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para Municípios
Módulo
2 Conteúdo da LDO: parte II
Brasília - 2017
Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão
Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão
Dyogo Henrique de Oliveira
Secretários-Adjuntos:
Bruno César Grossi De Souza
Geraldo Julião Júnior
Orlando Magalhães Da Cunha
Márcio Luiz de Albuquerque Oliveira
Diretores
Clayton Luiz Montes
Felipe Dariuch neto
Zarak de Oliveira Ferreira
Revisão do Conteúdo
José Paulo de Araújo Mascarenhas
Karina Rocha Martins Volpe
Suzana Ferreira Guimarães
Revisão Pedagógica
Janiele Cardoso Godinho
Revisão Gramatical e Ortográfica
Renata Carlos da Silva
Colaboração
Rosana Lôrdelo de Santana Siqueira
Bruno Rodolfo Cupertino
Fernando César Rocha Machado
Francisca Belkenia Fernandes Sousa
Karen Evelyn Scaff
Informações:
www.orcamentofederal.gov.br
Secretaria de Orçamento Federal
SEPN 516, Bloco “D”, Lote 8,
70770-524, Brasília – DF, Tel.: (61) 2020-2329
escolavirtualsof@planejamento.gov.br
SUMÁRIO
Apresentação.................................................................................................. 5
1. Política de Pessoal....................................................................................... 5
1.1 LRF e a Despesa com Pessoal.......................................................................... 6
1.2 Despesa de pessoal na LDO........................................................................... 11
2. Transferência de Recursos.......................................................................... 15
2.1Transferência Voluntárias............................................................................... 16
2.2 Transferências para o setor privado.............................................................. 18
4. Outras Disposições.................................................................................... 25
4.1 Agências financeiras oficiais de fomento...................................................... 25
4.2 Transparência e a LDO................................................................................... 26
Revisão do Módulo........................................................................................ 27
Referências Bibliográficas.............................................................................. 29
Módulo
2 Conteúdo da LDO: parte II
Apresentação
Como informado no módulo I, dividimos o conteúdo da LDO em dois blocos. Na primeira parte
abordamos a estrutura básica da LDO, as metas e prioridades da Administração Pública e as
orientações para elaboração e execução da Lei Orçamentária Anual (LOA).
Cabe ressaltar que a divisão em dois módulos foi simplesmente com o intuito de facilitar o seu
aprendizado e deve ser entendida como um único bloco de assuntos/temas.
Para uma melhor compreensão sobre o tema, apresentaremos ainda exemplos do município
fictício de Sofianópolis, tomando como base a LDO federal de 2017 (Lei nº 13.408, de 26 de
dezembro de 2016).
Esperamos que ao final do módulo você seja capaz de entender como a LDO apresenta a
despesa com pessoal, as transferências de recursos e as alterações na legislação tributária.
1. Política de Pessoal
De acordo com a LRF entende-se como despesa total com pessoal: o somatório dos gastos do
ente da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos,
cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder com quaisquer espécies
remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da
aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens
pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo
ente às entidades de previdência.
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Nesse contexto, qual a relação da LDO com a política de pessoal? Pois bem, a Constituição
Federal exige autorização específica na LDO para concessão de vantagens funcionais, criação e
ocupação de cargos e empregos públicos além de reformulação no plano de cargos e salários.
De acordo com a Constituição Federal, art. 169, §1º, a concessão de qualquer vantagem ou
aumento de remuneração, a criação de cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura
de carreiras, bem como a admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, só poderão
ser feitas:
Assim, se o prefeito de Sofianópolis deseja conceder aumento para os professores, deve inserir
essa autorização na LDO e ter dotação orçamentária suficiente para atender ao aumento da
despesa. A LRF trouxe outras exigências, que discutiremos nas próximas páginas.
Antes de aprofundarmos ainda mais nesse assunto, convido você a fazer as seguintes reflexões:
Todavia, essa preocupação com o controle das despesas com pessoal não é uma inovação da
Constituição de 1988 ou da LRF. Desde a Constituição de 1891 já era delegado ao Congresso
Nacional, por meio de lei, a competência para aprovar a criação de empregos e fixação de
vencimentos (DIAS, 2009).
