Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
UBER
1 – INTRODUÇÃO
rabalho sob demanda via aplicativos é o nome utilizado para identificar
* Graduado, mestre e doutorando em Direito do Trabalho pela Faculdade de Direito da USP; mestre
em Direito Social pela Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne; pesquisador do Grupo de Pesquisa
Trabalho e Capital (GPTC) e do Núcleo de Estudos sobre Teoria e Prática da Greve no Direito Sindical
Brasileiro Contemporâneo (NETEP-Greve), ambos vinculados à Faculdade de Direito da USP.
1 VIANA, Márcio Túlio. Poder diretivo e sindicato: entre a opressão e a resistência. Caderno Jurídico.
Brasília, Escola Judicial do TRT da 10ª Região, ano IV, n. 6, nov./dez. 2005, p. 42.
com o acalorado debate entre Uber e taxistas. Eventuais críticas ao modelo Uber
que serão feitas ao longo do artigo não implicam defesa do atual modelo de
funcionamento e monopólio dos táxis. Ao contrário, as críticas visam nortear
uma possibilidade de execução da descentralização da prestação de serviços
de transporte individual de passageiros sem que isso implique desrespeito
aos princípios do direito trabalhista brasileiro. Ao assegurar às empresas sua
necessária e constitucionalmente prevista função social, os novos modelos de
transporte urbano podem representar soluções a inúmeros problemas existentes,
dentre eles o das fraudes trabalhistas cometidas pelas falsas cooperativas de
táxis. Nossa preocupação é sempre direcionada ao trabalhador, e não a eventuais
monopólios e empresas.
As críticas à Uber desenvolvidas no presente artigo tampouco repre-
sentam uma oposição à evolução tecnológica, mas, sim, à precarização das
relações dos trabalhadores diante da reorganização produtiva do capital. A
evolução tecnológica pode e deve ser implementada em benefício de toda a
coletividade e, para que isso ocorra, não pode se fundar na desvalorização do
trabalho humano. Nossa pergunta, no caso concreto, é bem delimitada: “Qual
o efeito que essa situação provoca na vida dos trabalhadores, no que se refere,
sobretudo, à eficácia de seus direitos?”2.
A Uber foi escolhida como modelo de estudo por ser o mais difundido
aplicativo de trabalho sob demanda, além de representar um paradigma em
termos de crescimento e gerenciamento de trabalhadores.
Ao contrário de outros tipos de empresas que podem deslocar sua cadeia
produtiva em busca de locais com maior capacidade de exploração do trabalho
humano – como ocorre com a descentralização fabril para os países asiáticos ou
com a descentralização de serviços de telemarketing anglófono para a Índia –,
os serviços prestados pela Uber demandam mão de obra presencial e, portanto,
vinculada ao mercado local.
Apesar de a Uber ser uma empresa sediada nos EUA e concentrar sua
estrutura básica funcionando ali, seus serviços têm capacidade de cobrir todo
o planeta. O sustentáculo operacional da Uber é seu aplicativo para celulares,
um software com possibilidade de atuar em qualquer lugar coberto por uma
rede de telecomunicação que possibilite acesso à internet. A imaterialidade
aparente da Uber leva a alguns questionamentos em relação à possibilidade de
interação entre a empresa e a legislação nacional.
2 MAIOR, Jorge Luiz Souto. Curso de direito do trabalho: a relação de emprego. São Paulo: LTr, 2008.
v. II. p. 651.
4 Parecer efetuado por Daniel Sarmento, contratado pela Uber para atestar a juridicidade das suas ati-
vidades no Brasil, intitulado Ordem Constitucional Econômica, Liberdade e Transporte Individual de
Passageiros: o ‘Caso Uber’”, p. 33. Disponível em: <http://s.conjur.com.br/dl/paracer-legalidade-uber.
pdf>. Acesso em: 10 out. 2015.
