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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

LICENCIATURA EM

Geografia INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA


MARCELO EMILIO

PONTA GROSSA - PARANÁ


2012
CRÉDITOS
João Carlos Gomes
Reitor

Carlos Luciano Sant’ana Vargas


Vice-Reitor

Pró-Reitoria de Assuntos Administrativos Projeto Gráfico


Ariangelo Hauer Dias - Pró-Reitor Anselmo Rodrigues de Andrade Júnior

Pró-Reitoria de Graduação Colaboradores em EAD


Graciete Tozetto Góes - Pró-Reitor Dênia Falcão de Bittencourt
Jucimara Roesler
Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância
Leide Mara Schmidt - Coordenadora Geral Colaboradores de Informática
Cleide Aparecida Faria Rodrigues - Coordenadora Pedagógica Carlos Alberto Volpi
Carmen Silvia Simão Carneiro
Sistema Universidade Aberta do Brasil Adilson de Oliveira Pimenta Júnior
Hermínia Regina Bugeste Marinho - Coordenadora Geral
Cleide Aparecida Faria Rodrigues - Coordenadora Adjunta Colaboradores de Publicação
Gilson Campos Ferreira - Coordenador de Curso Rosecler Pistum Pasqualini - Revisão
Mário Cezar Lopes - Coordenadora de Tutoria Vera Marilha Florenzano - Revisão
Emerson Marcos Gomes - Coordenadora de Tutoria Edvan Lovato - Ilustração
Luan Dione Rein - Diagramação
Colaborador Financeiro
Luiz Antonio Martins Wosiak Colaboradores Operacionais
Carlos Alex Cavalcante
Colaboradora de Planejamento Edson Luis Marchinski
Silviane Buss Tupich Thiago Barboza Taques

Todos os direitos reservados ao Ministério da Educação


Sistema Universidade Aberta do Brasil

Ficha catalográfica elaborada pelo Setor Tratamento da Informação BICEN/UEPG

Emilio, Marcelo
E53f Fundamentos à Astronomia / Marcelo Emilio. Ponta Grossa :
UEPG/ NUTEAD, 2012.
99p . il.

Licenciatura em Geografia - Educação a Distância.

1. Astronomia básica. 2.Astronomia – história. 3. Astronomia –


ensino. 4. Astronáutica. I.T.

CDD : 520

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA


Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância - NUTEAD
Av. Gal. Carlos Cavalcanti, 4748 - CEP 84030-900 - Ponta Grossa - PR
Tel.: (42) 3220 3163
www.nutead.org
2012
APRESENTAÇÃO INSTITUCIONAL
A Universidade Estadual de Ponta Grossa é uma instituição de ensino
superior estadual, democrática, pública e gratuita, que tem por missão responder
aos desafios contemporâneos, articulando o global com o local, a qualidade
científica e tecnológica com a qualidade social e cumprindo, assim, o seu
compromisso com a produção e difusão do conhecimento, com a educação dos
cidadãos e com o progresso da coletividade.
No contexto do ensino superior brasileiro, a UEPG se destaca tanto nas
atividades de ensino, como na pesquisa e na extensão Seus cursos de graduação
presenciais primam pela qualidade, como comprovam os resultados do ENADE,
exame nacional que avalia o desempenho dos acadêmicos e a situa entre as
melhores instituições do país.
A trajetória de sucesso, iniciada há mais de 40 anos, permitiu que a UEPG
se aventurasse também na educação a distância, modalidade implantada na
instituição no ano de 2000 e que, crescendo rapidamente, vem conquistando uma
posição de destaque no cenário nacional.
Atualmente, a UEPG é parceira do MEC/CAPES/FNED na execução
do programas Pró-Licenciatura e do Sistema Universidade Aberta do Brasil e
atua em 40 polos de apoio presencial, ofertando, diversos cursos de graduação,
extensão e pós-graduação a distância nos estados do Paraná, Santa Cantarina e
São Paulo.
Desse modo, a UEPG se coloca numa posição de vanguarda, assumindo
uma proposta educacional democratizante e qualitativamente diferenciada e
se afirmando definitivamente no domínio e disseminação das tecnologias da
informação e da comunicação.
Os nossos cursos e programas a distância apresentam a mesma carga horária
e o mesmo currículo dos cursos presenciais, mas se utilizam de metodologias,
mídias e materiais próprios da EaD que, além de serem mais flexíveis e facilitarem
o aprendizado, permitem constante interação entre alunos, tutores, professores e
coordenação.
Esperamos que você aproveite todos os recursos que oferecemos para
promover a sua aprendizagem e que tenha muito sucesso no curso que está
realizando.

A Coordenação
SUMÁRIO
■■ PALAVRAS DOS PROFESSORES 7
■■ OBJETIVOS E EMENTA 9

ASTONIMIA BÁSICA
■■ SEÇÃO 1- CONSTELAÇÕES
11
13

■■ SEÇÃO 2- O GRANDE DEBATE 15

■■ SEÇÃO 3- ESCALAS 16

■■ SEÇÃO 4- A ESFERA CELESTE 19

HISTÓRIA DA ASTRONOMIA
■■ SEÇÃO 1- ASTRONOMIA NA ANTIGUIDADE
23
25

■■ SEÇÃO 2- ASTRONOMIA KEPLERIANA 27

■■ SEÇÃO 3- GALILEO E A INVENÇÃO DO TELESCÓPIO 28

■■ SEÇÃO 4- ASTRONOMIA MODERNA 30

MOVIMENTOS RELATIVOS DA TERRA, SOL E LUA


■■ SEÇÃO 1- ELA SE MOVE!
33
35

■■ SEÇÃO 2- ESTAÇÕES DO ANO 36

■■ SEÇÃO 3- FASES DA LUA 38

■■ SEÇÃO 4- ECLIPSES 40

■■ SEÇÃO 5- MARÉS 42

■■ SEÇÃO 6- CALENDÁRIOS 43

ICIENTÍFICA
NSTRUMENTAÇÃO ASTRONÔMICA
E DIDÁTICA 47
■■ SEÇÃO 1- TELESCÓPIOS E LUNETAS 49

■■ SEÇÃO 2- ISNTRUMENTAÇÃO CIENTÍFICA 50

■■ SEÇÃO 3- OBSERVATÓRIOS 51

■■ SEÇÃO 4- PLANETÁRIOS 52
SISTEMA SOLAR
■■ SEÇÃO 1- SOL
55
57

■■ SEÇÃO 2- PLANETAS, PLANETAS-ANÕES E LUAS 58

■■ SEÇÃO 3- ASTERÓIDES E COMETAS 61

■■ SEÇÃO 4- METEOROIDES, METEOROS E METEORITOS 62

■■ SEÇÃO 5- EXOPLANETAS 63

A FÍSICA DO UNIVERSO
■■ SEÇÃO 1- ESTRELAS
67
69

■■ SEÇÃO 2- EVOLUÇÃO DE UMA ESTRELA TIPO SOLAR 71

■■ SEÇÃO 3- EVOLUÇÃO DE ESTRELAS MASSIVAS 72

■■ SEÇÃO 4- GALÁXIAS 73

■■ SEÇÃO 5- COSMOLOGIA 75

ENSINO DE ASTRONOMIA
■■ SEÇÃO 1- MOTIVANDO O ALUNO
79
81

■■ SEÇÃO 2- ATIVIDADES PRÁTICAS 82

■■ SEÇÃO 3- RECURSOS NA INTERNET 83

ASTRONÁUTICA
■■ SEÇÃO 1- DA TERRA À LUA
87
89

■■ SEÇÃO 2- SATÉLITES ARTIFICIAIS E MISSÕES PLANETÁRIAS 91

■■ SEÇÃO 3- USO COMERCIAL 92

■■ SEÇÃO 4- O PROGRAMA ESPACIAL BRASILEIRO 93

■■ PALAVRAS FINAIS 95
■■ REFERÊNCIAS  97
■■ NOTAS SOBRE OS AUTORES 99
PALAVRAS DOS PROFESSORES
Planetas eram tidos como deuses. Na definição antiga de planeta,
eram incluídos o Sol e a Lua. Por muito tempo, acreditava-se que
tudo acontecia por vontade divina. Até que surgiu a ciência tentando
encontrar explicações para os fenômenos naturais. Ao longo dos séculos,
a ciência evoluiu, enviaram-se naves para quase todos os planetas do
sistema solar e o homem chegou à Lua. A gama de conhecimentos
gerados na Astronomia é enorme e isso foi passado para a sociedade que
se transformou. Tecnologias como TV, transmissão via satélite e celulares
são apenas alguns exemplos dos produtos criados pela Astronomia e
exploração espacial. O impacto do avanço do conhecimento científico
é enorme na sociedade e saber transmitir os conceitos de forma clara
e correta é um desafio. Este livro foi elaborado de modo a dar uma
perspectiva histórica da Astronomia, além de fornecer alguns conceitos
básicos para o ensino.
Bom estudo!
OBJETIVOS E EMENTA

Objetivos
Objetivos
■■ Compreender a escala de tamanho do Universo.
■■ Entender movimentos e leis que regem os fenômenos celestes.
■■ Desenvolver a capacidade do aluno de identificar e classificar os objetos
celestes.
■■ Motivar o aluno a aprender e ensinar astronomia.
■■ Fornecer noções de física solar, estelar e galáctica.
■■ Fornecer noções de Astronáutica.

Ementa da disciplina
Histórico da Astronomia. Astronomia e ensino da Geografia. Origem e evolução
do universo. Galáxias e nebulosas. Estrelas e constelações. Sistema solar: Sol,
planetas, asteroides, cometas, satélites naturais e artificiais. Leis da Mecânica
celeste. Lei da gravitação universal. Lei de Bode. Fases da Lua. Eclipses
solares e lunares. Marés. Meteoroides, meteoros e meteoritos. Instrumentos
astronômicos. Observatórios e planetários. Identificação e localização dos astros
– orientação. Astronomia e calendários. Astronáutica e conquistas espaciais.
Elaboração de projetos de ensino em Astronomia.
UNIDADE I
Astronomia básica

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
■■ Investigar a diferença entre Astronomia e Astrologia.
■■ Compreender a escala de tamanho do Universo.
■■ Identificar os componentes da esfera celeste.
■■ Desenvolver a confiança do aluno no método científico.

ROTEIRO DE ESTUDOS
■■ SEÇÃO 1 - Constelações

■■ SEÇÃO 2 - O grande debate

■■ SEÇÃO 3 - Escalas

■■ SEÇÃO 4 - A esfera celeste


Universidade Aberta do Brasil

PARA INÍCIO DE CONVERSA


Ao ensinar sobre escalas no Universo é importante lembrar que
figuras em livros quase nunca representam a escala correta. É impossível
desenhar a Terra, a Lua e o Sol em uma escala linear de tamanho e
distância ao mesmo tempo. Passar essa noção aos alunos é importante,
pois é ela a verdadeira e não as ilustrações que eles costumam ver em
livros didáticos. Porém o uso de figuras didáticas é importante para ajudar
a entender as fases da Lua, eclipses e estações do ano. Mas sempre, ao
utilizar essas figuras, deve-se destacar que a escala não é a real. Saber
diferenciar entre ciência e pseudo-ciência é fundamental para entender
o método científico e a organização do raciocínio formal. Ao longo desta
Unidade, você poderá entender como representar corretamente as
escalas no Universo, como o método científico trabalhou para que você
compreenda o tamanho do Universo e, por fim, verá os componentes da
esfera celeste. A Unidade é preparada para dar suporte à compreensão
dos demais conteúdos deste livro.

12
UNIDADE 1
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
SEÇÃO 1
CONSTELAÇÕES

Qual o seu signo? Por que você acredita que esse é o seu signo?
Qual a relação e a diferença entre astronomia e astrologia?

Astrologia e Astronomia se separaram no século XVII. Astrologia é considerada uma pseudo-ciência baseada em
superstições, pois falha em testes controlados como o de Shawn Carlson, publicado na revista Nature, em 1985.
Astronomia é o estudo de objetos e fenômenos acima da atmosfera da Terra e é uma ciência.

Figura Astrologia
Constelações são grupos aparentes de estrelas que necessariamente
não estão perto umas das outras. De fato, uma estrela do outro lado do
céu pode estar mais perto do que uma que aparentemente está “do lado”.
Elas representam a mitologia do povo que as denominou. Cada cultura
tem diferentes constelações, não só no nome, mas também no número
de estrelas que as compõem. No Brasil, os índios representavam a fauna
brasileira em constelações como a da Ema. Seria impossível para eles
chamarem uma constelação de leão, por exemplo, já que nunca tiveram
contato com tal animal. A mesma coisa com os havaianos, pois não existe
nem leão e nem escorpião no Havaí. Uma parte do grupo de estrelas
que compõe a constelação do Escorpião é denominada no Havaí de
Constelação do Anzol. Além das constelações ocidentais, os astecas,

13
UNIDADE 1
Universidade Aberta do Brasil

chineses, egípcios, coreanos, navajos, polinésios, tupi-guaranis, entre


outros, tiveram suas próprias constelações com base em suas mitologias.
Oficialmente a União Astronômica Internacional (UAI) reconhece
88 constelações com base na mitologia ocidental (http://www.iau.org/
public/constellations/). Na reunião de abertura da UAI, em 1922, foram
adotadas as abreviações de três letras para cada constelação. Andrômeda
é abreviada por And e Draco por Dra. Cada estrela na constelação recebe o
nome de uma letra grega: alpha é a mais brilhante da constelação, beta, a
segunda mais brilhante e assim por diante. As mais famosas constelações
são as doze zodiacais. Essas constelações são as que aparecem atrás do
Sol ao longo do ano na eclíptica (plano orbital da Terra). São também
conhecidas por levarem nos nomes os signos zodiacais, considerando
a data de nascimento de cada pessoa. Sabe-se hoje, através de vários
experimentos feitos, que elas não têm influência alguma na vida dos
humanos. Além disso, o signo das pessoas costumava bater com a posição
do Sol em relação à constelação zodiacal na data de nascimento, mas,
devido ao movimento que a Terra faz ao longo de 26.000 anos como um
pião, chamado de movimento de precessão, os signos estão deslocados
em média de uma constelação. Entretanto, muitas pessoas ainda leem
seu signo no jornal. O grupo de estrelas que realmente está perto um do
outro é denominado aglomerado de estrelas.