1. Dotação Orçamentária é o valor monetário autorizado, consignado na lei do orçamento (LOA), para atender uma
determinada programação orçamentária. É toda e qualquer verba prevista como despesa em orçamentos públicos e destinada
a fins específicos. Fonte: Senado Federal;
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Como tem uma participação importante na despesa pública, qualquer alteração na política
de pessoal pode ter grande impacto no orçamento e precisa ser estudada e avaliada. Por isso
é tão importante sua previsão na LDO, já que é um momento de planejamento, estudo e
avaliação do impacto nas finanças públicas.
Um Município que utiliza a maior parte de sua receita para pagar pessoal, acaba comprometendo
as políticas públicas e os programas de governo por falta de recursos. O pagamento de pessoal
é uma despesa de caráter continuado2. Um grande problema dessa despesa é sua rigidez, em
virtude da estabilidade no cargo gozada pelos servidores públicos. Daí porque é necessário
controlar essa despesa para que não cresça acima de determinado limite (DIAS, 2009).
Além do dever de se planejar e avaliar o impacto da despesa com pessoal, a LRF limita essa
despesa em relação à Receita Corrente Líquida (RCL)3, estabelecendo o limite global de 60%
para Municípios.
Assim, o valor máximo com a despesa de pessoal para o Município é 60% da RCL. A LRF inovou
ainda ao repartir os limites globais da despesa de pessoal pelos Poderes Executivos, Legislativo,
Judiciário e Ministério Público.
Para os Municípios, que não têm Poder Judiciário e Ministério Público, o limite do Poder
Executivo Municipal para despesa com pessoal é de 54% da RCL, e do Poder Legislativo, 6%.
Veja no quadro a seguir os limites estabelecidos pela LRF para a despesa com pessoal.
A RCL do Município é a receita corrente deduzida as contribuições dos servidores para o custeio
do seu sistema de previdência e assistência social e as receitas provenientes da compensação
financeira entre diferentes sistemas de previdência. Essa receita é arrecadada dentro do
exercício e aumenta as disponibilidades financeiras do Estado, constituindo um instrumento
para financiar os programas e ações das políticas públicas.
Falamos que a LRF estabelece limites para a despesa com pessoal. Mas, caso o ente da
federação ultrapasse o limite estipulado há alguma restrição ou penalidade? Existe algum
mecanismo de ajuste? Pense nisso!
2. De acordo com a LRF, considera-se de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato
administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios.
3. Receita Corrente Líquida (RCL) é o somatório das receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais,
agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras receitas também correntes, deduzidos principalmente, os valores
transferidos, por determinação constitucional ou legal, aos Estados e Municípios, no caso da União consideradas ainda as
demais deduções previstas na Lei. As receitas correntes são arrecadadas dentro do exercício e aumentam as disponibilidades
financeiras do Estado. Constituem instrumentos para financiar os programas e as ações das políticas públicas. Classificam-se
como receitas correntes as provenientes: de tributos; de contribuições; da exploração do patrimônio estatal (patrimonial);
da exploração de atividades econômicas (agropecuária, industrial e de serviços); de recursos financeiros recebidos de outras
pessoas de direito público ou privado quando destinadas a atender despesas correntes (que não contribuem, diretamente,
para a formação ou aquisição de um bem de capital).
A receita corrente líquida do Município é a receita corrente deduzida as contribuições dos servidores para o custeio do seu
sistema de previdência e assistência social e as receitas provenientes da compensação financeira entre diferentes sistemas de
previdência. Fonte: Lei Complementar nº 101 de 2000. Manual Técnico de Orçamento 2013.
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Outra inovação trazida pela LRF foi a introdução dos limites de alerta e prudencial.
Assim, uma das funções da LDO é prever as situações em que se pode contratar hora extra,
mesmo quando atingido o limite da despesa com pessoal. Veja a seguir o trecho da LDO 2015
do Município de São Paulo dispondo sobre as despesas com pessoal dos Poderes Executivo e
Legislativo a contratação de horas-extras.
