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ESTUDOS

Carreira do magistério:
uma escolha profissional deliberada?
Ione Ribeiro Valle

Resumo
Analisa a dinâmica que determina a escolha da carreira docente, a partir de
representações de um grupo de professores de 1ª a 4ª série, supondo que ela é impulsi-
onada por razões que podem ser circunscritas histórica e geograficamente. Procura pri-
meiramente compreender a lógica das escolhas profissionais, elucidar a noção de car-
reira e distinguir as motivações que influíram na decisão desses professores ou que os
impelem a outras profissões, despertando velhos sonhos e nutrindo novas ambições.
Para tanto, constrói um esquema de interpretação, destacando algumas lógicas que ori-
entam o percurso escolar e influenciam os itinerários profissionais: a lógica de integração,
relacionada com a imagem de si mesmos; a lógica de profissionalização, associada à sua
inserção no mundo do trabalho; e a lógica de transformação, que faz referência à
sua função social.

Palavras-chave: carreira do magistério; corpo docente; identidade profissional.

Abstract The teaching career: is it a deliberated


professional choice?
His study analyses the dynamic which determine the choice of the teaching career,
beginning from a group of primary teachers, supposing it is stimulated by reasons that
can be historical and geographically circumscribed. Firstly, we tried to understand the
logic of these professional choices. We also tried to elucidate the concept of career and
distinguish the motivations that had influenced in these teachers decisions, or that impelled
them to other professions, awaking old dreams and feeding new ambitions. To understand
this, we built a scheme of interpretation, highlighting some logics that guide the scholastic
course and influence the professional journey: the integration logic related to self image:
the professionalization associated to work market insertion; and the logic of transformation
that makes reference to its social functions.

Keywords: teaching career; instructing staff; professional identity.

178 R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 87, n. 216, p. 178-187, maio/ago. 2006.

Abstract
Carreira do magistério: uma escolha profissional deliberada?

O propósito de constituir uma carreira influíram na decisão de professores de 1ª


para o magistério integra os objetivos das a 4ª série ou que os impelem a outras pro-
esferas administrativas, estando associa- fissões, despertando velhos sonhos e
do à idéia de corpo unificado considerada nutrindo novas ambições.
indispensável à ampliação de sua eficiên-
cia e produtividade. O ingresso no magis-
tério supõe um determinado grau de for- Uma escolha circunscrita
mação correspondente ao nível de ensino
pleiteado e a aprovação em concurso, re- Ao contrário do que revela o senso
quisitos essenciais à construção de uma comum, o destino de uma pessoa não se
carreira profissional e à afirmação da iden- prende somente às características próprias
tidade do professor. No entanto, a tardia e de sua personalidade – disposição, inteli-
frágil democratização do sistema de edu- gência, caráter, vocação, aptidão, dons e
cação brasileiro – quanto à sua expansão méritos pessoais, que podem ser cultiva-
e à oferta de um ensino de qualidade – dos de maneiras diversas –, mas depende
acaba postergando a edificação dessa principalmente do fato de ter nascido num
carreira e favorecendo uma enorme frag- determinado momento histórico e num