Representação da eclíptica. O pequeno círculo vermelho representa o plano da órbita da Terra e o grande círculo
vermelho sua projeção na esfera celeste (esfera de estrelas fixas que parece girar em torno da Terra). O círculo azul
claro representa a projeção do equador da Terra na esfera celeste chamado de equador celeste. A figura aparece fora
de escala para fins didáticos.
Imagem disponível em: <http://earthpages.files.wordpress.com/2008/05/zodiac.jpg>.

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UNIDADE 1
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
SEÇÃO 2
O GRANDE DEBATE

Na época da Grécia Clássica, o Universo era o quinto elemento


e nele se encontravam os Planetas (“objetos errantes”). Planetas nesse
sentido era tudo o que se movia em relação às estrelas fixas, isto é, os
cinco planetas conhecidos na época (Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e
Saturno), o Sol e a Lua. O tamanho do Universo correspondia ao que é
hoje o nosso sistema solar.
Com o questionamento da teoria geocêntrica por Copérnico, Kepler
e Galileo (você verá a história da Astronomia na Unidade II), a concepção
do tamanho do Universo cresceu e aprendeu-se que as estrelas estavam
muito mais distantes do que os objetos do sistema solar. De fato, a estrela
mais próxima da Terra, excluindo o nosso Sol, Proxima Centauri está mais
de 75 milhões de vezes mais distante do que a Lua da Terra.
Na década de 1920, dois cientistas debateram sobre a natureza
das nebulosas espirais (veja figura a seguir) e o tamanho do Universo.
O cientista Harlow Shapley defendia que a nossa galáxia (a Via Láctea)
era todo o universo e que as nebulosas espirais eram objetos dentro dela.
Heber Curtis argumentava que elas eram outras galáxias e que estavam
muito mais distantes do que as estrelas componentes da nossa Galáxia.
O debate foi resolvido apenas quando o astrônomo Edwin Hubble (o
que empresta o nome ao famoso telescópio) demonstrou que a nebulosa
espiral de Andrômeda era outra galáxia. Sabe-se hoje que o nosso Sol é
apenas uma estrela entre cerca de 200 e 400 bilhões de estrelas em nossa
Galáxia e estima-se que o universo visível é composto de 125 bilhões de
Galáxias. A de Andrômeda está cerca de 600.000 vezes mais distante da
Terra do que a estrela Proxima-Centauri.

Nebulosas espirais como a Galáxia de Andrômeda


fizeram os cientistas debaterem sobre o tamanho do
Universo. O filósofo Immanuel Kant as chamava de
“Universos-Ilha”. A imagem contém ao menos três
galáxias. A maioria dos pontos vistos na imagem são
estrelas da nossa galáxia que servem como “cortina”
para aquelas que estão muito mais distantes.
Imagem disponível em: <http://www.starimager.com/
Image%20Gallery%20Pages/Galaxies/M31%20
Andromeda%20Galaxy%20hi%20res.htm>.

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UNIDADE 1
Universidade Aberta do Brasil

SEÇÃO 3
ESCALAS

Quão grande o Universo é? A questão não é fácil de responder. Há


cientistas que acreditam que se observa quase todo o Universo, outros
afirmam que na verdade vê-se somente uma pequena parte dele porque
nem toda a luz do Big Bang chegou até nós. Há ainda os que declaram
que existem “outros universos” ou “universos paralelos”. De qualquer
forma, esses outros universos residem apenas no campo da teoria e pode-
se perfeitamente hoje descrever o que se chama de “Universo observável”
ou aquele que realmente se enxerga.
O Universo observável já é suficientemente grande mesmo para se
tentar imaginá-lo. A Terra tem 6.378 km de raio no equador. Para dar uma
volta completa ao seu redor, se teria que percorrer mais de 40.000 km.
Um avião comercial com velocidade em torno de 900 km/h levaria um
dia inteiro e mais 20 horas do dia seguinte para percorrer essa distância.
A Lua está distante da Terra em torno de 300.000 km. Os astronautas,
mesmo em um foguete, levaram uma semana, em 1.969, para chegar lá.
Com a mesma velocidade do avião comercial já citado, levariam duas
semanas. O Sol está a cerca de 150.000.000 km. Você consegue imaginar
essa distância? Qual a diferença entre 100 milhões e 150 milhões de
quilômetros? Uma espaçonave com a mesma velocidade de um avião
levaria cerca de 19 anos para chegar até o Sol. É certo que ainda se pode
medir as distâncias dos astros em quilômetros, mas perdemos a noção
dessas grandes distâncias quando comparamos com as do nosso cotidiano.
Recorre-se então a outras escalas de distância mais práticas em
Astronomia. Uma delas é o ano-luz. Apesar de ter ano no nome, o ano-luz
é uma escala de distância e não de tempo. A luz viaja a uma velocidade
de cerca de 300.000 km/s no vácuo. Isto é, em um segundo a luz percorre
300.000 km. Levando em conta que um minuto tem 60 segundos, uma hora
tem 60 minutos e o dia 24 horas, o dia terá 60x60x24=86.400 segundos e
a luz viajará 86.400 x 300.000 = 25.920.000.000 km e, em um ano, cerca
de 9.460.000.000.000 km (o número exato é 9.460.730.472.580,8 km). Ao
invés então de se falar que a Lua está a 300.000 km, diz-se que ela está a
um segundo-luz da Terra. O Sol ao invés dos 150.000.000 km estará a 8

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UNIDADE 1
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
minutos-luz, o planeta Marte a 20 minutos-luz e a estrela mais próxima
a 4,2 anos-luz.
Constate a diferença de escala entre os objetos do sistema solar e
a distância entre as estrelas. Isso significa que se ocorrer uma explosão
no Sol, serão necessários 8 minutos para que se perceba que tal fato se
deu. Já se ocorrer uma explosão em Sirius (a estrela mais brilhante no
céu) demorará 8,6 anos. Algumas estrelas que podem ser vistas a olho
nu estão a milhares de anos-luz da Terra. Nossa Galáxia (ver definição
mais adiante) tem 100.000 anos-luz de extensão. É possível imaginar
uma conversa telefônica entre dois extremos dela. Um simples “alô”
levaria 200.000 anos para ser respondido. Nada viaja mais rápido do que
a velocidade da luz.
A galáxia de Andrômeda está a 2,5 milhões de anos-luz da Terra e
nosso universo observável tem um diâmetro estimado de 93 bilhões de
anos-luz.
Voltando às escalas no sistema solar, se for construído um sol em
escala com 10m de diâmetro (o tamanho de um prédio de 4 andares), a
Terra teria 9 cm de tamanho e a Lua 5 cm. Nessa mesma escala, se o Sol
estivesse em Curitiba, a Terra estaria em Brasília, a mais de 1.000 km
de distância, e a Lua a 2 m da Terra. Em uma folha de papel, se poderia
tentar fazer o Sol com um centímetro de tamanho e mesmo assim a Terra
estaria a mais de 100 m de distância com menos de um milímetro de
tamanho. Como você pode perceber, a utilidade didática de um desenho
em escala verdadeira do sistema solar é praticamente nula num livro.
Não é possível usá-la para explicar a incidência dos raios do Sol na Terra,
para demonstrar as estações do ano ou a incidência da luz na Lua para
explicar essas estações. Entretanto deve-se fazer uso dos desenhos fora
de escala, mas sempre deixando claro para o aluno a escala correta.
Outra escala útil em Astronomia é chamada unidade astronômica.
A forma da órbita da Terra em torno do Sol é uma elipse (ver mais adiante
nas leis de Kepler). Uma elipse tem dois eixos, o maior e o menor. O
semieixo maior é a metade do eixo maior. Define-se como unidade
astronômica o comprimento do semieixo maior da elipse da órbita da
Terra. É como antigamente que se usava o pé do rei como unidade de
distância. Exemplo: “Essa mesa tem 8 pés”.
No caso, usa-se a órbita da Terra como referência, e essa informação

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UNIDADE 1
Universidade Aberta do Brasil

está relacionada à distância da Terra ao Sol (lembre-se de que a distância


Terra-Sol é variável, ora a Terra está mais perto, ora mais longe). Marte
está a 1,5 unidade astronômica de distância. Com isso se pode ter uma
ideia que Marte está a cerca de 1,5 vez mais distante do Sol do que a
Terra, ou seja, a distância Sol-Marte é cerca de 1,5 unidade astronômica.
Netuno está a aproximadamente 30 unidades astronômicas do Sol. A
unidade astronômica é em geral usada para medir distâncias em nosso
sistema solar e o ano-luz para medir distâncias entre estrelas e galáxias.
Essa imagem mostra o tamanho de
objetos do sistema solar em escala linear.
A primeira imagem mostra os planetas
Terra, Vênus, Marte, Mercúrio e o planeta-
anão Plutão. A do meio mostra os mesmos
planetas adicionados de Júpiter, Saturno,
Urano e Netuno. Por fim, vemos o Sol em
comparação aos demais. Note o tamanho
da Terra em relação ao Sol (é o quinto da
esquerda para a direita).
Imagem disponível em: <http://
nakedmaninthetree.files.wordpress.
com/2007/10/050720_planeta.jpg>.

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UNIDADE 1
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
SEÇÃO 4
A ESFERA CELESTE

Não se tem noção da distância das estrelas a olho nu. Imagine-se


então que todas estão numa esfera que gira ao redor da Terra, denominada
esfera celeste e seu giro recebe o nome de movimento diurno aparente
do céu. A projeção do equador da Terra nessa esfera chama-se Equador
celeste e a projeção dos polos Sul e Norte é denominada polo Sul celeste
e polo Norte celeste, respectivamente. É sabido que é a Terra que gira ao
redor do Sol, mas por muito tempo se pensava que ela estava parada e o
Sol girava à sua volta. Esse movimento é denominado movimento anual
aparente do Sol. Sua trajetória na esfera celeste ao longo de um ano é
chamada de eclíptica.

Esfera celeste. Em azul está o equador celeste e em laranja a eclíptica. O polo Sul celeste e o polo Norte celeste
estão representados com pontos vermelhos.
Imagem disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Ast_esfera.gif>.

Você está acostumado a ouvir que o Sol, bem como as estrelas, nasce
a leste e se põe a oeste. Isto não é sempre verdade. De fato o Sol nasce
exatamente no ponto cardeal leste, mas apenas nos dias dos equinócios
da primavera e do outono. Nos outros dias, ele nasce mais perto do ponto
cardeal sul ou norte. Em qualquer região do planeta, fora a do equador,

19
UNIDADE 1
Universidade Aberta do Brasil

existem estrelas que não nascem e nem se põem. São denominadas


estrelas circumpolares.
Define-se zênite como o ponto mais alto no céu. Assim, o horizonte
seria o conjunto de pontos entre o céu e a Terra ou, caso se esteja no meio
do oceano, entre o céu e o mar. A união do ponto cardeal norte, o zênite
e o sul define um plano que é denominado meridiano. Este plano divide
o céu em duas partes: o lado leste e o lado oeste. Então, com exceção
das estrelas circumpolares, todas as estrelas nascem no lado leste e com
o passar do tempo ganham altura no céu. Ao cruzar o plano meridiano
atingem sua altura máxima. A partir desse ponto começam a perder
altura até que se põem no lado oeste. É importante enfatizar que é o lado
do plano meridiano e não do ponto cardeal. De fato, algumas estrelas vão
se pôr praticamente no ponto cardeal norte ou sul.

A figura mostra a posição do zênite, do horizonte e dos pontos cardeais em relação ao observador (centro). O plano
que une os pontos cardeais norte e sul com o zênite é denominado plano meridiano.
Imagem disponível em: <http://www.on.br/site_edu_dist_2011/site/conteudo/modulo1/1-descrevendo_ceu/cap1-esfera-
celeste/1-esfera-celeste.html>.

A figura mostra o céu, no movimento noturno, no dia 21 de fevereiro de 2011, durante 8 horas em Ponta Grossa.
Cada imagem foi feita com um intervalo de duas horas. A linha verde representa o plano meridiano e foi utilizada uma
projeção azimutal equidistante. Note o movimento da constelação Cruzeiro do Sul em destaque em cada imagem à
medida que sobe em relação ao horizonte e cruza o meridiano local.
Figura produzida pelo autor utilizando o software livre stellarium: <http://www.stellarium.org/>.

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UNIDADE 1
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
Nesta Unidade você pôde constatar que a Astrologia é considerada pseudo-ciência
e a Astronomia é ciência. A escala do Universo é muito diferente das escalas com
que se está acostumado no dia a dia e a esfera celeste é uma esfera imaginária
composta por projeções de círculos e linhas. Além disso, foi definida a esfera
celeste, o meridiano e o zênite.

1. Qual a diferença entre Astronomia e Astrologia?


2. O que é o movimento de precessão da Terra?
3. Qual a diferença entre o equador terrestre e o equador celeste?
4. Se construíssemos uma maquete do sistema solar, fazendo com que o Sol tivesse
um diâmetro de 10 cm, qual seria o diâmetro da Terra nessa escala? A que distância a Terra
estaria do Sol na mesma escala?
5. Durante a Era das Grandes Navegações e Descobrimentos Marítimos, nos séculos
XV e XVI, como os navegadores determinavam a latitude em alto mar? E como determinavam
a longitude?
6. Suponhamos que se construísse uma nave interestelar que viajasse à velocidade
da luz, quanto tempo ela demoraria para cruzar de uma extremidade a outra no disco da
nossa Galáxia? Quanto tempo essa mesma nave levaria para fazer uma volta ao redor da
Terra no equador?

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UNIDADE 1
22
Universidade Aberta do Brasil

UNIDADE 1
História da Astronomia

UNIDADE II
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
■■ Compreender a importância da ciência básica para o desenvolvimento de
novas tecnologias.
■■ Identificar as raízes da ciência moderna.
■■ Entender as leis de Kepler.

