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CURSO REGULAR DE DIREITO CIVIL PARA CONCURSOS

AULA 11: DIREITO DE FAMÍLIA


Prof. Lauro Escobar

DIREITO CIVIL

AULA 11

= DIREITO DE FAMÍLIA =

Professor: Lauro Escobar

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AULA 11: DIREITO DE FAMÍLIA
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Aula 11
Direito de Família

Temas que serão abordados nesta aula → DIREITO DE


FAMÍLIA. Casamento. Convivência. Relações de Parentesco. Alimentos.
Direito Assistencial.

Subitens → 1) Direito Matrimonial. Casamento: classificação, habilitação,


requisitos formais, impedimentos, forma e prova. Anulação e efeitos jurídicos.
Regimes de bens entre os cônjuges. Separação e Divórcio. 2) Direito
convivencial. União Estável: caracterização, efeitos alimentícios e
sucessórios, dissolução. 3) Direito Parental. Relação de parentesco. Filiação.
Adoção. Poder Familiar. Alimentos. Bem de Família. 4) Direito Assistencial.
Guarda. Tutela. Curatela. Tomada de Decisão Apoiada. Ausência.

Legislação a ser consultada → Emenda Constitucional n° 66/2010


(nova redação do §6°, art. 226, CF/88, que dispõe sobre a dissolubilidade do
casamento civil pelo divórcio, suprimindo o requisito de prévia separação
judicial por mais de um ano ou de comprovada separação de fato por mais de
dois anos). Código Civil: Casamento (arts. 1.511 a 1.590), Relações de
Parentesco (arts. 1.591 a 1.638), Regime de Bens (arts. 1.639 a 1.688),
usufruto e administração dos bens dos menores (arts. 1.689 a 1.693),
Alimentos (arts. 1.694 a 1.710), Bem de Família (arts. 1.711 a 1.722), União
Estável (arts. 1.723 a 1.727). Tutela, Curatela e Tomada de Decisão
Apoiada (arts. 1.728 a 1.783). Lei n° 8.069/1990 (ECA), com suas
alterações. Lei n° 11.441/2007 (possibilita a realização da separação
consensual e divórcio consensual por via administrativa).

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Sumário
Conceito de Direito de Família .......................................................... 04
Conteúdo .................................................................................... 05
DIREITO MATRIMONIAL ................................................................... 06
Casamento .................................................................................. 07
Impedimentos e causas suspensivas .......................................... 13
Regime de bens ........................................................................... 19
Término da sociedade conjugal e do casamento .......................... 28
Sistemas de nulidades ................................................................ 29
Separação judicial e divórcio. EC 66/2010 .................................. 36
DIREITO CONVIVENCIAL .................................................................. 47
União Estável .............................................................................. 47
DIREITO PARENTAL .......................................................................... 54
Espécies de parentesco ............................................................... 58
Filiação ....................................................................................... 59
Adoção ........................................................................................ 66
Poder familiar ............................................................................. 70
Alimentos ................................................................................... 74
Bem de Família ........................................................................... 80
DIREITO ASSISTENCIAL ................................................................... 80
Guarda, tutela, curatela e tomada de decisão apoiada ................ 80
RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA ..................................................... 87
Bibliografia Básica ............................................................................ 93
EXERCÍCIOS COMENTADOS (FCC) ..................................................... 94
EXERCÍCIOS COMENTADOS (CESPE) ............................................... 124

Caros Alunos
Iniciamos hoje mais uma etapa em nossos estudos. Marchamos para a
parte final de nosso curso. Recapitulando. Nas primeiras aulas falamos sobre a
Parte Geral do Código Civil. Passamos pelo Direito das Obrigações e os
Contratos. Depois o Direito das Coisas. Hoje veremos o DIREITO DE FAMÍLIA.
Falaremos sobre o Direito Matrimonial, Convivencial, Parental e Assistencial. Na
próxima e derradeira aula, falaremos sobre o Direito das Sucessões.
Inicialmente, antes de começar a aula gostaria de dar alguns avisos
importantes: o Direito de Família mudou muito do Código Civil anterior para o
atual. Muita coisa, mas muita coisa mesmo, mudou. Talvez seja o capítulo que
mais tenha sofrido alterações. E continua sofrendo... não só a lei, com a

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recente edição do Estatuto da Pessoa com Deficiência e com a chamada Emenda
Constitucional do Divórcio, mas também a doutrina mais moderna e
principalmente a jurisprudência abordando temas como a adoção, a união
estável, o casamento homoafetivo, entre outros temas.
Outra coisa. Apesar desta aula ser considerada “leve”, por tratar de
um tema que sentimos de perto e estarmos diante de casos que vivenciamos
em nosso dia-a-dia, nunca é demais lembrar que este é um curso preparatório
para concursos. Assim, não devemos nos perder em detalhes, em episódios
que podem ocorrer em nossas vidas e em casos particulares, mas que não
trazem nenhuma repercussão nos concursos. O importante agora é conhecer
os institutos e suas peculiaridades.
Finalizando: cuidado ao estudar por algum livro antigo... ou fazer
algum exercício antigo... muitos estão superados. No entanto esta aula está
totalmente atualizada, inclusive quanto aos exercícios, que são periodicamente
revisados. Comecemos então...

DIREITO DE FAMÍLIA
CONCEITO E INTRODUÇÃO

Direito de Família é o complexo de normas de ordem pública (que


são normas impositivas, não podem ser revogadas por uma simples convenção
entre particulares), que regulam a celebração do casamento, sua validade, seus
efeitos, relações pessoais e econômicas da sociedade conjugal, união estável,
dissolução, relação entre pais e filhos, vínculo de parentesco e os institutos
complementares da tutela, curatela e ausência.
Para o Estado esta parte do Direito Civil apresenta grande importância,
pois se conseguirmos organizar bem uma família, consequentemente teremos
condições de ter uma sociedade também organizada, já que a família é a base
de uma sociedade. Trata-se, portanto, de direito personalíssimo, sendo
intransferível, irrenunciável e que não se transmite por herança.
Até pouco tempo atrás utilizava-se a expressão família. Atualmente é
preferível usar a expressão “entidade familiar”, que é mais abrangente,
devendo-se entender como sendo toda e qualquer espécie de união capaz
de acolher as afeições dos seres humanos.
A doutrina divide a entidade familiar em: a) explícitas: casamento, união
estável, família monoparental (formada por um dos pais e os filhos; situações
dos viúvos, pais/mães solteiros ou divorciados, biológicos ou não, etc.); b)
implícitas: são aquelas que não possuem previsão constitucional/legal, mas

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que existem na realidade social e reclamam idêntica proteção das explícitas,
como as uniões homoafetivas, famílias recompostas (ex.: um casal se une por
meio de uma união estável, cada um trazendo filhos de relacionamentos
anteriores e possuindo também filhos comuns), família solidária (membros de
núcleos familiares menores se unem para formar uma família maior, composta
de irmãos, tios e sobrinhos, etc.).
Só para dar um exemplo, que aprofundaremos mais adiante, o Supremo
Tribunal Federal (ADI 4277), reconheceu a união homoafetiva, formada por
pessoas do mesmo sexo, aplicando-lhes a regra da união estável.

Atualmente há uma tendência de expansão do que se considera como


entidade familiar, uma vez que isso já ocorre na vida prática. Se estiverem
presentes os requisitos da afetividade, estabilidade e ostensividade,
haverá a proteção legal da entidade familiar, tutelando-se os efeitos
jurídicos pelo Direito de Família (e não mais pelo Direito da Obrigações como era
feito até pouco tempo atrás). Portanto, a Constituição em vigor suprimiu a
chamada cláusula de exclusão, que apenas admitia a constituição de uma
família pelo casamento, adotando agora um conceito aberto, abrangente e
de inclusão, de pluralismo de entidades familiares.
O pensamento atual é de que as formas de constituição de família não são
taxativas, pois não é a lei que escolhe o modo de se constituir uma família, mas
sim as próprias pessoas. Existe uma “dinâmica familiar”, ainda que não se
enquadre especificamente à hipótese de casamento e união estável entre um
homem e uma mulher como previsto constitucionalmente. Vigora atualmente
um sistema em que as decisões devem ser tomadas de comum acordo
entre marido e mulher (ou entre os conviventes). Observem, também, que não
se usa mais a expressão “pátrio poder”, mas sim poder familiar. E
principalmente, não se faz mais distinção entre filho matrimonial, não-
matrimonial ou adotivo, conforme veremos adiante de forma mais profunda
adiante.
ESTADO DE FAMÍLIA
É a posição e a qualidade que uma pessoa ocupa na entidade familiar.
Características
• Intransferível: não se transfere por ato jurídico (nem em vida e nem na
morte).
• Irrenunciável: o estado depende exclusivamente da posição familiar que
ocupa, independentemente da vontade da própria pessoa.
• Imprescritível: por ser personalíssimo, não prescreve.
• Universal: compreende todas as relações jurídicas que envolvem a
família.
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• Indivisível: o mesmo estado familiar é ostentado em relações com a
família e com terceiros (Ex.: uma pessoa solteira é assim considerada
dentro e fora da família; a pessoa casada também assim é considerada
tanto para a família, como para a sociedade em geral, etc.).
• Correlatividade: ou seja, trata-se de um direito recíproco (Ex.: tio e
sobrinho; avô e neto, etc.).
Bem, iniciando a aula, vamos fornecer um “esqueleto” do que iremos
desenvolver durante esta aula.

CONTEÚDO DA AULA SOBRE DIREITO DE FAMÍLIA


1) Direito Matrimonial
2) Direito Convivencial
3) Direito Parental
• Filiação
• Adoção
• Poder Familiar
• Alimentos
• Relações de Parentesco
4) Direito Assistencial
• Guarda
• Tutela
• Curatela
• Tomada de Decisão Apoiada (inserida pela Lei n° 13.146/2015)
• Ausência
Vamos abordar item por item de todos estes mencionados acima.
Comecemos pelo Direito Matrimonial.

DIREITO MATRIMONIAL

O casamento é um direito fundamental que está previsto na Declaração


Universal dos Direito Humanos. Trata-se não apenas da formalização ou
legalização da união sexual, mas a conjunção de matéria e espírito entre dois
seres de sexo diferente para atingirem a plenitude do desenvolvimento de sua
personalidade, através do companheirismo e do amor (cf. Domingos Sávio
Brandão Lima). Cada cônjuge reconhece e pratica a necessidade de vida em
comum para ajudar-se mutuamente, suportar o peso da vida, compartilhar o
mesmo destino e perpetuar sua espécie.
O art. 226, caput da Constituição Federal afirma que a família,
base da sociedade, tem especial proteção do Estado. E a própria

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Constituição de 1988 reconhece expressamente três modelos de entidades
familiares:
a) Casamento (art. 226, §1° e §2°, CF/88) → conjunto de pessoas unidas
pelo casamento (cônjuges e filhos).
b) União estável (art. 226, §3°, CF/88) → trata-se da chamada entidade
familiar.
c) Famílias monoparentais (art. 226, §4°, CF/88) → conjunto de pessoas
formado por um só dos pais e sua prole (descendentes), também chamadas
de famílias unilineares.
CASAMENTO
É o vínculo jurídico, entre homem e mulher que visa o auxílio mútuo,
material e espiritual (comunhão de vida), criando a família.
Em que pese esse conceito doutrinário, a orientação principiológica
conferida pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADPF/RJ n° 132 e
da ADI n° 4.277/DF e jurisprudência do STJ (RESP 1.183.378-RS, Rel. Min.
Luís Felipe Salomão) atualmente reconhece-se o casamento de pessoas do
mesmo sexo. Nessa linha é o Enunciado n° 601 das Jornadas de Direito Civil: É
existente e válido o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Reforçando tal entendimento, estabelece a Resolução n° 175 do Conselho
Nacional de Justiça que “é vedada às autoridades competentes a recusa de
habilitação, celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em
casamento entre pessoas de mesmo sexo”, sendo que a recusa a esse
mandamento implicará a imediata comunicação ao respectivo juiz corregedor
para as providências cabíveis.
Trata-se de um negócio jurídico gerador de direitos e deveres entre o
homem e a mulher como veremos adiante. É vinculado a normas de ordem
pública e a observância das formalidades legais. É um ato complexo (depende
de celebração e inúmeras formalidades que veremos, previstas na lei, como o
processo de habilitação, publicidade, etc.), intuitu personae, dissolúvel,
realizado entre pessoas de sexo diferente exigindo a livre manifestação de
vontade. É ato privativo do representante do Estado (juiz de casamento), sendo
que a falta de competência da autoridade celebrante pode ser causa de
anulação, conforme veremos adiante (art. 1.550, VI, CC).
O casamento civil no Brasil somente foi criado pelo Decreto n° 181, de
24 de janeiro de 1890, isto com o advento da República e separação entre o
Estado e a Igreja (anteriormente existia apenas o casamento religioso).
NATUREZA JURÍDICA
A doutrina diverge sobre a natureza jurídica do casamento. Vejamos:

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a) Teoria Contratualista: trata-se de um contrato civil, regido pelas
normas comuns a todos os contratos, aperfeiçoando-se com algumas regras
específicas, em relação à capacidade das partes (nubentes), impedimentos para
realização do ato, vícios de consentimento, teoria das nulidades, etc.
b) Teoria Institucionalista: o casamento é uma instituição social,
refletindo uma situação jurídica que surge da vontade dos contraentes, mas
cujas normas, efeitos e forma encontram-se pré-estabelecidos em lei.
c) Teoria Eclética: autores mais modernos têm unido as duas outras
correntes afirmando que o casamento é um ato complexo: trata-se de
contrato específico do direito de família (na formação), mas de natureza
institucional (uma vez que inicialmente depende da livre manifestação dos
contraentes, mas que se completa com a celebração, que é um ato privativo do
representante do Estado, conferindo direitos e deveres fixados em lei).

CARACTERÍSTICAS DO CASAMENTO
1. Finalidade. Dentre os principais fins do casamento, temos:
a) Instituição da família matrimonial.
b) Satisfação do desejo sexual: integração fisiopsíquica.
c) Legalização das relações sexuais (ligado também ao dever de fidelidade)
ou do estado de fato.
d) Procriação (não é essencial), proteção e educação dos filhos.
e) Prestação de auxílio mútuo.
f) Estabelecimento de deveres entre os cônjuges.
2. Direitos e Deveres de ambos os consortes (art. 1.566, CC)
a) Fidelidade recíproca.
b) Vida em comum, no domicílio conjugal: lembrando que a coabitação pode
ser relativa; o que caracteriza o abandono é a intenção de não mais retornar
ao lar. E não um afastamento temporário por motivo de serviço.
c) Mútua assistência (material, moral e espiritual), respeito e consideração.
d) Proteção da prole: sustento, guarda e educação dos filhos.
3. Igualdade de Direitos e Deveres. Os direitos e deveres referentes à
sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher (art.
226, 5°, CF). O art. 1.511, CC prevê que: “O casamento estabelece comunhão
plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges”.
a) Ambos podem exercer a direção da sociedade conjugal, fixando o
domicílio, representando a família, etc.
b) Qualquer um pode acrescer o sobrenome do consorte, bem como
conservar seu nome de solteiro, consignando-se isso na certidão de
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casamento. Observação: o STJ vem entendendo que por ocasião do
casamento é possível a supressão do patronímico (sobrenome) materno,
desde que demonstrado justo motivo e que não haja prejuízo a terceiros.
c) Ambos devem proteger o consorte física e moralmente.
d) Ambos devem colaborar nos encargos da família.
e) Ambos podem exercer livremente profissão lucrativa.
4. Proibições. Nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro
(escrita e expressa), exceto no regime da separação total de bens (art.
1.647, CC):
a) Alienar, hipotecar ou gravar de ônus real os bens imóveis, ou direitos
reais sobre imóveis alheios – trata-se de falta de legitimação (e não de
incapacidade); concedida a anuência o cônjuge fica legitimado a praticar tais
atos.
b) Pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens e direitos.
c) Prestar fiança ou aval: procura-se evitar o comprometimento dos bens do
casal.
d) Fazer doação, não sendo remuneratória, de bens ou rendimentos comuns
ou dos que possam integrar futura meação.
Observação: quando um dos cônjuges nega a outorga sem que haja um justo
motivo, o Juiz pode suprir esta outorga. O mesmo ocorre quando não for
possível para um cônjuge conceder a outorga (ex.: doença). No entanto se um
cônjuge vender o bem sem a outorga do outro e sem que haja suprimento do
Juiz, a venda é anulável (prazo para anulação: até dois anos depois de
terminada a sociedade conjugal).
5. Princípios do Casamento
a) Livre união incondicional dos futuros cônjuges.
b) Monogamia (união exclusiva): só se permite casar validamente uma
vez; para contrair novo casamento, é necessário dissolver o anterior.
c) Solenidade do ato nupcial: presença de normas de ordem pública,
sendo que sua inobservância impede a sua celebração e até mesmo a
declaração de invalidade.
Observação: a união estável entre homem e mulher, reconhecida pela
Constituição como entidade familiar pode ser chamada de família natural
(art. 226, §3°). Quando formada somente por um dos pais e seus filhos,
denomina-se família monoparental ou unilinear (art. 226, §4°).
6. Condições legais. Há duas espécies: de existência do casamento e de sua
validade. Vejamos:

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a) Existência jurídica do casamento: exige-se a celebração na forma da
lei (não há casamento por instrumento particular) e do consentimento (não
há casamento na ausência absoluta de consenso). Havendo transgressões a
estas exigências mínimas, o casamento é considerado inexistente; ou seja,
simplesmente não houve matrimônio algum. Lembrando que pela atual
orientação jurisprudencial e doutrinária, não se exige mais a diversidade de
sexo.
b) Validade do ato nupcial: exige-se a aptidão física (puberdade,
potência) e intelectual (grau de maturidade e consentimento íntegro).
Veremos isso mais adiante de forma detalhada.

ESPONSAIS (ou promessa de casamento)


O termo provém de sponsalia (Direito Romano), relativo à promessa que o
sponsor (promitente – esposo) faz à sponsa (prometida – esposa). Trata-se de
um compromisso de casamento entre duas pessoas desimpedidas, para
melhor se conhecerem e aquilatar suas afinidades e gostos. É o que
conhecemos por “noivado”. Não há qualquer obrigação legal de se
cumprirem os esponsais, até porque é impossível obrigar alguém a declarar
sua vontade de contrair núpcias, pois o consentimento livre é requisito
essencial do casamento. No entanto o não cumprimento pode acarretar
responsabilidade extracontratual, dando lugar a ação de indenização por ruptura
injustificada. O dano pode ser patrimonial (ex.: prejuízo com gastos do preparo
de documentos, cerimônia, festa, viagem de núpcias, etc.) ou moral (ex.: noiva
abandonada no altar com declarações ofensivas, obrigada a demitir-se do
emprego, etc.). Conheço um caso em que a noiva recusou uma promoção, que
implicaria em mudança de residência para o exterior somente porque iria se
casar em data próxima. O casamento acabou não se realizando por rompimento
de seu noivo. A noiva ingressou com ação e ganhou uma boa indenização. Além
disso, pode haver a obrigação de devolver determinados bens (ex.: presentes
de casamento, joias, cartas, fotografias, etc.). No entanto devemos ter em
mente que na realidade um casamento deve ter suas bases na afetividade,
sem qualquer conotação de ganho ou vantagem.

FORMALIDADES PARA O CASAMENTO


O casamento é cercado de um ritual, exigindo diversas formalidades. O
primeiro passo é requerer a instauração do processo de habilitação no
Cartório de Registro Civil para constatar a existência ou não de impedimentos
matrimonias e dar publicidade ao ato. Trata-se de uma atitude preventiva, a fim
de se evitar que pessoas impedidas se casem. A habilitação será feita
pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a audiência do Ministério

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Público. Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, a
habilitação será submetida ao Juiz.
Os proclamas (edital que comunica ao público em geral a intenção dos
noivos de contrair núpcias) são afixados nos Cartórios de ambos os nubentes.
Decorridos 15 dias, o oficial entrega aos nubentes uma certidão de que estão
habilitados a se casar dentro de 90 dias, sob pena de decadência. Se não
houver casamento neste prazo, deve-se renovar todo o processo de habilitação.
Em casos excepcionais pode haver dispensa da publicação (art. 1.527, parágrafo
único, CC). Exemplos: grave enfermidade, parto iminente, viagem inadiável,
etc. Na verdade é o Juiz quem irá apreciar o “motivo urgente”.
Capacidade para o Casamento: Idade Núbil
Capacidade nupcial é a aptidão para casar; é a autoridade conferida pela
lei para quem deseja casar. Fica evidente que a capacidade para o casamento
não se confunde com a capacidade civil. Dispõe o art. 1.517. CC que tanto o
homem como a mulher atingem a idade núbil aos 16 anos. Todavia os
menores púberes (maiores de 16 e menores de 18 anos), para casar, devem ser
autorizados por seus pais ou representantes legais. Caso os pais não
consintam com o casamento ou em havendo divergência entre eles, quando a
razão para a denegação for injusta, poderá a autorização ser suprida pelo Juiz
(art. 1.631, parágrafo único, CC). Dispõe o art. 1.518, CC que os pais e os
tutores podem, até a celebração do casamento, revogar a autorização.
Pergunto: Há alguma exceção à regra da capacidade matrimonial? Uma pessoa
pode se casar antes dos 16 anos? Sim!! Mas é bom que se diga que são
hipóteses excepcionais! A regra é que não pode! Vejamos. O art. 1.520, CC
permite a autorização judicial do casamento do menor que ainda não atingiu
a idade núbil em caso de gravidez ou para evitar o cumprimento de
condenação criminal.
Quanto à hipótese de gravidez, entendo que não há problema algum.
Tenho certeza que muitos de vocês já ouviram falar de algum caso de uma
adolescente que se casou antes dos 16 anos porque estava grávida. Mas quanto
à segunda hipótese (evitar cumprimento de pena), há um problema técnico.
Esse dispositivo estava de acordo com o art. 107 do Código Penal, que previa,
em seu inciso VII, que nos crimes contra os costumes (ex.: estupro), se a
ofendida se casasse com o ofensor seria extinta a punibilidade deste. Ou seja, o
Código Penal previa que se o homem se casasse com a ofendida, “o dano estaria
reparado” e assim extinguia-se a sua punibilidade. Na prática isto significava
que o processo criminal seria arquivado sem uma decisão de mérito. No entanto
a Lei n° 11.106/05 revogou esse dispositivo penal. Não existe mais esta forma
de extinção de punibilidade. Assim, mesmo que haja o casamento da menor (de
16 anos) com o ofensor, não se extingue mais a sua punibilidade; ou seja, o

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processo criminal continua seus trâmites normais. Portanto perdeu-se a
finalidade do dispositivo no Direito Civil, uma vez que não mais existe a hipótese
correlata no Direito Penal.
Casamento Religioso com Efeitos Civis
A Constituição Federal estatui (art. 226, §§ 1° e 2°) que o casamento é
civil e gratuita a sua celebração (nesse sentido também o art. 1.512, CC), sendo
que o religioso tem efeito civil. Melhor explicando. O art. 1.515, CC determina
que o casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade
do casamento civil, equipara-se a este, produzindo efeitos a partir da data da
celebração.
Pode ser feito de dois modos:
A) Habilitação prévia: os nubentes se apresentam previamente ao oficial do
registro civil, que fornece aos noivos uma certidão válida por 90 dias para se
casaram perante o ministro religioso. Após isso devem retornar e registrar o
casamento religioso realizado.
B) Habilitação posterior: após o casamento religioso os nubentes apresentam
prova do ato religioso, além de todos os documentos exigidos no art. 1.525, CC,
sendo que uma vez inscrito retroagirá seus efeitos à data da realização da
cerimônia. Neste caso o registro funciona como uma convalidação.
Em qualquer das hipóteses exige-se o processo de habilitação.
Também é necessário que a cerimônia seja realizada por ministro de confissão
religiosa oficialmente reconhecida (caso contrário a situação será de apenas
uma união estável). Na prática isto não é utilizado. Exigem-se tantas
formalidades para esta conversão, que fica mais fácil casar com as formalidades
legais. Até porque a lei não dispensa os trâmites cartorários que antecedem a
cerimônia nupcial; o que pode ser dispensada é a celebração das duas
cerimônias (civil e religiosa).
Documentos Necessários para o Casamento
O requerimento de habilitação do casamento será preenchido de próprio
punho por ambos os nubentes ou por terceiro (um procurador ou mandatário,
com poderes específicos para o ato), dirigido ao oficial do Registro Civil,
devendo ser instruído com os seguintes documentos:
• Certidão de Nascimento (recente): com ela é que se prova a idade núbil
(data e local de nascimento), filiação (comprovando parentesco e
obstando eventuais infrações impeditivas), etc. Trata-se de um
pressuposto de validade para o ato.
• Memorial: trata-se da identificação dos nubentes, com declaração do
estado civil, domicílio e residência atual dos nubentes e dos pais – define

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a competência para o casamento e os locais onde serão publicados os
editais.
• Autorização das pessoas sob cuja dependência legal estiverem (ambos os
pais, tutor ou curador) ou suprimento judicial. Neste caso o
procedimento é o previsto para a jurisdição voluntária. Essa expressão
é usada para indicar quando não há uma disputa entre as partes, porém
a intervenção do Juiz é necessária, exercendo-se a jurisdição no sentido
de simples administração (contrapõe-se com a jurisdição contenciosa,
caracterizada pela disputa entre duas ou mais partes, que pleiteiam
providências opostas ao Juiz). O suprimento judicial também é chamado,
por alguns autores de suplementação da idade núbil.
• Declaração de duas pessoas maiores (parentes ou estranhos), que
atestem conhecer os nubentes e afirmem não existir impedimento que os
iniba de casar (são as testemunhas).
• Certidão de óbito do cônjuge falecido, da anulação do casamento anterior
ou do registro de sentença de divórcio. Evita-se com isso, o risco de
eventual casamento de pessoas que já são casadas.

IMPEDIMENTOS E CAUSAS SUSPENSIVAS DO CASAMENTO


Pode ocorrer que uma pessoa tenha capacidade para o casamento, mas
seja impedida de se casar. Portanto, os chamados impedimentos matrimoniais
se diferem da incapacidade matrimonial (art. 1.517 a 1.520, CC), que é dirigida
à vontade e à idade núbil. Ex.: dois irmãos estão impedidos de se casar entre si
em razão do laço de parentesco; porém eles têm capacidade para contrair
núpcias com outra pessoa. Assim, além da capacidade, outros requisitos devem
ser observados (decorrem da lei) para a validade e regularidade do casamento.
O Código Civil estabelece duas classes de impedimentos ao casamento:
A) Impedimentos Absolutamente Dirimentes (também chamados de
impedimentos propriamente ditos ou impedimentos públicos). Eles estão
previstos nos arts. 1.521 e 1.522, CC. Impedem a realização do
casamento. Se, por um acaso, o casamento for celebrado nessas condições,
ele será considerado inválido (casamento nulo: art. 1.548, II, CC), não
sendo possível a sua ratificação ou convalidação. Os impedimentos dizem
respeito à pessoa, ou seja, a lei obsta o casamento entre determinadas
pessoas.
B) Causas Suspensivas (anteriormente chamados de impedimentos
impedientes). Estão previstas nos arts. 1.523 e 1.524, CC – Impedem a
realização do casamento, mas se o casamento porventura ocorrer, o mesmo
será considerado válido. No entanto os cônjuges sofrerão algumas sanções

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indiretas, como veremos adiante. Na verdade, estas hipóteses apenas
suspendem a capacidade nupcial (daí o nome: causas suspensivas); cessado
o impedimento, pode haver casamento normalmente.

Observação. O atual Código não trata mais dos impedimentos


relativamente dirimentes, preferindo discipliná-los agora como causas de
invalidade do casamento, conforme veremos no item “sistema de nulidades
do casamento”.

A) IMPEDIMENTOS DIRIMENTES ABSOLUTOS (OU PÚBLICOS)


Estão previstos taxativamente no art. 1.521, I a VII, CC. São
circunstâncias de fato ou de direito que proíbem o casamento e acarretam, caso
desrespeitados, a nulidade do casamento (art. 1.548, caput e inciso II, CC).
Podem ser classificados em:
1. Impedimentos em razão de Parentesco (art. 1.521, I a V, CC):
a) Consanguinidade
b) Afinidade
c) Adoção
2. Impedimento em razão de Vínculo (art. 1.521, VI, CC).
3. Impedimento em razão de Crime (art. 1.521, VII, CC).
Vamos agora analisar cada uma dessas hipóteses.

1. Impedimentos Resultantes de Parentesco (art. 1.521, I a V, CC)


a) Consanguinidade. Estão proibidos de se casar:
• Os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural (Ex.:
pai com filha, na linha matrimonial ou extramatrimonial) ou civil
(adoção) – inciso I. Evitam a constituição de relações incestuosas, por
questões morais e biológicas. Não há limite de graus para a existência
deste impedimento. Lembrando que parentesco civil é o decorrente de
adoção.
• Os irmãos, bilaterais (germanos) ou unilaterais (mesmo pai →
consanguíneos; mesma mãe → uterinos) e os demais colaterais, até o
terceiro grau, inclusive. Ainda na aula de hoje (Direito Parental) e
também na próxima (Direito das Sucessões) veremos o quadro
completo dos colaterais. Adiantando um pouco a matéria: colaterais são
parentes que descendentes de um tronco comum, sem descenderem
uns dos outros. Exemplos: irmãos (segundo grau), tios e sobrinhos
(terceiro grau), primos (quarto grau), etc.

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Observação: há divergência doutrinária quanto à possibilidade do
casamento de colaterais em terceiro grau (ex.: tio e sobrinha ou tia e
sobrinho), conhecido como casamento avuncular. Isso porque o
Decreto-Lei n° 3.200/41 e a Lei n° 5.891/73 permitiriam tal casamento,
desde que precedido de exame médico. No entanto alguns autores
entendem que o Código Civil, por ser lei mais nova, revogou tais
dispositivos (bem mais antigos), impedindo o casamento. No entanto, foi
aprovado o Enunciado n° 98 da I Jornada de Direito Civil do CJF, que
estabelece: “O inciso IV do art. 1.521 do novo Código Civil deve ser
interpretado à luz do Decreto-Lei n° 3.200/41 no que se refere à
possibilidade de casamento entre colaterais de 3° grau”. Até porque esses
casamentos foram aceitos durante muito tempo na nossa sociedade e
voltar atrás seria um retrocesso que ocasionaria, sem dúvida nenhuma, o
surgimento de relações à margem do direito, tidas como ilegais, mas
formadas de fato. No entanto, em relação aos primos não há qualquer
dúvida: eles podem se casar, pois são colaterais de 4° grau, não havendo
proibição legal alguma em relação a eles.
b) Afinidade. Estão proibidos de se casar:
• Os afins em linha reta. A afinidade é o vínculo que se estabelece entre
um cônjuge ou companheiro e alguns parentes do outro. Uma vez
estabelecida a afinidade em linha reta (ex.: sogro e nora, sogra e
genro, padrasto ou madrasta com enteada ou enteado) não se
extingue nem mesmo pela dissolução do casamento ou união estável
que a originou. Logo, é proibido o casamento do sogro com a viúva de
seu filho. Não há limites de graus na linha reta. Na linha colateral não
há qualquer impedimento, permitindo-se o casamento de uma pessoa
com seu ex-cunhado.
c) Adoção. Estão proibidos de se casar:
• O adotante com adotada – inciso I.
• O adotante com quem foi o cônjuge do adotado e o adotado com quem
foi o cônjuge do adotante – inciso III.
• O adotado com outro filho (natural ou adotado) do adotante (pois neste
caso eles passariam a ser considerados como irmãos) – inciso V.
2. Impedimentos em razão de Vínculo (art. 1.521, VI, CC)
• As pessoas casadas – proibindo, assim a bigamia (ou até a poligamia) e
prestigiando a monogamia – inciso VI. Não há proibição em se tratando
de casamento religioso não inscrito no Registro Civil. A existência de
casamento no exterior, ainda que não registrado no Brasil, é motivo
para gerar impedimento (jurisprudência STJ – RDR 24/266).

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3. Impedimento em razão de Crime (art. 1.521, VII, CC)


• O cônjuge sobrevivente com o condenado como delinquente no
homicídio ou tentativa de homicídio, contra o seu consorte - inciso VII.
Trata-se da conivência moral com o crime. Não há necessidade de
cumplicidade entre o delinquente e o cônjuge sobrevivente. No entanto
deve haver a condenação criminal. Se houver absolvição ou extinção de
punibilidade (Ex.: prescrição), não haverá o impedimento. Só há
impedimento no homicídio doloso, pois no culposo não houve intenção
de matar um para casar com o outro.

O casamento realizado em qualquer das hipóteses acima o


torna nulo (art. 1.548, CC).

Os impedimentos matrimoniais podem ser alegados por qualquer pessoa


maior e capaz, até o momento da celebração do casamento. Deve haver
declaração escrita com provas do fato alegado (art. 1.523, CC). Se o juiz ou o
oficial de registro tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será
obrigado a declará-lo. Em qualquer caso, os nubentes podem fazer prova
contrária e promover ações cíveis e criminais contra o oponente de má-fé (art.
1.530, parágrafo único, CC). Após o casamento, a alegação deve ser feita por
meio de ação de nulidade de casamento, a ser promovida por qualquer
interessado ou pelo Ministério Público.

B) CAUSAS SUSPENSIVAS (arts. 1.523/1.524, CC)


Anteriormente também eram usados os termos “impedimentos
impedientes” ou “impedimentos proibitivos”. Como estes itens não são tratados
como impedimentos (pois não proíbem de forma definitiva o casamento),
modernamente usa-se apenas o termo “causas suspensivas”. Podemos
conceituá-las como sendo as circunstâncias que obstam à realização do
casamento até que sejam tomadas certas providências, ou até que se cumpra
determinado prazo, ou que acarretam a imposição do regime de separação de
bens. A infração a esse dispositivo não desfaz o casamento (não é caso de
anulação ou nulidade). Apenas, pela irregularidade, sofrem os nubentes
certas sanções previstas em lei. Esses impedimentos são estabelecidos no
interesse dos filhos do casamento anterior; no intuito de se evitar a confusão de
sangue e/ou do patrimônio dos filhos com o da nova sociedade conjugal. São
eles (art. 1.523, CC):
• O viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não
fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros (a não ser

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que prove a inexistência de prejuízo para os herdeiros) - evita confusão
do patrimônio do bínubo – inciso I.
Neste caso há dupla sanção: a) imposição de regime de separação
obrigatória de bens (art. 1.641, I, CC); b) hipoteca legal de seus imóveis em
favor dos filhos (art. 1.489, II, CC).
• A viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido
anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução
da sociedade conjugal, salvo se antes de findo esse prazo der à luz
algum filho ou provar a inexistência de gravidez (costumamos dizer em
latim: cessante causa, tollitur effectus), sob pena de casar sob regime
da separação obrigatória de bens – inciso II e parágrafo único. Evita
dúvida sobre a paternidade de filhos (chamamos de turbatio sanguinis -
confusão sanguínea).
• O divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a
partilha dos bens do casal, sob pena de imposição do regime de
separação de bens – inciso III. Evita a confusão dos patrimônios. A
sanção é a separação obrigatória de bens, exceto se for provado que
não houve prejuízo para o outro cônjuge.
• O tutor ou curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos,
cunhados, ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, se não
estiverem saldadas as respectivas contas (inciso IV). Trata-se de
impedimento destinado a afastar a coação moral que possa ser exercida
por pessoa que tem ascendência e autoridade sobre o ânimo do
incapaz, resultando em um casamento por interesse. A sanção é a
separação obrigatória de bens, exceto se for provado que não houve
prejuízo para o tutelado ou curatelado.

Observações
01) Como vimos, nas hipóteses previstas nos incisos I, III e IV é permitido aos
nubentes solicitar ao Juiz que não sejam aplicadas as causas suspensivas, desde
que provada a inexistência de prejuízo (art. 1.523, parágrafo único, CC), ou
seja, desde que provada a inexistência ou impossibilidade de confusão
patrimonial ou de filiação.
02) Por interessar exclusivamente à família, as causas suspensivas só poderão
ser suscitadas pelos (art. 1.524, CC): a) ascendentes e descendentes (em linha
reta), consanguíneos ou afins; b) colaterais em segundo grau (irmãos ou
concunhados).

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CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO
Celebra-se o casamento perante o juiz de casamentos, com toda a
publicidade, de portas abertas. Também é válida a celebração realizada perante
ministro de qualquer confissão religiosa que não contrarie a ordem pública ou os
bons costumes. Os nubentes, munidos da certidão de habilitação devem entrar
em contato com a autoridade que presidirá a cerimônia, requerendo a
designação do dia (qualquer dia, inclusive domingo e feriado), hora (dia ou
noite) e local da celebração (art. 1.533, CC). A lei exige a presença de duas
testemunhas que podem ser parentes ou não dos noivos. Se for em casa
particular ou se um dos nubentes não souber ou não puder escrever, o número
de testemunhas sobe para quatro (art. 1.534, CC). O presidente do ato, ouvindo
dos nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea
vontade, declarará efetuado o casamento nos seguintes termos: “De acordo
com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim de vos receberdes
por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados”. Estes termos
sacramentais estão previstos no art. 1.535, CC. Logo depois do casamento
será lavrado o respectivo assento no livro de registro.
É interessante acrescentar que a celebração será imediatamente suspensa
se um dos contraentes: recusar a solene afirmação de sua vontade; declarar
que sua manifestação não é livre e espontânea; manifestar-se arrependido. Se
houver a suspensão não é possível a retratação do arrependimento no mesmo
dia. Ainda que seja por pura “brincadeira” (de mau gosto, diga-se de
passagem), suspende-se a celebração para o dia seguinte (art. 1.538, CC).

CASAMENTO POR PROCURAÇÃO (art. 1.542, CC)


Embora seja imprescindível a presença real e simultânea dos contraentes,
o Código Civil permite o casamento por procuração, desde que um dos
nubentes não possa estar presente. A procuração deve ser por instrumento
público, com poderes especiais para contrair casamento, mencionando o
regime de bens. Se ambos não puderem comparecer, deverão nomear
procuradores diversos. O prazo do mandato não poderá exceder a 90 dias. A
procuração pode ser revogada a qualquer tempo antes da celebração do
casamento, mas também será exigido o instrumento público para a revogação
(princípio da atração das formas – a mesma forma exigida para o ato deverá ser
usada para a revogação).
PROVAS DO CASAMENTO
Prova-se o casamento no Brasil pela sua certidão do registro civil
(prova direta específica), segundo o art. 1.543, CC.
Sendo justificada a perda ou a falta de certidão, o casamento é provado
por qualquer outra espécie de prova lícita. É a chamada posse de estado de

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casados, que é um meio de prova indireto. É indispensável a demonstração da
impossibilidade de se obter a prova específica pela perda ou falta do registro.
CASAMENTO NUNCUPATIVO (ou in extremis vitae momentis, ou in articulo
mortis)
Nuncupativo (do latim nuncupare, ou seja, dizer de viva voz), ocorre
quando um dos contraentes nubentes se encontra em iminente risco de vida ou
à beira da morte (art. 1.540, CC), não estando presente a autoridade
competente para presidir o ato. Por esse motivo, dispensam-se as
formalidades legais do ato (processo de habilitação, proclamas e até mesmo a
presença da autoridade competente, pois os contraentes não a localizaram).
Basta que os contraentes manifestem o propósito de se casar e, de viva voz,
recebam um ao outro por marido e mulher. É necessária a presença de seis
testemunhas sem parentesco (na linha reta e colateral até 2° grau) e posterior
habilitação e homologação judicial. Após a morte do enfermo devem comparecer
diante da autoridade judicial competente, declarando por termo que foram
convocadas pela pessoa que corria perigo de morte, mas estava consciente da
sua vontade e que os contraentes, de forma livre e espontânea, aceitaram o
casamento. Se a pessoa convalescer, basta que ratifique o casamento na
presença da autoridade competente (não é necessário um novo casamento). Se
não for ratificado o casamento não terá valor algum.

REGIME PATRIMONIAL DE BENS ENTRE OS CÔNJUGES


Um casamento resulta em comunidade de vidas, em uma sociedade
conjugal. Por ser uma “sociedade” há regras disciplinadoras das relações
econômicas das pessoas envolvidas. Daí a importância da escolha do regime de
bens. Seu objetivo é disciplinar o patrimônio dos cônjuges antes e na vigência
do casamento, de acordo com a sua vontade, mas dentro dos limites legais.
Trata-se do conjunto de normas que regem as relações patrimoniais
entre os cônjuges na constância do casamento, quer entre eles, quer
perante terceiros. Em síntese, é o estatuto patrimonial dos cônjuges. Como
regra os cônjuges têm liberdade para escolher qual o regime de bens vigorará
entre eles desde que não desrespeite a lei. Na habilitação de casamento, os
nubentes podem optar por um dos regimes previstos em lei, que começa a
vigorar na data da celebração do casamento.
PRINCÍPIOS
a) Variedade de Regime de Bens. Tem por objetivo colocar à
disposição dos interessados regimes de bens, oferecendo quatro espécies de
regimes: comunhão universal, comunhão parcial (ou regime legal), separação e
participação final dos aquestos (que substituiu o regime dotal). Lembrando que
em algumas situações a lei impõe o regime de bens. Portanto faz-se a distinção

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entre separação total de bens convencional e a separação total de bens legal.
Além disso, os contraentes podem combinar as regras dos regimes entre si,
criando um sistema misto. Analisaremos, logo adiante, cada um destes regimes
que pode ser adotado pelos cônjuges.
b) Liberdade dos Pactos Antenupciais. Pacto antenupcial é um
negocio jurídico solene, realizado antes do casamento, por meio do qual os
nubentes escolhem o regime de bens que vigorará durante o matrimônio. Tem o
objetivo de dar aos nubentes a opção de “estipular, quanto a seus bens, o que
lhes aprouver”, desde que seja antes da celebração do casamento (art. 1.639,
CC) e não contrarie a lei. Os nubentes podem estipular cláusulas, atinentes às
relações econômicas, desde que respeitados os princípios da ordem pública. O
pacto deve ser feito por escritura pública e deve ser seguido ao casamento
(art. 1.653, CC).

Resumindo: o pacto antenupcial é nulo se não for feito por escritura pública
(negócio jurídico solene) e ineficaz se não lhe seguir o casamento (eficácia
subordinada ao evento “casamento”).
Se os nubentes nada convencionarem ou sendo nula a convenção,
vigorará o regime da comunhão parcial (regime legal – art. 1.640, CC). Se
optarem por qualquer outro regime, será obrigatório o pacto antenupcial por
escritura pública. O pacto só produz efeitos a partir do casamento. Para que
produza efeitos perante terceiros é necessário o registro no Cartório de
Registro de Imóveis do domicílio do casal. O pacto antenupcial não admite
cláusula que desrespeite disposição absoluta de lei (art. 1.655, CC), sendo nula
eventual disposição que prejudique eventuais direitos conjugais (ex.: cláusula
que dispense o cônjuge do dever de fidelidade) ou paternos (ex.: cláusula que
prive um dos cônjuges do poder familiar). Por tal motivo se costuma dizer que o
princípio da livre estipulação não é absoluto, admitindo algumas restrições.
Ainda sobre este tema a doutrina afirma que há a possibilidade do futuro
casal criar o seu próprio regime de bens, híbrido e distinto dos regimes
disciplinados pelo Código. Assim, nosso sistema faculta que o casal gere um
regime de bens exclusivo, que pode ser misto e combinado, desde que
observadas as situações previstas no art. 1.641, CC.
c) Mutabilidade Justificada do Regime Adotado. Atualmente a lei
permite a mutabilidade do regime adotado, desde que haja autorização
judicial, atendendo a pedido motivado de ambos os cônjuges, após
apuração de procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de
terceiros (art. 1.639, §2°, CC). O art. 734, CPC/2015 também trata desse
tema. Portanto, a alteração do regime não pode ser obtida unilateralmente, nem
em um processo litigioso, promovido por apenas um cônjuge. Alguns autores

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entendem que a exigência de expor os motivos do pedido de alteração do
regime e comprovar a veracidade das razões estaria em desacordo com a lei;
seria contra o princípio não-intervencionista, pois trata-se de assunto íntimo e
privado que somente diz respeito ao casal (ferem as garantias constitucionais da
personalidade, da intimidade e da privacidade – art. 5°, inciso X, CF/88). No
entanto trata-se de uma corrente doutrinária (na qual me filio), mas que não
deve ser aceita em concursos públicos.
Outro problema: pessoas que contraíram núpcias antes do atual Código
poderão alterar seu regime de bens (o Código anterior não previa tal
possibilidade) ou esta regra aplica-se apenas aos casamentos contraídos após a
vigência do atual Código Civil? Há duas correntes doutrinárias sobre o tema. No
entanto a tendência é permitir esta prerrogativa em ambas as situações, até
mesmo em homenagem ao princípio constitucional da igualdade. Aguardemos as
decisões definitivas sobre o tema em nosso direito vivo.

Resumindo os requisitos: a) pedido formulado por ambos os cônjuges; b)


autorização judicial; c) razões relevantes; d) ressalva dos direitos de terceiros.
Disposições Gerais
O art. 226, §5° da Constituição Federal consagrou a isonomia entre os
cônjuges. Atualmente o sustento da família é da responsabilidade da entidade
conjugal. Os arts 1.642 e 1.643, CC estabelecem quais os atos que podem ser
praticados livremente pelo marido ou pela mulher, qualquer que seja o regime
de bens.
Por outro lado o art. 1.647, CC estabelece quais os atos que o cônjuge
não pode praticar sem a autorização do outro (salvo na separação absoluta
de bens). Trata-se de falta de legitimação da pessoa casada para realizar
determinados negócios:
• Alienar (vender, doar, etc.) ou gravar de ônus real (hipotecar, constituir
usufruto, etc.) os bens imóveis.
• Pleitear como autor ou réu acerca desses bens ou direitos.
• Prestar fiança ou aval.
• Fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que
possam integrar futura meação.
Essa limitação tem o fim de evitar o comprometimento dos bens do casal.
A autorização do cônjuge pode ser suprida judicialmente quando negada sem
justo motivo por um dos cônjuges, ou quando for impossível sua concessão (art.
1.648, CC). A falta de autorização, não suprida pelo Juiz, quando necessária,
tornará anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear a anulação
até 02 anos depois de terminada a sociedade conjugal (art. 1.649, CC).

