Sie sind auf Seite 1von 23

GUIA

GUIA DATAPALMA
DATAPALMA
HISTÓRIA BRASIL
HISTÓRIA DO BRASIL
CACD
TPS

2017
ÍNDICE
SOBRE
Esta é uma pequena contribuição que compartilho com meus colegas que aspiram um cargo na
diplomacia. Resultado de anotações e observações que adquiri na minha, ainda breve, jornada de
preparação.
O objetivo deste guia é fornecer ao candidato à carreira diplomática uma análise do conteúdo
de História do Brasil cobrado na prova de 1ª fase do CACD (TPS).
Muitos candidatos encontram grandes diculdades em encontrar um rumo para os estudos
diante da vastidão do conteúdo presente no edital. Costumam se perder em extensas leituras,
absorvendo um conhecimento interessante sobre a história do Brasil, porém muitas vezes
conteúdos que não apresentam relevância para o CACD.
Ao estudar para um concurso é bom lembrarmos que estamos estudando para uma prova,
com características e padrões especícos. Conhecer bem a prova é uma vantagem dos candidatos
melhor preparados.
Olhando para trás, estatisticamente, é possível vericar os temas mais pertinentes, podendo
tornar o processo de aprendizagem mais claro e objetivo.
Este guia não pretende ser uma “bola de cristal” pra prever o que cairá no TPS de 2017, mas apenas
um facilitador para melhor assimilação do conteúdo a ser estudado.

Espero em breve publicar os de outras matérias.

Aguardo o contato de vocês para feedback, apontamento de erros e sugestões.

Obrigado e bons estudos.

Estevan de Menezes Palma (DataPalma)

Email: estevan_menezes@hotmail.com

03
O EDITAL
1 O período colonial. 6.4 A economia agroexportadora.
1.1 A conguração territorial da América Portuguesa. 6.5 A crise dos anos 20 do século XX: tenentismo e
1.2 O Tratado de Madri e Alexandre de Gusmão. revoltas.
6.6 A Revolução de 1930.
2 O processo de independência. 6.7 A política externa: a obra de Rio Branco; o pan-
2.1 Movimentos emancipacionistas. americanismo; a II Conferência de Paz da Haia (1907);
2.2 A situação política e econômica europeia. o Brasil e a Grande Guerra de 1914; o Brasil na Liga
2.3 O Brasil sede do Estado monárquico português. das Nações.
2.4 A inuência das ideias liberais e sua recepção no 6.8 Sociedade e cultura: o Modernismo.
Brasil.
2.5 A política externa. 7 A Era Vargas (1930-1945).
2.6 O Constitucionalismo português e a independência 7.1 O processo político e o quadro econômico
do Brasil. nanceiro.
7.2 A Constituição de 1934.
3 O Primeiro Reinado (1822- 1831). 7.3 A Constituição de 1937: o Estado Novo.
3.1 A Constituição de 1824. 7.4 O contexto internacional dos anos 1930 e 1940; o
3.2 Quadro político interno. Brasil e a Segunda Guerra Mundial.
3.3 Política exterior do Primeiro Reinado. 7.5 Industrialização e legislação trabalhista.
7.6 Sociedade e cultura.
4 A Regência (1831-1840).
4.1 Centralização versus descentralização: reformas 8 A República Liberal (1945-1964).
institucionais. 8.1 A nova ordem política: os partidos políticos e
4.2 O Ato Adicional de 1834 e revoltas provinciais. eleições; a Constituição de 1946.
4.3 A dimensão externa. 8.2 Industrialização e urbanização.
8.3 Política externa: relações com os EUA; a Guerra
5 O Segundo Reinado (1840-1889). Fria; a “Operação Pan-Americana”; a “política externa
5.1 O Estado centralizado; mudanças institucionais; os independente”; o Brasil na ONU; o Brasil no Rio da
partidos políticos e o sistema eleitoral; a questão da Prata; o Brasil e a expulsão de Cuba na OEA.
unidade territorial. 8.4 Sociedade e cultura.
5.2 Política externa: as relações com a Europa e os
Estados Unidos da América; questões com a Inglaterra; 9 O Regime Militar (1964-1985).
a Guerra do Paraguai. 9.1 A Constituição de 1967 e as modicações de 1969.
5.3 A questão da escravidão. 9.2 O processo de transição política.
5.4 Crise do Estado Monárquico. 9.3 A economia.
5.5 As questões religiosa, militar e abolicionista. 9.4 Política externa: relações com os EUA; o
5.6 Sociedade e cultura: população, estrutura social, “pragmatismo responsável”; relações com a América
vida acadêmica, cientíca e literária. Latina, relações com a África; o Brasil na ONU.
5.7 Economia: a agroexportação; a expansão 9.5 Sociedade e cultura.
econômica e o trabalho assalariado; as políticas
econômico-nanceiras; a política alfandegária e suas 10 O processo democrático a partir de 1985.
consequências. 10.1 A Constituição de 1988.
10.2 Partidos políticos e eleições.
6 A Primeira República (1889-1930). 10.3 Transformações econômicas.
6.1 A proclamação da República e os governos 10.4 Impactos da globalização.
militares. 10.5 Mudanças sociais.
6.2 A Constituição de 1891. 10.6 Manifestações culturais.
6.3 O regime oligárquico: a “política dos estados”; 10.7 Evolução da política externa.
coronelismo; sistema eleitoral; sistema partidário; a 10.8 MERCOSUL.
hegemonia de São Paulo e Minas Gerais. 10.9 O Brasil na ONU.

04
OS GRÁFICOS
Este talvez seja o nosso gráco mais importante. Relacionamos o número de questões
com os conteúdos cobrados em cada ano. Dele podemos tirar muitas conclusões, dentre
elas:

Ÿ Um crescente aumento na cobrança de conteúdo relacionado ao século XX. Ocupando


praticamente 85% da prova em 2016. (Compare a progressão nos itens de tom azul de 2011
até 2016).
Ÿ O tópico “2. Processos de Independência” caiu em todos os anos.
Ÿ A prova de 2014 foi bem balanceada.

Na próxima página podemos observar melhor como se dividiu o conteúdo especíco


em cada ano.

24

22

20
4

2
18
5

2
16
4

1 3
14
8

12
4

2
9

10
5

1 5

8
4

6
1 1 2
5

4
5
2

0
4

2016 2015 2014 2013 2012 2011

1. O Período Colonial 6. A Primeira República


2. O Processo de Independência 7. A Era Vargas
3. O Primeiro Reinado (1822-1831) 8. A República Liberal
4. A Regência (1831-1840) 9. O Regime Militar
5. O Segundo Reinado (1840-1889) 10. O Processo Democrático

Gráco 1

05
OS GRÁFICOS

1. O Período Colonial

2. O Processo de Independência

3. O Primeiro Reinado (1822-1831)

4. A Regência (1831-1840)

5. O Segundo Reinado (1840-1889)

6. A Primeira República

7. A Era Vargas

8. A República Liberal

9. O Regime Militar

10. O Processo Democrático

Gráco 2

06
A BANCA
Em 2015 o Cespe, pela primeira vez divulgou a composição da banca da 1ª Etapa.

Para as provas de História do Brasil e História Mundial os seguintes nomes:

Francisco Doratioto Antônio José Barbosa

Professor Titular do Instituto Rio Branco É professor no Departamento de História


desde 1988. Desde 2010 um dos integrantes da da Universidade de Brasília desde 1987.
banca de 3ª fase.

