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LÍNGUA PORTUGUESA

Os diferentes níveis de leitura


1. CONTEÚDO DO TEXTO: COMPREENSÃO
E INTERPRETAÇÃO; Para que isso aconteça, é necessário que haja maturidade para
a compreensão do material lido, senão tudo cairá no esquecimen-
to ou ficará armazenado em nossa memória sem uso, até que te-
nhamos condições cognitivas para utilizar. De uma forma geral,
“O senhor... Mire veja: o mais importante e bonito, do passamos por diferentes níveis ou etapas até termos condições de
mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não aproveitar totalmente o assunto lido. Essas etapas ou níveis são
cumulativas e vão sendo adquiridas pela vida, estando presente em
foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Afinam e
praticamente toda a nossa leitura.
desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me
alegra, montão.” O Primeiro Nível é elementar e diz respeito ao período de
alfabetização. Ler é uma capacidade cerebral muito sofisticada e
(em Grande Sertão: Veredas, Guimarães Rosa) requer experiência: não basta apenas conhecermos os códigos, a
gramática, a semântica, é preciso que tenhamos um bom domínio
Escrever para matar o tempo. Escrever por obrigação. Escrever da língua.
por profissão. Escrever para tornar presente a ausência. Escrever
para manter próximos os elos distantes. Escrever para vencer o O Segundo Nível é a pré-leitura ou leitura inspecional. Tem
espaço e o tempo. Escrever para se encontrar ou se perder de vez. duas funções específicas: primeiro, prevenir para que a leitura pos-
Escrever para dar vida eterna ao instante efêmero. Escrever para terior não nos surpreenda e, sendo, para que tenhamos chance de
se sentir solitário, mas escrever para ter companhia na solidão. escolher qual material leremos, efetivamente. Trata-se, na verdade,
Escrever para se conhecer nas entranhas, mas escrever para de nossa primeira impressão sobre o texto. É a leitura que comu-
romper a espessa crosta da individualidade. Escrever para criar mente desenvolvemos “nas livrarias”. Nela, por meio do salteio de
pontes em busca do outro. Escrever para ter a marca registrada do partes, respondem basicamente às seguintes perguntas:
ser pensante. Escrever para explodir ou domar a paixão. Escrever
como treino de inteligência ou para admirar a loucura da lucidez. - Por que ler este livro?
Escrever para criar um ritual em que o homem é a própria magia.
- Será uma leitura útil?
Escrever para se firmar como uma voz distinta no mundo. Escrever
para aceitar, negar e transformar o mesmo mundo. Escrever para - Dentro de que contexto ele poderá se enquadrar?
se sentir vivo e renovar o grande estoque de palavras-mundo que
há em nós. Daqui surgem os textos.   Essas perguntas devem ser revistas durante as etapas que se
seguem, procurando usar de imparcialidade quanto ao ponto de
A maioria das pessoas fala enquanto faz alguma coisa. Numa vista do autor, e o assunto, evitando preconceitos. Se você se pro-
partida de futebol, os jogadores não só correm e chutam, mas puser a ler um texto sem interesse, com olhar crítico, rejeitando-o
gritam, advertem, perguntam. Difícil é ler e ao mesmo tempo fazer antes de conhecê-lo, provavelmente o aproveitamento será muito
outra coisa. Ao lermos, a realidade em torno de nós tende a sumir baixo. Ler é armazenar informações; desenvolver; ampliar hori-
de nossa atenção, porque ficamos concentrados naquilo que o texto zontes; compreender o mundo; comunicar-se melhor; escrever me-
nos diz. lhor; relacionar-se melhor com o outro.

“Na leitura, é importante descobrir o que é relevante em


cada texto e conseguir situar-se convenientemente no ponto de
O Terceiro Nível é conhecido como analítico. Depois de
observação escolhido pelo autor, compreendendo suas intenções
vasculharmos bem o texto na pré-leitura, analisamos. Para isso, é
e propósitos”.
imprescindível que saibamos em qual gênero o texto se enquadra:
trata-se de um romance, um tratado, uma notícia de jornal, revista,
A importância dada às questões de interpretação de textos
entrevista, neste caso, existe apenas teoria ou são inseridas práticas
deve-se ao caráter interdisciplinar, o que equivale dizer que a e exemplos. No caso de ser um texto teórico, que requeira memo-
competência de ler texto interfere decididamente no aprendizado rização, procure criar imagens mentais sobre o assunto, ou seja,
em geral, já que boa parte do conhecimento mais importante nos veja, realmente, o que está lendo, dando vida e muita criatividade
chega por meio da linguagem escrita. A maior herança que a escola ao assunto.  Note bem: a leitura efetiva vai acontecer nesta fase, e
pode legar aos seus alunos é a competência de ler com autonomia, a primeira coisa a fazer é ser capaz de resumir o assunto do texto
isto é, de extrair de um texto os seus significados. Num texto, cada em duas frases. Já temos algum conteúdo para isso, pois o enca-
uma das partes está combinada com as outras, criando um todo que deamento das ideias já é de nosso conhecimento. Procure, agora,
não é mero resultado da soma das partes, mas da sua articulação. ler bem o texto, do início ao fim. Esta é a leitura efetiva, aproveite
Assim, a apreensão do significado global resulta de várias leituras bem este momento. Fique atento! Aproveite todas as informações
acompanhadas de várias hipóteses interpretativas, levantadas a que a pré-leitura ofereceu. Não pare a leitura para buscar significa-
partir da compreensão de dados e informações inscritos no texto dos de palavras em dicionários ou sublinhar textos, isto será feito
lido e do nosso conhecimento do mundo. em outro momento.

Didatismo e Conhecimento 1
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O Quarto Nível de leitura é o denominado de controle. Trata- Charcot (Estudos sobre a histeria, 1895). Insatisfeito com os
-se de uma leitura com a qual vamos efetivamente acabar com resultados obtidos pelo hipnotismo, inventou o método que até hoje
qualquer dúvida que ainda persista. Normalmente, os termos des- é usado pela psicanálise: o das ‘livres associações’ de ideias e de
conhecidos de um texto são explicitados  neste próprio texto, à sentimentos, estimuladas pela terapeuta por palavras dirigidas ao
medida que vamos adiantando a leitura. Um mecanismo psicoló- paciente com o fim de descobrir a fonte das perturbações mentais.
gico fará com que fiquemos com aquela dúvida incomodando-nos Para este caminho de regresso às origens de um trauma, Freud
até que tenhamos a resposta. Caso não haja explicação no texto, se utilizou especialmente da linguagem onírica dos pacientes,
será na etapa do controle que lançaremos mão do dicionário. Veja considerando os sonhos como compensação dos desejos
bem: a esta altura já conhecemos bem o texto e o ato de interrom- insatisfeitos na fase de vigília.
per a leitura não vai fragmentar a compreensão do assunto como Mas a grande novidade de Freud, que escandalizou o mundo
um todo. Será, também, nessa etapa que sublinharemos os tópicos cultural da época, foi a apresentação da tese de que toda neurose
importantes, se necessário. Para ressaltar trechos importantes opte é de origem sexual.”
por um sinal discreto próximo a eles, visando principalmente a (Salvatore D’Onofrio)
marcar o local do texto em que se encontra, obrigando-o a fixar a
cronologia e a sequência deste fato importante, situando-o. Apro- Primeiro Conceito do Texto: “Incalculável é a contribuição
veite bem esta etapa de leitura. do famoso neurologista austríaco no tocante aos estudos sobre a
formação da personalidade humana. Sigmund Freud (1859-1939)
Um Quinto Nível pode ser opcional: a etapa da repetição conseguiu acender luzes nas camadas mais profundas da psique
aplicada. Quando lemos, assimilamos o conteúdo do texto, mas humana: o inconsciente e subconsciente.” O autor do texto afirma,
aprendizagem efetiva vai requerer que tenhamos prática, ou seja, inicialmente, que Sigmund Freud ajudou a ciência a compreender
que tenhamos experiência do que foi lido na vida. Você só pode os níveis mais profundos da personalidade humana, o inconsciente
compreender conceitos que tenha visto em seu cotidiano. Nada e subconsciente.
como unir a teoria à prática. Na leitura, quando não passamos pela
etapa da repetição aplicada, ficamos muitas vezes sujeitos  àqueles Segundo Conceito do Texto: “Começou estudando casos
brancos quando queremos evocar o assunto. Observe agora os tre- clínicos de comportamentos anômalos ou patológicos, com a
chos sublinhados, trace um diagrama sobre o texto, esforce-se para ajuda da hipnose e em colaboração com os colegas Joseph Breuer
traduzi-lo com suas próprias palavras. Procure associar o assunto e Martin Charcot (Estudos sobre a histeria, 1895). Insatisfeito com
lido com alguma experiência já vivida ou tente exemplificá-lo com os resultados obtidos pelo hipnotismo, inventou o método que até
algo concreto, como se fosse um professor e o estivesse ensinando hoje é usado pela psicanálise: o das ‘livres associações’ de ideias e
para uma turma de alunos interessados. É importante lembrar que de sentimentos, estimuladas pela terapeuta por palavras dirigidas
esquecemos mais nas próximas 8 horas do que nos 30 dias poste- ao paciente com o fim de descobrir a fonte das perturbações
riores. Isto quer dizer que devemos fazer pausas durante a leitura mentais.” A segunda ideia núcleo mostra que Freud deu início a
e ao retornarmos ao texto, consultamos as anotações. Não pen- sua pesquisa estudando os comportamentos humanos anormais ou
se que é um exercício monótono. Nós somos capazes de realizar doentios por meio da hipnose. Insatisfeito com esse método, criou
diariamente exercícios físicos com o propósito de melhorar a o das “livres associações de ideias e de sentimentos”.
aparência e a saúde. Pois bem, embora não tenhamos condições
de ver com o que se apresenta nossa mente, somos capazes de Terceiro Conceito do Texto: “Para este caminho de regresso
senti-la quando melhoramos nossas aptidões como o raciocínio, às origens de um trauma, Freud se utilizou especialmente da
a prontidão de informações e, obviamente, nossos conhecimentos linguagem onírica dos pacientes, considerando os sonhos como
intelectuais. Vale a pena se esforçar no início e criar um método de compensação dos desejos insatisfeitos na fase de vigília.” Aqui,
leitura eficiente e rápido. está explicitado que a descoberta das raízes de um trauma se faz
por meio da compreensão dos sonhos, que seriam uma linguagem
Ideias Núcleo metafórica dos desejos não realizados ao longo da vida do dia a
dia.
O primeiro passo para interpretar um texto consiste em
decompô-lo, após uma primeira leitura, em suas “ideias básicas Quarto Conceito do Texto: “Mas a grande novidade de Freud,
ou ideias núcleo”, ou seja, um trabalho analítico buscando os que escandalizou o mundo cultural da época, foi a apresentação
conceitos definidores da opinião explicitada pelo autor. Esta da tese de que toda neurose é de origem sexual.” Por fim, o texto
operação fará com que o significado do texto “salte aos olhos” do afirma que Freud escandalizou a sociedade de seu tempo, afirmando
leitor. Exemplo: a novidade de que todo o trauma psicológico é de origem sexual.

“Incalculável é a contribuição do famoso neurologista QUESTÕES


austríaco no tocante aos estudos sobre a formação da
personalidade humana. Sigmund Freud (1859-1939) conseguiu (CESPE/UnB – Analista do MPU – Apoio Jurídico/2013)
acender luzes nas camadas mais profundas da psique humana: o
inconsciente e subconsciente. Começou estudando casos clínicos Se considerarmos o panorama internacional, perceberemos
de comportamentos anômalos ou patológicos, com a ajuda da que o Ministério Público brasileiro é singular. Em nenhum outro
hipnose e em colaboração com os colegas Joseph Breuer e Martin país, há um Ministério Público que apresente perfil institucional
semelhante ao nosso ou que ostente igual conjunto de atribuições.

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Do ponto de vista da localização institucional, há grande 06. No último período do texto, a palavra “atribuições” está
diversidade de situações no que se refere aos Ministérios Públicos subentendida logo após o vocábulo “as” (l.13), que poderia ser
dos demais países da América Latina. Encontra-se, por exemplo, substituído por aquelas, sem prejuízo para a correção do texto.
Ministério Público dependente do Poder Judiciário na Costa Rica,
na Colômbia e, no Paraguai, e ligado ao Poder Executivo, no 07. Seriam mantidas a correção gramatical e a coerência do
México e no Uruguai. texto se o primeiro parágrafo fosse assim reescrito: Quando se
examina o contexto internacional, concluímos que não há situação
Constata-se, entretanto, que, apesar da maior extensão de
como a do Brasil no que se refere a existência e desempenho do
obrigações do Ministério Público brasileiro, a relação entre o Ministério Público.
número de integrantes da instituição e a população é uma das
mais desfavoráveis no quadro latino-americano. De fato, dados (VUNESP – TJ-SP – 2013)
recentes indicam que, no Brasil, com 4,2 promotores para cada
100 mil habitantes, há uma situação de clara desvantagem no Leia o texto para responder às questões de números 08 a 10.
que diz respeito ao número relativo de integrantes. No Panamá,
por exemplo, o número é de 15,3 promotores para cada cem mil A ética da fila
habitantes; na Guatemala, de 6,9; no Paraguai, de 5,9; na Bolívia,
de 4,5. Em situação semelhante ou ainda mais crítica do que o SÃO PAULO – Escritórios da avenida Faria Lima, em São
Brasil, estão, (l.11) por exemplo, o Peru, com 3,0; a Argentina, Paulo, estão contratando flanelinhas para estacionar os carros de
com 2,9; e, por fim, o Equador, com a mais baixa relação: 2,4. É seus profissionais nas ruas das imediações. O custo mensal fica
correto dizer que há nações (l.12) proporcionalmente com menos bem abaixo do de um estacionamento regular. Imaginando que os
guardadores não violem nenhuma lei nem regra de trânsito, utilizar
promotores que o Brasil. No entanto, as atribuições do Ministério seus serviços seria o equivalente de pagar alguém para ficar na fila
Público brasileiro são muito mais (l.13) extensas do que as dos em seu lugar. Isso é ético?
Ministérios Públicos desses países. Como não resisto aos apelos do utilitarismo, não vejo grandes
problemas nesse tipo de acerto. Ele não prejudica ninguém e deixa
Maria Tereza Sadek. A construção de um novo Ministério pelo menos duas pessoas mais felizes (quem evitou a espera e o
Público sujeito que recebeu para ficar parado). Mas é claro que nem todo
resolutivo. Internet: <https://aplicacao.mp.mg.gov.br> (com o mundo pensa assim.
adaptações). Michael Sandel, em “O que o Dinheiro Não Compra”, levanta
bons argumentos contra a prática. Para o professor de Harvard,
(l.11) – linha 11 no texto original dublês de fila, ao forçar que o critério de distribuição de vagas
(l.12) – linha 12 no texto original deixe de ser a ordem de chegada para tornar-se monetário, acabam
(l.13) – linha 13 no texto original corrompendo as instituições.
Diferentes bens são repartidos segundo diferentes regras. Num
leilão, o que vale é o maior lance, mas no cinema prepondera a
Julgue os itens seguintes com (C) quando a afirmativa estiver fila. Universidades tendem a oferecer vagas com base no mérito, já
Correta e com (E) quando a afirmativa estiver Errada. Itens prontos-socorros ordenam tudo pela gravidade. O problema com o
relativos às ideias e a aspectos linguísticos do texto acima. dinheiro é que ele é eficiente demais. Sempre que entra por alguma
fresta, logo se sobrepõe a critérios alternativos e o resultado final é
01. Os dados expostos no terceiro parágrafo indicam que os uma sociedade na qual as diferenças entre ricos e pobres se tornam
profissionais do Ministério Público brasileiro são mais eficientes cada vez mais acentuadas.
que os dos órgãos equivalentes nos demais países da América do Não discordo do diagnóstico, mas vejo dificuldades. Para
Sul. começar, os argumentos de Sandel também recomendam a
proibição da prostituição e da barriga de aluguel, por exemplo, que
02. Com base nos dados apresentados no texto, é correto me parecem atividades legítimas. Mais importante, para opor-se
concluir que a situação do Brasil, no que diz respeito ao número à destruição de valores ocasionada pela monetização, em muitos
casos é preciso eleger um padrão universal a ser preservado, o que
de promotores existentes no Ministério Público por habitante, está
exige a criação de uma espécie de moral oficial – e isso é para lá
pior que a da Guatemala, mas melhor que a do Peru. de problemático.
(Hélio Schwartsman, A ética da fila. Folha de S.Paulo,
03. Seriam mantidas a coerência e a correção gramatical
do texto se, feitos os devidos ajustes nas iniciais maiúsculas e 08. Em sua argumentação, Hélio Schwartsman revela-se
minúsculas, o período “É correto (...) o Brasil” (l.11-12) fosse (A) perturbado com a situação das grandes cidades, onde se
iniciado com um vocábulo de valor conclusivo, como logo, por acabam criando situações perversas à maioria dos cidadãos.
conseguinte, assim ou porquanto, seguido de vírgula. (B) favorável aos guardadores de vagas nas filas, uma vez que
o pacto entre as partes traduz-se em resultados que satisfazem a
04. O objetivo do texto é provar que o número total de ambas.
promotores no Brasil é menor que na maioria dos países da (C) preocupado com os profissionais dos escritórios da Faria
América Latina. Lima, que acabam sendo explorados pelos flanelinhas.
(D) indignado com a exploração sofrida pelos flanelinhas, que
fazem trabalho semelhante ao dos estacionamentos e recebem
05. No primeiro período do terceiro parágrafo, é estabelecido menos.
contraste entre a maior extensão das obrigações do Ministério (E) indiferente às necessidades dos guardadores de vagas
Público brasileiro, em comparação com as de órgãos equivalentes nas filas, pois eles priorizam vantagens econômicas frente às
em outros países, e o número de promotores em relação à população necessidades alheias.
do país, o que evidencia situação oposta à que se poderia esperar.

Didatismo e Conhecimento 3
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09. Ao citar Michael Sandel, o autor reproduz desse professor 11. Com base nas palavras de Marilena Chauí, entende-se que
uma ideia contrária à ler é
(A) venda de uma vaga de uma pessoa a outra, sendo que (A) um ato de interação e de desalojamento de sentidos
aquela ficou na fila com intenção comercial. O autor do texto cristalizados.
concorda com esse posicionamento de Sandel. (B) uma atividade em que a contribuição pessoal está ausente.
(B) comercialização de uma prática que consiste no pagamento (C) uma reprodução automatizada de sentidos da ideologia
a uma pessoa para que ela fique em seu lugar em uma fila. O autor dominante.
do texto discorda desse posicionamento de Sandel. (D) um processo prejudicado pela insensibilidade do escritor.
(C) criação de uma legislação que normatize a venda de vagas (E) um produto em que o posicionamento do outro se neutraliza.
de uma fila de uma pessoa a outra. O autor do texto discorda desse
posicionamento de Sandel. 12. Com a frase – O escritor me invade, passo a pensar de
(D) falta de incentivo para que a pessoa fique em uma vaga dentro dele e não apenas com ele... – (2.º parágrafo), a autora
e, posteriormente, comercialize-a com quem precise. O autor do revela que
texto discorda desse posicionamento de Sandel. (A) sua visão de mundo destoa do pensamento do escritor.
(E) falta de legislação específica no que se refere à venda de (B) seu mundo agora deixa de existir e vale o do escritor.
uma vaga de uma pessoa que ficou em uma fila guardando lugar (C) sua reflexão está integrada ao pensamento do escritor.
a outra. O autor do texto concorda com esse posicionamento de (D) seu modo de pensar anula o pensamento do escritor.
Sandel. (E) seu pensamento suplanta a perspectiva do escritor.

10. Nas considerações de Sandel, o dinheiro (FCC – TRT-12ªRegião – 2013)


(A) cria caminhos alternativos para ações eficientes,
minimizando as diferenças sociais e resguardando as instituições. Para responder a questão de número 13, considere o texto
(B) anda por diversos caminhos para ser eficiente, rechaçando abaixo.
as diferenças sociais e preservando as instituições.
(C) está na base dos caminhos eficientes, visando combater as As certezas sensíveis dão cor e concretude ao presente vivido.
diferenças sociais e a corrupção das instituições. Na verdade, porém, o presente vivido é fruto de uma sofisticada
(D) é eficiente e abre caminhos, mas reforça as desigualdades mediação. O real tem um quê de ilusório e virtual.
sociais e corrompe as instituições. Os órgãos sensoriais que nos ligam ao mundo são altamente
(E) percorre vários caminhos sem ser eficiente, pois deixa de seletivos naquilo que acolhem e transmitem ao cérebro. O olho
lado as desigualdades sociais e a corrupção das instituições. humano, por exemplo, não é capaz de captar todo o espectro de
energia eletromagnética existente. Os raios ultravioleta, situados
Leia o texto para responder às questões de números 11 e 12. fora do espectro visível do olho humano, são, no entanto, captados
pelas abelhas.
O que é ler? Seletividade análoga preside a operação dos demais sentidos:
cada um atua dentro de sua faixa de registro, ainda que o grau de
Começo distraidamente a ler um livro. Contribuo com sensibilidade dos indivíduos varie de acordo com idade, herança
alguns pensamentos, julgo entender o que está escrito porque genética, treino e educação. Há mais coisas entre o céu e a terra do
conheço a língua e as coisas indicadas pelas palavras, assim que nossos cinco sentidos − e todos os aparelhos científicos que
como sei identificar as experiências ali relatadas. Escritor e leitor lhes prestam serviços − são capazes de detectar.
possuem o mesmo repertório disponível de palavras, coisas, fatos, Aquilo de que o nosso aparelho perceptivo nos faz cientes não
experiências, depositados pela cultura instituída e sedimentados passa, portanto, de uma fração diminuta do que há. Mas o que
no mundo de ambos. aconteceria se tivéssemos de passar a lidar subitamente com uma
De repente, porém, algumas palavras me “pegam”. gama extra e uma carga torrencial de percepções sensoriais (visuais,
Insensivelmente, o escritor as desviou de seu sentido comum auditivas, táteis etc.) com as quais não estamos habituados?
e costumeiro e elas me arrastam, como num turbilhão, para um Suponha que uma mutação genética reduza drasticamente a
sentido novo, que alcanço apenas graças a elas. O escritor me seletividade natural dos nossos sentidos. O ganho de sensibilidade
invade, passo a pensar de dentro dele e não apenas com ele, ele se seria patente. “Se as portas da percepção se depurassem”, sugeria
pensa em mim ao falar em mim com palavras cujo sentido ele fez William Blake, “tudo se revelaria ao homem tal qual é, infinito”.
mudar. O livro que eu parecia soberanamente dominar apossa-se O grande problema é saber se estaríamos aptos a assimilar o
de mim, interpela-me, arrasta-me para o que eu não sabia, para o formidável acréscimo de informação sensível que isso acarretaria.
novo. O escritor não convida quem o lê a reencontrar o que já sabia, O mais provável é que essa súbita mutação – a desobstrução das
mas toca nas significações existentes para torná-las destoantes, portas e órgãos da percepção – produzisse não a revelação mística
estranhas, e para conquistar, por virtude dessa estranheza, uma imaginada por Blake, mas um terrível engarrafamento cerebral:
nova harmonia que se aposse do leitor. uma sobrecarga de informações acompanhada de um estado
Ler, escreve Merleau-Ponty, é fazer a experiência da “retomada de aguda confusão e perplexidade do qual apenas lentamente
do pensamento de outrem através de sua palavra”, é uma reflexão conseguiríamos nos recuperar. As informações sensíveis a que
em outrem, que enriquece nossos próprios pensamentos. Por temos acesso, embora restritas, não comprometeram nossa
isso, prossegue Merleau-Ponty, “começo a compreender uma sobrevivência no laboratório da vida. Longe disso. É a brutal
filosofia deslizando para dentro dela, na maneira de existir de seu seletividade dos nossos sentidos que nos protege da infinita
pensamento”, isto é, em seu discurso. complexidade do Universo. Se o muro desaba, o caos impera.

(Marilena Chauí, Prefácio. Em: Jairo Marçal, (Adaptado de: Eduardo Gianetti, O valor do amanhã, São
Antologia de Textos Filosóficos. Adaptado) Paulo, Cia. das Letras, 2010. p. 139-143)

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13. No texto, o autor Uma redação alternativa em prosa para os versos acima, em
(A) lamenta o fato de que nossos sentidos não sejam capazes que se mantêm a correção, a lógica e, em linhas gerais, o sentido
de captar a imensa gama de informações presentes no Universo. original, é:
(B) aponta para a função protetora dos órgãos sensoriais, cuja (A) Um silêncio perpétuo, cairia sem remédio, sobre aquela
seletividade, embora implique perdas, nos é benéfica. mágoa, considerada nula a partir desta data.
(C) constata que, com o uso da tecnologia, a percepção visual (B) Aquela mágoa sem remédio fora, considerada nula, a partir
desta data, sobre ela restando um silêncio perpétuo.
humana pode alcançar o nível de percepção visual das abelhas, e
(C) Aquela mágoa sem remédio seria, a partir desta data,
vir a captar raios ultravioleta. considerada nula e, sobre ela, cairia um silêncio perpétuo.
(D) discorre sobre uma das máximas de William Blake, para (D) Considerando-se nula aquela mágoa a partir desta data,
quem a inquietação humana deriva do fato de não se franquearem restando sobre ela, um silêncio perpétuo.
as “portas da percepção”. (E) Aquela mágoa, sem remédio será, a partir desta data,
(E) comprova que alterações na percepção sensorial humana considerada nula, caindo-se sobre ela, um silêncio perpétuo.
causariam danos irreparáveis ao cérebro.
Respostas:
Para responder às questões de números 14 e 15, considere o
texto abaixo. 01-E (Afirmativa Errada)
No terceiro parágrafo constatamos que apesar da maior
bem no fundo extensão de obrigações do Ministério Público brasileiro, a relação
entre o número de integrantes da instituição e a população é uma
das mais desfavoráveis no quadro latino-americano. De fato, dados
no fundo, no fundo,
recentes indicam que, no Brasil, com 4,2 promotores para cada
bem lá no fundo, 100 mil habitantes, há uma situação de clara desvantagem no
a gente gostaria que diz respeito ao número relativo de integrantes. No Panamá,
de ver nossos problemas por exemplo, o número é de 15,3 promotores para cada cem mil
resolvidos por decreto habitantes; na Guatemala, de 6,9; no Paraguai, de 5,9; na Bolívia,
a partir desta data, de 4,5. Em situação semelhante ou ainda mais crítica do que o
aquela mágoa sem remédio Brasil, estão, por exemplo, o Peru, com 3,0; a Argentina, com 2,9;
é considerada nula e, por fim, o Equador, com a mais baixa relação: 2,4.
e sobre ela − silêncio perpétuo
extinto por lei todo o remorso 02-C (Afirmativa Correta)
maldito seja quem olhar pra trás, No Brasil, com 4,2 promotores para cada 100 mil habitantes.
lá pra trás não há nada, Na Guatemala, com 6,9 promotores para cada 100 mil
habitantes.
e nada mais
No Peru, com 3,0 promotores para cada 100 mil habitantes.
mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande, 03-E (Afirmativa Errada)
e aos domingos saem todos passear Não podemos usar um vocábulo de conclusão, pois ela se
o problema, sua senhora dará nas últimas duas linhas do texto: ...apesar de haver nações
e outros pequenos probleminhas proporcionalmente com menos promotores que o Brasil, as
atribuições do Ministério Público brasileiro são muito mais
(Paulo Leminski, Toda Poesia, São Paulo, extensas do que as dos Ministérios Públicos desses outros países.
Cia. das Letras, 2013. p. 195)
04-E (Afirmativa Errada)
14. Atente para o que se afirma abaixo. Pois o texto afirma que há outros países em situação semelhante
I. Depreende-se do poema que é preciso mais do que apenas ou ainda mais crítica do que o Brasil, estão, por exemplo, o Peru,
nosso desejo para a resolução de dificuldades. com 3,0; a Argentina, com 2,9; e, por fim, o Equador, com a mais
baixa relação: 2,4.
II. Segundo o texto, o remorso deve ser evitado, bastando, para
tanto, que não se evoque o passado a todo o momento. 05-C (Afirmativa Correta)
III. Infere-se do texto que as mágoas podem desaparecer na Sim, as afirmações estão explícitas e confirmam o item
medida em que não forem cultivadas. 05: “Constata-se, entretanto, que, apesar da maior extensão de
obrigações do Ministério Público brasileiro, a relação entre o
Está correto o que se afirma APENAS em: número de integrantes da instituição e a população é uma das mais
(A) I e III. desfavoráveis no quadro latino-americano”.
(B) I e II.
(C) II e III. 06-C (Afirmativa Correta)
(D) I. “No entanto, as atribuições do Ministério Público brasileiro
(E) II. são muito mais extensas do que as atribuições dos Ministérios
Públicos desses países”. (Sim, a palavra atribuições está
subentendida após “as”).
15. a partir desta data,
“No entanto, as atribuições do Ministério Público brasileiro
aquela mágoa sem remédio são muito mais extensas do que aquelas dos Ministérios Públicos
é considerada nula desses países”. (Não houve prejuízo no entendimento do texto).
e sobre ela − silêncio perpétuo

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07-E (Afirmativa Errada) 12-C
(A) sua visão de mundo destoa do pensamento do escritor.
Como está no texto: “Se considerarmos o panorama Errada. Não destoa, pois o “escritor me invade, passo a
internacional, perceberemos que o Ministério Público brasileiro é pensar de dentro dele e não apenas com ele...”
singular. Em nenhum outro país, há um Ministério Público que
(B) seu mundo agora deixa de existir e vale o do escritor.
apresente perfil institucional semelhante ao nosso ou que ostente
igual conjunto de atribuições”. Errada. Seu mundo passa a existir junto com o mundo do autor.
Como ficaria: “Quando se examina o contexto internacional, “O escritor me invade, passo a pensar de dentro dele e não apenas
concluímos que não há situação como a do Brasil no que se refere com ele...
a existência e desempenho do Ministério Público”. (C) sua reflexão está integrada ao pensamento do escritor.
(Correta)
Errada porque o primeiro diz que em nenhum outro país (D) seu modo de pensar anula o pensamento do escritor.
há um Ministério Público semelhante ao nosso, que ostente a Errada. Seu modo de pensar não anula a do autor, pois passa a
quantidade de atribuições. No segundo diz que em nenhum outro pensar não apenas com ele, mas de dentro dele.
país há um Ministério Público semelhante ao nosso, na existência
(E) seu pensamento suplanta a perspectiva do escritor.
e desempenho.
Errada. Pois os dois pensam juntos.
08-B
A confirmação da alternativa fica evidente no trecho: “Como 13-B
não resisto aos apelos do utilitarismo, não vejo grandes problemas A confirmação da alternativa “B” fica evidente nos parágrafos
nesse tipo de acerto. Ele não prejudica ninguém e deixa pelo 02 e 03: “Os órgãos sensoriais que nos ligam ao mundo são
menos duas pessoas mais felizes (quem evitou a espera e o sujeito altamente seletivos naquilo que acolhem e transmitem ao cérebro.
que recebeu para ficar parado). Mas é claro que nem todo o mundo O olho humano, por exemplo, não é capaz de captar todo o espectro
pensa assim”. de energia eletromagnética existente. Os raios ultravioleta, situados
fora do espectro visível do olho humano, são, no entanto, captados
09-B
Michael Sandel, reproduz uma ideia contrária à comercialização pelas abelhas.
de uma prática que consiste no pagamento a uma pessoa para Seletividade análoga preside a operação dos demais sentidos:
que ela fique em seu lugar em uma fila. Podemos verificar essa cada um atua dentro de sua faixa de registro, ainda que o grau de
afirmação na passagem: “Para o professor de Harvard, dublês de sensibilidade dos indivíduos varie de acordo com idade, herança
fila, ao forçar que o critério de distribuição de vagas deixe de ser a genética, treino e educação. Há mais coisas entre o céu e a terra do
ordem de chegada para tornar-se monetário, acabam corrompendo que nossos cinco sentidos − e todos os aparelhos científicos que
as instituições”. lhes prestam serviços − são capazes de detectar.”
E quando finaliza o texto: “É a brutal seletividade dos nossos
10-D
sentidos que nos protege da infinita complexidade do Universo.”
Podemos confirmar esta afirmativa no trecho: “O problema
com o dinheiro é que ele é eficiente demais. Sempre que entra
por alguma fresta, logo se sobrepõe a critérios alternativos e o 14-D
resultado final é uma sociedade na qual as diferenças entre ricos e I. Depreende-se do poema que é preciso mais do que apenas
pobres se tornam cada vez mais acentuadas”. nosso desejo para a resolução de dificuldades. (Correta)
“mas problemas não se resolvem,
11-A problemas têm família grande,
(A) um ato de interação e de desalojamento de sentidos e aos domingos saem todos passear
cristalizados. (Correta) o problema, sua senhora
(B) uma atividade em que a contribuição pessoal está ausente.
e outros pequenos probleminhas”
Errada. “Ler é fazer a experiência da “retomada do pensamento
de outrem através de sua palavra”, é uma reflexão em outrem, que
enriquece nossos próprios pensamentos”. II. Segundo o texto, o remorso deve ser evitado, bastando, para
(C) uma reprodução automatizada de sentidos da ideologia tanto, que não se evoque o passado a todo o momento. (Incorreta)
dominante. Pois, a gente gostaria
Errada, não há ideologia dominante. “Ler é fazer a experiência de ver nossos problemas
da “retomada do pensamento de outrem através de sua palavra”, resolvidos por decreto
é uma reflexão em outrem, que enriquece nossos próprios a partir desta data,
pensamentos”. aquela mágoa sem remédio
(D) um processo prejudicado pela insensibilidade do escritor.
é considerada nula
Errada. Ler é ter muita sensibilidade, “é uma reflexão”.
(E) um produto em que o posicionamento do outro se e sobre ela − silêncio perpétuo
neutraliza. extinto por lei todo o remorso
Errada. “Ler é fazer a experiência da “retomada do pensamento maldito seja quem olhar pra trás,
de outrem através de sua palavra”, é uma reflexão em outrem, que lá pra trás não há nada,
enriquece nossos próprios pensamentos”. e nada mais

Didatismo e Conhecimento 6
LÍNGUA PORTUGUESA
III. Infere-se do texto que as mágoas podem desaparecer na Toda receita culinária tem duas partes: lista dos ingredientes
medida em que não forem cultivadas. (Incorreta) e modo de preparar. As informações apresentadas na primeira são
a gente gostaria retomadas na segunda. Nesta, os nomes mencionados pela primei-
de ver nossos problemas ra vez na lista de ingredientes vêm precedidos de artigo definido,
resolvidos por decreto o qual exerce, entre outras funções, a de indicar que o termo deter-
a partir desta data, minado por ele se refere ao mesmo ser a que uma palavra idêntica
aquela mágoa sem remédio já fizera menção.
é considerada nula No nosso texto, por exemplo, quando se diz que se adiciona o
e sobre ela − silêncio perpétuo açúcar, o artigo citado na primeira parte. Se dissesse apenas adi-
extinto por lei todo o remorso cione açúcar, deveria adicionar, pois se trataria de outro açúcar,
maldito seja quem olhar pra trás, diverso daquele citado no rol dos ingredientes.
lá pra trás não há nada, Há dois tipos principais de mecanismos de coesão: retomada
e nada mais ou antecipação de palavras, expressões ou frases e encadeamento
de segmentos.
15-C
Aquela mágoa sem remédio seria, a partir desta data, Retomada ou Antecipação por meio de uma palavra gramatical
considerada nula e, sobre ela, cairia um silêncio perpétuo. (pronome, verbos ou advérbios)

“No mercado de trabalho brasileiro, ainda hoje não há total


igualdade entre homens e mulheres: estas ainda ganham menos do
2. RECURSOS QUE ESTABELECEM A que aqueles em cargos equivalentes.”
COESÃO NO TEXTO;
Nesse período, o pronome demonstrativo “estas” retoma o
termo mulheres, enquanto “aqueles” recupera a palavra homens.
Os termos que servem para retomar outros são denominados
Uma das propriedades que distinguem um texto de um amon-
anafóricos; os que servem para anunciar, para antecipar outros são
toado de frases é a relação existente entre os elementos que os
chamados catafóricos. No exemplo a seguir, desta antecipa aban-
constituem. A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre
donar a faculdade no último ano:
palavras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por ele-
mentos gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os
“Já viu uma loucura desta, abandonar a faculdade no último
componentes do texto. Observe:
ano?”
“O iraquiano leu sua declaração num bloquinho comum de
São anafóricos ou catafóricos os pronomes demonstrativos, os
anotações, que segurava na mão.”
pronomes relativos, certos advérbios ou locuções adverbiais (nes-
se momento, então, lá), o verbo fazer, o artigo definido, os prono-
Nesse período, o pronome relativo “que” estabelece conexão mes pessoais de 3ª pessoa (ele, o, a, os, as, lhe, lhes), os pronomes
entre as duas orações. O iraquiano leu sua declaração num blo- indefinidos. Exemplos:
quinho comum de anotações e segurava na mão, retomando na
segunda um dos termos da primeira: bloquinho. O pronome relati- “Ele era muito diferente de seu mestre, a quem sucedera na
vo é um elemento coesivo, e a conexão entre as duas orações, um cátedra de Sociologia na Universidade de São Paulo.”
fenômeno de coesão. Leia o texto que segue:
O pronome relativo “quem” retoma o substantivo mestre.
Arroz-doce da infância
“As pessoas simplificam Machado de Assis; elas o veem como
Ingredientes um pensador cín iço e descrente do amor e da amizade.”
1 litro de leite desnatado
150g de arroz cru lavado O pronome pessoal “elas” recupera o substantivo pessoas; o
1 pitada de sal pronome pessoal “o” retoma o nome Machado de Assis.
4 colheres (sopa) de açúcar
1 colher (sobremesa) de canela em pó “Os dois homens caminhavam pela calçada, ambos trajando
roupa escura.”
Preparo
Em uma panela ferva o leite, acrescente o arroz, a pitada de O numeral “ambos” retoma a expressão os dois homens.
sal e mexa sem parar até cozinhar o arroz. Adicione o açúcar e
deixe no fogo por mais 2 ou 3 minutos. Despeje em um recipiente, “Fui ao cinema domingo e, chegando lá, fiquei desanimado
polvilhe a canela. Sirva. com a fila.”
Cozinha Clássica Baixo Colesterol, nº4.
São Paulo, InCor, agosto de 1999, p. 42. O advérbio “lá” recupera a expressão ao cinema.

Didatismo e Conhecimento 7
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“O governador vai pessoalmente inaugurar a creche dos fun- Retomada por palavra lexical
cionários do palácio, e o fará para demonstrar seu apreço aos (substantivo, adjetivo ou verbo)
servidores.”
Uma palavra pode ser retomada, que por uma repetição, quer
A forma verbal “fará” retoma a perífrase verbal vai inaugu- por uma substituição por sinônimo, hiperônimo, hipônimo ou an-
rar e seu complemento. tonomásia.
Sinônimo é o nome que se dá a uma palavra que possui o
- Em princípio, o termo a que o anafórico se refere deve estar mesmo sentido que outra, ou sentido bastante aproximado: injúria
presente no texto, senão a coesão fica comprometida, como neste e afronta, alegre e contente.
exemplo: Hiperônimo é um termo que mantém com outro uma relação
do tipo contém/está contido;
“André é meu grande amigo. Começou a namorá-la há vários Hipônimo é uma palavra que mantém com outra uma relação
meses.” do tipo está contido/contém. O significado do termo rosa está con-
tido no de flor e o de flor contém o de rosa, pois toda rosa é uma
A rigor, não se pode dizer que o pronome “la” seja um anafó- flor, mas nem toda flor é uma rosa. Flor é, pois, hiperônimo de
rico, pois não está retomando nenhuma das palavras citadas antes. rosa, e esta palavra é hipônimo daquela.
Exatamente por isso, o sentido da frase fica totalmente prejudica- Antonomásia é a substituição de um nome próprio por um
do: não há possibilidade de se depreender o sentido desse prono- nome comum ou de um comum por um próprio. Ela ocorre, prin-
me. cipalmente, quando uma pessoa célebre é designada por uma ca-
Pode ocorrer, no entanto, que o anafórico não se refira a ne- racterística notória ou quando o nome próprio de uma personagem
nhuma palavra citada anteriormente no interior do texto, mas que famosa é usada para designar outras pessoas que possuam a mes-
possa ser inferida por certos pressupostos típicos da cultura em que ma característica que a distingue:
se inscreve o texto. É o caso de um exemplo como este:
“O rei do futebol (=Pelé) som podia ser um brasileiro.”
“O casamento teria sido às 20 horas. O noivo já estava de-
“O herói de dois mundos (=Garibaldi) foi lembrado numa
sesperado, porque eram 21 horas e ela não havia comparecido.”
recente minissérie de tevê.”
Por dados do contexto cultural, sabe-se que o pronome “ela”
Referência ao fato notório de Giuseppe Garibaldi haver lutado
é um anafórico que só pode estar-se referindo à palavra noiva.
pela liberdade na Europa e na América.
Num casamento, estando presente o noivo, o desespero só pode ser
pelo atraso da noiva (representada por “ela” no exemplo citado). “Ele é um hércules (=um homem muito forte).
- O artigo indefinido serve geralmente para introduzir infor- Referência à força física que caracteriza o herói grego Hér-
mações novas ao texto. Quando elas forem retomadas, deverão ser cules.
precedidas do artigo definido, pois este é que tem a função de indi-
car que o termo por ele determinado é idêntico, em termos de valor “Um presidente da República tem uma agenda de trabalho
referencial, a um termo já mencionado. extremamente carregada. Deve receber ministros, embaixadores,
visitantes estrangeiros, parlamentares; precisa a todo momento
“O encarregado da limpeza encontrou uma carteira na sala tomar graves decisões que afetam a vida de muitas pessoas; ne-
de espetáculos. Curiosamente, a carteira tinha muito dinheiro cessita acompanhar tudo o que acontece no Brasil e no mundo.
dentro, mas nem um documento sequer.” Um presidente deve começar a trabalhar ao raiar do dia e termi-
nar sua jornada altas horas da noite.”
- Quando, em dado contexto, o anafórico pode referir-se a dois
termos distintos, há uma ruptura de coesão, porque ocorre uma A repetição do termo presidente estabelece a coesão entre o
ambiguidade insolúvel. É preciso que o texto seja escrito de tal último período e o que vem antes dele.
forma que o leitor possa determinar exatamente qual é a palavra
retomada pelo anafórico. “Observava as estrelas, os planetas, os satélites. Os astros
sempre o atraíram.
“Durante o ensaio, o ator principal brigou com o diretor por
causa da sua arrogância.” Os dois períodos estão relacionados pelo hiperônimo astros,
que recupera os hipônimos estrelas, planetas, satélites.
O anafórico “sua” pode estar-se referindo tanto à palavra ator
quanto a diretor. “Eles (os alquimistas) acreditavam que o organismo do ho-
mem era regido por humores (fluidos orgânicos) que percorriam,
“André brigou com o ex-namorado de uma amiga, que traba- ou apenas existiam, em maior ou menor intensidade em nosso cor-
lha na mesma firma.” po. Eram quatro os humores: o sangue, a fleuma (secreção pulmo-
nar), a bile amarela e a bile negra. E eram também estes quatro
Não se sabe se o anafórico “que” está se referindo ao termo fluidos ligados aos quatro elementos fundamentais: ao Ar (seco), à
amiga ou a ex-namorado. Permutando o anafórico “que” por “o Água (úmido), ao Fogo (quente) e à Terra (frio), respectivamente.”
qual” ou “a qual”, essa ambiguidade seria desfeita. Ziraldo. In: Revista Vozes, nº3, abril de 1970, p.18.

Didatismo e Conhecimento 8
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Nesse texto, a ligação entre o segundo e o primeiro períodos Quando se faz essa elipse por antecipação com verbos que têm
se faz pela repetição da palavra humores; entre o terceiro e o se- regência diferente, a coesão é rompida. Por exemplo, não se deve
gundo se faz pela utilização do sinônimo fluidos. dizer “Conheço e gosto deste livro”, pois o verbo conhecer rege
É preciso manejar com muito cuidado a repetição de palavras, complemento não introduzido por preposição, e a elipse retoma
pois, se ela não for usada para criar um efeito de sentido de inten- o complemento inteiro, portanto teríamos uma preposição inde-
vida: “Conheço (deste livro) e gosto deste livro”. Em “Implico
sificação, constituirá uma falha de estilo. No trecho transcrito a
e dispenso sem dó os estranhos palpiteiros”, diferentemente, no
seguir, por exemplo, fica claro o uso da repetição da palavra vice complemento em elipse faltaria a preposição “com” exigida pelo
e outras parecidas (vicissitudes, vicejam, viciem), com a evidente verbo implicar.
intenção de ridicularizar a condição secundária que um provável Nesses casos, para assegurar a coesão, o recomendável é co-
flamenguista atribui ao Vasco e ao seu Vice-presidente: locar o complemento junto ao primeiro verbo, respeitando sua
regência, e retomá-lo após o segundo por um anafórico, acres-
“Recebi por esses dias um e-mail com uma série de piadas centando a preposição devida (Conheço este livro e gosto dele)
sobre o pouco simpático Eurico Miranda. Faltam-me provas, mas ou eliminando a indevida (Implico com estranhos palpiteiros e os
tudo leva a crer que o remetente seja um flamenguista.” dispenso sem dó).
Segundo o texto, Eurico nasceu para ser vice: é vice-presiden-
te do clube, vice-campeão carioca e bi vice-campeão mundial. E Coesão por Conexão
isso sem falar do vice no Carioca de futsal, no Carioca de basquete,
Há na língua uma série de palavras ou locuções que são res-
no Brasileiro de basquete e na Taça Guanabara. São vicissitudes ponsáveis pela concatenação ou relação entre segmentos do texto.
que vicejam. Espero que não viciem. Esses elementos denominam-se conectores ou operadores discur-
José Roberto Torero. In: Folha de S. Paulo, 08/03/2000, p. sivos. Por exemplo: visto que, até, ora, no entanto, contudo, ou
4-7. seja.
Note-se que eles fazem mais do que ligar partes do texto: es-
A elipse é o apagamento de um segmento de frase que pode tabelecem entre elas relações semânticas de diversos tipos, como
ser facilmente recuperado pelo contexto. Também constitui um contrariedade, causa, consequência, condição, conclusão, etc. Es-
expediente de coesão, pois é o apagamento de um termo que seria sas relações exercem função argumentativa no texto, por isso os
repetido, e o preenchimento do vazio deixado pelo termo apagado operadores discursivos não podem ser usados indiscriminadamente.
Na frase “O time apresentou um bom futebol, mas não al-
(=elíptico) exige, necessariamente, que se faça correlação com ou-
cançou a vitória”, por exemplo, o conector “mas” está adequa-
tros termos presentes no contexto, ou referidos na situação em que
damente usado, pois ele liga dois segmentos com orientação ar-
se desenrola a fala. gumentativa contrária. Se fosse utilizado, nesse caso, o conector
Vejamos estes versos do poema “Círculo vicioso”, de Macha- “portanto”, o resultado seria um paradoxo semântico, pois esse
do de Assis: operador discursivo liga dois segmentos com a mesma orientação
argumentativa, sendo o segmento introduzido por ele a conclusão
(...) do anterior.
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:
- Gradação: há operadores que marcam uma gradação numa
“Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela série de argumentos orientados para uma mesma conclusão. Divi-
Claridade imorta, que toda a luz resume!” dem-se eles, em dois subtipos: os que indicam o argumento mais
forte de uma série: até, mesmo, até mesmo, inclusive, e os que
Obra completa. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1979, v.III,
subentendem uma escala com argumentos mais fortes: ao menos,
p. 151. pelo menos, no mínimo, no máximo, quando muito.
Nesse caso, o verbo dizer, que seria enunciado antes daquilo “Ele é um bom conferencista: tem uma voz bonita, é bem arti-
que disse a lua, isto é, antes das aspas, fica subentendido, é omitido culado, conhece bem o assunto de que fala e é até sedutor.”
por ser facilmente presumível.
Qualquer segmento da frase pode sofrer elipse. Veja que, no Toda a série de qualidades está orientada no sentido de com-
exemplo abaixo, é o sujeito meu pai que vem elidido (ou apagado) provar que ele é bom conferencista; dentro dessa série, ser sedutor
antes de sentiu e parou: é considerado o argumento mais forte.

“Meu pai começou a andar novamente, sentiu a pontada no “Ele é ambicioso e tem grande capacidade de trabalho. Che-
gará a ser pelo menos diretor da empresa.”
peito e parou.”
Pelo menos introduz um argumento orientado no mesmo
Pode ocorrer também elipse por antecipação. No exemplo que sentido de ser ambicioso e ter grande capacidade de trabalho; por
segue, aquela promoção é complemento tanto de querer quanto de outro lado, subentende que há argumentos mais fortes para com-
desejar, no entanto aparece apenas depois do segundo verbo: provar que ele tem as qualidades requeridas dos que vão longe
(por exemplo, ser presidente da empresa) e que se está usando o
“Ficou muito deprimido com o fato de ter sido preferido. Afi- menos forte; ao menos, pelo menos e no mínimo ligam argumentos
nal, queria muito, desejava ardentemente aquela promoção.” de valor positivo.

Didatismo e Conhecimento 9
LÍNGUA PORTUGUESA
“Ele não é bom aluno. No máximo vai terminar o segundo - Comparação: outros importantes operadores discursivos são
grau.” os que estabelecem uma comparação de igualdade, superioridade
ou inferioridade entre dois elementos, com vistas a uma conclusão
No máximo introduz um argumento orientado no mesmo sen- contrária ou favorável a certa ideia: tanto... quanto, tão... como,
tido de ter muita dificuldade de aprender; supõe que há uma escala mais... (do) que.
argumentativa (por exemplo, fazer uma faculdade) e que se está
usando o argumento menos forte da escala no sentido de provar a “Os problemas de fuga de presos serão tanto mais graves
afirmação anterior; no máximo e quando muito estabelecem liga- quanto maior for a corrupção entre os agentes penitenciários.”
ção entre argumentos de valor depreciativo.
O comparativo de igualdade tem no texto uma função argu-
- Conjunção Argumentativa: há operadores que assinalam mentativa: mostrar que o problema da fuga de presos cresce à me-
uma conjunção argumentativa, ou seja, ligam um conjunto de ar- dida que aumenta a corrupção entre os agentes penitenciários; por
isso, os segmentos podem até ser permutáveis do ponto de vista
gumentos orientados em favor de uma dada conclusão: e, também,
sintático, mas não o são do ponto de vista argumentativo, pois não
ainda, nem, não só... mas também, tanto... como, além de, a par
há igualdade argumentativa proposta, “Tanto maior será a cor-
de.
rupção entre os agentes penitenciários quanto mais grave for o
problema da fuga de presos”.
“Se alguém pode tomar essa decisão é você. Você é o diretor Muitas vezes a permutação dos segmentos leva a conclusões
da escola, é muito respeitado pelos funcionários e também é muito opostas: Imagine-se, por exemplo, o seguinte diálogo entre o dire-
querido pelos alunos.” tor de um clube esportivo e o técnico de futebol:
Arrolam-se três argumentos em favor da tese que é o interlo- “__Precisamos promover atletas das divisões de base para
cutor quem pode tomar uma dada decisão. O último deles é intro- reforçar nosso time.
duzido por “e também”, que indica um argumento final na mesma __Qualquer atleta das divisões de base é tão bom quanto os
direção argumentativa dos precedentes. do time principal.”
Esses operadores introduzem novos argumentos; não signifi-
cam, em hipótese nenhuma, a repetição do que já foi dito. Ou seja, Nesse caso, o argumento do técnico é a favor da promoção,
só podem ser ligados com conectores de conjunção segmentos que pois ele declara que qualquer atleta das divisões de base tem, pelo
representam uma progressão discursiva. É possível dizer “Dis- menos, o mesmo nível dos do time principal, o que significa que
farçou as lágrimas que o assaltaram e continuou seu discurso”, estes não primam exatamente pela excelência em relação aos ou-
porque o segundo segmento indica um desenvolvimento da expo- tros.
sição. Não teria cabimento usar operadores desse tipo para ligar Suponhamos, agora, que o técnico tivesse invertido os seg-
dois segmentos como “Disfarçou as lágrimas que o assaltaram e mentos na sua fala:
escondeu o choro que tomou conta dele”.
“__Qualquer atleta do time principal é tão bom quanto os das
- Disjunção Argumentativa: há também operadores que in- divisões de base.”
dicam uma disjunção argumentativa, ou seja, fazem uma conexão
entre segmentos que levam a conclusões opostas, que têm orienta- Nesse caso, seu argumento seria contra a necessidade da pro-
ção argumentativa diferente: ou, ou então, quer... quer, seja... seja, moção, pois ele estaria declarando que os atletas do time principal
caso contrário, ao contrário. são tão bons quanto os das divisões de base.

