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Projeto Lendas Urbanas

1. Tirando coelhos da cartola


Ser professor é algo mágico, dia-a-dia temos de estar nos reinventando e
descobrindo novas facetas de nós mesmos. Foi o que aconteceu comigo no ano
passado. Depois de dez anos trabalhando com inglês como língua adicional, assumi
algumas turmas de português na escola municipal na qual comecei a trabalhar. Além
disso, também mudei completamente de público, pois nesses últimos dez anos, vinha
trabalhando (tanto como professora como pesquisadora) com turmas de Educação de
Jovens e Adultos e com ensino médio regular e, agora, o desafio era o trabalhar com
ensino fundamental por ciclos da prefeitura de Porto Alegre, mais especificamente
com o terceiro ciclo.1
Escola nova, alunos de uma faixa etária com a qual não estava mais
acostumada a trabalhar e uma disciplina nova a ser ministrada se descortinaram em
minha frente: hora de reinventar o ser professor novamente. Meu coelho retirado da
cartola da vez foi um projeto sobre Lendas Urbanas.
Esse projeto surgiu de uma ideia dos alunos numa das aulas de português.
Estávamos em sala, sentados em círculo (antes de eu ter apresentado minha proposta
de aula para o dia) e alguns alunos estavam envolvidos numa prática oral de contar
lendas urbanas uns para os outros, quando um deles sugeriu: "Por que não lemos
lendas urbanas, professora?" foi apoiado em massa pelos demais... Resolvi, então,
acatar a sugestão dos alunos e transformei essa ideia em um projeto de leitura e
produção textual que passo agora a descrever.

2. Revelando o passo-a-passo da mágica


Estou me referindo ao projeto como mágica, pois para mim foi exatamente
assim que o vi. Agarrei a oportunidade assim que ela apareceu, e pude vislumbrar a

1
O terceiro ciclo é composto pelos três anos finais do ensino fundamental.

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vontade inicial dos alunos de contar histórias de mistério e suspense se transformar
em um verdadeiro engajamento em produção textual.
Este projeto foi desenvolvido em três turmas de C10 de uma escola
municipal da periferia de Porto Alegre no último trimestre do ano letivo de 2011,
quando assumi as turmas de português por falta de professores.
Na primeira aula, após combinarmos o trabalho com Lendas Urbanas,
apresentei aos alunos um material que apontava características das lendas e trazia
algumas histórias tradicionais como "A Loira do Banheiro". A proposta foi lançada à
turma: produção de Lendas Urbanas para publicar no Blog da escola. Eles poderiam
recontar uma lenda que já tinham ouvido falar ou poderiam criar sua própria lenda em
duplas ou trios.
A primeira versão da lenda foi trocada entre os próprios alunos para que
dessem sugestões de melhorias nas histórias dos colegas. Depois, as lendas foram lidas
e corrigidas por mim. Também fiz algumas sugestões lendo as lendas em conjunto com
os autores das mesmas. Os alunos reescreveram suas lendas duas, três até quatro
vezes e, para minha surpresa, sem reclamações. Era visível que eles estavam engajados
com a produção do texto e com sua publicação no blog da escola, queriam dar seu
melhor para que sua história fosse apreciada pelos colegas no blog.
Já com a versão final de suas lendas, os alunos foram à sala de informática
digitá-las e procurar na internet imagens que ilustrassem suas histórias para a
publicação.
O próximo passo do projeto foi levar os alunos de outras turmas para a sala
de informática para que lessem as lendas e postassem seus comentários sobre os
textos dos colegas.

3. Milagres não existem: toda prática está embasada numa teoria


Sempre que fazemos nosso planejamento para uma aula ou para o ano
letivo o fazemos baseados em nossas crenças e teorias sobre ensino-aprendizagem e,
tais crenças e teorias transparecem em nossa prática diária de sala de aula.