mentação do corpo docente. Respaldado certo ambiente sociocultural, definido por
no princípio de descentralização elementos estruturais bem precisos: de or-
amplamente proclamado pelas políticas dem econômica, política, educacional.
educacionais desde os anos 50, o sistema Esses elementos pesam sobre as opções de
educacional apresenta-se estratificado em cada um e acabam por prescrever o futuro
redes e níveis de ensino, fazendo com que no mais longo termo, orientando a escolha
o magistério acumule desigualdades pro- pessoal e exercendo forte influência sobre
fundas em termos de status, salário, o itinerário profissional. O apelo à vocação
contrato e condições de trabalho. para justificar as escolhas profissionais,
Mas a intenção de estabelecer uma como salientou Bourdieu (1998), visa pro-
carreira profissional faz parte prin- duzir encontros harmoniosos entre as dis-
cipalmente das reivindicações dos posições e as posições, fazendo com que
professores, tendo sido explicitada com ve- as vítimas da dominação simbólica possam
emência por suas esferas representativas desempenhar com satisfação as tarefas su-
(associações e sindicatos), sobretudo a balternas ou subordinadas, atribuídas às
partir dos anos 80. Associada à idéia de suas virtudes de submissão, gentileza,
profissionalização do sistema de ensino e docilidade, devotamento e abnegação.
do pessoal da educação – inspirada na con- A idéia de deliberação voluntária,
cepção de modernidade – e ao desejo de normalmente associada às qualidades ina-
engendrar uma “identidade profissional” tas, supõe que toda decisão resulte da
inscrita numa outra realidade dinâmica e escolha entre múltiplas possibilidades, o
contingente, diferenciada da “identidade que permite diversificar as estratégias,
vocacional” 1 difundida pelas Escolas prognosticar suas conseqüências e avaliar
Normais, a carreira é vista como funda- comparativamente as vantagens e
mental ao engajamento dos professores nas benefícios de cada uma delas. Todavia,
lutas coletivas do magistério, o que somen- como ressalta Bourdieu (1989), as escolhas
te a condição de membro integral do cor- profissionais não são simplesmente fruto
po docente parece ser capaz de promover. de uma decisão consciente realizada por
Partindo da dinâmica – muitas vezes um sujeito racional, mas de uma operação,
efêmera e ambígua – que orienta as esco- freqüentemente obscura, de um senso prá-
lhas profissionais, formulamos a hipótese tico da posição no campo, orientada pela
segundo a qual a opção pelo magistério estrutura interiorizada que produziu toda
repousa sobre algumas lógicas, relaciona- a história anterior e que ainda conduz o
das com as representações que o professor presente.
tem de si mesmo, de sua inserção no mun- Embora se desconheça a lógica das
1
Sobre a transformação da
“identidade vocacional” para do do trabalho e de sua função social. Com escolhas profissionais que se efetuam
a “identidade profissional”, o objetivo de examinar esta hipótese, quase sempre fora de todo cálculo e sem
vislumbrada tanto pelas
esferas administrativas dos procuramos compreender a lógica das es- critérios explicitamente definidos,
sistemas de ensino quanto colhas profissionais, elucidar a noção de consideramos que nelas são engajados
pelas esferas representativas
do pessoal da educação, ver
carreira a partir de diferentes abordagens princípios de seleção, esquemas de percep-
Valle (2002). teóricas e distinguir as motivações que ção e de apreciação que não são aleatórios.

