Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
DIREITO CIVIL
AULA 11
= DIREITO DE FAMÍLIA =
Aula 11
Direito de Família
Sumário
Conceito de Direito de Família .......................................................... 04
Conteúdo .................................................................................... 05
DIREITO MATRIMONIAL ................................................................... 06
Casamento .................................................................................. 07
Impedimentos e causas suspensivas .......................................... 13
Regime de bens ........................................................................... 19
Término da sociedade conjugal e do casamento .......................... 28
Sistemas de nulidades ................................................................ 29
Separação judicial e divórcio. EC 66/2010 .................................. 36
DIREITO CONVIVENCIAL .................................................................. 47
União Estável .............................................................................. 47
DIREITO PARENTAL .......................................................................... 54
Espécies de parentesco ............................................................... 58
Filiação ....................................................................................... 59
Adoção ........................................................................................ 66
Poder familiar ............................................................................. 70
Alimentos ................................................................................... 74
Bem de Família ........................................................................... 80
DIREITO ASSISTENCIAL ................................................................... 80
Guarda, tutela, curatela e tomada de decisão apoiada ................ 80
RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA ..................................................... 87
Bibliografia Básica ............................................................................ 93
EXERCÍCIOS COMENTADOS (FCC) ..................................................... 94
EXERCÍCIOS COMENTADOS (CESPE) ............................................... 124
Caros Alunos
Iniciamos hoje mais uma etapa em nossos estudos. Marchamos para a
parte final de nosso curso. Recapitulando. Nas primeiras aulas falamos sobre a
Parte Geral do Código Civil. Passamos pelo Direito das Obrigações e os
Contratos. Depois o Direito das Coisas. Hoje veremos o DIREITO DE FAMÍLIA.
Falaremos sobre o Direito Matrimonial, Convivencial, Parental e Assistencial. Na
próxima e derradeira aula, falaremos sobre o Direito das Sucessões.
Inicialmente, antes de começar a aula gostaria de dar alguns avisos
importantes: o Direito de Família mudou muito do Código Civil anterior para o
atual. Muita coisa, mas muita coisa mesmo, mudou. Talvez seja o capítulo que
mais tenha sofrido alterações. E continua sofrendo... não só a lei, com a
DIREITO DE FAMÍLIA
CONCEITO E INTRODUÇÃO
DIREITO MATRIMONIAL
CARACTERÍSTICAS DO CASAMENTO
1. Finalidade. Dentre os principais fins do casamento, temos:
a) Instituição da família matrimonial.
b) Satisfação do desejo sexual: integração fisiopsíquica.
c) Legalização das relações sexuais (ligado também ao dever de fidelidade)
ou do estado de fato.
d) Procriação (não é essencial), proteção e educação dos filhos.
e) Prestação de auxílio mútuo.
f) Estabelecimento de deveres entre os cônjuges.
2. Direitos e Deveres de ambos os consortes (art. 1.566, CC)
a) Fidelidade recíproca.
b) Vida em comum, no domicílio conjugal: lembrando que a coabitação pode
ser relativa; o que caracteriza o abandono é a intenção de não mais retornar
ao lar. E não um afastamento temporário por motivo de serviço.
c) Mútua assistência (material, moral e espiritual), respeito e consideração.
d) Proteção da prole: sustento, guarda e educação dos filhos.
3. Igualdade de Direitos e Deveres. Os direitos e deveres referentes à
sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher (art.
226, 5°, CF). O art. 1.511, CC prevê que: “O casamento estabelece comunhão
plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges”.
a) Ambos podem exercer a direção da sociedade conjugal, fixando o
domicílio, representando a família, etc.
b) Qualquer um pode acrescer o sobrenome do consorte, bem como
conservar seu nome de solteiro, consignando-se isso na certidão de
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 8
CURSO REGULAR DE DIREITO CIVIL PARA CONCURSOS
AULA 11: DIREITO DE FAMÍLIA
Prof. Lauro Escobar
casamento. Observação: o STJ vem entendendo que por ocasião do
casamento é possível a supressão do patronímico (sobrenome) materno,
desde que demonstrado justo motivo e que não haja prejuízo a terceiros.
c) Ambos devem proteger o consorte física e moralmente.
d) Ambos devem colaborar nos encargos da família.
e) Ambos podem exercer livremente profissão lucrativa.
4. Proibições. Nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro
(escrita e expressa), exceto no regime da separação total de bens (art.
1.647, CC):
a) Alienar, hipotecar ou gravar de ônus real os bens imóveis, ou direitos
reais sobre imóveis alheios – trata-se de falta de legitimação (e não de
incapacidade); concedida a anuência o cônjuge fica legitimado a praticar tais
atos.
b) Pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens e direitos.
c) Prestar fiança ou aval: procura-se evitar o comprometimento dos bens do
casal.
d) Fazer doação, não sendo remuneratória, de bens ou rendimentos comuns
ou dos que possam integrar futura meação.
Observação: quando um dos cônjuges nega a outorga sem que haja um justo
motivo, o Juiz pode suprir esta outorga. O mesmo ocorre quando não for
possível para um cônjuge conceder a outorga (ex.: doença). No entanto se um
cônjuge vender o bem sem a outorga do outro e sem que haja suprimento do
Juiz, a venda é anulável (prazo para anulação: até dois anos depois de
terminada a sociedade conjugal).
5. Princípios do Casamento
a) Livre união incondicional dos futuros cônjuges.
b) Monogamia (união exclusiva): só se permite casar validamente uma
vez; para contrair novo casamento, é necessário dissolver o anterior.
c) Solenidade do ato nupcial: presença de normas de ordem pública,
sendo que sua inobservância impede a sua celebração e até mesmo a
declaração de invalidade.
Observação: a união estável entre homem e mulher, reconhecida pela
Constituição como entidade familiar pode ser chamada de família natural
(art. 226, §3°). Quando formada somente por um dos pais e seus filhos,
denomina-se família monoparental ou unilinear (art. 226, §4°).
6. Condições legais. Há duas espécies: de existência do casamento e de sua
validade. Vejamos:
Observações
01) Como vimos, nas hipóteses previstas nos incisos I, III e IV é permitido aos
nubentes solicitar ao Juiz que não sejam aplicadas as causas suspensivas, desde
que provada a inexistência de prejuízo (art. 1.523, parágrafo único, CC), ou
seja, desde que provada a inexistência ou impossibilidade de confusão
patrimonial ou de filiação.
02) Por interessar exclusivamente à família, as causas suspensivas só poderão
ser suscitadas pelos (art. 1.524, CC): a) ascendentes e descendentes (em linha
reta), consanguíneos ou afins; b) colaterais em segundo grau (irmãos ou
concunhados).
Resumindo: o pacto antenupcial é nulo se não for feito por escritura pública
(negócio jurídico solene) e ineficaz se não lhe seguir o casamento (eficácia
subordinada ao evento “casamento”).
Se os nubentes nada convencionarem ou sendo nula a convenção,
vigorará o regime da comunhão parcial (regime legal – art. 1.640, CC). Se
optarem por qualquer outro regime, será obrigatório o pacto antenupcial por
escritura pública. O pacto só produz efeitos a partir do casamento. Para que
produza efeitos perante terceiros é necessário o registro no Cartório de
Registro de Imóveis do domicílio do casal. O pacto antenupcial não admite
cláusula que desrespeite disposição absoluta de lei (art. 1.655, CC), sendo nula
eventual disposição que prejudique eventuais direitos conjugais (ex.: cláusula
que dispense o cônjuge do dever de fidelidade) ou paternos (ex.: cláusula que
prive um dos cônjuges do poder familiar). Por tal motivo se costuma dizer que o
princípio da livre estipulação não é absoluto, admitindo algumas restrições.