ROTEIRO DE ESTUDOS
■■ SEÇÃO 1 - Astronomia na Antiguidade
■■ SEÇÃO 2 - Astronomia kepleriana
■■ SEÇÃO 3 - Galileo e a invenção do telescópio
■■ SEÇÃO 4 - Astronomia moderna
Universidade Aberta do Brasil

PARA INÍCIO DE CONVERSA


Será estudado nesta Unidade como o método científico se
desenvolveu junto com a nossa compreensão do Universo, num resumo
de quase 5.000 anos de ciência, sendo possível constatar que seu avanço
não é linear. Às vezes algumas gerações conseguem avançar mais do
que outras, e o conhecimento é acumulativo. Isto é, o entendimento da
natureza não pode ser atribuído a apenas uma pessoa ou geração, mas os
modelos científicos são os resultados de inúmeras contribuições ao longo
do tempo. Ao final da Unidade você terá um resumo do estado da arte da
astronomia e exemplo de aplicações na atividade cotidiana moderna.

24
UNIDADE 2
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
SEÇÃO 1
ASTRONOMIA NA ANTIGUIDADE

A Astronomia é provavelmente a mais antiga das ciências. Desde


o primeiro momento em que o homem olhou para o céu, começou a
formular hipóteses sobre seu movimento e constituição. Essa atitude
tinha uma utilidade prática cotidiana, pois o homem necessitava saber
a época das chuvas e cheias dos rios, através das estações do ano. Por
questão de sobrevivência, deveria saber a época de plantar e colher.
Além disso, era importante reconhecer as fases da Lua para programar
suas atividades noturnas como caçar e pescar. O céu era (e para muitos
ainda é) visto como divino e, portanto, sagrado, já que dele dependia a
sobrevivência nesse mundo e no mundo após a morte O astrônomo e o
sacerdote eram apenas uma pessoa. Muitas culturas realizavam rituais
de sacrifício durante a época de mudança de estações para garantir a
fartura na agricultura. É o caso de Stonehenge (ver figura a seguir) que
tinha a função de, ao mesmo tempo, ser calendário e templo religioso. O
primeiro período de Stonehenge data de 3100 a.C.

Stonehenge é o mais famoso sítio arqueo-astronômico. Servia tanto de observatório astronômico como templo
religioso. No dia 21 de junho, o início do solstício, o Sol nasce com exatidão sobre a pedra principal.
Imagem disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/File:Stonehenge2007_07_30.jpg>.

Adotar a Terra como o centro do Universo e tudo se movendo ao seu


redor (modelo geocêntrico) parecia trivial, pois ninguém tinha a impressão
de que a Terra, e de tudo o que há nela, estivesse se movendo. Aristóteles

25
UNIDADE 2
Universidade Aberta do Brasil

propôs um modelo geocêntrico com esferas concêntricas que continham


os planetas. Os planetas então descreviam movimentos circulares ao
redor da Terra. Ptolomeu aperfeiçoou o modelo de Aristóteles, utilizando
os epiciclos e deferentes introduzidos por Apolônio e incluindo também
a equante.

Sistema de Ptolomeu. O círculo grande tracejado é denominado deferente. O centro do epiciclo (círculo menor
tracejado acima) movia-se circularmente na deferente. O planeta se movia circularmente no epiciclo (círculo laranja).
Quando o planeta estava acima no epiciclo, ele se movia com as estrelas; quando estava abaixo, movia-se na direção
contrária. A equante é o deslocamento da Terra do centro do modelo (marcado com um X na figura).
Imagem disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/File:Ptolemaic_elements.svg>.

Em torno de 240 a.C., Erastóstenes calculou o raio da Terra. Ele


sabia que no solstício de verão, na cidade egípcia de Siena, o Sol não
fazia sombra ao meio-dia, o que significa que o Sol ocupava o lugar mais
alto no céu. Ao mesmo tempo, em Alexandria, o Sol também estava a 7°12’
do ponto mais alto do céu. Assumindo que a Terra era esférica (360°),
Erastóstenes concluiu que a distância angular entre Alexandria e Siena
deveria ser 360° / 7°12’ = 1/50. Ele estimou a distância entre as cidades
em 800 km. Por uma regra de três, isto implica um raio da Terra em 7.420
km. O erro é de 16% do raio da Terra conhecido atualmente.

26
UNIDADE 2
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
Legenda: Medida do raio da Terra por Erastóstenes
Imagem disponível em: <http://it.wikipedia.org/wiki/File:Eratosthenes.bjb.svg>.

SEÇÃO 2
ASTRONOMIA KEPLERIANA

O modelo de Ptolomeu funcionava muito bem. Conseguia prever as


posições dos planetas de acordo com a precisão da época. Ele vigorou por
1.400 anos e foi o modelo adotado pela Igreja Católica na época.
Na teoria de Copérnico, é a Terra que se move em torno do Sol. É
então um modelo Heliocêntrico e contrariou a teoria Geocêntrica, vigente
na época. O livro escrito por Nicolau Copérnico - Da revolução de esferas
celestes - foi publicado no ano de sua morte (1543) e marcou o início do
fim da teoria Geocêntrica.
Mais tarde o astrônomo dinamarquês Tycho Brahe mediu com
precisão as posições de Marte. Estas medidas foram usadas por Johannes
Kepler para formular as suas três leis do movimento planetário:
Primeira lei de Kepler: Lei das órbitas elípticas
“O planeta em órbita em torno do Sol descreve uma elipse em que

27
UNIDADE 2
Universidade Aberta do Brasil

o Sol ocupa um dos focos”.


Esta lei definiu que as órbitas são elipses e não circunferências,
como se supunha até então.

Segunda lei de Kepler: Lei das áreas


“A linha que liga o planeta ao Sol varre áreas iguais em tempos
iguais”.
Esta lei determina que os planetas se movem com velocidades
diferentes, dependendo da distância a que estão do Sol. Periélio é o ponto
mais próximo do Sol, quando o planeta orbita mais rapidamente. Afélio é
o ponto mais afastado do Sol, quando o planeta move-se mais lentamente.

Terceira lei de Kepler: Lei dos tempos


“Os quadrados dos períodos de translação dos planetas são
proporcionais aos cubos dos eixos maiores de suas órbitas”.
Esta lei indica que quanto mais distante o planeta estiver do Sol,
mais tempo levará para completar sua órbita.

Kepler nunca determinou as distâncias dos planetas, apenas


conhecia a relação entre uma órbita e outra.

SEÇÃO 3
GALILEO E A INVENÇÃO DO TELESCÓPIO

O telescópio foi uma invenção do holandês Hans Lippershey,


entretanto Galileo Galilei foi o primeiro a o utilizar para fins científicos. O
telescópio de Galileo Galilei aumentava até 30 vezes e com ele descobriu
as luas de Júpiter, os anéis de Saturno, as montanhas da Lua, as estrelas
da Via-Láctea e foi um dos primeiros a observar as manchas solares.
Essas importantes descobertas e a utilização do telescópio fizeram com
que a Astronomia fosse dividida em antes e depois de Galileo. Como as
luas de Júpiter giravam em torno de Júpiter e não ao redor da Terra, o
argumento de que a Terra era o centro do Universo e de que tudo girava
ao redor dela não poderia ser verdadeiro. Galileo Galilei defendeu o
modelo Heliocêntrico e por isso foi julgado pelo Santo Ofício.

28
UNIDADE 2
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
Galileo Galilei, por Giusto Sustermans
Imagem disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/File:Justus_Sustermans_-_Portrait_of_Galileo_Galilei,_1636.jpg>.

29
UNIDADE 2
Universidade Aberta do Brasil

SEÇÃO 4
ASTRONOMIA MODERNA

Ao longo do tempo, maiores e mais sofisticados telescópios foram


desenvolvidos. A compreensão da natureza da luz fez da Astronomia
um grande laboratório para pesquisas físicas e dessa junção nasceu a
Astrofísica. Complexos modelos físico-matemáticos são hoje realizados
para investigar a natureza de luas, planetas, galáxias e do próprio
universo. Teorias são comparadas com observações refinadas. Elas não
estão mais limitadas às “cores” que o olho humano é capaz de reconhecer,
mas também a outros comprimentos de onda do espectro-eletromagnético
como rádio, infravermelho, raios X e micro-ondas.
A interdisciplinaridade é comum na astronomia, exigindo do
astrônomo conceitos avançados de matemática, física, química, biologia
e computação, principalmente. Tecnologias comuns ao nosso dia a
dia como comunicação via satélite e o GPS foram possíveis graças ao
desenvolvimento da astronomia. O conhecimento da ciência básica de
astronomia impulsionou outras ciências como a física e a matemática,
e indiretamente uma vasta gama de tecnologias. O desenvolvimento de
sistemas ópticos complexos em astronomia transformou-se em várias
tecnologias, inclusive militar. Hoje se desenvolvem coletores de luz
para painéis solares. É possível imaginar que essas tecnologias levem a
resolver o problema de geração de energia de uma maneira sustentável e
ecológica num futuro próximo. A compreensão do Sol e seus fenômenos
superficiais fazem com que voos polares conduzidos por companhias
comerciais sejam mais seguros bem como o ambiente espacial para os
astronautas.
A exploração espacial e a chegada do homem à Lua não seria
possível sem a Astronomia. Sondas e robôs hoje visitam outros mundos,
e pedaços de cometas, de asteroides e da Lua são trazidos para
experimentos astronômicos a fim de serem analisados em laboratórios na
Terra. O futuro talvez possibilite à humanidade colonizar outros planetas
e luas e/ou explorar seus recursos minerais. O turismo espacial já é uma
realidade para milionários e tende a se popularizar assim como a aviação
se popularizou com o tempo.
Dois dos principais temas de pesquisa da ciência moderna têm

30
UNIDADE 2
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
suas raízes na astronomia. O primeiro é a descoberta de planetas girando
ao redor de outras estrelas (denominados de planetas extra-solares; mais
detalhes na seção 5, Unidade V). Setecentos e sessenta planetas já foram
descobertos até o começo de 2012 e em poucos anos serão milhares. O
segundo é a natureza da energia e matéria escura. Pesquisas nessas áreas
são fundamentais para o desenvolvimento da ciência no presente e no
futuro.

Nesta Unidade você viu que ciência e religião eram consideradas uma só coisa e a
sua separação ocorreu ao longo dos séculos. A Astronomia, além de ser necessária
para saber quando plantar e colher, também era utilizada para ritos religiosos.
Copérnico, Kepler e Galileo contribuíram para a compreensão do Universo
Heliocêntrico. Foram estudadas as leis de Kepler e a utilização do telescópio por
Galileo Galilei. As primeiras observações feitas por Galileo levaram à descoberta das luas
de Júpiter. Por fim, foram elencadas algumas aplicações tecnológicas que a astronomia
proporcionou e alguns problemas científicos discutidos na atualidade.

1. O que é a equante?
2. Kepler usou suas próprias observações para concluir suas leis?
3. Qual foi a contribuição de Copérnico?
4. Por que podemos dividir a astronomia antes e depois de Galileo Galilei?

31
UNIDADE 2
32
Universidade Aberta do Brasil

UNIDADE 2
UNIDADE III
Movimentos relativos da
Terra, Sol e Lua

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
■■ Entender a relação entre os movimentos relativos do Sol, da Lua e da
Terra.
■■ Compreender a natureza das estações do ano, fases da Lua, eclipses e
marés.
■■ Identificar quais movimentos são responsáveis para a definição do dia,
mês e ano.

ROTEIRO DE ESTUDOS
■■ SEÇÃO 1 - Ela se move!
■■ SEÇÃO 2 - Estações do ano
■■ SEÇÃO 3 - Fases da Lua
■■ SEÇÃO 4 - Eclipses
■■ SEÇÃO 5 - Marés
■■ SEÇÃO 6 - Calendários
Universidade Aberta do Brasil

PARA INÍCIO DE CONVERSA


Movimentos relativos em três dimensões não são fáceis de imaginar,
requer um certo treino com visualizações espaciais. Às vezes você tem
que se colocar na Lua e imaginar onde estaria a sombra da Lua, a Terra,
a sombra da Terra e o Sol. Às vezes você deve se imaginar em diferentes
latitudes na Terra e os ângulos que o Sol faz dinamicamente. Você deve
prestar bastante atenção a esses movimentos e não só os compreender,
como também saber explicar a seus futuros alunos os fenômenos celestes
decorrentes, como estações do ano, fases da Lua e eclipses. Preste muita
atenção e leia quantas vezes forem necessárias para compreender a
unidade. Também aprenderá a diferença entre o dia solar (período do
movimento aparente do Sol pelo meridiano local) e o dia sideral (período
de rotação da Terra).

34
UNIDADE 3
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
SEÇÃO 1
ELA SE MOVE!

Chama-se movimento aparente o movimento que as estrelas, Sol,


Lua e planetas fazem em relação a um observador na Terra. Só é possível
ver todas as estrelas no céu durante o ano, no equador da Terra, quando os
polos Sul e Norte estarão no horizonte. Já quando o observador não está
localizado no equador da Terra, somente um polo é observado acima do
horizonte. Na região dos polos da Terra, o polo celeste estará localizado
no zênite e veremos apenas metade do número total de estrelas no céu.
O tempo que a Terra demora para dar uma volta em torno do seu eixo é
denominado dia sideral. Ele tem a duração de 23 horas, 56 minutos, 4
segundos e 9 centésimos (23h 56m 4,09s). É o intervalo de tempo que
uma estrela leva para cruzar duas vezes o meridiano local. O dia solar
médio é de 24h e é o intervalo de tempo que o Sol demora para cruzar
duas vezes o meridiano local. Essa diferença ocorre devido ao movimento
de translação da Terra em torno do Sol.
A figura mostra o céu noturno no dia 08 de setembro de 2011, a 00h00min em três
latitudes diferentes, mas na mesma longitude. Acima, numa região do equador da
Terra, no meio em Ponta Grossa-PR e abaixo no polo Sul. A linha verde representa
o plano meridiano e foi utilizada uma projeção azimutal equidistante. No equador
é possível observar todas as estrelas. Note que o polo Sul celeste e o polo Norte
celeste aparecem no horizonte. Em Ponta Grossa, o polo Sul celeste está acima
do horizonte. A altura do polo Sul em relação ao horizonte é exatamente a latitude
do lugar. Observe que estrelas perto do polo Sul celeste são circumpolares.
Abaixo, note que o polo Sul celeste está no zênite. Todas as estrelas aqui são
circumpolares.
Figura produzida pelo autor utilizando o software livre stellarium: <http://www.
stellarium.org/>.

