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Luiz Percival Leme Britto

Letramento no Brasil

2.ª edição
Edição revisada

IESDE Brasil S.A.


Curitiba
2013
© 2005 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e
do detentor dos direitos autorais.

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B878L
2. ed.

Britto, Luiz Percival Leme


Letramento no Brasil / Luiz Percival Leme Britto. - 2. ed. - Curitiba, PR : IESDE
Brasil, 2013.
188 p. : 24 cm

Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-3546-5

1. Letramento - Brasil. 2. Alfabetização. 3. Leitura. I. Título.

12-9239. CDD: 372.4


CDU: 372.4

17.12.12 20.12.12 041607


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Capa: IESDE Brasil S.A.


Imagem da capa: IESDE Brasil S.A.

Todos os direitos reservados.

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Luiz Percival Leme Britto

Professor Doutor do Programa de Pós-Graduação da Universidade de Sorocaba


(UNISO). Presidente da Associação de Leitura do Brasil. Autor dos livros A Sombra
do Caos – ensino de língua X tradição gramatical; Contra o Consenso – cultura escri-
ta, educação e participação.
Sumário
A sociedade de cultura escrita.............................................. 11
O mundo escrito......................................................................................................................... 11
Língua e mundo......................................................................................................................... 12
As palavras e seus sentidos..................................................................................................... 13
A identidade na sociedade de escrita................................................................................. 16
A ordem da escrita..................................................................................................................... 20
Escrita e poder............................................................................................................................. 22

Letramento: novas realidades, novos conceitos............ 29


As origens do novo conceito................................................................................................. 29
Novidades e continuidades.................................................................................................... 30
Letramento: problemas conceituais.................................................................................... 36
Os termos em diálogo.............................................................................................................. 39

A escrita na vida moderna..................................................... 47


A diversidade de uso e de formas da escrita.................................................................... 47
As esferas de uso da leitura e da escrita............................................................................. 48
Formas de produção e circulação do conhecimento.................................................... 54
As tecnologias de circulação da informação.................................................................... 59

Letramento e alfabetismo...................................................... 69
Compreensões históricas do alfabetismo......................................................................... 69
Relação entre letramento e alfabetismo............................................................................ 71
Alfabetismo no Brasil................................................................................................................ 72
Evolução histórica do alfabetismo....................................................................................... 74
Níveis de alfabetismo................................................................................................................ 75
Caminhos e possibilidades..................................................................................................... 79

Pedagogia do letramento e da alfabetização................. 85


Escrever e falar............................................................................................................................. 85
A materialidade escrita............................................................................................................ 88
Os discursos referenciados na tradição da escrita......................................................... 90
As instâncias de uso da linguagem..................................................................................... 93
Letramento como inclusão social......................................................................................... 95

Leitura no espaço social........................................................101


A leitura como valor e como mercadoria........................................................................101
Mitos e verdades sobre a leitura.........................................................................................108
Uma história de leitor.............................................................................................................110
Promoção da leitura e experiências estéticas................................................................112

Leitura, escrita e subjetividade...........................................119


A subjetividade na sociedade moderna .........................................................................119
A leitura e identidade.............................................................................................................120
Formas de controle das práticas e dos objetos de leitura ........................................125
Ler e escrever para estudar..................................................135
Estudar para aprender, aprendendo a estudar..............................................................135
Escrita e metacognição .........................................................................................................137
A organização do estudo.......................................................................................................140
Recursos da leitura de estudo.............................................................................................141
Constituição de acervo...........................................................................................................144
Em síntese...................................................................................................................................145

Informação e conhecimento...............................................151
A norma moderna....................................................................................................................151
Constituindo a informação ..................................................................................................152
A informação como produto................................................................................................156
O que faz da notícia uma notícia?......................................................................................157
Informação X conhecimento ..............................................................................................159

Pedagogia da leitura e da escrita......................................167


Língua e subjetividade . ........................................................................................................167
A leitura e a escrita na base do conhecimento escolar..............................................170
Língua, norma e preconceito...............................................................................................172
Apresentação

Este livro trata de um tema que nos é bastante familiar: a reflexão sobre as
práticas de leitura e escrita na sociedade de cultura escrita e sobre as formas de
ensiná-las. Nele, você encontrará reflexões e análises sobre a relação entre língua
e sociedade, sobre usos e conhecimentos, sobre os modos como essas coisas par-
ticipam da vida da gente e os sentidos que têm. Encontrará estudos a respeito de
comunicação, preconceito, informação etc. Encontrará, a todo o momento, um
convite a pensar sobre a língua, principalmente a língua escrita e os sentidos que
ela tem em nossas vidas.

A perspectiva adotada nestas aulas não é a de oferecer modelos. Aqui, você


não encontrará a exposição de regras ou padrões de como ensinar a escrever e a
ler, de como fazer o letramento. E isso por duas outras razões.

