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São Paulo
2014
Catalogação-na-publicação
Agradeço ao Prof. Dr. Ronan e a Prof.ª Dr. Dione pelo apoio e orientação
nesse projeto.
À minha mãe, meus irmãos e minha avó que sempre acreditaram em mim e
que são partes do que eu sou hoje.
À minha namorada por tornar a minha vida mais doce.
Aos meus amigos que sempre me apoiaram.
A Deus por me guiar.
- Antônio
1 Introdução e objetivos............................................................................................ 8
2 Levantamentoe análise dos dados ...................................................................... 12
2.1 Área de estudo ................................................................................................ 12
2.1.1 Escolha da comunidade ............................................................................ 12
2.1.2 Primeira visita técnica ............................................................................... 13
2.1.3 Segundavisita técnica ............................................................................... 17
2.1.3.1 Dados levantados ............................................................................... 19
2.1.3.1.1 Determinação das coordenadas de cada ponto ........................... 19
2.1.3.1.2 Determinação das profundidades dos poços................................ 21
2.1.3.1.3 Ensaios de permeabilidade .......................................................... 22
2.1.4 População ................................................................................................. 27
2.1.4.1 Consumo de água............................................................................... 29
2.1.4.2 Geração de esgoto ............................................................................. 30
2.1.5 Outras Características de Infra Estrutura Urbana ..................................... 31
2.1.5.1 Fornecimento de energia elétrica........................................................ 31
2.1.5.2 Coleta de lixo ...................................................................................... 31
2.1.5.3 Drenagem urbana e pavimentação ..................................................... 32
2.1.5.4 Questões legais .................................................................................. 32
2.2 Tecnologias de tratamento .............................................................................. 33
2.2.1 Reatores UASB ......................................................................................... 36
2.2.2 Filtros anaeróbios ...................................................................................... 37
2.2.3 Lagoas de estabilização ............................................................................ 38
2.2.3.1 Parâmetros de projeto relevantes ....................................................... 39
2.2.3.1.1 Lagoas facultativas ....................................................................... 40
2.2.3.1.2 Lagoas anaeróbias ....................................................................... 40
2.2.3.1.3 Lagoa aerada facultativa e aeróbia .............................................. 41
2.2.4 Fossas sépticas e tratamentos complementares ...................................... 41
3 Estudo de alternativas para solução do problema ............................................... 44
3.1 Alternativa 1 - Tanque séptico e infiltração individual ...................................... 44
3.2 Alternativa 2 - Coleta e tratamento local .......................................................... 47
3.3 Alternativa 3 - Coleta e transporte de esgoto .................................................. 57
3.4 Altenativa 4 - Tratamento e lançamento do esgoto em corpo hídrico .............. 62
3.4.1 Enquadramento ......................................................................................... 63
3.4.2 Possibilidade de lançamentos ................................................................... 65
3.5 Alternativa 5 - Remoção da População ........................................................... 70
4 Análise das alternativas ....................................................................................... 72
4.1 Definição de critérios ....................................................................................... 72
4.2 Análise Técnica ............................................................................................... 72
4.3 Análise Ambiental ............................................................................................ 72
4.4 Análise Financeira ........................................................................................... 73
4.5 Escolha da Solução ......................................................................................... 74
5 Especificação da solução .................................................................................... 75
5.1 Dimensionamento ............................................................................................ 75
5.1.1 Fossa ........................................................................................................ 75
5.1.2 Filtro .......................................................................................................... 75
5.1.3 Sumidouro ................................................................................................. 76
5.1.4 Vala ........................................................................................................... 76
5.2 Orçamento ....................................................................................................... 77
6 Conclusão e recomendações .............................................................................. 82
7 Referências ......................................................................................................... 83
Anexo 1 - Legislação relevante .................................................................................... 85
Anexo 2 - Normas ........................................................................................................ 93
Anexo 3 - Dimensionamento da Fossa ...................................................................... 102
Anexo 4 - Dimensionamento do Filtro Anaeróbio ....................................................... 103
Anexo 5 - Dimensionamento do Sumidouro ............................................................... 104
Anexo 6 - Dimensionamento das Valas de Infiltração ................................................ 105
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1 INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
A ABES-SP, Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental - São
Paulo, define comunidade isolada como loteamentos ou núcleos habitacionais
localizados normalmente em áreas periféricas de cidades, ou comunidades, litorâneas
ou não, de difícil acesso, cuja interligação aos sistemas principais de água e de esgotos
do município demonstra-se economicamente inviável e necessitam de soluções
independentes desses serviços.
