Sie sind auf Seite 1von 85

Ponto dos Concursos

www.pontodosconcursos.com.br

Atenção.

O conteúdo deste curso é de uso exclusivo do aluno matriculado, cujo


nome e CPF constam do texto apresentado, sendo vedada, por
quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia,
divulgação e distribuição.

É vedado, também, o fornecimento de informações cadastrais


inexatas ou incompletas – nome, endereço, CPF, e-mail - no ato da
matrícula.

O descumprimento dessas vedações implicará o imediato


cancelamento da matrícula, sem prévio aviso e sem devolução de
valores pagos - sem prejuízo da responsabilização civil e criminal do
infrator.

Em razão da presença da marca d’ água, identificadora do nome e


CPF do aluno matriculado, em todas as páginas deste material,
recomenda-se a sua impressão no modo econômico da impressora.
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

Aula 05

Olá Pessoal!
Chegamos ao nosso último encontro. Espero que as aulas tenham sido proveitosas e
que tenham ajudado vocês a se prepararem para essa dura batalha. O objetivo maior
deste curso era passar uma idéia de como o CESPE cobra Administração Pública.
Tentei ser o mais abrangente em termos de conteúdo, mas sei que muitas coisas
ficaram de fora e em muitos pontos não teve como aprofundar. O edital é enorme e
seria muito desgastante, neste momento tão próximo do concurso, tentar ampliar muito o
escopo da matéria.

Nesta aula trabalharemos os últimos três itens do edital, referentes a políticas públicas:
14. Processo de formulação e desenvolvimento de políticas: construção de
agendas, formulação de políticas, implementação de políticas.
15. As políticas públicas no Estado brasileiro contemporâneo. Descentralização
e democracia. Participação, atores sociais e controle social. Gestão local,
cidadania e eqüidade social.

16 Planejamento e avaliação nas políticas públicas: conceitos básicos de


planejamento. Aspectos administrativos, técnicos, econômicos e
financeiros. Formulação de programas e projetos. Avaliação de programas
e projetos. Tipos de avaliação. Análise custo-benefício e análise custo-
efetividade.

Estarei no fórum até alguns dias depois do concurso para ajudar vocês nos recursos.
Portanto, quem tiver dúvidas, fique à vontade para perguntar no fórum.

www.pontodosconcursos.com.br 1
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

Introdução
Vamos começar vendo alguns aspectos gerais sobre políticas públicas, o que são,
características, para depois entrarmos nos itens do edital.

1 (CESPE/CHESF/2002) Por meio das políticas públicas são formulados,


desenvolvidos e postos em prática programas de distribuição de bens e serviços,
regulados e providos pelo Estado, com a participação e o controle da sociedade.

Vamos ver algumas definições de políticas públicas:

Dye: o que o governo decide fazer ou não.


Lynn: um conjunto específico de ações do governo que irão produzir
efeitos específicos.
Lowi: uma regra formulada por alguma autoridade governamental que
expressa uma intenção de influenciar, alterar, regular, o
comportamento individual ou coletivo através do uso de sanções
positivas ou negativas.
Maria G. Rua: As políticas públicas (policies) são outputs, resultantes
das atividades política (politics): compreendem o conjunto das
decisões e ações relativas à alocação imperativa de valores.
Carvalho: Políticas públicas são construções participativas de uma
coletividade, que visam à garantia dos direitos sociais dos cidadãos
que compõem uma sociedade humana.

Percebemos nas quatro primeiras definições uma grande valorização do Estado como
responsável pelas políticas públicas. Quando a Maria das Graças Rua fala em
“alocação imperativa de recursos”, o que ela quer dizer é que uma das suas
características centrais é o fato de que são decisões e ações revestidas da autoridade
soberana do poder público. Não podemos negar isso.

No entanto, para a prova do CESPE, devemos entender que a última é a definição


mais válida. Não que uma afirmação próxima do que a autora fala seria errada. Mas
devemos considerar que políticas públicas envolvem a participação e o controle da
sociedade, em todo o processo.

Questão CORRETA.

www.pontodosconcursos.com.br 2
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

2 (CESPE/TJ-AP/2007) Política pública significa ação coletiva cuja função é concretizar


direitos sociais demandados pela sociedade e previstos nas leis.

Maria G. Rua fala ainda que “as políticas públicas são ‘públicas’ – e não privadas ou
apenas coletivas”. No entanto, Potyara Pereira afirma que:

Política pública significa ação coletiva que tem por função concretizar
direitos sociais demandados pela sociedade e previstos em lei.

Podemos perceber que a questão é praticamente cópia da definição de Bravo e


Pereira, portanto não poderia estar errada. Veremos ainda em outra questão que o
CESPE fala novamente em “ação coletiva”, portanto devemos considerar este termo
como correto. Não que possa haver política pública sem o Estado. As políticas públicas
envolvem sim a “alocação imperativa de recursos”, mas devemos lembrar que a
sociedade também é um ator indispensável.

Questão CORRETA.

3 (CESPE/CHESF/2002) Política pública não é sinônimo de política estatal, mas uma


ação pública na qual, além do Estado, a sociedade se faz presente, ganhando
representatividade, poder de decisão e condições de exercer o controle sobre os atos e
as decisões do governo e do mercado.

Esta questão foi tirada do texto de Potyara Pereira:


Política pública não é sinônimo de política estatal. A palavra ‘pública’,
que acompanha a palavra ‘política’, não tem identificação exclusiva
com o Estado, mas sim com o que em latim se expressa como res
publica, isto é, coisa de todos, e, por isso, algo que compromete
simultaneamente, o Estado e a sociedade. É, em outras palavras,
ação pública, na qual, além do Estado, a sociedade se faz presente,
ganhando representatividade, poder de decisão e condições de
exercer o controle sobre a sua própria reprodução e sobre os atos e
decisões do governo e do mercado. É o que preferimos chamar de
controle democrático exercido pelo cidadão comum, porque é controle
coletivo, que emana da base da sociedade, em prol da ampliação da
democracia e da cidadania
Aqui temos mais uma divergência em relação ao pensamento de Maria das Graças
Rua. Estou falando bastante nesta autora porque ela é referência nesta área e muitos
de vocês podem ter estudado alguma coisa dela, então é importante esclarecer alguns
pontos que estão confusos. A autora fala que

www.pontodosconcursos.com.br 3
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

Por mais óbvio que possa parecer, as políticas públicas são ‘públicas’
- e não privadas ou apenas coletivas. A sua dimensão ‘pública’ é dada
não pelo tamanho do agregado social sobre o qual incidem, mas pelo
seu caráter “imperativo”.

Portanto, devemos levar para a prova a posição da Potyara Pereira. A questão fala
ainda em “controle sobre os atos e as decisões do governo e do mercado”. Falar em
controle sobre os atos e as decisões do mercado parece algo estranho, mas percebam
que é cópia do que a Potyara Pereira fala. Esse controle ocorre porque as políticas
públicas também atuam com o poder extroverso do Estado, ou seja, o poder de
influenciar as outras pessoas, de poder intervir fora de sua esfera. Portanto, por meio
das políticas públicas, a sociedade também controla os atos e decisões do mercado.
Questão CORRETA.

4 (CESPE/SGA-AC/2006) Política pública é sinônimo de decisão política: ambas


envolvem a alocação imperativa de valores e recursos.

Esta questão já é convergente com o pensamento de Maria G. Rua, segundo a qual:


É necessário distinguir entre política pública e decisão política. Uma
política pública geralmente envolve mais do que uma decisão e requer
diversas ações estrategicamente selecionadas para implementar as
decisões tomadas. Já uma decisão política corresponde a uma
escolha dentre um leque de alternativas, conforme a hierarquia das
preferências dos atores envolvidos, expressando - em maior ou menor
grau - certa adequação entre os fins pretendidos e os meios
disponíveis. Assim, embora uma política pública implique decisão
política, nem toda decisão política chega a constituir uma política
pública. Um exemplo encontra-se na emenda constitucional para
reeleição presidencial. Trata-se de uma decisão, mas não de uma
política pública. Já a privatização de estatais ou a reforma agrária são
políticas públicas.

Portanto, a decisão política também envolve a alocação imperativa de valores, já que


ela compreende uma escolha revestida da soberania do Estado. No entanto, as
políticas públicas são mais do que uma simples decisão política. Elas envolvem
decisões políticas, se originam delas, mas vão além, compreendendo um conjunto de
ações com o objetivo de atender a uma demanda da sociedade.

Questão ERRADA.

www.pontodosconcursos.com.br 4
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

5 (CESPE/TJ-AP/2007) Os direitos declarados e garantidos nas leis são


operacionalizados por políticas públicas, mediante programas, projetos e serviços.

Outro aspecto importante da definição de política pública também pode ser observado
na definição de Potyara Pereira.

Política pública significa ação coletiva que tem por função concretizar
direitos sociais demandados pela sociedade e previstos em lei.
A função das políticas públicas é concretizar direitos sociais previstos nas leis. Os
direitos sociais são os chamados direitos de segunda geração. Os direitos de primeira
geração surgiram no liberalismo, quando se buscava uma não-ação do Estado, no
sentido deste respeitar a liberdade dos particulares. São os direitos à liberdade de
locomoção, de reunião, de manifestação do pensamento, o direito à vida e à
propriedade, entre outros.

Já os direitos de segunda geração surgiram num momento em que se percebia que o


modelo anterior não assegurava plenas condições de desenvolvimento para os
membros economicamente mais fracos do corpo social, o que impedia a plena fruição
das liberdades asseguradas pela Constituição liberal. Cabia então ao Estado pôr em
prática uma série de políticas públicas que visassem justamente a conferir tais
condições materiais, de modo a assegurar um mínimo de igualdade entre os membros
da sociedade.
Portanto, “concretizar” ou “operacionalizar” os direitos previstos nas leis significa que as
políticas públicas estarão tornando possível o exercício dos direitos sociais como
educação, saúde, assistência social, etc. Questão CORRETA.

6 (CESPE/CHESF/2002) Política pública é uma ação coletiva que tem por função
concretizar direitos sociais demandados pela sociedade e previstos nas leis. Os direitos
declarados e garantidos nas leis só têm aplicabilidade por meio de políticas públicas.

Nesta questão o CESPE exagera um pouco na dose e afirma que os direitos previstos
nas leis “SÓ tem aplicabilidade por meio de políticas públicas” e dá como gabarito
CORRETA. Na realidade, esta questão também foi tirada da Potyara Pereira.

Políticas públicas são ações coletivas que tem por função concretizar
direitos sociais, demandas da sociedade e previstos nas Leis. Em
outros termos, os direitos declarados e garantidos nas leis só têm
aplicabilidade por meio de políticas públicas correspondentes, as
quais, por sua vez, operacionalizam-se mediante programas, projetos
e serviços.

www.pontodosconcursos.com.br 5
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

Contudo, nem todos os direitos exigem uma política pública para poderem ser
exercidos, como é o caso dos direitos de primeira geração, vistos na questão anterior,
que justamente surgiram com o objetivo de evitar a ação do Estado, que buscavam a
sua ausência.

Potyara não estava generalizando nesta afirmação, dizendo que todos os direitos só
têm aplicabilidade por meio de políticas públicas. Ela estava está se referindo apenas
aos direitos sociais, que estão na primeira parte da afirmação. Apesar de falar apenas
em “direitos” na segunda parte, a intenção dela deve ter sido restringir apenas aos
direitos sociais. Mesmo sendo cópia de um autor, este gabarito não deveria ter sido
mantido.

7 (CESPE/TRF5/2007) Reside, primariamente, nos Poderes Legislativo e Executivo a


prerrogativa de formular e executar políticas públicas. Assim, é impossível ao Poder
Judiciário determinar, ainda que em bases excepcionais, a implementação de tais
políticas aos órgãos estatais inadimplentes, mesmo que presente a possibilidade de se
comprometerem a eficácia e a integridade de direitos sociais e culturais constitucionais.

Vimos que os direitos “só têm aplicabilidade por meio de políticas públicas”, e que é
função destas concretizar os direitos previstos nas leis. Isso implica na possibilidade de o
Poder Judiciário determinar a implementação de determinada política pública para
atender a um direito social presente em nossa Constituição.
Quando provocado, o Judiciário pode e deve garantir o cumprimento dos direitos
fundamentais sociais, sem que isso possa configurar afronta ao princípio da separação
de poderes ou trazer desequilíbrio ao orçamento do Estado. Levando em conta as
circunstâncias do caso concreto, cabe ao juiz assinalar ao Poder Público um prazo
razoável para o cumprimento da obrigação constitucional, sem que restem afetados os
programas governamentais traçados nas leis orçamentárias.

As evidências disponíveis sugerem que o Judiciário tem sido acionado constantemente,


tanto com base na Constituição quanto na legislação infraconstitucional, para deliberar
sobre políticas públicas contenciosas.

O Judiciário não pode elaborar políticas públicas, mas pode compelir o poder público a
implementá-las caso estejam previstas nas leis. Por exemplo, em 2005 o STF decidiu
que o município de Santo André (SP) deveria garantir a matrícula de um menino de
quatro anos na creche pública administrada pela prefeitura. O entendimento é o de que é
obrigação do município garantir o acesso à creche a crianças de até seis anos de
idade, independentemente da oportunidade e conveniência do poder público. Segundo
Celso de Mello:
Quando a proposta da Constituição Federal impõe o implemento de
políticas públicas, e o poder público se mantém inerte e omisso, é
www.pontodosconcursos.com.br 6
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

legitimo sob a perspectiva constitucional garantir o direito à educação


e atendimento em creches. O direito não pode se submeter a mero
juízo de conveniência do Poder Executivo.

Entre outros tipos de decisões que estão se tornando comuns estão: juízes que
determinam o aumento do número de leitos em UTI’s, a construção ou reforma de
escolas, a execução de obras de saneamento básico, a realização de cirurgias de
mudança de sexo, como aconteceu no ano passado, como podemos ver nessa notícia
da internet.
O Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região estabeleceu um
prazo de 30 dias para que o Sistema Único de Saúde (SUS) passe a
realizar cirurgias de transgenitalização, conhecida como mudança de
sexo.

Questão ERRADA, já que o Judiciário não só pode, como deve garantir os direitos
previstos em leis, determinando a implementação de políticas públicas.

8 (CESPE/CAIXA/2006) Não é constitucional a intervenção do Poder Judiciário, com a


finalidade de realização de controle jurisdicional, em tema de implementação de
políticas públicas, ainda que configurada hipótese de abusividade governamental.

O Judiciário, além de intervir quando houver omissão do Executivo, também pode atuar
quando ocorrerem abusos. As políticas públicas constituem-se por meio de atos
administrativos e leis, portanto sujeitas ao controle de legalidade por parte do
Judiciário. Questão ERRADA.

9 (CESPE/SEFAZ/2002) Políticas públicas são predominantemente iniciativas


autônomas das instâncias governamentais dotadas de responsabilidades legais sobre
determinadas áreas de atuação ou questões de interesse público.

As políticas públicas não são iniciativas autônomas das instâncias governamentais;


exige-se a participação da sociedade em todo o processo. Questão ERRADA.

Processo de formulação e desenvolvimento de políticas

www.pontodosconcursos.com.br 7
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

10 (CESPE/MDS/2006) Somente para fins analíticos é que se estabelecem distinções


entre o processo de formulação e as demais fases das políticas públicas: a
implementação e a avaliação.

Aqui entramos no ciclo da política, que são as fases por meio das quais as políticas
públicas nascem, evoluem e eventualmente morrem. Podemos considerar que o ciclo
das políticas públicas (policy cycle) é composto de quatro fases: construção da agenda,
formulação, implementação e avaliação. No entanto, tem que ficar bem claro que estas
fases não são períodos estanques, muito bem separados. Somente para fins analíticos
que podemos fazer esta separação. Veremos, inclusive, que a separação entre as
fases da formulação e da implementação é um dos maiores problemas das políticas
públicas brasileiras atualmente.

Questão CORRETA.
Se o CESPE falar que “as fases da política pública ou do ciclo da política são a
formulação, a implementação e a avaliação”, não estará errado, mesmo que não fale
na formação da agenda. Isto porque alguns autores só se referem a estas três fases
mesmo e, além disso, vivo repetindo: para o CESPE, incompleto quase sempre não é
errado.

11 (CESPE/MDS/2006) A formação da agenda corresponde à segunda fase das


políticas públicas e não pode surgir de situação de crise, calamidade ou catástrofe.

Podemos dizer que a construção da agenda é a primeira fase das políticas públicas, já
que é neste momento que são definidos os problemas que serão atacados por meio de
uma política pública.

Já Klaus Frey propõe distinguir entre as seguintes fases: percepção e definição de


problemas, agenda-setting, elaboração de programas e decisão, implementação de
políticas e, finalmente, a avaliação de políticas e a eventual correção da ação. Portanto,
não poderíamos considerar como errada a afirmação de que a formação da agenda é a
segunda fase, já que antes dela haveria uma fase em que é definido o que é um
problema ou não.

Segundo Maria G. Rua:


Uma situação pode existir durante muito tempo, incomodando grupos
de pessoas e gerando insatisfações sem, entretanto, chegar a
mobilizar as autoridades governamentais. Neste caso, trata-se de um
"estado de coisas" - algo que incomoda, prejudica, gera insatisfação
para muitos indivíduos, mas não chega a constituir um item da
agenda governamental, ou seja, não se encontra entre as prioridades
www.pontodosconcursos.com.br 8
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

dos tomadores de decisão. Quando este estado de coisas passa a


preocupar as autoridades e se torna uma prioridade na agenda
governamental, então tornou-se um "problema político".

Algumas vezes existem situações que permanecem “estados de coisas” por períodos
indeterminados, sem chegar a serem incluídos na agenda governamental, pelo fato de
que existem barreiras culturais e institucionais que impedem que sequer se inicie o
debate público do assunto. Um exemplo é o aborto. O Ministério da Saúde deseja
formular uma política pública com o objetivo de realizar o aborto em hospitais públicos,
evitando que ele seja feito de forma ilegal em locais não adequados. No entanto, ainda
não se avançou em uma alteração na legislação.
A questão é ERRADA porque a agenda pode ser formada a partir de situações de
crise, calamidade ou catástrofe.

12 (CESPE/SGA-AC/2006) Problemas que causaram crises ou eventos dramáticos são


invariavelmente incluídos na agenda de decisão.

Apesar de ser possível, até mesmo bastante provável, que a agenda seja formada a
partir de situações de crise, isto não significa que sempre que acontecer uma
calamidade o problema vai chegar a entrar na agenda de decisão, ou até mesmo na
governamental. Aqui temos que fazer a distinção entre os três tipos de agenda:

ƒ Não-Governamental (ou sistêmica): contém assuntos e temas que são


reconhecidos pelo público em geral sem, contudo, merecer atenção do governo.
ƒ Governamental: inclui os problemas que estão a merecer atenção formal do
governo (temas que, de alguma maneira, estão incorporados na estrutura
administrativa e no discurso das autoridades).
ƒ De Decisão: contém a lista dos problemas e assuntos que efetivamente serão
decididos, que serão tema de uma política pública.

Quando temos um crime hediondo, como, por exemplo, o do menino João Hélio, que
foi arrastado no carro por bandidos, a segurança pública, mais especificamente a
redução da maioridade penal, geralmente entram na agenda, mas não chegam à
agenda de decisão, ou seja, não se faz nada além de discursos no Congresso.

Questão ERRADA.

13 (ESAF/MPOG/2008) Embora grande parte das análises de políticas públicas se


concentre nos aspectos relativos à formulação, a literatura vem enfatizando, cada vez
mais, a importância dos estudos da formação da agenda governamental. Em resposta
www.pontodosconcursos.com.br 9
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

à indagação sobre como as agendas governamentais são estabelecidas, um modelo


largamente conhecido apresenta três explicações: problemas, política e participantes
visíveis. Esse modelo é conhecido como Modelo de Múltiplos Fluxos.

Vimos que nem sempre um problema que incomoda determinados grupos é visto como
tal pelas autoridades, permanecendo fora da agenda. Por isso, a construção da agenda
passa necessariamente pelo reconhecimento do problema, ou seja, diferenciar uma
situação, um “estado de coisas”, de um problema.

Quando pensamos na forma como um problema entra na agenda, temos na literatura


sobre processos de políticas públicas dois modelos que se destacam sobre definição
de agenda governamental: o modelo de “Fluxos Múltiplos” e a teoria do “Equilíbrio
Pontuado”.

O modelo de Fluxos Múltiplos é o mais adequado para explicar como as agendas são
definidas e decididas por governos nacionais sob condições de ambigüidade de
objetivos (preferências não definidas claramente) e ambientes instáveis, onde as
escolhas são dependentes do contexto político e institucional.

Segundo o modelo, é a convergência de três processos ou fluxos relativamente


independentes que explica os motivos pelos quais certos problemas vão para a agenda
de decisão enquanto outros, apesar de reconhecidos, não provocam, necessariamente,
uma ação efetiva do governo.

Os três fluxos são:


ƒ Reconhecimento do problema
ƒ Formulação de soluções
ƒ Fluxo da política
O reconhecimento de um problema pode se dar em função de uma crise ou evento
dramático; por um indicador, pois tanto a magnitude de um dado como sua mudança
chama a atenção das autoridades; e da acumulação de informações e experiências da
execução das políticas existentes, cuja prática proporciona o reconhecimento de novos
problemas.

A formulação das soluções depende dos especialistas da comunidade técnica-científica


que desenvolvem e apresentam diferentes propostas que serão selecionadas sob os
critérios de viabilidade técnica, financeira (custos toleráveis) e política (aceitação
pública). Há o modelo garbage can ou “lata de lixo”, argumentando que escolhas de
políticas públicas são feitas como se as alternativas estivessem em uma “lata de lixo”.
Na realidade não são os problemas que procuram soluções, mas as soluções que
procuram problemas. As escolhas compõem um garbage can no qual vários tipos de
problemas e soluções são colocados pelos participantes à medida que eles aparecem.

www.pontodosconcursos.com.br 10
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

Contudo, para um problema entrar na agenda é determinante o processo político – e


este tem uma dinâmica própria. Uma conjuntura política favorável para um problema
entrar na agenda, pode vir de uma mudança de governo, que traz novos atores ao
poder; da atuação das forças organizadas da sociedade, que têm sucesso em levar
suas demandas ao governo; e das mudanças no “clima nacional” (national mood), ou
seja, de uma situação onde as pessoas, por um determinado período de tempo,
compartilham das mesmas questões.

Questão CORRETA.

14 (ESAF/CGU/2008) A formação ou construção da agenda de políticas públicas é


determinada pelos meios mediante os quais as autoridades tomam conhecimento das
situações, como, por exemplo, os indicadores, os eventos-foco, críticas severas do
Congresso ou da mídia.

A teoria do “Equilíbrio Pontuado” (Punctuated-Equilibrium Theory) responde por que


determinadas questões ficam restritas aos limites das comunidades de especialistas,
enquanto outras ascendem à agenda de decisão política. Grosso modo, o modelo parte
da noção que os processos de política pública se caracterizam por períodos de
“equilíbrio” que são “pontuados” por períodos de mudança. Esta aconteceria quando
um determinado tema vence o “monopólio da política” (policy monopoly), caracterizado
pela situação onde um problema é tratado somente dentro das comunidades técnicas,
grupos de poder e subsistemas políticos, restringindo o surgimento de novas idéias,
propostas e participantes, numa condição de “realimentação negativa”.
Fundamental no modelo é a forma de apresentar o problema, pois a maneira como a
questão é definida e apresentada pode favorecer o status quo ou a mudança. Assim,
para que um problema chame a atenção do governo e da classe política, rompendo
com a situação de “equilíbrio”, é necessária a construção de um novo entendimento
sobre o mesmo ou uma nova imagem de política (policy image). Por isso, a disputa em
torno da definição e apresentação de um problema é central na luta política.

