Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO
Psicologia e EDUCAÇÃO
Irene Carmen Piconi Prestes
Catarina de Souza Moro
2010
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
© 2007-2010 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autoriza-
ção por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.
ISBN: 978-85-387-0836-0
CDD 370.15
O campo transferencial.........................................................169
Aprender com o professor....................................................................................................172
O campo de transferência.....................................................................................................173
O desafio da diferença...........................................................191
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Contribuições de Henri Wallon
ao contexto educativo...........................................................207
A psicogenética de Henri Wallon........................................................................................207
O homem como ser geneticamente social.....................................................................208
Os quatro eixos fundamentais ...........................................................................................209
Conceitos importantes...........................................................................................................212
Etapas do desenvolvimento.................................................................................................213
A psicogenética walloniana e a Educação......................................................................214
Anotações..................................................................................423
Pretendemos com este livro refletir sobre a prática, sem esquecer de uma boa
fundamentação teórica, abordando temas atuais e interessantes. Não pretende-
mos oferecer modelos, mas sim possibilidades que o leitor possa adaptar à sua
prática na sala de aula.
René Descartes
Cultura e humanização
A cultura é o processo pelo qual o homem acumula as experiências
que é capaz de realizar, discerne entre elas, fixa aquelas de efeito favorável
e, como resultado da ação exercida, converte em ideias as imagens e lem-
branças, a princípio coladas à realidade sensível e, depois, generalizadas,
no contato inventivo com o mundo natural.
Assim, temos que o homem entra em contato com o mundo que o cerca de
duas maneiras: a primeira baseada nas experiências casuais, espontâneas, sus-
tentadas no “bom senso” e a outra baseada na experiência científica.
Conhecimento espontâneo
O bom senso é simplesmente o depósito intelectual indiferenciado resul-
tante da série de experiências fecundas do grupo social e do indivíduo, que se
transmite de forma não sistemática, por herança racional, e não em caráter de
conhecimento refletido.
Quando uma pessoa faz um bolo, ela segue a receita e a incorpora numa série
de informações para o melhor sucesso do seu trabalho. Sabe que, ao bater as claras
em neve, elas crescem e se tornam esbranquiçadas; que não convém abrir o forno
quando o bolo começa a assar, senão ele murcha; que a medida adequada de fer-
mento faz o bolo crescer. Se estiver fazendo pudim em banho-maria, sabe que uma
fatia de limão na água evita o escurecimento da vasilha, o que facilitará seu trabalho
posterior de limpeza. É provável que essa pessoa saiba tudo isso, mas não saiba por
que e como ocorrem esses fenômenos; não conhece, enfim, suas causas.
Conhecimento científico
O conhecimento científico é uma conquista recente da humanidade: tem
apenas 300 anos e surgiu no século XVII. Isso não significa que antes dessa data
não houvesse nenhum saber rigoroso. Sócrates preocupava-se com a definição
dos conceitos, pelos quais pretendia atingir a essência das coisas, e Platão mos-
trava o caminho que a educação do sábio devia percorrer para ir da doxa (opi-
nião) à episteme (ciência).
Vale ressaltar que as ciências são particulares na medida em que cada uma
privilegia setores distintos da realidade: a Física trata do movimento dos corpos;
a Química, da sua transformação; a Biologia, do ser vivo etc. No entanto, a ciência
é geral no sentido de suas conclusões não valerem apenas para os casos obser-
vados. Assim, ao afirmarmos que “o peso de qualquer objeto depende do campo
de gravitação”, ou que “a cor de um objeto depende da luz que ele reflete”, ou
ainda que “a água é uma substância composta de hidrogênio e oxigênio”, esta-
mos fazendo afirmações que são válidas para todos os corpos, todos os objetos
coloridos ou qualquer quantidade de água.
Para ser precisa e objetiva, a ciência dispõe de uma linguagem rigorosa, cujos
conceitos são definidos de modo a evitar ambiguidades. Essa linguagem se
torna cada vez mais precisa, à medida que utiliza a matemática para transformar
as qualidades em quantidades.
Essa história pode ser mais ou menos longa para os diferentes aspectos da pro-
dução humana. No caso da Psicologia, a história tem por volta de dois milênios.
Domínio público.
to áureo na Antiguidade, entre os gregos, particular-
mente no período de 700 a.C. até a dominação romana,
às vésperas da Era Cristã.
1
Por doença, entendemos aqui a falta ou perturbação da saúde, qualquer moléstia ou enfermidade, sofrimento físico, mal.
Psicologia científica
A Psicologia formou-se no seio da Filosofia e, por muito tempo, foi parte es-
sencial dessa disciplina. A Psicologia contemporânea se caracteriza por uma
crise de emancipação perante a Filosofia. Desenvolveu-se da parte propriamen-
te filosófica do programa, a metafísica, e se constituiu como disciplina autôno-
ma; veio a ser, assim, a ciência da vida psíquica. Sendo essa vida conhecida pela
consciência, e não pelos sentidos, definiu-se também como o estudo dos fatos
da consciência.
Nos Estados Unidos, essa autonomia foi mais rapidamente conquistada. Não
possuindo tradição filosófica, propensos, além disso, ao concreto e ao útil, os
americanos encontraram-se na Psicologia aplicada.
Domínio público.
manha, em 1879, o primeiro laboratório para rea-
lizar experimentos na área da Psicofisiologia com o
uso de instrumentos de observação. Por esse fato
e por sua extensa produção teórica na área, ele é
considerado o pai da Psicologia moderna. Segui-
ram para a Alemanha muitos estudiosos dessa nova
ciência, como Fechner-Weber, Titchner e William
James. Seu status de ciência é obtido na medida em
que se “liberta” da Filosofia, que marcou sua história
até aqui, e atrai novos estudiosos e pesquisadores,
os quais, sob os novos padrões de produção de co- Wilhelm Wundt (1832-1926).
nhecimento, passam a:
Cabe mencionar que para Wundt seu conceito de vontade não supõe apenas
um ato de escolha ou decisão consciente, mas representa uma de suas formas
mais complexas. Volição2 é uma função biológica e engloba manifestações afeti-
vas. Esse afeto imprime direção aos movimentos impulsivos, dirigindo-os a uma
meta ou indo contra uma meta.
Texto complementar
Fenômeno psicológico
(BOCK, 2000, p. 11-12)
O homem
“Pensar o homem como possuidor de direitos naturais, pensar o homem
como livre e igual pressupõe a ideia de que existe uma natureza humana,
a mesma em todos os tempos e lugares. Isso é o mesmo que dizer serem
alguns elementos caracterizadores do homem, necessários e universais, efei-
tos de uma causa também necessária e universal: natureza. Ficam subesti-
madas as determinações sociais.
Dica de estudo
As Aventuras do Barão de Munchausen, direção de Terry Gilliam.
Atividades
1. Qual a importância da atividade relacional humana?
Referências
ABRÃO, Jorge Luís Ferreira. A História da Psicanálise de Crianças no Brasil. São
Paulo: Escuta, 1998.
BOWLBY, John. Apego: a natureza do vínculo. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
CALLIGARIS, Contardo et al. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofí-
cios, 1994.
CANDAU, Vera Maria. Sou Criança: tenho direitos – oficinas pedagógicas de di-
reitos humanos. Petrópolis: Vozes, 1998.
GINOTT, Haim. Pais e Filhos: novas soluções para velhos problemas. Rio de Ja-
neiro: Bloch, 1989.
JERUSALINSKY, Alfredo. Apesar de você amanhã há de ser outro dia. In: CALLIGA-
RIS, Contardo. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1995.
MEIRIEU, Philippe. Aprender... Sim, mas Como? São Paulo: Artmed, 1998.
PENNA, Antonio. Percepção e Realidade. Rio de Janeiro: Mercúrio, 1982. v.10/I e II.
TONUCCI, Francesco. Com Olhos de Criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
Gabarito
1. A atividade relacional humana é importante porque o homem necessita do
outro no processo civilizatório e isso lhe permite que a convivência social
com o semelhante não só facilite a aprendizagem e o aperfeiçoamento dos
instrumentos, mas também enriqueça a afetividade resultante do relaciona-
mento interpessoal. Destarte, o homem aprende a conhecer a natureza, as
pessoas e a si mesmo.
Em seu texto “A interpretação dos sonhos” (1900), Freud mostra como os pro-
cessos do sonho permitem compreender as formações do inconsciente. Ainda
que esse inconsciente esteja ligado à linguagem, à palavra, a uma representação
simbólica, o ego é o lugar da consciência e constrói-se para garantir o equilíbrio
psíquico da pessoa, sustentar sua identidade. O id permanece como sendo o
reservatório da energia psíquica, pulsional, inconsciente. O superego é definido
como a instância da lei, da crítica, da consciência moral. O conflito das forças
inconscientes é sempre constante. Assim, o sujeito freudiano é dividido, des-
centrado de si mesmo em consciente e inconsciente. Na Psicologia, há o caráter
unificador da personalidade, há possibilidade de resolução do conflito, de uma
adaptação social plena. Essa área do conhecimento fixa como objetivo o estudo
da personalidade e seus efeitos no comportamento humano. Embora não des-
conheçam o determinismo inconsciente, às vezes ignoram essa dimensão.
Sob essa perspectiva entende-se que o ato de ensinar pressupõe a relação entre
um ensinante e um aprendiz. Essa relação impõe uma interrogação: se alguém
ensina é porque alguém está aprendendo. Mas será que o aluno sempre está apren-
dendo? E o professor, também aprende nesse encontro? Convidamos o leitor a re-
fletir sobre isso. Vamos à consideração de Lopes (2002, p. 91) buscar essa resposta:
[...] proponho pensar que ensinar é um ato de fé [...] em sua origem [...], no latim, era fides
confiança, lealdade, fidelidade [...] Estamos falando em fé como confiança, lealdade, que tem
como valores fundamentais, engajamento e consentimento. O engajamento implica uma
atitude humana solidária com as circunstâncias sociais e históricas em que vive, e procura, pois,
ter consciência das suas consequências [...] Engajamento e consentimento no ato de ensinar
são parte de uma atitude subjetiva na qual estão presentes sujeitos [...] que é ter confiança em
fazer e fé em. No sujeito. No sujeito que é o ensinante; no sujeito que é o aprendiz.
O outro
(DRUMMOND DE ANDRADE, 1997, p. 29)
A sala de aula:
o professor/aluno/conhecimento
Tendo por referência a consideração da psicologia aplicada à educação com-
preendemos a sala de aula como campo relacional de ensino e de aprendiza-
gem, como espaço de possibilidades interativas, de trocas interpessoais, onde
a ação educativa deixa de exercer o controle e passa a ser uma atividade que
conduz ao crescimento e à flexibilidade para as mudanças dos agentes esco-
lares. O desenho abaixo ilustra, caricaturalmente, o que o olhar e a palavra do
professor, da escola tradicional despertavam no aluno: apenas o sentimento de
temor, na desconsideração da subjetividade, dos aspectos afetivos que envol-
vem o sujeito aprendiz.
Autoritarismo pedagógico.
Educar é um constante desafio, não é uma missão fácil para o educador. São
múltiplas as variáveis que interferem na atividade docente, como a formação e a
atualização profissional, as condições salariais, as jornadas de trabalho, os recur-
sos didáticos, entre outras, que decorrem das contingências do contexto social
e das políticas educacionais.
Dessa maneira, essa é uma ação escolar que fortalece a atividade docente,
quando o professor pode usar da palavra, do diálogo, da fala visando à significa-
ção, à construção de um sentido para sua existência como educador-desejante,
ainda, como pessoa afetiva aberta para aprender sempre.
Texto complementar
Vale precisar também que uma coisa pode fazer sentido para mim sem que eu
saiba claramente por que, não saiba nem sequer que ela faz sentido. Toda a Psi-
canálise está aí para mostrar isto: não somos transparentes para nós mesmos.
de sentido, pois o sujeito evolui, por sua dinâmica própria e por seu con-
fronto com os outros e o mundo.
Dica de estudo
DAVIS, Cláudia. Psicologia na Educação. São Paulo: Cortez, 1994. p. 104-105.
Procure aplicar o projeto 4 desse livro, no qual a autora trata de uma observa-
ção do cotidiano de uma sala de aula. Desenvolver a capacidade de observação
é um exercício que favorece o autoconhecimento, a descoberta das potenciali-
dades e limites pessoais. Favorece a convivência, a solidariedade com o outro.
Ainda, abre a possibilidade de transformar e criar atitudes que sejam educativas
e que possam ir ao encontro da satisfação, da realização pessoal e profissional e
da afetividade.
Atividades
1. Explique, com as suas palavras, como podemos compreender a sala de aula
tendo por referência as contribuições da dimensão “psi“ para a educação.
(NÓVOA, Antonio (Org.). Profissão Professor. Porto, Portugal: Porto, 1999, p. 9-10.)
