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RBEn, 30 : 412-422, 1�77

A ENFERMAGEM E O CONTROLE DA INFECÇÃO CRUZADA

Tania Mara Cansian *

RBEnj08

CANSIAN, T.M. - A enfermagem e .:> controle da infecção cruzada. Rev. Bras. Enf. ;
DF, 30 : 412-422, 1977.

INTRODUÇAO É Um grave prOblema que deve pôr


em ação epidemiólogos, pessoal médico,
o conceito de infecção HOSPITALAR de enfermagem e de administração hos­
inclui todo e qualquer processo infeccioso, pitalar .
não identificado na admissão do pacien­
te que se manifeste durante sua perma­ II - Agentes Determinantes e a Popu­
nência e, em alguns casos, até mesmo lação Susceptível do Hospital
depois de sua alta do hospital.
o aparecimento da infecção é deter­
Na grande maioria dos casos, as in­
minado pela interação de agentes mór­
fecções hospitalares são provocadas por
bidos com o meio ambiente e o homem.
microorganismos de baixa virulência, en­
contratos tanto na flora bacteriana nor­ No hospital, as principais fontes de
infecção decorrem:
.1Il:l.1 do h ospedeiro, quant o no ambiente
hospitalar. - do paciente ; .,
Estas infecções são agrupadas em qua­ - visitantes;
tro categorias prinCipais: entéricas, res­ - pessoal;
piratórias, cutâneas e gerais Entre os
- equipamentos ;
agentes patogênicos encontram-se os
Pseudomonas aeruginosa e o grupo - técnicos de trabalho;

Klebsiella-Enterobacter-Serratia, que em - planta fisica.


pacientes susceptíveis causam as infec­
!;ões mais graves e podem assim aumen­ 1. PACIENTE
tar o coeficiente de mortalidade a mé­
.dia de permanência dos paCientes no Inúmeros fatores foram relacionados
hospital, conforme demonstram as pes­ com o aumento da suscetibilidade à in­
quisas. fecção:

• Aluna do Curso de Enfermagem da Universidade Católica do Paraná - Centro de


Ciências Biomédicas - Departamento de Enfermagem - Curitiba - Paraná.

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- idade ; gica, endocardite subaguda e ainda ab­


- estado de imunidade; cesso cerebral .

- tipo de doença; Na velhice, a resposta lmunitária é


- terapêutica. bem retardada. Há diminuição da aci­
dez gástrica, do reflexo da tosse e dõ
A principal fonte de contaminação
movimento ciliar das células brõnquicas,
está representada pelOS próprios pacien­
constituindo os prováveis mecanismos
tes internados ; entre estes é preciso dis­
predisponentes ao desenccadeamento de
tinguir :
infecção do trato respiratório por pseu­
- os que foram internados por cau­
domonas aeruginosas.
sas diferentes, mas que podem ser por­
tadores de uma doença infecciosa, es­
Em relação à patologia :
tando no período de incubação da mes­
ma;
- QUEIMADURAS D E 3.° GRAU - A
- portadores sãos, portadores de ger­ alteração das propriedades químicas da
mes, em particular dos colipatogênicos e pele favorece o desenvolvimento de co­
estafilococcus; lônias, a infecção local e posteriormente,
- os que foram internados com in­ a invasão do organismo.
fecção evidente ; - MIELOMA MÚLTIPLO, LINFOMAS
- os que contraíram infecção duran­ E LINFOSARCOMAS - O mecanismo de
te o período de hospitalização. susceptibilidade foi relacionado com a
diminuição da síntese de imuno-globu­
Em relação à idade : linas, com o retardamento da resposta
imunitária, com a produção de proteí­
o recém-nato, especialmente o prema­ nas anormais e com a depressão geral
turo, e o paciente geriátrico são natu­ do sistema de defesa orgânica.
ralmente susceptíveis à infecção. - DOENÇAS DO SISTEMA HEMA'l'O­
A mortalidade por infecção no recém­ POIÉTICO - A infilttação medular di­
nato é estimada em 10% no nascido a minui a eficiência dos granulócitos no
termo e em 50% no prematuro. Em sua complexo sistema de defesa orgâniCO.
grande maioria, as bactérias responsá­ - DIABETES MELITUS E INSUFI­
veis possuem baixa virulência, como c CI1:NCIA RENAL � A acidose provoca
grupo Coliforme, responsável por 70% um retardamento na mobilização dos
dos casos. leucócitos em direção ' ao foco infeccioso,