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Tenho como base a noção de que uma língua está a serviço do uso, da
execução de ações no mundo (Clark, 1996), e de que a aprendizagem da língua é
situada, ou seja, resulta de atividades pedagógicas desenvolvidas na interação pelos
participantes ao construírem esta interação conjuntamente.
É importante destacar também que este projeto segue dois princípios
fundamentais enfatizados nos Referenciais Curriculares do RS, 2009, para o trabalho
com as competências de produção textual na escola:
1) é preciso propor tarefas de produção de textos que visem a
interlocuções efetivas;
2) o trabalho sobre a forma dos textos está submetido a seus propósitos
sociointeracionais, que devem ser reconhecíveis e reconhecidos.
Vislumbramos tais princípios no projeto ao observarmos que o texto
produzido pelos alunos tem interlocutor definido. Não se trata de uma história para a
professora dar nota, é um texto para ser publicado no blog da escola que será lido e
comentado por seus colegas. Ou seja, a proposta é um texto que tem espaço no
mundo, que é produzido para um leitor real e que terá circulação no mundo dos
alunos. Dessa forma, eles conseguem observar um uso efetivo para seus textos que
não seja o de ser mais uma tarefa avaliativa. Conforme os Referenciais, 2009, quanto à
produção escrita:
“a grande lição da escola deve ser que ela possui funções
comunicativas, é forma de dizer, é meio para que a palavra
de cada um tenha lugar no debate social letrado. Dessa
aprendizagem social deriva, em última análise, a
constituição da autoria: enquanto o aluno não reconhecer
funções para a escrita em sua vida, a escrita não será sua”
(p. 62).
Em relação à forma do texto e às estruturas linguísticas das quais lançamos
mão nas aulas, destacamos as que foram escolhidas e trabalhadas de acordo com o
propósito do projeto. O trabalho com tais estruturas deve servir para auxiliar na

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produção do texto e não o contrário, ou seja, não devemos usar o texto como pretexto
para trabalhar estruturas linguísticas soltas. Neste projeto, podemos destacar como
conteúdos trabalhados: o gênero textual lenda, suas características, circulação social e
funções, modos de organização, componentes e natureza narrativa do texto, recursos
linguísticos utilizados para se contar uma história e conjugações de verbos no passado.
Os Referenciais apontam práticas pedagógicas para ensinar e aprender a
escrever, dentre elas estão:
 Produção inicial: uma provocação inicial do professor para levar os
alunos a ter em mente o gênero do discurso que servirá de base para as aulas. Neste
projeto, o gênero que foi trabalhado foi levantado pelos próprios alunos. A partir
disso, fui atrás de material que apresentasse aos alunos características deste gênero e
de exemplos de textos e de recursos linguísticos que eram habitualmente empregados
nestes textos.2
 Escrita coletiva: realizada por toda a turma, em conjunto com o
professor, ou em pequenos grupos. Com o auxílio e intervenção do professor é
possível tornar problemas de composição da escrita matéria de ensino, discussão e
questionamento. Reservei um momento para que os alunos contassem lendas na
forma oral e as discutissem com os colegas, bem como questionassem as histórias
trazidas.
 Leitura de textos de referência: é importante apresentar ao aluno
exemplos de textos no gênero a ser trabalhado para que entrem em contato com suas
características. Levei para os alunos algumas lendas selecionadas da internet em
material impresso para serem lidos e discutidos na aula. Em parceria com a biblioteca
da escola, foram feitas caixas de livros de lendas que eram levados para a sala de aula
no período da leitura para que os alunos lessem e preenchessem fichas de leitura a
partir_das_lendas_lidas.3

2
Ver anexo 1.
3
Dentre os livros destaco o livro Lendas Urbanas - A Loura do Banheiro e Outras Histórias - Anna Claudia Ramos que
foi o preferido pelos alunos, sempre disputando sua leitura.