Referências
ABRÃO, Jorge Luís Ferreira. A História da Psicanálise de Crianças no Brasil. São
Paulo: Escuta, 1998.
BOWLBY, John. Apego: a natureza do vínculo. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
CALLIGARIS, Contardo et al. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofí-
cios, 1994.
CANDAU, Vera Maria. Sou Criança: tenho direitos – oficinas pedagógicas de di-
reitos humanos. Petrópolis: Vozes, 1998.
CHARLOT, Bernard. Da Relação com o Saber: elementos para uma teoria. Porto
Alegre: Artmed, 2000.
GINOTT, Haim. Pais e Filhos: novas soluções para velhos problemas. Rio de Ja-
neiro: Bloch, 1989.
GOZO, Aparecido Theodoro. Gestão da organização a partir dos talentos. In: Olhar
do Professor. Ponta Grossa: Universidade Estadual de Ponta Grossa, 2000.
JERUSALINSKY, Alfredo. Apesar de você amanhã há de ser outro dia. In: CALLIGA-
RIS, Contardo. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1995.
MEIRIEU, Philippe. Aprender... Sim, mas Como? São Paulo: Artmed, 1998.
TONUCCI, Francesco. Com Olhos de Criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
Gabarito
1. A sala de aula é um espaço relacional de encontro de dois atores escola-
res: professor e aluno. Cada um carrega uma bagagem própria, histórias de
vida, experiências, significados e sentidos do viver, que se manifestam no
campo da sala de aula. Demonstrando que a dimensão subjetiva integra as
atividades educativas, daí a importância da consideração dos aspectos, dos
interesses dos alunos articulados aos planos de ensino capazes de canalizar
a atenção do aluno para o conhecimento. Ainda, a sala de aula é entendida
como uma manifestação grupal do humano, que necessita de um líder, de
regras, de objetivos claros a fim de garantir seu funcionamento saudável.
Antonio Nóvoa
Idade
Audição/linguagem Visual/psicomotora
aproximada
Segue a luz com os olhos; segue o
1-2 meses Reage a sons inesperados, escuta sons.
movimento dos objetos.
Imita sons; usa duas a três palavras com Bate dois objetos; preensão em pin-
10-12 meses
significado. ça; encontra objetos ocultos.
16-18 meses Conversa; procura fazer coro nas músicas. Rabisca livremente.
Forma pequenas frases com significado. Faz torres com objetos. Rabiscos cir-
19-21 meses
Observa-se uma aplicação no vocabulário. culares.
22-24 meses Escuta histórias; nomeia objetos. Copia traços verticais e horizontais.
Sensação
As sensações referem-se à atividade do sistema nervoso que permitem ao
homem a impressão dos sinais, das propriedades e dos indícios dos objetos do
mundo exterior e do mundo interior. Está presente em todas as formas de vida
animal e pode ocorrer sem percepção. Por exemplo, um indivíduo pode ouvir
um som mas ser incapaz de dar significado ao que ouve. Os órgãos dos sentidos,
54 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Processos psicológicos básicos do comportamento
Hemisfério direito
CORPO CALOSO (junção dos
NÚCLEOS AMIGOALINOS
(controle dos comportamentos
instintivos) ÁREA SENSORIAL (sensações físicas)
BULBO OLFATIVO
(olfato e gesto)
Hemisfério esquerdo
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 55
mais informações www.iesde.com.br
Processos psicológicos básicos do comportamento
Aplicação educacional
Um exercício básico para desenvolver a capacidade sensorial é manter
atividade física regularmente e uma alimentação equilibrada, pois isso me-
lhora a circulação sanguínea, favorece a conexão entre os neurônios e o bom
funcionamento do cérebro.
Percepção
Pode-se afirmar que, no nível da sensação, não há integração, apenas impres-
são sensorial; é com o processo de percepção que se inicia o reconhecimento dos
estímulos sensoriais. Nesse nível, conforme as necessidades e capacidades do or-
ganismo, os estímulos sensoriais são integrados, interpretados e tornam-se signi-
ficativos. Dessa maneira, a percepção permite à espécie humana o conhecimento
dos objetos ao seu redor e dos fenômenos sensíveis que passam no meio.
Aplicação educacional
A proposta é desenvolver a capacidade sensório-perceptiva de crianças.
Para isso, peça a elas que, com os olhos fechados, toquem diferentes superfícies
e objetos. Em seguida, peça que descrevam o que “sentiram” e “perceberam”.
Linguagem
A linguagem humana apresenta uma diferença fundamental em relação a
dos animais. Estes, por meio de um pequeno repertório de sons, gestos, são ca-
pazes de se comunicar e informar ordens. Já os humanos são capazes de formu-
lar e expressar conceitos abstratos, como amor e felicidade, que não são coisas
que se apresentam imediatamente aos sentidos, mas que estão representadas
simbolicamente. Linguagem e pensamento são processos interdependentes.
Enquanto se aprende a falar, desenvolve-se o pensamento pela possibilidade
que a linguagem permite de se abstrair das coisas e do tempo. A criança aprende
comportamentos verbais não só pela observação e percepção dos sons, mas por
meio de interações com o meio, ou seja, aprende fazendo. A linguagem é, sem
dúvida, o fator básico nos ajustamentos sociais e nos aspectos mais significati-
vos do desenvolvimento intelectual.
Para que haja linguagem falada, é necessário que os seguintes aspectos es-
tejam integrados:
sensorial
– Representado pelo órgão da visão, da audição, para percep-
ção e captação;
motor
– Representado pelos órgãos da articulação e formação vocal (cor-
das vocais, língua, lábios, véu palatino), para evocação e elaboração;
psicológico
– Representa a experiência sensório-perceptiva significativa,
significado psicológico da linguagem.
Evolução da linguagem
0-2
meses: nessa fase pré-linguística, o bebê chora, grita quando sente
prazer ou desconforto frente a estímulos auditivos, visuais, táteis e cines-
tésicos. Apresenta reações reflexas.
2-6
meses: começa a adquirir experiência concreta do próprio corpo e
do meio ambiente. Com linguagem espontânea, emite sons conscientes e
gestos pela mímica facial, balbucios.
6-9
meses: linguagem de imitação. O bebê treina seus órgãos fonoarticu-
latórios, preparando-se para a formação de palavras, vocalizações, ritmo e
tons diferentes: ecolalia.
9-12
meses: etapa compreensiva. A criança fala quando está sozinha. Pri-
meiras palavras com significado e vocabulário de 10 palavras.
12-18
meses: compreende familiares e nomeia o que vê.
18-24
meses: pensamento concreto. Refere-se a si mesma pelo próprio
nome. Controle voluntário sobre todo o aparelho vocal. Observa-se o apri-
moramento da expressão correta da linguagem.
3-5
anos: interiorização e consciência do seu próprio eu. Domina 1 500
palavras, sem captar totalmente seu significado. Pergunta “por quê?”
6
anos: noções de relatividade, dependendo da posição do seu corpo. O
pensamento passa a ser lógico-concreto, deve saber pronunciar correta-
mente todos os sons da língua.
Aplicação educacional
A proposta para desenvolver a capacidade de linguagem é ouvir narrati-
vas de fatos vividos (relatos de experiências) e histórias. O ato de ouvir pode
ser entendido como uma forma de leitura, pois ele implica uma atribuição
de significado tanto quanto o ato de ler um texto escrito.
Pensamento
As estruturas cerebrais envolvidas na organização do pensamento proces-
sam qualquer raciocínio, gerando uma definição explicativa baseada em uma
reflexão, para expressar uma mensagem, ideia ou sentimento.
Aplicação educacional
Um exercício interessante é solicitar às crianças que observem imagens,
fotos, pinturas, que traduzam alguns momentos sociais. Depois, pode-se
convidá-las a pensar em uma história baseada nas imagens vistas. Peça, em
seguida, que registrem por escrito a história que imaginaram.
Memória
A memória é a capacidade de registrar e de evocar informações passadas. Por-
tanto, podemos defini-la como “os meios pelos quais as pessoas recorrem ao co-
nhecimento passado, a fim de utilizá-lo no presente; os mecanismos dinâmicos as-
sociados à retenção e à recuperação da informação” (STERNBERG, 2000, p. 225).
Os componentes da memória
Componentes
objetivos: atividades físico-fisiológicas e químicas de gra-
vação e de registro cerebral das lembranças.
Componentes
subjetivos: o significado emocional do fato para a pessoa,
a necessidade para a vida da pessoa.
Assim, o fato de o nosso cérebro gravar e registrar tudo não constitui a me-
mória, que consiste naquilo que foi gravado com um sentido ou com um signifi-
cado para nós e para os outros.
As modalidades de memória
Curto prazo: registro das informações, dos pensamentos da consciência
humana. Armazena informações por período limitado. É a capacidade de
lembrar, por exemplo, o número de telefone enquanto você está discando.
1
Apraxia ou dispraxia: dificuldade na planificação motora, cujo impacto se reflete na capacidade de a pessoa coordenar
adequadamente os movimentos corporais.
Aplicação educacional
A proposta é desenvolver a capacidade de memória, recuperando a
memória de curto e longo prazo. Um exercício simples é procurar lembrar-se
do que fez no dia. Depois procurar lembrar-se do que fez em datas festivas
anos atrás.
Texto complementar
Introdução
[...] O presente trabalho surge da necessidade de refletir sobre o atendi-
mento psicológico à criança hospitalizada. Precisando melhor, este estudo
busca conhecer os meios e o processo utilizado por uma criança submetida
a um tratamento invasivo para expressar a sua vivência. Parte-se do pres-
suposto de que a expressão é um momento importante da compreensão e
elaboração simbólica. [...]
Expressar o sofrimento?
[...] O presente estudo encontra seu referencial teórico nos fundamentos
que compreendem a emoção como base da construção do conhecimento,
não como desorganizadora do comportamento, não como forma de expres-
são com função de adaptação ou recuperação de resquícios do comporta-
mento animal, expressões inatas ou instintivas (DARWIN, 2000), mas como
função psicológica que, ao longo do desenvolvimento cultural, junto com as
outras funções psicológicas, vai formando um sistema psicológico complexo
e diversificado: um sistema em que a linguagem, devido ao seu caráter me-
diado, desempenha papel fundamental. [...]
das suas emoções, confirmando nossa ideia de que, por meio da materializa-
ção, a criança conhece, organiza e elabora sua emoção. [...]
Silêncio.
PSICÓLOGA: Mel, tive uma ideia e gostaria de saber o que você acha. [...].
Você poderia contar sobre a sua história. [...]
MEL: Eu.
MEL: Nada, mais tinha que tomá remédinho pra voltá lá em Marilena.”
Dica de estudo
<http://geoilheus.tripod.com/gestalt.htm>.
Atividades
1. Associe as colunas abaixo sobre as áreas cerebrais que integram as funções
psicológicas.
Referências
ABRÃO, Jorge Luís Ferreira. A História da Psicanálise de Crianças no Brasil. São
Paulo: Escuta, 1998.
BOWLBY, John. Apego: a natureza do vínculo. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
CALLIGARIS, Contardo et al. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofí-
cios, 1994.
CANDAU, Vera Maria. Sou Criança: tenho direitos – oficinas pedagógicas de di-
reitos humanos. Petrópolis: Vozes, 1998.
GINOTT, Haim. Pais e Filhos: novas soluções para velhos problemas. Rio de Ja-
neiro: Bloch, 1989.
JERUSALINSKY, Alfredo. Apesar de você amanhã há de ser outro dia. In: CALLIGA-
RIS, Contardo. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1995.
MEIRIEU, Philippe. Aprender... Sim, mas Como? São Paulo: Artmed, 1998.
TONUCCI, Francesco. Com Olhos de Criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
Gabarito
1. D, A, E, B, C
Domínio público.
mos saber como a Psicologia do desen-
volvimento descreve e explica de que
maneiras o homem se comporta e muda
no decorrer do tempo e como essas mu-
danças podem ser compreendidas por
nós, uma vez que no contexto escolar en-
contram-se pessoas de diferentes idades
e com comportamentos próprios a cada
faixa etária.
A hereditariedade e o contexto
sócio-histórico-cultural
Houve, durante muitos anos, uma controvérsia na Psicologia a respeito de
comportamentos inatos ou aprendidos, da atuação predominante da heredi-
tariedade ou do contexto sociocultural na determinação de comportamentos
presentes na infância e mesmo na idade adulta.
Maturação
A maturação refere-se ao processo de transformação ao nível das forças bio-
lógicas geneticamente programadas, que direcionam o crescimento em tama-
nho e o controle de movimentos corporais; a integração sensório-perceptiva; a
possibilidade de sentar, caminhar; padrões hormonais; a motricidade global e
fina para o funcionamento pleno do corpo. Essas sequências de padrões matu-
racionais são compartilhadas por todos os membros da nossa espécie.