A primeira decorre da ideia de que conhecer como se apresenta em nossas


vidas a língua escrita, seus usos e funcionamento, sua razão de ser na sociedade
e na vida humana, é mais importante e anterior ao aprendizado de regras de uso.
De nada vale saber uma regra se não sabemos sua origem, seu sentido e seus
valores. Muitas vezes o ensino de regras, como se fossem verdades absolutas, es-
conde uma visão autoritária e preconceituosa de sociedade e de aprendizagem.
A atividade reflexiva sobre a língua, sobre seus usos e valores deve colaborar para
que o estudante possa se ver como alguém que participa do mundo, que atua
nele, intervindo na sociedade para torná-la mais justa e equilibrada. Deve também
contribuir para indagações mais pessoais sobre as formas de ser humano.

A segunda razão diz respeito à compreensão que tenho de como as pessoas


desenvolvem suas capacidades no uso da língua, em particular da escrita. Apren-
der a escrever e a ler (e outra coisa não é o letramento senão isso) é aprender a
organizar o pensamento de um certo modo, reinvestir constantemente em sua
formação e na realização de suas expectativas. Para isso vale a pena ler, escrever
e ensinar a ler e escrever.

Em alguns momentos, talvez, você considere a análise muito amarga, desani-


madora. Mas, somente conhecendo a realidade como ela é, poderemos agir sobre
a mesma, modificando-a e tornando-a mais próxima de nossos sonhos.

Espero, com estas aulas, não só contribuir para sua formação, mas também
incentivá-lo a sonhar com uma sociedade em que todos possam ler, escrever, tra-
balhar e, acima de tudo, viver com qualidade.
A sociedade de cultura escrita

Apresentamos, nesta aula, uma análise de como a sociedade de cultura


escrita se constitui e se organiza, a importância da linguagem, o papel da
escrita na vida diária, assim como as formas das pessoas serem, aprende-
rem e atuarem nesta sociedade.

O mundo escrito
Quando pensamos sobre escrita, a primeira imagem que vem à cabeça
é a de uma linha de letras dispostas numa folha de papel. A esta imagem
associamos imediatamente a ideia de leitura, de livros, cadernos, jornais,
revistas.

Essa imagem tem lógica. Afinal, ela remete ao fundamento da escrita,


algo que participa intensamente de nossa vida nas atividades mais varia-
das, incluindo os afazeres cotidianos, o trabalho, as relações sociais, as ati-
vidades culturais. Não seria exagerado dizer que a
maioria das nossas ações do dia a dia é diretamente O que quer dizer o
mediada pela escrita. “espaço escrito”?
Se pararmos para refletir sobre a sociedade em que vivemos e obser-
varmos como ela se organiza, como se distribuem as coisas no espaço,
veremos que a presença da escrita é ainda maior do que supúnhamos.

Tomemos como exemplo a imagem de um rio. Um rio qualquer, como


aquele que aparece no início do romance O Guarani, de José de Alencar: é
o Paquequer. O narrador disserta longamente sobre esse rio, descrevendo
como suas águas, serpenteando pela serra, vão cavando o espaço. O rio
progride no ritmo de uma serpente, em função das formas que surgem do
fluxo de sua torrente. O rio é antigeométrico.

Pensemos agora no desenho de um rio urbano, como, por exemplo, o


rio Tietê, que corta a cidade de São Paulo. Ele já não serpenteia, não se es-
treita ou se alarga conforme avança. Não tem várzeas, nem mata ciliar; seus
limites são estabelecidos por margens de concreto, as quais recebem um

11
A sociedade de cultura escrita

gigantesco fluxo de veículos. O rio é uma linha, um desenho geométrico ladeado


por grandes avenidas. Ele é assim não porque tenha sido sempre dessa forma, mas
porque ganhou a marca da urbanidade desenhada, projetada, esquadrinhada.

Na sociedade contemporânea, os lugares têm suas dimensões estabelecidas


muito mais por sua projeção no papel que pelo próprio espaço físico. O mesmo
ocorre com as chuvas e os ventos: as imagens de clima que se oferecem, em
animações, nos noticiários, são formas de representação e compreensão da rea-
lidade organizada na e pela sociedade da cultura escrita. E o mesmo ocorre com
o Cosmo, que nos aparece em mapas celestiais, e com as fronteiras nacionais
desenhadas nos mapas políticos.

Portanto, pertencer à sociedade de cultura escrita e participar dela implica


muito mais que saber ler e escrever. É efetivamente viver sob um modo de orga-
nização e de produção social mediado pelo escrito.