Art. 23. No exercício financeiro de 2015, as despesas com pessoal dos Poderes
Executivo e Legislativo observarão as disposições contidas nos arts. 18, 19 e 20 da Lei
Complementar Federal nº 101, de 2000.
Art. 24. Observado o disposto no art. 23 desta lei, o Poder Executivo poderá encaminhar
projetos de lei visando a:
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demonstração do atendimento aos requisitos da Lei Complementar Federal nº 101, de
2000, de acordo com regulamentação expedida pelo Poder Executivo.
Art. 25. Observado o disposto no art. 23 desta lei, o Poder Legislativo poderá
encaminhar projetos de lei e deliberar sobre projetos de resolução, conforme o caso,
visando a:
Art. 26. Na hipótese de ser atingido o limite prudencial de que trata o art. 22 da
Lei Complementar Federal nº 101, de 2000, a convocação para prestação de horas
suplementares de trabalho somente poderá ocorrer nos casos de calamidade pública,
na execução de programas emergenciais de saúde pública ou em situações de extrema
gravidade, devidamente reconhecida pela Chefia do Poder Executivo Municipal.
Perceba que o Município de São Paulo ao tratar das Despesas com Pessoal, o faz em harmonia
com as determinações contidas na LRF. O art. 26 da LDO do município de São Paulo faz
referência ao atingimento do limite prudencial, disciplinado pelo art. 22 da LRF.
Caso o ente ultrapasse os limites impostos pela LRF (60% da RCL), deverá adotar providências
para redução dessas despesas, aplicando, inclusive, os procedimentos de ajustes previstos na
Constituição Federal, art. 169, §3º:
• redução em pelo menos 20% das despesas com cargos em comissão e funções de
confiança;
• exoneração de servidores não estáveis;
• perda de cargo de servidores estáveis.
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A LRF prevê ainda, como medidas para contenção dos gastos, a redução da jornada de trabalho
com adequação dos vencimentos à nova carga de trabalho e a extinção de cargos e funções,
assim como a redução dos valores a eles atribuídos.
Ultrapassado o limite de 60% da RCL do Município, o percentual excedente terá de ser eliminado
nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro quadrimestre. Não
alcançada a redução no prazo estabelecido, e enquanto perdurar o excesso, o ente não poderá:
Como vimos, o ente sofrerá restrições caso ultrapasse o teto para despesa com pessoal e não
consiga voltar aos limites nos dois quadrimestres seguintes.
Caso o Município de Sofianópolis alcance o limite prudencial de R$ 570 mil (95% do limite
da despesa de pessoal) algumas vedações lhe são impostas, como: conceder aumento, criar
cargo, emprego ou função, contratar hora extra, etc.
Se ainda assim a despesa com pessoal ultrapassar R$ 600 mil, o município deverá corrigir o
excesso nos dois quadrimestres seguintes para não sofrer sanções, como por exemplo, deixar
de receber transferências voluntárias.
Veja o esquema a seguir com os limites da despesa com pessoal para o Município de
Sofianópolis.
4. Garantia corresponde ao compromisso de adimplência de obrigação financeira ou contratual, assumido por ente da
federação ou entidade a ele vinculada. Em outras palavras, a garantia é um ativo entregue para assegurar que uma obrigação
será liquidada. Fonte: Tesouro Nacional
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FIGURA 3 | Limites de despesa
Percebemos a seriedade com que a despesa com pessoal é tratada pela Constituição Federal e
pela LRF. Daí a importância deste tema na LDO. Caso o Município pretenda conceder reajuste
salarial no exercício financeiro seguinte, esta deverá ser planejada antecipadamente, de
forma que a LDO contenha tal autorização. Como dito anteriormente, essa autorização está
relacionada à necessidade de planejamento governamental.
Além da autorização na LDO, é necessário que a despesa com pessoal tenha autorização em
lei específica (ANDRADE, 2008). A LDO também disporá sobre o projeto de lei específica que
autoriza o aumento da despesa com pessoal, fixando, por exemplo, prazo para envio da lei ao
Poder Legislativo.