Diversidade humana
Diversidade humana é um conceito antropológico que nos apresenta uma
sociedade plural. Compõem essa diversidade todos os segmentos populacio-
nais representados por culturas, etnias, raças, gênero, nacionalidades, crenças e
histórico do grupo social.
Diferenças individuais
As diferenças individuais são explicadas pela Psicologia e decorrem de traços
que podem ser de ordem física (idade, altura, peso) ou de ordem psicológica (es-
tilos de aprendizagem, comportamentos, aptidões, habilidades, tipologia física,
aspirações e sonhos, experiências de vida).
1
Donald Winnicott (1896-1971), médico, pediatra, psiquiatra inglês. Estudou o desenvolvimento psíquico infantil. São contribuições dele os con-
ceitos de mãe suficientemente boa e objetos transicionais. Ainda, refere-se ao desenvolvimento da criança nas categorias de dependência absoluta,
dependência relativa e a via que conduz à independência nas relações que estabelece com o outro.
Segunda etapa – Primeira infância, que inicia a partir do segundo ano. De-
monstra interesse por fotos, figuras e histórias. Curiosidade sobre as coisas:
“O que é isto?”. Aquisição da linguagem e reconhecimento corporal.
O nascimento
O nascimento é o primeiro obstáculo a ser vencido pelo feto. Para nascer, ele
precisa deixar a segurança e a proteção do útero materno e enfrentar os estímu-
los do mundo externo, relativamente ameaçador.
O recém-nascido e a mãe
Em relação aos outros seres vivos, o ser humano, ao nascer, tem uma aparên-
cia de extrema fragilidade, não controla os processos fisiológicos, tem uma ex-
pressão indefinida das emoções, possui falta de maturidade das funções senso-
riais e motoras para enfrentar os problemas relativos à sua sobrevivência. Dessa
maneira, o bebê demanda cuidados maternos que têm muita importância para
seu crescimento e desenvolvimento.
Desenvolvimento físico
O bebê nasce com alguns sentidos funcionando regularmente e outros ainda
precariamente. Há dois princípios gerais que regem o ritmo do crescimento
físico do recém-nascido, conforme abaixo.
Galant Estímulo nas costas. Curva o tronco; a bacia vai para trás.
O desenvolvimento psicomotor
As possibilidades de desenvolvimento psicomotor do bebê resultam da ma-
turação de certos tecidos nervosos, aumento em tamanho e complexidade do
sistema nervoso central, crescimento dos ossos e músculos que evoluem de
acordo com a faixa etária. A atividade motora é essencial para o desenvolvimen-
to global da criança.
Idade
Condutas psicomotoras
aproximada
Em decúbito ventral, ergue a cabeça; movimentos circulares com a cabeça
1-2 meses
(queixo livre).
6-7 meses Mantém-se sentado com apoio; quando está de bruços, rola pra ficar de costas.
10-12 meses Fica de pé com apoio; dá passos com apoio; puxa-se para ficar de pé.
3 anos Sobe e desce escada sem apoio; pula sobre uma corda com os dois pés.
4 anos Saltita.
Um outro aspecto é a moda do grupo, que age como força poderosa para
que nele haja conformidade. A criança aprende cedo que ser diferente, ou não
se conformar aos padrões estabelecidos socialmente, é provocar a crítica, a re-
provação e a possível exclusão social. É mais garantido ser igual aos demais e
manter os mesmos ideais do grupo. Essa ênfase na conformidade que atua cons-
tantemente na vida da criança faz com que a percepção de qualquer diferença
seja causa da ansiedade.
O conceito que o indivíduo faz de si, portanto, é, em grande parte, reflexo das
opiniões que os outros têm dele. Essas opiniões interiorizam-se como se fossem
um conceito próprio. Uma vez aceitas, interiorizadas e incorporadas ao conceito
de si próprio, essas opiniões sociais atuam como forças poderosas a influir no
comportamento.
Nossa sociedade tem normas bem definidas dos valores que cabem à figura
feminina e à masculina. A criança torna-se sensível a esses valores sociais e, ao sen-
tir-se diminuída pelos outros devido a certas características, diminui a si mesma e
descobre que os seus desejos de boas relações são frustrados. Em consequência,
sofre distúrbios emocionais e reage sempre defensiva ou ofensivamente para en-
frentar essa situação desfavorável. Essa é uma das razões pelas quais as crianças
com necessidades especiais motoras têm, em conjunto, mais problemas emocio-
nais e de personalidade que as outras crianças, já que as diferenças físicas só têm
significado dentro do sistema de referência do grupo específico com o qual o indi-
víduo se identifica e se reconhece, como fazendo parte do grupo.
Crises
Idade Relações Aspectos
psicossociais Marcas psicossociais
aproximada interpessoais intrapessoais
infantis
Controle de si e
Autonomia X vergo- Laços paternos, há- Livre-arbítrio, autonomia,
2 a 3 anos do outro: “deixa
nha, dúvida. bitos de higiene. vontade, escolha.
que eu faço”.
Desenvolvimento da
Laços familiares, lo- Começo, meio e consciência de si. Papel
3 a 7 anos Iniciativa X culpa.
comoção. fim das coisas. sexual. Estabelece ob-
jetivos e finalidades.
2
Erik Erikson nasceu na Suécia em 1902 e faleceu em 1994. Era um artista promissor quando decidiu estudar Psicologia e Psicanálise para com-
preender a criança. Propôs uma teoria do desenvolvimento diferente daquela de Freud. Para Erikson as pulsões têm caráter social. Sua teoria serviu
de base para as novas compreensões sobre o desenvolvimento infantil.
A pessoa que não elabora esses conflitos está alienada do contexto e apre-
senta um sentimento de desconfiança, pessimismo, sentimento de distância
dos outros e falta de adaptação social.
Aplicação educacional
Uma atividade socializadora é o jogo. Por meio dele, a criança imagina e
vive situações de enriquecimento pessoal, ajudando na estruturação de sua
personalidade. O jogo auxilia na aquisição de hábitos que servirão de base
para o seu comportamento futuro no estudo, no trabalho, na organização e
no planejamento das atividades diárias.
Desenvolvimento intelectual
A inteligência pode ser uma denominação usada para nomear processos que
julgamos que existam, mas que não têm uma realidade concreta; podem ser
apenas inferidos a partir dos comportamentos das pessoas. No meio social, a
inteligência é definida em termos de como a pessoa se comporta socialmente.
As opiniões que os homens têm sobre seus semelhantes baseiam-se em julga-
mentos sobre a sua inteligência: “ele é ‘sabido’”, “como o fulano é ‘esperto’”.
A natureza da inteligência
A natureza da inteligência humana pode ser considerada uma capacidade
potencial do indivíduo. Essa potencialidade é de natureza inata e se desenvolve
desde a infância. O desenvolvimento, a eficiência e o aprimoramento da capacida-
de potencial depende das interferências, dos estímulos adequados que o indiví-
duo recebe e das modificações por doença que possam afetá-lo. Assim, o nível de
funcionamento intelectual é produto das influências hereditárias (inatas) e do
meio ambiente.
Pais que esperam que o filho saia-se bem e desenvolva-se rapidamente enfati-
zam a adequabilidade das atividades e a aquisição de novos comportamentos. Um
exemplo é quando os pais proporcionam uma estimulação adequada e significa-
tiva com materiais lúdicos, jogos e brinquedos que atendam à idade e nível de de-
senvolvimento da criança. Os pais que mantêm uma ligação afetiva com os filhos
e que o reforçam constantemente quando ele brinca, joga ou resolve problemas,
favorecem a motivação da criança e a encoraja a enfrentar novos desafios.
Medida da inteligência
Historicamente, a medida da inteligência surgiu com a necessidade de des-
cobrir quais crianças das escolas públicas francesas não possuíam capacidade
suficiente para aproveitar os ensinamentos que lhes eram ministrados.
A eficiência intelectual atinge o seu ponto máximo por volta dos 20 anos
e permanece estável até os 35 anos, quando perdas começam a se tornar
aparentes até cerca dos 60 anos, época em que as perdas aumentam.
Texto complementar
A utilização da chupeta
e o desenvolvimento sensório-motor oral
(ARAÚJO; SILVA; COUTINHO, 2009, p. 261-267)
Introdução
A forma de alimentar o lactente está diretamente relacionada às habili-
dades motoras orais. Daí considerar-se o tipo de alimento – natural/artificial
e a forma como é oferecido – peito/mamadeira, fatores determinantes no
desenvolvimento motor oral e alimentar infantil.
Métodos
Estudo observacional com corte transversal, considerando-se o desenvol-
vimento sensório-motor oral das crianças que utilizavam chupeta, compara-
do ao desenvolvimento das crianças não expostas a esse utensílio.
A população foi constituída por 74 crianças com três meses de idade, acom-
panhadas no ambulatório de Puericultura daquela maternidade, nascidas a
termo (idade gestacional ao nascimento igual ou maior que 37 semanas). Nor-
malmente, houve registro do Capurro Somático. Não constando esse dado, se-
guiu-se, na ordem: data da última menstruação e ultrassonografia; condições
clínicas compatíveis com bons índices de vitalidade, ou seja, índice de Apgar
igual ou maior que sete; peso ao nascer adequado para a idade gestacional.
Além disso, foram critérios de inclusão ausência de malformações ou doenças
que pudessem interferir no desenvolvimento psicomotor.
O reflexo de sucção foi avaliado por resposta à sucção rítmica diante de es-
tímulo com dedo enluvado na porção anterior da língua e/ou palato duro.
A mordida fásica foi testada por meio de toque na região lateral da gen-
giva. A presença de movimentos rítmicos sequenciados de abertura e fecha-
mento oral demonstrava resposta positiva.
Resultados
A amostra foi constituída por 74 crianças com 90 dias de idade mais ou
menos dez dias (90,0; DP6, 9 dias) e suas mães. Houve discreto predomínio
de crianças do sexo masculino (54,1%). A idade das mães variou entre 15 e 40
anos (23,5; DP5, 2 anos), havendo maior concentração de faixa etária entre
20 e 29 anos (63,5%).
[...]
Para as crianças não usuárias de chupeta houve melhor resposta aos re-
flexos orais de procura e sucção e a língua espontaneamente estava mais
posteriorizada.
[...]
Discussão
Neste estudo, as mães mais jovens foram as que mais ofereceram chu-
peta aos seus filhos. A idade materna constitui fator importante na prática
do aleitamento, à medida que mães mais jovens tendem a desmamar seus
filhos precocemente, bem como introduzir a chupeta, por influência de avós
ou vizinhos.
Com referência aos reflexos orais de procura e sucção, não houve diferen-
ça significante entre os bebês usuários e não usuários de chupeta, encon-
trando melhor resposta, no entanto, neste último grupo.
Conclusão
Em crianças não usuárias de chupeta, encontrou-se com maior frequência
padrão motor global simétrico, melhor resposta aos reflexos orais de procura
e sucção, postura de língua em posição mais posteriorizada.
Além disso, verificou-se que crianças aos três meses aleitadas exclusi-
vamente no peito frequentemente não utilizam chupeta. Por outro lado,
registra-se com maior frequência o uso de chupeta entre as que já haviam
iniciado o desmame.
Dica de estudo
Ponte para Terabítia, direção de Gabor Csupo, 2009.
Ponte para Terabítia apresenta a história de Jess e sua amiga Leslie. O filme
discorre sobre aspectos do desenvolvimento global infantil e é interessante
observar, inicialmente, o perfil de cada criança e depois a transformação deles
quando se tornam amigos. Esse aspecto é mais visível em Jess. O filme também
retrata a condição criativa do pensamento infantil.
Atividades
1. Levante pontos importantes sobre o desenvolvimento infantil.
Referências
ABRÃO, Jorge Luís Ferreira. A História da Psicanálise de Crianças no Brasil. São
Paulo: Escuta, 1998.
BOWLBY, John. Apego: a natureza do vínculo. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
CALLIGARIS, Contardo et al. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofí-
cios, 1994.
CANDAU, Vera Maria. Sou Criança: tenho direitos – oficinas pedagógicas de di-
reitos humanos. Petrópolis: Vozes, 1998.
COLL SALVADOR, César (Org.). Psicologia do Ensino. Porto Alegre: Artmed, 2000.
GINOTT, Haim. Pais e Filhos: novas soluções para velhos problemas. Rio de Ja-
neiro: Bloch, 1989.
JERUSALINSKY, Alfredo. Apesar de você amanhã há de ser outro dia. In: CALLIGA-
RIS, Contardo. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1995.
MEIRIEU, Philippe. Aprender... Sim, mas Como? São Paulo: Artmed, 1998.
TONUCCI, Francesco. Com Olhos de Criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
Gabarito
1.
Aberastury (1981) destaca que a harmonia interna surge a partir de uma rela-
ção afetiva significativa e positiva com os pais e da capacidade criativa que eles
proporcionam. Esse equilíbrio com o mundo interno possibilita a relação com os
outros e estabelece a identidade do adolescente.