Ainda sobre este tema a doutrina afirma que há a possibilidade do futuro
casal criar o seu próprio regime de bens, híbrido e distinto dos regimes
disciplinados pelo Código. Assim, nosso sistema faculta que o casal gere um
regime de bens exclusivo, que pode ser misto e combinado, desde que
observadas as situações previstas no art. 1.641, CC.
c) Mutabilidade Justificada do Regime Adotado. Atualmente a lei
permite a mutabilidade do regime adotado, desde que haja autorização
judicial, atendendo a pedido motivado de ambos os cônjuges, após
apuração de procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de
terceiros (art. 1.639, §2°, CC). O art. 734, CPC/2015 também trata desse
tema. Portanto, a alteração do regime não pode ser obtida unilateralmente, nem
em um processo litigioso, promovido por apenas um cônjuge. Alguns autores
DOAÇÕES ANTENUPCIAIS
Nossa lei admite as doações recíprocas, ou de um ao outro nubente, ou
mesmo por terceiro, feitas por pacto antenupcial, mediante escritura pública,
desde que não excedam à metade dos bens do doador, exceto nos casos de
• Comunhão Parcial
• Comunhão Universal
REGIME 1) Convencional
a) Plena (total)
DE BENS • Separação b) Limitada (parcial)
2) Legal
Por vício de vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558, CC:
ERRO Essencial sobre a pessoa do outro cônjuge (arts. 1.556 e
1.557, CC). Dois são os requisitos para se alegar o erro essencial: a)
defeito ignorado pelo outro cônjuge e já existente antes do casamento;
b) a descoberta posterior tornou insuportável a vida em comum para o
cônjuge enganado.
Art. 1.557, CC: Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro
cônjuge: I. o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa
fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne
OBSERVAÇÕES
01) O art. 1.550, §2°, CC (incluído pela Lei n° 13.146/2015: Estatuto da
Pessoa com Deficiência) estabelece que “a pessoa com deficiência mental ou
intelectual em idade núbia poderá contrair matrimônio, expressando sua
vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou curador”.
02) A diferença fundamental entre nulidade absoluta e nulidade
relativa do casamento reside no fato de que no primeiro caso há um interesse
social no desfazimento do matrimônio, por ter sido violado um preceito de
ordem pública, enquanto que a nulidade relativa visa proteger interesses
individuais, uma vez que se estas pessoas decidirem, podem manter o
matrimônio (basta não ingressar com a ação no momento correto), sendo o fato
indiferente para a sociedade.
03) Se a ação não for ajuizada dentro do prazo, em se tratando de nulidade
relativa, o casamento convalesce e não pode mais ser questionado
posteriormente. Isso não impede uma eventual e futura ação de divórcio. O que
não se pode mais é anular o casamento pelo decurso de prazo (decadencial).
04) Não se admite invocação do dolo para se anular um casamento. Isto
porque o art. 1.550, inciso III, CC prevê que um casamento somente pode ser
anulado por vício de vontade nos termos dos arts. 1.556 a 1.558, CC. Os dois
primeiros artigos se referem ao erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge.
E o último se refere à coação. Portanto, por exclusão, não se pode alegar dolo
para se anular um casamento. No entanto, observem que por outro lado não há
uma proibição expressa de se reconhecer o dolo no casamento. Isto se extrai
por dedução lógica. Por tal motivo, é possível que na prática algum Juiz
reconheça o dolo de um dos cônjuges para a anulação do casamento. Imaginem
a situação em que um homem se casa com sua namorada, pois ela diz que está
grávida. Depois do casamento, ele descobre que a namorada mentiu, pois não
SEPARAÇÃO JUDICIAL
A separação judicial é uma das causas de dissolução da sociedade
conjugal, não rompendo o vínculo matrimonial (os consortes ainda não
podem se casar novamente). Trata-se de uma medida preparatória para o
Observações
• Como é a única hipótese em que se discute culpa, é também, a única
que admite reconvenção.
• Este tipo de separação com base na culpa, embora expressa na lei e
aceita pelos Juízes, vem sendo questionada pela doutrina, uma vez que a
conduta isolada de um dos cônjuges não é suficiente para se concluir de
quem foi a culpa na separação; geralmente os fatos ocorrem em
ambiente fechado, vivenciados apenas pelos cônjuges e difíceis de serem
provados. Ademais é contrário ao princípio da dignidade da pessoa
humana por exigir que os separandos exponham num processo judicial
toda a intimidade e privacidade do ambiente familiar.
• Embora o adultério (que exige a real consumação da conjunção carnal)
não seja mais considerado como crime, a sua prática ainda é causa de
separação judicial, pois foi transgredido o dever de fidelidade. A
jurisprudência vem entendendo que também se aplica este o tipo de
separação quando um dos cônjuges participa, por meio de programa de
computador, de envolvimentos extraconjugais, geradores de laços
afetivo-eróticos, embora apenas virtuais. Mesmo que juridicamente não
se configure um adultério (pois não há um contato físico), a chamada
“infidelidade virtual” pode se configurar como uma infração
matrimonial (pois se trata de uma conduta desonrosa).
SEPARAÇÃO
a) Separação Sanção
2) Contenciosa b) Separação Falência
(judicial) c) Separação Remédio
1) Conversão
DIVÓRCIO
2) Direto
DIREITO CONVIVENCIAL
União Estável (arts. 1.723 a 1.727, CC)
CONCEITO
União de pessoas, baseada em uma relação de afeto, duradoura, pública
(não pode ser furtiva ou secreta) e contínua, com intuito de uma vida em
comum, sem as formalidades do casamento. O Código Civil permite a união
estável entre pessoas solteiras, viúvas, divorciadas, separadas judicialmente ou
até mesmo separadas de fato. Embora se exija uma “aparência de
casamento”, baseada na fidelidade ou lealdade (princípio monogâmico), não
houve uma equiparação da união estável ao casamento.
Observações
01) Affectio Maritalis. Sobre o tema, o STJ assim se pronunciou (REsp nº
1.454.643-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze): “O propósito de constituir
família, alçado pela lei de regência como requisito essencial à constituição da
união estável (a distinguir, inclusive, esta entidade familiar do denominado
"namoro qualificado"), não consubstancia mera proclamação, para o
futuro, da intenção de constituir uma família. É mais abrangente. Esta
deve se afigurar presente durante toda a convivência, a partir do efetivo
compartilhamento de vidas, com irrestrito apoio moral e material entre os
companheiros. É dizer: a família deve, de fato, restar constituída. Tampouco a
coabitação, por si, evidencia a constituição de uma união estável, ainda que
possa vir a constituir, no mais das vezes, um relevante indício”.
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 52
CURSO REGULAR DE DIREITO CIVIL PARA CONCURSOS
AULA 11: DIREITO DE FAMÍLIA
Prof. Lauro Escobar
02) Conflito de Normas. A lei impõe o regime de separação obrigatória
de bens para o casamento de pessoas maiores de 70 anos (art. 1.641, II,
CC: redação da Lei n° 12.344/10). Mas não estabelece esta mesma
restrição em relação à união estável. Portanto, não deve haver restrição a
eles. Mas surge a seguinte indagação: no relacionamento de pessoas maiores de
70 anos, no tocante ao regime de bens, é preferível manter apenas uma união
estável (ou seja, não casar)? Casando, não se teria menos liberdade em relação
à disponibilidade dos bens? A lei não estaria criando um entrave para o
casamento de pessoas maiores de 70 anos? Não há resposta a essas indagações
baseada na lei. A resposta fica para cada um de nós, bem como a opção por
uma ou outra alternativa em nossa vida particular.