A baixa resistência no recém-nato à torna deficiente a fogacitose e falha a


infecção por gram-negativo foi relacio­ proliferação fibroblástica.
nada com a insuficiência de IgM, anti­ - HEPATOPATIAS E NEFROPATIAS
corpo que não atravessa a placenta a. CRONICAS - O sistema de defesa orgâ­
que é responsável pela opsonização e nica fica comprometido pela diminuição
fagocitose dessas bactérias. da síntese protéica e pela excreção uri­

O prematuro muitas vezes apresenta nária de proteinas.

quadro de diarréia ou infecções por Alguns métodos de diagnóstiCO ou tra­


pseudomonas e estafilococcus. Crianças tamento como a diálise peritonial, he­
com cardiopatias congênitas ou febre modiálise, cateterismo cardiaco, arterio­
reumática, que perdem a resistência às grafias, biópsia por punção, implicam
infecções visto a cronicidade da doença, em risco de infecção para o paciente.
depois de uma cirurgia cardíaca, correm Deve ser adotada uma terapêutica ade­
o risco de supuração da ferida clrúr- quada para evitar a infecção endógena

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e emprego de técnica asséptica por par­ globullnas; pode promover a.lterações


te da enfermagem para proteger da con­ cromossomiais nos leucócitos e alterar
taminação exógena. .Procurar manter proteínas já sintetizadas, modificando
estes pacientes longe do contato com suas propriedades.
outros portadores de lesões abertas. A utilização de respiradores de pressão
e relaxantes musculares em pacientes
Em relação à terapêutica : com afecções pulmonares ou do sistema
nervoso central, alteram a elastiCidade
o emprego . de certos medicamentos ou do pulmão, favorecendo a penetração de
agentes qUimioterápicos resultará num microorganismos.
descontrole celular que pode afetar a
resposta imunitária. 2 . VISITANTE
- A administração de antibióticos
com grande freqüência altera a consti­ O problema das visitas em hospital,
tuição da flora bactc:riana normal de di­ está no fato de que tanto pode ser veí­
versas áreas do corpo. A supressão de culo de um germe patológiCO para o pa­
determinados microorganismos e aumen­ ciente, quanto pode ser o contraente de

to de outros, não acarreta manifesta­ infecção por entrar num ambiente mais
ções clínicas, porém, em determinados contaminado. Assim, os visitantes devem
casos, essas alterações da flora normal ser orientados no sentido de que venham
facilitam o desenvolvimento rápido de a contribuir com as normas ditadas pe­
certos patógenos que superando as de­ los hospitais, tais como :
fesas debilitadas do indivíduo, provocam - Crianças menores de 12 anos não
uma superinfecção. devem entrar como visitantes;

O uso indiscriminado de penicilinas, - Pessoas em fase de convalescença


tetratciclinas, estre�omictnas e cloro­ são mais susceptíveis a contrair uma
fenicol, têm provado resistência a es­ infecção, portanto devem evitar de fazer
tes antibióticos, tomando-os ineficazes visitas;
quando necessários . - O número de visitantes ao paciente
Os corticóides e outros medicamentos deve ser limitado ;
imunossupressores afetam a resposta - Certas áreas como : berçário, lactá­
imunológica do paciente, retardando ou rio, terapida intensiva e Centro Cirúr­
diminuindo a intensidade e a duração do gico, não devem permitir visitantes.
ataque dos leucócitos aos microorganis­
mos fagocitados pela estabilização da 3. PESSOAL
membrana dos lisossomos ; reduzem a
proliferação de fibroblastos ; diminuem a O pessoal de trabalho deve permane­
massa de tecidos linfóides; deprimem cer em boa situação de saúde, uma vez
as funções do sistema retículo endote­ que está suj eito a transmitir infecção
lial e suprimem a formação do inter­ aos pacientes e a contaminar o ambiente
feron (substânc!a que interfere na proli­ de trabalho, bem como a contrair in­
feração dos vírus ) . fecções.
O uso de isótopos radioativos pode O responsável pela admissão do pes­
afetar a resistência orgânica do pacien­ soal deve estar consciente de que é im­
te, deprimindo a medula, reduzindo a portante a boa condição física de todos
produção de granulócitos e macrófagos ; aqueles que vão direta ou indiretamente
esta terapêutica inibe o sistema retículo­ contribuir na assistência. O controle dos
endotelial, deprime a síntese de imuno- funcionários pelo serviço médico deve