- Explicação ou Justificativa: há operadores que introduzem


“Não agredi esse imbecil. Ao contrário, ajudei a separar a
uma explicação ou uma justificativa em relação ao que foi dito
briga, para que ele não apanhasse.”
anteriormente: porque, já que, que, pois.
O argumento introduzido por ao contrário é diametralmente “Já que os Estados Unidos invadiram o Iraque sem autori-
oposto àquele de que o falante teria agredido alguém. zação da ONU, devem arcar sozinhos com os custos da guerra.”
- Conclusão: existem operadores que marcam uma conclusão Já que inicia um argumento que dá uma justificativa para a
em relação ao que foi dito em dois ou mais enunciados anteriores tese de que os Estados Unidos devam arcar sozinhos com o custo
(geralmente, uma das afirmações de que decorre a conclusão fica da guerra contra o Iraque.
implícita, por manifestar uma voz geral, uma verdade universal-
mente aceita): logo, portanto, por conseguinte, pois (o pois é con- - Contrajunção: os operadores discursivos que assinalam
clusivo quando não encabeça a oração). uma relação de contrajunção, isto é, que ligam enunciados com
orientação argumentativa contrária, são as conjunções adversati-
“Essa guerra é uma guerra de conquista, pois visa ao contro- vas (mas, contudo, todavia, no entanto, entretanto, porém) e as
le dos fluxos mundiais de petróleo. Por conseguinte, não é moral- concessivas (embora, apesar de, apesar de que, conquanto, ainda
mente defensável.” que, posto que, se bem que).
Qual é a diferença entre as adversativas e as concessivas, se
Por conseguinte introduz uma conclusão em relação à afirma- tanto umas como outras ligam enunciados com orientação argu-
ção exposta no primeiro período. mentativa contrária?

Didatismo e Conhecimento 10
LÍNGUA PORTUGUESA
Nas adversativas, prevalece a orientação do segmento intro- “O problema da erradicação da pobreza passa pela geração
duzido pela conjunção. de empregos. De fato, só o crescimento econômico leva ao aumen-
to de renda da população.”
“O atleta pode cair por causa do impacto, mas se levanta
mais decidido a vencer.” O conector introduz uma amplificação do que foi dito antes.

Nesse caso, a primeira oração conduz a uma conclusão negati- “Ele é um técnico retranqueiro, como aliás o são todos os que
va sobre um processo ocorrido com o atleta, enquanto a começada atualmente militam no nosso futebol.
pela conjunção “mas” leva a uma conclusão positiva. Essa segun- O conector introduz uma generalização ao que foi afirmado:
da orientação é a mais forte. não “ele”, mas todos os técnicos do nosso futebol são retranquei-
Compare-se, por exemplo, “Ela é simpática, mas não é boni- ros.
ta” com “Ela não é bonita, mas é simpática”. No primeiro caso, o
que se quer dizer é que a simpatia é suplantada pela falta de beleza; - Especificação ou Exemplificação: também há operadores
no segundo, que a falta de beleza perde relevância diante da sim- que marcam uma especificação ou uma exemplificação do que foi
patia. Quando se usam as conjunções adversativas, introduz-se um afirmado anteriormente: por exemplo, como.
argumento com vistas a determinada conclusão, para, em seguida,
apresentar um argumento decisivo para uma conclusão contrária. “A violência não é um fenômeno que está disseminado apenas
Com as conjunções concessivas, a orientação argumentativa entre as camadas mais pobres da população. Por exemplo, é cres-
que predomina é a do segmento não introduzido pela conjunção. cente o número de jovens da classe média que estão envolvidos em
toda sorte de delitos, dos menos aos mais graves.”
“Embora haja conexão entre saber escrever e saber gramáti-
ca, trata-se de capacidades diferentes.” Por exemplo assinala que o que vem a seguir especifica,
exemplifica a afirmação de que a violência não é um fenômeno
A oração iniciada por “embora” apresenta uma orientação ar- adstrito aos membros das “camadas mais pobres da população”.
gumentativa no sentido de que saber escrever e saber gramática
são duas coisas interligadas; a oração principal conduz à direção
- Retificação ou Correção: há ainda os que indicam uma re-
argumentativa contrária.
tificação, uma correção do que foi afirmado antes: ou melhor, de
Quando se utilizam conjunções concessivas, a estratégia ar-
fato, pelo contrário, ao contrário, isto é, quer dizer, ou seja, em
gumentativa é a de introduzir no texto um argumento que, embo-
outras palavras. Exemplo:
ra tido como verdadeiro, será anulado por outro mais forte com
orientação contrária.
“Vou-me casar neste final de semana. Ou melhor, vou passar
A diferença entre as adversativas e as concessivas, portanto, é
a viver junto com minha namorada.”
de estratégia argumentativa. Compare os seguintes períodos:

“Por mais que o exército tivesse planejado a operação (argu- O conector inicia um segmento que retifica o que foi dito an-
mento mais fraco), a realidade mostrou-se mais complexa (argu- tes.
mento mais forte).” Esses operadores servem também para marcar um esclareci-
“O exército planejou minuciosamente a operação (argumen- mento, um desenvolvimento, uma redefinição do conteúdo enun-
to mais fraco), mas a realidade mostrou-se mais complexa (argu- ciado anteriormente. Exemplo:
mento mais forte).”
“A última tentativa de proibir a propaganda de cigarros nas
- Argumento Decisivo: há operadores discursivos que intro- corridas de Fórmula 1 não vingou. De fato, os interesses dos fabri-
duzem um argumento decisivo para derrubar a argumentação con- cantes mais uma vez prevaleceram sobre os da saúde.”
trária, mas apresentando-o como se fosse um acréscimo, como se
fosse apenas algo mais numa série argumentativa: além do mais, O conector introduz um esclarecimento sobre o que foi dito
além de tudo, além disso, ademais. antes.
Servem ainda para assinalar uma atenuação ou um reforço do
“Ele está num período muito bom da vida: começou a namo- conteúdo de verdade de um enunciado. Exemplo:
rar a mulher de seus sonhos, foi promovido na empresa, recebeu
um prêmio que ambicionava havia muito tempo e, além disso, ga- “Quando a atual oposição estava no comando do país, não
nhou uma bolada na loteria.” fez o que exige hoje que o governo faça. Ao contrário, suas políti-
cas iam na direção contrária do que prega atualmente.
O operador discursivo introduz o que se considera a prova
mais forte de que “Ele está num período muito bom da vida”; no O conector introduz um argumento que reforça o que foi dito
entanto, essa prova é apresentada como se fosse apenas mais uma. antes.

- Generalização ou Amplificação: existem operadores que - Explicação: há operadores que desencadeiam uma explica-
assinalam uma generalização ou uma amplificação do que foi dito ção, uma confirmação, uma ilustração do que foi afirmado antes:
antes: de fato, realmente, como aliás, também, é verdade que. assim, desse modo, dessa maneira.

Didatismo e Conhecimento 11
LÍNGUA PORTUGUESA
“O exército inimigo não desejava a paz. Assim, enquanto se Esse texto contém três períodos. O segundo indica a causa
processavam as negociações, atacou de surpresa.” de a reforma política ser indispensável. Portanto o ponto-final do
primeiro período está no lugar de um porque.
O operador introduz uma confirmação do que foi afirmado
antes.
A língua tem um grande número de conectores e sequencia-
Coesão por Justaposição dores. Apresentamos os principais e explicamos sua função. É pre-
ciso ficar atento aos fenômenos de coesão. Mostramos que o uso
É a coesão que se estabelece com base na sequência dos enun-
ciados, marcada ou não com sequenciadores. Examinemos os prin- inadequado dos conectores e a utilização inapropriada dos anafó-
cipais sequenciadores. ricos ou catafóricos geram rupturas na coesão, o que leva o texto a
não ter sentido ou, pelo menos, a não ter o sentido desejado. Outra
- Sequenciadores Temporais: são os indicadores de anterio-
falha comum no que tange a coesão é a falta de partes indispensá-
ridade, concomitância ou posterioridade: dois meses depois, uma
semana antes, um pouco mais tarde, etc. (são utilizados predomi- veis da oração ou do período. Analisemos este exemplo:
nantemente nas narrações).
“As empresas que anunciaram que apoiariam a campanha de
“Uma semana antes de ser internado gravemente doente, ele
combate à fome que foi lançada pelo governo federal.”
esteve conosco. Estava alegre e cheio de planos para o futuro.”

- Sequenciadores Espaciais: são os indicadores de posição O período compõe-se de:


relativa no espaço: à esquerda, à direita, junto de, etc. (são usados - As empresas
principalmente nas descrições).
- que anunciaram (oração subordinada adjetiva restritiva da
“A um lado, duas estatuetas de bronze dourado, represen- primeira oração)
tando o amor e a castidade, sustentam uma cúpula oval de forma - que apoiariam a campanha de combate à fome (oração su-
ligeira, donde se desdobram até o pavimento bambolins de cassa bordinada substantiva objetiva direta da segunda oração)
finíssima. (...) Do outro lado, há uma lareira, não de fogo, que o
- que foi lançada pelo governo federal (oração subordinada
dispensa nosso ameno clima fluminense, ainda na maior força do
inverno.” adjetiva restritiva da terceira oração).
José de Alencar. Senhora.
São Paulo, FTD, 1992, p. 77. Observe-se que falta o predicado da primeira oração. Quem
escreveu o período começou a encadear orações subordinadas e
- Sequenciadores de Ordem: são os que assinalam a ordem
dos assuntos numa exposição: primeiramente, em segunda, a se- “esqueceu-se” de terminar a principal.
guir, finalmente, etc. Quebras de coesão desse tipo são mais comuns em períodos
longos. No entanto, mesmo quando se elaboram períodos curtos é
“Para mostrar os horrores da guerra, falarei, inicialmente,
preciso cuidar para que sejam sintaticamente completos e para que
das agruras por que passam as populações civis; em seguida, dis-
correrei sobre a vida dos soldados na frente de batalha; finalmen- suas partes estejam bem conectadas entre si.
te, exporei suas consequências para a economia mundial e, por- Para que um conjunto de frases constitua um texto, não bas-
tanto, para a vida cotidiana de todos os habitantes do planeta.” ta que elas estejam coesas: se não tiverem unidade de sentido,
mesmo que aparentemente organizadas, elas não passarão de um
- Sequenciadores para Introdução: são os que, na conver-
sação principalmente, servem para introduzir um tema ou mudar amontoado injustificado. Exemplo:
de assunto: a propósito, por falar nisso, mas voltando ao assunto,
fazendo um parêntese, etc. “Vivo há muitos anos em São Paulo. A cidade tem excelentes
restaurantes. Ela tem bairros muito pobres. Também o Rio de Ja-
“Joaquim viveu sempre cercado do carinho de muitas pes-
soas. A propósito, era um homem que sabia agradar às mulheres.” neiro tem favelas.”

- Operadores discursivos não explicitados: se o texto for Todas as frases são coesas. O hiperônimo cidade retoma o
construído sem marcadores de sequenciação, o leitor deverá in-
substantivo São Paulo, estabelecendo uma relação entre o segun-
ferir, a partir da ordem dos enunciados, os operadores discursivos
não explicitados na superfície textual. Nesses casos, os lugares dos do e o primeiro períodos. O pronome “ela” recupera a palavra
diferentes conectores estarão indicados, na escrita, pelos sinais de cidade, vinculando o terceiro ao segundo período. O operador tam-
pontuação: ponto-final, vírgula, ponto-e-vírgula, dois-pontos. bém realiza uma conjunção argumentativa, relacionando o quar-
to período ao terceiro. No entanto, esse conjunto não é um texto,
“A reforma política é indispensável. Sem a existência da fide-
lidade partidária, cada parlamentar vota segundo seus interesses pois não apresenta unidade de sentido, isto é, não tem coerência. A
e não de acordo com um programa partidário. Assim, não há ba- coesão, portanto, é condição necessária, mas não suficiente, para
ses governamentais sólidas.” produzir um texto.

Didatismo e Conhecimento 12
LÍNGUA PORTUGUESA
“A noite avança, há uma paz profunda na casa deserta.” (An-
3. RELAÇÕES SEMÂNTICO-DISCURSIVAS tônio Olavo Pereira)
(CAUSA, CONDIÇÃO, CONCESSÃO, “O ferro mata apenas; o ouro infama, avilta, desonra.” (Coe-
CONCLUSÃO, EXPLICAÇÃO, INCLUSÃO, lho Neto)
EXCLUSÃO, OPOSIÇÃO, ETC.) ENTRE
IDEIAS NO TEXTO E OS RECURSOS - As orações coordenadas são sindéticas (OCS) quando vêm
LINGUÍSTICOS USADOS EM FUNÇÃO introduzidas por conjunção coordenativa. Exemplo:
DESSAS RELAÇÕES; O homem saiu do carro / e entrou na casa.
OCA OCS

Período: Toda frase com uma ou mais orações constitui um As orações coordenadas sindéticas são classificadas de acor-
período, que se encerra com ponto de exclamação, ponto de inter- do com o sentido expresso pelas conjunções coordenativas que as
rogação ou com reticências. introduzem. Pode ser:
O período é simples quando só traz uma oração, chamada ab-
soluta; o período é composto quando traz mais de uma oração. - Orações coordenadas sindéticas aditivas: e, nem, não só...
Exemplo: Pegou fogo no prédio. (Período simples, oração absolu- mas também, não só... mas ainda.
ta.); Quero que você aprenda. (Período composto.) Saí da escola / e fui à lanchonete.
OCA OCS Aditiva
Existe uma maneira prática de saber quantas orações há num
período: é contar os verbos ou locuções verbais. Num período ha- Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção
verá tantas orações quantos forem os verbos ou as locuções verbais que expressa idéia de acréscimo ou adição com referência à oração
anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa aditiva.
nele existentes. Exemplos:
Pegou fogo no prédio. (um verbo, uma oração)
A doença vem a cavalo e volta a pé.
Quero que você aprenda. (dois verbos, duas orações)
As pessoas não se mexiam nem falavam.
Está pegando fogo no prédio. (uma locução verbal, uma oração)
“Não só findaram as queixas contra o alienista, mas até ne-
Deves estudar para poderes vencer na vida. (duas locuções
nhum ressentimento ficou dos atos que ele praticara.” (Machado
verbais, duas orações)
de Assis)
Há três tipos de período composto: por coordenação, por su-
- Orações coordenadas sindéticas adversativas: mas, porém,
bordinação e por coordenação e subordinação ao mesmo tempo
todavia, contudo, entretanto, no entanto.
(também chamada de misto). Estudei bastante / mas não passei no teste.
OCA OCS Adversativa
Período Composto por Coordenação. Orações Coordenadas
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção
Considere, por exemplo, este período composto: que expressa idéia de oposição à oração anterior, ou seja, por uma
conjunção coordenativa adversativa.
Passeamos pela praia, / brincamos, / recordamos os tempos
de infância. A espada vence, mas não convence.
1ª oração: Passeamos pela praia “É dura a vida, mas aceitam-na.” (Cecília Meireles)
2ª oração: brincamos Tens razão, contudo não te exaltes.
3ª oração: recordamos os tempos de infância Havia muito serviço, entretanto ninguém trabalhava.

As três orações que compõem esse período têm sentido pró- - Orações coordenadas sindéticas conclusivas: portanto, por
prio e não mantêm entre si nenhuma dependência sintática: elas isso, pois, logo.
são independentes. Há entre elas, é claro, uma relação de sentido, Ele me ajudou muito, / portanto merece minha gratidão.
mas, como já dissemos, uma não depende da outra sintaticamente. OCA OCS Conclusiva
As orações independentes de um período são chamadas de
orações coordenadas (OC), e o período formado só de orações Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção
coordenadas é chamado de período composto por coordenação. que expressa idéia de conclusão de um fato enunciado na oração
As orações coordenadas são classificadas em assindéticas e anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa conclusiva.
sindéticas.
Vives mentindo; logo, não mereces fé.
- As orações coordenadas são assindéticas (OCA) quando Ele é teu pai: respeita-lhe, pois, a vontade.
não vêm introduzidas por conjunção. Exemplo: Raimundo é homem são, portanto deve trabalhar.
Os torcedores gritaram, / sofreram, / vibraram.
OCA OCA OCA - Orações coordenadas sindéticas alternativas: ou,ou... ou,
ora... ora, seja... seja, quer... quer.
“Inclinei-me, apanhei o embrulho e segui.” (Machado de As- Seja mais educado / ou retire-se da reunião!
sis) OCA OCS Alternativa

Didatismo e Conhecimento 13
LÍNGUA PORTUGUESA
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção 04. Assinale a sequência de conjunções que estabelecem, en-
que estabelece uma relação de alternância ou escolha com refe- tre as orações de cada item, uma correta relação de sentido.
rência à oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa
alternativa. 1. Correu demais, ... caiu.
Venha agora ou perderá a vez. 2. Dormiu mal, ... os sonhos não o deixaram em paz.
“Jacinta não vinha à sala, ou retirava-se logo.” (Machado de 3. A matéria perece, ... a alma é imortal.
Assis) 4. Leu o livro, ... é capaz de descrever as personagens com
“Em aviação, tudo precisa ser bem feito ou custará preço detalhes.
muito caro.” (Renato Inácio da Silva) 5. Guarde seus pertences, ... podem servir mais tarde.
“A louca ora o acariciava, ora o rasgava freneticamente.”
(Luís Jardim)
a) porque, todavia, portanto, logo, entretanto
- Orações coordenadas sindéticas explicativas: que, porque, b) por isso, porque, mas, portanto, que
pois, porquanto. c) logo, porém, pois, porque, mas
Vamos andar depressa / que estamos atrasados. d) porém, pois, logo, todavia, porque
OCA OCS Explicativa e) entretanto, que, porque, pois, portanto
Observe que a 2ª oração é introduzida por uma conjunção que Resposta: B
expressa idéia de explicação, de justificativa em relação à oração
anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa explicativa. Por isso – conjunção conclusiva.
Porque – conjunção explicativa.
Leve-lhe uma lembrança, que ela aniversaria amanhã. Mas – conjunção adversativa.
“A mim ninguém engana, que não nasci ontem.” (Érico Ve- Portanto – conjunção conclusiva.
ríssimo) Que – conjunção explicativa.
“Qualquer que seja a tua infância, conquista-a, que te aben-
çôo.” (Fernando Sabino)
05. Reúna as três orações em um período composto por coor-
O cavalo estava cansado, pois arfava muito.
denação, usando conjunções adequadas.
Exercícios Os dias já eram quentes.
A água do mar ainda estava fria.
01. Relacione as orações coordenadas por meio de conjun- As praias permaneciam desertas.
ções:
a) Ouviu-se o som da bateria. Os primeiros foliões surgiram. Resposta: Os dias já eram quentes, mas a água do mar ainda
b) Não durma sem cobertor. A noite está fria.
c) Quero desculpar-me. Não consigo encontrá-los. estava fria, por isso as praias permaneciam desertas.

Respostas: 06. No período “Penso, logo existo”, oração em destaque é:


Ouviu-se o som da bateria e os primeiros foliões surgiram. a) coordenada sindética conclusiva
Não durma sem cobertor, pois a noite está fria. b) coordenada sindética aditiva
Quero desculpar-me, mais consigo encontrá-los. c) coordenada sindética alternativa
d) coordenada sindética adversativa
02. Em: “... ouviam-se amplos bocejos, fortes como o maru-
lhar das ondas...” a partícula como expressa uma ideia de: e) n.d.a
a) causa
b) explicação Resposta: A
c) conclusão
d) proporção 07. Por definição, oração coordenada que seja desprovida de
e) comparação conectivo é denominada assindética. Observando os períodos se-
guintes:
Resposta: E
A conjunção como exercer a função comparativa. Os amplos I- Não caía um galho, não balançava uma folha.
bocejos ouvidos são comparados à força do marulhar das ondas. II- O filho chegou, a filha saiu, mas a mãe nem notou.
III- O fiscal deu o sinal, os candidatos entregaram a prova.
03. “Entrando na faculdade, procurarei emprego”, oração Acabara o exame.
sublinhada pode indicar uma ideia de:
a) concessão Nota-se que existe coordenação assindética em:
b) oposição
c) condição a) I apenas
d) lugar b) II apenas
e) consequência c) III apenas
d) I e III
Resposta: C e) nenhum deles
A condição necessária para procurar emprego é entrar na fa-
culdade.
Resposta: D

Didatismo e Conhecimento 14
LÍNGUA PORTUGUESA
08. “Vivemos mais uma grave crise, repetitiva dentro do ci- Orações Subordinadas Adverbiais
clo de graves crises que ocupa a energia desta nação. A frustra-
ção cresce e a desesperança não cede. Empresários empurrados As orações subordinadas adverbiais (OSA) são aquelas que
à condição de liderança oficial se reúnem, em eventos como este, exercem a função de adjunto adverbial da oração principal (OP).
para lamentar o estado de coisas. O que dizer sem resvalar para o São classificadas de acordo com a conjunção subordinativa que as
pessimismo, a crítica pungente ou a autoabsorvição? introduz:
É da história do mundo que as elites nunca introduziram mu-
danças que favorecessem a sociedade como um todo. Estaríamos - Causais: Expressam a causa do fato enunciado na oração
nos enganando se achássemos que estas lideranças empresariais principal. Conjunções: porque, que, como (= porque), pois que,
aqui reunidas teriam motivação para fazer a distribuição de po- visto que.
deres e rendas que uma nação equilibrada precisa ter. Aliás, é in- Não fui à escola / porque fiquei doente.
genuidade imaginar que a vontade de distribuir renda passe pelo OP OSA Causal
empobrecimento da elite. É também ocioso pensar que nós, de tal
elite, temos riqueza suficiente para distribuir. Faço sempre, para O tambor soa porque é oco.
meu desânimo, a soma do faturamento das nossas mil maiores e Como não me atendessem, repreendi-os severamente.
melhores empresas, e chego a um número menor do que o fatura- Como ele estava armado, ninguém ousou reagir.
mento de apenas duas empresas japonesas. Digamos, a Mitsubishi “Faltou à reunião, visto que esteve doente.” (Arlindo de Sousa)
e mais um pouquinho. Sejamos francos. Em termos mundiais so- - Condicionais: Expressam hipóteses ou condição para a
mos irrelevantes como potência econômica, mas o mesmo tempo ocorrência do que foi enunciado na principal. Conjunções: se, con-
extremamente representativos como população.” tanto que, a menos que, a não ser que, desde que.
(“Discurso de Semler aos empresários”, Folha de São Paulo) Irei à sua casa / se não chover.
OP OSA Condicional
Dentre os períodos transcritos do texto acima, um é composto
por coordenação e contém uma oração coordenada sindética ad- Deus só nos perdoará se perdoarmos aos nossos ofensores.
versativa. Assinalar a alternativa correspondente a este período: Se o conhecesses, não o condenarias.
a) A frustração cresce e a desesperança não cede. “Que diria o pai se soubesse disso?” (Carlos Drummond de
b) O que dizer sem resvalar para o pessimismo, a crítica pun- Andrade)
gente ou a autoabsorvição. A cápsula do satélite será recuperada, caso a experiência te-
c) É também ocioso pensar que nós, da tal elite, temos riqueza nha êxito.
suficiente para distribuir.
d) Sejamos francos. - Concessivas: Expressam ideia ou fato contrário ao da oração
e) Em termos mundiais somos irrelevantes como potência principal, sem, no entanto, impedir sua realização. Conjunções:
econômica, mas ao mesmo tempo extremamente representativos embora, ainda que, apesar de, se bem que, por mais que, mesmo
como população. que.
Resposta E Ela saiu à noite / embora estivesse doente.
OP OSA Concessiva
Período Composto por Subordinação
Admirava-o muito, embora (ou conquanto ou posto que ou
Observe os termos destacados em cada uma destas orações: se bem que) não o conhecesse pessoalmente.
Vi uma cena triste. (adjunto adnominal) Embora não possuísse informações seguras, ainda assim
Todos querem sua participação. (objeto direto) arriscou uma opinião.
Não pude sair por causa da chuva. (adjunto adverbial de causa) Cumpriremos nosso dever, ainda que (ou mesmo quando ou
ainda quando ou mesmo que) todos nos critiquem.
Veja, agora, como podemos transformar esses termos em ora- Por mais que gritasse, não me ouviram.
ções com a mesma função sintática:
Vi uma cena / que me entristeceu. (oração subordinada com - Conformativas: Expressam a conformidade de um fato com
função de adjunto adnominal) outro. Conjunções: conforme, como (=conforme), segundo.
Todos querem / que você participe. (oração subordinada com O trabalho foi feito / conforme havíamos planejado.
função de objeto direto) OP OSA Conformativa
Não pude sair / porque estava chovendo. (oração subordina-
da com função de adjunto adverbial de causa) O homem age conforme pensa.
Relatei os fatos como (ou conforme) os ouvi.
Em todos esses períodos, a segunda oração exerce uma certa Como diz o povo, tristezas não pagam dívidas.
função sintática em relação à primeira, sendo, portanto, subordi- O jornal, como sabemos, é um grande veículo de informação.
nada a ela. Quando um período é constituído de pelo menos um
conjunto de duas orações em que uma delas (a subordinada) de- - Temporais: Acrescentam uma circunstância de tempo ao que
pende sintaticamente da outra (principal), ele é classificado como foi expresso na oração principal. Conjunções: quando, assim que,
período composto por subordinação. As orações subordinadas são logo que, enquanto, sempre que, depois que, mal (=assim que).
classificadas de acordo com a função que exercem: adverbiais, Ele saiu da sala / assim que eu cheguei.
substantivas e adjetivas. OP OSA Temporal

Didatismo e Conhecimento 15
LÍNGUA PORTUGUESA
Formiga, quando quer se perder, cria asas. À medida que se vive, mais se aprende.
“Lá pelas sete da noite, quando escurecia, as casas se esva- À proporção que avançávamos, as casas iam rareando.
ziam.” (Carlos Povina Cavalcânti) O valor do salário, ao passo que os preços sobem, vai dimi-
“Quando os tiranos caem, os povos se levantam.” (Marquês nuindo.
de Maricá)
Enquanto foi rico, todos o procuravam. Orações Subordinadas Substantivas

- Finais: Expressam a finalidade ou o objetivo do que foi As orações subordinadas substantivas (OSS) são aquelas
enunciado na oração principal. Conjunções: para que, a fim de que, num período, exercem funções sintáticas próprias de subs-
que, porque (=para que), que. tantivos, geralmente são introduzidas pelas conjunções integrantes
Abri a porta do salão / para que todos pudessem entrar. que e se. Elas podem ser:
OP OSA Final
- Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta: É aquela
que exerce a função de objeto direto do verbo da oração principal.
“O futuro se nos oculta para que nós o imaginemos.” (Mar-
Observe: O grupo quer a sua ajuda. (objeto direto)
quês de Maricá)
O grupo quer / que você ajude.
Aproximei-me dele a fim de que me ouvisse melhor. OP OSS Objetiva Direta
“Fiz-lhe sinal que se calasse.” (Machado de Assis) (que = para O mestre exigia que todos estivessem presentes. (= O mestre
que) exigia a presença de todos.)
“Instara muito comigo não deixasse de freqüentar as recep- Mariana esperou que o marido voltasse.
ções da mulher.” (Machado de Assis) (não deixasse = para que não Ninguém pode dizer: Desta água não beberei.
deixasse) O fiscal verificou se tudo estava em ordem.

- Consecutivas: Expressam a consequência do que foi enun- - Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta: É
ciado na oração principal. Conjunções: porque, que, como (= por- aquela que exerce a função de objeto indireto do verbo da oração
que), pois que, visto que. principal. Observe: Necessito de sua ajuda. (objeto indireto)
A chuva foi tão forte / que inundou a cidade. Necessito / de que você me ajude.
OP OSA Consecutiva OP OSS Objetiva Indireta
Não me oponho a que você viaje. (= Não me oponho à sua
Fazia tanto frio que meus dedos estavam endurecidos. viagem.)
“A fumaça era tanta que eu mal podia abrir os olhos.” (José Aconselha-o a que trabalhe mais.
J. Veiga) Daremos o prêmio a quem o merecer.
De tal sorte a cidade crescera que não a reconhecia mais. Lembre-se de que a vida é breve.
As notícias de casa eram boas, de maneira que pude prolon-
gar minha viagem. - Oração Subordinada Substantiva Subjetiva: É aquela que
exerce a função de sujeito do verbo da oração principal. Observe:
- Comparativas: Expressam ideia de comparação com re- É importante sua colaboração. (sujeito)
ferência à oração principal. Conjunções: como, assim como, tal É importante / que você colabore.
como, (tão)... como, tanto como, tal qual, que (combinado com OP OSS Subjetiva
menos ou mais).
A oração subjetiva geralmente vem:
Ela é bonita / como a mãe.
- depois de um verbo de ligação + predicativo, em construções
OP OSA Comparativa
do tipo é bom, é útil, é certo, é conveniente, etc. Ex.: É certo que
ele voltará amanhã.
A preguiça gasta a vida como a ferrugem consome o ferro.” - depois de expressões na voz passiva, como sabe-se, conta-
(Marquês de Maricá) -se, diz-se, etc. Ex.: Sabe-se que ele saiu da cidade.
Ela o atraía irresistivelmente, como o imã atrai o ferro. - depois de verbos como convir, cumprir, constar, urgir, ocor-
Os retirantes deixaram a cidade tão pobres como vieram. rer, quando empregados na 3ª pessoa do singular e seguidos das
Como a flor se abre ao Sol, assim minha alma se abriu à luz conjunções que ou se. Ex.: Convém que todos participem da re-
daquele olhar. união.

Obs.: As orações comparativas nem sempre apresentam clara- É necessário que você colabore. (= Sua colaboração é neces-
mente o verbo, como no exemplo acima, em que está subentendido sária.)
o verbo ser (como a mãe é). Parece que a situação melhorou.
Aconteceu que não o encontrei em casa.
- Proporcionais: Expressam uma ideia que se relaciona pro- Importa que saibas isso bem.
porcionalmente ao que foi enunciado na principal. Conjunções: à
medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais, quanto - Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal: É
menos. aquela que exerce a função de complemento nominal de um termo
Quanto mais reclamava / menos atenção recebia. da oração principal. Observe: Estou convencido de sua inocência.
OSA Proporcional OP (complemento nominal)

Didatismo e Conhecimento 16
LÍNGUA PORTUGUESA
Estou convencido / de que ele é inocente. - Subordinadas Adjetivas Restritivas: São restritivas quando
OP OSS Completiva Nominal restringem ou especificam o sentido da palavra a que se referem.
Exemplo:
Sou favorável a que o prendam. (= Sou favorável à prisão O público aplaudiu o cantor / que ganhou o 1º lugar.
dele.) OP OSA Restritiva
Estava ansioso por que voltasses.
Sê grato a quem te ensina. Nesse exemplo, a oração que ganhou o 1º lugar especifica o
“Fabiano tinha a certeza de que não se acabaria tão cedo.” sentido do substantivo cantor, indicando que o público não aplau-
(Graciliano Ramos) diu qualquer cantor mas sim aquele que ganhou o 1º lugar.

- Oração Subordinada Substantiva Predicativa: É aquela Pedra que rola não cria limo.
que exerce a função de predicativo do sujeito da oração principal, Os animais que se alimentam de carne chamam-se carní-
vindo sempre depois do verbo ser. Observe: O importante é sua voros.
felicidade. (predicativo) Rubem Braga é um dos cronistas que mais belas páginas es-
O importante é / que você seja feliz. creveram.
OP OSS Predicativa “Há saudades que a gente nunca esquece.” (Olegário Ma-
riano)
Seu receio era que chovesse. (Seu receio era a chuva.)
Minha esperança era que ele desistisse. - Subordinadas Adjetivas Explicativas: São explicativas
Meu maior desejo agora é que me deixem em paz. quando apenas acrescentam uma qualidade à palavra a que se refe-
Não sou quem você pensa. rem, esclarecendo um pouco mais seu sentido, mas sem restringi-
-lo ou especificá-lo. Exemplo:
- Oração Subordinada Substantiva Apositiva: É aquela que O escritor Jorge Amado, / que mora na Bahia, / lançou um
exerce a função de aposto de um termo da oração principal. Obser- novo livro.
ve: Ele tinha um sonho: a união de todos em benefício do país.
OP OSA Explicativa OP
(aposto)
Ele tinha um sonho / que todos se unissem em benefício do
Deus, que é nosso pai, nos salvará.
país.
Valério, que nasceu rico, acabou na miséria.
OP OSS Apositiva
Ele tem amor às plantas, que cultiva com carinho.
Alguém, que passe por ali à noite, poderá ser assaltado.
Só desejo uma coisa: que vivam felizes. (Só desejo uma coi-
sa: a sua felicidade)
Só lhe peço isto: honre o nosso nome. Orações Reduzidas
“Talvez o que eu houvesse sentido fosse o presságio disto: de
que virias a morrer...” (Osmã Lins) Observe que as orações subordinadas eram sempre introdu-
“Mas diga-me uma cousa, essa proposta traz algum motivo zidas por uma conjunção ou pronome relativo e apresentavam o
oculto?” (Machado de Assis) verbo numa forma do indicativo ou do subjuntivo. Além desse tipo
de orações subordinadas há outras que se apresentam com o ver-
As orações apositivas vêm geralmente antecedidas de dois- bo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio e particípio).
-pontos. Podem vir, também, entre vírgulas, intercaladas à oração Exemplos:
principal. Exemplo: Seu desejo, que o filho recuperasse a saúde,
tornou-se realidade. - Ao entrar nas escola, encontrei o professor de inglês. (in-
finitivo)
Observação: Além das conjunções integrantes que e se, as ora- - Precisando de ajuda, telefone-me. (gerúndio)
ções substantivas podem ser introduzidas por outros conectivos, - Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário. (par-
tais como quando, como, quanto, etc. Exemplos: ticípio)
Não sei quando ele chegou.
Diga-me como resolver esse problema. As orações subordinadas que apresentam o verbo numa das
formas nominais são chamadas de reduzidas.
Orações Subordinadas Adjetivas Para classificar a oração que está sob a forma reduzida, de-
vemos procurar desenvolvê-la do seguinte modo: colocamos a
As orações subordinadas Adjetivas (OSA) exercem a fun- conjunção ou o pronome relativo adequado ao sentido e passamos
ção de adjunto adnominal de algum termo da oração principal. o verbo para uma forma do indicativo ou subjuntivo, conforme
Observe como podemos transformar um adjunto adnominal em o caso. A oração reduzida terá a mesma classificação da oração
oração subordinada adjetiva: desenvolvida.
Desejamos uma paz duradoura. (adjunto adnominal)
Desejamos uma paz / que dure. (oração subordinada adjetiva) Ao entrar na escola, encontrei o professor de inglês.
Quando entrei na escola, / encontrei o professor de inglês.
As orações subordinadas adjetivas são sempre introduzidas OSA Temporal
por um pronome relativo (que , qual, cujo, quem, etc.) e podem Ao entrar na escola: oração subordinada adverbial temporal,
ser classificadas em: reduzida de infinitivo.

Didatismo e Conhecimento 17
LÍNGUA PORTUGUESA
Precisando de ajuda, telefone-me. Exercícios
Se precisar de ajuda, / telefone-me.
OSA Condicional 01. Na frase: “Maria do Carmo tinha a certeza de que estava
Precisando de ajuda: oração subordinada adverbial condicio- para ser mãe”, a oração destacada é:
nal, reduzida de gerúndio. a) subordinada substantiva objetiva indireta
b) subordinada substantiva completiva nominal
Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário. c) subordinada substantiva predicativa
Assim que acabou o treino, / os jogadores foram para o ves- d) coordenada sindética conclusiva
tiário. e) coordenada sindética explicativa
OSA Temporal
Acabado o treino: oração subordinada adverbial temporal, re- 02. A segunda oração do período? “Não sei no que pensas” ,
duzida de particípio. é classificada como:
a) substantiva objetiva direta
Observações: b) substantiva completiva nominal
c) adjetiva restritiva
- Há orações reduzidas que permitem mais de um tipo de de- d) coordenada explicativa
senvolvimento. Há casos também de orações reduzidas fixas, isto e) substantiva objetiva indireta
é, orações reduzidas que não são passíveis de desenvolvimento.
Exemplo: Tenho vontade de visitar essa cidade. 03. “Na ‘Partida Monção’, não há uma atitude inventada. Há
- O infinitivo, o gerúndio e o particípio não constituem orações reconstituição de uma cena como ela devia ter sido na realida-
reduzidas quando fazem parte de uma locução verbal. Exemplos: de.” A oração sublinhada é:
Preciso terminar este exercício. a) adverbial conformativa
Ele está jantando na sala. b) adjetiva
c) adverbial consecutiva
Essa casa foi construída por meu pai.
d) adverbial proporcional
- Uma oração coordenada também pode vir sob a forma redu-
e) adverbial causal
zida. Exemplo:
O homem fechou a porta, saindo depressa de casa.
04. No seguinte grupo de orações destacadas:
O homem fechou a porta e saiu depressa de casa. (oração
1. É bom que você venha.
coordenada sindética aditiva)
2. Chegados que fomos, entramos na escola.
Saindo depressa de casa: oração coordenada reduzida de ge-
3. Não esqueças que é falível.
rúndio.
Temos orações subordinadas, respectivamente:
Qual é a diferença entre as orações coordenadas explicativas e
a) objetiva direta, adverbial temporal, subjetiva
as orações subordinadas causais, já que ambas podem ser iniciadas
b) subjetiva, objetiva direta, objetiva direta
por que e porque? Às vezes não é fácil estabelecer a diferença
c) objetiva direta, subjetiva, adverbial temporal
entre explicativas e causais, mas como o próprio nome indica, as d) subjetiva, adverbial temporal, objetiva direta
causais sempre trazem a causa de algo que se revela na oração e) predicativa, objetiva direta, objetiva indireta
principal, que traz o efeito.
Note-se também que há pausa (vírgula, na escrita) entre a ora- 05. A palavra “se” é conjunção integrante (por introduzir ora-
ção explicativa e a precedente e que esta é, muitas vezes, imperati- ção subordinada substantiva objetiva direta) em qual das orações
va, o que não acontece com a oração adverbial causal. Essa noção seguintes?
de causa e efeito não existe no período composto por coordenação. a) Ele se mordia de ciúmes pelo patrão.
Exemplo: Rosa chorou porque levou uma surra. Está claro que a b) A Federação arroga-se o direito de cancelar o jogo.
oração iniciada pela conjunção é causal, visto que a surra foi sem c) O aluno fez-se passar por doutor.
dúvida a causa do choro, que é efeito. Rosa chorou, porque seus d) Precisa-se de operários.
olhos estão vermelhos. e) Não sei se o vinho está bom.
O período agora é composto por coordenação, pois a oração
iniciada pela conjunção traz a explicação daquilo que se revelou 06. “Lembro-me de que ele só usava camisas brancas.” A
na coordena anterior. Não existe aí relação de causa e efeito: o oração sublinhada é:
fato de os olhos de Elisa estarem vermelhos não é causa de ela ter a) subordinada substantiva completiva nominal
chorado. b) subordinada substantiva objetiva indireta
c) subordinada substantiva predicativa
Ela fala / como falaria / se entendesse do assunto. d) subordinada substantiva subjetiva
OP OSA Comparativa SA Condicional e) subordinada substantiva objetiva direta

Didatismo e Conhecimento 18
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07. Na passagem: “O receio é substituído pelo pavor, pelo “Aquela senhora tem um piano.
respeito, pela emoção que emudece e paralisa.” Os termos sub- Que é agradável, mas não é o correr dos rios.
linhados são: Nem o murmúrio que as árvores fazem...
a) complementos nominais; orações subordinadas adverbiais Por que é preciso ter um piano?
concessivas, coordenadas entre si O melhor é ter ouvidos
b) adjuntos adnominais; orações subordinadas adverbiais E amar a Natureza.”
comparativas
c) agentes da passiva; orações subordinadas adjetivas, coor- Que simboliza o piano no poema?
denadas entre si Dentro do contexto que se insere o piano, representa um bem
d) objetos diretos; orações subordinadas adjetivas, coordena- cultural, o que se percebe pela oposição que o texto estabelece en-
das entre si tre o som do piano (bem cultural) e o correr dos rios e o murmúrio
e) objetos indiretos; orações subordinadas adverbiais compa- das árvores (bens naturais). O poema descarta a necessidade do
piano, dando preferência à fruição dos sons da Natureza.
rativas
O que é a linguagem?
08. Neste período “não bate para cortar” , a oração “para cor-
tar” em relação a “não bate” , é: É qualquer e todo sistema de signos que serve de meio de
a) a causa comunicação de ideias ou sentimentos através de signos conven-
b) o modo cionados, sonoros, gráficos, gestuais etc., podendo ser percebida
c) a consequência pelos diversos órgãos dos sentidos, o que leva a distinguirem-se
d) a explicação várias espécies ou tipos: visual, auditiva, tátil, etc., ou, ainda, ou-
e) a finalidade tras mais complexas, constituídas, ao mesmo tempo, de elemen-
09. Em todos os períodos há orações subordinadas substanti- tos diversos. Os elementos constitutivos da linguagem são, pois,
vas, exceto em: gestos, sinais, sons, símbolos ou palavras, usados para represen-
a) O fato era que a escravatura do Santa Fé não andava nas tar conceitos de comunicação, ideias, significados e pensamentos.
festas do Pilar, não vivia no coco como a do Santa Rosa. Embora os animais também se comuniquem, a linguagem verbal
b) Não lhe tocara no assunto, mas teve vontade de tomar o pertence apenas ao Homem.
trem e ir valer-se do presidente. Não se devem confundir os conceitos de linguagem e de lín-
c) Um dia aquele Lula faria o mesmo com a sua filha, faria o gua. Enquanto aquela (linguagem) diz respeito à capacidade ou
mesmo com o engenho que ele fundara com o suor de seu rosto. faculdade de exercitar a comunicação, latente ou em ação ou exer-
d) O oficial perguntou de onde vinha, e se não sabia notícias cício, esta última (língua ou idioma) refere-se a um conjunto de
de Antônio Silvino. palavras e expressões usadas por um povo, por uma nação, munido
e) Era difícil para o ladrão procurar os engenhos da várzea, ou de regras próprias (sua gramática).
meter-se para os lados de Goiana Noutra acepção (anátomo-fisiológica), linguagem é função
cerebral que permite a qualquer ser humano adquirir e utilizar uma
10. Em - “Há enganos que nos deleitam”, a oração grifada é: língua.
a) substantiva subjetiva Por extensão, chama-se linguagem de programação ao con-
b) substantiva objetiva direta junto de códigos usados em computação.
c) substantiva completiva nominal O estudo da linguagem, que envolve os signos, de uma forma
geral, é chamado semiótica. A linguística é subordinada à semió-
d) substantiva apositiva
tica porque seu objeto de estudo é a língua, que é apenas um dos
e) adjetiva restritiva
sinais estudados na semiótica.
A respeito das origens da linguagem humana, alguns estudio-
Respostas: (01-B) (02-E) (03-A) (04-D) (05-E) (06-B) (07-C) sos defendem a tese de que a linguagem desenvolveu-se a partir
(08-E) (09-C) (10-E) da comunicação gestual com as mãos. Posteriores alterações no
aparelho fonador, os seres humanos passaram a poder produzir
uma variedade de sons muito maior do que a dos demais primatas.
4. NÍVEIS DE LINGUAGEM (EMPREGO De acordo com Kandel apesar das dificuldades de se apon-
ADEQUADO DE ITENS LEXICAIS, tar com precisão quando ou como a linguagem evoluiu há certo
CONSIDERANDO OS DIFERENTES NÍVEIS consenso quanto a algumas estruturas cerebrais constituírem-se
DE LINGUAGEM; SINTAXE DE REGÊNCIA como pré-requisitos para a linguagem e que estas parecem ter sur-
NOMINAL E VERBAL, DE CONCORDÂNCIA gido precocemente na evolução humana. Segundo esse autor essa
NOMINAL E VERBAL, DE COLOCAÇÃO conclusão foi atingida após exame dos moldes intracranianos de
fósseis humanos. Na maioria dos indivíduos o hemisfério esquer-
PRONOMINAL, SEGUNDO A do é dominante para a linguagem; a área cortical da fala do lobo
NORMA CULTA); temporal (o plano temporal) é maior no hemisfério esquerdo que
no direito. Visto que os giros e sulcos importantes deixam com
frequência impressões no crânio, o registro fóssil foi estudado
Linguagem buscando-se as assimetrias morfológicas associadas à fala nos hu-
manos modernos. Essas assimetrias foram encontradas no homem
Como instrução geral, podemos dizer que uma hipótese inter- de Neanderthal (datando de cerca de 30.000 a 50.000 anos) e no
pretativa é aceitável sempre que o texto apresenta pista ou pistas Homo erectus (datado de 300.000 a 500.000 anos), o predecessor
que a confirmam e sustentam. O texto abaixo é bastante apropriado. de nossa própria espécie.

Didatismo e Conhecimento 19
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Para que serve a linguagem? Esse texto, reproduzido do livro “Através do espelho e o que
Alice encontrou lá”, mostra que a protagonista, ao entrar no bos-
(...) que em que as coisas não têm nome, é incapaz de apreender a
Ai, palavras, ai, palavras, realidade em torno dela, de saber o que as coisas são. Isso significa
que estranha potência, a vossa! que as coisas do mundo exterior só têm existência para os homens
Todo o sentido da vida quando são nomeadas. A linguagem é uma forma de apreender a
principia à vossa porta;
realidade: só percebemos aquilo a que a língua dá nome.
o mel do amor cristaliza
seu perfume em vossa rosa; Roberto Pompeu de Toledo, articulista da Veja, comenta essa
sois o sonho e sois a audácia, questão na edição de 26 de junho de 2002 (p. 130), ao falar da ex-
calúnia, fúria, derrota... pressão “risco país”, usada para traduzir o grau de confiabilidade
de um país entre credores ou investidores internacionais:
A liberdade das almas,
ai! Com letras se elabora... (...) As coisas não são coisas enquanto não são nomeadas. O
E dos venenos humanos que não se expressa não se conhece. Vive na inocência do limbo,
sois a mais fina retorta: no sono profundo da inexistência. Uma vez identificado, batizado
frágil, frágil como o vidro e devidamente etiquetado, o “risco país” passou a existir. E lá é
e mais que o aço poderosa! possível viver num país em risco? Lá é possível dormir em paz
Reis, impérios, povos, tempos, num país submetido à medição do perigo que oferece com a mes-
pelo vosso impulso rodam... ma assiduidade com que a um paciente se tira a pressão? É como
(...)
viajar num navio onde se apregoasse, num escandaloso placar lu-
Cecília Meireles. minoso, sujeito a tantas oscilações como as das ondas do mar, o
Romanceiro da Inconfidência. In: Obra poética. “risco naufrágio”.
Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1985, p. 442.
- A linguagem é uma forma de interpretar a realidade.
Esses versos foram extraídos do poema “Romance LIII ou das
palavras aéreas”, em que Cecília Meireles fala sobre o poder da O segundo projeto era representado por um plano de abolir
palavra. Mostram que a palavra, apesar de frágil, por ser cons- completamente todas as palavras, fossem elas quais fossem (...).
tituída de sons, é ao mesmo tempo extremamente forte, porque, Em vista disso, propôs-se que, sendo as palavras apenas nomes
com seu significado, derruba reis e impérios; serve para construir para as coisas, seria mais conveniente que todos os homens trou-
a liberdade do ser humano e também para envenenar a sua vida; xessem consigo as coisas de que precisassem falar ao discorrer so-
serve para sussurrar declarações de amor, para exprimir os sonhos, bre determinado assunto (...). ...muitos eruditos e sábios aderiram
para impulsionar os desejos mais grandiosos, mas também para
ao novo plano de se expressarem por meio de coisas, cujo único
caluniar, para expor a raiva, para impor a derrota.
inconveniente residia em que, se um homem tivesse que falar sobre
- A linguagem é o traço definidor do ser humano, é a aptidão longos assuntos e de vária espécie, ver-se-ia obrigado, em propor-
que o distingue dos animais. ção, a carregar nas costas um grande fardo de coisas, a menos de
poder pagar um ou dois criados robustos para acompanhá-lo (...).
O provérbio popular “Palavra não quebra osso”, contrapon- Outra grande vantagem oferecida pela invenção consiste em
do a palavra à ação, insinua que a linguagem não tem nenhum que ela serviria de língua universal, compreendida em todas as
poder: um golpe, mas não uma palavra, é capaz de quebrar osso. nações civilizadas, cujos utensílios e objetos são geralmente da
Ora podemos desfazer facilmente essa visão simplista das coisas, mesma espécie, ou tão parecidos que o seu emprego pode ser fa-
analisando para que serve a linguagem. cilmente percebido.
- A linguagem é uma maneira de perceber o mundo. Jonathan Swift. Viagens de Gulliver.
Rio de Janeiro/São Paulo, Ediouro/Publifolha, p. 194-195.
“Este deve ser o bosque”, murmurou pensativamente (Alice),
“onde as coisas não têm nomes”. (...)
Ia devaneando dessa maneira quando chegou à entrada do Esse trecho do livro “Viagens de Gulliver” narra um projeto
bosque, que parecia muito úmido e sombrio. “Bom, de qualquer dos sábios de Balnibarbi: substituir as palavras – que, no seu en-
modo é um alívio”, disse enquanto avançava em meio às árvo- tender, têm o inconveniente de variar de língua para língua – pelas
res, “depois de tanto calor, entrar dentro do... dentro do... dentro coisas. Quando alguém quisesse falar de uma cadeira, mostraria
do quê?” Estava assombrada de não poder se lembrar do nome. uma cadeira, quem desejasse discorrer sobre uma bolsa, mostraria
“Bom, isto é, estar debaixo das... debaixo das... debaixo disso uma bolsa, etc. Trata-se de uma ironia de Swift às concepções vul-
aqui, ora!”, disse, colocando a mão no tronco da árvore. “Como é gares de que a compreensão da realidade independe da língua que
que essa coisa se chama? É bem capaz de não ter nome nenhum... a nomeia, como se as palavras fossem etiquetas aplicadas a coisas
ora, com certeza não tem mesmo!” classificadas independentemente da linguagem, quando, na verda-
Ficou calada durante um minuto, pensando. Então, de re- de, a língua é uma forma de categorizar o mundo, de interpretá-lo.
pente, exclamou: - Ah, então isso terminou acontecendo! E agora O que inviabiliza o sistema imaginado pelos sábios de Balni-
quem sou eu? Eu quero me lembrar, se puder. barbi não é apenas o excesso de peso das coisas que cada falante
precisaria carregar: é o fato de que as coisas não podem substituir
Lewis Carroll. Aventuras de Alice.
Trad. Sebastião Uchôa Leite. as palavras, porque a língua é bem mais que um sistema de de-
3ª ed. São Paulo, Summus, p 165-166 monstração de objetos ou mera cópia do mundo natural. As coisas
não designam tudo que uma língua pode expressar.