Algumas formas de apresentar o problema são:


ƒ Eventos-foco: um desastre, uma crise, uma experiência pessoal - chama a
atenção para algumas situações mais do que as outras.
ƒ Feedback: as autoridades tomam conhecimento de situações por meio de
monitoramento de rotina sobre custos ou estudos de avaliação de programas.
Ou informais ex. reclamações que chegam ao congresso.

ƒ Indicadores: tanto a magnitude de um dado como sua mudança chama a


atenção das autoridades

www.pontodosconcursos.com.br 11
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

A questão se aproxima muito do modelo, mas não são os meios mediante os quais as
autoridades tomam conhecimento das situações que determinam a formação da
agenda. Eles favorecem a mudança, mas não vão ser os únicos responsáveis pela
inclusão do tema na agenda. Questão ERRADA.

15 (ESAF/CGU/2008) A formação ou construção da agenda de políticas públicas


consiste em um processo de identificação e reconhecimento de problemas, o que a
distingue da formulação, que consiste na especificação das alternativas de ação
governamental.

Vimos que um dos fluxos do modelo dos fluxos múltiplos é o das alternativas, o da
formulação de soluções. Para que um tema chegue à agenda de decisão, é preciso
que existam alternativas de soluções disponíveis. É como aquele ditado:

Todo problema tem uma solução; se não tem solução, é porque não é
um problema.

Para Kingdon, a abertura de uma janela de oportunidade política é determinada,


sobretudo, pelo reconhecimento do problema e pelo processo político, pois as
propostas elaboradas pelos especialistas ascendem à agenda de decisão apenas
quando um problema é reconhecido e existe demanda política para a sua solução.

Da mesma forma pensa Maria das G. Rua:


Ao deixar de ser um estado de coisas e se transformar em um
problema político uma questão ou demanda torna-se um input,
passando a incluir-se na agenda governamental. A partir desse
momento inicia-se o momento de formulação das alternativas.
Assim, uma vez que um problema qualquer tenha se tornado prioridade
governamental, é iniciado o processo de formulação de alternativas. Portanto, a
questão é ERRADA porque a especificação das alternativas está ainda dentro da
formação da agenda, e não na fase de formulação da política pública, que compreende a
escolha de uma das alternativas.

16 (CESPE/SEFAZ/2002) Uma arena consiste na etapa de discussão que precede à


inclusão de um problema na agenda política.

A formulação das alternativas é um dos mais importantes momentos do processo


decisório, porque é quando se colocam claramente as preferências dos atores,

www.pontodosconcursos.com.br 12
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

manifestam-se os seus interesses e é então que os diversos atores entram em


confronto.

Em função das preferências e das expectativas de resultados (vantagens e


desvantagens) de cada alternativa na solução de um problema, os atores fazem
alianças entre si e entram em disputa. Daí, formam-se as arenas políticas: distributivas,
regulatórias, redistributivas e constitutivas.

ƒ Políticas distributivas são caracterizadas por um baixo grau de conflito dos


processos políticos, visto que políticas de caráter distributivo só parecem
distribuir vantagens e não acarretam custos - pelo menos diretamente
percebíveis - para outros grupos. Essas ‘policy arenas’ são caracterizadas por
consenso e indiferença amigável. Em geral, políticas distributivas beneficiam um
grande número de destinatários, todavia em escala relativamente pequena;
potenciais opositores costumam ser incluídos na distribuição de serviços e
benefícios.

ƒ Políticas redistributivas, ao contrário, são orientadas para o conflito. O objetivo é o


desvio e o deslocamento consciente de recursos financeiros, direitos ou outros
valores entre camadas sociais e grupos da sociedade. O processo político que
visa a uma redistribuição costuma ser polarizado e repleto de conflitos.

ƒ Políticas regulatórias trabalham com ordens e proibições, decretos e portarias.


Os efeitos referentes aos custos e benefícios não são determináveis de
antemão; dependem da configuração concreta das políticas. Custos e benefícios
podem ser distribuídos de forma igual e equilibrada entre os grupos e setores da
sociedade, do mesmo modo como as políticas também podem atender a
interesses particulares e restritos. Os processos de conflito, de consenso e de
coalizão podem se modificar conforme a configuração específica das políticas.
ƒ Políticas constitutivas ou políticas estruturadoras determinam as regras do jogo e
com isso a estrutura dos processos e conflitos políticos, isto é, as condições
gerais sob as quais vêm sendo negociadas as políticas distributivas,
redistributivas e regulatórias.

A questão é ERRADA porque a arena é uma etapa de discussão que ocorre


principalmente durante a agenda. Como vimos, as propostas elaboradas pelos
especialistas ascendem à agenda de decisão geralmente quando um problema é
reconhecido e existe demanda política para a sua solução.

17 (CESPE/SGA-AC/2006) As políticas que instituem programas inteiramente novos


são sempre mais difíceis de implementar do que as que ajustam ou reformulam
programas existentes, pois exigem alteração de situações de poder já constituídas.

www.pontodosconcursos.com.br 13
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

O que vai dificultar a implementação de uma política pública está mais relacionado aos
seus resultados do que se ela é inteiramente nova ou não. Políticas redistributivas são
mais difíceis de implementar porque o objetivo é tirar de uns (geralmente aqueles que
têm mais) para dar a outros, portanto haverá a dificuldade em superar a resistência
daqueles que irão perder.

A questão é ERRADA porque não é sempre que as políticas inteiramente novas serão
mais difíceis de implementar, vai depender do que elas propõem fazer.

18 (CESPE/SEFAZ/2002) Um issue é uma questão em torno da qual os atores se


mobilizam para modelar soluções segundo seus interesses.

As preferências se formam em torno de issues ou questões. Às vezes é difícil entender


este conceito devido às limitações da língua portuguesa. Em inglês há termos
alternativos: problem, question, issue, o que não ocorre em português, onde tem-se
apenas problema e questão. Issue é um item ou aspecto de uma decisão, que afeta os
interesses de vários atores e que, por esse motivo, mobiliza as suas expectativas
quanto aos resultados da política e catalisa o conflito entre os atores.

Por exemplo, na reforma agrária, são issues: o conceito de terra improdutiva, a forma
de indenização nas desapropriações e o rito de desapropriação. Por que são issues?
Porque, dependendo da decisão que for tomada quanto a esses pontos, alguns atores
ganham e outros perdem, seus interesses são afetados e a política assume uma
configuração ou outra. Para entender o processo de formulação (e também a
implementação) é essencial definir quais são os issues de uma política e identificar as
preferências dos atores em relação a cada um deles.

Questão CORRETA.

19 (CESPE/SGA-AC/2006) Atores não-governamentais têm pouca capacidade de


influenciar a formação da agenda, normalmente dominada pela alta administração do
Poder Executivo e por representantes do Poder Legislativo.

Uma situação só se transforma em um problema quando as autoridades


governamentais assim entendem. É da agenda governamental que os problemas
passam para a agenda de decisão. No entanto, isto não significa que os atores não-
governamentais têm pouca capacidade de influenciar a agenda. Os políticos se pautam
principalmente por aquilo que ocorre na sociedade. Seja por pressão política, lobby,
corrupção, os atores não-governamentais atuam ativamente para que suas situações
se transformem em problemas aos olhos dos governantes.

www.pontodosconcursos.com.br 14
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

Questão ERRADA.

20 (ESAF/CGU/2008) Os empresários políticos são atores de origem diversa, dispostos


a investir recursos para promover políticas que possam lhes favorecer, por exemplo:
políticos eleitos ou sem mandato, burocratas de carreira, lobistas, jornalistas,
acadêmicos.

Um exemplo de que atores não-governamentais podem ter grande influência na


formação da agenda está no próprio modelo de arenas sociais, que vê a política
pública como uma iniciativa dos chamados empreendedores políticos ou de políticas
públicas. Isto porque, para que uma determinada circunstância ou evento se transforme
em um problema, é preciso que as pessoas se convençam de que algo precisa ser
feito. É quando os policy makers do governo passam a prestar atenção em algumas
questões e a ignorar outras.

Esses empreendedores constituem a policy community, pessoas que estão dispostas a


investir recursos variados esperando um retorno futuro, dado por uma política pública
que favoreça suas demandas. Eles são cruciais para a sobrevivência e o sucesso de
uma idéia e para colocar o problema na agenda pública.

Questão CORRETA.

21 (ESAF/CGU/2008) Os atores visíveis definem a agenda de políticas enquanto os


atores invisíveis têm maior poder de influência na escolha das alternativas de resolução
dos problemas.

Vimos que existem três fluxos na formação da agenda: do reconhecimento do


problema, da política e da formulação de alternativas. Este último fluxo focaliza os
participantes do processo de construção da agenda. Nesta etapa, podemos dividir os
atores em dois tipos: visíveis e invisíveis.
A diferença entre eles é que os visíveis definem a agenda e os invisíveis formulam as
alternativas. Este é o critério de classificação, apenas este. Portanto, são exemplos de
atores visíveis políticos, mídia, partidos, grupos de pressão, etc. Já os atores invisíveis
compreendem acadêmicos, consultores, assessores e funcionários legislativos,
burocratas de carreira e analistas ligados a grupos de interesses.

Questão CORRETA.

www.pontodosconcursos.com.br 15
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

22 (ESAF/CGU/2008) São atores invisíveis aqueles que, embora atuem fora do centro
das atenções da sociedade, são dotados de elevado poder de influenciar as políticas
públicas devido à sua posição econômica, como financistas, banqueiros, empreiteiros.

Lembrem-se: o critério de classificação em ator visível ou invisível é se ele define a


agenda ou formula alternativas. Não é porque os banqueiros atuam nos bastidores,
distantes das atenções das pessoas, que eles são atores invisíveis. Eles definem a
agenda e, portanto, são visíveis. Questão ERRADA.

23 (ESAF/CGU/2008) A formação ou construção da agenda de políticas públicas não


envolve a exclusão de problemas, que é naturalmente causada pela mudança da
realidade ou do foco de atenção das autoridades, pela banalização das situações ou
pela dinâmica dos ciclos sociais.

Os temas além de entrar na agenda também saem dela. A agenda não é como coração
de mãe, sempre cabe mais um. Quando alguns temas ganham importância, outros
deixam de receber atenção da sociedade e dos políticos. Além disso, assim como
existem atores querendo colocar suas demandas na agenda, também existem atores
tentando tirar de lá. Por exemplo, a Igreja atua em diversos casos no sentido de tirar
um tema da agenda, como na união entre homossexuais, na distribuição de camisinhas
pelo Ministério da Saúde, no aborto, etc.

Recentemente assistimos às disputas em torno das células-tronco. De um lado, a


comunidade científica e os portadores de necessidades especiais e de outro a Igreja e
os tradicionalistas. Quando pessoas e grupos se juntam em torno de um interesse
comum, surge outro conceito, o de “coalizão de defesa”, que pode ser definida como
um conjunto de atores (de organizações públicas, de todos os níveis de governo, e da
sociedade civil) que compartilham convicções e objetivos políticos e que almejam
administrar as regras das diversas instituições para atingir seus objetivos no decorrer
do tempo.

Questão ERRADA.

24 (CESPE/SENADO/2002) Embora a formulação de políticas públicas seja uma


responsabilidade indelegável do Poder Executivo, algumas funções auxiliares de
representação de interesses podem ser atribuídas a outros agentes públicos ou
privados.

Vimos que política pública envolve a “alocação imperativa de valores”, ou seja, a


participação do Estado é indispensável. Por isso a formulação de políticas públicas é
www.pontodosconcursos.com.br 16
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

uma responsabilidade indelegável do Poder Executivo. No entanto, é óbvio que isto


não significa que o Estado atua de forma individual e autônoma. Há sempre a
participação da sociedade. Existe até mesmo determinação constitucional neste
sentido, como no caso das políticas de assistência social.

Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social


serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social,
previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas com base
nas seguintes diretrizes:
II - participação da população, por meio de organizações
representativas, na formulação das políticas e no controle das ações
em todos os níveis.

Questão CORRETA.

25 (CESPE/SGA-AC/2006) O chamado modelo de escolha racional (ou modelo


racional-compreensivo) preconiza uma análise detalhada e abrangente das alternativas
de política pública, garantindo mais agilidade e eficácia ao processo decisório, sem
desconsiderar potenciais conflitos de interesse e poder entre os atores.

Vimos que a formulação da política pública consiste na escolha de uma das


alternativas de solução. Existem diferentes formas de "pensar" a solução para um
problema. As principais são:

ƒ Modelo Racional-Compreensivo
ƒ Modelo Incremental
ƒ Mixed-scanning

Compreensivo, segundo o dicionário Houaiss, significa “pleno de entendimento ou


consciência”, é aquele que compreende, que entende. É racional porque usa a razão. A
escolha da alternativa é feita com base em critérios impessoais. Parte-se do princípio
de que é possível conhecer o problema de tal forma que se possa tomar decisões de
grande impacto. Os decisores estabelecem quais os valores a serem maximizados e
quais as alternativas que melhor poderão maximizá-los. A seleção da alternativa a ser
adotada é feita a partir de uma análise abrangente e detalhada de cada alternativa e
suas conseqüências.
Num primeiro momento, acreditava-se que o homem econômico fosse capaz de
realizar as melhores escolhas, utilizando como critério de avaliação a lógica da
maximização de valor. Essa visão foi questionada pela racionalidade limitada, onde o
homem possui diversas limitações (ex. cognitivas e questão tempo), que o impede de
fazer a melhor escolha, simplesmente porque ele não pode afirmar que a conhece.

www.pontodosconcursos.com.br 17
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

A questão é ERRADA por dois motivos. Primeiro, porque neste modelo a decisão é
mais lenta, pois requer, antes, o levantamento de todas as informações disponíveis
sobre o assunto, o estudo de todas as possibilidades técnicas e políticas para
solucionar o problema, etc. Geralmente pretende-se realizar grandes mudanças a partir
de objetivos e cursos de ação previamente definidos a partir dos valores que orientam a
decisão.

Além disso, o modelo racional desconsidera potenciais conflitos de interesse, já que


tem o objetivo de realizar a melhor escolha com base em critérios racionais, e não
porque alguns grupos têm mais poder que outros.

26 (CESPE/SGA-AC/2006) O modelo incremental reconhece os limites da


racionalidade técnica e busca adotar alternativas de modo gradual, assegurando
acordos entre os interesses envolvidos.

A visão da política pública como um processo incremental foi desenvolvida por


Lindblom. Baseado em pesquisas empíricas, o autor argumenta que os recursos
governamentais para um programa, órgão ou uma dada política pública não partem do
zero e sim, de decisões marginais e incrementais que desconsideram mudanças
políticas ou mudanças substantivas nos programas públicos. Assim, as decisões dos
governos seriam apenas incrementais e pouco substantivas.
Lindblom questionou a ênfase no racionalismo argumentando que os diversos
interesses presentes na sociedade não podem ser deixados de lado, inclusive sob
pena de a política pública receber objeções intransponíveis. Ele propôs a incorporação
de outras variáveis à formulação e à análise de políticas públicas, tais como as
relações de poder e a integração entre as diferentes fases do processo decisório o que
não teria necessariamente um fim ou um princípio. Daí por que as políticas públicas
precisariam incorporar outros elementos à sua formulação e à sua análise além das
questões de racionalidade, tais como o papel das eleições, das burocracias, dos
partidos e dos grupos de interesse.

Abordagens distintas de literatura descrevem a idéia incrementalista, a despeito de


todas convergirem para o mesmo tema. São elas: o incrementalismo desarticulado, o
incrementalismo lógico, o empreendimento estratégico e a compreensão retrospectiva.

ƒ Incrementalismo Desarticulado: Lindbloom descreve a geração de políticas


como um processo serial, terapêutico e fragmentado, no qual as decisões são
tomadas mais para resolver problemas do que para explorar oportunidades,
considerando pouco as metas definitivas ou mesmo diferentes conexões.

ƒ Incrementalismo Lógico: Quinn concorda com Lindbloom sobre a natureza


incremental do processo, mas não sobre sua desarticulação. Nesse sentido

www.pontodosconcursos.com.br 18
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

ocorre um direcionamento por parte dos gerentes na busca de estratégias


conscientes.

ƒ Empreendedorismo Estratégico: Para Mintzberg, iniciativas estratégicas têm


origem na base hierárquica das organizações, que então se difundem e ganham
apoio. Uma vez que tenham conseguido difundir sua idéia à alta gerência, essas
ações isoladas tendem a ganhar corpo de estratégias organizacionais.

ƒ Compreensão Retrospectiva: Weick descreve que toda compreensão origina-se


no comportamento passado. Assim, os gerentes necessitam de uma ampla
gama de experiências e de competências para criarem estratégias novas e
vigorosas. Aprender não é possível sem agir.

Questão CORRETA.

27 (CESPE/SGA-AC/2006) Uma das críticas ao modelo incremental diz respeito a seu


viés conservador, que tende a dificultar a adoção de políticas inovadoras.

O incrementalismo tem justamente a característica de não bater de frente com os


interesses estabelecidos, mantendo o status quo. Em termos simplificados, o modelo
incremental significa buscar solucionar problemas de maneira gradual, sem introduzir
grandes modificações nas situações já existentes, e sem provocar rupturas de qualquer
natureza. Ou seja, em vez de especificar objetivos e de avaliar que decisões podem
atender a esses objetivos, os tomadores de decisão escolhem as alternativas mediante a
comparação de alternativas específicas e da estimativa de quais dessas alternativas
poderão melhor produzir os resultados esperados. Assim, a melhor decisão não é
aquela que maximiza os valores e objetivos dos tomadores de decisão, mas aquela
que assegura o melhor acordo entre os interesses envolvidos. Questão CORRETA.

28 (CESPE/SGA-AC/2006) Os modelos racional e incremental podem ser combinados


num modelo misto, que diferencia dois processos decisórios: um relativo a questões
estruturantes e outro relativo a questões de caráter ordinário.

Dentro do método dialético, da filosofia grega (ô professor besta que fica viajando na
reta final do concurso!!!), temos a Tese, a Antítese e a Síntese. A tese é uma afirmação
ou situação inicialmente dada. A antítese é uma oposição à tese. Do conflito entre tese e
antítese surge a síntese. O mesmo ocorre em quase tudo. Aqui no nosso estudo, o
racionalismo é a tese, o incrementalismo a antítese e o modelo mixed-scannig a
síntese.

www.pontodosconcursos.com.br 19
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

Ambos os modelos de tomada de decisão acima apresentam problemas. Entre outros,


o modelo incremental mostra-se pouco compatível com as necessidades de mudança e
pode apresentar um viés conservador. Já o modelo racional-compreensivo parte de um
pressuposto ingênuo de que a informação é perfeita e não considera
adequadamente o peso das relações de poder na tomada de decisões.

Assim, buscando solucionar essas dificuldades e outras, elaboraram-se propostas de


composição das duas abordagens. Entre elas destaca-se a concepção defendida por
Etzioni, do mixed-scanning, chamado também de rastreio combinado. A idéia é,
através da combinação das duas perspectivas, reduzir o conservadorismo e os
horizontes estreitos dos processos marginais, bem como trazer a visão racional para
bases mais realistas e exeqüíveis.
Etzioni distingue entre decisões ordinárias ou incrementais; e decisões fundamentais
ou estruturantes. As decisões estruturantes são aquelas que estabelecem os rumos
básicos das políticas públicas em geral e proporcionam o contexto para as decisões
incrementais. Para as decisões estruturantes seria usado o modelo racional; para as
ordinárias o incremental.

Questão CORRETA.

29 (ESAF/MPOG/2008) A tomada de decisão representa um dos passos centrais do


processo das políticas públicas. O modelo de exploração mista ou exploração
combinada, ou ainda, mixed-scanning caracteriza-se por estabelecer objetivos finais
amplos e avaliar exaustivamente as alternativas de maneira a selecionar objetivamente
aquela mais capaz de conduzir aos resultados pretendidos.

Etzioni considera o mixed-scanning o método adequado para lidar com as decisões


estruturantes porque permite explorar um amplo leque de alternativas. Basicamente, o
mixed-scanning requer que, nas decisões estruturantes, os tomadores de decisão se
engajem em uma ampla revisão do campo de decisão, sem se dedicar à análise
detalhada de cada alternativa (conforme faz o modelo racional-compreensivo). Esta
revisão permite que alternativas de longo prazo sejam examinadas e levem a decisões
estruturantes. As decisões incrementais, por sua vez, decorrem das decisões
estruturantes e envolvem análise mais detalhadas de alternativas específicas.
A questão é ERRADA porque o mixed-scanning avaliar exaustivamente as alternativas,
como faz o modelo racional.

www.pontodosconcursos.com.br 20
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

30 (CESPE/MDS/2006) Existem consensos sobre a elaboração de uma política


perfeita, entre os quais está a questão do tempo decorrido entre a decisão, a
formulação e a verificação dos resultados obtidos.

Esta questão é um absurdo. Isto porque o seu gabarito é CORRETA. Ela é muito mal
redigida. O que eu achei de parecido, de onde talvez o examinador tenha tirado a
questão, é que existe consenso em relação a algumas restrições na elaboração de
uma política perfeita, que seriam: o tempo decorrido entre a decisão, a formulação e a
verificação dos resultados obtidos; a subordinação da avaliação à obtenção de
informação qualificada e em tempo oportuno; e a preponderância de valores e
diferenças de visão política no decorrer dos processos.

31 (CESPE/SGA-AC/2006) As fases de formulação e implementação da política pública


são empiricamente distintas, inexistindo quaisquer sobreposições factuais ou temporais
entre elas.

Na visão clássica de ação governamental, a implementação constitui uma das fases do


ciclo político e corresponde à execução de atividades que permitem que ações sejam
implementadas com vistas a executar o que já foi pensado e planejado. Na
implementação, não ocorreriam decisões que definiriam os rumos da política pública,
apenas seria executado o que foi planejado na fase de formulação.

Esta visão clássica não considera os aspectos relativos à implementação e seus efeitos
retroalimentadores sobre a formulação de política. A implementação é entendida,
fundamentalmente, como um jogo de uma só rodada, onde a ação governamental,
expressa em programas ou projetos de intervenção, é implementada de cima para
baixo (top down).

O processo de formulação de políticas não chega a um fim quando ela é elaborada ou


aprovada. Política é feita enquanto está sendo administrada, e administrada enquanto
esta sendo feita. Implementação é formulação de política levada a efeito por outros
instrumentos. Os próprios objetivos da política, e os problemas envolvidos, não são
conhecidos antecipadamente em sua totalidade, ao contrário, vão aparecendo na
medida em que o processo avança.

A implementação pode ser compreendida como o conjunto de ações realizadas por


grupos ou indivíduos de natureza pública ou privada, as quais são direcionadas para a
consecução de objetivos estabelecidos. Em outras palavras, trata-se das ações para
fazer uma política sair do papel e funcionar efetivamente.

