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17° Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas
Panorama da Pesquisa em Artes Visuais – 19 a 23 de agosto de 2008 – Florianópolis
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Para o crítico, os EUA representam esse modelo, que ele caracteriza como a
civilização do desperdício, do efêmero, do lixo e da sucata. Daí o Pop Art
representar a nostalgia do objeto, numa sociedade em que a produção
industrial se peculiariza pela fragilidade dos objetos e rápida superação. A
apropriação do objeto industrializado e de uso cotidiano pelos artistas
representa o gesto semelhante ao de Duchamp com os ready-made, porém
segundo os parâmetros estéticos negados por este artista.
No seu livro, “Mundo em crise, homem em crise, arte em crise”, Pedrosa
analisa a complexidade da civilização moderna e resgata nesta a valorização
xi
do sentido discursivo visual, em detrimento da expressão verbal e escrita.
Retoma a noção de “aldeia global” de Mc Luhan para explicar que toda a tribo
usa dos mesmos sentidos como condição de comunicação. Assim, a arte
contemporânea, como os meios de comunicação, através de “meios ópticos,
auditivos e até (...) do olfato”, explora todos os sentidos. O crítico constata que
a arte procura abarcar esse “mundo aberto de hoje”, para acompanhar a
expansão técnico-científica e as mudanças que estão se processando sob
temor de por fim a si - mesma. xii
Outra questão, decorrente da concepção de arte vinculada à teoria da
informação, é a noção de linguagem, usual nos anos 60, oriunda em parte do
pensamento de Cassirer, filósofo das formas simbólicas e do “caráter
significativo-simbólico da Arte”. Na sua acepção, a arte como linguagem é feita
de símbolos e comunica uma significação. Entretanto, Pedrosa salienta que os
símbolos lingüísticos têm valores cognitivos e informativos precisos e se
subordinam a determinados processos conceituais, “destinados a transmitir
informações de ordem abstrato-científica ou de ordem prática”. Já os símbolos
na arte são portadores de expressão sensível. Para Cassirer, a arte “é uma
interpretação da realidade” que não se faz por meio de conceitos e de
xiii
pensamento, mas através de intuições e formas sensoriais. Pedrosa
esclarece que a natureza e as funções dos símbolos em arte são distintas da
fala discursiva ou dos fins práticos informativos, “como os sinais de iluminação
e de trânsito”. Por isso, não podem ser transmitidos de um contexto ao outro,
como conceitos e palavras. Ele conclui que esses símbolos não são
discursivos, lógicos ou propositivos e que só “servem (...) na obra em que se
apresentam”, onde funcionam por sua qualidade expressiva. xiv Para ele, “o que
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i
A partir de 1946, ele trabalha também nos jornais Estado de São Paulo e Tribuna da Imprensa.
ii
Entrevista concedida a Roberto Pontual, Jornal do Brasil, 24 abril 1980. IN: ARANTES, Otília. Mário
Pedrosa diante da arte pós-moderna. Arte em revista, 7, CEAC, agosto 1983. p. 79.
iii
PEDROSA, M. Arte e invenção. IN: Mundo, homem, arte em crise. São Paulo: Perspectiva, 1975. p. 58.
iv
PEDROSA, M. Posfácio de READ, Hebert. A arte de agora, agora. São Paulo: Perspectiva, 1972. p.
162-164 IN: ARANTES, O. Op.Cit., p 81.
v
PEDROSA, M. Pósfácio. Op. Cit., p. 162-164.
vi
PEDROSA, M. A crise do condicionamento artístico. IN: Mundo, homem, arte em crise. São Paulo:
Perspectiva, 1975. p. 89.
vii
PEDROSA, M. Mundo em crise, homem em crise, arte em crise. Op. Cit., p. 217.