03) Coabitação. Segundo jurisprudência do STJ, a lei não enumera a
coabitação como elemento indispensável à caracterização da união
estável. Ainda que seja dado relevante para se determinar a intenção de
construir uma família, não se trata de requisito essencial.
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE
DIREITO PARENTAL
Ascendentes Descendentes
Avô PEDRO
2º grau 1º grau
Pai Filho
1º grau 2º grau
PEDRO Neto
Pai
1º grau 2º grau
PEDRO Irmão
3º grau
Sobrinho
Avô
2º grau 3º grau
Pai Tio
1º grau 4º grau
PEDRO Primo
A linha colateral pode ser classificada em: a) igual (ex.: irmãos), pois a
distância que os separa do tronco comum, em número de gerações, é a mesma;
ESPÉCIES DE PARENTESCO
Como vimos, existem três espécies de parentesco: a) Natural (ou
consanguíneo); b) Afinidade (social); c) Civil (adoção). Vejamos um a um.
Observação: no final da aula apresentamos um quadro geral de parentesco.
Observações
01) No Brasil não se admite o chamado “aluguel de ventre” (ou “barriga
de aluguel”); no entanto admite-se a cessão temporária de útero, sem fins
lucrativos, desde que a doadora (gestatrix – a que concedeu o útero) seja
parente colateral até segundo grau da mãe genética (genetrix – a que cedeu o
óvulo).
02) Além da filiação biológica (pautada na relação consanguínea),
doutrina e a jurisprudência reconhecem a chamada filiação socioafetiva
quando a paternidade é guiada pelo carinho, respeito, afeição e dedicação,
mesmo que a relação existente entre seus sujeitos não advenha de um
parentesco biológico. Funda-se no princípio da proteção integral da criança e do
adolescente. Costuma-se citar o seguinte exemplo: um casal não pode ter filhos,
pois o marido é estéril e decide fazer uma inseminação artificial heteróloga
Observações
01) Afinidade é um vínculo pessoal, logo, os afins de um cônjuge não se
vinculam com os afins do outro cônjuge (eles não são afins entre si). Portanto
não há afinidade entre os concunhados nem entre parentes de um consorte com
os parentes do outro.
02) Em relação aos afins (seja primeiro ou segundo grau) não há qualquer
efeito decorrente em relação a alimentos ou a direitos sucessórios.
Finalidade Principal
A principal finalidade da adoção é atribuir a situação de filho ao adotado,
ocorrendo o rompimento automático do vínculo de parentesco com a família de
origem (pais e parentes consanguíneos), salvo os impedimentos para
casamento.
Estágio de Convivência
A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou
adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciária fixar (art. 46, ECA). Este
estágio poderá ser dispensado se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda
legal do adotante durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a
conveniência da constituição do vínculo. A simples guarda de fato não autoriza,
por si só, a dispensa da realização do estágio de convivência. Em caso de
adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do País, o estágio de
convivência, cumprido no território nacional, será de, no mínimo, 30 (trinta)
dias.
Irrevogabilidade
Segundo o art. 39, §1°, ECA a adoção é irrevogável. Nem mesmo o mau
comportamento do filho autoriza a sua anulação.
Adoção Internacional
É aquela em que o casal ou a pessoa postulante tem domicílio fora do
Brasil (art. 51, ECA). Trata-se de medida excepcional. Terá lugar quando restar
comprovado: I - que a colocação em família substituta é a solução adequada ao
caso concreto; II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação da
criança ou adolescente em família substituta brasileira; III - que, em se
tratando de adoção de adolescente, este foi consultado, por meios adequados ao
seu estágio de desenvolvimento, e que se encontra preparado para a medida,
mediante parecer elaborado por equipe interprofissional. Os brasileiros
residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros, nos casos de adoção
internacional de criança ou adolescente brasileiro. Lembrando que a adoção de
estrangeiro domiciliado no Brasil não é considerada adoção internacional.
Observações:
01) É proibida a adoção por procuração (art. 39, §2°, ECA).
02) A adoção não pode ser subordinada a condição ou a termo (art. 41,
ECA). E só será concedida quando importar em efetivo benefício para o
adotando. Isso porque se trata de um ato puro e de amor, não tolerando
cláusulas que suspendam ou alterem seus efeitos legais.
03) Como vimos, ninguém pode ser adotado por duas pessoas, salvo se
forem marido e mulher ou pessoas vivendo em união estável (art. 42, ECA).
Assim, o avô não pode adotar seu neto e nem uma pessoa adotar seu próprio
irmão (art. 42, §1°, ECA). Segundo decisões judiciais, duas pessoas que são
irmãs não podem adotar conjuntamente. Isso porque a intenção do legislador é
que a adoção imite o padrão natural de uma família, com figuras bem claras e
definidas de pai e mãe, objetivo que não seria atingido caso uma criança fosse
adotada por duas pessoas que não estejam sob a égide de uma entidade
familiar.
04) Não há qualquer restrição ao direito de adoção de menores, por
duas pessoas do mesmo sexo, vivendo em união homoafetiva. Há
inúmeras decisão do STJ nesse sentido. Ex.: REsp 889852 / RS. Rel. Min. Luis
Felipe Salomão.
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 69
CURSO REGULAR DE DIREITO CIVIL PARA CONCURSOS
AULA 11: DIREITO DE FAMÍLIA
Prof. Lauro Escobar
05) Os tutores e curadores não podem adotar seus tutelados e curatelados,
enquanto não prestarem contas de sua administração.
06) O marido não pode adotar a esposa (implicaria em matrimônio entre
ascendentes); marido e mulher não podem ser adotados pela mesma pessoa
(implicaria em casamento de irmãos).
07) Se um dos cônjuges ou companheiros adotar o filho do outro, neste
caso permanece o vínculo de filiação entre o adotado e seu genitor(a), bem
como com seus respectivos parentes (art. 41, §1°, ECA).
Nulidade da Adoção
A adoção pode ser judicialmente anulada, desde que ofendidas as
determinações legais. No entanto, a natureza benéfica do instituto não exige
rigor extremado no exame das formalidades legais.
Efeitos sucessórios
Como vimos, os filhos adotivos se equiparam aos consanguíneos (art. 41,
ECA), sendo que se houver ou filhos (adotivos ou não), todos terão os mesmos
direitos (art. 227, §6°, CF/88). Por outro lado, assim como um filho
consanguíneo, o adotivo pode ser deserdado.
Os pais de sangue não poderão mais exigir notícias da criança ou do
adolescente (muito menos do adulto). Os vínculos de filiação e parentesco
anteriores cessam com a inscrição da adoção no Registro Civil. Também ficam
rompidas as relações sucessórias e obrigações alimentícias do adotado aos pais
de origem. Continuam mantidos apenas os impedimentos matrimoniais.
A morte dos adotantes não anula a adoção nem restabelece o poder
familiar dos pais naturais. Se o adotado ainda é menor, deve ser posto sob
tutela.