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Segundo decisão do STJ, essa limitação restringe-se apenas à separação
absoluta (total) de bens na modalidade consensual ou voluntária.

CLASSIFICAÇÃO DOS REGIMES DE BENS


Antes de analisarmos as espécies de regimes de bens, vamos fazer uma
pequena classificação. Os regimes podem ser divididos em:
1. Regimes Legais: são os impostos pela lei.
a) Comunhão Parcial de Bens (arts. 1.640 e 1.658 até 1.666, CC):
fixado diante do silêncio das partes (embora possa ser também escolhido
pelos cônjuges).
b) Separação Obrigatória de Bens (arts. 1.641, I a III, 1.667 até
1.671, CC): fixado pela lei, pois se encaixa em uma situação em que não
é dada aos contraentes a opção de escolha.
2. Regimes Convencionais: vigoram por livre escolha dos nubentes, com
obrigatoriedade do pacto antenupcial.
a) Comunhão Universal de Bens (arts. 1.667 até 1.671, CC).
b) Separação Parcial de Bens (arts. 1.640 e 1.658 até 1.666, CC).
c) Participação Final nos Aquestos (arts. 1.672 a 1.686, CC).
d) Separação Absoluta de Bens (voluntária).

Vejamos agora cada um dos regimes patrimoniais de bens de forma


pormenorizada.

A) REGIME DA COMUNHÃO PARCIAL (LEGAL OU LIMITADA): arts.


1.658 a 1.666, CC.
O regime legal da comunhão parcial de bens é também chamado de
comunhão de aquestos. Aquestos são os bens adquiridos a título oneroso
pelos cônjuges na constância do casamento. Este regime é o que vigora no
silêncio das partes (que não realizaram o pacto antenupcial) ou no caso de
nulidade do pacto antenupcial (neste caso o regime da comunhão parcial
também é chamado de supletivo).
Compreende, em princípio, três patrimônios distintos: um só do marido
adquirido antes do casamento; outro só da esposa adquirido antes do
casamento; e um terceiro de ambos, adquirido a título oneroso durante o
casamento, bem como os bens adquiridos por doação, herança ou
legado em favor de ambos os cônjuges (art. 1.660, CC). A administração
destes cabe a qualquer um dos cônjuges (art. 1.663, CC).

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Após o casamento, os bens adquiridos se comunicam entre os cônjuges.
Também se comunicam as benfeitorias realizadas em bens particulares de cada
cônjuge. Exemplo: marido tinha uma casa; após o casamento reformou esta
casa, construindo piscina, garagem, etc. Também se comunicam os frutos
percebidos na constância do casamento, mesmo que o bem seja particular.
Exemplo: esposa possui uma casa que está alugada; após o casamento os
valores dos aluguéis se comunicam entre os cônjuges. Presumem-se (presunção
relativa, pois permite prova em contrário) que os bens móveis foram adquiridos
na constância do casamento, se não se provar que o foram em data anterior
(art. 1.662, CC).
No entanto, ficam excluídos (não se comunicam: art. 1.659, CC) da
comunhão de bens que cada cônjuge possuía antes de casar, bem como os que
vierem depois, por doação ou sucessão (e os sub-rogados em seu lugar).
Exemplo: Duas pessoas se casam sob o regime da comunhão parcial. Eles nada
tinham antes de se casar. Após alguns anos, o pai da mulher, muito rico, falece.
Os bens que ela receberá pela herança (sucessão) serão somente dela, não se
comunicando ao marido. Se os bens possuídos antes do casamento pertencem a
um dos cônjuges, é óbvio que não se comunicam os adquiridos com o produto
da venda deles (chamamos isso de sub-rogação). Também não se comunicam
os bens de uso pessoal, os instrumentos de profissão e os proventos do trabalho
pessoal de cada cônjuge. Por outro lado, cada consorte responde pelos próprios
débitos anteriores ao casamento. Exemplo: antes do casamento o marido
praticou um ato ilícito qualquer. Após isso ele se casa. Na constância do
casamento ele é condenado a reparar o dano. Ele deve fazer isso com o
patrimônio que tinha antes do casamento. O patrimônio adquirido pelo casal,
em tese, não responderá pela dívida. Se um cônjuge ganhar na loteria, apesar
de não ter sido adquirido a título oneroso (trata-se de um fato eventual), haverá
a comunicação entre ambos. Da mesma forma, as doações e a herança em
favor de ambos os cônjuges (ex.: pai da noiva doa uma casa para ambos).
Uma última observação, apenas para reforçar o que já ficou consignado
mais acima. Digamos que uma mulher seja proprietária de um bem imóvel e se
case pelo regime da comunhão parcial. Passados alguns anos ela deseja vender
este imóvel particular. Indaga-se: ela necessita da outorga marital para esta
venda? Resposta: embora o bem seja somente dela, ela necessitará desta
outorga nos termos do art. 1.647, CC que trata sobre as disposições gerais dos
regimes de bens entre os cônjuges. No entanto se o marido não puder ou não
quiser fornecer sem um motivo plausível, o juiz pode suprir tal outorga, nos
termos do art. 1.648, CC.

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B) REGIME DA COMUNHÃO UNIVERSAL: arts. 1.667 a 1.671, CC.
Neste regime os nubentes podem estipular a comunicação de todos os
seus bens, presentes ou futuros, adquiridos antes ou depois do casamento,
ainda que adquiridos em nome de um só deles, bem como as dívidas posteriores
ao casamento. Em princípio só há um patrimônio. Instaura-se o estado de
indivisão, passando a ter cada cônjuge o direito à metade ideal do patrimônio
comum, constituindo uma só massa. Os noivos devem celebrar pacto
antenupcial para adotar este regime matrimonial.

Antes da partilha não se fala em meação, mas de parte ideal

O art. 1.668, CC enumera os bens que ficam excluídos da comunhão,


mesmo que universal. Exemplo: os bens doados ou legados com cláusula de
incomunicabilidade, dívidas anteriores ao casamento (exceto aquelas contraídas
para os preparativos do casamento e os reverteram para ambos após o
casamento), os bens de uso pessoal, os livros e os instrumentos de trabalho, os
proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge, etc.

C) REGIME DE PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS: arts.


1.672/1.686, CC.
Trata-se de uma espécie de regime de bens estabelecido pelo atual Código
Civil. É próprio para cônjuges que exercem atividades empresariais distintas,
para que possam ter maior liberdade de alienação de seus pertences dando
maior agilidade a seus negócios. Os noivos devem celebrar pacto antenupcial.
Costuma-se dizer que é um regime híbrido, ou seja, um misto de dois
regimes: durante a constância do casamento vigoram as regras semelhantes
ao regime da separação total de bens; dissolvida a sociedade conjugal, em tese,
vigoram as regras da comunhão parcial.
Nesse regime há formação de massa de bens particulares incomunicáveis
durante o casamento, mas que se tornam comuns quando da dissolução do
matrimônio.
Há dois patrimônios:
a) Inicial: são os bens que cada cônjuge possuía antes de se casar e os
que foram por ele adquiridos, a qualquer título, durante o casamento. A
administração dos bens é exclusiva de cada cônjuge, podendo aliená-los
livremente se forem móveis (art. 1.673, parágrafo único, CC). Em se tratando
de bens imóveis um não poderá sem a autorização do outro realizar os atos
previstos no art. 1.647, CC (alienar, hipotecar, prestar fiança, etc.). No entanto,
no pacto antenupcial pode-se convencionar a livre disposição também dos
bens imóveis, desde que particulares (art. 1.656, CC). Observem que na

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constância do casamento há apenas uma expectativa de eventual e futuro
direito à meação.
b) Final: com a dissolução da sociedade conjugal apura-se o montante
dos aquestos (bens adquiridos a título oneroso pelos cônjuges na constância do
casamento), excluindo-se da soma o patrimônio próprio (ex.: bens anteriores ao
casamento e os sub-rogados em seu lugar, obtidos por herança, legado ou
doação, etc.), efetuando-se a partilha e conferindo a cada consorte, metade dos
bens amealhados pelo casal. Se os bens forem adquiridos pelo trabalho
conjunto, cada um dos cônjuges terá direito a uma quota igual no condomínio.
Acrescente-se que neste regime, se houver o evento “morte”, o cônjuge
sobrevivente, além da meação terá direito à herança. Este tema é analisado na
aula Direito das Sucessões, quando o edital exige essa matéria. O direito à
meação não é renunciável, cessível ou penhorável na vigência do regime
matrimonial (art 1.682, CC).
Participação Final nos Aquestos X Comunhão Parcial
Na comunhão parcial comunicam-se todos os bens adquiridos
onerosamente durante o casamento. Na participação, em princípio, não há
comunicação dos bens durante o casamento (salvo se forem advindos do
trabalho comum). Isso só ocorre após a dissolução da sociedade conjugal.

D) REGIME DA SEPARAÇÃO DE BENS: arts. 1.687/1.688, CC.


Por esse regime cada consorte conserva, com exclusividade, o domínio,
posse e administração de seus bens, presentes e futuros, havendo
incomunicabilidade dos mesmos, não só dos que cada um possuía ao se casar,
mas também dos que vierem a adquirir na constância do casamento. Não se
comunicam, outrossim, os débitos anteriores ou posteriores ao casamento.
Existem dois patrimônios distintos: o do marido e o da mulher.
Qualquer um dos cônjuges tem patrimônio próprio e pode, sem
autorização do outro, livremente administrar, alienar ou gravar seus bens,
sejam eles móveis ou imóveis. Além disso, pode pleitear como autor ou réu
acerca de bens e direitos imobiliários, prestar fiança ou aval e fazer doações.
Trata-se de uma liberdade inerente ao próprio estilo de vida em comum, sem a
ligação patrimonial, não havendo sentido permanecer a necessidade de
autorização do outro cônjuge para atos que não seriam de sua competência. No
entanto os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal, salvo
disposição diversa em pacto antenupcial, onde podem estabelecer a quota de
cada um. Podem até mesmo estabelecer a dispensa de um deles nas despesas
do casal e fixar regras sobre a administração dos bens.

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Espécies:
a) Convencional (voluntário): os nubentes só podem adotar esse regime
por pacto antenupcial. Na convenção podem estabelecer a comunicabilidade de
alguns bens, normas sobre a administração, colaboração de cada um dos
cônjuges, etc. Pode ser dividido em:
• Puro ou Absoluto: incomunicabilidade de todos os bens adquiridos
antes e depois do matrimônio, inclusive frutos e rendimentos.
• Limitado ou Relativo: incomunicabilidade dos bens, mas comunicam
os frutos e rendimentos futuros.
b) Legal (obrigatório): a lei impõe, por razões de ordem pública ou como
sanção, não havendo a comunhão de aquestos (art. 1.641, CC). Por ser imposto
pela lei não há necessidade de pacto antenupcial. São suas hipóteses:
• Pessoa que contraiu casamento com inobservância das causas
de suspensão (art. 1.523, CC).
• Pessoa (ambos os sexos) maior de 70 anos (redação dada pela Lei
no 12.344/10). Particularmente acho uma “bobagem” este dispositivo.
Trata-se de uma evidente capitis diminutio (esta expressão é traduzido
como “diminuição de autoridade”, geralmente humilhante ou
vexatória) imposta pelo Estado. O dispositivo, em tese, visa impedir o
famoso “golpe do baú”, ou seja, obstar o casamento realizado
exclusivamente por interesses econômicos (ex.: pessoa maior de 70
anos se casa com jovem de 30 anos). E daí? Por que o Estado quer se
intrometer nesta situação? As duas pessoas são maiores, capazes, e
têm maturidade suficiente para entender o que estão fazendo. Entendo
que se trata de uma norma restritiva de direitos, ferindo a Constituição
em relação à dignidade da pessoa humana, intimidade e igualdade,
presumindo, indevida e indistintamente, a incapacidade das pessoas
maiores de 70 anos. Mas se isso cair na prova, coloquem como está na
lei. No entanto há uma mitigação na regra: se o casamento foi
realizado após uma união estável de mais de dez anos consecutivos ou
da qual tenham nascido filhos, não se aplica esta regra.
• Aquele que depender de suprimento judicial para casar. Assim,
ainda que haja autorização do Juiz, a lei determina que o casamento
deva ser com separação de bens.

Observação: A jurisprudência tem admitido a comunicação dos bens


adquiridos na constância do casamento pelo esforço comum do casal,
comprovada a existência da sociedade de fato. Além disso, temos a Súmula
377 do Supremo Tribunal Federal: “No regime da separação legal de bens,
comunicam-se os adquiridos na constância do casamento”. Atualmente esta

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Súmula tem prevalecido apenas em relação aos bens adquiridos pelo esforço
comum dos cônjuges, na separação legal de bens. No entanto, em relação ao
regime da separação total convencional de bens este regime continua intocado,
pois ele foi escolhido de forma voluntária pelos nubentes, sendo de seu
interesse (e não imposto pelo Estado).
A Súmula, aparentemente estranha, foi editada para corrigir uma
injustiça. Exemplo clássico: Digamos que uma jovem de 15 anos, com pouco ou
nenhum recurso financeiro tenha engravidado. O Juiz permitiu o casamento,
mas com a ressalva da separação legal de bens. Passados muitos anos o casal,
com esforço comum, passou a adquirir vários bens. Mas, como geralmente
acontecia na ocasião, os bens eram colocados somente no nome do marido
(lembrem-se antigamente o divórcio não existia e que até antes da edição do
atual Código, o homem era o “chefe da sociedade conjugal”). Chegando ao fim
da vida a mulher está pobre, sem bem algum em seu nome; enquanto isso o
marido está “rico”, pois todos os bens foram colocados em seu nome. Se
houvesse divórcio, tudo ficaria com o marido (o casamento era por separação
total e tudo estava em seu nome). Assim, por vezes a mulher se submetia a
caprichos do marido, pela total dependência econômica. Com a Súmula, passou-
se a entender que mesmo no regime de separação legal de bens haveria a
comunicação dos bens adquiridos na constância do casamento. Portanto até
hoje a doutrina entende que no caso de separação legal (ou obrigatória) de bens
aplica-se o regime da comunhão parcial. Assim, comprovada a conjunção de
esforços para a aquisição de bens, estes devem ser partilhados quando da
dissolução do casamento.
Outra indagação: é possível a alteração do regime de bens no caso de pessoas
casadas sob o regime de separação legal de bens? Não há uma resposta
definitiva. Há quem entenda que é proibido. Pessoalmente entendo que em
algumas situações é possível. Ex.: pessoa se casou com autorização judicial,
pois ainda não tinha a chamada “idade núbil”. Passada esta idade, qual a
justificativa de impedir os cônjuges de alterar o regime de bens, anteriormente
imposto pela lei. Entendo que neste caso não haveria problema.

Observação: Havendo a morte de um dos cônjuges, não haverá meação


entre eles. No entanto, se o regime for de separação convencional o cônjuge
será considerado herdeiro. Veremos esse tema melhor na próxima aula (Direito
das Sucessões).

DOAÇÕES ANTENUPCIAIS
Nossa lei admite as doações recíprocas, ou de um ao outro nubente, ou
mesmo por terceiro, feitas por pacto antenupcial, mediante escritura pública,
desde que não excedam à metade dos bens do doador, exceto nos casos de

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separação obrigatória (arts. 546 e 1.668, IV, CC). A eficácia das doações
antenupciais subordina-se à realização de evento futuro e incerto (condição
suspensiva – casamento).
No entanto não pode haver doações entre cônjuges se: o regime for o da
separação obrigatória, o regime for o da comunhão universal (os bens já
integram o patrimônio comum) ou se a doação ferir a legítima dos herdeiros
necessários.

Observação: atualmente, em face da igualdade entre homem e mulher, não


se fala mais em bens reservados da mulher que seriam os adquiridos
exclusivamente com o produto de seu trabalho. Eles eram excluídos da
comunhão, independentemente do regime de bens adotado. O atual Código não
se refere mais a esses bens.

• Comunhão Parcial

• Comunhão Universal

REGIME 1) Convencional
a) Plena (total)
DE BENS • Separação b) Limitada (parcial)

2) Legal

• Participação Final nos Aquestos

TÉRMINO DA SOCIEDADE CONJUGAL E DO CASAMENTO


Observem, inicialmente, que há uma diferença sutil entre sociedade
conjugal e casamento (vínculo conjugal ou matrimonial).
Sociedade Conjugal é um instituto menor que o casamento, apontando
apenas o regime patrimonial de bens e os frutos civis do trabalho; é o complexo
de direitos e deveres dos cônjuges. As causas terminativas da sociedade
conjugal são (art. 1.571, CC):
• Morte (real ou presumida – art. 1.571, §1°, parte final, CC – na
dúvida, revejam aula sobre Pessoas) de um dos cônjuges.
• Nulidade ou anulação do casamento.
• Separação (judicial ou extrajudicial): há polêmica em relação a
esse tema após a edição da EC n° 66/2010, conforme veremos
adiante.
• Divórcio.

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Já o Casamento é um instituto mais amplo que a sociedade conjugal,
regulando a vida dos consortes, suas relações e obrigações recíprocas (materiais
e morais) e os deveres para com a família e a prole. Sua dissolução apenas se
dá com:
• Morte (real ou presumida) de um dos cônjuges.
• Nulidade ou anulação do casamento.
• Divórcio.

Observem que pode ocorre a dissolução da sociedade conjugal sem que


ocorra a dissolução do vínculo matrimonial (a separação dissolve a sociedade,
mas conserva íntegro o vínculo). No entanto, todo rompimento do vínculo
acarreta, obrigatoriamente, o da sociedade conjugal.
CUIDADO!! Às vezes o examinador pode fazer perguntas parecidas. Vejam
como é sutil: a) Como se dissolve um casamento? Resposta: Pela nulidade ou
anulabilidade, morte ou divórcio! b) Como se dissolve um casamento válido?
Resposta: Pela morte e pelo divórcio! Ora, se o casamento é válido, não poderia
ser dissolvido por eventual nulidade ou anulabilidade!

SISTEMA DE NULIDADES DO CASAMENTO


O casamento realizado com observância dos requisitos legais gera os
efeitos previstos na lei, que geralmente também são os desejados pelos
contraentes. Porém, é possível que o casamento possua algum vício de maior ou
menor gravidade, capaz de gerar a nulidade absoluta do matrimônio, ou
possibilitar a declaração de sua anulabilidade.
O termo “invalidade matrimonial” abrange a nulidade e a anulabilidade do
casamento. O casamento existe. Mas pode ser considerado nulo ou anulável,
dependendo da hipótese. Veremos melhor adiante que quando um casamento
se realiza com infração de impedimento imposto pela ordem pública, em virtude
de sua ameaça à estrutura da sociedade ou pelo fato de ferir os princípios
básicos em que ela se assenta, o casamento será nulo; já em outras
situações a infração se revela mais branda e não atenta contra a ordem pública,
sendo que neste caso o legislador apenas disponibiliza aos interessados, a
possibilidade de anulação do matrimônio.
É importante deixar claro que o sistema de nulidades adotado no direito
matrimonial, embora não adote na íntegra os princípios e critérios do
regime de nulidades dos negócios jurídicos, também distingue os
casamentos em nulos ou anuláveis. A declaração de nulidade do casamento
torna-o sem validade desde o instante de sua celebração, tendo, portanto, o
efeito ex tunc, não produzindo os efeitos civis do matrimônio perante os

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contraentes (salvo nos casos de boa-fé dos nubentes). Já a declaração de
anulação do matrimônio tem efeito ex nunc, ou seja, mesmo anulado produz
efeitos até a data da declaração da anulação, salvo algumas exceções previstas.
Vejamos.
Peculiaridades da invalidade do casamento:
• O casamento só será nulo se houver previsão legal expressa
determinando a nulidade.
• A nulidade só pode ser reconhecida por meio de ação própria, julgada
por Juiz de Direito. Neste caso não se exige mais a presença do curador
do vínculo. Por se tratar de ação de estado, a revelia não induz
presunção de veracidade. E também não há mais o reexame necessário da
sentença que anula o casamento.
• O casamento, mesmo considerado nulo, em algumas circunstâncias pode
gerar efeitos, como veremos a seguir.

Atenção O casamento possui normas próprias em relação às nulidades,


diferenciando-se quanto a elas, dos demais negócios jurídicos. Desta forma,
como já dissemos, não podemos aplicar ao Direito Matrimonial o
regramento total das invalidades do negócio jurídico em geral. Não
podemos tratar o casamento como sendo um mero contrato de locação ou de
compra e venda. Mesmo para aqueles que o consideram como um contrato,
reconhecem o aspecto institucional do matrimônio, uma vez que é celebrado por
um representante do Estado e gera efeitos determinados pela lei (ao contrário
de um contrato, cujos efeitos são os desejados pelas partes). Vejamos,
resumidamente, os principais motivos para não se tratar o casamento
exatamente como um negócio jurídico comum:
• O negócio nulo não acarreta efeito. Já o casamento nulo pode gerar
efeitos (art. 1.561, CC). Exemplos: reconhecimento dos filhos
advindos do casamento, independentemente de boa ou má-fé dos
pais (art. 1.561, §2°, CC: Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao
celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão);
manutenção de impedimento no caso de afins em linha direta, atribuição
de alimentos provisionais ao cônjuge enquanto aguarda a decisão judicial;
retorno dos bens que se haviam comunicado pelo casamento ao antigo
proprietário (especialmente na comunhão universal de bens); devolução
das doações propter nuptias (em razão do casamento), etc.

• O negócio nulo pode ser reconhecido de ofício pelo juiz. Já a nulidade de


um casamento, seja relativa ou absoluta, não pode ser declarada de ofício,
pois o juiz deve ser provocado para tanto.

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• No negócio jurídico somente os interessados podem pleitear o
reconhecimento da invalidade. No casamento permite-se que, além dos
prejudicados, e representantes, terceiros promovam a ação de anulação
(art. 1.552, II e III).

Vejamos agora os defeitos que um casamento pode ter e quais são os


seus efeitos:

A) CASAMENTO NULO (ou nulidade absoluta) → decorre de vício essencial.


Embora costumamos dizer que um ato nulo não gera efeito algum, o mesmo
não se pode dizer do casamento. Portanto, como vimos, ainda que um
casamento seja nulo ele pode gerar efeitos (ex.: preservação da filiação).
A ação de nulidade pode ser promovida por qualquer interessado ou pelo
Ministério Público (art. 1.549, CC). O casamento nulo não pode ser ratificado
(isso porque não se pode ratificar um ato nulo). A ação para o reconhecimento
de nulidade absoluta de um casamento é imprescritível. A sentença que
reconhece a nulidade absoluta tem cunho declaratório e seus efeitos
retroagem à data da celebração (ex tunc), resguardados os direitos de
terceiros de boa-fé. Finalmente, mesmo declarado nulo, é causa suspensiva
para que a mulher contraia novo casamento nos 300 dias subsequentes ao
término da coabitação (art. 1.523, II, CC).

É nulo o casamento contraído (art. 1.548, CC):


Por infração de impedimento absolutamente dirimente: art. 1.521,
I a VII, CC, já analisados. Ex.: ascendentes com descendentes, irmãos
entre si, sogro e nora, padrasto e enteada, pessoas que já são casadas,
etc.

B) CASAMENTO ANULÁVEL (ou nulidade relativa) → decorre de vícios que


podem determinar a ineficácia do ato, mas que poderão ser eliminados,
restabelecendo a sua normalidade. Também pode ser convalidado caso a
anulação não seja requerida dentro do prazo previsto em lei. O casamento
anulado produz efeitos ex nunc (ou seja, os efeitos não retroagem), não
apagando os efeitos já produzidos. Possuem legitimidade para propor ação de
anulação: o próprio menor, no prazo decadencial de 180 dias contados a partir
do momento em que perfez a idade e seus representantes legais ou seus
ascendentes, no mesmo prazo, contado da celebração do casamento.

É anulável o casamento (art. 1.550, CC):


De quem não completou a idade mínima para o casamento (16
anos para homens e mulheres: idade núbil). Vamos supor que uma
adolescente com 15 anos se casou com um rapaz de 17 anos. É lógico
que na prática eu nunca vi isto acontecer, pois os cartórios são
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minuciosos quanto à idade. Mas em um concurso tudo pode cair.
Devemos tomar muito cuidado com esta hipótese. Lembrem-se que os
atos em geral praticados pelo menor de 16 anos são considerados nulos.
Mas se um menor de 16 conseguiu se casar seu casamento é anulável
(e não nulo). E mais: depois de completar os 16 anos o menor poderá
confirmar seu casamento, com a autorização de seus representantes
legais ou suprimento judicial. Se for requerida a anulação do casamento
o prazo decadencial para tanto é de 180 dias contados: a) da data do
casamento para os ascendentes e representantes legais; b) da data em
que completou os 16 anos para o menor. É interessante acrescentar que
por defeito de idade não se anulará o casamento de que resultou
gravidez, mesmo que a criança não venha a nascer (art. 1.551, CC).
Vamos supor que no exemplo acima os menores se casaram, pois a
jovem estava grávida. Neste caso, apesar do vício, não poderá ser
requerida a anulação do casamento. Lembrem-se também: os menores
de 16 anos poderão casar, dependendo de autorização judicial, quando
resultar de gravidez ou para evitar imposição ou cumprimento de pena
criminal para o outro consorte, maior de idade (neste caso, como já
salientamos, para alguns autores, esta hipótese está eliminada, tendo-se
em vista a alteração havida no Código Penal). Na hipótese de suprimento
judicial, ordena-se o regime da separação obrigatória (ou legal) de bens.

Do menor em idade núbil (de 16 a 18 anos), quando não


autorizado por seu representante legal. Nesta hipótese, os jovens já
são maiores de 16 anos (diferente da situação anterior, pois pelo menos
um dos cônjuges sequer tinha 16 anos). Porém o casamento não foi
autorizado por seus representantes legais. No entanto, se o
representante do menor presenciou a celebração do casamento, ou se
manifestou de outro modo sua aprovação, não poderá requerer a
anulação. O prazo decadencial de 180 dias é contado: a) para o menor,
da data em que completou 18 anos; b) para os representantes legais da
data do casamento; c) para os seus herdeiros da data da morte.

Por vício de vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558, CC:
ERRO Essencial sobre a pessoa do outro cônjuge (arts. 1.556 e
1.557, CC). Dois são os requisitos para se alegar o erro essencial: a)
defeito ignorado pelo outro cônjuge e já existente antes do casamento;
b) a descoberta posterior tornou insuportável a vida em comum para o
cônjuge enganado.
Art. 1.557, CC: Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro
cônjuge: I. o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa
fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne

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insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado; II. a ignorância de
crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne
insuportável a vida conjugal; III. a ignorância, anterior ao casamento, de
defeito físico irremediável que não caracterize deficiência ou de
moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de
pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência (redação
de acordo com a Lei n° 13.146/2015 – Estatuto da Pessoa com
Deficiência).
Não se configura erro essencial (casos de jurisprudência) quando as
questões versarem sobre a fortuna, nacionalidade ou profissão. Também
é causa de anulação o desconhecimento sobre a impotência coeundi (ou
instrumental, ou seja, homem que não consegue manter uma relação
sexual – falta de ereção) ou outro defeito que se impossibilite a se levar
a efeito o “débito conjugal”. Lembrando que esterilidade (impotência
generandi para os homens, e a concipiendi para as mulheres), por si só,
não constitui causa para anulação.
Somente o cônjuge enganado pode requerer a anulação, no prazo
de 03 (três) anos (art. 1.560, III, CC), a partir da celebração do
casamento (e não do momento em que soube do erro). O erro sempre
deve ser referente a um fato existente antes do casamento, que o
cônjuge veio a conhecer depois da celebração.
COAÇÃO: o consentimento de qualquer um dos cônjuges foi obtido
mediante temor de mal considerável e iminente para a vida, a saúde e a
honra, tanto sua, como de sua família (art. 1.558, CC); deve incutir no
nubente real temor de dano (sério, grave e atual) contra si, sua família
ou seus bens. Não basta o simples temor reverencial (art. 153, CC).
Prazo de 04 (quatro) anos a partir da celebração do casamento (art.
1.560, IV, CC).
Do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o seu
consentimento: art. 1.550, IV, CC. Prazo decadência de 180 dias: art.
1.560, I, CC. Obs. O pródigo pode se casar porque não é incapaz de
consentir sofrendo apenas restrições patrimoniais.
Realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente
soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação
entre os cônjuges.
Casamento realizado perante autoridade incompetente. A
expressão “autoridade incompetente” abrange a incompetência ratione
loci (Juiz de paz que celebra casamento fora de sua circunscrição) e a
ratione personae (Juiz de paz substituto que celebra casamento quando

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o titular não estava ausente). Nessas duas hipóteses é pacífico que a
nulidade é relativa. Em caso de incompetência ratione materiae,
(casamento celebrado por quem não era Juiz de paz, como Delegado,
Promotor, falso Juiz de paz) há duas correntes: a) O casamento é
inexistente, por falta da presença de uma autoridade celebrante; b) O
casamento é anulável, desde que tenha ocorrido a habilitação e os
proclamas. A ação deve ser proposta no prazo de 02 (dois) anos a
contar da celebração do casamento. Também é válido o casamento
celebrado por quem não era Juiz de paz, mas que exercia publicamente
esta função, e nessa qualidade registrou o casamento no Registro Civil
(art. 1.554, CC).

OBSERVAÇÕES
01) O art. 1.550, §2°, CC (incluído pela Lei n° 13.146/2015: Estatuto da
Pessoa com Deficiência) estabelece que “a pessoa com deficiência mental ou
intelectual em idade núbia poderá contrair matrimônio, expressando sua
vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou curador”.
02) A diferença fundamental entre nulidade absoluta e nulidade
relativa do casamento reside no fato de que no primeiro caso há um interesse
social no desfazimento do matrimônio, por ter sido violado um preceito de
ordem pública, enquanto que a nulidade relativa visa proteger interesses
individuais, uma vez que se estas pessoas decidirem, podem manter o
matrimônio (basta não ingressar com a ação no momento correto), sendo o fato
indiferente para a sociedade.
03) Se a ação não for ajuizada dentro do prazo, em se tratando de nulidade
relativa, o casamento convalesce e não pode mais ser questionado
posteriormente. Isso não impede uma eventual e futura ação de divórcio. O que
não se pode mais é anular o casamento pelo decurso de prazo (decadencial).
04) Não se admite invocação do dolo para se anular um casamento. Isto
porque o art. 1.550, inciso III, CC prevê que um casamento somente pode ser
anulado por vício de vontade nos termos dos arts. 1.556 a 1.558, CC. Os dois
primeiros artigos se referem ao erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge.
E o último se refere à coação. Portanto, por exclusão, não se pode alegar dolo
para se anular um casamento. No entanto, observem que por outro lado não há
uma proibição expressa de se reconhecer o dolo no casamento. Isto se extrai
por dedução lógica. Por tal motivo, é possível que na prática algum Juiz
reconheça o dolo de um dos cônjuges para a anulação do casamento. Imaginem
a situação em que um homem se casa com sua namorada, pois ela diz que está
grávida. Depois do casamento, ele descobre que a namorada mentiu, pois não

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estava grávida. Diante dessa situação entendo que seria possível a alegação do
dolo para anular o casamento (apesar da omissão da lei).
05) Os vícios relativos ao casamento (nulidade absoluta ou relativa) são
processados por ação sob o rito ordinário (mais solene e formal), a fim de
assegurar ampla defesa aos interesses dos requerentes, sendo necessária a
participação do Ministério Público (há interesses sociais envolvidos).

CASAMENTO PUTATIVO (art. 1.561, CC)


Etimologicamente, putativo provém do verbo latino putare, que significa
imaginar, presumir ser; putativo significa imaginário, fictício. Casamento
putativo é o casamento que, embora nulo ou anulável, foi contraído de
boa-fé por um ou ambos os cônjuges. Os nubentes acreditam que estão
presentes todos os pressupostos e requisitos necessários para se casarem,
desconhecendo certo empecilho que invalidaria o matrimônio. Trata-se de uma
falsa percepção da realidade. Ex.: dois irmãos se casam sem que saibam do
vínculo que têm. A boa-fé se presume até prova em contrário; o ônus da
prova incumbe a quem o alegar.
O momento em que se apura a boa-fé é a data da celebração do
casamento, sendo irrelevante se foi descoberto posteriormente. Na própria
sentença em que se proclama a invalidade do casamento (efeito ex nunc), o Juiz
pode declarar a putatividade de ofício ou a requerimento do Ministério
Público ou do interessado. Os efeitos do casamento putativo são todos os
de um casamento válido para o cônjuge de boa-fé, até o dia em que é
proferida a sentença anulatória. Produzem-se todos os efeitos do regime de
bens, operando-se a dissolução da eventual comunhão pelas mesmas regras de
um divórcio.
Se só um dos cônjuges estava de boa-fé, os efeitos do matrimônio só
a ele aproveitam (e aos filhos), perdendo o outro todas as vantagens havidas do
cônjuge inocente (art. 1.561, §1°, CC). Em relação aos filhos, ainda que
ambos os cônjuges estejam de má-fé ao contrair o matrimônio, os efeitos civis
aproveitarão aos filhos comuns (e só a eles), sendo considerados legítimos
(art. 1.561, §2°, CC).
Segundo a doutrina o casamento putativo, ainda que contraído de
boa-fé por ambos os cônjuges, não tem o condão de gerar parentesco
por afinidade. Isto porque o art. 1.561, CC limita os efeitos somente em
relação aos próprios cônjuges e seus filhos.

Meus Amigos e Alunos


Vamos agora entrar em um momento polêmico da aula, pois
falaremos sobre separação.

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SEPARAÇÃO – VIGÊNCIA
Bem... como vocês já devem saber, em julho de 2010 entrou em vigor a
famosa Emenda Constitucional n° 66 de 13/07/2010, dispondo sobre a
dissolubilidade do casamento civil pelo divórcio, alterando o §6° do art.
226 da CF/88 e suprimindo o requisito de prévia separação judicial por
mais de um ano ou de comprovada separação de fato por mais de dois
anos. Vejamos o texto que vigorava anteriormente:

“Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.


(...)
§6° O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação
judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada
separação de fato por mais de dois anos”.

Vejamos agora o novo texto:


“§6° O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio (NR).”

A promulgação desta emenda trouxe muita polêmica. Há inúmeras


teorias a respeito. Há quem entenda, inclusive, que a Emenda é
inconstitucional... Vamos nos centrar nos principais pontos:
A) A emenda possui aplicabilidade imediata? Ou necessita de uma lei que a
regulamente?
B) Caso tenha aplicabilidade imediata, a emenda alterou ou revogou normas
infraconstitucionais? Ainda há a separação (judicial ou extrajudicial)?
Aplicabilidade Imediata. Há quase uma unanimidade da doutrina e da
jurisprudência no sentido de que a emenda possui aplicação imediata.
Portanto, qualquer pessoa pode requerer seu divórcio, sem que tenha
passado antes pela separação judicial e independentemente de prazo.
Revogação. Já no tocante à revogação de normas infraconstitucionais, a
doutrina está muito dividida.
Para alguns autores (ex.: Maria Berenice Dias, Divórcio Já – Comentários à
Emenda Constitucional n° 66/2010 – Ed. Revista dos Tribunais, 2010, pág.
137/138) atualmente “a única forma de pôr fim ao casamento é por meio
do divórcio. O instituto da separação simplesmente desapareceu do
sistema jurídico pátrio. Não pode ser buscado nem consensualmente, nem
em sede administrativa, via procedimento de jurisdição voluntária”. Para esta
corrente, estão revogados inúmeros dispositivos do Código Civil, da Lei de
Introdução, do Código de Processo Civil, da Lei de Alimentos, da Lei de
Registros Públicos, da Lei de Divórcio, do Estatuto da Criança e do Adolescente,
etc. Para não nos alongarmos muito, citamos, exemplificativamente, a

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revogação dos arts. 1.571/1.574, 1.577/1.578, 1.580, 1.702 e 1.704, todos do
Código Civil.
Para outros autores (ex.: Regina Beatriz Tavares da Silva – A Emenda
Constitucional do Divórcio - Ed. Saraiva, 2010, pág. 107/109) não houve
revogação. “Desse modo, permanece a separação, judicial e extrajudicial,
para quem a preferir, por respeito aos direitos fundamentais previstos na
Constituição Federal. Reitere-se, que esta espécie dissolutória não colide com a
emenda constitucional do divórcio”.
Nesse sentido é o teor do Enunciado n° 513 da V Jornada de Direito
Civil do CJF: “A Emenda Constitucional 66/2010 não extinguiu o
instituto da separação judicial e extrajudicial”.
Aliás, o atual Código de Processo Civil que entrou em vigor muito tempo
após a edição da Emenda, faz diversas referências à separação judicial (vide
arts. 731/733, CPC/2015)
E para finalizar. As principais bancas examinadoras de concursos públicos
continuam exigindo conhecimentos sobre a separação, como fez o CESPE
recentemente em um concurso para Analista do STM.
Portanto, levando-se em consideração:
• a clara divisão na doutrina;
• que a EC 66/2010 apenas se refere à dissolução do casamento pelo
divórcio (não se referindo à extinção da separação);
• que não houve qualquer revogação expressa na legislação
infraconstitucional;
• o Enunciado 513 aprovado pelas Jornadas de Direito Civil;
• que os arts. 731/733, CPC/2015 ainda fazem referência à separação; e
• as últimas provas de concursos sobre o tema,
é interessante continuar falando sobre a separação judicial,
até que a situação seja totalmente definida por uma lei especial, ou mesmo pela
jurisprudência, embora, com certeza, seu campo de atuação irá diminuir
sensivelmente, por não ser mais um requisito prévio para o divórcio.

Conclusão. Embora não seja mais um requisito para o divórcio, separação é


uma opção das pessoas.

SEPARAÇÃO JUDICIAL
A separação judicial é uma das causas de dissolução da sociedade
conjugal, não rompendo o vínculo matrimonial (os consortes ainda não
podem se casar novamente). Trata-se de uma medida preparatória para o

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divórcio. O art. 1.576, CC prevê que a separação põe fim aos deveres
conjugais (coabitação, fidelidade recíproca, etc.) e ao regime de bens. Cessa,
também o direito sucessório entre os cônjuges. No entanto ainda permanecem
dois deveres: a) mútua assistência (motivo pelo qual é possível, mesmo após a
separação que um cônjuge venha a exigir alimentos do outro – art. 1.704, CC);
b) sustento, guarda e educação dos filhos. A ação judicial cabe somente aos
cônjuges (ou seja, a ação é personalíssima), havendo intervenção do
Ministério Público que atua na hipótese como fiscal da lei. No caso de
incapacidade de um dos cônjuges será ele representado pelo curador, pelo
ascendente ou pelo irmão. Se um deles morrer no curso do processo, a ação
será extinta, sem resolução de mérito, pois no caso o direito é intransmissível. A
realização da partilha não é obrigatória neste momento, podendo ser deixada
para ser feita posteriormente. O art. 1.581, CC permite que até o divórcio possa
ser concedido sem que haja prévia partilha dos bens do casal (neste sentido
também é o teor da Súmula 197 do STF).
São espécies de Separação Judicial:

A) CONSENSUAL (ou amigável). Art. 1.574, CC


É a feita com acordo (mútuo consentimento) entre as partes. Em que
pese a lei exigir que somente pode ser requerida após 01 (um) ano de
casamento, o Enunciado n° 515 das Jornadas de Direito Civil estabelece
que: “Pela interpretação teleológica da Emenda Constitucional n°
66/2010, não há prazo mínimo de casamento para a separação
consensual”.
O pedido deve ser apresentado por ambos os cônjuges (os dois assinam a
petição inicial) e indicará, sem fazer referência à causa da separação, a relação
dos bens do casal e a respectiva partilha, o acordo relativo à guarda e à
manutenção dos filhos menores e a pensão alimentícia. Para a propositura da
ação exige-se a apresentação dos documentos arrolados no art. 731,
CPC/2015. A petição deve esclarecer, ainda, se a mulher voltará a usar o nome
de solteira. No silêncio interpreta-se que optou por conservá-lo. É procedimento
típico de jurisdição voluntária (não há um conflito entre as partes, pois ambos
os cônjuges buscam a mesma solução = a separação; cabe ao Juiz apenas
homologar o pedido, fiscalizando a regularidade do ajuste de vontades operado
entre os consortes).
Pelo atual Código de Processo Civil não há mais a audiência de
conciliação, na tentativa de reconciliação dos cônjuges, principalmente porque
se trata de um procedimento consensual. A sentença deve ser averbada no
Registro Civil e no Registro de Imóveis (caso a partilha abranja bens imóveis).

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CONSENSUAL VIA ADMINISTRATIVA
O art. 733 do CPC/2015 possibilita a realização do divórcio
consensual, da separação consensual e da extinção consensual de união
estável por via administrativa ou extrajudicial (escritura pública), realizada
em Cartório de Notas, a escolha dos interessados (não se aplicam as regras de
competências). Requisitos essenciais:
• Os cônjuges devem ser capazes.
• Não haja nascituro ou filhos incapazes.
• Não há mais referência a prazos (tempo de casamento, tempo de
separação para converter em divórcio, etc.).
Trata-se de uma faculdade introduzida pela lei, ou seja, mesmo que
presentes todos os requisitos as partes ainda podem optar pela via judicial. Visa
uma menor intervenção do Estado na vida privada das pessoas. Baseia-se no
princípio de que se não há intervenção judicial para contrair o matrimônio, não
haveria necessidade para descasar em hipóteses em que não envolvem
interesse público. Assim, se o casal não possuir filhos menores ou incapazes,
podem comparecer em um tabelionato, acompanhados de advogado (um
para ambos ou cada um com o seu, dependendo do grau de confiança recíproca
– a qualificação e assinatura devem constar do ato notarial) e realizar o ato por
escritura pública. Neste ato constarão as seguintes disposições:
• Separação de corpos.
• Descrição e eventual partilha dos bens comuns.
• Pensão alimentícia entre os cônjuges (pagamento ou não de
alimentos, valor e a forma que serão pagos).
• Valor da contribuição para criar e educar os filhos.
• Guarda dos filhos incapazes e regime de visitas.
• Nome do advogado e registro na OAB.
A escritura não depende de homologação judicial, constituindo-se em
título hábil para constar a separação no Registro de Pessoas Naturais e a
partilha de bens no Registro de Imóveis, bem como para levantamento de
importância depositada em instituição financeira (art. 733, §1°, CPC/2015).
Dispensa-se a tentativa de reconciliação, bem como a menção dos motivos
e das circunstâncias que redundaram na separação ou no divórcio.
A mencionada escritura deverá ser lavrada em um Cartório de Notas,
sendo que este não precisa estar situado na mesma cidade do casal (da mesma
forma que a escritura pública de alienação de um imóvel). Entende-se que as
escrituras poderão ser feitas “em diligência”, ou seja, o tabelião se dirige até o
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escritório do advogado ou à casa das partes, se elas se sentirem constrangidas
em comparecer ao cartório. Porém esta escritura somente deverá ser averbada
no mesmo cartório de Registro Civil onde se realizou o casamento. Se houver
bens imóveis a partilha deverá ser averbada também do Registro de Imóveis.
Acrescento que em cada uma destas localidades (Cartório de Notas, Registro
Civil, Registro de Imóveis) irá se pagar emolumentos. Portanto mesmo realizado
de forma administrativa, a separação e o divórcio não sairão tão baratos como
se pensa. Além disso, ainda há o pagamento dos honorários do advogado. Até
porque o tabelião somente lavrará a escritura se os interessados estiverem
assistidos por advogado ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura
constarão do ato notarial (art. 733, §1°, CPC/2015).

B) CONTENCIOSA (litigiosa ou não consensual). Art. 1.572, CC


Ocorre quando um dos cônjuges ingressa com ação contra o outro
(portanto não pode ser feita mediante escritura pública, pois não houve
consenso entre os cônjuges). Não há prazo para ingressar com tal ação. Pode-se
ingressar em juízo até mesmo alguns dias depois da celebração do casamento.
Embora a ação se inicie litigiosa, a qualquer tempo os cônjuges podem requerer
a conversão em separação consensual.
Há três hipóteses de separação litigiosa:
1) Separação Litigiosa como Sanção (ou culposa) → Um cônjuge
imputa ao outro conduta desonrosa ou violação dos deveres do casamento.
Exemplos: adultério, tentativa de homicídio, sevícias (maus tratos corporais),
abandono voluntário do lar, alcoolismo, condenação por crime infamante,
vadiagem, uso de entorpecentes, vício de jogo, injúria grave, etc. A lei não
prevê todos os casos, deixando ao critério Juiz a análise de outras hipóteses.
Além disso, é necessário que a falta de um dos cônjuges tenha tornado a vida
em comum insuportável. A ação pode ser proposta a qualquer tempo.
O fato de um cônjuge ser considerado culpado pela ruptura da sociedade
conjugal já não traz tanta repercussão. A atual legislação minorou os efeitos da
culpa:
a) O cônjuge culpado não perde o direito aos alimentos; estes apenas
ficam limitados ao mínimo essencial (art. 1.694, §2°, CC), com base no princípio
da dignidade da pessoa humana, previsto na Constituição. No entanto o cônjuge
inocente terá direito aos alimentos.
b) Em relação ao nome, o cônjuge somente o perderá na hipótese de
requerimento expresso do cônjuge inocente e mesmo assim, se não acarretar
prejuízo para sua identificação (art. 1.578, CC).

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c) Em relação à guarda dos filhos menores, não há previsão expressa da
lei; portanto não há a perda automática, sendo que os mesmos ficarão com
aquele que revelar melhores condições para exercê-la (art. 1.584, CC), podendo
ser o próprio cônjuge culpado.

Observações
• Como é a única hipótese em que se discute culpa, é também, a única
que admite reconvenção.
• Este tipo de separação com base na culpa, embora expressa na lei e
aceita pelos Juízes, vem sendo questionada pela doutrina, uma vez que a
conduta isolada de um dos cônjuges não é suficiente para se concluir de
quem foi a culpa na separação; geralmente os fatos ocorrem em
ambiente fechado, vivenciados apenas pelos cônjuges e difíceis de serem
provados. Ademais é contrário ao princípio da dignidade da pessoa
humana por exigir que os separandos exponham num processo judicial
toda a intimidade e privacidade do ambiente familiar.
• Embora o adultério (que exige a real consumação da conjunção carnal)
não seja mais considerado como crime, a sua prática ainda é causa de
separação judicial, pois foi transgredido o dever de fidelidade. A
jurisprudência vem entendendo que também se aplica este o tipo de
separação quando um dos cônjuges participa, por meio de programa de
computador, de envolvimentos extraconjugais, geradores de laços
afetivo-eróticos, embora apenas virtuais. Mesmo que juridicamente não
se configure um adultério (pois não há um contato físico), a chamada
“infidelidade virtual” pode se configurar como uma infração
matrimonial (pois se trata de uma conduta desonrosa).