5 More than 1 million people have now worked as an Uber driver. Disponível em: <http://www.busi-
nessinsider.com/uber-hits-1-million-drivers-2015-6>. Acesso em: 19 out. 2015.
6 Os números apresentados referem-se ao mês de julho de 2015. O crescimento vertiginoso da empresa
e a falta de transparência nos dados impossibilitam a precisão atual dos dados. Aponte-se que no mês
de julho de 2015 a Uber estava presente em 311 cidades de 58 países e atualmente está em 510 cidades
de 66 países (dados veiculados em propagandas da empresa). Se em junho de 2015 a Uber contava com
3 mil trabalhadores registrados, em abril de 2016 contava com 6.700 (Handcuffed to Uber. Disponível
em: <https://techcrunch.com/2016/04/29/handcuffed-to-uber/> Acesso em: 16 set. 2016). Não há in-
formação do número de motoristas que trabalham para a Uber atualmente, mas não será uma surpresa
se o número for entre duas a quatro vezes maior do que em julho de 2015.
7 UPDATE 3 – Uber, Lyft rebuffed in bids to deem drivers independent contractors. Disponível em:
<http://www.reuters.com/article/2015/03/12/lyft-drivers-idUSL1N0WD2ME20150312>. Acesso em:
25 set. 2015.
8 Thousands of Uber drivers are suing over their employment status. Disponível em: <http://www.
vanityfair.com/news/2016/06/uber-class-action-lawsuit-new-york>. Acesso em: 25 set. 2016.
9 RODRIGUEZ, Américo Plá. Princípios de direito do trabalho. São Paulo: LTr, 1997. p. 217.
10 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. 4. ed. São Paulo: LTr, 2008. p. 185.
15 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 11. ed. São Paulo: LTr, 2012. p. 290.
19 VIANA, Marcio Túlio. Terceirização e sindicato: um enfoque para além do direito. Revista da Faculdade
de Direito da UFMG, n. 45, 2004, p. 242.
20 DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., p. 298.
21 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao direito do trabalho. 32. ed. São Paulo: LTr, 2006.
p. 105.
22 VILHENA, Paulo Emílio Ribeiro de. Relação de emprego: estrutura legal e supostos. São Paulo: LTr,
1999. p. 478.
23 Idem, p. 474.
24 DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., p. 298.
25 MAIOR, Jorge Luiz Souto. A supersubordinação – invertendo a lógica do jogo. Revista do Tribunal
Regional do Trabalho da 3ª Região, Belo Horizonte, v. 48, n. 78, jul./dez. 2008, p. 173.
26 “SUBORDINAÇÃO ESTRUTURAL + PEJOTIZAÇÃO. RECURSOS PARA ESVAZIAMENTO DE
DIREITOS DO TRABALHADOR. O fenômeno retratado nestes autos tem ocorrido com frequência no
sistema produtivo pós-industrial, qual seja o da ‘subordinação estrutural’, tendo como conceito (...) a
subordinação que se manifesta pela inserção do trabalhador na dinâmica do tomador de seus serviços,
independentemente de receber (ou não) suas ordens diretas, mas acolhendo, estruturalmente, sua dinâ-
mica de organização e funcionamento. Observa-se, pois, que os autos retratam, ainda, de forma clara
o fenômeno hodiernamente denominado de ‘pejotização’, neologismo pelo qual se define a hipótese
em que o empregador, para se furtar ao cumprimento da legislação trabalhista, obriga o trabalhador a
constituir pessoa jurídica, dando roupagem de relação interempresarial, a um típico contrato de trabalho.
Tal comportamento, por objetivar desvirtuar, impedir ou fraudar as normas trabalhistas, é nulo, nos
termos do art. 9º da CLT, importando no reconhecimento do vínculo de emprego.” (TRTSP, Recurso
Ordinário 0217900-69.2007.5.02.0039, 4ª Turma, Relª Ivani Contini Bramante, publ. 26.08.2011)
27 Andar de Uber em SP é melhor que de táxi, mas é mais caro e pode demorar. Disponível em: <http://
www1.folha.uol.com.br/tec/2014/12/1556166-andar-de-uber-em-sp-e-melhor-que-de-taxi-mas-e-mais-
caro-e-pode-demorar.shtml>. Acesso em: 20 set. 2015.