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 Busca de conteúdos para escrita: a idéia desta prática, apontada nos
referenciais, se refere a estimular os alunos a realizar variadas tarefas de busca de
conteúdos para sua escrita: manter um diário com informações relevantes, pesquisar
na biblioteca, realizar entrevistas, receber tarefas de observação da realidade. Destaco
aqui os relatos orais de lendas feitas pelos alunos em aula e a pesquisa e leitura de
textos na biblioteca.
 Escrita individual: neste momento os alunos devem ser estimulados a
planejar o texto dentro do âmbito do gênero escolhido: selecionar os propósitos do
texto e dos interlocutores pretendidos, redação e reelaboração.
 Reescrita: esta prática é apontada nos Referenciais como fundamental e
deve ser incorporada na rotina das aulas, pois ensinará algo que é inerente a escrever:
reescrever. Achei que enfrentaria problemas de aceitação por parte dos alunos nesta
prática. No entanto, fui surpreendida, pois foram poucas as reclamações em relação à
rescrita dos textos. Não enfrentei grandes resistências a esta prática conforme
esperava, talvez pelo grande engajamento dos alunos com a tarefa e com a
possibilidade da publicação de seus trabalhos.
 Revisão Final: este é o momento da preparação final para apresentar o
texto para o leitor. É nesta fase que atentamos para erros gramaticais e ortográficos.
Sentei com cada aluno, duplas ou trios para revisar o texto deles. Li o texto para eles,
apontei para problemas de entendimento da história, solicitei esclarecimentos e,
juntos, buscamos soluções para os problemas ainda existentes nos textos.
 Publicação e resposta ao texto do aluno: conforme os Referenciais, não
se considera o ciclo da produção textual terminado se não houver leitura significativa
do texto final dos alunos. Para tanto, após a revisão final, os alunos foram liberados
para subirem à sala de informática para digitarem seus textos e selecionarem imagens
na internet que servissem de ilustrações para as histórias. Após, eu os publicava no
blog da escola. Mesmo sem ter todos os textos de todos os alunos publicados, ia
levando alunos de outras turmas para lerem os textos já publicados para postarem
seus comentários. Depois, levava os autores para lerem os comentários.

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Apresento um dos textos juntamente com os comentários retirados do
blog da escola4:
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

O Palhaço (Cláudio e Venício - C12)

Um pai e uma filha estavam viajando de carro, quando a menina avistou um circo e
pediu ao pai para ir, o pai muito gentil, encostou o carro.
Ao entrarem no circo, a menina avistou um palhaço e disse ao pai:
“-Olha pai, um palhaço!!!”
O pai olha para onde a menina apontava, mas nada vê.
Foram horas de diversão no circo, depois pegaram a estrada para que
chegassem em sua casa, jantaram e foram dormir.
A menina meio acordada, ouviu o som da campainha e foi atender, teve
uma enorme surpresa ao ver o palhaço do circo.
“Siga-me”, disse o palhaço.
Eles caminharam até uma ponte. No meio da ponte, o palhaço
desapareceu... A menina olhou para os dois lados da ponte, mas nada viu. Foi, então,
para a beirada da ponte e sentiu um forte empurrão nas costas e caiu... Enquanto caía,
olhou para cima e viu o palhaço ir em busca de mais vítimas.

4
Os Blog do Anísio que disponibiliza todos os textos dos alunos pode ser acessado no link:
http://emefanisioteixeirapoa.blogspot.com/search/label/LENDAS%20URBANAS

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1. Thales C e dyonatan d (C-11) Dec 12, 2011 05:03 AM

A lenda tinha que contar mais um pouco sobre a história, contar mais. Na história, eles
chegaram em casa rápido demais .
A lenda ta boa , bem legal , mas tinha que contar mais um pouco sobre a história .

Responder

2. ManuelaDec 12, 2011 05:41 AM

Concordamos com o Thales!


ass:Ághata e Manuela (C 11).

Responder

3. Laura C11Dec 19, 2011 03:49 AM

Não entendi, sem contexto.

Observamos acima a produção final de dois autores, bem como as


manifestações dos leitores a partir da leitura do texto. Podemos perceber os leitores
se posicionando em relação à leitura e dando sua opinião crítica em relação ao texto
dos colegas.5 Apontamos para a beleza da apropriação do gênero, da autoria dos
textos e da bela construção que foi sendo feita pelos alunos, culminando na
apresentação de histórias de qualidade e na demonstração de senso crítico a partir da
leitura dos textos dos colegas. O que mais um professor pode querer?
A avaliação deste trimestre de trabalho foi tomada como um processo.
Avaliei a participação e o engajamento dos alunos em cada etapa deste processo de
escrita, culminando com a publicação de seus trabalhos.