As posições relativas entre o Sol, a Terra e a Lua são responsáveis


pelos fenômenos de fases da Lua e eclipses. Já o movimento de translação
da Terra em torno do Sol ao longo do ano, juntamente com a inclinação
do eixo da Terra em relação ao mesmo plano do movimento de translação,
são responsáveis pelas estações no ano. Veremos a seguir em detalhes
estas configurações.

35
UNIDADE 3
Universidade Aberta do Brasil

SEÇÃO 2
ESTAÇÕES DO ANO

No transcorrer do ano, a intensidade luminosa na superfície da Terra


numa determinada latitude é variável. A órbita elíptica da Terra em torno
do Sol faz com que a distância do Sol varie ao longo do ano. Entretanto
esse fenômeno não é o responsável pelas estações do ano. A variação da
radiação solar em razão da distância é de cerca de 6% e afeta ambos os
hemisférios ao mesmo tempo. Além disso, a Terra está mais próxima do
Sol no dia 3 de janeiro (periélio) e mais afastada no dia 4 de julho (afélio).
O ângulo de incidência do Sol na superfície da Terra define as estações
do ano que ocorrem porque o eixo da Terra está inclinado em relação ao
plano de sua órbita e devido ao movimento de translação em torno do Sol.

A inclinação do eixo da Terra é constante ao longo do ano. À medida que a Terra translada em torno do Sol, diferentes partes dela recebem uma
quantidade de iluminação. A figura não está na escala real, serve apenas como esquema ilustrativo.
Imagem modificada disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Estações.svg>.

O fenômeno não afeta apenas a temperatura na superfície da Terra,


mas também a duração do dia e da noite. Quando a duração é igual,
temos os equinócios da primavera e do outono. Quando a duração do dia
e da noite é diferente, temos os solstícios de verão e inverno. A tabela a
seguir resume a duração do dia e da noite em diferentes regiões da Terra,
ao longo do ano.

36
UNIDADE 3
 

INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
Estação do ano No equador No trópico de No trópico de No polo Norte No polo Sul
Capricórnio Câncer
Primavera 12h (dia) 12h (dia) 12h (dia) 12h (dia) 12h (dia)
h h h h h
(hemisfério Sul) 12 (noite) 12 (noite) 12 (noite) 12 (noite) 12 (noite)
outono
(hemisfério Norte)
Verão 12h (dia) 13h 27min (dia) 10h 33min (dia) 0h (dia) 24h (dia)
(hemisfério Sul) 12h (noite) 10h 33min 13h 27min 24h (noite) 0h (noite)
inverno (noite) (noite)
(hemisfério Norte)
h h h h h
Outono 12 (dia) 12 (dia) 12 (dia) 12 (dia) 12 (dia)
(hemisfério Sul) 12h (noite) 12h (noite) 12h (noite) 12h (noite) 12h (noite)
primavera
(hemisfério Norte)
Inverno 12h (dia) 10h 33min (dia) 13h 27min (dia) 24h (dia) 0h (dia)
(hemisfério Sul) 12h (noite) 13h 27min 10h 33min 0h (noite) 24h (noite)
verão (noite) (noite)
(hemisfério Norte)

O fenômeno não afeta apenas a temperatura na superfície da Terra,


mas também a duração do dia e da noite. Quando a duração é igual,
temos os equinócios da primavera e do outono. Quando a duração do dia
e da noite é diferente, temos os solstícios de verão e inverno. A tabela a
seguir resume a duração do dia e da noite em diferentes regiões da Terra,
ao longo do ano.

Figura mostrando a quantidade de radiação na Terra em


torno do ano. Note que, quando é inverno no hemisfério Norte
(quarta figura), no polo Norte o Sol não nascerá e, no polo
Sul, o Sol estará no céu o tempo inteiro. Quando é verão
no hemisfério Norte (segunda figura), no polo Sul o Sol não
nascerá e, no polo Norte, o Sol estará no céu o tempo inteiro.
Imagem modificada disponível em: <http://upload.wikimedia.
org/wikipedia/commons/a/a3/Seasonearth.png>.

37
UNIDADE 3
Universidade Aberta do Brasil

SEÇÃO 3
FASES DA LUA

Metade da Lua está sempre sendo iluminada pelo Sol e


consequentemente a outra metade não está. As fases da Lua são observadas
porque o ângulo de incidência da luz do Sol varia em relação à face da
Lua voltada para a Terra. A figura a seguir mostra um esquema das fases
da Lua. Figuras desse tipo são comuns em livros didáticos, mas há dois
cuidados a serem tomados. O primeiro deles é que está fora da escala
real como visto na seção 3 da Unidade I, e muitos livros didáticos omitem
essa informação. O segundo problema é que a figura dá a entender ao
estudante que a órbita da Lua em torno da Terra está no mesmo plano da
órbita da Terra em torno do Sol, quando na verdade está inclinada cerca
de 5 graus. Se as órbitas da Terra, Lua e Sol estivessem no mesmo plano
ocorreria um eclipse solar e lunar todo mês (ver mais adiante a definição
de eclipse).
A Lua está a cerca de 384.405 km da Terra e gira em torno dela em
29,530589 dias em relação às estrelas fixas (período sinódico). Mas tanto
a Terra quanto a Lua giram ao redor do Sol de modo que o período em
que a Lua irá ficar novamente alinhada com o Sol é de 27,321582 dias
(período orbital).
As fases mais comumente utilizadas são: Nova (0%), Quarto-
Crescente (50%), Cheia (100%), Quarto-Minguante (50%). A percentagem
entre parênteses indica a parte iluminada que pode ser vista na Terra.
Lembre-se de que a Lua está sempre 50% iluminada. Quando toda a face
iluminada da Lua está voltada para a Terra, temos a Lua Cheia e, quando
toda a face iluminada está voltada no sentido oposto, temos a Lua Nova.
A figura mostra as fases da Lua.
Como já apontamos não está na
escala correta, serve apenas como
esquema ilustrativo. Onde o Sol estaria
localizado segundo a figura?
Imagem disponível em: <http://
observacoesnocturnas.blogspot.
com/2008/11/terra-lua.html>.

38
UNIDADE 3
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
A próxima figura mostra a Terra e a Lua em escala correta. O
diâmetro da Lua é cerca de 3,7 menor do que o da Terra.

Terra e Lua em sua escala correta. A ilustração não é muito interessante para ser usada para explicar as fases da Lua, pois não dá para notar
muito bem a iluminação dela. Observe que a figura apenas mostra a Lua em relação a um lado da Terra. Se mostrássemos toda a sua órbita,
teríamos que diminuir ainda mais o seu tamanho para mantermos a escala correta.
Imagem disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/File:Earth-Moon2.jpg>.

Esta é uma foto real do Sol e da Lua vistos a uma distância de 8 milhões de quilômetros, tirada pela nave Mars express, em 3 de julho de 2005.
Imagem disponível em: <http://www.universetoday.com/14112/photos-of-the-earth-and-moon-from-other-worlds/>.

Nome  das  fases  da  Lua   Figura  correspondente   Percentagem  de  iluminação  
Nova   0%  
 
Quarto-­‐Crescente   50%  
 
Cheia   100%  
 
Quarto-­‐Minguante   50%  
 
 
Fases da Lua e sua fração iluminada conforme orientação no hemisfério Sul. Note que no hemisfério Norte vê-se exatamente a mesma faixa
iluminada, mas com a Lua “de ponta cabeça”.

Lua Cheia vista pela nave Galileo, em 7


de dezembro de 1992.
Imagem disponível em: <http://
solarsystem.nasa.gov/multimedia/display.
cfm?IM_ID=9763>.

39
UNIDADE 3
Universidade Aberta do Brasil

SEÇÃO 4
ECLIPSES

Tudo no Universo que é iluminado possui uma sombra, inclusive


a Terra e a Lua. A forma dessa sombra no espaço é um cone cuja base é
o diâmetro do astro e a altura depende da distância relativa ao Sol. Um
eclipse lunar ocorre quando a Lua entra no cone de sombra da Terra. Sol,
Terra e Lua (nessa ordem) devem estar alinhados. Quando 100% da Lua
está dentro da sombra da Terra, dizemos que ocorre um eclipse lunar
total; quando apenas parte da Lua está dentro da sombra da Terra, se
dá um eclipse lunar parcial. Um fato curioso a respeito de um eclipse
total lunar é que ele pode ser observado em qualquer região da Terra,
contanto que a Lua esteja no céu de uma determinada localidade na hora
do eclipse. O mesmo não é verdade com o eclipse solar total. Não basta
apenas o Sol estar no céu na localidade na hora do eclipse, como se pode
observar na figura:

Esquema de como ocorre um eclipse lunar total. A figura não está na escala real, serve apenas como ilustração.
Imagem disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Eclipse_lunar.svg>.

Série de imagens de um eclipse total lunar, de 3 de março de


2007, tiradas a bordo do porta-helicóptero USS Boxer (LHD 4).
Imagem disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/
commons/thumb/1/1c/Lunar_eclipse_March_2007.jpg/1024px-
Lunar_eclipse_March_2007.jpg >.

40
UNIDADE 3
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
Um eclipse solar ocorre quando a Terra entra no cone de sombra
da Lua. Sol, Lua e Terra (nessa ordem) devem estar alinhados. A sombra
da Lua não é capaz de cobrir a Terra inteira, pois a Lua é menor do que a
Terra. Apenas uma parte da Terra será coberta pela sombra da Lua. Como
a Lua consegue ocultar o Sol, se é muito menor do que ele? O Sol, apesar
de muito maior, está muito mais distante e o tamanho relativo do Sol e da
Lua são equivalentes (cerca de meio grau).
Sabe-se que as distâncias variam, ora o tamanho aparente da Lua
é um pouco maior que o Sol, ora um pouco menor. Se no momento do
eclipse o tamanho relativo da Lua for maior que o tamanho relativo do
Sol, e Sol-Lua-Terra estiverem alinhados numa determinada localidade
da Terra, a Lua consegue cobrir o Sol inteiro e temos um eclipse solar
total. Se no momento do eclipse o tamanho relativo da Lua for menor
que o tamanho relativo do Sol, e Sol-Lua-Terra estiverem alinhados
numa determinada localidade da Terra, a Lua não consegue cobrir o Sol
inteiro e temos um eclipse solar anular. Se Sol-Lua-Terra não estiverem
perfeitamente alinhados numa determinada localidade da Terra, temos
um eclipse solar parcial.
Foto de um eclipse solar total visto do espaço. A mancha escura é a
sombra da Lua na Terra. Note que existem duas regiões de sombra.
Uma sombra bem escura (umbra) onde as pessoas dessa região
verão um eclipse solar total. Dentro da outra região, não tão escura
(penumbra), as pessoas verão um eclipse parcial. Quem estiver fora da
sombra, não verá eclipse algum. Sol e Lua estarão próximos, mas não
em eclipse. A imagem foi feita pela estação espacial Mir, em 1999.
Imagem disponível em: <http://apod.nasa.gov/apod/ap040926.html>.

Esquema de como ocorre um eclipse solar. A figura não está na escala


real, serve apenas como esquema ilustrativo.
Imagem disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Eclipse_
Anular.svg>.

41
UNIDADE 3
Universidade Aberta do Brasil

Eclipse solar total observado em 22 de julho


de 2009, em Varanasi, Índia. Na imagem é
possível ver a Coroa Solar.
Imagem disponível em: <http://www.boston.
com/bigpicture/2009/07/the_longest_solar_
eclipse_of_t.html >.

Eclipses não ocorrem todo mês porque a


órbita da Lua em torno do Sol está inclinada
em cerca de 5 graus. A figura não está na
escala real, serve apenas como esquema
ilustrativo. Note que somente quando a
sombra da Lua toca a Terra temos um eclipse
solar; quando a sombra da Terra toca a Lua,
temos um eclipse lunar. Na maior parte do
tempo, as sombras não tocam em nada.
Imagem disponível em: <http://pt.wikipedia.
org/wiki/Ficheiro:Solar_eclips_1999_4.jpg>.

SEÇÃO 5
MARÉS

As marés são provocadas pelos efeitos gravitacionais combinados


do Sol e da Lua e da rotação da Terra. O fenômeno causa o aumento e a
diminuição do nível do mar. A maioria dos lugares à beira-mar apresenta
duas marés altas e duas baixas, diariamente. A amplitude do fenômeno
varia conforme a distância do Sol e da Lua bem como a latitude do local
e outros fatores. A amplitude máxima teórica é de 79 centímetros. Ocorre
também uma deformação imperceptível da parte sólida da Terra. A
atmosfera da Terra também é deformada, mas fenômenos meteorológicos
na baixa atmosfera têm uma amplitude maior e mascaram o efeito da
maré atmosférica.

42
UNIDADE 3
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
Figura mostrando de maneira exagerada o efeito da maré. A Sem maré. B Maré provocada apenas pela Lua. C Maré máxima provocada pelos
efeitos combinados da Lua e do Sol. Figura fora de escala de tamanho e distância com propósito apenas didático.
Imagem modificada disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b3/Mares.svg>.

SEÇÃO 6
CALENDÁRIOS

Nosso calendário está baseado nos movimentos relativos da Terra,


Sol e Lua com exceção da semana a cada 7 dias. Foge do escopo deste
livro a história dos calendários, mas várias civilizações tiveram seu próprio
calendário e fizeram ajustes às vezes incluindo e às vezes excluindo dias
do ano. Para uso prático, atualmente utilizamos o Calendário Gregoriano
promulgado pelo Papa Gregório XIII (1502-1585), em 24 de fevereiro do
ano 1582. Já comentamos a respeito do dia na seção 1 e, apenas para
lembrar, o dia não é definido pela rotação da Terra, mas sim pelo intervalo
de tempo que o Sol demora para cruzar o mesmo meridiano. Há cerca
de 365,2422 dias solares em média de ano tropical (ano das estações). O
ano trópico é então definido como o intervalo de tempo que a Terra leva
para realizar uma volta aparente em torno do Sol (devido à translação).