Averbação
A decisão de adoção deve ser inscrita no Registro Civil das Pessoas
Naturais, conferindo ao adotado o sobrenome do adotante. Deve estar
consignado o nome dos adotantes como pais, bem como o nome de seus
ascendentes. O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o registro
original do adotado e nenhuma observação sobre a origem do ato poderá
constar nas certidões do registro.
Direitos e Deveres
Estabelece o art. 1.634, CC (redação de Lei n° 13.058/2014): Compete a
ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o pleno
exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos: a) dirigir-lhes
a criação e a educação; b) exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos
termos do art. 1.584; c) conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para
casarem; d) conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao
exterior; e) conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua
residência permanente para outro Município; f) nomear-lhes tutor por
testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou
o sobrevivo não puder exercer o poder familiar; g) representá-los judicial e
extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e
assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-
lhes o consentimento; h) reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; i)
exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade
e condição.
Observações
01) Tanto nos casos de suspensão, quanto nos de perda do poder familiar
de ambos os pais, será nomeado um tutor para o menor.
02) A suspensão ou a perda do poder familiar não desobriga o genitor de
continuar sustentando o filho.
03) A separação judicial, o divórcio e a dissolução da união estável não
alteram o poder familiar (com exceção da guarda, que representa parte desse
poder e enfraquece o poder familiar de quem não ficou com os filhos).
04) A falta ou a carência de recursos não é motivo suficiente para a perda
ou a suspensão do poder familiar.
CLASSIFICAÇÃO
1. Quanto à Finalidade
a) Alimentos Provisionais (acautelatórios ou ad litem – ou seja, para a
lide): são os reclamados pela mulher ao propor (ou mesmo antes de
propor) ação de separação judicial, nulidade do casamento ou divórcio
direto, para fazer face a seu sustento durante a ação. Destinam-se a
manter o requerente (geralmente a mulher) e a prole, durante a
tramitação da lide principal. O exemplo clássico é aquele em que a mulher
ingressa com a ação de separação de corpos (que é uma medida cautelar
e preparatória para ingressar posteriormente com a ação principal de
separação judicial). Também são chamados de provisionais os alimentos
fixados na sentença de primeira instância, na ação de investigação de
paternidade. Não há um critério absoluto para a fixação do valor.
b) Alimentos Provisórios: são os fixados liminarmente (imediatamente)
pelo Juiz, a título precário, logo ao receber a petição inicial, na ação de
alimentos de rito especial (Lei n° 5.478/68). Exigem prova pré-constituída
Renúncia: preceitua o art. 1.707, CC que “pode o credor não exercer, porém
lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito
insuscetível de cessão, compensação ou penhora”. A não postulação em juízo
é interpretada como falta de exercício e não significa renúncia.
A Súmula 379 do Supremo Tribunal Federal prevê, no tocante à mulher, que
“no acordo de desquite não se admite renúncia aos alimentos, que poderão ser
pleiteados ulteriormente, verificados os pressupostos legais”. No entanto,
atualmente a jurisprudência vem se posicionando no sentido de ser possível a
renúncia por não se tratar de alimentos em razão de parentesco (estes sim
irrenunciáveis). Como marido e mulher não são parentes, há quem sustente que
o princípio da irrenunciabilidade não se aplica aos cônjuges (o tema ainda é
muito controvertido – para provas objetivas aconselho continuar afirmando a
irrenunciabilidade).
Revisão: os alimentos fixados ou acordados podem ser revistos (exoneração,
redução ou majoração) sempre que sobrevier mudança na situação econômica
do alimentando ou do alimentante.
Divisibilidade: a obrigação alimentar é divisível e não solidária. Havendo
quatro filhos em condições de pensionar o ascendente, não se pode exigir de um
PRISÃO
O devedor de alimentos que não fizer o seu pagamento estará sujeito à
chamada prisão civil. Determina a Constituição Federal (art. 5°, inciso LXVII)
que “não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia (...)”.
Súmulas
É interessante citar a Súmula 309 do Superior Tribunal de Justiça (ela
é de 2005, mas o seu enunciado foi alterado em 2006): “O débito alimentar que
autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações
anteriores ao ajuizamento da execução e as que vencerem no curso do
processo”. Segundo a jurisprudência os alimentos vencidos há mais de três
meses perdem a natureza alimentar, não se justificando a prisão. Assim,
permite-se a prisão do devedor somente com base nos débitos relativos aos três
meses anteriores à propositura da ação. Com isso possibilita-se ao devedor
pagar somente estes três meses e se livrar da prisão, discutindo o valor dos
outros meses no curso da ação. Já a Súmula 277, também do STJ, prevê que
julgada uma ação de investigação de paternidade procedente, os alimentos são
devidos a partir da citação do réu nesta ação.
Observações:
01) De um modo geral a obrigação do pai de alimentar os filhos cessa com a
maioridade destes (extinção do poder familiar). No entanto a jurisprudência tem
estendido tal obrigação até o término do curso superior ou até que completem
24 ou 25 anos.
02) Uma pessoa forneceu alimentos pensando erroneamente que os devia,
tem direito de exigir a restituição do valor pago do terceiro que realmente
deveria fornecê-los. No entanto não poderá reclamá-los se agiu por mera
liberalidade, com intuito assistencial.
Extinção. Cessa a obrigação de prestar os alimentos: a) morte do alimentando;
b) desaparecimento de um dos pressupostos do art. 1.695, CC (vínculo familiar,
necessidade do alimentando e possibilidade do obrigado); c) credor tiver
procedimento indigno em relação ao devedor (art. 1.708, parágrafo único, CC);
d) cônjuge credor contrair nova união.
DIREITO ASSISTENCIAL
Observação
O tutor não tem direito ao usufruto dos bens da tutela, mas tem direito de
ser reembolsado pelas despesas que efetuou no exercício da tutela, exceto na
hipótese de criança sem recursos próprios.
Questão interessante. Vamos supor que uma pessoa viúva possui um filho
menor e foi interditada. Para ela será nomeada um curador. Mas... e seu filho?
Ora, se o poder familiar não ficar a cargo do outro cônjuge, ou se o filho menor
não foi emancipado ou não tiver um tutor, o curador do interditado representará
também o menor. É o que a doutrina chama de curatela prorrogada, prevista
no art. 1.778, CC: A autoridade do curador estende-se à pessoa e aos bens dos
filhos do curatelado, observado o art. 5°.
Ao lado da curatela dos adultos incapazes, têm-se também a Curatela do
Nascituro (art. 1.779, CC). Como sabemos, nascituro é o ser já concebido, mas
que ainda se encontra no ventre materno. Ocorre esta espécie de curatela
quando o pai falece, deixando sua esposa grávida e bens a partilhar. Ocorre,
entretanto, que a mulher, por algum motivo, também não tem condições de
exercer o poder familiar. Assim, se ela estiver interditada, o seu curador será,
também, o do nascituro.
Observações
1) Em relação à curatela do ausente falaremos mais adiante.
E) AUSÊNCIA
Vimos que, além da morte real, existe em nosso Direito, também a morte
presumida, que ocorre quando a pessoa for declarada ausente. Revejam essa
matéria na aula referente às Pessoas Naturais.
Ausência é o desaparecimento de uma pessoa do seu domicílio, que deixa
de dar notícias por longo período de tempo e sem deixar procurador para
administrar seus bens (art. 22, CC). Ausente uma pessoa, qualquer interessado
na sua sucessão (e até mesmo o Ministério Público) poderá requerer ao Juiz a
declaração de ausência e a nomeação de um curador. A ausência apresenta-se
em três fases distintas:
• Curatela do Ausente
• Sucessão Provisória
• Sucessão Definitiva
I. DIREITO MATRIMONIAL
1. Esponsais: promessa de casamento não vinculativa (consentimento livre); o não
cumprimento pode gerar indenização.