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A escolha inicial e normalmente prematura caráter mais duradouro e estável que


de uma profissão – que na era moderna se outras e valem-se de status diferenciados.
torna cada vez menos definitiva, depen- A carreira está inscrita na era da
dendo cada vez mais das flutuações do burocracia, sublinha Hughes (1996): na
mercado e da extensa especialização das condição de funcionário, uma pessoa pode
áreas profissionais – é apenas uma, dentre galgar as camadas superiores de uma
as muitas, que se sucedem na vida. Ape- organização hierárquica, num período em
sar disso, não podemos esquecer que essa que recebe um salário e lhe são conferidos
escolha está relacionada com objetivos, graus distintos de autoridade e prestígio
nem sempre muito claros, que se quer segundo o nível exercido. Todavia, a idéia
perseguir, e com o grupo de referência no de carreira não pode ser empregada ape-
qual se pretende buscar prestígio, nas nesse sentido. Goffman (1968) atribui
distinção, realização. ao termo um duplo significado, que abran-
Desse modo, para se compreender as ge questões íntimas mantidas preciosa e
escolhas individuais, é fundamental levar secretamente por cada um, como a ima-
em conta as estruturas objetivas do campo gem de si e o sentimento de sua própria
profissional, assim como suas lógicas de identidade, e refere-se à situação oficial
funcionamento e de transformação. Este do indivíduo, às suas relações de escolha,
estudo parte do pressuposto de que a es- ao seu modo de vida. O conceito de car-
colha ocupacional deriva não somente da reira integra assim o quadro das relações
posição social dos pais, ligada, portanto, à sociais, autorizando um movimento de
atividade que exercem, mas está igualmen- vai-e-vem do público ao privado, do eu ao
te vinculada à sua posição sociocultural meio social, que dispensa o recurso
ou aos seus níveis de escolarização. Com abusivo das declarações do indivíduo so-
base nesses parâmetros, a família delimita bre si ou sobre a idéia que faz de seu pró-
a escolarização dos filhos ou projeta a prio personagem. Segundo Huberman
continuidade dos estudos, determinando (1989), o desenvolvimento de uma carrei-
assim as fronteiras de suas ambições pro- ra é um processo e não uma série de even-
fissionais. Circunscrita ao leque de possi- tos: para alguns esse processo é linear, para
bilidades abertas pela família e decorren- outros ocorre em etapas, com regressões,
te de múltiplas articulações entre a vida declínios ou descontinuidades. O concei-
familiar e a vida profissional, a escolha da to de carreira permite então estudar o per-
carreira docente – que exige um longo curso de uma pessoa numa organização
tempo de preparação – depende muito es- (ou numa série de organizações) e com-
treitamente do capital escolar e cultural preender, ao mesmo tempo, a influência
(nos termos formulados por Bourdieu) que que essas pessoas exercem sobre a organi-
o jovem estudante porta. zação e as situações institucionais a que
se submetem.
É na acepção moderna do termo que
Atualidade do termo inscrevemos o estudo sobre a escolha da
carreira docente, relembrando que, como
Designando originalmente as vias membro do magistério, o professor inte-
destinadas às corridas, o termo “carreira” gra um corpo profissional relativamente
adquiriu duplo sentido figurado, referindo- fechado – muito embora apareça mais frag-
se ao itinerário de uma pessoa no curso de mentado do que unificado – e se define
sua vida ou de uma parte dela e à progres- por um tipo de identidade2 (vocacional ou 2
Segundo Dubar (2000),
são a que cada indivíduo faz jus no interi- profissional). Ao qualificar o sistema edu- identidade não é o que
permanece idêntico, mas o
or das modernas organizações burocráti- cacional como burocracia pedagógica, resultado de uma identifica-
cas. Podem existir numerosas carreiras Lapassade (1989) mostra que sua estrutu- ção contingente. É o resulta-
durante uma vida, e muitas delas não são ra hierárquica, a exemplo das demais or- do de uma dupla operação
da linguagem: diferenciação
nem organizadas nem definidas de manei- ganizações modernas, oculta uma teia e generalização. A primeira
ra consciente. Mas a palavra carreira é complexa de relações de poder, que, no refere-se à singularidade de
alguma coisa ou de alguém
empregada principalmente como atributo caso brasileiro, estão distribuídas em ní- em relação a outra coisa ou
das profissões que oferecem possibilidades veis e redes de ensino. Essas relações ope- a outrem: a identidade é a di-
ferença. A segunda procura
de promoção, estando reservada apenas a ram a partir de uma gama de trabalhos a definir o ponto comum a
algumas delas. Ainda que não estejam li- efetuar, correspondendo a toda uma gama uma classe de elementos,
diferentes dos que compõem
vres de imprevistos e de irregularidades, de papéis administrativos e pedagógicos uma outra classe: a identida-
certas carreiras profissionais possuem um a desempenhar. Ainda que a docência se de é a vinculação comum.

