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u u u
O que se conclui desta discussão sobre o caráter transiente intrínseco das variáveis de
interesse em um escoamento bifásico é a necessidade de se utilizar técnicas experimentais
e instrumentação específicas. A integridade do sinal captado, registrado, digitalizado e
processado só se manterá se esta característica for reconhecida e considerada. A
instrumentação utilizada deverá, então, ter tempo de resposta compatível com a flutuação
das variáveis medidas, além de ser compatível com ambos os fluidos em escoamento. Via
de regra, vários instrumentos utilizados na medição monofásica podem ter características
adequadas para medições em escoamentos bifásicos gás-líquido desde que os sensores
sejam cuidadosamente escolhidos e montados. Um instrumento de medir pressão ou
diferença de pressão tipo manômetro de tubo U certamente não terá um tempo de
resposta suficientemente pequeno para detectar as flutuações de pressão típicas de um
escoamento intermitente vertical ou horizontal. Mas um sensor do tipo diafragma
operando com o princípio da relutância variável em um instrumento de medida de
pressão pode apresentar resposta dentro de limites aceitáveis, se o sensor for
cuidadosamente escolhido e adequadamente instalado. Um termopar construído co fios
de bitola usuais (20 AWG, por exemplo), encapsulado, não terá resposta suficientemente
rápida para acompanhar as oscilações de temperatuta entre gás e líquido em um
escoamento bifásico com transferência de calor. Utilizar um microtermopar, encasulado,
construído com fios de 0,05 mm, pode ser a solução.
Este capítulo sobre instrumentação em escoamento bifásico será constituído dos seguintes
itens: (1) um breve resumo de análise de sinais transientes utilizadas no processamento de
sinais típicos de escoamentos bifásicos, quando trataremos de técnicas de análise de base
temporal, características estatísticas dos sinais transientes e análise de frequência. (2)
apresentação de algumas técnicas de medição de vazão em escoamento bifásico, e (3)
técnicas de medição de fração de vazio. No item de análise de sinais transientes, para
exemplificar a aplicação em questão, tomaremos como referência algumas tentativas de
autores variados para estabelecer critérios objetivos para classificar padrões de
escoamento.
A comparação direta entre dois sinais de base temporal, isto é, que variam no tempo, é o
procedimento mais simples de análise e, apesar de altamente subjetivo, para sua
classificação. Os sinais analógicos podem ser observados diretamente, por exemplo, na
tela de um osciloscópio, processo que não exige digitalização e a eventual restauração
posterior do sinal. Ou então podem ser digitalizados e gravados para uma comparação
posterior. É importante observar neste momento que certos padrões do escoamento
bifásico apresentam sinais com características temporais bem distintas. Os sinais de base
temporal da pressão estática de um escoamento bifásico horizontal de água e ar, para os
padrões de fluxo estratificado com ondas e pistonado, estão mostrados na figura seguinte.
As propriedade estatísticas de sinais temporais podem ser calculadas com certa facilidade
se o sinal for amostrado e digitalizado. A digitalização pode ocorrer, por exemplo,
utilizando-se analisadores multicanais ou, ainda mais facilmente, utilizando-se placas
digitalizadoras com conversão analógico-digital montadas em barramentos (“bus”) de
microcomputadores. Após a conversão A/D, a série discreta gerada, {xi} ≡ {x1, x2, x3,
...xn}, representando a flutuação temporal típica de uma variável do escoamento bifásico
(nesta discussão das propriedades estatísticas de sinais temporais, as variáveis foram
definidas de acordo com Bendat & Piersol, 1980). A magnitude da variável é xi no
tempo ti, sendo que i= 1, n.