2) Separação Litigiosa como Falência → Deve-se provar a ruptura da


vida em comum por mais de um ano (art. 1.572, §1°, CC) e a impossibilidade
de reconciliação, qualquer que seja o motivo. A prova a ser feita é apenas a de
que o casal encontra-se há mais de um ano separado de fato,
independentemente de culpa (não se discute “de quem foi a culpa”). Exige-se a
simples constatação de uma causa objetiva: o fracasso do casamento e
impossibilidade de sua reconstituição. Trata-se do término da affectio maritalis,
ou seja, o fim do vínculo afetivo que mantém unido o casal.

3) Separação Litigiosa como Remédio → Ocorre quando um dos


cônjuges requer separação, pois o outro está acometido de grave doença mental
de cura improvável (art. 1.572, §2°, CC). A doença se manifestou após o
casamento e tem duração superior a dois anos. Em regra, os filhos ficam com o
requerente e este fica com a obrigação de pagar alimentos ao cônjuge doente; o

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requerente perde o direito da meação dos bens remanescentes trazidos pelo
outro cônjuge ao casamento. Esse tipo de separação também sofre muitas
críticas da doutrina por ser considerada uma afronta ao princípio da dignidade
humana, ao dever da mútua assistência e ao companheirismo. No entanto está
prevista na lei e é aceita por nossos Tribunais.

Efeitos da Separação Judicial


A) Pessoais: termina com os deveres recíprocos de fidelidade e
coabitação (art. 1.576, CC).
B) Patrimoniais: põe fim ao regime patrimonial de bens; substitui o
dever de sustento pela obrigação de alimentar (dependendo do caso e
respondem até mesmo os herdeiros na força de seus respectivos quinhões – art.
1.997, CC) e extingue o direito sucessório entre os consortes (art. 1.830, CC).
Em qualquer das três hipóteses acima (sanção, falência ou remédio) a
ação deve ser proposta, como regra, no domicílio da mulher. A separação
judicial também acarreta na separação de corpos e na partilha dos bens.
Embora a partilha não seja obrigatória nesta fase (art. 1.581, CC), é
recomendável que se faça o quanto antes.
A separação de corpos (afastamento temporário da morada conjugal)
pode ser determinada como medida cautelar. A medida pode ser preparatória ou
incidental e não se examinam as causas da futura separação judicial.

1) Consensual (judicial e extrajudicial)

SEPARAÇÃO
a) Separação Sanção
2) Contenciosa b) Separação Falência
(judicial) c) Separação Remédio

Observação: havendo somente separação, a sociedade conjugal poderá ser


restabelecida, a qualquer tempo, nos termos e regime em que fora constituída,
mediante simples requerimento, assinado por ambos os cônjuges, dirigidos ao
Juiz da causa (art. 1.577, CC). O ato de restabelecimento da sociedade conjugal
deverá ser averbado no Registro Civil. A reconciliação em nada irá prejudicar os
direitos de terceiros, adquiridos durante o estado de separado, qualquer que
seja o regime de bens. O restabelecimento da sociedade conjugal também
poderá ser feito por escritura pública, ainda que a separação tenha sido
judicial. No entanto, neste caso não poderá ser restabelecido com modificações.

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DIVÓRCIO
O divórcio foi introduzido no Brasil pela Emenda Constitucional n° 09, em
1977. Antes disso havia somente o “desquite” que rompia apenas a sociedade
conjugal, porém não liberava os cônjuges para contrair novas núpcias. Até
então o casamento era indissolúvel. Logo a seguir a Lei n° 6.515/77 passou a
regular o tema.
Podemos conceituar o divórcio como sendo a dissolução do casamento
válido, mediante sentença judicial, habilitando as pessoas a contraírem novas
núpcias. O divórcio dissolve definitivamente o vínculo matrimonial. Não se
discute mais as causas que conduziram o casal ao divórcio; para obtê-lo basta a
comprovação do lapso temporal. O Ministério Público será necessariamente
ouvido, pois se trata de uma ação de estado.
O divórcio pode ser concedido sem que haja prévia partilha de
bens (art. 1.581, CC e Súmula 197 STF). Trata-se de uma iniciativa
personalíssima (somente os cônjuges: art. 1.582, CC).
O divórcio não altera o poder familiar: não modifica os direitos e deveres
dos pais em relação aos filhos (art. 1.579, CC), sendo que novo casamento de
qualquer dos pais, ou de ambos, não importa restrições aos direitos e deveres
(parágrafo único). Pode ser requerido de forma direta ou indireta. Vejamos.

A) DIVÓRCIO INDIRETO (ou conversão em divórcio): art. 1.580 e §1°, CC.


Surge como uma forma de resolver uma situação de fato, refletida numa
separação judicial. Ou seja, uma separação judicial pode ser convertida em
divórcio, após transcurso de mais de 01 (um) ano, a requerimento de um dos
cônjuges (litigioso) ou dos dois em conjunto (consensual). O prazo de um ano
pode ser contado da decisão que tiver concedido a separação cautelar de corpos
ou determinado a separação. Embora o Código Civil estabeleça esses prazos, a
doutrina entende que o dispositivo que exige prazo para a conversão do
divórcio está revogado por força da Emenda Constitucional n° 66/2010.
Na conversão, o nome dos cônjuges pode ser alterado, salvo evidente
prejuízo para a sua identificação, manifesta distinção entre seu nome de família
e o dos filhos ou grave dano, reconhecido por sentença judicial. Embora haja
uma tendência dos cônjuges em se manter as cláusulas convencionadas na
separação, nada proíbe que elas sejam modificadas, especialmente no tocante a
alimentos, guarda de filhos menores, visitas, etc.

B) DIVÓRCIO DIRETO (art. 1.580, §2°, CC)


O divórcio direto é aquele que o casal opta por ele independentemente de
ter passado pela prévia separação. O Código Civil exige prazo mínimo de um
ano desde a ruptura do casal através da separação judicial ou da concessão de

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medida cautelar de separação de corpos; ou então pelo decurso do prazo de
dois anos para o casal separado de fato. Esses prazos foram extintos pela
Emenda 66/2010. Atualmente é possível casar e um dia e divorciar-se no outro.

O divórcio dissolve o vínculo conjugal, o casamento. Após o


divórcio, somente um novo casamento poderá unir novamente o
casal.

Observação. Nossa atual legislação não estabelece uma limitação de vezes


que uma pessoa pode se divorciar. Anteriormente o art. 38 da Lei n° 6.515/77
previa a possibilidade de apenas um pedido. No entanto ele foi revogado pela
Lei n° 7.841/89.

1) Conversão
DIVÓRCIO
2) Direto

O vínculo matrimonial desconstitui-se pela sentença transitada em


julgado.
A exemplo da separação judicial é atualmente também é possível o
divórcio consensual (por conversão ou direto) pela via administrativa. O
divórcio por conversão ainda é mais simples, pois as cláusulas do ajuste em tese
já foram pactuadas no ato da separação. Os requisitos são os mesmo da
separação consensual administrativa.
Efetivado o divórcio, seja pela via judicial ou extrajudicial, deverá ser
averbado à margem do assento do registro civil de casamento, com
anotações nos assentos de nascimento dos ex-consortes (art. 10, I, do CC/02;
art. 101 e art. 107 da Lei 6.015/73), para o conhecimento de terceiros.
Efeitos
Mesmo com o divórcio, ambos os pais continuam com a obrigação de
educação, guarda e sustento dos filhos. Também pode continuar a obrigação
alimentar devida ao ex-cônjuge necessitado. Todavia extingue-se essa
obrigação caso o necessitado venha a contrair nova união. Quanto ao nome,
falaremos a seguir.
NOME
Como vimos, tanto o homem como a mulher podem conservar o nome
de solteiro ou acrescer ao seu o sobrenome (ou patronímico) do outro (art.
1.565, §1°, CC). E a jurisprudência permite a supressão de um sobrenome
desde que demonstrado justo motivo e que não haja prejuízo a terceiros. Mas é
importante dizer que após o casamento não há mais que se falar em nome do

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marido ou nome da esposa, mas sim em nome da família. A partir do
momento em que um dos cônjuges passa a usar o sobrenome do outro, este
passa a integrar a sua própria personalidade.
Estabelece o art. 1.571, §2°, CC que dissolvido o casamento pelo divórcio
(direto ou por conversão), o cônjuge poderá manter o nome de casado.
Completa o art. 1.578, CC que o cônjuge considerado culpado na ação de
separação judicial só perderá o direito de usar o sobrenome do outro, desde que
isso seja expressamente requerido pelo cônjuge inocente e se a alteração não
acarretar:
• Grave prejuízo para sua identificação. Ex.: pessoa muito conhecida nos
meios artísticos ou políticos pelo patronímico que adquiriu com o
casamento.
• Manifesta distinção entre o seu nome de família e o dos filhos havidos da
união dissolvida. Ex.: se o filho havido no casamento não possui o
sobrenome da mulher é assegurado a ela o direito de continuar usando
este sobrenome, pois a sua retirada causaria manifesta distinção entre o
seu apelido de família e o do filho.
• Dano grave reconhecido em decisão judicial.

Observação: o cônjuge inocente poderá renunciar ao uso do sobrenome do


outro. Nos demais casos haverá a opção pela conservação ou não do nome de
casado.

PROTEÇÃO AOS FILHOS – GUARDA


Com a dissolução da sociedade conjugal há a separação física do casal.
Por isso deve-se resolver a questão da guarda dos filhos menores e dos
maiores incapazes que o casal tiver. Em virtude da Lei n° 11.698/08, a
guarda poderá ser:
a) Unilateral: atribuída a um dos genitores ou a alguém que o substitua,
em caráter exclusivo, o encargo físico de cuidado aos filhos. A guarda unilateral
é atribuída ao genitor que revele melhores condições para exercê-la
(princípio da prevalência dos interesses do menor: art. 1.584, CC), levando-se
em conta: a) afeto nas relações com o genitor e o grupo familiar; b) saúde e
segurança; c) educação. Resta ao outro cônjuge apenas o direito de visita em
dias e horários determinados, por acordo entre as partes ou sentença judicial e
o dever de prestar alimentos, sejam eles in natura ou in pecúnia. Em algumas
hipóteses o Juiz, verificando que o filho não deva permanecer com os pais,
defere a guarda à pessoa que revele compatibilidade, levando em conta o grau
de parentesco e as relações de afinidade e afetividade. Este tipo de guarda não
prevê a cisão ou diminuição dos atributos advindos do poder familiar, eis que

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ambos os pais continuam responsáveis pelos filhos. A própria Lei diz isso ao
estabelecer que “a guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a
supervisionar os interesses dos filhos” (art. 1.583, §3°, Código Civil).
b) Alternada: caracteriza-se pelo exercício exclusivo e alternado da
guarda, segundo um período de tempo pré-determinado, que tanto pode ser
anual, semestral, mensal, findo o qual os papéis dos detentores se invertem,
alternadamente. De certo modo, a guarda alternada é também unilateral porque
só um dos pais num curto espaço de tempo detém a guarda.
b) Compartilhada (em conjunto): responsabilidade conjunta e exercício
de direitos e deveres dos pais que não vivam sob o mesmo teto (poder familiar).
Ambos os pais participam da convivência, educação e demais deveres,
mantendo-se dois lares para os filhos, que pode ser de forma concomitante ou
alternada. Não confundir com a guarda partilhada, onde apenas um dos pais
exerce a guarda.
A guarda (unilateral ou compartilhada) pode ser (art. 1.584, CC):
• Requerida por consenso, pelo pai e pela mãe, ou por qualquer deles, em
ação autônoma de separação, divórcio, dissolução de união estável ou
em medida cautelar (separação de corpos)
• Decretada pelo Juiz, em atenção a necessidades específicas do filho, ou
em razão da distribuição de tempo necessário ao convívio deste como o
pai ou a mãe.
Em princípio respeita-se a vontade dos cônjuges. Não havendo consenso
entre as partes, a guarda dos filhos deverá ser atribuída, sempre que possível, a
guarda compartilhada.

Observação: O Superior Tribunal de Justiça tem entendido como correta a


decisão que estabelece a guarda compartilhada mesmo sem o consenso dos
pais, baseado no princípio do melhor interesse da criança, presente no art.
227, CF/88.
Lembrando que o exercício da guarda não tem mais relação direta com a
eventual declaração de culpa de um cônjuge pela dissolução da sociedade
conjugal. Não é razoável que uma criança fique privada da guarda materna ou
paterna somente pelo fato de terem sido consideradas culpados na dissolução
da sociedade conjugal. A culpa decorre do comportamento conjugal em
relação ao outro cônjuge e não em relação à criança. O foco deve ser
sempre do melhor para a criança, que é o destinatário do bem jurídico tutelado.
E é nesse sentido a jurisprudência:
“O cônjuge responsável pela separação pode ficar com a guarda do filho
menor, em se tratando de solução que melhor atenda ao interesse da criança.

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Há permissão legal para que se regule por maneira diferente a situação do
menor com os pais. Em casos tais, justifica-se e se recomenda que prevaleça o
interesse do menor” (Superior Tribunal de Justiça, Recurso Especial no 37051/SP
– 3a Turma – Relator Ministro Nilson Naves).

DIREITO CONVIVENCIAL
União Estável (arts. 1.723 a 1.727, CC)

O concubinato sempre ocorreu em todos os tempos e civilizações,


repercutindo da vida jurídica. A expressão vem do latim e significa “deitado com
outrem”. Trata-se da união de um homem com uma mulher que não são ligados
pelo casamento. Anteriormente distinguia-se a “concubina-companheira”
(concubinato puro) da “concubina-amante” (concubinato impuro ou adulterino).
No primeiro caso, a mulher ocupava o lugar de dona de casa, ou de esposa de
fato, ou quase-esposa. No segundo caso, incidia nas proibições do Código Civil,
no que tange ao homem casado, que não pode beneficiá-la com doações, seguro
de vida, testamento, etc.
A expressão concubinato atualmente é utilizada para designar o
relacionamento amoroso não eventual envolvendo pessoas impedidas de se
unir (art. 1.724, CC). Ex.: envolvimento não eventual de pessoas casadas e não
separadas de fato (concubinato adulterino), irmãos (concubinato incestuoso),
etc. Já o que se chamava de concubinato puro, é hoje chamado de União
Estável entre Homem e Mulher, previsto na Constituição Federal de
1988:

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial


proteção do Estado.
§3° Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união
estável entre o homem e a mulher como entidade familiar,
devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.

CONCEITO
União de pessoas, baseada em uma relação de afeto, duradoura, pública
(não pode ser furtiva ou secreta) e contínua, com intuito de uma vida em
comum, sem as formalidades do casamento. O Código Civil permite a união
estável entre pessoas solteiras, viúvas, divorciadas, separadas judicialmente ou
até mesmo separadas de fato. Embora se exija uma “aparência de
casamento”, baseada na fidelidade ou lealdade (princípio monogâmico), não
houve uma equiparação da união estável ao casamento.

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Elementos essenciais: convivência pública, contínua e duradoura (art. 1.723,
CC); objetivo de constituição de família; honorabilidade (art. 1.724, CC: deveres
de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos
filhos); ausência de matrimônio civil válido e inexistência de impedimentos para
o casamento (se a pessoa for casada, deve estar separada judicialmente ou de
fato).

ATENÇÃO. Como vimos, o Supremo Tribunal Federal (ADI n° 4277 e


ADPF n° 132) reconheceu a união estável para casais do mesmo sexo,
com eficácia erga omnes (extensível a todos) e efeito vinculante.
A principal diferença entre a união estável e o casamento é que este é
considerado como uma união de direito, formalizado perante o poder público
(ato solene) o que não ocorre na união estável, embora ambas constituam
família. Assim, afirma a doutrina que há apenas diferença no ato jurídico que
os origina, não havendo diferença no conteúdo, sob pena de tal entendimento
ser considerado inconstitucional.
Admite-se a união estável sem que haja coabitação e vida idêntica à do
casamento (trata-se de um entendimento jurisprudencial). Não se reconhece a
união estável contraída com algum impedimento dirimente público, não
recebendo proteção legal, exceto no que se refere à eventual filiação. É
interessante deixar claro que atualmente a lei não estabelece tempo
mínimo para que se configure a união estável. Além do Código Civil, duas
são as leis que regulamentam o dispositivo constitucional:
a) Lei n° 8.971/94 (Lei dos Companheiros): reconheceu direito a alimentos,
direito sucessório e usufruto de parte dos bens em caso de morte.
b) Lei n° 9.278/96 (Lei dos Conviventes): reconheceu a presunção do
esforço comum (os bens adquiridos na constância da união pertenciam aos
dois), além de prever o direito real de habitação.
Anteriormente a lei civil sempre repudiava qualquer tipo de união que não
fosse pelo casamento. Mas aos poucos a legislação extravagante, a começar
pela previdenciária, começou a reconhecer direitos da concubina. Até chegar no
atual estágio, em que a união estável é reconhecida pela própria Constituição e
o Código Civil. Têm-se entendido que as duas leis citadas ainda encontram
espaço para aplicabilidade, naquilo em que não contrarie o atual Código Civil,
sob pena de retrocesso na longa caminhada de proteção da convivência não-
matrimonial entre homem e mulher. No entanto há uma grande dúvida
doutrinária quanto ao direito real de habitação e o usufruto entre os
conviventes, pois não há previsão no atual Código sobre o tema. Tendo-se em
vista o conflito doutrinário, este tema tem sido evitado em concursos,

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principalmente em provas objetivas. Em uma dissertação recomendamos
desenvolver o tema expondo ambas as posições.
EFEITOS
Podemos dizer que atualmente a união estável produz os
seguintes efeitos:
• Contrato de Convivência: é lícito aos conviventes firmar um contrato de
união estável ou convivência, para melhor regulamentar os reflexos da
relação que assumiram. Interessante deixar claro que não é o contrato em
si que institui a união estável, pois esta somente se caracteriza com o
preenchimento dos requisitos legais. Mas uma vez caracterizada a união
estável o contrato regulamenta melhor as relações entre os envolvidos.
Esse contrato, como um negócio jurídico qualquer, se sujeita aos requisitos
essenciais sobre a capacidade das partes, licitude do objeto e forma
prescrita ou não proibida em lei (art. 104, CC). O contrato poderá ser feito
por qualquer casal, seja de sexo distintos ou iguais (de acordo com a
jurisprudência do STJ e STF). Ele pode ser formalizado tanto por escritura
pública ou por instrumento particular, sendo permitido aos companheiros
estipularem que cada um é dono exclusivo daquilo que foi adquirido, a
qualquer título; ou que cada companheiro tem direito a um percentual
diferenciado com relação aos bens adquiridos onerosamente; ou, ainda,
que determinados bens pertencem a ambos ou são de propriedade
exclusiva de um. No tocante ao conteúdo do ajuste, devem
abranger apenas as disposições patrimoniais sobre os bens adquiridos pelos
companheiros e ainda, os que advirão durante o tempo de vida em comum.
Não poderá constar sobre os bens anteriores ao inicio da união. Além disso,
não se admite cláusulas restritivas a direitos pessoais dos companheiros ou
violadores de preceitos legais (ex.: é inadmissível cláusula que exclua os
deveres de mútua assistência durante a convivência). O registro do
contrato no cartório de registro civil ou averbado no cartório de registro de
imóveis é facultativo, por não haver previsão expressa. No entanto, com o
objetivo de não prejudicar terceiras pessoas e tornar público o
conhecimento do ajuste, recomenda-se que seja formalizado o registro e a
averbação com base no art. 1.627, CC e art. 167 da Lei de Registros
Públicos.
• Meação: se não houver contrato entre os conviventes prevalecerá entre
ambos o regime da comunhão parcial de bens (art. 1.725, CC), sendo que o
convivente terá direito à metade dos bens por ocasião da dissolução da
união estável (separação ou morte) se adquiridos onerosamente na
vigência da união estável. Assim, dissolvida a união estável, haverá a
partilha dos bens que o casal adquiriu onerosamente no período. Por outro

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lado, os bens adquiridos a título gratuito (herança, legado ou doação),
anteriores ou não à união estão excluídos da meação (não se comunicam),
por não terem sido adquiridos pelo esforço comum dos conviventes.
Também não são partilhados os bens que o homem ou a mulher tenham
incorporado ao patrimônio com recursos que já tinham antes do início do
relacionamento (na prática há certa dificuldade para estabelecer quais
sejam estes bens).
• Sucessão (art. 1.790, CC): o companheiro supérstite, além do direito a
eventual meação, participará da sucessão do outro (herança), quanto aos
bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas
seguintes condições:
- Se concorrer com filhos comuns terá direito a uma quota equivalente à
que for atribuída ao filho;
- Se concorrer com filhos só do autor da herança, caber-lhe-á metade do
que couber a cada um daqueles;
- Se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço
da herança;
- Não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.
• Deveres: em relação ao companheiro (art. 1.724, CC): lealdade, respeito
e assistência. Em relação aos filhos: guarda, sustento e educação. Nota-se
que o legislador não colocou os mesmos deveres para o casamento. A lei é
omissa em relação: ao dever de fidelidade e ao da coabitação. No entanto
a doutrina aponta que a fidelidade seria uma espécie de lealdade
(esta seria o gênero). Portanto é evidente que a “traição” pode causar
repulsa de tal ordem que torne insuportável a convivência ao companheiro
inocente. Já em relação a coabitação, entende-se que a vida em comum
sob o mesmo teto não é imprescindível para a caracterização da união
estável. A propósito, diz a Súmula 382 do Supremo Tribunal Federal: “A
vida em comum sob o mesmo teto, more uxorio, não é indispensável à
caracterização do concubinato”.
• Separação de Corpos: esta medida cautelar é manejável tanto na
hipótese do casamento como na de união estável (nesta hipótese, antes
de se promover a ação de reconhecimento e extinção da própria união
estável - art. 1.562, CC), porque nos dois casos há conflitos de interesses
que merecem tutela jurídica. Trata-se de medida prudente, uma vez que
evita ocorrência de danos irreparáveis ou de difícil reparação,
regularizando uma situação de fato, quando as partes já se encontram
separadas.

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• Alimentos: a extinção da união estável atualmente dá direito à pensão
alimentícia ao necessitado. Confere-se o mesmo tratamento dado aos
alimentos devidos entre marido e mulher.
• Regime de Bens (art. 1.725, CC): aplica-se à união estável, em regra, o
regime da comunhão parcial de bens, mas é possível que que os
companheiros escolham outro regime, desde que feito por contrato
escrito. No entanto, não é possível aos conviventes atribuírem
efeitos retroativos ao contrato de união estável, com o fim de eleger o
regime de bens aplicável ao período de convivência anterior à sua
assinatura; o contrato somente pode gerar efeitos para o futuro.
• Conversão em Casamento: prevê o art. 1.726, CC que a união estável
poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos conviventes ao
Juiz e assento no Registro Civil.
• Direito Real de Habitação do imóvel destinado à residência da família,
enquanto viver ou não constituir nova união ou casamento (pelo Código
Civil só os cônjuges têm esse direito, no entanto a jurisprudência está
estendendo tal direito também aos conviventes).
• Adoção: companheiros (união estável) podem adotar em conjunto.
• Nome do Companheiro: a lei permite que se utilize o patronímico do
companheiro, se houver a concordância deste, vida em comum por mais
de cinco anos ou filho da união. Não podem ser casados em núpcias
anteriores.
• Previdência Social: havendo união estável, os conviventes são
beneficiários do segurado. Também têm direito à pensão deixada pelo
servidor civil ou militar. Permite-se o abatimento no Imposto de Renda
como encargo de família (dependente).
• Responsabilidade Civil: a companheira pode pleitear indenização por
morte do companheiro motivada por ato ilícito.
• Outorga: segundo decisão do STJ “ainda que a união estável esteja
formalizada por meio de escritura pública, é válida a fiança prestada por
um dos conviventes sem a autorização do outro”.
• Prova: ao contrário do casamento (que se prova com a respectiva
certidão), a união estável deve ser provada por meio dos seguintes
requisitos (art. 1.723, caput, CC):
a) Convivência pública (publicidade ou notoriedade): é a convivência
more uxorio, ou seja, o casal se apresenta no meio social como se
fossem casados. Excluem-se as uniões sigilosas ou sorrateiras.

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b) Durabilidade: o legislador não marcou um prazo mínimo para a
configuração da união estável (trata-se de uma cláusula aberta).
No entanto a união deve ser durável (e não passageira), sendo que
isso deve ser verificado pelo Juiz em cada caso concreto.
c) Continuidade: exige-se que a união seja contínua, ininterrupta para
a estabilidade da união. É evidente que se admite a ocorrência de
“brigas e pequenas separações”, como pode ocorrer em qualquer
relacionamento, sem que se deixe de reconhecer a continuidade
d) Objetivo de constituição de família: é o requisito mais subjetivo,
podendo ser demonstrado pelo fato do casal residir sob o mesmo
teto, pela existência de filhos em comum, aquisição conjunta de
patrimônio, etc. Verifica-se se existe a chamada affectio maritalis
(que é própria do casamento), ou seja, o vínculo afetivo que
mantém unido o casal. Em outras palavras, a intenção
permanecerem unidos, como se casados fossem; um laço espiritual
e um compromisso entre eles. Assim, um namoro, por mais longo
que seja não se configura união estável por faltar esse elemento.
e) Não pode haver nenhum dos impedimentos relativos ao
casamento. Conforme prevê o art. 1.723, §1°, CC a união estável
não se constituirá se ocorrerem os impedimentos previstos no art.
1.521, CC. No entanto é possível a união estável entre pessoas
separadas judicialmente ou mesmo separadas de fato (embora o
casamento delas não seja possível). As causas suspensivas para o
casamento (art. 1.523, CC) não impedem a caracterização da união
estável (art. 1.723, §2°, CC).
f) Relação Monogâmica: a exemplo do casamento, o relacionamento
dos conviventes deve ser único.

Observações
01) Affectio Maritalis. Sobre o tema, o STJ assim se pronunciou (REsp nº
1.454.643-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze): “O propósito de constituir
família, alçado pela lei de regência como requisito essencial à constituição da
união estável (a distinguir, inclusive, esta entidade familiar do denominado
"namoro qualificado"), não consubstancia mera proclamação, para o
futuro, da intenção de constituir uma família. É mais abrangente. Esta
deve se afigurar presente durante toda a convivência, a partir do efetivo
compartilhamento de vidas, com irrestrito apoio moral e material entre os
companheiros. É dizer: a família deve, de fato, restar constituída. Tampouco a
coabitação, por si, evidencia a constituição de uma união estável, ainda que
possa vir a constituir, no mais das vezes, um relevante indício”.
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02) Conflito de Normas. A lei impõe o regime de separação obrigatória
de bens para o casamento de pessoas maiores de 70 anos (art. 1.641, II,
CC: redação da Lei n° 12.344/10). Mas não estabelece esta mesma
restrição em relação à união estável. Portanto, não deve haver restrição a
eles. Mas surge a seguinte indagação: no relacionamento de pessoas maiores de
70 anos, no tocante ao regime de bens, é preferível manter apenas uma união
estável (ou seja, não casar)? Casando, não se teria menos liberdade em relação
à disponibilidade dos bens? A lei não estaria criando um entrave para o
casamento de pessoas maiores de 70 anos? Não há resposta a essas indagações
baseada na lei. A resposta fica para cada um de nós, bem como a opção por
uma ou outra alternativa em nossa vida particular.
03) Coabitação. Segundo jurisprudência do STJ, a lei não enumera a
coabitação como elemento indispensável à caracterização da união
estável. Ainda que seja dado relevante para se determinar a intenção de
construir uma família, não se trata de requisito essencial.

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE

O Supremo Tribunal Federal, ao julgar a Ação Direta de


Inconstitucionalidade (ADI) n° 4277 e a Arguição de Descumprimento
de Preceito Fundamental (ADPF) n° 132, reconheceu a união estável
para casais do mesmo sexo.
Portanto, a partir da decisão do STF os casais homossexuais têm os
mesmos direitos e deveres que a legislação brasileira já estabelece para os
casais heterossexuais. O casamento civil entre pessoas do mesmo sexo será
permitido e as uniões homoafetivas passam a ser tratadas como um novo tipo
de família. O julgamento do Supremo, que aprovou por unanimidade o
reconhecimento legal da união homoafetiva, torna praticamente automáticos os
direitos que hoje são obtidos com dificuldades na Justiça e põe fim à
discriminação legal dos homossexuais. Voto da Ministra Ellen Gracie: “O
reconhecimento, portanto, pelo Tribunal, hoje, desses direitos, responde a um
grupo de pessoas que durante longo tempo foram humilhadas, cujos direitos
foram ignorados, cuja dignidade foi ofendida, cuja identidade foi denegada e
cuja liberdade foi oprimida”. Pela decisão do Supremo, os homossexuais passam
a ter reconhecido o direito de receber pensão alimentícia, ter acesso à herança
de seu companheiro em caso de morte, podem ser incluídos como dependentes
nos planos de saúde, poderão adotar filhos e registrá-los em seus nomes,
dentre outros direitos. As uniões homoafetivas atualmente são colocadas ao
lado dos três tipos de família já reconhecidos pela Constituição: a família
convencional formada com o casamento, a família decorrente da união estável e
a família monoparental (formada, por exemplo, pela mãe solteira e seu filho).

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Como entidade familiar, as uniões de pessoas do mesmo sexo também
passam a merecer a mesma proteção do Estado.
Como vimos, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a união estável
para casais do mesmo sexo. Já o Superior Tribunal de Justiça foi mais além e
reconheceu a possibilidade de casamento de pessoas do mesmo sexo.
Segundo o voto vencedor, “o mesmo raciocínio utilizado, tanto pelo STJ quanto
pelo Supremo Tribunal Federal (STF), para conceder aos pares homoafetivos os
direitos decorrentes da união estável, deve ser utilizado para lhes franquear
também a via do casamento civil, mesmo porque é a própria Constituição
Federal que determina a facilitação da conversão da união estável em
casamento”.

DIREITO PARENTAL

Direito parental é a relação existente não só entre pessoas que


descendem uma das outras ou de um mesmo tronco comum (vínculo de
sangue), mas também entre um dos cônjuges e os parentes do outro (vínculo
social) e entre adotado e adotante (vínculo civil). Pode ser estabelecido por lei
ou por decisão judicial. Portanto este conceito engloba três possíveis espécies
de parentesco: natural (ou por consanguinidade), afinidade (social) e adoção
(civil), que iremos analisar mais abaixo.

• Natural (consanguíneo) → é o estabelecido entre


pessoas que descendem de um mesmo tronco
ancestral. Portanto elas estão “ligadas pelo mesmo
sangue”. Espécies:
a) matrimonial.
b) extramatrimonial.
PARENTESCO • Afim → é o que liga uma pessoa aos parentes de seu
cônjuge ou companheiro (ex.: sogra, nora, cunhado).
• Civil → é o decorrente da adoção, estabelecido entre
o adotante e o adotado, estendido a seus parentes.

Lembrando: marido e mulher não são parentes

Vínculo  Linhas e Graus


O vínculo de um parentesco se estabelece por meio de linhas e a
contagem faz-se por graus.

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a) Linha (ou ordem) de parentesco  vinculação de alguém a um tronco
ancestral comum.
• Linha reta (art. 1.591, CC): são as pessoas que estão umas para as
outras na relação de ascendentes (ex.: pai, avô, bisavô, etc.) e
descendentes (ex.: filho, neto, bisneto, etc.). Na linha ascendente
temos duas linhas de parentesco; o vínculo é estabelecido tanto pelo
lado masculino (paterna – agnação ou agnatio) como feminino (materna
– cognação ou cognatio). Na linha descendente surgem subgrupos
denominados estirpes, abrangendo todas as pessoas oriundas de um
mesmo descendente.
• Linha colateral (transversal, ou oblíqua): são as pessoas que
provêm de um só tronco, até o quarto grau (art. 1.592, CC), sem
descenderem umas das outras (ex.: irmãos, sobrinhos, tios, primos
etc.).

Na linha reta não há limite de parentesco. Na linha


colateral estende-se somente até o quarto grau (após isso não são
mais parentes). Para efeito de sucessão contam-se os colaterais
também somente até o quarto grau.

b) Grau de parentesco  é a distância de gerações que vai de um a outro


parente; o número de gerações que separam os parentes.

• Na linha reta: contam-se os graus pelo número de gerações (ex.: pai e


filho são parentes em linha reta em primeiro grau; avô e neto são
parentes em segundo grau; bisavô e bisneto em terceiro grau, etc.).
Observem o quadro abaixo a contagem de grau para os
descendentes e ascendentes de Pedro:

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PARENTESCO EM LINHA RETA

Ascendentes Descendentes

Avô PEDRO

2º grau 1º grau

Pai Filho

1º grau 2º grau

PEDRO Neto

• Na linha colateral (transversal ou oblíqua): a contagem também é


feita pelo número de gerações; parte-se de um parente situado em uma
das linhas, subindo-se ao primeiro ascendente comum, contando as
gerações, até encontrar o outro parente. É importante notar que não
existem colaterais de primeiro grau. Notem o quadro abaixo como é
feita a contagem.
Situações
a) Irmãos são parentes colaterais em segundo grau (possuem os
mesmos pais). Sobe-se ao pai (primeiro ascendente comum = 1° grau) e desce-
se ao irmão (2o grau).
b) Sobrinhos são colaterais em terceiro grau. Sobe-se ao pai (1° grau),
desce-se ao irmão (2° grau) e depois ao sobrinho (filho do irmão – 3º grau).

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PARENTESCO EM LINHA COLATERAL


IRMÃO e SOBRINHO

Pai

1º grau 2º grau

PEDRO Irmão

3º grau

Sobrinho

c) Tios são parentes colaterais em terceiro grau: sobe-se ao pai (1o


grau), depois ao avô (2o grau – ascendente comum) e desce-se ao tio (3o grau).
d) Primos são parentes colaterais em quarto grau (possuem os mesmos
avós, paternos ou maternos): sobe-se ao pai (1o grau), depois ao avô (2o grau),
desce-se ao tio (3o grau), chegando-se ao primo (4o grau).

PARENTESCO EM LINHA COLATERAL


TIO e PRIMO

Avô

2º grau 3º grau

Pai Tio

1º grau 4º grau

PEDRO Primo

A linha colateral pode ser classificada em: a) igual (ex.: irmãos), pois a
distância que os separa do tronco comum, em número de gerações, é a mesma;

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ou b) desigual (ex.: tio e sobrinho), pois o sobrinho está separado do tronco
comum por duas gerações e o tio apenas uma.

O parentesco ainda pode ser duplicado: ou seja, se dois irmãos casam-se


com duas irmãs, os filhos dessas uniões serão parentes colaterais em linha
dupla ou dúplice, ou seja, serão duplamente primos entre si.

Observação. Lembrem-se de que marido e mulher não são parentes


entre si; há entre eles o vínculo matrimonial que vimos mais acima (e não
parental). A mesma situação ocorre entre os companheiros ou conviventes.

ESPÉCIES DE PARENTESCO
Como vimos, existem três espécies de parentesco: a) Natural (ou
consanguíneo); b) Afinidade (social); c) Civil (adoção). Vejamos um a um.
Observação: no final da aula apresentamos um quadro geral de parentesco.

1. PARENTESCO NATURAL (ou consanguíneo)


Parentesco natural é o que estabelece entre pessoas ligadas por um
mesmo tronco ancestral (descendem de um tronco comum): pai, filho, neto,
irmãos, tios, primos, etc. Estão ligados pelo mesmo “sangue”. Anteriormente
falava-se em filiação legítima ou ilegítima, conforme proviesse ou não de
casamento. O filho legítimo era oriundo do casamento. O ilegítimo era dividido
em natural (apesar de não haver casamento os pais não tinham impedimento
algum para se casar) e espúrios. Estes eram subdivididos em incestuosos
(havidos de pais impedidos de se casar pelo parentesco – ex.: irmãos) e os
adulterinos (havidos de pais impedidos de se casar por casamento anterior: um
dos cônjuges já era casado). O filho ilegítimo não podia ser reconhecido, nem
mesmo judicialmente.
Tais distinções e discriminações não existem mais. Atualmente, a
Constituição Federal (art. 227, §6°) determina que:

“Os filhos havidos ou não da relação do casamento, ou por


adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer
designações discriminatórias relativas à filiação”.

O Código Civil repetiu exatamente esta previsão em seu art. 1.596,


atentando, dessa forma, para a igualdade constitucional estabelecida entre
os filhos. No entanto, nada obsta que se utilize a expressão “filhos havidos fora
do casamento” (ou extramatrimoniais) especialmente para fins didáticos, por
não ser um termo discriminatório.

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É interessante acrescentar que no Direito Processual há a proibição de um
parente depor em um processo cujo interessado é um parente; também não
pode funcionar no processo um advogado que parente do juiz.

Filiação (arts. 1.596/1.606, CC)


É a relação de parentesco consanguíneo, em linha reta e em primeiro
grau, que liga uma pessoa àquelas que a geraram, ou a receberam como se as
tivessem gerado. Por isso abrange não apenas a filiação natural como a
decorrente de adoção. Como vimos, vigora o princípio da igualdade jurídica
entre os filhos.
Atualmente passamos por um momento delicado em relação a este tema,
diante do avanço da medicina genética (inseminação artificial heteróloga,
inseminação após o óbito, estudos sobre clonagem, etc.). Num futuro próximo
teremos problemas envolvendo questões patrimoniais (sucessão) e de ordem
biológica e moral (ex.: casamento de irmãos sem que saibam deste fato). Nossa
legislação não está conseguindo acompanhar a rapidez da evolução científica,
deixando lacunas em diversas hipóteses e outras com muitos pontos obscuros.
Mas este nosso curso não tem a pretensão de dar respostas a estas indagações.
Mas sim de apresentar a matéria como ela está colocada na lei. Nosso objetivo
aqui é elucidar questões que podem cair em concursos públicos.
A filiação matrimonial é a que se origina na constância do casamento dos
pais, ainda que nulo ou anulado. A lei estabelece uma presunção de paternidade
para os filhos concebidos na constância do casamento. O antigo Direito Romano
já afirmava: mater semper certa est; pater is est quem justiae nuptiae
demonstrant – a mãe é sempre certa; o pai é aquele quem as justas núpcias
demonstram, ou seja, é aquele que se presume ser pelo casamento. Hoje em
dia temos um dito popular: “filhos da minha filha meus netos são... filhos do
meu filho serão ou não”. A filiação é provada pela certidão do termo de
nascimento registrada no Registro Civil. Ninguém pode vindicar estado contrário
ao que resulta do registro de nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade
do registro.
Presunção de Paternidade
Estabelece o art. 1.597, CC que presumem-se (trata-se de uma
presunção relativa - juris tantum - pois pode ser contestada) concebidos na
constância do casamento os filhos:
a) nascidos 180 (cento e oitenta) dias, pelo menos, depois de estabelecida
a convivência conjugal.
b) nascidos dentro nos 300 (trezentos) dias subsequentes à dissolução da
sociedade conjugal por morte, separação judicial, nulidade e anulabilidade
do casamento. Pode ocorrer a seguinte hipótese: mulher fica viúva e em
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seguida se casa novamente (binuba) e tem um filho logo a seguir. De
quem é este filho? Pelo Código Civil, se o filho nascer até nos 300 dias
após a morte do ex-marido, presume-se que o filho é deste; se o
nascimento se der após este prazo, presume-se que o filho é do segundo
marido. Obs. Não confundir binuba (pessoa desimpedida que se casa
novamente) com bígama (pessoa que contrai casamento, já sendo
casada).
c) havidos por fecundação artificial homóloga (inseminação promovida
com material genético – sêmen e óvulo – dos próprios cônjuges), mesmo
que falecido o marido (que foi o doador do sêmen e tenha dado
autorização para tanto, pois caso contrário pode acarretar em
desrespeito da vontade do falecido e sérias consequências para os
herdeiros já existentes).
d) havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões
excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga (fertilização in
vitro – doadores do óvulo e do sêmen são marido e mulher que deram
autorização para tanto). Embriões excedentários são aqueles que não
foram implantados de imediato no útero da mulher, sendo conservados
por técnicas especiais.
e) havidos por inseminação artificial heteróloga que é a fecundação
realizada com material genético fornecido por terceira pessoa,
aproveitando-se ou não material genético (gametas: sêmen ou óvulo)
de um dos cônjuges, desde que tenha havido prévia autorização. O
dispositivo deixa claro que a paternidade não pode decorrer
exclusivamente da verdade biológica. Trata-se, neste caso de paternidade
sócio-afetiva (tal como ocorre na adoção).

Observações
01) No Brasil não se admite o chamado “aluguel de ventre” (ou “barriga
de aluguel”); no entanto admite-se a cessão temporária de útero, sem fins
lucrativos, desde que a doadora (gestatrix – a que concedeu o útero) seja
parente colateral até segundo grau da mãe genética (genetrix – a que cedeu o
óvulo).
02) Além da filiação biológica (pautada na relação consanguínea),
doutrina e a jurisprudência reconhecem a chamada filiação socioafetiva
quando a paternidade é guiada pelo carinho, respeito, afeição e dedicação,
mesmo que a relação existente entre seus sujeitos não advenha de um
parentesco biológico. Funda-se no princípio da proteção integral da criança e do
adolescente. Costuma-se citar o seguinte exemplo: um casal não pode ter filhos,
pois o marido é estéril e decide fazer uma inseminação artificial heteróloga

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(doação de sêmen de terceiro), havendo a autorização do marido. Nasce o filho
que é registrado, mas alguns anos depois o casal se separa. A mãe se une a um
novo companheiro e o mesmo assume “socioafetivamente” a condição de pai.
Temos então três situações: a) pai biológico (o doador do sêmen); b) pai
jurídico (o ex-marido que permitiu a inseminação artificial); c) pai socioafetivo
(o atual companheiro da mãe).
A jurisprudência e a doutrina também citam outro exemplo: a “adoção à
brasileira”. Casal que não pode ter filho adota o filho de uma mulher que teve
um filho e o abandonou. O casal registra este filho como sendo seu, embora não
o seja. Ou no caso da mulher que engravida, mas o pai não quer assumir e
desaparece. Um outro homem se apaixona por esta mulher e assume o filho; ele
sabe que o filho não é dele, mas quando do nascimento da criança registra
como sendo seu filho.
A paternidade do filho concebido na constância do casamento pode ser
contestada (ação negatória de paternidade) pelo pai (logo, trata-se de uma
presunção relativa: juris tantum). Para a propositura desta ação deve ficar
devidamente provado: a) que o marido se achava fisicamente impossibilitado de
coabitar com a mulher nos primeiros cento e vinte e um dias ou mais dos
trezentos que precederam ao nascimento do filho; b) não havia possibilidade de
inseminação artificial homóloga, nem in vitro (porque não doou sêmen) e nem
heteróloga, pois não deu autorização; c) estava acometido de doença que lhe
causou impotência coeundi ou generandi (art. 1.599, CC).
Somente o marido pode propor a ação negatória (ação personalíssima),
que terá a intervenção do Ministério Público. No entanto, uma vez iniciada a
ação pelo pai pode ser transmitida aos herdeiros e ter prosseguimento, caso o
autor faleça no curso do processo (art. 1.601, parágrafo único, CC).
O adultério da mulher, ainda que confessado, não exclui a
presunção legal de paternidade (art. 1.600, CC). Vários são os meios de
prova que podem colaborar para atestar (ou não) a paternidade: exame de DNA
(é o mais científico e seguro, porém não imune a erros), exame de sangue,
prova testemunhal, etc.
A mãe somente poderá contestar a maternidade se provar falsidade na
certidão de nascimento.
A jurisprudência não tem admitido a ação negatória de paternidade no
caso da “adoção à brasileira” (espécie de filiação socioafetiva). Isto porque a
paternidade não é apenas um mero fato, um dado biológico, e sim, uma relação
construída na vida pelos vínculos que se formam entre o filho e seu genitor,
sendo que a relação socioafetiva deve ser preservada.

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Se o suposto pai foi induzido a erro, não havendo uma decisão consciente
de sua parte (vício de consentimento), poderá anular a filiação. Nesta hipótese
“não pode prevalecer a verdade fictícia, quando maculada pela verdade real e
incontestável, calcada em prova de robusta certeza como o exame genético pelo
método DNA, mesmo considerando-se o interesse da criança, que deve nortear
a condução do processo” (decisão do Superior Tribunal de Justiça).
Reparem na seguinte decisão:
“Ação de anulação de registro civil por falsidade ideológica. Alegação de
desconhecimento, por parte do cônjuge varão, quanto ao registro do menor.
Prova. Pedido julgado improcedente. O estado das pessoas, relativo à filiação e
os registros civis respectivos não devem ficar à mercê da vontade única de
qualquer indivíduo, porque o Direito procura dar estabilidade a tal espécie de
relações, tanto que a evolução do Direito brasileiro tornou a adoção irrevogável.
Inexistentes provas no sentido de que o ato registral do menor se deu sem o
consentimento do autor da ação em que se pretende a nulidade do registro, é
de se julgar improcedente o pedido, mantendo-se o vínculo da filiação e, via
de consequência o direito daquele que de tal forma foi legitimado, criado como
filho, não podendo, sem a anuência deste, ver modificada sua situação”.
Conclusão: Para a doutrina e jurisprudência (especialmente do STJ), o
reconhecimento de paternidade é válido se reflete a existência duradoura do
vínculo socioafetivo entre pais e filhos; se eles constroem uma relação de
mútuo auxílio, respeito e amparo, é acertado desconsiderar o vínculo
meramente sanguíneo, para reconhecer a existência de filiação jurídica
socioafetiva. No entanto, prevalece o critério biológico nas circunstâncias em
que há dissenso familiar, em que a relação socioafetiva desapareceu ou nunca
existiu; “não se podem impor os deveres de cuidado, de carinho e de sustento a
alguém que, não sendo o pai biológico, também não deseja ser pai
socioafetivo”.

