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PROJUDI - Recurso: 0000679-37.2014.8.16.0018 RecIno 1 - Ref. mov. 64.

1 - Assinado digitalmente por Fernanda Bernert Michielin:12587


08/06/2017: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Voto do relator/designado Fernanda Bernert Michelin - 1ª Turma Recursal - DM92

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ
1ª TURMA RECURSAL - DM92 - PROJUDI
Rua Mauá, 920 - 28º Andar - Alto da Glória - Curitiba/PR - CEP: 80.030-200 - Fone:

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3017-2568

Autos nº. 0000679-37.2014.8.16.0018

Recurso: 0000679-37.2014.8.16.0018 RecIno 1


Classe Processual: Recurso Inominado
Assunto Principal: Locação de Imóvel
Recorrente(s): MARLENE BOLANHO GONÇALVES
BOLANHO PNEUS LTDA
WILSON RODRIGUES GATTO
ORLANDO BOLANHO GONÇALVES
Recorrido(s): ORLANDO BOLANHO GONÇALVES
WILSON RODRIGUES GATTO
MARLENE BOLANHO GONÇALVES
BOLANHO PNEUS LTDA
RECURSOS INOMINADOS (2). LOCAÇÃO DE IMÓVEL.
INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO. COMPLEXIDADE DA CAUSA.
AFASTADA A NECESSIDADE DE PERÍCIA. VISTORIA FINAL DO
IMÓVEL. AUSÊNCIA DE SOLICITAÇÃO DA LOCATÁRIA. DANOS
MATERIAIS COMPROVADOS. VALOR MINORADO DE ACORDO COM
MENOR ORÇAMENTO. COBRANÇA DE MULTA CONTRATUAL.
DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL. PEDIDO CONTRAPOSTO.
INDENIZAÇÃO POR BENFEITORIAS. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA
DE AUTORIZAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DE BENFEITORIAS.
SENTENÇA REFORMADA. RECURSO DA RÉ CONHECIDO E
PARCIALMENTE PROVIDO. RECURSO DA PARTE AUTORA
CONHECIDO E PROVIDO.

1. RELATÓRIO

Trata-se de ação de cobrança proposta por WILSON RODRIGUES GATTO em face de


BOLANHO PNEUS LTDA, ORLANDO BOLANHO GONÇALVES E MARLENE BOLANHO
GONÇALVES. Sustentou a parte autora que locou seu imóvel para empresa ré e, que ao fim do
contrato de locação, a ré não cumpriu com as condições contratuais de entrega do imóvel.
Informou que antes da entrega das chaves deveria haver uma vistoria em conjunto – entre
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autor e réu e que, havendo danos caberia ao locatário a escolha de fazer a reparação ou

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indenizar os valores correspondentes. Aduziu que a vistoria não foi feita em conjunto e que o
locatário, ora réu, se recusou a indenizar o locador. Requereu indenização por danos materiais.

Em peça contestatória a parte ré alegou, em síntese, que a vistoria em conjunto não aconteceu
por posição do locador, que procedeu a vistoria de modo unilateral, posteriormente. Ainda, que

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não é cabível multa contratual no presente caso, considerando que o locatário fez inúmeras
benfeitorias úteis. Requereu, em sede de pedido contraposto, os gastos efetuados pelas
benfeitorias realizadas.

Sobreveio a sentença julgando procedente o pedido da parte autora, condenando as rés ao


pagamento a título de danos materiais no valor de R$31.990,00 (trinta e um mil novecentos e
noventa reais) e, procedente o pedido contraposto, condenando a parte autora ao pagamento
no valor de R$16.243,80 (dezesseis mil duzentos e quarenta e três reais e oitenta centavos) a
título de danos materiais, determinando a compensação dos valores.

As partes apresentaram recurso, as rés alegaram a nulidade da sentença em razão do


julgamento antes da produção da prova via carta precatória. A sentença foi anulada em razão
da ausência da oitiva de testemunha por carta precatória.

Sobreveio nova sentença julgando procedente os pedidos da parte autora e pedido


contraposto, nos mesmos termos da sentença anteriormente proferida.

Inconformada, a parte autora interpôs Recurso Inominado alegando, em síntese, que a


sentença foi além do pedido, entendendo as benfeitorias como necessárias, em que pese o
próprio réu relatá-las como úteis, além da falta de autorização expressa para realização de
benfeitorias úteis. Requereu que seja julgado totalmente improcedente o pedido contraposto.

Também inconformadas com a r. decisão as rés apresentaram Recurso Inominado alegando


preliminarmente a incompetência do Juizado Especial Cível por necessidade de perícia técnica.
Asseveraram que a sentença reconheceu um crédito acima do teto da sistemática dos Juizados
Especiais. Sustentaram que incabível a multa pelo descumprimento contratual. Aduziram que a
vistoria foi realizada de forma unilateral, não podendo ser considerada.

As partes apresentaram contrarrazões.

Em síntese, é o relatório.

