Sie sind auf Seite 1von 15

A História Social Inglesa

O conceito de classe social


Uma sociedade é sempre dividida em camadas sociais e um dos termos mais frequentes para descrever
isto é o conceito de classe social. A classe social vem tradicionalmente das camadas socioeconômicas,
isto é, dividindo a sociedade segundo renda e propriedade de capital. Fazer uma análise de classe
social numa sociedade é uma forma de visualizar as estruturas de poder que realmente existem, e não
como às vezes parece: dividir as pessoas entre melhores ou piores.
O conceito de classe que mais frequentemente aparece nas discussões é o conceito marxista, baseado
em duas classes sociais em permanente conflito; a classe proprietária e a classe operária. Essa
definição de classe social se baseia num grupo na sociedade que é dono da maior parte do capital (ou
meios de produção) e a classe operária que apenas é dono da sua mão de obra. Os dois grupos vivem
em conflito contínuo porque a classe proprietária quer lucrar o máximo possível em cima da classe
operária.
O surgimento do termo História Social é complexo e cheios de dúvidas pois nos próprios textos existe
uma grande dificuldade na definição deste termo, que tem, no mínimo, três interpretações:
1) História das classes pobres e inferiores, especificamente, seus movimentos (revoltas);
2) A referência a trabalhos sobre uma diversidade de atividades humanas de difícil classificação,
exceto em alguns termos como “uso, costumes, cultura”;
3) Empregado em combinação com história econômica. Com a “metade” econômica sendo
preponderante.

O termo história social sempre foi difícil de definir. Essa talvez tenha sido a primeira grande
dificuldade encontrada por Eric Hobsbawm, a definição do termo que abrangesse as vertentes da
História: Como história das classes, dos oprimidos e pobres, dos trabalhadores, dos de baixo. Outra
dificuldade que podemos apontar, diz respeito ao conflito filosófico e ideológico, e como a partir das
discussões pertinentes ao método, apontar um norte para análise da História social, levando em
consideração, e tirado como lição, alguns caminhos “mal” discernidos do que é a História, e utilizando
dessa como referência. Houve alguns caminhos percorridos pela própria historiografia, em que, por
exemplo, a História estivera resumida a história política ou a história da classe burguesa. Por exemplo,
na França do século XIX, houve um momento, de enaltecimento da história de classes, porém, essa
vertente da historiografia era história produzida por uma classe e essa classe era a burguesia. Tudo
isso, aos auspícios de uma definição política e jurídica, dessa forma institucionalizada.
Na construção da história das sociedades, encontraremos alguns momentos que são pertinentes a
entendermos o processo de como a História social ganha corpo, como ela “amadurece” e consegue
chegar aos que não tinham vozes. Em primeiro lugar, a História social chegou a ser entendida como a
história dos movimentos sociais, pois houvera um forte vínculo do movimento (politico) socialista,
diversos historiadores foram dragados a entenderem dessa forma. A política, em outro momento, foi
carta fora do baralho. Deixada de fora, ou pelo menos, à margem da discussão central. Essa é uma
concepção metodológica em fortes discussões e ainda percorre os corredores da historiografia.
A História Social Inglesa surge na contribuição de historiadores marxistas engajados na atividade
política, mesmo numa Inglaterra de forte tradição liberal; Historiadores estes que eram ligados ao
Partido Comunista Inglês o (PCI), e que tiveram forte atuação ao levantar a bandeira do pensamento
contrário ao reacionarismo da historiografia tradicional, sem dúvida, o que combatiam era uma história
Positivista (Proposito transformar a história em uma ciência) ou, pior do que está, uma história
empirista;( conhecimento estava baseado nas chamadas Ciências Experimentais, tal como botânica,
química, astronomia e mecânica).
Assim, depois da II Guerra Mundial, este mesmo grupo de intelectuais ligados ao PCI exercia papel
fundamental no rompimento com a história tradicional: Eric Hobsbawm, George Rudé, Rodney Hilton,
Edward Thompson e Dorothy, Maurice Dobb, Christopher Hill, Raphael Samuel, Raymond Williams
entre muitos outros, a maioria deles ligados às Universidades. Esse grupo deu origem aos marxistas
humanistas (MUNHOZ, 1993, p.154-155).
As denúncias dos crimes cometidos por Stálin em 1956, levariam muitos destes pensadores a
romperem com o PCI e isto fortaleceria a “corrente”, sobretudo nos intensos debates ocorridos na
revista New Reasoner que depois se fundiria com outra revista de esquerda, a Universidade and Left
Review para se tornar uma das mais famosas revistas de esquerda em língua inglesa, a New Left
Review (NLR)”, Pouco tempo depois, no ano de 1963, Thompson publicou The Making of the English
Working Class, que efetivamente consagrou-o como um grande historiador. A crítica a seu livro
afastou-o da New Left Review que ele mesmo ajudara a criar (MÜLLER, MUNHOZ, 2010, p. 33-34).
Não podemos esquecer as intensas discursões ocorridas após a entrada de um novo grupo de
intelectuais na direção da Revista tendo Perry Anderson como editor, com discursões acerca das obras
de Sartre, Gramsci, Mandel e Althusser;
Enfim, mesmo em meio a uma trajetória atribulada, esses grupos de historiadores se voltaram a uma
concepção comum de história: a manutenção da tradição teórica neste campo nos marcos do
materialismo e com um leque de preocupações no campo do comum.
Deve-se ainda às transformações técnicas e às lutas pelo mundo no processo de descolonização o
surgimento de perguntas e conceitos essencialmente históricos que cativaram disciplinas imunes e até
mesmo hostis, até então, à História como a Antropologia Social não pode ser uma especialização, pois
os aspectos sociais da essência do homem não podem ser separados de outros aspectos de seu ser;
A História Social deve ser, acima de tudo, transdisciplinar; ou seja várias matérias em um mesmo
conjunto.
E a História do Trabalho?