IMPORTANTE Não há prazo prescricional ou decadencial para ingressar


com a ação para a declaração do estado de filho. A Súmula 149 do Supremo
Tribunal Federal estabelece que: “É imprescritível a ação de investigação de
paternidade, mas não o é a de petição de herança”. Portanto não há prazo para
mover ação de investigação de paternidade. Porém a ação de petição de
herança prescreve. Como vimos os prazos prescricionais especiais estão
previstos no art. 206, CC. A ação petição de herança não está prevista naquele
rol. Logo esta situação cai na regra geral do art. 205, CC, cujo prazo é de 10
anos. No entanto, cuidado: em situações anteriores ao atual CC, ainda se aplica
o Código antigo que previa o prazo de 20 anos. Recordem-se, também, que o
prazo não corre contra os absolutamente incapazes.

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Reconhecimento de Filhos (arts. 1.607/1.617, CC)
Os filhos podem e devem ser reconhecidos a qualquer tempo, mesmo na
constância da sociedade conjugal e independentemente do estado civil de quem
os reconhece. O reconhecimento pode ser feito conjunta (ambos os pais) ou
separadamente. Trata-se de um ato personalíssimo, sendo que os efeitos são
retroativos à data de nascimento.
Os autores costumam classificá-lo como sendo um ato declaratório, pois
visa apenas declarar um fato, não criando a paternidade.
O reconhecimento dos filhos pode ser classificado em:
• Voluntário (também chamado de perfilhação) – pai, mãe ou ambos
revelam espontaneamente o vínculo que os liga ao filho.
• Judicial – é o determinado por meio de sentença proferida em ação
judicial de investigação de paternidade, que deverá fixar os alimentos
provisionais ou definitivos.
Por exigir formalidade especial e permitir diversas maneiras de
reconhecimento, costuma-se dizer que o reconhecimento é uma forma especial
plural, podendo ser realizado (art. 1.609, CC):
1) No próprio registro de nascimento – O pai comparece no Registro
Civil e declara a paternidade e assina o termo. Se o reconhecimento for
realizado apenas pela mãe, caso ela forneça o nome do suposto pai, o Juiz
corregedor permanente do cartório ouvirá a mãe e mandará notificar o pai,
independentemente de seu estado civil, para que ele se manifeste sobre a
paternidade que lhe é atribuída. Se ele confirmar, será lavrado o termo de
reconhecimento. Se ele não atender à notificação judicial ou negar a
paternidade, o Juiz remeterá os autos ao Ministério Público, para que intente
ação de investigação de paternidade (art. 2°, §§1° ao 5° da Lei n° 8.560/92).
2) Por escritura pública ou escrito particular a ser arquivado em
cartório, ou verbalmente perante o Juiz (termo nos autos) – nestes casos basta
que a declaração seja explícita e inequívoca.
3) Por testamento, ainda que incidentalmente manifestado – o
reconhecimento é válido, mesmo que o testamento tenha sido julgado nulo.
É proibido o reconhecimento da paternidade na ata de casamento. O
reconhecimento também não pode estar sujeito a uma condição ou termo (art.
1.613, CC).
O reconhecimento de filho é ato jurídico em sentido estrito, pois os
efeitos do ato são os impostos pela lei (direito ao nome, alimentos,
herança, etc.) e não os desejados pelas partes (neste caso seria um negócio
jurídico).
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Qualquer que seja a forma adotada, ela será sempre solene e
irrevogável. Embora um testamento possa ser revogado, não poderá sê-lo na
parte em que o testador reconheceu filho havido de relação extramatrimonial.
Se o filho for maior, o reconhecimento depende de seu consentimento; se
ele for menor poderá impugnar o reconhecimento nos quatro anos que se
seguirem a sua maioridade ou a emancipação.
Não sendo reconhecido espontaneamente, pode o filho, a qualquer tempo
mover ação de investigação de paternidade. No caso de filho que vier a ser
registrado apenas no nome da mãe, deve o oficial do registro enviar ao Juiz
dados sobre o suposto pai (se os houver). O Juiz ouvirá a mãe e o suposto pai,
independentemente de seu estado civil. Se o suposto pai não atender à
notificação judicial ou negar a paternidade, o Juiz remeterá os autos ao
Ministério Público para que intente ação de investigação de paternidade, se
houver elementos. O Ministério Público age, neste caso, como substituto
processual (defende em nome próprio direito alheio).
A legitimidade ativa para propor a ação é do filho, por ser direito
personalíssimo. Se for incapaz (Ex.: menor, alienado mental, etc.) será
representado pela mãe ou outro representante legal. Se já iniciada a ação e ele
falecer o direito passará a ser exercido pelos seus herdeiros. O Supremo
Tribunal Federal já reconheceu válida a pretensão dos filhos, substituindo o pai,
em investigar a filiação deste, junto ao avô (relação avoenga), dirigindo a lide
contra os herdeiros. A legitimidade passiva (réu da ação) recai no suposto pai.
Se já for falecido, a ação pode ser dirigida contra seus herdeiros ou legatários.
Os efeitos da sentença que declara a paternidade são os mesmos do
reconhecimento voluntário. São efeitos ex tunc, retroagindo à data do
nascimento.
A ação de investigação de paternidade pode ser cumulada com: a)
petição de herança; b) alimentos; c) anulação de registro civil.
Como vimos, a ação para a declaração do estado de filho é imprescritível,
como demonstra a Súmula 149 do STF. Porém, os efeitos patrimoniais do
estado da pessoa prescrevem. Exemplos: prestações alimentares vencidas (dois
anos – art. 206, §2°, CC), petição de herança (10 anos – regra geral do art.
205, CC), etc.
Lembrem-se, também que o casamento nulo produz os mesmos efeitos
que um casamento válido em relação aos filhos bem como em relação ao
cônjuge inocente.

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Irmãos
Os irmãos podem ser germanos ou bilaterais (filhos do mesmo pai e
mesma mãe) ou unilaterais, subdividindo-se estes em consanguíneos (mesmo
pai, mas mães diferentes) ou uterinos (mesma mãe, mas pais diferentes).
Assim:

1) Bilaterais ou Germanos → mesmo pai e mesma mãe.

Irmãos a) Consanguíneos → mesmo pai, mas mães


diferentes.
2) Unilaterais
b) Uterinos → mesma mãe, mas pais
diferentes.

2. PARENTESCO POR AFINIDADE = AFIM


Parentesco por afinidade é o que se estabelece por determinação legal,
entre um consorte e os parentes consanguíneos do outro, desde que
ocorra um casamento válido ou uma união estável (art. 1.595, CC). Em
outras palavras, afinidade é a relação que liga uma pessoa aos parentes de seu
cônjuge ou companheiro. Está limitado aos ascendentes, descendentes e
aos irmãos do cônjuge:
A) Primeiro grau: sogro ou sogra; genro ou nora; madrasta ou padrasto e
enteados.
B) Segundo grau: cunhados.

Observação: só há parentesco por afinidade na linha colateral até o


segundo grau (cunhados); desta forma não há qualquer relação de parentesco
com os demais parentes colaterais de seu cônjuge. Também não há qualquer
relação de parentesco entre os chamados “concunhados” (marido da cunhada).
Já na linha reta não há limites para o parentesco por afinidade.
A afinidade por linha reta não se extingue com a dissolução do
casamento ou da união estável. Costumamos dizer: um casamento pode não
durar para sempre; mas sogro e sogra são para sempre!! Desta forma, ainda
que um homem se divorcie de uma mulher (ou haja a dissolução da união
estável), continuará legalmente tendo a mãe de sua ex-esposa ou companheira
como sua sogra. Ou seja, legalmente não existe a expressão “ex-sogra”. E se
este homem se casar com outra mulher haverá uma acumulação de sogros
(pode ter duas sogras e dois sogros). Portanto, se um homem se divorciar, não
poderá casar com sua sogra ou sua nora, pois nosso direito proíbe o
casamento de pessoas afins em linha reta (primeiro grau). Se ele se casar

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com outra mulher haverá uma acumulação de sogros (pode ter duas sogras e
dois sogros).
Resumindo: não podem se casar genro e sogra, sogro e nora, padrasto e
enteada, enteado e madrasta (afins em primeiro grau na linha reta), mesmo
depois da dissolução do casamento ou da união estável (seja por divórcio ação
de dissolução ou mesmo pela morte). Na linha colateral, cessa a afinidade com o
óbito do cônjuge. Portanto, cunhados (afins na linha colateral em segundo grau)
podem se casar.

Observações
01) Afinidade é um vínculo pessoal, logo, os afins de um cônjuge não se
vinculam com os afins do outro cônjuge (eles não são afins entre si). Portanto
não há afinidade entre os concunhados nem entre parentes de um consorte com
os parentes do outro.
02) Em relação aos afins (seja primeiro ou segundo grau) não há qualquer
efeito decorrente em relação a alimentos ou a direitos sucessórios.

3. PARENTESCO CIVIL – ADOÇÃO


Os dispositivos sobre adoção estavam previstos no atual Código Civil,
em seus arts. 1.618 a 1.629. No entanto, a Lei n° 12.010, de 03 de agosto
de 2009, alterou esta situação. Ela deu nova redação aos arts. 1.618 e 1.619
do CC, revogando os demais dispositivos (arts. 1.620 a 1.629, CC). Além disso,
alterou diversos dispositivos do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n°
8.069/90 – ECA).
O atual art. 1.618, CC dispõe que a adoção de crianças e adolescentes
será realizada na forma prevista no ECA. Já o art. 1.619, CC prescreve que a
adoção de maiores de 18 anos depende da participação do poder público e de
sentença judicial, aplicando-se, no que couber, também o ECA.
Vejamos como ficou a adoção após a edição da nova lei.
Parentesco civil é o que se refere à adoção, que é um vínculo em linha
reta, estabelecendo entre adotante(s) e adotado relação de paternidade e
filiação civil. Segundo Maria Helena Diniz adoção “é o ato jurídico solene pelo
qual, observados os requisitos legais, alguém estabelece, independentemente
de qualquer relação de parentesco consanguíneo ou afim, um vínculo fictício de
filiação, trazendo para sua família, na condição de filho, pessoa que geralmente
lhe é estranha”.
A sentença de adoção tem natureza constitutiva, logo seus efeitos são
verificados após o trânsito em julgado. Como vimos anteriormente, a CF/88
equiparou todos os filhos (art. 227, §6°), inclusive os adotivos. Pelo art. 39,

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§1°, ECA, a adoção é medida excepcional, à qual se deve recorrer apenas
quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na
família natural ou extensa.
Segundo o art. 25, ECA, família natural é a comunidade formada pelos
pais ou qualquer deles e seus descendentes. Já a família extensa ou ampliada
é aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do
casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente
convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade.
Como vimos, há duas espécies de adoção:
a) Criança e Adolescente, até os 18 anos de idade, regulada pelo ECA.
b) Maiores de 18 anos, aplica-se o Código Civil e o ECA, no que couber.
Requisitos
• O adotante deve ser maior de 18 (dezoito) anos, independentemente do
seu estado civil (se for solteiro, forma-se a chamada família monoparental).
• Para adoção conjunta, é necessário que os adotantes sejam casados
civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da
família. Ainda que o casamento seja motivo de cessação de incapacidade é
necessário que ambos os adotantes sejam maiores de 18 anos (art. 42 e seu
§2°, ECA). Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros
podem adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o
regime de visitas e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na
constância do período de convivência e que seja comprovada a existência de
vínculos de afinidade e afetividade com aquele não detentor da guarda, que
justifiquem a excepcionalidade da concessão. É assegurada a guarda
compartilhada, desde que demonstrado efetivo benefício ao adotando.
• O adotante deve de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o
adotando (art. 42, §3°, ECA). Segundo entendimento doutrinário, esta regra
também se aplica à adoção de pessoa maior de 18 anos.
• Se o adotante falecer no curso do processo de adoção, este fato não obsta
o seguimento do mesmo e a concretização da adoção, desde que tenha
inequivocamente manifestado a intenção de adotar (art. 42, §6°, ECA). A
sentença, neste caso, terá efeitos retroativos à data do óbito do adotante
(adoção póstuma).
• Para que haja adoção é necessário o consentimento dos pais
consanguíneos (ambos, mesmo que estejam separados) ou do
representante legal do adotado (art. 45, ECA). Tal consentimento será
dispensado em relação à criança ou adolescente cujos pais sejam
desconhecidos ou tenham sido destituídos do poder familiar, sem que tenha

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sido nomeado tutor. Em se tratando de adotando maior de doze anos de
idade, será também necessário o seu próprio consentimento, colhido em
audiência. Sempre que possível, a opinião do menor de 12 anos também
deve ser levada em consideração. No caso de adoção de maiores de 18 anos
(momento em que já ocorreu a extinção do poder familiar), há julgados que
consideram desnecessário o consentimento dos pais biológicos. No entanto,
na prática, recomenda-se que, no mínimo, sejam eles cientificados da
pretensão da adoção e possam se manifestar a respeito.
• Caso os pais biológicos não consintam, pode o juiz, em sendo o caso, aplicar
o art. 1.638, CC e destituir do poder familiar. Observem: não cabe o
suprimento judicial do consentimento, mas sim a destituição do poder
familiar, se o caso se enquadrar em uma das hipóteses legais.
• Como vimos, a adoção pode ser concedida tanto para menores, como
maiores de 18 anos, gerando os mesmos efeitos. Se o adotado for maior
de 18 anos, deverá manifestar sua aquiescência, por atos inequívocos. Em
qualquer das situações haverá a Intervenção Judicial, uma vez que
somente se aperfeiçoa perante o Juiz, em processo judicial (sentença
constitutiva), com a participação do Ministério Público.

Finalidade Principal
A principal finalidade da adoção é atribuir a situação de filho ao adotado,
ocorrendo o rompimento automático do vínculo de parentesco com a família de
origem (pais e parentes consanguíneos), salvo os impedimentos para
casamento.

Estágio de Convivência
A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou
adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciária fixar (art. 46, ECA). Este
estágio poderá ser dispensado se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda
legal do adotante durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a
conveniência da constituição do vínculo. A simples guarda de fato não autoriza,
por si só, a dispensa da realização do estágio de convivência. Em caso de
adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do País, o estágio de
convivência, cumprido no território nacional, será de, no mínimo, 30 (trinta)
dias.

Direito à origem genética


O art. 48, ECA estabeleceu expressamente o acesso irrestrito do adotado
ao processo de sua adoção e a seus eventuais incidentes, após completar 18
anos. O menor também tem esse direito, mas devem ser asseguradas
orientação e assistência psicológica e jurídica. O STJ possui uma decisão
interessante. Uma mulher teve um filho, sendo feito o assento de nascimento
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deste, apenas em seu nome. Como não tinha condição de sustentar o filho,
concordou com a adoção, por outra família. Posteriormente foi reconhecido o
direito do adotado em mover ação de investigação de paternidade (cumulada
com alimentos) em relação a seu pai biológico, baseado na necessidade
psicológica do conhecimento da verdade biológica.

Irrevogabilidade
Segundo o art. 39, §1°, ECA a adoção é irrevogável. Nem mesmo o mau
comportamento do filho autoriza a sua anulação.
Adoção Internacional
É aquela em que o casal ou a pessoa postulante tem domicílio fora do
Brasil (art. 51, ECA). Trata-se de medida excepcional. Terá lugar quando restar
comprovado: I - que a colocação em família substituta é a solução adequada ao
caso concreto; II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da
criança ou adolescente em família substituta brasileira; III - que, em se
tratando de adoção de adolescente, este foi consultado, por meios adequados ao
seu estágio de desenvolvimento, e que se encontra preparado para a medida,
mediante parecer elaborado por equipe interprofissional. Os brasileiros
residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros, nos casos de adoção
internacional de criança ou adolescente brasileiro. Lembrando que a adoção de
estrangeiro domiciliado no Brasil não é considerada adoção internacional.
Observações:
01) É proibida a adoção por procuração (art. 39, §2°, ECA).
02) A adoção não pode ser subordinada a condição ou a termo (art. 41,
ECA). E só será concedida quando importar em efetivo benefício para o
adotando. Isso porque se trata de um ato puro e de amor, não tolerando
cláusulas que suspendam ou alterem seus efeitos legais.
03) Como vimos, ninguém pode ser adotado por duas pessoas, salvo se
forem marido e mulher ou pessoas vivendo em união estável (art. 42, ECA).
Assim, o avô não pode adotar seu neto e nem uma pessoa adotar seu próprio
irmão (art. 42, §1°, ECA). Segundo decisões judiciais, duas pessoas que são
irmãs não podem adotar conjuntamente. Isso porque a intenção do legislador é
que a adoção imite o padrão natural de uma família, com figuras bem claras e
definidas de pai e mãe, objetivo que não seria atingido caso uma criança fosse
adotada por duas pessoas que não estejam sob a égide de uma entidade
familiar.
04) Não há qualquer restrição ao direito de adoção de menores, por
duas pessoas do mesmo sexo, vivendo em união homoafetiva. Há
inúmeras decisão do STJ nesse sentido. Ex.: REsp 889852 / RS. Rel. Min. Luis
Felipe Salomão.
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05) Os tutores e curadores não podem adotar seus tutelados e curatelados,
enquanto não prestarem contas de sua administração.
06) O marido não pode adotar a esposa (implicaria em matrimônio entre
ascendentes); marido e mulher não podem ser adotados pela mesma pessoa
(implicaria em casamento de irmãos).
07) Se um dos cônjuges ou companheiros adotar o filho do outro, neste
caso permanece o vínculo de filiação entre o adotado e seu genitor(a), bem
como com seus respectivos parentes (art. 41, §1°, ECA).
Nulidade da Adoção
A adoção pode ser judicialmente anulada, desde que ofendidas as
determinações legais. No entanto, a natureza benéfica do instituto não exige
rigor extremado no exame das formalidades legais.
Efeitos sucessórios
Como vimos, os filhos adotivos se equiparam aos consanguíneos (art. 41,
ECA), sendo que se houver ou filhos (adotivos ou não), todos terão os mesmos
direitos (art. 227, §6°, CF/88). Por outro lado, assim como um filho
consanguíneo, o adotivo pode ser deserdado.
Os pais de sangue não poderão mais exigir notícias da criança ou do
adolescente (muito menos do adulto). Os vínculos de filiação e parentesco
anteriores cessam com a inscrição da adoção no Registro Civil. Também ficam
rompidas as relações sucessórias e obrigações alimentícias do adotado aos pais
de origem. Continuam mantidos apenas os impedimentos matrimoniais.
A morte dos adotantes não anula a adoção nem restabelece o poder
familiar dos pais naturais. Se o adotado ainda é menor, deve ser posto sob
tutela.
Averbação
A decisão de adoção deve ser inscrita no Registro Civil das Pessoas
Naturais, conferindo ao adotado o sobrenome do adotante. Deve estar
consignado o nome dos adotantes como pais, bem como o nome de seus
ascendentes. O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o registro
original do adotado e nenhuma observação sobre a origem do ato poderá
constar nas certidões do registro.

PODER FAMILIAR (arts. 1.630/1.638, CC)


No sistema que vigorava anteriormente o homem era o chefe da
sociedade conjugal e por isso se usava a expressão “pátrio poder”. Atualmente,
os direitos referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente entre o
homem e a mulher (art. 226, §5°, CF/88) e por isso utiliza-se atualmente a
expressão “poder familiar”.
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Conceito: é o conjunto de direitos e deveres quanto à pessoa e bens do filho
menor não emancipado, exercido em igualdade condições, por ambos os pais,
tendo-se em vista o interesse e a proteção do filho. Todos os filhos, até os 18
anos estão sujeitos ao poder familiar, salvo se forem emancipados.
Trata-se de um múnus público, ou seja, um encargo. É irrenunciável,
intransferível, inalienável e imprescritível e as obrigações que dele
decorrem são personalíssimas. É exercido em igualdade de condições pelo pai
ou pela mãe. Devem os pais cuidar da educação e bem-estar dos filhos e zelar
por seus bens. Apenas na falta ou impedimento de um dos pais (morte,
declaração de ausência, incapacidade, etc.) é que ele será exercido de forma
exclusiva por um deles. Assegura-se a qualquer deles o direito de, em caso de
discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da
divergência. Falecidos ou desconhecidos ambos os genitores, ficarão eles sob
tutela (art. 1.728, CC).
A separação judicial, o divórcio e a dissolução da união estável não
excluem o poder familiar. No entanto o exercício de ambos fica prejudicado,
havendo um lógico enfraquecimento dos poderes de quem ficou privado da
guarda dos filhos.

Observação: o poder familiar é incompatível com a tutela, pois esta só


ocorre quando há uma ausência do poder familiar (morte, destituição, etc.).

Direitos e Deveres
Estabelece o art. 1.634, CC (redação de Lei n° 13.058/2014): Compete a
ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o pleno
exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos: a) dirigir-lhes
a criação e a educação; b) exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos
termos do art. 1.584; c) conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para
casarem; d) conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao
exterior; e) conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua
residência permanente para outro Município; f) nomear-lhes tutor por
testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou
o sobrevivo não puder exercer o poder familiar; g) representá-los judicial e
extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e
assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-
lhes o consentimento; h) reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; i)
exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade
e condição.

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Usufruto e Administração dos bens dos menores (arts. 1.689 até 1.693,
CC)
O atual Código dispõe que os pais (pai e mãe), enquanto no exercício
do poder familiar, em igualdade de condições, têm a administração dos bens
dos filhos menores sob sua autoridade e são os usufrutuários dos bens dos
filhos (art. 1.689, CC). Aliás, essa disposição já vigorava desde a promulgação
da Constituição de 1988. Compete aos pais, e na falta de um deles ao outro,
com exclusividade: a) representar os filhos menores de dezesseis anos; b)
assisti-los até completarem a maioridade ou serem emancipados.
Os pais devem decidir em comum as questões relativas aos filhos e a seus
bens. Se houver divergência entre eles, poderá qualquer deles recorrer ao juiz
para a solução do impasse. O mesmo ocorre na hipótese dos pais estarem
separados. Geralmente o genitor que possui a guarda do menor terá também a
responsabilidade pela administração de seus bens.
Além da administração, cabe aos pais também o direito ao usufruto e as
rendas desses bens. Trata-se do chamado usufruto legal, que embora não
necessite ser levado a registro público e não se exija caução (pois decorre de
imposição legal), é indisponível, intransmissível e inexpropriável.
No exercício do poder familiar os pais devem zelar pelo patrimônio que
administram. Para alienar ou gravar de ônus reais os bens imóveis dos filhos
(ex.: hipotecar) precisam obter autorização judicial, mediante a
demonstração da necessidade e devendo sempre ser levada em conta os
interesses do filho menor. Se a venda se efetivar sem a autorização judicial,
padecerá de nulidade relativa, pois a ação somente pode ser proposta pelo
próprio filho, seus herdeiros ou representantes legais. Dispõe o art. 1.691, CC:
Não podem os pais alienar, ou gravar de ônus real os imóveis dos filhos, nem
contrair, em nome deles, obrigações que ultrapassem os limites da simples
administração, salvo por necessidade ou evidente interesse da prole, mediante
prévia autorização do juiz. Comprovada a necessidade (garantia da subsistência,
despesas médicas e hospitalares, aquisição de outro imóvel com o dinheiro) é
expedido um alvará judicial sendo que a venda é feita a quem melhor pagar,
não devendo o preço ser inferior ao da avaliação (não é necessária a venda em
leilão ou hasta pública).
Se durante o poder familiar os interesses do filho menor colidir os dos pais
o juiz lhe dará curador especial (art. 1.692, CC). Não se exige prova de que “o
pai pretende lesar o filho”. Basta que se coloquem em posições antagônicas.
Ex.: pessoa possui dois filhos, um menor e outro maior e pretende vender um
imóvel ao filho maior; como o outro é menor e a lei exige que haja sua anuência
para a validade do negócio, será nomeado ao menor um curador para
representá-lo nessa anuência.
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Jurisprudência do STJ: “São indispensáveis a autorização judicial e a
intervenção do Ministério Público em acordo extrajudicial firmado pelos pais dos
menores, em nome deles, para fins de receber indenização por ato ilícito”.
Finalmente, quanto a esse tópico deve ser consignado que excluem-se do
usufruto e da administração dos pais (art. 1.693, CC): I. os bens adquiridos pelo
filho havido fora do casamento, antes do reconhecimento; II. os valores
auferidos pelo filho maior de dezesseis anos, no exercício de atividade
profissional e os bens com tais recursos adquiridos; III. os bens deixados ou
doados ao filho, sob a condição de não serem usufruídos, ou administrados,
pelos pais; IV. os bens que aos filhos couberem na herança, quando os pais
forem excluídos da sucessão.
Extinção, Suspensão e Perda
O art. 1.635, CC menciona as causas de extinção do poder familiar:
morte dos pais ou do filho; emancipação; maioridade; adoção e decisão judicial.
O art. 1.637, CC e seu parágrafo único mencionam as causas de
suspensão do poder familiar (os pais são afastados temporariamente do
exercício, podendo posteriormente retomá-lo): se o pai, ou mãe, abusar da sua
autoridade, faltando aos seus deveres ou arruinando os bens dos filhos; se o pai
ou a mãe forem condenados por sentença irrecorrível, em crime cuja pena
exceda a dois anos de prisão. Se a suspensão for de apenas um dos pais,
subsiste a do outro.
O art. 1.638, CC menciona as causas de perda ou destituição, por ato
judicial, do pai, ou da mãe, por infrações graves: castigar imoderadamente o
filho; deixá-lo em abandono; praticar atos contrários à moral e aos bons
costumes; incidir reiteradamente nas faltas previstas no artigo anterior. A perda
é definitiva, embora em alguns casos seja possível o restabelecimento, se for
provada a regeneração do genitor ou desaparecida a causa da perda.

Observações
01) Tanto nos casos de suspensão, quanto nos de perda do poder familiar
de ambos os pais, será nomeado um tutor para o menor.
02) A suspensão ou a perda do poder familiar não desobriga o genitor de
continuar sustentando o filho.
03) A separação judicial, o divórcio e a dissolução da união estável não
alteram o poder familiar (com exceção da guarda, que representa parte desse
poder e enfraquece o poder familiar de quem não ficou com os filhos).
04) A falta ou a carência de recursos não é motivo suficiente para a perda
ou a suspensão do poder familiar.

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ALIMENTOS
(arts. 1.694/1.710, CC)
Alimentos são prestações para a satisfação das necessidades vitais de
quem não pode provê-las por si, de modo a propiciar-lhe uma vida digna. O
direito aos alimentos pode resultar do vínculo de parentesco, do casamento e da
união estável. O direito se transforma em obrigação legal diante do binômio
necessidade/possibilidade. Necessidade de quem pede e possibilidade de
quem deverá pagar. Ou seja, quando quem os pretende não tens bens
suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, a própria subsistência e aquele
de quem se reclamam pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu
sustento. Há uma relação de proporcionalidade (art. 1.694, §1°, CC).
O dever de prestar alimentos é imposto por lei para que se possam
garantir as necessidades vitais do alimentado. Trata-se de uma norma de
ordem pública, cogente e que não pode ser alterada pela vontade das partes.
O direito aos alimentos é um direito personalíssimo; portanto não pode
ser cedido a outrem. Além disso, é imprescritível, impenhorável e
irrenunciável. O credor até pode abrir mão do seu exercício, mas nunca do
direito aos alimentos em si (falaremos mais sobre este tema logo adiante).
A expressão “alimentos” compreende: alimentação propriamente dita,
vestuário, habitação, tratamento médico, etc. Se o alimentando for menor,
incluem-se as verbas de educação.
A obrigação de prestar alimentos abrange reciprocamente descendentes,
ascendentes e irmãos germanos (bilaterais) ou unilaterais, conforme os arts.
1.694, 1.696 e 1.697, CC, além do art. 229, CF/88. No entanto, segundo a
doutrina “somente as pessoas que procedem do mesmo tronco ancestral devem
alimentos, excluindo-se os afins, por mais próximo que seja o grau de
afinidade”. Se os pais estiverem separados, cada um contribuirá na proporção
de seus recursos (art. 1.703, CC). Isso também se aplica a pais divorciados ou
separados após união estável.
A obrigação alimentar entre cônjuges decorre do dever de ambos à
mútua assistência, que permanece mesmo após a separação, ainda que esta
seja de natureza litigiosa. Trata-se de outro fundamento (art. 1.566, III, CC).
Não da relação de parentesco, mas sim da mútua assistência em decorrência da
dissolução da sociedade conjugal. Assim, o ex-cônjuge ou o ex-convivente
também podem ser beneficiários (art. 1.694, CC). Observem o rigor da atual
legislação quanto ao tema. O art. 1.704, parágrafo único, CC estabelece que “se
o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não tiver
parentes em condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro
cônjuge será obrigado a assegurá-los, fixando o Juiz o valor indispensável à

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sobrevivência”. Para alguns autores este dispositivo é injusto, pois um cônjuge,
apesar de ter sido ofendido e magoado, ainda deverá sustentar o culpado! Mas
isto está na lei e deve ser observado... principalmente em concursos públicos.
A obrigação não cessa se o cônjuge devedor se casar novamente. No
entanto o dever de prestar alimentos cessa se a pessoa que recebe os alimentos
(o credor: ex-cônjuge/ex-companheiro) passar a viver maritalmente com outra
pessoa (novo casamento, união estável ou concubinato), bem como no caso de
procedimento indigno para com o devedor (art. 1.708, CC).
A obrigação é transmissível aos herdeiros do devedor (art. 1.700,
CC), mas os herdeiros não respondem por quantias superiores às que
receberam em herança. Exemplo: “A” deve pagar alimentos a “B”, seu irmão
deficiente. Se “A” falecer, os seus filhos continuarão obrigados a pagar os
alimentos, desde que haja disponibilidade financeira na herança. Por outro lado,
morrendo o credor (alimentando) cessa a obrigação.
Os alimentos são devidos quando o parente que os pretende não tem bens
e nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença. A decisão deve levar
em consideração a condição de quem se reclamam os alimentos, não podendo
haver desfalque em seu próprio sustento. Ou seja, deve ser suficiente para
suprir as necessidades do alimentando e seja possível de ser prestada pelo
alimentante.
O não cumprimento da obrigação sujeita o alimentante a sanções civis e
penais (veremos isso melhor logo adiante).

CLASSIFICAÇÃO
1. Quanto à Finalidade
a) Alimentos Provisionais (acautelatórios ou ad litem – ou seja, para a
lide): são os reclamados pela mulher ao propor (ou mesmo antes de
propor) ação de separação judicial, nulidade do casamento ou divórcio
direto, para fazer face a seu sustento durante a ação. Destinam-se a
manter o requerente (geralmente a mulher) e a prole, durante a
tramitação da lide principal. O exemplo clássico é aquele em que a mulher
ingressa com a ação de separação de corpos (que é uma medida cautelar
e preparatória para ingressar posteriormente com a ação principal de
separação judicial). Também são chamados de provisionais os alimentos
fixados na sentença de primeira instância, na ação de investigação de
paternidade. Não há um critério absoluto para a fixação do valor.
b) Alimentos Provisórios: são os fixados liminarmente (imediatamente)
pelo Juiz, a título precário, logo ao receber a petição inicial, na ação de
alimentos de rito especial (Lei n° 5.478/68). Exigem prova pré-constituída

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do parentesco, casamento ou companheirismo. Apresentada a prova, o
Juiz fixa os alimentos provisórios.
c) Alimentos Regulares (ou definitivos): são os de caráter permanente,
estabelecido pelo Juiz na sentença ou em acordo das partes devidamente
homologado; no entanto nada impede que futuramente possam ser
revistos, em caso de alteração na situação financeira do devedor ou do
credor dos alimentos – art. 1.699, CC.
2. Quanto à Causa Jurídica
a) Legais (ou legítimos): quando devidos em virtude de uma obrigação
legal, que pode decorrer do parentesco, do casamento ou do
companheirismo (ou convivência).
b) Voluntários (ou convencionais): decorrem da manifestação de vontade
inter vivos ou causa mortis (manifestada em testamento).
c) Indenizatórios (ou ressarcitórios): resultado de indenização por prática
de ato ilícito (ex.: autor de homicídio deve prestar alimentos às pessoas a
quem o falecido os devia).
3. Quanto à Natureza
a) Necessários (ou naturais): quando destinados exclusivamente à
subsistência do alimentando (sustento, cura, vestuário, habitação).
b) Civis (ou côngruos): se forem destinados para atender outras
necessidades intelectuais ou morais (educação, instrução, recreação);
destinam-se a manter a condição social, preservando o mesmo padrão e
status social.
Alimentos Gravídicos (instituídos pela Lei n° 11.804/08): devidos ao
nascituro, e, percebidos pela gestante, ao longo da gravidez, abrangendo os
valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e
que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as referentes a
alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames
complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições
preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras
que o juiz considere pertinentes (o rol não é exaustivo).
O direito brasileiro só admite os alimentos atuais e futuros. Os referentes
a período anterior à propositura da ação não são devidos.
Características Gerais: personalíssimo, intransferível, imprescritível (veja
mais adiante), irrenunciável (veja mais adiante), impenhorável, não podendo
ser objeto de compensação.
Modos de Satisfação: os alimentos podem ser supridos (art. 1.701, CC): a)
por meio de pensão ao alimentando (geralmente mensais, mas nada impede
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que sejam fixados de outra forma); ou b) por meio de hospedagem e sustento
(sem prejuízo ao necessário à educação, se for menor). Em regra, cabe ao
devedor a escolha da forma como a prestação alimentícia será paga (dinheiro
ou in natura). No entanto, estabelece o parágrafo único, do art. 1.701, CC que
compete ao juiz, se as circunstâncias o exigirem, fixar a forma do cumprimento
da prestação.
Prescrição: a ação de alimentos é imprescritível. Na verdade, o que não
prescreve é o direito de postular em juízo o pagamento de pensões alimentícias.
Mas as parcelas devidas, o direito de cobrar as pensões já fixadas em
sentença ou estabelecidas em acordo e não pagas prescrevem em dois
anos (art. 206, §2°, CC). A prescrição dessas parcelas ocorre mensalmente.
Importante: devemos recordar que por força do art. 197, II, CC não corre
prescrição entre ascendentes e descendentes durante o poder familiar. E por
força do art. 198, I, CC, não corre a prescrição contra os absolutamente
incapazes (menores de 16 anos). Portanto, durante estas situações também é
imprescritível a pretensão, mesmo para haver prestações alimentares atrasadas.

Os alimentos, uma vez pagos, são irrestituíveis (não são


reembolsáveis), sejam eles provisórios, definitivos ou provisionais.
Mesmo que a ação posteriormente venha a ser julgada improcedente,
não cabe a restituição dos alimentos.

Renúncia: preceitua o art. 1.707, CC que “pode o credor não exercer, porém
lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito
insuscetível de cessão, compensação ou penhora”. A não postulação em juízo
é interpretada como falta de exercício e não significa renúncia.
A Súmula 379 do Supremo Tribunal Federal prevê, no tocante à mulher, que
“no acordo de desquite não se admite renúncia aos alimentos, que poderão ser
pleiteados ulteriormente, verificados os pressupostos legais”. No entanto,
atualmente a jurisprudência vem se posicionando no sentido de ser possível a
renúncia por não se tratar de alimentos em razão de parentesco (estes sim
irrenunciáveis). Como marido e mulher não são parentes, há quem sustente que
o princípio da irrenunciabilidade não se aplica aos cônjuges (o tema ainda é
muito controvertido – para provas objetivas aconselho continuar afirmando a
irrenunciabilidade).
Revisão: os alimentos fixados ou acordados podem ser revistos (exoneração,
redução ou majoração) sempre que sobrevier mudança na situação econômica
do alimentando ou do alimentante.
Divisibilidade: a obrigação alimentar é divisível e não solidária. Havendo
quatro filhos em condições de pensionar o ascendente, não se pode exigir de um

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só deles o cumprimento da obrigação por inteiro. O ascendente deve acionar
todos os filhos. Se acionar apenas um este só estará obrigado a 1/4 do valor da
pensão, exceto se ficar demonstrado que os demais filhos não têm condições de
arcar com a prestação. Neste caso a obrigação pode ser exigida integralmente
do filho que tem condições.
Simultaneidade: é possível exigir os alimentos, simultaneamente de parentes
de classes diferentes, quando verificada a impossibilidade dos mais próximos
suportarem totalmente o encargo. Nesses casos, pode-se pleitear os alimentos
dos pais (de acordo com suas possibilidades) e dos avós (que serão chamados
para complementar a pensão prestada pelos parentes de grau mais próximo)
em rateio. Se os pais não tiverem condições de fornecer alimentos, a ação pode
ser proposta diretamente em face dos avós. Se estes forem de ascendentes
diferentes (materno e paterno) a ação pode ser proposta contra ambos,
repartindo-se o dever na proporção de seus recursos.
Ação: Só pode se valer do rito especial da Lei de Alimentos (que é mais
concentrado e rápido) quem apresentar prova pré-constituída do parentesco
(certidão de nascimento) ou da obrigação alimentar (certidão de casamento ou
comprovante do companheirismo). Quem não puder fazê-lo deverá ajuizar uma
ação ordinária. O Juiz, ao despachar a petição inicial da ação especial, fixa, de
imediato, os alimentos provisórios (em geral 1/3 dos rendimentos do devedor).
Geralmente é designada uma audiência de conciliação, nas qual o Juiz e as
partes podem chegar a um consenso sobre o valor dos alimentos. Não havendo
acordo o Juiz pode fixar um valor para a mantença do alimentando durante a
tramitação do processo (provisionais).

PRISÃO
O devedor de alimentos que não fizer o seu pagamento estará sujeito à
chamada prisão civil. Determina a Constituição Federal (art. 5°, inciso LXVII)
que “não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia (...)”.

A prisão civil pelo não pagamento de dívida de alimentos


somente se refere aos relativos ao direito de família (legais ou
legítimos).

Só se decreta a prisão se o devedor, embora solvente, procura frustrar


a prestação e não simplesmente quando se acha impossibilitado de pagá-la.
Embora o art. 19 da Lei de Alimentos (Lei n° 5.478/68) mencione prazo de até
60 dias de prisão, o art. 528, §3°, CPC/2015, prevê prazo de prisão de 01
(um) a até 03 (três) meses, em regime fechado e separado dos presos
comuns. Cumprida integralmente a pena de prisão, não pode o devedor ser

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mais preso pelo não pagamento das mesmas prestações vencidas, mas o
cumprimento da pena não exime o devedor do pagamento das prestações
vencidas e vincendas (§4°). Além disso, poderá ser preso outras tantas vezes
quantas necessárias forem, se não pagar as novas prestações que se
vencerem. Reforce-se, que o Código Penal prevê, em seu art. 244, o crime de
abandono material.
A prisão civil por alimentos não tem caráter punitivo; não constitui pena
propriamente dita, mas forma de coerção. É um expediente para o devedor
cumprir a obrigação alimentar. Se o débito for pago a prisão será
imediatamente revogada. Pode ser requerida tanto no caso de alimentos
definitivos, como os provisionais e os provisórios.

Súmulas
É interessante citar a Súmula 309 do Superior Tribunal de Justiça (ela
é de 2005, mas o seu enunciado foi alterado em 2006): “O débito alimentar que
autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações
anteriores ao ajuizamento da execução e as que vencerem no curso do
processo”. Segundo a jurisprudência os alimentos vencidos há mais de três
meses perdem a natureza alimentar, não se justificando a prisão. Assim,
permite-se a prisão do devedor somente com base nos débitos relativos aos três
meses anteriores à propositura da ação. Com isso possibilita-se ao devedor
pagar somente estes três meses e se livrar da prisão, discutindo o valor dos
outros meses no curso da ação. Já a Súmula 277, também do STJ, prevê que
julgada uma ação de investigação de paternidade procedente, os alimentos são
devidos a partir da citação do réu nesta ação.
Observações:
01) De um modo geral a obrigação do pai de alimentar os filhos cessa com a
maioridade destes (extinção do poder familiar). No entanto a jurisprudência tem
estendido tal obrigação até o término do curso superior ou até que completem
24 ou 25 anos.
02) Uma pessoa forneceu alimentos pensando erroneamente que os devia,
tem direito de exigir a restituição do valor pago do terceiro que realmente
deveria fornecê-los. No entanto não poderá reclamá-los se agiu por mera
liberalidade, com intuito assistencial.
Extinção. Cessa a obrigação de prestar os alimentos: a) morte do alimentando;
b) desaparecimento de um dos pressupostos do art. 1.695, CC (vínculo familiar,
necessidade do alimentando e possibilidade do obrigado); c) credor tiver
procedimento indigno em relação ao devedor (art. 1.708, parágrafo único, CC);
d) cônjuge credor contrair nova união.

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BEM DE FAMÍLIA
(arts. 1.711/1.722, CC)

Este assunto já foi tratado na aula sobre Bens. Portanto,


desnecessário ficar repetindo um tema já analisado. Aconselhamos os alunos
recordarem este importante assunto do Direito Civil.

DIREITO ASSISTENCIAL

Os institutos de direito protetivo (ou seja, relativos à proteção) são


disciplinados pelas normas do direito assistencial. Estas normas são atinentes às
relações que substituem as famílias. São suas espécies:
Guarda.
Tutela.
Curatela.
Tomada de Decisão Apoiada (art. 1.783-A, inserido pela Lei n°
13.146/2015).
Ausência (disciplinado pela Parte Geral do Código Civil).

A) GUARDA (Lei n° 8.069/90)


Guarda é um meio de colocar o menor em família substituta ou em
associação, independentemente de sua situação jurídica, até que se resolva,
definitivamente o destino do menor. Visa atender criança que esteja em estado
de abandono ou tenha sofrido abuso por parte dos pais, não importando prévia
suspensão ou destituição do poder familiar.

B) TUTELA (arts. 1.728/1.766, CC)


Trata-se de um instituto de caráter assistencial que tem por finalidade
substituir o poder familiar. Protege não só o menor não emancipado como
também seus bens, se seus pais faleceram, se tornaram ausentes, ou se
foram suspensos ou destituídos do poder familiar, dando-lhe, conforme o caso,
representação ou assistência jurídica.
A tutela é um múnus, ou seja, um encargo. Se o patrimônio que vai
administrar foi considerável, o tutor nomeado deve oferecer garantias (ou
seja, prestar caução). Esta caução pode ser dispensada pelo Juiz caso o tutor
possua reconhecida idoneidade. No entanto, nesta hipótese, o legislador coloca
o Juiz como responsável subsidiário (art. 1.744, II, CC). Suas regras devem ser
interpretadas de acordo com o princípio do melhor interesse da criança e do
adolescente. Lembrando:
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• Menor até 16 anos → representado pelo tutor.

• Menor entre 16 a 18 anos → assistido pelo tutor.


A tutela tem caráter obrigatório, ou seja, a princípio ninguém pode fugir
deste encargo. No entanto há casos especiais de escusa da tutela em
hipóteses taxativas (art. 1.736, CC): I. mulheres casadas; II. maiores de
sessenta anos; III. aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de três filhos;
IV. os impossibilitados por enfermidade; V. aqueles que habitarem longe do
lugar onde se haja de exercer a tutela; VI. aqueles que já exercerem tutela ou
curatela; VII. militares em serviço.

Tutela e poder familiar não podem coexistir (onde há


um, não pode haver o outro).

O exercício da tutela assemelha-se ao do poder familiar, mas sofre


algumas limitações, sendo sujeito à inspeção judicial. Além da caução, o tutor é
obrigado a apresentar balanços anuais e a prestar contas em juízo de dois em
dois anos de sua administração. O tutor não pode, para corrigir o menor,
aplicar-lhe castigos corporais, ainda que moderados, devendo reclamar que o
Juiz providencie o que de direito. Também não pode emancipar voluntariamente
o tutelado. Tal ato, como vimos, depende de sentença judicial (relembrem o art.
5°, parágrafo único, inciso I, CC).
Os imóveis pertencentes aos menores sob tutela somente podem ser
vendidos quando houver manifesta vantagem, mediante prévia avaliação e
aprovação judicial (art. 1.750, CC).
Ainda que com autorização judicial, não pode o tutor, sob pena de
nulidade (art. 1.749, CC): a) adquirir por si, ou por interposta pessoa,
mediante contrato particular, bens móveis ou imóveis pertencentes ao menor;
b) dispor dos bens do menor a título gratuito; c) constituir-se cessionário de
crédito ou de direito, contra o menor.
Como vimos acima, o tutor é obrigado a prestar contas da administração
dos bens e responderá pelo prejuízo que causar ao pupilo, mas tem direito a
receber pelo que legalmente gastar no exercício da tutela. Não haverá
remuneração se se tratar de menor abandonado. Como novidade do atual
Código, possibilita-se ao Juiz a nomeação de um protutor (art. 1.742, CC).
Trata-se de um auxiliar do Juiz para fiscalizar os atos do tutor e informar ao
magistrado qualquer irregularidade na administração dos bens desempenhada
por ele. Aos irmãos órfãos se dará um só tutor.

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A tutela pode ser classificada em:
a) Testamentária: ocorre quando o pai ou a mãe (ou ambos), por
testamento (ou algum outro documento autêntico, ex.: codicilo), nomeia a
pessoa que deve ser o tutor de seus filhos menores, caso eles venham a
faltar. Geralmente ocorre porque o outro cônjuge não pode exercer o
poder familiar por alguma outra razão (já faleceu, está doente, é incapaz,
etc.). O Juiz deve confirmar o ato.
b) Legítima: ocorre quando a lei determina quem deve ser o tutor. Recai
sobre parentes consanguíneos do menor. Segue-se a ordem (art. 1.731,
CC): ascendentes (o grau mais próximo elimina o mais remoto) e
colaterais (primeiro os irmãos e depois os tios). Esta ordem pode ser
alterada pelo Juiz segundo os interesses do menor.
c) Dativa: na falta de tutor testamentário ou legítimo ou quando estes forem
exonerados ou escusados da tutela, o Juiz pode nomear uma pessoa
estranha à família do menor.
A doutrina menciona também a chamada tutela de fato ou irregular,
onde não há propriamente a nomeação com as formalidades legais; o suposto
tutor zela pelo menor e seus interesses como se estivesse legalmente investido.
No entanto este tipo de tutela não gera efeitos jurídicos, sendo uma mera
gestão de negócios.
Cessa a tutela, em relação ao menor, com a morte, maioridade,
emancipação ou adoção por parte de terceiros.
Cessam as funções do tutor, sem cessar a tutela: a) terminado o prazo
(os tutores são obrigados a servir por dois anos, podendo continuar, se
desejarem e for conveniente – art. 1.765, CC); b) escusa legítima (arts.
1.736/1.739, CC); c) sendo removido (arts. 1.735 e 1.766, CC) por ser tornar
incapaz de exercer a tutoria.
O tutor será destituído: quando for negligente, prevaricador, ou incurso
em incapacidade, ou se infringir os dispositivos inerentes à proteção do trabalho
do menor.