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situe no interior desse sistema e se posição socialmente reconhecida –


constitua a sua principal atividade, o haja vista a crise profunda que afe-
magistério está submetido às decisões to- ta o magistério –, mas acreditam
madas nas esferas superiores. Os profes- poder conquistar essa posição e
sores podem até mesmo se beneficiar de apostam na sua revalorização, con-
aumentos salariais consideráveis, mas tentando-se com uma solução
jamais se beneficiarão das gratificações provisória e com as perspectivas de
supremas. Para tanto, é necessário uma promoção futura.
remover-se da carreira docente para uma 2) A escolha do magistério pode, por
função na administração, na pesquisa ou outro lado, ser provocada pela im-
nas altas esferas político-educacionais, di- possibilidade de concretizar um
ferentemente de outras profissões onde se outro projeto profissional, seja
pode chegar ao ápice sem abandonar a devido a circunstâncias diversas de
atividade de base. ordem pessoal – geralmente decor-
A partir dessas abordagens, con- rentes de uma condição familiar ho-
sideramos que a carreira docente se mogênea e unívoca de existência –,
inscreve à primeira vista entre duas dinâ- seja pela oferta limitada de habili-
micas contraditórias, que evoluem em sen- tações profissionais, em que predo-
tido inverso: ela figura entre as carreiras minam igualmente as estruturas
valorizadas socialmente, porque combina objetivas dessa condição.3 Nesse
um certo status profissional com estabili- caso, os sonhos e projetos do jovem
dade de emprego (características até há estudante se confrontam com a ló-
pouco tempo exclusivas das profissões gica das hierarquias escolares, que,
tradicionalmente reputadas como “no- condicionadas pelas hierarquias
bres”), colocando os professores ao abrigo sociais e culturais, são típicas das
das grandes flutuações do mercado; ela sociedades marcadas por fortes de-
pode também servir de lugar de passagem sigualdades. Sendo forçados a
ou trampolim para algumas funções renunciar aos sonhos relativos às
administrativas. profissões que desejariam exercer,
Mas a carreira docente se torna pouco os futuros professores investem sua
atrativa, pois, apesar de exigir um enorme energia, talento e sabedoria na se-
investimento pessoal e familiar (diplomas gunda – ou talvez terceira – esco-
3
Para Postic et al. (1990),
certos fatores conjunturais e aprovação em concursos), oferece um lha ligada àquela profissão que pen-
relacionados com circuns- futuro profissional bastante incerto, baixos sam realmente poder exercer; nela
tâncias externas, como a
necessidade de abandonar salários, limitadas possibilidades de as- buscam realização pessoal e procu-
os estudos por razões censão pessoal, condições precárias de ram vivê-la como a concretização
financeiras ou a reprovação
em concursos, podem deter-
trabalho, além de requerer uma grande ver- plena de uma vocação.4
minar a escolha de uma satilidade; o exercício do magistério
carreira. implica inevitavelmente a conciliação da
4
Segundo Bourdieu (1994), os
indivíduos ou grupos podem
atividade de ensinar e de outras que lhe Escolha da carreira docente
produzir construções ideoló- são complementares, seja por sua nature-
gicas que dão a suas escolhas za, seja em razão da organização do traba- O interesse principal pela escolha da
nos mais diversos domínios
(políticos, estéticos, éticos) as lho escolar. Essas dinâmicas convergem carreira docente, estudada com base nas
aparências de coerência, em favor de duas idéias fundamentais: representações de um grupo de professo-
apresentando-as como com-
binações de elementos logi- res,5 inspira-se no esforço de Bourdieu
camente disparatados que 1) A escolha do magistério resulta de (1979) em construir sua teoria do habitus
somente formam um conjun-
to pela força integradora das
uma decisão consciente ou incons- procurando compreender de maneira
disposições ou das posições ciente tomada durante a unitária algumas dimensões da prática,
comuns. escolarização média, ou até mesmo analisadas freqüentemente em ordem dis-
5
Os dados que servirão de
base para as análises aqui
antes dela, em razão da atração que persa. Mas, a exemplo do que faz Lahire
desenvolvidas têm como re- a carreira docente exerce sobre o (1998), não se pode insistir exclusivamen-
ferência fontes secundárias jovem estudante. Este se investe, te no aspecto “sistemático” e “unificador”
e representações de uma
amostra de professores de 1ª então, na realização de seu projeto do habitus – que, ao presumir a
a 4ª série das redes públicas profissional, colocando em prática homogeneidade do passado, bloqueia pre-
(estadual e municipal) do
Planalto Serrano, obtidas múltiplas estratégias. Nesse caso, maturamente o encontro entre um passa-
através de uma pesquisa por pode-se supor que os futuros pro- do incorporado e um presente diferente ou
questionário, visando à ela-
boração de minha tese de
fessores não escolhem a docência contraditório –, pois a articulação passa-
doutorado (Valle, 2001). com o objetivo de ascender a uma do/presente (incorporado/contexto) só tem

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sentido se estes forem considerados ao (professor/aluno) e institucional (professor/