28 Políticas e regras. Disponível em: <http://parceirosbr.com/politicas-e-regras/>. Acesso em: 25 set.
2016.
29 “Como o pagamento é automatizado, é preciso cadastrar um cartão de crédito, no qual serão cobradas
todas as viagens. Isso significa que o usuário nunca precisará tratar de pagamento com o motorista, o
que garante segurança e comodidade. Ao abrir o aplicativo, o sistema identificará o carro mais próxi-
mo do usuário, informando o tempo estimado de chegada até o local onde a pessoa está. O aplicativo
informa ainda o valor estimado da tarifa até o local de destino. Ao final de cada viagem, o usuário
recebe um comprovante com o valor detalhado da tarifa e o roteiro da viagem.” (Conforme entrevista
com Guilherme Telles, executivo da Uber no Brasil. Disponível em: <http://www.psafe.com/blog/
entrevista-guilherme-telles-executivo-uber-no-brasil/>. Acesso em: 9 set. 2015)
30 “Além disso, passageiros e motoristas parceiros avaliam uns aos outros e podem comentar sobre sua
experiência com o serviço no final de cada viagem. Revisamos regularmente esse feedback e, por meio
deste processo, somos capazes de criar e manter um ambiente seguro para ambos. Somente motoristas
que mantêm notas altas permanecem na plataforma.” (Conforme entrevista com Guilherme Telles,
executivo da Uber no Brasil. Disponível em: <http://www.psafe.com/blog/entrevista-guilherme-telles-
executivo-uber-no-brasil/>. Acesso em: 9 set. 2015)
31 Uber banca multa e mantém motorista clandestino tranquilo em São Paulo. Disponível em: <http://
www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/10/1692631-uber-banca-multa-e-mantem-motorista-clandesti-
no-tranquilo-em-sao-paulo.shtml>. Acesso em: 17 out. 2015.
32 VIANA, Márcio Túlio. Poder diretivo e sindicato: entre a opressão e a resistência. Caderno Jurídico,
Brasília, Escola Judicial do TRT da 10ª Região, ano IV, n. 6, nov./dez. 2005, p. 18.
33 PUJOLAR, Olivier. Poder de dirección del empresario y nuevas formas de organización y gestión del
trabajo. In: RODRÍGUEZ, Ricardo Escudero. El poder de dirección del empresário: nuevas perspec-
tivas. Madrid: La Ley, 2005. p. 141-142.
34 Legal troubles – including 173 lawsuits in the US – threaten Uber’s global push. Disponível em: <http://
www.businessinsider.com/r-legal-troubles-market-realities-threaten-ubers-global-push-2015-10>.
Acesso em: 16 out. 2015.
35 Uber wants to hire a million more drivers then replace them all with robots. Disponível em: <http://
motherboard.vice.com/read/uber-wants-to-hire-a-million-more-drivers-then-replace-them-all-with-
robots>. Acesso em: 26 set. 2015.
36 Serão 30 mil oportunidades de trabalho criadas no Brasil até outubro de 2016. É o compromisso da
Uber. Disponível em: <http://newsroom.uber.com/sao-paulo/pt/2015/09/serao-30-mil-oportunidades-
de-trabalho-criadas-no-brasil-ate-outubro-de-2016-e-o-compromisso-da-uber/>. Acesso em: 11 out.
2015.
37 Uber anuncia que vai adicionar mais 50 mil motoristas no Brasil. Disponível em: <http://fernando-
rodrigues.blogosfera.uol.com.br/2016/02/04/uber-anuncia-que-vai-adicionar-mais-50-mil-motoristas-
no-brasil/>. Acesso em: 19 jun. 2016.