A classe operária inglesa


A classe operária inglesa é a mais antiga do mundo. Foi ela que serviu de base empírica para os
estudos de Marx a respeito da sociedade capitalista. Muitos textos clássicos sobre a história social da
Inglaterra foram produzidos dentro dessa linha de pensamento, resultando em importantes reflexões
acerca das características da classe operária e de seu impacto sobre a ordem social dos séculos XIX e
XX.
A literatura contemporânea, porém, tem acusado as ciências sociais na Inglaterra de obsessão pelo
tema das classes. Em sua defesa, pode-se contrapor que a sociedade inglesa sempre foi profundamente
marcada por desigualdades, preconceitos e critérios de classe. Na década de 50, a rede ferroviária
britânica vendia bilhetes de primeira, segunda e terceira classe e um outro tipo de poltrona chamado de
"bilhete de operário". Na linha da retórica atualmente em vigor sobre a sociedade sem classes, um
membro do gabinete britânico sugeriu que se pedisse às companhias ferroviárias para providenciarem
um serviço de primeira classe para executivos e que, paralelamente, pensassem em algum tipo de
atendimento ao pessoal de escritório, um serviço descrito como "barato e agradável". Nos últimos
tempos, executivos de empresas transnacionais sediadas na Alemanha, no Japão e nos Estados Unidos
têm criticado os padrões ritualizados de separação entre as pessoas vigentes nas companhias inglesas:
banheiros, cantinas e restaurantes segregados, áreas de estacionamento privativas etc:
Levando em conta esses fatos, torna-se viável pensar a sociedade inglesa nos moldes da "Longa
Revolução" (Long Revolution). que Raymond Williams descreveu de modo tão eloqüente - um
processo em que os padrões industriais e tecnológicos mudam, mas os valores e as crenças
permanecem e até se desenvolvem em virtude da continuidade de práticas culturais e formas
institucionais de vida adaptadas às novas condições. Dentro desse raciocínio, a classe operária inglesa
não teria se "formado" em 1832; conforme uma certa leitura de Edward Thompson poderia levar a
crer; na realidade, ela teria passado, e continuaria passando, por um processo de permanente fazer-se e
refazer-se, tomando como referência, a cada momento, as instituições e valores já estabelecidos.
Encontrar uma definição de classe social não é tarefa nada fácil, ainda mais quando o tema não gera
uma definição consensual entre estudiosos das mais diferentes tradições políticas e intelectuais. Porém,
uma coisa é certa! Todos estão de acordo com o fato de as classes sociais serem grupos amplos, em
que a exploração econômica, opressão política e dominação cultural resultam da desigualdade
econômica, do privilégio político e da discriminação cultural, respectivamente.

Como uma das principais preocupações da História Social mantém suas premissas básicas:
• Dialoga com múltiplos campos do conhecimento tendo a transdisciplinaridade como algo
essencial para aprofundar as diversas perspectivas de como o trabalho molda e influencia a condição
humana e a organização social;
• Objetivo: explorar os estudos também comparativos buscando perceber como a vida dos
indivíduos é influenciada por questões políticas, econômicas, culturais, sociais e de gênero;
• Sobretudo, confirmar com a perspectiva de uma história global.

Algumas indicações teórico-metodológicas para o estudo dos trabalhadores:

• A história dos trabalhadores não se desenvolvem num vácuo histórico desligado do processo de
desenvolvimento socioeconomico e politico, mas dentro de um processo amplo de desenvolvimento
capitalista;
• Visa estudar a formação e a evolução das classes trabalhadoras bem como a relação entre a
situação em que tais classes se encontram na sociedade, a “consciência” dos modos de vida e os
movimentos que elas geraram;
• A història de qualquer classe não pode ser escrita se a isolarmos de outras classe, dos Estados,
instituições e ideias que fornecem sua estrutura, de sua herança histórica e, obviamente, das
transfomações da economia.
Alguns problemas entre a História do movimnto operário e sua relçao com a ideologia:
§ A maior parte dos historiadores da classe operária se originou de dentro ou de áreas próximas
do movimento, sendo, em muitos casos, ao mesmo tempo, academicos e de esquerda;
§ Assim, situam-se num ponto de encontro entre os estudos acadêmicos e a política, entre
compromissos de ordem prática e compreensão teórica, entre interpretar o mundo e transformá-lo;
§ É certamente um campo de estudos que cresceu bastante e tem, cada vez mais, um caráter
acadêmico acentuado, ampliando suas perspectivas em uma importância que ninguém maias parecia
conceder a eles.
§ Os estudos acadêmicos tem se preocupado com as bases tanto quanto com os sindicalizados,
oslideres, com o trabalhador conservador tanto quanto com o radical ou revolucionario, mais com a
classe do que com o movemento ou com o partido;
§ Porém, é preciso sempre atentar que mergulhar no passado em busca de exemplos inspiradores
deluta é escrever a história ecleticamente e às avessas;
§ É importante recuperar o que pudermos sobre o modo como os trabalhadores viviam, agiam e
pensavam e, na medida em que se fortalece a história oral há uma importante ampliação de nossa
perspectiva;
§ Recuperar um passado esquecido, memóravel ou inspirador é perfeito para um historiador, ma
há uma diferença entre história e material inspirador ou de propaganda, embora a história de qualidade
possa ser ambos;

Três importantes considerações acerca da histórica do movimento operário:

• A história operária é parte da história da sociedade e, portanto, não pode ser abordada
isoladamente;
• A história operária é multifacetada, isto é, embora formem um todo, não podemos abstrair os
sentidos dados pelo passado, como perceber que mudam ao longo do tempo de maneiras especificas,
nem aplicar excessivos reducionismos;
• Alguns aspectos são quantificáveis e outros não, pelo menos em termos comparativos.