A questão é ERRADA porque devemos considerar que a implementação é a


continuação da formulação enquanto a política sai do papel.

www.pontodosconcursos.com.br 21
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

32 (CESPE/SGA-AC/2006) Diversos elementos da concepção de uma política pública


são determinados ou alterados durante sua implementação pela chamada “burocracia
do nível da rua”, que atua em contato direto com os cidadãos.

O conceito de burocracia de nível de rua surgiu da percepção da importância dos


servidores que interagem direta e continuamente com o público. O autor que formulou o
conceito chegou a sustentar que “a implementação de uma política, no final, resume- se
às pessoas que a implementam”.

Devemos entender que a implementação pode sim mudar os rumos da política


publicam, por isso as decisões que esses servidores tomam, as rotinas que
estabelecem e os procedimentos que inventam para lidar com a incerteza e as
pressões do trabalho vão dar as características reais das políticas públicas.

Para implementar uma política pública formulada nos altos escalões, é necessária uma
contínua negociação a fim de que a burocracia de nível de rua se comprometa com
suas metas.

O modelo ‘bottom-up’ assume que implementação é algo que envolve o


reconhecimento de que as organizações têm limitações humanas e organizacionais, e
que isso deve ser reconhecido e interpretado como um recurso. Implementação efetiva
se constrói com a experiência e o conhecimento daqueles que executam as políticas.
Além dos enfoques top-down e bottom-up, há ainda um terceiro modelo, que é o de
ação de política, ou interativo-iterativo, que considera a implementação como um
processo evolucionário. Foram desenvolvidos modelos comportamentais que vêem a
implementação como resultado das ações de indivíduos que são constrangidos pelo
mundo de fora de suas instituições e pelo contexto institucional no qual eles atuam. A
implementação pode ser mais bem entendida em termos de uma ação política
contínua, na qual um processo interativo e de negociação que acontece no tempo,
entre aqueles responsáveis pela formulação da política e aqueles responsáveis por sua
implementação.
Poder é central para a dinâmica dessa relação. Para esse modelo implementação é um
processo de barganha interativa entre os responsáveis por aprovar uma política e
aqueles que possuem o controle dos recursos. Nesse modelo maior ênfase é posta em
questões de poder e dependência, interesses, motivações e comportamentos, do que
nos modelos ‘top-down’ e ‘bottom-up’.

O modelo de ação enfatiza que implementação envolve mais do que uma cadeia de
comando. É um processo que requer o entendimento sobre a maneira com que os
indivíduos e as instituições ‘percebem’ a realidade, e como essas instituições interagem
com outras instituições para a obtenção de seus objetivos.

www.pontodosconcursos.com.br 22
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

Questão CORRETA.

33 (CESPE/SGA-AC/2006) A garantia de recursos orçamentários é condição suficiente


para assegurar uma implementação bem-sucedida.

Somente os recursos orçamentários não garantem a implementação bem-sucedida da


política pública. Maria das Graças Rua aponta dez pré-condições necessárias para que
haja uma implementação perfeita:

1. As circunstâncias externas à agência implementadora não devem impor


restrições que a desvirtuem;

2. O programa deve dispor de tempo e recursos suficientes;


3. Não apenas não deve haver restrições em termos de recursos globais, mas
também, em cada estágio da implementação, a combinação necessária de
recursos deve estar efetivamente disponível;

4. A política a ser implementada deve ser baseada numa teoria adequada sobre a
relação entre a causa (de um problema) e o efeito (de uma solução que está
sendo proposta);

5. Esta relação entre causa e efeito deve ser direta e, se houver fatores
intervenientes, estes devem ser mínimos;
6. Deve haver uma só agência implementadora, que não depende de outras
agências para ter sucesso; se outras agências estiverem envolvidas, a
relação de dependência deverá ser mínima em número e em importância;

7. Deve haver completa compreensão e consenso quanto aos objetivos a serem


atingidos e esta condição deve permanecer durante todo o processo de
implementação;
8. Ao avançar em direção aos objetivos acordados, deve ser possível
especificar, com detalhes completos e em seqüência perfeita, as tarefas a
serem realizadas por cada participante;

9. É necessário que haja perfeita comunicação e coordenação entre os vários


elementos envolvidos no programa;

10. Os atores que exercem posições de comando devem ser capazes de obter
efetiva obediência dos seus comandados.

Questão ERRADA.

www.pontodosconcursos.com.br 23
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

As políticas públicas no Estado brasileiro contemporâneo

34 (ESAF/CGU/2008) Nos anos recentes, observa-se a superação da fragmentação


das políticas públicas, já que os atores sociais e o terceiro setor vêm atuando no
sentido de cobrir as lacunas de articulação e cooperação entre diferentes agências
setoriais.

Tanto o CESPE quanto a ESAF usam muito o texto da Maria das Graças Rua em que
ela fala das regularidades das políticas públicas brasileiras. Regular pode significar
algo que está em conformidade com as regras, as leis, mas pode significar também
algo que demonstra constância, continuidade. A autora usa o termo aqui no segundo
sentido, ou seja, fala de características que estão presentes na grande maioria de
nossas políticas públicas.

Segundo a autora:
Um dos aspectos que primeiro chamam a atenção nas políticas
públicas brasileiras é a fragmentação. De fato, um traço recorrente é
que embora comumente as demandas da sociedade impliquem a
articulação e cooperação de diferentes agências setoriais, o que
ocorre é a existência de linhas rígidas - mas nem sempre consensuais
e respeitadas - de demarcação das áreas de atuação de cada uma
delas.

Assim, os diversos órgãos governamentais atuam de forma desconexa, duplicando


esforços. A ação estatal perde capacidade, já que não otimiza a aplicação dos recursos
públicos.

A questão é ERRADA porque não é a atuação do terceiro setor que irá resolver o
problema da fragmentação. Não é a atuação das entidades não-governamentais em
áreas que não estão sendo atendidas pelo Estado que irá superar a falta de
coordenação entre os ministérios.

35 (CESPE/MDS/2006) Um exemplo de grande coordenação entre atores públicos nas


políticas públicas é o Sistema Único de Saúde, política de saúde sobre a qual existe
grande disponibilidade de dados que demonstram claramente os seus efeitos sobre a
sociedade.

Maria das Graças Rua cita o exemplo do SUS como um caso de fragmentação:

www.pontodosconcursos.com.br 24
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

Especialmente exemplar quanto a diversas das regularidades das


políticas públicas brasileiras é o caso do SUS, onde fica explícita,
durante todo o processo, a fragmentação entre o Ministério da
Previdência e o Ministério da Saúde, a disputa entre essas duas
agências, o controle dos recursos pelo Ministério da Previdência
causando acentuadas dificuldades de gestão ao Ministério da Saúde,
o papel pessoal do Ministro da Previdência na proposição e
implementação do SUDS.

Questão ERRADA.

36 (ESAF/CGU/2008) As políticas geralmente emperram devido à competição


interburocrática, que faz com que sejam fragmentadas em áreas de controle de cada
agência, na busca de uma convivência pacífica; ou que provoca superposições que
levam à baixa racionalidade e ao desperdício de recursos.

Como conseqüência da fragmentação, surge a competição interburocrática. Segundo a


autora:

As políticas muito freqüentemente emperram devido à competição


interburocrática; ou são fragmentadas em áreas de controle de cada
agência, na busca de uma convivência pacífica; ou, finalmente,
estabelecem-se superposições que levam à baixa racionalidade e ao
desperdício de recursos.

Além do demasiado custo meio de operacionalização dessas políticas setoriais, os


ganhos encontram-se, em geral, pouco potencializados, porque a soma das partes não
produz um todo superior.

Este tipo de competição pode impossibilitar a construção de consensos abrangentes e


levar à fragmentação excessiva do processo decisório, gerando medidas contraditórias e
impasses intragovernamentais.

A competição interburocrática pode gerar também alianças, tanto entre as próprias


agências como também com setores representativos da sociedade civil. Nesse último
caso, contribuiria para tornar o processo decisório mais democrático.

As alianças interburocráticas são bastante usuais, seja porque existam objetivos


compartilhados, seja em reação a um inimigo comum. Da mesma forma, observam-se
alianças entre agências burocráticas e certos setores da sociedade civil, com possíveis
vantagens para o processo democrático. Por um lado, ao procurar apoio na sociedade
civil, as agências ampliam a influência desta última no jogo do poder; por outro lado,
indiretamente abrem um espaço para que a sociedade possa controlar eventuais
abusos do poder burocrático.
www.pontodosconcursos.com.br 25
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

Questão CORRETA.

37 (CESPE/SGA-AC/2006) Políticas complexas, que envolvem diferentes níveis


governamentais e diversas organizações, requerem relações de competição e
concorrência entre as agências implementadoras para atingir os objetivos pretendidos.

Outro ponto a ser examinado diz respeito à idéia de que a competição interburocrática
pode contribuir para a eficiência da máquina estatal. Sob esta perspectiva, assim como
no mercado, a competição promoveria a emergência de estratégias políticas
alternativas e poderia estimular a eficiência e eficácia das agências burocráticas,
preocupadas em não perder o seu poder de influência.

Contudo, para Maria das Graças Rua:


Esta hipótese, entretanto, mostra-se bastante discutível quando se
leva em consideração a capacidade das agências burocráticas de
manipular a informação, limitar o escopo do conflito e de preservar o
seu espaço político mediante o controle de rotinas operacionais.

Portanto, os males da competição provavelmente seriam maiores do que seus


benefícios. Questão ERRADA.

38 (CESPE/MDS/2006) Uma das características recorrentes nas políticas públicas


brasileiras é a descontinuidade administrativa, uma vez que inexistem concepções
consolidadas de missão institucional.

Uma das regularidades apontadas pela autora é a descontinuidade administrativa. Nas


palavras dela:
Uma outra característica recorrente é a descontinuidade
administrativa. Como, em regra, inexistem concepções consolidadas
de missão institucional, as agências envolvidas nas políticas públicas
são forte e diretamente afetadas pelas preferências, convicções,
compromissos políticos e idiossincrasias pessoais diversas dos seus
escalões mais elevados. Esses cargos, por sua vez, são em grande
parte preenchidos conforme critérios políticos, o que confere uma
certa impermanência aos seus ocupantes. Com isso, cada mudança
dos titulares dos cargos, como regra, provoca alterações nas políticas
em andamento.

As alterações podem ser mudanças de rumo, de prioridade, etc. e podem ocorrer até
mesmo sem visibilidade alguma no curto e médio prazo: basta, por exemplo, que o
www.pontodosconcursos.com.br 26
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

novo dirigente de uma agência decida, de si para consigo, que uma determinada
política ou programa – prioritário para o dirigente anterior – deverá ter menos
centralidade nas suas atenções.

Questão CORRETA.

39 (CESPE/MDS/2006) No Brasil, seguidas mudanças nos altos escalões dos cargos


públicos freqüentemente levam programas e políticas públicas a serem
redimensionados, reorientados ou suspensos.

Como conseqüência das mudanças nos cargos políticos dos altos escalões,
freqüentemente programas e políticas são redimensionados, reorientados, suspensos,
ou deixam de concentrar as atenções e energias dos quadros daquelas agências. Além
disso, nas raras situações em que se logra superar a fragmentação e a disputa
interburocrática e são estabelecidas formas cooperativas de ação entre as agências,
nem sempre os novos dirigentes mantêm os vínculos de solidariedade dos seus
antecessores, porque também as relações de cooperação tendem a ser
personalizadas.

Questão CORRETA.

40 .(CESPE/MDS/2006) Os maiores problemas das políticas públicas brasileiras


concentram-se nas políticas econômicas, visto que a maior parte das agências
reguladoras é pouco moderna e seus quadros demonstram reduzida eficiência
gerencial.

Esses problemas são ainda mais aflitivos na área das políticas sociais, onde é
acentuada a ineficácia e dispersão organizacional. De fato, comparadas com outras
áreas, a maior parte das agências e dos seus quadros são pouco modernos, exibem
capacitação insuficiente e reduzida eficácia/eficiência gerencial; as diversas agências
são desarticuladas entre si e freqüentemente constituem nichos de interesses políticos
personalizados. Além disso, como se trata de agências (e políticas) que consomem
recursos, ao invés de gerá-los, a clivagem acima mencionada se torna ainda mais
acentuada com a sua exclusão da maioria das decisões relevantes, ou seja, as
decisões quanto a recursos, que são tomadas em outras esferas governamentais.

Isso, por sua vez, tem a ver com outra recorrência observada: a hegemonia do
economicismo e a desarticulação entre política econômica e política social. Como
regra, as políticas econômicas assumem a primazia em todo o planejamento
governamental, cabendo às políticas sociais um papel absolutamente secundário,
subordinado e subsidiário.
www.pontodosconcursos.com.br 27
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

São várias as concepções que sustentam o primado da política econômica. Uma delas
supõe que o mercado é perfeito e que, se for permitido o seu livre funcionamento, aos
poucos as distorções serão resolvidas; logo, as políticas sociais devem ficar restritas
aos interstícios nos quais não cabe a ação do mercado e onde, por isso mesmo, não
serão capazes de transtornar a sua dinâmica. Outra perspectiva admite que o mercado
não é perfeito, mas mantém o crescimento econômico como prioridade máxima; assim,
caberia às políticas sociais a função de corrigir os desvios sociais advindos em
conseqüência. Uma variante desta concepção, em época relativamente recente,
encontrava-se na máxima do regime militar de que “primeiro é preciso deixar o bolo
crescer, para depois dividir”.

Portanto, a questão é ERRADA porque os maiores problemas das políticas públicas


brasileiras concentram-se nas sociais, em virtude da hegemonia do economicismo.

41 (ESAF/CGU/2008) Existe uma forte clivagem entre formulação/decisão e


implementação, que faz com que a percepção da complexidade das políticas públicas
se restrinja ao ambiente/fase da formulação/decisão, enquanto a implementação é vista
como um conjunto de tarefas de baixa complexidade, acerca das quais as decisões
importantes já foram tomadas.

Como vimos, antes existia a percepção de que a implementação era uma fase
separada da formulação. Este problema ainda existe no Brasil, na visão de Maria das
Graças Rua. Clivagem, segundo o dicionário Houaiss, significa: “separação,
diferenciação ou oposição entre duas ou mais coisas quaisquer”.

Essa clivagem é observada, primeiro, pela presença de uma cultura que enfatiza a
formulação/decisão, tomando a implementação como dada. Ou seja, a percepção da
complexidade das políticas públicas se restringe ao ambiente/fase da
formulação/decisão, enquanto a implementação é vista como um conjunto de tarefas
de baixa complexidade, acerca das quais as decisões já foram tomadas.
Por outro lado, essa clivagem se manifesta nas diferenças de status e de capacitação
dos quadros funcionais encarregados, respectivamente, da formulação/decisão e da
implementação. Concretamente, esta característica tem como resultado a tendência à
centralização, a reduzida autonomia das agências implementadoras, a baixa
adaptabilidade dos modelos adotados para as políticas públicas e uma acentuada
fragilidade dos níveis e agências implementadores. O produto final, freqüentemente, é o
desperdício de recursos pela ineficácia das políticas públicas.

De fato, à luz dessa clivagem é possível entender a constatação recente de que, “em
lugar da suposta paralisia decisória, o que tem se observado é a incapacidade do
governo no sentido de implementar as decisões que toma. Dessa forma, à
hiperatividade decisória da cúpula governamental contrapõe-se a falência executiva do

www.pontodosconcursos.com.br 28
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

Estado, que não se mostra capaz de tornar efetivas as medidas que adota e de
assegurar a continuidade das políticas formuladas”.

Questão CORRETA.

42 (CESPE/HFA/2004) Existe grande capacidade de focalização dos programas sociais


no público que mais necessita deles.

Outra regularidade apontada por Maria das Graças Rua é a falta de focalização dos
programas existentes. O Consenso de Washington passou a defender a focalização,
em oposição à universalização defendida no Estado de Bem-Estar Social, restringindo o
grupo dos beneficiados pelas políticas. Tal modelo foi muito criticada por setores
brasileiros, que consideram que, embora tal estratégia seja potencialmente viável nas
economias desenvolvidas – onde o bem-estar é mais ou menos generalizado e
identificam-se apenas minorias excluídas – no caso dos países em desenvolvimento,
suas imensas assimetrias sociais e uma maciça maioria de excluídos, a focalização
parece perder totalmente o sentido. Contudo, segundo a autora:

É possível pensar que, exatamente porque os recursos são escassos


e os contingentes a serem atendidos são tão numerosos, a
focalização é uma estratégia a ser considerada.
No entanto, nem todos os programas brasileiros são mal focalizados. Isso tem mudado
nos últimos anos, principalmente com o Bolsa-Família, que foi considerado pelo Banco
Mundial o programa mais bem-focalizado da América Latina: 73% dos recursos vão
para os 20% mais pobres.

Questão ERRADA.

43 (CESPE/ANA/2006) Com relação à estrutura da administração pública, é correto


afirmar que descentralização administrativa é sinônimo de descentralização política.

A descentralização pode ser vista sob rês dimensões:


Na dimensão administrativa, a descentralização refere-se à delegação, ou seja, à
transferência de competências e de funções entre unidades, entre esferas de governo
ou entre órgãos. Esta concepção de descentralização é justificada em função da
necessidade de se buscar maior eficácia na gestão pública, eliminação de
intermediações burocráticas e possibilidade de um contato mais próximo com o
cidadão, o que geraria maior fidelidade às demandas sociais e melhor adequação da
administração ao cumprimento de seus objetivos. Assim, a descentralização facilita a
relação do usuário com o Estado, simplificando a tramitação burocrática e permitindo
www.pontodosconcursos.com.br 29
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

canalizar cada demanda de forma mais singularizada e mais adequada às suas


especificidades.

Na dimensão social, a descentralização traduz-se como participação social na gestão


pública. Trata-se de transferência de parcelas de poder, competências e funções da
administração pública para a sociedade civil. Pode ocorrer sob diversas formas e com
diversas combinações. Desse modo, a descentralização é tratada como estratégia de
capacitação de grupos sociais para decidirem sobre problemas da gestão pública local,
seja estruturando formas institucionais capazes de expressar a vontade coletiva nas
instâncias de tomada de decisão, seja como forma de possibilitar à população exercer
funções de fiscalização e controle sobre a gestão dos serviços públicos. A participação,
segundo Maria da Glória Gohn, pelas características e função, é “sinônimo” de
descentralização.

Na dimensão política, a descentralização é uma estratégia para redistribuição do poder


político do Estado, do nível central para os níveis periféricos. Baseia-se na concepção
de que a descentralização afeta as relações de poder e introduz novos conflitos nas
relações entre esferas de governo e na distribuição de poder e bens entre diferentes
grupos na sociedade. Esse entendimento fundamenta-se no conceito de
descentralização como estratégia para democratização do poder, através da ampliação
dos níveis de participação cidadã e da multiplicação de estruturas de poder, com vistas
à melhoria da eficiência da gestão pública.

Temos ainda a classificação feita por Maria Sylvia Zanella Di Pietro:


ƒ Descentralização Política: ocorre quando o ente descentralizado exerce
atribuições próprias que não decorrem do ente central; é a situação dos
Estados-membros da federação e, no Brasil, também dos Municípios. Cada um
desses entes locais detém competência legislativa própria que não decorre da
União nem a ela se subordina.

ƒ Descentralização Administrativa: ocorre quando as atribuições que os entes


descentralizados exercem só têm valor jurídico que lhes empresta o ente central.
A titularidade do serviço continua com o ente central.

Portanto, a questão é ERRADA, já que descentralização política e descentralização


administrativa são coisas diferentes.

44 (CESPE/TRE-MA/2005) A descentralização pode ser territorial ou geográfica,


quando se estende a descentralização da União aos estados-membros e destes aos
municípios, ou institucional, quando há transferência do serviço ou da sua execução da
entidade estatal para suas autarquias e fundações.

www.pontodosconcursos.com.br 30
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

Dentro da classificação da Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a descentralização


administrativa seria dividida em três modalidades:

Territorial ou Geográfica: verifica-se quando uma entidade local é dotada de


personalidade jurídica própria, de direito público, com capacidade administrativa
genérica. É própria dos Estados unitários, constituídos por Departamentos, Regiões,
Províncias, etc. A capacidade administrativa genérica é a capacidade de exercer a
totalidade ou a maior parte dos encargos públicos de interesse da coletividade. No
entanto, é importante realçar que a descentralização administrativa territorial mantém a
sujeição a controle pelo poder central. Ela nem sempre impede a capacidade
legislativa, só que esta é exercida sem autonomia, porque subordinada às normas
emanadas do poder central.

Por Serviços, Funcional ou Técnica: ocorre quando o poder público cria uma pessoa
jurídica de direito público ou privado e a ela atribui a titularidade e a execução de
determinado serviço público. No Brasil, esta criação somente pode dar-se por meio de
lei e corresponde, basicamente, à figura de autarquia, mas abrange também as
fundações governamentais, sociedades de economia mista e empresas públicas, que
exerçam serviços públicos.

Por Colaboração: ocorre quando se transfere a execução de determinado serviços


público a pessoa jurídica de direito privado, previamente existente, conservando o
Poder Público a titularidade do serviço. Ocorre por meio da concessão, permissão ou
autorização de serviço público.

A descentralização institucional é a por serviços. A questão é CORRETA, mas


considero ela imperfeita. Temos que entender que a descentralização territorial difere
da política porque ela mantém a sujeição ao poder central, enquanto a política prevê a
autonomia dos entes descentralizados. Ao falar em estados-membros e municípios,
entendo que seria uma descentralização política, e não territorial.

45 (CESPE/ANA/2006) A descentralização administrativa por serviços, após as


reformas do Estado na década de 1990, vem paulatinamente sendo substituída pela
descentralização por colaboração, que compreende o processo de
concessão/permissão/terceirização de serviços públicos.

Já vimos que o Plano Diretor de 1995 tinha como objetivo limitar a ação do Estado às
funções que lhe são próprias, reservando, em princípio, os serviços não-exclusivos
para a propriedade pública não-estatal, e a produção de bens e serviços para o
mercado e para a iniciativa privada. Portanto, as entidades da administração indireta
que exercessem atividades não-exclusivas, deveriam ser publicizadas, ou seja, extintas e
suas funções transferidas para organizações sociais. Portanto, haveria a substituição da
descentralização por serviços pela por colaboração. Questão CORRETA.

www.pontodosconcursos.com.br 31
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

46 (CESPE/STF/2008) A escolha pela subvenção a uma instituição privada para a


prestação de um serviço público de saúde representa forma de desconcentração do
serviço público.

Muitos autores colocam a desconcentração como um tipo de descentralização.


Estudando a bibliografia acerca de descentralização, Maria do Carmo Lessa identificou
os seguintes os ‘tipos’ de descentralização apresentados na literatura, segundo o nível
para o qual a tomada de decisão é transferida:
ƒ Desconcentração, que se caracteriza pela ocorrência de transferência de
responsabilidades administrativas dentro da agência pública central;

ƒ Delegação, que implica transferência de responsabilidades gerenciais da


estrutura burocrática central para organizações externas ou para unidades
administrativas dentro de uma região ou para organizações não governamentais
e filantrópicas;

ƒ Devolução, considerada como transferência de responsabilidade fiscal e


administrativa para as unidades sub-nacionais de governo ou para autoridade
regional ou local dentro de unidades administrativas;
ƒ Privatização, que se refere à transferência de responsabilidades públicas para
órgãos privados.