Outro ponto importante é a delegação da LDO à LOA para calcular os limites orçamentários
com pessoal, quantificar a criação e o provimento de cargos, funções e empregos, além da
especificação dos aumentos.
Isso ocorre porque a LDO é enviada ao Poder Legislativo de forma bastante antecipada, e
muitas vezes os acordos não estão fechados, não estando ainda definidos os percentuais de
reajustes e as categorias a serem contempladas.
Desta forma, a LDO obedece aos ditames Constitucionais ao autorizar os aumentos da despesa
com pessoal, mas delega à LOA a competência para demonstrar o impacto, já que nesse período
a previsão orçamentária é mais realista. Para compreender melhor, analise o exemplo a seguir:
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O Município de Sofianópolis pretende dar aumento aos
professores no ano de 2017. Na elaboração da LDO 2017
deve ser previsto esse aumento, mas só essa previsão
na LDO não é suficiente. O Executivo deve enviar ao
Poder Legislativo um projeto de lei específica para tratar
do aumento dos professores, e quantificar esse aumento
em sua LOA 2017.
No âmbito da União esses assuntos são tratados de forma similar. Para exemplificar veja um
trecho da LDO 2017 federal:
[...]
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§ 1º Não se aplica o disposto no inciso IV do caput aos projetos de lei referentes
exclusivamente ao Supremo Tribunal Federal, Conselho Nacional de Justiça, Ministério
Público Federal e Conselho Nacional do Ministério Público.
Observe como a LDO federal de 2017, trata o assunto relacionado ao aumento da despesa com
pessoal, entre outras coisas:
De acordo com a LRF, o ato que provoque aumento da despesa com pessoal, deverá ser
acompanhado de:
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O Sistema de Gestão de Pessoas - SIGEPE é o sistema informatizado de Gestão de Recursos
Humanos do Poder Executivo Federal, que controla as informações cadastrais e processa os
pagamentos dos servidores da Administração Pública Federal.
Como já dissemos, devido ao seu caráter antecipado, a LDO não faz os cálculos discriminados
da despesa com pessoal, delegando esse papel à LOA. Assim, a estimativa do impacto
orçamentário-financeiro do aumento da despesa com pessoal e o demonstrativo da origem
dos recursos ficam a cargo da LOA.
Mas, a LDO não se exime totalmente da responsabilidade. O anexo de Metas Fiscais da LDO ao
calcular a despesa primária, deve incluir a estimativa da nova despesa com pessoal.
O que não ocorre é a discriminação destes cálculos na LDO, até porque provavelmente à
época da elaboração da LDO, a exata quantificação ainda não é conhecida. No módulo IV,
estudaremos de forma mais aprofundada o Anexo de Metas Fiscais e voltaremos a abordar
esse tópico.
Agora, observe alguns artigos retirados da LDO 2016 do Município de Recife, que tratam das
despesas e da política de pessoal.
[...]
Art. 31. A política de pessoal abrangendo servidores ativos e inativos do Município será
objeto de negociação com os órgãos representativos da classe, formalizada através
de atos e instrumentos normativos próprios, submetidos à deliberação da Câmara
Municipal do Recife, nos termos da legislação vigente.
Art 32. As despesas com pessoal ativo e inativo não poderão exceder os limites fixados
nos artigos 19, 20 da Lei Complementar Federal nº 101, de 2000, no art. 29-A da
Constituição Federal de 1988, com redação dada pela Emenda Constitucional nº 58
de 2000.
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Exercício 1
(V) Verdadeiro
(F) Falso
( ) A LRF estabeleceu como limite para despesa com pessoal do Município 50% da
Receita Corrente Líquida.
( ) Quando a despesa com pessoal atinge 95% do limite estabelecido pela LRF,
algumas restrições são impostas ao poder ou órgão, como por exemplo, conceder
aumento de remuneração aos servidores.