Assim, estas comunidades mais afastadas dos centros urbanos recebem pouco
apoio financeiro e estrutural, apesar de muitas vezes possuírem populações
suficientemente grandes para causarem impactos ambientais significativos. Como seus
habitantes não têm outra opção a não ser explorarem os recursos naturais da área,
como madeira para construção civil, os impactos acabam afetando-os diretamente. O
exemplo mais comum disso é a retirada de água de poços escavados na proximidade
de fossas negras e que são contaminados por esgoto sem tratamento, situação
presente no Bairro Jardim Emburá.
No caso do Jardim Emburá há ainda um agravante: as pessoas foram atraídas
para a região não só pela relativa proximidade do centro de Parelheiros, conforme a
Figura 1, que já é bem urbanizado, mas também devido à área de manancial que faz
parte da Área de Proteção Ambiental (APA) Capivari-Monos. Logicamente a
disponibilidade de água é um atrativo, pois de imediato já resolvem-se o destino do
esgoto e o abastecimento de água, o que eventual e inevitavelmente se torna um
problema de saúde pública, devido à contaminação das fontes de água para consumo.
O conjunto destes fatores inerentes a uma ocupação e exploração descontrolada
promovem degradação de uma região que é de preservação ambiental.
9
disponibilidade de água, porém sem tratamento adequado após o uso, acabam por
contaminar suas próprias fontes de abastecimento. Levar água tratada resolve a
questão do consumo de água imprópria, porém pode agravar a questão da
contaminação, pois a geração de esgoto acompanha o aumento no volume de água
utilizado, que decorre da melhoria na acessibilidade ao insumo. Outras soluções devem
ser pensadas.
parte do Bairro Jardim Emburá, a solução terá maior chance de se estender ao restante
do bairro, onde é menos povoado. Esta área é justamente a visitada na primeira
expedição. Nela localiza-se a cúpula da associação dos moradores e a nascente
contaminada.
Além da nascente, há também um poço de uso coletivo na área delimitada para
estudo de caso. Juntos são a principal fonte de abastecimento para boa parte da
população e nestes dois pontos executou-se levantamento de dados. Nota-se,
comparando o aspecto visual da mina na primeira com a segunda visita, uma nítida
piora na qualidade da água.
provavelmente advindas das fossas, que ficam evidentes pela coloração mais escura -
mesmo após percolação no solo - e pela proliferação de algas onde corre esta água.
(*) Obs.: diferença para o nível da rua: 1,04 m; altura da tampa do poço até o
nível do terreno: 0,58 m. A profundidade apresentada é a profundidade do poço em
relação ao nível do solo.
Ponto 3
Ponto 5
Ponto 9
Ponto 11
2.1.4 POPULAÇÃO
A população da microrregião foi estimada por meio de um cruzamento de dados
de fontes diversas.
O Plano de Manejo da APA Capivari-Monos comporta informações da região e
uma zona de um quilômetro de raio da fronteira da APA, e divide estas informações em
Unidades de Planejamento Socioeconômicas (UPS 1). A área de estudo se encontra na
UPS 1, mas esta concentra uma área muito maior que a relevante, e entre 2000 e 2008
cresceu 152%, o maior crescimento de todas as UPSs, e não há razão para usar estes
números como realidade atual ou projeção, dado que a origem de tal crescimento é
incerta. O Plano de Manejo também indica um número de habitantes por domicílio
(3,49), mas ressalva que este número origina dos dados da Unidade Básica de Saúde
local, e pode não representar a realidade devido à omissão de habitantes que não
tenham cadastro na UBS. Foi realizada uma projeção pela empresa High Tech
Consultants LTDA consultoria, que 5 pessoas por domicílio; a população verificada em
2008 foi próxima da projetada pela consultora. (Bellenzani, 2011)
Consideramos então o mapa da região de acordo com o Google Maps, cujas
imagens datam de julho de 2014 como a mais atualizada, e do arquivo em “.kmz” com
dados da malha censitária de 2010 para cada pequena divisão de microrregiões,
mostrado na Figura 11. Os dados apresentavam certa diferença entre si, e abarcavam
áreas também diferentes da área de estudo, portanto, decidiu-se usar o dado relativo
que envolve a maior área relevante com menor intersecção de áreas não relacionadas.