Didatismo e Conhecimento 20
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Mostrar um objeto, por exemplo, não indica sua inclusão Funções da Linguagem
numa dada classe. No léxico de uma língua, agrupamos os no-
mes em classes. Maçã, pera, banana e laranja pertencem à classe Quando se pergunta a alguém para que serve a linguagem, a
das frutas. Ao mostrar uma fruta qualquer, não consigo exprimir a resposta mais comum é que ela serve para comunicar. Isso está
ideia da classe fruta; não posso, então, expressar ideias mais ge- correto. No entanto, comunicar não é apenas transmitir informa-
rais. Não produzimos palavras somente para designar as coisas, ções. É também exprimir emoções, dar ordens, falar apenas para
mas para estabelecer relações entre elas e para comentá-las. Mos- não haver silêncio. Para que serve a linguagem?
trar um objeto não exprime as categorias de quantidade, de gênero
(masculino e feminino), de número (singular e plural); não permite - A linguagem serve para informar: Função Referencial.
indicar sua localização no espaço (aqui/aí/lá), etc. A língua não é
um sistema de demonstração de objetos, pois permite falar do que
está presente e do que está ausente, do que existe e do que não “Estados Unidos invadem o Iraque”
existe; permite até criar novas realidades, mundos não existentes.
A linguagem é uma atividade simbólica, o que significa que Essa frase, numa manchete de jornal, informa-nos sobre um
as palavras criam conceitos, e eles ordenam a realidade, catego- acontecimento do mundo.
rizam o mundo. Por exemplo, criamos o conceito de pôr-do-sol. Com a linguagem, armazenamos conhecimentos na memória,
Sabemos que, do ponto de vista científico, o Sol não “se põe”, uma transmitimos esses conhecimentos a outras pessoas, ficamos sa-
vez que é a Terra que gira em torno dele. Contudo esse conceito, bendo de experiências bem-sucedidas, somos prevenidos contra as
criado pela linguagem, determina uma realidade que nos encanta tentativas mal sucedidas de fazer alguma coisa. Graças à lingua-
a todos. Outro exemplo: apagar uma coisa escrita no computador gem, um ser humano recebe de outro conhecimentos, aperfeiçoa-
é uma atividade diferente de apagar o que foi escrito a lápis, a -os e transmite-os.
caneta ou mesmo a máquina. Por isso, surgiu uma nova palavra Condillac, um pensador francês, diz: “Quereis aprender ciên-
para denominar essa nova realidade, deletar. No entanto, se essa cias com facilidade? Começai a aprender vossa própria língua!”
palavra não existisse, não perceberíamos a atividade de apagar no Com efeito, a linguagem é a maneira como aprendemos desde as
computador como uma ação diferente de apagar o que foi escrito mais banais informações do dia a dia até as teorias científicas, as
a lápis. Uma nova realidade, uma nova invenção, uma nova ideia expressões artísticas e os sistemas filosóficos mais avançados.
exigem novas palavras, e estas é que lhes conferem existência para A função informativa da linguagem tem importância central
toda a comunidade de falantes.
na vida das pessoas, consideradas individualmente ou como grupo
As palavras formam um sistema independente das coisas no-
meadas por elas, tanto é que cada língua pode ordenar o mundo de social. Para cada indivíduo, ela permite conhecer o mundo; para o
maneira diversa, exprimir diferentes modos de ver a realidade. O grupo social, possibilita o acúmulo de conhecimentos e a transfe-
inglês, por exemplo, para expressar o que denominamos carnei- rência de experiências. Por meio dessa função, a linguagem mo-
ro, tem duas palavras: sheep, que designa o animal, e mutton, que dela o intelecto.
significa a carne do carneiro preparada e servida à mesa. Em por- É a função informativa que permite a realização do trabalho
tuguês, dizemos as duas coisas numa palavra só: Este carneiro tem coletivo. Operar bem essa função da linguagem possibilita que
muita lã e Este carneiro está apimentado, ou seja, não aplicamos cada indivíduo continue sempre a aprender.
a distinção que os falantes da língua inglesa têm incorporada à sua A função informativa costuma ser chamada também de fun-
visão de mundo. Isso mostra que a linguagem é uma maneira de ção referencial, pois seu principal propósito é fazer com que as
interpretar o universo natural e segmentá-lo em categorias, segun- palavras revelem da maneira mais clara possível as coisas ou os
do as particularidades de cada cultura. Por essa razão, a linguagem eventos a que fazem referência.
modela nossa maneira de perceber e de ordenar a realidade.
A linguagem expressa também as diferentes maneiras de in- - A linguagem serve para influenciar e ser influenciado: Fun-
terpretar uma ocorrência. Querendo desculpar-se, o filho diz para ção Conativa.
a mãe: O jarro de porcelana caiu e quebrou. A mãe replica: Você
derrubou o jarro e, por isso, ele quebrou. Observe-se que, na pri- “Vem pra Caixa você também.”
meira formulação, não existe um responsável pela queda e pela
quebra do objeto. É como se isso se devesse ao acaso. Na segunda
formulação, atribui-se a responsabilidade pelo acontecimento a Essa frase fazia parte de uma campanha destinada a aumentar
um agente. o número de correntistas da Caixa Econômica Federal. Para per-
suadir o público alvo da propaganda a adotar esse comportamento,
- A linguagem é uma forma de ação. formulou-se um convite com uma linguagem bastante coloquial,
usando, por exemplo, a forma vem, de segunda pessoa do impe-
Existem certas fórmulas linguísticas que servem para agir no rativo, em lugar de venha, forma de terceira pessoa prescrita pela
mundo. Quando um padre diz aos noivos “Eu vos declaro marido e norma culta quando se usa você.
mulher”, quando alguém diz “Prometo estar aqui amanhã”, quan- Pela linguagem, as pessoas são induzidas a fazer determina-
do um leiloeiro proclama “Arrematado por mil reais”, quando o das coisas, a crer em determinadas ideias, a sentir determinadas
presidente de alguma câmara municipal afirma “Declaro aberta a emoções, a ter determinados estados de alma (amor, desprezo, des-
sessão”, eles não estão constatando alguma coisa do mundo, mas dém, raiva, etc.). Por isso, pode-se dizer que ela modela atitudes,
realizando uma ação. O ato de abrir uma sessão realiza-se quando convicções, sentimentos, emoções, paixões. Quem ouve desavisa-
seu presidente a declara aberta; o ato da promessa realiza-se quan- da e reiteradamente a palavra negro pronunciada em tom desde-
do se diz “Prometo”. Em casos como esses, o dizer se confunde nhoso aprende a ter sentimentos racistas; se a todo momento nos
com a própria ação e serve para demonstrar que a linguagem não é dizem, num tom pejorativo, “Isso é coisa de mulher”, aprendemos
algo sem consequência, porque ela também é ação. os preconceitos contra a mulher.

Didatismo e Conhecimento 21
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Não se interfere no comportamento das pessoas apenas com a Quando estamos num grupo, numa festa, não podemos man-
ordem, o pedido, a súplica. Há textos que nos influenciam de ma- ter-nos em silêncio, olhando uns para os outros. Nessas ocasiões, a
neira bastante sutil, com tentações e seduções, como os anúncios conversação é obrigatória. Por isso, quando não se tem assunto, fa-
publicitários que nos dizem como seremos bem sucedidos, atraen- la-se do tempo, repetem-se histórias que todos conhecem, contam-
tes e charmosos se usarmos determinadas marcas, se consumirmos -se anedotas velhas. A linguagem, nesse caso, não tem nenhuma
certos produtos. Por outro lado, a provocação e a ameaça expressas função que não seja manter os laços sociais. Quando encontramos
pela linguagem também servem para fazer fazer. alguém e lhe perguntamos “Tudo bem?”, em geral não queremos,
Com essa função, a linguagem modela tanto bons cidadãos, de fato, saber se nosso interlocutor está bem, se está doente, se
que colocam o respeito ao outro acima de tudo, quanto esperta- está com problemas. A fórmula é uma maneira de estabelecer um
lhões, que só pensam em levar vantagem, e indivíduos atemoriza- vínculo social.
dos, que se deixam conduzir sem questionar. Também os hinos têm a função de criar vínculos, seja entre
Emprega-se a expressão função conativa da linguagem quan- alunos de uma escola, entre torcedores de um time de futebol ou
do esta é usada para interferir no comportamento das pessoas por
entre os habitantes de um país. Não importa que as pessoas não en-
meio de uma ordem, um pedido ou uma sugestão. A palavra co-
tendam bem o significado da letra do Hino Nacional, pois ele não
nativo é proveniente de um verbo latino (conari) que significa
tem função informativa: o importante é que, ao cantá-lo, sentimo-
“esforçar-se” (para obter algo).
-nos participantes da comunidade de brasileiros.
Na nomenclatura da linguística, usa-se a expressão função
- A linguagem serve para expressar a subjetividade: Função
Emotiva. fática para indicar a utilização da linguagem para estabelecer ou
manter aberta a comunicação entre um falante e seu interlocutor.
“Eu fico possesso com isso!”
- A linguagem serve para falar sobre a própria linguagem:
Nessa frase, quem fala está exprimindo sua indignação com Função Metalinguística.
alguma coisa que aconteceu. Com palavras, objetivamos e expres-
samos nossos sentimentos e nossas emoções. Exprimimos a revol- Quando dizemos frases como “A palavra ‘cão’ é um subs-
ta e a alegria, sussurramos palavras de amor e explodimos de raiva, tantivo”; “É errado dizer ‘a gente viemos’”; “Estou usando o
manifestamos desespero, desdém, desprezo, admiração, dor, triste- termo ‘direção’ em dois sentidos”; “Não é muito elegante usar
za. Muitas vezes, falamos para exprimir poder ou para afirmarmo- palavrões”, não estamos falando de acontecimentos do mundo,
-nos socialmente. Durante o governo do presidente Fernando Hen- mas estamos tecendo comentários sobre a própria linguagem. É
rique Cardoso, ouvíamos certos políticos dizerem “A intenção do o que chama função metalinguística. A atividade metalinguística
Fernando é levar o país à prosperidade” ou “O Fernando tem mu- é inseparável da fala. Falamos sobre o mundo exterior e o mundo
dado o país”. Essa maneira informal de se referirem ao presidente interior e ao mesmo tempo, fazemos comentários sobre a nossa
era, na verdade, uma maneira de insinuarem intimidade com ele e, fala e a dos outros. Quando afirmamos como diz o outro, estamos
portanto, de exprimirem a importância que lhes seria atribuída pela comentando o que declaramos: é um modo de esclarecer que não
proximidade com o poder. Inúmeras vezes, contamos coisas que temos o hábito de dizer uma coisa tão trivial como a que estamos
fizemos para afirmarmo-nos perante o grupo, para mostrar nossa enunciando; inversamente, podemos usar a metalinguagem como
valentia ou nossa erudição, nossa capacidade intelectual ou nossa recurso para valorizar nosso modo de dizer. É o que se dá quan-
competência na conquista amorosa. do dizemos, por exemplo, Parodiando o padre Vieira ou Para usar
Por meio do tipo de linguagem que usamos, do tom de voz uma expressão clássica, vou dizer que “peixes se pescam, homens
que empregamos, etc., transmitimos uma imagem nossa, não raro é que se não podem pescar”.
inconscientemente.
Emprega-se a expressão função emotiva para designar a uti- - A linguagem serve para criar outros universos.
lização da linguagem para a manifestação do enunciador, isto é,
daquele que fala.
A linguagem não fala apenas daquilo que existe, fala também
do que nunca existiu. Com ela, imaginamos novos mundos, outras
- A linguagem serve para criar e manter laços sociais: Função
realidades. Essa é a grande função da arte: mostrar que outros mo-
Fática.
dos de ser são possíveis, que outros universos podem existir. O fil-
__Que calorão, hein? me de Woody Allen “A rosa púrpura do Cairo” (1985) mostra isso
__Também, tem chovido tão pouco. de maneira bem expressiva. Nele, conta-se a história de uma mu-
__Acho que este ano tem feito mais calor do que nos outros. lher que, para consolar-se do cotidiano sofrido e dos maus-tratos
__Eu não me lembro de já ter sentido tanto calor. infligidos pelo marido, refugia-se no cinema, assistindo inúmeras
vezes a um filme de amor em que a vida é glamorosa, e o galã é
Esse é um típico diálogo de pessoas que se encontram num carinhoso e romântico. Um dia, ele sai da tela e ambos vão viver
elevador e devem manter uma conversa nos poucos instantes em juntos uma série de aventuras. Nessa outra realidade, os homens
que estão juntas. Falam para nada dizer, apenas porque o silêncio são gentis, a vida não é monótona, o amor nunca diminui e assim
poderia ser constrangedor ou parecer hostil. por diante.

Didatismo e Conhecimento 22
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- A linguagem serve como fonte de prazer: Função Poética. Porém, com os estudos recentes dos linguistas, essa teoria so-
freu uma modificação, pois, chegou-se a conclusão que quando se
Brincamos com as palavras. Os jogos com o sentido e os sons trata da parole, entende-se que é um veículo democrático (observe
são formas de tornar a linguagem um lugar de prazer. Divertimo-
-nos com eles. Manipulamos as palavras para delas extrairmos sa- a função fática), assim, admite-se um novo formato de locução, ou,
tisfação. interlocução (diálogo interativo):
Oswald de Andrade, em seu “Manifesto antropófago”, diz - locutor - quem fala (e responde);
“Tupi or not tupi”; trata-se de um jogo com a frase shakespeariana - locutário - quem ouve e responde;
“To be or not to be”. Conta-se que o poeta Emílio de Menezes,
quando soube que uma mulher muito gorda se sentara no banco de - interlocução - diálogo
um ônibus e este quebrara, fez o seguinte trocadilho: “É a primeira
vez que vejo um banco quebrar por excesso de fundos”. A palavra As respostas, dos “interlocutores” podem ser gestuais, faciais
banco está usada em dois sentidos: “móvel comprido para sentar- etc. por isso a mudança (aprimoração) na teoria.
-se” e “casa bancária”. Também está empregado em dois sentidos
o termo fundos: “nádegas” e “capital”, “dinheiro”. As atitudes e reações dos comunicantes são também referen-
Observe-se o uso do verbo bater, em expressões diversas, com tes e exercem influência sobre a comunicação
significados diferentes, nesta frase do deputado Virgílio Guima- Lembramo-nos:
rães:
- Emotiva (ou expressiva): a mensagem centra-se no “eu” do
“ACM bate boca porque está acostumado a bater: bateu
continência para os militares, bateu palmas para o Collor e quer emissor, é carregada de subjetividade. Ligada a esta função está,
bater chapa em 2002. Mas o que falta é que lhe bata uma dor de por norma, a poesia lírica.
consciência e bata em retirada.” - Função apelativa (imperativa): com este tipo de mensagem,
(Folha de S. Paulo) o emissor atua sobre o receptor, afim de que este assuma determi-
Verifica-se que a linguagem pode ser usada utilitariamente nado comportamento; há frequente uso do vocativo e do imperati-
ou esteticamente. No primeiro caso, ela é utilizada para informar, vo. Esta função da linguagem é frequentemente usada por oradores
para influenciar, para manter os laços sociais, etc. No segundo, e agentes de publicidade.
para produzir um efeito prazeroso de descoberta de sentidos. Em - Função metalinguística: função usada quando a língua expli-
função estética, o mais importante é como se diz, pois o sentido
também é criado pelo ritmo, pelo arranjo dos sons, pela disposição ca a própria linguagem (exemplo: quando, na análise de um texto,
das palavras, etc. investigamos os seus aspectos morfo-sintáticos e/ou semânticos).
Na estrofe abaixo, retirada do poema “A Cavalgada”, de Rai- - Função informativa (ou referencial): função usada quando
mundo Correia, a sucessão dos sons oclusivos /p/, /t/, /k/, /b/, /d/, o emissor informa objetivamente o receptor de uma realidade, ou
/g/ sugere o patear dos cavalos:
acontecimento.
E o bosque estala, move-se, estremece... - Função fática: pretende conseguir e manter a atenção dos
Da cavalgada o estrépito que aumenta interlocutores, muito usada em discursos políticos e textos publici-
Perde-se após no centro da montanha... tários (centra-se no canal de comunicação).
- Função poética: embeleza, enriquecendo a mensagem com
Apud: Lêdo Ivo. Raimundo Correia: Poesia. 4ª ed.
Rio de Janeiro, Agir, p. 29. Coleção Nossos Clássicos. figuras de estilo, palavras belas, expressivas, ritmos agradáveis,
etc.
Observe-se que a maior concentração de sons oclusivos ocor- Também podemos pensar que as primeiras falas conscientes
re no segundo verso, quando se afirma que o barulho dos cavalos da raça humana ocorreu quando os sons emitidos evoluíram para o
aumenta.
Quando se usam recursos da própria língua para acrescentar que podemos reconhecer como “interjeições”. As primeiras ferra-
sentidos ao conteúdo transmitido por ela, diz-se que estamos usan- mentas da fala humana.
do a linguagem em sua função poética.
A função biológica e cerebral da linguagem é aquilo que mais
Para melhor compreensão das funções de linguagem, torna-se
necessário o estudo dos elementos da comunicação. profundamente distingue o homem dos outros animais.
Antigamente, tinha-se a ideia que o diálogo era desenvolvi- Podemos considerar que o desenvolvimento desta função ce-
do de maneira “sistematizada” (alguém pergunta - alguém espera rebral ocorre em estreita ligação com a bipedia e a libertação da
ouvir a pergunta, daí responde, enquanto outro escuta em silêncio, mão, que permitiram o aumento do volume do cérebro, a par do
etc). Exemplo: desenvolvimento de órgãos fonadores e da mímica facial
Elementos da comunicação Devido a estas capacidades, para além da linguagem falada
- Emissor - emite, codifica a mensagem; e escrita, o homem, aprendendo pela observação de animais, de-
- Receptor - recebe, decodifica a mensagem; senvolveu a língua de sinais adaptada pelos surdos em diferentes
- Mensagem - conteúdo transmitido pelo emissor; países, não só para melhorar a comunicação entre surdos, mas tam-
- Código - conjunto de signos usado na transmissão e recepção
da mensagem; bém para utilizar em situações especiais, como no teatro e entre
- Referente - contexto relacionado a emissor e receptor; navios ou pessoas e não animais que se encontram fora do alcance
- Canal - meio pelo qual circula a mensagem. do ouvido, mas que se podem observar entre si.

Didatismo e Conhecimento 23
LÍNGUA PORTUGUESA
Potencialidades da Linguagem - (...) lembre-se de todos que estão tristes e cansados de nossa
igreja e de nossa comunidade.
Depois de analisar as funções da linguagem, conclui-se que - Para aqueles que têm filhos e não sabem, nós temos uma
ela é onipresente na vida de todos nós. Cerca-nos desde o desper- creche no segundo andar.
tar da consciência, ainda no berço, segue-nos durante toda a vida - Quinta-feira às 5h haverá reunião do Clube das Jovens Ma-
e acompanha-nos até a hora da morte. Sem a linguagem, não se mães. Todos aqueles que quiserem se tornar uma Jovem Mamãe,
pode estruturar o mundo do trabalho, pois é ela que permite a troca devem contatar padre Cavalcante em seu escritório. (...)
de informações e de experiências e a cooperação entre os homens. (Jornal da USP, 9, p. 15)
Sem ela, o homem não pode conhecer-se nem conhecer o mundo.
Sem ela, não se exerce a cidadania, porque os eleitores não podem Humor à parte, esses exemplos comprovam que aprender não
influenciar o governo. Sem ela não se pode aprender, expressar os só a norma culta da língua, mas também os mecanismos de estru-
sentimentos, imaginar outras realidades, construir as utopias e os turação do texto.
sonhos. No entanto, a linguagem parece-nos uma coisa natural.
Não prestamos muita atenção a ela. Nem sempre dedicamos muito A palavra texto é bastante usada na escola e também em outras
tempo ao seu estudo. Conhecer bem a língua materna e línguas instituições sociais que trabalham com a linguagem. É comum ou-
estrangeiras é uma necessidade. virmos expressões como “O texto constitucional desceu a detalhes
Que é saber bem uma língua? Evidentemente, não é saber que deveriam estar em leis ordinárias”; “Seu texto ficou muito
descrevê-la. A descrição gramatical de uma língua é um meio de bom”; “O texto da prova de Português era muito longo e comple-
adquirir sobre ela um domínio crescente. Saber bem uma língua xo”; “Os atores de novelas devem decorar textos enormes todos
é saber usá-la bem. No entanto, o emprego de palavras raras e a os dias”. Apesar de corrente, porém, o termo não é de fácil defi-
correção gramatical não são sinônimos do uso adequado da lín- nição: quando perguntamos qual é o seu significado, percebemos
gua. Falar bem é atingir os propósitos de comunicação. Para isso, que a maioria das pessoas é incapaz de responder com precisão e
é preciso usar um nível de língua adequado, é necessário construir clareza.
textos sem ambiguidades, coerentes, sem repetições que não acres-
Texto é um todo organizado de sentido, delimitado por dois
centam nada ao sentido.
brancos e produzido por um sujeito num dado tempo e num deter-
O texto que segue foi dito por um locutor esportivo:
minado espaço.
O texto é um todo organizado de sentido, isso quer dizer que
“Adentra o tapete verde o facultativo esmeraldino a fim de
ele não é um amontoado de frases simplesmente colocadas umas
pensar a contusão do filho do Divino Mestre, mola propulsora do
depois das outras, mas um conjunto de frases costuradas entre si.
eleven periquito.”
Por isso o sentido de cada parte depende da sua relação com as
(Álvaro da Costa e Silva. In: Bundas, p.33.)
outras partes, isto é, o sentido de uma palavra ou de uma frase de-
O que o locutor quis dizer foi: Entra em campo o médico do
Palmeiras a fim de cuidar da contusão de Ademir da Guia (filho de pende das outras palavras ou frases com que mantêm relação. Em
Domingos da Guia), jogador de meio de campo do time do Parque síntese, o sentido depende do contexto, entendido como a unidade
Antártica. Certamente, aquele texto não seria entendido pela maio- maior que compreende uma unidade menor, a oração é contexto da
ria dos ouvintes. Portanto não é um bom texto, porque não usa palavra, o período é contexto da oração e assim sucessivamente.
um nível de língua adequado à situação de comunicação. Outros O contexto pode ser explícito (quando é exposto em palavras) ou
exemplos: implícito (quando é percebido na situação em que o texto é produ-
zido). Observe os três pequenos textos abaixo:
“As videolocadoras de São Carlos estão escondendo suas fi-
tas de sexo explícito. A decisão atende a uma portaria de dezem- - Todos os dias ele fazia sua fezinha. Na noite de segunda-
bro de 1991, do Juizado de Menores, que proíbe que as casas de -feira sonhou com um deserto e jogou seco no camelo.
vídeo aluguem, exponham e vendam fitas pornográficas a menores - Nos desertos da Arábia, o camelo é ainda o principal meio
de 18 anos. A portaria proíbe ainda os menores de 18 anos de irem de transporte dos beduínos.
a motéis e rodeios sem a companhia ou autorização dos pais.” - O camelo aqui carrega a família inteira nas costas, porque
(Jornal Folha do Sudoeste) lá ninguém trabalha.

Certamente a portaria não deveria obrigar os pais a acompa- Em cada uma dessas frases a palavra camelo tem um sentido
nhar os filhos aos motéis nem a dar-lhes uma autorização por escri- diferente. Na primeira, significa “o oitavo grupo do jogo no bicho,
to para ser exibida na entrada desse tipo de estabelecimento. que corresponde ao número 8 e inclui as dezenas 29, 30, 31 e
O jornal da USP publicou uma série de textos encontrados 32”; na segunda, “animal originário das regiões desérticas, de
em comunicados de paróquias e templos. Todos são mal escritos, grande porte, quadrúpede, de cor amarelada, de pescoço longo e
embora neles não se encontrem erros de ortografia, concordância, com duas saliências no dorso”; na terceira, “pessoa que trabalha
etc.: muito”. O que determina essa diferença de sentido da palavra é
exatamente o contexto, o todo em que ela está inserida. No texto,
- Não deixe a preocupação acabar com você. Deixe que a portanto, o sentido de cada parte não é independente, tudo são rela-
Igreja ajude. ções. Aliás, a palavra texto significa “tecido”, que não é um amon-
- Terça-feira à noite: sopão dos pobres, depois oração e me- toado de fios, mas uma trama arranjada de maneira organizada. O
dicação. sentido não é solitário, é solidário. Vejamos outros dois períodos:

Didatismo e Conhecimento 24
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- Marcelinho é um bom atacante, mas é desagregador. vem, em geral, em condições muito precárias (trata-se de uma re-
- Marcelinho é desagregador, mas é um bom atacante. ferência irônica ao Simbolismo e, principalmente, a Cruz e Sousa);
que “os sargentos do exército são monistas, cubistas”, ou seja,
Esses períodos relacionam diferentemente as orações. No em vez da preocupação com seu ofício de garantir a segurança do
primeiro, a oração é “desagregador” é introduzida por “mas”,
território nacional, têm pretensões de incursionar por teorias filo-
enquanto no segundo é a oração “é um bom atacante” que é ini-
ciada por essa conjunção. O sentido é completamente diferente, sóficas e estéticas; que “os filósofos são polacos vendendo a pres-
pois o “mas” introduz o argumento mais forte e, por conseguinte, tações”, são prostituídos (polaca é termo designativo de prostituta)
determina a orientação argumentativa da frase. Isso significa que, pela venalidade barata; que “os oradores” se identificam com “os
quando afirmo, “não quero o jogador no meu time”; quando digo, pernilongos” em sua oratória repetitiva; que o romantismo gonçal-
“acredito que todos os seus defeitos devem ser desculpados”. vino estava certo ao afirmar que a natureza brasileira é pródiga, só
Observe agora o poema “Canção do Exílio” de Murilo Men- que essa prodigalidade não é acessível à maioria da população. A
des: exclamação do final é, ao mesmo tempo, a manifestação do desejo
de ter contato com coisas genuinamente brasileiras e um lamento,
Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza. pois o poeta sabe que não se tornará realidade.
Os poetas da minha terra O texto de Murilo faz referência ao de Gonçalves Dias, mas,
são pretos que vivem em torres de ametista, diferentemente do poema gonçalvino, não celebra ufanisticamente
os sargentos de exército são monistas, cubistas, a pátria. Ao contrário, ironiza-a, lamenta a invasão estrangeira. O
os filósofos são polacos vendendo a prestações. exílio é a própria terra, desnaturada a ponto de parecer estrangeira.
A gente não pode dormir Desse modo, os dois primeiros versos não podem ser interpre-
com os oradores e os pernilongos. tados como um elogio ao caráter cosmopolita da cultura brasileira.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Ao contrário, devem ser lidos como uma crítica ao caráter postiço
Eu morro sufocado
em terra estrangeira. da nossa cultura. Isso porque só a segunda interpretação se encaixa
Nossas flores são mais bonitas coerentemente dentro do contexto.
nossas frutas mais gostosas Por exemplo, comprova-se que o significado das frases não é
mas custam cem mil réis a dúzia. autônomo. Num texto, o significado das partes depende do todo.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade Por isso, cada frase tem um significado distinto, dependendo do
e ouvir um sabiá com certidão de idade! contexto em que está inserida.
Que é que faz perceber que um conjunto de frases compõe
Poesias (1925-1953). Rio de Janeiro,
um texto? O primeiro fator é a coerência, ou seja, a compatibi-
José Olympio, 1959, p. 5.
Tomando apenas os dois primeiros versos, pode-se pensar que lidade de sentido entre elas, de modo que não haja nada ilógico,
esse poema seja uma apologia do caráter universalista e cosmo- nada contraditório, nada desconexo. Outro fator é a ligação das
polita da brasilidade: macieiras e gaturamos representam a natu- frases por certos elementos que recuperam passagens já ditas ou
reza vegetal e animal, respectivamente; Califórnia e Veneza são a garantem a concatenação entre as partes. Assim, em “Não chove
imagem do espaço estrangeiro, e minha terra, a do solo pátrio. No há vários meses. Os pastos não poderiam, pois, estar verdes”, a
Brasil, até a natureza acolhe o que é estrangeiro. palavra “pois” estabelece uma relação de decorrência lógica entre
Pode-se ainda acrescentar, em apoio a essa tese, que esses
uma e outra frase. O segundo fator, entretanto, é menos importante
versos são calcados nos dois primeiros do poema homônimo de
Gonçalves Dias, que é uma glorificação da terra pátria: que o primeiro, pois mesmo sem esses elementos de conexão, um
conjunto de frases pode ser coerente e, portanto, um todo organi-
Minha terra tem palmeiras, zado de sentido.
Onde canta o Sabiá;
Tipos de Linguagem
Apud: Manuel Bandeira.
Gonçalves Dias: Poesia. 7ª ed. Rio de Janeiro Linguagem é a capacidade que possuímos de expressar nossos
Agir, 1976, p. 18. Coleção Nossos Clássicos.
pensamentos, ideias, opiniões e sentimentos. Está relacionada a
Essa hipótese de leitura, se não é absurda quando isolamos os fenômenos comunicativos; onde há comunicação, há linguagem.
versos em questão, não encontra amparo quando os confrontamos Podemos usar inúmeros tipos de linguagens para estabelecermos
com o restante do texto. Murilo Mendes mostra, na verdade, que atos de comunicação, tais como: sinais, símbolos, sons, gestos e
as características da brasilidade não têm valor positivo, não con- regras com sinais convencionais (linguagem escrita e linguagem
correm para a exaltação da pátria: o poeta denuncia que a cultura mímica, por exemplo). Num sentido mais genérico, a linguagem
brasileira é postiça, é uma miscelânea de elementos advindos de pode ser classificada como qualquer sistema de sinais que se valem
vários países. Ele mostra que os “poetas são pretos que vivem em os indivíduos para comunicar-se.
torres de ametista”, alienados num mundo idealizado, evitando as
A linguagem pode ser:
mazelas do mundo real, sem se preocupar com os negros, que vi-

Didatismo e Conhecimento 25
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- Verbal: aquela que faz uso das palavras para comunicar algo. abrange a comunicação linguística em toda sua totalidade. Além
disso, é acompanhada pelo tom de voz, algumas vezes por mí-
micas, incluindo-se fisionomias. A língua escrita não é apenas a
representação da língua falada, mas sim um sistema mais discipli-
nado e rígido, uma vez que não conta com o jogo fisionômico, as
mímicas e o tom de voz do falante. No Brasil, por exemplo, todos
falam a língua portuguesa, mas existem usos diferentes da língua
devido a diversos fatores. Dentre eles, destacam-se:
As figuras acima nos comunicam sua mensagem através da
linguagem verbal (usa palavras para transmitir a informação). - Fatores Regionais: é possível notar a diferença do portu-
guês falado por um habitante da região nordeste e outro da região
- Não Verbal: aquela que utiliza outros métodos de comuni- sudeste do Brasil. Dentro de uma mesma região, também há varia-
cação, que não são as palavras. Dentre elas estão a linguagem de ções no uso da língua. No estado do Rio Grande do Sul, por exem-
sinais, as placas e sinais de trânsito, a linguagem corporal, uma plo, há diferenças entre a língua utilizada por um cidadão que vive
figura, a expressão facial, um gesto, etc. na capital e aquela utilizada por um cidadão do interior do estado.
- Fatores Culturais: o grau de escolarização e a formação cul-
tural de um indivíduo também são fatores que colaboram para os
diferentes usos da língua. Uma pessoa escolarizada utiliza a língua
de uma maneira diferente da pessoa que não teve acesso à escola.
- Fatores Contextuais: nosso modo de falar varia de acor-
do com a situação em que nos encontramos: quando conversamos
com nossos amigos, não usamos os termos que usaríamos se esti-
véssemos discursando em uma solenidade de formatura.
Essas figuras fazem uso apenas de imagens para comunicar o - Fatores Profissionais: o exercício de algumas atividades
que representam. requer o domínio de certas formas de língua chamadas línguas téc-
nicas. Abundantes em termos específicos, essas formas têm uso
A Língua é um instrumento de comunicação, sendo composta praticamente restrito ao intercâmbio técnico de engenheiros, quí-
por regras gramaticais que possibilitam que determinado grupo de micos, profissionais da área de direito e da informática, biólogos,
falantes consiga produzir enunciados que lhes permitam comuni- médicos, linguistas e outros especialistas.
car-se e compreender-se. Por exemplo: falantes da língua portu- - Fatores Naturais: o uso da língua pelos falantes sofre in-
guesa. fluência de fatores naturais, como idade e sexo. Uma criança não
A língua possui um caráter social: pertence a todo um con- utiliza a língua da mesma maneira que um adulto, daí falar-se em
junto de pessoas, as quais podem agir sobre ela. Cada membro da linguagem infantil e linguagem adulta.
comunidade pode optar por esta ou aquela forma de expressão. Por
outro lado, não é possível criar uma língua particular e exigir que Fala
outros falantes a compreendam. Dessa forma, cada indivíduo pode
usar de maneira particular a língua comunitária, originando a fala. É a utilização oral da língua pelo indivíduo. É um ato indivi-
A fala está sempre condicionada pelas regras socialmente estabe- dual, pois cada indivíduo, para a manifestação da fala, pode esco-
lecidas da língua, mas é suficientemente ampla para permitir um lher os elementos da língua que lhe convém, conforme seu gosto e
exercício criativo da comunicação. Um indivíduo pode pronunciar sua necessidade, de acordo com a situação, o contexto, sua perso-
um enunciado da seguinte maneira: nalidade, o ambiente sociocultural em que vive, etc. Desse modo,
dentro da unidade da língua, há uma grande diversificação nos
A família de Regina era paupérrima. mais variados níveis da fala. Cada indivíduo, além de  conhecer
o que fala, conhece também o que os outros falam; é por isso que
Outro, no entanto, pode optar por: somos capazes de dialogar com pessoas dos mais variados graus
de cultura, embora nem sempre a linguagem delas seja exatamente
A família de Regina era muito pobre. como a nossa. 
Devido ao caráter individual da fala, é possível observar al-
As diferenças e semelhanças constatadas devem-se às diver- guns níveis:
sas manifestações da fala de cada um. Note, além disso, que essas
manifestações devem obedecer às regras gerais da língua portu- - Nível Coloquial-Popular: é a fala que a maioria das pessoas
guesa, para não correrem o risco de produzir enunciados incom- utiliza no seu dia a dia, principalmente em situações informais.
preensíveis como: Esse nível da fala é mais espontâneo, ao utilizá-lo, não nos preo-
cupamos em saber se falamos de acordo ou não com as regras for-
Família a paupérrima de era Regina. mais estabelecidas pela língua.
- Nível Formal-Culto: é o nível da fala normalmente utilizado
Não devemos confundir língua com escrita, pois são dois pelas pessoas em situações formais. Caracteriza-se por um cuidado
meios de comunicação distintos. A escrita representa um está- maior com o vocabulário e pela obediência às regras gramaticais
gio posterior de uma língua. A língua falada é mais espontânea, estabelecidas pela língua.

Didatismo e Conhecimento 26
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Signo Hoje em dia, graças sobretudo à facilidade de reprodução de
sons, cores, movimentos e imagens, é muito comum a exploração
É um elemento representativo que apresenta dois aspectos: o conjunta de várias formas de linguagem: a linguagem do cinema
significado e o significante. Ao escutar a palavra “cachorro”, re- e da televisão é uma demonstração eloquente da exploração con-
conhecemos a sequência de sons que formam essa palavra. Esses junta de sons musicais e da voz humana, de cores, de imagens em
sons se identificam com a lembrança deles que está em nossa me- movimento.
mória. Essa lembrança constitui uma real imagem sonora, armaze- Qualquer que seja a forma de manifestação, toda linguagem
nada em nosso cérebro que é o significante do signo “cachorro”. tem um ponto em comum: nenhuma opera com a realidade tal que
Quando escutamos essa palavra, logo pensamos em um animal ir- ela é, mas com representações da realidade. Dizendo de outra ma-
racional de quatro patas, com pelos, olhos, orelhas, etc. Esse con- neira, toda linguagem é constituída de signos. E o que são signos?
ceito que nos vem à mente é o significado do signo “cachorro” e São qualquer forma material (sons, linhas, cores, volumes,
também se encontra armazenado em nossa memória. imagens em movimento) que representam alguma coisa diferente
Ao empregar os signos que formam a nossa língua, devemos dela mesma. Em outras palavras, todo signo é constituído de algo
obedecer às regras gramaticais convencionadas pela própria lín- material, perceptível pelos órgãos dos sentidos (ouvido, olho) e de
gua. Desse modo, por exemplo, é possível colocar o artigo inde- algo imaterial, uma representação mental, inteligível. A dimensão
finido “um” diante do signo “cachorro”, formando a sequência material do signo costuma ser designada por dois nomes: plano de
“um cachorro”, o mesmo não seria possível se quiséssemos co- expressão ou significante.
locar o artigo “uma” diante do signo “cachorro”. A sequência A dimensão imaterial e inteligível é chamada por dois nomes:
“uma cachorro” contraria uma regra de concordância da língua plano de conteúdo ou significado. Por uma questão de simplifica-
portuguesa, o que faz com que essa sentença seja rejeitada. Os ção, usaremos a seguinte nomenclatura:
signos que constituem a língua obedecem a padrões determina-
dos de organização. O conhecimento de uma língua engloba tanto Signo: qualquer tipo de sinal material usado para representar
a identificação de seus signos, como também o uso adequado de algo, isto é, tornar presente alguma coisa ausente.
suas regras combinatórias.
Uma árvore plantada no bosque não é um signo, porque não
Signo: elemento representativo que possui duas partes in- passa de uma árvore, não representa nada além de si mesma. Prova
dissolúveis:  significado e significante. Significado (é o conceito, disso é que não podemos trazer para este livro a árvore real, ape-
a ideia transmitida pelo signo, a parte abstrata do signo) + Signifi- nas uma representação dela, formada de cores e formas sobre uma
cante (é a imagem sonora, a forma, a parte concreta do signo, superfície de papel.
suas letras e seus fonemas). Que o signo não passa de representação da realidade é um
Língua: conjunto de sinais baseado em palavras que obede- tema que tem sido objeto de debate entre os homens. O célebre
cem às regras gramaticais. pintor surrealista belga René Magritte (1898-1967), pintou um ca-
Fala: uso individual da língua, aberto à criatividade e ao de- chimbo com requintes de pormenores, dando a máxima impressão
senvolvimento da liberdade de expressão e compreensão. de realismo. Surpreendentemente, num jogo de ironia, escreveu
abaixo da pintura a frase Ceci n’est pás une pipe (“Isto não é um
Estudo do Significado cachimbo”).
Aos que o contestavam, achando absurda a ideia de negar que
O papel essencial da linguagem, em quaisquer das suas for- aquilo fosse um cachimbo, conta-se que ele desafiava:
mas, é a produção de significado: ao se relacionar com as coisas, o
homem faz uso de sinais que as representam. __ Então acenda-o e comece a fumá-lo.
A linguagem pode ser usada pelo homem para múltiplas fina-
lidades: para ajudá-lo a compreender a si mesmo, o mundo físico Após essas considerações, vamos fazer duas observações de
e as pessoas que o rodeiam, para influenciar o outro e até para ordem terminológica:
trapacear, fingindo uma intenção para esconder outra. A linguagem - a representação do cachimbo é um signo do cachimbo, não
pode também manifestar-se sob grande variedade de formas: o objeto cachimbo;
- Sons produzidos pela voz (linguagem verbal) - ao objeto chamamos de referente, ou a coisa real.
- Cores, formas e volumes (linguagem visual)
- Movimentos do corpo (linguagem corporal, dança) Podemos, então, após esses dados, montar um esquema daqui-
- Sons produzidos por instrumentos (linguagem musical) lo que os estudiosos chamam de signo:
- Imagens em movimento (cinema), etc.
Signo: é qualquer objeto, forma ou fenômeno material que
Para resumir, costumamos distinguir duas grandes divisões representa a ideia de algo diferente dele mesmo.
para definir as formas de linguagem:
- Linguagem Verbal: mais especificamente constituída pela Assim sendo, o signo apresenta três dimensões:
língua, seja ela oral, seja escrita.
- Linguagens não-verbais: constituídas por todas as outras - Significante (ou plano de expressão): é a parte material do
modalidades diferentes da língua: pintura, escultura, música, dan- signo (um objeto, uma forma ou um fenômeno perceptível pelos
ça, cinema, etc. sensores do corpo humano).

Didatismo e Conhecimento 27
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- Significado (ou plano de conteúdo): é o conceito, ou a forma Para facilitar a compreensão de certas particularidades relati-
mental criada no intelecto pelo significante. vas ao significado das palavras e das formas linguísticas em geral,
- Referente: é a coisa representada pelo signo. É dado de rea- uma noção primária se impõe como necessária: a de que o signifi-
lidade trazido à mente por meio do signo. cado de um signo não é constituído por uma peça única, mas por
um punhado de significados menores que se combinam entre si
São os signos que nos permitem trazer para a lembrança re-
ferentes que já deixaram de existir. As palavras, por exemplo, são para criar a noção com que representamos as coisas ou os eventos
signos e, por meio delas, podemos trazer para o presente pessoas e do mundo.
fatos que já desapareceram. Tomemos, por exemplo, uma palavra Dizemos de outra maneira, o significado das palavras não é
como Camões. simples, mas complexo, constituído de um feixe de unidades me-
Trata-se de um signo, pois o referente (o poeta em carne e nores a que os estudiosos chamam de traços semânticos ou traços
osso) não existe mais. Significante: uma conjunto de sons, repre- de significado.
sentado pelo espectro de uma onda sonora. Significado: o conceito São os traços semânticos que usamos para definir o significa-
associado no intelecto quando ouvimos essa combinação de sons. do das palavras. Tomemos um exemplo que já ficou clássico nos
O referente é o famoso poeta português Luís Vaz de Camões, que,
estudos de Semântica, usado pelo linguista francês contemporâneo
como se sabe, morreu faz tempo.
Observação: A rigor, não é exato usar um retrato de Camões Bernard Pottier. Segundo ele, a palavra “cadeira” é um móvel do-
para ilustrar o significado da palavra Camões, pois este, na ver- méstico que contém os seguintes traços semânticos:
dade, é de instância intelectual. Excluindo esse inconveniente, a - com encosto.
pintura, serve para sugerir o conceito que a combinação de sons - sobre pernas.
(k – a – m – õ – e – s) cria no nosso intelecto. - para uma só pessoa.
A conclusão mais importante de tudo isso é que usamos os sig- Para sentar-se.
nos no lugar das coisas e, pela linguagem, construímos um univer-
so paralelo ao universo real. Se levarmos em conta que as relações
Se aos quatro traços da palavra “cadeira” acrescentarmos
entre os homens são determinadas mais pelas representações que
fazemos das coisas do que pelas coisas em si, vamos compreender mais um, “com braços”, teremos a palavra “poltrona”. Uma mes-
que interpretar e produzir significados é a competência de maior ma palavra pode, num dado contexto, trocar um traço semântico
importância para quem deseja dominar os segredos da linguagem. por outro e ganhar novo sentido. É o que acontece, por exemplo
Relacionando o aprendizado do português com esses dados em:
preliminares, podemos encadear os seguintes raciocínios:
- A principal função de qualquer forma de linguagem é a cons- Peixe não vive fora d’água.
trução de significados para atingir certos resultados planejados
pelo construtor. A palavra “peixe” é marcada, nesse contexto, pelo traço se-
- O português é uma forma de linguagem.
mântico “não humano”. Esse traço pode ser trocado, por exemplo,
- Portanto a competência mais importante para os falantes da
língua portuguesa é saber construir significados e decifrar os signi- por um traço “humano”, noutro contexto como este:
ficados produzidos por meio dela.
Esse é um dado de extrema importância tanto para quem en- Na festa de aniversário da minha prima, eu era um peixe fora
sina quanto para quem aprende não só o português como qualquer d’água.
outra língua com o propósito de usá-la para o mundo do trabalho, “Peixe”, nesse contexto, não fará sentido se não trocarmos o
para o exercício da cidadania e para a aquisição de novos conhe- traço semântico “não humano” por “humano”.
cimentos. Em síntese, concluímos que, por ser constituído de feixes de
Para quem aprende uma língua com esse tipo de interesse, o
traços semânticos, o sentido da palavra não é estável, podendo so-
que mais importa é adquirir a capacidade de compreender, com a
máxima proficiência, os significados direcionados para atingir os frer variações de época para época, de lugar para lugar, de contexto
resultados programados. para contexto.
Resumindo tudo, para quem estuda uma língua do ponto de Há contexto em que uma palavra não pode ser interpretada
vista de quem vai conviver e trabalhar com ela, o que mais importa com todos os traços semânticos que comumente a definem. Por
é a capacidade de produzir e compreender significados. isso é que os bons dicionários costumam dar os diferentes sentidos
Todos os demais tipos de aprendizado linguístico estão subor- possíveis de uma palavra, acompanhados do contexto em que ela
dinados a essas duas competências mais amplas e mais altas. adquire cada um dos seus vários sentidos.
A Semântica é um ramo da Linguística que se ocupa do sig- Tomemos como exemplo uma palavra como “cadeia” e al-
nificado das formas linguísticas em geral. Por formas linguísticas
guns de seus múltiplos sentidos no português:
vamos entender tanto as mínimas unidades de significado consti-
tuintes das palavras (os prefixos e sufixos, por exemplo) quanto
enunciados maiores, como orações e períodos. Analisar, pois, uma - Prisão: Sonegar imposto dá cadeia.
palavra ou uma frase sob o ponto de vista semântico equivale a - Rede, conjunto de emissoras: O presidente falará em cadeia
tentar decifrar o que elas significam ou o que querem dizer. nacional.
Dado que a finalidade última de qualquer linguagem é a pro- - Sequência: As ruínas são cercadas por uma cadeia de mon-
dução de significado, não é preciso destacar a importância fun- tanhas.
damental da Semântica dentro dos estudos linguísticos. Nem é
preciso também falar da importância desse tópico nas provas de
Levando esses dados em consideração, torna-se mais fácil
concursos na matéria de língua portuguesa em geral.
compreender as particularidades sobre o significado das palavras.

Didatismo e Conhecimento 28
LÍNGUA PORTUGUESA
Delimitações e Sujeito do Texto Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da pre-
posição ou preposições que os regem. Observe-os atentamente e
O texto é delimitado por dois brancos. Se ele é um todo orga- procure, sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a
nizado de sentido, ele pode ser verbal, visual (um quadro), verbal algum verbo cuja regência você conhece.
e visual (um filme), sonoro (uma música), etc. Mas em todos esses
- acessível a: Este cargo não é acessível a todos.
casos ele será delimitado por dois espaços de não-sentido, dois
- acesso a, para: O acesso para a região ficou impossível.
brancos, um antes de começar o texto e outro depois. É o branco - acostumado a, com: Todos estavam acostumados a ouvi-lo.
do papel; é o tempo de espera para que um filme comece e o que - adaptado a: Foi difícil adaptar-me a esse clima.
está depois da palavra FIM; é o silêncio que precede os primeiros - afável com, para com: Tinha um jeito afável para com os
acordes de uma melodia e que sucede às notas finais, etc. turistas.
O texto é produzido por um sujeito num dado tempo e num - aflito: com, por.
determinado espaço. Esse sujeito, por pertencer a um grupo social - agradável a, de: Sua saída não foi agradável à equipe.
que vive num dado tempo e num certo espaço, expõe em seus tex- - alheio: a, de.
tos as ideias, os anseios, os temores, as expectativas desse grupo. - aliado: a, com.
Todo texto, assim, relaciona-se com o contexto histórico e geográ- - alusão a: O professor fez alusão à prova final.
fico em que foi produzido, refletindo a realidade apreendida por - amor a, por: Ele demonstrava grande amor à namorada.
- análogo: a.
seu autor, que sobre ela se pronuncia. - antipatia a, por: Sentia antipatia por ela.
O poema de Murilo Mendes que comentamos anteriormente - apto a, para: Estava apto para ocupar o cargo.
mostra o anseio de uma geração, no Brasil, em certa época, de - atenção a, com, para com: Nunca deu atenção a ninguém.
conhecer bem o país e revelar suas mazelas para transformá-lo. - aversão a, por: Sempre tive aversão à política.
Não há texto que não reflita o seu tempo e o seu lugar. Cabe - benéfico a, para: A reforma foi benéfica a todos.
lembrar, no entanto, que uma sociedade não produz uma única for- - certeza de, em: A certeza de encontrá-lo novamente a ani-
ma de ver a realidade, um modo único de analisar os problemas mou.
estabelecidos num dado contexto. Como a sociedade é dividida - coerente: com.
em grupos sociais, que têm interesses muitas vezes antagônicos, - compatível: com.
ela produz ideias divergentes entre si. A mesma sociedade que - contíguo: a.
desprezo: a, de, por.
gera a ideia de que é preciso pôr abaixo a floresta amazônica para
- dúvida em sobre: Anotou todas as dúvidas sobre a questão dada.
explorar suas riquezas, produz a ideia de que preservá-la é mais empenho: de, em, por.
rentável. É bem verdade, no entanto, que algumas ideias, em certas equivalente: a.
épocas, exercem domínio sobre outras. - favorável a: Sou favorável à sua candidatura.
É necessário entender as concepções correntes na época e na fértil: de, em.
sociedade em que o texto foi produzido, para não correr o risco de - gosto de, em: Tenho muito gosto em participar desta brin-
entendê-lo de maneira distorcida. Como não há ideias puras, todas cadeira.
as ideias estão materializadas em textos, analisar a relação de um - grato a: Grata a todos que me ensinaram a ensinar.
texto com sua época é estudar a sua relação com outros textos. - horror a, de: Tinha horror a quiabo refogado.
É preciso que fiquem bem claras estas conclusões: hostil: a, para com.
- impróprio para: O filme era impróprio para menores.
- No texto, o sentido não é solitário, mas solidário.
inerente: a.
- O texto está delimitado por dois espaços de não-sentido. - junto a, com, de: Junto com o material, encontrei este do-
- O texto revela ideais, concepções, anseios, expectativas e cumento.
temores de um grupo social numa determinada época, em deter- - lento: em.
minado lugar. - necessário a, para: A medida foi necessária para acabar com
tanta dúvida.
- passível de: As regras são passíveis de mudanças.
Regência Nominal - preferível a: Tudo era preferível à sua queixa.
- próximo: a, de.
Regência nominal é a relação de dependência que se estabele- - rente: a.
- residente: em.
ce entre o nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e o termo por
- respeito a, com, de, entre, para com, por: É necessário o
ele regido. Certos substantivos e adjetivos admitem mais de uma respeito às leis.
regência. Na regência nominal o principal papel é desempenhado - satisfeito: com, de, em, por.
pela preposição. - semelhante: a.
No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que sensível: a.
vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos - sito em: O apartamento sito em Brasília foi vendido.
de que derivam. Conhecer o regime de um verbo significa, nesses - situado em: Minha casa está situada na Avenida Internacional.
casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: - suspeito: de.
Verbo obedecer e os nomes correspondentes: todos regem - útil: a, para.
complementos introduzidos pela preposição “a”. - vazio: de.
- versado: em.
Obedecer a algo/ a alguém.
- vizinho: a, de.
Obediente a algo/ a alguém.

Didatismo e Conhecimento 29
LÍNGUA PORTUGUESA
Exercícios 08. Dentre as frases abaixo, uma apenas apresenta a regência
nominal correta. Assinale-a:
01. O projeto.....estão dando andamento é incompatível.....tra- a) Ele não é digno a ser seu amigo.
dições da firma. b) Baseado laudos médicos, concedeu-lhe a licença.
a) de que, com as
c) A atitude do Juiz é isenta de qualquer restrição.
b) a que, com as
c) que, as d) Ele se diz especialista para com computadores eletrônicos.
d) à que, às e) O sol é indispensável da saúde.
e) que, com as
Respostas: 01-B / 02-A / 03-D / 04-D / 05-D / 06-A / 07-C /
02. Quanto a amigos, prefiro João.....Paulo,.....quem sinto...... 08-C
simpatia. Regência Verbal
a) a, por, menos
b) do que, por, menos A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre os
c) a, para, menos
d) do que, com, menos verbos e os termos que os complementam (objetos diretos e obje-
e) do que, para, menos tos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais). O estudo da
regência verbal permite-nos ampliar nossa capacidade expressiva,
03. Assinale a opção em que todos adjetivos podem ser segui- pois oferece oportunidade de conhecermos as diversas significa-
dos pela mesma preposição: ções que um verbo pode assumir com a simples mudança ou reti-
a) ávido, bom, inconsequente rada de uma preposição.
b) indigno, odioso, perito
c) leal, limpo, oneroso A mãe agrada o filho. (agradar significa acariciar, contentar)
d) orgulhoso, rico, sedento
A mãe agrada ao filho. (agradar significa “causar agrado ou
e) oposto, pálido, sábio
prazer”, satisfazer)
04. “As mulheres da noite,......o poeta faz alusão a colorir Ara- Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de “agra-
caju,........coração bate de noite, no silêncio”. A opção que comple- dar a alguém”.
ta corretamente as lacunas da frase acima é: O conhecimento do uso adequado das preposições é um dos
a) as quais, de cujo aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e também
b) a que, no qual nominal). As preposições são capazes de modificar completamente
c) de que, o qual o sentido do que se está sendo dito.
d) às quais, cujo
e) que, em cujo
Cheguei ao metrô.
05. Assinale a alternativa correta quanto à regência: Cheguei no metrô.
a) A peça que assistimos foi muito boa.
b) Estes são os livros que precisamos. No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo
c) Esse foi um ponto que todos se esqueceram. caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A oração “Cheguei
d) Guimarães Rosa é o escritor que mais aprecio. no metrô”, popularmente usada a fim de indicar o lugar a que se
e) O ideal que aspiramos é conhecido por todos. vai, possui, no padrão culto da língua, sentido diferente. Aliás, é
muito comum existirem divergências entre a regência coloquial,
06. Assinale a alternativa que contém as respostas corretas.
cotidiana de alguns verbos, e a regência culta.
I. Visando apenas os seus próprios interesses, ele, involunta-
riamente, prejudicou toda uma família.
II. Como era orgulhoso, preferiu declarar falida a firma a acei- Abdicar: renunciar ao poder, a um cargo, título desistir. Pode
tar qualquer ajuda do sogro. ser intransitivo (VI não exige complemento) / transitivo direto
III. Desde criança sempre aspirava a uma posição de destaque, (TD) ou transitivo indireto (TI + preposição): D. Pedro abdi-
embora fosse tão humilde. cou em 1831. (VI); A vencedora abdicou o seu direto de rainha.
IV. Aspirando o perfume das centenas de flores que enfeita- (VTD); Nunca abdicarei de meus direitos. (VTI)
vam a sala, desmaiou.
a) II, III, IV Abraçar: emprega-se sem / sem preposição no sentido de
b) I, II, III
e) I, III, IV apertar nos braços: A mãe abraçou-a com ternura. (VTD); Abra-
d) I, III çou-se a mim, chorando. (VTI)
e) I, II
Agradar: emprega-se com preposição no sentido de conten-
07. Assinale o item em que há erro quanto à regência: tar, satisfazer.(VTI): A banda Legião Urbana agrada aos jovens.
a) São essas as atitudes de que discordo. (VTI); Emprega-se sem preposição no sentido de acariciar, mimar:
b) Há muito já lhe perdoei. Márcio agradou a esposa com um lindo presente. (VTD)
c) Informo-lhe de que paguei o colégio.
d) Costumo obedecer a preceitos éticos.
Ajudar: emprega-se sem preposição; objeto direto de pessoa:
e) A enfermeira assistiu irrepreensivelmente o doente.
Eu ajudava-a no serviço de casa. (VTD)

Didatismo e Conhecimento 30
LÍNGUA PORTUGUESA
Aludir: (=fazer alusão, referir-se a alguém), emprega-se com Chegar: como intransitivo, o verbo chegar exige a preposi-
preposição: Na conversa aludiu vagamente ao seu novo projeto. ção a quando indica lugar: Chegou ao aeroporto meio apressada.
(VTI) Como transitivo direto (VTD) e intransitivo (VI) no sentido de
aproximar; Cheguei-me a ele.
Ansiar: emprega-se sem preposição no sentido de causar
mal-estar, angustiar: A emoção ansiava-me. (VTD); Emprega-se Contentar-se: emprega-se com as preposições com, de, em:
com preposição no sentido de desejar ardentemente por: Ansia- Contentam-se com migalhas. (VTI); Contento-me em aplaudir da-
va por vê-lo novamente. (VTI) qui.