A história operária se preocupa tanto em mudar o mundo quanto em interpretá-lo:


- A interpretação deve ser objetivamente válida, quer nos seja conveniente ou não;
- Devemos saber exatamente o que queremos dizer com transformar o mundo, para não muda-los (ou
tentar) de forma nociva, porque as teorias estavam erradas ou por defeitos das teorias inadequadas;
- Há uma relação direta entre teorias acadêmicas e intenções políticas;
- Não podemos esquecer que nossos objetos de pesquisa são pessoas, homens e mulheres trabalhadores
reais.

A análise social encontrava-se “atrelada” teoricamente ao econômico. Karl Marx possibilitou por meio
de seu método de análise, aonde, para ele, a base analítica da evolução das sociedades deve-se ao
processo de produção social.
A sociologia Marxista gira em torno de dois conceitos: a infraestrutura composta pelos meios materiais
de produção (meios de produção e força de trabalho), e a superestrutura que compreende as esferas
políticas, jurídicas e religiosas, ou seja, as instituições responsáveis pela produção ideológica
(formação das ideias e conceitos) da sociedade. Segundo a sociologia Marxista, a superestrutura é
determinada pela a infraestrutura, ou seja, a maneira na qual a economia de uma sociedade é
organizada irá influenciar nas ideologias presentes na sociedade.
Houve também a superação da clássica abordagem rankeana que enaltecia o fato, ou seja, o que
importava era o que aconteceu, era a história no singular. Até a época de Ranke, a história era vista
como relatos em crônicas, voltados a falar sobre grandes batalhas ou sobre os soberanos, em alguns
aspectos chegavam até mesmo serem romanceadas.
Nos anos 1950 a produção da história social não havia galgado uma consistência (vale salientar, que a
história social está em construção plena, assim como o objeto de análise, a sociedade). Ela nada é
senão o estudo da sociedade no tempo.
O que não se pode negligenciar é a contribuição das demais ciências, em parceria com a História, é o
caso, por exemplo, da Antropologia que doravante, provocara nessa aproximação, um início ao outro
problema, o de demarcar a fronteira entre uma e outra ciência. Fernando Braudel foi um dos
precursores dessa ação de delimitação entre História e a Antropologia. Com seu conceito de “história
da longa duração” (estrutural e o evento) A Sociologia/Antropologia social retirou de seu seio central,
a História. Porém, isso leva-nos a outra problematização, a quê por mais que essa ciência
(Antropologia) se esforce, e venha nos mostrar o desenvolvimento da humanidade e as especificidades
encontradas dentro delas, ou seja, (como são e o que são), ficaram em déficit ao tentarem responder as
perguntas, do tipo como o processo da humanidade foi construído? Ou, por que ele muda?
Eric Hobsbawm, na construção dos pressupostos teóricos e metodológicos da história social,
contribuiu apontando problemas e, ao mesmo tempo, dando luz a alguns. Por exemplo, para ele, a
história social, não deve ser tratada “solta” como uma especialização da História, como sendo: a
política, cultural, econômica. Até onde começa, e ou, termina tais definições? Onde fica exatamente a
fronteira que divide essas perspectivas? Segundo E.H o historiador que negligencia uma em detrimento
da outra está sem rumo.
Nesse sentido, já é notório o quanto os historiadores tiveram que remar rio abaixo. E na medida em
que ela ia amadurecendo suas ferramentas de análise, ia encontrando onde estava a gama propulsora da
análise, os sujeitos, os indivíduos, as “gentes”. E eles até se sentem sendo observados, como um corpo
em análise. Lutam para se legitimarem como aquilo que também são “peças de um quebra-cabeça
social”. Mas, não galgam um assento na memória de Clio, que até os enxergou, mas, “não os via”, e
nem tão pouco os analisava como unidades heterogêneas. O caminho estava sendo traçado, desviando
de pedras ponta agudas, reformulando e amadurecendo acepções até então inquestionáveis.
Outro ponto que deve ser analisado é, como escrever a história dessas sociedades? Quem são essas
pessoas? Não somos, apenas, seres biológicos dotados de “inteligência”. Somos seres sociais, também.
E isso ocorre quando há à superação das carências (beber, comer, vestir-se) pelas necessidades (como
armazenar a comida por longos períodos, por exemplo). E essas necessidades são criadas a todo o
momento por nós, homens. Alhures (Outro lugar), também não vivemos isolados, pois “nenhum
homem é uma ilha na sua totalidade”, nos misturamos entre nós, buscamos nos identificar. Como?
Manifestando-se culturalmente, por exemplo. Como não lembrar da história social do Jazz de E.H.
aonde homens e mulheres trabalhadores, assalariados, camponeses todos reunidos após o expediente,
cansados fisicamente, e sobrevivendo em um estado injusto, mas lá estão nos guetos estadunidenses,
gozando de estarem se divertindo, interagindo entre si. Em sua maioria negros, faziam a magia da
música (o jazz) romper as mais consistentes barreiras, que estratificam as “unidades de um todo”.
Fazia calar qualquer teoria de inferioridade humana, Von Martius não saberia o que dizer. Essas
pessoas são agentes sociais ativos! Como os sapateiros politizados, observados por Hobsbawm.
Agindo feito formiguinhas, interpretando e explanando suas ideias, ali mesmo, no ato do conserto do
sapato. Nesse momento poderia entrar um“homem” e sair um revolucionário. É nessa perspectiva que
a história social, constrói-se, e que teve como um dos seus percussores E. P. Thompson. Este
professor, militante do partido Comunista, presava pela inserção educacional das pessoas humildes,
que ele chamava de “gente comum”. Thompson diferia dos seus pares, justamente por abarcar em sua
analise os menos ouvidos e vistos na historiografia dominante e deturpada. Os operários ingleses. Foi