O resultado foi de 3,96 pessoas por domicílio; neste trabalho será adotado o valor de 4.
O passo seguinte foi contar o número de residências no mapa de 2014
(mostrado na Figura 12) e aplicar a média acima. A população em 2014, então, é
estimada em aproximadamente 1200 pessoas.
28
e assim esteja de acordo com aqueles princípios e diretrizes, é preciso ainda cumprir as
seguintes exigências:
-a área deve se adequar com o Zoneamento Ecológico / Econômico;
-devem haver implantação de sistema de coleta e tratamento de esgotos;
sistema de vias públicas sempre que possível e curvas de nível e rampas suaves com
galerias de águas pluviais;
-os lotes devem ter tamanho mínimo suficiente para o plantio de árvores em pelo
menos 20% da área do terreno; e
- o traçado das ruas e lotes devem ter inclinação inferior a 10%.
Há também de ser considerados os padrões de qualidade pertinentes na Lei
997/76 do Estado de São Paulo, que restringem os lançamentos a uma determinada
eficiência de poluentes, e contém também as restrições presentes no item 1.
Outro aspecto dos princípios adotados pela legislação que não é contemplado
por estas exigências, mas é de extrema relevância para o caso Jardim Emburá, é o
aspecto educacional. A lei pretende promover a difusão de tecnologias de manejo do
meio ambiente, à divulgação de dados e informações ambientais e à formação de uma
consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do
equilíbrio ecológico. Desta forma, prevê a conscientização pública para a preservação
do meio ambiente, através da divulgação de relatórios anuais sobre a qualidade
ambiental no Estado, da divulgação de dados e informações ambientais e da promoção
de campanhas educativas.
De acordo com o exposto acima e com relação às normas destacadas no anexo
temos que a lei referente à APA é muito restritiva, entretanto existe a possibilidade de
implantação de obras de infraestrutura visando melhorar a qualidade de vida da
comunidade residente nessas áreas.
Tabela 8 - Comparação entre opções tratamento de esgoto para pequenas comunidades - fossas
Fossa séptica + Fossa séptica + Fossa séptica +
Características
Sumidoro Valas de Infiltração filtro anaeróbio
Área necessária para implantação Pequena grande Pequena
Custo investimento por hab (*) Médio grande Médio
Custo de operação e manutenção Pequeno pequeno pequeno
Confiabilidade Média média Grande
Necessidade de mão de obra para muito eventual, não muito eventual, não muito eventual,
operação especializada especializada não especializada
Requerimento de energia para
não requer não requer não requer
operação
Produção de lodo a ser disposto Sim Sim Sim
Potencial de reaproveitamento de
Não não sim (biogás)
subprodutos
Remoção de nutriente não remove não remove não remove
Vírus Grande
Presença de
Bactérias Grande
patogênicos no (***) (***)
Protozoários pequeno
efluente
Vermes pequeno
p/ até 75 m³ p/ até 75 m³ p/ até 75 m³
Observações
esgoto/dia esgoto/dia esgoto/dia
Tabela 9 - Comparação entre opções tratamento de esgoto para pequenas comunidades - lagoas e
disposição no solo (continua)
Lagoa anaeróbia +
Lagoa facultativa Disposição de
Características facultativa (Sistema
unicelular esgoto no solo
australiano)
Área necessária para implantação Grande grande muito grande
Custo investimento por hab (*) Pequeno pequeno pequeno
Custo de operação e manutenção muito pequeno muito pequeno pequeno