Aspirar: emprega-se sem preposição no sentido de respirar, Custar: é transitivo direto no sentido de ter valor de, ser
cheirar: Aspiramos um ar excelente, no campo. (VTD) Emprega- caro. Este computador custa muito caro. (VTD) No sentido de ser
-se com preposição no sentido de querer muito, ter por objetivo: difícil é TI. É conjugado como verbo reflexivo, na 3ª pessoa do
Gincizinho aspira ao cargo de diretor da Penitenciária. (VTI) singular, e seu sujeito é uma oração reduzida de infinitivo: Custou-
-me pegar um táxi.(foi difícil); O carro custou-me todas as econo-
Assistir: emprega-se com preposição a no sentido de ver, pre- mias. É transitivo direto e indireto (TDI) no sentido de acarretar:
senciar: Todos assistíamos à novela Almas Gêmeas. (VTI) Nesse A imprudência custou-lhe lágrimas amargas. (VTDI)
caso, o verbo não aceita o pronome lhe, mas apenas os pronomes
pessoais retos + preposição: O filme é ótimo. Todos querem as- Ensinar: é intransitivo no sentido de doutrinar, pregar: Mi-
sistir a ele. (VTI) Emprega-se sem / com preposição no sentido nha mãe ensina na FAI. É transitivo direto no sentido de educar:
de socorrer, ajudar: A professora sempre assiste os alunos com Nem todos ensinam as crianças. É transitivo direto e indireto no
carinho. (VTD); A professora sempre assiste aos alunos com cari- sentido de dar instrução sobre: Ensino os exercícios mais difíceis
nho. (VTI) Emprega-se com preposição no sentido de caber, ter aos meus alunos.
direito ou razão: O direito de se defender assiste a todos. (VTI)
No sentido de morar, residir é intransitivo e exige a preposição Entreter: empregado como divertir-se exige as preposições:
em: Assiste em Manaus por muito tempo. (VI) a, com, em: Entretinham-nos em recordar o passado.

Atender: empregado sem preposição no sentido de receber Esquecer / Lembrar: estes verbos admitem as construções:
alguém com atenção: O médico atendeu o cliente pacientemente. Esqueci o endereço dele; Lembrei um caso interessante; Esqueci-
(VTD) No sentido de ouvir, conceder: Deus atendeu minhas pre- -me do endereço dele; Lembrei-me de um caso interessante. Es-
ces.(VTD); Atenderemos quaisquer pedido via internet. Emprega- queceu-me seu endereço; Lembra-me um caso interessante. Você
-se com preposição no sentido de dar atenção a alguém: Lamen- pode observar que no 1º exemplo tanto o verbo esquecer como
to não poder atender à solicitação de recursos. (VTI) Emprega-se lembrar, não são pronominais, isto é, não exigem os pronomes
com preposição no sentido de ouvir com atenção o que alguém me, se, lhe, são transitivos diretos (TD). Nos exemplos, ambos os
diz: Atenda ao telefone, por favor; Atenda o telefone. (preferência verbos, esquecer e lembrar, exigem o pronome e a preposição
brasileira) de; são transitivos indiretos e pronominais. No exemplo o verbo
esquecer está empregado no sentido de apagar da memória. e o
Avisar: avisar alguém de alguma coisa: O chefe avisou os verbo lembrar está empregado no sentido de vir à memória. Na
funcionários de que os documentos estavam prontos. (VTD); Avi- língua culta, os verbos esquecer e lembrar quando usados com a
saremos os clientes da mudança de endereço. (VTD ); Já tem tra- preposição de, exigem os pronomes.
dição na língua o uso de avisar como OI de pessoa e OD de coisa;
Avisamos aos clientes que vamos atendê-los em novo endereço. Implicar: emprega-se com preposição no sentido de ter im-
plicância com alguém, é TI: Nunca implico com meus alunos.
Bater: emprega-se com preposição no sentido de dar panca- (VTI) Emprega-se sem preposição no sentido de acarretar, en-
das em alguém: Os irmãos batiam nele (ou batiam-lhe) à toa; Ner- volver, é TD: A queda do dólar implica corrida ao poder. (VTE);
voso, entrou em casa e bateu a porta.(fechou com força); Foi logo O desestímulo ao álcool combustível implica uma volta ao pas-
batendo à porta. (bater junto à porta, para alguém abrir); Para que sado. (VTD) Emprega-se sem preposição no sentido de embara-
ele pudesse ouvir, era preciso bater na porta de seu quarto. (dar çar, comprometer, é TD: O vizinho implicou-o naquele caso de
pancadas) estupro. (VTD) É inadequada a regência do verbo implicar em:
Implicou em confusão.
Casar: Marina casou cedo e pobre. (VI não exige comple-
mento); Você é realmente digno de casar com minha filha. (VTI Informar: o verbo informar possui duas construções, VTD
com preposição); Ela casou antes dos vinte anos. (VTD sem pre- e VTI: Informei-o que sua aposentaria saiu. (VTD); Informei-lhe
posição. O verbo casar pode vir acompanhado de pronome refle- que sua aposentaria. (VT); Informou-se das mudanças logo cedo.
xivo: Ela casou com o seu grande amor; ou Ela casou-se com seu (inteirar-se, verbo pronominal)
grande amor.
Investir: emprega-se com preposição (com ou contra) no
Chamar: emprega-se sem preposição no sentido de convo- sentido de atacar, é TI: O touro Bandido investiu contra Tião.
car; O juiz chamou o réu à sua presença. (VTD) Emprega-se com Empregado como verbo transitivo direto e indireto, no sentido
ou sem preposição no sentido de denominar, apelidar, construído de dar posse: O prefeito investiu Renata no cargo de assessora.
com objeto + predicativo: Chamou-o covarde. (VTD) / Chamou-o (VTDI) Emprega-se sem preposição no sentido também de em-
de covarde. (VID); Chamou-lhe covarde. (VTI) / Chamou-lhe de pregar dinheiro, é TD: Nós investimos parte dos lucros em pes-
covarde. (VTI); Chamava por Deus nos momentos difíceis. (VTI) quisas científicas. (VTD)

Didatismo e Conhecimento 31
LÍNGUA PORTUGUESA
Morar: antes de substantivo rua, avenida, usase morar com Presidir: emprega-se com objeto direto ou objeto indireto,
a preposição em: D. Marina Falcão mora na rua Dorival de Barros. com a preposição a: O reitor presidiu à sessão; O reitor presidiu
a sessão.
Namorar: a regência correta deste verbo é namorar alguém e
NÃO namorar com alguém: Meu filho, Paulo César, namora Cris- Prevenir: admite as construções: A paciência previne dissa-
tiane. Marcelo namora Raquel. bores; Preveni minha turma; Quero preveni-los; Prevenimo-nos
para o exame final.
Necessitar: emprega-se com verbo transitivo direto ou indire-
to, no sentido de precisar: Necessitávamos o seu apoio; Necessi-
Proceder: emprega-se como verbo intransitivo no sentido de
távamos de seu apoio,(VTDI)
ter fundamento: Sua tese não procede. (VI) Emprega-se com a
Obedecer / Desobedecer: emprega-se com verbo transitivo preposição de no sentido de originar-se, vir de: Muitos males da
direto e indireto no sentido de cumprir ordens: Obedecia às irmãs humanidade procedem da falta de respeito ao próximo. Emprega-
e irmãos; Não desobedecia às leis de trânsito. -se como transitivo indireto com a preposição a, no sentido de dar
início: Procederemos a uma investigação rigorosa. (VTI)
Pagar: emprega-se sem preposição no sentido de saldar coi-
sa, é VTI): Cida pagou o pão; Paguei a costura. (VTD) Emprega- Querer: emprega-se sem preposição no sentido de desejar:
-se com preposição no sentido de remunerar pessoa, é VTI: Cida Quero vê-lo ainda hoje.(VTD) Emprega-se com preposição no
pagou ao padeiro; Paguei à costureira., à secretária. (VTI) Empre- sentido de gostar, ter afeto, amar: Quero muito bem às minhas
ga-se como verbo transitivo direto e indireto, pagar alguma coisa cunhadas Vera e Ceiça.
a alguém: Cida pagou a carne ao açougueiro. (VTDI) Por alguma
coisa: Quanto pagou pelo carro? Sem complemento: Assistiu aos Residir: como o verbo morar, o verbo responder, constrói-se
jogos sem pagar. com a preposição em: Residimos em Lucélia, na Avenida Interna-
cional. Residente e residência têm a mesma regência de residir em.
Pedir: somente se usa pedir para, quando, entre pedir e o
para, puder colocar a palavra licença. Caso contrário, diz-se pedir Responder: emprega-se no sentido de responder alguma coi-
que; A secretária pediu para sair mais cedo. (pediu licença); A di-
sa a alguém: O senador respondeu ao jornalista que o projeto do
reção pediu que todos os funcionários, comparecessem à reunião.
rio São Francisco estava no final. (VTDI) Emprega-se no sentido
Perdoar: emprega-se sem preposição no sentido de perdoar de responder a uma carta, a uma pergunta: Enrolou, enrolou e não
coisa, é TD: Devemos perdoar as ofensas. (VTD ) Emprega-se respondeu à pergunta do professor.
com preposição no sentido de conceder o perdão à pessoa, é TI:
Perdoemos aos nossos inimigos. (VTI) Emprega-se como verbo Reverter: emprega-se no sentido de regressar, voltar ao esta-
transitivo direto e indireto, no sentido de ter necessidade: A mãe do primitivo: Depois de aposentar-se reverteu à ativa. Emprega-
perdoou ao filho a mentira. (VTDI) Admite voz passiva: Todos se- -se no sentido de voltar para.a posse de alguém: As jóias reverte-
rão perdoados pelos pais. rão ao seu verdadeiro dono. Emprega-se no sentido de destinar-se:
A renda da festa será revertida em beneficio da Casa da Sopa.
Permitir: empregado com preposição, exige objeto indire-
to de pessoa: O médico permitiu ao paciente que falasse. (VTI) Simpatizar / Antipatizar: empregam-se com a preposição
Constrói-se com o pronome lhe e não o: O assistente permitiu-lhe com: Sempre simpatizei com pessoas negras; Antipatizei com ela
que entrasse. Não se usa a preposição de antes de oração infinitiva: desde o primeiro momento. Estes verbos não são pronominais, isto
Os pais não lhe permite ir sozinha à festa do Peão. (e não de ir é, não exigem os pronomes me, se, nos, etc: Simpatizei-me com
sozinha) você. (inadequado); Simpatizei com você. ( adequado)
Pisar: é verbo transitivo direto VTD: Tinha pisado o conti-
Subir: Subiu ao céu; Subir à cabeça; Subir ao trono; Subir ao
nente brasileiro. (não exige a preposição no)
poder. Essas expressões exigem a preposição a.
Precisar: emprega-se com preposição no sentido de ter ne-
cessidade, é VTI: As crianças carentes precisam de melhor atendi- Suceder: emprega-se com a preposição a no sentido de subs-
mento médico. (VTI) Quando o verbo precisar vier acompanhado tituir, vir depois: O descanso sucede ao trabalho.
de infinitivo, pode-se usar a preposição de; a língua moderna ten-
de a dispensá-la: Você é rico, não precisa trabalhar muito. Usa-se, Tocar: emprega-se no sentido de pôr a mão, tocar alguém,
às vezes na voz passiva, com sujeito indeterminado: Precisa-se tocar em alguém: Não deixava tocar o / no gato doente. Empre-
de funcionários competentes. (sujeito indeterminado) Emprega-se ga-se no sentido de comover, sensibilizar, usa-se com OD: O nas-
sem preposição no sentido de indicar com exatidão: Perdeu muito cimento do filho tocou-o profundamente. Emprega-se no sentido
dinheiro no jogo, mas não sabe precisar a quantia.(VTD) de caber por sorte, herança, é OI: Tocou-lhe, por herança, uma
linda fazenda. Emprega-se no sentido de ser da competência de,
Preferir: emprega-se sem preposição no sentido de ter prefe- caber: Ao prefeito é que toca deferir ou indeferir o projeto.
rência. (sem escolha): Prefiro dias mais quentes. (VTD) Preferir Visar: emprega-se sem preposição como VT13 no sentido de
VTDI, no sentido de ter preferência, exige a preposição a: Prefiro apontar ou pôr visto: O garoto visou o inocente passarinho; O ge-
dançar a nadar; Prefiro chocolate a doce de leite. Na linguagem rente visou a correspondência. Emprega-se com preposição como
formal, culta, é inadequado usar este verbo reforçado pelas palavras VTI no sentido de desejar, pretender: Todos visam ao reconheci-
ou expressões: antes, mais, muito mais, mil vezes mais, do que.
mento de seus esforços.

Didatismo e Conhecimento 32
LÍNGUA PORTUGUESA
Casos Especiais 02. Assinale a opção em que o verbo chamar é empregado com
o mesmo sentido que apresenta em __ “No dia em que o chamaram
Dar-se ao trabalho ou dar-se o trabalho? Ambas as constru- de Ubirajara, Quaresma ficou reservado, taciturno e mudo”:
ções são corretas. A primeira é mais aceita: Dava-se ao trabalho a) pelos seus feitos, chamaram-lhe o salvador da pátria;
de responder tudo em Inglês. O mesmo se dá com: dar-se ao / o b) bateram à porta, chamando Rodrigo;
c) naquele momento difícil, chamou por Deus e pelo Diabo;
incômodo; poupar-se ao /o trabalho; dar-se ao /o luxo.
d) o chefe chamou-os para um diálogo franco;
e) mandou chamar o médico com urgência.
Propor-se alguma coisa ou propor-se a alguma coisa? Pro-
por-se, no sentido de ter em vista, dispor-se a, pode vir com ou 03. Assinale a opção em que o verbo assistir é empregado com
sem a preposição a: Ela se propôs levá-lo/ a levá-lo ao circo. o mesmo sentido que apresenta em “não direi que assisti às alvo-
radas do romantismo”.
Passar revista a ou passar em revista? Ambas estão corretas, a) não assiste a você o direito de me julgar;
porém a segunda construção é mais frequente: O presidente passou b) é dever do médico assistir a todos os enfermos;
a tropa em revista. c) em sua administração, sempre foi assistido por bons con-
selheiros;
Em que pese a - expressão concessiva equivalendo a ainda d) não se pode assistir indiferente a um ato de injustiça;
e) o padre lhe assistiu nos derradeiros momentos.
que custe a, apesar de, não obstante: “Em que pese aos inimigos
do paraense, sinceramente confesso que o admiro.” (Graciliano 04. Em todas as alternativas, o verbo grifado foi empregado
Ramos) com regência certa, exceto em:
a) a vista de José Dias lembrou-me o que ele me dissera.
Observações Finais b) estou deserto e noite, e aspiro sociedade e luz.
c) custa-me dizer isto, mas antes peque por excesso;
Os verbos transitivos indiretos (exceção ao verbo obedecer), d) redobrou de intensidade, como se obedecesse a voz do má-
não admitem voz passiva. Os exemplos citados abaixo são consi- gico;
derados inadequados. e) quando ela morresse, eu lhe perdoaria os defeitos.
O filme foi assistido pelos estudantes; O cargo era visado
por todos; Os estudantes assistiram ao filme; Todos visavam ao 05. O verbo chamar está com a regência incorreta em:
a) chamo-o de burguês, pois você legitima a submissão das
cargo.
mulheres;
Não se deve dar o mesmo complemento a verbos de regên- b) como ninguém assumia, chamei-lhes de discriminadores;
cias diferentes, como: Entrou e saiu de casa; Assisti e gostei da c) de repente, houve um nervosismo geral e chamaram-nas de
peça. Corrija-se para: Entrou na casa e saiu dela; Assisti à peça feministas;
e gostei dela. d) apesar de a hora ter chegado, o chefe não chamou às femi-
As formas oblíquas o, a, os, as funcionam como complemento nistas a sua seção;
de verbos transitivos diretos, enquanto as formas lhe, lhes funcio- e) as mulheres foram para o local do movimento, que elas
nam como transitivos indiretos que exigem a preposição a. Con- chamaram de maternidade.
videi as amigas. Convidei-as; Obedeço ao mestre. Obedeço-lhe.
06. Assinale o exemplo, em que está bem empregada a cons-
trução com o verbo preferir:
Exercícios
a) preferia ir ao cinema do que ficar vendo televisão;
b) preferia sair a ficar em casa;
01. Assinale a única alternativa que está de acordo com as c) preferia antes sair a ficar em casa;
normas de regência da língua culta. d) preferia mais sair do que ficar em casa;
a) avisei-o de que não desejava substituí-lo na presidência, e) antes preferia sair do que ficar em casa.
pois apesar de ter sempre servido à instituição, jamais aspirei a
tal cargo; 07. Assinale a opção em que o verbo lembrar está empregado
b) avisei-lhe de que não desejava substituí-lo na presidência, de maneira inaceitável em relação à norma culta da língua:
pois apesar de ter sempre servido a instituição, jamais aspirei a tal a) pediu-me que o lembrasse a meus familiares;
cargo; b) é preciso lembrá-lo o compromisso que assumiu conosco;
c) avisei-o de que não desejava substituir- lhe na presidência, c) lembrou-se mais tarde que havia deixado as chaves em casa;
d) não me lembrava de ter marcado médico para hoje;
pois apesar de ter sempre servido à instituição, jamais aspirei tal
e) na hora das promoções, lembre-se de mim.
cargo;
d) avisei-lhe de que não desejava substituir-lhe na presidência, 08. O verbo sublinhado foi empregado corretamente, exceto em:
pois apesar de ter sempre servido à instituição, jamais aspirei a tal a) aspiro à carreira militar desde criança;
cargo; b) dado o sinal, procedemos à leitura do texto.
e) avisei-o de que não desejava substituí-lo na presidência, c) a atitude tomada implicou descontentamento;
pois apesar de ter sempre servido a instituição, jamais aspirei tal d) prefiro estudar Português a estudar Matemática;
cargo. e) àquela hora, custei a encontrar um táxi disponível.

Didatismo e Conhecimento 33
LÍNGUA PORTUGUESA
09. Em qual das opções abaixo o uso da preposição acarreta - No masculino plural:
mudança total no sentido do verbo? “Tinha as espáduas e o colo feitos de encomenda para os ves-
a) usei todos os ritmos da metrificação portuguesa. /usei de tidos decotados.” (Machado de Assis)
todos os ritmos da metrificação portuguesa; “Os arreios e as bagagens espalhados no chão, em roda.”
b) cuidado, não bebas esta água./ cuidado, não bebas desta (Herman Lima)
água; “Ainda assim, apareci com o rosto e as mãos muito marca-
c) enraivecido, pegou a vara e bateu no animal./ enraivecido, dos.” (Carlos Povina Cavalcânti)
pegou da vara e bateu no animal; “...grande número de camareiros e camareiras nativos.” (Éri-
d) precisou a quantia que gastaria nas férias./ precisou da co Veríssimo)
quantia que gastaria nas férias;
e) a enfermeira tratou a ferida com cuidado. / a enfermeira - Com o substantivo mais próximo:
tratou da ferida com cuidado. A Marinha e o Exército brasileiro estavam alerta.
Músicos e bailarinas ciganas animavam a festa.
10. Assinale o mau emprego do vocábulo “onde”:
“...toda ela (a casa) cheirando ainda a cal, a tinta e a barro
a) todas as ocasiões onde nos vimos às voltas com problemas
fresco.” (Humberto de Campos)
no trabalho, o superintendente nos ajudou;
“Meu primo estava saudoso dos tempos da infância e falava
b) por toda parte, onde quer que fôssemos, encontrávamos
colegas; dos irmãos e irmãs falecidas.” (Luís Henrique Tavares)
c) não sei bem onde foi publicado o edital; - Anteposto aos substantivos, o adjetivo concorda, em geral,
d) onde encontraremos quem nos forneça as informações de com o mais próximo:
que necessitamos; “Escolhestes mau lugar e hora...” (Alexandre Herculano)
e) os processos onde podemos encontrar dados para o relató- “...acerca do possível ladrão ou ladrões.” (Antônio Calado)
rio estão arquivados Velhas revistas e livros enchiam as prateleiras.
Velhos livros e revistas enchiam as prateleiras.
Respostas: 1-A / 2-A / 3-D / 4-B / 5-D / 6-B / 7-B / 8-E / 9-D
/ 10-B / Seguem esta regra os pronomes adjetivos: A sua idade, sexo e
profissão.; Seus planos e tentativas.; Aqueles vícios e ambições.;
Por que tanto ódio e perversidade?; “Seu Príncipe e filhos”. Mui-
Concordância Nominal e Verbal tas vezes é facultativa a escolha desta ou daquela concordância,
mas em todos os casos deve subordinar-se às exigências da eufo-
A concordância consiste no mecanismo que leva as palavras nia, da clareza e do bom gosto.
a adequarem-se umas às outras harmonicamente na construção
frasal. É o princípio sintático segundo o qual as palavras depen- - Quando dois ou mais adjetivos se referem ao mesmo subs-
dentes se harmonizam, nas suas flexões, com as palavras de que tantivo determinado pelo artigo, ocorrem dois tipos de constru-
dependem. ção, um e outro legítimos. Exemplos:
“Concordar” significa “estar de acordo com”. Assim, na con- Estudo as línguas inglesa e francesa.
cordância, tanto nominal quanto verbal, os elementos que com- Estudo a língua inglesa e a francesa.
põem a frase devem estar em consonância uns com os outros. Os dedos indicador e médio estavam feridos.
Essa concordância poderá ser feita de duas formas: grama- O dedo indicador e o médio estavam feridos.
tical ou lógica (segue os padrões gramaticais vigentes); atrativa
ou ideológica (dá ênfase a apenas um dos vários elementos, com - Os adjetivos regidos da preposição de, que se referem a
valor estilístico).
pronomes neutros indefinidos (nada, muito, algo, tanto, que,
etc.), normalmente ficam no masculino singular:
Concordância Nominal: adequação entre o substantivo e os
Sua vida nada tem de misterioso.
elementos que a ele se referem (artigo, pronome, adjetivo).
Seus olhos têm algo de sedutor.
Concordância Verbal: variação do verbo, conformando-se ao
número e à pessoa do sujeito. Todavia, por atração, podem esses adjetivos concordar com o
substantivo (ou pronome) sujeito:
Concordância Nominal “Elas nada tinham de ingênuas.” (José Gualda Dantas)

Concordância do adjetivo adjunto adnominal: a concordân- Concordância do adjetivo predicativo com o sujeito: a con-
cia do adjetivo, com a função de adjunto adnominal, efetua-se de cordância do adjetivo predicativo com o sujeito realiza-se con-
acordo com as seguintes regras gerais: soante as seguintes normas:
O adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo
a que se refere. Exemplo: O alto ipê cobre-se de flores amarelas. - O predicativo concorda em gênero e número com o sujeito
O adjetivo que se refere a mais de um substantivo de gênero simples:
ou número diferentes, quando posposto, poderá concordar no mas- A ciência sem consciência é desastrosa.
culino plural (concordância mais aconselhada), ou com o substan- Os campos estavam floridos, as colheitas seriam fartas.
tivo mais próximo. Exemplo: É proibida a caça nesta reserva.

Didatismo e Conhecimento 34
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- Quando o sujeito é composto e constituído por substantivos O tribunal qualificou de ilegais as nomeações do ex-prefeito.
do mesmo gênero, o predicativo deve concordar no plural e no A noite torna visíveis os astros no céu límpido.
gênero deles:
O mar e o céu estavam serenos. - Quando o objeto é composto e constituído por elementos
A ciência e a virtude são necessárias. do mesmo gênero, o adjetivo se flexiona no plural e no gênero
“Torvos e ferozes eram o gesto e os meneios destes homens dos elementos:
sem disciplina,” (Alexandre Herculano) A justiça declarou criminosos o empresário e seus auxiliares.
Deixe bem fechadas a porta e as janelas.
- Sendo o sujeito composto e constituído por substantivos de
gêneros diversos, o predicativo concordará no masculino plural: - Sendo o objeto composto e formado de elementos de gênero
O vale e a montanha são frescos. diversos, o adjetivo predicativo concordará no masculino plural:
“O céu e as árvores ficariam assombrados.” (Machado de Tomei emprestados a régua e o compasso.
Assis) Achei muito simpáticos o príncipe e sua filha.
Longos eram os dias e as noites para o prisioneiro. “Vi setas e carcás espedaçados”. (Gonçalves Dias)
“O César e a irmã são louros.” (Antônio Olinto) Encontrei jogados no chão o álbum e as cartas.

- Se o sujeito for representado por um pronome de tratamen- - Se anteposto ao objeto, poderá o predicativo, neste caso,
to, a concordância se efetua com o sexo da pessoa a quem nos concordar com o núcleo mais próximo:
referimos: É preciso que se mantenham limpas as ruas e os jardins.
Vossa Senhoria ficará satisfeito, eu lhe garanto. Segue as mesmas regras o predicativo expresso pelos subs-
“Vossa Excelência está enganado, Doutor Juiz.” (Ariano tantivos variáveis em gênero e número: Temiam que as tomassem
Suassuna) por malfeitoras; Considero autores do crime o comerciante e sua
Vossas Excelências, senhores Ministros, são merecedores de empregada.
nossa confiança.
Vossa Alteza foi bondoso. (com referência a um príncipe) Concordância do particípio passivo: Na voz passiva, o par-
O predicativo aparece às vezes na forma do masculino singu- ticípio concorda em gênero e número com o sujeito, como os ad-
lar nas estereotipadas locuções é bom, é necessário, é preciso, etc., jetivos:
embora o sujeito seja substantivo feminino ou plural: Foi escolhida a rainha da festa.
Bebida alcoólica não é bom para o fígado. Foi feita a entrega dos convites.
“Água de melissa é muito bom.” (Machado de Assis) Os jogadores tinham sido convocados.
“É preciso cautela com semelhantes doutrinas.” (Camilo Cas- O governo avisa que não serão permitidas invasões de pro-
telo Branco) priedades.
“Hormônios, às refeições, não é mau.” (Aníbal Machado)
Quando o núcleo do sujeito é, como no último exemplo, um
Observe-se que em tais casos o sujeito não vem determinado coletivo numérico, pode-se, em geral, efetuar a concordância com
pelo artigo e a concordância se faz não com a forma gramatical da o substantivo que o acompanha: Centenas de rapazes foram vis-
palavra, mas com o fato que se tem em mente: tos pedalando nas ruas; Dezenas de soldados foram feridos em
Tomar hormônios às refeições não é mau. combate.
É necessário ter muita fé. Referindo-se a dois ou mais substantivos de gênero diferen-
tes, o particípio concordará no masculino plural: Atingidos por
Havendo determinação do sujeito, ou sendo preciso realçar o mísseis, a corveta e o navio foram a pique; “Mas achei natural que
predicativo, efetua-se a concordância normalmente: o clube e suas ilusões fossem leiloados.” (Carlos Drummond de
É necessária a tua presença aqui. (= indispensável) Andrade)
“Se eram necessárias obras, que se fizessem e largamente.”
(Eça de Queirós) Concordância do pronome com o nome:
“Seriam precisos outros três homens.” (Aníbal Machado)
“São precisos também os nomes dos admiradores.” (Carlos - O pronome, quando se flexiona, concorda em gênero e nú-
de Laet) mero com o substantivo a que se refere:
“Martim quebrou um ramo de murta, a folha da tristeza, e
Concordância do predicativo com o objeto: A concordância deitou-o no jazido de sua esposa”. (José de Alencar)
do adjetivo predicativo com o objeto direto ou indireto subordina- “O velho abriu as pálpebras e cerrou-as logo.” (José de Alen-
-se às seguintes regras gerais: car)

- O adjetivo concorda em gênero e número com o objeto - O pronome que se refere a dois ou mais substantivos de gê-
quando este é simples: neros diferentes, flexiona-se no masculino plural:
Vi ancorados na baía os navios petrolíferos. “Salas e coração habita-os a saudade”” (Alberto de Oliveira)
“Olhou para suas terras e viu-as incultas e maninhas.” (Car- “A generosidade, o esforço e o amor, ensinaste-os tu em toda
los de Laet) a sua sublimidade.” (Alexandre Herculano)

Didatismo e Conhecimento 35
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Conheci naquela escola ótimos rapazes e moças, com os quais “A volta, esperava-nos sempre o almoço com os pratos mais
fiz boas amizades. requintados possível.” (Maria Helena Cardoso)
“Referi-me à catedral de Notre-Dame e ao Vesúvio familiar- “Estas frutas são as mais saborosas possível.” (Carlos Góis)
mente, como se os tivesse visto.” (Graciliano Ramos) “A mania de Alice era colecionar os enfeites de louça mais
grotescos possíveis.” (ledo Ivo)
Os substantivos sendo sinônimos, o pronome concorda com “... e o resultado obtido foi uma apresentação com movimen-
o mais próximo: “Ó mortais, que cegueira e desatino é o nosso!” tos os mais espontâneos possíveis.” (Ronaldo Miranda)
(Manuel Bernardes)
Como se vê dos exemplos citados, há nítida tendência, no
- Os pronomes um... outro, quando se referem a substantivos português de hoje, para se usar, neste caso, o adjetivo possível no
de gênero diferentes, concordam no masculino: plural. O singular é de rigor quando a expressão superlativa inicia
Marido e mulher viviam em boa harmonia e ajudavam-se um com a partícula o (o mais, o menos, o maior, o menor, etc.)
ao outro. Os prédios devem ficar o mais afastados possível.
“Repousavam bem perto um do outro a matéria e o espíri- Ele trazia sempre as unhas o mais bem aparadas possível.
to.” (Alexandre Herculano) O médico atendeu o maior número de pacientes possível.
Nito e Sônia casaram cedo: um por amor, o outro, por interesse.
- Adjetivos adverbiados. Certos adjetivos, como sério, claro,
A locução um e outro, referida a indivíduos de sexos diferen- caro, barato, alto, raro, etc., quando usados com a função de advér-
tes, permanece também no masculino: “A mulher do colchoeiro bios terminados em – mente, ficam invariáveis:
escovou-lhe o chapéu; e, quando ele [Rubião] saiu, um e outro Vamos falar sério. [sério = seriamente]
agradeceram-lhe muito o benefício da salvação do filho.” (Macha- Penso que falei bem claro, disse a secretária.
do de Assis) Esses produtos passam a custar mais caro. [ou mais barato]
Estas aves voam alto. [ou baixo]
O substantivo que se segue às locuções um e outro e nem ou-
tro fica no singular. Exemplos: Um e outro livro me agradaram;
Junto e direto ora funcionam como adjetivos, ora como ad-
Nem um nem outro livro me agradaram.
vérbios:
“Jorge e Dante saltaram juntos do carro.” (José Louzeiro)
Outros casos de concordância nominal: Registramos aqui
“Era como se tivessem estado juntos na véspera.” (Autram
alguns casos especiais de concordância nominal:
Dourado).
“Elas moram junto há algum tempo.” (José Gualda Dantas)
- Anexo, incluso, leso. Como adjetivos, concordam com o
“Foram direto ao galpão do engenheiro-chefe.” (Josué Gui-
substantivo em gênero e número:
Anexa à presente, vai a relação das mercadorias. marães)
Vão anexos os pareceres das comissões técnicas.
Remeto-lhe, anexas, duas cópias do contrato. - Todo. No sentido de inteiramente, completamente, costuma-
Remeto-lhe, inclusa, uma fotocópia do recibo. -se flexionar, embora seja advérbio:
Os crimes de lesa-majestade eram punidos com a morte. Esses índios andam todos nus.
Ajudar esses espiões seria crime de lesa-pátria. Geou durante a noite e a planície ficou toda (ou todo) branca.
As meninas iam todas de branco.
Observação: Evite a locução espúria em anexo. A casinha ficava sob duas mangueiras, que a cobriam toda.

- A olhos vistos. Locução adverbial invariável. Significa visi- Mas admite-se também a forma invariável:
velmente. Fiquei com os cabelos todo sujos de terá.
“Lúcia emagrecia a olhos vistos”. (Coelho Neto) Suas mãos estavam todo ensangüentadas.
“Zito envelhecia a olhos vistos.” (Autren Dourado)
- Alerta. Pela sua origem, alerta (=atentamente, de prontidão,
- Só. Como adjetivo, só [sozinho, único] concorda em número em estado de vigilância) é advérbio e, portanto, invariável:
com o substantivo. Como palavra denotativa de limitação, equiva- Estamos alerta.
lente de apenas, somente, é invariável. Os soldados ficaram alerta.
Eles estavam sós, na sala iluminada. “Todos os sentidos alerta funcionam.” (Carlos Drummond de
Esses dois livros, por si sós, bastariam para torná-los célebre. Andrade)
Elas só passeiam de carro. “Os brasileiros não podem deixar de estar sempre alerta.”
Só eles estavam na sala. (Martins de Aguiar)

Forma a locução a sós [=sem mais companhia, sozinho]: Es- Contudo, esta palavra é, atualmente, sentida antes como adje-
távamos a sós. Jesus despediu a multidão e subiu ao monte para tivo, sendo, por isso, flexionada no plural:
orar a sós. Nossos chefes estão alertas. (=vigilantes)
Papa diz aos cristãos que se mantenham alertas.
- Possível. Usado em expressões superlativas, este adjetivo “Uma sentinela de guarda, olhos abertos e sentidos alertas, es-
ora aparece invariável, ora flexionado: perando pelo desconhecido...” (Assis Brasil, Os Crocodilos, p. 25)

Didatismo e Conhecimento 36
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- Meio. Usada como advérbio, no sentido de um pouco, esta 05. Reescrever as frases abaixo, corrigindo-as quando neces-
palavra é invariável. Exemplos: sário.
A porta estava meio aberta. a) “Recebei, Vossa Excelência, os processos de nossa estima,
As meninas ficaram meio nervosas. pois não podem haver cidadãos conscientes sem educação.”
Os sapatos eram meio velhos, mas serviam. b) “Os projetos que me enviaram estão em ordem; devolvê-
-los-ei ainda hoje, conforme lhes prometi.”
- Bastante. Varia quando adjetivo, sinônimo de suficiente:
Não havia provas bastantes para condenar o réu.
Duas malas não eram bastantes para as roupas da atriz. 06. Como no exercício anterior.
a) “Ele informou aos colegas de que havia perdido os docu-
Fica invariável quando advérbio, caso em que modifica um mentos cuja originalidade duvidamos.”
adjetivo: b) “Depois de assistir algumas aulas, eu preferia mais ficar no
As cordas eram bastante fortes para sustentar o peso. pátio do que continuar dentro da classe.”
Os emissários voltaram bastante otimistas.
“Levi está inquieto com a economia do Brasil. Vê que se apro- 07. A frase em que a concordância nominal está correta é:
ximam dias bastante escuros.” (Austregésilo de Ataíde) a) A vasta plantação e a casa grande caiados há pouco tempo
era o melhor sinal de prosperidade da família.
- Menos. É palavra invariável: b) Eles, com ar entristecidos, dirigiram-se ao salão onde se
Gaste menos água. encontravam as vítimas do acidente.
À noite, há menos pessoas na praça. c) Não lhe pareciam útil aquelas plantas esquisitas que ele cul-
tivava na sua pacata e linda chácara do interior.
Exercícios
d) Quando foi encontrado, ele apresentava feridos a perna e o
01. Assinale a frase que encerra um erro de concordância no- braço direitos, mas estava totalmente lúcido.
minal: e) Esses livro e caderno não são meus, mas poderão ser impor-
a) Estavam abandonadas a casa, o templo e a vila. tante para a pesquisa que estou fazendo.
b) Ela chegou com o rosto e as mãos feridas.
c) Decorrido um ano e alguns meses, lá voltamos. 08. Assinale a alternativa em que, pluralizando-se a frase, as
d) Decorridos um ano e alguns meses, lá voltamos. palavras destacadas permanecem invariáveis:
e) Ela comprou dois vestidos cinza. a) Este é o meio mais exato para você resolver o problema:
estude só.
02. Enumere a segunda coluna pela primeira (adjetivo pos- b) Meia palavra, meio tom - índice de sua sensatez.
posto): c) Estava só naquela ocasião; acreditei, pois em sua meia pro-
(1) velhos messa.
(2) velhas
d) Passei muito inverno só.
( ) camisa e calça.
( ) chapéu e calça. e) Só estudei o elementar, o que me deixa meio apreensivo.
( ) calça e chapéu.
( ) chapéu e paletó. 09. Aponte o erro de concordância nominal.
( ) chapéu e camisa. a) Andei por longes terras.
b) Ela chegou toda machucada.
a) 1-2-1-1-2 c) Carla anda meio aborrecida.
b) 2-2-1-1-2 d) Elas não progredirão por si mesmo.
c) 2-1-1-1-1 e) Ela própria nos procurou.
d) 1-2-2-2-2
e) 2-1-1-1-2 10. Assinale o erro de concordância nominal.
a) – Muito obrigada, disse ela.
03. Complete os espaços com um dos nomes colocados nos b) Só as mulheres foram interrogadas.
parênteses.
c) Eles estavam só.
a) Será que é ____ essa confusão toda? (necessário/ necessária)
b) Quero que todos fiquem ____. (alerta/ alertas) d) Já era meio-dia e meia.
c) Houve ____ razões para eu não voltar lá. (bastante/ bas- e) Sós, ficaram tristes.
tantes)
d) Encontrei ____ a sala e os quartos. (vazia/vazios) Respostas:
e) A dona do imóvel ficou ____ desiludida com o inquilino. 01-A / 02-C
(meio/ meia) 03. a) necessária b) alerta c) bastantes d) vazia e) meio
04. a) “Na reunião do colegiado, não faltaram, no momento
04. “Na reunião do Colegiado, não faltou, no momento em em que as discussões se tornaram mais violentas, argumentos e
que as discussões se tornaram mais violentas, argumentos e opi- opiniões veementes e contraditórias.”
niões veementes e contraditórias.” No trecho acima, há uma infra- b) Concorda com o sujeito “argumentos e opiniões”.
ção as normas de concordância. 05. a) “Receba, Vossa Excelência, os protestos de nossa esti-
a) Reescreva-o com devida correção.
ma, pois não pode haver cidadãos conscientes sem a educação.”
b) Justifique a correção feita.
b)  A frase está correta.

Didatismo e Conhecimento 37
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06. a) “Ele informou aos colegas que havia perdido (ou: ele Se o sujeito composto for de pessoas diversas, o verbo se fle-
informou os colegas de que havia perdido os documentos de cuja xiona no plural e na pessoa que tiver prevalência. (A 1ª pessoa
originalidade duvidamos.” prevalece sobre a 2ª e a 3ª; a 2ª prevale sobre a 3ª):
b) “Depois de assistir algumas aulas, eu preferia ficar no “Foi o que fizemos Capitu e eu.” (Machado de Assis) (ela e
pátio a continuar dentro da classe.” eu = nós)
07-E / 08-E / 09-D / 10-C “Tu e ele partireis juntos.” (Mário Barreto) (tu e ele = vós)
Você e meu irmão não me compreendem. (você e ele = vocês)
Concordância Verbal
Muitas vezes os escritores quebram a rigidez dessa regra:
O verbo concorda com o sujeito, em harmonia com as seguin-
tes regras gerais: - Ora fazendo concordar o verbo com o sujeito mais próximo,
quando este se pospõe ao verbo:
- O sujeito é simples: O sujeito sendo simples, com ele con- “O que resta da felicidade passada és tu e eles.” (Camilo Cas-
cordará o verbo em número e pessoa. Exemplos: telo Branco)
“Faze uma arca de madeira; entra nela tu, tua mulher e teus
Verbo depois do sujeito: filhos.” (Machado de Assis)
“As saúvas eram uma praga.” (Carlos Povina Cavalcânti) - Ora preferindo a 3ª pessoa na concorrência tu + ele (tu +
“Tu não és inimiga dele, não? (Camilo Castelo Branco) ele = vocês em vez de tu + ele = vós):
“Vós fostes chamados à liberdade, irmãos.” (São Paulo) “...Deus e tu são testemunhas...” (Almeida Garrett)
“Juro que tu e tua mulher me pagam.” (Coelho Neto)
Verbo antes do sujeito:
Acontecem tantas desgraças neste planeta! As normas que a seguir traçamos têm, muitas vezes, valor re-
Não faltarão pessoas que nos queiram ajudar. lativo, porquanto a escolha desta ou daquela concordância depen-
A quem pertencem essas terras? de, freqüentemente, do contexto, da situação e do clima emocional
que envolvem o falante ou o escrevente.
- O sujeito é composto e da 3ª pessoa
- Núcleos do sujeito unidos por ou
O sujeito, sendo composto e anteposto ao verbo, leva geral-
Há duas situações a considerar:
mente este para o plural. Exemplos:
“A esposa e o amigo seguem sua marcha.” (José de Alencar)
- Se a conjunção ou indicar exclusão ou retificação, o verbo
“Poti e seus guerreiros o acompanharam.” (José de Alencar)
concordará com o núcleo do sujeito mais próximo:
“Vida, graça, novidade, escorriam-lhe da alma como de uma
Paulo ou Antônio será o presidente.
fonte perene.” (Machado de Assis) O ladrão ou os ladrões não deixaram nenhum vestígio.
Ainda não foi encontrado o autor ou os autores do crime.
É licito (mas não obrigatório) deixar o verbo no singular: - O verbo irá para o plural se a idéia por ele expressa se refe-
- Quando o núcleo dos sujeitos são sinônimos: rir ou puder ser atribuída a todos os núcleos do sujeito:
“A decência e honestidade ainda reinava.” (Mário Barreto) “Era tão pequena a cidade, que um grito ou gargalhada forte
“A coragem e afoiteza com que lhe respondi, perturbou-o...” a atravessavam de ponta a ponta.” (Aníbal Machado) (Tanto um
(Camilo Castelo Branco) grito como uma gargalhada atravessavam a cidade.)
“Que barulho, que revolução será capaz de perturbar esta se- “Naquela crise, só Deus ou Nossa Senhora podiam acudir-
renidade?” (Graciliano Ramos) -lhe.” (Camilo Castelo Branco)
- Quando os núcleos do sujeito formam sequência gradativa:
Uma ânsia, uma aflição, uma angústia repentina começou a Há, no entanto, em bons autores, ocorrência de verbo no sin-
me apertar à alma. gular:
“A glória ou a vergonha da estirpe provinha de atos indivi-
Sendo o sujeito composto e posposto ao verbo, este poderá duais.” (Vivaldo Coaraci)
concordar no plural ou com o substantivo mais próximo: “Há dessas reminiscências que não descansam antes que a
“Não fossem o rádio de pilha e as revistas, que seria de Eli- pena ou a língua as publique.” (Machado de Assis)
sa?” (Jorge Amado) “Um príncipe ou uma princesa não casa sem um vultoso
“Enquanto ele não vinha, apareceram um jornal e uma vela.” dote.” (Viriato Correia)
(Ricardo Ramos)
“Ali estavam o rio e as suas lavadeiras.” (Carlos Povina Ca- - Núcleos do sujeito unidos pela preposição com: Usa-se
valcânti) mais frequentemente o verbo no plural quando se atribui a mesma
... casa abençoada onde paravam Deus e o primeiro dos seus importância, no processo verbal, aos elementos do sujeito unidos
ministros.” (Carlos de Laet) pela preposição com. Exemplos:
Aconselhamos, nesse caso, usar o verbo no plural. Manuel com seu compadre construíram o barracão.
“Eu com outros romeiros vínhamos de Vigo...” (Camilo Cas-
- O sujeito é composto e de pessoas diferentes telo Branco)

Didatismo e Conhecimento 38
LÍNGUA PORTUGUESA
“Ele com mais dois acercaram-se da porta.” (Camilo Castelo - Núcleos do sujeito designando a mesma pessoa ou coisa: O
Branco) verbo concorda no singular quando os núcleos do sujeito designam
a mesma pessoa ou o mesmo ser. Exemplos:
Pode se usar o verbo no singular quando se deseja dar relevân- “Aleluia! O brasileiro comum, o homem do povo, o João-
cia ao primeiro elemento do sujeito e também quando o verbo vier -ninguém, agora é cédula de Cr$ 500,00!” (Carlos Drummond
antes deste. Exemplos: Andrade)
O bispo, com dois sacerdotes, iniciou solenemente a missa. “Embora sabendo que tudo vai continuar como está, fica o
O presidente, com sua comitiva, chegou a Paris às 5h da tarde. registro, o protesto, em nome dos telespectadores.” (Valério An-
“Já num sublime e público teatro se assenta o rei inglês com drade)
toda a corte.” (Luís de Camarões) Advogado e membro da instituição afirma que ela é corrupta.

- Núcleos do sujeito unidos por nem: Quando o sujeito é for- - Núcleos do sujeito são infinitivos: O verbo concordará no
mado por núcleos no singular unidos pela conjunção nem, usa-se, plural se os infinitivos forem determinados pelo artigo ou expri-
comumente, o verbo no plural. Exemplos: mirem idéias opostas; caso contrário, tanto é lícito usar o verbo no
Nem a riqueza nem o poder o livraram de seus inimigos. singular como no plural. Exemplos:
Nem eu nem ele o convidamos. O comer e o beber são necessários.
“Nem o mundo, nem Deus teriam força para me constranger Rir e chorar fazem parte da vida
a tanto.” (Alexandre Herculano) Montar brinquedos e desmontá-los divertiam muito o menino.
“Nem a Bíblia nem a respeitabilidade lhe permitem praguejar “Já tinha ouvido que plantar e colher feijão não dava traba-
alto.” (Eça de Queirós) lho.” (Carlos Povina Cavalcânti) (ou davam)
É preferível a concordância no singular:
- Sujeito oracional: Concorda no singular o verbo cujo sujeito
- Quando o verbo precede o sujeito: é uma oração:
“Não lhe valeu a imensidade azul, nem a alegria das flores, Ainda falta / comprar os cartões.
Predicado Sujeito Oracional
nem a pompa das folhas verdes...” (Machado de Assis)
Não o convidei eu nem minha esposa.
Estas são realidades que não adianta esconder.
“Na fazenda, atualmente, não se recusa trabalho, nem dinhei-
Sujeito de adianta: esconder que (as realidades)
ro, nem nada a ninguém.” (Guimarães Rosa)
- Sujeito Coletivo: O verbo concorda no singular com o sujei-
- Quando há exclusão, isto é, quando o fato só pode ser atri-
to coletivo no singular. Exemplos:
buído a um dos elementos do sujeito:
A multidão vociferava ameaças.
Nem Berlim nem Moscou sediará a próxima Olimpíada. (Só
O exército dos aliados desembarcou no sul da Itália.
uma cidade pode sediar a Olimpíada.) Uma junta de bois tirou o automóvel do atoleiro.
Nem Paulo nem João será eleito governador do Acre. (Só um Um bloco de foliões animava o centro da cidade.
candidato pode ser eleito governador.)
Se o coletivo vier seguido de substantivo plural que o espe-
- Núcleos do sujeito correlacionados: O verbo vai para o cifique e anteceder ao verbo, este poderá ir para o plural, quando
plural quando os elementos do sujeito composto estão ligados por se quer salientar não a ação do conjunto, mas a dos indivíduos,
uma das expressões correlativas não só... mas também, não só efetuando-se uma concordância não gramatical, mas ideológica:
como também, tanto...como, etc. Exemplos: “Uma grande multidão de crianças, de velhos, de mulheres
Não só a nação mas também o príncipe estariam pobres.” penetraram na caverna...” (Alexandre Herculano)
(Alexandre Herculano) “Uma grande vara de porcos que se afogaram de escantilhão
“Tanto a Igreja como o Estado eram até certo ponto inocen- no mar...” (Camilo Castelo Branco)
tes.” (Alexandre Herculano) “Reconheceu que era um par de besouros que zumbiam no
“Tanto Noêmia como Reinaldo só mantinham relações de ar.” (Machado de Assis)
amizade com um grupo muito reduzido de pessoas.” (José Condé) “Havia na União um grupo de meninos que praticavam esse
“Tanto a lavoura como a indústria da criação de gado não o divertimento com uma pertinácia admirável.” (Carlos Povina Ca-
demovem do seu objetivo.” (Cassiano Ricardo) valcânti)
- A maior parte de, grande número de, etc: Sendo o sujei-
- Sujeitos resumidos por tudo, nada, ninguém: Quando o su- to uma das expressões quantitativas a maior parte de, parte de,
jeito composto vem resumido por um dos pronomes, tudo, nada, a maioria de, grande número de, etc., seguida de substantivo ou
ninguém, etc. o verbo concorda, no singular, com o pronome re- pronome no plural, o verbo, quando posposto ao sujeito, pode ir
sumidor. Exemplos: para o singular ou para o plural, conforme se queira efetuar uma
Jogos, espetáculos, viagens, diversões, nada pôde satisfazê-lo. concordância estritamente gramatical (com o coletivo singular) ou
“O entusiasmo, alguns goles de vinho, o gênio imperioso, es- uma concordância enfática, expressiva, com a idéia de pluralidade
touvado, tudo isso me levou a fazer uma coisa única.” (Machado sugerida pelo sujeito. Exemplos:
de Assis) A maior parte dos indígenas respeitavam os pajés.” (Gilberto
Jogadores, árbitro, assistentes, ninguém saiu do campo. Freire)

Didatismo e Conhecimento 39
LÍNGUA PORTUGUESA
“A maior parte dos doidos ali metidos estão em seu perfeito Há gramáticas que condenam tal concordância. Por coerência,
juízo.” (Machado de Assis) deveriam condenar também a comumente aceita em construções
“A maior parte das pessoas pedem uma sopa, um prato de anormais do tipo: Quais de vós sois isentos de culpa? Quantos de
carne e um prato de legumes.” (Ramalho Ortigão) nós somos completamente felizes? O verbo fica obrigatoriamente
“A maior parte dos nomes podem ser empregados em sentido no singular quando se aplica apenas ao indivíduo de que se fala,
definido ou em sentido indefinido.” (Mário Barreto) como no exemplo:
Jairo é um dos meus empregados que não sabe ler. (Jairo é o
Quando o verbo precede o sujeito, como nos dois últimos único empregado que não sabe ler.)
exemplos, a concordância se efetua no singular. Como se vê dos
exemplos supracitados, as duas concordâncias são igualmente legí- Ressalte-se porém, que nesse caso é preferível construir a fra-
timas, porque têm tradição na língua. Cabe a quem fala ou escreve se de outro modo:
escolher a que julgar mais adequada à situação. Pode-se, portanto, Jairo é um empregado meu que não sabe ler.
no caso em foco, usar o verbo no plural, efetuando a concordância Dos meus empregados, só Jairo não sabe ler.
não com a forma gramatical das palavras, mas com a ideia de plu-
ralidade que elas encerram e sugerem à nossa mente. Essa concor- Na linguagem culta formal, ao empregar as expressões em
dância ideológica é bem mais expressiva que a gramatical, como foco, o mais acertado é usar no plural o verbo da oração adjetiva:
se pode perceber relendo as frases citadas de Machado de Assis, O Japão é um dos países que mais investem em tecnologia.
Ramalho Ortigão, Ondina Ferreira e Aurélio Buarque de Holanda, Gandhi foi um dos que mais lutaram pela paz.
e cotejando-as com as dos autores que usaram o verbo no singular. O sertão cearense é uma das áreas que mais sofrem com as
- Um e outro, nem um nem outro: O sujeito sendo uma dessas secas.
expressões, o verbo concorda, de preferência, no plural. Exemplos: Heráclito foi um dos empresários que conseguiram superar
“Um e outro gênero se destinavam ao conhecimento...” (Her- a crise.
nâni Cidade)
“Um e outro descendiam de velhas famílias do Norte.” (Ma- Embora o caso seja diferente, é oportuno lembrar que, nas ora-
chado de Assis) ções adjetivas explicativas, nas quais o pronome que é separado de
Uma e outra família tinham (ou tinha) parentes no Rio. seu antecedente por pausa e vírgula, a concordância é determinada
“Depois nem um nem outro acharam novo motivo para diá- pelo sentido da frase:
logo.” (Fernando Namora) Um dos meninos, que estava sentado à porta da casa, foi cha-
mar o pai. (Só um menino estava sentado.)
- Um ou outro: O verbo concorda no singular com o sujeito Um dos cinco homens, que assistiam àquela cena estupefatos,
um ou outro: soltou um grito de protesto. (Todos os cinco homens assistiam à
“Respondi-lhe que um ou outro colar lhe ficava bem.” (Ma- cena.)
chado de Assis)
“Uma ou outra pode dar lugar a dissentimentos.” (Machado - Mais de um: O verbo concorda, em regra, no singular. O plu-
de Assis) ral será de rigor se o verbo exprimir reciprocidade, ou se o numeral
“Sempre tem um ou outro que vai dando um vintém.” (Raquel for superior a um. Exemplos:
de Queirós) Mais de um excursionista já perdeu a vida nesta montanha.
Mais de um dos circunstantes se entreolharam com espanto.
- Um dos que, uma das que: Quando, em orações adjetivas Devem ter fugido mais de vinte presos.
restritivas, o pronome que vem antecedido de um dos ou expres-
são análoga, o verbo da oração adjetiva flexiona-se, em regra, no - Quais de vós? Alguns de nós: Sendo o sujeito um dos prono-
plural: mes interrogativos quais? quantos? Ou um dos indefinidos alguns,
“O príncipe foi um dos que despertaram mais cedo.” (Ale- muitos, poucos, etc., seguidos dos pronomes nós ou vós, o verbo
xandre Herculano) concordará, por atração, com estes últimos, ou, o que é mais lógi-
“A baronesa era uma das pessoas que mais desconfiavam de co, na 3ª pessoa do plural:
nós.” (Machado de Assis) “Quantos dentre nós a conhecemos?” (Rogério César Cer-
“Areteu da Capadócia era um dos muitos médicos gregos que queira)
viviam em Roma.” (Moacyr Scliar) “Quais de vós sois, como eu, desterrados...?” (Alexandre Her-
Ele é desses charlatães que exploram a crendice humana. culano)
“...quantos dentre vós estudam conscienciosamente o passa-
Essa é a concordância lógica, geralmente preferida pelos es- do?” (José de Alencar)
critores modernos. Todavia, não é prática condenável fugir ao rigor Alguns de nós vieram (ou viemos) de longe.
da lógica gramatical e usar o verbo da oração adjetiva no singular
(fazendo-o concordar com a palavra um), quando se deseja desta- Estando o pronome no singular, no singular (3ª pessoa) ficará
car o indivíduo do grupo, dando-se a entender que ele sobressaiu o verbo:
ou sobressai aos demais: Qual de vós testemunhou o fato?
Ele é um desses parasitas que vive à custa dos outros. Nenhuma de nós a conhece.
“Foi um dos poucos do seu tempo que reconheceu a originali- Nenhum de vós a viu?
dade e importância da literatura brasileira.” (João Ribeiro) Qual de nós falará primeiro?