43
UNIDADE 3
Universidade Aberta do Brasil

O ano do calendário tem 365 dias, mas caso ele seja múltiplo de quatro
(...,2004, 2008, 2012, 2016, 2020,...) é denominado bissexto e possui
366 dias. Isso se deve porque o ano tem um número fracionado de dias
como mencionado anteriormente, cerca de 365 dias mais 0,25 dia. Assim,
a cada quatro anos soma-se um dia em fevereiro. Porém, como ele é
apenas cerca de 365,25 dias e não exatamente esse valor ao longo dos
anos, acumula-se a diferença entre 365,25 e 365,2422. Desta forma, se
o número é divisível por 4, mas ao mesmo tempo é múltiplo de 100, o
ano não é bissexto (...,1700, 1800, 1900, 2100, …); porém, caso ele seja
divisível por 400, ele é bissexto (…,1600, 2000, 2400, 2800, …). O mês é
baseado no período da fase lunar, mas o número de dias no Calendário
Gregoriano varia entre 28 e 31 dias.

Nesta Unidade você viu que os movimentos relativos entre o Sol, a Terra e a Lua
podem ao mesmo tempo explicar as fases da Lua, os eclipses, as estações do ano
e a mudança das marés, entre outros fenômenos celestes. Constatou também que
o calendário hoje adotado foi baseado nesses movimentos.

1. Qual a razão para as estações do ano?


2. Em que lugar na Terra é possível observar um eclipse lunar? Qual a condição
necessária?
3. O que causa a maré?
4. O ano de 2012 é um ano bissexto? Justifique sua resposta.

44
UNIDADE 3
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA

45
UNIDADE 3
46
Universidade Aberta do Brasil

UNIDADE 3
UNIDADE IV
Instrumentação
astronômica científica e
didática

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
■■ Compreender a finalidade da utilização da instrumentação astronômica.
■■ Conhecer as diversas técnicas utilizadas na astronomia profissional e em
educação.

ROTEIRO DE ESTUDOS
■■ SEÇÃO 1 - Telescópios e Lunetas
■■ SEÇÃO 2 - Instrumentação científica
■■ SEÇÃO 3 - Observatórios
■■ SEÇÃO 4 - Planetários
Universidade Aberta do Brasil

PARA INÍCIO DE CONVERSA


A instrumentação astronômica é específica para comprimentos de
onda e objetos. Astrônomos profissionais acabam se especializando em
uma determinada técnica. A tecnologia em observações astronômicas
cresceu muito nos últimos anos. Um astrônomo amador é capaz de possuir
hoje instrumentação que era considerada profissional há poucas décadas,
a baixo custo. A tecnologia em educação astronômica também cresceu e
hoje existem inclusive projetores de planetários em três dimensões.

48
UNIDADE 4
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
SEÇÃO 1
TELESCÓPIOS E LUNETAS
A instrumentação astronômica é vasta e não limitada à parte
do espectro visível. A sua completeza de tipos, princípios, aplicação
e tecnologia fogem ao escopo deste livro. Apenas para citar alguns, a
astronomia se preocupa em detectar partículas como neutrinos em
cavernas, faixas do espectro eletromagnético em raios X e raios gama
que podem ser obtidos apenas por satélites no espaço.
O instrumento científico mais comum na astronomia é o telescópio
e dele existe uma grande variedade de tipos e classificações. Ao contrário
do que a maioria das pessoas pensa, a função principal do telescópio não
é de aumentar a imagem do objeto, mas sim coletar a maior quantidade
de luz possível. Em ordem de importância, o telescópio deve:
1. coletar luz;
2. observar detalhes (resolução);
3. aumentar o tamanho da imagem.
Quanto maior o tamanho da lente (telescópios refratores) ou do
espelho (telescópios refletores), mais luz é captada e concentrada no
ponto focal do instrumento, pode-se, portanto, ver mais longe no universo,
pois é possível ver objetos mais fracos. É mais difícil e caro construir uma
lente grande, pois elas devem ser polidas nos dois lados, enquanto no
espelho é necessário polir em apenas um. Além disso, o suporte mecânico
nos telescópios refletores é bastante custosa, pois todo peso da lente é
concentrada no alto da objetiva.
Telescópios óticos refletores também diferem entre o seu foco e a
sua montagem mecânica. Normalmente não é possível ter apenas o foco
primário, pois ele fica entre o espelho e o objeto. Coloca-se então um
espelho. Dependendo do ângulo desse espelho com o eixo focal ocorrem
diferentes classificações. Se for de 90º tem-se o foco Newtoniano e, de 180º,
foco é denominado Cassegrain. Esses são os dois mais comuns. Existem
variações do foco Cassegrain como o Schmidt–Cassegrain, o Maksutov–
Cassegrain, o Argunov–Cassegrain e o Klevtsov–Cassegrain. As montagens
mais comuns são a alto-azimutal e a equatorial. A equatorial apresenta
um eixo paralelo ao eixo da Terra, o que simplifica o acompanhamento
do movimento aparente do céu. Montagem alto-azimutal normalmente

49
UNIDADE 4
Universidade Aberta do Brasil

necessita de um computador para fazer o acompanhamento. Existem


ainda telescópios com combinação de lentes e espelhos denominados
de catadióptrico. No plano focal dos telescópios é possível colocar uma
câmera e/ou outras lentes denominada ocular. Quanto menor o diâmetro
da ocular, maior o aumento da imagem.

Imagem artística do European Extreme Large telescope, um dos futuros telescópios gigantes da próxima geração. O telescópio terá 39,3 metros
em diâmetro. Repare na escala dos carros e pessoas na imagem.
Imagem disponível em: < http://www.eso.org/public/archives/images/screen/elt_1_cc_sm_001.jpg >.

SEÇÃO 2
INSTRUMENTAÇÃO CIENTÍFICA
A instrumentação científica não se limita a telescópios ou lunetas,
existe em uma variedade grande. Não é a intenção deste livro descrever
a completeza dessa instrumentação, mas sim demonstrar essa variedade.
A fase romântica da astronomia profissional, quando o astrônomo
passava a noite acordado observando e fazendo seus desenhos, acabou.
No lugar do olho humano são colocadas câmeras digitais (chamadas
CCDs), parecidas com a que temos em casa para tirar fotos, mas muito
mais sensíveis à luz. De fato, em muitos instrumentos, o astrônomo nem
precisa ir até o observatório ou às vezes nem passar a noite acordado. Os
telescópios profissionais são robotizados e é possível fazer observações
remotas a partir de qualquer computador ligado à Internet. Muitas vezes
a observação é feita pelo astrônomo residente do telescópio e as imagens

50
UNIDADE 4
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
são mandadas pelo correio eletrônico para o astrônomo que requisitou
a observação. Tempo de telescópio é precioso e as observações são
planejadas meses antes, contando cada minuto.
Entre a CCD e o telescópio é possível instalar uma variedade de
instrumentos, como um espectrógrafo e um polarímetro (e eventualmente
os dois que denominamos espectropolarímetro), além de filtros. A técnica
que usa a CCD e filtros padronizados é denominada fotometria. Cada
filtro está centrado em uma cor diferente (ou comprimento de onda). A
variedade de conjunto de filtros é grande, sendo um dos mais antigos e
conhecidos o sistema Johnson-Morgan ou UBV (1953). Um espectrógrafo
é um instrumento capaz de dividir a luz em cores, como o arco-íris. A luz
pode ser dividida mais de uma vez quanto ao seu estado de polarização
e para isso são utilizados polarímetros. A polarização da luz faz parte
do nosso dia a dia, pois estamos acostumados a comprar óculos solares
polarizados e atualmente é uma das técnicas para exibir filmes em três
dimensões.
Dependendo da técnica observacional, o conjunto de instrumentação
varia. Por exemplo, na rádio-astronomia utilizam-se correladores entre
outros dispositivos; em observações solares, filtros neutros de alta
densidade cortam a maior parte da luz. Já as observações em raios X e
gama são possíveis apenas acima da maior parte da atmosfera da Terra e
realizadas através de balões e satélites.

SEÇÃO 3
OBSERVATÓRIOS
Observatórios profissionais estão localizados em lugares altos e
remotos. Devem ser instalados longe de cidades, pois a luz urbana pode
atrapalhar as observações. Além disso, a qualidade da atmosfera é melhor
em montanhas, tendo menos umidade (e por consequência mais dias
de observação ao longo do ano) e menos cintilação dos objetos celestes
(em astronomia dizemos seeing). Uma outra vantagem da altitude é o
acesso a regiões do espectro eletromagnético que não seria possível ao
nível do mar. A atmosfera da Terra impede que uma parte da região do
infravermelho e do ultravioleta chegue até ao nível do mar. Instalando
telescópios em grandes altitudes, eles são capazes de coletar luz em
parte do infravermelho e ultravioleta. Entre os melhores lugares na Terra

51
UNIDADE 4
Universidade Aberta do Brasil

para se instalar um telescópio está o vulcão Mauna-Kea, no Havaí e uma


região da Cordilheira dos Andes, no Chile.

Observatório de Mauna-Kea, no Havaí, a 4.200 metros de altura. Na imagem aparece a cúpula dos telescópios Subaru (à direita), o Keck I e
Keck II (ao centro) e o telescópio infravermelho da NASA (à esquerda).
Imagem disponível em: < http://en.wikipedia.org/wiki/File:The_Keck_Subaru_and_Infrared_obervatories.JPG >.

SEÇÃO 4
PLANETÁRIOS
Um instrumento para ensino bastante comum é o planetário. Seu
projetor é capaz de simular o céu e seu movimento em qualquer lugar da
Terra e no tempo. Didaticamente é útil para simular fases da lua, eclipses,
conjunções e vários outros fenômenos astronômicos. Existem atualmente
diversas tecnologias de projetores de planetários, sendo os digitais cada
vez mais acessíveis e populares. Projetores capazes de simular imagens
em três dimensões também já estão disponíveis no mercado. O número de
planetários instalados no Brasil tem crescido rapidamente. A Associação
Brasileira de Planetários mantém uma lista (http://planetarios.org.br/)
dos que atualmente funcionam no Brasil.

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UNIDADE 4
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
Nesta Unidade você viu que telescópios profissionais são instalados em áreas
remotas e normalmente em montanhas. A instrumentação astronômica profissional
é especializada. Planetários são excelentes instrumentos didáticos.

1. Qual a diferença entre telescópio e luneta?


2. Qual a diferença entre observatório e planetário?
3. Qual a vantagem de construirmos espelhos de telescópios cada vez
maiores?

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UNIDADE 4
54
Universidade Aberta do Brasil

UNIDADE 4
Sistema solar

UNIDADE V
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
■■ Fornecer noções de Física Solar.
■■ Compreender as mudanças e novas definições de objetos no sistema solar.
■■ Desenvolver a capacidade do aluno de compreender como a classificação
de objetos do sistema solar é realizada na ciência.
■■ Relacionar sistemas exoplanetários com o nosso sistema solar.

ROTEIRO DE ESTUDOS
■■ SEÇÃO 1 - Sol
■■ SEÇÃO 2 - Planetas, planetas-anões e luas
■■ SEÇÃO 3 - Asteroides e Cometas
■■ SEÇÃO 4 - Meteoroides, meteoros e meteoritos
■■ SEÇÃO 5 - Exoplanetas
Universidade Aberta do Brasil

PARA INÍCIO DE CONVERSA


As descobertas sobre o sistema solar avançaram muito nas últimas
décadas. Naves não tripuladas foram enviadas para vários planetas, luas,
asteroides e cometas. Foram várias missões para estudar o Sol, e, além
disso, o homem chegou à Lua. Porém, ainda há muito o que descobrir
sobre o sistema solar.

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UNIDADE 5
4
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
SEÇÃO 1
SOL

O ciclo de cadeia alimentar na Terra inicia-se no Sol. A luz solar é


necessária para a fotossíntese das plantas. Conhecer o Sol em detalhes
e estimar se há ou não variações da energia emitida por ele ao longo do
tempo é necessário para a manutenção da vida neste planeta. Assim como
a Terra, o Sol tem quatro camadas internas no total. O núcleo é o local
onde as reações nucleares do Sol acontecem. Na zona radiativa, o calor
gerado no núcleo é transportado por radiação até a zona convectiva. Na
zona convectiva, a energia é transportada por convecção e a fotosfera é
sua região visível. O Sol, portanto, não tem superfície e sim fotosfera. Na
atmosfera solar, temos em ordem, a partir da fotosfera: a cromosfera, a
zona de transição, a coroa solar e o vento solar.
Estrutura do Sol - 1. Núcleo 2. Zona de radiação 3.
Zona de convecção 4. Fotosfera 5. Cromosfera 6.
Coroa 7. Mancha solar 8. Grânulos 9. Proeminência
solar
Imagem disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/
Ficheiro:Sun_diagram.svg>.

Além disso, podemos observar algumas características na fotosfera


solar como as manchas solares, grânulos e proeminência. Manchas são
regiões mais frias devido à grande concentração de campo magnético.
Grânulos são células de convecção. É o equivalente às bolhas quando
fervemos a água. Proeminência é uma característica brilhante da fotosfera
solar que se estende para fora do Sol, em geral em forma de arco. A tabela
1 descreve algumas características físicas do Sol.

57
UNIDADE 5
Universidade Aberta do Brasil

Imagem do Sol feita pela nave Solar Dynamics Observatory, em 15 de fevereiro de 2012. Na imagem podemos ver as manchas solares como os
“pequenos” pontos escuros. Cada mancha solar pode ter o tamanho da Terra ou mesmo maior.
Imagem disponível em: <http://sdo.gsfc.nasa.gov/assets/img/latest/latest_1024_HMIIC.jpg >.