i
lim i xik pxi
k
1
onde k = 1,2, ...e p(xi) é a função densidade de probabilidade, que mede a distribuição de
amplitudes da série discreta. Em outras palavras, a função densidade de probabilidade é a
probabilidade de que a variável xi tenha um certo valor X:
1 i
x 1 lim i xi
i 1
A média, a primeira das propriedades estatísticas consideradas, não nos permite muita
especulação sobre a ocorrência dos padrões de escoamento. Mas ela é usada, por
exemplo, para especificar uma transição do escoamento bifásico bifásico vertical, entre o
escoamento em bolhas e o escoamento pistonado. De acordo com a abordagem
fenomenológica de Taitel e Dukler (e corroborada pela proposição de Mishima e Ishii), o
valor-limite médio da fração de vazio de um escoamento em bolhas distorcidas seria
0,25; caso as bolhas sejam esféricas, a fração de vazio média deveria ser de 0,52. Estas
são as únicas fronteiras entre padrões de escoamento em mapas de fluxo que poderiam
ser determinadas unicamente utilizando o valor médio de uma variável, no caso a fração
de vazio. Sabemos, entretanto, que os modelos citados são aproximações simplificadas da
realidade. Caso medíssemos a fração de vazio para inferir a transição do escoamento, por
exemplo, poderíamos complementar o critério da transição com, por exemplo, outras
propriedades da série discreta que representa o sinal temporal da fração de vazio. Poderia
ser, então, que a combinação de procedimentos resultasse em uma avaliação confiável da
transição de padrão de fluxo.
Momentos de ordem mais elevada (k = 2, 3, ...) são calculados tomendo-se a média como
referência. O momento de segunda ordem, chamado de variância, é calculado de
i
2 lim i xi x pxi
2 2
1
Uma informação mais detalhada que a variância sobre quão espalhados estão os dados
experimentais será obtida com o uso do conceito de desvio padrão. O desvio padrão é a
base adequada de interpretação de dados experimentais quando estes apresentam uma
distribuição chamada de "Normal" ou Gaussiana. O desvio padrão é a raiz quadrada da
variância:
SD 2
N x
Prob[x ] lim N
N
A figura (do livro de Bendat e Piersol) a seguir mostra exemplos qualitativos do sinal
temporal x(t), e das funções distribuição de probabilidade e densidade de probabilidade.
Se a distribuição é contínua,
P(x ) p(x )dx
Se a distribuição é discreta,
x
P ( x ) p( x )
i 0
Figura 6 - A CDF de uma distribuição Gaussiana
A Figura 9 acima exemplifica uma CDF Gaussiana. O eixo horizontal é o domínio dos
valores que a variável X pode assumir. O eixo vertical indica a probabilidade que cada
valor de X tem de ocorrer. No caso ela varia de 0 a 1 (poderia ser de 0 a 100%). Já que
essa é uma distribuição normal, observe que 50% dos valores de X são menores que zero.
Observe também que, à medida em que o eixo horizontal vai "varrendo" os valores
possíveis de X, a probabilidade obrigatoriamente aumenta até que 100% dos valores
estejam contemplados (no caso, quando X varia de -3 até 3).
A função de distribuição de probabilidade é particularmente útil para o escoamento
bifásico pois a fração de vazio é uma distribuição de probabilidade. Considere a fração de
vazio de um escoamento bifásico gás-líquido em uma posição radial qualquer de uma
tubulação onde ocorre um escoamento com ondas, por exemplo. A fração de vazio,
k(ro) é, por definição, a probabilidade da fase gás ocorrer nesta posição radial durante o
período de tempo de observação T. Se definirmos a função densidade de fase (phase
indicator function), Nk(ro,t), como o indicador de ocorrência da fase em ro ,
k r 0 = 0
T dt k dt k
T t T
Assim, a média temporal da função densidade de fase da fase gás, ou a fração de vazio, é:
T dt g
dt g 1 dt g 2 dt g n dt g
g r 0 = 0
T T t T
r Liquid
(dtg) (dtg)
1 2
ro
r i
Ga s
T t
Figura 7 – Ocorrência de interfaces em posição radial ro
A fração do tempo total que o gás ocorre na posição ro é também a fração do tempo total
que a posição radial de interface, ri(t), é maior que ro. Em outras palavras, se a função
distribuição de probabilidade de ri=ro é P(ro):
dt g
g r 0 = 1 P(r 0)
t T
x (t ) a2 a cos 2 f
i
0
k
t bk sen 2 f t
k k
1
f k k f 1 k t , k 1,2,3,...