Confiabilidade muito grande muito grande muito grande
Necessidade de mão de obra para eventual, não eventual, não constante não
operação especializada especializada especializada (**)
Requerimento de energia para
não requer não requer não requer (**)
operação
Tabela 9 - Comparação entre opções tratamento de esgoto para pequenas comunidades - lagoas e
disposição no solo (conclusão)
Lagoa anaeróbia +
Lagoa facultativa Disposição de
Características facultativa (Sistema
unicelular esgoto no solo
australiano)
Produção de lodo a ser disposto Não não não
Potencial de reaproveitamento de sim ( irrigação com sim ( irrigação com
sim (nutriente)
subprodutos efluente) efluente)
pode remover
Remoção de nutriente pode remover algum remove
algum
Vírus Pequeno pequeno
Presença de
Bactérias Pequeno pequeno
patogênicos no (***)
Protozoários Isento isento
efluente
Vermes Isento isento
Tabela 10 - Comparação entre opções tratamento de esgoto para pequenas comunidades - UASB,
lagoa e valos
Digestor anaeróbio Lagoa aerada +
Características Valo de oxidação
de fluxo ascendente lagoa decantada
Área necessária para implantação muito pequena pequena pequena
Custo investimento por hab (*) pequeno médio Grande
Custo de operação e manutenção pequeno médio Grande
Confiabilidade grande grande Grande
Necessidade de mão de obra para constante não constante não constante não
operação especializada especializada especializada
Requerimento de energia para
não requer requer Requer
operação
Produção de lodo a ser disposto Sim não Sim
Potencial de reaproveitamento de
sim (biogás) não Não
subprodutos
pode remover
Remoção de nutriente não remove não remove
algum
Vírus grande grande Grande
Presença de
Bactérias grande grande Grande
patogênicos no
Protozoários pequeno pequeno pequeno
efluente
Vermes pequeno pequeno pequeno
Legenda:
(*) Não inclui o custo do terreno
(**) Exceto para aspersão
(***) Não há efluente propriamente dito (Infiltração no solo)
Por fim pode-se dizer que os filtros anaeróbios apesar de ser uma tecnologia
ainda amplamente estudada e em desenvolvimento tem grande possibilidade de fazer
parte da solução para o problema do tratamento de esgoto desse trabalho.
Onde:
A = área requerida para a lagoa (ha)
L = carga de DBO total (solúvel + particulada) afluente (kgDBO5/d)
Ls = taxa de aplicação superficial (kgDBO5/ha.d)
A taxa de aplicação depende da temperatura, latitude, exposição solar, etc. Von
Sperling (2009)cita, porém, uma equação para o parâmetro dependente apenas da
temperatura média do ar no mês mais frio (T):
. 𝐿𝑠 = 350 × (1,107 − 0,002 × 𝑇)(𝑇−25) (3)
A profundidade usual de uma lagoa facultativa é de 1,5 m a 2,0 m.
Adotando T = 15°C1, Ls = 167 kgDBO5/m³d. Adotando a contribuição de
54 gDBO5/hab.d (Piveli & Kato, 2005)para a população de 1600 pessoas,
L = 86,4 kgDBO5/d, e portanto, A = 5.183 m².
1
Von Sperling, 2009, apresenta um mapa com faixas de temperatura média do mês de julho para
determinadas regiões do Brasil.
41
N = número de pessoas;
C = contribuição de despejos;
T = período de detenção;
K = taxa de acumulação de lodo digerido;
Lf = contribuição de lodo fresco.
A partir dos perfis das ruas pode-se obter qual deve ser a direção preferencial do
esgoto, e assim verificar qual o menor número de elevatórias necessárias. Na Figura
23, encontra-se esquematizado o local de cada elevatória, a direção preferencial do
esgoto e o local da ETE.