uma inovação, a história vista de baixo começa a ganhar forma. Foi brotando como uma história dos
sindicatos, dos operários. Tudo isso em detrimento de uma historiografia apossada pela classe
dominante. Esta colocava seus interesses em detrimento da massa populacional. Essa minoria que se
julga assentar no “panteão social” também estava envolvida pelo fenômeno da música popular
estadunidense do começo do século XX; estão em suas casas, ouvindo o Jazz, em suas salas luxuosas,
escutavam a magia musical oriundas dos guetos.
Sempre é um risco cair em anacronismo, mas é difícil ( ao meu ver) não estabelecermos uma analogia
entre o Jazz e o Hip-Hop, pois, tendo os dois estilos musicais brotados dos guetos estadunidenses,
construídos por uma camada em sua maioria de negros, pobres e trabalhadores, e que compadeceram
de um fator comum, a indústria cultural - o pop. Com uma indústria milionária, o Hip-Hop (pop) é
assistido por ricos, e esses adotam até mesmo o vestuário do estilo de origem da camada oprimida, soa
ser uma situação bem irônica. Nessa camada de ricos, privilegiados na estrutura social, podemos
verificar que, sua origem é histórica, e os seus “privilégios” também. São oriundos de um processo
meticuloso de apropriação dos meios de produção, da terra, e do excedente produzido por
trabalhadores e camponeses. Dessa forma, muito se pôde entender, sobre esse processo histórico. Ao
nos perguntarmos como e onde tudo isso começou, e, quem ou o que os “colocaram” nessa situação de
privilegio.
Mas, o caminho até chegar ao que se verificou como sendo a história “vista de baixo” é longo. As
modificações nos paradigmas teóricos e metodológicos contribuíram e muito. Mas quais foram essas
modificações? Primeiro, o declínio da hegemônica perspectiva política-religiosa; essa mudança na
historiografia abriu margem a dar acesso às indagações socioeconômicas. Segundo, a perspectiva que
norteava o mundo das ideias sai de cena, são colocadas em questão, e são superadas; ao se introduzir
um referencial materialista no lugar do idealista, formão um ambiente de ascensão da história
econômica-social. Outro momento na construção da historiográfica, foi as contribuições de Marx,
desempenhando um papel muito importante quando, ao indagar o paradigma Hegeliano do espirito do
povo, ou seja, “a mão invisível” que tudo pré-estabelecia (a natureza) detentora das casualidades, Marx
nos mostra que também somos natureza, ou seja, nos modificamos, e concomitantemente modificamo-
la. A perspectiva do materialismo histórico vai abrindo caminho para debater o livre arbítrio do
homem na natureza. Há também, ao qual verificaremos um conflito entre as “forças sociais” e os
“acontecimentos históricos”. Pra Von Ranke a história deve se ocupar do que aconteceu, o fato. Mas,
todo acontecimento é um fato? Então toda a História são a soma dos fatos? Em O que é História,
Edward Carr defende que a História constitui-se em um processo continuo de interação entre o
historiador e seus fatos, ele afirma ser um diálogo interminável entre o presente e o passado (CARR.
2002, pp 60). Dando continuidade à análise do caminho percorrido por Clio. É essencial apontar que
houve, dentro da historiografia, um “problema social”, e que esse problema foi fator determinante no
que se tinha como História.
A história dos grandes homens consagrou a criação do Estado moderno, era preciso enaltecer a história
nacional. Foi o momento da disciplinalização da História. Na França, o que predominou foi o embate
político, esse estava localizado sob o manto da hegemonia nacional. Era preciso criar a história das
nações, dos grandes feitos. Independência ou morte! Gritou-se no rio Ipiranga. Era a era da história dos
grandes feitos, dos vencedores. E o documento, assim como osmonumentos, e também os museus,
funcionaram como ferramentas do mecanismo de dominação de uma minoria. Foi no século XIX que o
método positivista de analise estava em seu apogeu.
O positivismo contribuiu para as modificações que fizeram suscitar a análise da história social, com o
método “emprestado” das ciências naturais na investigação social. Também é fruto da contribuição do
método positivista à introdução dos conceitos. No século XX, a corrente historiográfica marxista havia
sofrido distorções, que o levou ao um processo de renovação, e ou, autoafirmação. Fora desnecessário
se voltar às origens do capitalismo, só assim dar um novo sentido a análise econômica de Marx, e essa
só obterá sentido subsidiada pelo o estudo do desenvolvimento histórico. Após estabelecer todo esse
processo pelo qual a historiografia vinha passando, adentraremos nas querelas referentes ao
desenvolvimento da História social, essa ao qual E.H se propõe a definir.
Porém, e para tanto, é de suma importância voltar a citar um dos percussores, que contribuíram com a
formação, ainda que embrionárias dessa perspectiva de analise historiográfica. E. P. Thompson, este
teve influência muito forte de Marx e Morris, e foi um dos quais deu um norte a essa perspectiva. Com
a análise da classe operaria inglesa, ou seja, não é mais a história das classes, mas alhures, ainda não
está definida como uma história vista de baixo. O que podemos afirmar é que essa perspectiva vestia o
manto de uma análise do popular, das “gentes comuns” do operariado, dos sindicatos. A criação dessas
analise tanto incomodou os patrões, como eles souberam se abastecer com ela, quando se se chegou a
automatizar os mesmos, e esse fator, ao meu entender é crucial na interpretação do que ainda não deve
ser definido como uma história “vista de baixo”. Adentraremos mais profundamente acerca da
construção da perspectiva de Thompson de decorrer do ensaio. Por ora, há outro pontoa ser analisado
dentro do processo de construção da historiografia. O embate entre a sociologia e a história amarra a