2T
ak xt cos 2 f k t dt e
T0
2T
bk xt sen 2 f k t dt
T0
S xx ( f ) R xx τ e j 2 f τ dτ
A função de autocorrelação é dada por
1i
R xx ( τ) lim i x x
i 1 i iτ
1i kn
j 2 , k 1,2,...N
S k t x e N
i 1 i
A técnica de absorção de raios-X foi usada por Vince e Lahey (1982) em um escoamento
vertical de água e ar. O sinal da fração de vazio média ao longo de cordas da tubulação
foi processado para gerar FDPs e DEPs. A forma e os momentos destas distribuições
foram analisados como critérios para classificar os padrões de escoamento. Para
quantificar as informações dos histogramas, os primeiros quatro momentos das
distribuições foram calculados: a média, a variância, a skewness e a kurtosis. A idéia foi
associar estes valores aos padrões do escoamento. Os autores concluíram que os
momentos associados com as DEPs dependem da velocidade superficial do líquido, uma
característica indesejável para um indicador de padrão de escoamento.. Segundo eles, a
variância da FDP resultou em critério mais adequado para se discriminar entre os
escoamentos em bolhas, pistonado (“slug”) e anular. Entretanto, menciona-se a
dificuldade de determinar com precisão a região fronteiriça entre dois padrões
consecutivos.
A substituição da água por um fluido de viscosidade mais elevada não altera, em termos
gerais, a forma dos espectros. Nas figuras seguintes estão mostradas as DEPs de
escoamentos em ondas e pistonado de ar e óleo. Verifica-se, então, que os escoamentos
horizontais ditos intermitentes, como o “plug” e o pistonado, se diferenciam dos
escoamentos em ondas e anular, no que se refere à forma dos respectivos espectros de
freqüência. A mesma conclusão se estende aos resultados obtidos com o processamento
dos sinais de queda de pressão. Entretanto, assim como para o escoamento água-ar, os
espectros são similares para escoamentos em ondas e anular, ou “plug” e pistonado.
Assim como na medição das grandezas básicas de escoamentos bifásicos, para a qual
instrumentos convencionais de escoamentos monofásicos são utilizados, a medição de
vazão (mássica ou volumétrica) em escoamentos bifásicos também utiliza sensores e
técnicas instrumentais clássicas. Muitas vezes elas são utilizadas em associação com
técnicas específicas de identificação de fases no escoamento e técnicas de processamento
de sinais transientes.
PTP 1 C 1
PL X X2
1/ 2 1/ 2
1
C L S G
S
G L
Uma correlação obtida para uso com medidores venturi é aquela de Frank et al (1977),
referenciada por Delhaye, J. M. no livro editado por Hewitt, G. F., “Two-Phase Flows in
the Process Industries”. Para pressões variando entre 18 atm e 83 atm (os autores
buscavam uma similaridade como o escoamento através de rachaduras do vaso de pressão
de reatores nucleares), a queda de pressão em venturis foi correlacionada com a vazão
mássica por
P k
2
M , sendo x
2
1- x
2
R v G 1- R v L
A utilização de placas de arrasto (em outros termos, da força de arrasto exercida sobre
corpos submersos) é outra técnica aplicada em escoamentos bifásicos, similarmente ao
que é feito em escoamento monofásico. A força de arrasto exercida em um corpo
submerso, tal como a placa de arrasto mostrada na figura seguinte, é dada por
1
FD 2 CD AD V
2
1 S2
n kA V L L G
1 S
L G
Uma outra possibilidade que advém desta limitação é pensar em associar em série dois
medidores para que o aparato de medidas resulte em um sistema de duas equações a duas
incógnitas. Assim, por exemplo, se S1 e S2 são grandezas medidas por instrumentos
distintos (um venturi e uma placa de orifício, qual sejam), tem-se:
S1 f 1M
, x , S2 f 2 M
, x
A figura a seguir mostra uma montagem combinando um medidor tipo turbina e medidor
de placa de arrasto (Turnage et al., 1979).
Costa e Silva et al. (2001) citam vários medidores multifásicos comerciais usando
combinação de técnicas. Reproduzimos, a título informativo, algumas das técnicas de
medição de instrumentos comerciais:
A fração de vazio é sempre um valor médio, seja ele temporal, na seção transversal do
escoamento ou volumétrico. A fração de vazio local é a média temporal da função
densidade de fase, NG(x0,t):
1T
x 0 , t N x , t dt
T0 G 0
1 1T 1T
x 0 , t
NG x 0 , t dt dA NG x 0 , t dA dt G
A
2 A AT 0 T 0A A
Note que área e tempo são independentes, e logo podemos integrar inicialmente na área e
após no tempo. A fração de vazio média na área, então, é facilmente derivada como
sendo a razão entre as áreas ocupadas pelo gás e a área total da tubulação, AG/A.