Língua e mundo
Com a língua, a gente dá nome às coisas, reconhece os objetos do mundo,
cria modos de ser e de ver. O educador Paulo Freire, ao defender sua concepção
de educação, insistia no fato de que as palavras são mais do que um instrumento
de comunicação. Para ele, a grande questão da alfabetização está relacionada à
tomada de consciência coletiva e à possibilidade de, pela aprendizagem da pa-
lavra escrita, fazer novas e mais significativas leituras de mundo.

Para exemplificar a importância da consciência e autorreconhecimento, Paulo


Freire conta um episódio de uma atividade de educação de adultos analfabetos,
realizada com camponeses no Chile.
“Descubro agora”, disse outro camponês chileno, ao se lhe problematizar as relações homem-
mundo, “que não há homem sem mundo”. E, ao perguntar-lhe o educador, em nova proble-
matização: “admitindo que todos os seres humanos morressem, mas ficassem as árvores, os
pássaros, os animais, os mares, os rios, a Cordilheira dos Andes, seria isto mundo?” “Não”, res-
pondeu decidido: “faltaria quem dissesse: isto é o mundo”. (FREIRE, 1976, p. 23)

À primeira impressão, essa ideia pode parecer sem sentido. Afinal, a matéria
física que faz o universo é independente da vida e da vontade humana, já existia
há muito tempo, antes de aparecer a humanidade, e continuará a existir mesmo
depois que não existirem mais homens e mulheres.

Mas o mundo, a vida humana – dirá o camponês chileno – existem porque os


homens e as mulheres não apenas existem, como sabem que existem, e repre-

12
A sociedade de cultura escrita

sentam e afirmam sua existência, assim como afirmam a existência de todas as


outras coisas que os rodeiam com suas palavras.

Poder dizer, poder falar uma língua, me permite pensar e me relacionar com
o outro, me faz ser gente, me faz humano, homem ou mulher, me faz ter cons-
ciência de mim mesmo, do outro, do mundo e da vida. E é essa possibilidade de
relacionar-se com o outro que faz de uma pessoa um ser social.

Mas é preciso perceber que a condição humana é social, e isso não apenas
no sentido de que a gente vive em grupos de uma forma organizada. Também
as abelhas e as formigas fazem isso. O ser humano é social num sentido mais
profundo: sua sociabilidade está relacionada com sua capacidade de simbolizar
e de conhecer sua própria condição.

Por tudo isso, pode-se dizer que a língua é parte da condição humana, e é
base de todas as culturas. E enquanto coisa humana e fundamental para a vida,
para cada indivíduo e para a sociedade, ela é objeto de reflexão de muitas ma-
neiras: científica, normativa, artística.

As palavras e seus sentidos


Também o poeta Carlos Drummond de Andrade tratou de pensar sobre a
língua. Ao compor um poema em que reflete sobre o ato de poetar, ele escre-
ve para ele mesmo, procurando explicitar os múltiplos sentidos que as palavras
podem ter.

Procura da poesia (fragmento)


(Drummond DE ANDRADE, 1945)

Penetra surdamente no reino das palavras.

Lá estão os poemas que esperam ser escritos.

Estão paralisados, mas não há desespero,

há calma e frescura na superfície intata.

Ei-los, sós e mudos, em estado de dicionário.

Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.

13
A sociedade de cultura escrita

Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.

Espera que cada um se realize e consume

com seu poder de palavra

e seu poder de silêncio.

Não forces o poema a desprender-se do limbo.

Não colhas no chão o poema que se perdeu.

Não adules o poema. Aceita-o

como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada

no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.

Cada uma

tem mil faces secretas sob a face neutra

e te pergunta, sem interesse pela resposta,

pobre ou terrível que lhe deres:

Trouxeste a chave?

Repara:

ermas de melodia e conceito

elas se refugiam na noite, as palavras.

Ainda úmidas e impregnadas de sono,


rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.

Drummond reconhece que a poesia encontra sua matéria-prima nas pala-


vras. A poesia se faz com as palavras, assim como a consciência. Para poder viver
a poesia, é preciso penetrar no reino das palavras, que é o lugar da significação
da vida.

E o poeta reconhece também que as imagens que faz escrevendo versos e estro-
fes não seguem apenas a sua vontade. A poesia, diz ele, tem uma dinâmica própria,

14
A sociedade de cultura escrita

independente da vontade individual. Por isso, se propõe a aceitar o poema como


ele é, assim como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada no espaço.

Ao refletir sobre o ato de fazer poesia, o poeta aceita a ideia de que as pala-
vras têm vida e autonomia. As palavras apresentam-se “em mil faces secretas”,
oferecendo sempre mais sentidos do que aqueles que a gente supõe serem os
definitivos. Mas também não está nas palavras o secreto da significação. Ele é
consequência daquilo que a gente faz com elas, do modo como o gesto humano
as compõe. É a gente que tem a “chave”, é a gente que, dizendo as palavras, faz
o movimento que dá vida a elas. E isso tanto quando alguém diz ou escreve
alguma coisa, como quando alguém ouve ou lê o que a outra pessoa disse ou
escreveu. O lugar da língua é a interação humana.