2. Casamento: união legal entre pessoas que visa o auxílio mútuo, material e
espiritual, criando a família, sendo vinculado a normas de ordem pública e a
observância das formalidades legais.
• Fins.
• Princípios.
• Efeitos jurídicos.
• Direitos e deveres de ambos os cônjuges (art. 1.566, CC).
3. Civil: adoção.
Vejamos a seguir o quadro completo das relações de parentesco
B) Tutela → substitui o poder familiar. São postos em tutela os menores: a) cujos pais
faleceram; b) cujos pais foram destituídos ou suspensos do poder familiar.
C) Curatela → maiores incapazes (art. 1.767, CC): aqueles que, por causa transitória
ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; ébrios habituais e os viciados em
tóxico e pródigos. Exige-se processo que define os limites da curatela. Juiz deve
ser assistido por equipe multidisciplinar e entrevistar o interditando. Sentença ex nunc.
O Ministério Público promoverá o processo que define os termos da curatela nos casos
de deficiência mental ou intelectual. Na nomeação de curador para a pessoa com
deficiência, o juiz poderá estabelecer curatela compartilhada a mais de uma
pessoa. Curatela do Nascituro (art. 1.779, CC).
D) Tomada de Decisão Apoiada (art. 1.783-A, inserido pela Lei n° 13.146/2015) →
processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2 (duas) pessoas
idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-
lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os
elementos e informações necessários para que possa exercer sua capacidade.
E) Medidas específicas de proteção ao menor → Lei n° 8.069/90.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
Exercícios Comentados
Fundação Carlos Chagas
01) (FCC – MPE/AP – Analista Ministerial – 2012) Ana Carolina e José
Augusto casaram-se no dia 30 de junho de 2012 na Igreja Nossa Senhora do
Perpétuo Socorro uma vez que são católicos e pretendiam trocar seus votos de
união e fidelidade perante Autoridade Religiosa. No dia 04 de julho de 2012, eles
registraram o respectivo casamento religioso no registro próprio objetivando a
sua equiparação ao casamento civil. De acordo com o Código Civil
brasileiro, neste caso, o respectivo casamento religioso produzirá
efeitos a partir
(A) da data do registro.
(B) da data de sua celebração.
(C) do dia seguinte ao registro do referido casamento.
(D) do dia seguinte da data de sua celebração.
(E) do primeiro dia útil posterior a data do registro.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 1.515, CC, o casamento religioso, que atender
às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este,
desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de
sua celebração. Gabarito: “B”.
COMENTÁRIOS
a) Errado. O critério biopsicológico é aquele pelo qual se observa a idade e a
maturidade psicológica da pessoa. O Código Civil adotou o critério biológico, pois
determinou simplesmente uma idade mínima para o casamento,
independentemente de eventual capacidade psíquica. Nos termos do art. 1.517,
CC, a idade núbil tanto do homem como da mulher é de 16 (dezesseis) anos. No
entanto, como ainda não atingiram a maioridade civil (que se dá aos 18 anos),
exige-se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, para a
celebração do matrimônio. Acrescente-se que nos termos do art. 1.520, CC,
excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a
idade núbil, em especial no caso de gravidez. Mas para isso é necessário o
suprimento da idade núbil pelo Juiz.
b) Errado. Segundo o art. 1.707, CC, pode o credor não exercer, porém lhe é
vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível
de compensação ou penhora.
b) O pacto antenupcial, ainda que não seja feito por escritura pública, é
valido e mantém sua eficácia quando lhe seguir o casamento.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Trata-se de uma “pegadinha”. Se a afirmação se referisse a
dissolução de um casamento a resposta seria pela nulidade ou anulabilidade,
morte ou divórcio. Mas a afirmação refere-se ao casamento válido. Ora, se o
casamento é válido não pode ser ele dissolvido por eventual nulidade ou
anulabilidade. Portanto, nos termos do art. 1.571, §1°, CC: “O casamento válido
só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a
presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente”.
b) Errado. Estabelece o art. 1.653, CC: É nulo o pacto antenupcial se não for
feito por escritura pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento.
a) O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação
judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada a
separação de fato por mais de dois anos. Dessa forma o pedido de divórcio
formulado por Mara não poderia ser acolhido, pois não atendo aos requisitos
legais: o casal não estava separado judicialmente por mais de um ano nem
separado de fato por mais de dois anos.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Após a edição da Emenda Constitucional n° 66/2010 (alterou o §6°,
do art. 226, da CF/88) foi suprimido o requisito de prévia separação judicial por
mais de um ano ou de comprovada separação de fato por mais de dois anos
para se requerer o divórcio. Portanto, atualmente o divórcio pode ser requerido
de forma direta, sem que tenha passado antes pela separação judicial e
independentemente de prazo.
b) Certo. Como Mara e Jorge não celebraram pacto antenupcial, o regime que
vigorou no casamento foi o da comunhão parcial (arts. 1.658 a 1.666, CC). Por
este regime, todos os bens adquiridos na constância do casamento (sejam eles
móveis ou imóveis, adquiridos de forma onerosa ou gratuita) se comunicam
entre os cônjuges. O bem imóvel doado pelos pais de Jorge foi para o casal. Da
mesma forma o prêmio ganho por Jorge foi na constância do casamento.
Portanto, esses bens entram na comunhão e devem ser partilhados.
COMENTÁRIOS
COMENTÁRIOS
Essa questão não teve gabarito oficial, pois “a prova foi desconsiderada pelo
CESPE em decorrência de problemas de infraestrutura que ocorreram em um
dos locais de aplicação das provas”. Resposta do professor:
a) Errado. Conforme previsto no art. 1.647, III, CC nenhum cônjuge pode, sem
autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta (...) III. prestar
fiança ou aval.
a) A lei presume que os filhos de mulheres casadas há mais de 180 dias são
do marido, sendo dispensável a presença do pai no dia do registro.
b) Para registrar o filho nascido após a morte do marido, será necessária a
concordância dos herdeiros, não recaindo nenhum tipo de presunção.
c) O reconhecimento voluntário do filho pode ser tanto direto no registro,
como em escritura pública apartada.
d) O reconhecimento voluntário do filho pode ser anterior ao seu nascimento,
e é por natureza irretratável.
COMENTÁRIOS
a) Certo. É o que determina o art. 1.597, I, CC.
COMENTÁRIOS
a) Certo. Estabelece o art. 1.600, CC: Não basta o adultério da mulher, ainda
que confessado, para ilidir a presunção legal da paternidade.
d) Errado. Dispõe o art. 1.595, CC: Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos
parentes do outro pelo vínculo da afinidade. §1° O parentesco por afinidade
limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou
companheiro. §2° Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução
do casamento ou da união estável.
COMENTÁRIOS
a) Errado. De acordo com o art. 1.566, CC, são deveres de ambos os cônjuges:
“I. fidelidade recíproca; II. vida em comum, no domicílio conjugal; III. mútua
assistência; IV. sustento, guarda e educação dos filhos; V. respeito e
consideração mútuos”. Devemos acrescentar que segundo a doutrina o dever de
fidelidade também deve ser aplicado em relação à união estável, em razão do
disposto no art. 1.724, CC: As relações pessoais entre os companheiros
obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda,
sustento e educação dos filhos. A fidelidade estaria incluída no conceito de
"lealdade".