2. VOTO

Satisfeitos os requisitos intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade, os recursos inominados


merecem ser conhecidos.

Os Recorrentes insurgem-se contra sentença que julgou procedente os pedidos iniciais para
condenação ao pagamento de R$31.990,00 (trinta e um mil novecentos e noventa reais), bem
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como, procedente o pedido contraposto para condenação ao pagamento de R$16.243,80

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(dezesseis mil duzentos e quarenta e três reais e oitenta centavos), com compensação entre os
valores.

Preliminar – Complexidade da causa

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Em sede preliminar, sustenta o recorrente BOLANHO PNEUS a incompetência do Juizado
Especial, vez que necessário a produção de prova pericial complexa.

Contudo, o juiz é o destinatário da prova e está autorizado a dispensar a produção de


quaisquer outras provas, podendo julgar antecipadamente a lide, com base no artigo 355,
inciso I, do Código de Processo Civil.

Ademais, a alegação de que as provas apresentadas não são suficientes, ou ainda, de que
seria necessária a produção de prova pericial não prospera, já que não existe nenhuma
complexidade ou necessidade de produção de prova técnica nesta lide, aplicando se o
enunciado 13.6 da Turma Recursal do Paraná.

Enunciado N.º 13.6– Complexidade da causa: Simples afirmação da


necessidade de realizar prova complexa não afasta a competência do
Juizado Especial, mormente quando não exauridos os instrumentos de
investigação abarcados pela Lei n.º 9.099/95.
Assim, merece ser afastada a preliminar arguida.

Mérito

Inicialmente, a empresa recorrente BOLANHO PNEUS LTDA se insurge contra a vistoria final
apresentada pelo autor (mov. 1.18), ao passo que, alega que a vistoria unilateral está em
descumprimento com o acordado entre as partes.

Resta incontroverso que a vistoria final não foi realizada com a presença das partes.

Em que pese a afirmação em audiência do preposto da ré que cumpriu com sua obrigação de
solicitar a vistoria na data do pagamento do último aluguel, não consta nos autos qualquer
comprovação neste sentido.

A cláusula sexta do contrato é clara ao determinar:

CLÁUSULA SEXTA:

Parágrafo quarto: Antes de entregar as chaves do imóvel deverá a


locatária solicitar a realização da vistoria de saída junto ao locador com
antecedência mínima de 10 (dez) dias, agendando data e horário e nela
comparecer para apurar a existência ou não de danos.
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Parágrafo sétimo: Não solicitada a vistoria de saída, mas assim mesmo

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sendo entregue as chaves, comprometem-se, a locatária e os fiadores, a
aceitarem aquela que será realizada pelo locador e, constatado danos, a
indenizá-lo pelo valor correspondente ao menor dos dois orçamentos a
serem solicitados.

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Assim, ré descumpriu o contrato ao deixar o imóvel sem a realização de qualquer vistoria.

As fotos apresentadas nos autos (mov. 1.12) comprovam o estado em que o imóvel foi
restituído ao proprietário. Além da sujeira, pintura e azulejos da marca que a ré representava,
parte do piso apenas com concreto, vidro quebrado e teto estragado.

No que tange o valor dos reparos, em que pese os orçamentos apresentados pelo autor no
valor de R$ 24.490,00 (mov. 1.15) e R$ 28.500,00 (mov. 1.16), os réus apresentaram outros
dois orçamentos para realização dos mesmos serviços, no valor de R$ 8.668,76 e R$ 9.113,05
(mov. 52.17).

Assim, deve ser considerado o menor valor do orçamento, qual seja, do valor de R$ 8.668,76.

No tocante a multa rescisória, no valor de um aluguel vigente a época da infração (cláusula


décima segunda), verifica-se acertada a decisão do juízo monocrático na condenação da
empresa ré em arcar com tais valores.

Infere-se do conjunto probatório, precisamente, dos depoimentos em audiência de instrução e


julgamento que é fato incontroverso que a empresa ré, no intuito de adequar o imóvel a sua
finalidade comercial fez um buraco no piso do imóvel, para posicionar o aparelho de serviços
de alinhamento em direção de veículos.

Em audiência de instrução e julgamento fica claro, pelo depoimento do preposto da ré, que foi
retirado aproximadamente 22 metros de piso e ao sair do imóvel a ré apenas concretou o
buraco, não recolocando novamente o piso original.

Assim, mostra-se razoável a condenação da empresa ré na multa contratual prevista em


cláusula décima segunda, em razão do desrespeito a cláusula 8.5:

“Manter o imóvel locado em perfeito estado de conservação, pintura e


higiene, bem como as calçadas de frente para a rua, não modificando as
estruturas ou divisões do imóvel e nem cortando ou danificando árvores
por acaso existentes, salvo através de consentimento prévio e por escrito
do locador” grifo.
Desta forma, entendo por manter a condenação dos réus ao pagamento do valor de
R$7.500,00 (sete mil e quinhentos reais) referente à multa contratual prevista.