No entanto, outros autores, principalmente de Direito Administrativo, colocam uma clara


distinção entre descentralização. Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro:
Descentralização é a distribuição de competências de uma para outra
pessoa, física ou jurídica. Difere da desconcentração pelo fato de ser
esta uma distribuição interna de competências.

Celso Antonio Bandeira de Mello dá grande ênfase ao fato de, na desconcentração, ser
mantida a hierarquia.

Na desconcentração, todos os órgãos e agentes permanecem ligados


por um sólido vínculo denominado hierarquia.

Em questões de APU, não é errado falarmos que dentro das organizações ocorre a
descentralização. Vimos que uma das características do sistema de autoridade da
estrutura organizacional é a centralização ou descentralização do poder de decisão.

O Decreto-Lei 200 de 1967 é um exemplo desta confusão toda. Lembram dos


princípios do DL 200? Planejamento, Delegação de autoridade, Descentralização,
Coordenação e Controle. Segundo o normativo:

www.pontodosconcursos.com.br 32
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

Art. 10. A execução das atividades da Administração Federal deverá


ser amplamente descentralizada.
§ 1º A descentralização será posta em prática em três planos
principais:
a) dentro dos quadros da Administração Federal, distinguindo-se
claramente o nível de direção do de execução;
b) da Administração Federal para a das unidades federadas, quando
estejam devidamente aparelhadas e mediante convênio;
c) da Administração Federal para a órbita privada, mediante contratos
ou concessões.

Temos na alínea ‘a’ a desconcentração, mas é tratada como descentralização. A


questão é ERRADA porque se trata de um caso de descentralização, e não
desconcentração.

47 (CESPE/TRE-MA/2005) A descentralização é efetivada por meio de outorga quando


o Estado transfere, por contrato ou ato unilateral, unicamente a execução de um
serviço para que o ente o preste ao público em seu nome e por sua conta e risco.

Ocorre a chamada descentralização administrativa quando o Estado desempenha sua


função indiretamente, por meio de outras entidades. A descentralização requer, assim,
duas pessoas jurídicas distintas: o Estado, como titular da atividade, e a entidade que
executará o serviço por ter recebido essa atribuição. A doutrina indica duas maneiras
para que o Estado efetive a descentralização administrativa: outorga e delegação. Vimos
quem no caso da descentralização, ocorre a transferência da execução e da
titularidade do serviço público. Já na descentralização por colaboração, a titularidade
permanece com o Estado. No primeiro caso, temos a outorga, pois ela se caracteriza
pela transferência da titularidade. Portanto, as autarquias são criadas por meio de
outorga. Já a descentralização por colaboração se caracteriza pela delegação, em que
não há transferência da titularidade.

Questão CORRETA.

48 (CESPE/TREMA/2005) Com a Constituição de 1988, ocorreu a descentralização de


recursos orçamentários e da execução dos serviços públicos para estados e
municípios.

Nesta questão, temos a terceira dimensão da descentralização, a política. A


descentralização de políticas públicas representa a transferência da gestão de serviços

www.pontodosconcursos.com.br 33
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

sociais, como saúde, educação fundamental, habitação, saneamento básico e


assistência social do Governo Federal para os estados e municípios.

Em oposição ao modelo anteriormente vigente, a Constituição Federal de 1988 buscou


desenhar uma ordem institucional e federativa distinta da anterior, voltada para a
legitimação da democracia. Os constituintes de 88 optaram por duas principais
estratégias para construí-la: a abertura para a participação popular e societal e o
compromisso com a descentralização tributária para estados e municípios.

De forma inédita no mundo, a CF/88 conferiu aos municípios o status de membros da


federação. As receitas tributárias foram descentralizadas, assim como a prestação dos
serviços públicos. Após a CF/88, a redefinição de competências e atribuições da
gestão das políticas sociais tem-se realizado sob as bases institucionais de um Estado
federativo, o que significa dizer que o modo pelo qual os governos locais assumem
funções de gestão de políticas públicas é inteiramente distinto daquele sob o qual elas
foram assumidas no regime militar.

Para Gremaud, a descentralização política possui as seguintes vantagens:


ƒ do ponto de vista político, a descentralização, por permitir a incorporação direta
da participação popular nas escolhas públicas através da aproximação dos
atores sociais, proporciona um maior controle sobre a burocracia e uma melhor
percepção acerca da solução para os problemas de uma determinada
comunidade;

ƒ do ponto de vista econômico, a descentralização proporciona o aumento da


eficiência alocativa, gerada pela maior facilidade de detecção das demandas
em virtude da maior proximidade entre governo e governados. Além disso,
essa mesma proximidade possibilita aos governos locais o desenvolvimento de
estratégias para incrementar a arrecadação, capturando de maneira mais
eficiente a capacidade contributiva dos cidadãos.

Questão CORRETA.

49 (CESPE/MDS/2006) A descentralização é entendida como um processo de


redistribuição de poder, ou seja, de recursos humanos, físicos e financeiros, com a
respectiva garantia dos meios para exercê-lo. Porém, isso não implica a
descentralização do poder de decisão.

A descentralização sempre envolve transferência do poder de decisão. Se a decisão


permanecer na mão de poucos, ainda estaremos numa estrutura centralizada.
Contudo, simples delegação de responsabilidades na gestão de determinados serviços
públicos não implica numa efetiva descentralização fiscal se os recursos continuarem a

www.pontodosconcursos.com.br 34
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

serem controlados pelas esferas federais. Para Gremaud, a descentralização incorpora


um conjunto de pelo menos três aspectos:

ƒ administrativos – com a passagem da responsabilidade de gerencia na provisão


de determinados serviços públicos e de gestão de políticas

ƒ fiscal – com a passagem de pelo menos parte da responsabilidade na obtenção


de recursos necessários ao financiamento das políticas e

ƒ política – com a autonomização decisória não apenas quanto à forma de


promover a política, mas na própria escolha entre diferentes serviços a serem
ofertados e sua estrutura de financiamento.

A questão ERRADA porque descentralização implica transferência do poder de


decisão.

50 (ESAF/CGU/2008) Apesar dos esforços de descentralização política, ainda é


reduzida a autonomia das agências implementadoras e, em termos gerais, é frágil a
capacidade de gestão de políticas públicas nos níveis subnacionais de governo.

Em Estados federativos, estados e municípios — porque dotados de autonomia política e


fiscal — assumem funções de gestão de políticas públicas ou por própria iniciativa, ou
por adesão a algum programa proposto por outro nível mais abrangente de governo, ou
ainda por expressa imposição constitucional. Assim, a transferência de atribuições
entre níveis de governo supõe a adesão do nível de governo que passará a
desempenhar as funções que se pretende que sejam transferidas. A recuperação das
bases federativas do Estado brasileiro tem impacto sobre o processo de
descentralização das políticas sociais no país pelo fato de que, resguardados pelo
princípio da soberania, estados e/ou municípios assumem a gestão de políticas
públicas sob a prerrogativa da adesão, precisando, portanto, ser incentivados para tal.
Além disso, a descentralização de autonomia e poder para os governos locais pode
apresentar certos riscos. Quando o processo de descentralização é conduzido de
forma desordenada, pode acarretar o agravamento das desigualdades regionais, uma
vez que as localidades menos desenvolvidas, atuando de forma mais autônoma, sem
auxílio externo, encontrarão sérias dificuldades para solucionar os problemas já
existentes. Enquanto localidades em estágio de desenvolvimento mais avançado
poderão se tornar ainda mais dinâmicas.
Apesar de ter ocorrido a descentralização dos recursos orçamentários, muitos
municípios ainda não apresentam capacidade técnica, de recursos humanos ou de
gestão para conseguirem desempenhar adequadamente as tarefas complexas que lhes
foram impostas.

www.pontodosconcursos.com.br 35
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

Questão CORRETA.

51 (CESPE/MDS/2006) As instituições e órgãos do governo são os grandes


responsáveis pela elaboração de políticas públicas, pois é nelas que acontece o
processo decisório, e são elas os principais agentes responsáveis pela implementação
e, geralmente, pela avaliação dos resultados.

Já vimos no início desta aula que política pública envolve sempre a participação da
sociedade. Isto não retira do Estado o papel central no meio do grande número de
atores presentes nas políticas públicas.

Eu considero que esta questão exagerou um pouco, mas não podemos dizer que
esteja errada. O Estado é sim o grande responsável pelas políticas públicas. Questão
CORRETA.

52 (CESPE/FUNCAP/2004) Além da natural presença do Estado, em uma política


pública, há também a presença da sociedade que ganha representatividade, poder de
decisão e condições de exercer o controle sobre a sua própria reprodução e sobre as
ações do governo e do mercado.

Aqui nós temos o outro lado da moeda. O Estado é o grande responsável, mas a
sociedade também é indispensável. Segundo Raquel Raichelis:

Na formulação, gestão e financiamento das políticas sociais deve ser


considerada a primazia do Estado, a quem cabe a competência pela
condução das políticas públicas. Esta primazia, contudo, não pode ser
entendida como responsabilidade exclusiva do Estado, mas implica a
participação ativa da sociedade civil nos processos de formulação e
controle social da execução.
Já vimos na questão 03 que as políticas públicas permitem que a sociedade controle
tanto os atos e decisões do governo e também do mercado. Questão CORRETA.

53 (MINHA AUTORIA) A noção de accountability societal configura-se como um


mecanismo de controle não eleitoral, que utiliza ferramentas institucionais e não
institucionais e que se baseia na ação de movimentos da sociedade civil, objetivando
trazer novas questões para a agenda pública ou influenciar decisões políticas a serem
implementadas pelos órgãos públicos.

www.pontodosconcursos.com.br 36
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

Na Aula 03 foi falado que a accountability pode ser classificada como vertical e
horizontal. No entanto, esta em voga hoje um terceiro conceito, o de accountability
societal.

Vimos que a accountability vertical diz respeito ao controle exercido pela população por
meio das eleições, retirando os administradores públicos com desempenho insuficiente,
ou então por órgãos com superioridade hierárquica. Já a accountability horizontal está
ligada à idéia de “check and balances”, ou seja, o controle exercido por um dos
Poderes sobre o outro, ou ainda por órgãos governamentais com a função de controle,
dentro do aparelho estatal, como é o caso do TCU.

Já a accountability societal surge para propiciar uma participação mais ativa da


sociedade nas decisões governamentais, uma participação direta. Este conceito surgiu
da insatisfação em relação Às duas outras formas, que não estavam permitindo uma
participação real da sociedade nas decisões governamentais. Ela é um mecanismo não
eleitoral porque se diferencia da accountability vertical, cujo principal instrumento são
as eleições.

Os mecanismos de controle institucionalizados são os criados pelo estado, os canais


de comunicação que o Estado institucionaliza com o objetivo de permitir uma maior
participação da população. É o caso dos conselhos gestores. Por um lado há a
necessidade de autonomia em relação às instâncias estatais, mas paradoxalmente
dependem do Estado para se efetivarem. A prática do controle institucionalizado
mostra que o caráter dos recursos disponíveis é de importância fundamental para a
accountability e esses recursos são, em grande parte, fornecidos pelo Estado.

No entanto, são usados também mecanismos não-institucionais, em que o instrumento


não precisa da intervenção estatal, como as ações legais, participação em instâncias
de monitoramento, denúncias na mídia etc.

A noção de accountability societal incorpora novos atores, tais como associações,


ONGs, movimentos sociais, mídia. Diferentemente da accountability horizontal e
vertical, os agentes da accountability societal apresentam diferenças quanto aos
recursos que dispõem, uma vez que não possuem, segundo essa definição, mandato
para sanções legais, mas apenas simbólicas, ainda que algumas ações dessa forma de
controle possam gerar sanções legais.

A questão foi tirada da definição de Peruzzotti e Smulovitz. Questão CORRETA.

54 (CESPE/MDS/2006) No debate teórico sobre as formas de participação, vem


ganhando visibilidade o empowerment, segundo o qual a tomada de poder não
constitui objeto de preocupação e sim o incremento do capital social, entendido como a
combinação de atitudes de confiança com condutas de reciprocidade e cooperação.

www.pontodosconcursos.com.br 37
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

O empowerment, traduzido como empoderamento, tem sido conceituado de diversas


formas, mas quase todas convergem para o desenvolvimento de potencialidades na
sociedade, aumento de informação e percepção, com o objetivo de que exista uma
participação real e simbólica que possibilite a democracia. Para Vasconcelos, o
empoderamento significa o aumento do poder, da autonomia pessoal e coletiva de
indivíduos e grupos sociais nas relações inter-pessoais e institucionais, principalmente
daqueles submetidos a relações de opressão, discriminação e dominação social. Tomado
neste sentido, o empoderamento se torna um processo que oferece
possibilidades às pessoas de auto-determinar suas próprias vidas, efetivando sua
inserção nos processos sociais e políticos, a partir de sua integração na comunidade e
da articulação com outras organizações. Empoderar passa a ser o papel de gestão,
parceria e responsabilidade que cada ator social assume, junto com o Estado, diante
da vida, na acepção de tomar os rumos para influenciar no destino dos recursos
públicos e na formulação de políticas públicas que representem a necessidade e a
vontade dos cidadãos. É entender que a transformação da realidade é uma tarefa
comum ao ser humano, que envolve laços de afeto, inclusão, sentimento de
pertencimento e politização.
Isto pode, como conseqüência, re-desenhar espaços constituídos de capital humano e
social, que estão indubitavelmente ligados ao empoderamento. Capital social se refere
aos sistemas horizontais de participação cívica (associações comunitárias,
cooperativas, grêmios desportivos, partidos políticos, etc). As características centrais
destas redes são confiança, reciprocidade e cooperação, o que facilita a solução dos
dilemas da ação coletiva.

Segundo Águeda Wendhausen:


Constatamos, pois, que o espaço dos conselhos gestores, juntamente
com outros fóruns que vêm sendo instituídos, são prenhes em
possibilidades de democratização e consequentemente do
empoderamento. Diversas experiências com conselhos, orçamentos
participativos e congressos da cidade mostram que é possível uma
nova arquitetura democrática, em que, a partir da construção de
esferas públicas não estatais, são partilhados mecanismos de poder
que favorecem a organização da sociedade para que distintos grupos
possam explicitar seus direitos e garanti-los. Além desta
potencialidade de que o processo decisório seja ampliado, Borba
(2004) aponta outras como, por exemplo, o maior controle sobre a
execução de políticas e destinação de recursos públicos, a
possibilidade de desenvolvimento moral dos indivíduos que participam
- a construção de capital social -, ou seja, a participação traria consigo
um potencial de empoderamento individual e coletivo.

De forma bem simplista, podemos resumir empowerment como “ensinar a pescar, ao


invés de dar o peixe”. Questão CORRETA.
www.pontodosconcursos.com.br 38
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

55 (ESAF/CGU/2008) Atores são exclusivamente aqueles que têm algum tipo de


interesse em jogo em uma política pública e variam conforme a sua inserção
institucional, os seus recursos de poder e suas expectativas quanto aos efeitos das
decisões sobre tais interesses.

A palavra “exclusivamente” parece um pouco forte. A sua presença em questões de


concurso geralmente nos leva a considerar a questão como errada. No entanto, quem
não tem interesse em uma política pública, não é considerado um ator.
Stakeholder é um termo em inglês usado para se referir a “ator”. No TCU, uma das
ferramentas utilizadas na auditoria operacional é a análise stakeholder, que consiste na
identificação dos principais atores envolvidos, dos seus interesses e do modo como
esses interesses irão afetar os riscos e a viabilidade de programas ou projetos. Na
definição do TCU:

Stakeholder são pessoas, grupos ou instituições com interesse em


algum programa ou projeto e inclui tanto aqueles envolvidos quanto
os excluídos do processo de tomada de decisão.

Portanto, para ser um ator, é necessário que tenha interesse. Questão CORRETA.

56 (CESPE/IEMA/2007) Para se alcançar a justiça, é preciso superar o conceito de


igualdade e aplicar o conceito de eqüidade.

O conceito de equidade vem desde a Grécia Antiga e ele surgiu referindo-se à


disposição de reconhecer o direito de cada um, mesmo que isso implique em não
obedecer exatamente ao direito objetivo, pautando-se sempre pela busca de justiça e
moderação. Equidade, que é usada no direito civil, consiste na adaptação da regra
existente à situação concreta, observando-se os critérios de justiça e igualdade. Pode-
se dizer, então, que a eqüidade adapta a regra a um caso específico, a fim de deixá-la
mais justa. Ela é uma forma de se aplicar o Direito, mas sendo o mais próximo possível
do justo para as duas partes.
Podemos perceber que o conceito de equidade está diretamente relacionado à justiça.
Esta é a principal diferença de equidade para igualdade. Com freqüência os termos
“igualdade” e “equidade” são traduzidos e incorporados de modos semelhantes. Apesar
de serem muito confundidas, as palavras têm dois significados distintos e são
conceitualmente diferentes. Igualdade é semelhança; equidade é justiça. Dessa forma,
ser igual não significa necessariamente ser equânime, e vice-versa.

www.pontodosconcursos.com.br 39
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

O Dicionário Houaiss traz algumas definições para o verbo superar. Vejamos duas
delas:

4 - fazer desaparecer, livrar-se de; remover, afastar, solucionar.


6 - ir mais alto que, subir além; ultrapassar, sobrelevar-se a,
avantajar-se a.
Nas questões, só vi o CESPE usar o termo no segundo sentido. Veremos ele
novamente em uma questão mais para frente. Assim, quando falamos que é preciso
“superar o conceito de igualdade”, estamos dizendo que devemos ir além dele,
ultrapassá0lo, mas sem abandoná-lo. É isso que a equidade faz. Ela não abandona o
conceito de igualdade. A equidade pode ser dividida em duas: horizontal e vertical. A
equidade vertical diz que devemos tratar de forma equivalente aqueles que sejam
iguais, ou seja, se relaciona com o conceito de igualdade. Já a equidade vertical diz
que devemos tratar desigualmente aqueles que sejam desiguais.

Questão CORRETA.

57 (CESPE/SESACRE/2006) O conceito de eqüidade é considerado rígido e imutável,


por estar vinculado a uma noção de justiça universal que deve ser realizada em todas
as sociedades e em qualquer momento histórico.

Turner diferencia quatro tipos diferentes concepções de eqüidade que prevaleceram


em determinadas épocas: ontológica, de oportunidade, de condições e de resultados.

A eqüidade ontológica se refere à igualdade fundamental entre as pessoas. Varia das


abordagens religiosas de igualdade perante Deus, passando pela abordagem marxista
- para a qual a natureza do ser humano é forjada por sua "praxis" livre e
transformadora, que busca um domínio cada vez maior sobre a natureza e maior
comunicação, autonomia e consciência - até as perspectivas "relativistas" modernas,
de que a natureza humana é específica de certas culturas e sistemas sociais.
O segundo tipo, diz respeito à eqüidade de oportunidade de se alcançar os objetivos
almejados. Esta concepção, herança das revoluções francesa e americana, está na
base da teoria social da meritocracia, sendo uma característica da doutrina política do
liberalismo clássico, que considera ser possível uma mobilidade social perfeita, a partir
da igualdade de oportunidades. Uma vez garantida a universalidade dos direitos
fundamentais à vida, à liberdade e à propriedade, todos têm, independente de sua
origem, as mesmas oportunidades de alcançar as mais altas posições individuais.
Assim, de acordo com esta concepção, as posições na estrutura ocupacional da
sociedade são preenchidas apenas pelo mérito pessoal, a partir da igualdade de
oportunidades para o ingresso nas instituições sociais.

www.pontodosconcursos.com.br 40
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

No entanto, muitos autores criticaram o desta igualdade de oportunidades de forma


isolada, dizendo que ela é praticamente inseparável da noção de eqüidade de
condições. Para haver, de fato, oportunidades iguais para todos os membros da
sociedade, a eqüidade precisa ser observada também no "ponto de partida": apenas
pessoas submetidas às mesmas condições de vida podem vir a ser consideradas "em
igualdade" para competir com base em habilidades e méritos individuais. Esta é, sem
dúvida, uma concepção mais completa e complexa, que possibilita a inclusão de
aspectos estruturais na determinação do grau de mobilidade das diferentes classes
sociais.

Finalmente, o quarto tipo é a eqüidade dos efeitos ou resultados. Nele, a legislação e


outras medidas políticas procuram compensar os efeitos das desigualdades de
condições sociais. Mecanismos de discriminação positiva precisam operar em favor de
grupos menos privilegiados que têm, assim, suas oportunidades aumentadas,
assegurando a eqüidade nos resultados.

Portanto, a questão é ERRADA porque o conceito de equidade está longe de ser


imutável.

58 (CESPE/SAD-PCPA/2006) Políticas de ação afirmativa não mantêm qualquer


relação com as políticas de eqüidade social.

Na questão anterior falei em discriminação positiva, mas não quis entrar no conceito
dela porque preferi explica-lo nesta questão. A equidade de efeitos ou resultados
entende que apenas a igualdade de condições não é suficiente, que é preciso dar um
tratamento diferenciado para aqueles que estão em piores condições de competição.
Surge aqui o conceito de discriminação positiva, que é o tratamento desigual para os
desiguais. Entende-se que é preciso compensar as piores condições de determinados
grupos em competir pelas oportunidades, concedendo-lhes vantagens nesta
competição. Por isso diz-se que se trata de uma “política de conteúdo compensatório”. A
discriminação positiva é chamada também e ação afirmativa. Os maiores exemplos são
as cotas raciais em universidades públicas destinadas aos estudantes e as vagas
reservadas para portadores de necessidades especiais nos concursos públicos.
Na prática, a utilização do conceito de eqüidade na conformação das políticas
pressupõe o tratamento desigual para os que estão em condições de desvantagem,
uma espécie de discriminação positiva. Questão ERRADA.

www.pontodosconcursos.com.br 41
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

59 (CESPE/SEFAZ/2002) A eqüidade horizontal exige que seja dado desigual


tratamento para desiguais, o que, em geral, significa que os cidadãos com maior renda
devem pagar mais impostos que os cidadãos de menor renda.

A equidade horizontal prevê o tratamento igual àqueles que são iguais, enquanto a
equidade vertical defende o tratamento desigual para os desiguais. Questão ERRADA.

Planejamento e avaliação nas políticas públicas

60 (CESPE/DESO/2003) Programa é o documento que sistematiza e estabelece o


traçado prévio da operação de um conjunto de ações.

61 (CESPE/DESO/2003) Projeto é o documento que detalha, por setor, a política, as


diretrizes, as metas e as medidas instrumentais.

Vimos na Aula 03 que o planejamento é dividido em três tipos: estratégico, tático e


operacional. O planejamento estratégico é de longo e se refere à organização como um
todo, sendo de responsabilidade dos ocupantes dos cargos estratégicos da
organização. Já o planejamento tático traduz os objetivos e planos estratégicos mais
amplos em objetivos e planos específicos. Ele faz a decomposição dos objetivos,
estratégias e políticas estabelecidos no planejamento estratégico. É a setorização do
planejamento estratégico, ou seja, cada gerência irá desenvolver seu planejamento
com base nas premissas do planejamento estratégico. Já o planejamento operacional é
o planejamento que aplica os dois anteriores, que define os procedimentos necessários à
sua operacionalização.