COMENTÁRIOS
a) Errado. Dispõe o art. 1.723, CC: “É reconhecida como entidade familiar a
união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública,
contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.
§1° A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art.
1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se
achar separada de fato ou judicialmente”. Assim, se ambas as pessoas casadas
estão separadas de fato (como mencionado na questão), pode, sim, haver a
união estável entre elas, estando errada a afirmação que “não configura a união
estável”.
COMENTÁRIOS
a) Errado. O chamado "contrato de namoro" é aquele em que as partes, por
meio de manifestação expressa de vontade, esclarecem que não estão vivendo
em união estável. Na realidade a intenção principal disso é assegurar a
incomunicabilidade do patrimônio presente e futuro. Esse contrato surgiu como
mecanismo para obstar a caracterização da união estável. No entanto, na
prática, verifica-se que o resultado alcançado por este tipo de avença é
exatamente o contrário do pretendido, pois tem sido visto como a própria
confissão da união estável. Apesar de ser absolutamente possível a celebração
de um contrato de namoro, não conseguirão as partes impedir a eventual
caracterização de uma união estável, porque sua configuração decorre de
elementos fáticos e legais, não podendo ser bloqueada por um contrato. Após
um longo período de vida em comum, no qual são amealhados bens pelas
partes através do esforço comum, não há como se admitir a incomunicabilidade
do patrimônio, sob pena de enriquecimento ilícito de uma parte em detrimento
da outra. Os bens adquiridos durante a união poderão ser partilhados, sem
nenhum óbice, em que pese a existência desse contrato.
c) Errado. O divórcio pode ser realizado sem que haja partilha de bens, no
termos do art. 1.581, CC.
COMENTÁRIOS
a) Certo. É o que prevê o art. 1.639, §2°, CC.
b) Considerando que o estado civil de cada pessoa deve refletir sua realidade
afetiva, em detrimento das formalidades e valores essencialmente
patrimoniais, o STJ entende que não é necessária a prévia partilha de bens
para a conversão da separação judicial em divórcio.
COMENTÁRIOS
COMENTÁRIOS
a) Errado. O registro de nascimento da pessoa natural, com a identificação do
nome civil, em regra é imutável. Contudo, a lei permite, em determinas
ocasiões, sua alteração. Ao oficial de cartório somente é permitido alterar um
nome, independente de ação judicial, nos casos previstos em lei, como é a
hipótese do art. 1565, §1°, CC: Qualquer dos nubentes, querendo, poderá
acrescer ao seu o sobrenome do outro. Segundo decisões reiteradas do STJ, isso
pode ser feito ainda que após a data da celebração do casamento, porém, nesse
caso somente é admissível por meio de ação judicial (ação de retificação de
registro público, nos termos dos arts. 57 e 109 da Lei n° 6.015/1973 - Lei de
Registros Públicos).
COMENTÁRIOS
a) Errado. A afirmação está errada, pois o tema é controvertido e a assertiva
parte do pressuposto que “é incontroverso”. Há quem entenda que a prisão civil
por dívida de alimentos pode ser decretada de ofício pelo juiz (além de
requerimento do Ministério Público ou pela parte interessada). Essa possibilidade
decorre do fato de que a prisão, nesses casos, não tem cunho sancionatório,
mas apenas coercitivo. No entanto há posições divergentes. O próprio STJ
entende que “a prisão civil não deve ser decretada ex officio, porque é o credor
quem sempre estará em melhores condições que o juiz para avaliar sua eficácia
e oportunidade. Deixa-se, pois, ao exequente a liberdade de pedir ou não a
aplicação desse meio executivo de coação, quando entenda que lhe vai ser de
utilidade, pois pode acontecer que o exequente, maior interessado na questão,
por qualquer motivo, não julgue oportuna e até considere inconveniente a prisão
do executado”.
COMENTÁRIOS
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 137
CURSO REGULAR DE DIREITO CIVIL PARA CONCURSOS
AULA 11: DIREITO DE FAMÍLIA
Prof. Lauro Escobar
a) Certo. Segundo o art. 1.667, CC, o regime de comunhão universal importa a
comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas
passivas, com as exceções do artigo seguinte. Segundo o art. 1.668, CC, são
excluídos da comunhão: I. os bens doados ou herdados com a cláusula de
incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar; II. os bens gravados de
fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a
condição suspensiva; III. as dívidas anteriores ao casamento, salvo se
provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum;
IV. as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula
de incomunicabilidade; V. os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Segundo o art. 1.707, CC, pode o credor não exercer, porém lhe é
vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível
de cessão, compensação ou penhora.
COMENTÁRIOS
a) Certo. Segundo STJ – Resp 229.069/SP – 4ª Turma – Rel. Min. Fernando
Gonçalves: “Concubinato. Sociedade de Fato. Segundo entendimento pretoriano,
a sociedade de fato entre concubinos e, para as consequências jurídicas que lhe
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 139
CURSO REGULAR DE DIREITO CIVIL PARA CONCURSOS
AULA 11: DIREITO DE FAMÍLIA
Prof. Lauro Escobar
decorram das relações obrigacionais, irrelevante o casamento de qualquer deles,
sobretudo porque a censurabilidade do adultério não pode justificar que se
locuplete com o esforço alheio, exatamente aquele que o pratica”.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Se uma pessoa se emancipar em razão de casamento e se ele for
declarado nulo, em algumas hipóteses a pessoa retorna ao estado de incapaz
(art. 1.561, CC).
d) Certo. Em regra, o menor não deve ser interditado, posto que já é incapaz
em função da própria menoridade. Há, contudo, duas hipóteses em que a
interdição do menor se justifica. A primeira é a hipótese de interdição de menor
emancipado, já que neste caso, por emancipação o menor será capaz, e,
portanto, haveria interesse em eventual interdição. A segunda se refere ao
menor relativamente incapaz cuja interdição tivesse por interesse o
reconhecimento de incapacidade absoluta (objeto da questão).
COMENTÁRIOS
a) Certo. Art. 1.597, I, CC: “Presumem-se concebidos na constância do
casamento os filhos nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de
estabelecida a convivência conjugal”.
b) Certo. Art. 1.597, II, CC: “Presumem-se concebidos na constância do
casamento os filhos nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da
sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do
casamento”.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Questão capciosa. Está certo afirmar que o direito a alimentos é
imprescritível e o que prescreve em dois anos (art. 206, §2°, CC) é o direito
cobrá-los se já fixados em sentença e não pagos, a partir da data em que se
vencerem. O que está errado é que este prazo não inicia a contagem para o
menor impúbere (menor de 16 anos). Nos termos do art. 198, I, CC, não corre a
prescrição contra os absolutamente incapazes. Além disso, estabelece o art.
197, II, CC que também não corre prescrição entre ascendentes e descendentes
durante o poder familiar.