Adolescência é:
(ABERASTURY, 1981)
As transformações da imagem
Privilegia os aspectos sociais.
física acarretam dificuldades de
Valores contraditórios e ambí-
ajustamento e a preocupação
guos do contexto sociocultural.
Desenvolvimento
Desenvolvimento emocional
Aqui vamos discorrer sobre a vida emocional na adolescência sem nos ater-
mos a uma fonte teórica. Se fosse possível refazer o caminho da construção da
identidade pessoal do indivíduo, desde o estado de indiferenciação e fusão com
a mãe até a aquisição de sua identidade adulta, poderíamos descrever tal identi-
dade dizendo que, inicialmente, para o bebê, o universo é ele próprio envolvido
no útero materno. Após o nascimento, a criança, nos primeiros anos de vida, crê
que o mundo existe para servi-la, impera a onipotência do pensamento infantil.
Mais tarde, dá-se conta de que o mundo existe independente dela e estabelece
uma relação interativa com o mundo no processo de aprendizagem. E, finalmen-
te, quando chega a adolescência, aceita as suas limitações humanas e é capaz
de conviver com os outros segundo normas, valores, leis já estabelecidas social-
mente. Sabemos que, no desenvolvimento da identidade, o psiquismo exerce
papel de elemento motivador para a atividade humana. Mas, se a vida emocio-
nal é uma força altamente positiva, ela também pode se transformar em força
destrutiva e desintegradora.
A identidade
Identidade é a consciência do “eu individual” que o indivíduo tem como um
ser no mundo; começa na infância com a noção da individualidade do corpo. A
identidade é o conhecimento por parte de cada indivíduo da condição de ser uma
unidade pessoal, separada e distinta dos outros, permitindo-lhe reconhecer-se o
mesmo a cada instante de sua evolução, correspondendo, no plano social, à re-
sultante de todas as identificações prévias feitas até o momento considerado. O
conceito operativo de identidade está formulado a partir das noções dos vínculos
de integração espacial, temporal e social do sentimento de identidade, os quais
vão compor a dinâmica do funcionamento mental (GRIMBERG, 1971).
Sentimento de
identidade
X X
Experiências significativas
para a estruturação da identidade
A frustração
O “não” é uma experiência que se caracteriza por ser uma interdição que frus-
tra a criança. Os pais são as figuras que frustram a criança e o adolescente. Essa
experiência é estruturante dos limites corporais, físicos e psíquicos do sujeito em
desenvolvimento.
Desenvolvimento físico
A adolescência fica marcada por uma sequência de modificações físicas, va-
riando para cada indivíduo a velocidade e a intensidade das transformações so-
máticas, como força muscular, crescimento em estatura, ciclo hormonal, surgi-
mento dos caracteres sexuais secundários para o menino e para a menina. O “eu
individual” começa na infância com a noção da individualidade do corpo.
Diferenças individuais
nos padrões de crescimento
Observa-se, em ambos os sexos, no fim da infância, uma rápida modificação
na conformação anatomofisiológica. A força muscular aumenta linearmente
em ambos os sexos; para os meninos verifica-se também um aumento na força
física. Também as habilidades motoras que requerem coordenação, agilidade
e velocidade crescem em ambos os sexos, no entanto, em momentos diferen-
tes: as meninas têm amadurecimento precoce e os meninos, amadurecimento
tardio. Dessa maneira, são os meninos que se sentem durante mais tempo com
uma forma física sexualmente menos apropriada e os que mais frequentemente
podem sofrer problemas de ajustamento.
interesse no sexo oposto mostra que as crianças que amadurecem cedo ficam
acima da média do grupo.
O crescimento em estatura atinge seu ponto máximo aos 21 anos para os me-
ninos. Para as meninas, por ocasião da menarca, o crescimento reduz-se muito.
As variações no físico podem conduzir a limitações sociais, mas quando a con-
dição é complicada por falta de meios para adquirir aptidões socialmente úteis
ou necessárias, a expectativa social é mantida e reforçada por limitações reais de
capacidades.
A pessoa que sofre de uma incapacidade real carrega um fardo duplo. Não
só a sociedade a diminui, como fica também incapaz de conseguir algumas das
aptidões que a tornam um cidadão útil.
Desenvolvimento psicossocial
segundo Erik Erikson
Sob o ponto de vista físico, existe uma gradual e progressiva transformação
entre o corpo infantil e o corpo adulto. Se a maturação anatomofisiológica é, por
sua universalidade, comum a toda a espécie humana, o modo como se processa
o amadurecimento, isto é, o modo como a criança passa da dependência à inde-
pendência adulta, varia de cultura para cultura.
Em certos grupos sociais, o processo para a vida adulta é lento, gradual, contí-
nuo; o indivíduo deixa paulatinamente a infância e vai se revestindo da condição
adulta de modo atraumático, suave e sensível.
Só após ter firmado sua identidade, o adolescente estará pronto para parti-
cipar de uma união sexual efetiva e estabelecer vínculos mais duradouros, para
manter uma que incluem relacionamentos afetivos e amizade profundas. Para
enfrentar o casamento, o jovem precisa ter um sentimento que suporte as dife-
renças, pois o casamento é uma ameaça de perda da independência e do con-
trole da própria vida.
Genetarividade
Laços sociofami- Realização, Cuidar de si e do outro, com-
30 a 50 anos X
liares, maturidade. felicidade. prometimento social.
interiorização
Integridade
Atenção dirigida Importa o ser e Sabedoria, reflexão e aceita-
60 anos X
ao ser humano. não o ter. ção da vida.
desespero
afirma Mannoni (1981), as crianças andam não só porque têm pernas, mas
porque seus pais o permitem.
Vistos como uma projeção dos pais, esses filhos representam a perda de
sonhos e esperanças e a obrigatoriedade em lidar com as limitações e fazem
com que muitos pais se sintam despreparados para a tarefa de educar os filhos.
Podemos afirmar, a partir dos estudos desses autores, que o sujeito nasce
com as potencialidades de vir a ser, a qual só se concretizará quando estabelecer
relações e laços com o outro. Fica, pois, claro, que a herança constitucional (seja
ela biológica ou psíquica) será condição necessária, mas não suficiente para o
processo de constituição da identidade pessoal do indivíduo.
“Eu” e a sociedade
Os jovens, mobilizados em função de suas transformações internas, perce-
bem as ambiguidades e as contradições sociais como agentes da transformação
social. Querem transformar a si próprios, os outros e o mundo como um todo e,
dentro de certos limites, esta é uma atitude saudável e desejável.
Mas, por outro lado, a constatação dessas ambiguidades sociais pode desen-
cadear diferentes reações do adolescente, desde uma militância transformadora,
uma violenta contestação política, até a busca de uma cultura alternativa, com
uso de drogas, em um outro extremo. Muitas dessas reações distanciam-se de
uma preocupação com os outros, com o coletivo e rompem com os laços sociais
e culturais que os sustentavam.
Esse é o risco que se corre por viver nos dias de hoje, quando o que se impõe
é um caminho rumo ao ideal individualista, ao prazer imediato e instantâneo,
muito adequado ao capitalismo.
Vivemos em uma mudança contínua, e o sujeito vale mais pelo que ele tem,
pelo que possui, do que por si mesmo, pelo seu ser. Convivemos em uma so-
ciedade do universal, da integração mundial com a globalização, com tecno-
logias avançadas, satélites de comunicação e comunicação virtual. O Mercosul
e a União Europeia apontam para um mundo sem fronteiras e limites para o
homem, num apagamento das diferenças culturais e da história individual. Essas
constatações com relação à representação do mundo atual e dos indivíduos pro-
duzem um choque na nossa afetividade e interferem nas nossas relações inter e
intrapessoais.
Desenvolvimento intelectual
Do nascimento à adolescência, a inteligência evolui qualitativamente, segun-
do a teoria epistemológica genética de Jean Piaget. Esse autor apresenta etapas
para o desenvolvimento da inteligência: sensório-motor, pré-operatório, opera-
tório concreto e operatório formal. Uma ação inteligente reside na capacidade
de se adaptar ao meio.
Texto complementar
Os pais e professores deverão saber, por outro lado, que esses serão os
“recipientes” de impulsos, fantasias, emoções e pensamentos mais ou menos
conscientes que os adolescentes têm em relação aos seus próprios pais. Amor
e agressividade, originalmente dirigidos aos pais serão “transferidos” para os
professores. Poderá acontecer que um adolescente, irritado com seus pais,
tenha com estes uma atitude aparentemente “adequada”, extravasando com
um professor toda a “bronca” com eles. O professor ficará surpreso com a
atitude do aluno, mas sua experiência e intuição lhe farão perceber que “algo
se passa”. Os pais, chamados à escola pelas atitudes do filho, poderão não
compreender o que acontece, já que ele está tão “calmo em casa” [...].
Mas a escola não oportuniza somente a relação com o saber, e, como uma
atividade eminentemente grupal, tem também funções de socialização. Em
busca de sua identidade, o adolescente encontra na microssociedade da escola
um sistema de forças que atuam sobre ele, onde, entre outras coisas, reedita seu
ciúme fraterno, compete, divide, rivaliza, oprime e é oprimido, ou seja, reproduz
o sistema social. É por essa razão que a escola, muitas vezes, pode detectar difi-
culdades no processo de desenvolvimento do aluno, que aparece por inteiro na
busca de si mesmo, e seu olhar sobre o que ele é, em geral, menos comprometi-
do emocionalmente do que acontece com os pais. [...]
Dica de estudo
<www.joseouteiral.com>.
Atividades
1. O que é possível interpretar a partir da seguinte afirmação de Maud Man-
noni: “as crianças andam não só porque tem pernas, mas porque seus pais o
permitem”.
Referências
ABERASTURY, Arminda. Adolescência Normal. Porto Alegre: Artmed, 1981.
BOWLBY, John. Apego: a natureza do vínculo. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
CALLIGARIS, Contardo et al. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofí-
cios, 1994.
CANDAU, Vera Maria. Sou Criança: tenho direitos – oficinas pedagógicas de di-
reitos humanos. Petrópolis: Vozes, 1998.
GINOTT, Haim. Pais e Filhos: novas soluções para velhos problemas. Rio de Ja-
neiro: Bloch, 1989.
JERUSALINSKY, Alfredo. Apesar de você amanhã há de ser outro dia. In: CALLIGA-
RIS, Contardo. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1995.
MANNONI, Maud. A Criança Retardada e sua Mãe. São Paulo: Martins Fontes,
1981.
MEIRIEU, Philippe. Aprender... Sim, mas Como? São Paulo: Artmed, 1998.
TONUCCI, Francesco. Com Olhos de Criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
Gabarito
1. É importante destacar que as relações de pais e filhos são constituintes, os
pais são corresponsáveis no desenvolvimento do filho. A autonomia, inde-
pendência do filho, começa na relação com os pais, que devem lhe conferir
desafios constantemente de acordo com as suas capacidades. Ou melhor, o
adulto serve de referência para a elaboração dos conflitos presentes na ado-
lescência.
Renato Russo
esses embrulhos despertam a culpa nos filhos por verem seus pais fazendo
tantos sacrifícios para lhes dar tudo, até aquilo que não têm.
Ao lado disso tem-se o educar e, como muito bem nos diz Charlot (2000, p. 53),
[...] a educação é uma produção de si por si mesmo, mas essa autoprodução só é possível
pela mediação do outro e com a sua ajuda [...] Toda a educação supõe o desejo, como força
propulsionadora que alimenta o processo. Mas só há força de propulsão porque há força
de atração: o desejo sempre é “desejo de”, a criança só pode construir-se porque o outro e o
mundo são humanos e, portanto, desejáveis.
espaço relacional balizado por normas, regras que viabilizam as relações dos
homens uns com os outros e têm por princípio o respeito às diferenças individu-
ais como único meio de se atingir a igualdade social. A ética da responsabilida-
de, do reconhecimento e do pertencimento do outro na cultura.
Um segundo ponto: no mundo atual está cada vez mais difícil encontrarmos
um denominador comum sobre o que é certo ou errado, entre aquilo que é o tra-
dicional e o moderno, entre o desconhecido e o conhecido. Os pais questionam
como impor limites, como educar, sem ser severos demais, sem tomar posições
extremas. O que podemos afirmar é que, com diálogo, amor e confiança mútuas
entre pais e filhos, a tarefa de “educar” terá maior sucesso.
A seguir, o leitor verá um quadro proposto por Erik Erikson (apud DELDIME,
1999) para o desenvolvimento psicossocial. Esse autor concebe a construção da
identidade pessoal como um processo decorrente da interação da criança no
seu ambiente relacional, quer dizer, dependente da mediação que os pais es-
tabelecem com ela no contexto sociocultural. Cada etapa do desenvolvimento
psicossocial tem suas características específicas. Desse modo, em cada um dos
momentos de sua vida, o filho necessita de uma atitude diferente dos pais. Ob-
serve o quadro abaixo e acompanhe o percurso do desenvolvimento psicosso-
cial do ser humano, apresentado por Erik Erikson.
