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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA :

D'ARAUJO, Maria Celina. Experimentalismos na política. Conjuntura


Política. 60anos. Rio de Janeiro, p.44-51, nov. 2007.

Disponibilizado em: http://www.cpdoc.fgv.br


anos

Experimentalismos
na política
Maria Celina D’Araujo
Doutora em Ciência Política, pesquisadora do Cpdoc/FGV

E m 1947, quando esta revista veio a


público, o presidente da República era
o general Eurico Gaspar Dutra, eleito pela
via direta em dezembro de 1945. O general,
candidato pela coligação do Partido Social
Democrático (PSD) com o Partido Traba-
lhista Brasileiro (PTB), havia sido o ministro
da Guerra durante o Estado Novo (1937-
1945) e participara da deposição de Vargas
em 1945. Todavia, acabou apoiado por ele,
apoio que ficou marcado pelo slogan: “Ele
disse, vote em Dutra”. Para petebistas próxi-
mos a Getúlio Vargas, apoiar o general era o
mesmo que “tomar um purgante”, mas era
necessário impedir a vitória da coalizão niti-
damente antigetulista, a União Democrática
Nacional (UDN), que apoiava outro militar,
o brigadeiro Eduardo Gomes.
De 1945 até 1964, foram quatro eleições
presidenciais e em todas houve candidatos
militares com grande expressão política. O
último foi o general Teixeira Lott que perdeu
para Jânio Quadros. Depois vieram 21 anos
de governos militares quando as eleições
para presidente foram realizadas pela via
indireta. Todos os escolhidos eram generais
do Exército. Ao todo, foram cinco os gene-
rais eleitos. Nas cinco eleições para a pre-
sidência realizadas desde o fim da ditadura
Arquivo CPDOC/FGV (1989, 1994, 1998, 2002 e 2006) nenhum
Um ano antes do golpe, Jango e os generais Amaury Kruel, Albino Silva, Jair Dantas, Castello Branco e Pery Bevilacqua (de costas) candidato era oriundo dos quartéis.
Aparecem adesivos com

Anunciada a construção
ções do caso Watergate.
Presos “grampeadores”

da usina hidrelétrica de

Geisel é o candidato da
refinaria de petróleo do

PIB de 11,9% e inflação


Brasil, em Paulínia (SP),

Nixon é reeleito presi-

Começam no Senado
dizeres “Brasil: ame-o
de Desenvolvimento.

dos EUA as investiga-


do comitê do Partido
pelos presidentes da

Arena à presidência.
República, Médici, e

fício Watergate, em
Inaugurada a maior

Democrata no edi-

o I Plano Nacional

dente dos EUA.


o da Petrobrás,
Ernesto Geisel.

Washington.

1973
ou deixe-o”.

de 15,7%.
Lançado

Itaipu.