2. Transferência de Recursos
Essa unidade tem como objetivo apresentar a ocorrência das transferências governamentais,
discutindo ainda como esse tema é abordado na LDO.
Para iniciar os estudos acerca dessa temática, considere a reflexão: Você sabe se seu Município
recebeu em 2016 alguma transferência de recursos federais? Caso tenha recebido, você
conhece a destinação desses recursos?
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• Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE);
• Fundo de Participação dos Municípios (FPM);
• Fundo de Compensação pela Exportação de Produtos Industrializados (FPEX);
• Fundo de Manutenção e de Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização
dos Profissionais da Educação (FUNDEB), etc.
Royalty é uma palavra de origem inglesa que se refere a uma importância cobrada pelo
proprietário de uma patente de produto, processo de produção, marca, entre outros, ou
pelo autor de uma obra, para permitir seu uso ou comercialização. No caso do petróleo, os
royalties são cobrados das concessionárias que exploram a matéria-prima, de acordo com
sua quantidade. O valor arrecadado fica com o poder público. Segundo a atual legislação
brasileira, estados e municípios produtores – além da União – têm direito à maioria absoluta
dos royalties do petróleo. A divisão atual é de 40% para a União, 22,5% para estados e 30%
para os municípios produtores. Os 7,5% restantes são distribuídos para todos os municípios
e estados da federação. Fonte: Senado Federal.
Nessas duas modalidades, não cabe ao gestor avaliar a conveniência de repasse dos recursos.
Ele está obrigado pela Constituição ou por lei a fazer a transferência.
Todavia, as transferências constitucionais e legais não são o foco deste trabalho. Nosso foco
são as transferências voluntárias e as transferências a entidades privadas. Vamos conhecê-las?
2.1Transferência Voluntárias
Para facilitar seu entendimento a respeito das transferências voluntárias, imagine a seguinte
situação ocorrida em Sofianópolis no ano de 2016:
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Segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal as transferências voluntárias são entregas de
recursos correntes ou de capital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou
assistência financeira, que não decorra de determinação constitucional ou legal ou se destine
ao Sistema Único de Saúde-SUS.
Note que esse repasse de recursos não constitui uma obrigação da União, que de acordo
com critérios específicos, analisa, e se lhe for conveniente e oportuno, faz uma transferência
voluntária ao Município. Cabe ressaltar que não é suficiente apenas haver o interesse dos dois
entes para que se realize a transferência. Existe uma série de exigências a serem obedecidas
pelo ente que irá receber os recursos.
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Uma das exigências previstas na LDO federal de 2017 para repasse de transferências
voluntárias é a previsão de contrapartida na lei orçamentária do Munícipio beneficiário. Ou
seja, o ente que deseja receber transferência voluntária da União, deve prever em sua lei
orçamentária a contrapartida financeira, estabelecida em termos percentuais do valor previsto
da transferência.
A LDO federal define que para Municípios de até cinquenta mil habitantes a contrapartida
financeira fica entre 2% e 4% do valor da transferência.
No ícone Leitura Complementar do AVA você encontra mais informações sobre o CAUC.
Disponibilizamos também, nesse espaço, informações sobre as transferências voluntárias
aos estados e municípios. Quer conhecer quanto seu município recebe de transferências
voluntárias da União e o seu respectivo objeto, inclusive os valores? Acessar nosso material
complementar.
Ao longo desta unidade vimos que poderá ocorrer transferência voluntária da União (ou
Estado) para o Município, ou seja, transferência entre os entes federativos.
Você sabia que o setor público pode transferir recursos para o setor privado?
Pois bem, a LRF prevê ainda outra modalidade de transferência: a destinação de recursos
públicos ao setor privado. Neste caso, a transferência deve ser autorizada por lei específica,
atender às condições estabelecidas na LDO e estar prevista no orçamento ou em seus créditos
adicionais.
Note que, caso o Município deseje transferir recursos a entidades privadas são necessárias
três leis, de acordo com o art. 26 da LRF:
• Lei específica: deverá conter a autorização para o tipo de ajuda que será concedida e
os critérios para a concessão;
• LDO: estabelece critérios e condições para concessão;
• LOA: contém a previsão dos recursos a serem destinados.