questão pra outra discussão. Em 1946, na Inglaterra, reúnem-se estudantes em célula a montar grupos
de estudos. E.P. Thompson lança “a História vista de baixo”. Os estudantes são influenciados pelas
obras inovadoras de Morris, e é dentro da literatura inglesa que se começa a formar a ideia de cultura
popular. Estes estudantes sofrem influência política e historiográfica, do partido comunista soviético.
Digamos que estava apreendendo a caminhar, portanto, era preciso um apoio de conduta. Em 1956
durante a grande crise do Partido comunista, no seu encontro internacional, há um fato que serve de
divisor de águas, foi a dissidência da ala trotskista. Nesse momento, muito embora tenham tentado
abafar a comunicação com a unidade inglesa do partido, a bomba estoura. Momento esse que E.P.
Thompson sai do partido. Um quinto do partido sai. Porém, Eric Hobsbawm continua no partido e em
1988, lança “a história de baixo pra cima”. Ele acreditava que o combate teria que ser feito por dentro
do partido, seria uma luta de reciclagem, uma luta endógena.
Em “Os Sapateiros politizados” Eric Hobsbawm e Jean Scoth elabora a tese , de que, para ele todos os
integrantes de ofícios são militantes ativos na construção e modificação da teia social, sendo assim,
eles dão continuidade, em seu trabalho, e credenciam tanto os sapateiros como alguns outros ofícios,
como agentes políticos e “idealizadores do povo”. No que diz respeito aos sapateiros, oficio de grande
escala demográfica, não apenas politiza-a, mas cria um perfil de idealizadores porque gozavam
(alguns) do alfabetismo. Educação, propriamente dita, não tinha. Mas uma educação voltada aos
problemas de sua região, cidade ou bairro; eles sabiam, segundo E.H., discutir e expressar toda uma
gama de opiniões. A reputação de filósofo e político popular está localizada nos primórdios, anterior à
época do capitalismo industrial. Esse oficio ilustrava, e muito bem, um sentimento de liberdade e luta
por ele. Em minha opinião, isso começa a partir do momento em que a logística do oficio o conduz à
independência, tendo em vista que o oficio de sapateiro não está diretamente ligado à lógica de
mercado centralizado, ou seja, ele era dono do seu próprio negócio.
Imaginemos, segundo a obra do Eric Hobsbawm, o ambiente das sapatarias. Estariam a todo o
momento recebendo clientes e esses traziam até ali informes que eram confrontados com as variáveis
opiniões, e esse jogo dialético fomentava e fundamentava uma dimensão social. Essa dimensão era
alimentada, também, pelos os aprendizes que entravam e saiam das oficinas. Também podem ser
apontados, nessa empreitada, os sapateiros que viajavam de canto a canto, depositando e recebendo
uma carga de conceitos e fundamentos políticos. Ou seja, não faltavam oportunidades de conversar e
sociabilizar-se. Hobsbawm esmiúça esse oficio a ponto de verificar que a decisão de tornarem-se
sapateiros brotava do laço parentesco, como também, do perfil físico. Os magrelos, que não estavam
“dispostos” a serem soldados, e nem condicionados ao trabalho campesino, estavam sujeitos a
tornarem-se sapateiros. No que diz respeito aos mecanismos de produção e divisão do trabalho
esboçavam um perfil primitivo. Existia separação entre fabricantes e remendões, isso é palpáveis a
partir da análise pela institucionalização de cada guilda. A guilda dos remendões, por mais que
tentassem se emancipar-se, estava assentavam, e era submetida a guilda dos fabricantes. A autonomia
dos sapateiros fora como já havia citado um recurso inerente a esse oficio, pois a possibilidade de
dependência econômica por parte de patrões em relação aos outros ofícios era exígua. O que vale
salientar, é o perfil do seu público, que segundo E.H. tinha muitos ricos, porém em suma maioria eram
pobres.
Com os olhos sempre nas ruas eles sabiam o que estava acontecendo, talvez, seja por isso que Eric
Hobsbawm , tenha visto nesse oficio uma oportunidade de saber , de observar a partir dos sapateiros,
ou seja, “ a vista dos debaixo” o mundo enxergado por eles. No que diz respeito a vida rural, segundo
E.H., eles detinham uma importância ainda maior, devido não somente a pouca orientação política dos
camponeses, como também filosófico. Há uma hierarquização entre os remendões e os fabricantes. E,
os remendões, assim, como os fabricantes defendiam um interesse comum. Esse interesse era algo da
consciência coletiva, de forma subjetiva. E essa consciência estava ancorada na vida real de forma
relacional. As afirmações acima são de atribuição ao historiador E.P. Thompson ele constrói uma
perspectiva mais sofisticada no que diz respeito ao conceito de classe.
Segundo Thompson, o conceito de classe é percebido através de sua consciência, aonde a experiência
gerara a consciência. A inovação decorre de uma análise mais esmiuçada e endógena, feita por ele em
A formação da classe operaria Inglesa. Vol I, nesta obra o autor elabora e contribui acerca do
entendimento do conceito, operando-o em uma dimensão subjetiva. Vale salientar que o seu estudo se
restringir a experiência inglesa de formação da classe operaria. Dois fatores são utilizados para ilustrar
a sua análise, a experiência e a consciência. Sendo a classe uma relação, e não uma coisa. “A
experiência de classe é determinada pela relação de produção em que os homens nasceram”. Sim, é
uma relação, e dar-se de forma auto construtiva. A classe não é uma coisa que podemos coloca-la em
uma mesa de cirurgia e examina-la, e muito menos em uma “tabua de peixe”. Em relação à
consciência de classe, esse fator, segundo o autor, surge da mesma forma em lugares e tempos
diferentes, porém, nunca irá ser da mesma forma. E é na tentativa de captar a natureza das indignações
generalizadas, que o autor vai tentar mostrar no segundo volume da obra, sob a formação da classe