Cada um destes três planejamentos resulta num produto, num documento. O


estratégico formula o plano, o tático o programa e o operacional o projeto. Portanto:
ƒ Plano: é um documento utilizado para o registro de decisões do tipo: o que se
pensa fazer, como fazer, quando fazer, com que fazer, com quem fazer. O
processo de tomada de decisões começa com a adoção de postulados gerais
que depois são desagregados e especificados.
ƒ Programa: é, basicamente, um aprofundamento do plano: os objetivos setoriais
do plano irão constituir os objetivos gerais do programa. È o documento que
detalha por setor, a política, diretrizes, metas e medidas instrumentais. É a
setorização do plano.

ƒ Projeto: é o documento que sistematiza e estabelece o traçado prévio da


operação de uma unidade de ação. É, portanto, a unidade elementar do
processo sistemático da racionalização de decisões. Constitui-se da proposição
www.pontodosconcursos.com.br 42
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

de produção de algum bem ou serviço, com emprego de técnicas determinadas e


com o objetivo de obter resultados definidos.
As questões são ERRADAS porque inverteram os conceitos. É o projeto que
sistematiza e estabelece o traçado prévio da operação de um conjunto de ações,
enquanto o programa detalha, por setor, a política, as diretrizes, as metas e as medidas
instrumentais

62 (CESPE/BOAVISTA/2004) Os programas são as partes menores dos projetos,


devendo ser acompanhados pelos orçamentos das atividades a serem realizadas.

Analisando no sentido inverso, do menor para o maior, podemos dizer que um


programa é um conjunto de projetos que perseguem os mesmos objetivos. O programa
estabelece o quadro de referência do projeto, no entanto, é algo mais que um punhado
de projetos, pois pressupõe, também, vinculação entre os projetos componentes. O
programa estabelece as prioridades de intervenção, identifica e ordena os projetos,
define o âmbito institucional e aloca os recursos a serem utilizados.

O plano é a soma de programas que procuram objetivos comuns, ordena os objetivos


gerais e os desagrega em objetivos específicos, que constituirão, por sua vez, os
objetivos gerais dos programas.

A questão ERRADA porque os projetos são partes do programa, e não o inverso.

(CESPE/CHESF/2002) A planificação é realizada no momento em que, após a tomada


de um conjunto de decisões, definidas em face de uma realidade determinada, inicia-se
o trabalho de sistematização das atividades e dos procedimentos necessários para o
alcance dos resultados previstos. Essas decisões são detalhadas em documentos.
Acerca desses documentos, julgue os itens subseqüentes.
63 O programa delineia as decisões de caráter geral do sistema, suas grandes linhas
políticas, suas estratégias e suas diretrizes e determina as responsabilidades.
64 O plano é um desdobramento do programa: os objetivos setoriais de um programa
irão constituir os objetivos gerais dos planos.
65 Um elemento básico do programa é a formulação de objetivos gerais e específicos
em seu nível, explicitando sua coerência com políticas, diretrizes e objetivos da
organização.

66 O projeto sistematiza e estabelece o traçado prévio da operação de um conjunto de


ações. É a unidade elementar do processo sistemático de racionalização de decisões.

www.pontodosconcursos.com.br 43
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

67 O projeto é o instrumental mais próximo da execução, devendo detalhar as


atividades a serem desenvolvidas, estabelecer prazos, especificar recursos humanos e
materiais e estruturar receitas e custos.

A questão 63 é ERRADA porque é o plano que define tudo isso.

A 64 é ERRADA porque é o programa que é o desdobramento do plano.


A 65 é CORRETA. Percebam que, apesar da questão falar em “objetivos gerais”, eles
são do “seu nível”. O programa faz justamente a transformação dos objetivos
específicos do plano em objetivos gerais seus.

A 66 é CORRETA, já que o projeto é o menor dos documentos, por isso unidade


elementar.

A 67 também é CORRETA, já que é o projeto que define como vai ser a operação.

68 (ESAF/CGU/2008) Os objetivos são declarações de intenção quanto a cenários


futuros, que sintetizam hipóteses acerca das relações entre os meios e fins de uma
intervenção.

Objetivo é a situação que se deseja obter ao final do período de duração do projeto,


mediante a aplicação dos recursos e da realização das ações previstas. Quando a
questão fala em relações entre os meios e os fins, temos que ter em mente que
objetivo não é o mesmo que finalidade. O Dicionário Houaiss coloca os dois termos
como sinônimos, mas podemos diferenciá-los por meio de definições do próprio
dicionário.

Objetivo: elemento físico contra o qual se dirigem as operações.


Finalidade: intenção ou motivação para a realização ou existência (de
algo)
Portanto, toda ação busca atingir alguma coisa. Por exemplo, um programa que
distribua merenda escolar para os alunos busca atingir a baixa nutrição das crianças.
No entanto, há algo maior que justifica esta ação. A sua finalidade é a melhora na
educação destas crianças.
Portanto, quando planejamentos uma ação, o objetivo deve ser coerente com os meios
que temos para alcançá-lo, e deve ao mesmo tempo permitir que se chegue à
finalidade. Questão CORRETA.

www.pontodosconcursos.com.br 44
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

69 (ESAF/CGU/2008) As metas são compromissos expressos em termos de


quantidade, objeto e prazo, devendo ser realistas, precisas e mensuráveis.

As metas são a tradução precisa dos objetivos de um plano. É definida como um


objetivo temporal, espacial e quantitativamente dimensionado. É um objetivo para o
qual se estabeleceu o sujeito da ação, se quantificou o objetivo e se determinou um
prazo para atingi-lo.

Uma meta é usada como um parâmetro de desempenho contra o qual o resultado


obtido será comparado. Supondo que o objetivo do programa seja reduzir a desnutrição
infantil, a meta seria, por exemplo, reduzir a desnutrição infantil diminuindo o percentual
de crianças abaixo do peso de 20% para 10% em dois anos. Depois dos dois anos
poderemos comparar o desempenho do programa com a meta.

Questão CORRETA.

70 (CESPE/TCU/2007) Deve-se utilizar indicadores de desempenho na busca de maior


objetividade do processo de gestão de desempenho. Indicador é uma relação
matemática que mede, numericamente, atributos de um processo ou de seus
resultados, com o objetivo de comparar essa medida com metas numéricas
preestabelecidas.

Indicadores são instrumentos que permitem identificar e medir aspectos relacionados a


um determinado conceito, fenômeno, problema ou resultado de uma intervenção na
realidade. São medidas, ou seja, uma atribuição de números a objetos, acontecimentos e
situações.

É um instrumento capaz de medir o desempenho do programa e que permite


acompanhar a execução de um plano, programa ou projeto ao longo do tempo,
fornecendo insumos importantes para a gestão.

Deve ser passível de aferição e coerente com o objetivo estabelecido, ser sensível à
contribuição das principais ações e apurável em tempo oportuno. O indicador permite,
conforme o caso, mensurar a eficácia, eficiência ou efetividade alcançada com a
execução do programa.
O exemplo de indicador seria o número de crianças que deixaram de estar abaixo do
peso. Questão CORRETA.

71 (CESPE/SGA-AC/2006) Viabilidade política e viabilidade organizacional não são


variáveis relevantes para um processo de planejamento.
www.pontodosconcursos.com.br 45
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

A questão da viabilidade está presente em todos os momentos do processo de


planejamento. Existem diversas formas de viabilidade a serem consideradas no
processo de delineamento de um plano. São necessárias várias aproximações e
ajustes sucessivos, a fim de conciliar direcionalidade e viabilidade e se busque a
coerência entre as formas de viabilidade: política, econômica, institucional-
organizacional e tecnológica.

Viabilidade política: refere-se à administração dos escassos recursos de poder, a fim


de aplicá-los com eficácia na consecução dos objetivos possíveis com esta restrição
política. Trata-se, por um lado, de produzir operações e ações que acrescentem
recursos de poder e, por outro lado, dimensionar o alcance e direção da situação–
objetivo às relações de forças que se pode conseguir no horizonte de tempo do plano.
Viabilidade econômica: refere-se à escassez de recursos econômicos e financeiros.
Procura-se elevar os recursos ao nível exigido pela situação-objetivo, ou ajustar esta
última às restrições econômicas.
Viabilidade institucional-organizacional: refere-se às capacidades institucionais do
sistema como um todo, e às capacidades particulares de gestão de atores/instituições
envolvidas no processo de produção social.

Viabilidade tecnológica: (ou factibilidade técnica do programa) refere-se à


disponibilidade presente e à capacitação de criação de técnicas capazes de realizar os
processos econômicos, políticos e organizacionais exigidos pelo alcance e direção da
situação-objetivo. Assim, as tecnologias econômicas, políticas e organizacionais
necessárias devem ser consistentes com o domínio e conhecimento que os atores
sociais têm sobre eles, ou com sua capacidade de criação no horizonte de tempo do
plano.

Questão ERRADA.

72 (CESPE/ANVISA/2004) Segundo Carlos Matus, o método PES (Planejamento


Estratégico Situacional) qualifica a gestão do governo segundo os resultados e as
condições fora do controle do ator nas quais os resultados são alcançados.

O Planejamento Estratégico Situacional foi sistematizado originalmente pelo


Economista chileno Carlos Matus e foi concebido a partir de uma visão crítica da
abordagem tradicional de planejamento econômico governamental.

Destaca-se, nessa abordagem inovadora, a necessidade de focalizar a ação


governamental tendo como base os problemas, numa perspectiva transdisciplinar, em
contrapartida à visão tradicional que segmentava de forma setorial ou funcional a
explicação da realidade a ser transformada.

www.pontodosconcursos.com.br 46
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

O planejamento tradicional e determinista baseia-se no cálculo de predição. Só que um


estrategista não tenta predizer o que farão os seus concorrentes, mas sim enumerar
possibilidades para que possa preparar-se para enfrentá-las. Nisso reside a fraqueza
metodológica do cálculo de predição. Para exemplificar, é famosa uma história em que o
Feola diz para o Garrincha: “você dribla o primeiro russo, você dribla o segundo,
corre na linha de fundo, cruza para o Vavá, entra pelo meio e marca de cabeça”. O
Garrincha olhou para o Feola e disse: “Sr. Feola, alguém já combinou com os russos?”. O
planejamento, para Matus, exige domínio da concepção do papel político de quem
planeja. Muito mais do que uma técnica, planejar torna-se uma opção frente a outras
formas de ação. O planejamento deve ser situacional, isto é, o sujeito que planeja está
dentro do objeto a ser planejado e existe o outro que participa com ele do sistema. No
planejamento há, portanto, uma relação entre sujeitos. Assim, toda explicação é dita
por alguém a partir de uma situação específica. Há mais de uma explicação verdadeira
sobre a mesma realidade. Deve-se explicar uma situação estando consciente da
explicação do outro.
Conseqüentemente, o planejamento é necessariamente político. A dimensão política é
uma variável do plano, não um dado externo. A gestão de governo será qualificada
segundo os resultados e as condições fora do controle do ator, nas quais os resultados
são alcançados.

Questão CORRETA.

73 (CESPE/FHCGV/2005) O Planejamento Estratégico Situacional (PES) aponta a


necessidade de ampliar a participação de outros atores na elaboração do
planejamento. Ele caracteriza-se como método bastante flexível de planejamento,
trabalhando o conflito e a cooperação entre os atores envolvidos e considera
habilidades pessoais como criatividade, sensibilidade e experiência na construção do
planejamento, estabelecendo que, para cada problema constatado, pode ser
apresentada mais de uma estratégia de solução.

O PES propõe teoria e métodos para acumular conhecimentos antes de agir. Divide-se
em quatro momentos (momento explicativo, normativo, estratégico e tático-operacional)
que são um permanente fazer, uma aprendizagem, cálculo, explicação e desenho
permanentes, resultando em ações do dia-a-dia.

No momento explicativo, compreende-se a realidade identificando-se os problemas que


os atores sociais declaram. É a primeira forma de acumulação de conhecimentos. Seu
propósito é explicar a realidade do jogo social e para isto usa a análise situacional.
Diferentemente do diagnóstico do planejamento normativo que apresenta uma listagem
descritiva de problemas (levantamento da realidade) sem se preocupar com as causas
que provocam tais problemas, o momento explicativo tem por objetivo detalhar a

www.pontodosconcursos.com.br 47
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

realidade que nos cerca e que está ligada à ação dos envolvidos. Desta forma, explicar é
também desenhar (dizer o que o ator deseja), fazer o cálculo estratégico e avaliar o
que o ator fez até aquele momento. É importante, também, precisar e definir qual é a
explicação dos outros atores que se relacionam com o plano e saber por que a
explicação dos outros é parte da realidade.

Para tanto, o momento explicativo busca motivar a participação de todos os envolvidos


no processo de planejamento e na análise dos problemas que os afeta e de suas
possibilidades de soluções; selecionar os problemas, decidindo entre os muitos
problemas existentes quais devem ser atacados. Isto significa descartar boa parte
deles, pois não podemos fazer um ataque a todos os problemas ao mesmo tempo; e,
explicá-los, buscando as causas de cada problema e do conjunto dos problemas que
marcam a situação inicial do plano. Questão CORRETA.

O momento normativo trata do modo como se formula o plano. Seu objetivo é produzir
as respostas de ação em um contexto de incertezas e surpresas. Coloca a questão do
como pode ser a realidade. É o momento em que os envolvidos dizem como deve ser a
situação ideal, a partir do momento explicativo. É o momento também chamado do
"desejo e do sonho", pois é o momento de apresentar o conteúdo propositivo do plano,
isto é, como deve ser a realidade em contraposição aos problemas levantados no
momento explicativo. Faz-se o desenho da situação-objetivo (árvore do desejo, que
descreve como desejamos essa situação no prazo do plano). Para construí-la, deve-se
definir a mudança que se espera em cada descritor, no prazo previsto, e as causas e
conseqüências dessa nova situação.

Após ter selecionado o problema, explicado suas causas, elaborado a situação objetivo
e traçado as operações, o ator do planejamento deve-se perguntar o que é possível
fazer e o que é necessário para viabilizar o plano. É o momento de pensar como deve
ser a articulação entre o "deve ser" (desejo) e o "pode ser" (realidade). Assim, o
momento estratégico trata do modo de examinar a viabilidade política do plano e do
processo de construção de viabilidade política das operações não viáveis na situação
inicial.

Quando um problema passou por estes três momentos, mudou o conhecimento que a
equipe de governo tem sobre o mesmo, mas a realidade continua à espera de ação.
Daí a importância da mediação entre o conhecimento que se acumula nos três
momentos anteriores e o quarto momento. O momento tático-operacional é o momento
do fazer.

74 (CESPE/PMVNS/2007) Na elaboração de um projeto com base no método ZOOP


(planejamento de projeto orientado por objetivos), o assistente social deve,
sistematicamente, listar com os dirigentes da instituição todos os aspectos e fatores

www.pontodosconcursos.com.br 48
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

que fazem parte da situação-problema, em vez de identificar os principais problemas


existentes e analisar suas relações causais juntamente com os demais envolvidos.

O CESPE usa a sigla ZOOP, mas na realidade é ZOPP, pois vem de "Ziel orientierte
Projekt Planung", traduzido por “Planejamento de Projetos orientado por Objetivos”. Essa
metodologia foi criada pela Agência Alemã de Cooperação Técnica (GTZ), entre as
décadas de 70 e 80. A criação do ZOPP veio preencher uma lacuna em termos de uma
metodologia que privilegiasse a participação social nos processos de
planejamento e gestão de projetos voltados ao desenvolvimento. Por isso dizemos que
ele é um planejamento participativo de projetos.
O ZOPP é constituído de duas grandes etapas que se sucedem de forma interligada e
integrada. A primeira etapa, chamada de etapa de análises, é a fase em que são
realizados os diagnósticos da situação existente, os prognósticos da situação futura, a
análise dos envolvidos e a seleção da estratégia mais adequada a ser adotada na fase
seguinte. A etapa seguinte, direcionada à concepção do plano do projeto se caracteriza
por sumarizar numa matriz lógica (marco lógico) toda a estratégia do projeto.

Na primeira etapa são feitas quatro análises: de envolvimento, de problemas, de


objetivos e de alternativas. Uma das ferramentas da análise de problemas é a árvore
de problemas, que podemos dizer que foi adaptada do Diagrama de Ishikawa. Ela
busca identificar as principais relações causais relacionadas ao problema e quais são
os principais efeitos desse problema.

Portanto, a questão é ERRADA por dois motivos. Primeiro, porque se deve analisar o
problema com os demais envolvidos, não somente com a direção. Segundo, porque é
mais importante identificar os principais problemas existentes e analisar as relações
causais.

75 (CESPE/PMVNS/2007) A análise de envolvimento, na elaboração de projetos


sociais sob coordenação de um assistente social, deve identificar os grupos, as
instituições, as autoridades, entre outros, que de alguma maneira estão ligados ao
projeto, caracterizar, analisar cada um dos agentes identificados, suas possíveis
contribuições e entraves ao projeto.

Já vimos que o TCU usa a análise stakeholder para identificar os principais atores
envolvidos, seus interesses e do modo como esses interesses irão afetar os riscos e a
viabilidade de programas ou projetos. Trata-se de uma ferramenta utilizada pelo ZOPP
na etapa de análises, que começa com a análise de envolvimento.

www.pontodosconcursos.com.br 49
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

A análise de envolvimento consiste na identificação de todos os grupos, pessoas e


instituições que, direta ou indiretamente, estejam envolvidos com as ações de um
projeto podendo influenciá-las ou ser por elas influenciados. Ela é feita em etapas no
decorrer do planejamento. Ela não é realizada apenas para que se conheçam melhor
cada um dos envolvidos e suas principais características. Ela pretende, também,
esclarecer alguns pontos fundamentais para que o processo de planejamento possa
caminhar sobre bases seguras.

Um dos vetores da complexidade da gestão social reside na existência de múltiplos


atores, instituições e níveis decisórios com visões e interesses distintos sobre o
problema e sua solução. Mapear tais atores significa identificar os riscos e conflitos,
potenciais ou presentes, que interferem no êxito de uma intervenção, na perspectiva de
estabelecer consensos e pactos que aumentem sua eficácia.

Entre os instrumentos mais freqüentemente usados para a análise de envolvimento


estão a matriz de envolvimento, os mapas de relações, a matriz de forças e poder, a
análise organizacional, etc.

Questão CORRETA.

76 (ESAF/CGU/2008) A construção de uma árvore de problemas baseia-se na


concertação entre interesses distintos, com o objetivo de estabelecer uma
inteligibilidade compartilhada quanto a uma situação real.

Esta questão da ESAF é muito semelhante ao que diz Carla Bronzo Ladeira Carneiro:
Elaborada idealmente com a participação dos diferentes atores
envolvidos, essa ferramenta permite a estruturação de um problema
de maneira interativa, possibilitando desempacotá-lo, percebê-lo por
dentro, explicitar a lógica causal subjacente a ele. Tais questões
pressupõem o diálogo, exigem a concertação entre visões e
interesses distintos e estão permeados por dimensões subjetivas e
valorativas, culturais, políticas e institucionais, dentre outras.
No entanto, o objetivo da árvore de problemas não é estabelecer uma inteligibilidade
compartilhada quanto a uma situação real. Ela busca identificar os problemas mais
importantes e as relações de causa e efeito, por meio da participação de diversos
atores que enxergam o problema de forma diferente. Questão ERRADA.

www.pontodosconcursos.com.br 50
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

A construção da árvore de problemas consiste em identificar o problema central e


estabelecer as relações de causalidade envolvidas. Trata-se, em síntese, de
estabelecer as causas e conseqüências de determinado problema, colocando as
causas como raízes, o problema como tronco e as folhas como conseqüências do
problema. É importante hierarquizar as causas, identificar as mais profundas e as mais
próximas ao problema, estabelecer as relações entre elas. Ao ser construído, esse
diagrama fornece uma estrutura lógica do problema, uma leitura das relações de
causalidade envolvidas. Vejamos um exemplo:
Baixa Qualidade
de Vida

Baixa Saúde da Baixa Produtividade Baixa Renda


Comunidade na Família

Mortalidade
Infantil

Falta de Qualificação Bebês Aleitamento Materno Alta Morbidade


Profissional Prematuros Inadequado

Falta de Acesso Desnutrição Falta de Saneamento


aos Programas Materno-Infantil Básico
Assistenciais

Falta de Conhecimento Baixa


do Pré-Natal Renda
Familiar

Falta de Publicidade Baixa


dos Programas Escolaridade
Assistenciais

A mortalidade infantil é o problema. Uma de suas causas é o aleitamento materno


inadequado, que tem como causa a falta de acesso aos programas assistenciais, que
tem como causa a falta de conhecimento do pré-natal, que é resultado da falta de
publicidade dos programas sociais. Um dos efeitos é a baixa produtividade na família,
que resulta em baixa qualidade de vida.

77 (ESAF/CGU/2008) Numa árvore de objetivos, a identificação dos meios delimita as


possíveis alternativas de intervenção, que devem ser selecionadas com base em
critérios claros.

www.pontodosconcursos.com.br 51
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

A terceira análise a ser realizada na etapa de análises do ZOPP é a análise de


objetivos, que se refere à análise da situação futura desejada em relação à situação
atual. Também pode ser elaborada com o uso de diferentes instrumentos, como a
Árvore de Objetivos.

No caso da árvore de objetivos, as soluções desejadas são estruturadas num diagrama


semelhante ao da árvore de problemas, tomando a mesma como base para a definição
dos objetivos que se contrapõe aos problemas elencados. Substitui-se o problema por
uma situação desejada, as causas da árvore de problemas serão os meios da árvore
de objetivos e os efeitos serão os fins.

Contudo, temos que entender que não se trata de se fazer uma simples "versão" do
problema para o objetivo (por exemplo, trocar "serviço ineficiente" por serviço
eficiente"). Muitas vezes, é necessário se buscar o objetivo realmente desejado para o
problema apontado. Vejamos um exemplo:

Qualidade de Vida
Aumentada

Saúde Produtividade Renda Familiar


da Comunidade na Família Aumentada
Aumentada Aumentada

Redução do Índice
de Mortalidade Infantil

Bebês Aleitamento Materno Morbidade


Pré-termo adequado Reduzida

Aumento do Acesso Aumento do índice Saneamento


aos Programas de Nutrição Básico Aumentado
Assistenciais

Aumento do Conhecimento Aumento da


do Pré-Natal Renda
Familiar

Aumento da Publicidade
dos Programas
Assistenciais

Vimos que a causa primeira do aleitamento materno inadequado era a falta de


publicidade dos programas assistenciais. Então, para se alcançar o objetivo, que é a
redução do índice de mortalidade infantil, temos que aumentar a publicidade desses
programas, o que aumentará o conhecimento do pré-natal, permitindo um aumento no
acesso aos programas assistências, que resultará na redução do índice. Reduzindo o

www.pontodosconcursos.com.br 52
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

índice, teremos como fim uma maior produtividade na família, que possibilitará uma
melhor qualidade de vida.

Questão CORRETA.

78 (ESAF/ANEEL/2004) Árvore de decisão e análise do campo de forças são técnicas


de análise de alternativas de solução.