Nov embro de 20 07 CONJU NTUR A ECONÔMICA 44


Em 1947 o país vivia sob um sistema período, mas dentro de um sistema social
multipartidário, extinto em 1965, retomado ainda dominado pelas castas, e a China
arbitrariamente em 1979 e alterado por lei sob a égide do Partido Comunista, partido
em 1985. Ou seja, passamos desde então único. O Brasil passou por um processo de
por quatro sistemas partidários: migramos “modernização conservadora”, inovando
do pluripartidarismo limitado para o bi- sem ferir os interesses da terra e das eli-
partidarismo, depois para um multiparti- tes, construindo uma ampla sociedade de
darismo também limitado até chegarmos ao mercado com uma poderosa classe média.
generoso modelo que temos hoje. Vivemos Regulou o mercado de trabalho, introdu-
neste período sob a égide de quatro cons- ziu gradativamente a seguridade social para
tituições federais: a de 1946, a de 1967, a todos, mas produziu também um déficit de
de 1969 (emenda) e a de 1988. Mudanças
legais que evidenciam instabilidade nas
instituições e na política, uma marca da
América Latina.
Em 1945 havia 7,5 milhões de eleitores;
em 1960 15,5 milhões e em 2006 136,8 mi-
lhões. Em 60 anos, passamos de 16,2% para
73,3% da população com direito a voto. Em
1945, 25% dos brasileiros estavam nas cida-
des e hoje esse percentual chega a 80%. A
esperança de vida cresceu expressivamente:
de 46 anos, em 1950, para 72,4 anos, em
2006. A taxa de fecundidade, por sua vez,
caiu de 6,2 para 2,0.
Em 1947, o país tinha 12 ministérios,
considerando os gabinetes Civil e Militar,
e hoje tem 33, um aumento significativo
nas esferas administrativas, especialmente
na área social, sinalizando as novas res-
ponsabilidades que o Estado precisou to-
mar — além de evidenciar a contínua prática
do clientelismo e do patrimonialismo.
Do ponto de vista da organização estatal,
depois da reforma “burocrática-racional”
dos anos 1930, tivemos o Decreto-Lei 200,
de 1967, e a reforma “gerencial” do Estado
dos anos 1990.
Uma revolução demográfica e social,
uma plêiade de mudanças não verificável em
nenhum outro país de nossas dimensões. A Arquivo CPDOC/FGV
Índia inovou dramaticamente nesse mesmo Na promulgação da Constituição, o presidente da República, José Sarney, e Ulisses Guimarães, presidente da Assembléia Constituinte
O general Ernesto Geisel
US$ 2,90 para US$ 11,65.
dato à eleição presiden-

distensão lenta, gradual


um boicote de petróleo
do presidente socialista
cial: Ulysses Guimarães.

países árabes decretam


O MDB lança anticandi-

Petrobrás e, eleito pelo


preço do barril salta de

PIB de 13,9% e inflação


Israel derrota as tropas

da República. Promete
aos aliados de Israel. O

deixa a presidência da
invasoras da Síria e do
Golpe militar no Chile
termina com a morte

Congresso, assume a
ascensão do general
Salvador Allende e a

Egito. Em represália,

Aberta ao tráfego a
Augusto Pinochet.

Criada a Siderbrás.

Ponte Rio-Niterói.
1974
de 15,6%.

e segura.

45 Nov embro de 20 07 CONJ U N T U R A ECONÔM ICA


anos

Militares, direitos e uma das maiores dívidas sociais do


mundo. A par disso, verificaram-se mudan-
Para efeitos de organização, vou dividir o
que vem a seguir por períodos históricos con-
eleições, ças estruturais na economia sobre as quais
não nos deteremos aqui.
vencionais. Vou começar pela República de
1946 que se encerra com o golpe de 1964.
Nesses 60 anos de política tivemos duas
partidos, juntas militares e 18 presidentes da Repú- A República liberal de 1946
blica. Apenas cinco dos 12 presidentes civis Alguns teóricos, como Samuel Hungtin-
modernização cumpriram seus mandatos: Dutra, Juscelino, ton, afirmam que sociedades que passam
Fernando Henrique, por duas vezes, e Luiz por processos muito intensos de mudança
do Estado Inácio Lula da Silva. Só um presidente eleito socioeconômica sem que tenham tradição
cumpriu seu mandato por inteiro e o entregou institucional estão sujeitas a crises políticas
e clientelismo ao mandatário seguinte, eleito, que também constantes. Nesses casos, as instituições,
completa seu termo: Fernando Henrique que por natureza, lentas, não acompanhariam
são temas o passou a si próprio e depois a Lula.
Militares, eleições, partidos, moderni-
o ritmo das transformações. Sob a Repú-
blica de 1946, a política se democratiza,
sem os quais zação do Estado e clientelismo são temas
que enunciei nos primeiros parágrafos deste
ampliam-se acessos ao poder sem que haja
tradição partidária ou mecanismos institu-
artigo e sem eles não se pode entender a po- cionais reconhecidos; surgem possibilidades
não se pode lítica brasileira nos últimos 60 anos. Deles, de protesto popular e sindical sem que os
apenas o primeiro deixou de ser problema: canais de mediação entre “massa” e governo
entender os militares estão na caserna. O curso da estejam bem definidos. Isso abriria espaços
instabilidade política e das descontinuidades não só para crises como também para prá-
a política institucionais alterou-se, sem dúvida, com ticas personalistas e populistas.
a redemocratização de 1985.
brasileira

O metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva e


o sociólogo Fernando Henrique estão entre os presidentes civis
que cumpriram seus mandatos (Agência Radiobrás)
mento do general Dale
Sai Delfim Netto, entra

energia, para reduzir a

graças ao aumento da
O general Sylvio Frota

Fusão dos estados da

de Nixon envolvido no
o novo presidente dos
A Petrobrás descobre
riza investimentos em

dependência externa,

Exército com o faleci-


monsen no Ministério

O vice Gerald Ford é


Surge o “petrodólar”,

petróleo na Bacia de

EUA com a renúncia


Brasil reata relações
volvimento que prio-

Guanabara e do Rio
torna-se ministro do
Nacional de Desen-

receita obtida pelos


nas indústrias e em
Mario Henrique Si-

Lançado o II Plano

países da OPEP.
infra-estrutura.

Campos (RJ).

com a China.
da Fazenda.

de Janeiro.
Coutinho.

Nov embro de 20 07 CONJU NTUR A ECONÔMICA 46


Embora antiga, esta é uma interpretação nos anos de 1960, defendiam “reformas na
que não pode ser descartada. A ela temos que lei ou na marra”. Mas, do lado de seus opo-
acrescentar outras: a tradição caudilhesca e sitores, também não havia heróis defendendo
militarista da política brasileira, por exem- a causa democrática dentro da normalidade
plo. A partir de 1945, com a queda da dita- constitucional. Todos os lados pregaram uma
dura de Vargas, o Brasil começa a conhecer intervenção militar como saída para a crise
aquilo que seria uma democracia de massas, política que se instalara com a posse de João
ou democracia ampliada. O voto tornou-se Goulart em 1961. Esquerda e direita pro-
obrigatório para todos os alfabetizados, curavam os quartéis, caracterizando aquilo
homens e mulheres, maiores de 18 anos. As que Castelo Branco chamou de exercício das
eleições aconteciam em todos os níveis, eram “vivandeiras”. Os militares, por sua vez, de
diretas e periódicas, até o golpe de 1964. modo próprio também atuavam na política
Novos contingentes eleitorais foram incor- e aventavam soluções para o país. O temor
porados ao processo político, em especial os de um golpe foi uma constante. De 1945 até
trabalhadores, através do PTB, um partido 1964 foram seis intervenções militares e de-
urbano. Este foi o partido que mais cresceu zenas de manifestos e pronunciamentos.
durante a República de 1946, e às vésperas A retrospectiva que se faz hoje da Re-
do golpe era o segundo partido no Congres- pública de 1946 nos leva a pensar em três
so. Cresceu com um apelo por reformas, momentos: a crise de 1954, com o suicídio
entre elas a agrária, lançando inquietação de Getúlio Vargas e “os anos dourados” de
nos setores conservadores. Surgiram líderes Juscelino, tempos em que o país respirava
como João Goulart, Miguel Arraes e Leo- tolerância política e dinamismo econômico,
nel Brizola que se tornaram conhecidos por apesar dos problemas de inflação. Finalmen-
defender as demandas reformistas. te, o governo Goulart, anos dramáticos de
Nem todos esses líderes podem ser consi- embate ideológico, de mudança nas regras
derados ícones da democracia. Alguns deles, do jogo — do presidencialismo para o par-

Milhares de pessoas foram ao velório do presidente Vargas no Palácio do Catete (CPDOC/FGV) Juscelino Kubitschek, diante de Israel Pinheiro, visita as obras de Brasília (Arquivo Nacional)
Nacional do Álcool (Pro-

nacional de informática.
álcool) para incentivar a
Tem início a construção

mercado”, para atender


produção e a utilização
Os americanos deixam

a chamada “reserva de

clear com a Alemanha.


de computadores — é

Assinado o acordo nu-


Restringidas as impor-
do álcool combustível
eleições legislativas:

PIB de 8,1% e inflação

Fundada a Microsoft.

tações, em especial a
Surge a Nuclebrás.

conquistou 72,75%

a nascente indústria
como substituto da
Criado o Programa
O MDB ganha as
caso Watergate.

