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Do moderno ao pós-moderno: desafios e perspectivas

Gaspare Mura, em Aquinas 46 (1998/3), pp 553-582 (Tradução livre)

1. Modernidade, Tardo-moderninade, Pós-modernidade

Com o termo Pós-modernidade entendemos a passagem do mundo moderno a um


novo modo de sentir e de pensar, que envolve principalmente o dado cultural e a
experiência religiosa.
É passagem. É um novo período na chamada periodização histórica.
Alguns autores falam de um amadurecimento e radicalização das ideias modernas,
salientando o conceito de «gosto». Assim, este novo período histórico manifesta-
se em critérios sociológicos para basear o fundamento racionalista ocidental que
enuncia a provisoriedade do conhecimento humano e a impossibilidade de
conseguir alguma teologia ou metafísica da história. Numa frase, a pós-
modernidade seria a consciência da fragmentação do conhecimento e o saber da
existência histórica do homem.

Outros autores distinguem três fases:


 Modernidade: período histórico caracterizado pelo domínio da ração
iluminista;
 Tardo-modernidade: consiste na radicalização dos termos da
modernidade;
 Pós-modernidade: caracterizada pelo tentativo de ultrapassar realmente
a modernidade e de elaborar novos caminhos sobre o saber.

Sinteticamente podemos afirmar que a pós-modernidade nem se pode caracterizar


sem o referimento à modernidade, principalmente no declínio da metafísica
ocidental.

2. Modernidade, secularização e niilismo: de Hegel a Heidegger

A cultura laica há desde sempre colocado na origem da modernidade o cogito


cartesiano e o espírito de liberdade de consciência próprio da reforma,
interpretando este período histórico como a época de realizações da liberdade,
como antíteses da época procedente dominada pelo obscurantismo eclesiástico.

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Em síntese, a modernidade seria simplesmente a época da história mesma da
liberdade.

Assim Hegel afirma que os fatos históricos que caracterizam a modernidade são os
corolários da busca da liberdade, introduzida e incentivada pela Reforma. Aqui se
produz um processo de secularização do cristianismo desmitificando a visão cristã
do mundo restituindo os direitos perdidos no Iluminismo: com a modernidade o
cristianismo é o ponto culminante da história de Deus com o homem, a verdadeira
religião da reconciliação entre o finito e o infinito, entre o positivo e o negativo.

Contudo, a lógica de Hegel conduz a uma racionalização que propõe a secularização


como única resposta na direção da mundanização. Assim abre-se as portas ao
niilismo, considerado como o destino histórico e o cumprimento definitivo do
processo de secularização.

Temos um niilismo em Nietzsche, primeiro de tipo reativo para eliminar o resíduo


de metafísica e de transcendência, seguido por um niilismo ativo que afirma a morte
de Deus e dos valores que não estejam fundados na vontade de poder.

E temos um niilismo em Heidegger (que interpreta Nietzsche) como paradigma de


mundo ocidental, que nasce com o pensamento ocidental na Grécia a partir de
Platão que deixa lugar a uma explicação científica do domínio sobre o mundo dos
entes. Para Heidegger esta revelação-ocultação do ser pretende «entificar» o ser (a
nível científico, metafísico ou filosófico) que conclui no niilismo. Somente
acharemos uma saída na consideração da linguagem como «casa do ser». Mas o
niilismo fica presente.

Neste vazio, deixado pela anulação da metafísica tradicional, encontra espaço uma
nova forma de religiosidade caracterizada pela sacralização do mundo (não mais
ontologicamente distinta do divino) e da superação de cada manifestação pessoal
de Deus.

A conclusão deste percurso «leigo» da pós-modernidade é a possibilidade de


ultrapassar o pensamento moderno com os autores mais significativos da época
contemporânea optando pelo niilismo num novo horizonte sacral (com
características próprias: voltar ao divino, mas sem rosto de Deus; um universo
místico; o diálogo entre o ser e o nada). Isto abre as portas a um novo encontro
entre fé, religião e cultura.