Obras em destaque: Obras em destaque:

§ Rio Branco e a consolidação da Amazônia § BARBOSA, A. J. . Lembrai-vos de 1945.


brasileira: a questão do Amapá. Revista Múltipla Política Democrática (Brasília) , v. 19, p. 33-37,
(UPIS), Brasília, v. 7, p. 75-96, 2001. 2007.
§ A política platina do Barão do Rio Branco. § BARBOSA, A. J. . O parlamento e a política
Revista Brasileira de Política Internacional, externa: as relações Brasil-Portugal. Lusíada.
Brasília, v. 02, p. 130-149, 2000. Revista de Ciência e Cultura , v. 3, p. 61-66, 2002.
§ O Império do Brasil e a Argentina (1822- § BARBOSA, A. J. . Parlamento, política
1889). Textos de Historia (UnB), v. 16, p. 217- externa e o Golpe de 1964. In: Estevão Chaves de
247, 2008. Rezende Martins. (Org.). Relações
§ O Brasil e as grandes potências no século Internacionais: visões do Brasil e da América
XX (1902-1991). Revista Múltipla (UPIS), v. 15, p. Lationa. 1ed.Brasília: IBRI, 2003, v. , p. 249-274.
41-69, 2006.
§ O Brasil no Rio da Prata (1822-1994)"
§ História e Ideologia: a produção brasileira
sobre a Guerra do Paraguai
§ Guerra e regeneração: três estudos sobre o
Paraguai
§ Tentativas de paz na Guerra do Paraguai
§ O Império do Brasil e a Argentina (1822-
1889)

07
AS QUESTÕES
Considerações Importantes 1. O Período Colonial

1. O Tratado de Madri tinha como princípio principal,


Ÿ Algumas questões podem envolver múltiplos temas
quanto à denição de fronteiras, o uti possidetis e como
do conteúdo programático. Vejamos a questão 47.4
argumento subsidiário, aplicável à foz do Amazonas e ao
do TPS de 2016:
Rio da Prata, o mare liberum.
2. A expansão territorial para o sul, para que o Rio da
Ressalvadas as especicidades de cada período, é possível
Prata fosse limite natural, resultou na fundação de
traçar um paralelo entre o Estado Novo e o regime militar
Montevidéu em 1680.
implantado em 1964: de modo semelhante ao de Getúlio Vargas,
3. No século XVII, os portugueses conquistaram o
que tentou conduzir a reforma política que o manteria no poder, o
litoral nordestino e a foz do rio Amazonas. X
regime militar procurou conduzir, a partir de Ernesto Geisel, o
4. A criação de gado foi a primeira atividade produtiva
processo de abertura “lenta, gradual e segura” como forma de
promotora da interiorização mais profunda da
manter o controle do processo de transição no qual haveria o
colonização.
retorno do poder civil e a volta dos militares aos quartéis.
5. Com o Tratado de Madri, assinado durante o
reinado de D. José I, a Espanha reconheceu a soberania
Neste caso levamos em conta o conjunto de questões
portuguesa sobre extensão territorial, na América,
em que ela está inserida na prova, portanto
superior à delimitada pelo Tratado de Tordesilhas.
consideramos a questão como o ponto 7. Era Vargas.
6. A descentralização administrativa da América
portuguesa foi uma das estratégias políticas pombalinas
de constituição de um império em dois continentes, no
Ÿ Em anos anteriores a prova mesclava questões de intuito de preservar a integridade do Brasil. E
múltipla escolha e de “certo ou errado”. Desde 7. No período referido acima, Portugal rearmou a sua
2014 o CESPE vem adotando o padrão “certo ou soberania sobre a província do Maranhão ao reprimir a
errado” para todas as questões do TPS. Todas as tentativa do aventureiro inglês Beckman de se apossar
questões presentes no Guia seguem este padrão. dessa província.
8. O enfrentamento militar com os espanhóis no
Ÿ Para as questões de múltipla escolha dos anos 2011, Brasil meridional culminou com a ocupação parcial do
2012 e 2013, consideramos no gabarito o item Rio Grande de São Pedro, pela Espanha, por mais de
correto da questão como certo (C) e os demais uma década.
como errados (E). 9. A Convenção de Sintra, assinada por Portugal e
Inglaterra, por inuência do Marquês de Pombal,
Ÿ Questões que remetem diretamente a algum texto possibilitou a consolidação da soberania inglesa na
têm o texto referência indicado em LARANJA. Guiana, no norte da Amazônia.
10. A despeito da importância econômica que
desempenhavam, comerciantes e mercadores reinóis
enfrentavam, no Brasil, grande diculdade para
alcançar representação política.
11. Entre as cláusulas do Pacto Colonial incluía-se a da
obrigatoriedade de que os mercadores portugueses,
quando solicitados, colaborassem militarmente com as
forças da metrópole.
12. A centralização do poder político, reetida na
concentração do aparato burocrático do império
português em Lisboa, deu origem à monopolização do
comércio colonial pelos mercadores lisboetas.

08
13. As companhias de guerra conguravam soluções 2. A ocialização do rompimento entre o Brasil e a
econômicas típicas do mercantilismo colonial metrópole portuguesa, ainda que conduzida por setores
português, estando as expedições de exploração dos da elite política colonial, tendo à frente o próprio
novos territórios associadas à captura de mão de obra príncipe regente D. Pedro, se fez acompanhar da ação
escrava indígena. popular que, em alguns pontos do território brasileiro,
14. Em oposição às deter minações da Coroa enfrentou as tropas portuguesas que se insurgiram
portuguesa, ao longo do século XVII, colonos partiram contra a independência, a exemplo da batalha do
de Piratininga em busca de riquezas pelos sertões afora, Jenipapo, no Piauí, e da guerra nalmente vencida pelos
o que foi decisivo para a conguração das fronteiras do baianos em 2 de julho de 1823.
Brasil e para a consolidação de São Paulo como 3. Decisão estratégica de D. João VI, a criação do
importante polo econômico no período colonial. Reino Unido, em 1815, objetivou demonstrar, às forças
15. As tensões entre castelhanos e portugueses, no políticas que passaram momentaneamente a dominar o
Novo Mundo, tiveram início com a decisão, tomada por cenário europeu devido à derrota imposta a Bonaparte e
Portugal, de ocupar vastas extensões de terra na bacia ao pretenso aniquilamento do legado da Revolução
amazônica, já nas primeiras décadas do século XVI, e Francesa, que Portugal não se curvava aos ditames do
atingiram dimensão ainda mais violenta na vigência da Congresso de Viena
União Ibérica (1580-1640). 4. Há relativo consenso historiográco quanto ao fato
16. Ponto principal entre as diversas áreas de de que a transferência do Estado português para a
colonização portuguesa no extremo sul do Novo Mundo, colônia foi decisiva para que o processo de
a Colônia de Sacramento foi fundada para servir como independência do Brasil, já em curso desde as últimas
base do comércio lusitano na região, e a necessidade de décadas do século XVIII, sofresse solução de
neutralizar a crescente importância econômica dessa continuidade e só se concretizasse após a vitória da
colônia levou os espanhóis a fundarem Buenos Aires na revolução absolutista irrompida no Porto, em 1820.
outra margem do rio da Prata. 5. O contexto histórico europeu das duas primeiras
17. A decisão castelhana de invadir a Colônia de décadas do século XIX em muito favoreceu a
Sacramento, motivada por interesses especícos da Independência do Brasil: a relativa paz alcançada com a
elite de Buenos Aires, foi tomada quando o estado de renúncia de Napoleão Bonaparte ao projeto
hostilidade entre Castela e Portugal, presente em expansionista que embalara suas pretensões
grande parte da segunda metade do século XVIII, imperialistas e o m da era revolucionária levaram as
sinalizava evidente distensão. monarquias ibéricas a conceder a emancipação de suas
18. No período entre a assinatura dos tratados de Madri colônias.
(1750) e de Santo Ildefonso (1777), as duas metrópoles 6. A vitória da Revolução Constitucionalista do Porto,
ibéricas foram levadas ao confronto bélico na fronteira em 1820, teve o efeito de adiar a Independência do
meridional do Brasil, cujo resultado beneciou Brasil: por ser liberal, além de eliminar os resquícios de
Portugal, que anexou à sua colônia territórios que, pelo a b s o l u t i s m o e m Po r t u g a l , e l a a m p l i o u
disposto no Tratado de Tordesilhas, pertenciam à consideravelmente a autonomia da colônia, atendendo
Espanha. aos interesses dos potentados rurais e dos comerciantes
urbanos.
7. A abertura dos portos, tão logo a Corte portuguesa
2. O Processo de Independência chegou ao Brasil, signicou a ruptura do pacto colonial
que denia as relações de dominação e de dependência
1. As teses libertárias do Iluminismo, que embalaram entre metrópole e colônia, rompendo com o monopólio
a Revolução Francesa de 1789 e impulsionaram a (“exclusivo de comércio”) e abrindo largos espaços à
independência das treze colônias inglesas na América entrada de produtos britânicos na colônia; essa
do Norte, em 1776, também chegaram ao Brasil, inuência britânica ampliou-se, a seguir, com a
presentes em movimentos emancipacionistas como as assinatura de tratados vantajosos para o país pioneiro da
Conjurações Baiana (1798) e Mineira (1789). Revolução Industrial.