Didatismo e Conhecimento 40
LÍNGUA PORTUGUESA
- Pronomes quem, que, como sujeitos: O verbo concordará, “As Férias de El-Rei é o título da novela.” (Rebelo da Silva)
em regra, na 3ª pessoa, com os pronomes quem e que, em frases “As Valkírias mostra claramente o homem que existe por de-
como estas: trás do mago.” (Paulo Coelho)
Sou eu quem responde pelos meus atos. “Os Sertões é um ensaio sociológico e histórico...” (Celso
Somos nós quem leva o prejuízo. Luft)
Eram elas quem fazia a limpeza da casa.
“Eras tu quem tinha o dom de encantar-me.” (Osmã Lins) A concordância, neste caso, não é gramatical, mas ideológica,
porque se efetua não com a palavra (Valkírias, Sertões, Férias de
Todavia, a linguagem enfática justifica a concordância com o El-Rei), mas com a ideia por ela sugerida (obra ou livro). Ressalte-
sujeito da oração principal: -se, porém, que é também correto usar o verbo no plural:
“Sou eu quem prendo aos céus a terra.” (Gonçalves Dias) As Valkírias mostram claramente o homem...
“Não sou eu quem faço a perspectiva encolhida.” (Ricardo “Os Sertões são um livro de ciência e de paixão, de análise e
Ramos) de protesto.” (Alfredo Bosi)
“És tu quem dás frescor à mansa brisa.” (Gonçalves Dias)
“Nós somos os galegos que levamos a barrica.” (Camilo Cas- - Concordância do verbo passivo: Quando apassivado pelo
telo Branco) pronome apassivador se, o verbo concordará normalmente com o
sujeito:
A concordância do verbo precedido do pronome relativo que Vende-se a casa e compram-se dois apartamentos.
far-se-á obrigatoriamente com o sujeito do verbo (ser) da oração Gataram-se milhões, sem que se vissem resultados concre-
principal, em frases do tipo: tos.
Sou eu que pago. “Correram-se as cortinas da tribuna real.” (Rebelo da Silva)
És tu que vens conosco? “Aperfeiçoavam-se as aspas, cravavam-se pregos necessá-
Somos nós que cozinhamos. rios à segurança dos postes...” (Camilo Castelo Branco)
Eram eles que mais reclamavam.
Na literatura moderna há exemplos em contrário, mas que não
Em construções desse tipo, é lícito considerar o verbo ser e a devem ser seguidos:
palavra que como elementos expletivos ou enfatizantes, portanto “Vendia-se seiscentos convites e aquilo ficava cheio.” (Ricar-
não necessários ao enunciado. Assim: do Ramos)
Sou eu que pago. (=Eu pago) “Em Paris há coisas que não se entende bem.” (Rubem Braga)
Somos nós que cozinhamos. (=Nós cozinhamos)
Foram os bombeiros que a salvaram. (= Os bombeiros a sal- Nas locuções verbais formadas com os verbos auxiliares po-
varam.) der e dever, na voz passiva sintética, o verbo auxiliar concordará
Seja qual for a interpretação, o importante é saber que, neste com o sujeito. Exemplos:
caso, tanto o verbo ser como o outro devem concordar com o pro- Não se podem cortar essas árvores. (sujeito: árvores; locução
nome ou substantivo que precede a palavra que. verbal: podem cortar)
Devem-se ler bons livros. (=Devem ser lidos bons livros) (su-
- Concordância com os pronomes de tratamento: Os prono- jeito: livros; locução verbal: devem-se ler)
mes de tratamento exigem o verbo na 3ª pessoa, embora se refira à “Nem de outra forma se poderiam imaginar façanhas me-
2ª pessoa do discurso: moráveis como a do fabuloso Aleixo Garcia.” (Sérgio Buarque de
Vossa Excelência agiu com moderação. Holanda)
Vossas Excelências não ficarão surdos à voz do povo. “Em Santarém há poucas casas particulares que se possam
“Espero que V.Sª. não me faça mal.” (Camilo Castelo Branco) dizer verdadeiramente antigas.” (Almeida Garrett)
“Vossa Majestade não pode consentir que os touros lhe matem
o tempo e os vassalos.” (Rebelo da Silva) Entretanto, pode-se considerar sujeito do verbo principal a
oração iniciada pelo infinitivo e, nesse caso, não há locução verbal
- Concordância com certos substantivos próprios no plural: e o verbo auxiliar concordará no singular. Assim:
Certos substantivos próprios de forma plural, como Estados Uni- Não se pode cortar essas árvores. (sujeito: cortar essas árvo-
dos, Andes, Campinas, Lusíadas, etc., levam o verbo para o plural res; predicado: não se pode)
quando se usam com o artigo; caso contrário, o verbo concorda no Deve-se ler bons livros. (sujeito: ler bons livros; predicado:
singular. deve-se)
“Os Estados Unidos são o país mais rico do mundo.” (Eduar-
do Prado) Em síntese: de acordo com a interpretação que se escolher,
Os Andes se estendem da Venezuela à Terra do Fogo. tanto é lícito usar o verbo auxiliar no singular como no plural.
“Os Lusíadas” imortalizaram Luís de Camões. Portanto:
Campinas orgulha-se de ter sido o berço de Carlos Gomes. Não se podem (ou pode) cortar essas árvores.
Devem-se (ou deve-se) ler bons livros.
Tratando-se de títulos de obras, é comum deixar o verbo no “Quando se joga, deve-se aceitar as regras.” (Ledo Ivo)
singular, sobretudo com o verbo ser seguido de predicativo no sin- “Concluo que não se devem abolir as loterias.” (Machado de
gular: Assis)

Didatismo e Conhecimento 41
LÍNGUA PORTUGUESA
- Verbos impessoais: Os verbos haver, fazer (na indicação do “Tudo é flores no presente.” (Gonçalves Dias)
tempo), passar de (na indicação de horas), chover e outros que “O que de mim posso oferecer-lhe é espinhos da minha co-
exprimem fenômenos meteorológicos, quando usados como im- roa.” (Camilo Castelo Branco)
pessoais, ficam na 3ª pessoa do singular:
“Não havia ali vizinhos naquele deserto.” (Monteiro Lobato) O verbo ser fica no singular quando o predicativo é formado
“Havia já dois anos que nos não víamos.” (Machado de Assis) de dois núcleos no singular:
“Aqui faz verões terríveis.” (Camilo Castelo Branco) “Tudo o mais é soledade e silêncio.” (Ferreira de Castro)
“Faz hoje ao certo dois meses que morreu na forca o tal mal-
vado...” (Camilo Castelo Branco) - Quando o sujeito é um nome de coisa, no singular, e o predi-
cativo um substantivo plural:
Observações: “A cama são umas palhas.” (Camilo Castelo Branco)
“A causa eram os seus projetos.” (Machado de Assis)
- Também fica invariável na 3ª pessoa do singular o verbo que
“Vida de craque não são rosas.” (Raquel de Queirós)
forma locução com os verbos impessoais haver ou fazer:
Sua salvação foram aquelas ervas.
Deverá haver cinco anos que ocorreu o incêndio.
Vai haver grandes festas.
O sujeito sendo nome de pessoa, com ele concordará o verbo ser:
Há de haver, sem dúvida, fortíssimas razões para ele não acei-
tar o cargo. Emília é os encantos de sua avó.
Começou a haver abusos na nova administração. Abílio era só problemas.
Dá-se também a concordância no singular com o sujeito que:
- o verbo chover, no sentido figurado (= cair ou sobrevir em “Ergo-me hoje para escrever mais uma página neste Diário
grande quantidade), deixa de ser impessoal e, portanto concordará que breve será cinzas como eu.” (Camilo Castelo Branco)
com o sujeito:
Choviam pétalas de flores. - Quando o sujeito é uma palavra ou expressão de sentido
“Sou aquele sobre quem mais têm chovido elogios e diatri- coletivo ou partitivo, e o predicativo um substantivo no plural:
bes.” (Carlos de Laet) “A maioria eram rapazes.” (Aníbal Machado)
“Choveram comentários e palpites.” (Carlos Drummond de A maior parte eram famílias pobres.
Andrade) O resto (ou o mais) são trastes velhos.
“E nem lá (na Lua) chovem meteoritos, permanentemente.” “A maior parte dessa multidão são mendigos.” (Eça de Queirós)
(Raquel de Queirós)
- Quando o predicativo é um pronome pessoal ou um substan-
- Na língua popular brasileira é generalizado o uso de ter, tivo, e o sujeito não é pronome pessoal reto:
impessoal, por haver, existir. Nem faltam exemplos em escritores “O Brasil, senhores, sois vós.” (Rui Barbosa)
modernos: “Nas minhas terras o rei sou eu.” (Alexandre Herculano)
“No centro do pátio tem uma figueira velhíssima, com um “O dono da fazenda serás tu.” (Said Ali)
banco embaixo.” (José Geraldo Vieira) “...mas a minha riqueza eras tu.” (Camilo Castelo Branco)
“Soube que tem um cavalo morto, no quintal.” (Carlos Drum-
mond de Andrade) Mas: Eu não sou ele. Vós não sois eles. Tu não és ele.
Esse emprego do verbo ter, impessoal, não é estranho ao por-
tuguês europeu: “É verdade. Tem dias que sai ao romper de alva - Quando o predicativo é o pronome demonstrativo o ou a
e recolhe alta noite, respondeu Ângela.” (Camilo Castelo Branco)
palavra coisa:
(Tem = Há)
Divertimentos é o que não lhe falta.
“Os bastidores é só o que me toca.” (Correia Garção)
- Existir não é verbo impessoal. Portanto:
“Mentiras, era o que me pediam, sempre mentiras.” ( Fernan-
Nesta cidade existem ( e não existe) bons médicos.
Não deviam (e não devia) existir crianças abandonadas. do Namora)
“Os responsórios e os sinos é coisa importuna em Tibães.”
- Concordância do verbo ser: O verbo de ligação ser concor- (Camilo Castelo Branco)
da com o predicativo nos seguintes casos:
- Nas locuções é muito, é pouco, é suficiente, é demais, é mais
- Quando o sujeito é um dos pronomes tudo, o, isto, isso, ou que (ou do que), é menos que (ou do que), etc., cujo sujeito expri-
aquilo: me quantidade, preço, medida, etc.:
“Tudo eram hipóteses.” (Ledo Ivo) “Seis anos era muito.” (Camilo Castelo Branco)
“Tudo isto eram sintomas graves.” (Machado de Assis) Dois mil dólares é pouco.
Na mocidade tudo são esperanças. Cinco mil dólares era quanto bastava para a viagem.
“Não, nem tudo são dessemelhanças e contrastes entre Brasil Doze metros de fio é demais.
e Estados Unidos.” (Viana Moog)
- Na indicação das horas, datas e distância , o verbo ser é
A concordância com o sujeito, embora menos comum, é tam- impessoal (não tem sujeito) e concordará com a expressão desig-
bém lícita: nativa de hora, data ou distância:

Didatismo e Conhecimento 42
LÍNGUA PORTUGUESA
Era uma hora da tarde. “As dissipações não produzem nada, a não serem dívidas e
“Era hora e meia, foi pôr o chapéu.” (Eça de Queirós) desgostos.” (Machado de Assis)
“Seriam seis e meia da tarde.” ( Raquel de Queirós) “A não serem os antigos companheiros de mocidade, nin-
“Eram duas horas da tarde.” (Machado de Assis) guém o tratava pelo nome próprio.” (Álvaro Lins)
“A não serem os críticos e eruditos, pouca gente manuseia
Observações: hoje... aquela obra.” (Latino Coelho)
- Pode-se, entretanto na linguagem espontânea, deixar o ver- - Haja vista: A expressão correta é haja vista, e não haja visto.
bo no singular, concordando com a idéia implícita de “dia”: Pode ser construída de três modos:
“Hoje é seis de março.” (J. Matoso Câmara Jr.) (Hoje é dia Hajam vista os livros desse autor. (= tenham vista, vejam-se)
seis de março.)
Haja vista os livros desse autor. (= por exemplo, veja)
“Hoje é dez de janeiro.” (Celso Luft)
Haja vista aos livros desse autor. (= olhe-se para, atente-se
- Estando a expressão que designa horas precedida da locu- para os livros)
ção perto de, hesitam os escritores entre o plural e o singular: A primeira construção (que é a mais lógica) analisa-se deste
“Eram perto de oito horas.” (Machado de Assis) modo.
“Era perto de duas horas quando saiu da janela.” (Machado Sujeito: os livros; verbo hajam (=tenham); objeto direto: vista.
de Assis) A situação é preocupante; hajam vista os incidentes de sábado.
“...era perto das cinco quando saí.” (Eça de Queirós) Seguida de substantivo (ou pronome) singular, a expressão,
evidentemente, permanece invariável: A situação é preocupante;
- O verbo passar, referente a horas, fica na 3ª pessoa do sin- haja vista o incidente de sábado.
gular, em frases como: Quando o trem chegou, passava das sete
horas. - Bem haja. Mal haja: Bem haja e mal haja usam-se em fra-
ses optativas e imprecativas, respectivamente. O verbo concordará
- Locução de realce é que: O verbo ser permanece invariável normalmente com o sujeito, que vem sempre posposto:
na expressão expletiva ou de realce é que: “Bem haja Sua Majestade!” (Camilo Castelo Branco)
Eu é que mantenho a ordem aqui. (= Sou eu que mantenho a Bem hajam os promovedores dessa campanha!
ordem aqui.) “Mal hajam as desgraças da minha vida...” (Camilo Castelo
Nós é que trabalhávamos. (= Éramos nós que trabalhávamos)
Branco)
As mães é que devem educá-los. (= São as mães que devem
- Concordância dos verbos bater, dar e soar: Referindo-se
educá-los.)
Os astros é que os guiavam. (= Eram os astros que os guia- às horas, os três verbos acima concordam regularmente com o su-
vam.) jeito, que pode ser hora, horas (claro ou oculto), badaladas ou
relógio:
Da mesma forma se diz, com ênfase: “Nisto, deu três horas o relógio da botica.” (Camilo Castelo
“Vocês são muito é atrevidos.” (Raquel de Queirós) Branco)
“Sentia era vontade de ir também sentar-me numa cadeira “Bateram quatro da manhã em três torres a um tempo...”
junto do palco.” (Graciliano Ramos) (Mário Barreto)
“Por que era que ele usava chapéu sem aba?” (Graciliano Ramos) “Tinham batido quatro horas no cartório do tabelião Vaz Nu-
nes.” (Machado de Assis)
Observação: O verbo ser é impessoal e invariável em constru- “Deu uma e meia.” (Said Ali)
ções enfáticas como:
Era aqui onde se açoitavam os escravos. (= Aqui se açoitavam Pasar, com referência a horas, no sentido de ser mais de, é
os escravos.) verbo impessoal, por isso fica na 3ª pessoa do singular: Quando
Foi então que os dois se desentenderam. (= Então os dois se chegamos ao aeroporto, passava das 16 horas; Vamos, já passa
desentenderam.) das oito horas – disse ela ao filho.
- Era uma vez: Por tradição, mantém-se invariável a expres-
- Concordância do verbo parecer: Em construções com o
são inicial de histórias era uma vez, ainda quando seguida de subs-
verbo parecer seguido de infinitivo, pode-se flexionar o verbo pa-
tantivo plural: Era uma vez dois cavaleiros andantes.
recer ou o infinitivo que o acompanha:
- A não ser: É geralmente considerada locução invariável, As paredes pareciam estremecer. (construção corrente)
equivalente a exceto, salvo, senão. Exemplos: As paredes parecia estremecerem. (construção literária)
Nada restou do edifício, a não ser escombros.
A não ser alguns pescadores, ninguém conhecia aquela praia. Análise da construção dois: parecia: oração principal; as pare-
“Nunca pensara no que podia sair do papel e do lápis, a não des estremeceram: oração subordinada substantiva subjetiva.
ser bonecos sem pescoço...” (Carlos Drummond de Andrade) Outros exemplos:
“Nervos... que pareciam estourar no minuto seguinte.” (Fer-
Mas não constitui erro usar o verbo ser no plural, fazendo-o nando Namora)
concordar com o substantivo seguinte, convertido em sujeito da “Referiu-me circunstâncias que parece justificarem o proce-
oração infinitiva. Exemplos: dimento do soberano.” (Latino Coelho)

Didatismo e Conhecimento 43
LÍNGUA PORTUGUESA
“As lágrimas e os soluços parecia não a deixarem prosse- - Concordância com numerais fracionários: De regra, a con-
guir.” (Alexandre Herculano) cordância do verbo efetua-se com o numerador. Exemplos:
“...quando as estrelas, em ritmo moroso, parecia caminha- “Mais ou menos um terço dos guerrilheiros ficou atocaiado
rem no céu.” (Graça Aranha) perto...” (Autran Dourado)
“Um quinto dos bens cabe ao menino.” (José Gualda Dantas)
Usando-se a oração desenvolvida, parecer concordará no sin-
gular: Dois terços da população vivem da agricultura.
“Mesmo os doentes parece que são mais felizes.” (Cecília
Meireles) Não nos parece, entretanto, incorreto usar o verbo no plural,
“Outros, de aparência acabadiça, parecia que não podiam quando o número fracionário, seguido de substantivo no plural,
com a enxada.” (José Américo) tem o numerador 1, como nos exemplos:
“As notícias parece que têm asas.” (Oto Lara Resende) (Isto Um terço das mortes violentas no campo acontecem no sul
é: Parece que as notícias têm asas.) do Pará.
Um quinto dos homens eram de cor escura.
Essa dualidade de sintaxe verifica-se também com o verbo ver
na voz passiva: “Viam-se entrar mulheres e crianças.” Ou “Via-
-se entrarem mulheres e crianças.” - Concordância com percentuais: O verbo deve concordar
com o número expresso na porcentagem:
- Concordância com o sujeito oracional: O verbo cujo sujeito Só 1% dos eleitores se absteve de votar.
é uma oração concorda obrigatoriamente na 3ª pessoa do singular: Só 2% dos eleitores se abstiveram de votar.
Parecia / que os dois homens estavam bêbedos. Foram destruídos 20% da mata.
Verbo sujeito (oração subjetiva) “Cerca de 40% do território ficam abaixo de 200 metros.”
Faltava / dar os últimos retoques. (Antônio Hauaiss)
Verbo sujeito (oração subjetiva)

Outros exemplos, com o sujeito oracional em destaque: Em casos como o da última frase, a concordância efetua-se,
Não me interessa ouvir essas parlendas. pela lógica, no feminino (oitenta e duas entre cem mulheres), ou,
Anotei os livros que faltava adquirir. (faltava adquirir os li- seguindo o uso geral, no masculino, por se considerar a porcenta-
vros) gem um conjunto numérico invariável em gênero.
Esses fatos, importa (ou convém) não esquecê-los.
São viáveis as reformas que se intenta implantar? - Concordância com o pronome nós subentendido: O verbo
concorda com o pronome subentendido nós em frases do tipo:
- Concordância com sujeito indeterminado: O pronome se,
Todos estávamos preocupados. (= Todos nós estávamos
pode funcionar como índice de indeterminação do sujeito. Nesse
caso, o verbo concorda obrigatoriamente na 3ª pessoa do singular. preocupados.)
Exemplos; Os dois vivíamos felizes. (=Nós dois vivíamos felizes.)
Em casa, fica-se mais à vontade. “Ficamos por aqui, insatisfeitos, os seus amigos.” (Carlos
Detesta-se (e não detestam-se) aos indivíduos falsos. Drummond de Andrade)
Acabe-se de vez com esses abusos!
Para ir de São Paulo a Curitiba, levava-se doze horas. - Não restam senão ruínas: Em frases negativas em que se-
não equivale a mais que, a não ser, e vem seguido de substantivo
- Concordância com os numerais milhão, bilhão e trilhão: no plural, costuma-se usar o verbo no plural, fazendo-o concordar
Estes substantivos numéricos, quando seguidos de substantivo no
plural, levam, de preferência, o verbo ao plural. Exemplos: com o sujeito oculto outras coisas. Exemplos:
Um milhão de fiéis agruparam-se em procissão. Do antigo templo grego não restam senão ruínas. (Isto é: não
São gastos ainda um milhão de dólares por ano para a manu- restam outras coisas senão ruínas.)
tenção de cada Ciep. Da velha casa não sobraram senão escombros.
Meio milhão de refugiados se aproximam da fronteira do Irã. “Para os lados do sul e poente, não se viam senão edifícios
Meio milhão de pessoas foram às ruas para reverenciar os queimados.” (Alexandre Herculano)
mártires da resistência. “Por toda a parte não se ouviam senão gemidos ou clamores.”
(Rebelo da Silva)
Observações:

- Milhão, bilhão e milhar são substantivos masculinos. Por Segundo alguns autores, pode-se, em tais frases, efetuar a con-
isso, devem concordar no masculino os artigos, numerais e pro- cordância do verbo no singular com o sujeito subentendido nada:
nomes que os precedem: os dois milhões de pessoas; os três mi- Do antigo templo grego não resta senão ruínas. (Ou seja: não
lhares de plantas; alguns milhares de telhas; esses bilhões de resta nada, senão ruínas.)
criaturas, etc. Ali não se via senão (ou mais que) escombros.
- Se o sujeito da oração for milhões, o particípio ou o adjeti- As duas interpretações são boas, mas só a primeira tem tradi-
vo podem concordar, no masculino, com milhões, ou, por atração, ção na língua.
no feminino, com o substantivo feminino plural: Dois milhões de
sacas de soja estão ali armazenados (ou armazenadas) no pró-
ximo ano. Foram colhidos três milhões de sacas de trigo. Os dois - Concordância com formas gramaticais: Palavras no plu-
milhões de árvores plantadas estão altas e bonitas. ral com sentido gramatical e função de sujeito exigem o verbo no
singular:

Didatismo e Conhecimento 44
LÍNGUA PORTUGUESA
“Elas” é um pronome pessoal. (= A palavra elas é um pronome 07. A concordância verbal está correta na alternativa:
pessoal.) a) Ela o esperava já faziam duas semanas.
Na placa estava “veiculos”, sem acento. b) Na sua bolsa haviam muitas moedas de ouro.
“Contudo, mercadores não tem a força de vendilhões.” (Ma- c) Eles parece estarem doentes.
chado de Assis) d) Devem haver aqui pessoas cultas.
e) Todos parecem terem ficado tristes.
- Mais de, menos de: O verbo concorda com o substantivo que
se segue a essas expressões:
Mais de cem pessoas perderam suas casas, na enchente. 08. É provável que ....... vagas na academia, mas não ....... pes-
Sobrou mais de uma cesta de pães. soas interessadas: são muitas as formalidades a ....... cumpridas.
Gastaram-se menos de dois galões de tinta. a) hajam - existem - ser
Menos de dez homens fariam a colheita das uvas. b) hajam - existe - ser
c) haja - existem - serem
Exercícios d) haja - existe - ser
e) hajam - existem - serem
01. Indique a opção correta, no que se refere à concordância
verbal, de acordo com a norma culta: 09. ....... de exigências! Ou será que não ....... os sacrifícios que
a) Haviam muitos candidatos esperando a hora da prova.
....... por sua causa?
b) Choveu pedaços de granizo na serra gaúcha.
c) Faz muitos anos que a equipe do IBGE não vem aqui. a) Chega - bastam - foram feitos
d) Bateu três horas quando o entrevistador chegou. b) Chega - bastam - foi feito
e) Fui eu que abriu a porta para o agente do censo. c) Chegam - basta - foi feito
d) Chegam - basta - foram feitos
02. Assinale a frase em que há erro de concordância verbal: e) Chegam - bastam - foi feito
a) Um ou outro escravo conseguiu a liberdade.
b) Não poderia haver dúvidas sobre a necessidade da imigração. 10. Soube que mais de dez alunos se ....... a participar dos
c) Faz mais de cem anos que a Lei Áurea foi assinada. jogos que tu e ele ......
d) Deve existir problemas nos seus documentos. a) negou – organizou
e) Choveram papéis picados nos comícios.
b) negou – organizastes
03. Assinale a opção em que há concordância inadequada: c) negaram – organizaste
a) A maioria dos estudiosos acha difícil uma solução para o d) negou – organizaram
problema. e) negaram - organizastes
b) A maioria dos conflitos foram resolvidos.
c) Deve haver bons motivos para a sua recusa. Respostas: (01-C) (02-D) (03-D) (04-D) (05-D) (06-D) (07-
d) De casa à escola é três quilômetros. C) (08-C) (09-A) (10-E)
e) Nem uma nem outra questão é difícil.

04. Há erro de concordância em: Colocação dos Pronomes Oblíquos Átonos


a) atos e coisas más
b) dificuldades e obstáculo intransponível
c) cercas e trilhos abandonados Um dos aspectos da harmonia da frase refere-se à colocação
d) fazendas e engenho prósperas dos pronomes oblíquos átonos. Tais pronomes situam-se em três
e) serraria e estábulo conservados posições:
- Antes do verbo (próclise): Não te conheço.
05. Indique a alternativa em que há erro: - No meio do verbo (mesóclise): Avisar-te-ei.
a) Os fatos falam por si sós. - Depois do verbo (ênclise): Sente-se, por favor.
b) A casa estava meio desleixada.
c) Os livros estão custando cada vez mais caro. Próclise
d) Seus apartes eram sempre o mais pertinentes possíveis.
e) Era a mim mesma que ele se referia, disse a moça. Por atração: usa-se a próclise quando o verbo vem precedido
das seguintes partículas atrativas:
06. Assinale a alternativa correta quanto à concordância verbal:
a) Soava seis horas no relógio da matriz quando eles chega- - Palavras ou expressões negativas: Não te afastes de mim.
ram. - Advérbios: Agora se negam a depor. Se houver pausa (na
b) Apesar da greve, diretores, professores, funcionários, nin- escrita, vírgula) entre o advérbio e o verbo, usa-se a ênclise: Agora,
guém foram demitidos. negam-se a depor.
c) José chegou ileso a seu destino, embora houvessem muitas - Pronomes Relativos: Apresentaram-se duas pessoas que se
ciladas em seu caminho. identificaram com rapidez.
d) Fomos nós quem resolvemos aquela questão. - Pronomes Indefinidos: Poucos se negaram ao trabalho.
e) O impetrante referiu-se aos artigos 37 e 38 que ampara sua - Conjunções subordinativas: Soube que me dariam a autori-
petição. zação solicitada.

Didatismo e Conhecimento 45
LÍNGUA PORTUGUESA
Com certas frases: há casos em que a próclise é motivada O Pronome Oblíquo Átono nas Locuções Verbais
pelo próprio tipo de frase em que se localiza o pronome.
- Frases Interrogativas: Quem se atreveria a isso? - Com palavras atrativas: quando a locução vem precedida
- Frases Exclamativas: Quanto te arriscas com esse procedi- de palavra atrativa, o pronome se coloca antes do verbo auxiliar ou
mento! depois do verbo principal. Exemplo: Nunca te posso negar isso;
- Frases Optativas (exprimem desejo): Deus nos proteja. Se, Nunca posso negar-te isso. É possível, nesses casos, o uso da pró-
nas frases optativas, o sujeito vem depois do verbo, usa-se a êncli- clise antes do verbo principal. Nesse caso, o pronome não se liga
se: Proteja-nos Deus. por hífen ao verbo auxiliar: Nunca posso te negar isso.
Com certos verbos: a próclise pode ser motivada também pela
forma verbal a que se prende o pronome. - No início da oração ou depois de pausa: quando a locução
- Com o gerúndio precedido de preposição ou de negação: Em se situa no início da oração, não se usa o pronome antes do ver-
se ausentando, complicou-se; Não se satisfazendo com os resulta- bo auxiliar. Exemplo: Posso-lhe dar garantia total; Posso dar-lhe
dos, mudou de método. garantia total. A mesma norma é válida para os casos em que a
- Com o infinito pessoal precedido de preposição: Por se acha- locução verbal vem precedida de pausa. Exemplo: Em dias de lua
rem infalíveis, caíram no ridículo. cheia, pode-se ver a estrada mesmo com faróis apagados; Em dias
de lua cheia, pode ver-se a estrada mesmo com os faróis apagados.
Mesóclise
- Sem atração nem pausa: quando a locução verbal não vem
Usa-se a mesóclise tão somente com duas formas verbais, o precedida de palavra atrativa nem de pausa, admite-se qualquer
futuro do presente e o futuro do pretérito, assim quando não vie- colocação do pronome. Exemplo:
rem precedidos de palavras atrativas. Exemplos: A vida lhe pode trazer surpresas.
Confrontar-se-ão os resultados. A vida pode-lhe trazer surpresas.
Confrontar-se-iam os resultados. A vida pode trazer-lhe surpresas.

Mas: Observações
Não se confrontarão os resultados.
Não se confrontariam os resultados. - Quando o verbo auxiliar de uma locução verbal estiver no
futuro do presente ou no futuro do pretérito, o pronome pode vir
Não se usa a ênclise com o futuro do presente ou com o futuro em mesóclise em relação a ele: Ter-nos-ia aconselhado a partir.
do pretérito sob hipótese alguma. Será contrária à norma culta es-
crita, portanto, uma colocação do tipo: - Nas locuções verbais, jamais se usa pronome oblíquo átono
depois do particípio. Não o haviam convidado. (correto); Não ha-
Diria-se que as coisas melhoraram. (errado) viam convidado-o. (errado).
Dir-se-ia que as coisas melhoraram. (correto)
- Há uma colocação pronominal, restrita a contextos literários,
Ênclise que deve ser conhecida: Há males que se não curam com remé-
dios. Quando há duas partículas atraindo o pronome oblíquo átono,
Usa-se a ênclise nos seguintes casos: este pode vir entre elas. Poderíamos dizer também: Há males que
não se curam com remédios.
- Imperativo Afirmativo: Prezado amigo, informe-se de seus
compromissos. - Os pronomes oblíquos átonos combinam-se entre si em ca-
sos como estes:
- Gerúndio não precedido da preposição “em” ou de partícu- me + o/a = mo/ma
la negativa: Falando-se de comércio exterior, progredimos muito. te + o/a = to/ta
lhe + o/a = lho/lha
Mas nos + o/a = no-lo/no-la
Em se plantando no Brasil, tudo dá. vos + o/a = vo-lo/vo-la
Não se falando em futebol, ninguém briga.
Ninguém me provocando, fico em paz. Tais combinações podem vir:
- Proclítica: Eu não vo-lo disse?
- Infinitivo Impessoal: Não era minha intenção magoar-te. - Mesoclítica: Dir-vo-lo-ei já.
Se o infinitivo vier precedido de palavra atrativa, ocorre tanto a - Enclítica: A correspondência, entregaram-lha há muito tem-
próclise quanto a ênclise. po.
Espero com isto não te magoar.
Espero com isto não magoar-te. Segundo a norma culta, a regra é a ênclise, ou seja, o pronome
após o verbo. Isso tem origem em Portugal, onde essa colocação
- No início de frases ou depois de pausa: Vão-se os anéis, é mais comum. No Brasil, o uso da próclise é mais frequente, por
ficam os dedos. Decorre daí a afirmação de que, na variante culta apresentar maior informalidade. Mas, como devemos abordar os
escrita, não se inicia frase com pronome oblíquo átono. Causou- aspectos formais da língua, a regra será ênclise, usando próclise
-me surpresa a tua reação. em situações excepcionais, que são:

Didatismo e Conhecimento 46
LÍNGUA PORTUGUESA
- Palavras invariáveis (advérbios, alguns pronomes, conjun- 03. Está correto o emprego de ambos os elementos sublinha-
ção) atraem o pronome. Por “palavras invariáveis”, entendemos dos na frase:
os advérbios, as conjunções, alguns pronomes que não se fle- a) A diferenciação entre profissionais, à que o autor faz re-
xionam, como o pronome relativo que, os pronomes indefinidos ferência, tem como critério um padrão ético, de cujo depende o
rumo do processo civilizatório.
quanto/como, os pronomes demonstrativos isso, aquilo, isto.
b) Se há apenas avanço técnico, numa época onde impera a
Exemplos: “Ele não se encontrou com a namorada.” – próclise globalização, as demandas sociais ficarão sem o atendimento a
obrigatória por força do advérbio de negação. “Quando se encon- que são carentes.
tra com a namorada, ele fica muito feliz.” – próclise obrigatória c) As razões porque a globalização não distribui a riqueza
por força da conjunção; prendem-se à relação mecânica entre oferta e demanda, cuja a
- Orações exclamativas (“Vou te matar!”) ou que expressam crueldade é notória.
desejo, chamadas de optativas (“Que Deus o abençoe!”) – próclise d) Os tecnocratas maliciosos imputam para o exercício da de-
obrigatória. mocracia os desajustes econômicos em que assolam os excluídos
da globalização.
- Orações subordinadas – (“... e é por isso que nele se acentua
e) O aumento da produção, de cuja necessidade não há quem
o pensador político” – uma oração subordinada causal, como a da discorde, deve prever qualquer impacto ecológico, para o qual se
questão, exige a próclise.). deve estar sempre alerta.

Emprego Proibido: 04. Está correto o emprego de ambos os elementos sublinha-


- Iniciar período com pronome (a forma correta é: Dá-me um dos na seguinte frase:
copo d’água; Permita-me fazer uma observação.); a) A simpatia de que não goza um ator junto ao eleitorado é
- Após verbo no particípio, no futuro do presente e no futuro por vezes estendida a um político profissional sobre cuja honesti-
dade há controvérsias.
do pretérito. Com essas formas verbais, usa-se a próclise (desde
b) O candidato a que devotamos nosso respeito tem uma his-
que não caia na proibição acima), modifica-se a estrutura (troca o tória aonde os fatos nem sempre revelam uma conduta irrepreen-
“me” por “a mim”) ou, no caso dos futuros, emprega-se o prono- sível.
me em mesóclise. Exemplos: “Concedida a mim a licença, pude c) Reagan teve uma carreira de ator em cuja não houve mo-
começar a trabalhar.” (Não poderia ser “concedida-me” – após mentos brilhantes, como também não houve os mesmos na de
particípio é proibido -nem “me concedida” – iniciar período com Schwarzenegger.
pronome é proibido). “Recolher-me-ei à minha insignificância” d) Há uma ambivalência em relação aos atores na qual espe-
(Não poderia ser “recolherei-me” nem “Me recolherei”). lha a divisão entre o respeito e o menosprezo que deles costuma-
mos alimentar.
e) Os atores sobre os quais se fez menção no texto construí-
Exercícios ram uma carreira cinematográfica de cujo sucesso comercial nin-
guém pode discutir.
01. A expressão sublinhada está empregada adequadamente
na frase: 05. Está correto o emprego de ambos os elementos sublinha-
a) A inesgotabilidade da água é uma ilusão na qual não pode- dos na frase:
mos mais alimentar. a) Os sonhos de cujos nós queremos alimentar não satisfazem
b) A cadeia econômica à qual o texto faz referência tem na os desejos com que a eles nos moveram.
b) A expressão de Elio Gaspari, a qual se refere o autor do
água seu centro vital.
texto, é “cidadãos descartáveis”, e alude às criaturas desesperadas
c) Os maus tempos dos quais estamos atravessando devem-se cujo o rumo é inteiramente incerto.
a uma falta de previsão. c) Os objetivos de que se propõem os neoliberais não coinci-
d) A água é um elemento cujo o valor ninguém mais põe em dem com as necessidades por cujas se movem os “cidadãos des-
dúvida. cartáveis”.
e) A certeza em que ninguém mais pode fugir é a do valor d) As miragens a que nos prendemos, ao longo da vida, são
inestimável da água. projeções de anseios cujo destino não é a satisfação conclusiva.
e) A força do nosso trabalho, de que não relutamos em vender,
dificilmente será paga pelo valor em que nos satisfaremos.
02. Está correto o emprego de ambos os elementos sublinha-
dos na frase: 06. É adequado o emprego de ambas as expressões sublinha-
a) O autor preza a discussão à qual se envolvem os moradores das na frase:
de um condomínio, quando os anima a aspiração de um consenso. a) As fogueiras de que todos testemunhamos nos noticiários
b) A frase de Mitterrand na qual se arremeteu o candidato da TV constituem um sinal a quem ninguém pode ser insensível.
Giscard não representava, de fato, uma posição com a qual nin- b) O encolhimento do Estado, ao qual muita gente foi com-
guém pudesse discordar. placente, abriu espaço para a lógica do mercado, de cuja frieza
c) A frase de cujo teor Giscard discordou revelava, de fato, o vem fazendo um sem-número de vítimas.
c) Com essa sua subserviência, pela qual muitos se insurgem,
sentimento de superioridade do qual o discurso de Mitterrand era
o Estado deixa de cumprir o papel social de que tantos estão con-
uma clara manifestação. tando.
d) Os candidatos em cujos argumentos são fracos costumam d) As medidas repressivas de que o Estado vem se valendo
valer-se da oposição entre o certo e errado à qual se apóiam os em nada contribuem para o encaminhamento das soluções a que
maniqueístas. os desempregados aspiram.
e) O comportamento dos condôminos cuja a disposição é o e) Diante da pujança do Mercado europeu, de cuja poucos
consenso deveria servir de exemplo ao dos candidatos que seu vêm desfrutando, os excluídos acendem fogueiras cujo o vigor
único interesse é ganhar a eleição. fala por si só.

Didatismo e Conhecimento 47
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07. A maior parte da água da chuva é interceptada pela copa A Conotação resulta dos traços semânticos ocasionais que se
das árvores, ...... cobrem toda a região. ...... evapora rapidamente, superpõem ao significado denotativo por causa sobretudo de im-
causando mais chuva, o que não ocorre em áreas desmatadas, ...... pressões provocadas por motivação social ou razões de natureza
solo é pobre em matéria orgânica. As lacunas da frase acima estão subjetiva.
corretamente preenchidas, respectivamente, por As palavras sinônimas são o melhor exemplo para salientar a
a) onde - A chuva - que o diferença entre denotação e conotação. No plano da denotação, os
b) nas quais - Aquela chuva - cujo sinônimos são praticamente iguais, já que nos remetem aos mes-
c) em que - A água da chuva - que o mos dados de realidade ou às mesmas noções; no plano conotati-
d) que elas - Essa chuva - aonde vo, porém, os sinônimos podem distinguir-se por diferenças mar-
e) que - Essa água – cujo cantes, pois provocam impressões adicionais muito nítidas.
08. As razões ___ ele deverá invocar para justificar o que fez Tomemos, por exemplo, as palavras “inexperiente” e “otá-
não alcançarão qualquer ressonância ___ membros do Conselho, rio”, que os dicionários registram como sinônimos.
___ votos ele depende para permanecer na empresa. Preenchem No âmbito da denotação podem ter significados aproximados:
de modo correto as lacunas da frase acima, respectivamente, as ambas indicam a característica de um indivíduo que não tem malí-
expressões: cia, que é inocente. Sob o ponto de vista da conotação, porém, há
a) a que - para com os - de cujos diferenças marcantes entre os dois significados: otário tem uma
b) de que - junto aos - cujos os conotação muito mais depreciativa que um simples inexperiente.
c) que - diante dos - de quem os Leva-nos a criar a imagem de uma pessoa idiota, de um bobalhão
d) às quais - em vista dos - em cujos que se deixa enganar por qualquer um, sem nenhuma competência
e) que - junto aos - de cujos para reagir contra a exploração dos outros.
Do que se disse sobre conotação e denotação depreende-se
09. Sonhos não faltam; há sonhos dentro de nós e por toda que a escolha acertada da palavra deve levar em conta não apenas
parte, razão pela qual a estratégia Neoliberal convoca esses so- o significado denotativo, mas também o conotativo. Exemplos:
nhos, atribui a esses sonhos um valor incomensurável, sabendo
que nunca realizaremos esses sonhos. Evitam-se as viciosas repe-
“O racionamento de energia, para felicidade do país, foi uma
tições dos elementos sublinhados na frase acima substituindo-os,
medida peremptória do governo, não para toda a vida.”
na ordem dada, por:
a) há eles - convoca-os - atribui-lhes - realizaremo-los
A escolha da palavra peremptória não está adequada ao con-
b) os há - os convoca - lhes atribui - realizaremo-los
texto. Peremptória é sinônimo de categórico, decisivo, determi-
c) há-os - convoca-lhes - os atribui – realizá-los-emos
nante. Nesse caso, o significado denotativo da palavra não é com-
d) há estes - lhes convoca - atribui-lhes - os realizaremos
e) há-os - os convoca - atribui-lhes - os realizaremos patível com a noção que se quer transmitir. O redator pensou uma
coisa e escreveu outra. Talvez ache que peremptório seja sinônimo
10. O czar caçava homens, não ocorrendo ao czar que, em de passageiro, momentâneo, provisório. Isso se dá com pessoas
vez de homens, se caçassem andorinhas e borboletas, parecendo- que se arriscam a usar palavras que não fazem parte do seu reper-
-lhe uma barbaridade levar andorinhas e borboletas à morte. tório.
Evitam-se as repetições viciosas da frase acima substituindo-se, “Com delicadeza e muita sensibilidade, o professor fez a se-
de forma correta, os elementos sublinhados por, respectivamente, guinte solicitação: os alunos mais ignorantes terão aula de recu-
a) não o ocorrendo - de tais - levá-las. peração.”
b) não ocorrendo-lhe - dos mesmos - levar-lhes.
c) lhe não ocorrendo - destes - as levar-lhes. Nesse caso, a palavra mal escolhida é, sem dúvida, ignoran-
d) não ocorrendo-o - dos cujos - as levarem. tes, e a má escolha, no caso, não se deve ao significado denotativo.
e) não lhe ocorrendo - destes - levá-las. Afinal, ignorante é aquele que ignora, que desconhece algo. Os
alunos que devem ser chamados para uma recuperação são os que
Respostas: 01-B / 02-C / 03-E / 04-A / 05-D / 06-D / 07-E / conhecem menos as lições. Mas ignorantes tem conotação muito
08-E / 09-E / 10-E / negativa, causa impressão de desacato ao outro, é ofensiva. Nesses
casos, apela-se para palavras ou expressões polidas, menos agres-
sivas, tais como: os alunos com mais dificuldade, mais defasados
5. LINGUAGEM DENOTATIVA E com a matéria...
CONOTATIVA;
6. FENÔMENOS SEMÂNTICOS:
SINONÍMIA, HOMONÍMIA, ANTONÍMIA,
Esses dois conceitos têm sido definidos por oposição mútua. AMBIGUIDADE;
Denotação é o componente do significado da palavra que nos
remete àquilo que ela representa, sem levar em conta impressões
motivadas por circunstâncias ocasionais. Nesse sentido, entende- Significação das Palavras
-se por denotação apenas o conjunto de traços semânticos estáveis
da palavra, aqueles que servem para indicar dominantemente a que Quanto à significação, as palavras são divididas nas seguin-
objeto ou noção a palavra nos remete. tes categorias:

Didatismo e Conhecimento 48
LÍNGUA PORTUGUESA
Sinônimos: são palavras de sentido igual ou aproximado. - Para (verbo parar) e para (preposição).
Exemplo: - Providência (substantivo) e providencia (verbo).
- Alfabeto, abecedário. - Às (substantivo), às (contração) e as (artigo).
- Brado, grito, clamor. - Pelo (substantivo), pelo (verbo) e pelo (contração de per+o).
- Extinguir, apagar, abolir, suprimir.
- Justo, certo, exato, reto, íntegro, imparcial. Homófonos Heterográficos: iguais na pronúncia e diferentes
na escrita.
Na maioria das vezes não é indiferente usar um sinônimo pelo - Acender (atear, pôr fogo) e ascender (subir).
outro. Embora irmanados pelo sentido comum, os sinônimos dife- - Concertar (harmonizar) e consertar (reparar, emendar).
renciam-se, entretanto, uns dos outros, por matizes de significação - Concerto (harmonia, sessão musical) e conserto (ato de con-
e certas propriedades que o escritor não pode desconhecer. Com sertar).
efeito, estes têm sentido mais amplo, aqueles, mais restrito (ani- - Cegar (tornar cego) e segar (cortar, ceifar).
mal e quadrúpede); uns são próprios da fala corrente, desataviada, - Apreçar (determinar o preço, avaliar) e apressar (acelerar).
vulgar, outros, ao invés, pertencem à esfera da linguagem culta, - Cela (pequeno quarto), sela (arreio) e sela (verbo selar).
literária, científica ou poética (orador e tribuno, oculista e oftalmo- - Censo (recenseamento) e senso (juízo).
logista, cinzento e cinéreo). - Cerrar (fechar) e serrar (cortar).
A contribuição Greco-latina é responsável pela existência, em - Paço (palácio) e passo (andar).
nossa língua, de numerosos pares de sinônimos. Exemplos: - Hera (trepadeira) e era (época), era (verbo).
- Adversário e antagonista. - Caça (ato de caçar), cassa (tecido) e cassa (verbo cassar =
- Translúcido e diáfano. anular).
- Semicírculo e hemiciclo. - Cessão (ato de ceder), seção (divisão, repartição) e sessão
- Contraveneno e antídoto. (tempo de uma reunião ou espetáculo).
- Moral e ética.
- Colóquio e diálogo. Homófonos Homográficos: iguais na escrita e na pronúncia.
- Transformação e metamorfose.
- Caminhada (substantivo), caminhada (verbo).
- Oposição e antítese.
- Cedo (verbo), cedo (advérbio).
- Somem (verbo somar), somem (verbo sumir).
O fato linguístico de existirem sinônimos chama-se sinoní-
- Livre (adjetivo), livre (verbo livrar).
mia, palavra que também designa o emprego de sinônimos.
- Pomos (substantivo), pomos (verbo pôr).
- Alude (avalancha), alude (verbo aludir).
Antônimos: são palavras de significação oposta. Exemplos:
- Ordem e anarquia.
Parônimos: são palavras parecidas na escrita e na pronúncia:
- Soberba e humildade.
- Louvar e censurar. Coro e couro, cesta e sesta, eminente e iminente, tetânico e titâni-
- Mal e bem. co, atoar e atuar, degradar e degredar, cético e séptico, prescrever
e proscrever, descrição e discrição, infligir (aplicar) e infringir
A antonímia pode originar-se de um prefixo de sentido oposto (transgredir), osso e ouço, sede (vontade de beber) e cede (verbo
ou negativo. Exemplos: Bendizer/maldizer, simpático/antipático, ceder), comprimento e cumprimento, deferir (conceder, dar defe-
progredir/regredir, concórdia/discórdia, explícito/implícito, ativo/ rimento) e diferir (ser diferente, divergir, adiar), ratificar (confir-
inativo, esperar/desesperar, comunista/anticomunista, simétrico/ mar) e retificar (tornar reto, corrigir), vultoso (volumoso, muito
assimétrico, pré-nupcial/pós-nupcial. grande: soma vultosa) e vultuoso (congestionado: rosto vultuoso).

Homônimos: são palavras que têm a mesma pronúncia, e às Polissemia: Uma palavra pode ter mais de uma significação.
vezes a mesma grafia, mas significação diferente. Exemplos: A esse fato linguístico dá-se o nome de polissemia. Exemplos:
- São (sadio), são (forma do verbo ser) e são (santo). - Mangueira: tubo de borracha ou plástico para regar as plan-
- Aço (substantivo) e asso (verbo). tas ou apagar incêndios; árvore frutífera; grande curral de gado.
- Pena: pluma, peça de metal para escrever; punição; dó.
Só o contexto é que determina a significação dos homônimos. - Velar: cobrir com véu, ocultar, vigiar, cuidar, relativo ao véu
A homonímia pode ser causa de ambiguidade, por isso é conside- do palato.
rada uma deficiência dos idiomas. Podemos citar ainda, como exemplos de palavras polissêmi-
O que chama a atenção nos homônimos é o seu aspecto fônico cas, o verbo dar e os substantivos linha e ponto, que têm dezenas
(som) e o gráfico (grafia). Daí serem divididos em: de acepções.