1975
dos votos.

de 26,9%.

de Itaipu.

gasolina.
o Vietnã.

47 Nov embro de 20 07 CONJ U N T U R A ECONÔM ICA


anos

A relação lamentarismo —, de grandes mobilizações


sociais, sindicais e estudantis. Também anos
repressão, decretos-secretos, atos institu-
cionais, cassações, banimentos e exílios. E
de efervescência intelectual, de mudanças assim, por alguns anos o país cresceu, fez o
positiva entre comportamentais e de valores e tempos de seu “milagre” de pouca duração. O país quis
guerra fria. legitimar a idéia de que o autoritarismo era
autoritarismo benéfico para a economia, trazia paz social,
Os governos militares ordem, permitia o progresso. O saldo dos
e crescimento O golpe de 1964 veio em meio a uma crise
militar e a um processo de radicalização
21 anos mostrou que não foi bem assim. A
seguir o que a ciência política e a economia
ideológica opondo “esquerda” e “direita”, ensinam, com rigor e qualidade, a relação
econômico dicotomia típica da Guerra Fria. A política positiva entre autoritarismo e crescimento
radicalizada impedia possibilidades de econômico é falsa. Em todo mundo, a variá-
é falsa. negociação. Nos quartéis, a quebra da dis- vel política que mais explica o crescimento
ciplina de sargentos, marinheiros e fuzilei- sustentável é a democracia.
O que mais ros, na maior parte das vezes protegida por
líderes políticos ou até mesmo pelo governo,
O sistema político tutelado conviveu com
novas formas de participação e com a guer-
inquietava os chefes militares. rilha urbana e rural. Os jovens assumem
explica O golpe veio com uma missão básica: lugar inédito na história, a música passa por
alijar “os comunistas” da política, dos revoluções aqui e na Europa. O protagonis-
o crescimento sindicatos e, especialmente, dos quartéis. mo jovem ocorre pelo lado da cultura, da
Tranqüilizou os setores conservadores e li- arte, dos costumes e da política. O ano de
sustentável é berais e deu condições aos chefes militares
de repor a hierarquia na caserna. Foi um
1968 estava próximo. Os militares fizeram
sua “guerra suja”. Uma escalada de violência
movimento de autoproteção institucional inédita no país.
a democracia para as Forças Armadas. As eleições do período foram objeto de
A democracia que se expandira nos vários estudos. Neles se mostra o crescimen-
anos 1950 com a chegada de novos atores, to da oposição e a desaprovação da ditadura
como os trabalhadores rurais, e com a nas urnas. A partir de 1974 o partido de opo-
prática de um federalismo ativo, sofreu um sição, MDB, cresce incomodando o governo
retrocesso. Voltamos ao centralismo e ao que, depois de vários “casuísmos”, promove
autoritarismo. a reforma partidária de 1979, extinguindo
Durante os governos militares, ao contrá- os dois partidos existentes. Estas violências
rio do que aconteceu nos países da América institucionais que permitiam acabar com
Latina onde também ocorreram golpes, o partidos por decreto, visavam garantir a vi-
Congresso foi mantido e um calendário elei- tória da situação e impediam que o eleitor
toral assegurado. O multipartidarismo foi formasse lealdades partidárias. As repercus-
substituído por um bipartidarismo tutelado sões desses métodos são claras, hoje mais do
e as eleições diretas para presidente, gover- que nunca, quando os partidos passam por
nadores e prefeitos de capitais deixaram de uma grave crise de legitimidade.
existir. Mesmo sem liberdade de expressão O bipartidarismo tutelado e o temor das
e de opinião, o Brasil votou a cada quatro cassações tornaram o Congresso adesista
anos. Essa institucionalidade política con- e previsível. Oferecia prestígio e honra aos
viveu com o lado mais obscuro do poder: seus dirigentes, tinha poder simbólico, es-
lista Vladimir Herzog e o
onde morreram o jorna-

Rio-São Paulo, morre JK.