1.2 Rede coletora, diâmetro 150mm, com pavimento m 700 R$ 325,43 R$ 162.715,00
devido à ampla utilização desse método na coleta da maior parte do esgoto e como o
projeto apresenta uma característica peculiar em relação à legislação ambiental essa
alternativa não apresentaria grandes dificuldades nesse aspecto.
Principalmente para verificar a viabilidade dessa alternativa deve-se levar em
consideração a distância entre o Jardim Emburá o os locais em que possivelmente há
coleta e tratamento de esgoto assim como a diferença de cota altimétrica entre cada
ponto. Tal levantamento, como não exige um grau de precisão elevado, foi feito com o
auxílio do Google Earth.
As informações referentes à existência de rede coletora foram levantadas
através da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). Os
principais locais em que há possibilidade para enviar o esgoto coletado são: o bairro de
Vargem Grande, Cipó-Guaçu, Parelheiros e Embu-Guaçu, para tanto foi analisado a
distância entre cada local e o ponto de estudo assim como a diferença de cota entre os
mesmos. Adotou-se um ponto de referência no bairro para facilitar a análise de maneira
geral. Tal ponto trata-se de uma escola que apresenta as seguintes características:
Coordenadas:
S23˚52`50.69``
O 46˚43`54.84``
Nível altimétrico:810 m
Um ponto que deve ser levantado é referente à rede coletora em cada local,
sendo primeiramente analisado se existe rede, e se caso exista deve-se conhecer para
onde é levado o esgoto coletado, se é levado e despejado em um corpo hídrico ou se é
levado para uma ETE.
59
de cota entre o Jardim Emburá e os possíveis pontos de lançamento ser positiva, o que
facilitaria, pois parte do esgoto seria transportado por ação gravitacional, o terreno
apresenta topografia acidentada com diversos cumes e vales no trajeto. Outro fator que
prejudicial é referente à distância até o ponto mais próximo que tem uma rede, ou seja,
seria necessário no mínimo 10 km de dutos. Há também a necessidade de mais 2,5 km
de dutos para uma rede coletora de esgotos primária, conforme indica o traçado das
ruas.
Apesar dessa alternativa não destinar nenhuma parcela do esgoto diretamente
para infiltração no solo ou para um rio classe 1, o impacto ambiental que seria causado
durante a implantação da obra seria muito significativo.
Do ponto de vista técnico podemos destacar as tecnologias existentes assim
como o domínio para a implantação, desse modo destaca-se que o critério técnico não
é um problema, pois a implantação de redes coletora já é uma tecnologia atualmente
muito utilizada.
A implantação de uma obra desse porte demanda um tempo de execução
elevado, visto que é uma obra relativamente complexa e que envolve grande
movimentação de terra além de envolver uma grande quantidade de equipamentos e de
mão de obra.
Essa alternativa não envolve quantidade de manutenção e operação elevada, tal
procedimento seria necessário em casos específicos como, por exemplo, entupimentos
e acúmulo de ar na rede, dessa forma não é necessário um funcionário específico para
cuidar de manutenção e operação.
A rede de coleta do esgoto é a mesma da alternativa 2, entretanto nesse caso a
ligação entre as elevatórias é diferente, neste as elevatórias 1 e 3 destinam o esgoto
para a elevatória 2 e essa destina para uma rede coletora mais próxima.
61
1.1 Rede coletora, diâmetro 150mm, sem pavimento m 2000 R$ 188,07 R$ 376.140,00
1.2 Rede coletora, diâmetro 150mm, com pavimento m 700 R$ 325,43 R$ 227.801,00
3.4.1 ENQUADRAMENTO
O sistema Capivari-Monos e todos os seus afluentes até a barragem da SABESP
são enquadrados como corpos hídricos de Classe 1, portanto, há a necessidade de
preservação e manutenção de sua qualidade. Não há dados de monitoramento
disponíveis para este sistema de rios, e os postos de monitoramento mais próximos
são:
BITQ00100, localizado na represa Billings;
EMGU00800, localizado no Rio Embu Guaçu;
GUAR00100, localizado na represa Guarapiranga.
