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M∴S∴M∴, QQ∴ II∴ e IIa∴

Arquétipos e sua relação com os rituais do Templo

A idéia dos arquétipos está relacionada com o conceito de Platão acerca das formas ideais –
“Padrões já existentes na mente divina que determinam de que forma o mundo material
passará a existir. O conceito de arquétipo,adotado por Jung, já era conhecido desde Philo
Judaeus, referindo-se à Imago Dei, que seria a imagem divina que existe no ser humano.
Irinaeus, por sua vez afirmava que O Criador do mundo não formou estas coisas diretamente
de si mesmo, mas as copiou de arquétipos exteriores. Em realidade, o arquétipo procede da
proposta platônica em torno do mundo das idéias, primordial e terminal, de onde tudo se
origina e para onde tudo retorna. Jung utilizou-se do pensamento platônico para referir-se a
imagens universais, que são preexistentes no ser – ou que procedem do primeiro ser – desde
os tempos imemoriais. Permanecem estes símbolos no Inconsciente humano, independendo
de quaisquer outras construções psicológicas, dando-lhe semelhança e até uniformidade de
experiência, tornando-se uma representação que perdura imaginativamente. Tais imagens são
comuns a todos os povos e características da espécie humana desde os seus primórdios, que
surgem espontaneamente e têm várias configurações nos mitos e símbolos de todas as
culturas. Carl Gustav Jung nos trouxe os conceitos de arquétipos psicológicos – que são os
padrões característicos que preexistem na psique coletiva da raça humana, repetem
eternamente nas psiques individuais do ser humano e determinam as maneiras básicas de
percebermos e atuarmos como seres psicológicos.

O conteúdo do arquétipo expressa a si mesmo, em princípio e acima de tudo por metáforas, o


inconsciente fala por símbolos, não para nos confundir mas, simplesmente porque esse é seu
idioma natural. E porque o processo formador dos símbolos do inconsciente é a fonte do
espírito humano cuja história é quase idêntica à gênese e ao desenvolvimento da consciência
humana.
O arquétipo também é um conceito psicossomático, unindo corpo e psique, instinto e imagem.
Os arquétipos são percebidos em comportamentos externos, especialmente aqueles que se
aglomeram em torno de experiências básicas e universais da vida, tais como nascimento,
casamento, maternidade, morte e separação. Os arquétipos não podem completamente ser
integrados nem esgotados em forma humana. A análise da vida implica uma conscientização
crescente das dimensões arquetípicas da vida de uma pessoa. Existe um número inimaginável
de arquétipos: pai, mãe, herói, criança, Deus, demônio, nascimento, morte, renascimento,
sábio, embusteiro, sol, lua e tantos outros.

Para Jung os símbolos, imagens e sonhos de todos os seres humanos compartilham através do
inconsciente coletivo que expressam temores ou idéias que todos nós experimentamos
subjacentemente. No inconsciente coletivo cada pessoa não só tem a sua própria mente
inconsciente única, mas também compartilham alguns elementos de inconsciência com todas
as outras pessoas, Jung chamou isso de inconsciente compartilhada. O inconsciente coletivo
pode ser considerado, por assim dizer, como o aspecto exterior e interior de uma única e
mesma realidade que se esconde por trás das aparências. É a parte da psique que retém e
transmite a herança psicológica comum a humanidade.