Analise o exemplo:
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Além disso, ao elaborar a Lei Orçamentária Anual deve fazer a previsão dos recursos a serem
repassados.
A LRF ao estabelecer uma série de regras para as transferências voluntárias buscou ampliar
a transparência na destinação de recursos públicos ao setor privado. Portanto, a LDO deve
definir, de maneira genérica, os requisitos e as condições básicas que permitam a identificação
das situações que darão ensejo à destinação de recursos públicos às instituições privadas.
(ANDRADE, 2008).
Alguns requisitos que a LDO pode exigir da entidade privada como condições para recebimento
de recursos são:
Exercício 2
Quanto às Transferências, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F) nas alternativas abaixo:
( ) O município que pretende conceder auxílio financeiro a entidade privada sem fins
lucrativos não precisa estabelecer em sua LDO as condições e exigências para esse
repasse de recursos.
5. Adimplente - cumprimento, em tempo hábil, das obrigações contratuais pelo contratante ou convenente. Adimplente é
aquele que cumpre com suas responsabilidades financeiras.
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3. Alterações na Legislação Tributária
De acordo com o art. 3º do Código Tributário Nacional, “Tributo é toda prestação pecuniária
compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato
ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”.
Como você pode perceber, tributo é uma receita cobrada pelo Estado, tendo o contribuinte a
obrigação de pagar porque é determinado por lei, sendo, portanto, irrelevante a vontade das
partes.
O Estado, em virtude de seu poder soberano, pode retirar de seus cidadãos parcelas de suas
riquezas para a consecução de seus fins, visando ao bem-estar geral. É o Poder de Império do
Estado, que está acima das relações econômicas praticadas pelos particulares, assim como
sobre seus bens. O tributo constitui a principal renda do Estado (ALEXANDRE, 2009).
O dinheiro arrecadado pelo Município de Sofianópolis por meio de tributos é utilizado para
promover o bem estar da população.
E o que quer dizer alterações na legislação tributária? Falamos em alteração tributária quando
o governo promove aumento ou redução de seus tributos.
As alterações na legislação tributária seguem algumas regras, e uma importante limitação a
esse poder de tributar do Estado é o princípio da anterioridade tributária.
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Princípio da Anterioridade: Em regra, é vedado cobrar tributos no mesmo exercício
financeiro da publicação da lei que os instituiu ou aumentou. A ideia fundamental
desse princípio é proteger o contribuinte contra a imediata aplicação de normas que
aumentem a carga tributária. Mas, existem exceções a esse princípio, como o caso de
tributos que possuem características extrafiscais6 (Imposto de Importação, Imposto
de Exportação, Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros – IOF, etc.).
Esses tributos precisam de maior flexibilidade para gestão da política fiscal econômica.
De acordo com a Constituição Federal, a LDO deve dispor sobre as alterações na legislação
tributária. Portanto, a LDO deve disciplinar as alterações na legislação tributária, em especial
aos projetos de lei que concedam ou ampliem incentivos ou benefícios de natureza tributária,
ou seja, que diminuam a arrecadação do governo (ALBUQUERQUE, MEDEIROS & FEIJÓ, 2008).
Os tributos representam grande parte da receita do Estado, portanto qualquer alteração tem
impacto nas contas do governo. Quando se faz a previsão de alteração na legislação tributária
na LDO, a discussão sobre onde alocar o recurso excedente (em caso de aumento de tributo)
ou como fazer a realocação de recursos (em caso de diminuição de tributo) é antecipada.
O objetivo desta previsão na LDO é possibilitar a inclusão na LOA dos impactos provenientes
da alteração da receita tributária, bem como da reversão dos recursos, caso o projeto de lei
não seja aprovado (ANDRADE, 2008).
O que isso quer dizer? A LOA deve prever a receita conforme a legislação atual, e pode também,
se autorizada pela LDO, fazer outras previsões baseadas num novo contexto, caso a alteração
na legislação tributária seja aprovada.