O sentido da palavra é complexo, fluido, estando em constante mudança.


Até certo ponto, ele é único para cada consciência e para uma mesma consci-
ência em circunstância diversa. Quanto a isso, o sentido da palavra é inesgo-
tável. A palavra adquire seu sentido na frase. A frase, entretanto, adquire seu
sentido somente no contexto do parágrafo, o parágrafo no contexto do livro,
e o livro no contexto da obra do autor. [...] Em última instância, o sentido de
uma palavra depende da compreensão que se tenha do mundo como um
todo e da estrutura interna da personalidade (VYGOTSKY, 1987, s. p.).

Essa forma de ser da língua é resultado do fato dela ser um produto essencial-
mente social e histórico. Ela não é a criação de uma mente brilhante nem sobre-
vive porque se definem regras e modelos. A língua é o fruto da própria história
dos grupos humanos, que, se constituindo, constituíram as formas de simbolizar
e de compreender a realidade. Por isso é que se pode afirmar que o ser humano
é um ser histórico.

A língua é parte da vida humana em sua história concreta e participa de todas


as esferas de constituição dos sujeitos, tanto em sua singularidade como em seu
pertencimento a um grupo social. Ela está na base da cultura. O linguista russo
Mikhail Bakhtin identifica esse fato e analisa suas implicações:
A palavra penetra literalmente em todas as relações entre indivíduos, nas relações de
colaboração, nas de base ideológica, nos encontros fortuitos da vida cotidiana, nas relações
de caráter político etc. As palavras são tecidas a partir de uma multidão de fios ideológicos
e servem de trama a todas as relações sociais em todos os domínios. [...] A palavra constitui
o meio no qual se produzem lentas acumulações quantitativas de mudanças que ainda não
tiveram tempo de adquirir uma nova qualidade ideológica, que ainda não tiveram tempo
de engendrar uma forma ideológica nova e acabada. A palavra é capaz de registrar as fases
transitórias mais íntimas, mais efêmeras das mudanças sociais. (BAKHTIN, 1981, p. 41)

15
A sociedade de cultura escrita

Estudando o fenômeno da linguagem humana e procurando compreendê-lo


em sua dimensão histórica, este estudioso observa que a língua serve de base a
todos os processos, está presente em todas as relações sociais. Da mais simples
conversa até o mais importante dos comunicados, todos os enunciados são rea-
lizados por meio das palavras. Bakhtin percebe que os significados linguísticos,
apesar de manifestarem um valor, não estão prontos, como se fossem frutas ma-
duras que apanhamos numa cesta. Nem são únicos e constantes. Os significados
das palavras e das frases se estabelecem ao longo da história dos grupos hu-
manos, em função das relações que os indivíduos estabelecem entre si e pelos
modos como percebem e modificam o mundo físico. E, como a vida, eles estão
sempre se transformando.

Por isso, além dos significados imediatos, por assim dizer já congelados, re-
lativos às coisas e aos fatos cotidianos, as palavras comportam outras possibili-
dades de sentido, menos precisas e que dependem do uso e da forma como a
gente percebe o mundo. A língua é a expressão do processo de simbolização e
de construção de sentidos. Isso é o que o poeta quer representar quando cria a
imagem das “mil faces secretas” de cada palavra, e também é isso que o linguista
quer que a gente compreenda quando afirma que as palavras são compostas
por uma “multidão de fios ideológicos”.

Mesmo as palavras mais simples e comuns, e principalmente elas, podem ter


muitos outros sentidos além do sentido mais imediato.

A identidade na sociedade de escrita


A escrita é parte do cotidiano. Ela está nas placas de rua, nos cartazes, anún-
cios, orientações. Está na cédula do dinheiro e nos recibos de pagamento. Mais
ainda, ela inspira o próprio modo de ser urbano. Está na numeração das casas,
na metragem dos terrenos, no desenho das construções, na simetria das ruas e
avenidas.

Por isso, raramente tomamos a distância necessária para fazer uma análise do
que ela representa, as funções e papéis que cumpre e qual sua natureza e suas
características.

A sociedade contemporânea se organiza com base no sistema da escrita, exis-


tindo muitas áreas de atuação e de conhecimento organizadas exclusivamente
com base nesse sistema. Mais ainda, todos os cidadãos estão inscritos nessa so-

16
A sociedade de cultura escrita

ciedade. Sua existência se manifesta não porque existem fisica-


mente, mas porque têm o reconhecimento escrito dessa existên- Por que uma
cia. Por exemplo, quando alguém é parado na rua por um policial pessoa só existe
ou na portaria de uma empresa, o que lhe pedem não é que diga se estiver escrita
quem é, mas sim que mostre o documento de identidade. na sociedade?
O romance O Falecido Mattia Pascal, do escritor italiano Luigi Pirandello,
publicado no começo do século XX, ilustra bem essa situação. A história é a
seguinte:

O Falecido Mattia Pascal


(resumo)

Mattia Pascal é um sujeito que viveu sua infância e juventude de forma


abastada e inconsequente. Quando adulto, já pobre, mal casado, perde a
mãe e a filhinha, a quem amava e por quem vivia.