Devido à localização dos postos a jusante do sistema, os dados de qualidade
das águas disponíveis não se devem apenas às contribuições do sistema Capivari-
Monos, mas também a outros rios como o Taquacetuba. Os reservatórios Billings e
Guarapiranga, porém, também são enquadrados como Classe 1, tanto nos braços dos
rios Taquacetuba e Capivari (e a montante) quanto em suas outras regiões, além do rio
Embu Guaçu e todos os afluentes próximos, acarretando nas mesmas obrigações de
altos padrões de qualidade(FUSP, 2009).
64
1.1 Rede coletora, diâmetro 150mm, sem pavimento m 2000 R$ 188,07 R$ 376.140,00
1.2 Rede coletora, diâmetro 150mm, com pavimento m 700 R$ 325,43 R$ 227.801,00
Total R$ 7.457.398,13
Esta alternativa, porém, possui dificuldades extras ao atravessar corpos hídricos
de porte significativo como o Ribeirão Santa Rita, conforme ilustrado na Figura 29, o
que acarreta em um elevado risco ambiental, mais elevado especialmente em casos de
vazamento, além de uma obra de maior complexidade e custo que o descrito. Há de se
comentar também que a complexidade não reside apenas na construção, mas também
na operação da estação de tratamento que, ainda que pequena, exigirá profissionais
qualificados e dedicados à tarefa. O orçamento da ETE foi adaptado de uma proposta
da ABB para 400 pessoas(2012); os custos administrativos e de pessoal foram
considerados iguais, enquanto os custos de construção e insumos foram adaptados
para a população final.
O esquema do possível sistema é similar ao esquema da alternativa 3.
69
construcao/136/casa-popular-em-minas-gerais-casa-com-7585-m-299656-1.aspx acessada em 14 de
outubro de 2014
71
2014. O nome das empresas foi mantido devido às ressalvas feitas por algumas delas, pois as mesmas
não poderiam assegurar a validade dos valores sem maiores análises e visitas técnicas.
72
que são relativamente simples, a qualidade das águas subterrâneas é garantida pelas
restrições especificadas em norma.
Alternativa2: Nessa alternativa há dois principais danos ambientais: um é
referente à implantação da rede na rua e o outro é referente à implantação do sistema
de fossa, filtro e sumidouro para o tratamento coletivo do esgoto; esse aspecto é o mais
relevante, pois a operação e manutenção do sistema não acarreta em maiores danos
ambientais.
Alternativa 3: Nesse caso há o dano ambiental referente à implantação da rede
de coleta e transporte de esgoto e o dano referente à obra para a construção do
emissário. A construção do emissário acarreta em grande impacto ambiental, visto será
necessário desmatar uma região para a implantação da rede.
Alternativa 4: Esta alternativa implica nos mesmos impactos ambientais com a
ressalva de que a obra é mais longa e envolve a travessia de um rio, o que a torna mais
arriscada. Considerando, porém, que ela não aumenta a vazão na rede de esgoto já
estabelecida, ela mantém a vida útil da rede atual, diminui a pressão no sistema e
minimiza a viagem do esgoto bruto até uma estação de tratamento.
Alternativa 5: A alternativa mantém o ambiente original em melhor condição, mas
às custas de alto impacto social. O entulho da demolição gera o menor impacto de
todas as alternativas, mas há de se fazer a ressalva de que a magnitude final do
impacto levando em conta a reconstrução das moradias, que envolve novas obras civis
e nova solução de saneamento mudando apenas o lugar, será grande. Para a APA,
esta solução é a de melhor qualidade por envolver a reconstituição do ambiente.
As alternativas foram posicionadas na seguinte ordem:
1° - Alternativa 5
2° - Alternativa 2
3° - Alternativa 1
4° - Alternativa 4
5° - Alternativa 3
5 ESPECIFICAÇÃO DA SOLUÇÃO
A região estudada do Jardim Emburá tem como notável característica a falta de
espaço - terrenos pequenos quase integralmente ocupados pelas casas e que avançam
adentrando a mata que deveria ser preservada. A configuração da solução escolhida
que ocupa menos espaço é o sistema fossa-filtro-sumidouro, porém em locais onde o
nível máximo do aquífero não é profundo o bastante para a instalação de sumidouros, e
caso haja área livre suficiente, há a alternativa de efetuar a disposição final via valas de
infiltração.