Característica Solar Valor


Massa 1,9891x1030 kg (333.000 vezes a massa da Terra)
Raio 6,955x105 km (109 vezes o raio da Terra)
o
Temperatura na fotosfera 6.050 C
Temperatura no núcleo 1,57x107 oC
Luminosidade 3,846x1026 W (ou o equivalente a
3.846.000.000.000.000.000.000.000 lâmpadas de 100 W)
Distância média da Terra 1,496x108 km (cerca de 8 minutos-luz)
Tabela
  1: Características físicas do Sol

SEÇÃO 2
PLANETAS, PLANETAS-ANÕES E LUAS
Atualmente oito planetas constituem o sistema solar: Mercúrio,
Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Nosso sistema
solar é altamente diferenciado e os planetas se dividem em dois grupos
bastante distintos. Os que são parecidos com a Terra são chamados
terrestres e os que são parecidos com Júpiter, jovianos. A tabela 2 resume
as principais diferenças:

58
UNIDADE 5
4
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
Terrestres   Jovianos  
Estão  perto  do  Sol.   Estão  longe  do  Sol.  
São  predominantemente  rochosos.   São  predominantemente  gasosos.  
São  pequenos  com  baixa  massa.   São  grandes  com  muita  massa.  
Têm  poucas  luas.   Têm  muitas  luas.  
Possuem  rotação  lenta  e  campo  magnético   Possuem  rotação  rápida  e  campo  magnético  
fraco.   forte.  
Não  possuem  anéis.   Possuem  anéis.  
Têm  alta  densidade.   Têm  baixa  densidade.  
 
Tabela 2: Diferenças entre os dois tipos de planetas do sistema solar
Segundo a definição atual da União Astronômica Internacional,
para ser considerado um planeta, o objeto deve:
• girar ao redor do Sol e não ser uma lua;
• estar em equilíbrio hidrostático (i.e. ser redondo);
• dominar a própria órbita.
Se o objeto respeitar apenas os dois primeiros itens, é chamado
de planeta-anão. Atualmente o sistema solar conta com cinco planetas-
anões: Plutão, Ceres, Eris, Haumea e Makemake. Além disso, temos
vários candidatos a planeta-anão como Sedna e Quaoar. Não sabemos
se esses objetos estão em equilíbrio hidrostático, portanto não podemos
classificá-los ainda.

Planetas e planetas-anões do sistema solar. A figura está em escala de tamanho, mas não de distância.
Imagem disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c4/Planets2008.jpg>.

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UNIDADE 5
Universidade Aberta do Brasil

Quanto mais perto do Sol, mais quente é o planeta. A exceção é o


planeta Vênus que é mais quente que Mercúrio, pois sua atmosfera tem
uma alta concentração de gases estufa. Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter
e Saturno são conhecidos desde a Antiguidade. Urano foi descoberto
por William Herschel, em 1781, e Netuno por La Verrier, John Adams e
Johann Galle, em 1846. Os anéis de Saturno são formados por poeiras,
gelo e rochas. Todos os planetas jovianos têm anéis.

A imagem é o resultado de uma combinação de 165 imagens tiradas pela nave Cassini (NASA) durante três horas, em 15 de setembro de 2006.
A cor foi composta digitalmente para parecer natural e é composta de filtros ultravioleta, infravermelho e visível. Os anéis se estendem de 6.630
km a 120.700 km.
Imagem disponível em: <http://saturn.jpl.nasa.gov/photos/halloffame/ >.

As luas do sistema solar são tão interessantes como os planetas. A


maior delas é Ganymedes, uma das 63 luas de Júpiter. A segunda maior
é Titã, lua de Saturno, que possui uma atmosfera de nitrogênio e metano.
Tanto Ganymedes quanto Titã são maiores que o planeta Mercúrio. Em
2004, uma nave chamada Huygens desceu de paraquedas em Titã e
nos mandou fotos. A tabela a seguir resume algumas características dos
planetas do sistema solar. Das luas citadas, 13 de Júpiter e 9 de Saturno
esperam uma confirmação oficial.
Massa   Período  de  translação     Distância  média  do  
Nome   Número  de  luas  
(Terra  =  1)   (anos  terrestres)   Sol  (km)  
Mercúrio   0   0,1   0,24   57.910.000  
Vênus   0   0,9   0,62   108.208.930  
Terra   1   1   1,0   149.597.870  
Marte   2   0,1   1,9   227.936.640  
Júpiter   63   318   11,9   778.412.010  
Saturno   61   95   29,4   1.426.725.400  
Urano   27   15   84   2.870.972.200  
Netuno   13   1   164   4.498.252.900  
 
Tabela 3: Algumas propriedades físicas dos planetas do sistema solar
60
UNIDADE 5
4
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
Titã é a segunda maior lua do sistema solar e apresenta
atmosfera. A foto é uma composição de 16 imagens
individuais feitas pela nave Cassini, em 2005.
Imagem disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/
File:Titan2005.jpg>.

SEÇÃO 3
ASTERÓIDES E COMETAS
Outros milhares de objetos fazem parte do nosso sistema solar.
Pequenos objetos como asteroides e cometas carregam a história da
formação do nosso sistema planetário. A principal diferença entre
asteroides e cometas é a quantidade de gelo que os cometas possuem.
Quando chegam perto do Sol, mais quente, o gelo presente no objeto
sublima e o cometa ganha uma cauda. Cada vez que o cometa passa
perto do Sol, perde parte de sua massa e com o tempo pode acabar
desaparecendo. Um cometa é formado por três partes: núcleo, coma, que
é um envelope de gás e poeira em torno do núcleo, e cauda, formada
também por gás e poeira.
Cometa NEAT (C/2001 Q4) fotografado pelo telescópio de
0,9 metros no observatório de Kitt Peak, EUA.
Imagem disponível em: <http://solarsystem.nasa.gov/
multimedia/display.cfm?IM_ID=2323 >.

61
UNIDADE 5
Universidade Aberta do Brasil

SEÇÃO 4
METEORÓIDES, METEOROS E METEORITOS
Partículas de poeira da cauda do cometa permanecem no espaço
enquanto ele continua a sua órbita. Eventualmente a Terra cruza com
essas partículas, meses ou mesmo anos mais tarde. Elas são atraídas
pela gravidade da Terra e acabam caindo em nossa atmosfera em alta
velocidade. Esse é um fenômeno bastante comum a que chamamos de
estrela cadente. A estrela cadente nada mais é que o fenômeno luminoso
da partícula de poeira que entra em atrito com a nossa atmosfera.
Toneladas de poeira caem na terra todo dia. Em 2011, a União Astronômica
Internacional definiu um meteoroide como um objeto sólido menor que
um asteroide e maior do que um átomo. Meteoro é a parte visível do
meteoroide que entra na atmosfera da Terra, na mesosfera, entre 65 e
120 km de altura. Caso ocorra em quantidade é chamada de chuva de
meteoros. Meteorito é a parte do meteoro que não foi destruída pela
atmosfera da Terra e atinge o solo.
Asteroides com diâmetros entre 5 e 10 km têm a potência da bomba
atômica de Hiroshima e atingem a terra uma vez por ano. Eles explodem
em nossa atmosfera superior e a maior parte deles se vaporiza. Asteroides
com diâmetro de cerca de 50 m caem na Terra com uma frequência de
cerca de um a cada 150 anos e podem causar danos consideráveis. Com
o diâmetro de 1 km acontece a cada 500.000 anos e colisões de asteroides
maiores de 5 km a cada 10 milhões de anos.

Cratera de Barringer, no Arizona (EUA). A cratera foi criada através de um impacto de um asteroide de cerca de 50 m de diâmetro, 50.000 anos atrás.
Imagem disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/b4/Barringer_Crater_panoramic.jpg/1024px-Barringer_Crater_panoramic.jpg >.

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UNIDADE 5
4
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
SEÇÃO 5
EXOPLANETAS
Exoplanetas ou planetas extrassolares são planetas externos ao nosso
sistema solar que orbitam em torno de outras estrelas. Atualmente são 760
exoplanetas descobertos (100 estrelas foram descobertas possuindo mais
de um planeta em seu sistema). A maioria dos exoplanetas descobertos
são planetas gigantes como Júpiter e muito perto da estrela (são mais
fáceis de serem encontrados). Apenas em nossa galáxia estima-se existir
1,6 trilhões de planetas. As técnicas de descobertas são principalmente
o decaimento de luz da estrela-mãe quando o planeta atravessa o seu
disco (trânsito planetário) e a observação espectrógrafa do movimento
da estrela-mãe em torno do centro da massa do sistema (medida da
velocidade radial). Outras técnicas são microlentes gravitacionais,
astrometria, anomalias de períodos de pulsares e discos circum-estelares.
Imagens diretas ainda são casos raros. Telescópios estão hoje sendo
planejados para esse propósito. Alguns desses planetas se encontram
numa região denominada de zona habitável. É uma região nem muito
perto da estrela (seria muito quente), nem muito longe (seria muito frio)
e onde a água poderia existir em sua forma líquida. Portanto, um planeta
na zona habitável poderia conter vida, já que água líquida é importante
para sustentar os seres vivos.

Concepção artística de Upsilon Andromedae d, um planeta gigante em uma zona habitável. As luas mostradas na imagem são hipotéticas, mas
se elas existirem seriam capazes de ter água líquida.
Imagem disponível em: < http://en.wikipedia.org/wiki/File:UpsilonAndromedae_D_moons.jpg>.
63
UNIDADE 5
Universidade Aberta do Brasil

Nesta Unidade você tomou conhecimento de elementos físicos do Sol, planetas,


luas, cometas e asteroides do nosso sistema solar. Acompanhou a nova definição
de planeta do sistema solar dada pela União Astronômica Internacional. Descobriu
também que nosso sistema solar é altamente diferenciado. Além disso, diversos
planetas foram encontrados orbitando ao redor de outras estrelas (exoplanetas).

1. Quantos planetas foram descobertos?


2. Qual a diferença entre planeta e estrela?
3. Qual a diferença entre planeta e planeta-anão?
4. Qual a diferença entre cometa e asteroide?

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UNIDADE 5
4
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA

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UNIDADE 5
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Universidade Aberta do Brasil

UNIDADE 5
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UNIDADE VI
A Física do Universo

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
■■ Fornecer noções de evolução estelar.
■■ Fornecer noções de Astronomia Galáctica.
■■ Fornecer noções de Cosmologia.

ROTEIRO DE ESTUDOS
■■ SEÇÃO 1 - Estrelas
■■ SEÇÃO 2 - Evolução de uma estrela tipo solar
■■ SEÇÃO 3 - Evolução de estrelas massivas
■■ SEÇÃO 4 - Galáxias
■■ SEÇÃO 5 - Cosmologia
Universidade Aberta do Brasil

PARA INÍCIO DE CONVERSA


A presente Unidade apresenta vários conceitos novos. Você verá
como as estrelas produzem energia e que também podem apresentar uma
evolução bastante distinta em função da massa inicial. A natureza das
nebulosas espirais já foi citada na primeira Unidade. Aqui serão tratadas
algumas propriedades físicas da galáxia e da estrutura da matéria em
larga escala.

68
UNIDADE 5
4
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
SEÇÃO 1
ESTRELAS

Todos os pontos luminosos que você observa no céu à noite são sóis.
E o nosso Sol também é uma estrela. Se você estivesse relativamente
tão perto de uma estrela quanto está do Sol, não veria uma estrela tão
diferente do Sol. Alguns sóis seriam mais vermelhos, outros mais azuis.
Estrelas geram energia através da fusão nuclear. A fusão nuclear ocorre
quando dois núcleos atômicos se aproximam e se fundem, diferentemente
do processo de fissão nuclear quando os átomos se dividem (como as
bombas termo-nucleares da Segunda Guerra Mundial). Por definição,
uma estrela é um objeto que realiza fusão nuclear em seu núcleo,
enquanto o planeta não o faz. As estrelas nascem de grandes nuvens de
gás e poeira que os astrônomos chamam de nebulosas.

Nebulosa da Chama (NGC 2024). Essa nebulosa é parte do complexo da nuvem molecular de Órion e inclui a famosa Nebulosa cabeça de
cavalo. Essa é uma região de formação estelar e por isso astrônomos costumam dizer que Nebulosas são berçários de estrelas.
Imagem disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/8/80/The_region_of_Orion%E2%80%99s_Belt_and_the_Flame_
Nebula.jpg/840px-The_region_of_Orion%E2%80%99s_Belt_and_the_Flame_Nebula.jpg>.

69
UNIDADE 5
Universidade Aberta do Brasil

Durante a vida da estrela, ela consome seu combustível nuclear.


A antiga ideia dos alquimistas de transformar um elemento químico
em outro, ocorre dentro da fornalha nuclear das estrelas. Um dos ciclos
nucleares mais comuns é transformar hidrogênio em hélio. O modo como
a estrela irá evoluir depende de vários fatores, mas o principal é a massa
inicial. Quanto mais massa tem a estrela, mais rapidamente as reações
nucleares ocorrem, maior o seu brilho em geral e menos tempo a estrela
irá viver.
As estrelas são classificadas quanto à sua temperatura na fotosfera
e à sua luminosidade ou magnitude absoluta. Com essas duas informações
é possível posicionar as estrelas num diagrama Herzprung-Russell (ou
diagrama H-R). O diagrama leva o nome dos dois cientistas que o criaram.
As mais quentes são as do tipo O, seguem-se as do tipo B, A, F, G, K e M.
As do tipo O têm uma temperatura fotosférica de 30.000 K e são azuis,
enquanto as do tipo M têm temperatura de 3.000 K e são vermelhas.
Cada uma das divisões tem 10 subdivisões, entre 0 e 9, podendo uma
estrela ser A1 (Sírius) ou G2 (Sol), por exemplo. Uma estrela com a mesma
temperatura pode ter diferentes luminosidades. Por isso classificamos as
estrelas quanto à sua luminosidade também. As classes são:
Ia – Supergigantes brilhantes
Ib – Supergigantes
II – Gigantes brilhantes
III – Gigantes
IV – Subgigantes
V – Sequência principal e anãs
Nessa classificação, o Sol seria G2V enquanto Arcturus é classificada
como K2III. As classes são regiões específicas no diagrama H-R. À
esquerda são estrelas azuis e à direita vermelhas. O tamanho da estrela
cresce numa diagonal a partir do canto inferior esquerdo.
Diagrama Herzprung-Russell (H-R). Duas informações são
necessárias para colocar uma estrela nesse diagrama. A sua
temperatura ( ou cor) e a luminosidade ou magnitude absoluta. A
temperatura decresce da esquerda para a direita.
Imagem disponível em: <http://www.prof2000.pt/users/angelof/
af16/ts_sol/bigsol105.htm>.