Portanto, a ré deve ser condenada ao pagamento do valor do menor orçamento (R$ 8.668,76),
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além da multa no valor de R$ 7.500,00, totalizando o valor de R$ 16.168,76.

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Do pedido contraposto

No tocante ao pedido contraposto, a parte autora alega que não é cabível, considerando não se
tratar de benfeitorias necessárias, apenas adequações do imóvel aos moldes da empresa

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Michelin, para que a revenda pudesse funcionar naquele ponto comercial. Ainda, que a
natureza das benfeitorias não se trata de necessária, mas sim, de benfeitoria útil.

Quanto a natureza das benfeitorias, necessário destacar que “o fato do Magistrado considerar
as benfeitorias como necessárias não constitui julgamento extra petita, porquanto cabe-lhe
fazer o enquadramento legal pertinente, resultante do brocardo jurídico “dá-me os fatos, que te
darei o direito” (da mihi factum, dabo tibi jus)”. (TJ-PR - APL: 11335321 PR 1133532-1
(Acórdão), Relator: Vilma Régia Ramos de Rezende, Data de Julgamento: 01/10/2014, 11ª
Câmara Cível, Data de Publicação: DJ: 1446 03/11/2014).

Contudo, verifica-se no caso em tela que para a realização de benfeitorias no imóvel, sejam
elas necessárias, úteis ou voluptuárias, era necessária a autorização expressa por escrito do
locador, o que não ocorreu no caso em tela:

CLÁUSULA SEXTA:

Parágrafo primeiro: A introdução de quaisquer benfeitorias no imóvel


sejam elas necessárias, úteis ou voluptuárias dependerá de prévia e
escrita autorização do locador, que não ficará obrigado a concedê-Ia,
entretanto, se com ou sem autorização do locador, forem executadas, as
mesmas ficarão incorporadas ao imóvel, sem que à locatária assista ao
direito a qualquer indenização ou retenção.

Resta claro que no momento da locação do imóvel a ré precisou realizar algumas benfeitorias
para sua atividade comercial, tais como os revestimentos cerâmicos com a marca Michelin e
pintura nas cores da marca. Contudo, tais alterações não podem ser consideradas como
benfeitorias, pois não podem ser utilizados para qualquer fim comercial, devendo o imóvel ser
restituído ao proprietário sem tais alterações.

Já as instalações elétricas, o preposto afirma em audiência que só perceberam problemas com


a rede após a locação do imóvel, precisando repará-la. Entretanto, não apresenta qualquer
autorização para realização dos supostos reparos, com aprovação de orçamento pelo
proprietário do imóvel.

Quanto ao piso, o preposto confirma que foi necessário retirar parte do piso existente para fazer
um “buraco”, que posteriormente foi tampado apenas com concreto e ferro, não sendo
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recolocado o piso, pois não foi encontrado o mesmo azulejo. Assim, ainda que o preposto da ré

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afirme que haviam alguns defeitos no piso no momento da contratação, a ausência de azulejos
em uma área não pode ser desconsiderada.

Ademais, com relação aos supostos defeitos no imóvel, não há qualquer comprovação de
notificação do proprietário neste sentido. Portanto, o pedido contraposto deve ser julgado

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totalmente improcedente.

Diante do exposto, voto no sentido de dar parcial provimento parcial ao recurso apresentado
pela ré, para fins de reduzir o valor da condenação dos danos materiais, e dar provimento ao
recurso apresentado pelo autor para fins de afastar o pedido contraposto.

Diante do êxito do recurso da parte autora, não há condenação em custas e honorários.


Restando parcialmente provido o Recurso interposto pela parte ré, condeno-a ao pagamento de
50% das custas processuais e honorários advocatícios à razão de 15% sobre o valor da
condenação, nos termos do art. 55 da Lei nº. 9.099/95.

3. DISPOSITIVO

Ante o exposto, esta 1ª Turma Recursal - DM92 resolve, por unanimidade dos votos, em
relação ao recurso de BOLANHO PNEUS LTDA, julgar pelo (a) Com Resolução do Mérito -
Provimento em parte, em relação ao recurso de MARLENE BOLANHO GONÇALVES, julgar
pelo (a) Com Resolução do Mérito - Provimento em parte, em relação ao recurso de ORLANDO
BOLANHO GONÇALVES, julgar pelo (a) Com Resolução do Mérito - Provimento em parte, em
relação ao recurso de WILSON RODRIGUES GATTO, julgar pelo (a) Com Resolução do Mérito
- Provimento, nos exatos termos do voto.
O julgamento foi presidido pelo (a) Juiz (a) Fernanda Bernert Michelin (relator), com voto, e dele
participaram os Juízes Fernando Augusto Fabrício De Melo e Daniel Tempski Ferreira Da
Costa.

Curitiba, 01 de Junho de 2017

Fernanda Bernert Michielin

Juíza Relatora

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