Desesperançado, Mattia resolve abandonar tudo e sair da cidade. Acaba


rumando para Monte Carlo, cidade famosa por seus Cassinos, localizada no
sul da França, perto da fronteira com a Itália.

Lá, arriscando a sorte, ele ganha uma fortuna e, mais desanuviado, re-
solve voltar para casa e restabelecer sua vida. Para sua surpresa, quando já
estava próximo de sua cidade, descobriu, por uma notinha de jornal, que era
tido como morto! Encontraram um cadáver de um homem nos arredores e,
como Mattia estava desaparecido, supuseram que o corpo seria dele.

Como Matia não tinha alegria em sua vida anterior nem sentia amor por
ela, resolveu manter a farsa, inventou uma nova personalidade para viver e
saiu mundo afora.

No início, entusiasmado por estar livre de problemas e com dinheiro no


bolso, gostava da vida solitária a que se obrigara a se confinar. Passava os
dias vendo os outros viverem. Aos poucos, porém, percebeu que não podia
fazer nada, porque era, para a sociedade, um inexistente. Não podia ter uma
casa (como registrá-la em seu nome?), não pôde dar queixa à polícia quando

17
A sociedade de cultura escrita

foi vítima de um roubo, não pôde se casar quando se enamorou de uma


moça. E tudo isso porque ele era simplesmente a sombra de um homem.
Não tinha documento e, portanto, não existia.

Depois de dois anos, perambulando para um lado e para o outro, sem


rumo e sem vida reconhecida, já sem tanto dinheiro, Mattia resolve voltar
para sua cidade, onde passou a viver semiclandestino, sem assumir publica-
mente sua identidade, com sua tia Scolastica, trabalhando na biblioteca.

A história de Mattia Pascal é contada por ele mesmo, com a ajuda do


padre. Ela ficaria guardada em segredo enquanto ele vivesse. E assim termi-
na o romance:

O Falecido Mattia Pascal


(fragmento final)
(PIRANDELLO, 1972)

Agora vivo em paz, juntamente com a minha velha tia Scolastica, que quis
oferecer-me abrigo na sua casa. Minha estapafúrdia ventura fez-me, repen-
tinamente, subir no seu conceito. Durmo na mesma cama em que faleceu
minha mãe e passo grande parte do dia aqui, na biblioteca, em companhia
de padre Elígio, que ainda está longe de ter conseguido uma arrumação cri-
teriosa para os velhos livros poeirentos.

Levei perto de seis meses para escrever esta minha estranha história, au-
xiliado por ele. De tudo o que aqui relatei, ele guardará segredo, como se o
tivesse sabido sob o sigilo sacramental.

Discutimos juntos, longamente, a respeito dos meus casos e, a miúdo,


declarei-lhe não ver que utilidade possa tirar-lhe deles.

– Para começar, esta – diz-me ele – que fora da lei e fora daquelas particu-
laridades, alegres ou tristes que sejam, graças às quais nós somos nós, meu
caro Senhor Pascal, não é possível viver.

Mas peço-lhe observar que não reentrei, absolutamente, nem na lei nem
nas minhas particularidades. Minha mulher é mulher de Pomino e eu não
saberia, realmente, dizer quem eu seja.

18
A sociedade de cultura escrita

No cemitério de Miragno, na cova daquele pobre desconhecido que se


matou na Stià, ainda se acha a lápide ditada por Lodetta:

VÍTIMA DE ADVERSOS FADOS

MATTIA PASCAL

BIBLIOTECÁRIO

ALMA GENEROSA CORAÇÃO ABERTO

AQUI VOLUNTARIAMENTE

REPOUSA

A PIEDADE DOS CONCIDADÃOS

PÔS ESTA LÁPIDE

Levei ao túmulo a coroa de flores que prometera e, de vez em quando, vou


lá, ver-me morto e enterrado. Algum curioso me segue, de longe; depois, na
volta, reúne a mim e sorri e considerando minha condição – pergunta-me:

– Mas, afinal de contas, pode-se saber quem é o senhor?

Encolho os ombros, entrefecho os olhos e respondo:

– Ora, meu caro... Eu sou o falecido Mattia Pascal.