Observação
O tutor não tem direito ao usufruto dos bens da tutela, mas tem direito de
ser reembolsado pelas despesas que efetuou no exercício da tutela, exceto na
hipótese de criança sem recursos próprios.

C) CURATELA (arts. 1.767/1.783, CC)


Curatela é o encargo público, conferido por lei a alguém, para reger e
defender uma pessoa e administrar os bens de maiores incapazes, que por si

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sós não estão em condições de fazê-lo. Todavia também alcança outras
situações, como os nascituros, menores, ausentes e até mesmo pessoas que
estão no gozo de sua capacidade, conforme veremos.
Trata-se de um instituto autônomo, complexo e de difícil delimitação. Pode
decorrer de decisão judicial prolatada em processo que define os termos da
curatela (art. 1.768, CC), que deve ser promovido: pelos pais ou tutores, elo
cônjuge, ou por qualquer parente, pelo Ministério Público ou pela própria
pessoa. No processo apura se estão presentes os fatos que autorizam a
nomeação de um curador. Antes de decidir o Juiz será auxiliado por uma
“equipe multidisciplinar” e entrevistará pessoalmente o interditando (art.
1.771, CC).
Segundo o art. 1.769, CC, o Ministério Público somente promoverá o
processo que define os termos da curatela nos casos de deficiência mental ou
intelectual ou se a interdição não for promovida pelas demais pessoas.
O curador pode ser:
a) Legítimo (ou legal): o cônjuge ou companheiro (não separado
judicialmente ou de fato) é, de direito, o curador do outro, quando este for
interditado (art. 1.775, caput, CC). Na sua falta, os pais assumirão o encargo.
Não os havendo, será nomeado o descendente que mostrar maior aptidão (art.
1.775, §1°, CC).
b) Dativo: na falta de qualquer pessoa mencionada acima será curador a
pessoa determinada pelo Juiz (art. 1.775, §3°, CC).

Observação: para a escolha do curador o juiz levará em conta a vontade e


as preferências do interditando, a ausência de conflito de interesses e de
influência indevida, a proporcionalidade e a adequação às circunstâncias da
pessoa (art. 1.772, parágrafo único, CC).
A curatela das pessoas designadas no art. 1.767, CC decorre de uma
ação de interdição, tratando-se de procedimento de jurisdição voluntária
(ou seja, não há um conflito entre as pessoas envolvidas). São elas (redação
dada pela Lei n° 13.146/2015):
• Aqueles que por causa transitória ou permanente, não puderem
exprimir sua vontade (art. 4°, III, CC - ex.: pessoa em coma após
acidente de veículo).
• Ébrios habituais e os viciados em tóxicos (art. 4°, II, CC).
• Pródigos (pessoa que dissipa seus bens desvairadamente, por não ter
noção do valor das riquezas materiais (art. 4°, IV, CC).
A sentença de interdição é declaratória e constitutiva de estado de
incapacidade e produz efeito imediato (ex nunc – não retroage), ainda que
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haja recurso. Os limites da curatela estabelecidos na sentença podem variar de
acordo “as potencialidades da pessoa” (art. 1.772, CC), podendo concluir pela
incapacidade absoluta (curatela plena) ou relativa (curatela limitada). Na
nomeação de curador para a pessoa com deficiência, o juiz poderá
estabelecer curatela compartilhada a mais de uma pessoa (art. 1.775-A).
Após a sentença os atos praticados pelo interditado podem ser
considerados nulos ou anuláveis (conforme a gradação da interdição). Como a
incapacidade preexiste, entende-se que seja possível intentar ação anulatória
dos atos praticados anteriormente à sentença, devendo-se, no entanto, provar a
incapacidade àquela época (nesse caso o efeito seria ex tunc, ou seja,
retroagem).

Questão interessante. Vamos supor que uma pessoa viúva possui um filho
menor e foi interditada. Para ela será nomeada um curador. Mas... e seu filho?
Ora, se o poder familiar não ficar a cargo do outro cônjuge, ou se o filho menor
não foi emancipado ou não tiver um tutor, o curador do interditado representará
também o menor. É o que a doutrina chama de curatela prorrogada, prevista
no art. 1.778, CC: A autoridade do curador estende-se à pessoa e aos bens dos
filhos do curatelado, observado o art. 5°.
Ao lado da curatela dos adultos incapazes, têm-se também a Curatela do
Nascituro (art. 1.779, CC). Como sabemos, nascituro é o ser já concebido, mas
que ainda se encontra no ventre materno. Ocorre esta espécie de curatela
quando o pai falece, deixando sua esposa grávida e bens a partilhar. Ocorre,
entretanto, que a mulher, por algum motivo, também não tem condições de
exercer o poder familiar. Assim, se ela estiver interditada, o seu curador será,
também, o do nascituro.

D) TOMADA DE DECISÃO APOIADA (art. 1.783-A, inserido pela Lei n°


13.146/2015)
É o processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2 (duas)
pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua
confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da
vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações necessários para que
possa exercer sua capacidade. O peido é feito pela pessoa a ser apoiada, com a
indicação das pessoas, limites do apoio, prazo de vigência. Antes de se
pronunciar sobre o pedido de tomada de decisão apoiada, o juiz, assistido por
equipe multidisciplinar, após oitiva do Ministério Público, ouvirá pessoalmente o
requerente e as pessoas que lhe prestarão apoio.

Observações
1) Em relação à curatela do ausente falaremos mais adiante.

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2) No tocante à curatela do pródigo é interessante salientar que o Código
anterior tinha a finalidade de proteger os interesses da sua família quanto a
seus atos; já o Código atual tem a finalidade principal de proteger o próprio
pródigo. Além disso, só se exige a participação do curador para a prática de atos
que possam importar em diminuição de seu patrimônio, como alienar,
emprestar, hipotecar, etc.
3) O cego, o analfabeto, a pessoa de idade avançada, por si sós, não
estão sujeitos à interdição e nomeação de curador.
4) A curatela cessará se a pessoa recobrar a sua integridade mental,
através de processo judicial de levantamento da interdição.
IMPORTANTE = Diferença entre Tutela X Curatela
• Tutela recai sobre menores incapazes. Curatela recai, em regra, sobre
maiores incapazes (exceções: nascituro, ausente).
• Tutela pode ser oriunda de provimento voluntário (testamentária ou
legítima) ou por determinação judicial. Curatela somente é deferida
judicialmente.
• Tutela abrange a direção (representação ou assistência) da pessoa e a
administração dos bens do menor. A curatela pode abranger a pessoa e
os bens, mas também somente os bens, como no caso da curatela
limitada ou relativa.

E) AUSÊNCIA
Vimos que, além da morte real, existe em nosso Direito, também a morte
presumida, que ocorre quando a pessoa for declarada ausente. Revejam essa
matéria na aula referente às Pessoas Naturais.
Ausência é o desaparecimento de uma pessoa do seu domicílio, que deixa
de dar notícias por longo período de tempo e sem deixar procurador para
administrar seus bens (art. 22, CC). Ausente uma pessoa, qualquer interessado
na sua sucessão (e até mesmo o Ministério Público) poderá requerer ao Juiz a
declaração de ausência e a nomeação de um curador. A ausência apresenta-se
em três fases distintas:
• Curatela do Ausente
• Sucessão Provisória
• Sucessão Definitiva

1) Curatela do Ausente – Ingressa-se com a ação e durante um ano (de


dois em dois meses) devem-se expedir editais convocando o ausente para
retomar a posse de seus bens e haveres. Seus bens são arrecadados e nomeia-

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se um curador para administrá-los. Com a sua volta opera-se a cessação da
curatela, o mesmo ocorrendo se houver notícia de seu óbito comprovado.
2) Sucessão Provisória – Se o ausente não comparecer no prazo,
poderá ser requerida e aberta a sucessão provisória por qualquer interessado
dando-se início ao processo de inventário e partilha dos bens. Nesta ocasião a
ausência passa a ser presumida. Feita a partilha seus herdeiros (provisórios e
condicionais) irão administrar os bens, prestando caução, ou seja, dando
garantia que os bens serão restituídos no caso do ausente aparecer. Os bens
imóveis não poderão ser alienados ou hipotecados, salvo por ordem judicial. Os
descendentes, ascendentes ou cônjuge, que forem sucessores provisórios do
ausente, farão seus todos os frutos e rendimentos dos bens. Retornando o
ausente ou enviando notícias suas, cessarão para os sucessores provisórios
todas as vantagens, devendo devolver os bens.
3) Sucessão Definitiva – Após 10 (dez) anos do trânsito em julgado da
sentença de abertura da sucessão provisória, sem que o ausente apareça (ou
cinco anos depois das últimas notícias do ausente que conta com mais de 80
anos), será declarada a morte presumida. Nesta ocasião converte-se a
sucessão provisória em definitiva. Os sucessores deixam de ser provisórios,
adquirindo o domínio e a disposição dos bens recebidos, porém a sua
propriedade será resolúvel. Se o ausente retornar em até 10 (dez) anos
seguintes à abertura da sucessão definitiva terá os bens no estado em que se
encontrarem e direito ao preço que os herdeiros houverem recebido com sua
venda. Se regressar após esse prazo (portanto após 21 anos de processo), não
terá direito a mais nada.

O art. 1.571, §1°, CC prevê que a presunção de morte por


ausência pode por fim ao vínculo conjugal, liberando o outro
cônjuge para convolar novas núpcias.

Na esfera da Previdência Social, após 06 (seis) meses da declaração


judicial de morte presumida do segurado, será concedida uma pensão provisória
aos dependentes, que cessará com o seu reaparecimento (art. 78 da Lei n°
8.213/91).
É importante acrescentar que atualmente, em hipóteses excepcionais,
pode haver a morte presumida sem declaração de ausência (art. 7°, CC),
isto para melhor viabilizar o registro do óbito, resolver problemas jurídicos e
regular a sucessão causa mortis, nas seguintes situações:
• for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida.
• tiver desaparecido em campanha ou feito prisioneiro e não foi encontrado até
dois anos após a guerra.

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A declaração de ausência nestes casos somente poderá ser requerida
depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data
provável do falecimento.

Meus Amigos e Alunos. Fechamos mais um importante item no estudo do


Direito Civil, qual seja, o Direito de Família. Vamos agora ao nosso resumo
da aula de hoje. Lembrem-se que este tema sofreu e ainda vem sofrendo
muitas alterações.

Resumo Esquemático da Aula


CONCEITO. Complexo de normas de ordem pública que regulam a celebração do
casamento, sua validade, seus efeitos, relações pessoais e econômicas da sociedade
conjugal, união estável, dissolução, relação entre pais e filhos, vínculo de parentesco e
os institutos complementares da tutela, curatela e ausência. A Constituição Federal
reconhece três modalidades de entidades familiares (art. 226): a) casamento; b) união
estável; c) família monoparental. O rol não é taxativo.
Observações
O STF, por meio da ADPF n° 132/RJ e a ADI n° 4277/DF reconheceu a união
homoafetiva, formada por pessoas do mesmo sexo, aplicando-se a regras da união
estável.
O STJ reconheceu expressamente o casamento de pessoas do mesmo sexo (REsp
1.183.378-RS, Rel. Min Luís Felipe Salomão). Enunciado n° 601 das Jornadas de
Direito Civil: É existente e válido o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

CONTEÚDO DO DIREITO DE FAMÍLIA


Direito Matrimonial: casamento.
Direito Convivencial: união estável (concubinato puro).
Direito Parental: filiação, adoção, poder familiar, alimentos.
Direito Assistencial: guarda, tutela, curatela, tomada de decisão apoiada e
ausência.

I. DIREITO MATRIMONIAL
1. Esponsais: promessa de casamento não vinculativa (consentimento livre); o não
cumprimento pode gerar indenização.
2. Casamento: união legal entre pessoas que visa o auxílio mútuo, material e
espiritual, criando a família, sendo vinculado a normas de ordem pública e a
observância das formalidades legais.
• Fins.
• Princípios.
• Efeitos jurídicos.
• Direitos e deveres de ambos os cônjuges (art. 1.566, CC).

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• Proibições (art. 1.647, CC).
3. Idade Núbil: 16 anos para ambos os cônjuges. Entre 16 e 18 anos é necessária a
autorização dos pais. O art. 1.520, CC autoriza o casamento de menor de 16 anos em
caso de gravidez.
4. Casamento Religioso com Efeitos Civis (art. 1.515, CC): o casamento religioso,
que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este,
produzindo efeitos a partir da data da celebração.
5. Impedimentos e Causas Suspensivas
A) Impedimentos dirimentes absolutos ou públicos (art. 1.521, CC). Impedem
a realização do casamento. Se o mesmo for realizado será considerado nulo, não sendo
possível a sua ratificação ou convalidação (art. 1.548, II, CC). Previstos no art. 1.521,
CC:
a) Impedimentos de Parentesco: consanguinidade (ascendentes com
descendentes, irmãos); afinidade afins em linha reta); adoção.
b) Impedimento de Vínculo (pessoas casadas).
c) Impedimento de Crime (homicídio ou tentativa de homicídio contra ex-
cônjuge).
B) Causas Suspensivas ou Impedimentos Impedientes. As pessoas não
deveriam se casar, mas se o casamento ocorrer, será considerado válido com algumas
sanções. Hipóteses previstas no art. 1.523, CC.
6. Invalidade do casamento
a) Nulidade (arts. 1.548 e 1.449, CC). Podem ser promovidas a qualquer tempo
e por qualquer interessado, inclusive pelo Ministério Público, se for contraído por
infringência de impedimento. Não é mais causa de nulidade de casamento se o
mesmo for contraído por enfermo mental.
b) Anulabilidade (arts. 1.550, CC). Infração mais branda, não atenta contra a
ordem pública, mas fere o interesse de pessoas que a lei visa proteger. Só pode ser
alegada pelos interessados, havendo prazo decadencial para tanto (art. 1.560,
CC). É anulável o casamento: a) de quem não completou a idade mínima para
casar; b) do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante
legal; c) por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558; d) do incapaz
de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento; e) realizado
pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do
mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges; f) por incompetência da
autoridade celebrante.
7. Casamento por procuração: admissível por instrumento público com poderes
especiais e menção ao regime de bens; prazo máximo de 90 dias.
8. Casamento putativo: embora nulo ou anulável, foi contraído de boa-fé por um ou
ambos os cônjuges.
9. Casamento nuncupativo (in extremis): nubente em iminente risco de vida ou à
beira da morte; dispensam-se maiores formalidades.

REGIME DE BENS ENTRE OS CÔNJUGES


É o estatuto que regula os interesses patrimoniais dos cônjuges durante
matrimônio, quer entre eles, quer perante terceiros.
1. Princípios

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A) Variedade de regime de bens: a lei oferece quatro espécies de regimes:
comunhão universal, comunhão parcial, separação e participação final dos aquestos.
Podem também combinar estas formas, criando um sistema misto, desde que não seja
incompatível com os princípios e normas de ordem pública que caracterizam o Direito
de Família.
B) Liberdade dos pactos antenupciais: Pacto antenupcial é um contrato
solene, realizado antes do casamento, por meio do qual os nubentes escolhem o
regime de bens que vigorará durante o matrimônio. Os nubentes podem estipular
cláusulas, atinentes às relações econômicas, desde que respeitados os princípios da
ordem pública; devem ser feitos por escritura pública (sob pena de nulidade) e
seguido do casamento (sob pena de ineficácia). Se os nubentes nada
convencionarem ou sendo nula a convenção, vigorará o regime da comunhão parcial
(art. 1.640, CC). Se optarem por qualquer outro regime, será obrigatório o pacto
antenupcial por escritura pública, sob pena de nulidade.
C) Possibilidade de alterar o regime adotado: atualmente a lei permite a
mutabilidade do regime adotado, desde que haja (art. 1.639, §2°, CC): a) pedido
motivado formulado por ambos os cônjuges; b) autorização judicial (jurisdição
voluntária); c) apuração da procedência das razões invocadas; d) ressalvados os
direitos de terceiros.
2. Espécies
A) Regime da Comunhão Parcial (ou limitada – arts. 1.658/1.666, CC): é o que
vigora no silêncio das partes ou nulidade do pacto antenupcial. Compreende, em
princípio, três patrimônios distintos: um só do marido adquirido antes do
casamento; outro só da esposa adquirido antes do casamento; e um terceiro de
ambos, adquirido a título oneroso durante o casamento, além dos bens adquiridos por
doação, herança ou legado em favor de ambos os cônjuges. Após o casamento, os
bens adquiridos se comunicam. Ficam excluídos da comunhão de bens que cada
cônjuge possuía antes de casar, bem como os que vierem depois, por doação ou
sucessão (e os sub-rogados em seu lugar). Por outro lado, cada consorte responde
pelos próprios débitos anteriores ao casamento.
B) Regime da Comunhão Universal (arts. 1.667/1.671, CC): é aquele em que
todos os bens dos cônjuges, presentes ou futuros, adquiridos antes ou depois do
casamento (ainda que em nome de um só deles), tornam-se comuns, constituindo
uma só massa, tendo cada cônjuge o direito à metade ideal do patrimônio comum
(são meeiros), havendo comunicação do ativo e do passivo. Em princípio só há um só
patrimônio, instaurando-se o estado de indivisão. É necessário o pacto antenupcial.
C) Regime da Participação Final nos Aquestos (arts. 1.672/1.686, CC): é um
misto de dois regimes: durante a constância do casamento vigoram as regras
semelhantes ao regime da separação total de bens; dissolvida a sociedade conjugal,
em tese, vigoram as regras da comunhão parcial (cada cônjuge é credor da metade do
que o outro adquiriu onerosamente na constância do casamento. Aquestos são os
bens adquiridos a título oneroso pelos cônjuges na constância do casamento. Há dois
patrimônios: a) INICIAL – conjunto de bens que cada cônjuge possuía antes de se
casar e os que foram por ele adquiridos, a qualquer título, durante o casamento. A
administração dos bens é exclusiva de cada cônjuge, podendo aliená-los livremente se
forem móveis. Em se tratando de bens imóveis um não poderá sem a autorização do
outro realizar os atos previstos no art. 1.647, CC (alienar, hipotecar, prestar fiança,
etc.). No entanto, no pacto antenupcial pode-se convencionar a livre disposição dos
bens imóveis, desde que particulares. b) FINAL – com a dissolução da sociedade

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conjugal apura-se o montante dos aquestos, excluindo-se da soma o patrimônio
próprio (ex.: bens anteriores ao casamento e os sub-rogados em seu lugar, obtidos
por herança, legado ou doação, etc.), efetuando-se a partilha e conferindo a cada
consorte, metade dos bens amealhados pelo casal. Se os bens forem adquiridos pelo
trabalho conjunto, cada um dos cônjuges terá direito a uma quota igual no
condomínio. Como se percebe, trata-se mais de uma compensação dos bens
adquiridos e não propriamente de uma divisão.
D) Regime da Separação de Bens (arts. 1.687/1.688, CC): cada cônjuge
conserva, com exclusividade, o domínio, posse e administração de seus bens,
presentes e futuros, havendo incomunicabilidade dos mesmos, não só dos que cada
um possuía ao se casar, mas também dos que vierem a adquirir na constância do
casamento. Mantém-se a responsabilidade pelos débitos anteriores e posteriores ao
casamento. Existem dois patrimônios distintos: o do marido e o da mulher. Qualquer
dos consortes poderá, sem autorização do outro, prestar fiança ou aval e fazer
doação, etc. Espécies: a) Convencional: os nubentes adotam por convenção
antenupcial; podem estipular a comunicabilidade de alguns bens, normas sobre a
administração, colaboração da mulher, etc.; b) Legal: a lei impõe, por razões de
ordem pública ou como sanção, não havendo comunhão de aquestos (art. 1.641, CC),
nem necessidade de pacto (ex.: pessoas maiores de 70 anos – redação dada pela Lei
n° 12.344/10) ou que contraiu casamento com inobservância das causas de
suspensão, etc.
TÉRMINO DA SOCIEDADE CONJUGAL
Morte (real ou presumida).
Nulidade ou anulação.
Separação judicial (consensual ou litigiosa). Espécies: sanção, falência ou remédio.
Divórcio (direto ou conversão).
Obs.: a Emenda Constitucional n° 66/2010 suprimiu a separação judicial como
requisito para o divórcio. Também não há mais prazo mínimo para a efetivação do
divórcio e nem se discute mais a culpa.

II. DIREITO CONVIVENCIAL = UNIÃO ESTÁVEL (arts. 1723 a 1.727, CC)

1. Conceito: união de pessoas, baseada em uma relação de afeto, duradoura,


pública e contínua, com intuito de uma vida em comum, sem as formalidades do
casamento. O Código Civil permite a união estável entre pessoas solteiras, viúvas,
divorciadas, separadas judicialmente ou até mesmo separadas de fato. Previsto nos
arts. 1.723 a 1.727, CC.
2. Elementos Essenciais: convivência pública (não pode ser furtiva ou secreta),
contínua e duradoura (não há um prazo mínimo para sua configuração), constituição de
família, sem que haja impedimentos matrimoniais (exceto quanto aos separados –
judicialmente ou de fato), honorabilidade (art. 1.724: deveres de lealdade, respeito e
assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos).
3. Coabitação: ainda que seja relevante para se determinar a intenção de construir
uma família, não se trata de requisito essencial.

Importante: O Supremo Tribunal Federal (ADI n° 4277 e ADPF


n° 132) reconheceu a união estável para casais do mesmo sexo, com
eficácia erga omnes (extensível a todos) e efeito vinculante. As uniões

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homoafetivas atualmente são colocadas como um novo tipo de família passando a
merecer a mesma proteção do Estado.
4. Legislação Aplicável
• Constituição Federal (art. 226, §3°): Para efeito de proteção do Estado
é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade
familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
• Código Civil (1.723 a 1;727).
• Lei n° 8.971/94.
• Lei n° 9.278/96.
5. Contrato: é lícito aos conviventes firmar um contrato de união estável ou
convivência, para melhor regulamentar os reflexos da relação que assumiram. O
contrato não institui a união estável, pois esta somente se caracteriza com o
preenchimento dos requisitos legais.
6. Meação: se não houver pacto entre os conviventes o regime da comunhão
parcial prevalecerá e o convivente terá direito à metade dos bens por ocasião da
dissolução da união estável (separação ou morte) se adquiridos onerosamente na
vigência da união estável. Não se comunicam os bens advindos de herança, legado ou
doação.
7. Sucessão: o companheiro supérstite, além da meação participará da sucessão do
outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas
seguintes condições:
• Se concorrer com filhos comuns terá direito a uma quota equivalente à que for
atribuída ao filho;
• Se concorrer com filhos só do autor da herança, caber-lhe-á metade do que
couber a cada um daqueles;
• Se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da
herança;
• Não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.

III. DIREITO PARENTAL


A) Conceito: é a relação existente não só entre pessoas que descendem uma das
outras ou de um mesmo tronco comum, mas também entre um dos cônjuges e os
parentes do outro e entre adotado e adotante.
B) Espécies
1. Natural ou Consanguíneo: ligados por um mesmo tronco ancestral.
a) Matrimonial ou extramatrimonial.
b) Linha reta (pessoas descendem umas das outras: descendentes e
ascendentes) ou colateral (não descendem umas das outras, mas provem de um
mesmo tronco ancestral comum: irmãos, sobrinhos, tios, primos).
c) Duplo ou simples.
2. Afim: é o que se estabelece entre o cônjuge e os parentes consanguíneos do
outro (sogra, genro, nora, cunhados).

3. Civil: adoção.
Vejamos a seguir o quadro completo das relações de parentesco

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C) Filiação: vínculo entre pais e filhos. A CF/88 estabeleceu a absoluta igualdade


entre todos os filhos, não admitindo mais a distinção entre filiação legítima e
ilegítima.
1. Matrimonial: oriunda de união de pessoas ligadas pelo casamento; mesmo que
ele tenha sido anulado posteriormente, estando ou não os consortes de boa-fé.
Presunção legal.
2. Não-matrimonial: oriunda de pessoas que estão impedidas de casar (espúrios)
ou que simplesmente não querem contrair casamento (naturais).
3. Reconhecimento: ato que declara a filiação, estabelecendo juridicamente o
parentesco entre pai e mãe e seu filho. É ato declaratório (declara um fato do qual
o direito tira consequências). Pode ser voluntário ou judicial.
4. Presunção de paternidade → art. 1.597, CC.
Obs.: a prova de impotência do cônjuge para gerar (coeundi) afasta a presunção da
paternidade (art. 1.599, CC); não basta o adultério da mulher, ainda que confessado,
para afastar a presunção legal da paternidade (art. 1.600, CC).
5. Poder familiar: é o que compete aos pais em relação aos filhos menores (até
18 anos ou emancipados); é irrenunciável, intransferível, inalienável e imprescritível.
6. Alimentos: auxílios prestados a uma pessoa para prover as necessidades da
vida. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns dos outros os

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alimentos que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição: a)
naturais: indispensáveis à subsistência; satisfação das necessidades primárias; b) civis:
destinados a manter a condição social, mantendo o mesmo padrão e status social.
Requisitos: a) parentesco; b) necessidade de quem pleiteia; c) possibilidade de quem
é demandado. Obs.: não se pode renunciar ao direito de exigir alimentos.

IV. DIREITO ASSISTENCIAL


A) Guarda → coloca o menor em uma família substituta.

B) Tutela → substitui o poder familiar. São postos em tutela os menores: a) cujos pais
faleceram; b) cujos pais foram destituídos ou suspensos do poder familiar.

C) Curatela → maiores incapazes (art. 1.767, CC): aqueles que, por causa transitória
ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; ébrios habituais e os viciados em
tóxico e pródigos. Exige-se processo que define os limites da curatela. Juiz deve
ser assistido por equipe multidisciplinar e entrevistar o interditando. Sentença ex nunc.
O Ministério Público promoverá o processo que define os termos da curatela nos casos
de deficiência mental ou intelectual. Na nomeação de curador para a pessoa com
deficiência, o juiz poderá estabelecer curatela compartilhada a mais de uma
pessoa. Curatela do Nascituro (art. 1.779, CC).
D) Tomada de Decisão Apoiada (art. 1.783-A, inserido pela Lei n° 13.146/2015) →
processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2 (duas) pessoas
idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-
lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os
elementos e informações necessários para que possa exercer sua capacidade.
E) Medidas específicas de proteção ao menor → Lei n° 8.069/90.

F) Ausência → desaparecimento sem notícias. Fases:


1. Curatela do Ausente; 2. Sucessão Provisória; 3. Sucessão Definitiva.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

Para a elaboração desta aula foram consultadas as seguintes obras:


DINIZ, Maria Helena – Curso de Direito Civil Brasileiro. Editora Saraiva.
FARIAS, Cristiano Chaves de e ROSENVALD, Nelson – Curso de Direito
Civil. Editora JusPODIVM.
GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA, Rodolfo Filho – Novo Curso de
Direito Civil. Editora Saraiva.
GOMES, Orlando – Direito Civil. Editora Forense.
GONÇALVES, Carlos Roberto – Direito Civil Brasileiro. Editora Saraiva.
MAXIMILIANO, Carlos – Hermenêutica e Aplicação do Direito. Editora
Freitas Bastos.
MONTEIRO, Washington de Barros – Curso de Direito Civil. Editora Saraiva.
NERY, Nelson Jr. e Rosa Maria de Andrade – Código Civil Comentado.
Editora Revista dos Tribunais.
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PEREIRA, Caio Mário da Silva – Instituições de Direito Civil. Editora
Forense.
RODRIGUES, Silvio – Direito Civil. Editora Saraiva.
SERPA LOPES, Miguel Maria de – Curso de Direito Civil. Editora Freitas
Bastos.
SILVA, De Plácido e – Vocabulário Jurídico. Editora Forense.
VENOSA, Silvio de Salvo – Direito Civil. Editora Atlas.

Exercícios Comentados
Fundação Carlos Chagas
01) (FCC – MPE/AP – Analista Ministerial – 2012) Ana Carolina e José
Augusto casaram-se no dia 30 de junho de 2012 na Igreja Nossa Senhora do
Perpétuo Socorro uma vez que são católicos e pretendiam trocar seus votos de
união e fidelidade perante Autoridade Religiosa. No dia 04 de julho de 2012, eles
registraram o respectivo casamento religioso no registro próprio objetivando a
sua equiparação ao casamento civil. De acordo com o Código Civil
brasileiro, neste caso, o respectivo casamento religioso produzirá
efeitos a partir
(A) da data do registro.
(B) da data de sua celebração.
(C) do dia seguinte ao registro do referido casamento.
(D) do dia seguinte da data de sua celebração.
(E) do primeiro dia útil posterior a data do registro.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 1.515, CC, o casamento religioso, que atender
às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este,
desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de
sua celebração. Gabarito: “B”.

02) (FCC – MPE/AL – Promotor de Justiça – 2012) Considere as


seguintes assertivas sobre o casamento, de acordo com o Código Civil
brasileiro:
I. Não podem casar os irmãos, unilaterais ou bilaterais e demais colaterais,
até o terceiro grau, inclusive.
II. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do
casamento, por qualquer pessoa capaz.
III. O certificado de habilitação concedido pelo oficial de registro terá eficácia
de 120 dias, a contar da data em que foi extraído o certificado.

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Está CORRETO o que se afirma em
(A) I, II e III.
(B) I e II, apenas.
(C) III, apenas.
(D) II, apenas.
(E) II e III, apenas.
COMENTÁRIOS. O item I está correto, pois segundo o art. 1.521, CC, não
podem casar: I. os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural
ou civil; II. os afins em linha reta; III. o adotante com quem foi cônjuge do
adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV. os irmãos, unilaterais ou
bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; V. o adotado com o
filho do adotante; VI. as pessoas casadas; VII. o cônjuge sobrevivente com o
condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. O
item II está correto, pois nos termos do art. 1.522, CC que os impedimentos
podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer
pessoa capaz. Acrescenta o parágrafo único que se o juiz, ou o oficial de
registro, tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado
a declará-lo. O item III está errado, pois segundo prevê o art. 1.532, CC, a
eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que foi
extraído o certificado. Gabarito: “B” (estão corretos os itens I e II).

03) (FCC – MPE/AP – Analista Ministerial – 2012) Marta e Gabriel, casados


e pais de Vicente, faleceram em um acidente aéreo. Gabriel, em testamento,
nomeou seu amigo de infância, o gerente bancário e proprietário de diversos
imóveis, Fabian, como tutor de Vicente mesmo possuindo dois irmãos e uma
tia, pessoas idôneas e em situação financeira favorável. Neste caso,
considerando que Marta era órfã e filha única, em regra, Fabian
(A) não poderá recusar a tutela, uma vez que a tutela lhe foi conferida em
testamento antes do falecimento de Gabriel.
(B) poderá recusar a tutela, mas deverá apresentar a escusa nos quinze dias
subsequentes à designação.
(C) não poderá recusar a tutela, uma vez que possui emprego fixo e situação
financeira estável.
(D) poderá recusar a tutela, mas deverá apresentar a escusa nos dez dias
subsequentes à designação.
(E) só poderá recusar a tutela, se apresentar escusa razoável nos quinze dias
subsequentes à designação e indicar um familiar do genitor como legítimo
tutor.
COMENTÁRIOS. O art. 1.736, CC estabelece as hipóteses de escusa de tutela.
Completa o art. 1.737 prevendo que quem não for parente do menor não
poderá ser obrigado a aceitar a tutela, se houver no lugar parente idôneo,
consanguíneo ou afim, em condições de exercê-la. Continua o art. 1.738, CC no
sentido de que a escusa apresentar-se-á nos dez dias subsequentes à
designação, sob pena de entender-se renunciado o direito de alegá-la; se o

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motivo escusatório ocorrer depois de aceita a tutela, os dez dias contar-se-ão do
em que ele sobrevier. Gabarito: “D”.

04) (FCC – TRE/CE – Analista Judiciário – 2012) João e Vicentina


faleceram deixando um filho, Bruno, de dez anos de idade. Eva, avó materna de
Bruno, possui 65 anos de idade; Clodoaldo, avô materno de Bruno, possui 71
anos de idade; José, irmão de João, possui 30 anos de idade e quatro filhos
dependentes, e Murilo, irmão de Vicentina, possui quarenta anos de idade e dois
filhos dependentes. Neste caso, considerando que todos gozam de boa saúde,
bem como que todos residem no mesmo bairro, na mesma cidade, e que nunca
exerceram tutela ou curatela, de acordo com o Código Civil brasileiro,
podem escusar-se da tutela APENAS
(A) Clodoaldo.
(B) Eva e Clodoaldo.
(C) José e Murilo.
(D) José.
(E) Eva, Clodoaldo e José.
COMENTÁRIOS. As hipóteses de escusa de tutela estão previstas no art.
1.736, CC. Eva e Clodoaldo podem se escusar da tutela, pois têm mais de 60
(sessenta) anos. José pode se escusar, pois tem mais de três filhos. Vai sobrar
para o Murilo... Gabarito: “E”.

05) (FUJB – MPE/RJ – Analista Processual – 2012) Sobre o poder


familiar, é CORRETO afirmar que:
(A) a alienação parental é causa de destituição do poder familiar.
(B) o filho não reconhecido pelo pai fica sob o poder familiar exclusivo da mãe.
(C) o poder familiar será suspenso em caso de falta de recursos materiais para
a criação dos filhos.
(D) o exercício da tutela decorre da plenitude do poder familiar.
(E) a morte dos adotantes restabelece o poder familiar dos pais naturais.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois a alienação parental não está no
rol legal de destituição do poder familiar do art. 1.638, CC. Sobre este tema
veja mais abaixo um artigo interessante doutrinário. A letra “b” está correta nos
termos do art. 1.633, CC. A letra “c” está errada, pois esta hipótese não está
prevista na lei como causa de suspensão do poder familiar. A letra “d” está
errada, pois a tutela é um minus em relação ao poder familiar, que é bem mais
amplo. Exemplo disso é ao fato dos pais poderem emancipar os filhos sem
interferência judicial, sendo que os tutores assim não podem proceder. A letra
“e” está errada, pois a morte dos adotantes ou do adotado não restabelece o
vínculo originário com os pais naturais (art. 49, ECA). Gabarito: “B”.
ALIENAÇÃO PARENTAL. “Muitas vezes, a ruptura da vida em comum gera, em um do
par, sentimentos de abandono, de rejeição. Quem não consegue elaborar
adequadamente o luto da separação, sente-se traído, surgindo forte desejo de
vingança. Caso os filhos fiquem em sua companhia, ao ver o interesse do genitor em
preservar a convivência com eles, tudo faz para separá-los. Dá início a um processo de

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destruição, de desmoralização, de descrédito, desencadeando verdadeira campanha
para desvalorizar o outro. Os sentimentos dos filhos são monitorados. Eles são
programados para rejeitar, para odiar o genitor não guardião. Com o tempo, a criança
acaba aceitando como verdade tudo que lhe é informado de modo insistente. É levada a
afastar-se de quem ama, o que gera contradição de sentimentos e o rompimento
vínculo afetivo. Este conjunto de manobras para promover a destruição de um dos pais
chama-se alienação parental. O filho identifica-se com o genitor patológico e torna-se
órfão do genitor alienado, que passa a ser considerado um invasor, um intruso a ser
afastado a qualquer preço. Neste jogo de manipulações, todas as armas são utilizadas,
inclusive falsas denúncias de abuso sexual. A narrativa de um episódio que possa
parecer uma tentativa de aproximação incestuosa é o que basta para construir falsas
memórias. O filho é induzido a acreditar na existência do acontecimento e acaba por
acreditar no que lhe foi repetidamente afirmado. O grande empecilho para detectar a
verdade e adotar atitudes mais efetivas é o tempo, que corre a favor do alienador.
Quanto mais demora a identificação do que realmente aconteceu, menos chances há de
ser detectada a falsidade das denúncias. Como é impossível provar fatos negativos, ou
seja, que o abuso não existiu, o único modo de descobrir a presença da alienação é
mediante perícias psicológicas e estudos sociais. No entanto, os laudos psicossociais
precisam ser realizados de imediato, pois nem sempre a criança consegue discernir que
foi induzida em erro e acredita naquilo que lhe é dito de forma insistente. Com o
tempo, nem o guardião consegue distinguir a diferença entre verdade e mentira. A sua
verdade passa a ser verdade para o filho, que vive com falsas personagens de uma
falsa existência. Flagrada a presença da alienação parental, mister a responsabilização
do alienador, pois este tipo de comportamento é uma forma de abuso pode ensejar ou
a reversão da guarda ou à destituição do poder familiar. Trata-se de postura que põe
em risco a saúde emocional do filho, porquanto ocasiona severa crise de lealdade e
enorme sentimento de culpa, o que certamente irá afetar seu sadio desenvolvimento
mental. Ninguém mais pode ficar silente diante destas maquiavélicas estratégias que
vêm ganhando popularidade e crescendo de forma alarmante. A ausência de punição a
quem coloca em risco o equilíbrio psíquico de uma criança faz com que continue
aumentando esta onda de acusações que são levadas a efeito com o só intuito
vingativo. Falsas denúncias de abuso sexual não podem merecer o beneplácito da
Justiça. Em nome da proteção integral, o juiz precisa agir rapidamente e punir o
verdadeiro abusador: quem age de modo irresponsável manipulando os filhos, e não o
genitor que só quer exercer o direito de conviver com quem ama” (Maria Berenice
Dias).

06) (FCC – MPE/AL – Promotor de Justiça – 2012) O Ministério Público


do Estado de Alagoas propõe a interdição de Luan, deficiente mental e
viúvo, sendo nomeada como curadora pelo magistrado a sua irmã
Regina. Durante a curatela Regina poderá, com autorização judicial,
(A) adquirir por interposta pessoa, mediante contrato particular, bens móveis
pertencentes ao curatelado.
(B) adquirir por si, mediante contrato particular, bens imóveis pertencentes ao
curatelado.
(C) dispor dos bens do curatelado a título gratuito.
(D) aceitar as doações, ainda que com encargos.
(E) constituir-se cessionário de crédito ou de direito, contra o curatelado.

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COMENTÁRIOS. Inicialmente, deve-se frisar que em regra aplicam-se à
curatela os dispositivos referentes à tutela, guardadas as peculiaridades de cada
instituto (art. 1.774, CC). Assim, nos termos do art. 1.748, II, CC o curador
pode, com autorização do Juiz, aceitar por ele heranças, legados ou doações,
ainda que com encargos. Por outro lado, o curador não pode, ainda que haja
autorização do Juiz (art. 1.749, CC): I. adquirir por si, ou por interposta pessoa,
mediante contrato particular, bens móveis ou imóveis pertencentes ao menor
(letras “a” e “b”); II. dispor dos bens do menor a título gratuito (letra “c”); III.
constituir-se cessionário de crédito ou de direito, contra o menor (letra “e”).
Gabarito: “D”.

07) (FCC – TRE/CE – Analista Judiciário – 2012) Lisbela possui um


irmão chamado Gregório que é casado com Silmara. Lisbela, em razão
de desavenças com Silmara, insiste em afirmar que não possui grau de
parentesco com ela, mas resolveu estudar o assunto com sua vizinha
Magda, advogada. Magda respondeu para Lisbela que, de acordo com o
Código Civil brasileiro, Silmara é sua parente
(A) por afinidade em linha colateral de primeiro grau.
(B) por afinidade em linha colateral de terceiro grau.
(C) por afinidade em linha colateral de segundo grau.
(D) civil em linha colateral de terceiro grau.
(E) natural em linha colateral de primeiro grau.
COMENTÁRIOS. Parentesco é a relação que une duas ou mais pessoas por
vínculos de sangue (descendência/ascendência), sociais (casamento) ou civis
(adoção). No caso percebemos que o parentesco entre Lisbela e Silmara é por
afinidade, pois foi estabelecido por meio do casamento do irmão de Lisbela,
Gregório. Como elas são cunhadas, o parentesco é colateral (e não em linha
reta). Além disso, será de segundo grau (pois sogro, sogra, genro e nora é de
primeiro grau). Gabarito: “C”.

08) (FCC – MPE/AP – Analista Ministerial – 2012) Tomás é pródigo tendo


sido regularmente interditado em razão da sua incapacidade relativa de exercer
certos atos da vida civil. Tomás é casado com Ana Clara, sendo filho de Sonia e
de Rubens, e pai de Adalberto de 27 anos de idade e Ágata de 36 anos de idade.
De acordo com o Código Civil brasileiro, será, de direito, curador de
Tomás
(A) Rubens, apenas.
(B) Sonia ou Rubens.
(C) Ágata, apenas.
(D) Ágata ou Adalberto.
(E) Ana Clara, apenas.
COMENTÁRIOS. No caso concreto, como Tomás é casado, a curadoria deve
recair sobre sua esposa (Ana Clara). Ela precede as demais pessoas. Vejamos o
que diz o art. 1.775, CC: O cônjuge ou companheiro, não separado
judicialmente ou de fato, é, de direito, curador do outro, quando interdito. §1°
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Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a mãe; na falta
destes, o descendente que se demonstrar mais apto. §2° Entre os
descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos. §3° Na falta das
pessoas mencionadas neste artigo, compete ao juiz a escolha do curador.
Gabarito: “E”.

09) (FCC – TJ/PE – Juiz de Direito – 2013) São impedidos de casar


(A) os parentes colaterais até o quarto grau.
(B) os afins em linha reta e em linha colateral.
(C) o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi
do adotante.
(D) o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha
dos bens do casal.
(E) o tutor com a pessoa tutelada, enquanto não cessar a tutela e não
estiverem saldadas as respectivas contas.
COMENTÁRIOS. O art. 1.521, CC traz a relação dos impedimentos
matrimoniais. Desta relação, somente o item adotante com quem foi cônjuge do
adotado e o adotado com quem o foi do adotante (inciso III) está entre as
alternativas. Gabarito: “C”.

10) (FCC – Defensoria Pública/RS – Analista Processual – 2013) É


anulável o casamento:
(A) do incapaz, mesmo que seu responsável tenha assistido ao ato.
(B) em virtude de coação, quando o consentimento de um ou de ambos os
cônjuges houver sido captado mediante fundado temor de mal considerável e
iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de seus familiares.
(C) contraído pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os
atos da vida civil.
(D) quando um dos cônjuges quebrar o dever de fidelidade.
(E) entre os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro
grau inclusive.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois se o representante do incapaz o
assistiu no ato, o casamento é válido. A letra “c” está errada, pois nesta
situação o casamento será nulo nos termos do art. 1.548, I, CC. A letra “d” está
errada, pois a fidelidade recíproca, embora seja um dever de ambos os
cônjuges, não é causa de anulação do casamento. A letra “e” está errada, pois
também é caso de nulidade absoluta (arts. 1.548, II c.c. 1.521, IV, CC). A letra
“b” é a única que se encaixa na situação de anulação prevista no art. 1.550, CC:
É anulável o casamento: I. de quem não completou a idade mínima para casar;
II. do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante
legal; III. por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558; IV. do
incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento; V.
realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da
revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges; VI. por
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incompetência da autoridade celebrante. Esta situação é completada pelo art.
1.558, CC que estabelece: É anulável o casamento em virtude de coação,
quando o consentimento de um ou de ambos os cônjuges houver sido captado
mediante fundado temor de mal considerável e iminente para a vida, a saúde e
a honra, sua ou de seus familiares. Gabarito: “B”.

11) (MPE/PE – Escola Superior do Ministério Público – Estágio em


Direito – 2013) O Código Civil pátrio inicia o Livro IV enunciando, no art.
1.511, que “O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base
na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges”. Sobre o tema, aponte
a opção CORRETA:
(A) o registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos
exigidos para o casamento civil.
(B) a habilitação para o casamento e o registro não serão isentos de selos,
emolumentos e custas, mas a primeira certidão poderá ser isenta para as
pessoas cuja pobreza for declarada.
(C) o casamento se realiza em um único ato, representado pela manifestação
da anuência dos nubentes à união.
(D) para o casamento de menores de dezoito anos, porém maiores de
dezesseis, exige-se a autorização de seus representantes legais, sendo possível
a revogação desta a qualquer tempo.
(E) não é admissível pela lei, o casamento entre os colaterais até o quarto
grau.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta. O art. 1.515, CC estabelece que o
casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do
casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio,
produzindo efeitos a partir da data de sua celebração. Completa o art. 1.516, CC
afirmando que o registro do casamento religioso submete-se aos mesmos
requisitos exigidos para o casamento civil. A letra “b” está errada, pois
estabelece o art. 1.512, CC: O casamento é civil e gratuita a sua celebração.
Parágrafo único. A habilitação para o casamento, o registro e a primeira certidão
serão isentos de selos, emolumentos e custas, para as pessoas cuja pobreza for
declarada, sob as penas da lei. A letra “c” está errada. Nos termos do art.
1.514, CC o casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher
manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o
juiz os declara casados. A letra “d” está errada. De fato, para o casamento de
menores de dezoito anos, porém maiores de dezesseis, exige-se a autorização
de seus representantes legais (art. 1.517, CC). No entanto a revogação desta só
pode se dar até a celebração do casamento (art. 1.518, CC). A letra “e” está
errada, pois a proibição é de casamento entre colaterais até o terceiro grau (art.
1.521, IV, CC). Gabarito: “A”.

12) (MPE/PE – Escola Superior do Ministério Público – Estágio em


Direito – 2013) Acerca da disciplina do casamento, é CORRETO afirmar
que:

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(A) considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge a ignorância,
anterior ao casamento, de doença mental grave que, por sua natureza, torne
insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado.
(B) extingue-se em 180 (cento e oitenta) dias o direito de anular o casamento
dos menores de 16 (dezesseis) anos, contado o prazo para o menor, do dia da
celebração do casamento.
(C) a separação judicial é uma das formas de dissolução do vínculo conjugal.
(D) o divórcio só pode ser concedido se houver prévia partilha de bens.
(E) a celebração do casamento exige a presença física dos contraentes, não
sendo possível que se realize por meio de instrumento de procuração.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta. O art. 1.557, CC estabelece as
hipóteses de erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge. Uma dessas
hipóteses (inciso IV) é a ignorância, anterior ao casamento, de doença mental
grave que, por sua natureza, torne insuportável a vida em comum ao cônjuge
enganado. A letra “b” está errada. Estabelece o art. 1.555, CC que o casamento
do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal,
só poderá ser anulado se a ação for proposta em cento e oitenta dias, por
iniciativa do incapaz, ao deixar de sê-lo, de seus representantes legais ou de
seus herdeiros necessários. §1° O prazo estabelecido neste artigo será contado
do dia em que cessou a incapacidade, no primeiro caso; a partir do casamento,
no segundo; e, no terceiro, da morte do incapaz. A letra “c” está errada. A
separação é uma das formas de dissolução da sociedade conjugal (art. 1.571,
CC), mas não do vínculo conjugal (ou seja, do casamento). A letra “d” está
errada, pois nos termos do art. 1.581, CC, o divórcio pode ser concedido sem
que haja prévia partilha de bens. A letra “e” está errada, pois estabelece o art.
1.542, CC que o casamento pode celebrar-se mediante procuração, por
instrumento público, com poderes especiais. Gabarito: “A”.