38 Quando o motorista tenta desconectar-se do aplicativo, o Uber apresenta a seguinte mensagem: “Você
tem certeza que quer desconectar? A demanda está muito alta na sua região. Ganhe mais dinheiro, não
pare agora!”. Imagem disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/vice/2015/07/1663156-os-carros-
fantasma-do-uber.shtml>. Acesso em: 22 set. 2015.
39 Atualmente, o modelo mais barato apto a prestar serviços no sistema UberBlack custa em torno de
R$ 70.000,00.
40 Políticas e regras. Disponível em: <http://parceirosbr.com/politicas-e-regras/>. Acesso em: 3 out. 2016.
41 “Quando entrei, ligava o aplicativo em casa e já tinha corrida. Trabalhava seis horas por dia e batia
minha meta. Agora, chego a ficar uma hora esperando.” (Disponível em: <http://exame.abril.com.br/
negocios/noticias/apos-taxis-uber-enfrenta-os-proprios-motoristas-no-brasil>. Acesso em: 14 set. 2016)
42 Informações colhidas no tópico Quanto dinheiro posso ganhar utilizando a Uber?. Disponível em:
<http://www.parceirossp.com/perguntas-frequentes.html>. Acesso em: 18 set. 2015.
43 VIANA, Márcio Túlio. Salário. In: BARROS, Alice Monteiro de (Coord.). Curso de direito do trabalho:
estudos em memória de Célio Goyatá. 3. ed. São Paulo: LTr, 1997. v. 2.
44 ORIHUEL, Francisco Pérez de los Cobos. La subordinación jurídica frente a la innovación tecnológica.
Relaciones Laborales: Revista Crítica de Teoría y Práctica, Madrid, La Ley, n. 1, p. 1.315-1.335, 2005,
p. 1.325.
os motoristas, o advogado da Uber comentou que “uma das razões pelas quais
achamos que isso iria criar problemas será na adequação de oferta e demanda
– garantindo que haverá motoristas suficientes quando a demanda estiver lá”48.
Verifica-se, na realidade, que muito embora a estrutura do poder de
direção apresente-se de forma fluida, o resultado de extração da mão de obra
obtido com esse controle telemático é ainda mais eficiente, demonstrando uma
rigidez em sua força coercitiva49.
A empresa desenvolveu um complexo sistema de gerenciamento de mão
de obra para evitar falta de mão de obra em determinados períodos ou locais.
O algoritmo da Uber calcula a quantidade de motoristas em determinada área
e horários em contraposição com a demanda de clientes. Esse dado influencia
diretamente nos valores das tarifas cobradas pela Uber para a corrida. Assim,
trabalhar em um horário que pouca gente trabalha gera tarifas maiores que
horários normais. Trabalhar em áreas com poucos motoristas gera tarifas su-
periores àquelas regiões já saturadas de oferta.
O próprio algoritmo empresarial, por meio de uma fórmula matemática,
gerencia a mão de obra por meio de estímulos salariais, impondo aumentos
ou reduções no valor do trabalho dos motoristas, aumentando a eficiência do
serviço sem a necessidade de um controle direto de um superior hierárquico.
A Uber, em vez de propiciar um livre-mercado, cria um sistema de mercado
próprio, submisso ao seu algoritmo privado.
Assim, muito embora o motorista possa fixar sua jornada de trabalho
segundo sua conveniência, isso não implica em redução da subordinação. A
estrutura da Uber foi fixada para adotar esse sistema de gerenciamento de mão de
obra como forma de otimizar a prestação laboral e afastar a eficácia da proteção
laboral. Entretanto, a Uber não controla diretamente a jornada por opção estra-
tégica empresarial, pois o controle indireto que exerce é muito mais eficiente.