A análise de alternativas propõe-s a identificar soluções alternativas que possam se


constituir em estratégias do projeto, analisá-las e selecionar a melhor estratégia a ser
implementada.

A cada situação problemática estudada pode haver uma gama bastante grande de
possíveis soluções a serem adotadas como estratégias de um projeto. Entretanto, na
elaboração de um projeto, só uma dessas alternativas vai ser considerada em princípio e
por isso é importante que se proceda a uma análise das mesmas para que se possa
escolher aquela que terá maiores chances de sucesso, dentro do horizonte temporal,
dos recursos disponíveis (se estes já estiverem definidos) da abrangência de sua
atuação e do objetivo de desenvolvimento estabelecido, entre outros fatores.

Se bem elaboradas as análises de problemas e objetivos, o quadro final deve ser de


uma situação bastante complexa que possivelmente extrapola o alcance do grupo que
planeja. O método prevê então que, nesta etapa, o grupo identifique, a partir da Árvore
de Objetivos, qual estratégia seguir para intervir na realidade problemática alvo do
projeto.

A árvore de decisão tem o objetivo de indicar o caminho a ser seguido e as etapas a


serem cumpridas para se alcançar o objetivo. Devem ser usadas quando se pretende
identificar os passos a serem dados para atingir o objetivo e para discriminar toda a
implementação de uma mudança até a definição das tarefas. Vamos ver um exemplo.

Se as ações
subirem?
Se as ações
Compro
caírem?
mais
Compro
mais
Ações Vendo
Onde investir Vendo
meu dinheiro? Compro
Poupança mais
Compro
Vendo
A análise do campo de forças é a técnica que permite identificar forças ativas e reativas
existentes, para a administração delas a fim de reduzir resistências capazes de

www.pontodosconcursos.com.br 53
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

prejudicar a implementação de um processo de mudança. Pode ser usada quando se


planeja implementar uma mudança, tanto para identificar se as forças ativas e
favoráveis à mudança preponderam como para direcionar as estratégias voltadas a
anular ou minimizar resistências.

Ambas são técnicas da análise de alternativas, apesar de que a análise do campo de


forças também está dentro da análise de envolvimento. Questão CORRETA.

79 (CESPE/IPAJM/2006) O emprego do método Marco Lógico em projetos sociais


tende a levar os gestores a definir com maior clareza os objetivos e parâmetros
necessários ao monitoramento e à avaliação de seus projetos

Finalizada a etapa de análises, parte-se para a segunda etapa, que é a da concepção


do plano. A fase de planejamento no método ZOPP consiste na montagem do Marco
Lógico, que é chamada de Matriz de Planejamento do Projeto - MPP.

O Quadro Lógico, ou Logical Framework, surgiu no contexto da cooperação


internacional de apoio ao desenvolvimento, pela necessidade das agências
internacionais de financiamento de projetos em acompanharem melhor como era
aplicado o dinheiro emprestado. A GTZ, agência que criou o ZOPP, também é uma
dessas agências de cooperação técnica, e passou a adotar o marco lógico como etapa
do planejamento dos projetos, incorporando-o ao ZOPP.

O Marco Lógico consiste de uma matriz de duas entradas 4x4, que resume em seus 16
campos a estratégia do projeto, os possíveis riscos externos e os indicadores que
possibilitem a aferição do desempenho. Desta forma ele representa um poderoso
instrumento de comunicação (interna e externa) do projeto, bem como o centro da
gerência do projeto.

O Marco Lógico em si não é participativo, e pode ser construído por um técnico


experiente a partir das informações e dos documentos existentes sobre um projeto. Ele
pode ser utilizado também por um grupo de técnicos para a definição e planejamento
conjunto de um projeto a partir do zero, bem como ser utilizado de forma participativa,
para que um grande número de pessoas possa ser envolvido diretamente no
planejamento e na gestão de um projeto.

A principal inovação do Marco Lógico está em sua estrutura lógica, que obriga à
precisão no seu preenchimento. O QL é uma matriz que é elaborada sucessivamente
num processo de estruturação daqueles elementos considerados os mais importantes
de um projeto e que permitem a sua apresentação sistemática, lógica e sucinta. Questão
CORRETA.

www.pontodosconcursos.com.br 54
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

80 (CESPE/PMVNS/2007) Pressupostos ou condicionantes são fatores internos


importantes para o alcance dos objetivos estabelecidos, cujo controle é de
responsabilidade dos gerentes do projeto, e sua identificação representa um desafio
para a equipe de planejamento.

O Marco Lógico é uma matriz, cujas colunas são:

Resumo Narrativo de Objetivos:


ƒ Objetivo Superior: Cada projeto é a resposta a um problema detectado. O
Objetivo Superior de um projeto é uma descrição da solução de um problema
que se tenha diagnosticado. Ex.: Problema principal - alta taxa de mortalidade
materna e infantil na população de baixa renda ---> Objetivo superior - reduzir a
taxa de mortalidade materna e infantil nessa população.
ƒ Objetivo do Projeto: O objetivo do projeto é o resultado esperado ao fim do
período de execução do projeto. Cada projeto deve ter um único objetivo de
projeto. Quando uma operação tiver mais de um objetivo de projeto, devem ser
elaborados mais de um marco lógico: um marco mestre do programa, com seu
objetivo superior e objetivo de projeto e dois ou mais marcos subordinados. O
objetivo superior de cada marco subordinado é idêntico ao objetivo de projeto do
programa (marco mestre), mas cada um tem seu próprio objetivo de projeto.
Deve haver apenas um objetivo de projeto. Se houver outros objetivos, a cada
um deve corresponder um projeto, o conjunto dos quais corresponderá a um
programa.
ƒ Produtos: Produtos (ou componentes) são as obras, estudos, serviços e
treinamentos específicos que se requer que o gerente de projeto produza com o
orçamento que lhe é alocado. Cada produto tem que ser necessário para atingir o
objetivo do projeto.
ƒ Atividades: As atividades são as tarefas que o executor tem que levar a cabo
para produzir cada produto (componente).

Indicadores para Acompanhamento:


ƒ Indicadores de objetivo superior e de objetivo de projeto: Os indicadores tornam
específicos os resultados esperados, na realidade, em três dimensões:
quantidade, qualidade e tempo.
ƒ Indicadores dos produtos: Os indicadores dos produtos (componentes) são
descrições breves dos estudos, treinamento e obras físicas gerados pelo projeto.
ƒ Indicadores de atividades: O orçamento do projeto é o indicador de atividade
correspondente a esta célula da matriz.

www.pontodosconcursos.com.br 55
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

Fontes de Verificação: As fontes de verificação indicam ao executor ou ao avaliador


onde é possível obter a informação necessária para a construção dos indicadores.
Obriga os planejadores a identificar fontes existentes de informação ou a prever
recursos para o levantamento de informações. Nem toda a informação tem que ser
estatística. a produção de produtos (componentes) pode verificar-se mediante uma
inspeção visual do especialista. A execução do orçamento pode verificar-se com os
recibos apresentados.

Pressupostos: Cada projeto envolve riscos: ambientais, financeiros, institucionais,


sociais, políticos, climatológicos ou outros fatores que podem fazer com que o mesmo
fracasse. O risco se expressa como um pressuposto que tem que ser cumprido para
avançar ao nível seguinte da hierarquia de objetivos. Os pressupostos, por definição,
estão fora do controle direto do gerente de projeto.

Estrutura do Marco Lógico:

A questão é ERRADA porque os pressupostos são fatores externos, fora do controle


do gerente.

81 (CESPE/IPAJM/2006) A avaliação do alcance da responsabilidade dos gestores


quando se verifica insucesso de projetos sociais é um dos problemas para o qual o
Marco Lógico não oferece resposta.

O marco lógico é importante não só para elaboração do planejamento, mas


principalmente para o acompanhamento de sua implementação. Podemos observar
que ele apresenta os indicadores e onde buscá-los. E uma das coisas que ele faz
melhor é avaliar a responsabilidade do gerente pelo insucesso do projeto. Questão
ERRADA.
www.pontodosconcursos.com.br 56
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

82 (CESPE/IPAJM/2006) O grande poder da avaliação de projetos reside no seu uso


como instrumento de gestão, o que pode contribuir para o aperfeiçoamento dos
métodos empregados para aumentar a eficiência das ações e diminuir seu custo.

A avaliação, de um modo geral, tem sido definida como instrumento imprescindível


para o conhecimento da viabilidade de programas e projetos, para o redirecionamento
de seus objetivos, quando necessário, ou mesmo para a reformulação de suas
propostas e atividades. Nesse sentido, a avaliação se revela como um importante
mecanismo de gestão, uma vez que fornece informações e subsídios para tomada de
decisão dos gestores, formuladores e implementadores de programas, pois possibilita
conhecer o que está acontecendo e atuar sobre os fatos de forma a realizar ajustes
necessários, economizando-se dessa forma tempo e recursos, o que eleva a
credibilidade das ações públicas.
Entretanto, apesar de ser indiscutível a necessidade de avaliação, no âmbito do setor
público brasileiro essa prática ainda é muito incipiente, especialmente quando focaliza a
avaliação de desempenho e de resultados de uma instituição pública ou de um
programa governamental, no qual a política pública se materializa.

A avaliação de programa deve ser vista como mecanismo de melhoria no processo de


tomada de decisão, a fim de garantir melhores informações aos governantes, sobre as
quais eles possam fundamentar suas decisões e melhor prestar contas sobre as
políticas e os programas públicos. Não se destina a resolver ou substituir juízos
subjetivos envolvidos na tomada de decisão, mas permite certo conhecimento dos
resultados de um dado programa — informação que pode ser utilizada para melhorar a
concepção de um programa e sua implementação.

Contudo, a avaliação de políticas públicas não é simplesmente um instrumento de


aperfeiçoamento ou de redirecionamento dos programas empreendidos pelo governo,
mas, e especialmente, uma ferramenta capaz de prestar contas à sociedade das ações
governamentais, ou seja, como elemento central da accountability.

Questão CORRETA.

83 (CESPE/UEPA/2007) O compromisso principal da avaliação de programas está em


gerar conhecimento, testes de teorias, estabelecer verdades ou generalizações no
tempo e no espaço.

O objetivo da avaliação não é buscar a verdade absoluta, mas oferecer entendimento e


uma visão justificada dos programas de implementação de políticas. A avaliação não

www.pontodosconcursos.com.br 57
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

substitui o processo de tomada de decisão política, mas permite que as decisões sejam
tomadas de maneira mais consciente.

Gerenciar normalmente implica um ciclo de planejamento/preparação, dotação


orçamentária, implementação e avaliação. A avaliação é o elo que fecha o círculo e
completa o circuito de feedback. Uma política ou programa que tenham sido avaliados
podem ser melhorados, expandidos ou substituídos. As principais metas da avaliação
podem ser caracterizadas como sendo a melhoria do processo de tomada de decisão,
a alocação apropriada de recursos e a responsabilidade.

Questão ERRADA.

84 (CESPE/UEPA/2007) A avaliação instrumental tem sempre a função educativa e


nenhuma decisão ou ação é esperada a partir de suas descobertas.

Há quatro possíveis dimensões do uso da avaliação:


Avaliação instrumental é a que tem seus resultados incorporados e usados de forma
racional/instrumental pelos gestores como forma de melhoria dos processos. Por isso
as decisões e ações são conseqüências direta de seu uso.

O segundo tipo de uso é o "conceitual", usualmente circunscrito aos técnicos locais do


programa, a quem não é com freqüência atribuído um maior poder de decisão. Nesse
caso, as descobertas da avaliação (e o seu próprio processo de realização) podem
alterar a maneira como esses técnicos compreendem a natureza, o modo de operação e
o impacto do programa que implementam. O uso conceitual das descobertas
diferencia-se do uso instrumental porque, no primeiro caso, nenhuma decisão ou ação é
esperada (pelo menos não imediatamente).
O uso da avaliação como instrumento de persuasão, por seu turno, dá-se quando ela é
utilizada para mobilizar o apoio para a posição que os tomadores de decisão já têm
sobre as mudanças necessárias na política ou programa. Busca-se aqui legitimar uma
posição e ganhar novos adeptos para as mudanças desejadas. O ponto pode ser
ilustrado pela forma como o ditador Augusto Pinochet fez uso do sistema de avaliação
educacional implantado por ele no Chile para dar maior visibilidade e legitimidade ao
processo de privatização do ensino no país, posto que os primeiros resultados
mostravam com clareza o desempenho superior das instituições privadas.

Por fim, há o uso para o "esclarecimento", que nem sempre é propositado, mas que
acarreta, pela via do acúmulo de conhecimento oriundo de diversas avaliações,
impacto sobre as redes de profissionais, sobre os formadores de opinião e demais
atores, bem como alterações nas crenças e na forma de ação das instituições,
pautando, assim, a agenda governamental. Esse é um tipo de influência que ultrapassa a
esfera mais restrita das políticas e dos programas avaliados.
www.pontodosconcursos.com.br 58
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

A questão é ERRADA por que a avaliação instrumental é justamente a que resulta em


ações e decisões.

85 (CESPE/TJDFT/2007) Avaliações ex-ante, como o nome diz, são as que antecedem


a implementação de uma política. Freqüentemente fazem parte de diagnósticos que
podem ou não dar origem, na seqüência, a políticas públicas.

A avaliação ex-ante refere-se à avaliação que é realizada antes do início do projeto, ou


seja, trata-se de uma avaliação que procura medir a viabilidade do programa a ser
implementado, no que diz respeito a sua relação “custo-benefício”. É muito utilizada por
órgãos financiadores de projetos e pode ter como objetivo a identificação de
prioridades e metas.

A avaliação ex-ante, procura orientar sobre a realização de um dado programa, no que


diz respeito a sua formulação e desenvolvimento, através do estudo de seus objetivos,
dos beneficiários e suas necessidades e do seu campo de atuação. Desta forma,
propõe-se ser um instrumento que permite escolher a melhor opção estratégica. Questão
CORRETA.

86 (CESPE/TJDFT/2007) Avaliações ex-post são fundamentais para a introdução da


correção de rumos no decorrer do processo de implementação de políticas públicas.
Elas ajudam a fazer a coisa certa e são feitas, por assim dizer, em tempo real.

Avaliações Ex-post, chamadas também de somativas, são feitas quando o programa já


está implementado há algum tempo, para o estudo de sua eficácia e efetividade, e o
julgamento de seu valor geral. Essas avaliações são tipicamente utilizadas como meio
de assistir a alocação de recursos ou na promoção de mais responsabilidade.
Esta categoria de avaliação investiga em que medida o programa atinge os resultados
esperados pelos formuladores. Entretanto, essa análise de resultados pode ser
agrupada em duas modalidades: resultados esperados e resultados não-esperados.
Referem-se, respectivamente, aos efeitos gerados e aos efeitos não-antecipados pelo
programa no plano de implementação.

A questão é ERRADA porque traz a descrição da avaliação formativa, que acontece


durante a implementação do programa. Como a avaliação ex-post é feito depois de sua
implementação, não dá mais para corrigir os rumos, nem são feitas em tempo real.

As avaliações formativas são adotadas durante a implementação de um programa


(avaliação intermediária) como meio de se adquirir mais conhecimento quanto a um

www.pontodosconcursos.com.br 59
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

processo de aprendizagem para o qual se deseja contribuir. O propósito é o de apoiar e


melhorar a gestão, a implementação e o desenvolvimento do programa.

Esta categoria de avaliação procura investigar como o programa funciona (observação


das etapas, mecanismos, processos e conexões), quais são as estratégias utilizadas
para o alcance dos resultados, ou seja, procura articular os meios com os fins,
estabelecendo dessa forma sua consonância ou incompatibilidade.

Nesta situação, em que se procura focar o funcionamento e a gestão do programa, a


avaliação assume caráter formativo. Como este tipo de avaliação se centraliza nos
processos e não nos resultados, podemos concluir que é mais utilizada na fase de
implementação de um programa ou política, pois focaliza os aspectos que têm relação
direta com a formação do programa, enquanto está em funcionamento, portanto, é
desenvolvida durante o processo de implementação da ação avaliada.

87 (CESPE/DESO/2003) Atualmente, não existe consenso entre os avaliadores de


programas e projetos sociais a respeito do método (qualitativo ou quantitativo) a ser
adotado no processo de avaliação.

Existe sim consenso em relação ao método a ser adotado no processo de avaliação:


tato o quantitativo quanto o qualitativo. Os dois métodos devem ser usados de forma
conjunta, com o objetivo de obter uma avaliação mais completa. Ao tratar de suas
diferentes modalidades, percebe-se que a avaliação de políticas públicas não pode ser
restrita apenas à aferição de suas metas quantitativas, mas também deve se reportar à
qualidade do resultado atingido. Questão ERRADA.

Cada vez mais os métodos quantitativos ganham prestígio e notoriedade em função de


sua universalidade metodológica. Há quem diga que “o que não se mede não tem
como ser avaliado”. Mas as coisas não são bem assim. Naturalmente quanto mais
dados disponíveis em tempo real para avaliações sobre o que está se passando
melhor. Mas os órgãos públicos que trabalham com bases de dados como o IBGE, a
Fundação SEADE, as Secretarias de Educação e Saúde, dentre outros, enfrentam
problemas graves de disponibilização de estatísticas de forma confiável e tempestiva.
Assim sendo o resultado é que as avaliações quantitativas acabam se restringindo a
situações onde os dados estejam disponíveis, geralmente com alguns anos de atraso.
Avaliações qualitativas geralmente são mais pragmáticas no sentido de não aspirarem
grandes representações do conjunto da realidade. Costumam ser desenvolvidas sob a
forma de estudos de casos com a finalidade de produzir “insights”. Envolvem trabalho
de campo, verificação in loco do que está se passando, valorização de entrevistas e
métodos de observação como formas de coleta de evidência empírica. E trabalham
com dados também, mas os disponíveis in loco combinados com os agregados das
grandes bases. Não produzem necessariamente generalizações, mas subsidiam a

www.pontodosconcursos.com.br 60
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

identificação de problemas – para distinguir dificuldades de implementação daquelas


de formulação e não jogar o bebê fora com a água suja da bacia – que permitem
correções tempestivas de rumos.

88 (CESPE/HCGV/2004) O processo avaliativo deve restringir-se à aferição do grau de


eficiência, eficácia e efetividade de um programa ou projeto social, evitando o
envolvimento dos sujeitos (dimensão subjetiva), o que, certamente, compromete os
resultados.

Devemos avaliar não somente de forma quantitativa, mas também qualitativa, por isso
a dimensão subjetiva, o envolvimento dos sujeitos, deve ser utilizado, e não evitado.
Questão ERRADA.

89 (CESPE/DPF/2004) Na avaliação de políticas e programas sociais, a partir da


década passada, procurou-se superar o uso de métodos econométricos, originários de
estudos econômicos.

Vimos na questão 56 que o verbo superar tem sido usado pelo CESPE como algo que
vai além, sem abandonar o conceito anterior. Assim, quando falamos que, na avaliação
de políticas e programas sociais procurou-se superar o uso de métodos quantitativos,
estamos dizendo que é preciso ir além deles, usando métodos também qualitativos.
Portanto, superar não envolve abandonar. Questão CORRETA.

90 (CESPE/DPF/2004) A avaliação de políticas e programas sociais preocupa-se com


modelos alternativos que superem o uso de enfoques puramente quantitativos,
baseados na mensuração de objetivos previamente definidos. Essa avaliação não
considera a complexidade da questão social.

Esta questão tem um grave problema de redação. O seu gabarito é CORRETA, o que
nos leva a crer que ou o examinador estava de má fé ou deixaram passar um erro
grave. Da forma como esta, a questão dá a entender que a avaliação de políticas e
programas sociais não considera a complexidade da questão social. Ela leva em
consideração, tanto que se preocupa com modelos alternativos.

O que aconteceu (olhando na minha bola de cristal) é que, quando a questão fala
“Essa avaliação”, ela está se referindo aos enfoques puramente quantitativos, estes
sim que não consideram a complexidade da questão social.

www.pontodosconcursos.com.br 61
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

91 (CESPE/HCGV/2004) A avaliação da eficiência está relacionada com o alcance


social das metas propostas por uma política ou programa, referindo-se, portanto, à
adequação dos meios utilizados para atingir as metas.

Eficiência não se refere a alcance de metas ou objetivos. Fico em dúvida se o


examinador consideraria como eficácia ou efetividade. Ambas estão relacionadas com o
alcance de objetivos propostos. A eficácia compara a entrega de um produto com o
objetivo, enquanto a efetividade avalia o impacto deste produto na sociedade.

Eu consideraria como efetividade, porque a questão fala em alcance social das metas
propostas, e alcance social, a meu ver, relaciona-se com efetividade, impacto na
sociedade. No entanto, a questão também fala em “adequação dos meios utilizados”, o
que nos leva para a eficácia.

De qualquer jeito, a questão é ERRADA.

92 (CESPE/HCGV/2004) A avaliação da eficácia visa aferir os custos e recursos


empregados em uma política ou programa e os resultados alcançados.

A relação entre custo e resultado é a eficiência, e não a eficácia. Eficiência é uso


otimizado, com economia e qualidade, dos bens e recursos empregados na
implementação das ações. Eficácia é a capacidade de alcance das metas previstas
Questão ERRADA.

93 (CESPE/HCGV/2004) A efetividade estabelece o impacto da ação sobre a


população-alvo após a execução do programa, sob o ponto de vista objetivo, avaliando
a mudança quantitativa, e sob o ponto de vista subjetivo, as mudanças
comportamentais nas crenças e valores da população-alvo.

Efetividade é o impacto da ação governamental na sociedade. Deve ser avaliada tanto


em termos quantitativos como quanto qualitativos. Questão CORRETA.

(CESPE/PREF-BOA-VISTA/2004) Acerca dos principais modelos de avaliação de


políticas e programas sociais, julgue os itens seguintes:

94 Monitoramento é a avaliação centrada nas mudanças quantitativas e qualitativas do


programa, a qual tem como critério a efetividade e como suposição a existência de
relação entre variáveis.

www.pontodosconcursos.com.br 62
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

95 A avaliação política é centrada no desenvolvimento do programa, visando aferir-lhe


a eficácia e efetuar correções durante a implementação.
96 Avaliação de processo é a emissão de juízo de valor em relação à política ou
programa com base em critérios e princípios políticos que fundamentam a concepção
de bem-estar humano.

97 Avaliação de impactos é uma atividade contínua e gerencial que visa aferir o


controle de entrega de insumos, conforme as metas e o calendário, tendo em vista a
garantia da eficiência do programa.

Estou colocando estas questões juntas porque elas trazem uma classificação das
avaliações elaborada pela Maria Ozanira da Silva. Segundo a autora, a avaliação pode
ocorrer através de quatro enfoques diferenciados: o monitoramento, a avaliação política
da política, a avaliação de processo e a avaliação de impacto.

O monitoramento permite o acompanhamento constante, através do gerenciamento do


cumprimento de metas e prazos, buscando o cumprimento do cronograma das
atividades com o objetivo de garantir a eficiência do programa.