13) (FCC – DPE/AM – Defensor Público – 2013) A união estável


(A) equipara-se, para todos os fins, ao casamento civil, inclusive no que toca à
prova.
(B) pode ser constituída entre pessoas casadas, desde que separadas
judicialmente ou de fato.
(C) demanda diversidade de gêneros, de acordo com recente entendimento do
Supremo Tribunal Federal.
(D) será regida, em seus aspectos patrimoniais, pelo regime da separação
obrigatória, salvo disposição contrária em contrato firmado pelos
companheiros.
(E) se dissolvida, não autoriza os companheiros a pedirem alimentos.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, principalmente no tocante à prova. O
matrimônio é ato formal e solene, comprovado através da certidão de
casamento. Segundo o art. 1.543, CC, em relação ao casamento, caso celebrado
no Brasil prova-se pela certidão do registro. Já a união estável trata-se de
convivência informal e, para a sua comprovação, imprescindível o atendimento

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dos requisitos legais apontados no art. 1.723 do CC (É reconhecida como
entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na
convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de
constituição de família). Assim, enquanto a existência do casamento civil é
provada mediante a apresentação de certidão de casamento, a união estável é
reconhecida através de sentença judicial ou contrato. Além disso, o casamento
traz consigo alguns efeitos não observados na união estável, como a mudança
no estado civil. A letra “b” está correta, pois prevê o art. 1.723, §1°, CC: A
união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521;
não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar
separada de fato ou judicialmente. A letra “c” está errada. Embora Constituição
Federal exija a diversidade de sexos para a configuração da união estável (art.
226, §3°: Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável
entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua
conversão em casamento), o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI
n° 4277 e da ADPF n° 132, reconheceu as uniões estáveis formadas por pessoas
do mesmo sexo (união homoafetiva). A letra “d” está errada, pois nos termos do
art. 1.725, CC, na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros,
aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão
parcial de bens. Finalmente a letra “e” está errada. Nada obsta que mesmo após
a dissolução da união estável os companheiros prestem alimentos uns aos
outros, desde que caracterizadas a dependência econômica, a necessidade do
alimentando e a possibilidade do alimentante. Tal fato decorre dos deveres de
solidariedade e mútua assistência, que permeiam as relações familiares, bem
como em razão do art. 1.694, CC possibilitar o pedido de pensão alimentícia
entre companheiros. Sobre o tema: “Fundamentado no princípio da
solidariedade familiar, o dever de prestar alimentos entre cônjuges e
companheiros reveste-se de caráter assistencial, em razão do vínculo conjugal
ou de união estável que um dia uniu o casal, não obstante o rompimento
do convívio, encontrando-se subjacente o dever legal de mútua assistência”.
(REsp 995.538/AC, STJ). Gabarito: “B”.

14) (FCC – DPE/AM – Defensor Público – 2013) O divórcio


(A) não pode ser concedido sem prévia partilha dos bens.
(B) demanda prévia separação judicial, há pelo menos um ano, ou de fato, há
pelo menos dois.
(C) só pode ser requerido se comprovada culpa de um dos cônjuges.
(D) pode dar ensejo à obrigação de prestar alimentos, a qual não se extingue
com novo casamento do alimentante.
(E) não importa restrição aos direitos e deveres decorrentes do poder familiar,
salvo na hipótese de casamento de qualquer dos pais.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois o divórcio pode ser concedido sem
prévia partilha dos bens (art. 1.581, CC). A letra “b” está errada, pois
atualmente, com a vigência da Emenda Constitucional n° 66/2010, alterando a
redação do §6°, do art. 226, CF/88, não é mais necessária a prévia separação
para se requerer o divórcio. A letra “c” está errada, pois para se requerer o

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divórcio não é necessária a prova de culpa de um dos cônjuges. A letra “d” está
correta, pois o divórcio do alimentante não extingue eventual obrigação de
continuar prestando alimentos ao ex-cônjuge (art. 1.709, CC). A letra “e” está
errada, pois nos termos do art. 1.632, CC, a separação judicial, o divórcio e a
dissolução da união estável não alteram as relações entre pais e filhos senão
quanto ao direito, que aos primeiros cabe, de terem em sua companhia os
segundos. Portanto, não há a ressalva de novo casamento dos pais. Gabarito:
“D”.

15) (FCC – MPE/MA – Analista Ministerial – Direito – 2013) Mauro e


Marina namoram há cerca de cinco anos e pretendem casar-se em
breve. Para tanto, após o noivado, o casal está tomando as providências
necessárias preconizadas pelo Código Civil brasileiro para formalização
do ato. Neste caso,
(A) se Mauro for divorciado, o casamento com Marina não deverá ser realizado
enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do
casal.
(B) a habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil,
com a audiência do Ministério Público, sendo necessária a homologação
judicial.
(C) após a extração do certificado de habilitação pelo oficial do registro, a
eficácia da habilitação será de 120 dias, a contar da data em que foi extraído o
certificado.
(D) o registro do casamento religioso não se submete aos mesmos requisitos
exigidos para o casamento civil.
(E) o casamento pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento
público ou particular, com poderes especiais.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta. O art. 1.523, CC estabelece o rol das
causas suspensivas para a realização do casamento. Ou seja, os nubentes não
devem se casar até que sejam tomadas certas providências ou cumpram-se
determinados prazos. A infração a esse dispositivo não desfaz o casamento (não
é caso de anulação ou nulidade). No entanto, pela irregularidade, sofrem os
nubentes certas sanções previstas em lei. São eles: a) O viúvo ou a viúva que
tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e
der partilha aos herdeiros (a não ser que prove a inexistência de prejuízo para
os herdeiros); b) a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou
ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução
da sociedade conjugal, salvo se antes de findo esse prazo der à luz algum filho
ou provar a inexistência de gravidez; c) o divorciado, enquanto não houver sido
homologada ou decidida a partilha dos bens do casal, sob pena de imposição do
regime de separação de bens (evita a confusão dos patrimônios; neste caso a
sanção é a separação obrigatória de bens, exceto se for provado que não houve
prejuízo para o outro cônjuge); d) o tutor ou curador e os seus descendentes,
ascendentes, irmãos, cunhados, ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou
curatelada, se não estiverem saldadas as respectivas contas. A letra “b” está
errada, pois de acordo com a nova redação do art. 1.526, CC (Lei n°
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12.133/09), a habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro
Civil, com a audiência do Ministério Público. Parágrafo único. Caso haja
impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, a habilitação será
submetida ao juiz. Portanto não se exige mais a homologação judicial, salvo os
casos previstos expressamente na lei. A letra “c” está errada, pois prevê o art.
1.532, CC que a eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data
em que foi extraído o certificado. A letra “d” está errada, pois determina o art.
1.516, CC que o registro do casamento religioso submete-se aos mesmos
requisitos exigidos para o casamento civil. Finalmente também está errada a
letra “e”, pois somente se admite o casamento por procuração de for por
instrumento público, de acordo com o art. 1.542, CC (e desde que haja poderes
especiais para tanto). Gabarito: “A”.

16) (FCC – MPE/MA – Analista Ministerial – Direito – 2013) Joaquim e


Maria são casados há 3 anos e residem juntos na cidade de São Luís. Maria
engravida neste ano de 2013. No curso da gravidez Joaquim descobre que Maria
é adúltera e mantinha um relacionamento extraconjugal há um ano com Pedro,
o vizinho do andar de baixo. Neste caso, é CORRETO afirmar que
(A) a prova da impotência do cônjuge para gerar, à época da concepção não
ilide a presunção de paternidade, prevalecendo a paternidade socioafetiva em
relação à biológica.
(B) Joaquim tem o direito de contestar a paternidade do futuro filho, devendo
observar o prazo prescricional de 3 anos após o nascimento.
(C) basta a confissão de Maria de que o futuro filho não é de Joaquim para
exclusão da paternidade.
(D) no caso de contestação da paternidade do futuro filho de Maria, falecendo
Joaquim, os seus eventuais herdeiros não poderão prosseguir na ação.
(E) não basta o adultério da mulher, ainda que confessado, para ilidir a
presunção legal da paternidade.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois segundo o art. 1.599, CC, a prova
da impotência do cônjuge para gerar, à época da concepção, ilide a presunção
da paternidade. A letra “b” está errada, pois de acordo com o art. 1.601, CC,
cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos nascidos de sua
mulher, sendo tal ação imprescritível. A letra “c” está errada, pois o art. 1.602,
CC determina que não basta a confissão materna para excluir a paternidade. A
letra “d” está errada, pois de acordo com o parágrafo único do art. 1.601, CC,
contestada a filiação, os herdeiros do impugnante têm direito de prosseguir na
ação. A letra “e” está correta nos exatos termos do art. 1.600, CC. Gabarito:
“E”.

17) (DPE/DF – Estágio para Defensoria Pública do Distrito Federal –


2013) São espécies de regime de bens admitidos no Código Civil
Brasileiro, exceto
(A) comunhão parcial.
(B) comunhão universal.

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(C) divisão unilateral.
(D) participação final nos aquestos.
(E) separação de bens.
COMENTÁRIOS. O Código Civil estabelece como regime de bens: a) comunhão
parcial; comunhão universal; participação final nos aquestos e separação de
bens. Portanto, a única opção que não encontra respaldo na lei é a “divisão
unilateral”. Gabarito: “C”.

18) (DPE/DF – Estágio para Defensoria Pública do Distrito Federal –


2013) São espécies de regime de bens admitidos no Código Civil
Brasileiro, exceto
(A) comunhão parcial.
(B) comunhão universal.
(C) divisão unilateral.
(D) participação final nos aquestos.
(E) separação de bens.
COMENTÁRIOS. O Código Civil estabelece como regime de bens: a) comunhão
parcial; comunhão universal; participação final nos aquestos e separação de
bens. Portanto, a única opção que não encontra respaldo na lei é a “divisão
unilateral”. Gabarito: “C”.

19) (FMP – MPE/AC – Analista Processual – 2013) Com base no


disposto no Código Civil acerca da tutela e da curatela, assinale a
alternativa CORRETA.
(A) os filhos menores são postos em tutela em caso de os pais decaírem do
poder familiar.
(B) podem escusar-se da tutela as mulheres maiores de 55 anos, desde que
casadas.
(C) os bens do menor serão entregue ao tutor mediante termo especificado
deles e seus valores, salvo se os pais os tenham dispensado.
(D) o tutor pode dispor dos bens do menor a título gratuito, desde que o faça
mediante prévia autorização judicial.
(E) dar-se-á curador ao nascituro, sempre que o pai falecer, estando grávida a
mulher.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta, pois segundo o art. 1.728, CC os
filhos menores são postos em tutela: I. com o falecimento dos pais, ou sendo
estes julgados ausentes; II. em caso de os pais decaírem do poder familiar. A
letra “b” está errada. Segundo o art. 1.736, I, CC, podem escusar-se da tutela
as mulheres casadas (independentemente da idade). A letra “c” está errada,
pois estabelece o art. 1.745, CC que os bens do menor serão entregues ao tutor
mediante termo especificado deles e seus valores, ainda que os pais o tenham
dispensado. A letra “d” está errada, pois estabelece o art. 1.749, II, CC que
ainda que haja a autorização judicial, não pode o tutor, sob pena de nulidade
dispor dos bens do menor a título gratuito. Finalmente a letra “e” também está
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errada, pois está incompleta. Segundo o art. 1.779, CC, dar-se-á curador ao
nascituro, se o pai falecer estando grávida a mulher, e não tendo o poder
familiar. Parágrafo único. Se a mulher estiver interdita, seu curador será o do
nascituro. Gabarito: “A”.

20) (FCC – MPE/AP – Analista Ministerial – 2013) Bernadete separou-se


judicialmente de Ivan. Durante o longo casamento de trinta e cinco anos,
Bernadete não exerceu atividade profissional e, hoje é portadora de doença
cardíaca que a impossibilita para o labor. Dessa forma, na separação do casal,
ficou estipulada pensão mensal para Bernadete. Ivan está inadimplente com o
pagamento da pensão alimentícia estipulada para a ex-esposa. Neste caso, as
prestações alimentares de Bernadete
(A) prescrevem em cinco anos a partir da data em que se vencerem.
(B) prescrevem em três anos a partir da data em que se vencerem.
(C) prescrevem em dois anos a partir da data em que se vencerem.
(D) são imprescritíveis, sujeita apenas aos prazos decadenciais previstos no
Código Civil brasileiro.
(E) são imprescritíveis não estando, inclusive, sujeita aos prazos decadenciais
previstos no Código Civil brasileiro.
COMENTÁRIOS. Art. 206, §2°, CC: dois anos a partir da datam em que se
vencerem. É interessante deixar claro que o direito aos alimentos é
imprescritível. A qualquer tempo, surgindo a necessidade, eles poderão ser
pleiteados. O que se opera é a prescrição em relação aos valores dos alimentos
vencidos, ou seja, as prestações alimentares fixadas judicialmente e não pagos
e nem exigidas no prazo acima. Gabarito: “C”.

21) (DPE/DF – Estágio para Defensoria Pública do Distrito Federal –


2013) Em relação aos alimentos, assinale a alternativa CORRETA.
(A) somente são devidos na linha ascendente.
(B) uma vez fixados judicialmente, jamais poderão ser revistos.
(C) são devidos reciprocamente entre ascendentes e descendentes.
(D) são fixados unicamente em função das necessidades do alimentando.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Estabelece o art. 1.696, CC que o
direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a
todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em
falta de outros. Completa o art. 1.697, CC que na falta dos ascendentes cabe a
obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando estes,
aos irmãos, assim germanos como unilaterais. A letra “b” está errada, pois
estabelece o art. 1.699, CC: Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na
situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o
interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução
ou majoração do encargo. A letra “c” está correta, como analisado na letra “a”.
A letra “d” está errada, pois o art. 1.694, §1° estabelece: Os alimentos devem
ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da
pessoa obrigada. Gabarito: “C”.
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22) (FCC – DPE/AM – Defensor Público – 2013) A dívida de alimentos
(A) autoriza a prisão civil, mesmo depois de pago o valor em atraso.
(B) é imprescritível.
(C) torna-se inexigível depois da prisão.
(D) em regra, transmite-se aos herdeiros do devedor, assim como a obrigação
de prestar os alimentos.
(E) autoriza a prisão civil, indefinidamente, até o pagamento do valor em
atraso.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois segundo o art. 733, §3° do
Código de Processo Civil, paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o
cumprimento da ordem de prisão. A letra “b” está errada, pois embora o direito
de pedir os alimentos seja imprescritível, a dívida em si referente a eles
prescreve em dois anos (art. 206, §2°, CC). A letra “c” está errada. O
cumprimento da prisão não exime o devedor de pagar os alimentos (art. 733,
§2°, CPC). A letra “d” está certa. O art. 23 da Lei do Divórcio assim estabelece:
“A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, na
forma do art. 1.796 do Código Civil”. Portanto, atualmente vigora a regra de que
há a transmissibilidade da obrigação alimentar. A letra “e” está errada, pois não
há prisão indefinida da prisão civil pelo inadimplemento da pensão alimentícia; o
art. 733, §1°, CPC prevê que se o devedor não pagar, nem se escusar, o juiz
decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses. Gabarito: “D”.

23) (FCC – Defensoria Pública/RS – Analista Processual – 2013) O


poder familiar
(A) compete ao pai, e, na falta dele, à mãe.
(B) não abrange o direito de reclamar o filho de quem ilegalmente o detenha.
(C) é extinto pela adoção.
(D) não pode sofrer interferência judicial.
(E) autoriza o pai a castigar o filho, inclusive causando lesões.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois nos termos do art. 1.634, CC, o
exercício do poder familiar compete aos pais. A letra “b” está errada, pois o
inciso VI do art. 1.634, CC estabelece que um dos direitos do pai é reclamar o
filho de quem ilegalmente o detenha. A letra “c” está correta, pois o art. 1.635,
IV, CC dispõe que uma das situações de extinção do poder familiar é a adoção.
A letra “d” está errada, pois o art. 1.637, CC permite que o juiz adote medidas
contra o pai e a mãe que abusarem de sua autoridade ou faltando com os
deveres a eles inerentes. A letra “e” está errada, pois se os pais castigarem de
forma imoderada os filhos será hipótese de perda do poder familiar por ato
judicial (art. 1.638, I, CC). Gabarito: “C”.

24) (FCC – Defensoria Pública/RS – Analista Processual – 2013) O


dever alimentar
(A) extingue-se com a maioridade, mesmo que o alimentado seja incapaz.
(B) é recíproco entre pais e filhos, mas não extensível aos avós.
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(C) obriga os devedores a concorrerem em partes iguais quando são várias as
pessoas obrigadas a prestar alimentos.
(D) não pode ser exercido contra o genitor casado, pelo filho havido fora do
casamento.
(E) cessa com a união estável ou concubinato do credor.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois inicialmente o dever de alimentar
não cessa com a maioridade, principalmente se esta pessoa seja incapaz. A letra
“b” está errada, pois estabelece o art. 1.696, CC que o direito à prestação de
alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes,
recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros. A
letra “c” está errada, pois prevê o art. 1.698, CC que (...) sendo várias as
pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos
respectivos recursos. A letra “d” está errada, pois determina o art. 1.705, CC
que para obter alimentos, o filho havido fora do casamento pode acionar o
genitor, sendo facultado ao juiz determinar, a pedido de qualquer das partes,
que a ação se processe em segredo de justiça. A letra “e” está correta, pois
prevê o art. 1.708, CC que com o casamento, a união estável ou o concubinato
do credor, cessa o dever de prestar alimentos. Gabarito: “E”.

25) (FCC – Câmara Municipal de São Paulo – Procurador Legislativo –


2014) Maria e José viveram juntos por oito anos. Não tiveram filhos.
Separaram-se e Maria, objetivando meação dos bens que José levou para o
convívio, propõe ação declaratória de reconhecimento de união estável,
cumulada com a partilha de tais bens. José contesta alegando que, como ele era
casado, embora separado de fato de seu cônjuge, e não tiveram filhos, não
haveria como configurar-se união estável, por impedimento matrimonial; além
disso, os bens seriam somente dele, José, por terem sido adquiridos antes da
alegada união estável. Ao examinar a questão, o juiz da causa
(A) não admitirá a união estável, pela existência de impedimento matrimonial a
impedir a conversão em casamento; também não destinará qualquer bem a
Maria, por serem de exclusiva propriedade de José.
(B) não admitirá a união estável, pela inexistência de filhos e pela ocorrência
de impedimento matrimonial, mas determinará indenização a Maria pela
caracterização de concubinato.
(C) admitirá a união estável por ser irrelevante a ausência de filhos e suficiente
a separação de fato para sua constituição, destinando metade dos bens para
Maria, já que, por analogia, o regime de bens na união estável equipara-se à
comunhão total de bens.
(D) admitirá a união estável, porque a ausência de filhos é irrelevante e a
separação de fato já permite sua constituição; quanto aos bens, determinará
que são apenas de José, porque só se comunicariam aqueles adquiridos na
constância da união estável, à qual se aplicam, nas relações patrimoniais, no
que couber, o regime da comunhão parcial de bens.
(E) não admitirá a união estável, pela existência de impedimento matrimonial,
uma vez que é preciso estarem presentes todos os requisitos para conversão
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da convivência em casamento; no entanto, destinará metade dos bens para
Maria, como indenização moral pelos oito anos de convívio.
COMENTÁRIOS. O juiz inicialmente irá reconhecer a união estável. Segundo o
art. 1.723, CC, é reconhecida como entidade familiar a união estável entre o
homem e a mulher, configurada na convivência pública, continua e duradoura e
estabelecida com o objetivo de constituição de família. §1° A união estável não
se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a
incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou
judicialmente (que é a hipótese da questão). Assim, atualmente é possível que
pessoas casadas possam constituir união estável desde que estejam separadas
de fato ou judicialmente e haja entre elas a convivência pública, contínua e
duradoura com o fim de constituir família. Essa situação não deve ser
confundida com a figura do “concubinato-amante”, prevista no art. 1.727, CC
(nesse caso não haver a união estável). Quanto aos bens, o juiz decidirá que
eles pertencem somente a José. Isso porque na ausência de contrato escrito, o
regime de bens da união estável será o da comunhão parcial de bens, que
estabelece: Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens
que sobrevierem ao casal, na constância do casamento, com as exceções dos
artigos seguintes. Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: I. os bens que cada
cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do
casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar. Gabarito:
“D”.

26) (FCC – Câmara Municipal de São Paulo – Procurador Legislativo –


2014) Em relação ao regime de bens entre cônjuges:
(A) no pacto antenupcial, que adotar o regime de participação final nos
aquestos, poder-se-á convencionar a livre disposição dos bens imóveis, desde
que particulares.
(B) não havendo convenção antenupcial, ou sendo ela nula ou ineficaz,
vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão universal.
(C) o pacto antenupcial pode ser feito por escritura pública ou por instrumento
particular, neste caso desde que registrado em livro próprio, no Registro
Imobiliário do domicilio dos cônjuges.
(D) é anulável a convenção ou cláusula de pacto antenupcial que contravenha
disposição absoluta de lei.
(E) por serem atos formais e solenes, em nenhuma hipótese será permitida a
realização de pactos antenupciais por menores.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta, de acordo com o art. 1.656, CC. A
letra “b” está errada, pois dispõe o art. 1.640, CC: Não havendo convenção, ou
sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o
regime da comunhão parcial. A letra “c” está errada, pois determina o art.
1.653, CC: É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e
ineficaz se não lhe seguir o casamento. A letra “d” está errada, pois segundo o
ar. 1.655, CC, é nula a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição
absoluta de lei. Finalmente a letra “e” também está errada, pois prescreve o art.

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1.654, CC: A eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor, fica
condicionada à aprovação de seu representante legal, salvo as hipóteses de
regime obrigatório de separação de bens. Gabarito: “A”.

27) (FCC – TJ/CE – Juiz de Direito – 2014) Analise as assertivas a


seguir:
I. O pacto antenupcial não terá efeito perante terceiros senão depois de
registrado em livro especial pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio
dos cônjuges.
II. É inalterável o regime de bens do casamento, ainda que mediante
autorização judicial.
III. No regime da comunhão universal de bens só não se comunicam aqueles
herdados ou recebidos por doação com cláusula de incomunicabilidade.
IV. No regime da comunhão parcial de bens não se comunicam as obrigações
provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal.
V. No regime de separação de bens, ambos os cônjuges são obrigados a
contribuir para as despesas do casal na proporção dos rendimentos de seu
trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto
antenupcial.
Sobre o regime de bens do casamento, é CORRETO o que se afirma
APENAS em
(A) III, IV e V.
(B) I, III e V.
(C) I, IV e V.
(D) I, II e III.
(E) II, III e IV.
COMENTÁRIOS. O item I está correto nos termos do art. 1.657, CC. O item II
está errado, pois o art. 1.639, §2°, CC possibilita a alteração do regime de bens
do casamento, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os
cônjuges, apurada as razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros. O
item III está errado, pois o art. 1.668, CC estabelece uma série de situações
que são excluídas da comunhão universal, sendo que o apontado no item é
apenas uma delas. O item IV está correto nos termos do art. 1.659, IV, CC. O
item V está certo, nos termos do art. 1.688, CC. Gabarito: “C” (estão corretos
os itens I, IV e V).

28) (FCC – TJ/PE – Titular de Serviços de Notas e de Registros – 2014)


No regime de comunhão parcial
(A) entram na comunhão os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o
concurso do trabalho ou despesa anterior, bem como as benfeitorias em bens
particulares de cada cônjuge.
(B) excluem-se da comunhão os bens adquiridos na constância do casamento
por título oneroso, se a aquisição se deu em nome de um dos cônjuges.

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(C) são comunicáveis os bens cuja aquisição tiver por título uma causa anterior
ao casamento.
(D) a anuência de ambos os cônjuges é desnecessária para os atos, a título
gratuito, que impliquem cessão do uso ou gozo dos bens comuns.
(E) a administração e a disposição dos bens constitutivos do patrimônio
particular competem a ambos os cônjuges, salvo convenção diversa em pacto
antenupcial.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 1.660, CC: Entram na comunhão: I. os bens
adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em
nome de um dos cônjuges; II. os bens adquiridos por fato eventual, com ou
sem o concurso do trabalho ou despesa anterior, III. os bens adquiridos por
doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges; IV. benfeitorias em
bens particulares de cada cônjuge; V. os frutos dos bens comuns, ou dos
particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou
pendentes ao tempo de cessar a comunhão. Gabarito: “A”.

29) (FCC – TJ/PE – Titular de Serviços de Notas e de Registros – 2014)


Em relação ao casamento, é CORRETO afirmar:
(A) não pode casar o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou
decidida a partilha dos bens do casal, podendo o ato ser anulado por seu ex-
cônjuge.
(B) o casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do
casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio,
data a partir da qual produzirá efeitos.
(C) os impedimentos matrimoniais podem ser opostos, até cinco dias após a
publicação dos proclamas, por qualquer pessoa capaz.
(D) é defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na
comunhão de vida instituída pela família por meio do casamento.
(E) é nulo o casamento realizado por vício da vontade, se houve por parte de
um dos nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois segundo o art. 1.523, III, CC, não
devem casar: o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a
partilha dos bens do casal (causa de suspensão e não de impedimento). A letra
“b” está errada, pois prevê o art. 1.515, CC que o casamento religioso, que
atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a
este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da
data de sua celebração. A letra “c” está errada nos termos do art. 1.522, CC: Os
impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento,
por qualquer pessoa capaz. A letra “d” está correta, pois trata-se de transcrição
literal do art. 1.513, CC. A letra “e” está errada, pois prevê o art. 1.556, CC que
o casamento pode ser anulado (mas não é nulo) por vício de vontade, se houve
por parte de um dos nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do
outro. Gabarito: “D”.

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30) (FCC – TCE/PI – Assessor Jurídico – 2014) No que se refere à
relação de parentesco, é CORRETO afirmar:
(A) quando dois irmãos casam-se com duas irmãs, os filhos dessas uniões
serão parentes colaterais em linha dupla, ou seja, duplamente primos.
(B) primos-irmãos são parentes colaterais em primeiro grau.
(C) a forma do reconhecimento de filho havido fora do casamento é
unicamente judicial.
(D) é permitido alterar o sobrenome do adotado, mas não o prenome, em
nenhuma circunstância.
(E) cabe aos pais de filhos menores conceder ou negar consentimento para
casar, sendo impossível o suprimento por ordem judicial em quaisquer desses
casos.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta; dois irmãos casando-se com duas
irmãs, seus filhos serão parentes colaterais em linha duplicada ou dúplice. A
letra “b” está errada, pois os chamados primos-irmãos são parentes colaterais
em quarto grau. A letra “c” está errada, pois o reconhecimento dos filhos
havidos fora do casamento, nos termos do art. 1.609, CC pode ser feito de
diversas formas: no registro do nascimento, por escritura pública ou escrito
particular, a ser arquivado em cartório, por testamento, ainda que
incidentalmente manifestado, e por manifestação direta e expressa perante o
juiz, ainda que o reconhecimento não haja sido o objeto único e principal do ato
que o contém. A letra “d” está errada, pois o art. 47, §§5° e 6°, da Lei n°
8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA) determina: “A sentença
conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá
determinar a modificação do prenome. Caso a modificação do prenome seja
requerida pelo adotante, é obrigatória a oitiva do adotando”. A letra “e” está
errada, pois estabelece o art. 1.553, CC: O menor que não atingiu a idade núbil
poderá, depois de completá-la, confirmar seu casamento, com a autorização de
seus representantes legais, se necessária, ou com suprimento judicial.
Gabarito: “A”.

31) (FCC – Câmara Municipal de São Paulo – Procurador Legislativo –


2014) Em relação aos alimentos, é CORRETO afirmar que
(A) com casamento, união estável ou concubinato do credor, em regra
permanece o dever de prestar alimentos, cabendo-lhe provar sua insuficiência
posterior de recursos.
(B) a pessoa obrigada a prestar alimentos poderá pensionar o alimentando, ou
dar-lhe hospedagem e sustento, sem prejuízo do dever de prestar o necessário
a sua educação, quando menor.
(C) o novo casamento do cônjuge devedor extingue a obrigação constante da
sentença de divórcio.
(D) a obrigação de prestar alimentos não se transmite aos herdeiros.
(E) a obrigação de prestar alimentos obedece à ordem de vocação hereditária,
estendendo-se até os primos do alimentando.
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COMENTÁRIOS. A alternativa “a” está errada, pois prevê o art. 1.708, CC que
com o casamento, a união estável ou o concubinato do credor, cessa o dever de
prestar alimentos. A letra “b” está correta nos termos do art. 1.701, CC. A letra
“c” está errada, pois dispõe o art. 1.709, CC que o novo casamento do cônjuge
devedor não extingue a obrigação constante da sentença de divórcio. A letra “d”
está errada, pois nos termos do art. 1700, CC, a obrigação de prestar alimentos
transmite-se aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694, CC. A letra “e”
está errada, pois prevê o art. 1.697, CC que na falta dos ascendentes cabe a
obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando
estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais. Interessante acrescentar
que ao contrário do que prevê a ordem de vocação hereditária (art. 1.829, CC),
na obrigação de prestar alimentos os primeiros são os ascendentes (e não os
descendentes). Gabarito: “B”.

32) (FCC – MANAUSPREV – Analista Previdenciário – 2015) Considere as


seguintes afirmações, relativas a vedações, impedimentos e suspensões
à capacidade para contrair casamento:
I. São impedidos de casar o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o
adotado com quem o foi do adotante.
II. O divorciado não poderá casar enquanto não houver sido homologada a
partilha do casal, podendo essa condição suspensiva ter sua aplicação
afastada pelo juiz, se comprovada a inexistência de prejuízo para o ex-
conjuge.
III. Os impedimentos e causas suspensivas para celebração de casamento
podem ser arguidas por qualquer pessoa, independentemente da existência
de vínculo com os nubentes.
De acordo com o Código Civil, está CORRETO o que se afirma APENAS
em
(A) II e III.
(B) III.
(C) I.
(D) I e II.
(E) II.
COMENTÁRIOS. O item I está correto. Segundo o art. 1.521, CC: Não podem
casar: (...) III. o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com
quem o foi do adotante. O item II está correto. Segundo o art. 1.523, CC, não
devem casar: III. o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou
decidida a partilha dos bens do casal. Parágrafo único. É permitido aos nubentes
solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas
nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo,
respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada
ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de
filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo. O item III está errado.
Segundo o art. 1.524, CC, "as causas suspensivas da celebração do casamento
podem ser arguidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam
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consanguíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam também
consanguíneos ou afins". Portanto o dispositivo refere-se apenas às causas
suspensivas não é qualquer pessoa que pode arguir. Gabarito: “D”.

33) (FCC – TJ/SC – Juiz de Direito – 2015) Joaquim, viúvo, é pai de


José, que se casara com Amélia. José e Amélia divorciaram-se. Três
meses após esse divórcio, Joaquim e Amélia compareceram a um
Cartório de Notas, solicitando ao Tabelião que lavrasse uma escritura
pública de união estável, escolhendo o regime da comunhão universal
de bens. O Tabelião recusou-se a lavrar a escritura, por reputar inválido
o ato. A recusa
(A) justifica-se, mas poderá ser estabelecida a união estável entre os
pretendentes depois de transcorridos trezentos (300) dias do divórcio de
Amélia e desde que os bens deixados pelo cônjuge de Joaquim tenham sido
inventariados e partilhados.
(B) não se justifica, porque não há qualquer impedimento entre os
pretendentes à união estável.
(C) justifica-se, porque Joaquim e Amélia não podem estabelecer união
estável.
(D) só se justifica no tocante à escolha do regime de bens, porque seria
obrigatório o regime da separação de bens.
(E) só se justifica no tocante à escolha do regime de bens, porque o único
admissível é o da comunhão parcial de bens na união estável.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 1.521, CC, não podem casar: (...) II. os afins
em linha reta. Continuando, prevê o art. 1.725, CC: Na união
estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações
patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens. Lembrando
que os parentes afins são aqueles que se recebe com o advento do casamento
ou união estável. Em outras palavras, são os parentes do cônjuge ou
companheira. Assim, os parentes afins em linha reta são os ascendentes do
cônjuge ou companheira (ou seja, o sogro, sogra, genro e nora).
Complementando. Art. 1.595, CC: Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos
parentes do outro pelo vínculo da afinidade. §2º - Na linha reta, a afinidade não
se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável. Gabarito: “C”.

34) (FCC – SEFAZ/PE – Julgador Administrativo Tributário do Tesouro


Estadual – JATTE – 2015) João e Maria, solteiros e ambos com sessenta
anos de idade, resolvendo casar-se,
(A) não poderão celebrar pacto antenupcial, porque são sexagenários.
(B) sujeitam-se ao regime da separação obrigatória de bens.
(C) não poderão adotar o regime da comunhão parcial de bens.
(D) poderão celebrar pacto antenupcial, adotando o regime da comunhão
universal de bens.
(E) só poderão adotar o regime da participação final nos aquestos.
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COMENTÁRIOS. O Código Civil foi alterado nesse aspecto. Atualmente vigora a
seguinte redação. Art. 1.641, CC: É obrigatório o regime da separação de bens
no casamento: I. das pessoas que o contraírem com inobservância das causas
suspensivas da celebração do casamento; II. da pessoa maior de 70 (setenta)
anos (redação dada pela Lei n° 12.344/2010); III. de todos os que dependerem,
para casar, de suprimento judicial. Portanto, pessoas com 60 anos podem se
casar e celebrar pacto antenupcial estabelecendo o regime da comunhão
universal de bens. Gabarito: “D”.

35) (FCC – TJ/AL – Juiz de Direito – 2015) A respeito do casamento


putativo, é correto afirmar que
(A) não encontra previsão legal, sendo criação da jurisprudência, para
regularizar a posse do estado de casado.
(B) produz todos os efeitos, embora nulo ou anulável, independentemente de
boa-fé de um ou de ambos os cônjuges, tendo em vista a necessidade de
segurança jurídica em matéria de casamento.
(C) se não for nulo, mas apenas anulável, se contraído de boa-fé, por ambos
os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os
efeitos até o dia da sentença anulatória.
(D) embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os
cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os
efeitos até o dia da sentença anulatória.
(E) não produz nenhum efeito, porque o casamento se regula por normas de
ordem pública.
COMENTÁRIOS. Estabelece o art. 1.561, CC: Embora anulável
ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento,
em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da
sentença anulatória. §1° Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o
casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão. §2° Se
ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos
civis só aos filhos aproveitarão. Gabarito: “D”.

36) (FCC – SEFAZ/PI – Analista do Tesouro Estadual – 2015) O pacto


antenupcial
(A) quando realizado por menor, tem a eficácia sempre condicionada à
aprovação de seu representante legal.
(B) é ineficaz se não lhe seguir o casamento.
(C) terá efeito perante terceiros a partir de sua elaboração, desde que
constante de escritura pública.
(D) é anulável se não realizado por escritura pública.
(E) pode ser realizado por instrumento particular, desde que contenha os
mesmos requisitos do testamento particular.

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COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada em razão da expressão “sempre”.
Estabelece o art. 1.654, CC: A eficácia do pacto antenupcial, realizado por
menor, fica condicionada à aprovação de seu representante legal, salvo as
hipóteses de regime obrigatório de separação de bens. A letra “b” está correta
nos termos do art. 1.653, CC. A letra “c” está errada, pois estabelece o art.
1.657, CC: As convenções antenupciais não terão efeito perante terceiros senão
depois de registradas (não a partir de sua elaboração), em livro especial, pelo
oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges. A letra “d” está errada,
pois determina o art. 1.655, CC: É nula a convenção ou cláusula dela que
contravenha disposição absoluta de lei. A letra “e” está errada. Estabelece o art.
1.653, CC: É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e
ineficaz se não lhe seguir o casamento. Gabarito: “B”.

37) (FCC – SEFAZ/PI – Auditor Fiscal da Fazenda Estadual – 2015) No


regime da comunhão parcial de bens,
(A) pode o cônjuge, sem autorização do outro, prestar aval, porém não fiança.
(B) comunicam-se os bens adquiridos na constância do casamento, ainda que
por doação, porém não por sucessão.
(C) não pode o cônjuge, sem autorização do outro, alienar bens imóveis, ainda
que adquiridos antes do casamento.
(D) comunicam-se os bens adquiridos na constância do casamento, ainda que
por doação ou sucessão.
(E) excluem-se da comunhão os bens adquiridos por fato eventual, a exemplo
dos prêmios de loteria.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois segundo o art. 1.647, III, CC,
ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem
autorização do outro (exceto no regime da separação absoluta) prestar fiança
ou aval. As letras “b” e “d” estão erradas. Estabelece o art. 1.658, CC que no
regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal,
na constância do casamento, com as exceções dos artigos seguintes. Completa
o art. 1.659, CC que excluem-se da comunhão, entre outros itens, os bens que
cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do
casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar. No
entanto, é interessante acrescentar que segundo o art. 1.660, III, CC, entram
na comunhão: os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de
ambos os cônjuges. A letra “c” está correta nos exatos termos do art. 1.647, I,
CC. A letra “e” está errada, pois determina o art. 1.660, II, CC que entram na
comunhão os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de
trabalho ou despesa anterior. Gabarito: “C”.

38) (FCC – MPE/PE – Promotor de Justiça – 2015) João, casado com


Maria, sob regime da comunhão parcial de bens e Pedro, casado com
Antonia, sob o regime da comunhão universal de bens, fizeram aposta
em loteria, sendo contemplados os varões apostadores com grande
soma em dinheiro. Em seguida, ambos resolveram divorciar-se de suas
esposas. Neste caso e para fins de partilha de bens, pode-se afirmar:
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(A) Maria participará do que João ganhou, por serem casados sob o regime da
comunhão parcial de bens, mas Antonia só participará do que Pedro ganhou, se
houver pacto antenupcial, pois a lei não submete essa hipótese à comunhão de
aquestos.
(B) Somente Maria participará a título de meação do que o cônjuge ganhou.
(C) Somente Antonia participará a título de meação do que o cônjuge ganhou.
(D) Maria e Antonia não participarão a título de meação do que eles ganharam.
(E) Maria e Antonia participarão a título de meação do que eles ganharam.
COMENTÁRIOS. Quanto a Pedro não há dúvida alguma, pois casado sob o
regime da comunhão universal de bens, ele deve entregar à Antonia a parte
dela na meação. Dispõe o art. 1.667, CC: O regime de comunhão universal
importa a comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges e
suas dívidas passivas, com as exceções do artigo seguinte. No tocante a João, o
mesmo ocorre. Prevê o art. 1.660, CC: Entram na comunhão: (...) II. os bens
adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa
anterior. Além disso, a jurisprudência é clara: “No regime de comunhão parcial,
aplicável à união estável, os bens adquiridos por fato eventual, do que são
exemplo os prêmios de loteria, a divisão do valor se impõe se o aumento do
patrimônio ocorreu durante o período de existência da entidade familiar”.
Gabarito: “E”.

39) (FCC – MANAUSPREV – Analista Previdenciário – 2015) A respeito


das relações de parentesco, na forma disciplinada pela legislação civil,
(A) vínculo de afinidade aplica-se, apenas, à filiação por adoção.
(B) reconhecimento de paternidade é irrevogável, salvo quando feito em
testamento.
(C) filho maior pode ser reconhecido independentemente de seu
consentimento.
(D) parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes e descendentes.
(E) parentesco é natural ou civil, sendo o primeiro resultante da
consanguinidade.
COMENTÁRIOS. Segundo prescreve o art. 1.593, CC, “o parentesco é natural
ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra origem”. Gabarito: “E”.

40) (FCC – TJ/PE – Juiz de Direito – 2015) Sendo várias as pessoas


obrigadas a prestar alimentos,
(A) todas devem concorrer igualmente, e sendo intentada ação contra uma
delas, poderão ser chamadas as demais a integrar a lide.
(B) todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos e deverão
ser demandadas em litisconsórcio passivo necessário.
(C) nenhuma delas poderá ser demandada, enquanto o juiz não deliberar quem
deverá prestá-los.

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(D) todas são devedoras solidárias, podendo o credor de alimentos demandar
qualquer delas para haver o de que necessita para sua sobrevivência.
(E) todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada
ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide.
COMENTÁRIOS. Art. 1.698, CC: Se o parente, que deve alimentos em primeiro
lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão
chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a
prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos
recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas
a integrar a lide. Gabarito: “E”.

41) (FCC – TJ/GO – Juiz de Direito – 2015) Considere as proposições


abaixo, a respeito dos alimentos:
I. Cabe em regra ao credor escolher a forma como a prestação alimentícia
será paga, se em dinheiro ou in natura.
II. Os cônjuges divorciados contribuirão sempre em partes iguais para a
manutenção dos filhos.
III. Com o casamento do credor, cessa o dever do ex-cônjuge de pagar
alimentos.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) I, II e III.
(B) II, apenas.
(C) III, apenas.
(D) I, apenas.
(E) I e III, apenas.
COMENTÁRIOS. O item I está errado. A lei autoriza ao devedor a opção pelo
cumprimento da obrigação. Segundo o art. 1.701, CC: “A pessoa obrigada a
suprir alimentos poderá pensionar o alimentando, ou dar-lhe hospedagem e
sustento, sem prejuízo do dever de prestar o necessário à sua educação,
quando menor”. No entanto, com o permissivo no parágrafo único desse
dispositivo, na prática o juiz costuma estabelecer que a obrigação será cumprida
em pecúnia. Parágrafo único: “Compete ao juiz, se as circunstâncias o exigirem,
fixar a forma do cumprimento da prestação”. O item II está errado. Art. 1.703,
CC: Para a manutenção dos filhos, os cônjuges separados judicialmente
contribuirão na proporção de seus recursos. Esse dispositivo se aplica também
aos pais divorciados e os separados após união estável. Nesse sentido é o teor
do art. 1.579, CC: “O divórcio não modificará os direitos e deveres dos pais em
relação aos filhos”. O item III está correto. Estabelece o art. 1.708, CC: Com o
casamento, a união estável ou o concubinato do credor, cessa o dever de
prestar alimentos. Parágrafo único. Com relação ao credor cessa, também, o
direito a alimentos, se tiver procedimento indigno em relação ao devedor.
Gabarito: “C” (apenas o item III está correto).

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42) (FCC – TJ/PE – Juiz de Direito – 2015) O pai e a mãe, enquanto no
exercício do poder familiar,
(A) são usufrutuários dos bens dos filhos e têm a administração dos bens dos
filhos menores sob sua autoridade.
(B) não terão o usufruto nem a administração dos bens dos filhos menores,
salvo por decisão judicial, que dispensar a nomeação de um curador.
(C) só serão usufrutuários dos bens imóveis dos filhos depois do registro do
usufruto no Serviço de Registro de Imóveis, e, para administrar esses bens,
deverão prestar caução idônea, exceto se o juiz a dispensar.
(D) têm a administração dos bens dos filhos menores sob sua autoridade, mas
não são usufrutuários desses bens, porque as respectivas rendas devem ser
depositadas para entrega aos filhos quando se tornarem capazes.
(E) são usufrutuários dos bens dos filhos, mas não têm a administração dos
bens destes, porque devem ser entregues à administração de um curador.
COMENTÁRIOS. Art. 1.689, CC: O pai e a mãe, enquanto no exercício do poder
familiar: I. são usufrutuários dos bens dos filhos; II. têm a administração dos
bens dos filhos menores sob sua autoridade. Gabarito: “A”.

43) (FCC – TJ/SE – Juiz de Direito – 2015) A violação de causas


suspensivas da celebração do casamento acarreta a:
(A) nulidade relativa do casamento.
(B) obrigatoriedade do regime de separação de bens, não sendo permitido ao
juiz relevá-las em nenhuma hipótese.
(C) obrigatoriedade do regime da separação de bens, exceto no caso de o juiz
a relevar, conforme lhe permite a lei, quando se tratar de viúva grávida antes
de dez meses do início da viuvez.
(D) obrigatoriedade do regime da separação de bens, exceto se relevadas pelo
juiz, quando a lei o permitir.
(E) nulidade absoluta do casamento, exceto se relevada pelo juiz, quando a lei
o permitir.
COMENTÁRIOS. Art. 1.641, CC: É obrigatório o regime da separação de bens
no casamento: I. das pessoas que o contraírem com inobservância das causas
suspensivas da celebração do casamento (...). O art. 1.523, CC arrola as
situações em que as pessoas não devem casar (causas suspensivas), sendo que
o parágrafo único traz uma situação peculiar: “É permitido aos nubentes solicitar
ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos
I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente,
para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no
caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência
de gravidez, na fluência do prazo. Gabarito: “D”.