Estágios
(DELDIME, 1999, p. 169)
Do lugar de pais, sabemos que educar filhos não é uma tarefa fácil ou isenta
de culpa. No entanto, alguns pais ainda optam por criar filhos obedientes, con-
formados, alienados na organização social, talvez para não se comprometerem
mais tarde. Esses filhos, quando adultos, poderão apresentar atitudes de inibição
e não saberão dar opiniões, sugestões, nem defender suas convicções. E o mundo
atual tem outras formas de sociabilidade que exigem iniciativa, criatividade, au-
tonomia, independência de ideias e atitudes das pessoas. Destarte, atrela-se o
futuro dos filhos à educação que receberam dos pais. Assim, dependendo da
educação, do modo como significou e o sentido que deu a sua vivência de filho,
quando adulto, poderá demonstrar muitas qualidades, cabendo-lhes a capaci-
dade de gerir com responsabilidade e segurança a sua própria vida.
Educar é desenvolver nos filhos o senso crítico para saber o que é real-
mente importante para eles e, a partir daí, aprimorar a capacidade de realizar
seus objetivos”.
Verdade
(DRUMMOND DE ANDRADE, 1997, p. 41)
Um último ponto para concluir este momento é lembrar que o ser humano,
ao nascer, não tem ainda uma ética definida. E são os pais que têm essa tarefa
fundamental e espetacular. Segundo o psicanalista Françoise Dolto (1999, p. 30),
“o ser humano é marcado pelos contatos verdadeiros que manteve com o cons-
ciente e o inconsciente das pessoas que viviam à sua volta, a mãe em primeiro
lugar, o pai, e as primeiras pessoas que faziam o papel do outro de sua mãe”.
Somos marcados pelas relações que nos afetam, que nos possibilitam construir
um sentido para nossa existência.
Sabemos que não existem regras que se adaptem a todas as realidades fa-
miliares, não existe uma receita, mas indicações de como alcançar os objetivos
propostos.
Onde é o mundo?
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 133
mais informações www.iesde.com.br
Problemas dos pais: crescendo com o outro
A psicanalista infantil Dolto (1999, p. 103) discorre sobre essas funções psíqui-
cas: função materna e função paterna.
É um papel: ma-mã quer dizer que vem em mim para me fazer eu. É mole, ma-mã é o alimento,
isso passa no tubo digestivo, é maleável, ao passo que pa-pa é a dureza da partida, e a tristeza
pelo fato de que essa pessoa se vá e volte; é algo duro, a partida, e isso em todas as línguas.
A palavra “papai” quer dizer a pessoa a quem se ama e que vai, que volta (há uma ruptura),
ao passo que “mamãe” é o continuum. Mas o pai de nascimento é um homem, a mãe de
nascimento é uma mulher, e nem sempre é uma mamãe. Muitas mães de nascimento não são
mamães, e muitas mamães são mais maternais que as mães de nascimento. Elas assumem a
função de mamãe, porque cuidam da criança.
A função maternal é entendida como aquela que provê o bebê com seguran-
ça, confiabilidade, acolhimento, afeto e proteção. Inclui também a construção da
rotina cotidiana. Já a função paterna destaca-se por cumprir um papel de corte,
de inscrição dos limites, da lei psíquica, quer dizer, o superego. Ou, ainda, a cons-
ciência moral de cada sujeito, permitindo, desse modo, uma convivência social
harmoniosa, produtiva e saudável.
A escola deve cumprir sua função social para o sujeito trabalhar os valores
mais gerais, envolvendo situações problemáticas atuais e urgentes, visando à
emancipação do aluno, do cidadão, no processo de escolarização. Dessa manei-
ra, a integração da família com a escola proporciona a formação do cidadão para
além da de aluno, o sujeito é integrante de uma comunidade relacional e tem
responsabilidade com o seu ambiente participando solidariamente.
Laços família-escola
Buscando o laço família-escola temos que as ideias apresentadas nos PCNs
também devem servir de alicerces à família na educação dos filhos, por exem-
plo, o diálogo, que é um recurso essencial à inserção na cultura. O diálogo, como
Níveis de crescimento
Pelas razões anteriormente descritas, compreende-se que, para o indivíduo
se desenvolver, é preciso que a afetividade esteja equilibrada com as ações am-
bientais e as interações sociais, no âmbito escolar. O grande pilar afetivo é a famí-
lia, as experiências e as vivências que traz consigo para o ambiente escolar.
Outro autor, Henry Wallon (apud La Taille, 1992), descreve que a origem da
vida afetiva da pessoa está no funcionamento fisiológico, marcado, por exem-
plo, na atividade alimentar, que apresenta três tipos de reações:
Texto complementar
O “filho do homem”:
obrigado a aprender para ser
(uma perspectiva antropológica)
(CHARLOT, 2000, p. 51-54)
O essencial já está aí: o homem não é, deve tornar-se o que deve ser; para
tal, deve ser educado por aqueles que suprem sua fraqueza inicial e deve edu-
car-se, “tornar-se por si mesmo”.
Mas, por sua condição também, o homem é uma presença fora de si.
Está presente nesse outro que, muito concretamente, lhe permite sobre-
viver e que também é um homem. Esse outro, por ser a figura do humano, é
objeto de desejo, em formas complexas. É objeto de amor, pois ele é aquilo
que eu preciso; e, indissociavelmente, objeto de ódio, pois sua existência em
si mesma atesta que eu não resumo a totalidade do humano.
a criança não encontra no mundo o que lhe permite construir-se. Toda edu-
cação supõe o desejo, como força propulsionadora que alimenta o processo.
Mas só há força de propulsão porque há força de atração: o desejo sempre
é “desejo de”; a criança só pode construir-se porque o outro e o mundo são
humanos e, portanto, desejáveis.
Dica de estudo
SALINGER, J. D. O Apanhador no Campo de Centeio. São Paulo: Editora do
autor, 1951.
Atividades
1. Construa uma explicação que justifique a frase: Pais e filhos – impasses de
um encontro de gerações.
Referências
ABRÃO, Jorge Luís Ferreira. A História da Psicanálise de Crianças no Brasil. São
Paulo: Escuta, 1998.
ARIÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro: LTC, 1981.
BOWLBY, John. Apego: a natureza do vínculo. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
CALLIGARIS, Contardo et al. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofí-
cios, 1994.
CANDAU, Vera Maria. Sou Criança: tenho direitos – oficinas pedagógicas de di-
reitos humanos. Petrópolis: Vozes, 1998.
CHARLOT, Bernard. Da Relação com o Saber: elementos para uma teoria. Porto
Alegre: Artmed, 2000.
COLL SALVADOR, César (Org.). Psicologia do Ensino. Porto Alegre: Artmed, 2000.
GINOTT, Haim. Pais e Filhos: novas soluções para velhos problemas. Rio de Ja-
neiro: Bloch, 1989.
JERUSALINSKY, Alfredo. Apesar de você amanhã há de ser outro dia. In: CALLIGA-
RIS, Contardo. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1995.
MEIRIEU, Philippe. Aprender... Sim, mas Como? São Paulo: Artmed, 1998.
TONUCCI, Francesco. Com Olhos de Criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
Gabarito
1. Um dos pontos a serem considerados é que as crianças de hoje são educadas,
muitas vezes, numa estrutura familiar distinta daquela que seus pais viveram.
Outro ponto é tomar a dependência afetiva humana do outro, ao nascer, so-
mos dependentes dos cuidados do outro pra sobreviver, e aí se inscreve um
laço afetivo que talvez nunca chegue a uma independência emocional ab-
soluta e essa é uma das tarefas que o filho tem de elaborar. Outro ponto são
as projeções que os pais fazem de seus desejos no filho, as expectativas co-
locadas nos ombros dos filhos como herdeiros dos pais. Na desconsideração
do desejo próprio, das particularidades do filho. Outro ponto é entender que
emocionalmente, para que o filho se torne independente, adulto, para que
adquira uma identidade pessoal, terá que opor-se aos pais, às suas ideias, aos
seus valores e caberá aos pais, na tarefa de educadores, suportar e entender
que essa é uma fase de elaboração, para a construção de novos vínculos com
a família e a sociedade.
Fernando Pessoa
Considerações iniciais
sobre a teoria psicanalítica de Sigmund Freud
Discorrer sobre a teoria psicanalítica é um desafio para nós. Freud al-
terou radicalmente o modo de pensar a vida psíquica. A investigação sis-
temática desses problemas levou-o à criação da Psicanálise. Quais são os
fundamentos da obra freudiana? Para tentar compreendê-los, vamos pro-
curar percorrer sua vasta obra desde os seus primeiros passos.
Aspectos biográficos
1856 – Nasce em 6 de maio, na cidade de Freiberg, que pertencia à
Áustria. Aos quatro anos de idade, mudou-
Domínio público.
1939 – Último ano de sua vida. Vítima das perseguições nazistas, refugia-
-se em Londres, Inglaterra. Morre aos 83 anos, no dia 23 de setembro.
Desse modo, verifica-se que antes dos estudos de Freud sobre o inconsciente
outros pesquisadores já discutiam a mente inconsciente. O mérito de Freud está
em propor um modo de estudá-la. Muitos outros aspectos também já estavam
sendo estudados, como a sexualidade e os sonhos.
O inconsciente:
objeto de estudo da Psicanálise
A Psicanálise apresenta o inconsciente humano2 como foco de atenção prin-
cipal dos seus estudos. Os sonhos são manifestações do inconsciente e Freud
descobrira que os sonhos do paciente poderiam ser uma rica fonte de material
emocional significativo. Desse modo, os sonhos, com frequência, eram indica-
tivos das causas subjacentes de um distúrbio psíquico. Freud acreditava que o
material apresentado na descrição de um sonho guardava algum significado,
podendo ser resultado de algum elemento presente no inconsciente. Assim,
conclui-se que o sonho representa uma satisfação mascarada do desejo incons-
ciente. O sonho possui dois tipos de conteúdo: o manifesto e o latente. O conteú-
do manifesto do sonho é a história contada, narrada pelo sonhador. O conteúdo
latente contém o verdadeiro significado do sonho, e constitui o seu significado
oculto ou simbólico. Para interpretar o sentido oculto do sonho, deve-se partir
do conteúdo manifesto para o latente, isto é, interpretar por meio da livre asso-
ciação que o sonhador faz do seu sonho, associado aos eventos da sua história
pessoal.
ainda, uma fonte de motivos que explicam o que de outra maneira ficaria pouco razoável, como
o medo de ratos, de cobras ou a necessidade de mutilação, de flagelação, de ser o melhor.
Instinto e pulsão
A psicanálise freudiana faz uma distinção entre os termos instinto e pulsão.
Para Freud, os instintos são os fatores biológicos que liberam energia mental.
“Instinto” denota e descreve um processo programado ao nível do corpo e do
comportamento fixado por hereditariedade. O termo usado por Freud para des-
crever o comportamento dos seres humanos era Trieb3, mais bem traduzido por
impulso ou pulsão. Assim, para Freud, o termo pulsão parece ser mais adequado,
pois considera que o impulso (ou pulsão) não decorre de predisposições herda-
das, referindo-se antes à fonte de excitação no interior do corpo. O termo pulsão
é tratado como um conceito limite entre o que está ao nível do orgânico, do
físico-químico e do psíquico.
3
Trieb é um substantivo alemão que corresponde ao verbo treiben, que significa impulsionar ou impelir algo, alguém.
Consciente e inconsciente
“Consciente” e “inconsciente” correspondem à primeira tópica freudiana dos
estudos psíquicos. O nível psíquico do consciente é a porção visível, presente
durante o estado de vigília4 da pessoa. É uma parte pequena e insignificante
do psiquismo, representando somente um aspecto superficial da personalidade
total. Já o nível do inconsciente é vasto e poderoso e contém as pulsões que são
a força propulsora de todo o comportamento humano.
O aparelho psíquico
Freud organiza uma proposição de estrutura psíquica em três instâncias: id,
ego e superego. Na medida em que o indivíduo se desenvolve, organizam-se seu
psiquismo e sua personalidade. Na dinâmica da vida psíquica a tensão entre as
instâncias nunca se esgota. Esquematicamente, podemos tentar agrupar as ins-
tâncias deste modo:
Id Ego Superego
Inibe a satisfação do Id
Satisfação global
Satisfação imediata Regras de conduta (cer-
Objetivo na Regulação da realidade
Exigências impensadas to/errado)
dinâmica psíquica Manter nível de tensão
Descarregar tensão Busca a perfeição na di-
confortável
nâmica do sistema psíquico
Por fim, temos que essas três instâncias psíquicas organizam-se como um sis-
tema inseparável e interdependente. Em consequência, há um conflito intermi-
4
Estado de privação ou falta do sono, com a pessoa permanecendo acordada.