A avaliação política da política emite juízo de valor em relação à política ou ao


programa a partir de critérios e princípios fundamentados em concepções teóricas de
bem-estar humano e de qualidade de vida. Essa avaliação possibilita uma análise da
operacionalização do programa, bem como de todo o planejamento do mesmo. Está
centrada nos fundamentos e condicionamentos de formulação da política ou de
elaboração de um plano, discutindo e buscando novas alternativas, até mesmo no
período de implementação de certo programa ou política. Considera, também, os
mecanismos institucionais disponíveis, seus limites e todos os recursos necessários
para que o programa aconteça.

A avaliação de processo está centrada no desenvolvimento do programa, tendo em


vista aferir sua eficácia e efetuar correções durante a implementação. Assim, pretende
antecipar se o desejo inicial pode ou não ser alcançado, sendo a questão central da
avaliação de processo o funcionamento do programa e os serviços prestados.

A avaliação de impactos tem como foco central as mudanças quantitativas e


qualitativas decorrentes de determinadas ações governamentais (política/programa)
sobre as condições de vida de uma população, tendo, portanto, como critério a
efetividade. Há que se considerar que sempre se parte da suposição de que existe
relação causal entre uma variável independente (o programa) e uma variável
dependente (alteração nas condições sociais). Precisar o que seja impacto requer
conceituar um efeito, enquanto todo comportamento ou acontecimento que sofreu
influência de algum aspecto do programa, pode ser procurado, previsto, positivo e
relevante ou não-procurado, positivo ou negativo. Por impacto entende-se o resultado
dos efeitos de um programa (efeitos líquidos decorrentes dos efeitos de um programa).

www.pontodosconcursos.com.br 63
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

Nesse sentido, a determinação de impactos exige considerar dois momentos: antes e


depois.

Todas as questões são ERRADAS porque trocaram os conceitos. Na 94 temos a


avaliação de impactos. Na 95 está avaliação de processo. Na 96 a avaliação política da
política. Na 97 temos o monitoramento.

98 (CESPE/DESO/2003) O monitoramento, no qual ainda se empenha pequena


parcela dos investidores sociais privados brasileiros, é a supervisão direta e detalhada
do programa ou projeto desde a sua elaboração, implementação, execução e obtenção
de resultados.

O monitoramento é uma atividade constante, que ocorre em todas as etapas do


projeto, desde a formulação até a própria avaliação. É uma atividade gerencial com
caráter de supervisão direta, que busca avaliar indicadores e ocorre de forma
detalhada.

O monitoramento é um processo sistemático e periódico de análise da gestão,


funcionamento e desempenho de programas e projetos. Tem como objetivo identificar
desvios na execução das ações, entre o programado e o executado, diagnosticando
suas causas e propondo ajustes operacionais, com vistas à adequação entre o plano e
sua implementação. Trata-se, portanto, de um processo contínuo que retroalimenta o
ciclo de ajustes de uma política.

De forma resumida, o monitoramento é um processo sistemático e contínuo que,


produzindo informações sintéticas e em tempo eficaz, permite rápida avaliação
situacional e a intervenção oportuna que corrige ou confirma as ações monitoradas.
Questão CORRETA.

99 (CESPE/ANA/2006) A avaliação de processo compreende, além do monitoramento


das atividades, a análise dos benefícios proporcionados à comunidade em questão,
cuja referência são os indicadores elaborados com precisão, por expressar
quantitativamente os efeitos e impactos sobre o bem-estar dos agricultores.

Esta questão fez uma confusão com os tipos de avaliação. A avaliação de processo é
feita durante a implementação do projeto. Trata de realizar o acompanhamento de
ações e tarefas, no que fiz respeito ao conteúdo, método e instrumentos inerentes à
execução de um programa ou projeto. Trata-se, portanto, de um conceito de extrema
relevância no processo de avaliação de políticas públicas, pois possibilita compreender
em que medida a otimização dos recursos públicos acontecem - aqui entendidos como

www.pontodosconcursos.com.br 64
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

os recursos financeiros, materiais e humanos - através da comparação entre metas


alcançadas, recursos empreendidos e tempo de execução.

Portanto, este tipo de avaliação não se preocupa com a efetividade do programa, pois
focaliza seus processos e mecanismos de execução. Sua função maior é a de observar
em que medida o programa está sendo implementado como planejado. Preocupa-se
em responder, entre outras, as seguintes indagações:

ƒ A população-alvo está sendo atendida, conforme as metas?


ƒ O cronograma está sendo cumprido?
ƒ Os recursos estão sendo alocados com eficiência?
Assim, a avaliação de processos se constitui, basicamente, em um instrumento que se
preocupa em diagnosticar as possíveis falhas de um programa, no que diz respeito aos
instrumentos, procedimentos, conteúdos e métodos, adequação ao público-alvo,
visando o seu aperfeiçoamento, através da interferência direcionada para seus
aspectos intrínsecos. Esta modalidade de avaliação tem por objetivo “fazer as coisas
certas”

Ela não abrange o monitoramento e nem a avaliação de impactos. Questão ERRADA.

100 (CESPE/ANVISA/2004) A avaliação de processos visa apurar a eficiência e a


eficácia das ações da organização, do programa ou da política avaliada, enquanto a
avaliação de impacto tem como foco a avaliação da efetividade da ação.

A avaliação de processo é realizada durante a implementação e busca avaliar o


processo por meio da otimização no uso dos recursos (eficiência) e alcance das metas
propostas (eficácia). Já a avaliação de impactos é realizada após a execução do
programa, e busca avaliar o impacto na sociedade, ou seja, a sua efetividade. Questão
CORRETA.

101 (CESPE/ANVISA/2004) A avaliação formativa é realizada com o intuito de gerar


feedback para a melhoria do programa, da política ou de qualquer outro objeto a ser
avaliado, tendo, portanto, natureza de avaliação de processo, enquanto a avaliação
somativa visa julgar o mérito do programa, tendo natureza de avaliação de impacto.

Vimos que a avaliação formativa é feita durante a implementação do projeto, enquanto a


ex-post é realizada depois. Podemos associar a avaliação formativa com a avaliação de
processo e a ex-post a avaliação de impactos. Aquelas buscam avaliar a eficácia e a
eficiência; estas avaliam a efetividade. Questão CORRETA.

www.pontodosconcursos.com.br 65
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

102 (ESAF/CGU/2008) Em relação a Análise Custo-Benefício (ACB), a relação entre


custos e produtos proporciona elementos para analisar a eficiência operacional, mas
não informa sobre a eficácia do projeto em relação ao público-alvo escolhido.

Nesta questão não é preciso saber nada sobre a Análise Custo Benefício. Basta saber
que a relação entre custos e produtos é medida pela eficiência, mas não dá
informações em relação à eficácia, já que não sabemos se as metas foram alcançadas.
Questão CORRETA.

103 (ESAF/CGU/2008) Na avaliação social, a Análise Custo-Benefício utiliza


suposições da taxa de desconto diferentes das que são aplicadas na avaliação privada,
porque deve incluir os impactos distributivos, os efeitos intangíveis e até o valor da vida
humana.

Durante a década de 1960 nos Estados Unidos, estudos realizados comprovaram que
algumas obras públicas estavam degradando a qualidade de vida e o meio ambiente.
Entre essas obras estavam estradas e hidroelétricas. Os críticos argumentavam que as
conseqüências ambientais e sobre a saúde pública não estavam sendo consideradas.
Assim na década de 70, muitos países industrializados estabeleceram políticas, nas
quais os impactos ambientais passaram a ser considerados no processo de tomada de
decisão, utilizando instrumentos de auxilio ao processo de tomada de decisão.
A análise custo benefício (ACB) e a análise custo-efetividade (ACE) são ferramentas
que buscam comparar os custos estimados de determinado projeto com os benefícios
esperados. Trata-se de uma forma de decidir sobre a adequabilidade e aceitabilidade
de prosseguir com um projeto. Entende-se que não podemos decidir acerca da
realização ou não de um projeto com base somente nos seus resultados, sem levar em
consideração os custos, ou o inverso, pensar nos custos sem analisar os possíveis
resultados. É preciso avaliar a aceitabilidade de um projeto comparando-se custos com
resultados esperados.

A principal diferença entre a ACB e a ACE é que, na primeira, os custos e resultados


podem ser traduzidos em unidades monetárias; já na segunda, os impactos não podem
ser valorizados em moeda.

A ACB se baseia em uma regra muito simples: compara os benefícios e os custos de


um projeto em particular e se os primeiros excedem aos segundos, fornecendo um
elemento de julgamento inicial que indica sua aceitabilidade. Dado que sempre existem
alternativas para o investimento que se traduzem em projetos, a ACB proporciona um
guia para hierarquizá-los racionalmente, ao relacionar seus benefícios e seus custos.

www.pontodosconcursos.com.br 66
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

Se os projetos estão sendo executados, permite determinar em que medida estão


sendo obtidos seus fins, quando estes podem ser traduzidos a unidades monetárias.

A ACE segue exatamente a mesma lógica. Sua particularidade radica em compara os


custos com a potencialidade de alcançar mais eficaz e eficientemente os objetivos não
expressáveis em moeda (avaliação ex-ante) ou com a eficácia e eficiência diferencial
real que as diferentes formas de implementação mostraram no alcance de seus
objetivos.

A questão é ERRADA porque não podemos dar valores monetários para a vida
humana ou para os efeitos intangíveis, por isso devemos usar a ACE, e não a ACB.

104 (ESAF/CGU/2008) A Análise Custo-Benefício permite averiguar se os projetos são


ou não rentáveis, comparando os fluxos atualizados de benefícios e os custos previstos
em sua implementação.

A ACB avalia se os custos irão ou não exceder aos benefícios, ou seja, permite
determinar se os projetos são ou não rentáveis. A questão fala em comparar os fluxos
atualizados de benefícios e custos previstos em sua implementação porque a avaliação
é feita geralmente num momento diferente do da ocorrência dos custos e benefícios,
por isso é preciso trazê-los para valor presente. Para a identificação dos custos e
benefícios do projeto, que são pertinentes à sua avaliação, é necessário definir uma
situação-base ou situação sem projeto. A comparação do que ocorre com o projeto
versus o que teria ocorrido sem projeto definirá os custos e benefícios pertinentes ao
mesmo. Questão CORRETA.

105 (ESAF/CGU/2008) A diferença mais importante entre a avaliação privada e a


avaliação social é que na primeira a Análise Custo-Benefício utiliza como referência o
preço de mercado, enquanto que na avaliação social são utilizados preços sombra, de
eficiência, ou seja, preços sociais.

A ACB pode ser realizada a partir de duas óticas diferentes:


Avaliação privada: considera uma unidade econômica concreta, onde os custos e
benefícios são valorizados como fenômenos de mercado, e por usa vez, tem dois
enfoques: a avaliação econômica (sem financiamento), que assume que todo o projeto é
realizado com capital próprio e, portanto, não leva em conta o problema financeiro; e a
avaliação financeira, que diferencia o capital próprio da de terceiros e permite
determinar a rentabilidade do primeiro. O fluxo de custos e receitas que o projeto gera é
valorizado a preços de mercado (sem nenhuma correção).

www.pontodosconcursos.com.br 67
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

Avaliação Social: considera que certos objetivos de interesse público não são
relevantes financeiramente, por não trazerem benefícios diretos numa avaliação
privada, mas devem ser inseridos numa avaliação social. Tanto os custos quanto os
benefícios são valorizados a preços-sombra ou de eficiência.

Preço-sombra, segundo Mishan, é “aquele que o economista atribui a um bem ou fator


com base no argumento de que ele é o mais apropriado para a finalidade do cálculo
econômico do que o seu preço vigente, se houver”. Na avaliação de um projeto, o
economista “corrige” certo número de preços de mercado e, da mesma forma, atribui
preços a ganhos e perdas que não têm preços e que se espera que o esquema
produza.
Para medir os custos e benefícios o padrão utilizado é a unidade monetária. Entretanto,
os custos de oportunidade econômicos ou sociais nem sempre são diretamente
observados nos preços de mercado. O preço social de um bem será igual ao seu preço
econômico mais os efeitos distributivos.

Questão CORRETA.

106 (CESPE/ANVISA/2004) Contrariamente às decisões realizadas no âmbito dos


mercados privados, a análise de custo-benefício social aplica-se quando os mercados
privados não são capazes de apreçar a totalidade dos benefícios e custos associados a
determinados programas públicos, incluindo-se aí, os tratamentos médicos realizados
no sistema de saúde pública.

Como vimos, a principal diferença entre a avaliação privada e a social é que aquela
considera apenas os valores de mercado dos bens, enquanto esta corrige o valor dos
bens com base em custos ou benefícios sociais que não tenham valor econômico, mas
que sejam importantes para a sociedade.

Portanto, a questão está CORRETA ao dizer que a avaliação social aplica-se quando a
privada não consegue dar um preço para todos os benefícios ou custos associados ao
projeto. É preciso definir um preço social, ou preço-sombra.

107 (ESAF/CGU/2008) A taxa de desconto utilizada na Análise Custo-Benefício tem


por objetivo traduzir a um valor presente os custos e benefícios que resultarão do
projeto no futuro e é fixada sobre a base do custo de oportunidade do capital.

Geralmente a ACB e a ACE são realizadas como avaliações ex-ante, o que não
impede que não sejam feitas também durante ou após a implementação do programa.

www.pontodosconcursos.com.br 68
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

Como a avaliação é realizada em hoje e os custos e resultados ainda ocorrerão no


futuro, é preciso trazê-los para valor presente. Isso é feito por meio de uma taxa de
desconto.

Na contabilidade, quando queremos avaliar um investimento, usamos como taxa de


desconto o custo de oportunidade do capital, ou seja, quanto poderíamos estar
ganhando se aplicássemos o mesmo valor em outra coisa, como no mercado
financeiro.
O mesmo acontece aqui na ACB. Tanto na avaliação social quanto na privada
utilizaremos como taxa de desconto o custo de oportunidade do dinheiro que está
sendo aplicado no projeto. A diferença é que, na avaliação privada o custo de
oportunidade é quanto dinheiro estaríamos ganhando em outro investimento, enquanto
na avaliação social o custo de oportunidade é a não utilização dos recursos do Estado
em outros projetos, ou seja, os ganhos sociais advindos de outras alternativas.

Questão CORRETA.

108 (CESPE/ANVISA/2004) O custo de oportunidade da adoção de uma alternativa


terapêutica, que maximize os anos de vida da população afetada por uma determinada
doença, por gerar aumentos significativos do orçamento de um sistema de saúde, é
dado pela redução exigida de recursos necessários para o tratamento de outras
enfermidades que teriam, por exemplo, um impacto populacional maior.

Aqui temos a taxa de desconto em uma avaliação social. O custo de oportunidade de


aplicar dinheiro em determinado tratamento é não aplicá-lo em outros tratamentos que
poderiam ter outros impactos na sociedade. Questão CORRETA.

109 (MINHA AUTORIA) A Análise Custo-Efetividade (ACE) avalia as alternativas de


decisão tornando comparáveis todos os efeitos em termos de uma unidade de produto
não monetária e comparando o impacto das alternativas. A ACE permite comparar o
grau de eficiência relativa que têm projetos diferentes, mesmo que os projetos tenham
objetivos diferentes.

Vimos que a principal diferença entre a ACB e a ACE é que a primeira avalia custos e
benefícios que podem ser valorados monetariamente, enquanto na ACE os custos
terão valor monetário, mas os resultados não. Assim, um programa que busque reduzir o
número de acidentes nas estradas terá como resultado vidas salvas. Neste caso, não
poderemos usar a ACB, teremos que usar a ACE.

www.pontodosconcursos.com.br 69
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

A ACE é apropriada principalmente quando se deseja comparar opções alternativas de


programas que têm o mesmo objetivo, com a finalidade de definir qual deles terá a
melhor performance (eficácia) em comparação com os recursos gastos. Não temos
como comparar um projeto que tenha como objetivo salvar vidas com outro que busque
reduzir a desnutrição.

A questão é ERRADA porque na ACE podemos comparar apenas programas com um


mesmo objetivo.

110 (CESPE/ANVISA/2004) As análises de custo-efetividade têm por objetivo


identificar a opção terapêutica que consegue obter o melhor resultado clínico por
unidade monetária aplicada. Uma melhor compreensão de seus objetivos pode ser
alcançada quando se define rendimento de um processo, que corresponde à razão
entre a quantidade de matéria-prima utilizada e a quantidade de produto final obtido.

A ACE é definida como a técnica que leva em conta os custos e efeitos de selecionar
alternativas, tornando possível escolher as que provêem os melhores resultados para
qualquer determinado dispêndio de recursos ou aquela que minimize a utilização do
recurso para qualquer determinado resultado. Traduzindo, permite dizer qual alternativa
vai salvar mais vidas a cada R$ 100,00 gastos, ou qual programa vai gastar menos
para cada vida salva.
A ACE avalia as alternativas de decisão tornando comparáveis todos os efeitos em
termos de uma unidade de produto não monetária e comparando o impacto das
alternativas. De modo similar, no caso de existir diversas alternativas para alcançar os
objetivos de um projeto, pode ser descoberta a ótima, seja minimizando os custos a
certo nível dado de êxito, ou maximizando o alcance dos fins para um nível de gasto
total prefixado. A questão traz apenas uma dessas óticas. Ela fala na alternativa que
obtenha o melhor resultado a cada real gasto. Poderia ser também quanto se gastaria
para ter um determinado resultado clínico.

Quando falamos em gastos para se obter determinado resultado, estamos falando de


eficiência. Por isso, apesar do nome ser Análise Custo-Efetividade, a ACE permite
comparar o grau de eficiência relativa que têm projetos diferentes para obter os
mesmos produtos. Por isso a questão é CORRETA ao falar em “razão entre a
quantidade de matéria-prima utilizada e a quantidade de produto final obtido”.

Vamos ver um exemplo. Com o objetivo de melhorar a educação, o governo pode


investir em treinamento de professores, compra de computadores ou reforma das
escolas para melhoria da infra-estrutura. Vejamos uma comparação dos custos e
resultados de cada opção:
Alternativas Custo (A) Melhora no índice de Custo-Efetividade

www.pontodosconcursos.com.br 70
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

Educação (B) (A/B)

Treinamento de
30 15% 2
professores

Computadores 50 20% 2,5

Infra-estrutura 40 18% 2,22

O custo-efetividade representa a divisão do custo pelo resultado, ou seja, quanto custa


para aumentar em 1% o índice de educação. O treinamento de professores custará
2,00 para cada ponto percentual aumentado, Os computadores custarão 2,5 e a infra-
estrutura 2,22. Portanto, o treinamento é a melhor opção, já que possui a melhor
eficiência relativa entre as alternativas. Poderíamos fazer a divisão inversa, aí
saberíamos quanto cada alternativa aumentaria no índice de educação para cada
unidade monetária gasta.

Pessoal,
Chegamos ao fim de nosso curso. Agradeço a vocês a confiança que depositaram em
meu trabalho e espero ter correspondido às suas expectativas.
Quem sabe ainda nos vemos nos corredores do TCU.
Um abraço a todos e boa sorte.

Abraço,
Rafael.

LISTA DAS QUESTÕES

www.pontodosconcursos.com.br 71
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

1. (CESPE/CHESF/2002) Por meio das políticas públicas são formulados,


desenvolvidos e postos em prática programas de distribuição de bens e serviços,
regulados e providos pelo Estado, com a participação e o controle da sociedade.

2. (CESPE/TJ-AP/2007) Política pública significa ação coletiva cuja função é


concretizar direitos sociais demandados pela sociedade e previstos nas leis.

3. (CESPE/CHESF/2002) Política pública não é sinônimo de política estatal, mas


uma ação pública na qual, além do Estado, a sociedade se faz presente, ganhando
representatividade, poder de decisão e condições de exercer o controle sobre os atos e
as decisões do governo e do mercado.

4. (CESPE/SGA-AC/2006) Política pública é sinônimo de decisão política: ambas


envolvem a alocação imperativa de valores e recursos.

5. (CESPE/TJ-AP/2007) Os direitos declarados e garantidos nas leis são


operacionalizados por políticas públicas, mediante programas, projetos e serviços.

6. (CESPE/CHESF/2002) Política pública é uma ação coletiva que tem por função
concretizar direitos sociais demandados pela sociedade e previstos nas leis. Os direitos
declarados e garantidos nas leis só têm aplicabilidade por meio de políticas públicas.

7. (CESPE/TRF5/2007) Reside, primariamente, nos Poderes Legislativo e Executivo a


prerrogativa de formular e executar políticas públicas. Assim, é impossível ao Poder
Judiciário determinar, ainda que em bases excepcionais, a implementação de tais
políticas aos órgãos estatais inadimplentes, mesmo que presente a possibilidade de se
comprometerem a eficácia e a integridade de direitos sociais e culturais constitucionais.

8. (CESPE/CAIXA/2006) Não é constitucional a intervenção do Poder Judiciário,


com a finalidade de realização de controle jurisdicional, em tema de implementação de
políticas públicas, ainda que configurada hipótese de abusividade governamental.

9. (CESPE/SEFAZ/2002) Políticas públicas são predominantemente iniciativas


autônomas das instâncias governamentais dotadas de responsabilidades legais sobre
determinadas áreas de atuação ou questões de interesse público.

10. (CESPE/MDS/2006) Somente para fins analíticos é que se estabelecem


distinções entre o processo de formulação e as demais fases das políticas públicas: a
implementação e a avaliação.

www.pontodosconcursos.com.br 72
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

11. (CESPE/MDS/2006) A formação da agenda corresponde à segunda fase das


políticas públicas e não pode surgir de situação de crise, calamidade ou catástrofe.

12. (CESPE/SGA-AC/2006) Problemas que causaram crises ou eventos dramáticos


são invariavelmente incluídos na agenda de decisão.

13. (ESAF/MPOG/2008) Embora grande parte das análises de políticas públicas se


concentre nos aspectos relativos à formulação, a literatura vem enfatizando, cada vez
mais, a importância dos estudos da formação da agenda governamental. Em resposta à
indagação sobre como as agendas governamentais são estabelecidas, um modelo
largamente conhecido apresenta três explicações: problemas, política e participantes
visíveis. Esse modelo é conhecido como Modelo de Múltiplos Fluxos.

14. (ESAF/CGU/2008) A formação ou construção da agenda de políticas públicas é


determinada pelos meios mediante os quais as autoridades tomam conhecimento das
situações, como, por exemplo, os indicadores, os eventos-foco, críticas severas do
Congresso ou da mídia.

15. (ESAF/CGU/2008) A formação ou construção da agenda de políticas públicas


consiste em um processo de identificação e reconhecimento de problemas, o que a
distingue da formulação, que consiste na especificação das alternativas de ação
governamental.

16. (CESPE/SEFAZ/2002) Uma arena consiste na etapa de discussão que precede à


inclusão de um problema na agenda política.

17. (CESPE/SGA-AC/2006) As políticas que instituem programas inteiramente novos


são sempre mais difíceis de implementar do que as que ajustam ou reformulam
programas existentes, pois exigem alteração de situações de poder já constituídas.

18. (CESPE/SEFAZ/2002) Um issue é uma questão em torno da qual os atores se


mobilizam para modelar soluções segundo seus interesses.

19. (CESPE/SGA-AC/2006) Atores não-governamentais têm pouca capacidade de


influenciar a formação da agenda, normalmente dominada pela alta administração do
Poder Executivo e por representantes do Poder Legislativo.