44) (FCC – TJ/PI – Juiz de Direito – 2015) Adolfo casou-se em 15/11/2013


com Pedrina, contando os nubentes naquela data setenta e cinco e quarenta e

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cinco anos de idade, respectivamente. Adolfo possuía grande patrimônio, e em
seguida, firmou testamento deixando para Pedrina um valioso imóvel rural, e o
usufruto vitalício de um imóvel urbano, os quais não representavam mais do
que 10% (dez por cento) de seu patrimônio. O restante dos bens destinou a
seus filhos. Adolfo faleceu em 10/01/2015. Nesse caso,
(A) o casamento teve de realizar-se pelo regime de separação de bens, mas
Pedrina concorrerá com os filhos de Adolfo na sucessão legítima e poderá optar
entre a herança testamentária e os aquestos, se o patrimônio de Adolfo foi
acrescido depois do casamento, mas, caso não tenha havido esse acréscimo,
terá direito à deixa testamentária.
(B) Pedrina concorrerá com os filhos de Adolfo nos bens adquiridos depois do
casamento, qualquer que tenha sido o regime de bens sob o qual se realizou,
mas não poderá receber os bens que lhe foram deixados por testamento.
(C) o casamento teve de realizar-se pelo regime de separação obrigatória de
bens, Pedrina concorrerá com os filhos de Adolfo na sucessão legítima e poderá
receber os bens que lhe foram deixados por testamento.
(D) Pedrina concorrerá com os filhos de Adolfo se o casamento não tiver sido
realizado sob o regime de comunhão parcial ou comunhão universal de bens,
podendo receber os bens que lhe foram deixados por testamento.
(E) o casamento teve de realizar-se pelo regime de separação obrigatória de
bens, Pedrina não concorrerá com os filhos de Adolfo na sucessão legítima;
entretanto, poderá receber os bens que lhe foram deixados por testamento.
COMENTÁRIOS. O casamento foi realizado pelo regime da separação
obrigatória de bens. Art. 1.641, CC: É obrigatório o regime da separação de
bens no casamento: I. das pessoas que o contraírem com inobservância das
causas suspensivas da celebração do casamento; II. da pessoa maior de 70
(setenta) anos; III. de todos os que dependerem, para casar, de suprimento
judicial. Na sucessão legítima Pedrina não concorrerá com os filhos de Adolfo.
Art. 1.829, CC: A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I. aos
descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado
este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação
obrigatória de bens; ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança
não houver deixado bens particulares. Por outro lado, não ultrapassando a
legítima dos herdeiros necessários, poderá receber parte da herança por
testamento. Gabarito: “E”.

45) (FCC – PGM – Procurador do Município de São Luís/MA – 2016)


Paulo e Ana moram juntos há 10 anos, em convivência estável e como se
fossem casados. Ademais, Paulo é separado de fato de Camila, tendo nascido
desta união Mauro. Paulo e Ana, durante a profícua união, de comum adquiriram
um apartamento no valor de R$ 500.000,00, uma moto no valor de R$
100.000,00. Destaque-se que ambos contribuíram financeiramente para a
aquisição dos bens, unidos seus esforços e patrimônio para tanto, todavia
decidiram romper o convívio afetivo por incompatibilidades. Em relação à
situação fática exposta, é correto afirmar:

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(A) Paulo e Ana viveram em união estável, aplicando-se às relações
patrimoniais, em regra, o regime de comunhão parcial de bens, devendo isso
ser levado em conta para o rompimento e a partilha dos bens.
(B) Percebendo que Paulo era separado de fato de Camila, a relação
desenvolvida com Ana realmente se dava como concubinato e não, de outro
lado, como união estável.
(C) Na união estável, aplica-se, às relações patrimoniais, sempre o regime da
comunhão parcial de bens.
(D) Ressalvando-se contrato escrito entre os companheiros, na união estável,
aplica-se às relações patrimoniais, o regime da separação de bens.
(E) Já que Paulo era separado de fato de Camila, não se impediria a existência
de união estável com Ana, todavia, os bens não serão divididos entre ambos
porque na dissolução de união estável não cabe partilha de bens.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta. Art. 1.723, CC: É reconhecida como
entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na
convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de
constituição de família. Como a questão nada fala sobre o regime adotado, é de
se aplicar o art. 1.725, CC: Na união estável, salvo contrato escrito entre os
companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da
comunhão parcial de bens. A letra “b” está errada. A relação não era de
concubinato, uma vez que “Paulo estava separado de fato de Camila. Estabelece
o art. 1.723, §1°, CC: A união estável não se constituirá se ocorrerem os
impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso
de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente. A letra “c” está
errada por causa da expressão “sempre”. A letra “d” está errada, pois conforme
já exposto o regime a ser aplicado é o da comunhão parcial de bens. A letra “e”
está errada, deve haver a partilha dos bens na dissolução da união estável.
Súmula 380 do STF: Comprovada a existência de sociedade de fato entre os
concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio
adquirido pelo esforço comum. Gabarito: “A”.

46) (FCC – PGM – Procurador do Município de São Luís/MA – 2016)


Decorre do regime estabelecido pelo Código Civil que:
(A) É nulo o casamento por vício da vontade.
(B) É anulável o casamento realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro
contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação
entre os cônjuges.
(C) É anulável o casamento por infringência de impedimento.
(D) É nulo o casamento celebrado por autoridade incompetente.
(E) A anulação do casamento dos menores de 16 anos não pode ser requerida
diretamente pelo próprio cônjuge menor por necessitar de seus representantes
legais para elaborar tal pedido.

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COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Art. 1.550, CC: É anulável o
casamento: III. por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558. A
letra “b” está correta nos exatos termos do art. 1.550, inciso V, CC. A letra “c”
está errada. Art. 1.548, CC: É nulo o casamento contraído: II. por infringência
de impedimento. A letra “d” está errada. Art. 1.554, CC: Subsiste o casamento
celebrado por aquele que, sem possuir a competência exigida na lei, exercer
publicamente as funções de juiz de casamentos e, nessa qualidade, tiver
registrado o ato no Registro Civil. A letra “e” está errada. Art. 1.552, CC: A
anulação do casamento dos menores de dezesseis anos será requerida: I. pelo
próprio cônjuge menor; II. por seus representantes legais; III. por seus
ascendentes. Gabarito: “B”.

47) (FCC – PGE/MT – Procurador do Estado – 2016) O cônjuge


sobrevivente sucede,
(A) em concorrência com os descendentes, independentemente do regime em
que era casado.
(B) ainda que separado de fato do falecido, há mais de dois anos, desde que
haja prova de que a convivência se tornou impossível sem culpa do
sobrevivente.
(C) por inteiro, na falta de descendentes, ainda que haja ascendentes.
(D) em concorrência com os descendentes, no regime da comunhão parcial,
sejam os bens comuns ou particulares.
(E) em concorrência com os ascendentes em primeiro grau, ainda que haja
descendentes.
COMENTÁRIOS. Letra A, incorreta. Art. 1.829, CC: A sucessão legítima
defere-se na ordem seguinte: I. aos descendentes, em concorrência com o
cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da
comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640,
parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança
não houver deixado bens particulares. Letra B, correta. Art. 1.830, CC:
Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo
da morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de
fato há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa
convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente. Letra C,
incorreta. Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os
ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente. Art. 1.838, CC: Em
falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao
cônjuge sobrevivente. Letra D, incorreta. Nessa hipótese o cônjuge supérstite
somente sucede quanto aos bens particulares (art. 1829, I, CC). Letra E,
incorreta. A linha de sucessão está definida no art. 1.829, CC. Conforme o art.
1.836, CC apenas na falta de descendentes é que são chamados à sucessão os
ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente. Gabarito: “B”.

48) (FCC – Prefeitura de Teresina – Auditor Fiscal – 2016) A respeito


do regime de bens, a legislação vigente estabelece que

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(A) caso uma pessoa casada pelo regime da comunhão parcial de bens seja o
ganhador de um prêmio em dinheiro mediante sorteio da loteria oficial, o valor
será de sua exclusiva propriedade e não integrará o patrimônio comum do
casal.
(B) o cônjuge pode dar em garantia bem imóvel independente de autorização
de seu consorte, desde que prove que o bem não integra o patrimônio comum
do casal.
(C) o regime da comunhão parcial de bens é o regime legal supletivo tanto no
casamento como na união estável, de modo que os bens adquiridos
onerosamente por qualquer um dos cônjuges ou companheiros devem ser
partilhados, independentemente de prova do esforço comum.
(D) o regime de bens no casamento deve ser escolhido pelos cônjuges por
meio de pacto antenupcial, negócio jurídico solene e que exige instrumento
público para a sua validade e que gera efeitos a partir da celebração do
casamento, tornando imutável o regime na vigência da sociedade conjugal.
(E) o casamento de um homem sexagenário com uma mulher mais jovem
impõe a adoção do regime da separação obrigatória de bens, por força de
expressa previsão legal neste sentido.
COMENTÁRIOS. Letra A, incorreta. Art. 1.660, CC: Entram na comunhão:
(...) II. os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de
trabalho ou despesa anterior. Letra B, incorreta. Art. 1.647, CC: Ressalvado o
disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro,
exceto no regime da separação absoluta: I. alienar ou gravar de ônus real os
bens imóveis. Letra C, correta. Art. 1.640, CC: Não havendo convenção, ou
sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o
regime da comunhão parcial. Art. 1.725, CC: Na união estável, salvo contrato
escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que
couber, o regime da comunhão parcial de bens. Letra D, incorreta. Art. 1.639,
CC: É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto
aos seus bens, o que lhes aprouver. §2°: É admissível alteração do regime de
bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges,
apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de
terceiros. Letra E, incorreta. Art. 1.641, C: É obrigatório o regime da
separação de bens no casamento: II. da pessoa maior de 70 (setenta) anos.
Gabarito: “C”.

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Exercícios Comentados
CESPE – Certo ou Errado

QUESTÃO 01 (CESPE/UnB – TRT/10ª Região/DF/TO – Analista


Judiciário – 2013) Julgue os itens abaixo, relativo ao Direito de Família.
a) O Código Civil adotou o critério biopsicológico com relação à idade núbil;
assim, para a mulher e o homem poderem casar é necessário que tenham
completado, respectivamente, dezesseis e dezoito anos de idade.

b) Em situações excepcionais elencadas em dispositivo do Código Civil, é


possível que o credor de uma obrigação de alimentos ceda o seu crédito a
terceiro.

COMENTÁRIOS
a) Errado. O critério biopsicológico é aquele pelo qual se observa a idade e a
maturidade psicológica da pessoa. O Código Civil adotou o critério biológico, pois
determinou simplesmente uma idade mínima para o casamento,
independentemente de eventual capacidade psíquica. Nos termos do art. 1.517,
CC, a idade núbil tanto do homem como da mulher é de 16 (dezesseis) anos. No
entanto, como ainda não atingiram a maioridade civil (que se dá aos 18 anos),
exige-se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, para a
celebração do matrimônio. Acrescente-se que nos termos do art. 1.520, CC,
excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a
idade núbil, em especial no caso de gravidez. Mas para isso é necessário o
suprimento da idade núbil pelo Juiz.

b) Errado. Segundo o art. 1.707, CC, pode o credor não exercer, porém lhe é
vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível
de compensação ou penhora.

QUESTÃO 02 (CESPE/UnB – Conselho Nacional da Magistratura – CNJ –


Analista Judiciário – 2013) De acordo com o disposto no Código Civil
vigente acerca do casamento, julgue o item abaixo.
a) Um pai não pode se casar com a sua filha, seja ela natural ou adotiva.
COMENTÁRIOS
a) Certo. Estabelece o art. 1.521, CC: “Não podem casar: I. os ascendentes
com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil (...)”. Como a adoção é
um parentesco civil, há proibição expressa nesse sentido.

QUESTÃO 03 (CESPE/UnB – TJ/AC – Analista Judiciário – 2012) No que


se refere ao direito de família, julgue o item a seguir.

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a) O casamento nuncupativo é o que ocorre quando algum dos contraentes
estiver em iminente risco de vida.
COMENTÁRIOS
a) Certo. Casamento nuncupativo (do latim nuncupare, ou seja, dizer de viva
voz), também chamado de in extremis vitae momentis, ou in articulo mortis,
ocorre quando um dos contraentes nubentes se encontra em iminente risco de
vida ou à beira da morte (art. 1.540, CC), não estando presente a autoridade
competente para presidir o ato. Por esse motivo, dispensam-se as formalidades
legais para o ato. Basta que os contraentes manifestem o propósito de se casar
e, de viva voz, recebam um ao outro por marido e mulher. É necessária a
presença de seis testemunhas sem parentesco (na linha reta e colateral até 2°
grau) e posterior habilitação e homologação judicial. Após a morte do enfermo
devem comparecer diante da autoridade judicial competente, declarando por
termo que foram convocadas pela pessoa que corria perigo de morte, mas
estava consciente da sua vontade e que os contraentes, de forma livre e
espontânea, aceitaram o casamento. Se a pessoa convalescer, basta que
ratifique o casamento na presença da autoridade competente (não é necessário
um novo casamento). Se não for ratificado o casamento não terá valor algum.

QUESTÃO 04 (CESPE/UnB – TJ/CE – Juiz de Direito – 2012) Considere


que Carlos e Regina convivam em união estável e decidam celebrar
contrato de convivência. Nessa situação julgue as assertivas abaixo.
a) o contrato pode ser celebrado por meio de escritura particular, desde que
atestado por duas testemunhas e levado a registro.
b) se o casal já tiver filhos, o contrato não produzirá efeitos.
c) celebrado o contrato, este não poderá ser modificado antes de cinco anos.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Contrato de união ou estável ou contrato de convivência é aquele
em que os sujeitos de uma união estável regulamentam os reflexos da relação
que assumiram. Convém deixar claro que o contrato, por si só, não tem força
para instituir a união estável, pois ela está sujeita ao preenchimento de
requisitos legais (art. 1.723, CC). Mas uma vez caracterizada a união estável o
contrato regula melhor as relações entre os envolvidos. Excetuando-se a forma
escrita, não são exigidas quaisquer outras solenidades para a celebração do
contrato de união estável. Portanto, não se exige que o ato seja firmado por
testemunhas. O contrato pode ser celebrado por instrumento público (escritura)
ou particular, genérico ou específico. Embora não haja previsão expressa de que
deva ser registrado, isso é interessante de fazer, para não prejudicar qualquer
dos envolvidos ou terceiros. Demais cláusulas, desde que não sejam ilegais ou
imorais ficam a cargo das partes envolvidas.

b) Errado. Condicionar a produção de efeitos do contrato à existência ou não


de filhos não possui qualquer embasamento legal. Além disso, não pode haver
diferenciação entre filhos havidos ou não na constância do casamento, sendo
que os direitos dos filhos são resguardados pela Constituição e pela legislação
infraconstitucional.

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c) Errado. O contrato de convivência pode ser alterado a qualquer tempo,
inclusive quanto a questões patrimoniais. Neste sentido, posiciona-se a
doutrina: “as partes são livres para decidir sobre seu patrimônio, passado ou
futuro – deverão atentar, somente, para as limitações de ordem legal, moral, de
costumes e de boa-fé”.

QUESTÃO 05 (CESPE/UnB – TJ/CE – Analista Judiciário – 2014) No que


diz respeito a direito de família, julgue os itens a seguir, considerando o
disposto no Código Civil.
a) O casamento válido dissolve-se pela morte de um dos cônjuges, pelo
divórcio ou pela nulidade ou anulação do casamento.

b) O pacto antenupcial, ainda que não seja feito por escritura pública, é
valido e mantém sua eficácia quando lhe seguir o casamento.

c) É vedado, em qualquer circunstância, o casamento de pessoa com menos


de dezesseis anos de idade.

COMENTÁRIOS
a) Errado. Trata-se de uma “pegadinha”. Se a afirmação se referisse a
dissolução de um casamento a resposta seria pela nulidade ou anulabilidade,
morte ou divórcio. Mas a afirmação refere-se ao casamento válido. Ora, se o
casamento é válido não pode ser ele dissolvido por eventual nulidade ou
anulabilidade. Portanto, nos termos do art. 1.571, §1°, CC: “O casamento válido
só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a
presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente”.

b) Errado. Estabelece o art. 1.653, CC: É nulo o pacto antenupcial se não for
feito por escritura pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento.

c) Errado. Estabelece o art. 1.520, CC: Excepcionalmente, será permitido o


casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 1517), para evitar
imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez.

QUESTÃO 06 (CESPE/UnB – DPE/RR – Defensor Público – 2013) Mara,


na época com dezesseis anos de idade e autorizada por seus pais, casou com
Jorge, à época com vinte e cinco anos de idade, não tendo os nubentes
celebrado pacto antenupcial. No sexto mês de vigência do casamento, Mara
apaixonou-se por uma amiga e com ela começou a se relacionar afetivamente.
Nesse mesmo mês, desejando casar-se com essa amiga, Mara decidiu se
separar do marido, saiu de casa levando seus objetos pessoais e ajuizou ação de
divórcio com vistas a romper o vínculo conjugal. Na petição inicial da demanda,
alegou não mais ser possível a reconciliação entre as partes e informou que o
casal não teve filhos. Por outro lado, aduziu que os pais de Jorge, quando do
casamento, doaram ao casal um bem imóvel. Além disso, durante o casamento,
Jorge apostou e ganhou um prêmio de R$ 15.000.000,00 em uma loteria.
Nesses termos, Mara pleiteou a decretação do divórcio do casal e a partilha dos
bens amealhados pela entidade familiar. Considerando as disposições legais

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e constitucionais do casamento e de sua dissolução, julgue os seguintes
itens relativamente à situação hipotética acima descrita.

a) O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação
judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada a
separação de fato por mais de dois anos. Dessa forma o pedido de divórcio
formulado por Mara não poderia ser acolhido, pois não atendo aos requisitos
legais: o casal não estava separado judicialmente por mais de um ano nem
separado de fato por mais de dois anos.

b) Tanto o bem imóvel quanto o prêmio lotérico entram na comunhão de


bens do casal, sendo, portanto, bens passíveis de partilha.

COMENTÁRIOS
a) Errado. Após a edição da Emenda Constitucional n° 66/2010 (alterou o §6°,
do art. 226, da CF/88) foi suprimido o requisito de prévia separação judicial por
mais de um ano ou de comprovada separação de fato por mais de dois anos
para se requerer o divórcio. Portanto, atualmente o divórcio pode ser requerido
de forma direta, sem que tenha passado antes pela separação judicial e
independentemente de prazo.

b) Certo. Como Mara e Jorge não celebraram pacto antenupcial, o regime que
vigorou no casamento foi o da comunhão parcial (arts. 1.658 a 1.666, CC). Por
este regime, todos os bens adquiridos na constância do casamento (sejam eles
móveis ou imóveis, adquiridos de forma onerosa ou gratuita) se comunicam
entre os cônjuges. O bem imóvel doado pelos pais de Jorge foi para o casal. Da
mesma forma o prêmio ganho por Jorge foi na constância do casamento.
Portanto, esses bens entram na comunhão e devem ser partilhados.

QUESTÃO 07 (FUNCAB – Delegado de Polícia/ES – 2013) Quanto à


família, à relação de parentesco, e aos alimentos, julgue os seguintes
itens.
a) É presumível (presunção absoluta: juris et de jure) a necessidade de os
filhos continuarem a perceber alimentos após a maioridade, quando
frequentam curso universitário ou técnico, porque se entende que a obrigação
parental de cuidar dos filhos inclui a outorga de adequada formação
profissional.

b) O advento da maioridade não extingue, automaticamente, o direito à


percepção de alimentos, mas esses deixam de ser devidos em razão do poder
familiar, passando a ter fundamento nas relações de parentesco.

c) A continuidade do pagamento dos alimentos após a maioridade, ausente a


continuidade dos estudos, somente subsistirá caso haja prova da necessidade
de continuar a recebê-los, o que caracterizaria fato impeditivo, modificativo
ou extintivo desse direito, a depender da situação.

COMENTÁRIOS

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a) Errado. O erro da questão reside no fato de que nesse caso a presunção é
relativa (juris tantum) e não absoluta (juris et de jure).

b) Certo. Vide decisão abaixo.

c) Certo. Vide decisão abaixo.

REsp 1.218.510-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 27/9/2011.


”Trata-se de recurso interposto contra decisão do tribunal a quo que reformou a
sentença para julgar procedente pedido de alimentos feito por estudante maior
de idade que cursa mestrado em universidade pública contra seu pai
(recorrente). É consabido que o advento da maioridade não extingue,
automaticamente, o direito à percepção de alimentos, mas esses deixam
de ser devidos em razão do poder familiar, passando a ter fundamento nas
relações de parentesco (art. 1.694 do CC), exigindo a prova da necessidade do
alimentado. Por essa razão, é presumível (presunção iuris tantum) a
necessidade de os filhos continuarem a perceber alimentos após a maioridade,
quando frequentam curso universitário ou técnico, porque se entende que a
obrigação parental de cuidar dos filhos inclui a outorga de adequada formação
profissional. Porém, o estímulo à qualificação profissional dos filhos não pode ser
imposto aos pais de forma perene, sob pena de subverter o instituto da
obrigação alimentar oriunda das relações de parentesco, que objetiva preservar
as condições mínimas de sobrevida do alimentado. Em rigor, a formação
profissional completa-se com a graduação, que, de regra, permite ao bacharel o
exercício da profissão para a qual se graduou, independentemente de posterior
especialização, podendo assim, em tese, prover o próprio sustento,
circunstância que afasta, por si só, a presunção iuris tantum de necessidade do
filho estudante. Assim, considerando o princípio da razoabilidade e o momento
socioeconômico do País, depreende-se que a missão de criar os filhos se
prorroga mesmo após o término do poder familiar, porém finda com a
conclusão, pelo alimentado, de curso de graduação. A partir daí persistem as
relações de parentesco que ainda possibilitam a busca de alimentos, desde que
presente a prova da efetiva necessidade. Com essas e outras considerações, a
Turma deu provimento ao recurso para desonerar o recorrente da obrigação de
prestar alimentos à sua filha”.

QUESTÃO 08 (CESPE/UnB – TRT/10ª Região/DF/TO – Analista


Judiciário – Execução de Mandados – 2012) No tocante ao direito de
família à luz da jurisprudência do STJ, julgue os itens subsecutivos.
a) No regime na comunhão parcial de bens, o cônjuge pode prestar aval sem
a autorização do outro.

b) É possível a celebração de casamento mediante procuração


consubstanciado em instrumento particular, desde que conferidos poderes
especiais ao mandatário.

c) Em regra, o direito à percepção de alimentos do filho maior motivado pela


necessidade de custear a sua formação profissional inclui, além do curso
universitário, também o curso de mestrado.

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d) De acordo com o STJ a legislação civil admite a coexistência de uniões
estáveis paralelas.

COMENTÁRIOS
Essa questão não teve gabarito oficial, pois “a prova foi desconsiderada pelo
CESPE em decorrência de problemas de infraestrutura que ocorreram em um
dos locais de aplicação das provas”. Resposta do professor:

a) Errado. Conforme previsto no art. 1.647, III, CC nenhum cônjuge pode, sem
autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta (...) III. prestar
fiança ou aval.

b) Errado. O art. 1.542, CC estabelece que o casamento pode celebrar-se


mediante procuração, por instrumento público, com poderes especiais.

c) Errado. O STJ tem julgado (REsp 1218510/SP) no sentido de que a formação


profissional se completa com a graduação, que, de regra, permite ao bacharel o
exercício da profissão para a qual se graduou, independentemente de posterior
especialização, podendo assim, em tese, prover o próprio sustento,
circunstância que afasta, por si só, a presunção juris tantum de necessidade do
filho estudante.

d) Errado. O STJ tem julgado da seguinte forma: DIREITO DE FAMÍLIA.


RECONHECIMENTO DE UNIÕES ESTÁVEIS SIMULTÂNEAS. IMPOSSIBILIDADE.
EXCLUSIVIDADE DE RELACIONAMENTO SÓLIDO. CONDIÇÃO DE EXISTÊNCIA
JURÍDICA DA UNIÃO ESTÁVEL. EXEGESE DO §1° DO ART. 1.723 DO CÓDIGO
CIVIL DE 2002. REsp 912926 (ACÓRDÃO). Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, DJe
07/06/2011, Decisão 22/02/2011. LEXSTJ, Vol. 263, p. 47.

QUESTÃO 09 (IESES – TJ/RO – Titular de Serviços de Notas e Registros


– 2012) Em relação ao registro de filhos, analise e julgue as assertivas
abaixo, em conformidade com o disposto no Código Civil.

a) A lei presume que os filhos de mulheres casadas há mais de 180 dias são
do marido, sendo dispensável a presença do pai no dia do registro.
b) Para registrar o filho nascido após a morte do marido, será necessária a
concordância dos herdeiros, não recaindo nenhum tipo de presunção.
c) O reconhecimento voluntário do filho pode ser tanto direto no registro,
como em escritura pública apartada.
d) O reconhecimento voluntário do filho pode ser anterior ao seu nascimento,
e é por natureza irretratável.
COMENTÁRIOS
a) Certo. É o que determina o art. 1.597, I, CC.

b) Errado. O art. 1.597, II, CC prescreve que presumem-se concebidos na


constância do casamento os filhos nascidos nos trezentos dias subsequentes à
dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e
anulação do casamento.

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c) Certo. Prevê o art. 1.609, CC: O reconhecimento dos filhos havidos fora do
casamento é irrevogável e será feito: I. no registro do nascimento; II. por
escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório; III. por
testamento, ainda que incidentalmente manifestado; IV. por manifestação direta
e expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento não haja sido o objeto
único e principal do ato que o contém.

d) Certo. Estabelece o parágrafo único do art. 1.609, CC: O reconhecimento


pode preceder o nascimento do filho ou ser posterior ao seu falecimento, se ele
deixar descendentes. Completa o art. 1.610, CC que o reconhecimento não pode
ser revogado, nem mesmo quando feito em testamento.

QUESTÃO 10 (CESPE/UnB – TJDFT – Analista Judiciário – 2013) Com


base no que dispõe o Código Civil sobre o Direito de Família, julgue os
itens a seguir.
a) A presunção legal da paternidade não se elide com o adultério da mulher,
ainda que confessado.

b) É imprescritível o direito de o marido contestar a paternidade dos filhos


nascidos de sua mulher.

c) Suponha que James, condenado pelo homicídio de Gustavo, pretenda


casar-se com Jane, viúva do morto. Nesse caso, há impedimento legal para o
casamento.

d) Na linha reta, a afinidade se extingue com a dissolução do casamento ou


da união estável.

COMENTÁRIOS
a) Certo. Estabelece o art. 1.600, CC: Não basta o adultério da mulher, ainda
que confessado, para ilidir a presunção legal da paternidade.

b) Certo. Segundo o art. 1.601, CC, cabe ao marido o direito de contestar a


paternidade dos filhos nascidos de sua mulher, sendo tal ação imprescritível.
Parágrafo único. Contestada a filiação, os herdeiros do impugnante têm direito
de prosseguir na ação. Completa o art. 1.602, CC: Não basta a confissão
materna para excluir a paternidade.

c) Certo. O art. 1.521, CC estabelece um rol de situações em que as pessoas


não podem se casar. O inciso VII estabelece: o cônjuge sobrevivente com o
condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.

d) Errado. Dispõe o art. 1.595, CC: Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos
parentes do outro pelo vínculo da afinidade. §1° O parentesco por afinidade
limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou
companheiro. §2° Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução
do casamento ou da união estável.

QUESTÃO 11 (CESPE/UnB – TJDFT – Analista Judiciário – 2013) A


respeito do direito de família, julgue o item a seguir.

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a) De acordo com o Código Civil brasileiro, os deveres dos cônjuges não
abrangem a fidelidade recíproca nem a vida em comum.

COMENTÁRIOS
a) Errado. De acordo com o art. 1.566, CC, são deveres de ambos os cônjuges:
“I. fidelidade recíproca; II. vida em comum, no domicílio conjugal; III. mútua
assistência; IV. sustento, guarda e educação dos filhos; V. respeito e
consideração mútuos”. Devemos acrescentar que segundo a doutrina o dever de
fidelidade também deve ser aplicado em relação à união estável, em razão do
disposto no art. 1.724, CC: As relações pessoais entre os companheiros
obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda,
sustento e educação dos filhos. A fidelidade estaria incluída no conceito de
"lealdade".

QUESTÃO 12 (IESES – TJ/RO – Titular de Serviços de Notas e Registros


– 2012) O casamento e a união estável são regidos por regime de bens,
previstos no Código Civil. Com base nisso, analise e julgue as assertivas
abaixo:
a) Para que seja válido, o contrato de união estável deve ser feito sob a
forma de escritura pública.
b) No contrato de união estável, o regime de bens deve ser obrigatoriamente
o de comunhão parcial.
c) Para que seja válido, pacto antenupcial do casamento deve ser feito sob a
forma de escritura pública.
d) O pacto antenupcial é sempre necessário, ainda que o regime de bens seja
o da comunhão parcial.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Segundo o art. 1.723, CC. É possível celebrar um contrato de união
estável sob a forma de escritura pública, porém isso não é indispensável, pois
segundo o art. 1.723, CC, basta a convivência pública contínua e duradoura com
a intenção de constituir família.

b) Errado. Estabelece o art. 1.725, CC que na união estável, salvo contrato


escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que
couber, o regime da comunhão parcial de bens. Portanto, na falta de
estipulação, o regime será o da comunhão parcial, mas nada impede a escolha
de outro regime desde que feito por escrito.

c) Certo. Nos termos do parágrafo único do art. 1.640, CC.

d) Errado. Se o regime escolhido for o da comunhão parcial é desnecessário o


pacto antenupcial.

QUESTÃO 13 (CESPE/UnB – TC/DF – Auditor Federal de Controle


Externo – 2014) Com relação a união estável, julgue o item
subsequente.

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a) A relação afetiva não eventual, pública, contínua e duradoura e
estabelecida com o objetivo de constituição de família, entre pessoas já
casadas, não configura união estável, ainda que cada uma delas esteja
separada de fato de seu respectivo cônjuge.

COMENTÁRIOS
a) Errado. Dispõe o art. 1.723, CC: “É reconhecida como entidade familiar a
união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública,
contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.
§1° A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art.
1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se
achar separada de fato ou judicialmente”. Assim, se ambas as pessoas casadas
estão separadas de fato (como mencionado na questão), pode, sim, haver a
união estável entre elas, estando errada a afirmação que “não configura a união
estável”.

QUESTÃO 14 (CESPE/UnB – DPE/ES – Defensor Público – 2013) Julgue


o item seguinte, a respeito da união estável e da ordem de vocação
hereditária.
a) De acordo com a jurisprudência, não se deve declarar a união estável
entre duas pessoas que celebrem expressamente contrato de namoro no qual
esclareçam o propósito de não viverem em união estável, sob pena de se
violar a boa-fé da parte inocente.

COMENTÁRIOS
a) Errado. O chamado "contrato de namoro" é aquele em que as partes, por
meio de manifestação expressa de vontade, esclarecem que não estão vivendo
em união estável. Na realidade a intenção principal disso é assegurar a
incomunicabilidade do patrimônio presente e futuro. Esse contrato surgiu como
mecanismo para obstar a caracterização da união estável. No entanto, na
prática, verifica-se que o resultado alcançado por este tipo de avença é
exatamente o contrário do pretendido, pois tem sido visto como a própria
confissão da união estável. Apesar de ser absolutamente possível a celebração
de um contrato de namoro, não conseguirão as partes impedir a eventual
caracterização de uma união estável, porque sua configuração decorre de
elementos fáticos e legais, não podendo ser bloqueada por um contrato. Após
um longo período de vida em comum, no qual são amealhados bens pelas
partes através do esforço comum, não há como se admitir a incomunicabilidade
do patrimônio, sob pena de enriquecimento ilícito de uma parte em detrimento
da outra. Os bens adquiridos durante a união poderão ser partilhados, sem
nenhum óbice, em que pese a existência desse contrato.

QUESTÃO 15 (CESPE/UnB – TCE/ES – Analista Administrativo – Direito


– 2013) A respeito do divórcio, julgue o item subsequente.
a) O menor de dezoito anos casado, que não tenha filhos, só poderá realizar
o divórcio consensual mediante escritura pública com autorização de seus
pais.

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COMENTÁRIOS
a) Errado. Se o menor se casou, ele se torna civilmente capaz pela
emancipação (art. 5°, parágrafo único, II, CC), podendo celebrar os atos da vida
civil normalmente, independentemente de autorização dos pais. Atualmente a
Lei n° 11.441/07 possibilita a realização divórcio consensual pela via
administrativa (ou extrajudicial), em Cartório de Notas, desde que ambos os
cônjuges sejam capazes e não haja filhos menores ou incapazes, realizando o
ato por escritura pública, que não depende de homologação judicial, mas que
deve ser averbada no Registro Civil.

QUESTÃO 16 (IESES – TJ/RO – Titular de Serviços de Notas e Registros


– 2012) Em relação ao divórcio julgue os itens subsequentes:
a) O divórcio pode ser realizado mediante escritura pública, ainda que o casal
tenha filhos menores.
b) Para concessão do divórcio, é necessário que haja a prévia separação do
casal.
c) A partilha de bens é indispensável para realização do divórcio.
d) Caso haja estipulação de pensão alimentícia entre cônjuges, o divórcio não
poderá ser realizado via extrajudicial, dependendo de homologação judicial.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Somente se o casal não tiver filhos menores ou incapazes o divórcio
poderá ser feito por escritura pública (art. 1.124-A).

b) Errado. A Emenda Constitucional n° 66/2010, dando nova redação ao §6°


do art. 226, CF/88, suprimiu o requisito de prévia separação judicial para se
requerer o divórcio.

c) Errado. O divórcio pode ser realizado sem que haja partilha de bens, no
termos do art. 1.581, CC.

d) Errado. Prevê o art. 1.124-A, CC: A separação consensual e o divórcio


consensual, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os
requisitos legais quanto aos prazos, poderão ser realizados por escritura pública,
da qual constarão as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens
comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo
cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se
deu o casamento.

QUESTÃO 17 (CESPE/UnB – Ministério Público/AM) Julgue os itens que


se seguem, acerca do Direito de Família.
a) Considere a seguinte situação hipotética. Priscila, com 9 anos de idade, é
filha biológica de Maria e Paulo, cujo nome consta no assento de nascimento
da menina. Recentemente, Maria casou-se com Gabriel, que deseja adotar
Priscila. Nessa situação, exige-se a concordância expressa de Maria, que
detém a guarda de Priscila, e a demonstração de que a adoção visa a sua
proteção. Além disso, depois de realizada a adoção, mantém-se o vínculo de

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parentesco de Priscila e a família de seu pai biológico, extinguindo-se tão
somente os vínculos de filiação.
b) O vínculo colateral estabelecido pela afinidade desaparece com a
dissolução do casamento ou da união estável, mas a afinidade em linha reta é
sempre mantida, persistindo o impedimento para o casamento entre esses
parentes.
COMENTÁRIOS
a) Errado. A adoção depende da concordância dos pais (ambos). Embora a
questão não mencione, é imprescindível a concordância da mãe (Maria) e do pai
biológico (Paulo). Se a criança tivesse mais de 12 anos seria necessária também
a sua concordância. O art. 41, caput, ECA determina que quando ocorrer a
adoção, Priscila será desligada dos vínculos de filiação e parentesco de seus
pais (salvo impedimentos matrimoniais). Mas como o adotante (Gabriel) se
casou com a mãe da adotada (Maria), serão mantidos os vínculos de filiação de
Maria com sua mãe (art. 41, §1°, ECA). Conclusão: Gabriel será o pai da menor;
Maria continua sendo a mãe; rompem-se os vínculos de filiação e de parentesco
com seu pai biológico.
b) Certo. Estabelece o art. 1.595, CC que cada cônjuge ou companheiro é
aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade. O parentesco por
afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes (sogro, sogra, genro e
nora) e aos irmãos (cunhados) do cônjuge ou companheiro. Com a dissolução
do casamento ou união estável (morte, divórcio) desaparecem os vínculos por
afinidade os de linha reta. Assim uma pessoa não pode casar com sua sogra(o).
Por outro lado pode se casar com a cunhada(o).

QUESTÃO 18 (CESPE/UnB – Defensor Público/AM) Em relação ao


parentesco, julgue os itens subsequentes.
a) O parentesco colateral é limitado até o sexto grau, e ilimitado na linha
reta.
b) O parentesco por afinidade entre um cônjuge e os parentes do outro
limita-se aos ascendentes e descendentes na linha reta e, na linha colateral,
ao terceiro grau.
c) A adoção não dependerá de processo judicial se o adotado for maior de
dezoito anos de idade e concordar com ela.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Nos termos do art. 1.592, CC, são parentes em linha colateral ou
transversal, até o quarto grau, as pessoas provenientes de um só tronco, sem
descenderem uma da outra.
b) Errado. O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos
descendentes (sogra, sogro, genro e nora) e aos irmãos (cunhados: colaterais
de segundo grau) do cônjuge ou companheiro (art. 1.595, §1°, CC).
c) Errado. A adoção de maiores de dezoito anos dependerá, igualmente, da
assistência efetiva do Poder Público e de sentença constitutiva.

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QUESTÃO 19 (CESPE/UnB – Defensor Público/AM) Com relação ao
regime do casamento, julgue os itens subsequentes.
a) No regime de comunhão parcial, o bem adquirido pela mulher com o
produto auferido mediante a alienação de bem particular, ou seja, por sub-
rogação, não se inclui na comunhão parcial.
b) É nulo e ineficaz o pacto antenupcial firmado por mulher de 60 anos de
idade que estabeleça como regime de bens o da comunhão universal.
c) Os bens adquiridos onerosamente durante a vida em comum, desde que
comprovado o esforço comum, pertencem a ambos os companheiros.
COMENTÁRIOS
a) Certo. É o que prevê o art. 1.659, inciso I, CC.
b) Errado. Somente é obrigatório o regime da separação de bens no casamento
se as pessoas forem maiores de 70 anos (nova redação do art. 1.641, II, CC).
No caso a mulher tinha 60 anos. Portanto poderia firmar pacto antenupcial
estabelecendo qualquer regime de bens, inclusive a comunhão universal.
c) Errado. Não há previsão expressa na lei. No entanto, segundo entendimento
do STJ é desnecessária a prova do esforço comum para que os bens adquiridos
onerosamente na constância da união estável pertençam a ambos os
conviventes. O entendimento é de que este esforço comum é presumido.

QUESTÃO 20 (CESPE/UnB – TJ/RR – Analista Processual – 2012)


Considerando o Código Civil, julgue o item a seguir, relativo ao direito
matrimonial.
a) É admissível alteração do regime de bens do casamento, mediante
autorização judicial, em pedido motivado de ambos os cônjuges, devendo ser
apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de
terceiros.

COMENTÁRIOS
a) Certo. É o que prevê o art. 1.639, §2°, CC.

QUESTÃO 21 (CESPE/UnB – DP/DF – Defensor Público do Distrito


Federal – 2013) Em relação a direito de família, julgue o item
subsequente.
a) De acordo com a jurisprudência pacificada do STJ, não é possível alterar o
regime de bens de matrimônios contraídos sob a égide do Código Civil de
1916.

b) Considerando que o estado civil de cada pessoa deve refletir sua realidade
afetiva, em detrimento das formalidades e valores essencialmente
patrimoniais, o STJ entende que não é necessária a prévia partilha de bens
para a conversão da separação judicial em divórcio.

COMENTÁRIOS

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a) Errado. O STJ entende que é possível a alteração do regime de casamento
celebrado sob a égide do Código Civil anterior (de 1916) na vigência do novo, de
2002. Assim, se não houver prejuízos a terceiros ou para os cônjuges, o direito
à mudança de regime (art. 1.639, §2°, CC) deve ser possível por uma questão
de razoabilidade e justiça.

b) Certo. Não só a jurisprudência do STJ como o próprio art. 1.581, CC,


disciplinou expressamente a desnecessidade da prévia partilha de bens como
condição para a concessão do divórcio.

QUESTÃO 22 (CESPE/UnB – TJ/MA – Juiz de Direito – 2013) Em relação


ao direito de família, julgue os itens subsequentes, segundo a
jurisprudência do STJ.
a) Aos cônjuges é permitido incluir ao seu nome o sobrenome do outro, ainda
que após a data da celebração do casamento, devendo o respectivo
requerimento ser feito administrativamente no cartório onde tenha sido
celebrado o casamento, para fins de averbação no assento de casamento,
conforme disposição do Código Civil.

b) Em face do princípio do adimplemento substancial, considera-se suficiente


para a revogação da prisão civil do devedor de alimentos o pagamento parcial
dos alimentos devidos.

COMENTÁRIOS
a) Errado. O registro de nascimento da pessoa natural, com a identificação do
nome civil, em regra é imutável. Contudo, a lei permite, em determinas
ocasiões, sua alteração. Ao oficial de cartório somente é permitido alterar um
nome, independente de ação judicial, nos casos previstos em lei, como é a
hipótese do art. 1565, §1°, CC: Qualquer dos nubentes, querendo, poderá
acrescer ao seu o sobrenome do outro. Segundo decisões reiteradas do STJ, isso
pode ser feito ainda que após a data da celebração do casamento, porém, nesse
caso somente é admissível por meio de ação judicial (ação de retificação de
registro público, nos termos dos arts. 57 e 109 da Lei n° 6.015/1973 - Lei de
Registros Públicos).

b) Errado. Segundo decisões reiteradas do STJ, a decretação da prisão do


alimentante revela-se cabível quando não adimplidas as últimas três prestações
anteriores à propositura da execução de alimentos, bem como as parcelas
vincendas no curso do processo executório, nos termos da Súmula n° 309 do
STJ, sendo certo que o pagamento parcial do débito não elide a prisão civil do
devedor.

QUESTÃO 23 (CESPE/UnB – TJ/AC – Juiz de Direito – 2012) A respeito


de dívida de alimentos julgue a assertivas abaixo, de acordo com o que
dispõem o Código Civil e a jurisprudência do STJ.
a) É incontroverso que o juiz possa, de ofício, decretar a prisão civil do
devedor de alimentos, visto que ao magistrado cabe zelar pelo adimplemento
das prestações alimentares.

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b) O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante compreende
as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução, mas não as que
vencerem no curso do processo.

COMENTÁRIOS
a) Errado. A afirmação está errada, pois o tema é controvertido e a assertiva
parte do pressuposto que “é incontroverso”. Há quem entenda que a prisão civil
por dívida de alimentos pode ser decretada de ofício pelo juiz (além de
requerimento do Ministério Público ou pela parte interessada). Essa possibilidade
decorre do fato de que a prisão, nesses casos, não tem cunho sancionatório,
mas apenas coercitivo. No entanto há posições divergentes. O próprio STJ
entende que “a prisão civil não deve ser decretada ex officio, porque é o credor
quem sempre estará em melhores condições que o juiz para avaliar sua eficácia
e oportunidade. Deixa-se, pois, ao exequente a liberdade de pedir ou não a
aplicação desse meio executivo de coação, quando entenda que lhe vai ser de
utilidade, pois pode acontecer que o exequente, maior interessado na questão,
por qualquer motivo, não julgue oportuna e até considere inconveniente a prisão
do executado”.

b) Errado. Segundo a Súmula 309 do STJ, “O débito alimentar que autoriza a


prisão civil do alimentante é que compreende as três prestações anteriores ao
ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo”.

QUESTÃO 24 (CESPE/UnB – DPE/TO – Defensor Público – 2013) Acerca


do regime de bens entre cônjuges, julgue os itens a seguir.
a) O regime de comunhão universal implica a comunicação de todos os bens
presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas, com exceção, entre
outras, dos bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e
os sub-rogados em seu lugar.

b) O regime de participação final nos aquestos foi revogado do Código Civil,


haja vista que o seu desuso desde a entrada em vigor do referido diploma
legal demonstrou que os demais regimes de bens existentes eram suficientes
para reger as relações patrimoniais entre os cônjuges.

c) No casamento celebrado sob o regime da separação de bens, enquanto


não sobrevier a separação ou divórcio, a administração dos bens é conjunta
dos consortes, que não poderão aliená-los ou gravá-los de ônus real sem a
anuência do outro.

d) É obrigatório o regime da separação de bens no casamento das pessoas


que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do
casamento; da pessoa maior de sessenta anos e, ainda, de todos os que
dependerem, para casar, de suprimento judicial.

e) No regime de comunhão parcial de bens, comunicam-se os bens que


sobrevierem ao casal na constância do casamento, denominados bens
aquestos, sem qualquer exceção.

COMENTÁRIOS
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a) Certo. Segundo o art. 1.667, CC, o regime de comunhão universal importa a
comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas
passivas, com as exceções do artigo seguinte. Segundo o art. 1.668, CC, são
excluídos da comunhão: I. os bens doados ou herdados com a cláusula de
incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar; II. os bens gravados de
fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a
condição suspensiva; III. as dívidas anteriores ao casamento, salvo se
provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum;
IV. as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula
de incomunicabilidade; V. os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.

b) Errado. O regime da participação final nos aquestos não foi revogado;


continua em vigor, previsto nos art. 1.772 a 1.786, CC.

c) Errado. Segundo o art. 1.687, CC, estipulada a separação de bens, estes


permanecerão sob a administração exclusiva de cada um dos cônjuges, que os
poderá livremente alienar ou gravar de ônus real.

d) Errado. Nos termos do art. 1.641, CC, é obrigatório o regime da separação


de bens no casamento: I. das pessoas que o contraírem com inobservância das
causas suspensivas da celebração do casamento; II. da pessoa maior de 70
(setenta) anos (redação dada pela Lei n° 12.344/2010); III. de todos os que
dependerem, para casar, de suprimento judicial.

e) Errado. Segundo o art. 1.658, CC, no regime de comunhão parcial,


comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na constância do casamento.
No entanto o art. 1.659, CC traz uma série de hipóteses que são excluídas da
comunhão. Portanto, há diversas exceções.

QUESTÃO 25 (CESPE/UnB – TRE/MS – Analista Judiciário – 2013) Em


relação ao Direito de Família, julgue as seguintes assertivas.
a) Em razão do caráter personalíssimo, o direito a alimentos é insuscetível de
cessão, mas admite-se a compensação.
b) Se o imóvel residencial for o único bem da família e estiver locado, não
perderá o atributo da impenhorabilidade, desde que a renda auferida seja
destinada à moradia e subsistência do núcleo familiar.
c) Quando feito em testamento, o reconhecimento de filho pode ser
revogado.
d) A declaração de nulidade do casamento possui efeitos ex nunc, produzindo
efeitos a partir da data da sentença que a pronunciar.
e) O concubinato e a união estável são institutos jurídicos que se equivalem.

COMENTÁRIOS
a) Errado. Segundo o art. 1.707, CC, pode o credor não exercer, porém lhe é
vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível
de cessão, compensação ou penhora.