Similarmente podemos proceder com a média volumétrica para chegar a
G
3
P0
P0 P
gL gL
3 G AG 2
L
AL
Para escoamentos intermitentes a fração de vazio pode ser considerada igual à fração de
vazio média volumétrica, quando G representar o valor médio estacionário de vários
bloqueios de fluxo sob a mesma condição de escoamento, em uma seção de teste de
comprimento adequado para conter várias unidades características do escoamento.
Considere, como exemplo, um escoamento intermitente tipo pistonado, formado pela
bolha alongada de gás, identificada por BT, e pelo pistão de líquido, identificado por PL. O
bloqueio do escoamento, e a subseqüente separação dos fluidos, conduz ao seguinte
cálculo do volume de líquido contido nas n unidades características do escoamento
intermitente que foram bloqueadas na seção de teste (assuma n inteiro, por simplicidade):
L LPL LBT 1 LPL LBT n
ou,
L ALPLLPL ALBT LBT 1 ALPLLPL ALBT LBT n
Definindo uma área média ocupada pelo líquido,
ALi
ALPL ALBT i
L
onde L = LPL+LBT, pode-se escrever
G (1 L)
Podem ser necessários de dez a vinte bloqueios (valor que depende do comprimento da
seção de teste, isto é, do número de unidades características do escoamento intermitente
que ocorrem simultaneamente na seção de teste) para se chegar a uma condição
estacionária para L. Caso a técnica seja aplicada a escoamentos como o em bolhas
vertical, o escoamento anular, o escoamento em bolhas dispersas horizontal, o
escoamento estratificado, um ou poucos bloqueios serão necessários.
TP G 1 L
I L w x w L x
e e
I0
Para uma tubulação cheia de gás,
IG w x w G x
e e
I0
Destas duas últimas equações,
IG L G x
e
IL
E também:
ITP L G x
e
IL
Logo,
log ITP
IL
2
log IG
IL
Sensor
Test Section
52 mm ID
Sensors Sy licon
Exposed Tip Area: Sealing From air supply
40 pipe diameters
Needle valve
Tap water
Orifice plate
reservoir
Varnish
m m
Mixing
2000 5000 Insulation Filter
chamber
Hy podermic Needle
= 700 m Pump
Orifice plate
20
S
0
100
80
60
40 Liquid Gas
20
S
0
0E+0 1E-3 2E-3 3E-3 4E-3 5E-3 6E-3
t (Seconds)
20 10,1
(%)
JG (cm/s)
7,0
100
3,5 14,2
10 10,1
50
7,0
3,5
0 0
1.0 0.8 0.6 0.4 0.2 0.0 1.0 0.8 0.6 0.4 0.2 0.0
Figura 19 – (a) arranjo para medição de espessura de filme, e (b) PDF de espessura .
Usando ainda o princípio elétrico resistivo, a forma da sonda pode ser alterada para medir
a espessura de filme. Pedroso et al (1998) usaram a técnica de fios paralelos para medir a
espessura de filme na periferia de uma bolha de Taylor de um escoamento pistonado
vertical ascendente. Neste caso, a condutância do meio que se encontra entre os fios
paralelos é que determina a magnitude do sinal. Instalando dois conjuntos de fios
paralelos através do diâmetro da tubulação, os autores lograram medir a velocidade da
bolha de Taylor, seu comprimento, além da espessura do filme de líquido que a circunda.
As figuras abaixo ilustram a montagem e os sinais obtidos.
Reference
sensor
Working
sensor
probe
Data Oscillator
acquisition Signal rectifier
Signal amplifier
12 12
10 10
film (mm)
8 8
tb1 - tb2
6 tps1 6
ts1 - ts2
4 tpb1 4
2 2
0 0
53,5 54,0 54,5 55,0
time (s)
10
Model
Exp. Data
Figura 20 – Sonda elétrica de fios paralelos: (a) arranjo para medição de espessura de
filme, e (b) sinais duplos de sondas defasadas de 100 mm e (c) detalhe da espessura de
filme (a linha contínua é a solução analítica da espessura do filme).