Nos principais arquétipos de personalidade estão incluídos: Ego, Persona, Anima, Animus e
Self. Quando tornam-se individualizados esses arquétipos expressam-se de maneira mais
sutis e complexas. É um processo de desenvolvimento pessoal que envolve o estabelecimento
de uma conexão entre o ego, centro da consciência e o Self, centro da psique total que inclui
tanto a consciência como o inconsciente. Para a psicologia analítica cada indivíduo forma certa
imagem relacionado à sua vivência. As imagens arquetípicas são imagens profundas e
fundamentais, que se formam pela ação dos arquétipos sobre a experiência que vai se
acumulando na psique individual. Esse inconsciente pessoal reporta-se às camadas mais
superficiais do inconsciente, onde se escondem as experiências rejeitados pelo “eu” e,
conseqüentemente, reprimidas ou desconsideradas, como lembranças penosas, conflitos
pessoais ou morais. Ali estão igualmente ocultos inúmeros traços de nossa personalidade que
nos desagradam e, por tal, são por nós ignorados. Os conteúdos do inconsciente pessoal, via
de regra, têm fácil acesso à consciência, quando tal se faz necessário. Ele encerra também os
complexos, aglomerados de sentimentos, pensamentos e lembranças carregados de forte
potencial afetivo, incompatíveis com a atitude consciente. Eles retêm a energia psíquica, não a
deixando fluir. Qualquer experiência que tocar os complexos provocará uma reação
exacerbada, com força própria, que pode atuar de modo impetuoso e veemente no controle
de nossos pensamentos e comportamentos. São como pequenas personalidades autônomas,
separadas da personalidade total, razão pela qual se diz que “uma pessoa não tem um
complexo, mas este é que a tem”. Apenas os outros o percebem. Embora a energia psíquica
aprisionada possa gerar sintomas de caráter patológico, por vezes representando um
obstáculo ao ajustamento do indivíduo, o complexo não é necessariamente patológico,
podendo até vir a ser uma fonte de inspiração como em uma manifestação artística.

Os conceitos de Anima e Animus foram talvez as duas mais importantes descobertas de


Jung. Ambos são aspectos inconscientes de um indivíduo. O inconsciente do homem encontra
ressonância com o arquétipo feminino, chamado de Anima, enquanto que a mulher associa-se
com o arquétipo masculino, chamado de Animus. Cabe notar que quando se fala de masculino
e feminino, em se tratando de Animus e Anima, está se referindo às expressões e
características, e não algo literal, pois, o inconsciente reside em um nível atemporal,
inteiramente psicológico, portanto não material. A Anima manifesta-se na psique de forma
emocional, passiva e intuitiva, por outro lado, o Animus manifesta-se de forma racional, ativa e
objetiva. Costuma-se relacionar Anima ao deus grego Eros, o deus do Amor, ao passo que
Animus é relacionado com o termo Logos, que significa verbo, razão.

O Ego ou “eu” é uma função mediadora entre o consciente e o inconsciente, entre o individual
e o coletivo. É ele que organiza a mente consciente por meio das percepções conscientes:
pensamentos, sentimentos e recordações, e tem a função de vigiar a consciência, filtrando as
experiências do dia-a-dia, selecionando quais se tornarão conscientes e quais serão relegadas
ao inconsciente. Como consequência desta seleção e eliminação da consciência, que será
comandada pela função psíquica dominante do sujeito, o “eu” dá identidade e coerência à
personalidade. O “eu” contém tudo aquilo que o sujeito sabe de si próprio, ou seja, todas as
características por ele aceitas: aquelas que estão de acordo com os princípios, os ideais e os
valores do contexto social em que o próprio sujeito se reconhece.
A Personalidade refere-se a aspectos da alma, ao modo como ela funciona no mundo. Para o
seu desenvolvimento é essencial a diferenciação dos valores coletivos, particularmente
daqueles personificados pela “persona” e a ela incorporados. Uma mudança de meio pode
gerar alterações marcantes e surpreendentes na personalidade. O caráter social orienta-se,
por um lado, pelas expectativas e exigências da sociedade e, por outro lado, pelas metas e
aspirações sociais do indivíduo. A Individualidade pode ser definida como o conjunto de
qualidades ou características que distinguem uma pessoa da outra, suas peculiaridades e
singularidades. Sendo inconscientes à priori, elas passam a existir para o indivíduo apenas no
momento em que emergem para a consciência, num processo de diferenciação, ou
individuação, que traz para a consciência as suas peculiaridades, aquilo que o faz aperceber-se
de que é único.

No arquétipo do herói ou da jornada heróica, na qual somos testados pelo destino é


comumente chamado de “odisséia” Quando o arquétipo do herói está ativo em uma pessoa,
ela se fortalece como o desafio, se sente ultrajada pela injustiça e responde rápida e
decisivamente à crise ou à oportunidade.
O arquétipo do herói quer se ratificar ou provar, tentando sempre superar os seus limites,
além de constantemente tentar melhorar o mundo em diversos aspectos, fazendo dele um
lugar melhor, mais encantador e agradável. O herói deve sacrificar seu caráter infantil a uma
evolução futura. A Batalha entre o herói e o dragão, mostra o triunfo do ego sobre as
tendências regressivas. O herói sabe que sua sombra existe, entrando em acordo com esse
poder destrutivo, subjugando e assimilando sua sombra para conseguir triunfar. Há a
necessidade dos símbolos heróicos quando o ego necessita fortificar-se quando, necessita de
ajuda e não pode contar apenas com a energia do inconsciente..