09
8. Embora conduzida pelo príncipe herdeiro do trono 15. A Revolução Liberal do Porto, em 1820, criou, tanto
português, a Independência é consensualmente vista em Portugal quanto no Brasil, um clima de liberdade,
como ato político que rompeu com as estruturas básicas que favoreceu a discussão de novas ideias políticas.
do período colonial, o que foi possível em face da 16. A tentativa das Cortes de Lisboa de impor à colônia
conciliação que aproximou as elites brasileiras em torno brasileira a condição de Reino Unido, por acarretar
do projeto maior de assegurar a emancipação do país e impostos adicionais à elite local, foi o fato
de inseri-lo vantajosamente na economia internacional. desencadeador da Proclamação da Independência do
Brasil.
9. A transferência da sede do Estado português para 17. A derrota portuguesa da tentativa de ocupar a
sua colônia americana foi decisiva para a emancipação Banda Oriental desmoralizou D. João perante as elites
política do Brasil, como evidencia o m do monopólio brasileiras e contribuiu para o surgimento do projeto de
comercial metropolitano determinado pela abertura dos rompimento dos laços coloniais.
portos brasileiros ao comércio internacional, decisão 18. O reconhecimento da independência do Brasil,
que rompia com um dos esteios da política econômica diferentemente do que se vericou com as colônias
mercantilista. espanholas na América, ocorreu mediante negociação
10. Entre as conspirações que exploraram o quadro de tripartite, na qual se destacou a mediação da Inglaterra
crise do sistema colonial, como apontado no texto, entre metrópole e ex-colônia.
nenhuma foi mais importante que a Conjuração 19. A Inglaterra demorou a reconhecer o Brasil
Mineira, em 1789, quando, a partir de Vila Rica — independente, porque, a despeito da importância
próspero centro minerador e no auge de sua capacidade relativamente pequena do mercado brasileiro para as
exploradora —, os incondentes disseminaram pela exportações britânicas e do m do tráco africano
colônia seus ideais emancipacionistas, republicanos e assegurado pelo governo de D. Pedro I, era forte a
abolicionistas. Texto 8 resistência das elites locais à renovação dos tratados de
11. Enquanto as ideias iluministas, que 1810, extremamente vantajosos para os ingleses.
fundamentaram a Revolução Francesa em 1789, 20. O trecho nal do texto sugere que o
chegavam ao Brasil e incendiavam os movimentos pela reconhecimento do Estado nacional brasileiro pelos
independência, que se multiplicavam pela colônia, a Estados Unidos da América (EUA) era condição
independência das treze colônias inglesas da América essencial para que outras potências também o zessem,
do Norte foi ignorada tanto nas colônias hispânicas devido à relevância de Washington no jogo de poder
quanto no Brasil. mundial e à amplitude de sua ação internacional na
12. Transformando as bases materiais da sociedade, primeira metade do século XIX. Texto 11
com vigorosa repercussão política, social e cultural, a 21. O reconhecimento da independência brasileira pela
Revolução Industrial rompeu com os elementos de Inglaterra ocorreu quase simultaneamente à decisão
sustentação da economia vigente na Idade Moderna, dos Estados Unidos da América (EUA) de reconhecer o
subvertendo os pilares do antigo sistema colonial sobre nascimento do Estado brasileiro sob a liderança do
os quais se assentara a colonização portuguesa na antigo príncipe regente português; em ambos os casos,
América. condicionou-se o reconhecimento à abertura do
13. O movimento republicano secessionista no norte do mercado brasileiro ao comércio internacional.
Brasil, em 1820, propiciou a conscientização da elite do 22. A emancipação política do Brasil, além de não
sudeste da necessidade da independência, a m de se ensejar grandes alterações na ordem econômica e
impedir que regiões brasileiras a zessem social, preservou a monarquia, em meio aos vizinhos
autonomamente e se desintegrassem do território republicanos, situação somente possível devido à
nacional. existência de uma elite política homogênea, detentora
14. Embora o exclusivismo comercial tenha acabado de sólida base social e de um projeto de nação
em 1808, com a abertura dos portos às nações amigas, consensualmente construído. E
somente em 7 de setembro de 1822, o Brasil deixou de
ser colônia política.

10
23. A Cisplatina e a Bahia foram as províncias 7. Um tipo de conito de interesses que reapareceria
brasileiras nas quais se manifestou a resistência em outros contextos da história do Brasil, centrado nas
portuguesa, tendo o governo de Lisboa contratado atribuições do Poder Executivo e do Legislativo,
comandantes militares estrangeiros, como, por ocasionou a primeira grave crise política do nascente
exemplo, o ocial francês Pedro Labatut, para liderar as Estado nacional brasileiro e redundou na dissolução da
tropas lusas no confronto com as forças leais a Dom assembleia constituinte encarregada de elaborar a
Pedro I. primeira Constituição do país.
8. Os dois partidos políticos constituídos no início do
3. O Primeiro Reinado (1822-1831) Primeiro Reinado, o Conservador e o Liberal,
ofereceram a Dom Pedro I o apoio e a estabilidade
1. As elites brasileiras que assumiram o poder em necessários para o seu governo, cenário de estabilidade
1822 organizaram um sistema político com eleições política que desapareceu em face da violenta repressão
indiretas, baseadas no voto censitário, excluindo a do governo central a movimentos separatistas como a
grande maioria da população do processo eleitoral; a Cabanagem e a Sabinada.
criação da Guarda Nacional veio propiciar às classes
proprietárias a força policial necessária à manutenção 4. A Regência (1831-1840)
do poder local.
2. Criação brasileira e sem fundamentação teórica 1. Após a abdicação de D. Pedro I, liberais radicais se
consistente, o Poder Moderador acabou por ser insurgiram em vários pontos do país contra os grupos no
responsável direto pelas crises políticas que, poder: ressentindo-se da extrema centralização política,
recorrentes em todo o Primeiro Reinado, acabaram por alguns defendiam o modelo federativo, outros
levar D. Pedro I à abdicação. propunham a abolição gradual da escravidão e, ainda,
3. A opção pela monarquia, no momento da havia os que pleiteavam a nacionalização do comércio.
independência do Brasil, é entendida como estratégia
para facilitar a preservação da unidade do país em torno 2. O regresso conservador alterou a política externa,
da gura do imperador e para a manutenção da ordem ao priorizar a contenção de Rosas, líder da
social, em contraste com a fragmentação na antiga área Confederação Argentina.
de dominação espanhola. 3. O período regencial iniciou-se na abdicação de
4. A crise política dos primeiros tempos do Brasil Pedro I ao trono, em decorrência de pressões
independente teve sua expressão máxima na dissolução diplomáticas britânicas e da oposição das elites
da Assembleia Constituinte, razão pela qual a escravocratas.
Constituição de 1824, outorgada, afastava-se do 4. Durante o avanço liberal, o Senado foi extinto como
contexto histórico da época ao não incorporar resultado da ação dos exaltados contra o que
elementos da nova ordem política nascida dos classicavam como reduto caramuru.
movimentos revolucionários liberais burgueses. 5. No período regencial no Brasil, houve fraca coesão
5. O texto remete à expressão “parlamentarismo às entre as elites e importante participação dos setores
avessas”, utilizada para denir a forma como o governo populares no processo político.
de gabinete foi introduzido no Brasil, forma que, em 6. O Ato Adicional de 1834 fortaleceu o Exército, que
determinados aspectos, afastou-se da experiência t e v e a m p l i a d o s e u e f e t i v o, o p o r t u n i d a d e d e
inglesa, que lhe servira de modelo. Texto 10 prossionalização de seus membros e assegurou
6. Com a independência do Brasil, foram prejudicados importância política.
tanto os setores dominantes da ex-colônia, dado o 7. Acusado de montar um ministério que atendia
rompimento da ponte estabelecida com a Coroa exclusivamente aos interesses das elites locais, D. Pedro
portuguesa na abertura dos portos brasileiros ao I perdeu o apoio da inuente comunidade lusa no Brasil,
comércio internacional, quanto as elites do Vale do o que fomentou clima de insegurança que tornou
Paraíba, dados os acordos celebrados com a Inglaterra e insustentável a manutenção do seu governo.
com Portugal para o reconhecimento do novo Estado,
mediante os quais foi renovada a perspectiva de poder
da aristocracia açucareira nordestina.