Esse breve exemplo mostra o quanto estamos impregnados de escrita, o


quanto vivemos num mundo regulado por papéis, normas e documentos e o
quanto a sociedade de escrita determina as condições de existência e as formas
de viver de cada um. Mattia Pascal, vivendo clandestinamente, sendo oficial-
mente uma pessoa morta, não existia oficialmente.

De fato, uma pessoa sem registro em cartório praticamente não existe para o
Estado. Ela não pode vir a ter nenhum outro documento (por exemplo, carteira
de identidade ou de trabalho), não tem como se matricular na escola, votar ou
candidatar-se a um cargo público, abrir uma conta em um banco, casar formal-
mente, ter propriedade regularizada ou receber herança, aposentar-se ou dispor
de qualquer benefício social. Só poderá ser sepultado como indigente.

19
A sociedade de cultura escrita

A cultura escrita se manifesta não só no texto que lemos e escrevemos,


mas também no modo de organização do tecido social; no esquadrinha-
mento geométrico do espaço; na matematização do tempo; na instituciona-
lização da pessoa; na disciplinarização das ações cotidianas.

A ordem da escrita
É difícil imaginar eventos em que a escrita, em palavras e outros símbolos,
não se apresente de algum modo. Ela está no bilhete e na declaração de guerra,
nos contratos de compra e venda e nas certidões de nascimento e outros docu-
mentos de identificação das pessoas, nos álbuns de família e nos testamentos.
Ela é visível e significativa nos espaços urbanos, nas escolas, nas placas de rua,
nas fachadas das lojas, nas igrejas, agremiações e clubes, nos locais de trabalho
e de lazer.

A força da escrita fica evidenciada de muitas maneiras. O domínio e o uso


da escrita são indicadores de desenvolvimento e progresso de sociedades. A
porcentagem da população alfabetizada é um importante índice de desenvol-
vimento social e a meta de estender a alfabetização a todos como
Como e por que a condição de cidadania é priorizada por inúmeros países.
escrita surgiu?
A importância do surgimento da escrita para a história das
civilizações é tão grande que é considerada como um marco funda-
mental do desenvolvimento. Por causa disso costuma-se chamar de Pré-História
o período anterior à escrita.

Mesmo assim, cabe fazer uma pergunta aparentemente óbvia: para que serve
a escrita?

A pergunta tem pelo menos três respostas que se complementam.

A primeira é que a escrita é um instrumento de comunicação a distância,


permitindo que se relacionem verbalmente pessoas afastadas uma da outra
no espaço e no tempo. Através de um texto escrito, uma pessoa localizada em
Recife pode comunicar-se com outra em Porto Alegre. E pode escrever hoje para
ser lida daqui a uma semana, um mês, um ano.

Durante muito tempo, esse foi o único processo de comunicação a distân-


cia. Talvez por isso ainda se afirme que aí reside a razão da invenção da escrita.

20
A sociedade de cultura escrita

Existe uma história de que a invenção da escrita aconteceu porque as pessoas,


em tempos antigos, tinham necessidade de se comunicar a distância. Como a
voz não chegava onde estava aquele com quem se queria falar e nem sempre
os mensageiros eram de confiança ou não conseguiam transmitir a mensagem
como haviam recebido, a solução foi criar um sistema estável, que representasse
o que se queria dizer.

Essa é uma história interessante e até poderia ser verdadeira. Afinal, as cartas
são um pedaço importante nas relações entre as pessoas e entre diversas insti-
tuições. Elas fazem parte da vida particular de muita gente (as correspondências
pessoais e, em tempos mais recentes, as eletrônicas) e também da atividade pú-
blica, em que se multiplicam as cartas comerciais, os ofícios, comunicados etc.
Mas a história foi outra. A escrita, mesmo servindo para a comunicação a distân-
cia e tendo sido usada pra isso desde muito cedo, tem sua origem ligada a outras
necessidades das sociedades organizadas.

A escrita é uma tecnologia que, mais que a simples transposição para a


forma gráfica, constitui documentos materiais. É um equívoco a ideia de que
sua primeira função foi a comunicação a distância. Ao contrário, ela surgiu
como forma de registro em razão do desenvolvimento do comércio e da pro-
priedade privada, bem como da sofisticação de procedimentos litúrgicos. À
escrita estão associados os aparecimentos da matemática, das ciências oci-
dentais e das demais formas de tecnologia.

As primeiras formas de escrita apareceram nos agrupamentos humanos por


volta de 7 000 anos atrás, num momento histórico caracterizado pelo notável
desenvolvimento do comércio e sua expansão entre diferentes povos, assim
como o desenvolvimento das ciências, das formas de governo, da agricultura, da
religião, das artes. Ou seja, a escrita é o resultado do aumento da complexidade
das relações sociais.