O arquétipo da sombra Refere ao arquétipo que é o nosso ego mais sombrio, é por assim dizer,
a parte animalesca da personalidade humana, para Jung esse arquétipo foi herdado das
formas inferiores de vida através da longa evolução que levou ao ser humano. A sombra
contem todas aquelas atividades e desejos que podem ser considerados imorais e violentos,
aquele que a sociedade, e até nos mesmos, não podemos aceitar. Ela nos leva a nos
comportarmos de uma forma que normalmente não nos permitiríamos. E, quando isso ocorre,
geralmente insistimos em afirmar que fomos acometidos por algo que estava além do nosso
controle. Esse “algo” é a Sombra, a parte primitiva da natureza do homem. Mas a sombra
exerce também outro papel, possui um aspecto positivo, a sombra também é composta de
qualidades, instintos, reações que são apropriadas, além de percepções realistas, uma vez que
é responsável pela espontaneidade, pela criatividade, pelo insight e pela emoção profunda,
característicasnecessárias ao pleno desenvolvimento humano. Devemos tornar a nossa
sombra mais clara possível. Procurando um trabalho partindo do interior para o exterior. A
sombra é frequentemente projetada em outra pessoa, que aparece ao individuo como
negativa. A sombra não é composta apenas pelo que ficou reprimido ou recalcado: a sombra
também é composta de qualidades, instintos, reações que são apropriadas, além de
percepções realistas e criatividade. Essas qualidades que podiam pertencer à personalidade
são temidas ou são sentidas como se fossem erradas.

O arquétipo do Si-mesmo ou self, o centro e a totalidade do que somos, a nossa essência, o


centro da nossa personalidade. O Si-mesmo é o arquétipo central da psique humana, o
principio ordenador e unificador da totalidade da psique consciente e inconsciente, que atrai e
harmoniza os demais arquétipos e suas atuações nos complexos e na consciência. Sendo a
maior autoridade psíquica, atua como a fonte criadora e reguladora de nossa vida psíquica. O
Si-mesmo é a nossa essência. Quando o arquétipo do Si-mesmo está conectado ao “eu” a
pessoa sente-se em paz consigo mesma. O bloqueio ou rompimento desta ligação pode causar
doenças físicas ou psíquicas, ou mesmo a desestruturação.
Desta forma, o complexo do “eu”, o mediador entre o inconsciente e o consciente, e entre nós
e o mundo que nos rodeia, poderá servir com respeito e fidelidade o Si mesmo, cuja visão é
infinitamente maior do que a limitada visão do “eu”. O “eu”, ou ego, é um termo usado por
Jung para representar o complexo que constitui o centro da consciência. Ele compreende toda
a consciência que um indivíduo tem de si, suas qualidades e características relacionadas ao
contexto social a que pertence, sua personalidade total.

Todos buscamos, com maior ou menor grau de consciência, atingir um grau de


desenvolvimento que nos permita ter um vislumbre de todo o nosso potencial, nossa
completude, de tudo o que nos faz ser únicos e, ao mesmo tempo, parte integrante de um
todo. Jung chamou a esta busca, inerente a todo o ser humano, de individuação. Para alcançá-
la, um indivíduo precisa diferenciar e integrar todas as instâncias psíquicas: “eu”, persona,
anima ou animus e sombra, em relação ao Si-mesmo e ao coletivo, atingindo assim um
desenvolvimento espiritual e coletivo. A meta final de qualquer indivíduo é chegar a um estado
de auto-realização e de profundo conhecimento do próprio “eu”. Alcançar a auto-realização
depende da cooperação e estruturação do “eu”, pois depois de um longo processo de
transformações internas impõe-se o sacrifício do “eu”, que reconhece sua posição subordinada
e está preparado para servir à totalidade — o Si-mesmo.

