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RESUMO
Entende-se por pesquisa todo processo de produção e divulgação do saber, estando por
essa razão vinculada a formação continuada. Este estudo foi realizado sob a delimitação das
metodologias bibliográficas e de análise teórica, tendo como objetivo ponderar sobre alguns
critérios a serem considerados para construção de um problema de pesquisa, visando o seu
bom desenvolvimento. A construção do problema desta pesquisa está relacionada ao
sofrimento e exclusão social e, portanto, versa sobre aspectos que compõem a subjetividade
humana decorrentes do contexto vivencial. Considera como tema de pesquisa a possibilidade
de estudar o sofrimento como motivo de manifestação de ações com tendência a superar as
dificuldades que se apresentam. Alerta para as possíveis conseqüências advindas por não se
seguir os processos relevantes para a construção adequadas durante a construção do problema
de uma pesquisa. Conclui que, a elaboração de um problema de pesquisa deve passar
necessariamente pelo crivo do método científico, pois permite ao pesquisador contribuir de
forma efetiva com o conhecimento, especialmente, quando seu objeto de estudo vincula-se a
questões subjetivas,
INTRODUÇÃO
Para Paugam (1999) a exclusão é uma “espécie de engrenagem de perdas” (p. 55),
não considera, “simplesmente, uma questão de desigualdade das condições sociais, mas de
mudanças (nas condições e na qualidade de vida) [...], que vão significando um acréscimo
progressivo de dificuldades” (ibid, p. 55). Indicando uma série de inacessibilidades que vão
tomando conta do sujeito e com estas o impedimento das suas realizações, ocasionando
acúmulo de energia e tensão, praticamente da mesma maneira como ocorre nas relações com a
organização do trabalho. Observa Paugam (1999, p. 56), que o tempo de desemprego tem
ampliado, principalmente na sociedade francesa, e como este fato tem sido um “indicador” de
“preocupação coletiva (dos franceses) [...] apontado por pesquisas [...] realizadas no fim dos
anos 80 e início dos anos 90, mostrando que um francês em cada dois, tem medo de vir a ser
excluído”. Ultimamente 57% dos franceses chegaram apresentar este medo. Estas condições
de vida exemplificam como a tendência social a viver em situação de desconforto tem
gradualmente ampliado e com isso a permanência, por mais tempo em situação de privacidade
e sofrimento. A sociedade brasileira, embora ainda não tenha dados suficientes, sobre os seus
indicativos sociais, estes parecem configurar condição social semelhante a esta de promover o
medo à exclusão, ou seja, temor, nas palavras de Freud (1980), sentimento em que o objeto
temido é identificado, neste caso provocado pelo desemprego e com ele a ameaça de ser
excluído.
Estas são as duas fontes promotoras do sentimento de sofrimento, que pretendem se
tornar um problema, capaz de ser investigado por meio da metodologia científica, um
sofrimento oriundo das relações de trabalho (variável A), conforme denomina Dejours (1994)
a incapacidade de dar vazão a tensão mental e a outra o sofrimento originário da condição de
perder o emprego e conviver com a exclusão (Variável B), conforme apresentado por Paugam
(1999). Ambas interligadas pelo sentimento de sofrimento, o qual se manifesta no trabalhador
(variável C).
Não serão consideradas, para a finalidade deste estudo, as fontes subjetivas, como as
advindas dos conflitos pessoais e nem as originárias da natureza, pois estas fogem a
possibilidade de controle e da manipulação necessária, para a realização de uma pesquisa
científica. Em outras palavras, porque estas instâncias não permitem observar as relações
entre as variáveis – sofrimento e a sua fonte –, implicando na impossibilidade da testagem
empírica, como se refere Kerlinger (1980), não correspondendo aos critérios necessários, para
tornar uma pesquisa viável.
Uma das necessidades para melhor lidar com o fenômeno do sofrimento é procurar
definir a maneira como melhor situá-lo, dentro do contexto em que vai ser analisado,
enquanto fonte de influência subjetiva, quer dizer, ele é oriundo da sociedade, no sentido
amplo ou restrito as relações de trabalho e se impõe ao sujeito, como uma realidade
construída e pronta por si mesma, decorrente de agentes que se impõem por si próprios,
componentes de um conjunto de fatores estruturantes de um fato social na linguagem de
Durkheim (1983) ou será este – sofrimento – decorrente da reação do indivíduo perante as
contingências da organização do trabalho que o afetam e sobre as quais reage na tentativa de
procurar meios de desenvolver melhores maneiras para superá-las, na forma com Weber
(1980) se refere, sobre a relação do indivíduo com a sociedade do trabalho? No entanto, no
momento, ainda não são estas as indagações mais proeminentes da problematização da
pesquisa, mas as suas respostas deverão incorrer no desenvolvimento desta.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. In: os pensadores. São Paulo. Abril
Cultural, 1983.
FREUD, Sigmund. O mal estar na civilização. Obras completas. Rio de Janeiro: Imago,
1997. v. 21.
LAMA, Dalai. Uma ética para o novo milênio. Rio de Janeiro: Sextante, 2000.
PAUGAM, Serge. Por uma sociologia da exclusão social: o debate com Serge Paugam. São
Paulo: EDUC, 1999.
SELLTIZ, Calire et al. Métodos da pesquisa nas relações sociais. São Paulo: EPU, 1974.
WEBER, Max. Textos selecionados. Os pensadores. 2. ed. São Paulo. Abril Cultural, 1980.