mesmo tempo como plurais e heterogêne- direção/colegas), mas decorre também das
os. Isto significa considerar que o peso das significações acordadas à própria profissão.
experiências passadas na situação presen- Ora, estas ligações estão permeadas pela
te está relacionado com as aspirações do submissão e autoridade, dimensões
professor e as lógicas de ação nas quais ele associadas ao dom e à vocação, que se
foi e é conduzido a se inscrever. expressam na linguagem da obrigação:
Para compreender as motivações dos obrigado, ele obriga, faz obrigado, cria
professores interrogados no que concerne obrigações, institui uma dominação legítima
à escolha da carreira docente, que ocorreu (Bourdieu, 1997). Essa linguagem é eficaz
num passado distante ou recente, em vir- para dissimular a violência simbólica e
tude das diferenças de idade e do desejo assegurar a perpetuação do poder de
de mudar de profissão, recorremos a dois dominação das elites sobre a massa, dos do-
conceitos: dom e vocação, que têm simul- minantes sobre os dominados, dos herdei-
taneamente explicado o ingresso no ros sobre os despossuídos (Bourdieu, 1989).
magistério e justificado os projetos Dois fatores, o sexo e a origem social,
profissionais vislumbrados. influíram no ingresso dos professores na
Considerando a multiplicidade de carreira docente, colocando-se na base de
estudos nos campos sociológico e educa- um paradoxo: ao orientar o jovem
cional sobre o dom, não podemos mais nos estudante para o reconhecimento de suas
basear somente na noção clássica, que o características pessoais – principalmente
confunde com as idéias de disposição ina- sexuais – e para a necessidade de adapta-
ta e natural, de bênção ou de graça, e que o ção às condições socioeconômicas reais,
associa a abnegação e sacrifício. Nosso in- esses fatores acabam por desencorajar a
teresse consiste, portanto, em examinar em escolha de uma outra habilitação profissio-
que medida as representações dos profes- nal e considerar como legítima a ideologia
sores revelam a adesão pura e simples à da excelência escolar.
ideologia do dom ou expressam a crença Atribuindo suas escolhas à vocação e
em seus dons individuais. aos seus dons pessoais, resultado da
Referindo-se à “dupla verdade do interiorização de um futuro profissional
dom”, Bourdieu (1997) ressalta que a doa- possível e provável, os professores de 1ª a
ção, como ato generoso, só pode ser 4ª série interrogados, ou, mais precisamen-
praticada por agentes sociais que te, as professoras (97% da amostra), fazem
adquiriram em universos preparados e reviver certos estereótipos que autorizam
reconhecidos as disposições generosas, e favorecem determinadas condutas e téc-
ajustadas às estruturas de uma economia nicas sociais, mas também sexuais ou
que lhes assegura algum tipo de evocadas sexualmente, além de permitir
recompensa, sob a forma de contradoação a consolidação e legitimação de atitudes
ou de distinção. Valorizando o ato de doar, diferenciadas. Esses estereótipos são ge-
oculta-se o fato de que tanto aquele que dá ralmente inconscientes e constituem-se fa-
quanto aquele que recebe são preparados tores de censura e de autocensura, que atu-
pelos mecanismos de socialização (primá- am na seleção das orientações: às mulhe-
ria e secundária) para participar da troca res o contato humano, a ajuda aos outros,
generosa, reconhecendo-a pelo que a comunicação. Segundo Dubar e Tripier
representa em si mesma. (1998), a divisão sexuada dos papéis fa-
Igualmente, não se pode mais recorrer miliares é inseparável das desigualdades
à vocação no seu sentido moral e ético ou de carreira profissional entre os sexos.
mesmo religioso6 como razão única das A origem social dos professores inter- 6
A vocação desempenha o
papel da mutação na seleção
escolhas profissionais. Esses sentidos atri- rogados7 é consideravelmente modesta: a natural, permitindo às pes-
buem às profissões uma especificidade grande maioria descende da população em soas que a encontram dar um
própria, sui generis, que exige um tipo de transição entre as zonas rurais e os cen- sentido à sua existência,
saber por que despendem
engajamento pessoal e familiar e constrói tros urbanos, provém das camadas soci- energia, ter em mente que a
nos indivíduos o sentimento de uma ais em ascensão passando das ocupações realização que atingem é,
melhor do que a fortuna, a
predestinação marcada pelo espírito manuais às profissões intelectuais, faz prova de sua predestinação
missionário. parte dos setores menos escolarizados por- (Tripier, 1998).
Fruto da doação e da vocação, a escolha tadores de baixo capital cultural. Em con- 7
A variável origem social foi
elaborada a partir do nível
do magistério implica inevitavelmente liga- seqüência, a escolarização aparece como de escolaridade e do tipo de
ções afetivas no nível da relação pedagógica via – talvez única – de promoção social e ocupação dos pais.

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Carreira do magistério: uma escolha profissional deliberada?

lhes permite romper com a hereditariedade profissionais, procurando enquadrar em cada