Encontrar o self é a mesma idéia martinista da Reintegração, é a individuação junguiana, a


necessidade do homem recuperar seu estado original e reintegrar-se com toda pureza ao
mundo divino.

Entrar no templo é entrar em nosso mundo inconsciente de forma segura, pois as portas estão
fechadas e o sentinela assegura a qualidade moral dos que adentram. É o sentinela que integra
nós ao templo , ou seja faz o direcionamento da nossa sombra á nossa consciência e ao nosso
self. A voz mestre e o candelabros são a sabedoria e as luzes que vem do nosso self,
manifestação do Logos de Deus. O templo é o local onde através da elevação dos nossos
corações e de nossas deixamos a escuridão, integrando nossa sombra.
Nesse contexto, o ritual tem por objetivo a realização da passagem de um estado de
consciência para outro, estados esses chamados profano e sagrado, e em última análise, o
templo com suas divisões simboliza o estado de consciência em que nos encontramos. As
funções cargos expressas no ritual e as disposições do templo são personificações simbólicas
das leis psicológicas que atuam na psique. Rituais ou simples gestos simbólicos identificam
nossa consciência com o campo essencial de ação. Da mesma forma, ao passarmos pela
antecâmara, sabemos que estamos em um local consagrado para a prática do bem, o Templo.
Assim, as salas que antecedem o templo, cumprem a função psicológica de devidamente
introduzir o adepto em um local que, por meio de seus símbolos, colabora para o ingresso a
um estado da consciência necessário para que o ritual cumpra seu dever cognitivo de forma
efetiva. De acordo com a psicologia analítica de, a psique divide-se em três níveis: A
consciência, o inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo.
É nos momentos anteriores de acesso à antecâmara que estamos no nível da Consciência ou
do ego. A consciência é a única parte da psique a qual conhecemos direta e objetivamente, e
nela tudo ocorre geralmente de forma racional e lógica. Da mesma forma, isso também ocorre
antes de adentrarmos ao templo. O significado psicológico de persona, é aquela parte da
personalidade desenvolvida e usada em nossas interações mundanas, ou profanas. É nossa
face externa consciente, nossa máscara social, como veículo não de nossa real vontade, mas
da nossa necessária aceitação. Assim que, nas iniciações, o gesto dos candidatos serem
despidos de todos os metais coisas pessoais, e iniciarem todos exatamente da mesma forma,
significa que, naquele momento, o indivíduo despe-se de suas personas. Esse desprendimento
se faz necessário visto que, conforme Jung, no nível do inconsciente pessoal não há persona, a
qual se manifesta apenas no nível consciente. O crescimento psicológico ocorre, de acordo
com Jung, quando alguém tenta trazer o conteúdo conhecimento do inconsciente, para o nível
consciente, e estabelecer uma relação entre a vida consciente e o nível arquetípico da
existência humana . O homem que assim o fizer, haverá de reconhecer as origens de seus
problemas no próprio inconsciente, pois a pessoa que não torna consciente suas limitações e
defeitos, acaba por projetar sobre os outros tais percepções negativas. Fazendo o devido
paralelo, o crescimento na somente ocorre quando se aplica no chamado mundo profano o
que se estuda e aprende aqui, e somente assim, tem-se a oportunidade de transformar o
conhecimento em sabedoria.
É na antecâmara onde ocorre o momento de transição entre os estados psicológicos, onde
pede-se que se concentrem e meditem para se desvencilharem dos problemas e pensamentos
do chamado mundo profano e adentrarem ao interior do templo. Este estado intermediário
tem por objetivo introduzir o personagem no recinto onírico e simbólico do templo.
No Templo onde todas as experiências que se têm, mesmo aquelas consideradas esquecidas,
mas que todavia não deixaram de existir, são armazenadas no inconsciente pessoal. É nesse
nível que ocorremos sonhos quando se está dormindo, e como todos sabem, tais eventos
sonhados são dotados de acontecimentos surreais e ilógicos perante a nossa realidade
objetiva. Assim o Inconsciente Pessoal encontra correspondência com o templo, onde os
rituais e os símbolos alcançam a totalidade dos trabalhos, e estes retratam bem o estado
fictício e mítico do drama, estado este que também é encontrado nos sonhos, com seus
