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FACAMP – Faculdade de Campinas

Curso de Relações Internacionais


Laboratório de Pesquisa em Relações Internacionais – Lapri V
1º Semestre de 2010
Catarina Rodrigues Duleba RA: 200910938

Comentário do Filme “O Homem Que Matou o Facínora”

“O Homem Que Matou o Facínora” (The Man Who Shot Liberty Valance)
é um filme de 1962, dirigido por John Ford, de gênero Faroeste. Na primeira
cena, o senador Ransom Stoddard, interpretado por James Stewart, e sua
esposa Hallie chegam de trem na estação de Shinbone. Como em outros filmes
do gênero, o trem representa o progresso e a civilização, em contraposição ao
oeste selvagem, sem leis. Ao chegar, um jovem jornalista pede uma entrevista
ao senador após informar o nome do diário local, “Shinbone Star”. Indagado
sobre o motivo da visita, Stoddard conta que veio ao funeral de Tom Doniphon,
um homem desconhecido pelas mais novas gerações. Enquanto o jornalista
avisa ao editor da folha a chegada de Stoddard, sua esposa vai a um passeio
pela cidade com um velho amigo, o ex-xerife Link Appleyard. Hallie comenta
que o lugar havia mudado com a chegada da estrada de ferro, porém, Link diz
que o deserto continuava o mesmo. No funeral, Ransom é entrevistado e
relembra a época em que era um advogado e decidira enfrentar, juntamente a
Tom, um bandido que ameaçava a cidade, Liberty Valence.

A partir desse momento, a história começa a ser narrada: Ransom


Stoddard, um jovem idealista, recém-formado no curso de Direito chega ao
pequeno vilarejo do Oeste e é roubado, reagindo ao apelar pela lei. Decide
então que faria o que pudesse para que o líder dos bandidos, Valence, fosse
preso. Entretanto, não era dessa forma que funcionava o “Velho Oeste”, ali não
havia leis e a violência predominava. Em Shinbone, o herói da história é
acolhido pela família de imigrantes de sua futura esposa, Hallie, e também
conhece Tom Doniphon, que o alerta que a única lei que prevalecia no local era
a lei do mais forte. Sendo assim, Tom lhe ofereceu uma arma para fazer justiça
contra o bandido, no entanto, Ransom recusa por ser um homem da lei.
Ao tomar conhecimento sobre os problemas do lugar, através do jornal
“Shinbone Star”, Stoddard começa a dar aulas de Inglês, Política e Direito para
o povo do vilarejo. É possível perceber que, por mais que a violência domine a
região, ainda há liberdade de imprensa e a opinião pública ainda é um aliado
para se manter a ordem. Falando em ordem, também chama a atenção o lema
usado por Stoddard em suas aulas: “A educação é a base da lei e da ordem”.
Contudo, Doniphon representa o típico cowboy machão que não acreditava na
importância da educação, sendo para ele, a ordem mantida através da bala.
Ainda assim, se destacava por ser um homem bom e honrado, além de
também lutar contra o crime. O jornal “Shinbone Star” delatava que os
criadores de gado da região eram contra a transformação do território em
estado. Sendo a região uma zona livre, era possível que os criadores de gado
mantivessem certo poder sobre o povo, em forma de coronelismo, através de
uma milícia formada por Valence e sua gangue. Em contrapartida, como
estado, a região teria leis, proteção à propriedade e educação.

Stoddard procurou educar a população e ensinar sobre cidadania e a


importância do voto. As eleições regionais, incentivadas por ele, são o assunto
da cidade. Ele é eleito, juntamente com o editor do jornal, Dutton Peabody, o
que enfurece Liberty Valence. Assim, o bandido desafia Ransom para um duelo
e Tom o aconselha a sair da cidade. Esse é o momento principal do filme: Irá
Stoddard renegar seus valores e tentar tirar a vida de um homem através da lei
do mais forte que predomina no lugar ou o trabalho será feito por Tom
Doniphon, o único homem que é capaz de fazê-lo? Ransom decide enfrentar o
bandido e o único tiro que dá, mata Liberty Valence, tornando-o uma lenda.
Porém, o que só soube depois é que, na verdade, havia errado o tiro e quem
realmente havia atirado e matado o bandido foi Tom, escondido atrás de uma
casa.

A fama fica com Stoddard, que vira um homem público após ter
enfrentado o representante do crime da região. Ele também fica com a
mocinha, Hallie no final. O herói da história conseguiu o que queria, mas não
da forma que planejava. Há nesse ponto a crítica do filme: o reconhecimento
não veio por Stoddard ser um homem da paz, e sim, por uma imagem
totalmente oposta, mesmo que infundada.
Contada a verdade sobre a história da morte do facínora aos jornalistas,
o editor do jornal decide não publicar a verdade e diz uma frase que se tornou
clássica:

- Senhor, aqui é o Oeste. Quando uma lenda torna-se um fato,

publicamos a lenda.

Ali, o que valia era o mito.

O dilema de Stoddard é uma questão central do filme. Seu personagem


representa o progresso vindo do leste, a decência e a educação que trariam
liberdade ao povo. Podemos comparar com “os ventos do leste, da Europa”, na
forma do Iluminismo que iria civilizar o Novo Mundo. A personagem da Srta.
Hallie representa bem uma típica moça de família de imigrantes, que ajudaram
a construir a nação norte-americana. Pompey, um negro que ajudava Tom, nos
mostra como era o papel do negro na época. Mesmo que a história se passe
depois da Guerra Civil, era claro que o tratamento aos negros não era igual.
Além disso, um ponto que chama a atenção é que o filme é de 1962 e essa
questão era bem atual já que a lei dos direitos é de 1961. Tom Doniphon
representa a lei como era aplicada no “Velho Oeste”: através da bala. O xerife
Link, um homem covarde, é uma figura que mostra que a lei e a justiça não
valiam na cidade. Liberty Valence é quem representa o crime, a violência e as
milícias do coronelismo. O editor do jornal, Dutton Peabody representa a
imprensa. O papel da imprensa levanta um ponto importante também no filme.
Em um primeiro momento, jornalistas exigem uma declaração do senador, já
que o povo tem o direito de saber o motivo que o leva à cidade. Devemos
lembrar ainda, que Ransom só soube das questões do vilarejo através do
jornal, da liberdade de imprensa que não se calou mesmo em um momento de
violência. Por fim, há a discussão da imprensa na criação de mitos, de heróis.

Assim, o filme nos leva a uma discussão. O deserto continua o mesmo


porque a sua fundação como estado foi através da lenda. No cerne da lei, há
sangue derramado. Há aí, o mito sobreposto ao fato. Na civilização do oeste,
valeram mais a violência e a força do que livros e leis na conquista de
fronteiras, sempre aliadas à imprensa, já que é através da mídia que a lenda
torna-se fato. Dessa maneira, é possível uma comparação à consolidação do
que Carlos da Fonseca chama de um “mito norte-americano”. Durante o século
XVIII, o que constituiu a base da religião civil americana foram os mitos
“fundacionais” (destacados pelo autor: Providência Divina, Cidade na Colina,
Jardim do Éden, Missão na Natureza, etc.), sobre a influência do Great
Awakening e da “racionalização” do pensamento iluminista. Assim como o mito
execepcionalista do Destino Manifesto discute a transformação do mundo pela
expansão ou pelo exemplo.

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