11
8. A Constituição do Império (1824) foi modicada 4. O texto sugere que uma das principais causas do
em aspectos essenciais poucos anos depois de iniciada a enfraquecimento do regime monárquico foi a sua
fase regencial, e o Ato Adicional de 1834 interrompeu a incapacidade de reorientar os rumos da economia
descentralização político-administrativa que se brasileira nos anos que se seguiram ao m da Guerra do
iniciava: as províncias, que deixaram de contar com Paraguai: a queda brusca dos preços do café no mercado
assembleias legislativas, perderam a prerrogativa de internacional acarretou retrocesso econômico e
elaborar suas próprias leis. instabilidade política. Texto 9
9. No período regencial, além da Farroupilha, outros 5. A imigração europeia em massa, a urbanização, as
movimentos armados eclodiram no Brasil: no Grão- lutas pela abolição da escravatura e as questões religiosa
Pará, a Cabanagem; no Maranhão e no Piauí, a e militar foram importantes elementos de
Balaiada; na Bahia, a Sabinada e a revolta dos Malês, desestabilização de um regime monárquico que se
esta referente a uma insurreição escrava planejada por mostrava, em vários aspectos, incapaz de incorporar as
africanos muçulmanos. transformações em curso no Brasil, sobretudo as que se
10. A Noite das Garrafadas, episódio em que processavam na mentalidade das novas gerações, em
portugueses atacaram, no Rio de Janeiro, um grupo de especial da juventude militar.
brasileiros que prestava homenagem a D. Pedro I, 6. Com a Guerra do Paraguai, o Exército conheceu
culminou no assassinato de Líbero Badaró, jornalista profundas mudanças e tornou-se crescentemente um
que se tornara famoso pelos artigos que publicava em canal de ascensão social; todavia, terminado o conito,
apoio ao imperador e em defesa da luta intransigente demonstrou forte apatia pela política, optando por
para a expulsão dos portugueses do Brasil. emprestar seu apoio discreto a uma monarquia em
11. Na raiz da Guerra Farroupilha encontra-se a forte crise, em vez de se engajar na campanha republicana,
inuência republicana dos países fronteiriços sobre cada vez mais popular.
estancieiros e charqueadores do Rio Grande do Sul, os 7. Embora com características bastante peculiares,
quais, visando à expansão de seus negócios, exigiram do que lhe imprimiram o rótulo de parlamentarismo às
governo imperial a proibição da entrada, no mercado avessas, o regime parlamentarista implementado no
brasileiro, da carne salgada produzida no Uruguai e na Brasil, durante o Segundo Reinado, aproximava-se
Argentina. nitidamente do modelo inglês, dada a adoção do Poder
Moderador, exercido pelo presidente do Conselho de
5. O Segundo Reinado (1840-1889) Ministros.

1. Reetindo a nova mentalidade que acompanhava a 6. A Primeira República (1889-1930)


expansão do mercado internacional e a revolução no
sistema de transportes, a Lei de Terras (1850) reduziu o 1. A crise aguda da Primeira República já se
poderio dos latifundiários e ampliou as possibilidades de pronunciava no quatriênio do mineiro Artur Bernardes,
acesso à propriedade rural por camponeses e pequenos de que dá mostra o estado de sítio mantido por todo o seu
proprietários. governo. A sucessão de Washington Luís, vencida pelo
2. Embora a Guerra do Paraguai tenha estreitado os também candidato paulista governista Júlio Prestes,
laços entre os diversos setores do exército e o governo tornou irreversível a ruptura do sistema político que
imperial, os militares estiveram à frente do golpe que tinha na alternância entre São Paulo e Minas Gerais na
instituiu a República, o que conferiu ao ato o caráter de Presidência da República um de seus pontos de
movimento popular, diferentemente do que ocorreu equilíbrio.
2. Os levantes armados de 1922 (Rio de Janeiro) e 1924
quando da Independência. (São Paulo), e a própria Coluna Miguel Costa-Luís
3. A Questão Religiosa, que se tornou problema Carlos Prestes (1925-1927), em larga medida símbolos
político não contornado pelo governo imperial, nasceu do movimento tenentista, ao receberem ponderável
da intolerância das autoridades governamentais com os apoio popular, atestavam a fragilidade de um regime
integrantes da Maçonaria, algo que a hierarquia católica republicano que, malgrado ter-se afastado
aceitava com naturalidade, chegando mesmo a gradativamente da subordinação aos interesses
incentivar a atuação política dos grupos maçônicos. oligárquicos, mostrou-se cada vez mais incapaz de
Texto 9 assegurar a estabilidade política indispensável a sua
manutenção.

12
3. De princípios do século XX ao início da Primeira Guerra 7. A Era Vargas (1930-1945)
Mundial, o Brasil avançou no surto industrial iniciado
ainda no Segundo Império, graças, entre outros fatores, 1. Entre as “pressões de variada natureza” que
à oferta de energia elétrica, aos capitais liberados pelo inviabilizaram a estratégia de Getúlio Vargas de colocar-
café e à progressiva ampliação do mercado interno; com se na liderança do processo de distensão do Estado
a Grande Guerra, abriu-se novo período de expansão Novo, destaque especial deve ser conferido aos
para a indústria no Brasil. comunistas que, comandados por Luís Carlos Prestes —
4. Depois das contínuas crises políticas dos primeiros anos, a recém-libertado da prisão política —, insurgiram-se
República conheceu certa estabilidade com o governo contra a proposta queremista e aglutinaram as
de Campos Sales: com a Política dos Estados, também correntes de oposição na defesa de eleições gerais, com
conhecida como Política dos Governadores, montou-se a derrubada do ditador.
a engrenagem legislativa e assegurou-se o predomínio 2. O lançamento do Manifesto dos Mineiros, em plena
das oligarquias estaduais que estavam no poder. Segunda Guerra Mundial, constituiu o ponto de partida
5. No quadro de esgotamento do regime republicano, ao de um movimento interno oposicionista, de cunho
longo dos anos 20 do século XX, a ação dos tenentes liberal, que expressava descontentamento com uma
assumiu papel de destaque no cenário nacional: seus ordem política autoritária, de contornos fascistas, que
levantes armados em 1922 e em 1924 abriram o tão claramente caracterizava o Estado Novo.
caminho para a vitória do movimento de 1930 e 3. Levado pelas circunstâncias a cerrar leiras contra
conrmaram a identidade ideológica entre tenentismo o Eixo na Segunda Guerra Mundial, a ditadura
e comunismo, algo que foi reiterado após a ascensão de varguista viveu a contradição — que se mostrou
Vargas ao poder. insolúvel — de lutar externamente pela liberdade
6. O esplendor de cidades como Manaus e Belém, de que enquanto mantinha o país submetido a um rígido
seriam exemplos exponenciais os teatros Amazonas e da regime ditatorial. Nessa perspectiva, a vitória aliada nos
Paz, explica-se pela riqueza gerada pela borracha, cujo campos de batalha impulsionou o sentimento
ciclo de expansão estendeu-se até meados do século XX, oposicionista que culminou com a deposição de Vargas
quando esse produto conquistou o mercado mundial e em outubro de 1945, poucos meses depois de encerrado
desbancou a importância econômica do café na o conito.
Primeira República. 4. Ressalvadas as especicidades de cada período, é
7. A Revolução de 1930 rompeu com as deterioradas possível traçar um paralelo entre o Estado Novo e o
estruturas da República Velha ao encampar a regime militar implantado em 1964: de modo
consistente ideologia do tenentismo e alçar ao poder semelhante ao de Getúlio Vargas, que tentou conduzir a
Getúlio Vargas, cuja expressão política se restringia ao reforma política que o manteria no poder, o regime
Rio Grande do Sul. militar procurou conduzir, a partir de Ernesto Geisel, o
8. Apesar de o republicanismo ter sido assimilado e processo de abertura “lenta, gradual e segura” como
apoiado por grande parte da opinião pública brasileira, forma de manter o controle do processo de transição no
fato comprovado com a eleição de signicativa bancada qual haveria o retorno do poder civil e a volta dos
de deputados do Partido Republicano nas últimas militares aos quartéis.
décadas do Império, a implantação do novo regime 5. Ao mencionar os grandes “impactos na vida política
ocorreu por golpe de Estado liderado por ociais do e econômica brasileira” produzidos pela Segunda
Exército. Guerra Mundial, o texto remete à vitoriosa ação
9. O caráter excludente da Primeira República, diplomática que levou o país a participar diretamente
apontado no texto, expressava-se, entre outros aspectos, desse conito ao lado dos Aliados, o que lhe ajudou a
no sistema eleitoral vigente, marcado pelo reduzido fundar sua indústria de base (siderurgia) e, por ter
número de eleitores e pelas fraudes recorrentes, como a lutado contra o totalitarismo nazifascista, estimulou a
adulteração de atas eleitorais, problemas estruturais luta interna contra o ditatorial Estado Novo. Texto 2
que a reforma constitucional aprovada no governo Artur
Bernardes, com a introdução do voto secreto, não foi
capaz de tangenciar. Texto 17