20. (ESAF/CGU/2008) Os empresários políticos são atores de origem diversa,


dispostos a investir recursos para promover políticas que possam lhes favorecer, por
exemplo: políticos eleitos ou sem mandato, burocratas de carreira, lobistas, jornalistas,
acadêmicos.
www.pontodosconcursos.com.br 73
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

21. (ESAF/CGU/2008) Os atores visíveis definem a agenda de políticas enquanto os


atores invisíveis têm maior poder de influência na escolha das alternativas de resolução
dos problemas.

22. (ESAF/CGU/2008) São atores invisíveis aqueles que, embora atuem fora do
centro das atenções da sociedade, são dotados de elevado poder de influenciar as
políticas públicas devido à sua posição econômica, como financistas, banqueiros,
empreiteiros.

23. (ESAF/CGU/2008) A formação ou construção da agenda de políticas públicas não


envolve a exclusão de problemas, que é naturalmente causada pela mudança da
realidade ou do foco de atenção das autoridades, pela banalização das situações ou
pela dinâmica dos ciclos sociais.

24. (CESPE/SENADO/2002) Embora a formulação de políticas públicas seja uma


responsabilidade indelegável do Poder Executivo, algumas funções auxiliares de
representação de interesses podem ser atribuídas a outros agentes públicos ou
privados.

25. (CESPE/SGA-AC/2006) O chamado modelo de escolha racional (ou modelo


racional-compreensivo) preconiza uma análise detalhada e abrangente das alternativas
de política pública, garantindo mais agilidade e eficácia ao processo decisório, sem
desconsiderar potenciais conflitos de interesse e poder entre os atores.

26. (CESPE/SGA-AC/2006) O modelo incremental reconhece os limites da


racionalidade técnica e busca adotar alternativas de modo gradual, assegurando
acordos entre os interesses envolvidos.

27. (CESPE/SGA-AC/2006) Uma das críticas ao modelo incremental diz respeito a


seu viés conservador, que tende a dificultar a adoção de políticas inovadoras.

28. (CESPE/SGA-AC/2006) Os modelos racional e incremental podem ser


combinados num modelo misto, que diferencia dois processos decisórios: um relativo a
questões estruturantes e outro relativo a questões de caráter ordinário.

29. (ESAF/MPOG/2008) A tomada de decisão representa um dos passos centrais do


processo das políticas públicas. O modelo de exploração mista ou exploração
combinada, ou ainda, mixed-scanning caracteriza-se por estabelecer objetivos finais
amplos e avaliar exaustivamente as alternativas de maneira a selecionar objetivamente
aquela mais capaz de conduzir aos resultados pretendidos.

www.pontodosconcursos.com.br 74
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

30. (CESPE/MDS/2006) Existem consensos sobre a elaboração de uma política


perfeita, entre os quais está a questão do tempo decorrido entre a decisão, a
formulação e a verificação dos resultados obtidos.

31. (CESPE/SGA-AC/2006) As fases de formulação e implementação da política


pública são empiricamente distintas, inexistindo quaisquer sobreposições factuais ou
temporais entre elas.

32. (CESPE/SGA-AC/2006) Diversos elementos da concepção de uma política


pública são determinados ou alterados durante sua implementação pela chamada
“burocracia do nível da rua”, que atua em contato direto com os cidadãos.

33. (CESPE/SGA-AC/2006) A garantia de recursos orçamentários é condição


suficiente para assegurar uma implementação bem-sucedida.

34. (ESAF/CGU/2008) Nos anos recentes, observa-se a superação da fragmentação


das políticas públicas, já que os atores sociais e o terceiro setor vêm atuando no
sentido de cobrir as lacunas de articulação e cooperação entre diferentes agências
setoriais.

35. (CESPE/MDS/2006) Um exemplo de grande coordenação entre atores públicos


nas políticas públicas é o Sistema Único de Saúde, política de saúde sobre a qual
existe grande disponibilidade de dados que demonstram claramente os seus efeitos
sobre a sociedade.

36. (ESAF/CGU/2008) As políticas geralmente emperram devido à competição


interburocrática, que faz com que sejam fragmentadas em áreas de controle de cada
agência, na busca de uma convivência pacífica; ou que provoca superposições que
levam à baixa racionalidade e ao desperdício de recursos.

37. (CESPE/SGA-AC/2006) Políticas complexas, que envolvem diferentes níveis


governamentais e diversas organizações, requerem relações de competição e
concorrência entre as agências implementadoras para atingir os objetivos pretendidos.

38. (CESPE/MDS/2006) Uma das características recorrentes nas políticas públicas


brasileiras é a descontinuidade administrativa, uma vez que inexistem concepções
consolidadas de missão institucional.

39. (CESPE/MDS/2006) No Brasil, seguidas mudanças nos altos escalões dos cargos
públicos freqüentemente levam programas e políticas públicas a serem
redimensionados, reorientados ou suspensos.
www.pontodosconcursos.com.br 75
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

40. .(CESPE/MDS/2006) Os maiores problemas das políticas públicas brasileiras


concentram-se nas políticas econômicas, visto que a maior parte das agências
reguladoras é pouco moderna e seus quadros demonstram reduzida eficiência
gerencial.

41. (ESAF/CGU/2008) Existe uma forte clivagem entre formulação/decisão e


implementação, que faz com que a percepção da complexidade das políticas públicas
se restrinja ao ambiente/fase da formulação/decisão, enquanto a implementação é vista
como um conjunto de tarefas de baixa complexidade, acerca das quais as decisões
importantes já foram tomadas.

42. (CESPE/HFA/2004) Existe grande capacidade de focalização dos programas


sociais no público que mais necessita deles.

43. (CESPE/ANA/2006) Com relação à estrutura da administração pública, é correto


afirmar que descentralização administrativa é sinônimo de descentralização política.

44. (CESPE/TRE-MA/2005) A descentralização pode ser territorial ou geográfica,


quando se estende a descentralização da União aos estados-membros e destes aos
municípios, ou institucional, quando há transferência do serviço ou da sua execução da
entidade estatal para suas autarquias e fundações.

45. (CESPE/ANA/2006) A descentralização administrativa por serviços, após as


reformas do Estado na década de 1990, vem paulatinamente sendo substituída pela
descentralização por colaboração, que compreende o processo de
concessão/permissão/terceirização de serviços públicos.

46. (CESPE/STF/2008) A escolha pela subvenção a uma instituição privada para a


prestação de um serviço público de saúde representa forma de desconcentração do
serviço público.

47. (CESPE/TRE-MA/2005) A descentralização é efetivada por meio de outorga


quando o Estado transfere, por contrato ou ato unilateral, unicamente a execução de
um serviço para que o ente o preste ao público em seu nome e por sua conta e risco.

48. (CESPE/TREMA/2005) Com a Constituição de 1988, ocorreu a descentralização


de recursos orçamentários e da execução dos serviços públicos para estados e
municípios.

49. (CESPE/MDS/2006) A descentralização é entendida como um processo de


redistribuição de poder, ou seja, de recursos humanos, físicos e financeiros, com a
www.pontodosconcursos.com.br 76
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

respectiva garantia dos meios para exercê-lo. Porém, isso não implica a
descentralização do poder de decisão.

50. (ESAF/CGU/2008) Apesar dos esforços de descentralização política, ainda é


reduzida a autonomia das agências implementadoras e, em termos gerais, é frágil a
capacidade de gestão de políticas públicas nos níveis subnacionais de governo.

51. (CESPE/MDS/2006) As instituições e órgãos do governo são os grandes


responsáveis pela elaboração de políticas públicas, pois é nelas que acontece o
processo decisório, e são elas os principais agentes responsáveis pela implementação
e, geralmente, pela avaliação dos resultados.

52. (CESPE/FUNCAP/2004) Além da natural presença do Estado, em uma política


pública, há também a presença da sociedade que ganha representatividade, poder de
decisão e condições de exercer o controle sobre a sua própria reprodução e sobre as
ações do governo e do mercado.

53. (MINHA AUTORIA) A noção de accountability societal configura-se como um


mecanismo de controle não eleitoral, que utiliza ferramentas institucionais e não
institucionais e que se baseia na ação de movimentos da sociedade civil, objetivando
trazer novas questões para a agenda pública ou influenciar decisões políticas a serem
implementadas pelos órgãos públicos.

54. (CESPE/MDS/2006) No debate teórico sobre as formas de participação, vem


ganhando visibilidade o empowerment, segundo o qual a tomada de poder não
constitui objeto de preocupação e sim o incremento do capital social, entendido como a
combinação de atitudes de confiança com condutas de reciprocidade e cooperação.

55. (ESAF/CGU/2008) Atores são exclusivamente aqueles que têm algum tipo de
interesse em jogo em uma política pública e variam conforme a sua inserção
institucional, os seus recursos de poder e suas expectativas quanto aos efeitos das
decisões sobre tais interesses.

56. (CESPE/IEMA/2007) Para se alcançar a justiça, é preciso superar o conceito de


igualdade e aplicar o conceito de eqüidade.

57. (CESPE/SESACRE/2006) O conceito de eqüidade é considerado rígido e


imutável, por estar vinculado a uma noção de justiça universal que deve ser realizada
em todas as sociedades e em qualquer momento histórico.

www.pontodosconcursos.com.br 77
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

58. (CESPE/SAD-PCPA/2006) Políticas de ação afirmativa não mantêm qualquer


relação com as políticas de eqüidade social.

59. (CESPE/SEFAZ/2002) A eqüidade horizontal exige que seja dado desigual


tratamento para desiguais, o que, em geral, significa que os cidadãos com maior renda
devem pagar mais impostos que os cidadãos de menor renda.

60. (CESPE/DESO/2003) Programa é o documento que sistematiza e estabelece o


traçado prévio da operação de um conjunto de ações.

61. (CESPE/DESO/2003) Projeto é o documento que detalha, por setor, a política, as


diretrizes, as metas e as medidas instrumentais.

62. (CESPE/BOAVISTA/2004) Os programas são as partes menores dos projetos,


devendo ser acompanhados pelos orçamentos das atividades a serem realizadas.

63. (CESPE/CHESF/2002) O programa delineia as decisões de caráter geral do


sistema, suas grandes linhas políticas, suas estratégias e suas diretrizes e determina
as responsabilidades.

64. (CESPE/CHESF/2002) O plano é um desdobramento do programa: os objetivos


setoriais de um programa irão constituir os objetivos gerais dos planos.

65. (CESPE/CHESF/2002) Um elemento básico do programa é a formulação de


objetivos gerais e específicos em seu nível, explicitando sua coerência com políticas,
diretrizes e objetivos da organização.

66. (CESPE/CHESF/2002) O projeto sistematiza e estabelece o traçado prévio da


operação de um conjunto de ações. É a unidade elementar do processo sistemático de
racionalização de decisões.

67. (CESPE/CHESF/2002) O projeto é o instrumental mais próximo da execução,


devendo detalhar as atividades a serem desenvolvidas, estabelecer prazos, especificar
recursos humanos e materiais e estruturar receitas e custos.

68. (ESAF/CGU/2008) Os objetivos são declarações de intenção quanto a cenários


futuros, que sintetizam hipóteses acerca das relações entre os meios e fins de uma
intervenção.

www.pontodosconcursos.com.br 78
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

69. (ESAF/CGU/2008) As metas são compromissos expressos em termos de


quantidade, objeto e prazo, devendo ser realistas, precisas e mensuráveis.

70. (CESPE/TCU/2007) Deve-se utilizar indicadores de desempenho na busca de


maior objetividade do processo de gestão de desempenho. Indicador é uma relação
matemática que mede, numericamente, atributos de um processo ou de seus
resultados, com o objetivo de comparar essa medida com metas numéricas
preestabelecidas.

71. (CESPE/SGA-AC/2006) Viabilidade política e viabilidade organizacional não são


variáveis relevantes para um processo de planejamento.

72. (CESPE/ANVISA/2004) Segundo Carlos Matus, o método PES (Planejamento


Estratégico Situacional) qualifica a gestão do governo segundo os resultados e as
condições fora do controle do ator nas quais os resultados são alcançados.

73. (CESPE/FHCGV/2005) O Planejamento Estratégico Situacional (PES) aponta a


necessidade de ampliar a participação de outros atores na elaboração do
planejamento. Ele caracteriza-se como método bastante flexível de planejamento,
trabalhando o conflito e a cooperação entre os atores envolvidos e considera
habilidades pessoais como criatividade, sensibilidade e experiência na construção do
planejamento, estabelecendo que, para cada problema constatado, pode ser
apresentada mais de uma estratégia de solução.

74. (CESPE/PMVNS/2007) Na elaboração de um projeto com base no método ZOOP


(planejamento de projeto orientado por objetivos), o assistente social deve,
sistematicamente, listar com os dirigentes da instituição todos os aspectos e fatores
que fazem parte da situação-problema, em vez de identificar os principais problemas
existentes e analisar suas relações causais juntamente com os demais envolvidos.

75. (CESPE/PMVNS/2007) A análise de envolvimento, na elaboração de projetos


sociais sob coordenação de um assistente social, deve identificar os grupos, as
instituições, as autoridades, entre outros, que de alguma maneira estão ligados ao
projeto, caracterizar, analisar cada um dos agentes identificados, suas possíveis
contribuições e entraves ao projeto.

76. (ESAF/CGU/2008) A construção de uma árvore de problemas baseia-se na


concertação entre interesses distintos, com o objetivo de estabelecer uma
inteligibilidade compartilhada quanto a uma situação real.

www.pontodosconcursos.com.br 79
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

77. (ESAF/CGU/2008) Numa árvore de objetivos, a identificação dos meios delimita


as possíveis alternativas de intervenção, que devem ser selecionadas com base em
critérios claros.

78. (ESAF/ANEEL/2004) Árvore de decisão e análise do campo de forças são


técnicas de análise de alternativas de solução.

79. (CESPE/IPAJM/2006) O emprego do método Marco Lógico em projetos sociais


tende a levar os gestores a definir com maior clareza os objetivos e parâmetros
necessários ao monitoramento e à avaliação de seus projetos

80. (CESPE/PMVNS/2007) Pressupostos ou condicionantes são fatores internos


importantes para o alcance dos objetivos estabelecidos, cujo controle é de
responsabilidade dos gerentes do projeto, e sua identificação representa um desafio
para a equipe de planejamento.

81. (CESPE/IPAJM/2006) A avaliação do alcance da responsabilidade dos gestores


quando se verifica insucesso de projetos sociais é um dos problemas para o qual o
Marco Lógico não oferece resposta.

82. (CESPE/IPAJM/2006) O grande poder da avaliação de projetos reside no seu uso


como instrumento de gestão, o que pode contribuir para o aperfeiçoamento dos
métodos empregados para aumentar a eficiência das ações e diminuir seu custo.

83. (CESPE/UEPA/2007) O compromisso principal da avaliação de programas está


em gerar conhecimento, testes de teorias, estabelecer verdades ou generalizações no
tempo e no espaço.

84. (CESPE/UEPA/2007) A avaliação instrumental tem sempre a função educativa e


nenhuma decisão ou ação é esperada a partir de suas descobertas.

85. (CESPE/TJDFT/2007) Avaliações ex-ante, como o nome diz, são as que


antecedem a implementação de uma política. Freqüentemente fazem parte de
diagnósticos que podem ou não dar origem, na seqüência, a políticas públicas.

86. (CESPE/TJDFT/2007) Avaliações ex-post são fundamentais para a introdução da


correção de rumos no decorrer do processo de implementação de políticas públicas.
Elas ajudam a fazer a coisa certa e são feitas, por assim dizer, em tempo real.

www.pontodosconcursos.com.br 80
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

87. (CESPE/DESO/2003) Atualmente, não existe consenso entre os avaliadores de


programas e projetos sociais a respeito do método (qualitativo ou quantitativo) a ser
adotado no processo de avaliação.

88. (CESPE/HCGV/2004) O processo avaliativo deve restringir-se à aferição do grau


de eficiência, eficácia e efetividade de um programa ou projeto social, evitando o
envolvimento dos sujeitos (dimensão subjetiva), o que, certamente, compromete os
resultados.

89. (CESPE/DPF/2004) Na avaliação de políticas e programas sociais, a partir da


década passada, procurou-se superar o uso de métodos econométricos, originários de
estudos econômicos.

90. (CESPE/DPF/2004) A avaliação de políticas e programas sociais preocupa-se


com modelos alternativos que superem o uso de enfoques puramente quantitativos,
baseados na mensuração de objetivos previamente definidos. Essa avaliação não
considera a complexidade da questão social.

91. (CESPE/HCGV/2004) A avaliação da eficiência está relacionada com o alcance


social das metas propostas por uma política ou programa, referindo-se, portanto, à
adequação dos meios utilizados para atingir as metas.

92. (CESPE/HCGV/2004) A avaliação da eficácia visa aferir os custos e recursos


empregados em uma política ou programa e os resultados alcançados.

93. (CESPE/HCGV/2004) A efetividade estabelece o impacto da ação sobre a


população-alvo após a execução do programa, sob o ponto de vista objetivo, avaliando a
mudança quantitativa, e sob o ponto de vista subjetivo, as mudanças
comportamentais nas crenças e valores da população-alvo.

94. (CESPE/PREF-BOA-VISTA/2004) Monitoramento é a avaliação centrada nas


mudanças quantitativas e qualitativas do programa, a qual tem como critério a
efetividade e como suposição a existência de relação entre variáveis.

95. (CESPE/PREF-BOA-VISTA/2004) A avaliação política é centrada no


desenvolvimento do programa, visando aferir-lhe a eficácia e efetuar correções durante a
implementação.

96. (CESPE/PREF-BOA-VISTA/2004) Avaliação de processo é a emissão de juízo de


valor em relação à política ou programa com base em critérios e princípios políticos que
fundamentam a concepção de bem-estar humano.
www.pontodosconcursos.com.br 81
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

97. (CESPE/PREF-BOA-VISTA/2004) Avaliação de impactos é uma atividade


contínua e gerencial que visa aferir o controle de entrega de insumos, conforme as
metas e o calendário, tendo em vista a garantia da eficiência do programa.

98. (CESPE/DESO/2003) O monitoramento, no qual ainda se empenha pequena


parcela dos investidores sociais privados brasileiros, é a supervisão direta e detalhada
do programa ou projeto desde a sua elaboração, implementação, execução e obtenção
de resultados.

99. (CESPE/ANA/2006) A avaliação de processo compreende, além do


monitoramento das atividades, a análise dos benefícios proporcionados à comunidade
em questão, cuja referência são os indicadores elaborados com precisão, por
expressar quantitativamente os efeitos e impactos sobre o bem-estar dos agricultores.

100. (CESPE/ANVISA/2004) A avaliação de processos visa apurar a eficiência e a


eficácia das ações da organização, do programa ou da política avaliada, enquanto a
avaliação de impacto tem como foco a avaliação da efetividade da ação.

101. (CESPE/ANVISA/2004) A avaliação formativa é realizada com o intuito de gerar


feedback para a melhoria do programa, da política ou de qualquer outro objeto a ser
avaliado, tendo, portanto, natureza de avaliação de processo, enquanto a avaliação
somativa visa julgar o mérito do programa, tendo natureza de avaliação de impacto.

102. (ESAF/CGU/2008) Em relação a Análise Custo-Benefício (ACB), a relação entre


custos e produtos proporciona elementos para analisar a eficiência operacional, mas
não informa sobre a eficácia do projeto em relação ao público-alvo escolhido.

103. (ESAF/CGU/2008) Na avaliação social, a Análise Custo-Benefício utiliza


suposições da taxa de desconto diferentes das que são aplicadas na avaliação privada,
porque deve incluir os impactos distributivos, os efeitos intangíveis e até o valor da vida
humana.

104. (ESAF/CGU/2008) A Análise Custo-Benefício permite averiguar se os projetos são


ou não rentáveis, comparando os fluxos atualizados de benefícios e os custos previstos
em sua implementação.

105. (ESAF/CGU/2008) A diferença mais importante entre a avaliação privada e a


avaliação social é que na primeira a Análise Custo-Benefício utiliza como referência o
preço de mercado, enquanto que na avaliação social são utilizados preços sombra, de
eficiência, ou seja, preços sociais.

www.pontodosconcursos.com.br 82
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

106. (CESPE/ANVISA/2004) Contrariamente às decisões realizadas no âmbito dos


mercados privados, a análise de custo-benefício social aplica-se quando os mercados
privados não são capazes de apreçar a totalidade dos benefícios e custos associados a
determinados programas públicos, incluindo-se aí, os tratamentos médicos realizados
no sistema de saúde pública.

107. (ESAF/CGU/2008) A taxa de desconto utilizada na Análise Custo-Benefício tem


por objetivo traduzir a um valor presente os custos e benefícios que resultarão do
projeto no futuro e é fixada sobre a base do custo de oportunidade do capital.

108. (CESPE/ANVISA/2004) O custo de oportunidade da adoção de uma alternativa


terapêutica, que maximize os anos de vida da população afetada por uma determinada
doença, por gerar aumentos significativos do orçamento de um sistema de saúde, é
dado pela redução exigida de recursos necessários para o tratamento de outras
enfermidades que teriam, por exemplo, um impacto populacional maior.

109. (MINHA AUTORIA) A Análise Custo-Efetividade (ACE) avalia as alternativas de


decisão tornando comparáveis todos os efeitos em termos de uma unidade de produto
não monetária e comparando o impacto das alternativas. A ACE permite comparar o
grau de eficiência relativa que têm projetos diferentes, mesmo que os projetos tenham
objetivos diferentes.

110. (CESPE/ANVISA/2004) As análises de custo-efetividade têm por objetivo


identificar a opção terapêutica que consegue obter o melhor resultado clínico por
unidade monetária aplicada. Uma melhor compreensão de seus objetivos pode ser
alcançada quando se define rendimento de um processo, que corresponde à razão
entre a quantidade de matéria-prima utilizada e a quantidade de produto final obtido.

GABARITO

01 - C 07 - E 13 - C 19 - E 25 - E 31 - E
02 - C 08 - E 14 - E 20 - C 26 - C 32 - C
03 - C 09 - E 15 - E 21 - C 27 - C 33 - E
04 - E 10 - C 16 - E 22 - E 28 - C 34 - E
05 - C 11 - E 17 - E 23 - E 29 - E 35 - E
06 - C 12 - E 18 - C 24 - C 30 - C 36 - C

www.pontodosconcursos.com.br 83
CURSO ON-LINE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM EXERCÍCIOS
P/TCU

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

37 - E 50 - C 63 - E 76 - E 89 - C 102 - C
38 - C 51 - C 64 - E 77 - C 90 - C 103 - E
39 - C 52 - C 65 - C 78 - C 91 - E 104 - C
40 - E 53 - C 66 - C 79 - C 92 - E 105 - C
41 - C 54 - C 67 - C 80 - E 93 - C 106 - C
42 - E 55 - C 68 - C 81 - E 94 - E 107 - C
43 - E 56 - C 69 - C 82 - C 95 - E 108 - C
44 - C 57 - E 70 - C 83 - E 96 - E 109 - E
45 - C 58 - E 71 - E 84 - E 97 - E 110 - C
46 - E 59 - E 72 - C 85 - C 98 - C
47 - C 60 - E 73 - C 86 - E 99 - E
48 - C 61 - E 74 - E 87 - E 100 - C
49 - E 62 - E 75 - C 88 - E 101 - C

www.pontodosconcursos.com.br 84

Das könnte Ihnen auch gefallen