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ser periódico, a partir da admissão, e e cumpri-las com rigor. Cabe à enfer­


as imunizações realizadas sempre que se meira orientar o pessoal · sobre a impor­
fizer necessário. tância do uso correto das técnicas de
Logo que mo funcionário se apresentar trabalho e veriflcâr como estão se pro­
doente; deverá ser encaminhado ao ser­ cessando : a limpeza de pratos e talheres
viço médico. Se o quadro evidenciar uma do paciente; o transporte da roupa de
infecção tipo gripe, diarréia ou outras, cama, antes e após o uso; a técnica de
não deve trabalhar em : berçário, lactá­
limpeza usada pelos serviços de zela­
rio, manipulação de alimentos, terapia
doria.
intensiva e Centro Cirúrgico. De prefe­
rência, deverá receber moa licença para
6. PLANTA FíSICA
tratamento de saúde, pois desta forma
estará sendo usada uma medida preven­
Pode-se salientar como fonte de infec­
tiva à infecção cruzada.
ção as Unidades de Internação que não
O aparecimento de muitos casos de
correspondem às medidas estabelecidas
infecção por um mesmo microorganismo,
pelo Ministério da Saúde.
exige investigação entre o pessoal pro­
fissional e não profissional, relacionado Uma Unidade de Internação com ex­
com o cuidado dos pacientes, pois po­ cesso de leitos. dada a proximidade dos
derá existir mo portador são entre eles. mesmos, facilita a poluição do ar, o
Vale ressaltar a importância do uso contato direto de um paciente com o
adequado dos uniformes e vestuários, outro e dificulta aos membros de enfer­
evitando a disseminação de germes no magem prestar cuidados aos pacientes.
hospital.
A localização dos ambulatórios na
planta do hospital, pode ser constante
4. EQUIPAMENTO
fonte de infecção, se houver acesso de
paCientes externos nas Unidades de In­
Aparelhos espeCializados par a diag­
term:ção, Centro Cirúrgico, Obstétrico e
nóstico e tratamento dependem não
Berçário.
apenas de conhecimento técnico para
seu funcionamento, mas exigem em ge­ Elevadores em número deficiente, que
ral, técnica asséptica e/ou deSinfecção servem a pacientes, visitantes, pessoal
após o uso. de serviço, carros de alimentos e de rou"
Pode-se citar como focos e fontes de pa suj a e depósito de lixo, também con­
infecção : tendas de oxigênio, máscaras, tribuem de forma significante para as
canulas de traqueostomia, bolsas de água infecções hospitalares.
quente, aparelhos de aerosol, equipa­ Instalações sanitárias em número de­
mentos de aspiração e sucção, material ficiente e/ou localização inadequada e
de curativos, frascos de drenagem, apa­ escadas que não possibilitam um desvio
relhos de respiração artificial, instru­ da corrente aérea que corre de baixo
mental cirúrgico, etc. para cima; infiltrações de águas pro­
A limpeza, desinfecção e esterilização vindas de tubulações de esgoto nas pa­
destes aparelhos deve ser feita de modo redes acentuam os riscos de contami­
adequado. nação para o paciente.
As constantes reformas nos hospitais,
5. TÉCNICAS DE TRABALHO podem ser a causa de freqüentes supu­
rações de cirurgias, dada a presença de
Para prevenção da infecção cruzada, microorganismos patogênicos nas partí­
é n ec e ssá rio estabelecer normas técnicas culas de poeira.

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INFEcçÕES DE MAIOR A flora bacteriana das mãos é consti­