13
6. A Revolução Constitucionalista de 1932 traduziu a 14. A Constituição de 1934 assegurou o regime
insatisfação das elites políticas de São Paulo com o federativo, manteve a autonomia nanceira dos estados
governo provisório de Getúlio Vargas, a despeito das e municípios, sancionou o intervencionismo do Estado
demonstrações dadas pelo político gaúcho, em seus em assuntos sociais, com a extensão dos direitos sociais,
primeiros anos de exercício do poder nacional, de e possibilitou a privatização progressiva das minas,
apreço pelo federalismo e de adesão aos princípios da jazidas minerais e fontes de energia hidráulica.
democracia representativa moderna em voga no 15. A demonstração de simpatia do presidente Getúlio
mundo. Vargas pelos regimes totalitários europeus e o
7. Nesse período, a política externa brasileira alinhou- incremento do comércio entre Brasil e Alemanha
se decididamente aos Estados Unidos da América, justicavam a intensa campanha governista de
notadamente a partir de 1941, tendo se distanciado dos nacionalização dos imigrantes residentes na Região Sul
países do rio da Prata, onde havia simpatias pelo e a proibição de propaganda e organização de partidos
nazifascismo. políticos.
8. A recusa de Getúlio Vargas, em 1945, de convocar 16. Em que pesem as pressões dos Estados Unidos da
novas eleições presidenciais e uma assembleia nacional América (EUA), o Brasil aceitou manter relações
constituinte levou à sua derrubada por uma aliança comerciais com a Alemanha baseadas em moeda não
entre a cúpula militar e a União Democrática Nacional. conversível, denominada marco de compensação.
17. A nomeação de Osvaldo Aranha para o Ministério
9. Nos primeiros anos após a Revolução de 1930, a das Relações Exteriores em 1938 introduziu rupturas
ação do gover no federal concentrou-se no fundamentais no encaminhamento da ação
fortalecimento do papel do Estado, sem representar internacional do Brasil, que passou a desenvolver
diretamente os interesses de uma classe social. estratégia de barganha com os EUA e a Alemanha.
10. A ditadura do Estado Novo, instalada em 1937, foi 18. Na fase inicial desse período, a política externa
sustentada pela burocracia civil e militar, pela burguesia adquiriu um tom francamente belicoso e expansionista,
industrial e pela classe operária organizada nos como demonstram as ações de intervenção do Brasil em
sindicatos. assuntos internos dos países vizinhos, ao tomar partido
11. Francisco Campos, um dos principais ideólogos do nos conitos, como na Guerra do Chaco, entre a Bolívia
Estado Novo, defendia que esse novo Estado e o Paraguai, e na Questão de Letícia, entre o Peru e a
promovesse uma “consciência nacional” capaz de Colômbia.
unicar uma nação dividida, por meio de 19. O Itamaraty, na VII Conferência Internacional
transformações estimuladas pela mentalidade das Americana, realizada em Montevidéu, em 1933,
multidões e de seus líderes. reiterou a repulsa do governo brasileiro a alianças como
12. As negociações entre o Brasil e os Estados Unidos a do Pacto Briand-Kellog.
da América foram facilitadas devido à resistência da 20. O Estado empreendeu, a partir de 1930, ação
Argentina em romper relações com os países do Eixo e o determinante na educação, com o intuito de criar um
apoio dado ao governo nacionalista boliviano de sistema nacional, esforço que envolveu educadores de
Gualberto Villarroel, pois Washington respondeu de diferentes correntes, como a dos reformadores liberais e
maneira positiva às demandas brasileiras por material a dos católicos, e também a própria elite cultural.
bélico para reforçar a defesa da fronteira ao sul do Brasil. 21. O poder estatal tratou, a partir de 1930, de
13. A principal marca do período entre 1930 e 1937 foi promover alianças de classes, garantindo direitos sociais
a instabilidade política, corporicada nos embates entre e mecanismos de proteção aos trabalhadores urbanos. C
as numerosas e distintas forças sociais que disputavam 22. Afastadas do núcleo central do Estado, as Forças
um espaço político maior no cenário nacional, com Armadas foram substituídas, em suas funções de
destaque para a Revolução Constitucionalista de 1932, garantidoras da ordem interna, por novos aparelhos
repressivos, que reproduziam os criados pelo fascismo
em São Paulo, e a forte resistência do sindicalismo livre
europeu.
ao projeto de sindicalização sob a tutela do Estado.
23. Sem ruptura com a política que vinha sendo
implementada, a política externa do governo
revolucionário caracterizou-se pelo protagonismo no
plano regional e pela centralidade do relacionamento
com os EUA.

14
8. A República Liberal (1945-1964) 7. A Política Externa Independente, lançada no breve
governo de Jânio Quadros, sob a liderança de San Tiago
1. A reação intransigente de Juscelino Kubitschek aos Dantas, embora atenuada no período de Goulart, foi um
levantes de setores da Aeronáutica contra seu governo, dos símbolos da polarização ideológica daquele contexto
seja no mencionado levante de Jacareacanga, seja no de histórico, chegando mesmo a suplantar, em importância
Aragarças, recusando-se a anistiar os revoltosos, fugia e na intensidade do debate, o explosivo tema da reforma
dos padrões de tolerância que caracterizavam o agrária.
presidente, mas foi entendido como aviso a qualquer 8. Tendo tomado posse em 31 de janeiro de 1961,
aventureiro que pretendesse se insurgir contra as Jânio Quadros renunciou em 25 de agosto do mesmo
instituições e a ordem democrática. Texto 3 ano. Temendo as consequências do gesto considerado
2. Derrotada em suas pretensões presidenciais em perigoso e injusticável, o Poder Legislativo, sob a
três eleições consecutivas (Eurico Gaspar Dutra, em presidência do senador Auro Moura Andrade, esforçou-
1945; Getúlio Vargas, em 1950; Juscelino Kubitschek, se por demover o presidente de seu intento, tendo
em 1955), a UDN teve a ilusão de ter chegado ao poder postergado ao máximo a leitura do texto da renúncia no
com a vitória de Jânio Quadros, em 1960, candidato ao plenário do Congresso Nacional.
qual emprestara seu apoio para assegurar a vitória sobre 9. Durante o governo de Juscelino Kubitschek, a
o marechal Teixeira Lott, do então majoritário PSD. política de industrialização nacional incluiu a
3. O texto faz referência à crise política decorrente da participação de capitais estrangeiros.
vitória eleitoral de Juscelino Kubitschek nas eleições 10. A proposta da Operação Pan-Americana foi
presidenciais de 1955, cerca de um ano após a morte recebida com resistências pelos EUA, que arcaria com
dramática de Getúlio Vargas. Refeita a aliança grande parte de seus custos nanceiros, e pela
PSD–PTB, que possibilitou a vitória da chapa JK–João Argentina, que via na iniciativa uma tentativa de
Goulart, ganhou corpo a campanha oposicionista, hegemonia brasileira no continente.
conduzida basicamente pela União Democrática 11. Durante o seu curto governo, o presidente Jânio
Nacional (UDN), que contestava o resultado do pleito e Quadros conciliou iniciativas simpáticas à esquerda em
se opunha à posse do presidente eleito. Texto 3 política externa com medidas simpáticas aos
4. Companheiro de chapa de Juscelino Kubitschek, o conservadores em política econômica.
gaúcho João Goulart era o herdeiro natural de Getúlio 12. A Constituição de 1946 seguiu o modelo liberal-
Vargas, em cujo governo fora ministro do Trabalho, democrático mas, na área trabalhista, adotou um
cargo do qual saíra por ter-se recusado a propor modelo corporativo herdado da década anterior.
aumento de 100% do salário mínimo, como exigia o 13. Com a redução da perseguição e da repressão ao
movimento sindical, por considerá-lo incompatível com movimento sindical após o governo Dutra, entre 1951 e
a situação econômico-nanceira do país, ainda que 1964, o sindicalismo brasileiro cresceu em número,
considerasse justo o percentual defendido pelos tanto de sindicatos quanto de trabalhadores
representantes dos trabalhadores. sindicalizados, e seus principais instrumentos na luta
5. Ao falar em “tratativas políticas” que enquadrariam pela aplicação e ampliação dos direitos trabalhistas
João Goulart para que ele fosse empossado, o texto foram as greves e os recursos encaminhados à justiça do
indica a complexa negociação política que possibilitou a trabalho.
aprovação da emenda parlamentarista, o que, para 14. A Lei Agamenon Magalhães, de 1945, estabeleceu
muitos apoiadores do vice-presidente, não passou de como condição obrigatória para o registro de qualquer
autêntico golpe branco, por abolir funções próprias do agremiação partidária o seu caráter nacional, normativa
que rompeu, de forma denitiva, com a tradição
presidencialismo historicamente vigente na República. republicana brasileira de estruturar partidos políticos
Texto 4 regionais.
6. A tensão política vivida pelo Brasil nos primeiros 15. A política econômica do governo Juscelino
anos da década de 60 reetia, de um lado, o próprio Kubitschek priorizou os setores industriais do Plano de
esgotamento do regime em vigor desde a queda do Metas e as políticas cambial e de comércio exterior,
Estado Novo e, de outro, o embate ideológico que, após a consolidando a infraestrutura energética, de
vitória da revolução cubana e de sua adesão ao transportes e de insumos básicos no país, o que resultou
comunismo, envolveu dramaticamente o continente em estabilidade nanceira, tanto interna quanto
americano. externamente, e manutenção do equilíbrio da balança
comercial brasileira.