Homógrafos Heterofônicos: iguais na escrita e diferentes no Sentido Próprio e Sentido Figurado: as palavras podem ser
timbre ou na intensidade das vogais. empregadas no sentido próprio ou no sentido figurado. Exemplos:
- Rego (substantivo) e rego (verbo). - Construí um muro de pedra. (sentido próprio).
- Colher (verbo) e colher (substantivo). - Ênio tem um coração de pedra. (sentido figurado).
- Jogo (substantivo) e jogo (verbo). - As águas pingavam da torneira, (sentido próprio).
- Apoio (verbo) e apoio (substantivo). - As horas iam pingando lentamente, (sentido figurado).

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Exercícios 08. Marque a alternativa cujas palavras preenchem correta-
mente as respectivas lacunas, na frase seguinte: “Necessitando ......
01. Estava ....... a ....... da guerra, pois os homens ....... nos o número do cartão do PIS, ...... a data de meu nascimento.”
erros do passado. a) ratificar, proscrevi
a) eminente, deflagração, incidiram b) prescrever, discriminei
c) descriminar, retifiquei
b) iminente, deflagração, reincidiram
d) proscrever, prescrevi
c) eminente, conflagração, reincidiram e) retificar, ratifiquei
d) preste, conflaglação, incidiram
e) prestes, flagração, recindiram 09. “A ......... científica do povo levou-o a .... de feiticeiros os
..... em astronomia.”
02. “Durante a ........ solene era ........ o desinteresse do mestre a) insipiência tachar expertos
diante da ....... demonstrada pelo político”. b) insipiência taxar expertos
a) seção - fragrante - incipiência c) incipiência taxar espertos
b) sessão - flagrante - insipiência d) incipiência tachar espertos
e) insipiência taxar espertos
c) sessão - fragrante - incipiência
d) cessão - flagrante - incipiência 10. Na oração: Em sua vida, nunca teve muito ......, apresen-
e) seção - flagrante - insipiência tava-se sempre ...... no ..... de tarefas ...... . As palavras adequadas
para preenchimento das lacunas são:
03. Na ..... plenária estudou-se a ..... de direitos territoriais a a) censo - lasso - cumprimento - eminentes
..... . b) senso - lasso - cumprimento - iminentes
a) sessão - cessão - estrangeiros c) senso - laço - comprimento - iminentes
b) seção - cessão - estrangeiros d) senso - laço - cumprimento - eminentes
c) secção - sessão - extrangeiros e) censo - lasso - comprimento - iminentes
d) sessão - seção - estrangeiros
Respostas: (01.B)(02.B)(03.A)(04.D)(05.B)(06.C)(07.B)
e) seção - sessão - estrangeiros (08.E)(09.A)(10.B)

04. Há uma alternativa errada. Assinale-a:


a) A eminente autoridade acaba de concluir uma viagem política. 7. ORDEM DAS PALAVRAS NAS ORAÇÕES:
b) A catástrofe torna-se iminente. MUDANÇA DE SENTIDO OCASIONADA
c) Sua ascensão foi rápida. PELA INVERSÃO; ORDEM DAS ORAÇÕES
d) Ascenderam o fogo rapidamente. NO ENUNCIADO: EFEITO DE SENTIDO
e) Reacendeu o fogo do entusiasmo. (REALCE) OCASIONADO PELA INVERSÃO;

05. Há uma alternativa errada. Assinale-a:


a) cozer = cozinhar; coser = costurar Oração: é todo enunciado linguístico dotado de sentido, po-
b) imigrar = sair do país; emigrar = entrar no país rém há, necessariamente, a presença do verbo. A oração encerra
c) comprimento = medida; cumprimento = saudação uma frase (ou segmento de frase), várias frases ou um período,
d) consertar = arrumar; concertar = harmonizar completando um pensamento e concluindo o enunciado através de
e) chácara = sítio; xácara = verso ponto final, interrogação, exclamação e, em alguns casos, através
de reticências.
06. Assinale o item em que a palavra destacada está incorre- Em toda oração há um verbo ou locução verbal (às vezes elíp-
ticos). Não têm estrutura sintática, portanto não são orações, não
tamente aplicada:
podem ser analisadas sintaticamente frases como:
a) Trouxeram-me um ramalhete de flores fragrantes. Socorro!
b) A justiça infligiu a pena merecida aos desordeiros. Com licença!
c) Promoveram uma festa beneficiente para a creche. Que rapaz impertinente!
d) Devemos ser fiéis ao cumprimento do dever. Muito riso, pouco siso.
e) A cessão de terras compete ao Estado. “A bênção, mãe Nácia!” (Raquel de Queirós)

07. O ...... do prefeito foi ..... ontem. Na oração as palavras estão relacionadas entre si, como partes
a) mandado - caçado de um conjunto harmônico: elas formam os termos ou as unidades
sintáticas da oração. Cada termo da oração desempenha uma fun-
b) mandato - cassado
ção sintática. Geralmente apresentam dois grupos de palavras: um
c) mandato - caçado grupo sobre o qual se declara alguma coisa (o sujeito), e um grupo
d) mandado - casçado que apresenta uma declaração (o predicado), e, excepcionalmente,
e) mandado - cassado só o predicado. Exemplo:

Didatismo e Conhecimento 50
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A menina banhou-se na cachoeira. - constituir-se de um substantivo, ou pronome substantivo ou,
A menina – sujeito ainda, qualquer palavra substantivada.
banhou-se na cachoeira – predicado
Exemplos:
Choveu durante a noite. (a oração toda predicado)
A padaria está fechada hoje.
O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo em está fechada hoje: predicado nominal
número e pessoa. É normalmente o “ser de quem se declara algo”, fechada: nome adjetivo = núcleo do predicado
“o tema do que se vai comunicar”. a padaria: sujeito
O predicado é a parte da oração que contém “a informação padaria: núcleo do sujeito - nome feminino singular
nova para o ouvinte”. Normalmente, ele se refere ao sujeito, cons-
tituindo a declaração do que se atribui ao sujeito. Nós mentimos sobre nossa idade para você.
mentimos sobre nossa idade para você: predicado verbal
Observe: O amor é eterno. O tema, o ser de quem se declara mentimos: verbo = núcleo do predicado
algo, o sujeito, é “O amor”. A declaração referente a “o amor”, ou nós: sujeito
seja, o predicado, é “é eterno”.
No interior de uma sentença, o sujeito é o termo determinante,
Já na frase: Os rapazes jogam futebol. O sujeito é “Os rapa- ao passo que o predicado é o termo determinado. Essa posição de
zes”, que identificamos por ser o termo que concorda em número determinante do sujeito em relação ao predicado adquire sentido
e pessoa com o verbo “jogam”. O predicado é “jogam futebol”. com o fato de ser possível, na língua portuguesa, uma sentença
sem sujeito, mas nunca uma sentença sem predicado.
Núcleo de um termo é a palavra principal (geralmente um
substantivo, pronome ou verbo), que encerra a essência de sua sig- Exemplos:
nificação. Nos exemplos seguintes, as palavras amigo e revestiu
são o núcleo do sujeito e do predicado, respectivamente: As formigas invadiram minha casa.
“O amigo retardatário do presidente prepara-se para desem- as formigas: sujeito = termo determinante
barcar.” (Aníbal Machado) invadiram minha casa: predicado = termo determinado
A avezinha revestiu o interior do ninho com macias plumas.
Os termos da oração da língua portuguesa são classificados Há formigas na minha casa.
em três grandes níveis: há formigas na minha casa: predicado = termo determinado
- Termos Essenciais da Oração: Sujeito e Predicado. sujeito: inexistente
- Termos Integrantes da Oração: Complemento Nominal e
Complementos Verbais (Objeto Direto, Objeto indireto e Agente O sujeito sempre se manifesta em termos de sintagma nomi-
da Passiva). nal, isto é, seu núcleo é sempre um nome. Quando esse nome se
- Termos Acessórios da Oração: Adjunto Adnominal, Adjun- refere a objetos das primeira e segunda pessoas, o sujeito é repre-
to Adverbial, Aposto e Vocativo. sentado por um pronome pessoal do caso reto (eu, tu, ele, etc.). Se
o sujeito se refere a um objeto da terceira pessoa, sua representa-
- Termos Essenciais da Oração: São dois os termos essen- ção pode ser feita através de um substantivo, de um pronome subs-
ciais (ou fundamentais) da oração: sujeito e predicado. Exemplos: tantivo ou de qualquer conjunto de palavras, cujo núcleo funcione,
na sentença, como um substantivo.
Sujeito Predicado Exemplos:
Pobreza não é vileza. Eu acompanho você até o guichê.
Os sertanistas capturavam os índios. eu: sujeito = pronome pessoal de primeira pessoa
Um vento áspero sacudia as árvores. Vocês disseram alguma coisa?
vocês: sujeito = pronome pessoal de segunda pessoa
Marcos tem um fã-clube no seu bairro.
Sujeito: é equivocado dizer que o sujeito é aquele que pratica
Marcos: sujeito = substantivo próprio
uma ação ou é aquele (ou aquilo) do qual se diz alguma coisa. Ao
Ninguém entra na sala agora.
fazer tal afirmação estamos considerando o aspecto semântico do
ninguém: sujeito = pronome substantivo
sujeito (agente de uma ação) ou o seu aspecto estilístico (o tópico
O andar deve ser uma atividade diária.
da sentença). Já que o sujeito é depreendido de uma análise sin-
o andar: sujeito = núcleo: verbo substantivado nessa oração
tática, vamos restringir a definição apenas ao seu papel sintático
na sentença: aquele que estabelece concordância com o núcleo do
Além dessas formas, o sujeito também pode se constituir de
predicado. Quando se trata de predicado verbal, o núcleo é sempre
uma oração inteira. Nesse caso, a oração recebe o nome de oração
um verbo; sendo um predicado nominal, o núcleo é sempre um
substantiva subjetiva:
nome. Então têm por características básicas:
- estabelecer concordância com o núcleo do predicado;
É difícil optar por esse ou aquele doce...
- apresentar-se como elemento determinante em relação ao
É difícil: oração principal
predicado;
optar por esse ou aquele doce: oração substantiva subjetiva

Didatismo e Conhecimento 51
LÍNGUA PORTUGUESA
O sujeito é constituído por um substantivo ou pronome, ou - Assinala-se a indeterminação do sujeito deixando-se o verbo
por uma palavra ou expressão substantivada. Exemplos: no infinitivo impessoal: Era penoso carregar aqueles fardos enor-
mes; É triste assistir a estas cenas repulsivas.
O sino era grande.
Normalmente, o sujeito antecede o predicado; todavia, a pos-
Ela tem uma educação fina.
posição do sujeito ao verbo é fato corriqueiro em nossa língua.
Vossa Excelência agiu como imparcialidade. Exemplos:
Isto não me agrada. É fácil este problema!
Vão-se os anéis, fiquem os dedos.
O núcleo (isto é, a palavra base) do sujeito é, pois, um subs- “Breve desapareceram os dois guerreiros entre as árvores.”
tantivo ou pronome. Em torno do núcleo podem aparecer palavras (José de Alencar)
secundárias (artigos, adjetivos, locuções adjetivas, etc.) Exemplo: “Foi ouvida por Deus a súplica do condenado.” (Ramalho
“Todos os ligeiros rumores da mata tinham uma voz para a Ortigão)
selvagem filha do sertão.” (José de Alencar) “Mas terás tu paciência por duas horas?” (Camilo Castelo
Branco)
O sujeito pode ser: Sem Sujeito: constituem a enunciação pura e absoluta de um
fato, através do predicado; o conteúdo verbal não é atribuído a ne-
Simples: quando tem um só núcleo: As rosas têm espinhos; nhum ser. São construídas com os verbos impessoais, na 3ª pessoa
“Um bando de galinhas-d’angola atravessa a rua em fila indiana.” do singular: Havia ratos no porão; Choveu durante o jogo.
Composto: quando tem mais de um núcleo: “O burro e o ca- Observação: São verbos impessoais: Haver (nos sentidos de
valo nadavam ao lado da canoa.” existir, acontecer, realizar-se, decorrer), Fazer, passar, ser e estar,
Expresso: quando está explícito, enunciado: Eu viajarei amanhã. com referência ao tempo e Chover, ventar, nevar, gear, relampejar,
amanhecer, anoitecer e outros que exprimem fenômenos meteo-
Oculto (ou elíptico): quando está implícito, isto é, quando não rológicos.
está expresso, mas se deduz do contexto: Viajarei amanhã. (sujei- Predicado: assim como o sujeito, o predicado é um segmento
to: eu, que se deduz da desinência do verbo); “Um soldado saltou extraído da estrutura interna das orações ou das frases, sendo, por
para a calçada e aproximou-se.” (o sujeito, soldado, está expresso isso, fruto de uma análise sintática. Nesse sentido, o predicado é
na primeira oração e elíptico na segunda: e (ele) aproximou-se.); sintaticamente o segmento linguístico que estabelece concordân-
Crianças, guardem os brinquedos. (sujeito: vocês) cia com outro termo essencial da oração, o sujeito, sendo este o
Agente: se faz a ação expressa pelo verbo da voz ativa: O Nilo termo determinante (ou subordinado) e o predicado o termo deter-
fertiliza o Egito. minado (ou principal). Não se trata, portanto, de definir o predica-
do como “aquilo que se diz do sujeito” como fazem certas gramá-
Paciente: quando sofre ou recebe os efeitos da ação expres- ticas da língua portuguesa, mas sim estabelecer a importância do
sa pelo verbo passivo: O criminoso é atormentado pelo remorso; fenômeno da concordância entre esses dois termos essenciais da
Muitos sertanistas foram mortos pelos índios; Construíram-se oração. Então têm por características básicas: apresentar-se como
açudes. (= Açudes foram construídos.) elemento determinado em relação ao sujeito; apontar um atributo
Agente e Paciente: quando o sujeito faz a ação expressa por ou acrescentar nova informação ao sujeito. Exemplos:
um verbo reflexivo e ele mesmo sofre ou recebe os efeitos dessa
ação: O operário feriu-se durante o trabalho; Regina trancou-se Carolina conhece os índios da Amazônia.
no quarto. sujeito: Carolina = termo determinante
predicado: conhece os índios da Amazônia = termo determinado
Indeterminado: quando não se indica o agente da ação verbal:
Atropelaram uma senhora na esquina. (Quem atropelou a senhora? Todos nós fazemos parte da quadrilha de São João.
Não se diz, não se sabe quem a atropelou.); Come-se bem naquele sujeito: todos nós = termo determinante
restaurante. predicado: fazemos parte da quadrilha de São João = termo
Observações: determinado
- Não confundir sujeito indeterminado com sujeito oculto.
- Sujeito formado por pronome indefinido não é indetermina- Nesses exemplos podemos observar que a concordância é
do, mas expresso: Alguém me ensinará o caminho. Ninguém lhe estabelecida entre algumas poucas palavras dos dois termos es-
senciais. No primeiro exemplo, entre “Carolina” e “conhece”; no
telefonou.
segundo exemplo, entre “nós” e “fazemos”. Isso se dá porque a
- Assinala-se a indeterminação do sujeito usando-se o verbo concordância é centrada nas palavras que são núcleos, isto é, que
na 3ª pessoa do plural, sem referência a qualquer agente já ex- são responsáveis pela principal informação naquele segmento. No
presso nas orações anteriores: Na rua olhavam-no com admiração; predicado o núcleo pode ser de dois tipos: um nome, quase sempre
“Bateram palmas no portãozinho da frente.”; “De qualquer modo, um atributo que se refere ao sujeito da oração, ou um verbo (ou
foi uma judiação matarem a moça.” locução verbal). No primeiro caso, temos um predicado nominal
- Assinala-se a indeterminação do sujeito com um verbo ativo (seu núcleo significativo é um nome, substantivo, adjetivo, pro-
na 3ª pessoa do singular, acompanhado do pronome se. O prono- nome, ligado ao sujeito por um verbo de ligação) e no segundo
um predicado verbal (seu núcleo é um verbo, seguido, ou não,
me se, neste caso, é índice de indeterminação do sujeito. Pode ser
de complemento(s) ou termos acessórios). Quando, num mes-
omitido junto de infinitivos. mo segmento o nome e o verbo são de igual importância, ambos
Aqui vive-se bem. constituem o núcleo do predicado e resultam no tipo de predicado
Devagar se vai ao longe. verbo-nominal (tem dois núcleos significativos: um verbo e um
Quando se é jovem, a memória é mais vivaz. nome). Exemplos:
Trata-se de fenômenos que nem a ciência sabe explicar.

Didatismo e Conhecimento 52
LÍNGUA PORTUGUESA
Minha empregada é desastrada. “Não simpatizava com as pessoas investidas no poder.” (Ca-
predicado: é desastrada milo Castelo Branco)
núcleo do predicado: desastrada = atributo do sujeito
tipo de predicado: nominal Observe que, sem os seus complementos, os verbos puxou, in-
vejo, aspiro, etc., não transmitiriam informações completas: puxou
O núcleo do predicado nominal chama-se predicativo do o quê? Não invejo a quem? Não aspiro a que?
sujeito, porque atribui ao sujeito uma qualidade ou característica. Os verbos de predicação completa denominam-se intransiti-
Os verbos de ligação (ser, estar, parecer, etc.) funcionam como vos e os de predicação incompleta, transitivos. Os verbos transiti-
um elo entre o sujeito e o predicado. vos subdividem-se em: transitivos diretos, transitivos indiretos
e transitivos diretos e indiretos (bitransitivos).
A empreiteira demoliu nosso antigo prédio. Além dos verbos transitivos e intransitivos, quem encerram
predicado: demoliu nosso antigo prédio uma noção definida, um conteúdo significativo, existem os de li-
núcleo do predicado: demoliu = nova informação sobre o
gação, verbos que entram na formação do predicado nominal, re-
sujeito
lacionando o predicativo com o sujeito.
tipo de predicado: verbal
Quanto à predicação classificam-se, pois os verbos em:
Os manifestantes desciam a rua desesperados.
predicado: desciam a rua desesperados Intransitivos: são os que não precisam de complemento, pois
núcleos do predicado: desciam = nova informação sobre o têm sentido completo.
sujeito; desesperados = atributo do sujeito “Três contos bastavam, insistiu ele.” (Machado de Assis)
tipo de predicado: verbo-nominal “Os guerreiros Tabajaras dormem.” (José de Alencar)
“A pobreza e a preguiça andam sempre em companhia.”
Nos predicados verbais e verbo-nominais o verbo é respon- (Marquês de Maricá)
sável também por definir os tipos de elementos que aparecerão no
segmento. Em alguns casos o verbo sozinho basta para compor o Observações: Os verbos intransitivos podem vir acompanha-
predicado (verbo intransitivo). Em outros casos é necessário um dos de um adjunto adverbial e mesmo de um predicativo (quali-
complemento que, juntamente com o verbo, constituem a nova in- dade, características): Fui cedo; Passeamos pela cidade; Cheguei
formação sobre o sujeito. De qualquer forma, esses complementos atrasado; Entrei em casa aborrecido. As orações formadas com
do verbo não interferem na tipologia do predicado. verbos intransitivos não podem “transitar” (= passar) para a voz
Entretanto, é muito comum a elipse (ou omissão) do verbo, passiva. Verbos intransitivos passam, ocasionalmente, a transitivos
quando este puder ser facilmente subentendido, em geral por estar quando construídos com o objeto direto ou indireto.
expresso ou implícito na oração anterior. Exemplos: - “Inutilmente a minha alma o chora!” (Cabral do Nascimento)
- “Depois me deitei e dormi um sono pesado.” (Luís Jardim)
“A fraqueza de Pilatos é enorme, a ferocidade dos algozes - “Morrerás morte vil da mão de um forte.” (Gonçalves Dias)
inexcedível.” (Machado de Assis) (Está subentendido o verbo é - “Inútil tentativa de viajar o passado, penetrar no mundo que
depois de algozes) já morreu...” (Ciro dos Anjos)
“Mas o sal está no Norte, o peixe, no Sul” (Paulo Moreira da
Silva) (Subentende-se o verbo está depois de peixe) Alguns verbos essencialmente intransitivos: anoitecer, cres-
“A cidade parecia mais alegre; o povo, mais contente.” (Povi- cer, brilhar, ir, agir, sair, nascer, latir, rir, tremer, brincar, chegar,
na Cavalcante) (isto é: o povo parecia mais contente) vir, mentir, suar, adoecer, etc.
Chama-se predicação verbal o modo pelo qual o verbo forma
Transitivos Diretos: são os que pedem um objeto direto, isto
o predicado.
é, um complemento sem preposição. Pertencem a esse grupo: jul-
Há verbos que, por natureza, tem sentido completo, podendo,
gar, chamar, nomear, eleger, proclamar, designar, considerar, de-
por si mesmos, constituir o predicado: são os verbos de predicação
clarar, adotar, ter, fazer, etc. Exemplos:
completa denominados intransitivos. Exemplo:
Comprei um terreno e construí a casa.
As flores murcharam. “Trabalho honesto produz riqueza honrada.” (Marquês de
Os animais correm. Maricá)
As folhas caem. “Então, solenemente Maria acendia a lâmpada de sábado.”
“Os inimigos de Moreiras rejubilaram.” (Graciliano Ramos) (Guedes de Amorim)

Outros verbos há, pelo contrário, que para integrarem o pre- Dentre os verbos transitivos diretos merecem destaque os que
dicado necessitam de outros termos: são os verbos de predicação formam o predicado verbo nominal e se constrói com o comple-
incompleta, denominados transitivos. Exemplos: mento acompanhado de predicativo. Exemplos:
Consideramos o caso extraordinário.
João puxou a rede. Inês trazia as mãos sempre limpas.
“Não invejo os ricos, nem aspiro à riqueza.” (Oto Lara Re- O povo chamava-os de anarquistas.
sende) Julgo Marcelo incapaz disso.

Didatismo e Conhecimento 53
LÍNGUA PORTUGUESA
Observações: Os verbos transitivos diretos, em geral, podem Observações: Os verbos de ligação não servem apenas de ane-
ser usados também na voz passiva; Outra características desses xo, mas exprimem ainda os diversos aspectos sob os quais se con-
verbos é a de poderem receber como objeto direto, os pronomes sidera a qualidade atribuída ao sujeito. O verbo ser, por exemplo,
o, a, os, as: convido-o, encontro-os, incomodo-a, conheço-as; Os traduz aspecto permanente e o verbo estar, aspecto transitório: Ele
verbos transitivos diretos podem ser construídos acidentalmen- é doente. (aspecto permanente); Ele está doente. (aspecto transitó-
te, com preposição, a qual lhes acrescenta novo matiz semânti- rio). Muito desses verbos passam à categoria dos intransitivos em
co: arrancar da espada; puxar da faca; pegar de uma ferramenta; frases como: Era =existia) uma vez uma princesa.; Eu não estava
tomar do lápis; cumprir com o dever; Alguns verbos transitivos em casa.; Fiquei à sombra.; Anda com dificuldades.; Parece que
diretos: abençoar, achar, colher, avisar, abraçar, comprar, castigar, vai chover.
contrariar, convidar, desculpar, dizer, estimar, elogiar, entristecer,
encontrar, ferir, imitar, levar, perseguir, prejudicar, receber, saldar, Os verbos, relativamente à predicação, não têm classificação
socorrer, ter, unir, ver, etc. fixa, imutável. Conforme a regência e o sentido que apresentam
Transitivos Indiretos: são os que reclamam um complemento
na frase, podem pertencer ora a um grupo, ora a outro. Exemplo:
regido de preposição, chamado objeto indireto. Exemplos:
O homem anda. (intransitivo)
“Ninguém perdoa ao quarentão que se apaixona por uma ado-
O homem anda triste. (de ligação)
lescente.” (Ciro dos Anjos)
“Populares assistiam à cena aparentemente apáticos e neu-
tros.” (Érico Veríssimo) O cego não vê. (intransitivo)
“Lúcio não atinava com essa mudança instantânea.” (José O cego não vê o obstáculo. (transitivo direto)
Américo)
“Do que eu mais gostava era do tempo do retiro espiritual.” Deram 12 horas. (intransitivo)
(José Geraldo Vieira) A terra dá bons frutos. (transitivo direto)

Observações: Entre os verbos transitivos indiretos importa Não dei com a chave do enigma. (transitivo indireto)
distinguir os que se constroem com os pronomes objetivos lhe, Os pais dão conselhos aos filhos. (transitivo direto e indireto)
lhes. Em geral são verbos que exigem a preposição a: agradar-lhe,
agradeço-lhe, apraz lhe, bate-lhe, desagrada-lhe, desobedecem- Predicativo: Há o predicativo do sujeito e o predicativo do
-lhe, etc. Entre os verbos transitivos indiretos importa distinguir os objeto.
que não admitem para objeto indireto as formas oblíquas lhe, lhes,
construindo-se com os pronomes retos precedidos de preposição: Predicativo do Sujeito: é o termo que exprime um atributo,
aludir a ele, anuir a ele, assistir a ela, atentar nele, depender dele, um estado ou modo de ser do sujeito, ao qual se prende por um
investir contra ele, não ligar para ele, etc. verbo de ligação, no predicado nominal. Exemplos:
Em princípio, verbos transitivos indiretos não comportam a A bandeira é o símbolo da Pátria.
forma passiva. Excetuam-se pagar, perdoar, obedecer, e pouco A mesa era de mármore.
mais, usados também como transitivos diretos: João paga (perdoa, O mar estava agitado.
obedece) o médico. O médico é pago (perdoado, obedecido) por A ilha parecia um monstro.
João. Há verbos transitivos indiretos, como atirar, investir, conten-
tar-se, etc., que admitem mais de uma preposição, sem mudança Além desse tipo de predicativo, outro existe que entra na
de sentido. Outros mudam de sentido com a troca da preposição, constituição do predicado verbo-nominal. Exemplos:
como nestes exemplos: Trate de sua vida. (tratar=cuidar). É desa- O trem chegou atrasado. (=O trem chegou e estava atrasado.)
gradável tratar com gente grosseira. (tratar=lidar). Verbos como O menino abriu a porta ansioso.
aspirar, assistir, dispor, servir, etc., variam de significação confor-
Todos partiram alegres.
me sejam usados como transitivos diretos ou indiretos.
Marta entrou séria.
Transitivos Diretos e Indiretos: são os que se usam com dois
Observações: O predicativo subjetivo às vezes está preposi-
objetos: um direto, outro indireto, concomitantemente. Exemplos:
No inverso, Dona Cléia dava roupas aos pobres. cionado; Pode o predicativo preceder o sujeito e até mesmo ao
A empresa fornece comida aos trabalhadores. verbo: São horríveis essas coisas!; Que linda estava Amélia!;
Oferecemos flores à noiva. Completamente feliz ninguém é.; Raros são os verdadeiros líde-
Ceda o lugar aos mais velhos. res.; Quem são esses homens?; Lentos e tristes, os retirantes iam
passando.; Novo ainda, eu não entendia certas coisas.; Onde está
De Ligação: Os que ligam ao sujeito uma palavra ou expres- a criança que fui?
são chamada predicativo. Esses verbos, entram na formação do
predicado nominal. Exemplos: Predicativo do Objeto: é o termo que se refere ao objeto de
A Terra é móvel. um verbo transitivo. Exemplos:
A água está fria. O juiz declarou o réu inocente.
O moço anda (=está) triste. O povo elegeu-o deputado.
Mário encontra-se doente. As paixões tornam os homens cegos.
A Lua parecia um disco. Nós julgamos o fato milagroso.

Didatismo e Conhecimento 54
LÍNGUA PORTUGUESA
Observações: O predicativo objetivo, como vemos dos exem- Objeto Direto Preposicionado: Há casos em que o objeto
plos acima, às vezes vem regido de preposição. Esta, em certos direto, isto é, o complemento de verbos transitivos diretos, vem
casos, é facultativa; O predicativo objetivo geralmente se refere precedido de preposição, geralmente a preposição a. Isto ocorre
ao objeto direto. Excepcionalmente, pode referir-se ao objeto in- principalmente:
direto do verbo chamar. Chamavam-lhe poeta; Podemos antepor - Quando o objeto direto é um pronome pessoal tônico: Deste
o predicativo a seu objeto: O advogado considerava indiscutíveis modo, prejudicas a ti e a ela.; “Mas dona Carolina amava mais a
os direitos da herdeira.; Julgo inoportuna essa viagem.; “E até ele do que aos outros filhos.”; “Pareceu-me que Roberto hostiliza-
embriagado o vi muitas vezes.”; “Tinha estendida a seus pés uma va antes a mim do que à ideia.”; “Ricardina lastimava o seu amigo
planta rústica da cidade.”; “Sentia ainda muito abertos os ferimen- como a si própria.”; “Amava-a tanto como a nós”.
tos que aquele choque com o mundo me causara.” - Quando o objeto é o pronome relativo quem: “Pedro Seve-
riano tinha um filho a quem idolatrava.”; “Abraçou a todos; deu
Termos Integrantes da Oração um beijo em Adelaide, a quem felicitou pelo desenvolvimento
Chamam-se termos integrantes da oração os que completam das suas graças.”; “Agora sabia que podia manobrar com ele, com
a significação transitiva dos verbos e nomes. Integram (inteiram, aquele homem a quem na realidade também temia, como todos
completam) o sentido da oração, sendo por isso indispensável à ali”.
compreensão do enunciado. São os seguintes: - Quando precisamos assegurar a clareza da frase, evitando
- Complemento Verbais (Objeto Direto e Objeto Indireto); que o objeto direto seja tomado como sujeito, impedindo constru-
- Complemento Nominal; ções ambíguas: Convence, enfim, ao pai o filho amado.; “Vence
- Agente da Passiva. o mal ao remédio.”; “Tratava-me sem cerimônia, como a um ir-
Objeto Direto: é o complemento dos verbos de predicação mão.”; A qual delas iria homenagear o cavaleiro?
incompleta, não regido, normalmente, de preposição. Exemplos: - Em expressões de reciprocidade, para garantir a clareza e a
As plantas purificaram o ar. eufonia da frase: “Os tigres despedaçam-se uns aos outros.”; “As
“Nunca mais ele arpoara um peixe-boi.” (Ferreira Castro) companheiras convidavam-se umas às outras.”; “Era o abraço de
Procurei o livro, mas não o encontrei. duas criaturas que só tinham uma à outra”.
- Com nomes próprios ou comuns, referentes a pessoas, prin-
Ninguém me visitou.
cipalmente na expressão dos sentimentos ou por amor da eufonia
da frase: Judas traiu a Cristo.; Amemos a Deus sobre todas as
O objeto direto tem as seguintes características:
coisas. “Provavelmente, enganavam é a Pedro.”; “O estrangeiro
- Completa a significação dos verbos transitivos diretos;
foi quem ofendeu a Tupã”.
- Normalmente, não vem regido de preposição;
- Em construções enfáticas, nas quais antecipamos o objeto
- Traduz o ser sobre o qual recai a ação expressa por um verbo
direto para dar-lhe realce: A você é que não enganam!; A médico,
ativo: Caim matou Abel. confessor e letrado nunca enganes.; “A este confrade conheço
- Torna-se sujeito da oração na voz passiva: Abel foi morto desde os seus mais tenros anos”.
por Caim. - Sendo objeto direto o numeral ambos(as): “O aguaceiro caiu,
molhou a ambos.”; “Se eu previsse que os matava a ambos...”.
O objeto direto pode ser constituído: - Com certos pronomes indefinidos, sobretudo referentes a
- Por um substantivo ou expressão substantivada: O lavrador pessoas: Se todos são teus irmãos, por que amas a uns e odeias a
cultiva a terra.; Unimos o útil ao agradável. outros?; Aumente a sua felicidade, tornando felizes também aos
- Pelos pronomes oblíquos o, a, os, as, me, te, se, nos, vos: outros.; A quantos a vida ilude!.
Espero-o na estação.; Estimo-os muito.; Sílvia olhou-se ao espe- - Em certas construções enfáticas, como puxar (ou arrancar)
lho.; Não me convidas?; Ela nos chama.; Avisamo-lo a tempo.; da espada, pegar da pena, cumprir com o dever, atirar com os li-
Procuram-na em toda parte.; Meu Deus, eu vos amo.; “Marchei vros sobre a mesa, etc.: “Arrancam das espadas de aço fino...”;
resolutamente para a maluca e intimei-a a ficar quieta.”; “Vós ha- “Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da
veis de crescer, perder-vos-ei de vista.” linha, enfiou a linha na agulha e entrou a coser.”; “Imagina-se a
- Por qualquer pronome substantivo: Não vi ninguém na loja.; consternação de Itaguaí, quando soube do caso.”
A árvore que plantei floresceu. (que: objeto direto de plantei);
Onde foi que você achou isso? Quando vira as folhas do livro, Observações: Nos quatro primeiros casos estudados a prepo-
ela o faz com cuidado.; “Que teria o homem percebido nos meus sição é de rigor, nos cinco outros, facultativa; A substituição do
escritos?” objeto direto preposicionado pelo pronome oblíquo átono, quando
possível, se faz com as formas o(s), a(s) e não lhe, lhes: amar a
Frequentemente transitivam-se verbos intransitivos, dando-se Deus (amá-lo); convencer ao amigo (convencê-lo); O objeto dire-
lhes por objeto direto uma palavra cognata ou da mesma esfera to preposicionado, é obvio, só ocorre com verbo transitivo direto;
semântica: Podem resumir-se em três as razões ou finalidades do emprego do
“Viveu José Joaquim Alves vida tranquila e patriarcal.” (Vi- objeto direto preposicionado: a clareza da frase; a harmonia da
valdo Coaraci) frase; a ênfase ou a força da expressão.
“Pela primeira vez chorou o choro da tristeza.” (Aníbal Ma-
chado) Objeto Direto Pleonástico: Quando queremos dar destaque
“Nenhum de nós pelejou a batalha de Salamina.” (Machado ou ênfase à idéia contida no objeto direto, colocamo-lo no início
de Assis) da frase e depois o repetimos ou reforçamos por meio do pronome
Em tais construções é de rigor que o objeto venha acompanha- oblíquo. A esse objeto repetido sob forma pronominal chama-se
do de um adjunto. pleonástico, enfático ou redundante. Exemplos:

Didatismo e Conhecimento 55
LÍNGUA PORTUGUESA
O dinheiro, Jaime o trazia escondido nas mangas da camisa. Observações: O complemento nominal representa o recebe-
O bem, muitos o louvam, mas poucos o seguem. dor, o paciente, o alvo da declaração expressa por um nome: amor
“Seus cavalos, ela os montava em pêlo.” (Jorge Amado) a Deus, a condenação da violência, o medo de assaltos, a remessa
de cartas, útil ao homem, compositor de músicas, etc. É regido
Objeto Indireto: É o complemento verbal regido de preposi- pelas mesmas preposições usadas no objeto indireto. Difere des-
ção necessária e sem valor circunstancial. Representa, ordinaria- te apenas porque, em vez de complementar verbos, complementa
mente, o ser a que se destina ou se refere a ação verbal: “Nunca nomes (substantivos, adjetivos) e alguns advérbios em –mente. A
desobedeci a meu pai”. O objeto indireto completa a significação nomes que requerem complemento nominal correspondem, ge-
dos verbos:
ralmente, verbos de mesmo radical: amor ao próximo, amar o
- Transitivos Indiretos: Assisti ao jogo; Assistimos à missa e
próximo; perdão das injúrias, perdoar as injúrias; obediente aos
à festa; Aludiu ao fato; Aspiro a uma vida calma.
pais, obedecer aos pais; regresso à pátria, regressar à pátria; etc.
- Transitivos Diretos e Indiretos (na voz ativa ou passiva):
Dou graças a Deus; Ceda o lugar aos mais velhos; Dedicou sua Agente da Passiva: é o complemento de um verbo na voz pas-
vida aos doentes e aos pobres; Disse-lhe a verdade. (Disse a ver- siva. Representa o ser que pratica a ação expressa pelo verbo passi-
dade ao moço.) vo. Vem regido comumente pela preposição por, e menos frequen-
temente pela preposição de: Alfredo é estimado pelos colegas; A
O objeto indireto pode ainda acompanhar verbos de outras ca- cidade estava cercada pelo exército romano; “Era conhecida de
tegorias, os quais, no caso, são considerados acidentalmente tran- todo mundo a fama de suas riquezas.”
sitivos indiretos: A bom entendedor meia palavra basta; Sobram-
-lhe qualidades e recursos. (lhe=a ele); Isto não lhe convém; A O agente da passiva pode ser expresso pelos substantivos ou
proposta pareceu-lhe aceitável. pelos pronomes:
As flores são umedecidas pelo orvalho.
Observações: Há verbos que podem construir-se com dois ob- A carta foi cuidadosamente corrigida por mim.
jetos indiretos, regidos de preposições diferentes: Rogue a Deus Muitos já estavam dominados por ele.
por nós.; Ela queixou-se de mim a seu pai.; Pedirei para ti a
meu senhor um rico presente; Não confundir o objeto direto com
O agente da passiva corresponde ao sujeito da oração na voz
o complemento nominal nem com o adjunto adverbial; Em frases
ativa:
como “Para mim tudo eram alegrias”, “Para ele nada é impossí-
vel”, os pronomes em destaque podem ser considerados adjuntos A rainha era chamada pela multidão. (voz passiva)
adverbiais. A multidão aclamava a rainha. (voz ativa)
Ele será acompanhado por ti. (voz passiva)
O objeto indireto é sempre regido de preposição, expressa ou Tu o acompanharás. (voz ativa)
implícita. A preposição está implícita nos pronomes objetivos in-
diretos (átonos) me, te, se, lhe, nos, vos, lhes. Exemplos: Obedece- Observações: Frase de forma passiva analítica sem comple-
-me. (=Obedece a mim.); Isto te pertence. (=Isto pertence a ti.); mento agente expresso, ao passar para a ativa, terá sujeito inde-
Rogo-lhe que fique. (=Rogo a você...); Peço-vos isto. (=Peço isto terminado e o verbo na 3ª pessoa do plural: Ele foi expulso da
a vós.). Nos demais casos a preposição é expressa, como carac- cidade. (Expulsaram-no da cidade.); As florestas são devastadas.
terística do objeto indireto: Recorro a Deus.; Dê isto a (ou para) (Devastam as florestas.); Na passiva pronominal não se declara o
ele.; Contenta-se com pouco.; Ele só pensa em si.; Esperei por ti.; agente: Nas ruas assobiavam-se as canções dele pelos pedestres.
Falou contra nós.; Conto com você.; Não preciso disto.; O filme (errado); Nas ruas eram assobiadas as canções dele pelos pedes-
a que assisti agradou ao público.; Assisti ao desenrolar da luta.; tres. (certo); Assobiavam-se as canções dele nas ruas. (certo)
A coisa de que mais gosto é pescar.; A pessoa a quem me refiro
você a conhece.; Os obstáculos contra os quais luto são muitos.; Termos Acessórios da Oração
As pessoas com quem conto são poucas.
Termos acessórios são os que desempenham na oração uma
Como atestam os exemplos acima, o objeto indireto é repre-
sentado pelos substantivos (ou expressões substantivas) ou pelos função secundária, qual seja a de caracterizar um ser, determinar
pronomes. As preposições que o ligam ao verbo são: a, com, con- os substantivos, exprimir alguma circunstância. São três os ter-
tra, de, em, para e por. mos acessórios da oração: adjunto adnominal, adjunto adverbial
e aposto.
Objeto Indireto Pleonástico: à semelhança do objeto direto, o
objeto indireto pode vir repetido ou reforçado, por ênfase. Exem- Adjunto adnominal: É o termo que caracteriza ou determina
plos: “A mim o que me deu foi pena.”; “Que me importa a mim o os substantivos. Exemplo: Meu irmão veste roupas vistosas. (Meu
destino de uma mulher tísica...? “E, aos brigões, incapazes de se determina o substantivo irmão: é um adjunto adnominal – vistosas
moverem, basta-lhes xingarem-se a distância.” caracteriza o substantivo roupas: é também adjunto adnominal).
O adjunto adnominal pode ser expresso: Pelos adjetivos: água
Complemento Nominal: é o termo complementar reclamado fresca, terras férteis, animal feroz; Pelos artigos: o mundo, as
pela significação transitiva, incompleta, de certos substantivos, ad- ruas, um rapaz; Pelos pronomes adjetivos: nosso tio, este lugar,
jetivos e advérbios. Vem sempre regido de preposição. Exemplos: pouco sal, muitas rãs, país cuja história conheço, que rua?; Pelos
A defesa da pátria; Assistência às aulas; “O ódio ao mal é amor numerais: dois pés, quinto ano, capítulo sexto; Pelas locuções ou
do bem, e a ira contra o mal, entusiasmo divino.”; “Ah, não fosse expressões adjetivas que exprimem qualidade, posse, origem, fim
ele surdo à minha voz!” ou outra especificação:

Didatismo e Conhecimento 56
LÍNGUA PORTUGUESA
- presente de rei (=régio): qualidade O dia amanheceu chuvoso, o que me obrigou a ficar em casa.
- livro do mestre, as mãos dele: posse, pertença
- água da fonte, filho de fazendeiros: origem O aposto não pode ser formado por adjetivos. Nas frases se-
- fio de aço, casa de madeira: matéria guintes, por exemplo, não há aposto, mas predicativo do sujeito:
- casa de ensino, aulas de inglês: fim, especialidade Audaciosos, os dois surfistas atiraram-se às ondas.
- homem sem escrúpulos (=inescrupuloso): qualidade As borboletas, leves e graciosas, esvoaçavam num balé de
- criança com febre (=febril): característica cores.
- aviso do diretor: agente
Os apostos, em geral, destacam-se por pausas, indicadas, na
Observações: Não confundir o adjunto adnominal formado escrita, por vírgulas, dois pontos ou travessões. Não havendo pau-
por locução adjetiva com complemento nominal. Este represen- sa, não haverá vírgula, como nestes exemplos:
ta o alvo da ação expressa por um nome transitivo: a eleição do Minha irmã Beatriz; o escritor João Ribeiro; o romance Tóia;
presidente, aviso de perigo, declaração de guerra, empréstimo o rio Amazonas; a Rua Osvaldo Cruz; o Colégio Tiradentes, etc.
de dinheiro, plantio de árvores, colheita de trigo, destruidor de “Onde estariam os descendentes de Amaro vaqueiro?” (Gra-
matas, descoberta de petróleo, amor ao próximo, etc. O adjunto ciliano Ramos)
adnominal formado por locução adjetiva representa o agente da
ação, ou a origem, pertença, qualidade de alguém ou de alguma O aposto pode preceder o termo a que se refere, o qual, às
coisa: o discurso do presidente, aviso de amigo, declaração do vezes, está elíptico. Exemplos:
ministro, empréstimo do banco, a casa do fazendeiro, folhas de Rapaz impulsivo, Mário não se conteve.
árvores, farinha de trigo, beleza das matas, cheiro de petróleo, Mensageira da idéia, a palavra é a mais bela expressão da
amor de mãe. alma humana.
“Irmão do mar, do espaço, amei as solidões sobre os roche-
Adjunto adverbial: É o termo que exprime uma circunstância dos ásperos.” (Cabral do Nascimento)(refere-se ao sujeito oculto
(de tempo, lugar, modo, etc.) ou, em outras palavras, que modifica eu).
o sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio. Exemplo: “Meninas
numa tarde brincavam de roda na praça”. O adjunto adverbial O aposto, às vezes, refere-se a toda uma oração. Exemplos:
é expresso: Pelos advérbios: Cheguei cedo.; Ande devagar.; Ma- Nuvens escuras borravam os espaços silenciosos, sinal de
ria é mais alta.; Não durma ao volante.; Moramos aqui.; Ele fala tempestade iminente.
bem, fala corretamente.; Volte bem depressa.; Talvez esteja en- O espaço é incomensurável, fato que me deixa atônito.
ganado.; Pelas locuções ou expressões adverbiais: Às vezes viaja- Simão era muito espirituoso, o que me levava a preferir sua
va de trem.; Compreendo sem esforço.; Saí com meu pai.; Júlio companhia.
reside em Niterói.; Errei por distração.; Escureceu de repente.
Um aposto pode referir-se a outro aposto:
Observações: Pode ocorrer a elipse da preposição antes de
“Serafim Gonçalves casou-se com Lígia Tavares, filha do ve-
adjuntos adverbiais de tempo e modo: Aquela noite, não dormi.
lho coronel Tavares, senhor de engenho.” (Ledo Ivo)
(=Naquela noite...); Domingo que vem não sairei. (=No domin-
go...); Ouvidos atentos, aproximei-me da porta. (=De ouvidos
O aposto pode vir precedido das expressões explicativas isto
atentos...); Os adjuntos adverbiais classificam-se de acordo com as
é, a saber, ou da preposição acidental como:
circunstâncias que exprimem: adjunto adverbial de lugar, modo,
Dois países sul-americanos, isto é, a Bolívia e o Paraguai,
tempo, intensidade, causa, companhia, meio, assunto, negação,
etc; É importante saber distinguir adjunto adverbial de adjunto ad- não são banhados pelo mar.
nominal, de objeto indireto e de complemento nominal: sair do Este escritor, como romancista, nunca foi superado.
mar (ad.adv.); água do mar (adj.adn.); gosta do mar (obj.indir.);
ter medo do mar (compl.nom.). O aposto que se refere a objeto indireto, complemento nomi-
nal ou adjunto adverbial vem precedido de preposição:
Aposto: É uma palavra ou expressão que explica ou esclarece, O rei perdoou aos dois: ao fidalgo e ao criado.
desenvolve ou resume outro termo da oração. Exemplos: “Acho que adoeci disso, de beleza, da intensidade das coi-
D. Pedro II, imperador do Brasil, foi um monarca sábio. sas.” (Raquel Jardim)
“Nicanor, ascensorista, expôs-me seu caso de consciência.” De cobras, morcegos, bichos, de tudo ela tinha medo.
(Carlos Drummond de Andrade)
“No Brasil, região do ouro e dos escravos, encontramos a Vocativo: (do latim vocare = chamar) é o termo (nome, título,
felicidade.” (Camilo Castelo Branco) apelido) usado para chamar ou interpelar a pessoa, o animal ou a
“No fundo do mato virgem nasceu Macunaíma, herói de nos- coisa personificada a que nos dirigimos:
sa gente.” (Mário de Andrade) “Elesbão? Ó Elesbão! Venha ajudar-nos, por favor!” (Maria
de Lourdes Teixeira)
O núcleo do aposto é um substantivo ou um pronome subs- “A ordem, meus amigos, é a base do governo.” (Machado de
tantivo: Assis)
Foram os dois, ele e ela. “Correi, correi, ó lágrimas saudosas!” (fagundes Varela)
Só não tenho um retrato: o de minha irmã. “Ei-lo, o teu defensor, ó Liberdade!” (Mendes Leal)

Didatismo e Conhecimento 57
LÍNGUA PORTUGUESA
Observação: Profere-se o vocativo com entoação exclamativa. 06. “Usando do direito que lhe confere a Constituição”, as
Na escrita é separado por vírgula(s). No exemplo inicial, os pontos palavras grifadas exercem a função respectivamente de:
interrogativo e exclamativo indicam um chamado alto e prolonga- a) objeto direto – objeto direto;
do. O vocativo se refere sempre à 2ª pessoa do discurso, que pode b) sujeito – objeto direto;
ser uma pessoa, um animal, uma coisa real ou entidade abstrata c) objeto direto – sujeito;
personificada. Podemos antepor-lhe uma interjeição de apelo (ó, d) sujeito – sujeito;
olá, eh!):
e) objeto direto – objeto indireto.
“Tem compaixão de nós , ó Cristo!” (Alexandre Herculano)
“Ó Dr. Nogueira, mande-me cá o Padilha, amanhã!” (Graci-
07. “Recebeu o prêmio o jogador que fez o gol”. Nessa frase
liano Ramos)
“Esconde-te, ó sol de maio, ó alegria do mundo!” (Camilo o sujeito de “fez”?
Castelo Branco) a) o prêmio;
O vocativo é um tempo à parte. Não pertence à estrutura da b) o jogador;
oração, por isso não se anexa ao sujeito nem ao predicado. c) que;
d) o gol;
Exercícios e) recebeu.

01. Considere a frase “Ele andava triste porque não encon- 08. Assinale a alternativa correspondente ao período onde há
trava a companheira” – os verbos grifados são respectivamente: predicativo do sujeito:
a) transitivo direto – de ligação; a) como o povo anda tristonho!
b) de ligação – intransitivo; b) agradou ao chefe o novo funcionário;
c) de ligação – transitivo indireto; c) ele nos garantiu que viria;
d) transitivo direto – transitivo indireto;
d) no Rio não faltam diversões;
e) de ligação – transitivo direto.
e) o aluno ficou sabendo hoje cedo de sua aprovação.
02. Indique a única alternativa que não apresenta agente da
passiva: 09. Em: “Cravei-lhe os dentes na carne, com toda a força que
a) A casa foi construída por nós. eu tinha”, a palavra “que” tem função morfossintática de:
b) O presidente será eleito pelo povo. a) pronome relativo – sujeito;
c) Ela será coroada por ti. b) conjunção subordinada – conectivo;
d) O avô era querido por todos. c) conjunção subordinada – complemento verbal;
e) Ele foi eleito por acaso. d) pronome relativo – objeto direto;
e) conjunção subordinada – objeto direto.
03. Em: “A terra era povoada de selvagens”, o termo grifado
é: 10. Assinale a alternativa em que a expressão grifada tem a
a) objeto direto; função de complemento nominal:
b) objeto indireto; a) a curiosidade do homem incentiva-o a pesquisa;
c) agente da passiva;
b) a cidade de Londres merece ser conhecida por todos;
d) complemento nominal;
c) o respeito ao próximo é dever de todos;
e) adjunto adverbial.
d) o coitado do velho mendigava pela cidade;
04. Em: “Dulce considerou calada, por um momento, aquele e) o receio de errar dificultava o aprendizado das línguas.
horrível delírio”, os termos grifados são respectivamente:
a) objeto direto – objeto direto; Respostas: 01-E / 02-E / 03-C / 04-C / 05-C / 06-E / 07-C /
b) predicativo do sujeito – adjunto adnominal; 08-A / 09-D / 10-C /
c) adjunto adverbial – objeto direto;
d) adjunto adverbial – adjunto adnominal;
e) objeto indireto – objeto direto.
8. DISCURSO DIRETO E INDIRETO;
05. Assinale a alternativa correta: “para todos os males, há
dois remédios: o tempo e o silêncio”, os termos grifados são res-
pectivamente: Num texto, as personagens falam, conversam entre si, expõem
a) sujeito – objeto direto;
ideias. Quando o narrador conta o que elas disseram, insere na
b) sujeito – aposto;
narrativa uma fala que não é de sua autoria, cita o discurso alheio.
c) objeto direto – aposto;
Há três maneiras principais de reproduzir a fala das personagens:
d) objeto direto – objeto direto;
e) objeto direto – complemento nominal. o discurso direto, o discurso indireto e o discurso indireto livre.