COMENTÁRIOS
a) Certo. Esta é a orientação doutrinária e jurisprudencial. Guarda
compartilhada ou guarda conjunta é a situação em que pai e mãe dividem as
atribuições relacionadas com o filho, que irá conviver com ambos. Isso garante
que pai e mãe possam conviver com o filho durante a semana, o pai
participando de sua educação, jantando com o filho, levando-o à escola, ao
curso de línguas, levando-o para dormir na casa da mãe, dentre outros. Um dos
pais detém a guarda física do filho, embora mantidos os direitos e deveres
emergentes do poder familiar em relação a ambos. Dessa forma, o genitor não
detentor da guarda física não se limita a supervisionar a educação dos filhos,
mas sim a participar efetivamente dela, com autoridade para decidir
diretamente na sua formação, religião, cuidados com a saúde, lazer, estudos,
enfim, na vida cotidiano do filho menor. Leciona Maria Berenice Dias, que “a
guarda compartilhada não impede a fixação de alimentos, até porque nem
sempre os genitores gozam das mesmas condições econômicas. Muitas vezes
não há alternância da guarda física do filho e a não cooperação do outro pode
onerar sobremaneira o genitor guardião”.
b) Errado. Embora seja interessante que haja o consenso dos pais, este
consenso não é obrigatório. A nova redação do art. 1.584, CC elimina as dúvidas
a respeito, não deixando a guarda compartilhada à mercê dos genitores. O
inciso I do dispositivo citado prevê a possibilidade que seja requerida, por
consenso, pelo pai e pela mãe, ou por qualquer deles, em ação autônoma de
separação, de divórcio, de dissolução de união estável ou em medida cautelar.
Já o inciso II permite que seja decretada pelo juiz, em atenção a necessidades
específicas do filho, ou em razão da distribuição de tempo necessário ao
convívio deste com o pai e com a mãe. Além disso, segundo o art. 1584, §2°,
CC quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho,
será aplicada, sempre que possível, a guarda compartilhada. Ou seja, o
consenso não é mais um requisito indispensável para que se adote a guarda
compartilhada. A posição do STJ é a seguinte: “A guarda compartilhada deve ser
tida como regra, e a custódia física conjunta, sempre que possível, como sua
efetiva expressão. Detalhes como localização das residências, capacidade
COMENTÁRIOS
a) Errado. Enteado é o filho de matrimônio anterior em relação ao atual
cônjuge do pai ou da mãe (art. 1.521, CC). Ex.: se você se casa com uma
pessoa, sendo que esta já tem um filho de outro relacionamento, este filho é
seu enteado. Ocorre que a doutrina tem entendido que não é hipótese de
obrigação alimentar os parentes por afinidade (sogros, cunhados,
padrastos e enteados). Isso porque no caso de alimentos, o nosso Código foi
taxativo. Art. 1.696, CC: O direito à prestação de alimentos é recíproco entre
pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais
próximos em grau, uns em falta de outros. Art. 1.697, CC: Na falta dos
ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão
e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais. Neste sentido,
a professora Maria Helena Diniz é categórica ao afirmar que: “somente as
pessoas que procedem do mesmo tronco ancestral devem alimentos, excluindo-
se os afins, por mais próximo que seja o grau de afinidade”. Por outro lado, em
que pese não haver no Código Civil nenhum dispositivo que expresse a
possibilidade do enteado ou enteada solicitar alimentos a um padrasto, alguns
autores sustentam que isso pode criar uma situação discriminatória em relação
aos filhos que vivem em relações socioafetivas. Começam a surgir
jurisprudências confirmando que a relação socioafetiva pode ser elemento
gerador da prestação alimentar, assim como acontece nas relações derivadas
dos estados de filiação biológico, adotivo e registral, contempladas pelo
Código. Assim, na relação de parentesco por afinidade socioafetiva entre
padrasto, madrastas e enteados em que se gerar o vínculo afetivo existirá o
estabelecimento da paternidade socioafetiva com todas as suas
responsabilidades, dentre elas, a prestação de alimentos que poderá ser
ofertada pelo pai-padrasto ou requerida pelo filho-enteado, após ter sido
reconhecida a sua filiação socioafetiva por decisão judicial através da prova do
estado de filho. Ocorre que nem sempre haverá o estabelecimento de vínculos
paterno-filiais calcados na afetividade entre padrastos e enteados. Assim, não
haverá obrigação alimentar ou qualquer outro direito inerente à paternidade
quando dois indivíduos ligados por vínculo parental de afinidade em 1° grau
(padrasto/enteado) conviverem juntos, mas não se colocarem nas posições de
pai e filho respectivamente, em seus corações e diante da sociedade, uma vez
que afeto não é algo que se possa impor. Enunciado n° 341 da IV Jornada de
Direito Civil do CJF: “Para os fins do art. 1.696, a relação socioafetiva pode ser
COMENTÁRIOS
a) Errado. Segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial acerca do art.
1584, CC, o consenso não é mais um requisito indispensável para que se adote
a guarda compartilhada.
COMENTÁRIOS
a) Certo. O STJ possui julgado, por maioria de votos (REsp n° 807.849 – RJ) no
sentido de que, embora a investigação de paternidade seja um direito
personalíssimo (só pode ser exercido pelo titular), os netos podem ajuizar ação
declaratória de relação avoenga (parentesco com avô) ou com os herdeiros
deste.
COMENTÁRIOS
a) Certo. Prevê o art. 1.517, CC: O homem e a mulher com dezesseis anos
podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus
representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil.
f) Errado. Segundo o art. 206, §2°, prescreve em dois anos a pretensão para
haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem. Lembrando
que O direito aos alimentos é imprescritível. A qualquer tempo, surgindo a
necessidade, eles poderão ser pleiteados. O que se opera é a prescrição em
relação aos valores dos alimentos vencidos, ou seja, as prestações alimentares
fixadas judicialmente e não pagas e nem exigidas no prazo.
COMENTÁRIOS
a) Certo. Segundo o art. 1.583, CC a guarda será unilateral ou compartilhada.
§2°: A guarda unilateral será atribuída ao genitor que revele melhores condições
para exercê-la e, objetivamente, mais aptidão para propiciar aos filhos os
seguintes fatores: I. afeto nas relações com o genitor e com o grupo familiar; II.
saúde e segurança; III. educação.
c) Certo. Dispõe o art. 1.614, CC: O filho maior não pode ser reconhecido sem
o seu consentimento, e o menor pode impugnar o reconhecimento, nos quatro
anos que se seguirem à maioridade, ou à emancipação.
COMENTÁRIOS
a) Certo. Estabelece o art. 1.779, CC: Dar-se-á curador ao nascituro se o pai
falecer estando grávida a mulher, e não tendo o poder familiar. Parágrafo
único: Se a mulher estiver interdita, seu curador será o do
nascituro. Gabarito: “D”.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Segundo o art. 1.595, §2°, CC na linha reta (nora, genro, sogra e
sogro) a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união
estável. Portanto, na linha colateral (cunhados) a afinidade se extingue.
COMENTÁRIOS
a) Certo. Segundo o art. 1.597, III, CC. Presumem-se concebidos na constância
do casamento os filhos: (...) havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo
que falecido o marido. Lembrando que fecundação homóloga é a promovida com
material genético (sêmen e óvulo) dos próprios cônjuges.
c) Errado. Estabelece o art. 1.600, CC: Não basta o adultério da mulher, ainda
que confessado, para ilidir a presunção legal da paternidade. E o art. 1.602, CC
arremata: Não basta a confissão materna para excluir a paternidade.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Em decisão recente, a 4ª Turma do STJ, em processo que teve
como relator o ministro Luis Felipe Salomão, entendeu que “deve prevalecer a
paternidade socioafetiva sobre a biológica para garantir direitos aos filhos, na
esteira do princípio do melhor interesse da prole, sem que,
necessariamente, essa afirmação seja verdadeira quando é o filho que
busca a paternidade biológica em detrimento da socioafetiva”. No caso
concreto tratava-se de uma “adoção à brasileira”, pois a menina foi entregue a
um casal que a registrou como se fosse o pai e a mãe biológicos.