profissional, ingressando nas atividades bifurcação (passagem de um nível de ensino
mais bem qualificadas, entre as quais figura a outro) as escolhas individuais.
o magistério. A consolidação progressiva da lógica
A fim de examinar as motivações que de integração se prolonga pela vida adul-
impulsionaram esses professores para o ta, sendo efetivada através de estratégias
magistério e que os atraem para outras implícitas e/ou explícitas, meticulosamen-
profissões, construímos um esquema de te implementadas por programas duráveis
interpretação sociológica, na tentativa de de inculcação (socialização secundária),
buscar uma maior objetividade no trata- onde se cruzam princípios heterogêneos ou
mento das informações. Esse esquema mesmo contraditórios.
coloca em destaque algumas lógicas que Pudemos constatar assim que as
orientam o percurso escolar e influenci- motivações para o ingresso no magistério,
am os itinerários profissionais desses evocadas pelos professores interrogados,
professores, a saber: a lógica de integração, permanecem no campo dos valores
relacionada mais diretamente com a ima- altruístas e da realização pessoal, estando
gem de si mesmos; a lógica de profis- fortemente ancoradas na imagem de si e
sionalização, associada principalmente a na experiência cotidiana, a saber: o dom e
sua inserção no mundo do trabalho; a ló- a vocação (“tenho características inatas
gica de transformação, que faz referência indispensáveis ao ensino”), o amor pelas
à sua função social. Essas lógicas não são crianças (“adoro trabalhar com as
autônomas, mas formam verdadeiros “ca- crianças”), o amor pelo outro (“eu sempre
nais de interdependência” (Elias, 1970) gostei de ajudar as pessoas”), o amor pela
que se diferenciam e se distanciam, tor- profissão (“adoro o trabalho escolar”, “for-
nando-se quase imperceptíveis e escapan- mando os outros, a gente se forma a si
do do controle do próprio indivíduo e de mesmo”), o amor pelo saber (“é uma
seu grupo de vinculação. profissão que possibilita minha realização
pessoal”), a necessidade de conquistar au-
tonomia financeira (“o fato de entrar no ma-
A lógica de integração gistério me permite ganhar a vida e
continuar os estudos”).8
Muitos estudos constataram que a As razões pessoais, mesmo sendo
escolha de uma profissão é o resultado de muito complexas e difíceis de ser apreen-
uma combinação entre a representação didas, baseiam-se nas afinidades
que o indivíduo tem de si e a experiência individuais alimentadas desde a mais ten-
vivida. Para Bourdieu (1997), as escolhas ra idade (“eu sou dotada para o ensino”,
do sujeito livre e desinteressado que exalta “desde criança sonhei tornar-me
a tradição não são totalmente independen- professora”, “eu adorava fazer o papel de
tes da mecânica do campo, da posição que professora”), nas lembranças de práticas
nele ocupa e dos interesses que lhe são vividas no círculo familiar (“eu sempre fui
solidários; portanto, da história da qual ele atraída pela profissão de minha mãe, ela
é o resultado e que permanece inscrita nas era professora”, “eu admirava minha tia
suas estruturas objetivas e, através delas, professora”), nas relações com o meio
nas estruturas cognitivas, nos princípios escolar ou em impressões ancoradas na es-
de visão e de divisão, nos conceitos, nas colaridade (“minha primeira professora me
teorias, nos métodos utilizados. inspirou muito”, “sempre tive bons profes-
A escolha da carreira docente parece sores”), mas também no acaso onde agem
ser proveniente do esforço contínuo de o destino e as situações inesperadas ou inu-
integração em um determinado universo sitadas (“quando me dei conta, já era
social ou profissional relativamente professora”).
constante, como é o caso do magistério. Esse Tentando aprofundar esta reflexão,
esforço é cuidadosamente engendrado no procuramos analisar as expectativas dos
seio da família (socialização primária), onde professores diante da possibilidade de exer-
são nutridas as motivações intrínsecas, cer uma outra profissão. Verificamos,
8
As frases apresentadas entre incorporadas através de orientações coere- então, que mais de dois terços se diziam
aspas foram recolhidas nos ntes e fortemente homogêneas. Estas visam satisfeitos e não pretendiam abandonar a
questionários preenchidos
pelos professores de 1ª a 4ª
adaptar as singularidades e expectativas docência. Em contrapartida, um terço está
série interrogados. pessoais e delimitar as ambições pronto a deixar o magistério se a ocasião

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se apresentar e sustenta, inclusive, a idéia perspectivas que proporciona (“é um