Processo de desenvolvimento
psicossexual infantil
Freud acreditava que o processo de estruturação e de funcionamento da
personalidade do adulto era estabelecido nos primeiros anos de vida, estando
quase completamente formado por volta dos cinco anos de idade. O desenvol-
vimento psicossexual da criança passa por uma série de etapas (oral, anal, fálica,
latência). No decorrer dessas etapas, as crianças são consideradas autoeróticas,
isto é, elas obtêm prazer erótico ou sensual ao estimular as zonas erógenas do
corpo ou ao serem estimuladas pelos pais. Essas descobertas freudianas colo-
cam a sexualidade no centro da vida psíquica e, assim, configura-se a existência
da sexualidade na vida infantil.
Idade
0-1 ano 2-4 anos 5-6 anos a partir de 7 anos
aproximada
Gratificação para
Boca, sugar, mor- Diferença sexual
Erotização der, engolir.
o controle esfinc-
anatômica.
As relações sociais.
teriano.
Posição infantil na
Dar provas da sua
interação com o Receptiva. Ativa. Curiosa.
competência.
meio
Integração das
Aparelho Integração das ins-
Diferenciação do Diferenciação instâncias
tâncias psíquicas id,
psíquico ego. do superego. psíquicas id, ego, ego, superego.
superego.
Hábitos de higie-
Identidade se- Processo de
Processos alimen- ne pessoal são
Complementações tares. aprendidos, xual e um obje-
to sexual. escolarização.
socialização.
Texto complementar
O saber ser: competências e habilidades
(MACEDO, 2002, p.14-18)
Às vezes vai melhor na escola aquele que finge, que sabe agradar o pro-
fessor, que insiste na obtenção de uma melhor nota, que reclama em uma
linguagem que funciona, que entende as malícias do jogo escolar. O mesmo
não ocorre, às vezes, com os excluídos, os desgraçados em uma sociedade in-
justa como a nossa, pois podem ser apenas peças desse jogo. Como romper
esse círculo vicioso? Então, o que se chama de cultura escolar, de ofício de
aluno, muitas vezes está mais a serviço de um jogo de cena do que a favor do
trabalho escolar, que ensina e que faz aprender a todos.
Queria agora comentar sobre a Educação como algo impossível, tal como
são, segundo Freud, os atos de governar e analisar. Até porque hoje a educação
impossível tornou-se, na escola, necessária, pois é obrigatória ou compulsória
para todas as crianças. A Educação é impossível porque labuta simultanea-
mente entre dois extremos: de um lado, a heteronomia, porque pressionamos
as crianças, de cima para baixo, para aprenderem aquilo que julgamos fun-
damental para elas e para que mais tarde possam nos substituir. Autonomia,
porque, ao mesmo tempo, as crianças como seres dependentes e precários
precisam se desenvolver e se libertar de muitos tipos de restrições.
Dica de estudo
Psicanálise e Educação: sobre Hefisto, Édipo e outros desamparados dos dias de
hoje, de Andrea Brunetto, Editora da UFMS.
Atividades
1. Destaque três pontos que você considera importantes acerca da Psicanálise.
Referências
ABRÃO, Jorge Luís Ferreira. A História da Psicanálise de Crianças no Brasil. São
Paulo: Escuta, 1998.
BOWLBY, John. Apego: a natureza do vínculo. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
CALLIGARIS, Contardo et al. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofí-
cios, 1994.
CANDAU, Vera Maria. Sou Criança: tenho direitos – oficinas pedagógicas de di-
reitos humanos. Petrópolis: Vozes, 1998.
162 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Contribuições de Sigmund Freud ao contexto educativo
GINOTT, Haim. Pais e Filhos: novas soluções para velhos problemas. Rio de Ja-
neiro: Bloch, 1989.
JERUSALINSKY, Alfredo. Apesar de você amanhã há de ser outro dia. In: CALLIGA-
RIS, Contardo. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1995.
MEIRIEU, Philippe. Aprender... Sim, mas Como? São Paulo: Artmed, 1998.
TONUCCI, Francesco. Com Olhos de Criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
Gabarito
1.
2.
Sigmund Freud
Essa fase é descrita no senso comum como a “fase dos porquês” e verifica-se
que, por vezes, é difícil ao adulto/educador acolher essa fase da criança/aluno,
sendo esta rotulada de “chata”, “entediante”, “metida a adulto”. O que o adulto
não percebe é que sustentar, dar lugar a essa “fase” da criança vai favorecê-la a
desenvolver o pensamento reflexivo-crítico, a condição opinativa e a tomada de
decisão, importantes marcas para a vida adulta.
Para Freud, esse processo começa quando a criança “quer saber sobre algo”,
interroga a existência humana, de onde eu vim? Para onde eu vou? Quem eu
sou? No momento que desperta para a diferença entre os sexos, o homem e a
mulher, quando faz distinção de gênero, analogias, ordenações, classificações,
entre outras operações mentais lógicas.
Outro ponto essencial a ser considerado é a escola, a qual, para estar atualiza-
da com o seu tempo, terá que ser reconstruída. E, por quem? Fundamentalmen-
te, por educadores.
O campo de transferência
A transferência, dependendo do seu manejo pelo professor, permite que o
aluno apresente um particular interesse pelo mestre e pelo saber; o professor
pode acreditar imaginariamente que tenha o poder sobre o saber do aluno. Isso
produz um efeito imaginário e põe o aluno a trabalho, a produzir lembranças e
a fazer associações. O que se transfere, na relação com o outro, são imagens que
se relacionam com as antigas vivências significativas com outras pessoas, espe-
cialmente com as figuras materna e paterna.
Mas quem estaria efetuando a magia? Calei-me, apurei os ouvidos e olhei em volta. As
mulheres, absorvidas nos seus bordados, estavam divididas em duas equipes. Cada uma
concentrava-se, em silêncio, fixando a atenção no seu próprio desenho. Mas, quando se fazia
esse tipo de silêncio completo no pátio, significava que uma guerra sem palavras estava em
andamento. E quem olhasse atentamente para os projetos de bordados saberia em torno
do que se estava travando tal guerra: o eterno conflito entre o taqlidi (tradicional) e o asri
(moderno). Chama e mamãe, representantes do lado moderno, estavam bordando um objeto
que fugia aos modelos convencionais e parecia a asa de um grande pássaro, estendida em
pleno voo. Não era a primeira vez que se inspiravam num pássaro voando, mas o impacto
da imagem continuava forte como sempre, porque o outro lado, tendo à frente a avó lalla
Mani e lalla Radia, havia condenado a obra, como o havia feito em relação às anteriores, sob a
alegação de que não ficava bem para suas criadoras escolher semelhante tema. O desenho do
outro lado era sobre um tema tradicional. Tia Habiba estava do lado tradicional, trabalhando
com a equipe no mesmo mrema (tear), mas somente porque não podia se permitir declarar-se
abertamente revolucionária. Bordava em silêncio, metendo-se com a sua (modesta) vida.
Mais uma vez salientamos que as pessoas estão enlaçadas umas às outras na
transferência, que se caracteriza por:
ser uma repetição de protótipos, de imagos infantis, vividos com uma sen-
sação de atualidade acentuada;
Texto complementar
riam de sair, mas apenas alguns têm essa oportunidade, não estaremos pe-
rante mais uma situação assimétrica geradora de conflitos não explicitados?
Que expectativas e receios moldarão as atitudes de uns e outros? Que efeitos
bloqueadores terão nas relações de trabalho?
Dica de estudo
NUNES, Marcia Regina Mendes. Psicanálise e Educação: pensando a relação
professor-aluno a partir do conceito de transferência. Colóquio do LEPSI do IP/
FE-USP, jun. 2006.
Esse texto decorre da pesquisa de mestrado da autora, que teve por objetivo
contribuir para a área da educação, destacando a importância de o professor
conhecer a relação transferencial, a função de saber que ocupa nessa relação
perante o aluno. Visa elucidar acerca da transferência na relação professor-aluno
e o poder que o professor tem nas mãos como um interlocutor privilegiado.
Atividades
1. Tomamos a inspiração do grande poeta Fernando Pessoa, com seu heterô-
nimo1 Ricardo Reis, e ressaltamos que o pensamento é emoção, é paixão, é
criação. O leitor há de perceber o estilo genial de Pessoa, uma das figuras
mais importantes e curiosas da literatura. O poema a seguir descreve sobre
um dos aspectos da dimensão psicológica a ser considerado na prática edu-
cativa. Explique-o.
Odes escolhidas
Ricardo Reis
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim. Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser.
1
Heterônimo: (em Literatura) nome imaginário que um criador identifica como o autor de obras suas e que, à diferença do pseudônimo, designa
alguém com qualidades e tendências marcadamente diferentes das desse criador. (HETERÔNIMO. In: HOUAISS. Rio de Janeiro. Objetiva, 2004) .
2. Retire do texto desta aula três pontos que justificam o campo transferencial
e a ação educativa.
Referências
ABRÃO, Jorge Luís Ferreira. A História da Psicanálise de Crianças no Brasil. São
Paulo: Escuta, 1998.
BOWLBY, John. Apego: a natureza do vínculo. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
CALLIGARIS, Contardo et al. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofí-
cios, 1994.
CANDAU, Vera Maria. Sou Criança: tenho direitos – oficinas pedagógicas de di-
reitos humanos. Petrópolis: Vozes, 1998.
COLL SALVADOR, César (Org.). Psicologia do Ensino. Porto Alegre: Artmed, 2000.
184 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
O campo transferencial
GINOTT, Haim. Pais e Filhos: novas soluções para velhos problemas. Rio de Ja-
neiro: Bloch, 1989.
JERUSALINSKY, Alfredo. Apesar de você amanhã há de ser outro dia. In: CALLIGA-
RIS, Contardo. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1995.
MEIRIEU, Philippe. Aprender... Sim, mas Como? São Paulo: Artmed, 1998.
TONUCCI, Francesco. Com Olhos de Criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
Gabarito
1. O poema trata da dimensão psíquica humana inconsciente, sua subjetivida-
de, os sentidos e os significados dados em consequência das relações com o
outro. Por subjetivo, considera-se a capacidade do sujeito de perceber o sen-
tido, de fazer alguma coisa com ele e de produzir outro sentido, quer dizer, a
cada encontro de sujeito com o outro, abre-se a possibilidade de um sentido
novo, isso vai se dar num campo de transferência (sujeito com sujeito).
2.
Ortiz
eles sobre as possíveis soluções do problema, nada que lembre uma atitude
de motivação, inquietação, curiosidade, que aponte para o desafio diante da
situação-problema.
Como nos indica Aquino (2002, p. 16) “às instituições sociais, incluindo as es-
colas, pouco restaria além de sofrer na pele as influências advindas das esferas
maiores, em especial do modelo econômico. Daí a cadeia de inevitáveis exclu-
sões, violências, malogros.”
Dessa maneira, a prática pedagógica prevê que o ensino tem por objetivo
transmitir os conteúdos necessários que garantam a continuidade do processo
de escolarização do aluno. Após o que lhe foi ensinado, o que o aluno aprende?
Para o professor ter certeza de que ensinou e de que o aluno aprendeu, impõe
um certo número de avaliações. Vamos refletir! Se o aluno não aprendeu o que
se ensinou, nem por isso ele aprendeu errado. Pode ter aprendido o certo, só
que a prova não quer que ele diga o que aprendeu, mas tão somente o que
o professor pretendeu ensinar. O que há, então, é uma questão de posição, de
lugar subjetivo do professor e do aluno frente ao objeto do conhecimento. Na
posição de aprendiz em que está o aluno, ele não terá a oportunidade de provar
o que aprendeu, porque o que o professor lhe exige é que ele dê provas sobre o
que lhe foi ensinado; de certo modo, que demonstre a sabedoria do professor.
Queremos aqui fazer um alerta, pois tanto no ensinar, quanto nas avaliações
(provas) que o aluno fará, o que temos, na realidade, é uma aposta.
Por essas razões, vemos que essa lógica favorece a exclusão social, impedindo
a circulação da diferença dos afetos e da singularidade, pois trabalha pelo viés do
ideal de aluno almejado pelo professor. Encontramos, em Azevedo (2003, p. 91),
[...] um reforço para essas considerações. Esse autor diz que: os elementos analisados
demonstram que esse processo reforça as desigualdades sociais e produz uma escola que
trabalha o conhecimento fragmentado, isolado, sem o estabelecimento de nexos entre os
diferentes campos do conhecimento, abstraindo as disciplinas do contexto da totalidade,
das redes onde se articulam as interfaces multidisciplinares, os olhares interdisciplinares e as
sínteses transdisciplinares.