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b) Certo. Segundo jurisprudência do STJ, o único imóvel residencial, ainda que
alugado a terceiros, não perde a característica de bem de família, não podendo
ser penhorado.

c) Errado. Segundo o art. 1.611, CC, o reconhecimento de um filho não pode


ser revogado, nem mesmo quando feito em testamento.

d) Errado. A declaração de nulidade do casamento torna-o sem validade desde


o instante de sua celebração, tendo, portanto, o efeito ex tunc, não produzindo
os efeitos civis do matrimônio perante os contraentes (salvo nos casos de boa-fé
dos nubentes). Já a declaração de anulação do matrimônio tem efeito ex nunc,
ou seja, mesmo anulado produz efeitos até a data da declaração da anulação,
salvo algumas exceções previstas expressamente em lei.
e) Errado. Em linhas gerais, para a caracterização de união estável o casal tem
que estar apto para o casamento civil (exceção feita para a pessoa casada, mas,
separada de fato ou separada judicialmente) conforme previsão o contido no
art. 1.723, CC: “É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o
homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e
estabelecida com o objetivo de constituição de família”. §1° A união estável não
se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a
incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou
judicialmente. §2° As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a
caracterização da união estável. Por outro lado, o concubinato é caracterizado
pelo impedimento para o casamento do homem e da mulher envolvidos numa
relação não eventual, conforme determina o art. 1.727, CC: “As relações não
eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem
concubinato”. Não pode ser desconsiderado o entendimento jurisprudencial do
Supremo Tribunal Federal norteando conceito que admite o valor social e
jurídico-constitucional da questão pertinente à legitimidade constitucional no
reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo como entidade
familiar, visando o direito de qualquer pessoa constituir família, independente de
sua orientação sexual ou identidade de gênero, conforme decidido - STF - AgRg-
RE 477.554 - Rel. Min. Celso de Mello - DJe 26.08.2011.

QUESTÃO 26 (CESPE/UnB – DPE/PE – Defensor Público – 2015)


Considerando que Luciana e Carlos sejam casados em regime de
comunhão parcial de bens há dez anos e tenham um filho, julgue o
seguinte item.
a) De acordo com entendimento do STJ, caso Carlos tenha um
relacionamento afetivo extraconjugal duradouro com Carla, se apresentando
perante os amigos dela como marido, não será juridicamente admissível o
reconhecimento desse relacionamento como união estável, mas poderá a
relação ser enquadrada como sociedade de fato.

COMENTÁRIOS
a) Certo. Segundo STJ – Resp 229.069/SP – 4ª Turma – Rel. Min. Fernando
Gonçalves: “Concubinato. Sociedade de Fato. Segundo entendimento pretoriano,
a sociedade de fato entre concubinos e, para as consequências jurídicas que lhe
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decorram das relações obrigacionais, irrelevante o casamento de qualquer deles,
sobretudo porque a censurabilidade do adultério não pode justificar que se
locuplete com o esforço alheio, exatamente aquele que o pratica”.

QUESTÃO 27 (CESPE/UnB – MPDFT – Promotor de Justiça – 2012)


Acerca do Direito Pessoal de Família, julgue os itens a seguir.
a) O cônjuge que se emancipa em razão do casamento, não mais retornará à
condição de incapaz, mesmo diante da dissolução ou invalidação da união
conjugal, em face do caráter irreversível do ato jurídico.

b) A fecundação artificial homóloga ou heteróloga, prevista no Código Civil,


gera presunção juris tantum de paternidade, o que permite, ao marido,
contestar a paternidade do filho havido por sua mulher, com fundamento na
inexistência de vínculo genético ou ausência de relação socioafetiva.

c) A prévia dissolução do vínculo conjugal, por morte de um dos cônjuges ou


pelo divórcio, exclui a possibilidade de existir legítimo interesse que justifique
a propositura de ação declaratória de nulidade do casamento.

d) Conquanto a curatela seja deferida aos maiores, é possível a interdição do


menor relativamente incapaz que, por deficiência mental, não tenha o total
discernimento para a prática dos atos da vida civil.

COMENTÁRIOS
a) Errado. Se uma pessoa se emancipar em razão de casamento e se ele for
declarado nulo, em algumas hipóteses a pessoa retorna ao estado de incapaz
(art. 1.561, CC).

b) Errado. Fala-se em inseminação artificial homóloga quando o material


genético pertence ao casal interessado e heteróloga, quando o material genético
não provém do casal ou de um dos componentes deste. De fato a presunção de
paternidade não tem caráter juris et de jure ou absoluta, mas juris tantum ou
relativa, no que concerne ao pai, o qual pode contestá-la, produzindo prova no
sentido contrário da suposta filiação a ele imputada, sendo que tal ação
negatória de paternidade é personalíssima (privativa do marido, pois só ele tem
legitimidade ativa para propô-la), nos termos do art. 1.601, caput, CC. Ainda
assim, tal contestação não pode ser feita ao bel prazer do marido, devendo ele
fazer prova de uma das previsões legais elencadas em lei (arts. 1.599, 1.600,
1.602 e 1.597, V, in fine), quais sejam: a) que houve adultério, visto que se
achava fisicamente impossibilitado de coabitar com a mulher nos primeiros 121
dias ou mais dos 300 que precederam ao nascimento do filho; b) que não havia
possibilidade de inseminação artificial homóloga, nem de fertilização in vitro,
visto que não doou sêmen para isso (CC, art. 1.597, III e IV), ou heteróloga, já
que não havia dado autorização ou que ela se dera por vício de consentimento
(CC, art. 1.597, V); c) que se encontrava acometido de doença grave, que
impedia as relações sexuais, por ter ocasionado impotência coeundi absoluta ou
que acarretou impotência generandi absoluta (CC, art. 1.599). Portanto o erro
da afirmação repousa nas justificativas para a contestação da paternidade, uma
vez que não basta provar a inexistência de vínculo genético (pois poderia ter
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ocorrido a fecundação heteróloga), mas sim que não houve a sua autorização
para esta espécie de fecundação.

c) Errado. Mesmo já estando dissolvido o casamento pela morte ou pelo


divórcio, isso não exclui o interesse para a propositura da ação visando a sua
anulação. Isso se justifica em face da diferença dos efeitos da sentença. A morte
e o divórcio dissolvem o casamento a partir de sua ocorrência. Ou seja, dispõem
de efeitos futuros (ex nunc), mantendo-se eficaz no período de vigência do
casamento. Já a anulação do casamento opera efeitos ex tunc, isto é, retroage à
data da celebração. Entre outros efeitos isso repercute nos direitos sucessórios e
nos decorrentes do regime de bens.

d) Certo. Em regra, o menor não deve ser interditado, posto que já é incapaz
em função da própria menoridade. Há, contudo, duas hipóteses em que a
interdição do menor se justifica. A primeira é a hipótese de interdição de menor
emancipado, já que neste caso, por emancipação o menor será capaz, e,
portanto, haveria interesse em eventual interdição. A segunda se refere ao
menor relativamente incapaz cuja interdição tivesse por interesse o
reconhecimento de incapacidade absoluta (objeto da questão).

QUESTÃO 28 (MPE/RS - Assessor – Direito – 2013) Em relação ao


casamento, julgue os itens abaixo, partindo da seguinte premissa:
“Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos
aqueles...
a) Nascidos 180 dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência
conjugal.

b) Nascidos nos 300 dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal,


por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento.

c) Havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido.

d) Havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários,


decorrentes de concepção artificial homóloga.

e) Havidos por inseminação artificial heteróloga, dispensada prévia


autorização do marido.

COMENTÁRIOS
a) Certo. Art. 1.597, I, CC: “Presumem-se concebidos na constância do
casamento os filhos nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de
estabelecida a convivência conjugal”.
b) Certo. Art. 1.597, II, CC: “Presumem-se concebidos na constância do
casamento os filhos nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da
sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do
casamento”.

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c) Certo. Art. 1.597, III, CC: “Presumem-se concebidos na constância do
casamento os filhos havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que
falecido o marido”.

d) Certo. Art. 1.597, IV, CC: “Presumem-se concebidos na constância do


casamento os filhos havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões
excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga”.

e) Errado. Isso porque a prévia autorização do marido, no caso da


inseminação artificial heteróloga, é requisito indispensável. Art. 1.597, V, CC:
"Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos: havidos por
inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do
marido”.

QUESTÃO 29 (CESPE/UnB – MPDFT – Promotor de Justiça – 2011)


Acerca do Direito Patrimonial de Família, julgue os itens a seguir.
a) O direito a alimentos é imprescritível, ainda que não seja exercido por
longo tempo. No entanto, prescreve em dois anos o direito do menor
impúbere de cobrar os alimentos já fixados em sentença e não pagos pelo
genitor, a partir da data em que se vencerem.
b) Em razão da natureza solidária da obrigação alimentar, poderá o
necessitado acionar seus parentes, sem obediência à ordem preferencial de
parentesco, ressalvando, ao acionado, a pretensão regressiva contra os
demais coobrigados.
c) Tratando-se de regime da comunhão parcial de bens, se um dos cônjuges,
na constância do casamento, aliena ou grava de ônus real imóvel particular,
sem contar com a anuência de seu consorte, não poderá este pretender a
anulação do ato jurídico, tendo em vista não integrar o bem o patrimônio
comum do casal.
d) Para que a união estável seja oponível erga omnes, o contrato de
convivência celebrado pelos companheiros deve ser formalizado por
instrumento público e registrado no Cartório de Registro de Títulos e
Documentos.

COMENTÁRIOS
a) Errado. Questão capciosa. Está certo afirmar que o direito a alimentos é
imprescritível e o que prescreve em dois anos (art. 206, §2°, CC) é o direito
cobrá-los se já fixados em sentença e não pagos, a partir da data em que se
vencerem. O que está errado é que este prazo não inicia a contagem para o
menor impúbere (menor de 16 anos). Nos termos do art. 198, I, CC, não corre a
prescrição contra os absolutamente incapazes. Além disso, estabelece o art.
197, II, CC que também não corre prescrição entre ascendentes e descendentes
durante o poder familiar.

b) Errado. De fato, os fundamentos dos alimentos entre parentes são os


princípios da dignidade da pessoa humana e da solidariedade familiar. Mas isso
não significa que há solidariedade jurídica para a obrigação alimentar. Dispõe o
art. 1.694 que podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos

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outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a
sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
Em regra, trata-se de uma obrigação conjunta e subsidiária (e não
solidária), em que os parentes de grau mais próximo são chamados
primeiramente a pagar os alimentos (portanto, há uma ordem preferencial de
parentesco) e, somente não possuindo recursos, os demais serão chamados.
Sendo todos do mesmo grau (ex.: irmãos), a obrigação será proporcional.
Ressalta-se que, se um dos coobrigados não for acionado pelo autor, os demais
poderão chamá-lo a integrar a lide, conforme o art. 1.698, CC: Se o parente,
que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar
totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo
várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na
proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas,
poderão as demais ser chamadas a integrar a lide". Vale mencionar o Enunciado
342 da IV Jornada de Direito Civil do CJF, que trata da obrigação alimentar dos
avós: “Observadas as suas condições pessoais e sociais, os avós somente serão
obrigados a prestar alimentos aos netos em caráter exclusivo, sucessivo,
complementar e não-solidário, quando os pais destes estiverem impossibilitados
de fazê-lo, caso em que as necessidades básicas dos alimentandos serão
aferidas, prioritariamente, segundo o nível econômico-financeiro dos seus
genitores”. No entanto há uma exceção: a obrigação alimentar a ser prestada ao
idoso. Nesse caso, a obrigação é solidária, conforme artigo 12 da Lei
10.741/2003: “A obrigação alimentar é solidária, podendo o idoso optar entre os
prestadores”.

c) Errado. O regime de comunhão parcial (também chamado de regime legal)


está previsto nos arts. 1.658 a 1.666, CC. Nesse regime, o objetivo central é
polarizar os bens dos cônjuges, dividindo-os entre bens comuns e bens
particulares. Assim, os bens adquiridos onerosamente durante a relação
matrimonial formam os bens comuns ao casal, que se comunicam. No outro
polo, estão os considerados bens particulares, os adquiridos antes do inicio da
relação matrimonial, ou cuja aquisição seja consequência de uma causa anterior
à relação (bens recebidos por herança ou doação, a menos que tenham sido
recebidos expressamente em favor de ambos os cônjuges). Segundo o art.
1.647, CC nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no
regime da separação absoluta, em relação a bens imóveis: alienar (vender,
doar, etc.), gravar de ônus real (ou seja, fazer hipoteca, usufruto, etc.), prestar
fiança ou aval, etc. Desta forma, ainda que o imóvel tenha sido adquirido antes
do casamento, se um dos cônjuges quiser vendê-lo ou fazer uma hipoteca,
necessitará da outorga do outro cônjuge, em qualquer regime de bens (exceto o
da separação total). No entanto se cônjuge se recusar a fornecer a outorga sem
justo motivo, o juiz pode suprir esta outorga, nos termos do art. 1.648, CC.

d) Errado. O erro é sutil. Segundo a doutrina, o contrato de convivência pode


ser firmado por meio de escritura pública ou por instrumento particular. E não
se exige o seu registro para que tenha validade e eficácia. No entanto, para
surtir efeitos perante terceiros (erga omnes) deve ser registrado no Cartório de
Registro de Títulos e Documentos.

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QUESTÃO 30 (CESPE/UnB – DPE/RR – Defensor Público – 2013) No que
se refere à guarda e ao direito de convivência entre familiares, julgue as
assertivas subsequentes.
a) A guarda compartilhada não impede a fixação de alimentos em favor do
filho.

b) De acordo com a jurisprudência do STJ, a fixação da guarda compartilhada


pressupõe, necessariamente, o consenso entre os pais.

c) A guarda compartilhada está vinculada à repartição de tempo de


permanência dos pais separados para com seus filhos comuns, conferindo-se
de forma exclusiva o poder parental por períodos preestabelecidos,
geralmente de forma equânime, entre as casas dos genitores.

COMENTÁRIOS
a) Certo. Esta é a orientação doutrinária e jurisprudencial. Guarda
compartilhada ou guarda conjunta é a situação em que pai e mãe dividem as
atribuições relacionadas com o filho, que irá conviver com ambos. Isso garante
que pai e mãe possam conviver com o filho durante a semana, o pai
participando de sua educação, jantando com o filho, levando-o à escola, ao
curso de línguas, levando-o para dormir na casa da mãe, dentre outros. Um dos
pais detém a guarda física do filho, embora mantidos os direitos e deveres
emergentes do poder familiar em relação a ambos. Dessa forma, o genitor não
detentor da guarda física não se limita a supervisionar a educação dos filhos,
mas sim a participar efetivamente dela, com autoridade para decidir
diretamente na sua formação, religião, cuidados com a saúde, lazer, estudos,
enfim, na vida cotidiano do filho menor. Leciona Maria Berenice Dias, que “a
guarda compartilhada não impede a fixação de alimentos, até porque nem
sempre os genitores gozam das mesmas condições econômicas. Muitas vezes
não há alternância da guarda física do filho e a não cooperação do outro pode
onerar sobremaneira o genitor guardião”.

b) Errado. Embora seja interessante que haja o consenso dos pais, este
consenso não é obrigatório. A nova redação do art. 1.584, CC elimina as dúvidas
a respeito, não deixando a guarda compartilhada à mercê dos genitores. O
inciso I do dispositivo citado prevê a possibilidade que seja requerida, por
consenso, pelo pai e pela mãe, ou por qualquer deles, em ação autônoma de
separação, de divórcio, de dissolução de união estável ou em medida cautelar.
Já o inciso II permite que seja decretada pelo juiz, em atenção a necessidades
específicas do filho, ou em razão da distribuição de tempo necessário ao
convívio deste com o pai e com a mãe. Além disso, segundo o art. 1584, §2°,
CC quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho,
será aplicada, sempre que possível, a guarda compartilhada. Ou seja, o
consenso não é mais um requisito indispensável para que se adote a guarda
compartilhada. A posição do STJ é a seguinte: “A guarda compartilhada deve ser
tida como regra, e a custódia física conjunta, sempre que possível, como sua
efetiva expressão. Detalhes como localização das residências, capacidade

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financeira, disponibilidade de tempo e rotinas do menor, de acordo com a
ministra, devem ser levados em conta nas definições sobre a custódia física”.

c) Errado. Essa assertiva está se referindo à guarda alternada (e não a


compartilhada).

QUESTÃO 31 (CESPE/UnB – Analista do BACEN – 2013) A respeito das


relações de parentesco, julgue o item que se segue.
a) O enteado, por ser parente por afinidade, somente poderá requerer
alimentos do padrasto se nenhum outro parente consanguíneo lhe puder
prestar o auxílio.

COMENTÁRIOS
a) Errado. Enteado é o filho de matrimônio anterior em relação ao atual
cônjuge do pai ou da mãe (art. 1.521, CC). Ex.: se você se casa com uma
pessoa, sendo que esta já tem um filho de outro relacionamento, este filho é
seu enteado. Ocorre que a doutrina tem entendido que não é hipótese de
obrigação alimentar os parentes por afinidade (sogros, cunhados,
padrastos e enteados). Isso porque no caso de alimentos, o nosso Código foi
taxativo. Art. 1.696, CC: O direito à prestação de alimentos é recíproco entre
pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais
próximos em grau, uns em falta de outros. Art. 1.697, CC: Na falta dos
ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão
e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais. Neste sentido,
a professora Maria Helena Diniz é categórica ao afirmar que: “somente as
pessoas que procedem do mesmo tronco ancestral devem alimentos, excluindo-
se os afins, por mais próximo que seja o grau de afinidade”. Por outro lado, em
que pese não haver no Código Civil nenhum dispositivo que expresse a
possibilidade do enteado ou enteada solicitar alimentos a um padrasto, alguns
autores sustentam que isso pode criar uma situação discriminatória em relação
aos filhos que vivem em relações socioafetivas. Começam a surgir
jurisprudências confirmando que a relação socioafetiva pode ser elemento
gerador da prestação alimentar, assim como acontece nas relações derivadas
dos estados de filiação biológico, adotivo e registral, contempladas pelo
Código. Assim, na relação de parentesco por afinidade socioafetiva entre
padrasto, madrastas e enteados em que se gerar o vínculo afetivo existirá o
estabelecimento da paternidade socioafetiva com todas as suas
responsabilidades, dentre elas, a prestação de alimentos que poderá ser
ofertada pelo pai-padrasto ou requerida pelo filho-enteado, após ter sido
reconhecida a sua filiação socioafetiva por decisão judicial através da prova do
estado de filho. Ocorre que nem sempre haverá o estabelecimento de vínculos
paterno-filiais calcados na afetividade entre padrastos e enteados. Assim, não
haverá obrigação alimentar ou qualquer outro direito inerente à paternidade
quando dois indivíduos ligados por vínculo parental de afinidade em 1° grau
(padrasto/enteado) conviverem juntos, mas não se colocarem nas posições de
pai e filho respectivamente, em seus corações e diante da sociedade, uma vez
que afeto não é algo que se possa impor. Enunciado n° 341 da IV Jornada de
Direito Civil do CJF: “Para os fins do art. 1.696, a relação socioafetiva pode ser

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elemento gerador de obrigação alimentar”. Importante notar que a questão não
deixa claro se há ou não esta “relação socioafetiva”. Conclusão: seja acolhendo
uma ou outra corrente doutrinária a afirmação está errada.

QUESTÃO 32 (CESPE/UnB – DPE/RO – Defensor Público – 2012) Acerca


do direito de família, julgue as assertivas abaixo.
a) A guarda compartilhada de filho(s) somente poderá ser estabelecida
quando houver acordo entre a mãe e o pai.

b) As crianças cujos pais forem desconhecidos ou falecidos terão tutores


nomeados pelo juiz ou serão incluídas em programa de colocação familiar.

COMENTÁRIOS
a) Errado. Segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial acerca do art.
1584, CC, o consenso não é mais um requisito indispensável para que se adote
a guarda compartilhada.

b) Certo. Nos termos do art. 1.734, CC, as crianças e os adolescentes cujos


pais forem desconhecidos, falecidos ou que tiverem sido suspensos ou
destituídos do poder familiar terão tutores nomeados pelo Juiz ou serão
incluídos em programa de colocação familiar, na forma prevista pela Lei n°
8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente).

QUESTÃO 33 (CESPE/UnB – Câmara dos Deputados – Consultor


Legislativo – 2014) Com base na jurisprudência dominante no Superior
Tribunal de Justiça (STJ) no que tange às ações de investigação de
paternidade e alimentos, julgue os itens a seguir.
a) Os netos possuem direito próprio e personalíssimo de pleitear a declaração
do parentesco com o avô, ou com os herdeiros deste.

b) É incabível relativizar a coisa julgada, mesmo quando uma ação de


investigação de paternidade tenha sentença definitiva, mas não conte com o
exame pericial de DNA.

c) Transmite-se aos herdeiros do devedor de alimentos a obrigação de pagar


as prestações vencidas e não pagas, na força da herança, extinguindo-se a
obrigação alimentar em virtude da morte.

d) Por tratar de direito personalíssimo, a ação de investigação de paternidade


é imprescritível, sendo a sua sentença de cunho declaratório.

COMENTÁRIOS
a) Certo. O STJ possui julgado, por maioria de votos (REsp n° 807.849 – RJ) no
sentido de que, embora a investigação de paternidade seja um direito
personalíssimo (só pode ser exercido pelo titular), os netos podem ajuizar ação
declaratória de relação avoenga (parentesco com avô) ou com os herdeiros
deste.

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b) Errado. Anteriormente vigorava a teoria de que “se está firmada a
paternidade, com base nas provas então disponíveis, não é possível pretender a
anulação do registro”. No entanto, a partir de 2011, veio a nova orientação do
Supremo Tribunal Federal (STF) no sentido de “deve ser relativizada a coisa
julgada estabelecida em ações de investigação de paternidade em que não foi
possível determinar-se a efetiva existência de vínculo genético a unir as partes,
em decorrência da não realização do exame de DNA, meio de prova que pode
fornecer segurança quase absoluta quanto à existência de tal vínculo”. Isso
levou o Superior Tribunal de Justiça (STJ) a reexaminar o Recurso Especial, e o
relator do caso, ministro Sidnei Beneti, votou a favor da retratação do
julgamento anterior. De acordo com o ministro, isso vale tanto para ações
investigatórias movidas pelo filho como no caso das ações negatórias movidas
pelo pai. Beneti afirmou que a falta de DNA por omissão que não tenha sido
causada pelo pai não encontra a situação abordada pela Súmula 301 do STJ
determina que, “em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se
ao exame de DNA induz presunção relativa (juris tantum) de paternidade”,
válida até prova em contrário.

c) Errado. Segundo o art. 1.700, CC a obrigação de prestar alimentos


transmite-se aos herdeiros do devedor. Segundo decisões do STJ a morte, por si
só, não extingue tal direito. Vejamos. “Transmite-se aos herdeiros alimentantes,
a obrigação de prestar alimentos, nos termos do art. 1.700 do CC/02. O espólio
tem a obrigação de continuar prestando alimentos àquele a quem o falecido
devia. Isso porque o alimentado e herdeiro não pode ficar a mercê do
encerramento do inventário, considerada a morosidade inerente a tal
procedimento e o caráter de necessidade intrínseco aos alimentos” (STJ – REsp.
1010963/MG – Rel. Min. Nancy Andrighi – Dje 05.08.08). Outra: “1. O espólio
deve prestar alimentos àquele a quem o de cujus devia, mesmo quando
vencidos após a sua morte. 2. O alimentando é presumível herdeiro e, por isso,
deve ser mantida a obrigação a fim de suprir sua subsistência no decorrer do
processo” (STJ - REsp. 219188/PB - Rel. Min. Massami Uyeda – DJe 13.10.08).

d) Certo. O STJ possui orientação no sentido de que, se a pretensão do autor é


a investigação de sua paternidade, a ação é imprescritível, estando incluído no
pedido principal o cancelamento do registro anterior, como decorrência lógica da
procedência da ação. Contudo, caso procure a impugnação da paternidade
consignada no registro existente, a ação se sujeita ao prazo quadrienal previsto
no art. 1.614, CC. Neste sentido, dispõe a Súmula 149 do STF que é
imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não é a de petição de
herança, sendo que esta é de dez anos (art. 205, CC), não contados da morte
do suposto pai, mas sim do momento em que foi reconhecida a
paternidade. Assim, a ação de investigação de paternidade é meio judicial para
se obter, de forma forçada e coativa, o estado de filiação, sendo ação de estado,
de natureza declaratória e imprescritível.

QUESTÃO 34 (MPE/SC – Promotor de Justiça – 2013) Analise cada um


dos enunciados das questões e assinale Certo (“C”) ou Errado (“E”).

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a) O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se
autorização de ambos os pais ou de seus representantes legais, enquanto não
atingida a maioridade civil.

b) A mulher casada não é obrigada a concorrer com o marido, na proporção


de seus bens e dos rendimentos do trabalho, para o sustento da família e a
educação dos filhos, qualquer que seja o regime patrimonial do casal.

c) Se o parente que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em


condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os
de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos,
todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada
ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide.

d) Fixados judicialmente os alimentos gravídicos, com base na análise das


necessidades da parte autora e das possibilidades da parte ré, estes
perdurarão somente até a data do nascimento da criança, devendo a parte
interessada buscar, após essa data, através de nova ação, o pensionamento
alimentar.

e) A morte dos pais ou a do filho, a emancipação deste, a maioridade do filho


e a adoção são as únicas hipóteses legais capazes de embasar a extinção do
poder familiar.

f) Segundo o Código Civil prescreve em cinco anos, a pretensão para haver


prestações alimentares, a partir da data em que se venceram.

COMENTÁRIOS
a) Certo. Prevê o art. 1.517, CC: O homem e a mulher com dezesseis anos
podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus
representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil.

b) Errado. Segundo o art. 1.568, CC: Os cônjuges são obrigados a concorrer,


na proporção de seus bens e dos rendimentos do trabalho, para o sustento da
família e a educação dos filhos, qualquer que seja o regime patrimonial.

c) Certo. Dispõe o art. 1.698, CC: Se o parente, que deve alimentos em


primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo,
serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas
obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos
respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais
ser chamadas a integrar a lide.

d) Errado. O art. 6° da Lei Federal n° 11.804/08, reza que o juiz, em estando


convencido quanto à existência de indícios de paternidade, fixará a obrigação do
réu de prestar alimentos gravídicos à gestante, que perdurarão até o
nascimento da criança. Após o parto, os alimentos gravídicos são
automaticamente convertidos em pensão alimentícia em favor do menor até que
uma das partes solicite a sua revisão. Na determinação do quantum da

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prestação, levam-se em consideração as necessidades da mãe e as
possibilidades do pai.

e) Errado. Além das hipóteses mencionadas, o art. 1.635, CC estabelece outras


situações legais capazes de embasar a extinção do poder familiar. Vejamos: I.
pela morte dos pais ou do filho; II. pela emancipação, nos termos do art. 5°,
parágrafo único; III. pela maioridade; IV. pela adoção; V - por decisão judicial,
na forma do art. 1.638.

f) Errado. Segundo o art. 206, §2°, prescreve em dois anos a pretensão para
haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem. Lembrando
que O direito aos alimentos é imprescritível. A qualquer tempo, surgindo a
necessidade, eles poderão ser pleiteados. O que se opera é a prescrição em
relação aos valores dos alimentos vencidos, ou seja, as prestações alimentares
fixadas judicialmente e não pagas e nem exigidas no prazo.

QUESTÃO 35 (MPE/SC – Promotor de Justiça – 2013) Analise cada um


dos enunciados das questões e assinale Certo (“C”) ou Errado (“E”).
a) A guarda unilateral de filhos será atribuída ao genitor que revele melhores
condições para exercê-la e, objetivamente, mais aptidão para proporcionar
aos filhos fatores como, por exemplo, afeto nas relações com o genitor e com
o grupo familiar, saúde, educação e segurança.

b) A guarda unilateral desobriga o pai ou a mãe que não a detenha a


supervisionar os interesses dos filhos.

c) O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu consentimento, e o


menor pode impugnar o reconhecimento, nos quatro anos que se seguirem à
maioridade ou à emancipação.

d) Quando o cônjuge for o curador do interdito, mesmo que o regime de bens


do casamento entre eles for o da comunhão universal, o curador deverá
prestar contas anualmente.

COMENTÁRIOS
a) Certo. Segundo o art. 1.583, CC a guarda será unilateral ou compartilhada.
§2°: A guarda unilateral será atribuída ao genitor que revele melhores condições
para exercê-la e, objetivamente, mais aptidão para propiciar aos filhos os
seguintes fatores: I. afeto nas relações com o genitor e com o grupo familiar; II.
saúde e segurança; III. educação.

b) Errado. Dispõe o art. 1.583, §3°, CC: A guarda será unilateral ou


compartilhada. (...) §3° A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a
detenha a supervisionar os interesses dos filhos.

c) Certo. Dispõe o art. 1.614, CC: O filho maior não pode ser reconhecido sem
o seu consentimento, e o menor pode impugnar o reconhecimento, nos quatro
anos que se seguirem à maioridade, ou à emancipação.

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d) Errado. Nos termos do art. 1.783, CC: Quando o curador for o cônjuge e o
regime de bens do casamento for de comunhão universal, não será obrigado à
prestação de contas, salvo determinação judicial.

QUESTÃO 36 (CEPERJ – Advogado da CEDERJ – 2014) Julgue o item a


seguir.
a) Jerusa está grávida, e perdeu o poder familiar, sendo falecido o seu
esposo, gerador da vida em gestação. Há necessidade de proteger os
interesses do nascituro, que não tem ainda personalidade jurídica. O sistema
do Código Civil impõe, neste caso, a designação de um curador.

COMENTÁRIOS
a) Certo. Estabelece o art. 1.779, CC: Dar-se-á curador ao nascituro se o pai
falecer estando grávida a mulher, e não tendo o poder familiar. Parágrafo
único: Se a mulher estiver interdita, seu curador será o do
nascituro. Gabarito: “D”.

QUESTÃO 37 (CESPE/UnB – DPE/TO – Defensor Público – 2013) Com


base no que dispõe o Código Civil sobre as relações de parentesco,
julgue as assertivas subsequentes.
a) o parentesco por afinidade não se extingue com a dissolução do casamento
ou da união estável.
b) o parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou da
afinidade.
c) cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo
da afinidade.
d) o parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e
aos colaterais do cônjuge ou companheiro, até o quarto grau.
e) consideram-se parentes em linha reta as pessoas que estejam umas para
com as outras na relação de ascendência, descendência e colateralidade.

COMENTÁRIOS
a) Errado. Segundo o art. 1.595, §2°, CC na linha reta (nora, genro, sogra e
sogro) a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união
estável. Portanto, na linha colateral (cunhados) a afinidade se extingue.

b) Errado. Segundo a redação do art. 1.593, CC, o parentesco é natural ou


civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra origem.

c) Certo. É o que prevê o art. 1.595, caput, CC.

d) Errado. Na linha colateral o parentesco se limita ao segundo grau


(cunhados) e não ao quarto grau.

e) Errado. As pessoas que estão na relação de ascendência, descendência e


colateralidade são parentes por consanguinidade e não afinidade.

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QUESTÃO 38 (FESMIP/BA – MPE/BA – Promotor de Justiça – 2013) Em
relação ao Direito de Família, julgue as assertivas abaixo.
a) Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos havidos por
fecundação homóloga, mesmo que falecido o marido.

b) Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos havidos


por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do
marido.

c) Quando perfectibilizada pelo cônjuge virago a confissão de adultério, de


per si, ilide a presunção legal de paternidade.

d) O direito de investigar a paternidade é indisponível, de sorte que nula será


a renúncia ao direito, obtida mediante contrapartida pecuniária.

e) Ação do marido para contestar a paternidade do filho de sua mulher é


personalíssima, e prescreve no prazo máximo previsto no Código Civil em
vigor, ou seja, em 10(dez) anos a partir do nascimento.

COMENTÁRIOS
a) Certo. Segundo o art. 1.597, III, CC. Presumem-se concebidos na constância
do casamento os filhos: (...) havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo
que falecido o marido. Lembrando que fecundação homóloga é a promovida com
material genético (sêmen e óvulo) dos próprios cônjuges.

b) Certo. Segundo o art. 1.597, V, CC. Presumem-se concebidos na constância


do casamento os filhos: (...) havidos por inseminação artificial heteróloga, desde
que tenha prévia autorização do marido. Lembrando que fecundação heteróloga
é a realizada com material genético fornecido por terceira pessoa, aproveitando-
se ou não material genético (gametas: sêmen ou óvulo) de um dos cônjuges.

c) Errado. Estabelece o art. 1.600, CC: Não basta o adultério da mulher, ainda
que confessado, para ilidir a presunção legal da paternidade. E o art. 1.602, CC
arremata: Não basta a confissão materna para excluir a paternidade.

d) Certo. Com a Carta Magna, o direito de filiação tornou-se fruto do princípio


fundamental da República brasileira, corolário do princípio da dignidade da
pessoa humana. De modo que, ao conceder o direito de conhecer sua
verdadeira identidade genética, tem-se o exercício pleno do direito de
personalidade (direito personalíssimo), sendo impossível de obstacularização,
indisponibilidade ou renúncia, principalmente por motivos escusos e obtida
mediante contrapartida pecuniária, como referido na questão.

e) Errado. Estabelece o art. 1.601, CC que cabe ao marido o direito de


contestar a paternidade dos filhos nascidos de sua mulher, sendo tal ação
imprescritível. De fato a ação é personalíssima, mas se o marido ingressar com
a ação e falecer no curso da ação, os herdeiros dele poderão prosseguir na ação.
É o que dispõe o parágrafo único do dispositivo citado: Contestada a filiação, os
herdeiros do impugnante têm direito de prosseguir na ação.

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QUESTÃO 39 (CESPE – DPU – Defensor Público – 2015) Tendo em vista
que a diversidade e a multiplicidade de relações intersubjetivas têm se
refletido na interpretação das normas jurídicas, julgue os itens que se
seguem.
a) Conforme entendimento do STJ, a paternidade socioafetiva deve
prevalecer em detrimento da biológica.

b) Conforme o STF, não se deve considerar a orientação sexual das pessoas


no que se refere à interpretação do conceito de família, de modo que o
tratamento dado a casais heteroafetivos e a pares homoafetivos deve ser
isonômico.

COMENTÁRIOS
a) Errado. Em decisão recente, a 4ª Turma do STJ, em processo que teve
como relator o ministro Luis Felipe Salomão, entendeu que “deve prevalecer a
paternidade socioafetiva sobre a biológica para garantir direitos aos filhos, na
esteira do princípio do melhor interesse da prole, sem que,
necessariamente, essa afirmação seja verdadeira quando é o filho que
busca a paternidade biológica em detrimento da socioafetiva”. No caso
concreto tratava-se de uma “adoção à brasileira”, pois a menina foi entregue a
um casal que a registrou como se fosse o pai e a mãe biológicos.
Posteriormente, com a morte dos pais registrais, a autora pleiteou ação de
investigação de maternidade e paternidade com anulação de registro. A
decisão do STJ desconstituiu o vínculo socioafetivo desenvolvido durante
muitos anos entre a autora e seus pais registrais, que são excluídos da
certidão e dão lugar aos pais biológicos, sem qualquer convivência. Como
ressaltado pelo Ministro Relator: “trata-se de adoção à brasileira e a filha tem
o direito de conhecer sua origem genética, principalmente por não ter
contribuído com a existência de erro ou falsidade no documento registral”.

Dica para concurso. A prevalência de uma espécie de paternidade sobre a


outra depende do ângulo do interessado na paternidade. Se for do filho em se
reconhecer e ter acesso a sua origem genética (ação de investigação de
paternidade): prevalece a paternidade biológica sobre a socioafetiva. Se for do
pai em ver negada sua condição (ação negativa de paternidade): prevalece a
socioafetiva sobre a biológica.

b) Certo. Segundo julgado do STF, de forma resumida: “Isonomia entre casais


heteroafetivos e pares homoafetivos que somente ganha plenitude de sentido se
desembocar no igual direito subjetivo à formação de uma autonomizada família.
Família como figura central ou continente, de que tudo o mais é conteúdo.
Imperiosidade da interpretação não reducionista do conceito de família como
instituição que também se forma por vias distintas do casamento civil. Avanço
da CF de 1988 no plano dos costumes. Caminhada na direção do pluralismo
como categoria sócio-político-cultural” (ADI 4.277 e ADPF 132, Rel. Min. Ayres
Britto - 2011).

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QUESTÃO 40 (CESPE – TRE/MT – Analista Judiciário – 2015) A respeito
do direito de família, julgue os itens a seguir, à luz da jurisprudência do
STJ.
a) Se a união estável for formalizada por escritura pública, a fiança prestada
por um dos conviventes sem a autorização do outro é inválida.

b) É incabível o pedido de alimentos decorrente do rompimento de união


estável homoafetiva.

c) É suficiente para a caracterização da união estável o fato de um casal de


namorados que moram juntos projetar constituir família no futuro.

COMENTÁRIOS.

a) Errado. A letra “a” está errada. Segundo decisão do STJ (REsp n° 1.299.866
– DF. Rel. Min. Luis Felipe Salomão), ainda que a união estável esteja
formalizada por meio de escritura pública, é válida a fiança prestada por um dos
conviventes sem a autorização do outro. Resumindo: (...) 5. Desse modo, não é
nula nem anulável a fiança prestada por fiador convivente em união
estável sem a outorga uxória do outro companheiro. Não incidência da
Súmula n. 332⁄STJ à união estável”.

b) Errado. Há uma longa decisão do STJ no sentido de que é juridicamente


possível o pedido de alimentos decorrente do rompimento de união estável
homoafetiva (STJ – 4ª Turma – REsp 1.302.467-SP, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, DJe 25/3/2015). Transcrevo apenas a parte final: “Realmente, o
projeto de vida advindo do afeto, nutrido pelo amor, solidariedade,
companheirismo, sobeja obviamente no amparo material dos componentes da
união, até porque os alimentos não podem ser negados a pretexto de uma
preferência sexual diversa. O art. 1.694 do CC, ao prever que os parentes, os
cônjuges ou companheiros podem pedir uns aos outros alimentos, na qualidade
de sujeitos potencialmente ativos e passivos dessa obrigação recíproca, não
exclui o casal homossexual dessa normatização. De fato, a conclusão que se
extrai no cotejo de todo ordenamento é a de que a isonomia entre casais
heteroafetivos e pares homoafetivos somente ganha plenitude de sentido se
desembocar no igual direito subjetivo à formação de uma autonomizada família
(ADI 4.277-DF e ADPF 132-RJ), incluindo-se aí o reconhecimento do direito à
sobrevivência com dignidade por meio do pensionamento alimentar”.

c) Errado. O fato de namorados projetarem constituir família no futuro não


caracteriza união estável, ainda que haja coabitação. Isso porque essas
circunstâncias não bastam à verificação da affectio maritalis (REsp 1.454.643,
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze).

QUESTÃO 41 (CESPE – TJ/DFT – Juiz de Direito – 2016) Com


fundamento na jurisprudência do STJ, julgue o item a seguir acerca do
direito de família.

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a) O contrato de união estável pode ter efeitos retroativos, se os conviventes
que o assinam tiverem o objetivo de eleger o regime de bens aplicável ao
período de convivência anterior a sua assinatura.

b) Em regra, a pensão alimentícia devida a ex-cônjuge deve ser fixada por


tempo indeterminado.

COMENTÁRIOS
a) Errado. Segundo jurisprudência do STJ, "Não é lícito aos conviventes
atribuírem efeitos retroativos ao contrato de união estável, a fim de eleger o
regime de bens aplicável ao período de convivência anterior à sua assinatura"
(REsp 1.383.624-MG, Rel. Min. Moura Ribeiro). Assim, o contrato de união
estável é plenamente válido, mas somente pode gerar efeitos para o futuro, não
sendo lícita a produção de efeitos pretéritos. Incabível eventual cláusula de
retroatividade do pacto patrimonial celebrado pelos conviventes.
b) Errado. Segundo jurisprudência do STJ “A obrigação de prestar alimentos
transitórios – a tempo certo – é cabível, em regra, quando o alimentando é
pessoa com idade, condições e formação profissional compatíveis com uma
provável inserção no mercado de trabalho, necessitando dos alimentos apenas
até que atinja sua autonomia financeira, momento em que se emancipará da
tutela do alimentante – outrora provedor do lar –, que será então liberado da
obrigação, a qual se extinguirá automaticamente (Resp 1.025.769, Rel. Min
Nancy Andrighi). Assim, em regra, a pensão alimentícia devida a ex-cônjuge
deve ser fixada por tempo determinado, sendo cabível o pensionamento
alimentar sem marco final tão somente quando o alimentado (ex-cônjuge) se
encontrar em circunstâncias excepcionais, como de incapacidade laboral
permanente, saúde fragilizada ou impossibilidade prática de inserção no
mercado de trabalho.

EXERCÍCIOS CESPE = MÚLTIPLA ESCOLHA

01) (CESPE/UnB – TJ/CE – Analista Judiciário – 2014) No que diz


respeito a direito de família, assinale a opção CORRETA, considerando o
disposto no Código Civil.
(A) O casamento válido dissolve-se pela morte de um dos cônjuges, pelo
divórcio ou pela nulidade ou anulação do casamento.

(B) Os salários percebidos pelos cônjuges em contraprestação ao trabalho não


se comunicam no regime de comunhão parcial.

(C) O pacto antenupcial, ainda que não seja feito por escritura pública, é valido
e mantém sua eficácia quando lhe seguir o casamento.

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(D) É vedado, em qualquer circunstância, o casamento de pessoa com menos
de dezesseis anos de idade.

(E) Independentemente do regime de bens adotado no casamento, nenhum


cônjuge poderá alienar ou onerar bens imóveis sem a autorização do outro.

COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Dispõe o art. 1.571, §1°, CC: “O
casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo
divórcio, aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao
ausente”. A letra “b” está correta nos termos do art. 1.659, VI, CC. Excluem-se
da comunhão: (...) os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge. A letra
“c” está errada, pois estabelece o art. 1.653, CC: É nulo o pacto antenupcial se
não for feito por escritura pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento. A
letra “d” está errada, pois estabelece o art. 1.520, CC: Excepcionalmente, será
permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 1517),
para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez.
Finalmente a letra “e” também está errada. Estabelece o art. 1.647, CC que
nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da
separação absoluta (...) alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis.
Gabarito: “B”.

02) (CESPE – TRE/PI – Analista Judiciário – 2016) Assinale a opção


correta acerca das relações de parentesco.
(A) A morte faz cessar o parentesco por afinidade na linha reta.

(B) Os afins de um cônjuge se vinculam com os afins do outro até o segundo


grau.

(C) Pelo casamento, há parentesco por afinidade entre o marido e a mãe da


esposa.

(D) O casamento putativo, por presença da boa-fé, reflete no parentesco por


afinidade.

(E) Na linha transversal, o parentesco por afinidade é considerado até o


terceiro grau.

COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Art. 1.595, §2°, CC: Na linha reta
(ex.: sogra), a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da
união estável. A letra “b” está errada. A afinidade é um vínculo pessoal. Logo, os
afins de um cônjuge não se vinculam com os afins do outro cônjuge (eles não
são afins entre si). Portanto não há afinidade entre os concunhados, nem entre
parentes de um consorte com os parentes do outro. A letra “c” está correta.
Entre o marido e a mãe da esposa forma-se um parentesco por afinidade
(genro-sogra), admitido pela lei. Art. 1.595, §1°, CC: o parentesco por afinidade
limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou
companheiro. A letra “d” está errada. Casamento putativo é o casamento que,
embora nulo ou anulável, foi contraído de boa-fé por um ou ambos os cônjuges.
Segundo a doutrina, ainda que contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, não
tem o condão de gerar parentesco por afinidade. Isto porque o art. 1.561, CC
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limita os efeitos somente em relação aos próprios cônjuges e os filhos. A letra
“e” está errada. Como já analisado no art. 1.595, §1°, CC, o parentesco por
afinidade está limitado aos ascendentes, descendentes e aos irmãos do cônjuge.
Assim temos: a) primeiro grau: sogro ou sogra; genro ou nora; madrasta ou
padrasto e enteados; b) segundo grau: cunhados. Não há terceiro grau.
Gabarito: “C”.

03) (CESPE – TJ/AM – Juiz de Direito – 2016) A respeito do direito de


família, assinale a opção correta.
(A) Dos nubentes que optam pelo regime de comunhão universal de bens não
se exige a formulação de pacto antenupcial, ato solene lavrado por escritura
pública.

(B) É considerado bem de família, insuscetível de penhora, o único imóvel


residencial do devedor no qual resida seu familiar, ainda que ele, proprietário,
não habite no imóvel.

(C) O fato de um casal de namorados projetar constituir família no futuro


caracteriza a união estável se houver coabitação.

(D) O casamento putativo não será reconhecido de ofício pelo juiz.

COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Art. 1.640, CC, “não havendo
convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os
cônjuges, o regime da comunhão parcial. Parágrafo único. Poderão os nubentes,
no processo de habilitação, optar por qualquer dos regimes que este código
regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opção pela comunhão parcial,
fazendo-se o pacto antenupcial por escritura pública, nas demais
escolhas” (incluindo a comunhão universal de bens). A letra “b” está certa.
Segundo jurisprudência do STJ (EREsp 1.216.187-SC, Rel. Min. Arnaldo Esteves
Lima): “Se o executado possui um único imóvel residencial, mas quem mora
nele é um parente (ex.: filho), mesmo assim esse imóvel será considerado como
bem de família, sendo impenhorável. Em outras palavras, constitui bem de
família, insuscetível de penhora, o único imóvel residencial do devedor em que
resida seu familiar, ainda que o proprietário nele não habite”. A letra “c” está
errada. O STJ assim se pronunciou a respeito (REsp n° 1.454.643-RJ, Rel. Min
Marco Aurélio Bellizze): “O propósito de constituir família, alçado pela lei de
regência como requisito essencial à constituição da união estável (a distinguir,
inclusive, esta entidade familiar do denominado "namoro qualificado"), não
consubstancia mera proclamação, para o futuro, da intenção de constituir uma
família. É mais abrangente. Esta deve se afigurar presente durante toda a
convivência, a partir do efetivo compartilhamento de vidas, com irrestrito apoio
moral e material entre os companheiros. É dizer: a família deve, de fato, restar
constituída. Tampouco a coabitação, por si, evidencia a constituição de uma
união estável, ainda que possa vir a constituir, no mais das vezes, um relevante
indício...”. A letra “d” está errada. Casamento putativo é o casamento que,
embora nulo ou anulável, foi contraído de boa-fé por um ou ambos os cônjuges.
Os nubentes acreditam que estão presentes todos os pressupostos e requisitos
necessários para se casarem, desconhecendo certo empecilho que invalidaria o
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matrimônio. O juiz pode declarar a putatividade na própria sentença em que se
proclama a invalidade do casamento, de ofício ou a requerimento do
Ministério Público ou do interessado. Gabarito: “B”.

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