Governo cria conselho e

dar concessão à fabrica-


risco entre a Petrobrás e

Em acidente na rodovia
tem o primeiro compu-
operário Manoel Fiel, é

altera a legislação para


empresas estrangeiras
Firmados contratos de

o general Dilermando

A Apple Computers já

ção de computadores

BNDES anuncia plano


D’Avila Mello, coman-
PIB de 5,1% e inflação

dente Geisel. Assume


para a prospecção de

demitido pelo presi-


dante do II Exército,
O general Ednardo

de desestatização.
Gomes Monteiro.

tador pessoal.
1976
de 29,3%.
petróleo.

no Brasil.

Nov embro de 20 07 CONJU NTUR A ECONÔMICA 48


pecialmente no sentido de oferecer posições
de prestígio para a elite que se formava com
a ditadura e foi acionado para recompor a
nova elite do poder e a nova oposição. Mas
não foi só isso.
Creio que se pode ver no Congresso uma
importante chave para dois temas ainda pou-
co estudados. De um lado, como um campo
civil a favor da “linha dura”, um campo de
manifestação do autoritarismo, e quem sabe
mesmo do totalitarismo em sua vertente civil.
Isso fica mais bem explicitado nos momentos
de sucessão presidencial quando os grupos
se articulavam para favorecer candidatos
que “aprofundassem” ou “defendessem”
a “revolução”. Tornou-se quase lugar-co-
mum associar o autoritarismo aos militares
e descuidar de seu suporte civil. Em alguns
aspectos, os civis foram inspiradores de
uma ideologia autoritária que os militares
defenderam como a mais adequada para o
combate ao comunismo. O Congresso, isto é,
nossos representantes, deram aos militares os
instrumentos legais que permitiram a longa
duração do regime. Foram aliados até onde
foi possível conter a sociedade.
O Congresso foi também espaço de resis-
tência e esta faceta é mais bem conhecida,
em especial, no período da “abertura”.
Mas a dinâmica parlamentar não envolvia
apenas autoritários e democratas. Havia
tensões em todos esses espaços. Havia, por
exemplo, parlamentares que abriam mão da
instituição legislativa a favor do regime e
havia a esquerda que queria explorar dissi-
dências dentro do campo da direita mesmo
se isso ocasionasse alianças obscuras.
O Legislativo desse período precisa ser
mais estudado em suas ambigüidades. Foi
fonte de prestígio e legitimidade para o go-
verno e uma trincheira em defesa de valores
democráticos; foi espaço de disputa dentro
do próprio governo e dentro da oposição; foi No dia 1º de abril, políticos discutem os rumos do golpe militar no Congresso Nacional diante do afastamento do presidente Goulart (CPDOC/FGV)
Carter é eleito presiden-
Na China, Mao Tse-tung
— o dinheiro fica retido

gentina, morre Goulart,


o único ex-presidente a

ma: em 1973, a inflação


O Banco Mundial infor-
discussões na internet
Nos EUA, começam as
Para viajar ao exterior,

PIB de 4,9% e inflação


Em dezembro, na Ar-
brasileiro é obrigado

teria sido de 22,5% e


Termina a Guerra do

O democrata Jimmy
a fazer um depósito
prévio de Cr$ 12 mil

falecer no exílio.

Lacerda morre.
não de 15,6%.
1977
por um ano.

te dos EUA.

via e-mail.
de 38,8%.
Vietnã.

morre.