de “colocar o ponteiro a zero” em termos mercado em expansão”), as facilidades de
de futuro profissional. Esses professores acesso (baixas exigências de nível de for-
acumulam frustrações pessoais diante das mação) e, principalmente, seu prestígio em
“promessas” não concretizadas e demons- relação às ocupações manuais (“o ensino
tram um sentimento profundo de desilusão ainda é valorizado”, “os salários conti-
(“não consigo desenvolver minhas nuam atraentes se compararmos com
potencialidades nesta profissão”), que de- outras profissões”).
corre tanto da falta de valorização finan- Os professores que desejam exercer
ceira e reconhecimento social (“os baixos outra profissão ressaltam as dificuldades
salários se tornaram insuportáveis”, “o de ascender na carreira docente (“não se
ensino torna-se cada vez mais desvalori- pode mais esperar nada desta profissão”)
zado”) quanto dos limites impostos pela e o esgotamento próprio do trabalho esco-
própria profissão (“tenho vontade de lar (“o ensino tornou-se insuportável por
conhecer coisas diferentes”, “gostaria de causa das más condições das escolas, dos
descobrir o mundo”). baixos salários e dos freqüentes problemas
com os alunos”). Suas preferências
concernem às atividades administrativas,
A lógica da mas principalmente técnicas, científicas
profissionalização e artísticas (bioquímica, agronomia,
medicina, odontologia, veterinária,
A lógica de integração é reforçada e fisioterapia, enfermagem, informática,
ampliada no interior de um universo pro- psicologia, assistência social, advocacia e
fissional relativamente homogêneo, onde jornalismo).
são criadas e recriadas as idéias fundamen- A continuidade dos estudos também faz
tais que definem as condições de forma- parte dos projetos de um número significa-
ção de seus componentes, que são também tivo de professores que quer permanecer no
as condições de sua realização pessoal. A magistério. Ela é motivada pela vontade de
estima de si aparece como um dos elemen- criar novas situações de ascensão na carreira
tos da identidade profissional, devendo ser e de melhorar sua competência pedagógica.
construída e modificada de maneira mais Esses professores gostariam de se tornar
ou menos consciente por cada um ao lon- administradores escolares ou pedagogos e
go de sua trajetória. Escolher a docência é, de cursar programas de especialização (nível
portanto, atribuir-lhe um sentido, de pós-graduação).
situando-a em relação à sua vida e às suas
aspirações profissionais; é inserir-se num
espaço social bem preciso e num sistema A lógica da transformação
de relações interpessoais claramente defi-
nidas, com o objetivo de reafirmar a estima Por ser uma profissão dotada de
de si. “espírito de corpo” (nos termos descritos
Atribuindo suas razões ao desejo, mas por Dubar e Tripier, 1998), o magistério é
sobretudo à necessidade de inserir-se no reconhecido por seu longo passado e pela
mercado de trabalho, os professores inter- especificidade das atividades que desen-
rogados se viram atraídos pelo “amor à volve, além de sustentar um caráter quase
profissão” e pelo “amor ao saber” no universal do “ofício” de professor, que foi
momento de ingressar no magistério, que bem explicitado por Arroyo (1999). Para
para a maioria deles foi seu primeiro ele, a importância do magistério se deve
emprego. Em geral, isto aconteceu muito ao fato de formar-se ao longo da história,
prematuramente (entre 13 e 20 anos), mas de acompanhar os lentos processos de ci-
não restringiu suas ambições pessoais; eles vilização e de educação no desenvolvi-
foram – ou continuam sendo – forçados a mento humano, de acompanhar as tensões
conciliar a vida de estudante com a vida sociais, culturais e políticas. O professor
profissional. dificilmente chega a distanciar-se do ethos,
O que mais motivou esses professores dos estilos, das culturas, das práticas, das
foram algumas características da profissão: identidades, que têm uma longa duração
horários flexíveis, liberdade de ação, o fato na história. Ainda que situadas em locais
de ser uma profissão “adequada e desejá- tão distantes, no meio de formações soci-
vel” às mulheres, a estabilidade e as ais e culturais tão diversas, as escolas,

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Carreira do magistério: uma escolha profissional deliberada?