TRANSMISSmILIDADE tuída de microorganismos residentes e
transitórios. A microflora residente for­
AERóGENAS - Difteria, peste pneu­ ma a população bacteriana estável da
mõnica, pneumonia estafilocólica, pneu­ pele, sendo encontrada na camada que­
monia estreptocócica, meningite menin­ ratinizada e também no epitélio celular
gocócica, coqueluche e tuberculose pul­ e nos ductos glandulares . É composta
monar. por: Staphylococcus epidermidis, Cori­
CUTANEAS - Queimaduras extensas, nebactérium acnes e Lactobacilos sp.
infectadas por Stafilococcus aureus e Mantém-se relativamente inalterável du­
Streptococcus pyogenes (grupo A) , ecze­ rante a vida do indivíduo, podendo seI
ma vaccinatum, doença vesicular neo­ erradicada só com a destruição da pele.
natal, rubéola, varíola vacínia generali­ A microflora transitória é constituída por
zada e progreSSiva, gangrena gasosa, microorganismos que ficam na superfí­
lmpetigo, infecções cutâneas por Stafi­ cie da pele, variando seu número, pato ­
lococcus aureos e Streptococcus pyoge­
genicidade e virulência.
nes, infecções inespecificas de feridas.
Tanto o pessoal hospitalar, como o
ENTÉRICAS - Cólera, enterocolite enfermo, transfere mutuamente micro­
estafilococócica, gastroenterocolite por
organismos da flora transitória duran­
Escherichia coli enteropatogênica, hepa­
te as práticas de rotinas diárias (exame
tite, febre tifóide, salmoneloses, shige­
físico, curativos, mudanças de roupas,
loses.
banhos, etc. > .

VIAS DE TRANSMISSAO DE A maioria dos estudiosos consideram


INFEcçÕES HOSPITALARES a antissepsia das mãos um dos fatores
mais importantes no controle da infec­
Podem ser categorizadas em : ção cruzada em enfermarias. Juhlin e
Ericson introduziram muitos melhora­
1. Contato.
mentos de higiene hospitalar, mas o
2. Através de um veículo.
problema de infecção cruzada não dava
3. Ar.
sua baixa até o aparecimento de emul­
são detergente ao invés de sabão co­
1. CONTATO
mum.

Abrange três modalidades diferentes : A antissepsia das mãos requer um


agente bacteriologicamente eficiente,
- contágio direto;
inócuo à pele em repetidas e freqüen­
- contágio indireto;
tes aplicações, portanto são contra indi­
- projeção dinâmica das partículas cados os antissépticos cáusticos e aler­
através do ar. gênicos.

Contágio Direto b) Contágio Indireto

Decorre do contato pessoal de um Decorre do contato pessoal de um hos­


hospedeiro susceptível com outro, por­ pedeiro susceptível com os objetos ina­
tador assitomático oU doente. A maioria nimados, genericamente designados FO­
das infecções hospitalares é transmitida MlTES e subseqüentemente transferên­
por contágio direto, através de mãos cia do material infectado para a boca,
contaminadas. pele e mucosas lesadas ou íntegras.

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Embora uma grande variedade de ar­ ves, e mesma fatais, a devida atenção
tigos hospitalares tenha sido envolvida não tem sido dada a esse problema na
em casos de infecção, é necessário pru­ maioria dos hospitais brasileiros :
dência na interpretação da presença dr - Soluções aquosas de quaternários de
microorganismos em fômites, pois nem amônia ainda são utilizados, apesar
sempre é suficiente para caracterizá-lo da possibilidade de veicular infecções
como via de transmissão. por Pseudomomas e outros micro­
Entre os artigos hospitalares. o w­ organismos ;
trumental cirúrgico é o que oferece sem­
- Soluções alcoólicas ( tinturas) são
pre maiores riscos, principalmente aque­
mais eficientes, pois a ação germi­
les que não podem ser esterilizados pelo
cida é intensificada pelo álcool e pela
calor : caéteres, umidificadores, acessó­
cetona utilizada como solventes.
rios de anestesia e gasoterapia, e citos­
- antissépticos à base de hexaclorofeno
cópios.
em concentração inferior a 3 % , fre­
qüentemente contaminam-se com bas­
c) Transmissão pela projeção dinâ­
tonetes gram-negativos.
mica de partículas de Flugge
Apesar disso, na maioria dos hospi­
Partículas expelidas pela tosse, fala e tais, os desinfetantes e antisséptiCOS são
espirro constituem uma modalidade de escolhidos em função do preço ou de
transmissão por contato, já que impli­ critérios subjetivos por razões econômi­
cam na associação relativamente intima cas.
e constante entre duas ou mais pessoas.
A profilaxia para esse tipo de trans­ 3. TRANSMISSAO ATRAVÉS DO AR
missão depende mais lo uso correto de
máscaras do que de recursos de enge­ Ao contrário do solo e da água, o ar
nharia para o controle de aerosóis . não tem flora microbiana própria e os
microorganismos nele encontrados de­
2. TRANSMISSAO MEDIANTE correm de contaminação que se verifica
VEíCULO através de vários agentes.
Durante a respiração normal, o ar ex­
A transmissão mediante veículo ocor­ pirado é praticamente estéril e a conta­
re, quando a água, os alimentos, os me­ minação da atmosfera ambiente, conse­
dicamentos, incluindo o sangue e antis­ qüentemente nula. Todavia, durante a
sépticos, senem de meio através do qual conversação, a tosse e principalmente o
o agente infeccioso passa de seu reser­ espirro, um número variável de partí­
vatório natural para um hospedeiro sus­ culas contaminadas é expelido.
ceptível, por ingestão, inoculação ou de­ A profilaxia das infecções aerógena:::
posição sobre a pele e mucosas. envolve um conj unto de medidas: su­
ALIMENTOS - Agua, alimentos crús pressão de portadores, uso obrigatÓriO
e as formas lácteas são veículos impor­ de máscaras e esterilização do ar por
tantes das infecções adquiridas em hos­ meios físicos ou químicos.
pital, tornando necessanas rigorosas A poeira hospitalar é constituída por
medidas de higiene na cozinha e no partículas que variam entre 10 e 150
lactário. micras. Seu papel na transmissão das
GERMICIDAS CONTAMINADOS infecções hospitalares é indireto pela
Embora se saiba que as soluções de de­ contaminação de fômites. O controle
sinfetantes e antissépticos podem sofrer dessa via de transmissão implica na eli­
contaminação e acarretar infecções gra- minação de eventuais reservatórios e na