operaria inglesa, Thompson traça, dessa vez, uma análise mais objetiva do que ele quer mostrar sob
seus estudos.
A história das vítimas do processo da revolução industrial, é engendrada a partir numa inserção ao
novo modelo socioeconômico, ao qual resumia a venda da mão de obra de um indivíduo a um salário
“médio”, e essa taxa a ser paga, esta inerente a compra dos artigos de consumo. Em outras palavras, se
imaginarmos por um movimento teleológico, talvez, conseguiremos perceber como no século XVIII na
Inglaterra, a classe operaria fazia-se para suprir as suas carências e se projetar diante de uma nova
realidade. É a partir da venda de sua mão de obra, que obtinham os recursos para a sua sobrevivência.
É a parte estrutural (objetiva) da análise de Thompson. Perceber os operários e suas famílias a partir de
sua dieta; da moradia; da taxa de natalidade; das doenças que se expandiam, por conta de problemas de
infraestrutura; do tratamento dado as crianças nesse momento “caótico”. Momento esse ao qual, ainda
não havia uma consciência em relação a exploração do trabalho infantil. Dessa forma era natural que
uma criança trabalha-se duro (desumanamente) para ajudar a renda da família. Uma pequena criança já
é um homem grande. O autor faz referência sob a revolução industrial, partindo desses pressupostos
culturais e sociais.
Thompson irá circunscrever a analise em relação à formação (ou auto formação) da classe operaria
inglesa de forma profunda e sofisticada.
No capítulo A economia moral da multidão inglesa do século XVIII, da obra Costumes em comum, o
autor dá um novo sentido aos motins da fome, na verdade ele não ver esses eventos como simples
tumultos. Thompson adentra a sua análise de forma a nos mostrar que houve um tempo em que as
pessoas faziam trocas em troca de um mesmo fator, a sobrevivência, porém, com a “chegada” e
implantação de um novo paradigma econômico, há uma nova plasticidade cultural, digamos, um novo
meio de sobrevivência. Uns estão preocupados em conter e contar seu excedente, enquanto boa parte
da população está limitada a apenas conquistar os meios de sua sobrevivência. E será parte dessa
parcela da população, no atrito dos mercados, que formara uma gama de consciência e reivindicações
aos quais tinham como alvo melhores preços, condições de adquirir produtos essencialmente vitalícios
e tradicionais, como os pãezinhos, por exemplo. Esse artigo fora expurgado da mesa das famílias
menos privilegiadas e ao mesmo tempo foi ganhando status de riqueza. Pão pra quem “tem”, e batata
aos pobres! Essa mesma lógica aconteceu com outros gêneros que devido a fatores econômicos
moldaram a dieta da família pobre, no caso da cerveja fora cogitada o chá. O interessante é que isso
não acontecia num expediente de seca, e ou, improdutividade nos campos, por exemplo. Claro que a
situação se agravaria, mas houve mesmo foi uma substituição de gêneros alimentício devido ao
paupérrimo poder de compra do operariado, criando assim um sentimento de repudio generalizado,
forçando as pessoas a irem a luta em busca de suas sobrevivências pressionando os mercadores,
hostilizando os intermediários, era a economia moral da multidão ganhando forma de luta, contra a
condição de ter que gastar mais da metade de seu orçamento semanal, apenas, com o pão.
Sobre supervisão, os mercados circunscreviam o modelo paternalista, esse impedindo, ainda, os
mercadores de obterem excedentes de mercadorias para vender futuramente a preços maiores, dessa
forma, obtendo o lucro. Quando ainda era forte, esse modelo protegia as pessoas mais pobres, que
eram salvas pelo o soar dos sinos indicando que podiam escolher, no mercado, suas mercadorias, e só
após um novo soar era que os mercadores avançavam pra compra. Fica claro é que uma nova estrutura
suscita na dimensão das relações comerciais entre fazendeiros donos dos grãos e os agora
consumidores. Fazendo uma analogia dos dois modelos econômicos poderíamos sintetiza-los da
seguinte maneira: no modelo de base paternalista o que estava em xeque eram as obrigações que
garantiriam a sobrevivência dos homens, no segundo modelo há um funcionamento auto regulador,
que massacrava a parte desprovida de recursos, limitando-a comer um gênero em detrimento do outro.
Os motins de fome se acentuavam a medida que a produção gerava excedentes, mais por outro lado os
preços não caiam.
Há fatores que provocam uma teia ao qual a população se enquadra criando assim uma economia
moral. Definir esses fatores é uma tarefa bem complexa. O se pode sondar é a teia, e ou, as estruturas
econômicas vigentes. O sistema paternalista era mais generalizado enquanto o outro criado por Adam
Smith é mais especifico. Em ambos, ou na meiose dos dois o sentimento de ódio da multidão cresce,
principalmente quando havia a exportação de mercadorias, e ao ver o seu pão sendo arrancado de suas
mãos e enviados a outros gerando a impaciência dos pobres e fúria desesperada. O consciente coletivo
da multidão, estava sendo pressionado a pressionar os responsáveis por mudanças que traziam a
miséria e fome. Moleiros, negociantes, intermediários, enfim quem detivesse mercadoria e ou estivesse
dentro da dimensão das relações comerciais deveria, antes de pensar em lucros lembrar uma ética que
não se deixava esquecer. Por outro lado os padeiros como estando na linha de frente em relação as
multidões famintas eram ora “pequenos heróis”, e ora pequenos burgueses, disfarçados, é claro e
omissos as suas responsabilidades dentro da lógica da multidão. Muitas vezes defendiam-se dos
ataques relatando que a culpa por preços tão altos vem desde do início do ciclo comercial.
As ações populares, insurreições foram aumentando de forma disciplinada e em grande escala.
Sincronizadas e seguindo o modelo de produção, iam pressionar os fazendeiros, moleiros, a casa de
poderosos a procura de estoques guardados a espera de aumento do preço do trigo, por exemplo.