5.1 DIMENSIONAMENTO
Analogamente aos cálculos especificados no item 3.1 e conforme as normas
citadas no item 2.2.4, calculou-se as dimensões de sistemas fossa-filtro-vala/sumidouro
para 4, 8, 12, 16 e 20 pessoas, agora com maior detalhamento.
Visando projetar fossas, filtros e sumidouros circulares, optou-se pela utilização
de tubos pré-moldados de concreto - anéis de concreto, pela praticidade e
confiabilidade. A espessura dos tubos deve estar entre 8 cm e 10 cm, de acordo com a
NBR 13969. Para as instalações aqui dimensionadas adota-se 10 cm de espessura
tanto para os anéis de concreto, perfurados ou não, quanto para os fundos, as
coberturas e as tampas de inspeção.
Serão utilizados tubos de PVC de 100 mm em toda a construção - coleta de
esgoto, entrada, saída e interligação dos dispositivos.
5.1.1 FOSSA
Considerando um tubo com 100 mm de diâmetro, o tubo afluente a 5 cm do
efluente, a = b=7,5 cm,
. 𝐻 = 𝐻𝑈 + 𝑎 + 𝑏 + 10 + 5 ⇒ 𝐻 = 𝐻𝑈 + 30 𝑐𝑚 (8)
Sendo HU a altura útil.
Cada fossa utiliza dois tês de PVC soldável e possui uma tampa de inspeção.
5.1.2 FILTRO
Da seguinte forma determina-se a altura interna do filtro:
. 𝐻 = 𝐻𝑈 + ℎ1 + ℎ2 (9)
Sendo HU a altura útil do filtro.
76
5.1.3 SUMIDOURO
A norma recomenda 30 cm de brita no fundo permeável do sumidouro.
Considerando a espessura do cano afluente 10 cm, 10 cm do joelho, mais um vão de
10 cm e uma tampa de 10 cm, soma-se 70 cm na altura útil para a obtenção da
profundidade total a ser escavada.
O fundo do sumidouro deve estar a 1,5 m acima do nível máximo do lençol
freático. Caso não seja possível atender a esta restrição, há a opção das valas de
infiltração.
5.1.4 VALA
A distância entre os centros das valas adjacentes deve ser de 2 m e a largura de
cada vala é de aproximadamente 60cm. Portanto a largura total do sistema de valas em
configuração plana e paralela é dada por,
. 𝑤 = (𝑛 − 1) ∙ 2 + 0,6 (10)
Com isto, calcula-se uma área que serve de referência para quanto espaço cada
modelo de valas exige, ou seja, para 4, 8, 12, 16 e 20 pessoas.
. 𝑆 = 𝑤 ∙ 𝑙 (11)
Onde l é o comprimento de cada vala.
Vale lembrar que esta área só é real caso opte-se por esta configuração, o que
nem sempre será possível. Por exemplo, em terrenos com muito declive, a norma
recomenda que as valas sejam construídas seguindo as linhas de cota.
77
5.2 ORÇAMENTO
Como base para montar o orçamento, foi consultado o Banco de Preços de
Obras e Serviços de Engenharia da Sabesp (2014) e o catálogo da FK Comércio
(2013). No catálogo, informava que o anel de concreto para a montagem das estruturas
sairia 30% mais caro caso fosse perfurado para a instalação da tubulação.