Usando uma sonda que interfira no escoamento, como a sonda elétrica pontual e a sonda
de fios paralelos, deve-se ser cauteloso pois a fração de vazio medida é obtida, muitas
vezes, após processos de correção do sinal original. Considere, como exemplo, as
situações de entrada e saída de uma sonda pontual de uma bolha de gás de um
escoamento vertical bifásico, como ilustradas na figura seguinte. A sonda, antes de
perfurar a bolha, distorce a interface. O mesmo ocorre, com menor intensidade, quando a
sonda “seca” encontra a interface gás-líquido, isto é, na saída da bolha. Outro efeito que
deve ser considerado é o desvio na trajetória da bolha provocado pela presença da ponta
do sensor. Ainda, se o diâmetro da bolha vai ser medido, há que se considerar que o
sensor nem sempre “corta” a bolha ao longo do diâmetro, isto é, há uma distribuição de
cordas da bolha cortadas pelo sensor; mais ainda, nem sempre a trajetória da bolha está
alinhada com o eixo principal da sonda. Enfim, são vários aspectos que devem ser
considerados quando se processar os sinais originais do sistema para calcular a fração de
vazio, a velocidade da bolha, seu diâmetro médio, sua forma, sua área de interface, etc.
No caso específico de uma sonda elétrica, deve-se procurar usar um circuito elétrico que
opere em corrente alternada, para evitar efeitos eletrolíticos. A eletrodeposição de
material na extremidade de uma ponta de prova altera, com o tempo, o sinal de saída, e
promove uma “descalibração” da sonda. Para contornar este problema os circuitos
atualmente utilizados operam em freqüência alternada (f > 10 kHz). Esta alta freqüência
do sinal de base, muito superior à freqüência natural do fenômeno que se está medindo,
minimiza interferências.
Líquido
Gás
Gás
Líquido
VA
ZT
RM
VM
Figura 22 – Esquema elétrico de sonda de impedância
ZT é a impedância total, que contabiliza o meio bifásico mais o sensor, RM é a resistência
do medidor, VA é tensão de alimentação, I é a corrente e VM é a tensãomedida. Pode-se
então escrever:
I
VA
VM R M I
ZT R M
Das duas equações,
VA
VM
ZT 1
RM
Entretanto, se RM<<ZT,
VA
ZT R M
VM
A impedância ZT é função do meio (e consequentemente também da fração de vazio) e,
logo, o valor medido VM vai variar de acordo com a variação de Uma avaliação
intensiva de sonda de impedância foi realizada rpor Tournaire, A., em sua tese de
doutorado (1987).
O esquema construtivo de uma sonda de capacitância está na figura abaixo, como feito
por Sun et al., 1982, para medir a espessura de filme de um escoamento vertical
ascendente.
Vo=Asin(wt)
ic
Vr
R
No circuito da Figura acima, Vo é uma tensão gerada por um oscilador senoidal que
trabalha em uma freqüência constante f (onde w=2f) e a uma amplitude também
constante, A. A corrente ic é diretamente proporcional a C e, conseqüentemente, a
diferença de potencial Vr será também diretamente proporcional a C. Portanto, pode-se
medir C por meio da tensão Vr , a diferença de potencial entre os terminais do resistor R.
Capacitor medido
O oscilador gera um sinal com tensão de 10 Volts a uma freqüência constante de 100
Khz. Este sinal alimenta o sensor capacitivo de acordo com o circuito da figura anterior.
O ajuste de ganho e offset é utilizado para estabelecer uma correlação entre o valor
medido de capacitância em picoFarads e a saída do aparelho em Volts.
Técnicas óticas
O princípio de operação dos sensores óticos baseia-se ou na transmitância da luz no meio
bifásico ou na diferença do índice de refração das fases em escoamento. Com o
desenvolvimento dos LED – ligth emission diode – e de pastilhas eletrônicas como
emissores ou foto-sensores, e a facilidade com que são interligados às fibras óticas, a
sonda ótica é agora uma alternativa de baixo custo para a determinação da fração de
vazio e de estruturas de escoamentos bifásicos. Se a sonda ótica é usada como uma sonda
de imersão, interfere com o escoamento da mesma forma que sondas elétricas pontuais.
Se a luz se transmite no meio bifásico, como é o caso de um escoamento de água e ar ou
outro líquido transparente, e deseja-se visualizar a interface, pode-se fotografar
diretamente o escoamento. A fotografia seguinte, de um escoamento estratificado
ondulado de óleo Nujol (100 cP) e ar, foi tirada com uma máquina Nikon, com
velocidade de obturador de 1/2000 s, filme de 2000 ASA, utilizando luz difusa posterior
(diffused backlight), isto é, a fonte de luz foi colocada atrás da tubulação em relação à
câmera. Entre a fonte de luz e a tubulação uma placa de acrílico jateada (com jato de
areia) foi colocada para tornar difusa a luz incidente na tubulação.