símbolos abstratos, passagens ilógicas e surreais, onde tanto no estado onírico como na
ritualística, pode-se viajar do Oriente ao Ocidente com alguns poucos passos, e do amanhecer
ao pôr do sol, vai-se em alguns minutos, semelhante ao que ocorre nos sonhos, pois no nível
do inconsciente pessoal não há uma limitação objetiva. Da mesma forma o simbolismo dos
rituais não possui um senso lógico são metafóricas, tendo por objetivo transmitir instruções
morais. Os sonhos também não o são e, segundo Jung, o crescimento e amadurecimento
moral são a real e efetiva finalidade dos sonhos. Destarte, em ambos os casos perde-se o
efeito do lógico e racional, para com isso, trabalhar o simbólico e onírico.
Estar no Templo é estar no Inconsciente Coletivo, o inconsciente coletivo difere do
inconsciente pessoal, visto que não se trata de experiências individuais, mas, como o nome
sugere, são experiências coletivas. Trata-se de uma espécie de reservatório de imagens, essas
chamadas de imagens arquetípicas. Tais imagens e concepções são herdadas pelo homem de
forma inconsciente através do inconsciente pessoal. O inconsciente coletivo estimula no
homem desde o nascimento um comportamento padrão pré-formado. Assim, recebemos a
forma do mundo em uma imagem virtual e essa imagem transforma-se em realidade
consciente quando, durante a vida, identificamos os símbolos a ela correspondentes. Os
conteúdos do inconsciente coletivo são denominados de arquétipos. Um arquétipo é
compreendido como um modelo original que conforma outras coisas do mesmo tipo,
semelhante a um protótipo. Tanto o inconsciente coletivo como o arquétipo se confundem
com aquilo que chamamos de egrégora. Jung acreditava que tanto a experiência quanto a
prática religiosa eram fenômenos que tinham sua fonte no inconsciente coletivo.
Os rituais praticados e todas as suas repetições centram o indivíduo dentro dos propósitos do
mito, pois o ritual é a simples representação do mesmo. Ao participar de um ritual, vivencias e
sua mitologia. Assim, tais gestos e movimentos transcendem os adeptos. Quanto à ritualística
e seu potencial psicológico, Jung discorre sobre a psicologia analítica e as formas de atuar no
inconsciente pessoal do indivíduo. Outra forma de transformação é alcançada
através de um ritual usado para este fim. Em vez de se vivenciar a experiência de
transformação mediante uma participação, o ritual é intencionalmente usado para produzir tal
transformação.
Segundo Jung, quando se recebe um novo nome e uma nova alma, ou ainda passa-se por uma
morte figurada, transformando-se em um ser semidivino, com um novo caráter e um destino
metafísico transformado, o indivíduo que vivencia o ritual, as iniciações, elevações e
exaltações, acaba por se transformar, seja pelas convicções conscientes ou pela influência do
inconsciente. Todos os acontecimentos mitologizados da natureza, tais como o verão, inverno,
amanhecer, meio dia e por do sol, as fases da lua, as estações, não são alegorias destas
experiências objetivas, mas sim, expressões simbólicas do drama interno e inconsciente da
alma, que a consciência humana consegue apreender através da dramatização dos rituais. Um
exemplo é ao aparente movimento que o Sol faz diariamente em torno da Terra. Assim, as
civilizações, tendo sempre o aparente movimento do Sol como referência, adotavam a
circulação em sentido horário em altares, fogueiras, totens ou sacrifícios como eixo de seus
templos . A função psicológica de toda ritualística é a de restaurar um equilíbrio psicológico
por meio do sistema mitológico proposto de modo a produzir um material onírico no
inconsciente. Nos rituais tribais de iniciação os membros recebem uma marca, que nos
tempos atuais figura como simbólica, e que distinguem o iniciado dos não iniciados. Na
iniciação isso ocorre com uma chancela na testa. Seja uma marcação física ou apenas
simbólica, tais atos ritualísticos operam igualmente no inconsciente. Em síntese, a mitologia
pode ser entendida, sob a ótica da Psicologia Junguiana, como um sonho coletivo, sintomático
dos impulsos arquetípicos existentes no interior das camadas profundas da psique humana,
ou, numa visão religiosa, como a revelação de Deus aos seus filhos.

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