Fichamento: Análise de uma situação social na Zululândia Moderna (1958)
Gluckman
Capítulo I – A organização social da Zululândia moderna
Embora sejam dois grupos distintos, zulus e europeus, se inter-relacionam
(economicamente, politicamente) em um único sistema: zulu-europeu. Essa cooperação é expressa na inauguração da ponte. Maneira em que os zulus e os brancos adaptam sem coerção ao comportamento um do outro: inauguração da ponte com costumes zulus e brancos, com representantes europeus e o regente zulu, grupos europeus e africanos. Foi o magistrado (somente brancos podem fazer eventos públicos para ambas os grupos) que desejava exibir a conclusão da obra: este estabeleceu a data da festa, convocou os zulus, determinou a forma da cerimônia (similar as européias, porém com alguns traços da cultura zulu) – organizada por um europeu vivendo em contato íntimo com a cultura zulu. Interesses europeus na ponte: seria por um magistrado para governar os zulus, além daqueles terem interesse na região Ambos os grupos possuem clivagens, formalizadas ou não, formando grupos subsidiários – de acordo com os interesses, motivos, valores o indivíduo pode modificar sua posição social. Ex: pagãos e cristãos. Igreja separatista Regente “roubou” a celebração dos europeus organizando uma festa própria com os zulus. “A configuração subsidiária e não planejada dia tomou forma em conformidade (se adequou) com a estrutura da sociedade zululandesa moderna.” (p.241). Ex: zulus e brancos se separam no hotel ao comerem. – separação representa a estrutura social; uma xícara de chá é oferecida ao regente, como respeito à realeza, mas esta é servida fora da barraca dos europeus; regente chama qualquer europeu que encontra com um nome de respeito (chefe, homem importante). Regente chega atrasado, cerimônia começa sem este. Hino inglês que é entoado, todos os zulus permanecem de pé e tiram o chapéu – costume europeu – ambas as partes adaptam seu comportamento ao associarem uns aos outros “Esta separação envolve mais do que a diferenciação axiomaticamente presente em todas as relações sociais. Pretos e brancos são duas categorias que não devem se misturar, como é o caso das castas na Índia ou as categorias de homens e mulheres em muitas comunidades. Por outro lado, embora em suas relações sociais um filho distinto de seu pai, também se tornará pai. Na Zululândia, um africano nunca poderá se transformar em um branco. Para os brancos, a manutenção desta separação é um valor dominante que transparece na política da assim chamada segregação e desenvolvimento paralelo, termos esses que apresentam uma falta de conteúdo” (p.242) norma social mais ampla: separação social Na cerimônia: divisão em dois grupos raciais, separação e reserva. Superioridade social do regente entre os zulus é reconhecida: (p.244), porém por seu um ambiente social especial a relação é amigável. Zulus não podem entrar em reservas de grupos brancos, a não ser que pedissem permissão. O contrário não ocorre Relação entre os grupos não são ajustadas: relações onde o conflito é freqüente. Relação de separação, cooperação e conflito. Elemento conflituoso na estrutura social: dominação de uma classe (europeus) sob outra (africanos). “Eles não se separam em grupos de status similar, os europeus são dominantes” (p.242), Dominação econômica: os zulus dependem do dinheiro que recebem trabalhando para europeus: pagar impostos e participar do mercado com europeus – subordinação aos administradores brancos. – a diferenciação entre zulus e brancos nas atividades políticas e ecológicas também é vista na economia: capitalistas e trabalhadores qualificados são brancos e camponeses e trabalhadores não qualificados negros. Governo assegura o fluxo de mão de obra Estado e seus representantes: organizam ações dos grupos e indivíduos para excluir o conflito – poder dominante está investido no governo (autoridade legal X autoridade simbólica – regente – forma de reação a dominação européia). Induna tentando poder político lisonjeando o magistrado. Em muitas ocasiões o povo zulu julga que seus chefes têm como obrigação se manterem em posição contrária aos projetos governamentais. Oposição sendo mantida através de chefes, igrejas e sindicatos Equilíbrio estrutural sendo mantido principalmente pela hegemonia do grupo branco, porém em desajuste uma vez que faz parte da estrutura social o conflito. “Os próprios conflitos, contradições e diferenças entre e dentre grupos zulus e brancos, além dos fatores que ultrapassam estas diferenças, constituem a estrutura da comunidade zulu-branca da Zululândia” (p.261) Embora o grupo branco domine os zulus em todas as atividades nas quais cooperam, apenas em algumas está dominação é expressa