5
Veja mais textos dos alunos e deixe seus comentários em:
http://emefanisioteixeirapoa.blogspot.com.br/search/label/LENDAS%20URBANAS

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4. Considerações finais: não existe receita de bolo ou de mágica para a sala de aula
A apresentação deste projeto passo-a-passo não representa uma receita de
bolo ou uma mágica a ser seguida que trará o sucesso esperado. Esta descrição não
deve ser encarada como uma fórmula, mas como um texto para que reflitamos sobre
nossas práticas de sala de aula. Até mesmo porque o que deu certo comigo e com as
minhas turmas de alunos naquele momento, pode não ser, nem de longe, uma prática
a ser seguida à risca noutro grupo de alunos.
É preciso que o professor esteja sensível ao seu grupo de alunos, aos
interesses desses alunos e vislumbre opções que possam dar certo em seu grupo. Não
esquecendo nunca de que toda a prática está baseada numa teoria. É muito mais fácil
planejar tarefas quando temos um objetivo e uma concepção de trabalho bem claros
em nossa mente.
Retomando a abertura deste artigo, quando me referi à dificuldade em
mudar de disciplina, de escola e de grupo de alunos gostaria de trazer uma reflexão
feita a partir disso. Descobri que não sou uma professora de inglês, de português ou de
literatura, sou apenas professora. Uma professora com concepções de ensino e
aprendizagem definidas que norteiam meu trabalho e que podem ser aplicadas a
qualquer das disciplinas que, por ventura, eu venha a trabalhar. Não há caixinhas
separando a visão de linguagem, de ensino e de aprendizagem. A concepção usada
para trabalhar língua adicional e língua materna é a mesma.
Encerro a apresentação deste projeto com a certeza de ter sido muito feliz
nesta minha primeira aventura “por mares nunca dantes navegados” das aulas de
língua portuguesa.

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5. Referências
CLARK, H. H. O uso da linguagem. (1996) In: Cadernos de Tradução da UFRGS, Porto
Alegre, nº 9, p. 49-71, janeiro-março de 2000.

RIO GRANDE DO SUL, Secretaria de Estado da Educação. Departamento Pedagógico.


Referenciais Curriculares do Rio Grande do Sul: linguagens, códigos e suas
tecnologias: língua portuguesa e literatura e língua estrangeira moderna. Caderno do
professor – ensino fundamental e médio v. 1 / Secretaria de Estado da Educação –
Porto Alegre: SE/DP, 2009b.

RAMOS , A. C. Lendas Urbanas: A Loura do Banheiro e Outras Histórias (2009). Porto


Alegre, Editora DCL, ed. 01, p. 1-32.

Anexos

Anexo 1
Lenda urbana
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Lendas urbanas, mitos urbanos ou lendas contemporâneas são pequenas
histórias de caráter fabuloso ou sensacionalista, amplamente divulgadas de forma oral,
por e-mails ou pela imprensa e que constituem um tipo de folclore moderno. São
frequentemente narradas como sendo fatos acontecidos a um "amigo de um amigo"
ou de conhecimento público.
Muitas delas já são bastante antigas, tendo sofrido apenas pequenas
alterações ao longo dos anos. Muitas foram mesmo traduzidas e incorporadas a outras
culturas. É o caso, por exemplo, da história da loira do banheiro, lenda urbana
brasileira que fala sobre o fantasma de uma garota jovem de pele muito branca e
cabelos loiros que costuma ser avistada em banheiros, local onde teria se suicidado ou,
em outras versões, sido assassinada.

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Outras dessas histórias têm origem mais recente, como as que dão conta
de homens seduzidos e drogados em espaços de diversão noturna que, ao acordarem
no dia seguinte, descobrem que tiveram um de seus rins cirurgicamente extraído por
uma quadrilha especializada na venda de órgãos humanos para transplante.
Muitas das lendas urbanas são, em sua origem, baseadas em fatos reais
(ou preocupações legítimas), mas geralmente acabam distorcidas ao longo do tempo.
Com o advento da Internet, muitas lendas passaram a ecoar de maneira tão intensa
que se tornaram praticamente universais.

Características
Suas características principais seriam:
 Uma forma narrativa (geralmente uma pequena história, porém bem

estruturada);
 Procura sempre se autenticar por meio de testemunhas e provas

supostamente existentes;
 As pessoas que as contam geralmente às ouviram de alguém e quando

repassam a história costumam confirmá-la como se tivesse sido vivida por ela mesma.