[...] a gênese da escola está subordinada a [...] concepções, a [...] práticas educativas, cujos
princípios foram (ou são) a essência da formação dos educadores. Os professores aprenderam
em sua história como alunos e em sua preparação profissional nas escolas formadoras que o
professor ensina e o aluno aprende. Mesmo que as instituições formadoras trabalhem com
novas concepções de conhecimento, a falta de reflexão conectada à prática concreta não
repercute nas ações do cotidiano da escola. Dessa forma, em relação à prática docente, ele (o
mestre) continua listando os conteúdos importantes, definindo as estratégias didáticas, como
se seus alunos fossem um conjunto homogêneo. Todos são tratados iguais, mas, infelizmente,
nem todos podem aprender. Não estão preparados, são responsáveis pelo seu próprio fracasso.
O professor não pode parar, tem que dar conta de ensinar o programa de sua disciplina, com
seus conteúdos essenciais, sem os quais o nível do ensino pode cair.
[...] o professor vive, no seu cotidiano de trabalho, as contradições que pressente, mas que não
tem espaço para esclarecer nem oportunidade de aprofundar, atormentam-no inquietações
que não partilha porque tem medo de perder a face, de fragilizar a imagem de sucesso que
procura compor.
[...] tomar a criança como aluno-ideal significa, na economia narcísica do educador, colocá-la
no lugar de eu-ideal, investi-la narcisicamente para que ela realize o ideal que ele mesmo não
pode realizar. Por meio de demandas idealizadas, o educador endereça à criança o pedido de
que ela responda do lugar da ordem da perfeição, na ilusão de que é possível.
Ora, mas será sempre assim? O aluno resistirá sempre a interrogar suas ver-
dades como sujeito de desejo, para que seu professor reine em sua cátedra de
mestre e seja o único a desejar? Até quando o estudante necessitará da indis-
ciplina, da violência, da ironia ou, na mesma ordem, do enquadramento e do
conformismo para anunciar que há uma descontinuidade gritante na relação
pedagógica que lhe cala o desejo?
Confirma Nóvoa (2002, p. 23) que “o desafio dos profissionais da área escolar
é manterem-se atualizados sobre as novas metodologias de ensino e desenvol-
verem práticas pedagógicas eficientes”.
Texto complementar
Isso porque não se pode admitir que as escolas sejam marionetes (e seus
profissionais reféns) das imposições exteriores. Algo de novo irrompe a cada
dia nas relações escolares, algo que pode, sim, refundar o mundo com base
na extraordinária do conhecimento – desde que dele não abdiquemos. E essa
parece ser a tarefa política crucial do educador brasileiro hoje: fazer valer, a
todo custo, aquilo que só as escolas podem e sabem fazer.
Sem o “fora” nem o “antes”, a vida nas escolas sem dúvida ganhará maior
autonomia e seus profissionais, mais fôlego. É o aqui-agora e ponto final!
Dica de estudo
Entre os Muros da Escola, direção de Laurent Cantet, vencedor da Palma de Ouro
em Cannes, 2008.
alunos de que vale a pena ler e estudar. Retrata o dia a dia em um colégio públi-
co de Ensino Médio na periferia parisiense, frequentado por filhos de imigrantes
(China, Mali, Antilhas, Tunísia), lugar de mistura étnica e social, onde há barreiras
com o idioma, preconceito racial e a realidade da escola é crítica.
Atividades
1. Agora que você leu o texto da aula, destaque quatro pontos que você consi-
dera relevantes, inquietantes e significativos à atitude educativa reflexiva.
Referências
ABRÃO, Jorge Luís Ferreira. A História da Psicanálise de Crianças no Brasil. São
Paulo: Escuta, 1998.
BOWLBY, John. Apego: a natureza do vínculo. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
CALLIGARIS, Contardo et al. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofí-
cios, 1994.
CANDAU, Vera Maria. Sou Criança: tenho direitos – oficinas pedagógicas de di-
reitos humanos. Petrópolis: Vozes, 1998.
COLL SALVADOR, César (Org.). Psicologia do Ensino. Porto Alegre: Artmed, 2000.
GINOTT, Haim. Pais e Filhos: novas soluções para velhos problemas. Rio de Ja-
neiro: Bloch, 1989.
GOMES, Vera Miranda. A tartaruga que pode correr. In: _____. Lições de Vida.
Curitiba: Juruá, 2003.
JERUSALINSKY, Alfredo. Apesar de você amanhã há de ser outro dia. In: CALLIGA-
RIS, Contardo. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1995.
MEIRIEU, Philippe. Aprender... Sim, mas Como? São Paulo: Artmed, 1998.
TONUCCI, Francesco. Com Olhos de Criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
Gabarito
1. Espera-se que as respostas estejam circunscritas aos seguintes pontos:
1
Para Deldime (1999, p. 12), a Psicologia do desenvolvimento refere-se ao “estudo do desenvolvimento que repousa sobre dados quan-
titativos e qualitativos que evoluem com o tempo. As transformações quantitativas são relativamente fáceis de mensurar. O estudo dos
aspectos qualitativos é mais complexo. De fato, se o desenvolvimento se apresenta como um processo ininterrupto, seu ritmo não é,
necessariamente, uniforme e contínuo: progressões rápidas são seguidas de periodos de estagnação, verdadeiras regressões são segui-
das, às vezes, por uma mudança brusca e total da personalidade”.
2
O termo psicogenética refere-se ao estudo da gênese, ou seja, das origens dos processos psicológicos humanos.
Afetividade
Esse tema compreende as emoções e os sentimentos; as primeiras têm um
caráter mais corporal e pontual, sendo acompanhadas de mudanças fisiológicas
(rubor da face) e tônicas (musculatura tensa). Já os sentimentos são menos cor-
porais e mais duradouros.
O significado das emoções e como elas nascem só pode ser entendido a partir
das ações no meio humano, nas interações entre pessoas e não na ação sobre o
meio físico. De certa forma, Wallon está defendendo a ideia de que o humano só
existe entre outros humanos.
Movimento
É muito conhecida a expressão walloniana “do ato ao pensamento” ou “do ato
motor ao ato mental”. De acordo com o autor, a atividade mental tem origem na
estrutura orgânica e na ação que essa estrutura possibilita. O movimento tem
papel fundamental tanto para a afetividade e a emoção como para a inteligên-
cia ou a cognição. Para compreender melhor essa ideia, é necessário pensarmos
que os músculos são responsáveis pelo movimento – função cinética e por man-
terem sua própria tensão ou relaxamento – função tônica.
Para Wallon, a imitação é uma ação motora, física, que manifesta as origens
motoras, gestuais, do ato mental. Aos poucos, a atividade cognitiva integra o
movimento, o ato motor torna-se interno, diminuindo a atividade motora ex-
terna. É em função dessa relação que percebemos a diferença de movimenta-
ção entre, por exemplo, as crianças com menos de sete anos e as crianças mais
velhas. Galvão (1995, p. 76) enfatiza que esse processo é lento e gradual e de-
Inteligência
Estudos realizados por Wallon com crianças entre seis e nove anos mostram
que o desenvolvimento da inteligência depende essencialmente de como cada
uma faz as diferenciações com a realidade exterior. Primeiro porque, ao mesmo
tempo, suas ideias são lineares e se misturam – ocasionando um conflito per-
manente entre dois mundos, o interior, povoado de sonhos e fantasias; e o real,
cheio de símbolos, códigos e valores sociais e culturais. Nesse conflito entre si-
tuações antagônicas ganha sempre a criança. É na solução dos confrontos que a
inteligência evolui. Wallon diz que o sincretismo (mistura de ideias num mesmo
plano), bastante comum para a criança com menos de seis anos, é fator determi-
nante para o desenvolvimento intelectual. Daí se estabelece um ciclo constante
de boas e novas descobertas.
Conceitos importantes
Para explicar a dinâmica entre eixos fundamentais, Wallon recorre ao que ele
chamou de leis. Iremos apresentar cada uma delas e explicar a ideia essencial.
Etapas do desenvolvimento
Wallon identificou a existência de etapas diferenciadas durante o desenvol-
vimento, principalmente da criança e do jovem, que se caracterizavam por ne-
cessidades e interesses distintos entre si e que, ao mesmo tempo, mantinham
determinada unidade em cada fase. Essas fases, etapas ou estágios têm relação
entre si, pois uma prepara o que irá se desenrolar na seguinte, assim como a
atual depende do que aconteceu na fase precedente.
Sensório-motor – 12 a 18 meses.
Sensório-motor e projetivo Comportamento de orientação, investigação e exploração do espaço
1 a 3 anos circundante, ampliado pela locomoção.
Centrífugo –
Estabelecimento de Projetivo ou de ideomovimentos – 18 meses a 2/3 anos:
Imitação, linguagem, atividade simbólica, representação. Apareci-
relações com o mundo mento da inteligência representativa.
Categorial 7 a 9 anos.
6 a 11/12 anos Constituição de redes de categorias dominadas pelos conteúdos con-
Centrífugo cretos, relações de classificação.
9 a 11 anos.
Aproximação da objetividade de percepção e pensamento do adulto.
Conhecimento operativo racional.
No início do século passado, Wallon dizia que a escola deve proporcionar for-
mação integral (intelectual, afetiva e social) às crianças. Se hoje essa é uma ideia
comum, naquele tempo pode ter causado algum mal-estar.
Wallon talvez seja o pioneiro em considerar que para a escola e para dentro
da sala de aula vão, além da cabeça, o corpo da criança e também suas emoções.
Isso implica rever a forma do fazer pedagógico, implica humanizar a inteligência,
humanizar a razão.
Sobre o professor
Especificamente sobre o papel do professor, duas lições são particularmente
importantes. A primeira é que somos pessoas completas: com afeto, cognição e
movimento, e nos relacionamos com um aluno, também pessoa completa, inte-
gral, com afeto, cognição e movimento. A segunda é que somos componentes
privilegiados do meio de nosso aluno. Vale observar que Wallon utiliza a primei-
ra pessoa do plural para referir-se aos professores, incluindo-se.
Texto complementar
Com isso, as autoras quiseram apontar que o discurso, que acaba sendo
interiorizado pela sociedade, carrega uma análise personalista da origem do
fracasso escolar e não leva à solução alguma. Absurdo colocar a responsabi-
lidade desse fracasso nos ombros do professor individualmente.
As atividades eram simples: ler o livro para a criança; ler o livro com a crian-
ça, apenas completando as lacunas, como mediador. O leitor era sempre a
criança, que também escolhia o livro; ao completar a leitura de uma história,
conversar sobre ela, discuti-la. Não para avaliar a compreensão do texto, pela
qual a criança é julgada, mas “colocá-la na situação de juiz que avalia e julga
os personagens e o autor” (DANTAS). Esse é o caráter lúdico da leitura.
No treino da equipe, foi mais difícil aprender a criar uma atmosfera que
permitisse à criança “borboletear” de um livro para outro em função do seu
gosto e sua fantasia do que aprender a trabalhar com a competência.
Abandonar a história “chata” em busca de outra mais atraente é algo inquietante para a
maioria dos adultos. É preciso ter vivido com intensidade e frequência o encantamento
das histórias bem narradas para ser capaz disso. Talvez essa seja a qualificação mais
necessária do profissional para esse trabalho. (DANTAS)
As escolas parecem oscilar entre esses dois polos, como se eles fossem
incompatíveis.
ameaça, nenhuma avaliação, nem perguntar se entendeu o que leu ou o que escreveu.
Nunca era julgada... Isso dava uma distensão que aparecia rapidamente na conduta da
criança. Ter clara a distinção entre emoção e afetividade é útil, porque dá ao educador mais
um elemento para conhecer o aluno e adequar suas atividades. A emoção, ao se expressar
pelo corpo, dá ao bom observador indícios de como o aluno está se posicionando ante
as várias exigências da escola: assustado, com medo, com raiva ou com tranquilidade,
prazer, alegria.
Dica de estudo
Criança Turbulenta – estudo sobre os retardamentos e das anomalias do desen-
volvimento motor e metal, de Henri Wallon, Editora Vozes.
Atividades
1. Wallon propõe uma sequência de desenvolvimento para a construção do eu
que vai da criança até a adolescência. Faça uma descrição do período que
está cronologicamente situado entre os 3 e 6 anos.
Referências
ABRÃO, Jorge Luís Ferreira. A História da Psicanálise de Crianças no Brasil. São
Paulo: Escuta, 1998.
ALMEIDA, Ana Rita Silva. A Emoção na Sala de Aula. São Paulo: Papirus, 1999.
BACHA, Marcia. Psicanálise e Educação: laços refeitos. São Paulo: Casa do Psi-
cólogo, 1998.
BOWLBY, John. Apego: a natureza do vínculo. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
CALLIGARIS, Contardo et al. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofí-
cios, 1994.
CANDAU, Vera Maria. Sou Criança: tenho direitos – oficinas pedagógicas de di-
reitos humanos. Petrópolis: Vozes, 1998.