49 Nov embro de 20 07 CONJ U N T U R A ECONÔM ICA


anos

uma tribuna de liberdade para os democra- de uma instituição que tinha seus conflitos
tas. Ou seja, não foi apenas figuração. internos, quer entre as Forças — Exército,
A transição brasileira veio de forma Marinha e Aeronáutica — quer dentro
“lenta, gradual e segura”. Foi a mais longa de cada Força. Na saída, porém, nenhum
das transições dessa época. O norte central grupo poderia reivindicar bravuras ou de-
a orientá-la era não permitir cisões nas nunciar interesses escusos.
Forças Armadas. Haviam permanecido A instituição tinha que ser preservada.
coesas no poder para efeitos do “público Não seria submetida a qualquer julgamento
externo” e teriam que sair em bloco, sem e usaria o consenso acerca disso como estra-
fissuras, sem clivagens, frente à sociedade. tégia de retirada. A estratégia da transição
Era uma forma de se protegerem em bloco do governo teve a preocupação de isolar os
de possíveis processos judiciais envolvendo duros e controlar o ritmo da mudança. Isolar
a questão dos direitos humanos. Era uma os radicais de direita, alguns terroristas, que
transição que colocava como inegociável a não admitiam um retorno ao governo civil
imunidade militar. Para isso, a coesão na e democrático, e impedir, ao mesmo tempo,
saída era imprescindível. O discurso preci- que a oposição civil impusesse, via mobiliza-
sava ser monolítico. Era a retirada do poder ção social, a sua agenda de mudanças.
No governo Geisel (1975-1979), ao mes-
mo tempo em que se enquadrava os duros,
anuncia-se, em 1978, o fim das cassações e
dos banimentos, a volta do habeas corpus
e o fim do AI-5, passos importantes para
o futuro da abertura. Ao mesmo tempo, a
sociedade se mobiliza, voltam as greves ope-
rárias que tiveram como grande revelação
a emergência de um líder metalúrgico, em
São Bernardo, Luis Inácio da Silva, o Lula.
Ponto alto foi a negociação da anistia que
acontece em agosto de 1979, já no governo
Figueiredo (1979-1985). O país se pacificava
dentro de um espectro conciliatório.

A República de 1988
Desde a Constituição de 1988 o país tem
vivido em normalidade institucional embora
sob várias turbulências políticas, típicas, em
grande parte, das democracias emergentes.
Passamos a ter a maior cesta de direitos po-
líticos e sociais que o país já conheceu e têm
aumentado as discussões, estudos e políticas
voltadas para a questão social. O voto em
(Arquivo CPDOC/FGV) Lula em 2002 e 2006, refletiu, em parte, um
No comício das Diretas Já, em São Paulo, Tancredo Neves observa uma indicação de Lula, que tem à sua esquerda Ulisses Guimarães inconformismo com a injustiça social.
presas beneficiando 260
da Silva, para reivindicar
lideradas por Luiz Inácio
seis anos o mandato do

Entra o general Fernan-


Governo rompe o acor-

que divulgara relatório

e baixado o “Pacote de

eleições indiretas para

ministério do Exército.

entre sindicatos e em-


Abril”, que mantém as
do militar com os EUA

PIB de 4,9% e inflação


Fechado o Congresso

firmados 166 acordos


passa de quatro para
direitos humanos no

futuro presidente da
governadores, cria o
sobre a situação dos

Greves dos metalúr-

No ABC paulista são


Frota é demitido do
gicos em São Paulo,
“senador biônico” e

reajuste salarial.

do Bethlem.

1978
República.

de 38,8%.
país.