Uma montagem interessante para filmar um escoamento bifásico anular com dispersão
foi utilizada por Hewitt e Roberts (1969), veja o esquema a seguir. Os autores buscavam
identificar não só a estrutura do filme de líquido típica destes escoamentos, assim como a
dispersão de gotas de líquido no escoamento central de gás.
Pode-se usar filmadoras de alta velocidade para filmar o escoamento bifásico. A figura a
seguir é uma imagem digital de um escoamento vertical de água e ar no padrão em
bolhas, realizado com filmadora digital.
Figura 29 – Imagem digital de escoamento em bolhas.
Para medir a fração de vazio local com um sensor ótico, se as fases transmitem a luz mas
têm índice de refração diferente, pode-se utilizar uma sonda de fibra ótica. O princípio
operacional está ilustrado na figura sequinte, onde uma sonda de fibra ótica está medindo
Luz
Líquido Líquido
Luz
Gás Gás
Outras Técnicas:
Termoanemometria
O termoanemômetro opera em escoamentos monofásicos de líquido ou gás dissipando
calor para o meio. Na medida em que gás e líquido, em processos transientes, têm
constantes de tempo diferenciadas, logo surgiu o interesse no estudo da viabilidade e
aplicação e escoamentos em fase dispersa, como o escoamento em bolhas.
O princípio operacional baseia-se na transferência de calor de uma ponta de prova (fio
quente ou filme quente) para o escoamento. O fio ou filme que estão na ponta de prova
do anemômetro é aquecido por uma corrente elétrica e dissipa calor para o escoamento
envolvente. O calor dissipado é transferido para o escoamento envolvente a uma taxa que
depende do número de Reynolds do escoamento. Assim, o balanço térmico que determina
a condição de equilíbrio entre o calor gerado por efeito Joule no fio ou no filme, e o calor
dissipado para o escoamento é função da velocidade do escoamento e de propriedades do
fluido. No caso do escoamento bifásico, o anemômetro vai registrar variações acentuadas
de temperatura pela ocorrência alternada das fases.
O primeiro trabalho mencionando o uso de termoanemômetro em escoamento bifásico
data de 1955 (Katarzhis, A. K. et al), mas foi o trabalho de Hsu, Y. Y. et al (1963) que
despertou grande interesse de pesquisadores da área. Os autores usaram um anemômetro
de temperatura constante (para manter a temperatura do fio constante, o circuito elétrico
que o alimenta varia a corrente) com um fio de 0,075 mm de diâmetro e 3,2 mm de
comprimento útil, enfatizando a identificação do padrão de escoamento e da medição da
fração de vazio local. A ponta de prova do anemômetro é inserida no escoamento da
mesma forma que as sondas elétricas e as sondas óticas pontuais. A figura abaixo é um
esquema da ponta de prova de um anemômetro.
Medidor de Vortex
Um medidor de vórtices baseia-se na medição da freqüência dos vórtices gerados por um
gerador de vórtices (vortex shedding). No escoamento monofásico, há uma liberação
periódica de vórtices quando o escoamento passa por um corpo rombudo (bluff body). Os
vórtices são liberados de forma alternada pelas laterais do corpo com uma freqüência
proporcional à vazão. A flutuação de pressão causada pela geração dos vórtices é medida
por um transdutor de pressão.
fw
NS
Q
f 1 wA
NS
Q L
Ultrasom
A técnica de ultrasom baseia-se no transporte de uma onda sonora através de um fluido.
No caso de um escoamento bifásico gás-líquido, pode-se operar o ultrasom no princípio
de tempo de percurso (time of flight, TOF) ou no princípio da transmitância, dependendo
do padrão do escoamento ou a variável que se deseja medir. A figura a seguir ilustra os
dois processos, a medição da espessura de um filme de líquido, com o ultrasom operando
no princípio de TOF, ou a medição da fração de vazio média ao longo do diâmetro da
tubulação de um escoamento em bolha com o ultrasom operando de acordo com o
princípio de atenuação da onda transmitida.
Figura 37 – Esquema de operação de medidores de ultrasom
Referências
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Phase Flow Measurements: Principles, Designs and Applications. The Instrument Society
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Characterization in Two-Phase Flow by Electrical Conductance Probe, Int. J. Multiphase
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