Loira do Banheiro (ou a Mulher de Algodão, ou ainda a Big Loira)


Fonte: http://www.nerdssomosnozes.com/2009/04/lendas-urbanas-brasileiras.html
Essa é sem dúvida a lenda mais conhecida da lista, já tinha ouvido diversas
versões diferentes em diversos estados diferentes (já morei em Minas Gerais, São
Paulo, Alagoas, Bahia e Espirito Santo, sou cigano mesmo rsrsr...) dessa mesma lenda,
mas no final, a base era quase sempre a mesma. Uma aluna (algumas vezes uma
professora) loira e muito bonita que aparece nos banheiros dos colégios assustando os
estudantes que matam aula. Uma constate em todas as versões é o algodão, a Loira
está sempre envolta nele, ou com ele saindo de suas feridas, olhos e ouvidos. Algumas
versões a retratam como um professora que foi assassinada por alunos revoltados, que
não satisfeitos, a torturaram fazendo cortes profundos em sua pele e enfiando algodão

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nas feridas. Em outras versões ela é uma aluna que morreu no banheiro da escola
enquanto matava aula (às vezes devido a um escorregão que terminava com sua
cabeça na privado, outras vezes ela morria sufocada com um mau cheiro que saía do
ralo, bizarro mesmo!), após sua morte, seu espírito passou a ficar vagando pelos
banheiros assustando os alunos que matam aula como ela fazia, nesse caso o algodão
é referente aos tufos que os médicos enfiam no nariz, boca e ouvidos dos mortos por
conta das secreções post mortem. Há ainda quem diga que pode-se invocar a Loira do
Banheiro dando descarga três vezes, depois chutando o vaso uma vez e por fim
virando-se rapidamente para o espelho.

A Mulher da Estrada
Fonte: http://da1igarsi.blogspot.com/2010/03/lendas-urbanas-brasileiras.html
Essa também é muito conhecida, seu surgimento ocorreu em meados dos
anos 50/60 devido ao grande crescimento de rodovias que se deu nesses anos. Na
maioria das vezes, a lenda fala de uma mulher loira (que pode ser trocada por uma
índia ou prostituta) que fica na beira da estrada pedindo carona para os motoristas
que passam, quando um resolve parar (muitas vezes caminhoneiros) ela conduz a
pessoa até um cemitério próximo, chegando lá a bela mulher desaparece deixando o
motorista sem entender nada, logo depois ele a reconhece na foto de uma das lápides.
Em outras versões ela simplesmente desaparece dentro do próprio veículo, depois o
motorista descobre pelos moradores das redondezas que a moça havia sido
atropelada há muitos anos naquela mesma estrada. Algumas vezes, antes de
desaparecer, o espírito da mulher pede ao motorista que ele construa uma capela no
lugar onde ele a encontrou para que assim ela possa finalmente descansar em paz. Há
ainda versões em que ela se deita com o motorista que quando acorda no dia seguinte
descobre que ela simplesmente desapareceu sem deixar vestígios de sua existência.
Uma versão mais sangrenta diz que a loira, antes de desaparecer, seduz o motorista
que quando tenta beijá-la, acaba perdendo a língua.

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Outras versões dessa lenda se passam em cidades grandes e são
protagonizadas por motoristas de táxi, nelas o taxista recebe uma passageira muito
bela e jovem, ela pede uma corrida até um cemitério qualquer da região, chegando lá
ela dá ao motorista o endereço de sua casa e diz que lá ele irá receber seu pagamento,
no dia seguinte, quando o motorista vai receber o dinheiro, o pai da menina lhe diz
que é impossível sua filha ter feito essa corrida, afinal, ela havia morrido há muitos
anos. O taxista, sem entender nada, fica ainda mais confuso ao reconhecer numa foto
a menina que ele conduziu no dia anterior.

Catilcia Prass Lange - Graduou-se em Letras (Português-


Inglês) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS) e possui Mestrado em Linguística Aplicada também
pela UFRGS. Atua como professora de Língua Inglesa e
Língua Portuguesa em turmas do Ensino Fundamental na
rede municipal de Porto Alegre. Atua também como tutora à
distância do curso Letras-Inglês oferecido pela REGESD
(Rede Gaúcha de Ensino à Distância).

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