3. Interpretação católica da modernidade: Maritain e Guardini


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Maritain interpreta a modernidade como a época do eclipse do cristianismo (em
contraste com a era medieval muito religiosa) e individua no Renascimento e na
Reforma as causas principais da revolução anticristã, daquele exasperado
antropocentrismo, daquele novo sentimento científico para dominar o cosmo,
daquela preocupação exagerada em acumular riquezas.

Ele critica o retardo do cristianismo em reagir perante as instancias positivas do


modernismo, especialmente da legitima autonomia da realidade terrena. Por isso
ele acredita numa civilização cristã que acolhe os gérmenes de verdade presentes
na época moderna para começar uma nova encarnação do Evangelho, não tanto
sacral (como no Medievo), senão leiga.

Guardini propõe superar a irreligiosidade moderna para abrir o caminho a uma


nova forma de religiosidade ainda por esclarecer. Ele indica diversas etapas desta
passagem da modernidade a esta nova forma de religiosidade:

 Uma visão unitária de filosofia e teologia, típico da cultura medieval;


 A fragmentação do conhecimento na fundação autônoma das ciências;
 A transformação das principais categorias culturais (natureza, pessoa,
sujeito);
 A transformação da relação entre o homem e o cosmos, não com base na
categoria da cooperação entre o homem e Deus, mas o domínio do
homem sobre o cosmos;
 Uma concepção da religião entendida como algo puramente da
consciência interior.

A perca do sentido metafísico e a hipóstase da pessoa humana são para Guardini as


causas da subjetivação da religiosidade e da crítica racional da religião (rejeitar o
dado transcendente) que facilitou a difusão duma cultura ateia. Contudo, o autor
propõe reler e interpretar essa problemática afirmando a condição humana de
criatura que se relaciona com Deus. Deste modo, Guardini não recua perante o pós-
modernismo, senão que observa uma nova figura do leigo cristão que é
protagonista responsável defronte ao mundo e à história, porque está aberto à
transcendência. Ultrapassa assim a irreligiosidade e o ateísmo modernos.

4. Definições do pós-modernismo
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Na definição do pós-modernismo acha-se principalmente a passagem das ideias
modernas a uma nova concepção, utilizando estes parâmetros:

 A totalização da realidade e a ilusão de ser capaz de explicar tudo;


 A fundação sobre as capacidades racionais da matéria;
 A auto-referencialidade;
 A tendência da teorização abstrata;
 A proposta universal de emancipação.

No âmbito filosófico o pós-modernismo adota as mudanças metodológicas


oferecidas pelo estruturalismo francês dos anos 60, tratando temas em comum: a
incerteza do homem no mundo, a incomunicabilidade, a diferença, as ausências,
todas as questões que possam surgir desconfiança para uma verdade absoluta e
estável, bem como a rejeição de qualquer princípio metafísico.

5. Características do pós-modernismo

O pós-modernismo caracteriza-se principalmente pela fundamental crítica ao


resíduo metafísico da modernidade, crítica que se exprime numa série de oposições
entre o moderno e o pós-moderno.

Modernidade Pós-modernidade
Últimos grandes metafísicos Morte da metafísica
Gosto pelas grandes ideologias Morte das ideologias
Ser e existência unificados Diferença, finitude do ser e do existir
Exaltação do sujeito Superação e morte do sujeito
Crítica da religião e difusão do Novas formas do sacro
ateísmo
Nacionalismos e guerras Acentuação do outro, sem diferenças
A ciência é o conhecimento objetivo Crítica das ciências e falsificabilidade
do real
Fundamento pitagórico das Geometrias não euclidianas
matemáticas
Conceito clássico de verdade Não há verdade absoluta Hermenêutica
Refundar os valores, certezas e Aceitação do politeísmo de fé e valores
confianças
Natureza divina do ser Deus é história e liberdade

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