Posteriormente, com a morte dos pais registrais, a autora pleiteou ação de
investigação de maternidade e paternidade com anulação de registro. A
decisão do STJ desconstituiu o vínculo socioafetivo desenvolvido durante
muitos anos entre a autora e seus pais registrais, que são excluídos da
certidão e dão lugar aos pais biológicos, sem qualquer convivência. Como
ressaltado pelo Ministro Relator: “trata-se de adoção à brasileira e a filha tem
o direito de conhecer sua origem genética, principalmente por não ter
contribuído com a existência de erro ou falsidade no documento registral”.
COMENTÁRIOS.
a) Errado. A letra “a” está errada. Segundo decisão do STJ (REsp n° 1.299.866
– DF. Rel. Min. Luis Felipe Salomão), ainda que a união estável esteja
formalizada por meio de escritura pública, é válida a fiança prestada por um dos
conviventes sem a autorização do outro. Resumindo: (...) 5. Desse modo, não é
nula nem anulável a fiança prestada por fiador convivente em união
estável sem a outorga uxória do outro companheiro. Não incidência da
Súmula n. 332⁄STJ à união estável”.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Segundo jurisprudência do STJ, "Não é lícito aos conviventes
atribuírem efeitos retroativos ao contrato de união estável, a fim de eleger o
regime de bens aplicável ao período de convivência anterior à sua assinatura"
(REsp 1.383.624-MG, Rel. Min. Moura Ribeiro). Assim, o contrato de união
estável é plenamente válido, mas somente pode gerar efeitos para o futuro, não
sendo lícita a produção de efeitos pretéritos. Incabível eventual cláusula de
retroatividade do pacto patrimonial celebrado pelos conviventes.
b) Errado. Segundo jurisprudência do STJ “A obrigação de prestar alimentos
transitórios – a tempo certo – é cabível, em regra, quando o alimentando é
pessoa com idade, condições e formação profissional compatíveis com uma
provável inserção no mercado de trabalho, necessitando dos alimentos apenas
até que atinja sua autonomia financeira, momento em que se emancipará da
tutela do alimentante – outrora provedor do lar –, que será então liberado da
obrigação, a qual se extinguirá automaticamente (Resp 1.025.769, Rel. Min
Nancy Andrighi). Assim, em regra, a pensão alimentícia devida a ex-cônjuge
deve ser fixada por tempo determinado, sendo cabível o pensionamento
alimentar sem marco final tão somente quando o alimentado (ex-cônjuge) se
encontrar em circunstâncias excepcionais, como de incapacidade laboral
permanente, saúde fragilizada ou impossibilidade prática de inserção no
mercado de trabalho.
(C) O pacto antenupcial, ainda que não seja feito por escritura pública, é valido
e mantém sua eficácia quando lhe seguir o casamento.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Dispõe o art. 1.571, §1°, CC: “O
casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo
divórcio, aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao
ausente”. A letra “b” está correta nos termos do art. 1.659, VI, CC. Excluem-se
da comunhão: (...) os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge. A letra
“c” está errada, pois estabelece o art. 1.653, CC: É nulo o pacto antenupcial se
não for feito por escritura pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento. A
letra “d” está errada, pois estabelece o art. 1.520, CC: Excepcionalmente, será
permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 1517),
para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez.
Finalmente a letra “e” também está errada. Estabelece o art. 1.647, CC que
nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da
separação absoluta (...) alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis.
Gabarito: “B”.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Art. 1.595, §2°, CC: Na linha reta
(ex.: sogra), a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da
união estável. A letra “b” está errada. A afinidade é um vínculo pessoal. Logo, os
afins de um cônjuge não se vinculam com os afins do outro cônjuge (eles não
são afins entre si). Portanto não há afinidade entre os concunhados, nem entre
parentes de um consorte com os parentes do outro. A letra “c” está correta.
Entre o marido e a mãe da esposa forma-se um parentesco por afinidade
(genro-sogra), admitido pela lei. Art. 1.595, §1°, CC: o parentesco por afinidade
limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou
companheiro. A letra “d” está errada. Casamento putativo é o casamento que,
embora nulo ou anulável, foi contraído de boa-fé por um ou ambos os cônjuges.
Segundo a doutrina, ainda que contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, não
tem o condão de gerar parentesco por afinidade. Isto porque o art. 1.561, CC
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 155
CURSO REGULAR DE DIREITO CIVIL PARA CONCURSOS
AULA 11: DIREITO DE FAMÍLIA
Prof. Lauro Escobar
limita os efeitos somente em relação aos próprios cônjuges e os filhos. A letra
“e” está errada. Como já analisado no art. 1.595, §1°, CC, o parentesco por
afinidade está limitado aos ascendentes, descendentes e aos irmãos do cônjuge.
Assim temos: a) primeiro grau: sogro ou sogra; genro ou nora; madrasta ou
padrasto e enteados; b) segundo grau: cunhados. Não há terceiro grau.
Gabarito: “C”.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Art. 1.640, CC, “não havendo
convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os
cônjuges, o regime da comunhão parcial. Parágrafo único. Poderão os nubentes,
no processo de habilitação, optar por qualquer dos regimes que este código
regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opção pela comunhão parcial,
fazendo-se o pacto antenupcial por escritura pública, nas demais
escolhas” (incluindo a comunhão universal de bens). A letra “b” está certa.
Segundo jurisprudência do STJ (EREsp 1.216.187-SC, Rel. Min. Arnaldo Esteves
Lima): “Se o executado possui um único imóvel residencial, mas quem mora
nele é um parente (ex.: filho), mesmo assim esse imóvel será considerado como
bem de família, sendo impenhorável. Em outras palavras, constitui bem de
família, insuscetível de penhora, o único imóvel residencial do devedor em que
resida seu familiar, ainda que o proprietário nele não habite”. A letra “c” está
errada. O STJ assim se pronunciou a respeito (REsp n° 1.454.643-RJ, Rel. Min
Marco Aurélio Bellizze): “O propósito de constituir família, alçado pela lei de
regência como requisito essencial à constituição da união estável (a distinguir,
inclusive, esta entidade familiar do denominado "namoro qualificado"), não
consubstancia mera proclamação, para o futuro, da intenção de constituir uma
família. É mais abrangente. Esta deve se afigurar presente durante toda a
convivência, a partir do efetivo compartilhamento de vidas, com irrestrito apoio
moral e material entre os companheiros. É dizer: a família deve, de fato, restar
constituída. Tampouco a coabitação, por si, evidencia a constituição de uma
união estável, ainda que possa vir a constituir, no mais das vezes, um relevante
indício...”. A letra “d” está errada. Casamento putativo é o casamento que,
embora nulo ou anulável, foi contraído de boa-fé por um ou ambos os cônjuges.
Os nubentes acreditam que estão presentes todos os pressupostos e requisitos
necessários para se casarem, desconhecendo certo empecilho que invalidaria o
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Lauro Escobar 156
CURSO REGULAR DE DIREITO CIVIL PARA CONCURSOS
AULA 11: DIREITO DE FAMÍLIA
Prof. Lauro Escobar
matrimônio. O juiz pode declarar a putatividade na própria sentença em que se
proclama a invalidade do casamento, de ofício ou a requerimento do
Ministério Público ou do interessado. Gabarito: “B”.