assim como o perfil dos professores, são social, evocado com eloqüência pelos
quase idênticas. movimentos de democratização da educa-
Mas o magistério é também valoriza- ção desde os anos 80. A maioria dos pro-
do por possuir uma natureza própria que fessores interrogados se vê como “agente
o distingue das demais profissões: trata- de transformação social” e procura orien-
se de uma atividade que deve contribuir tar-se segundo algumas circunstâncias
para o bem comum. Ele se beneficia, en- conjunturais, que combinam valores de
tão, do status da profissão, associado à natureza intrínseca claramente privilegia-
singularidade da função social que deve dos nas lógicas de integração e de
exercer e a uma certa identidade docente, profissionalização com valores exógenos
em que o mito do progresso coletivo con- relacionados, sobretudo, com o dever
funde-se com o projeto e as ambições comunitário: “eu gostaria de contribuir
individuais. para a formação da cidadania e participar
Segundo Tardif et al. (1998), a da educação e da sociedade”, “o professor
identidade do professor oscila entre três também é responsável pela mudança da
modelos: sociedade”, “a construção de uma
sociedade democrática depende da escola”.
1) o técnico do ensino define-se por Concluindo, sublinhamos que a lenta
competências de perito no plane- expansão das oportunidades educacionais
jamento do ensino; sua atividade nos leva a empregar a palavra escolha com
repousa em conhecimentos forma- prudência, lembrando que o percurso es-
lizados vindos da pesquisa colar dos professores interrogados se con-
científica, sua ação situa-se no pla- frontou com obstáculos que frearam a
no dos meios e das estratégias do escolarização da população brasileira e
ensino; ele busca o desempenho e restringiram o leque de opções, sobretudo
a eficiência no alcance dos no nível superior. Nessa conjuntura de
objetivos escolares; desafios sucessivos a superar, os progra-
2) o prático reflexivo, reconhecido mas de formação aparecem como herdei-
como profissional de alto nível, ros de múltiplas sedimentações históricas,
capaz de administrar situações em hierarquizadas e legitimadas pelo sistema
parte indeterminadas, flutuantes, escolar.
contingentes e de negociar com A escolha de uma habilitação é sempre
elas, criando novas e ótimas uma escolha de vida e representa a anteci-
soluções; pação das aspirações profissionais, mas
3) o ator social, identificado como presume-se que essa escolha não existe
agente de mudança, ao mesmo tem- verdadeiramente quando se vem de uma
po em que é portador de valores classe desfavorecida. É importante consi-
emancipadores diante das diversas derar (a exemplo do que faz Bourdieu,
lógicas de poder que estruturam 1964) que a margem de escolha dos jovens
tanto o espaço social quanto o dos meios populares é muito limitada.
espaço escolar. Aqueles que sobrevivem aos mecanismos
de seleção e exclusão, típicos de um siste-
Para esses autores, o último modelo ma escolar altamente elitizado onde difi-
representa a maior parte dos professores cilmente encontram seu lugar, são coagi-
brasileiros, assim como aqueles que dos a fazer suas escolhas muito cedo e se
habitam em regiões onde as riquezas ma- submetem a processos de socialização que
teriais e culturais são extremamente desi- implicam geralmente um verdadeiro
guais. O professor ator social questiona as desenraizamento: a maioria das professo-
formas dominantes da racionalidade, ras interrogadas se confrontou com a tran-
caracterizadas pelo pensamento instru- sição entre o papel tradicional de mãe e
mental, a ciência formal, as soluções dona-de-casa e o ingresso no mundo do
tecnológicas para os problemas sociais, e trabalho (mais da metade das suas mães
esforça-se para estabelecer laços com os nunca trabalharam fora).
conhecimentos sociais cotidianos dos mais O título escolar, principalmente de
carentes e integrá-los na formação dos nível superior, é dotado de certas garanti-
alunos. as institucionais e de valor simbólico, fun-
Evidentemente, a escolha da carreira cionando simultaneamente como passa-
docente foi influenciada pelo perfil do ator porte para o ingresso na carreira docente e

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como símbolo de distinção social. Apesar de concorrência), procurando


de sofrer profundamente por causa dos ajustar as performances escolares às
baixos salários, o magistério não parece estruturas a serem preenchidas;
submeter os professores a uma situação de 2) uma lógica de proximidade,
desclassificação social que supostamente relacionada com a oferta em termos
lhe estaria inerente, mas, ao contrário, para de habilitações profissionais, que
os interrogados, a obtenção do título repre- faz com que a escolha seja ponde-
senta ascensão cultural, socioprofissional rada pela disponibilidade dos
e mesmo econômica. estabelecimentos de ensino da
Observamos, finalmente, que a cidade ou da região;
escolha da carreira docente foi orientada 3) uma lógica corporativa, mobilizada
segundo as lógicas de integração, de pelas associações e sindicatos, que
profissionalização e de transformação, que se propõe consolidar a carreira do-
se concretizam a partir de outras lógicas: cente e, assim, (re)conquistar direi-
tos considerados fundamentais na
1) uma lógica institucional, veiculada construção de uma identidade pro-
pelas políticas educacionais e pelos fissional que lhes permita atuar
programas oficiais de formação ini- como agente de transformação so-
cial e contínua, que visa executar os cial. Essas esferas entendem que a
objetivos educacionais do Estado. docência se declina em deveres ou
Esta lógica coloca em corres- em interdições e que, não dispondo
pondência as aptidões supostas dos realmente das prerrogativas que as
jovens estudantes com as necessida- leis e regulamentos lhes dizem con-
des dos setores econômicos ferir, os professores têm dificuldades
(regulados por um sistema complexo para fazer valer seus direitos.

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Ione Ribeiro Valle, doutora em Ciências da Educação pela Faculdade de Ciências


Humanas e Sociais da Sorbonne, Universidade René Descartes – Paris V, é professora da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Centro de Ciências da Educação (CED),
Departamento de Estudos Especializados em Educação (EED).
ionevalle@ced.ufsc.br

Recebido em 20 de abril de 2006.


Aprovado em 17 de agosto de 2006.

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