Ressalte-se também que não há como auferir semelhanças com a figura do
trabalhador externo, não sujeito ao controle de jornada, previsto no art. 62, I, da
CLT, eis que a atividade desenvolvida pelo motorista da Uber não é incompatível
com a fixação de horário de trabalho. Ao contrário, como já delimitado, a fixação
e o controle da jornada são plenamente possíveis, apenas não são interessantes
48 Despite Uber’s arguments, flexibility for employees is a company’s choice. Disponível em: <http://
recode.net/2015/08/11/despite-ubers-arguments-flexibility-for-employees-is-a-companys-choice/>.
Acesso em: 14 out. 2015.
49 BRAVO-FERRER, Miguel Rodrígues-Piñero y. Poder de dirección y derecho contractual. In: RODRÍ-
GUEZ, Ricardo Escudero. El poder de dirección del empresário: nuevas perspectivas. Madrid: La Ley,
2005. p. 5-32.
50 TST, 8ª T., RR 3392200-17.2008.5.09.0010, Rel. Min. Márcio Eurico Vitral Amaro, DEJT 13.03.2015.
51 TST, 2ª T., RR 87000-60.2008.5.03.0095, Rel. Min. Renato de Lacerda Paiva, DEJT 22.05.2015.
52 It looks like Uber is getting serious about its plan for self-driving cars. Disponível em: <http://www.
businessinsider.com/uber-is-getting-serious-about-self-driving-cars-2015-8>. Acesso em: 10 out. 2015.
53 Idem.
54 VILHENA, Paulo Emílio Ribeiro de. Relação de emprego: estrutura legal e supostos. São Paulo: LTr,
1999. p. 463-464.
55 RAY, Jean-Emmanuel. Géolocalisation, données personelles et droit du travail. Revue de Droit Social,
Paris, n. 12, dez. 2004, p. 1.079.
56 SENNETT, Richard. A cultura do novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 2011. p. 51.
57 GORZ, André. Metamorfoses do trabalho – crítica da razão econômica. São Paulo: Annablume, 2003.
p. 165.
58 VIANA, Marcio Túlio. Terceirização e sindicato: um enfoque para além do direito. Revista da Faculdade
de Direito da UFMG, n. 45, 2004, p. 216.
este venda a sua força de trabalho ao modelo de produção capitalista”, eis que
“a economia se desenvolve à custa dos serviços dos trabalhadores”59.
O Direito do Trabalho caminha em conjunto com as novas formas de
relacionamento do homem ante a produção de bens e serviços. O trabalho
humano é instrumento inerente à transformação do mundo, e sua proteção do
trabalhador é fundamental para que a evolução tecnológica avance evitando uma
transformação prejudicial àqueles que mais impulsionam tal desenvolvimento.
A tecnologia é apenas um instrumento, e não um fim em si mesma.
Devemos garantir que esse instrumento seja uma bandeira de liberdade e não
uma nova forma de opressão. Como expôs Benkler:
“Nós estamos no meio de uma transformação tecnológica, econô-
mica e organizacional que nos permite negociar os termos de liberdade,
justiça e produtividade na sociedade da informação. Como nós vivere-
mos nesse novo ambiente irá em grande medida depender das escolhas
políticas que faremos ao longo da próxima década. Para sermos capazes
de entender essas escolhas, para sermos capazes de escolhê-las bem, nós
devemos reconhecer que elas são, fundamentalmente, uma escolha social
e política – uma escolha sobre como sermos seres humanos livres, iguais
e produtivos sob um conjunto de condições tecnológicas e econômicas.”60
A evolução tecnológica não representa uma impossibilidade de proteção
aos obreiros, mas, ao contrário, um imperativo para a aplicação do Direito
Trabalhista. A legislação trabalhista já possui inúmeros mecanismos legais e
principiológicos que permitem abranger as atuais e as futuras inovações ge-
renciais de mão de obra trazidas pelas novas tecnologias. A aplicabilidade já
existe; a aplicação depende apenas dos operadores do Direito.
