
evolução cósmica, através de bilhões de anos, culminou na criação das estrelas e dos planetas, dentre eles a Terra.
Sobre a superfície do globo, a evolução cognitiva das formas de vida, através de milhões de anos, culminou em
estruturas biológicas complexas, dentre elas o ser humano. Os agrupamentos humanos espalhados pelo globo
aprenderam a se relacionar com a natureza, a evolução de ferramentas, através de milhares de anos, culminou na
criação de espaços antropológicos organizados. As civilizações estão aprendendo a viver de acordo com a natureza
humana, a evolução da cultura, através de anos, culminará na criação de uma estrutura econômica e política
organizada.

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A adoção do sistema desejado representaria um marco na história da humanidade. Uma transição entre a
barbárie e a construção de uma civilização organizada. Para que isso seja possível é necessário esforço para a
construção do que é necessário. Uma vez que ele existir legalmente, a sua adoção e difusão será uma questão de
tempo.

São dois grandes passos a serem dados a partir de agora:

1 - O Sistema Desejado deve ser criado e estar operacional.

2 - Deve ser legalmente permitido aderir ao novo sistema.

Passos menores podem ser dados para contribuir no desenvolvimento:


-Pesquisas acadêmicas relacionadas com as implicações econômicas da adoção.
-Um simulador com as funcionalidades propostas para testar como as pessoas reagiriam à adoção do novo modelo.
-Um aplicativo para ajudar a explicar como seria a experiência do usuário.
-Um documentário para explicar o modelo à população.
-Um site para evidenciar o progresso do projeto e possibilitar o encontro de pessoas interessadas em realizar alguma
atividade acima e pessoas interessadas em investir nelas.
-A divulgação do conteúdo é necessária para que um dia ocorra a legalização e adoção.

Obrigado por ter conhecido O Manifesto do Sistema Desejado.

Gustavo Cartaxo
14/03/2019

Sonho que se sonha junto é realidade.

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