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viii
PEDROSA, M. A crise do condicionamento artístico. Op. Cit., p. 162-164.
ix
PEDROSA, M. Crise do condicionamento artístico. Op. Cit., p.92.
x
PEDROSA, M. Crise do condicionamento artístico. Op. Cit., p.92.
xi
PEDROSA, M. Mundo em crise, homem em crise, arte em crise. Op. Cit., p. 215-6.
xii
PEDROSA, M. Mundo em crise, homem em crise, arte em crise. Op. Cit., p. 218-220.
xiii
PEDROSA, M. Arte, linguagem internacional. IN: Mundo, homem, arte em crise. Op. Cit., p. 54.
xiv
PEDROSA, M. Arte, linguagem internacional. Op. Cit., p. 54.
xv
PEDROSA, M. A problemática da sensibilidade I. Op. Cit., p. 14.
xvi
PEDROSA, M. Das formas significantes à lógica da expressão. Op. Cit., p. 62
xvii
PEDROSA, M. Das formas significantes à lógica da expressão. Op. Cit., p. 66.
xviii
PEDROSA, M. Quinquilharia e Pop’ Art. Op. Cit., p. 178.
xix
PEDROSA, M. Quinquilharia e Pop’Art. Op. Cit., p. 176.
xx
PEDROSA, M. Veneza: feira e política das artes. Op. Cit., p. 83, 85.
xxi
PEDROSA, M. Veneza: feira e política das artes. (1966) p. 83. Harold Rosenberg, como Pedrosa, não
aceita o Pop Art, num momento em que o expressionismo abstrato é considerado como expressão
nacional nos EUA.
xxii
PEDROSA, M. Crise ou revolução do objeto. Op. Cit., p. 159.
xxiii
DANTO, A. Após o fim da arte. A arte contemporânea e os limites da História. São Paulo: Edusp, 2006.
p. 115.
xxiv
DANTO, A. Op. Cit., p. 6 e 14.
xxv
DIDI- HUBERMAN, G. Devant le temps. Histoire de l’art et anachronisme des images. Paris: Minuit,
2000. p. 10 e 39.
xxvi
Em 1893, Warburg publica “O nascimento da Venus” e “ A Primavera” de Botticelli e formula a hipótese
relativa à sobrevivência das expressões gestuais da Antigüidade, que supõem uma espécie de memória
inconsciente. Nessas pinturas, os movimentos das figuras e das vestes são relacionados com a dança e
as vestes são percebidas como iguais das ninfas da Antigüidade. Já Francastel em “Realidade Figurativa”
identifica nessas obras os espetáculos da Renascença. DIDI-HUBERMAN, G. Preface. IN: MICHAUD, P.
Aby Warburg et l’image en mouvement. Paris: Macula, 1998. p. 10 e 17. Ver os textos relativos às duas
pinturas em WARBURG, A. Essais florentins. Paris: Klincksieck, 1990. p. 49-100. Warburg identifica no
tratamento arcaizante, ornamental, anti-naturalista e anti-mimético das obras de Botticelli que as mesmas
deveriam ser motivadas pela filosofia antiga e, sobretudo, pela poesia de Ovídeo. Com isto, conclui a
respeito da diversidade em relação às obras de Rafael e Miguel Ângelo que se fundamentam num
conhecimento mais científico, do que literário e arqueológico. Constata ainda o posicionamento anti-
moderno de Botticelli ao não adotar os pressupostos do classicismo renascentista.
Referências Bibliográficas:
ARANTES, O. Mario Pedrosa diante da arte pós-moderna. Arte em Revista 7, CEAC,
ag. 1983. p 81.
____. Mário Pedrosa: intinerário crítico. São Paulo: Cosac&Naif, 2004.
____. Mário Pedrosa. Acadêmicos e modernos. São Paulo: Edusp, 2004.
DANTO, A. Após o fim da arte. A arte contemporânea e os limites da História. São
Paulo: Edusp, 2006.
DIDI- HUBERMAN, G. Devant le temps. Histoire de l’art et anachronisme des images.
Paris: Minuit, 2000.
MICHAUD, P. Aby Warburg et l’image en mouvement. Paris: Macula, 1998.
PEDROSA, M. Mundo, homem, arte em crise. São Paulo: Perspectiva, 1975.
READ, Hebert. A arte de agora, agora. São Paulo: Perspectiva, 1972
WARBURG, A. Essais florentins. Paris: Klincksieck, 1990.
CURRÍCULO RESUMIDO:
Maria Lúcia Bastos Kern é formada pela Universidade de Paris I e EHESS; professora
titular da PUCRS e pesquisadora do CNPq. Autora do livro Arte argentina: tradição e
modernidade; coordenadora de livros e autora de capítulos: Imagem e conhecimento;
América Latina: territorialidade e práticas artísticas; As questões do sagrado na arte
contemporânea da América Latina, Artes plásticas na América Latina contemporânea,
etc.
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