15
16. A política externa independente consistiu da 7. A Constituição de 1967 incorporou a doutrina de
adaptação da política externa brasileira às segurança nacional à medida que inseriu, em seu texto,
transformações do sistema internacional em ns da as principais determinações dos atos institucionais e dos
década de 50 e início da década de 60 do século passado, atos complementares anteriores, atribuindo à União a
tais como a recuperação da Europa Ocidental e do organização das forças armadas e o planejamento e a
Japão, o processo de descolonização, principalmente da garantia da segurança nacional, sendo esta também de
África, o fortalecimento dos países socialistas, o responsabilidade de todos os cidadãos.
surgimento do Movimento dos Países Não Alinhados, a 8. No período do denominado milagre econômico
Revolução Cubana e a mudança da estratégia norte- brasileiro, em que o crescimento econômico estava
americana para os países da América L atina, associado aos índices relativamente baixos de inação,
particularmente para o Brasil. as elevadas taxas de crescimento foram possíveis graças
à redução de importações e exportações, ao aumento
9. O Regime Militar (1964-1985) dos investimentos privados nacionais e à contenção do
crédito público.
1. A política econômica do governo de Médici, baseada 9. Os avanços e recuos vericados na estratégia de
na rme condução pelo Estado, provocou um ciclo de abertura política formulada por Geisel e Golbery
grande crescimento econômico. reetiam, respectivamente, o sentimento oposicionista,
2. O projeto de desenvolvimento e industrialização, que começava a ganhar força na sociedade brasileira, e a
impulsionado pelo Estado, articulava capitais nacionais linha-dura, com fortes pressões de áreas integrantes do
e estrangeiros; no plano político, o Ato Institucional n.º 5 sistema de poder contrárias a qualquer forma de
servia para reprimir as oposições. Texto 7 distensão do regime.
3. Nesse período, o Brasil teve posturas de 10. Aparadas as arestas com alguns importantes e
subordinação aos interesses comerciais dos países tradicionais parceiros, como França e Itália, o Brasil
industrializados, apoiando as posições desses países nos assinou, com a Alemanha, acordo nuclear que previa a
fóruns internacionais em que se discutia o comércio implantação de centrais nucleares, o reprocessamento
internacional. Texto 7 de combustíveis e a produção de reatores nucleares,
4. Houve a estatização da indústria cinematográca, com respectivas instalações e componentes, mas
com a criação da empresa estatal EMBRAFILME, que vetava, em face das pressões norte-americanas, a
tinha o monopólio da produção e distribuição de lmes prospecção, o tratamento e o enriquecimento do urânio.
no Brasil.
5. A política educacional do regime civil-militar (1964- 11. A diplomacia econômica praticada pelo governo
1985) promoveu a massicação do ensino público Geisel com a nalidade de promover o desenvolvimento
fundamental e médio, o incentivo ao ensino privado e a pretendia reduzir as vulnerabilidades do país aos
criação de um sistema nacional de apoio à pós- contingenciamentos da economia internacional,
graduação e à pesquisa nas universidades, como orientando-se pela busca de diversicação de parcerias,
evidencia o fato de, nos anos 70, a pósgraduação ser o o que explica a aproximação do Brasil com a América
nível educacional que mais crescera, seguido do ensino Latina, a África e a Europa Oriental, entre outros
universitário, do ensino médio e, por último, do ensino parceiros.
fundamental. 12. Ao longo do regime militar instaurado, no Brasil, em
6. Pela Lei de Anistia, promulgada em agosto de 1979, 1964, a política externa brasileira para a África, a partir
prescreveram os crimes políticos cometidos pelos do governo Costa e Silva e principalmente do governo
opositores do regime e pelos agentes das forças de Geisel, subordinou-se aos imperativos econômicos;
segurança entre 1964 e 1979, o que possibilitou a assim, a necessidade de abrir novos mercados para
anistia de políticos e servidores civis e militares produtos industrializados e de obter fornecimento de
condenados pela prática de crimes de tortura, petróleo, que levou o Brasil a reconhecer todas as ex-
terrorismo, assalto, sequestro e atentado pessoal. colônias portuguesas, superou os interesses
estritamente políticos, assentados no desejo de afastar o
país do modelo calcado na defesa de posições
colonialistas.

16
13. Dado o desgaste da política econômica conhecida 5. À medida que os trabalhos constituintes
como milagre econômico, o regime militar sofreu avançavam, foram sendo criadas as condições políticas
derrota nas eleições legislativas de 1974, tendo a para a superação dos antagonismos ideológicos que
oposição consentida, liada ao MDB, conquistado marcaram o início do governo Sarney. Da convergência
entre posições de esquerda e de direita surgiu um grupo
maioria no Senado.
político, denominado Centrão, ao qual coube o comando
14. O início do processo de abertura política do regime
da redação nal do texto da Carta de 1988.
militar associa-se ao governo de Geisel. O processo de
6. A eleição direta de Tancredo Neves para presidente
distensão, marcado por avanços e recuos, esteve sob e de José Sarney para vice-presidente assinalou o m da
ameaça até o nal do governo de Figueiredo, como breve transição política que possibilitou o reencontro do
demonstram os ataques a bancas de jornais e o atentado país com a democracia. Tendo recebido autêntica
no Riocentro. consagração popular, essa chapa eleitoral, formada por
correntes políticas distintas que se uniram em torno da
10. O Processo Democrático Aliança Liberal, foi bem aceita pelo sistema de poder até
então vigente, não tendo havido maiores resistências
entre setores militares.
1. A emenda Dante de Oliveira, no marco de uma
7. Símbolo da redemocratização brasileira, a CF
campanha popular sem precedentes na história
determinou a volta das eleições diretas para a
brasileira, teve menos votos a favor do que contra no
presidência da República, transformou em diretas as
Congresso Nacional, inviabilizando, naquele momento, eleições para governadores estaduais, que foram
o retorno das eleições presidenciais diretas. Para muitos escolhidos, por quase duas décadas, pelos detentores do
estudiosos, uma razão preponderante para a derrota da poder federal, praticamente à revelia do sentimento
emenda foi a divisão entre as lideranças oposicionistas, majoritário da população local, e passou a permitir
que nem mesmo chegaram a partilhar o mesmo candidaturas avulsas, ou seja, as apresentadas
palanque na campanha, que tinha por lema a frase “Eu independentemente de agremiações partidárias.
quero votar para presidente”. 8. A CF, que o presidente da Assembleia Nacional
2. Ao armar que “de tudo se discutiu” ao longo do Constituinte, Ulysses Guimarães, chamou de
Constituição Cidadã, estendeu o direito de voto aos
processo constituinte, o texto reitera o fato de que a
analfabetos e aos jovens entre dezesseis e dezoito anos
Carta de 1988 — a “Constituição Cidadã”, na expressão de idade, mantendo a obrigatoriedade do voto a todos os
célebre de Ulysses Guimarães — resultou de brasileiros alistados como eleitores, sacramentou o m
signicativa participação da sociedade, em especial de da censura, admitida apenas para as obras artísticas
seus setores organizados, o que pode lhe ter conferido, voltadas precipuamente para o público infantil, e tornou
como muitos críticos apontam, uma certa dimensão a tortura crime inaançável.
corporativa. Texto 12 9. A Carta de 1988 identica os princípios
3. Talvez movidos pelo sentido de repulsa ao fundamentais que regem o país em suas relações
autoritarismo do qual o país acabara de sair, em processo inter nacionais, entre os quais se incluem a
semelhante ao que conduziu os trabalhos constituintes independência nacional, a prevalência dos direitos
humanos, a autodeterminação dos povos, a não
de 1946, os congressistas que elaboraram a Carta de
intervenção, a concessão do asilo político, a solução
1988 enfatizaram a defesa das liberdades públicas, mas pacíca dos conitos, a cooperação entre os povos e o
praticamente passaram ao largo dos direitos e garantias repúdio ao terrorismo e ao racismo.
individuais e coletivos, possivelmente por terem seguido 10. A Constituição de 1988, marco jurídico-político da
à risca texto preliminar produzido por uma comissão de nova ordem democrática, promoveu clara valorização
juristas nomeada pelo presidente da República. do ideal de cidadania, e, após mais de duas décadas de
4. A volta do poder civil, depois de duas décadas de vigência, a Carta é questionada por ter ampliado
regime autoritário sob os militares, deu-se de forma consideravelmente a autonomia dos entes federados,
inesperada: eleito indiretamente pelo mesmo colégio em especial no que concerne ao campo scal, com a
eleitoral que a ditadura criara, Tancredo Neves não redução da área de atuação do poder central nesse
chegou a tomar posse, abatido por enfermidade que o importante setor.
levaria à morte algum tempo depois. Seu vice, José 11. Fundamental para a composição da Aliança
Sarney, que zera boa parte de sua carreira política Democrática, vitoriosa na eleição presidencial de 1985,
apoiando o regime militar, acabou por ser o condutor do a cisão do partido governista levou seus principais
novo cenário político que fazia o país reencontrar-se dirigentes à aliança formal com o PMDB, da qual surgiu
com as liberdades democráticas. a chapa Tancredo Neves (PMDB) e José Sarney (PDS).