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limpeza e desinfecção diária do am­ não apenas a segregação dos portadoret"


biente. de germes, como o seu tratamento.

Importância do ar na transmissão das


CONTROLE DOS PRODUTOS QUíMICOS
infecções pós-operatórias - Geralmente
valoriza-se exageradamente a importân­ Os produtos químiCOS utilizados para
cia do ar nas infecções pós-operatórias qualquer fim devem . ser submetidos ao
e ignora-se outras causas mais impor­ controle da Comissão de Infecção, cuj a
tantes. Convém portanto afirmar que os responsabilidade é de fazer a seleção dos
surtos de infecção pós-operatória decor­ prOdutos de acordo com os résultado�
rem mais de falhas técnicas individuais dos exámes bacteriológicos, pois tem se
de assepsia da equipe cirúrgica e da g
re iStradO grande número de infecçõeE
contaminação endógena . causadas por contaminação de ' produtos.

Medidas preventivas contra infecção


NORMAS DE LIMPEZA
hospitalar - Impõe-se sejam adotadas
normas e diretrizes com a finalidade A Comissão deverá instituir normas
especifica de implantar um programa de que ditem o modo correto de proceder
medidas preventivas no sentido de pre­ a limpeza das diversas dependências do
venir a incidência das infecções e com­ hospItal e qual o tratamento adequado
bater a sua propagação quando j á ins­ para : material usado na limpeza, restos
talada. alimentares, despojos de curativos e rou­
pa usada.
COMISSAO DE INFEcçAO
TREINAMENTO DO PESSOAL
Esta comissão, de preferência, será
composta pOr: um clinico, um cirurgião, O programa de treinamento deve ser
.
um bacteriologista, uma enfermeira, um extensIvo a todos Os elementos dos di­
sanitarista, e deverá receber total apoio versos setores.
da: admmistração, mantend o contatos Outras técnicas e medidas poderão ser
diretos com o Diretor do hospital ou in­ adotadas paralelamente durante o trei­
diretamente através de órgão técnico namento do pessoal.
altamente situado na estrutura adminis­
trativa. ISOLAMENTO

CONTROLE AMBIENTAL De acordo com a melhor doutrina, não


se j ustifica impe dir a internação de um
Exames microbiológicos de rotina se­
paciente, num hospital geral, sob a ale­
rão efetuados pelo labora,tório de pato­
gação que é uma doença infecciosa;
logia clínica que ficará responsável pela
como também não se explica propor alta
realização das culturas do material co­
a um paciente Internado apenas porque
lhido em diversas áreas do hospital. De
apresenta uma Infecção hospitalar.
acordo com os resultados, esta comissão
estará em condições de recomendar à Em ambos os casos. recomenda-se se­

direção do hospital as providências que j am adotadas medidas de isolamento


se fizerem necessárias. que serão facllitadas pelas condições da
planta fisica.
CONTROLE DE PESSOAL
NOTIFICAÇAO COMPULSóRIA
Cabe à Comissão de Infecção det"'l'mi­
nar a periodiCidade de axames para c A infecção hospitalar deve constituir
pessoal hospitalar, podendo aconselhar uma ocorrência de notificação compul-

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sória dos integrantes do corpo clínico à projetar a planta física de um Centro


Comissão de Infecção. de Material.