Existia um apoio popular extraordinário, porém instintivo. As mulheres, essas, sim sabiam o quanto
doía as medidas econômicas adotadas, eram elas que tinham que chegar em casa, servir a comida ao
marido, mesmo após horas de trabalhos, e sendo incumbidas de cuidar dos filhos na falta de comida
deveriam dar, e ou repartir sua refeição pobre de nutrientes. Por isso mesmo muitas dessas ações
populares tinham no seu embrião as mulheres, pois eram elas quem mais sofriam. Em muitos casos,
carroças eram paradas em meio as estradas, e havia ali mesmo uma “negociação” de preços, justo. Nas
padarias o preço deveria ser ajustado também. Pressão popular em escala gigante garantia o prato de
comida na mesa do pobre, mas por outro lado as autoridades estavam dando respostas cada vez mais
violentas.
A economia moral da multidão levou mais tempo para morrer: é adotada pelas as primeiras
cooperativas de moinhos de farinha, por alguns socialistas owenitas continuou a existir durante anos
nas entranhas da Sociedade Cooperativa de Vendas por Atacado. Um sintoma de morte definitiva é ter
sido capazes de aceitar por tanto tempo um ponto de vista “economicista” dos motins da fome, como
uma reação direta, espasmódica, irracional à fome – um ponto de vista, em si, produto de uma
economia política que fez do salário o nexo da reciprocidade humana.
Thompson, no capitulo IV Tempo, disciplina de trabalho e capitalismo industrial, esmiúça também em
sua análise sob um novo paradigma projetado pela a nova estrutura econômica , e como ele afetou a
disciplina no trabalho, na transição para uma sociedade industrial. Para os patrões tempo: “Se a
transição para a sociedade industrial madura acarretou uma reestruturação rigorosa dos hábitos de
trabalho – novas disciplinas, novos estímulos, e uma nova natureza humana em que esses estímulos
atuassem efetivamente...” Daí por diante suscita a questão à uma nova orientação, e como ela inflige
no cotidiano da comunidade inglesa – ninguém passa o tempo, e sim o gasta! Foram os relógios os
grandes vilões dessa desse novo processo. De utensilio de status social, ele estava a mensurar o tempo,
nos espaços públicos, no ambiente de trabalho em todo os locais existia um relógio para disciplinar.
Nas escolas, nas igrejas, o chá da tarde, isso somado as maquinas industriais, e os livros de ponto era a
realidade disciplinar que se formara a partir da vida fabril. Para o empregador era peça fundamental,
tanto na para ostentar status, como também, para escravizar o empregado, que agora deveria: produzir,
produzir e produzir... Impulsionador do avanço do capitalismo industrial, essa ferramenta de
dominação (o relógio) existia para sincronizar o trabalho que antes era feito de forma irregular, mas
agora estava sob regulação, o tempo todo.
Thompson contribuiu com o entendimento sob o tempo, quando elaborou neste capitulo sua
preocupação em perceber o tempo em seu condicionamento tecnológico. Outro fator era de como as
pessoas reagiram a esse novo paradigma. Alguns eram a favor outros ainda se viam na realidade
tradicional de “trabalhar por empreitada” (isto é trabalhadores empregados para tarefas especificas e
pagos pelo o trabalho executado). Porém, entretanto, o tempo foi alvo de reivindicações da classe, que
suscitou geração após geração conflitos contra o total de horas das jornadas de trabalho, isso era,
também, perceber que havia pessoas se enriquecendo com o tempo dos outros, se uns utilizavam para
sobreviver, outros viviam desse tempo, em suma:“- pela a divisão de trabalho, supervisão de trabalho,
multas, sinos e relógios, incentivos em dinheiro, pregações e ensino, supressão das feiras e do esportes
– formaram-se novos hábitos de trabalho e impôs-se uma nova disciplina de tempo”.
O perfil acadêmico de análise histórica de Thompson, já é notório, está muito atrelado as práticas de
pesquisas antropológicas, daí surge uma inflamada reorientação aos historiadores em relação a
perspectiva marxista da História. Porém vamos ver um pouco mais do seu perfil quando ele engendra a
recuperação do conhecimento e compreensão da cultura popular. Para Thompson, a antropologia ajuda
a revisitar velhos problemas, porém, em outras formas. Bem, como já havia escrito logo no começo do
ensaio, a antropologia está envolvida nas análises históricas, porém e segundo historiador Sidney
Chaloub “O antropólogo vê o mundo no grão de areia, o historiador não só vê o muno no grão de areia
mais sabe pra onde o vento ao soprar carrega o grão de areia”. Thompson estava na imensidão da areia
e agora revisitava as culturas folclóricas, para perguntar-se onde estão essas tradições, pra onde o
vento histórico as levou. E é a partir de então que ele procura escutar as normas surdas, pra tentar ouvir
e ver os episódios atípicos e esclarecedores.
No que diz respeito a nova etapa da historiografia inglesa e mundial esses autores Eric Hobsbawm e
Thompson, formaram dois alicerces importante, até a chegada a perspectiva “dos de baixo” Foi
necessário até mesmo rever a base dos fundamentos teóricos, cito Thompson em uma passagem sobre
o marxismo onde ele diz: Por mais sofisticada que seja a ideia, por mais sutil que tenha sido o seu
emprego nas mais várias ocasiões a analogia “base e superestrutura” é radicalmente inadequada. Não
tem conserto. Está dotada de uma inerente tendência ao reducionismo ou ao determinismo econômico
vulgar, classificando atividades e atritos humanos ao dispor alguns destes na superestrutura (lei, arte,
religião, “moralidade”) outros na base (tecnologia, economia, as ciências aplicadas) e deixando outros
ainda a flanar, desgraçadamente, no meio (linguística, disciplina de trabalho) [...] os problemas do
materialismo histórico e cultural são deixados sem solução, assim como embaralhados e elididos.