A escrita funciona como elemento organizador da atividade social, como


instrumento de registro e documentação. Sua invenção resultou do desenvol-
vimento dos grupos humanos e, principalmente, da necessidade de fazer re-
gistros, de anotar coisas e de ampliar a capacidade de armazenar e de registrar
informações importantes.

Mais complexas e diversificadas, as sociedades se viram diante da necessida-


de de recursos de organização dos afazeres cotidianos que dependem da me-
mória (registro de estoques, contas) e de marcação de tempo e lugar. Precisavam

21
A sociedade de cultura escrita

de alguma forma de documentação das transações comerciais (compra, venda,


empréstimos, dívidas), de registro da posse de propriedade e seu direito de uso.
Precisavam de um sistema capaz de estabelecer leis estáveis e que não depen-
dessem da memória e fundamentassem as normas e os padrões de conduta.
Precisavam manter os rituais e as tradições religiosas.

A terceira resposta diz respeito a certas características próprias da escrita. Ao


fixar as palavras e permitir que a pessoa possa retomar o que se disse, a escrita
funciona como uma tecnologia que permite a expansão da memória. A partir da
escrita, uma pessoa sabe mais do que guarda em sua cabeça, ela tem sempre à
disposição, de forma organizada, a informação escrita.

O filósofo grego Platão (427-347 a.C.) chegou mesmo a manifestar sua pre-
ocupação com essa possibilidade que a escrita oferecia. Ele acreditava que, por
causa do registro escrito e da possibilidade de consultá-lo, seus discípulos se
tornariam mais preguiçosos, não se preocupando mais em saber de cor suas
lições.

Hoje, é verdade, outros instrumentos têm essa mesma capacidade. É o caso


da máquina fotográfica, da filmadora, do gravador e, acima de tudo, do com-
putador. Mas todas essas novas tecnologias, que ampliam as possibilidades de
pensar e de representar, só se tornaram possíveis na história humana em razão
da escrita.

Escrita e poder
Não há relação direta entre desenvolvimento tecnológico e transformações
nos processos de produção da informação com a efetiva democratização ou
com o fim das desigualdades. E isso porque, como adverte o educador francês
Jean Foucambert:
A importância da escrita deve ser encarada não apenas em função de seu papel como meio de
comunicação e expressão, mas também, e sobretudo, como instrumento de pensamento. De um
pensamento adaptado às novas exigências do progresso tecnológico. Se existe uma relação entre
o mercado de trabalho e a leitura e, consequentemente, a escola, é preciso, nessa nova necessidade
global, procurar dar para o maior número possível de pessoas uma formação intelectual que
desenvolva a utilização de operações abstratas e, portanto, um domínio melhor da língua escrita,
cujo exercício torna viável esse modo de pensamento. (FOUCAMBERT, 1997, p. 12)

Em outras palavras, participar da sociedade de cultura escrita supõe mais do


que saber ler e escrever. Na medida em que a pessoa busca um trabalho, que
utiliza os instrumentos técnicos os quais constituem o espaço urbano, que or-

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A sociedade de cultura escrita

ganiza seu tempo e seu deslocamento em função da organização produtiva e


jurídica, ela necessariamente está submetida à ordem da cultura escrita.

Quanto maior for sua participação na cultura escrita, maior será sua neces-
sidade de utilização de informações veiculadas em textos escritos, assim como
será maior sua interação com discursos mais distantes das formas cotidianas de
apreensão da realidade, formas que implicam raciocínios abstratos. Provavel-
mente, também será maior sua produção de textos para registro, comunicação
ou planejamento. Em resumo, maiores serão as exigências de realização de tare-
fas que clamem controle, inferências e ajustes diversos.
Numa sociedade como a nossa, a escrita, enquanto manifestação formal dos diversos tipos de
letramento, se tornou mais do que uma tecnologia. Ela se tornou um bem social indispensável
para enfrentar o dia a dia, seja nos centros urbanos ou na zona rural. Nesse sentido, pode
ser vista como essencial à própria sobrevivência no mundo moderno. Não por virtudes
que lhe são imanentes, mas pela forma como se impôs e a violência com que penetrou nas
sociedades modernas e impregnou as culturas de um modo geral. Por isso, friso que ela se
tornou indispensável, ou seja, sua prática e avaliação social a elevaram a um status mais alto,
chegando a simbolizar educação, desenvolvimento e poder. (MARCUSCHI, 2000, p. 17)

Mas é preciso cautela para não derivar dessa análise o raciocínio ingênuo de
que quanto mais a pessoa aprender a escrita, mesmo nesse sentido forte de um
sistema amplo e complexo, melhor se colocará na escala social.