Didatismo e Conhecimento 58
LÍNGUA PORTUGUESA
Discurso Direto - As falas das personagens constituem oração subordinada
substantiva objetiva direta do verbo de dizer e, portanto, são se-
“Longe do olhos...” paradas da fala do narrador por uma partícula introdutória normal-
mente “que” ou “se”;
- Meu pai! Disse João Aguiar com um tom de ressentimento - Os pronomes pessoais, os tempos verbais e as palavras que
que fez pasmar o comendador. indicam espaço e tempo (como pronomes demonstrativos e ad-
- Que é? Perguntou este. vérbios de lugar e de tempo) são usados e relação a narrador, ao
João Aguiar não respondeu. O comendador arrugou a testa e momento em que ele fala e ao espaço em que está.
interrogou o roto mudo do filho. Não leu, mais adivinhou alguma
coisa desastrosa; desastrosa, entenda-se, para os cálculos conjun- Passagem do Discurso Direto para o Discurso Indireto
to-políticos ou políticos-conjugais, como melhor nome haja.
- Dar-se-á caso que... começou a dizer comendador. Pedro disse:
- Que eu namore? Interrompeu galhofeiramente o filho. - Eu estarei aqui amanhã.
Machado de Assis. Contos. 26ª Ed. São Paulo, Ática, 2002, p. 43.
No discurso direto, o personagem Pedro diz “eu”; o “aqui” é
o lugar em que a personagem está; “amanhã” é o dia seguinte ao
O narrador introduz a fala das personagens, um pai e um filho,
que ele fala. Se passarmos essa frase para o discurso indireto ficará
e, em seguida, como quem passa a palavra a elas e as deixa fa- assim:
lar. Vemos que as partes introdutórias pertencem ao narrador (por
exemplo, disse João Aguiar com um tom de ressentimento que faz Pedro disse que estaria lá no dia seguinte.
pasmar o comendador) e as falas, às personagens, (por exemplo,
Meu pai!). No discurso indireto, o “eu” passa a ele porque á alguém de
O discurso direto é o expediente de citação do discurso alheio quem o narrador fala; estaria é futuro do pretérito: é um tempo re-
pela qual o narrador introduz o discurso do outro e, depois, repro- lacionado ao pretérito da fala do narrador (disse), e não ao presente
duz literalmente a fala dele. da fala do personagem, como estarei; lá é o espaço em que a perso-
As marcas do discurso são: nagem (e não o narrador) havia de estar; no dia seguinte é o dia que
vem após o momento da fala da personagem designada por ele.
- A fala das personagens é, de princípio, anunciada por um Na passagem do discurso direto para o indireto, deve-se ob-
verbo (disse e interrompeu no caso do filho e perguntou e começou servar as frases que no discurso direto tem as formas interrogati-
a dizer no caso do pai) denominado “verbo de dizer” (como re- vas, exclamativa ou imperativa convertem-se, no discurso indire-
crutar, retorquir, afirmar, obtem-perar declarar e outros do mesmo to, em orações declarativas.
tipo), que pode vir antes, no meio ou depois da fala das persona-
gens (no nosso caso, veio depois); Ela me perguntou: quem está ai?
- A fala das personagens aparece nitidamente separada da fala Ela me perguntou quem estava lá.
do narrador, por aspas, dois pontos, travessão ou vírgula;
- Os pronomes pessoais, os tempos verbais e as palavras que As interjeições e os vocativos do discurso direto desaparecem
indicam espaço e tempo (por exemplo, pronomes demonstrativos no discurso indireto ou tem seu valor semântico explicitado, isto é,
e advérbios de lugar e de tempo) são usados em relação à pessoa traduz-se o significado que elas expressam.
da personagem, ao momento em que ela fala diz “eu”, o espaço
em que ela se encontra é o aqui e o tempo em que fala é o agora. O papagaio disse: Oh! Lá vem a raposa.
O papagaio disse admirado (explicitação do valor semântico
da interjeição oh!) que ao longe vinha a raposa.
Discurso Indireto
Se o discurso citado (fala da personagem) comporta um “eu”
Observemos um fragmento do mesmo conto de Machado de ou um “tu” que não se encontram entre as pessoas do discurso
Assis: citante (fala do narrador), eles são convertidos num “ele”, se o dis-
“Um dia, Serafina recebeu uma carta de Tavares dizendo-lhe curso citado contém um “aqui” não corresponde ao lugar em que
que não voltaria mais à casa de seu pai, por este lhe haver mostra- foi proferido o discurso citante, ele é convertido num “lá”.
do má cara nas últimas vezes que ele lá estivera.”
Idem. Ibidem, p. 48. Pedro disse lá em Paris: - Aqui eu me sinto bem.

Nesse caso o narrador para citar que Tavares disse a Serafina, Eu (pessoa do discurso citado que não se encontra no discurso
usa o outro procedimento: não reproduz literalmente as palavras citante) converte-se em ele; aqui (espaço do discurso citado que é
de Tavares, mas comunica, com suas palavras, o que a personagem diferente do lugar em que foi proferido o discurso citante) trans-
diz. A fala de Tavares não chega ao leitor diretamente, mas por via forma-se em lá:
indireta, isto é, por meio das palavras do narrador. Por essa razão,
esse expediente é chamado discurso indireto. - Pedro disse que lá ele se sentia bem.
As principais marcas do discurso indireto são:
Se a pessoa do discurso citado, isto é, da fala da personagem
- As falas das personagens também vem introduzidas por um (eu, tu, ele) tem um correspondente no discurso citante, ela ocupa
verbo de dizer; o estatuto que tem nesse último.

Didatismo e Conhecimento 59
LÍNGUA PORTUGUESA
Maria declarou-me: - Eu te amo. Tomemos agora esse trecho: “Ele era bruto, sim senhor, via-
-se perfeitamente que era bruto, mas a mulher tinha miolo. Com
O “te” do discurso citado corresponde ao “me” do citante. Por certeza havia um erro no papel do branco.” Pelo conteúdo de ver-
isso, “te” passa a “me”: dade é pelo modo de dizer, tudo nos induz a vislumbrar aí a voz
de Fabiano ecoando por meio do discurso do narrador. É como se
- Maria declarou-me que me amava. o narrador, sem abandonar as marcas linguísticas próprias de sua
fala, estivesse incorporando as reclamações e suspeitas da perso-
No que se refere aos tempos, o mais comum é o que o verbo de nagem, a cuja linguagem pertencem expressões do tipo bruto, sim
senhor e a mulher tinha miolo. Até a repetição de palavras e uma
dizer esteja no presente ou no pretérito perfeito. Quando o verbo
certa entonação presumivelmente exclamativa confirmam essa in-
de dizer estiver no presente e o da fala da personagem estiver no
ferência.
presente, pretérito ou futuro do presente, os tempos mantêm-se na
Para perceber melhor o que é o discurso indireto livre, con-
passagem do discurso direto para o indireto. Se o verbo de dizer frontemos uma frase do texto com a correspondente em discurso
estiver no pretérito perfeito, as alterações que ocorrerão na fala da direito e indireto:
personagem são as seguintes:
- Discurso Indireto Livre
Discurso Direto – Discurso Indireto Estava direito aquilo?
Presente – Pretérito Imperfeito
Pretérito Perfeito – Pretérito mais-que-perfeito - Discurso Direto
Futuro do Presente – Futuro do Pretérito Fabiano perguntou: - Esta direito isto?

Joaquim disse: - Compro tudo isso. - Discurso Indireto


- Joaquim disse que comprava tudo isso. Fabiano perguntou se aquilo estava direito

Joaquim disse: - Comprei tudo isso. Essa forma de citação do discurso alheio tem características
- Joaquim disse que comprara tudo isso. próprias que são tanto do discurso direto quanto do indireto. As
características do discurso indireto livre são:
Joaquim disse: - Comprarei tudo isso.
- Não há verbos de dizer anunciando as falas das personagens;
- Joaquim disse que compraria tudo isso.
- Estas não são introduzidas por partículas como “que” e “se”
nem separadas por sinais de pontuação;
Discurso Indireto Livre - O discurso indireto livre contém, como o discurso direto,
orações interrogativas, imperativas e exclamativas, bem como in-
“(...) No dia seguinte Fabiano voltou à cidade, mas ao fe- terjeições e outros elementos expressivos;
char o negócio notou que as operações de Sinhá Vitória, como de - Os pronomes pessoais e demonstrativos, as palavras indi-
costume, diferiam das do patrão. Reclamou e obteve a explicação cadoras de espaço e de tempo são usados da mesma forma que
habitual: a diferença era proveniente de juros. no discurso indireto. Por isso, o verbo estar, do exemplo acima,
Não se conformou: devia haver engano. Ele era bruto, sim ocorre no pretérito imperfeito, e não no presente (está), como no
senhor, via-se perfeitamente que era bruto, mas a mulher tinha discurso direto. Da mesma forma o pronome demonstrativo ocorre
miolo. Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se des- na forma aquilo, como no discurso indireto.
cobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos. Passar a vida inteira
assim no toco, entregando o que era dele de mão beijada! Estava Funções dos diferentes modos de citar o discurso do outro
direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de
alforria! O discurso direto cria um efeito de sentido de verdade. Isso
Graciliano Ramos. Vidas secas. porque o leito ou ouvinte tem a impressão de que quem cita preser-
28ª Ed. São Paulo, Martins, 1971, p. 136. vou a integridade do discurso citado, ou seja, o que ele reproduziu
é autêntico. É como se ouvisse a pessoa citada com suas próprias
palavras e, portanto, com a mesma carga de subjetividade.
Nesse texto, duas vozes estão misturadas: a do narrador e a
Essa modalidade de citação permite, por exemplo, que se use
de Fabiano. Não há indicadores que delimitem muito bem onde
variante linguística da personagem como forma de fornecer pis-
começa a fala do narrador e onde se inicia a da personagem. Não
tas para caracterizá-la. Sirva de exemplo o trecho que segue, um
se tem dúvida de que o período inicial está traduzido a fala do diálogo entre personagens do meio rural, um farmacêutico e um
narrador. A bem verdade, até não se conformou (início do segundo agricultor, cuja fala é transcrita em discurso direto pelo narrador:
parágrafo), é a voz do narrador que está comandando a narrativa.
Na oração devia haver engano, já começa haver uma mistura de Um velho brônzeo apontou, em farrapos, à janela aberta o
vozes: sob o ponto de vista das marcas gramaticais, não há nenhu- azul.
ma pista para se concluir, que a voz de Fabiano é que esteja sendo - Como vai, Elesbão?
citada; sob o ponto de vista do significado, porém, pode-se pensar - Sua bênção...
numa reclamação atribuída a ele. - Cheio de doenças?

Didatismo e Conhecimento 60
LÍNGUA PORTUGUESA
- Sim sinhô. Em ambos os casos, as aspas são utilizadas para dar desta-
- De dores, de dificuldades? que a certas formas de dizer típicas das personagens citadas e para
- Sim sinhô. mostrar o modo como o narrador as interpreta. No exemplo de Eça
- De desgraças... de Queirós, “porque era o papá de seu Carlinhos” contem uma
O farmacêutico riu com um tímpano desmesurado. Você é o expressão da personagem Amélia e mostra certa dose de ironia e
malícia do narrador. No segundo exemplo, as aspas destacam a
Brasil. Depois Indagou:
insatisfação do narrador com a deselegância e o desprezo do fun-
- O que você eu Elesbão? cionário para com os clientes.
- To precisando de uns dinheirinho e duns gênor. Meu arroi- O discurso indireto livre fica a meio caminho da subjetividade
zinho tá bão, tá encanando bem. Preciso de uns mantimento pra e da objetividade. Tem muitas funções. Por exemplo, dá verossimi-
coiêta. O sinhô pode me arranjá com Nhô Salim. Depois eu vendo lhança a um texto que pretende manifestar pensamentos, desejos,
o arroiz pra ele mermo. enfim, a vida interior de uma personagem.
- Você é sério, Elesbão? Em síntese, demonstra um envolvimento tal do narrador com
- Sô sim sinhô! a personagem, que as vozes de ambos se misturam como se eles
- Quanto é que você deve pro Nhô Salim? fossem um só ou, falando de outro modo, como se o narrador tives-
- Um tiquinho. se vestido completamente a máscara da personagem, aproximan-
Oswaldo de Andrade. Marco Zero. do-a do leitor sem a marca da sua intermediação.
Veja-se como, neste trecho: “O tímido José”, de Antônio de
2ª Ed. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1974, p. 7-8.
Alcântara Machado, o narrador, valendo-se do discurso indireto
livre, leva o leitor a partilhar do constrangimento da personagem,
Quanto ao discurso indireto, pode ser de dois tipos, e cada um simulando estar contaminado por ele:
deles cria um efeito de sentido diverso.
- Discurso Indireto que analisa o conteúdo: elimina os ele- (...) Mais depressa não podia andar. Garoar, garoava sempre.
mentos emocionais ou afetivos presentes no discurso direto, assim Mas ali o nevoeiro já não era tanto felizmente. Decidiu. Iria indo
como as interrogações, exclamações ou formas imperativas, por no caminho da Lapa. Se encontrasse a mulher bem. Se não en-
isso produz um efeito de sentido de objetividade analítica. Com contrasse paciência. Não iria procurar. Iria é para casa. Afinal de
efeito, nele o narrador revela somente o conteúdo do discurso da contas era mesmo um trouxa. Quando podia não quis. Agora que
personagem, e não o modo como ela diz. Com isso estabelece uma era difícil queria.
Laranja-da-china. In: Novelas Paulistanas.
distância entre sua posição e a da personagem, abrindo caminho
1ª Ed. Belo Horizonte, Itatiaia/ São Paulo, Edusp, 1998, p. 184.
para a réplica e o comentário. Esse tipo de discurso indireto des-
personaliza discurso citado em nome de uma objetividade analíti-
ca. Cria, assim, a impressão de que o narrador analisa o discurso 9. ESCRITA DO TEXTO: ORTOGRAFIA,
citado de maneira racional e isenta de envolvimento emocional. O ACENTUAÇÃO GRÁFICA,
discurso indireto, nesse caso, não se interessa pela individualida- ASSINALAMENTO DA CRASE,
de do falante no modo como ele diz as coisas. Por isso é a forma PONTUAÇÃO.
preferida nos textos de natureza filosófica, científica, política, etc.,
quando se expõe as opiniões dos outros com finalidade de criticá-
-las, rejeitá-las ou acolhê-las. Ortografia
- Discurso Indireto que analisa a expressão: serve para des-
A palavra ortografia é formada pelos elementos gregos orto
tacar mais o modo de dizer do que o que se diz; por exemplo, as
“correto” e grafia “escrita” sendo a escrita correta das palavras da
palavras típicas do vocabulário da personagem citada, a sua ma- língua portuguesa, obedecendo a uma combinação de critérios eti-
neira de pronunciá-las, etc. Nesse caso, as palavras ou expressões mológicos (ligados à origem das palavras) e fonológicos (ligados
ressaltadas aparecem entre aspas. Veja-se este exemplo. De Eça aos fonemas representados).
de Queirós: Somente a intimidade com a palavra escrita, é que acaba tra-
zendo a memorização da grafia correta. Deve-se também criar o
...descobrira de repente, uma manhã, eu não devia trair Ama- hábito de consultar constantemente um dicionário.
ro, “porque era papá do seu Carlinhos”. E disse-o ao abade; fez Desde o dia primeiro de Janeiro de 2009 está em vigor o Novo
corar os sessenta e quatro anos do bom velho (...). Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, por isso temos até
O crime do Padre Amaro. 2016.
Porto, Lello e Irmão, s.d., vol. I, p. 314. Esse material já se encontra segundo o Novo Acordo Orto-
gráfico.
Imagine-se ainda que uma pessoa, querendo denunciar a for- Alfabeto
ma deselegante com que fora atendida por um representante de
uma empresa, tenha dito o seguinte: O alfabeto passou a ser formado por 26 letras. As letras “k”,
“w” e “y” não eram consideradas integrantes do alfabeto (agora
A certa altura, ele me respondeu que, se eu não estivesse sa- são). Essas letras são usadas em unidades de medida, nomes pró-
tisfeito, que fosse reclamar “para o bispo” e que ele já não estava prios, palavras estrangeiras e outras palavras em geral. Exemplos:
“nem aí” com “tipinhos” como eu. km, kg, watt, playground, William, Kafka, kafkiano.

Didatismo e Conhecimento 61
LÍNGUA PORTUGUESA
Vogais: a, e, i, o, u. - Nos seguintes vocábulos: aborígine, açoriano, artifício, ar-
Consoantes: b,c,d,f,g,h,j,k,l,m,n,p,q,r,s,t,v,w,x,y,z. timanha, camoniano, Casimiro, chefiar, cimento, crânio, criar,
Alfabeto: a,b,c,d,e,f,g,h,i,j,k,l,m,n,o,p,q,r,s,t,u,v,w,x,y,z. criador, criação, crioulo, digladiar, displicente, erisipela, escárnio,
feminino, Filipe, frontispício, Ifigênia, inclinar, incinerar, inigualá-
Emprego da letra H vel, invólucro, lajiano, lampião, pátio, penicilina, pontiagudo, pri-
vilégio, requisito, Sicília (ilha), silvícola, siri, terebintina, Tibiriçá,
Esta letra, em início ou fim de palavras, não tem valor fonéti- Virgílio.
co; conservou-se apenas como símbolo, por força da etimologia e
da tradição escrita. Grafa-se, por exemplo, hoje, porque esta pala-
Grafam-se com a letra O: abolir, banto, boate, bolacha, bole-
vra vem do latim hodie.
tim, botequim, bússola, chover, cobiça, concorrência, costume, en-
Emprega-se o H:
golir, goela, mágoa, mocambo, moela, moleque, mosquito, névoa,
- Inicial, quando etimológico: hábito, hélice, herói, hérnia, he-
sitar, haurir, etc. nódoa, óbolo, ocorrência, rebotalho, Romênia, tribo.
- Medial, como integrante dos dígrafos ch, lh e nh: chave, bo-
liche, telha, flecha companhia, etc. Grafam-se com a letra U: bulir, burburinho, camundongo,
- Final e inicial, em certas interjeições: ah!, ih!, hem?, hum!, chuviscar, cumbuca, cúpula, curtume, cutucar, entupir, íngua, ja-
etc. buti, jabuticaba, lóbulo, Manuel, mutuca, rebuliço, tábua, tabuada,
- Algumas palavras iniciadas com a letra H: hálito, harmo- tonitruante, trégua, urtiga.
nia, hangar, hábil, hemorragia, hemisfério, heliporto, hematoma,
hífen, hilaridade, hipocondria, hipótese, hipocrisia, homenagear, Parônimos: Registramos alguns parônimos que se diferen-
hera, húmus; ciam pela oposição das vogais /e/ e /i/, /o/ e /u/. Fixemos a grafia e
- Sem h, porém, os derivados baianos, baianinha, baião, baia- o significado dos seguintes:
nada, etc.
área = superfície
Não se usa H: ária = melodia, cantiga
- No início de alguns vocábulos em que o h, embora etimoló- arrear = pôr arreios, enfeitar
gico, foi eliminado por se tratar de palavras que entraram na língua arriar = abaixar, pôr no chão, cair
por via popular, como é o caso de erva, inverno, e Espanha, res- comprido = longo
pectivamente do latim, herba, hibernus e Hispania. Os derivados
cumprido = particípio de cumprir
eruditos, entretanto, grafam-se com h: herbívoro, herbicida, hispâ-
comprimento = extensão
nico, hibernal, hibernar, etc.
cumprimento = saudação, ato de cumprir
Emprego das letras E, I, O e U costear = navegar ou passar junto à costa
custear = pagar as custas, financiar
Na língua falada, a distinção entre as vogais átonas /e/ e /i/, /o/ deferir = conceder, atender
e /u/ nem sempre é nítida. É principalmente desse fato que nascem diferir = ser diferente, divergir
as dúvidas quando se escrevem palavras como quase, intitular, má- delatar = denunciar
goa, bulir, etc., em que ocorrem aquelas vogais. dilatar = distender, aumentar
descrição = ato de descrever
Escrevem-se com a letra E: discrição = qualidade de quem é discreto
emergir = vir à tona
- A sílaba final de formas dos verbos terminados em –uar: con- imergir = mergulhar
tinue, habitue, pontue, etc. emigrar = sair do país
- A sílaba final de formas dos verbos terminados em –oar: imigrar = entrar num país estranho
abençoe, magoe, perdoe, etc. emigrante = que ou quem emigra
- As palavras formadas com o prefixo ante– (antes, anterior): imigrante = que ou quem imigra
antebraço, antecipar, antedatar, antediluviano, antevéspera, etc. eminente = elevado, ilustre
- Os seguintes vocábulos: Arrepiar, Cadeado, Candeeiro,
iminente = que ameaça acontecer
Cemitério, Confete, Creolina, Cumeeira, Desperdício, Destilar,
recrear = divertir
Disenteria, Empecilho, Encarnar, Indígena, Irrequieto, Lacrimo-
recriar = criar novamente
gêneo, Mexerico, Mimeógrafo, Orquídea, Peru, Quase, Quepe,
Senão, Sequer, Seriema, Seringa, Umedecer. soar = emitir som, ecoar, repercutir
suar = expelir suor pelos poros, transpirar
Emprega-se a letra I: sortir = abastecer
surtir = produzir (efeito ou resultado)
- Na sílaba final de formas dos verbos terminados em –air/– sortido = abastecido, bem provido, variado
oer /–uir: cai, corrói, diminuir, influi, possui, retribui, sai, etc. surtido = produzido, causado
- Em palavras formadas com o prefixo anti- (contra): antiaé- vadear = atravessar (rio) por onde dá pé, passar a vau
reo, Anticristo, antitetânico, antiestético, etc. vadiar = viver na vadiagem, vagabundear, levar vida de vadio

Didatismo e Conhecimento 62
LÍNGUA PORTUGUESA
Emprego das letras G e J - SC, SÇ: acréscimo, adolescente, ascensão, consciência,
consciente, crescer, cresço, descer, desço, desça, disciplina, discí-
Para representar o fonema /j/ existem duas letras; g e j. Grafa- pulo, discernir, fascinar, florescer, imprescindível, néscio, oscilar,
-se este ou aquele signo não de modo arbitrário, mas de acordo piscina, ressuscitar, seiscentos, suscetível, suscetibilidade, susci-
com a origem da palavra. Exemplos: gesso (do grego gypsos), jeito tar, víscera.
(do latim jactu) e jipe (do inglês jeep).
- X: aproximar, auxiliar, auxílio, máximo, próximo, proximi-
Escrevem-se com G: dade, trouxe, trouxer, trouxeram, etc.
- XC: exceção, excedente, exceder, excelência, excelente, excel-
- Os substantivos terminados em –agem, -igem, -ugem: gara- so, excêntrico, excepcional, excesso, excessivo, exceto, excitar, etc.
gem, massagem, viagem, origem, vertigem, ferrugem, lanugem.
Exceção: pajem Homônimos
- As palavras terminadas em –ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio:
contágio, estágio, egrégio, prodígio, relógio, refúgio. acento = inflexão da voz, sinal gráfico
- Palavras derivadas de outras que se grafam com g: massa- assento = lugar para sentar-se
gista (de massagem), vertiginoso (de vertigem), ferruginoso (de acético = referente ao ácido acético (vinagre)
ferrugem), engessar (de gesso), faringite (de faringe), selvageria ascético = referente ao ascetismo, místico
(de selvagem), etc.
cesta = utensílio de vime ou outro material
- Os seguintes vocábulos: algema, angico, apogeu, auge, es-
trangeiro, gengiva, gesto, gibi, gilete, ginete, gíria, giz, hegemonia, sexta = ordinal referente a seis
herege, megera, monge, rabugento, sugestão, tangerina, tigela. círio = grande vela de cera
sírio = natural da Síria
Escrevem-se com J: cismo = pensão
sismo = terremoto
- Palavras derivadas de outras terminadas em –já: laranja (la- empoçar = formar poça
ranjeira), loja (lojista, lojeca), granja (granjeiro, granjense), gorja empossar = dar posse a
(gorjeta, gorjeio), lisonja (lisonjear, lisonjeiro), sarja (sarjeta), ce- incipiente = principiante
reja (cerejeira). insipiente = ignorante
- Todas as formas da conjugação dos verbos terminados em
intercessão = ato de interceder
–jar ou –jear: arranjar (arranje), despejar (despejei), gorjear (gor-
jeia), viajar (viajei, viajem) – (viagem é substantivo). interseção = ponto em que duas linhas se cruzam
- Vocábulos cognatos ou derivados de outros que têm j: laje ruço = pardacento
(lajedo), nojo (nojento), jeito (jeitoso, enjeitar, projeção, rejeitar, russo = natural da Rússia
sujeito, trajeto, trejeito).
- Palavras de origem ameríndia (principalmente tupi-guarani) Emprego de S com valor de Z
ou africana: canjerê, canjica, jenipapo, jequitibá, jerimum, jiboia,
jiló, jirau, pajé, etc. - Adjetivos com os sufixos –oso, -osa: gostoso, gostosa, gra-
- As seguintes palavras: alfanje, alforje, berinjela, cafajeste, cioso, graciosa, teimoso, teimosa, etc.
cerejeira, intrujice, jeca, jegue, Jeremias, Jericó, Jerônimo, jérsei, - Adjetivos pátrios com os sufixos –ês, -esa: português, portu-
jiu-jítsu, majestade, majestoso, manjedoura, manjericão, ojeriza, guesa, inglês, inglesa, milanês, milanesa, etc.
pegajento, rijeza, sabujice, sujeira, traje, ultraje, varejista.
- Substantivos e adjetivos terminados em –ês, feminino –esa:
- Atenção: Moji palavra de origem indígena, deve ser escrita
com J. Por tradição algumas cidades de São Paulo adotam a grafia burguês, burguesa, burgueses, camponês, camponesa, campone-
com G, como as cidades de Mogi das Cruzes e Mogi-Mirim. ses, freguês, freguesa, fregueses, etc.
- Verbos derivados de palavras cujo radical termina em –s:
Representação do fonema /S/ analisar (de análise), apresar (de presa), atrasar (de atrás), extasiar
(de êxtase), extravasar (de vaso), alisar (de liso), etc.
O fonema /s/, conforme o caso, representa-se por: - Formas dos verbos pôr e querer e de seus derivados: pus,
pusemos, compôs, impuser, quis, quiseram, etc.
- C, Ç: acetinado, açafrão, almaço, anoitecer, censura, cimen- - Os seguintes nomes próprios de pessoas: Avis, Baltasar,
to, dança, dançar, contorção, exceção, endereço, Iguaçu, maçarico, Brás, Eliseu, Garcês, Heloísa, Inês, Isabel, Isaura, Luís, Luísa,
maçaroca, maço, maciço, miçanga, muçulmano, muçurana, paço-
Queirós, Resende, Sousa, Teresa, Teresinha, Tomás, Valdês.
ca, pança, pinça, Suíça, suíço, vicissitude.
- Os seguintes vocábulos e seus cognatos: aliás, anis, arnês,
- S: ânsia, ansiar, ansioso, ansiedade, cansar, cansado, descan-
sar, descanso, diversão, excursão, farsa, ganso, hortênsia, preten- ás, ases, através, avisar, besouro, colisão, convés, cortês, corte-
são, pretensioso, propensão, remorso, sebo, tenso, utensílio. sia, defesa, despesa, empresa, esplêndido, espontâneo, evasiva,
- SS: acesso, acessório, acessível, assar, asseio, assinar, car- fase, frase, freguesia, fusível, gás, Goiás, groselha, heresia, hesitar,
rossel, cassino, concessão, discussão, escassez, escasso, essencial, manganês, mês, mesada, obséquio, obus, paisagem, país, paraíso,
expressão, fracasso, impressão, massa, massagista, missão, necessá- pêsames, pesquisa, presa, presépio, presídio, querosene, raposa,
rio, obsessão, opressão, pêssego, procissão, profissão, profissional, represa, requisito, rês, reses, retrós, revés, surpresa, tesoura, tesou-
ressurreição, sessenta, sossegar, sossego, submissão, sucessivo. ro, três, usina, vasilha, vaselina, vigésimo, visita.

Didatismo e Conhecimento 63
LÍNGUA PORTUGUESA
Emprego da letra Z Emprego do X

- Os derivados em –zal, -zeiro, -zinho, -zinha, -zito, -zita: ca- - Esta letra representa os seguintes fonemas:
fezal, cafezeiro, cafezinho, avezinha, cãozito, avezita, etc.
- Os derivados de palavras cujo radical termina em –z: cruzei- Ch – xarope, enxofre, vexame, etc.
ro (de cruz), enraizar (de raiz), esvaziar (de vazio), etc. CS – sexo, látex, léxico, tóxico, etc.
Z – exame, exílio, êxodo, etc.
- Os verbos formados com o sufixo –izar e palavras cognatas:
SS – auxílio, máximo, próximo, etc.
fertilizar, fertilizante, civilizar, civilização, etc. S – sexto, texto, expectativa, extensão, etc.
- Substantivos abstratos em –eza, derivados de adjetivos e de-
notando qualidade física ou moral: pobreza (de pobre), limpeza - Não soa nos grupos internos –xce- e –xci-: exceção, exceder,
(de limpo), frieza (de frio), etc. excelente, excelso, excêntrico, excessivo, excitar, inexcedível, etc.
- As seguintes palavras: azar, azeite, azáfama, azedo, amizade, - Grafam-se com x e não com s: expectativa, experiente, ex-
aprazível, baliza, buzinar, bazar, chafariz, cicatriz, ojeriza, prezar, piar, expirar, expoente, êxtase, extasiado, extrair, fênix, texto, etc.
prezado, proeza, vazar, vizinho, xadrez. - Escreve-se x e não ch: Em geral, depois de ditongo: caixa,
baixo, faixa, feixe, frouxo, ameixa, rouxinol, seixo, etc. Excetuam-
Sufixo –ÊS e –EZ -se caucho e os derivados cauchal, recauchutar e recauchutagem.
Geralmente, depois da sílaba inicial en-: enxada, enxame, enxa-
- O sufixo –ês (latim –ense) forma adjetivos (às vezes subs- mear, enxagar, enxaqueca, enxergar, enxerto, enxoval, enxugar,
tantivos) derivados de substantivos concretos: montês (de monte), enxurrada, enxuto, etc. Excepcionalmente, grafam-se com ch:
encharcar (de charco), encher e seus derivados (enchente, preen-
cortês (de corte), burguês (de burgo), montanhês (de montanha),
cher), enchova, enchumaçar (de chumaço), enfim, toda vez que se
francês (de França), chinês (de China), etc. trata do prefixo en- + palavra iniciada por ch. Em vocábulos de ori-
- O sufixo –ez forma substantivos abstratos femininos deri- gem indígena ou africana: abacaxi, xavante, caxambu, caxinguelê,
vados de adjetivos: aridez (de árido), acidez (de ácido), rapidez orixá, maxixe, etc. Nas seguintes palavras: bexiga, bruxa, coaxar,
(de rápido), estupidez (de estúpido), mudez (de mudo) avidez (de faxina, graxa, lagartixa, lixa, lixo, mexer, mexerico, puxar, rixa,
ávido) palidez (de pálido) lucidez (de lúcido), etc. oxalá, praxe, vexame, xarope, xaxim, xícara, xale, xingar, xampu.

Sufixo –ESA e –EZA


Emprego do dígrafo CH
Usa-se –esa (com s):
- Nos seguintes substantivos cognatos de verbos terminados Escreve-se com ch, entre outros os seguintes vocábulos: bu-
em –ender: defesa (defender), presa (prender), despesa (despen- cha, charque, charrua, chavena, chimarrão, chuchu, cochilo, facha-
da, ficha, flecha, mecha, mochila, pechincha, tocha.
der), represa (prender), empresa (empreender), surpresa (surpreen-
der), etc. Homônimos
- Nos substantivos femininos designativos de títulos nobiliár-
quicos: baronesa, dogesa, duquesa, marquesa, princesa, consulesa, Bucho = estômago
prioresa, etc. Buxo = espécie de arbusto
- Nas formas femininas dos adjetivos terminados em –ês: bur- Cocho = recipiente de madeira
guesa (de burguês), francesa (de francês), camponesa (de campo- Coxo = capenga, manco
nês), milanesa (de milanês), holandesa (de holandês), etc. Tacha = mancha, defeito; pequeno prego; prego de cabeça lar-
- Nas seguintes palavras femininas: framboesa, indefesa, lesa, ga e chata, caldeira.
mesa, sobremesa, obesa, Teresa, tesa, toesa, turquesa, etc. Taxa = imposto, preço de serviço público, conta, tarifa
Chá = planta da família das teáceas; infusão de folhas do chá
Usa-se –eza (com z): ou de outras plantas
- Nos substantivos femininos abstratos derivados de adjetivos Xá = título do soberano da Pérsia (atual Irã)
Cheque = ordem de pagamento
e denotado qualidades, estado, condição: beleza (de belo), fran-
Xeque = no jogo de xadrez, lance em que o rei é atacado por
queza (de franco), pobreza (de pobre), leveza (de leve), etc. uma peça adversária
Verbos terminados em –ISAR e -IZAR Consoantes dobradas

Escreve-se –isar (com s) quando o radical dos nomes corres- - Nas palavras portuguesas só se duplicam as consoantes C,
pondentes termina em –s. Se o radical não terminar em –s, grafa- R, S.
-se –izar (com z): avisar (aviso + ar), analisar (análise + ar), alisar - Escreve-se com CC ou CÇ quando as duas consoantes soam
(a + liso + ar), bisar (bis + ar), catalisar (catálise + ar), improvisar distintamente: convicção, occipital, cocção, fricção, friccionar,
(improviso + ar), paralisar (paralisia + ar), pesquisar (pesquisa + facção, sucção, etc.
ar), pisar, repisar (piso + ar), frisar (friso + ar), grisar (gris + ar), - Duplicam-se o R e o S em dois casos: Quando, intervocá-
anarquizar (anarquia + izar), civilizar (civil + izar), canalizar (ca- licos, representam os fonemas /r/ forte e /s/ sibilante, respectiva-
mente: carro, ferro, pêssego, missão, etc. Quando a um elemento
nal + izar), amenizar (ameno + izar), colonizar (colono + izar),
de composição terminado em vogal seguir, sem interposição do
vulgarizar (vulgar + izar), motorizar (motor + izar), escravizar (es- hífen, palavra começada com /r/ ou /s/: arroxeado, correlação,
cravo + izar), cicatrizar (cicatriz + izar), deslizar (deslize + izar), pressupor, bissemanal, girassol, minissaia, etc.
matizar (matiz + izar).

Didatismo e Conhecimento 64
LÍNGUA PORTUGUESA
CÊ - cedilha A anos: a indica tempo futuro: Daqui a um ano iremos à Eu-
ropa.
É a letra C que se pôs cedilha. Indica que o Ç passa a ter som Há anos: há indica tempo passado: não o vejo há meses.
de /S/: almaço, ameaça, cobiça, doença, eleição, exceção, força,
frustração, geringonça, justiça, lição, miçanga, preguiça, raça. “Procure o seu caminho
Nos substantivos derivados dos verbos: ter e torcer e seus de- Eu aprendi a andar sozinho
rivados: ater, atenção; abster, abstenção; reter, retenção; torcer, Isto foi há muito tempo atrás
torção; contorcer, contorção; distorcer, distorção. Mas ainda sei como se faz
O Ç só é usado antes de A,O,U.
Minhas mãos estão cansadas
Emprego das iniciais maiúsculas Não tenho mais onde me agarrar.”
(gravação: Nenhum de Nós)
- A primeira palavra de período ou citação. Diz um provérbio
árabe: “A agulha veste os outros e vive nua”. No início dos versos Atenção: Há muito tempo já indica passado. Não há necessi-
que não abrem período é facultativo o uso da letra maiúscula. dade de usar atrás, isto é um pleonasmo.
- Substantivos próprios (antropônimos, alcunhas, topônimos,
nomes sagrados, mitológicos, astronômicos): José, Tiradentes, Acerca de: equivale a (a respeito de): Falávamos acerca de
Brasil, Amazônia, Campinas, Deus, Maria Santíssima, Tupã, Mi- uma solução melhor.
nerva, Via-Láctea, Marte, Cruzeiro do Sul, etc. Há cerca de: equivale a (faz tempo). Há cerca de dias resol-
- Nomes de épocas históricas, datas e fatos importantes, festas vemos este caso.
religiosas: Idade Média, Renascença, Centenário da Independência Ao encontro de: equivale (estar a favor de): Sua atitude vai ao
do Brasil, a Páscoa, o Natal, o Dia das Mães, etc. encontro da verdade.
- Nomes de altos cargos e dignidades: Papa, Presidente da Re- De encontro a: equivale a (oposição, choque): Minhas opi-
pública, etc. niões vão de encontro às suas.
- Nomes de altos conceitos religiosos ou políticos: Igreja, Na-
ção, Estado, Pátria, União, República, etc. A fim de: locução prepositiva que indica (finalidade): Vou a
- Nomes de ruas, praças, edifícios, estabelecimentos, agremia-
fim de visitá-la.
ções, órgãos públicos, etc: Rua do Ouvidor, Praça da Paz, Academia
Brasileira de Letras, Banco do Brasil, Teatro Municipal, Colégio Afim: é um adjetivo e equivale a (igual, semelhante): Somos
Santista, etc. almas afins.
- Nomes de artes, ciências, títulos de produções artísticas, lite-
rárias e científicas, títulos de jornais e revistas: Medicina, Arqui- Ao invés de: equivale (ao contrário de): Ao invés de falar co-
tetura, Os Lusíadas, O Guarani, Dicionário Geográfico Brasileiro, meçou a chorar (oposição).
Correio da Manhã, Manchete, etc. Em vez de: equivale a (no lugar de): Em vez de acompanhar-
- Expressões de tratamento: Vossa Excelência, Sr. Presidente, -me, ficou só.´
Excelentíssimo Senhor Ministro, Senhor Diretor, etc.
- Nomes dos pontos cardeais, quando designam regiões: Os po- Faça você a sua parte, ao invés de ficar me cobrando!
vos do Oriente, o falar do Norte. Mas: Corri o país de norte a Quantas vezes usamos “ao invés de” quando queremos dizer
sul. O Sol nasce a leste. “no lugar de”!
- Nomes comuns, quando personificados ou individuados: o Contudo, esse emprego é equivocado, uma vez que “invés”
Amor, o Ódio, a Morte, o Jabuti (nas fábulas), etc. significa “contrário”, “inverso”. Não que seja absurdamente errado
escrever “ao invés de” em frases que expressam sentido de “em
Emprego das iniciais minúsculas lugar de”, mas é preferível optar por “em vez de”.
Observe: Em vez de conversar, preferiu gritar para a escola
- Nomes de meses, de festas pagãs ou populares, nomes gen-
inteira ouvir! (em lugar de) Ele pediu que fosse embora ao invés
tílicos, nomes próprios tornados comuns: maia, bacanais, carnaval,
ingleses, ave-maria, um havana, etc. de ficar e discutir o caso. (ao contrário de)
- Os nomes a que se referem os itens 4 e 5 acima, quando em- Use “ao invés de” quando quiser o significado de “ao contrá-
pregados em sentido geral: São Pedro foi o primeiro papa. Todos rio de”, “em oposição a”, “avesso”, “inverso”.
amam sua pátria. Use “em vez de” quando quiser um sentido de “no lugar de”
- Nomes comuns antepostos a nomes próprios geográficos: o ou “em lugar de”. No entanto, pode assumir o significado de “ao
rio Amazonas, a baía de Guanabara, o pico da Neblina, etc. invés de”, sem problemas. Porém, o que ocorre é justamente o
- Palavras, depois de dois pontos, não se tratando de citação di- contrário, coloca-se “ao invés de” onde não poderia.
reta: “Qual deles: o hortelão ou o advogado?”; “Chegam os magos
do Oriente, com suas dádivas: ouro, incenso, mirra”. A par: equivale a (bem informado, ciente): Estamos a par das
- No interior dos títulos, as palavras átonas, como: o, a, com, de, boas notícias.
em, sem, grafam-se com inicial minúscula. Ao par: indica relação (de igualdade ou equivalência entre va-
lores financeiros – câmbio): O dólar e o euro estão ao par.
Algumas palavras ou expressões costumam apresentar dificul-
dades colocando em maus lençóis quem pretende falar ou redigir Aprender: tomar conhecimento de: O menino aprendeu a
português culto. Esta é uma oportunidade para você aperfeiçoar lição.
seu desempenho. Preste atenção e tente incorporar tais palavras Apreender: prender: O fiscal apreendeu a carteirinha do
certas em situações apropriadas.
menino.

Didatismo e Conhecimento 65
LÍNGUA PORTUGUESA
À toa: é uma locução adverbial de modo, equivale a (inutilmen- Descriminar: equivale a (inocentar, absolver de crime). O réu
te, sem razão): Andava à toa pela rua. foi descriminado; pra sorte dele.
À toa: é um adjetivo (refere-se a um substantivo), equiva- Discriminar: equivale a (diferençar, distinguir, separar). Era
le a (inútil, desprezível). Foi uma atitude à toa e precipitada. (até impossível discriminar os caracteres do documento. Cumpre dis-
01/01/2009 era grafada: à-toa) criminar os verdadeiros dos falsos valores. /Os negros ainda são
discriminados.
Baixar: os preços quando não há objeto direto; os preços fun-
cionam como sujeito: Baixaram os preços (sujeito) nos supermer- Descrição: ato de descrever: A descrição sobre o jogador foi
cados. Vamos comemorar, pessoal! perfeita.
Abaixar: os preços empregado com objeto direto: Os postos Discrição: qualidade ou caráter de ser discreto, reservado:
(sujeito) de combustível abaixaram os preços (objeto direto) da Você foi muito discreto.
gasolina.
Entrega em domicílio: equivale a lugar: Fiz a entrega em do-
Bebedor: é a pessoa que bebe: Tornei-me um grande bebedor micílio.
de vinho. Entrega a domicílio com verbos de movimento: Enviou as
Bebedouro: é o aparelho que fornece água. Este bebedouro compras a domicílio.
está funcionando bem.
As expressões “entrega em domicílio” e “entrega a domicílio”
Bem-Vindo: é um adjetivo composto: Você é sempre bem vin- são muito recorrentes em restaurantes, na propaganda televisa, no
do aqui, jovem. outdoor, no folder, no panfleto, no catálogo, na fala. Convivem
Benvindo: é nome próprio: Benvindo é meu colega de classe. juntas sem problemas maiores porque são entendidas da mesma
forma, com um mesmo sentido. No entanto, quando falamos de
Boêmia/Boemia: são formas variantes (usadas normalmente): gramática normativa, temos que ter cuidado, pois “a domicílio”
Vivia na boêmia/boemia. não é aceita. Por quê? A regra estabelece que esta última locução
adverbial deve ser usada nos casos de verbos que indicam movi-
mento, como: levar, enviar, trazer, ir, conduzir, dirigir-se.
Botijão/Bujão de gás: ambas formas corretas: Comprei um bo-
Portanto, “A loja entregou meu sofá a casa” não está correto.
tijão/bujão de gás.
Já a locução adverbial “em domicílio” é usada com os verbos sem
noção de movimento: entregar, dar, cortar, fazer.
Câmara: equivale ao local de trabalho onde se reúnem os ve-
A dúvida surge com o verbo “entregar”: não indicaria movi-
readores, deputados: Ficaram todos reunidos na Câmara Munici-
mento? De acordo com a gramática purista não, uma vez que quem
pal.
entrega, entrega algo em algum lugar.
Câmera: aparelho que fotografa, tira fotos: Comprei uma câ- Porém, há aqueles que afirmam que este verbo indica sim mo-
mera japonesa. vimento, pois quem entrega se desloca de um lugar para outro.
Contudo, obedecendo às normas gramaticais, devemos usar
Champanha/Champanhe (do francês): O champanha/ “entrega em domicílio”, nos atentando ao fato de que a finalidade
champanhe está bem gelado. é que vale: a entrega será feita no (em+o) domicílio de uma pessoa.
Cessão: equivale ao ato de doar, doação: Foi confirmada a ces- Espectador: é aquele que vê, assiste: Os espectadores se far-
são do terreno. taram da apresentação.
Sessão: equivale ao intervalo de tempo de uma reunião: A ses- Expectador: é aquele que está na expectativa, que espera algu-
são do filme durou duas horas. ma coisa: O expectador aguardava o momento da chamada.
Seção/Secção: repartição pública, departamento: Visitei hoje a
seção de esportes. Estada: permanência de pessoa (tempo em algum lugar): A es-
tada dela aqui foi gratificante.
Demais: é advérbio de intensidade, equivale a muito, aparece Estadia: prazo concedido para carga e descarga de navios ou
intensificando verbos, adjetivos ou o próprio advérbio. Vocês falam veículos: A estadia do carro foi prolongada por mais algumas se-
demais, caras! manas.
Demais: pode ser usado como substantivo, seguido de artigo,
equivale a os outros. Chamaram mais dez candidatos, os demais Fosforescente: adjetivo derivado de fósforo; que brilha no es-
devem aguardar. curo: Este material é fosforescente.
De mais: é locução prepositiva, opõe-se a de menos, refere-se Fluorescente: adjetivo derivado de flúor, elemento químico,
sempre a um substantivo ou a um pronome: Não vejo nada de mais refere-se a um determinado tipo de luminosidade: A luz branca do
em sua decisão. carro era fluorescente.

Dia a dia: é um substantivo, equivale a cotidiano, diário, que Haja - do verbo haver - É preciso que não haja descuido.
faz ou acontece todo dia. Meu dia a dia é cheio de surpresas. (até Aja - do verbo agir - Aja com cuidado, Carlinhos.
01/01/2009, era grafado dia-a-dia)
Dia a dia: é uma expressão adverbial, equivale a diariamente. Houve: pretérito perfeito do verbo haver, 3ª pessoa do sin-
O álcool aumenta dia a dia. Pode isso? gular

Didatismo e Conhecimento 66
LÍNGUA PORTUGUESA
Ouve: presente do indicativo do verbo ouvir, 3ª pessoa do Por quê: final de frase, antes de um ponto final, de interroga-
singular ção, de exclamação, reticências; o monossílabo que passa a ser tô-
nico (forte), devendo, pois, ser acentuado: __O show foi cancelado
Levantar:é sinônimo de erguer: Ginês, meu estimado cunha-
mas ninguém sabe por quê. (final de frase); __Por quê? (isolado)
do, levantou sozinho a tampa do poço.
Levantar-se: pôr de pé: Luís e Diego levantaram-se cedo e, Porque: conjunção subordinativa causal: equivale a: pela cau-
dirigiram-se ao aeroporto. sa, razão de que, pelo fato, motivo de que: Não fui ao encontro por-
que estava acamado; conjunção subordinativa explicativa: equivale
Mal: advérbio de modo, equivale a erradamente, é oposto de a: pois, já que, uma vez que, visto que: “Mas a minha tristeza é
bem: Dormi mal. (bem). Equivale a nocivo, prejudicial, enfermida- sossego porque é natural e justa.”; conjunção subordinativa final
de; pode vir antecedido de artigo, adjetivo ou pronome: A comida (verbo no subjuntivo, equivale a para que): “Mas não julguemos,
fez mal para mim. Seu mal é crer em tudo. Conjunção subordinati-
va temporal, equivale a assim que, logo que: Mal chegou começou porque não venhamos a ser julgados.”
a chorar desesperadamente. Porquê: funciona como substantivo; vem sempre acompanha-
Mau: adjetivo, equivale a ruim, oposto de bom; plural=maus; do de um artigo ou determinante: Não foi fácil encontrar o porquê
feminino=má. Você é um mau exemplo (bom). Substantivo: Os daquele corre-corre.
maus nunca vencem. Senão: equivale a (caso contrário, a não ser): Não fazia coisa
nenhuma senão criticar.
Mas: conjunção adversativa (ideia contrária), equivale a po-
Se não: equivale a (se por acaso não), em orações adverbiais
rém, contudo, entretanto: Telefonei-lhe mas ela não atendeu.
Mais: pronome ou advérbio de intensidade, opõe-se a menos: condicionais: Se não houver homens honestos, o país não sairá des-
Há mais flores perfumadas no campo. ta situação crítica.

Nem um: equivale a nem um sequer, nem um único; a pala- Tampouco: advérbio, equivale a (também não): Não compare-
vra um expressa quantidade: Nem um filho de Deus apareceu para ceu, tampouco apresentou qualquer justificativa.
ajudá-la.
Tão pouco: advérbio de intensidade: Encontramo-nos tão pou-
Nenhum: pronome indefinido variável em gênero e número;
vem antes de um substantivo, é oposto de algum: Nenhum jornal co esta semana.
divulgou o resultado do concurso.
Trás ou Atrás = indicam lugar, são advérbios
Obrigada: As mulheres devem dizer: muito obrigada, eu Traz - do verbo trazer
mesma, eu própria.
Obrigado: Os homens devem dizer: muito obrigado, eu Vultoso: volumoso: Fizemos um trabalho vultoso aqui.
mesmo, eu próprio.
Vultuoso: atacado de congestão no rosto: Sua face está vultuo-
Onde: indica o (lugar em que se está); refere-se a verbos que sa e deformada.
exprimem estado, permanência: Onde fica a farmácia mais próxi-
ma? Exercícios
Aonde: indica (ideia de movimento); equivale (para onde) so-
mente com verbo de movimento desde que indique deslocamento, 01. Observe a ortografia correta das palavras: disenteria; pro-
ou seja, a+onde. Aonde vão com tanta pressa?
grama; mortadela; mendigo; beneficente; caderneta; problema.
“Pode seguir a tua estrada
o teu brinquedo de estar Empregue as palavras acima nas frases:
fantasiando um segredo a) O......teve.....porque comeu......estragada.
o ponto aonde quer chegar...” b) O superpai protegeu demais seu filho e este lhe trouxe
(gravação: Barão Vermelho) um.........: sua.......escolar indicou péssimo aproveitamento.
c) A festa......teve um bom.......e, por isso, um bom aprovei-
Por ora: equivale a (por este momento, por enquanto): Por ora
chega de trabalhar. tamento.
Por hora: locução equivale a (cada sessenta minutos): Você
deve cobrar por hora. 02. Passe as palavras para o diminutivo:
- asa; japonês; pai; homem; adeus; português; só; anel;
Por que: escreve se separado; quando ocorre: preposição - beleza; rosa; país; avô; arroz; princesa; café;
por+que - advérbio interrogativo (Por que você mentiu?); prepo- - flor; Oscar; rei; bom; casa; lápis; pé.
sição por+que – pronome relativo pelo/a qual, pelos/as quais (A
cidade por que passamos é simpática e acolhedora.) (=pela qual);
preposição por+que – conjunção subordinativa integrante; inicia 03. Passe para o plural diminutivo: trem; pé; animal; só; pa-
oração subordinada substantiva (Não sei por que tomaram esta de- pel; jornal; mão; balão; automóvel; pai; cão; mercadoria; farol;
cisão. (=por que motivo, razão) rua; chapéu; flor.

Didatismo e Conhecimento 67
LÍNGUA PORTUGUESA
04. Preencha as lacunas com as seguintes palavras: seção, ses- 12. Complete as frases com porque ou por que corretamente:
são, cessão, comprimento, cumprimento, conserto, concerto a) ....... você está chateada?
a) O pequeno jornaleiro foi à.........do jornal. b) Cuidar do animal é mais importante........ele fica limpinho.
b) Na..........musical os pequenos cantores apresentaram-se c) .......... você não limpou o tapete?
muito bem. d) Concordo com papai.............ele tem razão.
c) O........do jornaleiro é amável. e) ..........precisamos cuidar dos animais de estimação.  
d) O..... das roupas é feito pela mãe do garoto.
e) O......do sapato custou muito caro. 13. Preencha as lacunas com: mas = porém; mais = indica
f) Eu......meu amigo com amabilidade. quantidade; más = feminino de mau.
g) A.......de cinema foi um sucesso. a) A mãe e o filho discutiram,.......não chegaram a um acordo.
h) O vestido tem um.........bom. b) Você quer.......razões para acreditar em seu pai?
i) Os pequenos violinistas participaram de um........ . c) Pessoas.........deveriam fazer reflexões para acreditar...... na
bondade do que no ódio.
d) Eu limpo,.........depois vou brincar.
05. Dê a palavra derivada acrescentando os sufixos ESA ou
e) O frio não prejudica .........o Tico.
EZA: Portugal; certo; limpo; bonito; pobre; magro; belo; gentil;
f) Infelizmente Tico morreu, ........comprarei outro cãozinho.
duro; lindo; China; frio; duque; fraco; bravo; grande.
g) Todas as atitudes ......devem ser perdoadas,.......jamais ser
repetidas, pois, quanto............se vive,.........se aprende.
06. Forme substantivos dos adjetivos: honrado; rápido; escas-
so; tímido; estúpido; pálido; ácido; surdo; lúcido; pequeno. 14. Preencha as lacunas com: trás, atrás e traz.
a) ........... de casa havia um pinheiro.
07. Use o H quando for necessário: alucinar; élice, umilde, b) A poluição.......consigo graves consequências.
esitar, oje, humano, ora, onra, aver, ontem, êxito, ábil, arpa, irôni- c) Amarre-o por......... da árvore.
co, orrível, árido, óspede, abitar. d) Não vou....... de comentários bobos..