70
UNIDADE 5
4
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
SEÇÃO 2
EVOLUÇÃO DE UMA ESTRELA TIPO SOLAR
As estrelas parecidas com o Sol são chamadas de tipo solar e
estrelas com mais de 15 vezes a massa do Sol, de massivas. De maneira
simplificada, assim como um carro, as estrelas consomem seu combustível.
A pressão do núcleo diminui devido à queda das reações nucleares. A
estrela então se contrai fazendo com que a temperatura interna aumente.
Com o aumento da temperatura, camadas mais externas da estrela são
capazes de realizar fusão nuclear. O processo é periódico até que a
estrela atinge a temperatura suficiente para fazer fusão nuclear do Hélio.
A condutividade térmica é alta na estrela fazendo a ignição do Hélio em
todo o núcleo estelar. O produto resultante da fusão do Hélio é o Carbono.
Quando elas esgotam a capacidade de fazer fusão nuclear, expelem a
camada mais externa para formar uma nebulosa planetária e seu núcleo
de carbono com alta densidade (1x1016-1x1018 Kg/m3) chamamos de
anã branca.
Nebulosa planetária do anel (M57)
Imagem disponível em: <http://upload.wikimedia.org/
wikipedia/commons/thumb/1/13/M57_The_Ring_
Nebula.JPG/752px-M57_The_Ring_Nebula.JPG>.

71
UNIDADE 5
Universidade Aberta do Brasil

SEÇÃO 3
EVOLUÇÃO DE ESTRELAS MASSIVAS
Uma estrela com mais de 15 vezes a massa do Sol é capaz de
realizar fusão nuclear de elementos mais pesados, o que faz até formar
um núcleo de ferro. As reações nucleares do ferro não são exotérmicas
(não produzem energia) e nesse ponto a estrela colapsa. O colapso faz
com que as partículas dentro dela ocupem todos os níveis de energia
(segundo o princípio de Pauli) e isso cria uma pressão (chamada pressão de
degenerescência). O resultado dessa pressão com o colapso gravitacional
da estrela é uma explosão que chamamos de supernova. Uma supernova
pode emitir mais energia do que toda a galáxia.

Remanescente de supernova do Caranguejo. Essa estrela


quando virou uma supernova, em 1054, foi observada pelos
chineses e árabes, inclusive durante o dia, tamanho o seu brilho.
Imagem disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/File:Crab_
Nebula.jpg>.

72
UNIDADE 5
4
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
O interior do remanescente de uma supernova pode conter uma
estrela de nêutrons. O material de uma estrela de nêutrons é tão denso
que uma colher dele pode pesar mais do que uma montanha.
Uma segunda possibilidade de evolução de uma estrela de grande
massa é, ao fim de seu ciclo nuclear, a gravidade contraí-la. Ela começa
a diminuir o seu raio e todo seu conteúdo acaba num único ponto.
Chamamos isso de buraco negro e dele nem a luz consegue escapar.

SEÇÃO 4
GALÁXIAS
Estrelas interagem gravitacionalmente umas com as outras e com
as nebulosas. A estrutura recebe o nome de galáxia. A nossa galáxia é
chamada de Via Láctea e contém entre 100 e 200 bilhões de estrelas.
Além das estrelas, ela contém as nebulosas, os planetas, cometas,
asteroides, luas, etc. Nossa galáxia tem a forma de um “ovo frito” e o Sol
e os planetas do sistema solar estão na “clara”. Dá-se uma volta em torno
da “gema”em 225 milhões de anos. Como estimamos a idade do Sol em 5
bilhões de anos, ele já deu várias voltas na galáxia. Existem basicamente
três tipos de galáxias: as espirais, as elípticas e as irregulares. Os tipos
espirais contêm subdivisões quanto à presença de barra e ao tamanho do
bojo (veja mais adiante). Os tipos elípticos são subdivididos quanto à sua
elipticidade em três partes. Voltando à analogia do “ovo frito”, a parte da
“gema” é denominada bojo, a da “clara”, disco e a região acima e abaixo
do disco do bojo é denominada halo, que tem cerca de 100.000 anos-luz
de extensão e é 10 vezes menor em espessura.
Imagem do centro da nossa
galáxia, a Via Láctea. O Sol, a
Terra e todos os planetas do
sistema solar bem como as
estrelas estão dentro da Via
Láctea.
Imagem disponível em: <http://
www.universetoday.com/
wp-content/uploads/2009/12/
allskymilkyway_brunier_big.jpg>.

73
UNIDADE 5
Universidade Aberta do Brasil

As galáxias também interagem umas com as outras e estão


organizadas em conjuntos ou aglomerados. A nossa galáxia está contida
no chamado grupo local e, juntamente com a galáxia de Andrômeda, são
as duas maiores das 30 galáxias que compõem o grupo local. Elas estão
separadas por cerca de 2,5 milhões de anos-luz. Compare com o tamanho
da nossa galáxia que é em torno de 100 mil anos-luz.
Galáxia espiral NGC 4414
observada pelo telescópio espacial
Hubble, em 1995. Essa galáxia
pertence à constelação Coma
Berenices e está a 60 milhões
anos-luz de distância da Terra. Seu
diâmetro mede 55.000 anos-luz.
Imagem disponível em:
<http://upload.wikimedia.org/
wikipedia/commons/thumb/c/c3/
NGC_4414_%28NASA-med%29.
jpg/931px-NGC_4414_%28NASA-
med%29.jpg>.

O aglomerado de Virgem é vizinho do nosso grupo local. Ele está a


cerca de 54 milhões de anos-luz e contém entre 1.300 e 2.000 membros,
na direção da constelação de Virgem. O aglomerado de Coma e de Fornax
são outros dois aglomerados de galáxias próximos ao nosso.
Os superaglomerados contêm vários aglomerados e é uma das
maiores estruturas do Universo. Entre os superaglomerados aparecem
vazios (ou voids, em inglês). O Universo em escala maior é uniforme, isto
é, nessa escala a quantidade de galáxias em um cubo de 1 bilhão de anos-
luz é sempre a mesma.
Aglomerado de Virgem. Pontos pretos da imagem são estrelas
brilhantes da nossa galáxia que foram removidas.
Imagem disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/
File:ESO-M87.jpg>.

74
UNIDADE 5
4
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
SEÇÃO 5
COSMOLOGIA
A Cosmologia é o estudo da origem e evolução do Universo. A teoria
cosmológica mais aceita é a do Big Bang. De fato nenhuma explosão
aconteceu no início do Universo. O nome é apenas uma referência dada
pelos opositores da teoria quando ela foi proposta. O Big Bang se baseia
em três fatos observacionais:
a expansão do universo, o que nos leva a concluir que ele era
menor no passado até estar todo contido numa singularidade;
a radiação cósmica de funda, que é uma espécie de fóssil do Big
Bang;
a proporção entre hidrogênio e hélio.
Pode-se dizer que na verdade o Big Bang é uma teoria que conta
como o Universo evoluiu em vez de como surgiu. Ao se levar em conta
que tudo teve um começo, não só a matéria como o espaço e o tempo,
perguntas como: “O que aconteceu antes?” perdem o sentido. Não há
“antes” se o tempo não havia surgido. Hoje é conhecida com precisão a
idade do nosso universo: 13,75±0,11 bilhões de anos.

Localização da Terra no Universo


Imagem disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/File:Earth’s_Location_in_the_Universe_(JPEG)>.

Nesta Unidade você viu que a evolução de uma estrela parecida com o Sol (tipo
solar) é diferente das estrelas com maior massa (ditas massivas). Todo o sistema
solar e as estrelas estão contidos dentro de uma galáxia chamada de Via-Láctea. A
distância entre as galáxias é da ordem de milhões (ou mesmo bilhões) de anos-luz
e elas estão organizadas em aglomerados. A Cosmologia é a ciência que estuda a
origem e a evolução do Universo.

75
UNIDADE 5
Universidade Aberta do Brasil

1. Qual a diferença entre estrela e galáxia?


2. O que são nebulosas?
3. O que é um diagrama H-R?
4. Como uma estrela tipo solar morre?

76
UNIDADE 5
4
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA

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UNIDADE 5
78
Universidade Aberta do Brasil

UNIDADE 5
4
UNIDADE VII
Ensino de Astronomia

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
■■ Fornecer estratégias de ensino em Astronomia.
■■ Sugerir atividades práticas para o ensino de Astronomia.

ROTEIRO DE ESTUDOS
■■ SEÇÃO 1 - Motivando o aluno
■■ SEÇÃO 2 - Atividades práticas
■■ SEÇÃO 3 - Recursos na Internet
Universidade Aberta do Brasil

PARA INÍCIO DE CONVERSA


Nesta Unidade você verá algumas estratégias e atividades práticas
para o ensino de Astronomia. Várias outras atividades são propostas nos
sites da Internet citados nessa unidade.

80
UNIDADE 7
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
SEÇÃO 1
MOTIVANDO O ALUNO

A Astronomia é especialmente apropriada para motivar os alunos


e aprofundar conhecimentos em diversas áreas. Serão abordadas mais
adiante algumas estratégias para o ensino da Astronomia, envolvendo
matemática, geografia, física (física básica, relatividade, física de matéria
densa, física matemática, mecânica quântica, etc.), química, computação,
tratamento de imagens, instrumentação de alta precisão, (engenharia
óptica, mecânica e eletrônica), além de história, mitologia, antropologia,
etc.
Comece a aula com uma imagem e pergunte ao aluno o que ela
significa para ele. Em seguida, dê a explicação correta. Isso fará com que
ele preste mais atenção no assunto. Programe uma ou duas aulas para
observação astronômica. Pode ser feita durante o dia (observação solar)
ou à noite (observação de planetas, estrelas, etc.). Anuncie no começo de
seu período letivo que essa atividade será feita. Isso é possível mesmo que
o seu estabelecimento escolar não possua lunetas ou telescópios, pois se
pode aprender muita coisa com a observação a olho nu. No caso do Sol, é
possível montar um instrumento de observação através de projeção com
uma cartolina. As duas estratégias serão descritas em detalhe na seção 3.
Uma terceira possibilidade é organizar uma seção de observação remota
noturna pela Internet. Há vários programas educacionais que fazem isso.
No Brasil, existe o programa Telescópios na Escola (veja na seção 4).
Caso o aluno faça uma pergunta e você não saiba a resposta,
explique que irá consultar seus materiais didáticos (livro, Internet) ou
um astrônomo profissional (o Observatório Nacional do Rio de Janeiro
possui um programa nesse sentido disponível em seu site na Internet).
Não deixe de responder ao aluno até o final do curso.

81
UNIDADE 7
Universidade Aberta do Brasil

SEÇÃO 2
ATIVIDADES PRÁTICAS
Há uma variedade grande de atividades práticas que podem ser
realizadas com os alunos, desde a construção de maquetes em sala de
aula até observações em telescópios semiprofissionais que podem resultar
em descobertas inéditas. A título de exemplo, descrevo duas atividades.
Atividade 1 – Observação a olho nu do céu noturno
Materiais: Carta celeste
Objetivo: Fazer o aluno reconhecer objetos do céu noturno como
planetas, lua e constelações. No caso de ensino de Geografia, a atividade
pode ser usada para ensinar a ler mapas também através da utilização da
carta celeste.
Descrição: A atividade consiste na interpretação da carta celeste
e na identificação de seus elementos no céu noturno. Cartas podem ser
baixadas gratuitamente pela Internet como o Heavens above (http://www.
heavens-above.com/) e Your Sky (http://www.fourmilab.ch/yoursky/).
Programe a observação com antecedência e os objetos (como planetas)
que você deseja mostrar para os alunos. A identificação de constelações
requer um certo treino. A Lua é sempre um objeto interessante para
observar e você pode aproveitar a oportunidade para explicar as fases.

Atividade 2 – Observação solar com projeção


Materiais: Cartolina, tesoura, papel alumínio, alfinete, cola ou durex
Objetivo: Construção de material didático para observação solar
Descrição: Construa um tubo enrolando a parte mais longa da
cartolina. Cole a cartolina para que o tubo não se desfaça. Feche uma das
extremidades do tubo com um papel opaco. Na outra extremidade cole
papel alumínio fechando o tubo. Faça um pequeno furo com um alfinete
no centro do papel alumínio colado à cartolina. Perto da extremidade
oposta faça um buraco na cartolina de modo a enxergar dentro. Aponte
o tubo com o papel alumínio na direção do Sol. A estratégia é olhar a
sombra que o instrumento faz de modo que ela fique mínima. Olhe dentro
do buraco feito perto da extremidade oposta para ver o Sol, mas nunca
olhe diretamente para ele. Lesões permanentes nos olhos podem resultar
da observação direta. A atividade aqui proposta baseia-se na observação

82
UNIDADE 7
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
projetada da imagem formada no furo do papel alumínio.

Localização da Terra no Universo


Imagem feita baseada em: <http://www.chabotspace.org/assets/teacher/touch-the-sun.pdf>.