17
GABARITOS
1. O Período Colonial
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
E E X C E E E C E C E E E E E E E C

2. OProcesso de Independência
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
C C E E E E C E C E E C E E C E E C E E E E

3. O Primeiro Reinado 4. A Regência


1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
C E C E C E C E C E E E C E E E C E E

5.O Segundo Reinado 6. A primeira Republica


1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7 8 9
E E E E C E E C E C C E E E E E

7. A Era Vargas
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
E C C C C E E E C C E X C E E C E E E C C E

8. A República Liberal
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
E C C E C C E E C E C C C C E C

9. O Regime Militar
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
C C E E E E C E C E C E C C

10. O Processo Democrático


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
E C E C E E E E C E E

18
OS TEXTOS Texto 2 (Q.46 - 2016)

Nas revoltas e guerras, um dos sons mais


signicativos, pela carga de dor que traz e pelos
desdobramentos político-sociais que produz, é o dos tiros. A
A prova de 2016 surpreende por trazer mais década de 30 do século XX começou com um dos eventos
textos do que de costume. Os textos, porém, servem mais decisivos da história do Brasil, não importando se sua
apenas como um ponto de referência, não sendo designação consagrada — Revolução de 1930 — tenha
essenciais para resolução da prova. Alguns poucos suscitado muitos debates na área acadêmica sobre seu real
itens fazem referência direta ao texto. ou autêntico caráter revolucionário, como movimento de
Vale destacar a autora Lilia Moritz Schwarcz e transformação das estruturas socioeconômicas do país.
sua coleção História do Brasil Nação, aparecendo com Entre esses dramáticos sons de abertura e desfecho, ainda
freqüência . houve uma guerra civil (a Revolução Constitucionalista de
1932). Além disso, esse foi o momento em que eclodiu a
Segunda Guerra Mundial, cujos impactos na vida política e
econômica brasileira foram grandes.

Angela de Castro Gomes. As marcas do período. In: Lilia Moritz Schwarcz


(Dir.). História do Brasil nação: 1808-2010. Vol. 4 (Olhando para dentro:
Texto 1 (Q.45 - 2016) 1930-1964). Madri: Fundación Mapfre; Rio de Janeiro: Objetiva, 2013, p.
24 (com adaptações)
“Os acontecimentos são como a espuma da história,
bolhas que, grandes ou pequenas, irrompem na superfície e, Texto 3 (Q.48 – 2016)
ao estourar, provocam ondas que se propagam a maior ou
menor distância”. São de Georges Duby essas observações. O levante de Jacareacanga não durou vinte dias.
De acordo com ele, “acontecimentos sensacionais” — a Contudo, o episódio era indicativo do alto grau de
exemplo da chegada da corte portuguesa à cidade do Rio de instabilidade política do país. O presidente que os ociais da
Janeiro, em 1808; da criação do Reino Unido de Portugal, Aeronáutica queriam derrubar fora empossado no cargo
Brasil e Algarves, em 1815; da ocialização do rompimento havia menos de um mês, alguém que vinha de uma carreira
entre Brasil e Portugal, em 1822; da outorga da Carta política de prestígio construída dentro do PSD mineiro:
Constitucional do Império, em 1824; e da abdicação de D. deputado federal, prefeito de Belo Horizonte, governador de
Pedro I, em 1831 — podem apresentar valor inestimável Minas Gerais.
para a compreensão das circunstâncias históricas nas quais
se evidenciaram. Lilia Moritz Schwarcz e Heloisa Murgel Starling. Brasil: uma biograa. São
Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 412 (com adaptações).
Cecília Helena de Salles Oliveira. Repercussões da revolução:
delineamento do império do Brasil, 1808/1831. In: Keila Grinberg e Ricardo
Texto 4 (Q.49 - 2016)
Salles (Orgs.). O Brasil imperial (vol. I - 1808-1831). Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2009, p. 17 (com adaptações).
A atmosfera política era de grande agitação não
apenas entre os militares, políticos e empresários que
queriam livrar-se do governo. João Goulart defrontara-se, no
início de 1964, com sua própria fragilidade. Chegara à
Presidência da República por acaso e por sorte, após a
surpreendente renúncia de Jânio Quadros e contra a
vontade dos ministros militares, que só admitiram sua posse
depois de tratativas políticas que o enquadraram.

Carlos Fico. Além do golpe: a tomada do poder em 31 de março de 1964 e a


ditadura militar. Rio de Janeiro: Record, 2004, p. 16 (com adaptações)

19
Texto 5 (Q. 47 – 2016) Texto 8 (Q. 45 -2014)

A ditadura do Estado Novo começou a se esgotar tão As últimas décadas do século XVIII foram marcadas
logo os rumos da Segunda Guerra Mundial também por acontecimentos internacionais com reexos no Brasil. A
começaram a mudar. O governo brasileiro tinha a intenção conjuntura econômica e política agravava a situação do lado
de dirigir o processo de transição, denindo-lhe regras, de cá do Atlântico, pois tinha início a passagem de um
etapas e processos. Mas esse intento, apesar de apoiado por regime de monopólios para o de livre concorrência. A crise
segmentos expressivos da população, sofreu pressões de do sistema colonial foi explorada por três conspirações
variada natureza, especialmente por parte daqueles que capazes de revelar a inuência dos ideais de liberdade
desejavam o m imediato e denitivo do regime autoritário disseminados pela Revolução Francesa, e a ideia de que uma
do Estado Novo. eventual independência da América portuguesa tomava
forma.
Lucília de Almeida Neves Delgado. Partidos políticos e frentes
parlamentares: projetos, desaos e conitos na democracia. In: Jorge Mary Del Priore e Renato Venâncio. Uma breve história do Brasil. São
Ferreira e Lucilia de Almeida Neves Delgado (Orgs.). O Brasil republicano Paulo: Ed. Planeta do Brasil, 2010, p. 143-4 (com adaptações).
(Vol. 3: O tempo da experiência democrática – da democratização de 1945
ao golpe civil-militar de 1964). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003, Texto 9 (Q. 46-2014)
p. 133 (com adaptações).
O Segundo Reinado compreende quatro décadas,
Texto 6 ( Q. 50 - 2016) abrangendo desde o golpe da Maioridade (1840) à
Proclamação da República (1889) e determinando quatro
No ano em que ocorreu, a campanha das Diretas Já períodos, que podem ser apontados como a mais longa fase
mobilizou milhares de pessoas, mas, naquele mesmo ano, a da história política do Brasil. Houve um primeiro período, de
mobilização foi logo frustrada, retardando-se com isso o organização, do Segundo Reinado — de 1840 a 1850 —, que
avanço da democracia representativa. Em seguida, assistiu- primou pela repressão aos levantes regionais do período
se no país à nova mobilização da sociedade, agora voltada regencial, preparação do imperador e montagem do aparato
para a convocação de uma Assembleia Nacional legislativo para garantir a ordem constitucional. O segundo
Constituinte. Ou, melhor dizendo, de um Congresso período — de 1850 a 1864 — caracterizou-se por certa
Constituinte. Aí, até a redação nal e aprovação da estabilidade, quando se implementaram as primeiras
Constituição de 1988, de tudo se discutiu. A Constituição iniciativas materiais de porte. No terceiro período — de
resultante, apesar de tudo, representou o marco de um novo 1864 a 1870 —, sobressaiu a campanha da guerra contra o
período da história do Brasil contemporâneo. Paraguai, transformada em questão nacional. O último
período — de 1870 a 1889 — foi marcado não só pelo
Adriana Lopez e Carlos Guilherme Mota. História do Brasil: uma d e s e n v o l v i m e n t o e c o n ô m i c o, m a s t a m b é m p e l o
interpretação. São Paulo: Senac São Paulo, 2008, p. 872 (com adaptações). aprofundamento das contradições, ampliado com a
propaganda republicana.
Texto 7 (Q. 50 - 2015)
Adriana Lopez e Carlos Guilherme Mota. História do Brasil: uma
Entre 1967 e 1974, a ditadura consolidou um interpretação. São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2008, p. 462-8 (com
modelo de modernização conservadora e ditatorial, adaptações).
impulsionada pelo Estado. Houve, em grande medida, uma
retomada da tradição nacional-estatista e da noção da
importância-chave do Estado como promotor e regulador da
economia, da política e da cultura.