6 – CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Livros e periódicos:
ANTUNES, Ricardo. Século XXI: nova era da precarização estrutural do trabalho? In: ANTU-
NES, Ricardo; BRAGA, Ruy. Infoproletários – degradação real do trabalho virtual. São Paulo:
Boitempo, 2009.
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. 4. ed. São Paulo: LTr, 2008.
BENKLER, Yochai. The wealth of networks: how social production transform markets in freedom.
New Haven: Yale University Press, 2006.
BRAVO-FERRER, Miguel Rodrígues-Piñero y. Poder de dirección y derecho contractual. In:
RODRÍGUEZ, Ricardo Escudero. El poder de dirección del empresário: nuevas perspectivas.
Madrid: La Ley, 2005.
CARBONIER, J. Sociologie juridique. Paris: Armand-Colin, 1972.
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 11. ed. São Paulo: LTr, 2012.
GORZ, André. Metamorfoses do trabalho – crítica da razão econômica. São Paulo: Annablume,
2003.
MAIOR, Jorge Luiz Souto. A supersubordinação – invertendo a lógica do jogo. Revista do Tri-
bunal Regional do Trabalho da 3ª Região, Belo Horizonte, v. 48, n. 78, jul./dez. 2008.
______. Curso de direito do trabalho – a relação de emprego. São Paulo: LTr, 2008. v. II.
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao direito do trabalho. 32. ed. São Paulo: LTr, 2006.
ORIHUEL, Francisco Pérez de los Cobos. La subordinación jurídica frente a la innovación
tecnológica. Relaciones Laborales: Revista Crítica de Teoría y Práctica, Madrid, La Ley, n. 1,
2005, p. 1.315-1.335.
PUJOLAR, Olivier. Poder de dirección del empresario y nuevas formas de organización y gestión
del trabajo. In: RODRÍGUEZ, Ricardo Escudero. El poder de dirección del empresário: nuevas
perspectivas. Madrid: La Ley, 2005.
RADÉ, Christophe. Novas tecnologias de informação e de comunicação e novas formas de
subordinação. Synthesis: Direito do Trabalho Material e Processual, São Paulo, RT, n. 36,
2003, p. 36-39.
RAY, Jean-Emmanuel. Droit du travail et TIC. Revue de Droit Social, Paris, n. 2, fev. 2007.
______. Géolocalisation, données personelles et droit du travail. Revue de Droit Social, Paris,
n. 12, dez. 2004.
RODRIGUEZ, Amércio Plá. Princípios de direito do trabalho. São Paulo: LTr, 1997.
SENNETT, Richard. A cultura do novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 2011.
VASAPOLLO, Luciano. O trabalho atípico e a precariedade. São Paulo: Expressão Popular,
2005.
VIANA, Marcio Túlio. Poder diretivo e sindicato: entre a opressão e a resistência. Caderno
Jurídico, Brasília, Escola Judicial do TRT da 10ª Região, ano IV, n. 6, nov./dez. 2005.
______. Salário. In: BARROS, Alice Monteiro de (Coord.). Curso de direito do trabalho: estudos
em memória de Célio Goyatá. 3. ed. São Paulo: LTr, 1997. v. 2.
______. Terceirização e sindicato: um enfoque para além do Direito. Revista da Faculdade de
Direito da UFMG, n. 45, 2004.
VILHENA, Paulo Emílio Ribeiro de. Relação de emprego: estrutura legal e supostos. São Paulo:
LTr, 1999.
Páginas da internet:
Andar de Uber em SP é melhor que de táxi, mas é mais caro e pode demorar. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/tec/2014/12/1556166-andar-de-uber-em-sp-e-melhor-que-de-
taxi-mas-e-mais-caro-e-pode-demorar.shtml>. Acesso em: 20 set. 2015.
Após táxis, Uber enfrenta os próprios motoristas no Brasil. Disponível em: <http://exame.abril.
com.br/negocios/noticias/apos-taxis-uber-enfrenta-os-proprios-motoristas-no-brasil>. Acesso
em: 14 set. 2016.