Observe o exemplo:
6. Características extrafiscais - A maioria dos tributos é criada com uma finalidade específica: a arrecadação fiscal. É assim
porque o Estado necessita de recursos financeiros para fazer frente às despesas oriundas de sua intervenção na sociedade.
Logo, a fiscalidade, ou o caráter fiscal, nada mais é do que a finalidade arrecadatória que enseja a criação de grande parte das
receitas do sistema tributário brasileiro. Entretanto, quando a instituição de uma espécie tributária ocorre com um propósito
que vai além do meramente arrecadatório, diz-se que tais espécies são dotadas, além da fiscalidade, de um viés extrafiscal.
Consiste a extrafiscalidade no uso de instrumentos tributários para obtenção de finalidades não arrecadatórias, indutoras
ou inibidoras de comportamentos na economia. Dessa forma, fica claro que a extrafiscalidade nada mais é que o objetivo
excepcional de um tributo, que ultrapassa o setor puramente financeiro, tendo reflexos no âmbito político, social e econômico.
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A LDO prevê essa alteração, delegando à LOA o papel de prever esses dois cenários. Se o
projeto de lei reduzindo o IPTU for aprovado, algumas despesas serão excluídas, e a LOA já
contemplará essa situação, diante da autorização da LDO.
A exigência de previsão da alteração tributária na LDO ocorre porque a alteração das normas
tributárias reflete no total de recursos com os quais o poder público contará no exercício
seguinte para realizar as políticas públicas planejadas.
A alteração na legislação tributária poderá ter dois efeitos: redução da receita ou aumento da
receita.
A LDO contará ainda com critérios para cancelamento de crédito em virtude de não aprovação
de proposições de alteração na legislação tributária (ALBUQUERQUE, MEDEIROS & FEIJÓ,
2008).
Então, se a LDO contempla tal situação, no projeto da LOA poderão ser considerados os efeitos
de propostas de alterações na legislação tributária que estejam em tramitação no poder
Legislativo (ANDRADE, 2008).
Os Recursos Condicionados podem estar previstos na LOA com um código especial, e quando
aprovada as proposições na Câmara de Vereadores, os recursos serão remanejados para as
destinações adequadas e definitivas (Portaria STN/SOF nº 02/2007).
7. Renúncia de receita são atos do governo que tenha como impacto a diminuição da receita pública, como, por exemplo, a
redução da alíquota de algum tributo.
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Portanto, com autorização da LDO, a LOA pode incluir na sua previsão da receita os recursos
adicionais provenientes da alteração na legislação tributária em tramitação na Câmara de
Vereadores.
Se a alteração tributária for aprovada pelo Legislativo, então mais despesas poderão ser
executadas, conforme previsão na LOA. Analise a seguir a íntegra dos artigos da LRF comentados
no texto acima:
[...]
Veja que as alterações na legislação tributária que levam tanto à redução quanto à majoração
das receitas devem estar previstas na LDO de forma a serem incorporadas ao planejamento
governamental do ano seguinte.
Agora, conheça alguns artigos da LDO federal que tratam das Alterações na Legislação
Tributária:
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“LEI Nº 13.408, DE 26 DE DEZEMBRO DE 2016.
[...]
Art. 118. Somente será aprovado o projeto de lei ou editada a medida provisória
que institua ou altere receita pública quando acompanhado da correspondente
demonstração da estimativa do impacto na arrecadação, devidamente justificada.
Art. 119. Na estimativa das receitas e na fixação das despesas do Projeto de Lei
Orçamentária de 2017 e da respectiva Lei, poderão ser considerados os efeitos de
propostas de alterações na legislação tributária e das contribuições, inclusive quando
se tratar de desvinculação de receitas, que sejam objeto de proposta de emenda
constitucional, de projeto de lei ou de medida provisória que esteja em tramitação no
Congresso Nacional.
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§ 2º A troca das fontes de recursos condicionadas, constantes da Lei Orçamentária
de 2017, pelas respectivas fontes definitivas, cujas alterações na legislação foram
aprovadas, será efetuada até trinta dias após a publicação das referidas alterações
legislativas.