íNDICE END:mMICO Importância da Enfermagem no con­


trole da Infecção Hospitalar - A Enfer­
Não se pode pretender a erradica�ão magem sempre coube um papel de su­
da infecção hospitalar, especialmente ma importância na proteção dos pacien­
nas unidades em que se registra maior tes contra infecções.
movimento cirúrgico, pois nenhuma fe­ Já em 1845, a atuação de Flarence
rida está livre de microorganismos. Nigthingale nos hospitais ingleses de
Scutari, na guerra da Criméia, mostrou
Para determinar o comportamento da
que a enfermagem muito pode fazer
endemia realiza-se os registros sistemá­
para baixar o índice de mortalidade en­
ticos através de inforplações que vão dar
tre pacientes hospitalizados.
o índice endêmico da infecção hospitalar,
Empregando os conhecimentos da épo­
permitindo a adoção de medidas de com­
ca sobre higiene, desinfecção e melhoria
bate ou prevenção.
das condições orgânicas de defesa dos
feridos. ela e seu grupo conseguiram que
INVESTIGAÇAO E BOLETIM
o índice de mortalidade entre os feridos
EPIDEMIOLóGICOS
hospitalizados baixasse de 40 % a 2 % .

A criação de um boletim epidemioló­ Este grupo j á n o século passado, antes


gico para circulação interna, dando no­ da era bacteriológica, mostrou que mes­

tícia a cada quinzena ou mês, dos caso." mo em condições ambientais desfavorá­


veis, as medidas básicas de enfermagem
de infecção, fornecerá os totais acumu­
têm importância vital no controle da
lados para o efeito comparativo, proce­
infecção hospitalar.
derá uma. análise sumária dos resulta­
dos e ' poderá conter uma recomendação O obstáculo que os enfermeiros ainda

vinculada ao problema da infecção. encontram em nossos meios no campo

Quando o índice endêmico for ultra­ prático, é que os outros profissionais da

passado, a Comissão de Infecção deverá equipe hospitalar dão menos importân­

considerar o fato como sinal de alarme, cia às medidas básicas de enfermagem

cuj o combate exige medidas mais enér­ nas unidades de internação do que nos

giCas e prontas do que no curso da en­ centros cirúrgicos. Entretanto, está pro­

demia. vado que feridas podem contaminar-se


llão somente durante as operações, mas
Centro de Material e a importância
também nas unidades de internação. É
no combate às infecções cruzadas - O
importante que a assepsia operatória no
Centro de Material compreende o servi­
centro cirúrgico sej a considerada um
ço dentro de um hospital que prepara,
componente num largo esquema de de­
controla e distribui equipamentos este­
fesa contra a infecção hospitalar.
rilizados e não esterilizados, a todos os
departamentos e unidades do hospital, A segurança que a enfermagem pode
para melhor cuidado e segurança dos oferecer no combate às infecções por
pacientes, Nele se deve iniciar o fZuxc germes resistentes, é assegurar a obser­
de controle das infecções para evitar a vância da higiene perfeita, da desinfec­
contaminação cruzada no ambiente hos­ ção concorrente e terminal nas unidades
pitalar. A idéia do controle de infecções dos pacientes, e uso de técnica asséptica
deve estar na mente do planej ador ao quando indicada.