Importante ressalvar que um orçamento final exige um contrato que não pode ser
previsto com exatidão, pois cada caso pode ter uma dificuldade ou facilidade individual
extra, além de negociações, disponibilidade e preços padrão da empreiteira
78
TUBO PVC RÍGIDO PARA COLETOR DE ESGOTO 13,41 m 26,82 26,82 33,53 33,53 33,53
LAJE PRÉ FABRICADA EM CONCRETO PARA PISO 146,12 m² 918,10 918,10 918,10 918,10 918,10
TUBO PVC RÍGIDO PARA COLETOR DE ESGOTO 13,41 m 47,61 50,29 53,64 60,35 60,35
JOELHO 90° SOLDÁVEL PVC 77,21 un 77,21 77,21 77,21 77,21 77,21
LAJE PRÉ FABRICADA EM CONCRETO PARA PISO 146,12 m² 416,59 581,85 774,65 1377,15 1377,15
TUBO PVC RÍGIDO PARA COLETOR DE ESGOTO 13,41 m 13,41 13,41 13,41 13,41 13,41
JOELHO 90° SOLDÁVEL PVC 77,21 un 77,21 77,21 77,21 77,21 77,21
LAJE PRÉ FABRICADA EM CONCRETO 146,12 m² 516,43 1031,58 1031,58 2065,72 2065,72
TUBO PVC RÍGIDO PARA COLETOR DE ESGOTO 13,41 m 59,0 89,8 89,8 110,0 131,4
JOELHO 90° SOLDÁVEL PVC 77,21 un 77,21 77,21 77,21 77,21 77,21
Nota-se que as soluções coletivizadas possuem um ganho de escala bastante significativo. Nos poucos casos
onde houver área disponível, as valas de infiltração constituem uma alternativa econômica aos sumidouros.
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6 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
Durante o estudo de caso no Bairro Jardim Emburá notou-se como é difícil a
caracterização do cenário, principalmente quanto à obtenção de dados. Por se tratar de
uma região remota do Estado de São Paulo, onde a ocupação é feita de forma
desregrada, não há disponibilidade de informações censitárias confiáveis. Por exemplo,
o dado disponível referente à população do bairro é um registro da UBS Emburá, que
fornece apenas o número de pessoas que são atendidas. Logo a população e vários
outros dados tiveram que ser inferidos ou estimados. Já outros dados como os de
topografia, teriam de ser medidos com equipe e equipamento que não estavam à
disposição.
A solução encontrada acaba sendo uma orientação para amenizar a degradação
ambiental. Ao implementar o sistema fossa-filtro-sumidouro, deve-se verificar
características específicas do terreno, como posição relativa do poço, se houver, e nível
do lençol freático, seguindo então as orientações especificadas na descrição da
alternativa. E nem a disposição dos terrenos foi possível de se obter.
Esta solução também não contempla o problema de ser um gasto atribuído à
própria população. Ainda terá de haver um esforço para encontrar e fornecer subsídios
e financiamentos, além da tentativa de resolver o problema de maneira coletiva para
minimizar os custos da obra, tanto financeiros quanto os outros.
Fica claro que a abordagem da problemática relacionada a ocupações
irregulares, principalmente em áreas de preservação, deve ser feita também de forma
preventiva, pois uma vez instalada a situação, a remediação mostra-se complexa e
pouco eficaz.
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7 REFERÊNCIAS
ABB. (2012). Proposta de Implantação da ETE ABB - HIDROVITAE. Osasco.
ABES. (2009). Consumo de Água em Residências de Baixa Renda. São Paulo: ABES -
Associação Brasileira de Engenheiros Sanitaristas.
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01 de de Março de de 2010, disponível em Agência Brasil:
http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2011-09-11/consumo-de-agua-por-
habitante-no-brasil-e-estavel
FUSP. (2009). Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (Vol. 4/4). São Paulo:
Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo.
FUSP. (2009). Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (Vol. 2/4). São Paulo:
Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo.
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Paulo: Cetesb.
Piveli, R. P., & Kato, M. T. (2005). Qualidade das Águas e Poluição: Aspectos Físico-
Químicos. São Paulo: ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e
Ambiental.
Tsutiya, M., & Sobrinho, P. (2011). Coleta e transporte de esgoto sanitário. Rio de
Janeiro: ABES - Associação Brasileira de engenharia sanitária e ambiental.
von Sperling, M. (2009). Lagoas de Estabilização (2ª ed., Vol. 3). Belo Horizonte:
UFMG.
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ANEXO 1 - LEGISLAÇÃO RELEVANTE