SEÇÃO 3
RECURSOS NA INTERNET
Recursos sobre astronomia são abundantes na Internet,
principalmente na língua inglesa. O site da NASA (http://www.jpl.
nasa.gov/education/index.cfm) contém uma infinidade de informações,
imagens e vídeos bem como sugestões de projetos. Cada projeto espacial
da NASA possui recursos para professores e alunos. Observações
remotas podem ser requisitadas e feitas gratuitamente com o Projeto
do Telescópio Faulkes (http://www.faulkes-telescope.com/), que possui
uma rede de telescópios de até 2m de diâmetro espalhados ao redor
do mundo, voltados a atividades educacionais. Um recurso ainda mais
avançado é a série de observações astronômicas simuladas denominado
CLEA ()http://www3.gettysburg.edu/~marschal/clea/CLEAhome.html. O
conjunto contém um manual de instrução, o programa de computador e
a lista de exercícios para vários projetos como, por exemplo, observação
das luas de Júpiter. Imagens sobre astronomia podem ser encontradas na
página de Astronomical Picture of the Day (http://apod.nasa.gov/apod/
astropix.html). A cada dia uma nova imagem com explicações. Uma lista
de sites com recursos didáticos (em inglês) pode ser encontrada em http://
cdsweb.u-strasbg.fr/astroWeb/astroweb/education.html e http://www.istl.
org/02-spring/internet2.html#educ.
Entre os programas de computadores, dois são muito interessantes,
didáticos e gratuitos. O Stellarium (http://www.stellarium.org/pt/) e o
Celestia (http://www.shatters.net/celestia/). O Stellarium consiste em
um programa de computador de planetário (disponível em português),
incluindo constelações tupi-guarani. O Celestia (somente em inglês) é

83
UNIDADE 7
Universidade Aberta do Brasil

um navegador virtual em três dimensões pelo sistema solar e a nossa


galáxia, feito com imagens reais dos objetos.
No Brasil, várias universidades, instituições de pesquisa e
planetários oferecem recursos didáticos. Entre eles a Universidade
Estadual de Ponta Grossa ( http://www.jupiter.uepg.br) oferece uma
interface com o site da Carta Celeste Heavens Above, nascer e pôr do
Sol, imagens, etc. O observatório Nacional do Rio de Janeiro (http://
www.on.br/) possui vários programas como o “Pergunte a um astrônomo”,
“Brincando com ciência”, além de cursos pela Internet. O Planetário de
São Paulo possui um banco de textos (http://www.prefeitura.sp.gov.br/
cidade/secretarias/meio_ambiente/planetarios/) e o Planetário do Rio de
Janeiro propõe várias atividades para crianças, além de um passeio virtual
(http://www.planetariodorio.com.br/index.php ). O Brasil faz parte do
conjunto de observatórios europeus com recursos didáticos em português
(http://www.eso.org/public/brazil.html). O Departamento de Física da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (http://astro.¬if.¬ufrgs.¬br)
possui um livro de astronomia e astrofisica básica no formato html. A
Universidade Federal de São Carlos tem o programa O Céu da Semana
(http://astro2009.wordpress.com/) com vídeos atualizados toda semana.
O Laboratório Nacional de Astrofísica (http://www.lna.br/~divulg/ possui
recursos com informações didáticas.
Existe ainda uma rede de telescópios didáticos no Brasil
denominada Telescópios na Escola. A Universidade Estadual de Ponta
Grossa, o Observatório de Valinhos e o Miniobservatório do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) são algumas das instituições
participantes (http://www.telescopiosnaescola.pro.br/). É possível reservar
o uso desses telescópios e controlá-los via Internet dentro da sala de aula.
O projeto sugere várias atividades em seu site da Internet.

84
UNIDADE 7
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
Nesta Unidade você viu algumas estratégias para o ensino de Astronomia e
recursos didáticos disponíveis na Internet como o Telescópios na Escola.

1. Com um mapa do céu na mão, faça uma observação a olho nu e identifique pelo
menos três constelações.
2. Visite os sites citados nesta Unidade.

85
UNIDADE 7
86
Universidade Aberta do Brasil

UNIDADE 7
UNIDADE VIII
Astronáutica

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
■■ Fornecer noções de Astronáutica.

ROTEIRO DE ESTUDOS
■■ SEÇÃO 1 - Da Terra à Lua
■■ SEÇÃO 2 - Satélites artificiais e missões planetárias
■■ SEÇÃO 3 - Uso comercial
■■ SEÇÃO 4 - O programa espacial brasileiro
Universidade Aberta do Brasil

PARA INÍCIO DE CONVERSA


A exploração espacial já tem mais de meio século. Avanços nessa
área continuam a ser gigantescos. Em poucas décadas o homem começou
a usufruir das conquistas espaciais e hoje várias tecnologias fazem parte
do cotidiano da humanidade.

88
UNIDADE 8
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
SEÇÃO 1
DA TERRA À LUA
O homem esteve seis vezes na Lua, entre 1969 e 1972. Três astronautas
americanos, Neil Armstrong, Michael Collins e Edwin A. “Buzz” Aldrin,
fizeram parte da primeira missão quando o homem pisou na Lua, em julho
de 1969. A missão era a Apollo 11. Estima-se que 500 milhões de pessoas
ao redor do mundo acompanharam ao vivo quando Neil Armstrong pisou
na Lua, a maior audiência de TV na época. Os astronautas levaram cerca
de uma semana para chegar até lá e ficaram um pouco mais de 21 minutos
na superfície. Um tempo curto comparado aos três dias que a tripulação da
Apollo 17 ficou em dezembro de 1972. Há pessoas que ainda questionam
se o homem realmente pousou na Lua. Entretanto há várias provas físicas
desse fato histórico, entre elas a colocação dos retrorrefletores pelas
missões Apollo, permitindo que qualquer pessoa da Terra mire um laser
nos locais de alunissagem e observe-o voltar até a Terra. Recentemente
uma nave da NASA chamada Lunar Reconnaissance Orbiter fez imagens
dos lugares onde o homem pousou na Lua, onde é possível ver detalhes
como o módulo lunar e as marcas do veículo lunar. Índia, Japão, China,
União Europeia e Rússia têm planos de mandar missões tripuladas e não
tripuladas para a Lua nos próximos anos. Missões tripuladas para outros
planetas do sistema solar ainda
estão distantes.

Astronauta Buzz Aldrin (Apollo 11) na superfície lunar, em 20


de julho de 1969.
Imagem disponível em: <http://upload.wikimedia.org/
wikipedia/commons/thumb/9/98/Aldrin_Apollo_11_original.
jpg/1018px-Aldrin_Apollo_11_original.jpg>.

89
UNIDADE 8
Universidade Aberta do Brasil

 
Imagem do Lunar Reconnaissance Orbiter da região da Lua do pouso da Apollo 17. A Apollo 17 foi a sexta e última missão do Projeto Apollo à
Lua realizada em dezembro de 1972 e é a missão que permaneceu mais tempo na superfície lunar. A imagem acima foi tirada em 2009 e nela é
possível ver detalhes da atividade da Apollo 17 como os rastros do veículo lunar e o módulo lunar.
Imagem disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/30/Apollo_17_LM_Challenger_LRO.png>.

90
UNIDADE 8
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
SEÇÃO 2
SATÉLITES ARTIFICIAIS E MISSÕES PLANETÁRIAS
Alguns comprimentos de onda são bloqueados pela atmosfera da
Terra como a luz ultravioleta, grande parte do infravermelho, raios X e
raios gama. Essas cores só podem ser observadas por satélites fora da
atmosfera da Terra. Além disso, a atmosfera terrestre funciona como uma
lente com um índice de refração variável com o tempo. É o que faz as
estrelas cintilarem. Telescópios livres das interferências da atmosfera da
Terra têm então uma grande vantagem. O telescópio espacial Hubble,
lançado pelo ônibus espacial em 1990, realizou inúmeras descobertas
científicas, que de outro modo não seria possível. Deve-se muito a esse
telescópio sobre o conhecimento que se tem hoje sobre o Universo.
Outras sondas foram enviadas diretamente a planetas como a Missão
Galileo para Júpiter, Cassini para Saturno, New Horizons para Plutão,
Messenger para Mercúrio, Magellan para Vênus. Missões para o planeta
Marte são em maior número como Phoenix, Mars Odyssey, Mars Express,
etc. As naves Voyager (1 e 2) lançadas em 1977 foram uma das primeiras
a fazerem imagens detalhadas de vários planetas e responsáveis pelas
descobertas de várias luas
do sistema solar. Inúmeros
telescópios lançados têm
objetivos específicos como
a Missão Kepler para
descobrir exoplanetas
e o WMAP (Wilkinson
Microwave Anisotropy
Probe) para medir a radiação
cósmica de fundo.

Telescópio Kepler destinado à procura de planetas fora


do sistema solar.
Imagem disponível em: <http://orbitalhub.
com/?tag=kepler>.

91
UNIDADE 8
Universidade Aberta do Brasil

SEÇÃO 3
USO COMERCIAL
O investimento mundial no setor espacial é estimado em US$ 50,8
bilhões de dólares. Entre os serviços estão a TV a cabo (DIRECTV), sistema
de posicionamento global (GPS), telefonia e monitoramento climático.
Mais recentemente temos o turismo espacial. Atualmente esse serviço
está reservado a pouco mais de meia dúzia de bilionários, mas empresas
como a Virgin Galatic e Project Enterprise prometem num futuro não
muito distante promover voos com preços muito mais acessíveis. Temos o
exemplo da aviação comercial que no início era voltada a pessoas muito
ricas e hoje estão mais populares. Há planos muito mais ambiciosos como
o da empresa Space Adventures prometendo um voo ao redor da Lua e a
Excalibur Almaz interessada em construir um hotel espacial. O fato é que
o espaço hoje é um lugar lucrativo e essencial para a atividade humana
moderna.
O elevador espacial não é uma realidade, mas caso seja possível
a sua construção algum dia, os custos espaciais reduzirão drasticamente.
A ideia é montar um cabo com um contrapeso no espaço ancorado no
equador celeste. O cabo seria usado para transportar materiais da
superfície terrestre até o espaço, sem o uso de foguetes. A limitação está
em construir um cabo suficientemente forte para suportar as forças de
tensão envolvidas e, ao mesmo tempo, leve. Nanotubos de carbono é um
dos candidatos para o material do cabo.

92
UNIDADE 8
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
SEÇÃO 4
O PROGRAMA ESPACIAL BRASILEIRO
O início se deu em 1960 pelo então presidente Jânio Quadros para
a formação de um programa nacional de exploração espacial. Após várias
comissões em 1971 foi criado o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE). A Agência Espacial Brasileira (AEB) foi criada em 1994. O
INPE é responsável por testes de satélites e, mais recentemente, pela
sua construção também. A AEB é responsável pelo veículo lançador de
satélite (VLS), programa ainda sem sucesso e com um acidente grave em
2003, com a morte de 21 pessoas do programa. Uma tentativa recente foi
feita para unir o INPE e a AEB em uma única agência, mas por razões
políticas não houve sucesso. Atualmente o Brasil mantém cooperação
internacional com a Ucrânia para o lançamento de satélites e construiu
outros em conjunto com a China, EUA, Japão e Argentina. Em março de
2006, o astronauta brasileiro Marcos Pontes foi lançado ao espaço por
cerca de 9 dias, como parte do acordo brasileiro com a Estação Espacial
Internacional. Ele levou oito experimentos científicos brasileiros para
execução em microgravidade.

Nesta Unidade você viu os vários elementos da exploração espacial, alguns


satélites artificiais e missões espaciais. Por fim, foi abordado o uso comercial da
exploração espacial e o programa espacial brasileiro.

1. Quantas foram as missões tripuladas que pousaram na Lua?


2. Quais os principais usos comerciais da exploração espacial?
3. Quais são os países com que o Brasil tem parceria na área espacial?

93
UNIDADE 8
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
PALAVRAS FINAIS
O filósofo Augusto Comte (1798-1857) uma vez afirmou que o homem
poderia conhecer tudo, menos do que as estrelas eram formadas. Hoje se
sabe do que elas são formadas, graças à espectroscopia. O conhecimento
das ciências naturais e da matemática possibilitou a explicação do
surgimento e evolução dos objetos astronômicos como estrelas e planetas.
Como se pode saber tanto da evolução do Universo, sua estrutura e
origem? Ninguém acompanhou a evolução de uma única estrela desde o
seu nascimento até a morte e nem existem testemunhas do surgimento do
Universo. Então como esse conhecimento foi adquirido?
Existem tantas estrelas no Universo como grãos de areia em todas
as praias da Terra. Assim é possível perceber cada fase de evolução da
estrela observando diferentes estrelas. Pistas do início do Universo – o Big
Bang – podem ser obtidas da mesma forma como os detetives fazem ao
investigar a cena do local de ocorrência de um crime. O método científico
é um tremendo sucesso. Graças a ele desenvolvemos tecnologia, vacinas
e métodos de plantio e colheita. A qualidade, quantidade e extensão da
vida do homem têm crescido ao longo dos anos, demonstrando de maneira
inequívoca a eficácia do método científico e de seus instrumentos.

95
PALAVRAS FINAIS
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
REFERÊNCIAS
BOCZKO, R. Conceitos de Astronomia. São Paulo: Edgard Blücher LTDA,
1984.
CHAISSON, Eric; MCMILLAN, Steve. Astronomy Today. 6a ed. São Francisco,
EUA Benjamin Cummings, 2009.
FRIAÇA, Amâncio; DAL PINO, Elisabete; SODRÉ JR., Laerte; JATENCO-
PEREIRA, Vera. Astronomia: uma visão geral do Universo. São Paulo, SP
EDUSP, 2000.
MACIEL, V. Introdução à estrutura e Evolução Estelar. São Paulo, SP EDUSP,
1999.
OLIVEIRA FILHO, K. S.; SARAIVA, M. F. O. Astronomia e Astrofísica. Porto
Alegre: Ed. UFRS, 1999.

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REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO A ASTRONOMIA
NOTAS SOBRE O AUTOR

Prof. Dr. MARCELO EMILIO


Bacharel em Física pela Universidade Estadual de Ponta

Grossa (1994), mestrado em Astronomia pela Universidade de São


Paulo (1997) e doutorado em Astronomia pela Universidade de

São Paulo (2001), com doutorado sanduíche na Universidade do

Havaí. Pós-Doutorado pela Universidade de São Paulo (2002) e

pela Universidade do Havaí (2012). Atualmente é professor adjunto

da Universidade Estadual de Ponta Grossa e pesquisador visitante

da Universidade do Havaí (2004-2011) durante parte do ano. Tem

experiência na área de Astronomia, atuando principalmente nos

seguintes temas: Física e Astrometria Solar, Astrofísica Estelar e


Educação em Astronomia. Membro da Sociedade Brasileira de

Astronomia e da União Astronômica Internacional. Atualmente

é pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisa, consultor da

Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (FAPESP) e presidente

do comitê da área de Física e Astronomia da Fundação de Amparo à

Pesquisa do Paraná - Fundação Araucária.

99
AUTOR

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