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1. MEDIDAS BASICAS DE Através de treinamento, deve-se orien­


ENFERMAGEM tar os serviçais no que concerne à lim­
peza da unidade, e as possíveis conse­
1.1. Importância da higiene das mãos qüências que pode trazer uma cama não
desinfetada para o próximo paciente.
As mãos são também veículo de ger­ Sugere-se então, já que tanto perigo
mes. Não basta uma simples lavagem
traz uma má desinfecção, uma sala ou
com água e sabão comum, mas lavató­
compartimento exclusivo para este ser­
rios munidos de um depósito de bacte­
viço.
riostáticos, não irritantes, manej áveis
A limpeza deverá ser feita com um
pelos pés, j oelhos ou cotovelos.
detergente bactericida e de odor suave,
sugerido pela Comissão de Infecção, e a
1.2. Cabelos esvoaçantes
execussão desta tarefa deverá ter uma
Servem como meio de transmissão do técnica rigorosa e perfeita para evitar
Stafilococcus aureos, por isso é necessá­ contaminação e proliferação de pató­
rio o uso dos cabelos devidamente presos genos.
ou com um gorro. Em relação a obj etos de cabeceira, co­
madres, cubas, escarradeiras, bacias e
1.3. Higiene e desinfecção da unidade papagaios, após a alta deverão ser en­
de internação caminhados ao Centro de Material. Na
admissão, o paciente receberá estas pe­
A poeira visível ou invisível veicula ças empacotadas e esterilizadas.
microorganismos e dá liberação maior de
Stafilococcus aureos em ambientes hos­ 1.6. Quartos e seu cuidado adequado
pitalares.
Toda a a tenção deverá ser dispensada

1.4. Confecção e treinamento de roti­ na maneira pela qual é feita a limpeza

nas de limpeza e desinfecção : antes da recepção de um novo paciente


e controles bacteriológicos periódicos de­
Todo o hospital deverá formular roti­ verão ser realizados. Os banheiros deve­
nas de higienização não só de assoalhos, rão ser mantidos rigorosamente limpos
mas também de paredes, j anelas, portas e desinfetados, principalmente se forem
lustres, mobiliários e utensílios de todos de uso coletivo.
os componentes da unidade de interna­
ção. 1 .7 . Cadeiras de rodas, macas e suporte
de sôros
A Comissão de Infecção deverá deter­
minar o detergente bactericida e a fre­ São eqUipamentos hospitalares que de­
qüência da limpeza indicadas para aque­ vem ser lavados com detergente bacteri­
le estabelecimento e instruir devidamen­ cidas com ação residual, pelo menos uma
te a comissão de compras. vez por semana e a troca de lençol entre
um paciente e outro, bem como o con­
1.5. Limpeza e desinfecção da unidade trole bacteriológico não deverá ser es­
do paciente : quecido.

Por unidade do paciente compreende­ 1.8. Injeções-observações referentes a


mos a cama com colchão e travesseiro, sua técnica e material:
mesa de cabeceira e cadeira. A limpeza
e desinfecção geral da unidade do pa­ Antissepsia: Atualmente existe uma
�iente após a alta é imprescindível. corrente que preconiza a abolição da an-

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tissepsia na aplicação de uma inj eção. Enfermeiros na hora da admissão do


Ma� não podemos deixar de nos preocu­ paciente j á deverão observar e pesqui­
par com a limpeza rigorosa da pele e da sar a existência de sintomas que possam
antissepsia pois a localização de micro­ indicar infecção ou a existência de con­
organismos potencialmente patogênicos, tatos anteriores do paciente, dentro do
na camada descamativa e nas mais pro­ período de incubação da moléstia, como
fundas, nas proximidades das glândulas portadores de doenças transmissíveis.
sudoríparas e sebáceas, permitem à agu­ Capotes ou aventais de contágiO
2.1.
lha na sua trajetória através da pele até
- Uso individual e só usados uma vez.
as camadas mais profundas do tecido
2.2. Máscaras e luvas - Quando in­
conjuntivo ou mesmo corrente circula­
dicadas, deverão ser individuais e usadas
tória, transferir os mesmos locais onde,
uma única vez. O ideal seria o uso de
dependendo dos níveis de defesa de hos­
máscaras e luvas descartáveis.
pedeiro, poderão desencadear uma in­
fecção. E em se tratando de ambiente 2.3. Esfignomanômetro, estetoscópio
hospitalar, tem-se que se considerar : e termômetro - Quando indicados, de­
menor resistência da maioria dos pa­ verão permanecer todo o tempo no iso­
cientes ; lamento e no final, se processa a desin­
maior incidência de microorganismos fecção terminal. A solução desinfetante
resistentes. do termômetro deverá ser trocada de

Quanto a seringas, agulhas e proteto­ três em três dias e no final desprezada.