Nov embro de 20 07 CONJU NTUR A ECONÔMICA 50


A exemplo do que acontece em todo o se de uso banal e fez do Executivo um rolo
continente, o país melhora sua performan- compressor sobre o Legislativo — as MPs A formação
ce econômica e social, mas deixa um saldo precisam ser votadas no Congresso e tran-
questionável na área política. Depois da expe- cam a pauta. Graças a isso, na democracia da base
riência tumultuada do governo Collor (1990- brasileira o presidente da República acaba
1992), o sistema partidário vai se alinhando
de forma sui generis para um país tão elitista
fazendo a agenda do Legislativo. Os abun-
dantes estudos legislativos demonstram
parlamentar
e conservador como o nosso. O PSDB, de apa- esta fragilidade. De outro lado, a crise
rente recorte social-democrata, e o PT, a prin- de confiança da população em relação ao do governo
cípio um partido classista, transformaram-se Congresso, facilitada por condutas espú-
nos eixos norteadores da política brasileira. rias de vários parlamentares, não favorece tem sido fonte
Tornaram-se de fato os vertebradores da po- as instituições. O Congresso passa a maior
lítica brasileira que conta com mais de duas
dezenas de partidos. Para governar em meio
parte do tempo investigando seus próprios
escândalos — que não diminuem em escala
constante de
a esta fragmentação partidária, ampliou-se ou são mais visíveis.
um método já praticado na democracia de Vivemos momentos de embaralhamento denúncias de
1946: as coalizões no Congresso. institucional. O Judiciário regula a política
Como no Brasil nenhum partido con- legislativa, mas não atende à demanda por favorecimento,
segue eleger um candidato à presidência e, direitos da população. O Executivo direcio-
ao mesmo tempo, formar sozinho maioria
parlamentar, a política de alianças tornou-
na os trabalhos parlamentares, governa com
MPs, mas é incapaz de criar uma base con-
de venda
se necessária dando nome ao que se tem fiável para si no Parlamento. O Congresso
chamado de “presidencialismo de coalizão”. reage às suas mazelas, ao rolo compressor de mandatos,
Isto significa que dadas às características do Executivo, mas tem demonstrado pouca
dos sistemas eleitoral e partidário, um presi- capacidade de autocorreção. Aqui o todo de corrupção
dente, qualquer que seja sua filiação partidá- tem sido sacrificado por certas partes.
ria, só conseguirá governar negociando uma Lembremos, contudo, que partidos,
coalizão parlamentar de apoio o que implica eleições livres e Parlamento são os recursos
automaticamente na partilha dos cargos no que todos os países desenvolvidos souberam
Executivo. Este procedimento, típico das usar em seu proveito. Não são partes do pro-
democracias multipartidárias, tornou-se, blema para a democracia e a estabilidade:
contudo, parte dos nossos problemas. A são partes da solução.
formação da base parlamentar do governo No balanço geral, estes 60 anos foram
tem sido fonte constante de denúncias de de muito experimentalismo político (e
favorecimento, de venda de mandatos, de econômico) e de muitas inovações oportu-
corrupção. O que era questão de governabi- nistas por parte de nossas elites. A maior
lidade tornou-se fonte de conflito e de quase estabilidade se deu na estrutura sindical, a
paralisia no Parlamento. mesma desde 1939, que produziu um sin-
Outra característica recente são as medi- dicalismo revigorado hoje em sua vertente
das provisórias. Um instrumento pensado político-partidária. O saldo é positivo, mas
pelos legisladores de 1987/88 para dar ao há que levar em conta estes — e muitos ou-
Executivo recursos de governabilidade em tros — fatos quando se pensa em aprimorar
possíveis situações de emergência, tornou- a democracia que temos.
dos Metalúrgicos de São

Senado conseguem 13,1


presidente da República
Luís Inácio da Silva, mais

no Congresso, o general
apelido depois incorpo-
presidente do Sindicato

tivamente, 15 milhões e

Revogado o Ato Institu-


do MDB, 17,4 milhões; e
gurança nacional, entre

candidatos da Arena ao

cional nº 5 e restaurado
ao general Euler Bentes
votos contra 266 dados
mil trabalhadores. Des-

João Baptista Figueire-


Proibidas as greves em

para a Câmara, respec-


bro, nas legislativas, os
eleições indiretas para
estratégicos para a se-
conhecido como Lula,

do (Arena) recebe 355


taca-se a liderança do

PIB de 4,9% e inflação


os quais o de energia.

milhões de votos e os
Bernardo e Diadema,

setores considerados

(MDB). E em novem-

o habeas-corpus.
Em outubro, nas
rado ao nome.

14,8 milhões.

de 40,7%.

51 Nov embro de 20 07 CONJ U N T U R A ECONÔM ICA

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