Há um vínculo estrito entre a escrita e as formas de exercício do poder, em


pelo menos dois sentidos. Em primeiro lugar, há o fato de que uma técnica tão
poderosa será, na sociedade de classes, desigualmente distribuída e desigual-
mente possuída. Quem mais domina as formas e objetos da escrita e mais faz
uso dela são os grupos que detêm o poder econômico e social. Em toda sua his-
tória, e até hoje, a escrita foi produzida e apropriada pelos grupos dominantes,
ainda que sempre tenha havido muitas formas de ruptura e de disputa.

Em segundo lugar, por causa dessa posse desigual, os processos de escrita


e os objetos culturais a ela vinculados (seja porque nasceram dela, seja porque
se transformaram ao se incorporarem a esse modelo) ganham, principalmente
nas formas hegemônicas de cultura, a feição e os valores daqueles grupos que a
controlam, mesmo que haja expansão de certas formas de uso. A produção da
arte, dos discursos jurídicos e morais, das normatizações de comportamento e
de formas de compreender a vida, a própria expressão oral (que é uma fala ori-
ginal, mas uma fala espelhada nas práticas escritas), tudo isso comporta um viés
de classe, de expressão de poder.

A apropriação dos discursos referenciados nesse sistema decorre das possi-


bilidades objetivas de participação e inserção da pessoa nos espaços sociais, o

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A sociedade de cultura escrita

que, por sua vez, se relaciona com as formas pelas quais as diferentes classes so-
ciais e frações de classe se organizam e articulam a distribuição e a posse desse
“bem social”.

Uma educação democrática supõe o compromisso político com transforma-


ções nas estruturas de poder e não apenas de formação de indivíduos compe-
tentes para disputar, em condições desiguais, um lugar ao sol.

Atividades
1. Faça uma breve análise de como o espaço em que você vive manifesta a
lógica da sociedade de cultura escrita. Não se limite à presença objetiva do
escrito, considerando também a geografia.

2. Faça uma lista das situações de uso da escrita em sua vida, incluindo tanto as
atividades de cotidiano como as de estudo, trabalho e lazer.

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A sociedade de cultura escrita

3. Relendo a aula, liste as funções da escrita na sociedade moderna.

4. A partir do que estudamos e de suas considerações pessoais sobre a vida em


sociedade, redija um texto fazendo uma análise das relações entre escrita,
leitura e poder e os caminhos que podemos trilhar para buscar uma socieda-
de mais justa e equilibrada.

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A sociedade de cultura escrita

5. Considerando a observação do historiador francês Roger Chartier, faça uma


verificação dos impressos que participam de sua vida e analise a importância
(ou a irrelevância) de cada um deles.
A presença do escrito nas sociedades contemporâneas é tal que ela supera toda capacidade
de conservação, mesmo para a maior biblioteca do mundo, que é a do Congresso dos Estados
Unidos, que seleciona e a outras bibliotecas os materiais que não pode aceitar. Aliás, é preciso
pensar não apenas nos livros, mas também em todos os materiais impressos. Qualquer um
pode fazer a experiência, observando quantos materiais impressos chegam à sua caixa de
correio. (CHARTIER, 1999, p. 27)

Dicas de estudo
CHARTIER, Roger. A Aventura do Livro do Leitor ao Navegador. São Paulo:
Unesp, 2000.

Neste livro, ricamente ilustrado e de linguagem acessível e estilo agradável,


o historiador francês conta a história do livro e as transformações por que passa
a sociedade contemporânea, em particular as relações com o escrito, em função
das novas tecnologias da informação.

OLSON, David. O Mundo no Papel – as implicações conceituais e cognitivas da


leitura e da escrita. São Paulo: Ática, 1997.

O livro analisa os elementos constitutivos do aprendizado da leitura e da es-


crita e as implicações para o pensamento e para a produção do conhecimento
dos modos de ser da cultura escrita, tratando de esclarecer sobre as instituições
e atividades comerciais, legais, religiosas, políticas literárias e científicas quando
os documentos escritos passam a ter um papel fundamental na sociedade
ocidental.
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A sociedade de cultura escrita

Referências
BAKHTIN, M. Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo: Hucitec, 1980.

DRUMMOND DE ANDRADE, Carlos. A Rosa do Povo. São Paulo: Record, 1945.

CHARTIER, Roger. A Aventura do Livro do Leitor ao Navegador. São Paulo:


Unesp, 1999.

FOUCAMBERT, Jean. A Criança, o Professor e a Leitura. Porto Alegre: Artmed,


1997.

FREIRE, Paulo. A alfabetização de adultos – crítica de sua visão ingênua; compre-


ensão de sua visão crítica. In: _____. Ação Cultural para a Liberdade e outros
Escritos. São Paulo: Paz e Terra, 1976.

MARCUSCHI, L. A. Da Fala para a Escrita – atividades de retextualização. São


Paulo: Cortez, 2000.

PIRANDELLO, Luigi. O Falecido Mattia Pascal. São Paulo: Abril, 1972.

VYGOTSKY, Leon. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes,


1987.

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