res, recomenda-se as descartáveis, pois 2.4. Lençois e roupas - Movimentos


oferecem maior segurança ao paciente e bruscos na troca de lençois e arrumação
é mais econômica em mão de obra. destes são condenados devido à movi­
mentação de aerosóis. É indicado a co­
1.9. Sondas Ureterais : locação da roupa em um saco impermea­
bilizado na área contaminada e a sua
Revela-se grande incidência de bacte­
introdução em outro na área limpa, com
riúria. A maior complicação da infecção
o devido rótulo de roupa contaminada.
urinária é a septicemia gram-negativa
que muitas vezes é fatal. As outras com­ 2.5. Louças - O ideal é a louça des­
plicações da bacteriúria são : as pielone­ cartável. Se não houver, deverá usar-se

frites agudas e crônicas que deixam o sistema dos dois sacos e enviar ao

problema le função renal, hipertensão e centro de material.

nascimentos prematuros em grávidas. 2.6. Seringas e agulhas - É absolu­


O relatório do "National Nosocomial tamente indicado o uso de materiais
Study" recomenda : descartáveis. Se não houver essa possi­
a) uso de técnica asséptica rigorosa bilidade, procede-se como no trato com
na colocação do catéter; a louça.
b) uso do tubo de conexão e recipi­ 2.7. Gases, algodões, papéis, etc. -
ente de coleta de urina esterilizados ; Usa-se o sistema dos dois sacos e en­
c) limpeza diária no ponto de inser­ caminha-se para a incineração.
ção do catéter.
2.8. Material para exame de labora­
tório - Recolhido em recipiente esteri­
2. ISOLAMENTO EM HOSPITAL
lizado, rotulado, incluindo a palavra
GERAL :
"contaminado", e que permita fecha­
É essencial no controle de infecção mento perfeito ; quando indicado, deve­
hospitalar isolar pacientes portadores rá ser usada a técnica dos dois sacos,
de infecção ou susceptíveis à mesma. sendo esses transparentes.

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CANSIAN, T.M. - A enfermagem e o controle da infecção cruzada. Rev. Bras. Enr. ;
DF, 30 : 412-422, 1977.

2.9. Prontuário - Não deverá per­ importância capital nesta arrancada


manecer no isolamento. As anotações para o combate às infecções.
deverão ser feitas em papel, a fim de Cumpre-me portanto concluir e real­
que possam ser desprezadas. çar os pontos mais importantes nesta
2 . 10 . Transporte do paciente - Só tarefa. Para que se possa combater uma
em C!l;SO · estritamente necessário e não infecção é necessário que :
puder a guardar O término do período de 1. A enfermeira profissional tenha
contágio. Um vásto conhecimento dos perigos, das

2 . ll . Quarto - Deve conter pia e causas e conseqüênCias de uma infecção

banheiro anexo. A limpeza concorrente efuzada.

deve ser feita por serviçais alertados 2. Exponha junto à administração


quanto às técnicas especiais que deverão seu interesse em contribuir para afastar
usar no isolamento. a referida infecção.

Quanto a desinfecção terminal temos: 3. Sugira uma Comissão de Infecção


e a esta se dedique fazendo pesquisas,
a) Todo material removivel, deverá
estudando as infecções mais freQÜentes
ser colocado em sacos e enviados ao
e as suas causas e evitando que as mes­
Centro de Material ;
mas se disseminem.
b) Material descartável deverá ser re­
4. Saliente a importância de todos
colhido em sacos e encaminhados à in­
contribuirem com suas técnicas, a apa­
cineração;
rência do uniforme, higiene das mãos e
c)
Tódo equipamento que não possa cabelos e auto proteção. Ao pessoal au­
ser enviado ao Centro de Material, de­ xiliar, serviçais, pessoal que lida com a
verá ser lavado em detergente germi­ coleta de material para exames, poder­
cida; se-ia ministrar aulas ou dar apostilhas
d) O chão e as paredes deverão ser COm a devida explicação.
lavados com solução detergente bacte­ 5. Criar um espírito de colaboração
ricida e em seguida pUlverizar o ar. e incentivo, pois com isso elevará o con­
ceito do nosocômio, e dará aos pacientes,
CONCLUSAO um clima de segurança e confiança.
Com todos estes aspectos e tantos ou­
É possível concluir que todos os mé­ tros que escapam-me agora, poder-se-ia
todos e técnicas abordadas, por mais partir com vontad� , para o combate às
simples e elementares que sej am, são de infecções hospitalares.

REFER:tNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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