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O presente relatório tem por finalidade descrever a aula prática realizada no dia 1 de fevereiro de 2018, referente à disciplina de Agroecologia I, do Centro de Ciências Agrárias e Aplicadas, na Universidade Federal de Sergipe.
Originaltitel
RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA: SÍTIO CHEIRO DE TERRA – AREIA BRANCA/SE
O presente relatório tem por finalidade descrever a aula prática realizada no dia 1 de fevereiro de 2018, referente à disciplina de Agroecologia I, do Centro de Ciências Agrárias e Aplicadas, na Universidade Federal de Sergipe.
O presente relatório tem por finalidade descrever a aula prática realizada no dia 1 de fevereiro de 2018, referente à disciplina de Agroecologia I, do Centro de Ciências Agrárias e Aplicadas, na Universidade Federal de Sergipe.
Com o aumento da economia mundial, obteve-se como resultado o
aumento do consumo de alimentos que somado ao crescimento populacional, acabou por interferir na necessidade de mudanças na estrutura dos sistemas de produção. Assim, a produção da agricultura familiar tradicional, que consiste na criação de pequenas quantidades para subsistência familiar, foi substituída por um sistema mais tecnológico, o que por sua vez acabou por resultar na utilização de substâncias nocivas à saúde humana e animal, além do não respeito aos mecanismos de sustentação do meio. Gerando deste modo, impactos negativos no meio ambiente (NUNES, 2012).
Mediante os impactos negativos supracitados que são causados no meio
ambiente pela agricultura fruto da Revolução Verde juntamente com o atual sistema capitalista, a sustentabilidade começou a se tornar uma temática mais constante. Contudo, as iniciativas de crítica à ação antrópica impactante sobre o meio natural ganharam maior estrutura a partir do pós-guerra, impulsionadas pelos estragos causados por testes nucleares e industrialização crescente. Estas críticas acabaram culminando com a realização da Conferência Científica das Nações Unidas sobre a Conservação e Utilização de Recursos em 1949 (MATOS-FILHO, 2004).
Originalmente, os atributos de sustentabilidade foram desenvolvidos
para analisar aspectos de ecossistemas no mundo natural, sendo posteriormente derivados para abranger as influências e relações com o mundo social, como as que ocorrem nos agroecossistemas (GLIESSMAN, 2000).
Contudo, tal conceito passou a ser trazido para a agricultura
posteriormente. Deste modo, a agricultura sustentável passou a ter concepções diferentes, onde era debatida a necessidade de ajustes no modelo de produção, tornando-o mais racional e eficiente de modo que a durabilidade dos recursos naturais fosse maior (EHLERS, 1990).
Deste modo, em meio à “briga” entre a agricultura convencional oriunda
da “Revolução Verde”, surgem movimentos com propostas alternativas de produção: agricultura orgânica, natural e biodinâmica (GOMES, 1999). Surgida na Alemanha em 1924, a Agricultura Biodinâmica consiste na produção que busca harmonia e equilíbrio da unidade produtiva (terras, plantas, animais e o homem) utilizando as influências do sol e da lua (ORMOND et al., 2012).
O presente relatório tem por finalidade descrever a aula prática realizada
no dia 1 de fevereiro de 2018, referente à disciplina de Agroecologia I, do Centro de Ciências Agrárias e Aplicadas, na Universidade Federal de Sergipe.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 TERRENO, PRODUTOR E CERTIFICAÇÃO
A aula foi ministrada no Sítio Cheiro da Terra do Sr. Bruno Abud no
Povoado Junco, no município de Areia Branca, Sergipe. A propriedade é voltada para a produção de acordo com a agricultura biodinâmica. De acordo com o produtor, o local e processos agriculturais são certificados pelo Instituto Brasileiro de Biodinâmica.
O IBD trata-se do único órgão certificador brasileiro de produtos
orgânicos com credenciamento IFOAM (mercado internacional), ISO/IEC 17065 (mercado europeu-regulamento CE 834/2007), Demeter (mercado internacional), USDA/NOP (mercado norte-americano) e aprovado para uso do selo SISORG (mercado brasileiro), conferindo à este desta forma, um certificado que é aceito à nível global (IBD, 2017).
Para Steiner (1993) um agricultor biodinâmico deve ser empenhado em
fazer somente aquilo pelo qual ele mesmo pode responsabilizar-se, isso, acaba por servir ao desenvolvimento duradouro da "individualidade agrícola". Isso inclui o cultivo e a seleção das suas próprias sementes, como também a adaptação e a seleção própria de raças de animais. Além disso, significa uma orientação renovada na pesquisa, consultoria e formação profissional.
De acordo com o Sr. Abud, é feita uma consulta periódica com um
consultor, que segundo o produtor, aparece para execução da atividade de fiscalização sem aviso prévio, de modo à evitar possíveis manipulações que podem vir a ocorrer acerca das informações de modo e quantidade de produção.
Por ser certificado do IBD, é a informação a ser fornecida é mais
rigorosa, uma vez que é necessário que seja informado a quantidade do que é produzido, o local, destino de escoamento para venda, modo de produção.
