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Comunismo X Cristianismo – Qual exige maior fé?

Muito provavelmente você já deve ter pensado em alguma utopia – algum lugar ou estado de
coisas onde tudo é perfeito, pacífico e equânime – tipo uma ilha perfeita, como retratou
Thomas More em seu livro: A Utopia. Com a passagem do Medievo para a Moderna, é sabido
que boa parte da fé deslocou-se do campo religioso e passou a focar o campo científico e
político. Em outras palavras, a fé de que a humanidade alcançaria seu ápice de igualdade,
liberdade e fraternidade saiu da esfera transcendental para a esfera da imanência, ou seja, do
divino para o aqui-e-agora [humanismo].

Quando o comunismo – utopia de viés humanista – é confrontado por algum cristão como
sendo histórica e humanamente impossível, logo os adeptos e simpatizantes desta ideologia,
devolvem para os cristãos a mesma acusação, dizendo que o cristianismo também é utópico.
Esta última acusação possui irrelevante sustentação, lógica e histórica, uma vez que as
diferenças entre cristianismo e comunismo são estabelecidas desde suas bases fundacionais,
sendo a principal delas, o conceito de natureza humana. O marxismo, ao rotular a religião
como “a ideologia”, provou do seu próprio veneno tornando-se uma das mais pujantes
ideologias de toda a história. Seu Calcanhar de Aquiles se deve justamente na idealização de
um ser humano humanamente impossível.

O comunismo e até mesmo o próprio marxismo ou socialismo científico nunca darão certo,
uma vez que, como disse Roger Scruton “desconsideram o agir humano, ao olhar o mundo
[humanidade] como uma junção de forças impessoais”1. Ao contrário do que pretendem com
seu materialismo histórico, pervertem a noção de natureza humana para firmar seus mais
loucos devaneios travestidos de justiça e igualdade.

Contudo, esta ideologia possui uma estratégica válvula de escape. Isto é, a práxis destas
tentativas utópicas por meio do socialismo é dialética por natureza. Este é o cerne da
ideologia que coopta milhares de estudantes que, achando o máximo, aderem aos seus
pressupostos. Assim, por mais que as evidências concretas da instituição do socialismo
apontem para desgraças e calamidades sem fim, seus ideólogos, numa espécie de onanismo
mental, subvertem o imbecil coletivo (parodiando Antônio Gramsci) sob o pretexto de a
ideologia se reinventar a cada momento, através da força dos contrários. Ou seja, é sempre a
reação dos outros, não os próprios socialistas, que gera desgraça e calamidade na tentativa de
instauração de regimes inevitavelmente totalitaristas. Espertinhos, não é?

É por esta e outras razões que o comunismo, enquanto utopia, jamais poderá ser equiparado
ao cristianismo. O fundamento do comunismo é imanente. Já o fundamento do cristianismo é
transcendente. O primeiro é ingenuamente otimista em relação à natureza humana. Sua
implementação sempre acaba em desgraça. O segundo é regiamente pessimista em relação à
natureza humana, tornando-se, portanto, factível através da busca espiritual incessante pela
virtude, proporcionada pela graça divina.

Sobre isso, o escritor brasileiro João Batista Libânio em seu livro: A Religião do Inicio do
Milênio, citando o saudoso padre e filósofo Lima Vaz (1921-2002), ilustrou esta questão ao

1
The Imaginative Conservative: How to Be a Non-Liberal, Anti-Socialist Conservative. Publicado em 22
de dezembro de 2012.
dizer: “[...] Lima Vaz assume forte posição crítica diante da modernidade pós-cristã na sua
pretensão de razão autônoma, de antropocentrismo absoluto, sem referência a
Transcendência”. É a “imanentização da transcendência”, qual seja, a ideia de sagrado foi
trazida para dentro e a partir do próprio humano no pretenso uso de sua “razão autônoma”.

Finalmente, a apropriação pelo ser humano de determinada ideologia ou sistema filosófico,


tem muito mais a ver com a busca por fundamentação de suas crenças e legitimação do seu
pathos (suas paixões), do que meramente busca ou amor pelo conhecimento. Tal fenômeno
indica que qualquer ser humano, passada a mais tenra infância, sempre partirá da sua crença
para a busca interessada de determinado conhecimento. Neste caso, são raríssimas as
exceções que se relacionam com o conhecimento, conscientes de que “levarão porrada” o
tempo todo em seus conceitos e preconceitos estabelecidos.

Quem conseguiu atingir tal grau de autonomia intelectual, está sempre pronto a moldar suas
formas e esquemas de pensamento. Estes, certamente, jamais removerão a sua fé em Deus
para colocá-la na humanidade ou, por redução, em si mesmo. Ao contrário disso, a utopia
comunista, requer de seus adeptos uma fé para lá de religiosa. Eric Voegelin a chamou de fé
metastática2, ou seja, a fé de que uma ordem paradisíaca se daria somente e a partir da boa
vontade humana. É a ilha perfeita de Thomas More.

2
Fés metastáticas tentam transformar radicalmente o ser, a estrutura da realidade, a si mesmas. Essas
crenças utópicas são escapistas, pois sugerem que os seres humanos podem sair do entremeio e criar
sociedades que encontraram uma maneira de eliminar a tensão da existência [...] A fé metastática é
uma das causas primárias da crise ocidental porque provê as condições para a ascensão de movimentos
ideológicos de massa como o nazismo e o comunismo (FEDERICI, 2011, p. 198).

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