Daniel Aarão Reis. In: História do Brasil Nação. Rio de Janeiro:


Objetiva/MAPFRE, 2014, v. 5 (1964-2010), p. 23-4 (com adaptações).

20
Texto 10 (Q. 47 – 2014) Texto 13 (Q. 44- 2012)

Quando o Brasil se tornou independente, em 1822, De meados da década de 60 até o nal da de 70 do


a elite política brasileira optou por uma monarquia século passado, o Brasil ascendeu rapidamente na escala
representativa como forma de governo, de acordo com o global de distribuição de poder econômico relativo, e, com
modelo francês da época. A Constituição de 1824, outorgada isso, suas ambições e seu padrão de relacionamento com a
por D. Pedro I, continha todos os direitos civis e políticos economia mundial mudaram. Essas transformações, que
reconhecidos nos países europeus. Afastava-se do sistema ocorreram de forma mais complexa durante a presidência
inglês pela adoção do Poder Moderador, que dava ao de Ernesto Geisel (1974-1979), inserem-se em um contexto
imperador grande controle no ministério. de declínio relativo dos EUA e de distensão da Guerra Fria,
os quais proporcionaram as condições para a adoção de uma
José Murilo de Carvalho. Fundamentos da política e da sociedade política econômica externa cuja tônica era a diversicação
brasileiras. In: Lúcia Avelar e Antônio Octávio Cintra (Orgs.). Sistema de parcerias sob o signo da promoção do desenvolvimento
político brasileiro: uma introdução. Rio de Janeiro: Fundação Konrad- econômico.
Adenauer-Stiftung; São Paulo: Fundação UNESP Ed., 2004, p. 27-8 (com
adaptações) Raphael Coutinho da Cunha e Rogério de Souza Farias. As relações
econômicas internacionais do governo Geisel (1974-1979). In: Revista
Texto 11 (Q. 42 -2012) Brasileira de Política Internacional, Brasília: IBRI, jul.-dez./2011, p. 46
(com adaptações).
No Brasil, o processo interno da independência e os
problemas internacionais suscitados apresentam mais Texto 15 (Q. 45-2012)
pontos divergentes que semelhantes em relação ao restante
da América Latina. Um século antes da Sociedade das D. Picucha Terra Fagundes, conte alguma coisa da
Nações, primeira tentativa de conferir institucionalidade sua vida. (...) Onde está seu marido? Enterrado em chão
formal ao sistema internacional, a aceitação de um ator castelhano. Morreu na Cisplatina. (...) Dei tudo o que tinha
recém-independente no cenário mundial dependia, em pros Farrapos. Meus sete lhos. Meus sete cavalos. Minhas
última instância, do reconhecimento da legitimidade do sete vacas. Fiquei sozinha nesta casa com um gato e um
novo participante pelas grandes potências. pintassilgo. E Deus, naturalmente. (...) E o tempo
continuava a andar num tranco lento de boi lerdo. Entrava
Rubens Ricupero. O Brasil no mundo. In: Lilia Moritz Schwarcz (dir.). inverno, saía inverno. E a guerra nada de acabar. (...) Ah! Ia
História do Brasil nação: 1808-2010, v. 1. Madri: Fundación Mapfre; me esquecendo de lhe dizer que tenho sete netos, todos
homens. Quando vejo eles, que já estão grandotes, sinto um
calafrio pensando noutra guerra.
Texto 12 (Q. 43-2012)
Erico Verissimo. O tempo e o vento: o continente. 31.ª ed., Porto Alegre:
A Nação nos mandou executar um serviço. Nós o Editora Globo, 1995, p. 310-15.
zemos com amor, aplicação e sem medo. A Constituição
certamente não é perfeita. Ela própria o confessa, ao admitir
a reforma. Quanto a ela, discordar, sim. Divergir, sim.
Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca. Traidor da
Constituição é traidor da Pátria. A persistência da
Constituição é a sobrevivência da democracia. Quando, após
anos de lutas e sacrifícios, promulgamos o estatuto do
homem, da liberdade e da democracia, bradamos por
imposição de sua honra: temos ódio à ditadura. Ódio e nojo.

Ulysses Guimarães no ato de promulgação da Constituição Federal (CF) em


5/10/1988

21
Texto 16 (Q. 41-2011) Texto 18 (Q. 45 - 2011)

Segundo Frei Vicente do Salvador, em uma das Pode-se considerar a Constituição de 1988
ocasiões em que foi necessário pegar em armas para como o marco que eliminou os últimos vestígios
submeter os gentios da região do Cabo de Santo Agostinho, formais do regime autoritário, processo de abertura
Duarte de Albuquerque Coelho organizou várias que, iniciado em 1974, levou mais de treze anos para
companhias de guerra. Em Olinda, servindo-se de desembocar em um regime democrático. Por que a
“mercadores e moradores, porque eram de diversas partes transição foi tão longa e quais as consequências
do Reino”, o donatário “ordenou outras três companhias”: produzidas pela forma como se realizou? Vale lembrar
“que por capitão dos de Viana do Castelo fosse João Pais, dos que a estratégia adotada para a transição foi a de ser
do Porto, Bento Dias Santiago e dos de Lisboa, Gonçalo “lenta, gradual e segura”. Ela só poderia ser
Mendes d'Elvas, mercador”. modicada, no seu ritmo e na sua amplitude, se a
oposição tivesse força suciente para tanto ou se o
Leonor F. Costa. Redes interportuárias nos circuitos do açúcar brasileiro. O desgaste do próprio regime autoritário provocasse seu
trajecto de Gaspar Pacheco, um banqueiro de D. João IV. In: M. Cunha colapso. Nem uma coisa nem outra aconteceu.
(Coord.). Do Brasil à metrópole. Efeitos sociais (séc. XVII-XVIII). Anais da Tivemos assim uma longa “transição transada”, cheia
Universidade de Évora, jul./2001, p. 15 (com adaptações). de limites e incertezas.

Texto 17 (Q. 44-2011) Boris Fausto. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São
Paulo, 2008, p. 526 (com adaptações).
A transição do Império para a República,
proclamada em 1889, constituiu a primeira grande
mudança de regime político ocorrida desde a
Independência. Republicanistas “puros”, como Silva
Jardim, defendiam uma mudança de regime que, a
exemplo da França, tivesse como resultado maior
participação da população na vida política nacional.
Mas, vitoriosos, os republicanos conservadores, como
Campos Sales, mantiveram o modelo de exclusão
política e sociocultural sob nova fachada. Ao
“Parlamentarismo sem povo” do Segundo Reinado,
sucedeu uma República praticamente “sem povo”, ou
seja, sem cidadania democrática.

Adriana Lopez e Carlos Guilherme Mota. História do Brasil: uma


interpretação. São Paulo: Editora SENAC, 2008, p. 552 (com adaptações).

22

Das könnte Ihnen auch gefallen