Como (e por que) avaliar seu motorista no app da Uber. Disponível em: <http://newsroom.
uber.com/belo-horizonte/pt/2015/03/como-e-por-que-avaliar-seu-motorista-no-app-da-uber/>.
Acesso em: 15 set. 2015.
Como posso virar um parceiro da Uber? Disponível em: <http://www.parceirossp.com/perguntas-
frequentes.html>. Acesso em: 18 set. 2015
Despite Uber’s arguments, flexibility for employees is a company’s choice. Disponível em:
<http://recode.net/2015/08/11/despite-ubers-arguments-flexibility-for-employees-is-a-companys-
choice/>. Acesso em: 14 out. 2015
Entrevista exclusiva com Guilherme Telles, executivo do UBER no Brasil, para o Blog da PSafe.
Disponível em: <http://www.psafe.com/blog/entrevista-guilherme-telles-executivo-uber-no-
brasil/>. Acesso em: 9 set. 2015
Handcuffed to Uber. Disponível em: <https://techcrunch.com/2016/04/29/handcuffed-to-uber/>.
Acesso em: 16 set. 2016
It looks like Uber is getting serious about its plan for self-driving cars. Disponível em: <http://
www.businessinsider.com/uber-is-getting-serious-about-self-driving-cars-2015-8>. Acesso em:
10 out. 2015.
Legal troubles – including 173 lawsuits in the US – threaten Uber’s global push. Disponível
em: <http://www.businessinsider.com/r-legal-troubles-market-realities-threaten-ubers-global-
push-2015-10>. Acesso em: 16 out. 2015.
Os carros-fantasma do Uber. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/vice/2015.07.63156-
os-carros-fantasma-do-uber.shtml>. Acesso em: 22 set. 2015.
Quanto dinheiro posso ganhar utilizando a Uber? Disponível em: <http://www.parceirossp.
com/perguntas-frequentes.html>. Acesso em: 18 set. 2015
SARMENTO, Daniel Sarmento. Ordem constitucional econômica, liberdade e transporte
individual de passageiros: o “caso Uber”. Disponível em: <http://s.conjur.com.br/dl/parecer-
legalidade-uber.pdf>. Acesso em: 10 out. 2015.
Serão 30 mil oportunidades de trabalho criadas no Brasil até outubro de 2016. É o compro-
misso da Uber. Disponível em: <http://newsroom.uber.com/sao-paulo/pt/2015/09/serao-30-mil-
oportunidades-de-trabalho-criadas-no-brasil-ate-outubro-de-2016-e-o-compromisso-da-uber/>.
Acesso em: 11 out. 2015.
Thousands of Uber drivers are suing over their employment status. Disponível em: <http://www.
vanityfair.com/news/2016/06/uber-class-action-lawsuit-new-york>. Acesso em: 25 set. 2016
Three numbers Travis Kalanick revealed about Uber. Disponível em: <http://www.marketwa-
tch.com/story/three-numbers-travis-kalanick-revealed-about-uber-2015-09-16?dist=afterbell>.
Acesso em: 24 set. 2015.
Uber banca multa e mantém motorista clandestino tranquilo em São Paulo. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/10/1692631-uber-banca-multa-e-mantem-
motorista-clandestino-tranquilo-em-sao-paulo.shtml>. Acesso em: 17 out. 2015.
Uber wants to hire a million more drivers then replace them all with robots. Disponível em:
<http://motherboard.vice.com/read/uber-wants-to-hire-a-million-more-drivers-then-replace-
them-all-with-robots>. Acesso em: 26 set. 2015.
UPDATE 3 – Uber, Lyft rebuffed in bids to deem drivers independent contractors. Disponível
em: <http://www.reuters.com/article/2015/03/12/lyft-drivers-idUSL1N0WD2ME20150312>.
Acesso em: 25 set. 2015.