Conclusão:
A história das sociedades não podem ser escritas mediante parcos (modestos) modelos disponiveis de
outras ciências, requer a construção de modelos novos e adequados;
É óbvio que a História deve a outros campos do conhecimento;
Os padrões estruturais nos mostram o que as sociedades tem em comum, porém tem-se que ver como
as mudanças acontecem e porquê;
A história das sociedades exige, portanto, que apliquemos uma ordem aproximada de prioridades de
pesquisas, levantar hipóteses e sustentar tais prioridades, corrigindo-as à luz dos problemas que
surgirem.

Bibliografia
ANDERSON, Perry. A crise da da Crise do Marxismo. Introdução a um debate Contemporâneo São
Paulo: Brasiliense, 1985.
CARR, Edward Hallet. Que é História? São Paulo: Paz e Terra, 2002.
HOBSBAWM, Eric J., 1917. Mundos do trabalho; novos estudos sobre história operaria / Eric
Hobsbawm; tradução de Waldea Barcellos e Sandra Bedran. – Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
HOBSBAWM, Eric J., 1917. Sobre história / Eric Hobsbawm: tradução Cid Knipel Moreira – São
Paulo: Companhias das Letras, 1998.
HOBSBAWM, Eric J., 1917. História social do Jazz/ Eric J., Paz e Terra, 1990.
MARTINS, Marcos Lobato. Eric Hobsbawm. In: LOPES, Marcos Antônio. MUNHOZ, Sidnei J.
(orgs.) Historiadores de nosso tempo. São Paulo: Alameda, 2010, p.71-93.
PROST, Antonie, 1933-. Doze lições sobre a historia / Antonie Prost; [tradução de Guilherme Joao de
Freitas Teixeira]. -. Ed. – Belo Horizonte: Autentica Editora, 2012.
THOMPSON, E.P. A Miséria da Reoria ou Um Planetário de Erros. Uma Crítica ao Pensamento de
Althusser. Trad. Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
____________. A Formação da Classe Operária Inglesa. Trad. Denise Bottmann. 3v. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1987.
____________. Senhores & Caçadores. A Origem da Lei Negra. Trad. Denise Bottmann. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1987.
____________. Costumes em Comum. Estudos sobre a Cultura Popular Tradicional. Trad. Rosaura
Eichemberg. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
____________. As Peculiaridades dos Ingleses e Outros Ensaios. Org. ANtonio Luigi Negro e
Sérgio Silva. Campinas: Ed. Unicamp, 2001.
WILLIAMS, Raymond. Cultura. 2ªed. Tradução de Lólio Lourenço de Oliveira. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1992.
WOOD, Ellen Meikins e FOSTER, John Bellamy (org.). Em Defesa da História: marxismo e pó-
modernismos. Trad. De Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.FONTANA, i Lazaro,
Josep. História: do passado e projeto social / Josep Fontana; tradução Luiz Roncari – Bauru, SP
EDUSC, 1998.

Das könnte Ihnen auch gefallen