8. Complete as lacunas com as seguintes formas verbais: Hou- 15. Preencha as lacunas com: HÁ - indica tempo passado; A -
ve e Ouve. tempo futuro e espaço.
a) O menino .....muitas recomendações de seu pai. a) A loja fica ....... pouco quilômetros daqui.
b) ........muita confusão na cabeça do pequeno. b) .........instantes li sobre o Natal.
c) A criança não.........a professora porque não a compreende. c) Eles não vão à loja porque ........ mais de dois dias a mer-
d) Na escola........festa do Dia do Índio. cadoria acabou.
d) .........três dias que todos se preparam para a festa do Natal.
9. A letra X representa vários sons. Leia atentamente as pala- e) Esse fato aconteceu ....... muito tempo.
vras oralmente: trouxemos, exercícios, táxi, executarei, exibir-se, f) Os alunos da escola dramatizarão a história do Natal daqui
oxigênio, exercer, proximidade, tóxico, extensão, existir, experiên- ......oito dias.
cia, êxito, sexo, auxílio, exame. Separe as palavras em três seções, g) Ele estava......... três passos da casa de André.
conforme o som do X. h) ........ dois quarteirões existe uma bela árvore de Natal.
- Som de Z;
- Som de KS; 16. Atenção para as palavras: por cima; devagar; depressa; de
- Som de S. repente; por isso. Agora, empregue-as nas frases:
a) ......... uma bola atingiu o cenário e o derrubou.
10. Complete com X ou CH: en.....er; dei.....ar; ......eiro; b) Bem...........o povo começou a se retirar.
c) O rei descobriu a verdade,..........ficou irritado.
fle......a; ei.....o; frou.....o; ma.....ucar; .....ocolate; en.....ada; en.....
d) Faça sua tarefa............, para podermos ir ao dentista.
ergar; cai......a; .....iclete; fai......a; .....u......u; salsi......a; bai.......a;
e) ......... de sua vestimenta real, o rei usava um manto.
capri......o; me......erica; ria.......o; ......ingar; .......aleira; amei......a;
......eirosos; abaca.....i.
17. Forme novas palavras usando ISAR ou IZAR: análise;
pesquisa; anarquia; canal; civilização; colônia; humano; suave;
11. Complete com MAL ou MAU:
revisão; real; nacional; final; oficial; monopólio; sintonia; central;
a) Disseram que Carlota passou......ontem. paralisia; aviso.
b) Ele ficou de......humor após ter agido daquela forma.
c) O time se considera......preparado para tal jogo. 18. Haja ou aja. Use haja ou aja para completar as orações:
d) Carlota sofria de um..........curável. a) ........ com atenção para que não ........ muitos erros.
e) O.......é se ter afeiçoado às coisas materiais. b) Talvez ......... greve; é preciso que........... cuidado e atenção.
f) Ele não é um........sujeito. c) Desejamos que ........ fraternidade nessa escola.
g) Mas o.......não durou muito tempo. d) ...... com docilidade, meu filho!

Didatismo e Conhecimento 68
LÍNGUA PORTUGUESA
19. A palavra MENOS não deve ser modificada para o femini- 03. trenzinhos; pezinhos; animaizinhos; sozinhos; papeizi-
no. Complete as frases com a palavra MENOS: nhos; jornaizinhos; mãozinhas; balõezinhos; automoveizinhos;
a) Conheço todos os Estados brasileiros,.....a Bahia. paizinhos; cãezinhos; mercadoriazinhas; faroizinhos; ruazinhas;
b) Todos eram calmos,.........mamãe. chapeuzinhos; florezinhas.
c) Quero levar.........sanduíches do que na semana passada.
d) Mamãe fazia doces e salgados........tortas grandes. 04. a) seção b) sessão c) cumprimento d) conserto e) conserto
f) cumprimento g) sessão h) comprimento i) concerto.
20. Use por que , por quê , porque e porquê:
a) ..........ninguém ri agora? 05. portuguesa; certeza; limpeza; boniteza; pobreza; magreza;
b) Eis........ ninguém ri. beleza; gentileza; dureza; lindeza; Chinesa; frieza; duquesa; fra-
c) Eis os princípios ............luto. queza; braveza; grandeza.
d) Ela não aprendeu, ...........?
e) Aproximei-me .........todos queriam me ouvir. 06. honradez; rapidez; escassez; timidez; estupidez; palidez;
f) Você está assustado, ..........? acidez; surdez; lucidez; pequenez.
g) Eis o motivo........errei.
h) Creio que vou melhorar.......estudei muito. 07. alucinar, ontem, hélice, êxito, humilde, hábil, hesitar, har-
i) O....... é difícil de ser estudado. pa, hoje, irônico, humano, horrível, hora, árido, honra, hóspede,
j) ........ os índios estão revoltados? haver, habitar.
k) O caminho ........viemos era tortuoso.
08. a) ouve b) Houve c) ouve d) houve
21. Uso do S e Z. Complete as palavras com S ou Z. A se-
guir, copie as palavras na forma correta: pou....ando; pre....ença; 09.
arte.....anato; escravi.....ar; nature.....a; va.....o; pre.....idente; fa..... Som de Z: exercícios, executarei, exibir-se, exercer, existir,
er; Bra.....il; civili....ação; pre....ente; atra....ados; produ......irem; êxito e exame.
a....a; hori...onte; torrão....inho; fra....e; intru ....o; de....ejamos;
Som de KS: táxi, oxigênio, tóxico e sexo.
po....itiva; podero....o; de...envolvido; surpre ....a; va.....io; ca....o;
Som de S: trouxemos, proximidade, extensão, experiência e
coloni...ação.
auxílio.
22. Complete com X ou S e copie as palavras com atenção:
10. encher, deixar, cheiro, flecha, eixo, frouxo, machucar, cho-
e....trangeiro; e....tensão; e....tranho; e....tender; e....tenso; e....pon-
colate, enxada, enxergar, caixa, chiclete, faixa, chuchu, salsicha,
tâneo; mi...to; te....te; e....gotar; e....terior; e....ceção; e...plêndido;
baixa, capricho, mexerica, riacho, xingar, chaleira, ameixa, chei-
te....to; e....pulsar; e....clusivo.
rosos, abacaxi.
23. Tão Pouco / Tampouco
11. a) mal b) mau c) mal d) mal e) mau f) mau g) mal
Complete as frases corretamente:
a) Eu tive ........oportunidades! 12. a) Por que b) porque c) Por que d) porque e) Porque
b) Tenho.......... alunos, que cabem todos naquela salinha.
c) Ele não veio;.......virão seus amigos. 13. a) mas b) mais c) más mais d) mas e) mais f) mas g) más
d) Eu tenho .........tempo para estudar. mas mais mais
e) Nunca tive gosto para dançar;......para tocar piano.
f) As pessoas que não amam,........são felizes. 14. a) Atrás b) traz c) trás d) atrás
g) As pessoas têm.....atitudes de amizade.
h) O governo daquele país não resolve seus problemas,....... se 15. a) a b) Há c) há d) Há e) há f) a g) a h) A
preocupa em resolvê-los.
16. a) De repente b) devagar c) por isso d) depressa e) Por
Respostas cima

01. a) mendigo disenteria mortadela b) problema caderneta c) 17. analisar; pesquisar; anarquizar; canalizar; civilizar; coloni-
beneficente programa zar; humanizar; suavizar; revisar; realizar; nacionalizar; finalizar;
oficializar; monopolizar; sintonizar; centralizar; paralisar; avisar.
02.
- asinha; japonesinho; paizinho; homenzinho; adeusinho; por- 18. a) Aja haja b) haja haja c) haja d) Aja
tuguesinho; sozinho; anelzinho;
- belezinha; rosinha; paisinho; avozinho; arrozinho; princesi- 19. a) menos b) menos c) menos d) menos
nha; cafezinho;
- florzinha; Oscarzinho; reizinho; bonzinho; casinha; lapisi- 20. a) Por que b) porquê c) por que d) por quê e) porque f) por
nho; pezinho. quê g) por que h) porque i) porquê j) Por que k) por que

Didatismo e Conhecimento 69
LÍNGUA PORTUGUESA
21. Pousando; Presença; Artesanato; Escravizar; Natureza; Acentuação dos Vocábulos Paroxítonos
Vaso; Presidente; Fazer; Brasil; Civilização; Presente; Atrasados;
Produzirem; Asa; Horizonte; Torrãozinho; Frase; Intruso; Deseja- Acentuam-se com acento adequado os vocábulos paroxítonos
mos; Positiva; Poderoso; Desenvolvido; Surpresa; Vazio; Caso; terminados em:
Colonização.
- ditongo crescente, seguido, ou não, de s: sábio, róseo, planí-
22. estrangeiro; extensão; estranho; estender; extenso; Espon- cie, nódua, Márcio, régua, árdua, espontâneo, etc.
tâneo; Misto; Teste; Esgotar; Exterior; Exceção; Esplêndido; Tex- - i, is, us, um, uns: táxi, lápis, bônus, álbum, álbuns, jóquei,
to; Expulsar; Exclusivo. vôlei, fáceis, etc.
- l, n, r, x, ons, ps: fácil, hífen, dólar, látex, elétrons, fórceps,
23. a) tão poucas b) tão poucos c) tampouco d) tão pouco e) etc.
tampouco f) tampouco g) tão poucas h) tampouco - ã, ãs, ão, ãos, guam, guem: ímã, ímãs, órgão, bênçãos, enxá-
guam, enxáguem, etc.
Tonicidade
Não se acentua um paroxítono só porque sua vogal tônica é
Num vocábulo de duas ou mais sílabas, há, em geral, uma que aberta ou fechada. Descabido seria o acento gráfico, por exemplo,
se destaca por ser proferida com mais intensidade que as outras: é a em cedo, este, espelho, aparelho, cela, janela, socorro, pessoa, do-
sílaba tônica. Nela recai o acento tônico, também chamado acento res, flores, solo, esforços.
de intensidade ou prosódico. Exemplos: café, janela, médico, es-
tômago, colecionador. Acentuação dos Vocábulos Oxítonos
O acento tônico é um fato fonético e não deve ser confundido
com o acento gráfico (agudo ou circunflexo) que às vezes o assi- Acentuam-se com acento adequado os vocábulos oxítonos
nala. A sílaba tônica nem sempre é acentuada graficamente. Exem- terminados em:
plo: cedo, flores, bote, pessoa, senhor, caju, tatus, siri, abacaxis. - a, e, o, seguidos ou não de s: xará, serás, pajé, freguês, vovô,
As sílabas que não são tônicas chamam-se átonas (=fracas), avós, etc. Seguem esta regra os infinitivos seguidos de pronome:
e podem ser pretônicas ou postônicas, conforme estejam antes ou
cortá-los, vendê-los, compô-lo, etc.
depois da sílaba tônica. Exemplo: montanha, facilmente, heroi-
- em, ens: ninguém, armazéns, ele contém, tu conténs, ele con-
zinho.
vém, ele mantém, eles mantêm, ele intervém, eles intervêm, etc.
De acordo com a posição da sílaba tônica, os vocábulos com
mais de uma sílaba classificam-se em:
Acentuação dos Monossílabos
Oxítonos: quando a sílaba tônica é a última: café, rapaz, es-
Acentuam-se os monossílabos tônicos: a, e, o, seguidos ou
critor, maracujá.
Paroxítonos: quando a sílaba tônica é a penúltima: mesa, lá- não de s: há, pá, pé, mês, nó, pôs, etc.
pis, montanha, imensidade.
Proparoxítonos: quando a sílaba tônica é a antepenúltima: ár- Acentuação dos Ditongos
vore, quilômetro, México.
Acentuam-se a vogal dos ditongos abertos éi, éu, ói, quando
Monossílabos são palavras de uma só sílaba, conforme a in- tônicos.
tensidade com que se proferem, podem ser tônicos ou átonos.
Segundo as novas regras os ditongos abertos “éi” e “ói” não
Monossílabos tônicos são os que têm autonomia fonética, sen- são mais acentuados em palavras paroxítonas: assembléia, pla-
do proferidos fortemente na frase em que aparecem: é, má, si, dó, téia, idéia, colméia, boléia, Coréia, bóia, paranóia, jibóia, apóio,
nó, eu, tu, nós, ré, pôr, etc. heróico, paranóico, etc. Ficando: Assembleia, plateia, ideia, col-
Monossílabos átonos são os que não têm autonomia fonética, meia, boleia, Coreia, boia, paranoia, jiboia, apoio, heroico, para-
sendo proferidos fracamente, como se fossem sílabas átonas do noico, etc.
vocábulo a que se apoiam. São palavras vazias de sentido como Nos ditongos abertos de palavras oxítonas terminadas em
artigos, pronomes oblíquos, elementos de ligação, preposições, éi, éu e ói e monossílabas o acento continua: herói, constrói, dói,
conjunções: o, a, os, as, um, uns, me, te, se, lhe, nos, de, em, e, que. anéis, papéis, troféu, céu, chapéu.

Acentuação dos Vocábulos Proparoxítonos Acentuação dos Hiatos

Todos os vocábulos proparoxítonos são acentuados na vogal A razão do acento gráfico é indicar hiato, impedir a ditonga-
tônica: ção. Compare: caí e cai, doído e doido, fluído e fluido.
- Com acento agudo se a vogal tônica for i, u ou a, e, o aber- - Acentuam-se em regra, o /i/ e o /u/ tônicos em hiato com vo-
tos: xícara, úmido, queríamos, lágrima, término, déssemos, lógico, gal ou ditongo anterior, formando sílabas sozinhos ou com s: saída
binóculo, colocássemos, inúmeros, polígono, etc. (sa-í-da), saúde (sa-ú-de), faísca, caíra, saíra, egoísta, heroína, caí,
- Com acento circunflexo se a vogal tônica for fechada ou na- Xuí, Luís, uísque, balaústre, juízo, país, cafeína, baú, baús, Gra-
sal: lâmpada, pêssego, esplêndido, pêndulo, lêssemos, estômago, jaú, saímos, eletroímã, reúne, construía, proíbem, influí, destruí-lo,
sôfrego, fôssemos, quilômetro, sonâmbulo etc. instruí-la, etc.

Didatismo e Conhecimento 70
LÍNGUA PORTUGUESA
- Não se acentua o /i/ e o /u/ seguidos de nh: rainha, fuinha, Exercícios
moinho, lagoinha, etc; e quando formam sílaba com letra que não
seja s: cair (ca-ir), sairmos, saindo, juiz, ainda, diurno, Raul, ruim, 01- O acento gráfico de “três” justifica-se por ser o vocábulo:
cauim, amendoim, saiu, contribuiu, instruiu, etc. a) Monossílabo átono terminado em ES.
b) Oxítono terminado em ES
Segundo as novas regras da Língua Portuguesa não se acen- c) Monossílabo tônico terminado em S
tua mais o /i/ e /u/ tônicos formando hiato quando vierem depois d) Oxítono terminado em S
de ditongo: baiúca, boiúna, feiúra, feiúme, bocaiúva, etc. Ficaram:
e) Monossílabo tônico terminado em ES
baiuca, boiuna, feiura, feiume, bocaiuva, etc.

Os hiatos “ôo” e “êe” não são mais acentuados: enjôo, vôo, 02- Se o vocábulo concluiu não tem acento gráfico, tal não
perdôo, abençôo, povôo, crêem, dêem, lêem, vêem, relêem. Fi- acontece com uma das seguinte formas do verbo concluir:
caram: enjoo, voo, perdoo, abençoo, povoo, creem, deem, leem, a) concluia
veem, releem. b) concluirmos
c) concluem
Acento Diferencial d) concluindo
e) concluas
Emprega-se o acento diferencial como sinal distintivo de vo-
cábulos homógrafos, nos seguintes casos: 03- Nenhum vocábulo deve receber acento gráfico, exceto:
a) sururu
- pôr (verbo) - para diferenciar de por (preposição). b) peteca
- verbo poder (pôde, quando usado no passado)
c) bainha
- é facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as
palavras forma/fôrma. Em alguns casos, o uso do acento deixa a d) mosaico
frase mais clara. Exemplo: Qual é a forma da fôrma do bolo? e) beriberi

Segundo as novas regras da Língua Portuguesa não existe 04- Todos os vocábulos devem ser acentuados graficamente,
mais o acento diferencial em palavras homônimas (grafia igual, exceto:
som e sentido diferentes) como: a) xadrez
b) faisca
- côa(s) (do verbo coar) - para diferenciar de coa, coas (com c) reporter
+ a, com + as); d) Oasis
- pára (3ª pessoa do singular do presente do indicativo do ver- e) proteina
bo parar) - para diferenciar de para (preposição);
- péla (do verbo pelar) e em péla (jogo) - para diferenciar de 05- Assinale a opção em que o par de vocábulos não obedece
pela (combinação da antiga preposição per com os artigos ou pro-
à mesma regra de acentuação gráfica.
nomes a, as);
a) sofismático/ insondáveis
- pêlo (substantivo) e pélo (v. pelar) - para diferenciar de pelo
(combinação da antiga preposição per com os artigos o, os); b) automóvel/fácil
- péra (substantivo - pedra) - para diferenciar de pera (forma c) tá/já
arcaica de para - preposição) e pêra (substantivo); d) água/raciocínio
- pólo (substantivo) - para diferenciar de polo (combinação e) alguém/comvém
popular regional de por com os artigos o, os);
- pôlo (substantivo - gavião ou falcão com menos de um ano) - 06- Os dois vocábulos de cada item devem ser acentuado gra-
para diferenciar de polo (combinação popular regional de por com ficamente, exceto:
os artigos o, os); a) herbivoro-ridiculo
b) logaritmo-urubu
Emprego do Til c) miudo-sacrificio
d) carnauba-germem
O til sobrepõe-se às letras “a” e “o” para indicar vogal nasal.
e) Biblia-hieroglifo
Pode figurar em sílaba:
- tônica: maçã, cãibra, perdão, barões, põe, etc;
- pretônica: romãzeira, balõezinhos, grã-fino, cristãmente, etc; 07- “Andavam devagar, olhando para trás...” (J.A. de Almei-
- átona: órfãs, órgãos, bênçãos, etc. da-Américo A. Bagaceira). Assinale o item em que nem todas as
palavras são acentuadas pelo mesmo motivo da palavra grifada no
Trema (o trema não é acento gráfico) texto.
a) Más – vês
Desapareceu o trema sobre o /u/ em todas as palavras do por- b) Mês – pás
tuguês: Linguiça, averiguei, delinquente, tranquilo, linguístico. c) Vós – Brás
Exceto as de língua estrangeira: Günter, Gisele Bündchen, müle- d) Pés – atrás
riano. e) Dês – pés

Didatismo e Conhecimento 71
LÍNGUA PORTUGUESA
08- Indique a única alternativa em que nenhuma palavra é - Antes de expressão de tratamento introduzida pelos prono-
acentuada graficamente: mes possessivos Vossa ou Sua ou ainda da expressão Você, forma
a) lapis, canoa, abacaxi, jovens, reduzida de Vossa Mercê: Enviei dois ofícios a Vossa Senhoria;
b) ruim, sozinho, aquele, traiu Traremos a Sua Majestade, o rei Hubertus, uma mensagem de paz;
c) saudade, onix, grau, orquídea Eles queriam oferecer flores a você.
d) flores, açucar, album, virus,
e) voo, legua, assim, tenis - Antes dos pronomes demonstrativos esta e essa: Não me
refiro a esta carta; Os críticos não deram importância a essa obra.
09- Nas alternativas, a acentuação gráfica está correta em to-
das as palavras, exceto: - Antes dos pronomes pessoais: Nada revelei a ela; Dirigiu-se
a) jesuíta, caráter a mim com ironia.
b) viúvo, sótão
c) baínha, raiz - Antes dos pronomes indefinidos com exceção de outra: Di-
d) Ângela, espádua rei isso a qualquer pessoa; A entrada é vedada a toda pessoa estra-
e) gráfico, flúor nha. Com o pronome indefinido outra(s), pode haver crase porque
ele, às vezes, aceita o artigo definido a(s): As cartas estavam co-
10- Até ........ momento, ........ se lembrava de que o antiquário locadas umas às outras (no masculino, ficaria “os cartões estavam
tinha o ......... que procurávamos. colocados uns aos outros”).
a) Aquêle-ninguém-baú
b) Aquêle-ninguém-bau - Quando o “a” estiver no singular e a palavra seguinte esti-
c) Aquêle-ninguem-baú ver no plural: Falei a vendedoras desta firma; Refiro-me a pessoas
d) Aquele-ninguém-baú curiosas.
e) Aquéle-ninguém-bau
- Quando, antes do “a”, existir preposição: Ela compareceu
Respostas: (1-E) (2-A) (3-E) (4-A) (5-A) (6-B) (7-D) (8-B) perante a direção da empresa; Os papéis estavam sob a mesa. Ex-
(9-C) (10-D) ceção feita, às vezes, para até, por motivo de clareza: A água inun-
dou a rua até à casa de Maria (= a água chegou perto da casa); se
Crase não houvesse o sinal da crase, o sentido ficaria ambíguo: a água
inundou a rua até a casa de Maria (= inundou inclusive a casa).
Crase é a superposição de dois “a”, geralmente a preposição Quando até significa “perto de”, é preposição; quando significa
“a” e o artigo a(s), podendo ser também a preposição “a” e o pro- “inclusive”, é partícula de inclusão.
nome demonstrativo a(s) ou a preposição “a” e o “a” inicial dos
pronomes demonstrativos aqueles(s), aquela(s) e aquilo. Essa su- - Com expressões repetitivas: Tomamos o remédio gota a
perposição é marcada por um acento grave (`). gota; Enfrentaram-se cara a cara.
Assim, em vez de escrevermos “entregamos a mercadoria a a - Com expressões tomadas de maneira indeterminada: O
vendedora”, “esta blusa é igual a a que compraste” ou “eles deve- doente foi submetido a dieta leve (no masc. = foi submetido a
riam ter comparecido a aquela festa”, devemos sobrepor os dois repouso, a tratamento prolongado, etc.); Prefiro terninho a saia e
“a” e indicar esse fato com um acento grave: “Entregamos a mer- blusa (no masc. = prefiro terninho a vestido).
cadoria à vendedora”. “Esta blusa é igual à que compraste”. “Eles
deveriam ter comparecido àquela festa.” - Antes de pronome interrogativo, não ocorre crase: A que
O acento grave que aparece sobre o “a” não constitui, pois, a artista te referes?
crase, mas é um mero sinal gráfico que indica ter havido a união
de dois “a” (crase). - Na expressão valer a pena (no sentido de valer o sacrifício,
Para haver crase, é indispensável a presença da preposição o esforço), não ocorre crase, pois o “a” é artigo definido: Paro-
“a”, que é um problema de regência. Por isso, quanto mais conhe- diando Fernando Pessoa, tudo vale a pena quando a alma não é
cer a regência de certos verbos e nomes, mais fácil será para ele ter pequena...
o domínio sobre a crase.
A Crase é Facultativa
Não existe Crase
- Antes de nomes próprios feminino: Enviamos um telegrama
- Antes de palavra masculina: Chegou a tempo ao trabalho; à Marisa; Enviamos um telegrama a Marisa. Em português, antes
Vieram a pé; Vende-se a prazo. de um nome de pessoa, pode-se ou não empregar o artigo “a” (“A
Marisa é uma boa menina”. Ou “Marisa é uma boa menina”). Por
- Antes de verbo: Ficamos a admirá-los; Ele começou a ter isso, mesmo que a preposição esteja presente, a crase é facultati-
alucinações. va. Quando o nome próprio feminino vier acompanhado de uma
expressão que o determine, haverá crase porque o artigo definido
- Antes de artigo indefinido: Levamos a mercadoria a uma estará presente. Dedico esta canção à Candinha do Major Queve-
firma; Refiro-me a uma pessoa educada. do. [A (artigo) Candinha do Major Quevedo é fanática por seresta.]

Didatismo e Conhecimento 72
LÍNGUA PORTUGUESA
- Antes de pronome adjetivo possessivo feminino singular: - Palavra “casa”: quando a expressão casa significa “lar”,
Pediu informações à minha secretária; Pediu informações a minha “domicílio” e não vem acompanhada de adjetivo ou locução ad-
secretária. A explicação é idêntica à do item anterior: o pronome jetiva, não há crase: Chegamos alegres a casa; Assim que saiu do
adjetivo possessivo aceita artigo, mas não o exige (“Minha secre- escritório, dirigiu-se a casa; Iremos a casa à noitinha. Mas, se a
tária é exigente.” Ou: “A minha secretária é exigente”). Portanto, palavra casa estiver modificada por adjetivo ou locução adjetiva,
mesmo com a presença da preposição, a crase é facultativa. então haverá crase: Levaram-me à casa de Lúcia; Dirigiram-se à
casa das máquinas; Iremos à encantadora casa de campo da família
Sousa.
- Com o pronome substantivo possessivo feminino singular,
o uso de acento indicativo de crase não é facultativo (conforme o - Palavra “terra”: Não há crase, quando a palavra terra sig-
caso, será proibido ou obrigatório): A minha cidade é melhor que a nifica o oposto a “mar”, “ar” ou “bordo”: Os marinheiros ficaram
tua. O acento indicativo de crase é proibido porque, no masculino, felizes, pois resolveram ir a terra; Os astronautas desceram a terra
ficaria assim: O meu sítio é melhor que o teu (não há preposição, na hora prevista. Há crase, quando a palavra significa “solo”, “pla-
apenas o artigo definido). Esta gravura é semelhante à nossa. O neta” ou “lugar onde a pessoa nasceu”: O colono dedicou à terra
acento indicativo de crase é obrigatório porque, no masculino, fi- os melhores anos de sua vida; Voltei à terra onde nasci; Viriam à
caria assim: Este quadro é semelhante ao nosso (presença de pre- Terra os marcianos?
posição + artigo definido).
- Palavra “distância”: Não se usa crase diante da palavra dis-
Casos Especiais tância, a menos que se trate de distância determinada: Via-se um
monstro marinho à distância de quinhentos metros; Estávamos à
distância de dois quilômetros do sítio, quando aconteceu o aci-
- Nomes de localidades: Dentre as localidades, há as que ad-
dente. Mas: A distância, via-se um barco pesqueiro; Olhava-nos
mitem artigo antes de si e as que não o admitem. Por aí se deduz
a distância.
que, diante das primeiras, desde que comprovada a presença de
preposição, pode ocorrer crase; diante das segundas, não. Para se - Pronome Relativo: Todo pronome relativo tem um subs-
saber se o nome de uma localidade aceita artigo, deve-se substituir tantivo (expresso ou implícito) como antecedente. Para saber se
o verbo da frase pelos verbos estar ou vir. Se ocorrer a combinação existe crase ou não diante de um pronome relativo, deve-se subs-
“na” com o verbo estar ou “da” com o verbo vir, haverá crase com tituir esse antecedente por um substantivo masculino. Se o “a” se
o “a” da frase original. Se ocorrer “em” ou “de”, não haverá crase: transforma em “ao”, há crase diante do relativo. Mas, se o “a”
Enviou seus representantes à Paraíba (estou na Paraíba; vim da Pa- permanece inalterado ou se transforma em “o”, então não há crase:
raíba); O avião dirigia-se a Santa Catarina (estou em Santa Catari- é preposição pura ou pronome demonstrativo: A fábrica a que me
na; vim de Santa Catarina); Pretendo ir à Europa (estou na Europa; refiro precisa de empregados. (O escritório a que me refiro precisa
vim da Europa). Os nomes de localidades que não admitem artigo de empregados.); A carreira à qual aspiro é almejada por muitos.
passarão a admiti-lo, quando vierem determinados. Porto Alegre (O trabalho ao qual aspiro é almejado por muitos.). Na passagem
do antecedente para o masculino, o pronome relativo não pode ser
indeterminadamente não aceita artigo: Vou a Porto Alegre (estou
substituído, sob pena de falsear o resultado: A festa a que compa-
em Porto Alegre; vim de Porto Alegre); Mas, acompanhando-se de
reci estava linda (no masculino = o baile a que compareci estava
uma expressão que a determine, passará a admiti-lo: Vou à grande lindo). Como se viu, substituímos festa por baile, mas o pronome
Porto Alegre (estou na grande Porto Alegre; vim da grande Porto relativo que não foi substituído por nenhum outro (o qual etc.).
Alegre); Iríamos a Madri para ficar três dias; Iríamos à Madri das
touradas para ficar três dias. A Crase é Obrigatória

- Pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo: - Sempre haverá crase em locuções prepositivas, locuções
quando a preposição “a” surge diante desses demonstrativos, deve- adverbiais ou locuções conjuntivas que tenham como núcleo um
mos sobrepor essa preposição à primeira letra dos demonstrativos substantivo feminino: à queima-roupa, à maneira de, às cegas, à
e indicar o fenômeno mediante um acento grave: Enviei convi- noite, às tontas, à força de, às vezes, às escuras, à medida que, às
tes àquela sociedade (= a + aquela); A solução não se relaciona pressas, à custa de, à vontade (de), à moda de, às mil maravilhas,
àqueles problemas (= a + aqueles); Não dei atenção àquilo (= a + à tarde, às oito horas, às dezesseis horas, etc. É bom não confundir
a locução adverbial às vezes com a expressão fazer as vezes de,
aquilo). A simples interpretação da frase já nos faz concluir se o
em que não há crase porque o “as” é artigo definido puro: Ele se
“a” inicial do demonstrativo é simples ou duplo. Entretanto, para
aborrece às vezes (= ele se aborrece de vez em quando); Quando
maior segurança, podemos usar o seguinte artifício: Substituir os o maestro falta ao ensaio, o violinista faz as vezes de regente (= o
demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo pelos demonstrativos violinista substitui o maestro).
este(s), esta(s), isto, respectivamente. Se, antes destes últimos, sur-
gir a preposição “a”, estará comprovada a hipótese do acento de - Sempre haverá crase em locuções que exprimem hora de-
crase sobre o “a” inicial dos pronomes aquele(s), aquela(s), aquilo. terminada: Ele saiu às treze horas e trinta minutos; Chegamos à
Se não surgir a preposição “a”, estará negada a hipótese de crase. uma hora. Cuidado para não confundir a, à e há com a expressão
Enviei cartas àquela empresa./ Enviei cartas a esta empresa; A so- uma hora: Disseram-me que, daqui a uma hora, Teresa telefonará
lução não se relaciona àqueles problemas./ A solução não se rela- de São Paulo (= faltam 60 minutos para o telefonema de Teresa);
ciona a estes problemas; Não dei atenção àquilo./ Não dei atenção Paula saiu daqui à uma hora; duas horas depois, já tinha mudado
a isto; A solução era aquela apresentada ontem./ A solução era esta todos os seus planos (= quando ela saiu, o relógio marcava 1 hora);
apresentada ontem. Pedro saiu daqui há uma hora (= faz 60 minutos que ele saiu).

Didatismo e Conhecimento 73
LÍNGUA PORTUGUESA
- Quando a expressão “à moda de” (ou “à maneira de”) es- 04. Marque a alternativa correta quanto ao acento indicativo
tiver subentendida: Nesse caso, mesmo que a palavra subsequente da crase:
seja masculina, haverá crase: No banquete, serviram lagosta à Ter- a) A cidade à que me refiro situa-se em plena floresta, a algu-
midor; Nos anos 60, as mulheres se apaixonavam por homens que mas horas de Manaus.
tinham olhos à Alain Delon. b) De hoje à duas semanas estaremos longe, a muitos quilô-
metros daqui, a gozar nossas merecidas férias.
- Quando as expressões “rua”, “loja”, “estação de rádio”, c) As amostras que servirão de base a nossa pesquisa estão há
etc. estiverem subentendidas: Dirigiu-se à Marechal Floriano (= muito tempo à disposição de todos.
dirigiu-se à Rua Marechal Floriano); Fomos à Renner (fomos à d) À qualquer distância percebia-se que, à falta de cuidados, a
loja Renner); Telefonem à Guaíba (= telefonem à rádio Guaíba). lavoura amarelecia e murchava.
- Quando está implícita uma palavra feminina: Esta religião 05. Em qual das alternativas o uso do acento indicativo de
é semelhante à dos hindus (= à religião dos hindus).
crase é facultativo?
a) Minhas idéias são semelhantes às suas.
- Não confundir devido com dado (a, os, as): a primeira ex-
b) Ele tem um estilo à Eça de Queiroz.
pressão pede preposição “a”, havendo crase antes de palavra fe-
c) Dei um presente à Mariana.
minina determinada pelo artigo definido. Devido à discussão de
ontem, houve um mal-estar no ambiente (= devido ao barulho de d) Fizemos alusão à mesma teoria.
ontem, houve...); A segunda expressão não aceita preposição “a” e) Cortou o cabelo à Gal Costa.
(o “a” que aparece é artigo definido, não havendo, pois, crase):
Dada a questão primordial envolvendo tal fato (= dado o proble- 06. “O pobre fica ___ meditar, ___ tarde, indiferente ___ que
ma primordial...); Dadas as respostas, o aluno conferiu a prova (= acontece ao seu redor”.
dados os resultados...). a) à - a - aquilo
b) a - a - àquilo
Excluída a hipótese de se tratar de qualquer um dos casos c) a - à - àquilo
anteriores, devemos substituir a palavra feminina por outra mas- d) à - à - aquilo
culina da mesma função sintática. Se ocorrer “ao” no masculino, e) à - à - àquilo
haverá crase no “a” do feminino. Se ocorrer “a” ou “o” no masculi-
no, não haverá crase no “a” do feminino. O problema, para muitos, 07. “A casa fica ___ direita de quem sobe a rua, __ duas qua-
consiste em descobrir o masculino de certas palavras como “con- dras da Avenida Central”.
clusão”, “vezes”, “certeza”, “morte”, etc. É necessário então frisar a) à - há
que não há necessidade alguma de que a palavra masculina tenha b) a - à
qualquer relação de sentido com a palavra feminina: deve apenas c) a - há
ter a mesma função sintática: Fomos à cidade comprar carne. (ao d) à - a
supermercado); Pedimos um favor à diretora. (ao diretor); Muitos e) à - à
são incensíveis à dor alheia. (ao sofrimento); Os empregados dei-
xam a fábrica. (o escritório); O perfume cheira a rosa. (a cravo); O 08. “O grupo obedece ___ comando de um pernambucano,
professor chamou a aluna. (o aluno). radicado __ tempos em São Paulo, e se exibe diariamente ___ hora
do almoço”.
Exercícios a) o - à - a
b) ao - há - à
01. A crase não é admissível em:
c) ao - a - a
a) Comprou a crédito.
d) o - há - a
b) Vou a casa de Maria.
e) o - a - a
c) Fui a Bahia.
d) Cheguei as doze horas.
e) A sentença foi favorável a ré. 09. “Nesta oportunidade, volto ___ referir-me ___ problemas
já expostos __ V.Sª __ alguns dias”.
02. Assinale a opção em que falta o acento de crase: a) à - àqueles - a - há
a) O ônibus vai chegar as cinco horas. b) a - àqueles - a - há
b) Os policiais chegarão a qualquer momento. c) a - aqueles - à - a
c) Não sei como responder a essa pergunta. d) à - àqueles - a - a
d) Não cheguei a nenhuma conclusão. e) a - aqueles - à - há

03. Assinale a alternativa correta: 10. Assinale a frase gramaticalmente correta:


a) O ministro não se prendia à nenhuma dificuldade burocrática. a) O Papa caminhava à passo firme.
b) O presidente ia a pé, mas a guarda oficial ia à cavalo. b) Dirigiu-se ao tribunal disposto à falar ao juiz.
c) Ouviu-se uma voz igual à que nos chamara anteriormente. c) Chegou à noite, precisamente as dez horas.
d) Solicito à V. Exa. que reconheça os obstáculos que estamos d) Esta é a casa à qual me referi ontem às pressas.
enfrentando. e) Ora aspirava a isto, ora aquilo, ora a nada.

Didatismo e Conhecimento 74
LÍNGUA PORTUGUESA
11. O Ministro informou que iria resistir __ pressões contrá- Vírgula ( , ): É usada para marcar uma pausa do enunciado
rias __ modificações relativas __ aquisição da casa própria. com a finalidade de nos indicar que os termos por ela separados,
a) às - àquelas - à apesar de participarem da mesma frase ou oração, não formam
b) as - aquelas - a uma unidade sintática: Lúcia, esposa de João, foi a ganhadora úni-
c) às - àquelas - a ca da Sena.
d) às - aquelas - à Podemos concluir que, quando há uma relação sintática entre
e) as - àquelas - à termos da oração, não se pode separá-los por meio de vírgula. Não
se separam por vírgula:
12. A alusão ___ lembranças da casa materna trazia ___ tona - predicado de sujeito;
uma vivência ___ qual já havia renunciado. - objeto de verbo;
a) às - a - a - adjunto adnominal de nome;
b) as - à - há - complemento nominal de nome;
c) as - a - à
- predicativo do objeto do objeto;
d) às - à - à
- oração principal da subordinada substantiva (desde que esta
e) às - a - há
não seja apositiva nem apareça na ordem inversa).
13. Use a chave ao sair ou entrar ___ 20 horas.
a) após às A vírgula no interior da oração
b) após as
c) após das É utilizada nas seguintes situações:
d) após a - separar o vocativo: Maria, traga-me uma xícara de café; A
e) após à educação, meus amigos, é fundamental para o progresso do país.
- separar alguns apostos: Valdete, minha antiga empregada,
14. ___ dias não se consegue chegar ___ nenhuma das locali- esteve aqui ontem.
dades ___ que os socorros se destinam. - separar o adjunto adverbial antecipado ou intercalado: Che-
a) Há - à - a gando de viagem, procurarei por você; As pessoas, muitas vezes,
b) A - a - a são falsas.
c) À - à - a - separar elementos de uma enumeração: Precisa-se de pedrei-
d) Há - a - a ros, serventes, mestre-de-obras.
e) À - a - a - isolar expressões de caráter explicativo ou corretivo: Ama-
nhã, ou melhor, depois de amanhã podemos nos encontrar para
15. Fique __ vontade; estou ___ seu inteiro dispor para ouvir acertar a viagem.
o que tem ___ dizer. - separar conjunções intercaladas: Não havia, porém, motivo
a) a - à – a para tanta raiva.
b) à - a – a - separar o complemento pleonástico antecipado: A mim, nada
c) à - à – a me importa.
d) à - à – à - isolar o nome de lugar na indicação de datas: Belo Horizon-
e) a - a - a te, 26 de janeiro de 2011.
- separar termos coordenados assindéticos: “Lua, lua, lua, lua,
Respostas: (1-A) (2-A) (3-C) (4-C) por um momento meu canto contigo compactua...” (Caetano Ve-
loso)
a – é facultativo o uso de crase antes de pronome adjetivo
- marcar a omissão de um termo (normalmente o verbo): Ela
possessivo feminino singular (nossa).
prefere ler jornais e eu, revistas. (omissão do verbo preferir)
à - Sempre haverá crase em locuções prepositivas, locuções
adverbiais ou locuções conjuntivas que tenham como núcleo um Termos coordenados ligados pelas conjunções e, ou, nem dis-
substantivo feminino (à disposição). pensam o uso da vírgula: Conversaram sobre futebol, religião e
política. Não se falavam nem se olhavam; Ainda não me decidi se
(5-C) (6-C) (7-D) (8-B) (9-B) (10-D) (11-A) (12-D) (13-B) viajarei para Bahia ou Ceará. Entretanto, se essas conjunções apa-
(14-D) (15-B) recerem repetidas, com a finalidade de dar ênfase, o uso da vírgula
passa a ser obrigatório: Não fui nem ao velório, nem ao enterro,
Pontuação nem à missa de sétimo dia.

Os sinais de pontuação são sinais gráficos empregados na lín- A vírgula entre orações
gua escrita para tentar recuperar recursos específicos da língua fa-
lada, tais como: entonação, jogo de silêncio, pausas, etc. É utilizada nas seguintes situações:
- separar as orações subordinadas adjetivas explicativas: Meu
Ponto ( . ) pai, de quem guardo amargas lembranças, mora no Rio de Janeiro.
- indicar o final de uma frase declarativa: Lembro-me muito - separar as orações coordenadas sindéticas e assindéticas (ex-
bem dele. ceto as iniciadas pela conjunção “e”: Acordei, tomei meu banho,
- separar períodos entre si: Fica comigo. Não vá embora. comi algo e saí para o trabalho; Estudou muito, mas não foi apro-
- nas abreviaturas: Av.; V. Ex.ª vado no exame.

Didatismo e Conhecimento 75
LÍNGUA PORTUGUESA
Há três casos em que se usa a vírgula antes da conjunção: Ponto de Exclamação ( ! )
- quando as orações coordenadas tiverem sujeitos diferentes: - Após vocativo: “Parte, Heliel!” ( As violetas de Nossa Sra.-
Os ricos estão cada vez mais ricos, e os pobres, cada vez mais Humberto de Campos).
pobres. - Após imperativo: Cale-se!
- quando a conjunção e vier repetida com a finalidade de dar - Após interjeição: Ufa! Ai!
ênfase (polissíndeto): E chora, e ri, e grita, e pula de alegria. - Após palavras ou frases que denotem caráter emocional: Que
- quando a conjunção e assumir valores distintos que não seja pena!
da adição (adversidade, consequência, por exemplo): Coitada! Es-
tudou muito, e ainda assim não foi aprovada. Reticências ( ... )
- separar orações subordinadas adverbiais (desenvolvidas ou - indicar dúvidas ou hesitação do falante: Sabe...eu queria te
reduzidas), principalmente se estiverem antepostas à oração prin- dizer que...esquece.
cipal: “No momento em que o tigre se lançava, curvou-se ainda - interrupção de uma frase deixada gramaticalmente incom-
pleta: Alô! João está? Agora não se encontra. Quem sabe se ligar
mais; e fugindo com o corpo apresentou o gancho.” (O selvagem
mais tarde...
- José de Alencar)
- ao fim de uma frase gramaticalmente completa com a inten-
- separar as orações intercaladas: “- Senhor, disse o velho, te-
ção de sugerir prolongamento de ideia: “Sua tez, alva e pura como
nho grandes contentamentos em a estar plantando...”. Essas ora-
um foco de algodão, tingia-se nas faces duns longes cor-de-rosa...”
ções poderão ter suas vírgulas substituídas por duplo travessão: (Cecília- José de Alencar)
“Senhor - disse o velho - tenho grandes contentamentos em a estar - indicar supressão de palavra (s) numa frase transcrita:
plantando...” “Quando penso em você (...) menos a felicidade.” (Canteiros -
- separar as orações substantivas antepostas à principal: Quan- Raimundo Fagner)
to custa viver, realmente não sei.
Aspas ( “  ” )
Ponto-e-Vírgula ( ; ) - isolar palavras ou expressões que fogem à norma culta,
como gírias, estrangeirismos, palavrões, neologismos, arcaísmos
- separar os itens de uma lei, de um decreto, de uma petição, e expressões populares: Maria ganhou um apaixonado “ósculo” do
de uma sequência, etc: seu admirador; A festa na casa de Lúcio estava “chocante”; Con-
Art. 127 – São penalidades disciplinares: versando com meu superior, dei a ele um “feedback” do serviço a
I- advertência; mim requerido.
II- suspensão; - indicar uma citação textual: “Ia viajar! Viajei. Trinta e quatro
III- demissão; vezes, às pressas, bufando, com todo o sangue na face, desfiz e
IV- cassação de aposentadoria ou disponibilidade; refiz a mala”. (O prazer de viajar - Eça de Queirós)
V- destituição de cargo em comissão; Se, dentro de um trecho já destacado por aspas, se fizer neces-
VI-destituição de função comissionada. (cap. V das penalida- sário a utilização de novas aspas, estas serão simples. ( ‘  ‘ )
des Direito Administrativo)
Parênteses ( () )
- separar orações coordenadas muito extensas ou orações - isolar palavras, frases intercaladas de caráter explicativo e
coordenadas nas quais já tenham tido utilizado a vírgula: “O rosto datas: Na 2ª Guerra Mundial (1939-1945), ocorreu inúmeras per-
de tez amarelenta e feições inexpressivas, numa quietude apática, das humanas; “Uma manhã lá no Cajapió (Joca lembrava-se como
era pronunciadamente vultuoso, o que mais se acentuava no fim da se fora na véspera), acordara depois duma grande tormenta no fim
do verão”. (O milagre das chuvas no nordeste- Graça Aranha)
vida, quando a bronquite crônica de que sofria desde moço se foi
Os parênteses também podem substituir a vírgula ou o tra-
transformando em opressora asma cardíaca; os lábios grossos, o
vessão.
inferior um tanto tenso (...)” (Visconde de Taunay)
Travessão ( __ )
Dois-Pontos ( : ) - dar início à fala de um personagem: O filho perguntou: __
- iniciar a fala dos personagens: Então o padre respondeu: Pai, quando começarão as aulas?
__Parta agora. - indicar mudança do interlocutor nos diálogos. __Doutor, o
- antes de apostos ou orações apositivas, enumerações ou que tenho é grave? __Não se preocupe, é uma simples infecção. É
sequência de palavras que explicam, resumem ideias anteriores: só tomar um antibiótico e estará bom.
Meus amigos são poucos: Fátima, Rodrigo e Gilberto. - unir grupos de palavras que indicam itinerário: A rodovia
- antes de citação: Como já dizia Vinícius de Morais: “Que Belém-Brasília está em péssimo estado.
o amor não seja eterno posto que é chama, mas que seja infinito Também pode ser usado em substituição à virgula em expres-
enquanto dure.” sões ou frases explicativas: Xuxa – a rainha dos baixinhos – é loira.

Ponto de Interrogação ( ? ) Parágrafo


- Em perguntas diretas: Como você se chama? Constitui cada uma das secções de frases de um escritor; co-
- Às vezes, juntamente com o ponto de exclamação: Quem meça por letra maiúscula, um pouco além do ponto em que come-
ganhou na loteria? Você. Eu?! çam as outras linhas.

Didatismo e Conhecimento 76
LÍNGUA PORTUGUESA
Colchetes ( [] ) 04.
Utilizados na linguagem científica. a) Precisando de mim procure-me; ou melhor telefone que eu
venho.
Asterisco ( * ) b) Precisando de mim procure-me, ou, melhor telefone que
Empregado para chamar a atenção do leitor para alguma nota
eu venho.
(observação).
c) Precisando, de mim, procure-me ou melhor, telefone, que
Barra ( / ) eu venho.
Aplicada nas abreviações das datas e em algumas abreviaturas. d) Precisando de mim, procure-me; ou melhor, telefone, que
eu venho.
Hífen (−) e) Precisando, de mim, procure-me ou, melhor telefone que
Usado para ligar elementos de palavras compostas e para unir eu venho.
pronomes átonos a verbos. Exemplo: guarda-roupa
05. Os períodos abaixo apresentam diferenças de pontuação.
Exercícios Assinale a letra que corresponde ao período de pontuação correta:
a) José dos Santos paulista, 23 anos vive no Rio.
01. Assinale o texto de pontuação correta:
a) Não sei se disse, que, isto se passava, em casa de uma co- b) José dos Santos paulista 23 anos, vive no Rio.
madre, minha avó. c) José dos Santos, paulista 23 anos, vive no Rio.
b) Eu tinha, o juízo fraco, e em vão tentava emendar-me: pro- d) José dos Santos, paulista 23 anos vive, no Rio.
vocava risos, muxoxos, palavrões. e) José dos Santos, paulista, 23 anos, vive no Rio.
c) A estes, porém, o mais que pode acontecer é que se riam
deles os outros, sem que este riso os impeça de conservar as suas 06. A alternativa com pontuação correta é:
roupas e o seu calçado. a) Tenha cuidado, ao parafrasear o que ouvir. Nossa capacida-
d) Na civilização e na fraqueza ia para onde me impeliam de de retenção é variável e muitas vezes inconscientemente, detur-
muito dócil muito leve, como os pedaços da carta de ABC, tritu-
pamos o que ouvimos.
rados soltos no ar.
e) Conduziram-me à rua da Conceição, mas só mais tarde no- b) Tenha cuidado ao parafrasear o que ouvir: nossa capacidade
tei, que me achava lá, numa sala pequena. de retenção é variável e, muitas vezes, inconscientemente, detur-
pamos o que ouvimos.
02. Das redações abaixo, assinale a que não está pontuada c) Tenha cuidado, ao parafrasear o que ouvir! Nossa capacida-
corretamente: de de retenção é variável e muitas vezes inconscientemente, detur-
a) Os candidatos, em fila, aguardavam ansiosos o resultado pamos o que ouvimos.
do concurso. d) Tenha cuidado ao parafrasear o que ouvir; nossa capacidade
b) Em fila, os candidatos, aguardavam, ansiosos, o resultado de retenção, é variável e - muitas vezes inconscientemente, detur-
do concurso.
pamos o que ouvimos.
c) Ansiosos, os candidatos aguardavam, em fila, o resultado
e) Tenha cuidado, ao parafrasear o que ouvir. Nossa capaci-
do concurso.
d) Os candidatos ansiosos aguardavam o resultado do concur- dade de retenção é variável - e muitas vezes inconscientemente
so, em fila. - deturpamos, o que ouvimos.
e) Os candidatos, aguardavam ansiosos, em fila, o resultado
do concurso. Nas questões 07 a 10, os períodos foram pontuados de cinco
formas diferentes. Leia-os todos e assinale a letra que corresponde
Instruções para as questões de números 03 e 04: Os períodos ao período de pontuação correta:
abaixo apresentam diferenças de pontuação, assinale a letra que
corresponde ao período de pontuação correta: 07.
a) Entra a propósito, disse Alves, o seu moleque, conhece pou-
03.
a) Pouco depois, quando chegaram, outras pessoas a reunião co os deveres da hospitalidade.
ficou mais animada. b) Entra a propósito disse Alves, o seu moleque conhece pou-
b) Pouco depois quando chegaram outras pessoas a reunião co os deveres da hospitalidade.
ficou mais animada. c) Entra a propósito, disse Alves o seu moleque conhece pou-
c) Pouco depois, quando chegaram outras pessoas, a reunião co os deveres da hospitalidade.
ficou mais animada. d) Entra a propósito, disse Alves, o seu moleque conhece pou-
d) Pouco depois quando chegaram outras pessoas a reunião, co os deveres da hospitalidade.
ficou mais animada. e) Entra a propósito, disse Alves, o seu moleque conhece pou-
e) Pouco depois quando chegaram outras pessoas a reunião
co, os deveres da hospitalidade.
ficou, mais animada.

Didatismo e Conhecimento 77
LÍNGUA PORTUGUESA
08.
a) Prima faça calar titio suplicou o moço, com um leve sorriso ANOTAÇÕES
que imediatamente se lhe apagou.
b) Prima, faça calar titio, suplicou o moço com um leve sorri-
so que imediatamente se lhe apagou. —————————————————————————
c) Prima faça calar titio, suplicou o moço com um leve sorriso —————————————————————————
que imediatamente se lhe apagou.
d) Prima, faça calar titio suplicou o moço com um leve sorriso —————————————————————————
que imediatamente se lhe apagou.
—————————————————————————
e) Prima faça calar titio, suplicou o moço com um leve sorriso
que, imediatamente se lhe apagou. —————————————————————————

09. —————————————————————————
a) Era um homem de quarenta e cinco anos, baixo, meio gor- —————————————————————————
do, fisionomia insinuante, destas que mesmo sérias, trazem im-
presso constante sorriso. —————————————————————————
b) Era um homem de quarenta e cinco anos, baixo, meio gor- —————————————————————————
do, fisionomia insinuante, destas que mesmo sérias trazem, im-
presso constante sorriso. —————————————————————————
c) Era um homem de quarenta e cinco anos, baixo, meio gor-
—————————————————————————
do, fisionomia insinuante, destas que, mesmo sérias, trazem im-
presso, constante sorriso. —————————————————————————
d) Era um homem de quarenta e cinco anos, baixo, meio gor-
do, fisionomia insinuante, destas que, mesmo sérias trazem im- —————————————————————————
presso constante sorriso. —————————————————————————
e) Era um homem de quarenta e cinco anos, baixo, meio gor-
do, fisionomia insinuante, destas que, mesmo sérias, trazem im- —————————————————————————
presso constante sorriso.
—————————————————————————
10. —————————————————————————
a) Deixo ao leitor calcular quanta paixão a bela viúva, empre-
gou na execução do canto. —————————————————————————
b) Deixo ao leitor calcular quanta paixão a bela viúva empre- —————————————————————————
gou na execução do canto.
c) Deixo ao leitor calcular quanta paixão, a bela viúva, empre- —————————————————————————
gou na execução do canto. —————————————————————————
d) Deixo ao leitor calcular, quanta paixão a bela viúva, empre-
gou na execução do canto. —————————————————————————
e) Deixo ao leitor, calcular quanta paixão a bela viúva, empre-
—————————————————————————
gou na execução do canto.
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Respostas: 01-C / 02-E / 03-C / 04-D / 05-E / 06-B / 07-D /
08-B / 09-E / 10-B —————————————————————————
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ANOTAÇÕES
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Didatismo e Conhecimento 78
LÍNGUA PORTUGUESA

ANOTAÇÕES

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Didatismo e Conhecimento 79
LÍNGUA PORTUGUESA

ANOTAÇÕES

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Didatismo e Conhecimento 80
LÍNGUA PORTUGUESA

ANOTAÇÕES

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Didatismo e Conhecimento 81
LÍNGUA PORTUGUESA

ANOTAÇÕES

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Didatismo e Conhecimento 82
LÍNGUA PORTUGUESA

ANOTAÇÕES

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Didatismo e Conhecimento 83
LÍNGUA PORTUGUESA

ANOTAÇÕES

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Didatismo e Conhecimento 84
LÍNGUA PORTUGUESA

ANOTAÇÕES

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Didatismo e Conhecimento 85
LÍNGUA PORTUGUESA

ANOTAÇÕES

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Didatismo e Conhecimento 86
LÍNGUA PORTUGUESA

ANOTAÇÕES

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Didatismo e Conhecimento 87
LÍNGUA PORTUGUESA

ANOTAÇÕES

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Didatismo e Conhecimento 88

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