2.2 PRODUÇÃO BIODINÂMICA
A agricultura biodinâmica trata-se de uma forma alternativa de
agricultura orgânica, que utiliza da junção de conhecimentos químicos, geológicos e astronômicos. Esta trata a fertilidade do solo, o crescimento das plantas, e os cuidados da pecuária como tarefas ecologicamente inter- relacionadas, tendo ênfase as perspectivas espirituais, místicas e químicas (STEINER, 1993).
Na propriedade do Sr. Abud (Figura 1), todos os processos de irrigação
e plantio seguem um calendário lunar. De acordo com o produtor, o seu modo de produção é feito de modo que todo o seu agroecossistema seja um organismo capaz de produzir a partir de si mesmo uma renovação (autosuficiência) e conter bastante diversidade, das espécies plantadas, estas consistem em sua maioria em folhosas, hortaliças e frutos, havendo uma variedade grande de espécies de cada categoria.
Figura 1. Plantios no Sítio Cheiro de Terra do Sr. Abud.
A diversidade observada na produção do terreno (Figura 2) condiz com
a característica central da agricultura biodinâmica. Somado à isso, a não aplicação de tratamentos químicos de solo e insumos agrícolas reforça tal fato. Figura 2. Culturas presentes do Sítio Cheiro de Terra.
Como conseqüência da abundância de espécies, o produtor relata não
ter problemas com pragas nos dias atuais, contudo, este afirma que durante o período de transição do terreno esta era uma problemática.
A criação pecuária do terreno é avícola e bovina, sendo os dejetos de
ambos utilizados para a produção de biogel e biofertilizante. Uma outra parte é utilizada em um criadouro de minhocas (minhocário) para a produção de substrato a partir da vermicompostagem (Figura 3). Anteriormente havia a criação de ovinos, contudo, por motivos acerca da temperatura no local forçaram a interrupção da criação. Figura 3. Criadouro de galinhas; Local e produção do biogel e biofertilizante; Local de vermicompostagem.
Na propriedade há uma área sendo preparada para a iniciação de
produção apícola (Figura 4). Até o momento da visita, haviam cerca de dez colméias, porém até o momento não havia a extração de mel. O objetivo do proprietário é atingir 24 ninhos. Figura 4. Local voltado à produção apícola na propriedade.
Trabalham ao todo no terreno cerca de nove funcionários da região, que
segundo o produtor, consomem cerca de 60% da renda da produção. Entretanto, estes não residem na propriedade. Quando questionados acerca de sua satisfação em uma produção biodinâmica, estes contrastaram com suas experiências anteriores com a agricultura convencional e apontaram vantagens como: não exposição à venenos, não ociosidade e geração de renda para a família.
A visita à propriedade teve seu final às 16:30 da tarde e de acordo com a
avaliação dos grupos presentes, esta foi bastante produtiva e esclarecedora acerca dos mitos criados em torno da produção biodinâmica.
3. CONCLUSÃO
A agricultura biodinâmica é uma alternativa de produção agrícola
pertencente à vertente orgânica. Esta visa tornar o agroecossistema um organismo diverso e autosuficiente. Para tal, não é permitido a utilização de adubos ou outros tipos de insumos agrícolas. Como conseqüência deste tipo de produção, é possível perceber uma renovação do manejo agrícola, melhor restauração do meio ambiente e a produção de alimentos de fato saudáveis . 4. REFERÊNCIAS
EHLERS, E.M.: Agricutura Sustentável: origens e perspectivas de um
novo paradigma. 2.ed. ver. e atual., Guaíba: Agropecuária. 157p . 1999.
GLIESSMAN, S. R. Agroecologia: processos ecológicos em agricultura
sustentável. Porto Alegre: Editora da Universidade – UFRGS, 2000.
GOMES, J. C. C. Pluralismo metodológico en la producción y circulación
del conocimiento agrario: fundamentación epistemológica y aproximación empírica a casos del sur de Brasil. Tese (Doutorado) - Programa Agroecologia Campesinado e Historia, ISEC. ETSIAAN, Universidad de Córdoba. 379 f. 1999.
IBD Certificações – Inspeções e Certificações Agropecuárias e
Alimentícias. Quem Somos. Disponível em: < http://ibd.com.br/pt/QuemSomos.aspx >, Acesso em 23 de fevereiro, 2017.
MATOS-FILHO, A. M. AGRICULTURA ORGÂNICA SOB A
PERSPECTIVA DA SUSTENTABILIDADE: UMA ANÁLISE DA REGIÃO DE FLORIANÓPOLIS - SC, BRASIL. Dissertação (Mestrado) − Universidade Federal de Santa Catarina. Programa De Pós-graduação em Engenharia Ambiental. 171 P. 2004.
NUNES, M. U. C.; SANTOS, J. R.; FORTUNA, A. Resíduos
Agropecuários e Agroindustriais em Sergipe: Caracterização e Potencial de Utilização na Agricultura. Circular técnica – Embrapa TC, Aracaju - SE., v. 64. 2012.
ORMOND, J. G. P.; DA PAULA, S. R. L.; FILHO, P. F.; ROCHA, L. T. M.
Agricultura orgânica: quando o passado é futuro. BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 15. 33P. 2002.
Steiner, R. Fundamentos da Agricultura Biodinâmica. 8 palestras dadas
en Korberwitz, 7-16/6/1924, GA (Gesamtausgabe, catálogo geral) 327. Trad. Gerard Bannwart. São Paulo: Editora Antroposófica, 1993.