Perceba que a LDO federal para 2017 estabeleceu regras para alteração da receita pública em
tramitação no Congresso Nacional (demonstrativo do impacto na arrecadação e justificativa
da necessidade do aumento), além de permitir ao projeto de LOA considerar as alterações na
estimativa das receitas orçamentárias.
Portanto, quando a LDO antecipa a discussão das alterações na legislação tributária, busca
promover meios para garantir o equilíbrio das contas públicas. Isso porque as alterações
na arrecadação não podem impactar as metas fiscais estabelecidas.
Exercício 3
4. Outras Disposições
A Constituição Federal dispõe que a LDO estabelecerá a política de aplicação das agências
financeiras oficiais de fomento.
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Todavia, talvez você esteja se questionando: O que são agências financeiras oficiais de fomento
e para que elas servem? De acordo com o Banco Central, as agências de fomento têm como
objeto social a concessão de financiamento de capital fixo e de giro associado a projetos
no Estado ou Distrito Federal onde tenham sede. Tais entidades têm status de instituição
financeira, mas existe uma série de limitações para sua atuação no mercado.
Em linhas gerais, as agências financeiras de fomento são instituições financeiras não bancárias,
regulamentadas pelo Banco Central e controladas pela União, Estados ou Distrito Federal com
a finalidade de conceder empréstimos e financiamentos a projetos na Unidade de Federação
onde tenham sede.
Como estudamos ao longo dos módulos deste curso, a LDO é uma ferramenta que aprimora a
transparência dos gastos públicos.
Para reforçar esse papel, desde 2014 a LDO federal trouxe um capítulo específico sobre
transparência. Apresentaremos aqui os principais tópicos abordados na LDO federal 2017:
Embora não seja uma exigência legal para que a LDO contenha um capítulo sobre transparência,
a existência desta sessão reforça o esforço do governo em tornar suas contas mais transparentes.
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Exercício 4
Revisão do Módulo
Algumas informações muito importantes estudadas por você nesse módulo merecem ser
revisadas. Vamos revê-las?
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• O objetivo da previsão na LDO é possibilitar a inclusão na LOA dos impactos
provenientes da alteração da receita tributária, bem como da reversão dos recursos,
caso o projeto de lei não seja aprovado.
Exercício 1
Exercício 2
Exercício 3
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(F) De acordo com a Constituição Federal, a LOA deve dispor sobre as alterações na
legislação tributária. A LDO deve dispor sobre as alterações na legislação tributária
(F) Para concessão de benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de
receita é suficiente sua previsão na LDO. De acordo com a LRF a concessão de
benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá ser
acompanhada de três condições:
99 1) apresentar a estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em
que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes;
99 2) atender ao disposto na LDO;
99 3) demonstrar que a renuncia foi considerada na estimativa de receita da LOA e
que não afetará as metas de resultados da LDO ou estar acompanhada de medida
de compensação.
(V) Mediante autorização na LDO, a LOA pode considerar na sua estimativa de receita
os efeitos da alteração na legislação tributária.
Exercício 4
Referências Bibliográficas
DIAS, Fernando Álvares Correia. O Controle Institucional das Despesas Com Pessoal. Série
Textos para Discussão, Texto nº 54. Brasília: Senado Federal, 2009. Disponível em: <http://
www.senado.gov.br/senado/conleg/textos_discussao/TD54-FernandoAlvaresDias.pdf>.
Acesso em 25 de fevereiro 2016.
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BRASIL. Secretaria do Tesouro Nacional. Glossário. Disponível em:
< https://www.tesouro.fazenda.gov.br/glossario?b=A>. Acesso em: fevereiro, 2016.
MENDES, Marcos. (2010). POLÍTICA DE PESSOAL DO GOVERNO FEDERAL: diretrizes para maior
produtividade, qualidade, economicidade e igualdade. In: Senado Federal.
Agenda Legislativa para o Desenvolvimento Nacional. Senado Federal, Brasília, DF.
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