GINOTT, Haim. Pais e Filhos: novas soluções para velhos problemas. Rio de Ja-
neiro: Bloch, 1989.
JERUSALINSKY, Alfredo. Apesar de você amanhã há de ser outro dia. In: CALLIGA-
RIS, Contardo. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1995.
MEIRIEU, Philippe. Aprender... Sim, mas Como? São Paulo: Artmed, 1998.
Oliveira, Marta Kohlxe de; TAILLE, Yves de; DANTAS, Heloyse; Piaget, Vygotsky,
Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992.
TONUCCI, Francesco. Com Olhos de Criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
Gabarito
1. Etapa do personalismo que se caracteriza por comportamentos de oposição
da criança na tentativa de marcar sua independência do outro e se autoafir-
mar no grupo, no meio. Esse movimento favorece a discriminação do Eu e
inscreve sentimentos de competição e de dominação. Um 2.º tempo aos 4
anos verifica-se uma aproximação sedutora para com o outro. Aos 6 anos é
possível para a criança trabalhar com a representação de papéis, adora tea-
tralização.
Até o momento atual, no Brasil, não tivemos acesso a toda a sua produção
intelectual, algumas não foram editadas nem na Rússia. Por questões políticas,
entre 1932 e 1956, a publicação de suas obras foi proibida na própria União So-
viética. No Brasil, somente em 1984 foi publicado o livro A Formação Social da
Mente, a partir de uma organização de trabalhos dele, feita por pesquisadores
norte-americanos.
Dados biográficos
1896 – Nasceu em 17 de novembro, na cidade de
Domínio público.
Orsha na Bielo-Rússia.
Papel da interação
no desenvolvimento humano
Para Vygotsky, a estrutura orgânica e fisiológica humana (inata) não é sufi-
ciente para produzir o indivíduo. As características individuais dependem da
interação do ser humano com o meio físico e social. Para esse autor, existe uma
ação recíproca entre o organismo e o meio.
O desenvolvimento e a aprendizagem:
processos complementares
Vygotsky defende que desenvolvimento e aprendizagem são processos com-
plementares e, diferente das abordagens de caráter mais maturacionista (que
dizem dever se alcançar um nível tal de desenvolvimento para então poder
ocorrer a aprendizagem), indica que a aprendizagem pode vir antes do desen-
volvimento, servindo como alavanca para o mesmo.
A internalização foi outro conceito criado por Vygotsky para fazer referência à
reconstrução interna que cada indivíduo passa a fazer de uma operação que ini-
cialmente era externa a ele. Esse processo pode ser prontamente visto em uma
conversa bem construída. As crianças podem ser iniciadas em novos padrões de
pensamento, quando se envolvem em diálogos com seus pares.
Daniel Elkonin
A brincadeira, uma das atividades principais das crianças pequenas, tem na-
tureza social, relacionada às condições concretas da criança na vida em socieda-
de. Assim, conforme Elkonin (1998), em virtude do novo espaço que a criança
passou a ocupar na sociedade, criaram-se traços específicos na sua atividade,
que então se comporta de forma peculiar e distinta de outros períodos da vida.
Logo, pela impossibilidade de a criança inserir-se por inteiro nas atividades de
trabalho dos adultos que a cercam, ela o faz mediante a brincadeira.
Deve ter ficado claro que, ao nos referirmos ao jogo, à brincadeira, estamos fa-
lando da atividade, da ação infantil, que pode implicar a criação de uma situação
imaginária por parte da criança (VYGOTSKY, 1994). Nessa atividade, o brinquedo
– o objeto – é concebido como um instrumento sociocultural, um mediador que
transmite valores e imagens.
Pensamento e linguagem
Vygotsky tem dentro da sua teoria psicológica uma teoria da linguagem.
Importava para ele, principalmente, a relação entre pensamento e linguagem.
Segundo Teresa C. Rego, professora e pesquisadora brasileira, tanto o domínio
da linguagem falada como da linguagem escrita representam “um novo e con-
siderável salto no desenvolvimento da pessoa” (REGO, 1995, p. 68). A criança, ao
adquirir essas capacidades, desenvolve modos de se relacionar mais complexos
e sofisticados.
Por volta de 1930, Vygotsky já fazia críticas à visão restrita sobre o ensino-
-aprendizagem da escrita como uma habilidade especificamente motora. Para ele,
esse é um processo de maior complexidade e que se inicia inclusive muito antes
de a criança ir para a escola e de pegar um lápis na mão. Nas palavras do autor:
Até agora, a escrita ocupou um lugar muito estreito na prática escolar, em relação ao papel
fundamental que ela desempenha no desenvolvimento cultural da criança. Ensina-se as
crianças a desenhar letras e construir palavras com elas, mas não se ensina a linguagem escrita.
Enfatiza-se de tal forma a mecânica de ler o que está escrito que se acaba obscurecendo a
linguagem escrita como tal. (VYGOTSKY, 1994, p. 119)
Texto complementar
Mas fique atento: reunir classes de diferentes níveis sem um objetivo es-
pecífico produz como resultado apenas um aprendizado espontâneo. O rela-
cionamento entre faixas etárias diversas só leva a um salto, de fato, se ocorrer
durante ações planejadas para favorecer e potencializar a aprendizagem de
um novo conteúdo ou de uma nova habilidade.
Uma vez por semana acontece um outro tipo de encontro em que toda
a escola se envolve. Nessa hora, a garotada não tem apenas contato com os
membros do seu módulo. Para recepcionar os visitantes das demais turmas,
cada uma elabora um tipo de dinâmica. No parque, a meninada brinca so-
zinha ou agrupada e tem a possibilidade de escolher com que se divertir:
tanque de areia, escorregador, gira-gira, trepa-trepa etc. Em sala de aula, nos
cantos de leitura, salão de beleza, jogos e outras atividades comuns na Edu-
cação Infantil, a relação se processa da mesma maneira. “O objetivo é fazer
com que todos se conheçam”, explica Clélia Cortez, coordenadora pedagó-
gica da instituição.
[...]
Dica de estudo
Poema Pedagógico, de Anton Makarenko, Editora 34.
Atividades
1. Qual a compreensão de desenvolvimento proposta por Vygotsky?
Referências
ABRÃO, Jorge Luís Ferreira. A História da Psicanálise de Crianças no Brasil. São
Paulo: Escuta, 1998.
BOWLBY, John. Apego: a natureza do vínculo. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
CALLIGARIS, Contardo et al. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofí-
cios, 1994.
CANDAU, Vera Maria. Sou Criança: tenho direitos – oficinas pedagógicas de di-
reitos humanos. Petrópolis: Vozes, 1998.
GINOTT, Haim. Pais e Filhos: novas soluções para velhos problemas. Rio de Ja-
neiro: Bloch, 1989.
JERUSALINSKY, Alfredo. Apesar de você amanhã há de ser outro dia. In: CALLIGA-
RIS, Contardo. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1995.
MARANGON, Cristiane. Juntos eles aprendem melhor. Nova Escola, São Paulo,
n. 166, out. 2003.
_______. Juntos eles aprendem melhor. Revista Nova Escola, São Paulo, n. 166,
out. 2003. Disponível em: <http://homolog.novaescola.abril.com.br/educacao-
infantil/4-a-6-anos/juntos-eles-aprendem-melhor-422896.shtml>. Acesso em:
11 nov. 2009.
MEIRIEU, Philippe. Aprender... Sim, mas Como? São Paulo: Artmed, 1998.
OLIVEIRA, Marta Kohlxe de; TAILLE, Yves de; DANTAS, Heloyse; Piaget, Vygotsky,
Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992.
TONUCCI, Francesco. Com Olhos de Criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
VYGOTSKY, Lev. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
Gabarito
1. Vygotsky entende que o desenvolvimento humano não é algo previsível,
universal, linear ou gradual, mas sim que está intimamente relacionado ao
contexto histórico-cultural em que a pessoa se insere, e se processa de forma
dinâmica.
Dados biográficos
1896 – Nasceu em agosto, em Neuchatel
Domínio público.
(Suíça).
1907 – Escreve seu primeiro artigo cien-
tífico.
1918 – Recebe o título de Doutor em Ci-
ências Naturais.
1919 – Estuda Psicologia, Lógica e Filoso-
fia na Universidade de Sorbonne.
Jean Piaget (1896-1980).
1921 – Trabalha no Instituto Jean-Jacques
Rousseau, estuda a influência do ambiente social e da linguagem sob
o pensamento infantil.
1924-1934 – Publica as primeiras obras em seu estudo sobre as
crianças.
1
Diferentes termos podem ser utilizados (período, estágio, fase, etapa, idade etc.) para se referir aos quatro momentos distintos no
desenvolvimento cognitivo, segundo Piaget. Neste texto, utilizaremos mais de um, sempre como sinônimos.
maturação biológica;
equilibração.
À medida que o ser humano evolui, os esquemas vão se tornando cada vez
mais diversos, o que implica níveis de organização mais complexos das ações de
conhecer. É por meio da pluralidade de esquemas que o sujeito pode cada vez
mais compreender a realidade que o cerca, atribuindo significações aos fenôme-
nos desta.
Inteligência e desenvolvimento
Juan Delval, um autor piagetiano da atualidade, em seu livro Crescer e Pensar:
a construção do conhecimento na escola, trata de forma clara o progresso psico-
lógico observado por Piaget. Delval (1998) consegue informar a característica
principal de cada estágio do desenvolvimento, bem como a qualidade de pensa-
mento que inaugura o estágio seguinte, uma vez que o próprio Piaget e os auto-
res que compreenderam bem seu legado destacam que o aspecto cronológico,
ou seja, a idade, não é o fator determinante de se estar num ou noutro estágio. O
mais importante é a característica de pensamento em cada fase.
Assim, logo após o nascimento, a criança começa a interagir com seu meio
(social e físico) por meio de reflexos. As ações se modificam e são principalmen-
te de ordem perceptual, sensorial e motora: a criança experimenta e reage ao
ambiente. Diz-se que a inteligência da criança neste primeiro período, chamado
sensório-motor, é a inteligência prática. A criança age sobre o ambiente de forma
direta, pois ainda não desenvolveu totalmente a capacidade representativa.
Nos últimos anos desse período, surge outra forma de compreender o mundo
– o pensamento preconceitual. A criança começa a organizar aspectos que até
então pareciam não ter relação entre si, compreende melhor os atributos das
situações e dos objetos e, decorrente disso, compreende as mudanças nas situ-
ações. Para Piaget esse é o momento de início do pensamento lógico, sistemati-
zado, que permite ir além daquilo que é imediatamente percebido.
liam a organizar melhor seu entendimento e sua ação sobre a realidade; conti-
nuam apegados às situações concretas nas quais se encontram, mas aplicam
algumas noções lógicas.
Consciência moral
Piaget se ocupou em desvendar a gênese (origem e mudanças) da consciên-
cia moral em crianças. Suas pesquisas e investigações nessas áreas deram-se por
meio dos jogos de regras.
Diante do universo escolar dos dias de hoje, tão fortemente marcado pela
incompreensão, violência, indisciplina, entre outros, a contribuição de Piaget
com essa temática tem tido continuidade. Um nome sempre lembrado é o de
Lawrence Kohlberg que, junto com outros pesquisadores, ampliou e deu conti-
nuidade aos estudos sobre o juízo moral. Entre os autores brasileiros que têm se
ocupado desse tema, o professor Yves de la Taille tem uma contribuição signifi-
cativa3 para se pensar a relação entre juízo moral, limites e disciplina no contexto
da escola.
Não iremos tratar aqui, pela abrangência do conteúdo em si, mas é impor-
tante marcarmos essa relação entre a psicogênese da língua escrita, de Emilia
Ferreiro, e as teses de Piaget.
O lugar do educador
Tendo por base os princípios construtivistas, o professor redimensiona o seu
trabalho: deve deixar de transmitir o conhecimento para passar a ser o articu-
lador da relação entre o sujeito que aprende e o objeto do conhecimento. Isso
significa realizar uma intervenção planejada para favorecer a ação do aprendiz
sobre o objeto. Ação essa que se encontra na origem da aprendizagem.
Momentos de aprendizagem
Dois aspectos são importantes na organização das situações de aprendiza-
gem dos alunos:
Construindo a autonomia
A proposta construtivista não é sinônimo de espontaneísmo, liberalismo. É
uma proposta que tem objetivos a serem alcançados. E o maior deles é que os
alunos conquistem a autonomia, que pressupõe a capacidade de transformar,
de tomar decisões próprias, de buscar novas soluções para os problemas que
enfrenta, pela coordenação interna do seu ponto de vista com o das demais pes-
soas envolvidas no processo de decisão.
Texto complementar
Fala, mestre!
(MACEDO, 2005, p. 38-42)
Para alguns educadores, sim. Quem considera a disciplina uma coisa que
se tem ou não se tem possui uma visão moralizante – que transforma uma
competência numa questão de valor. Para eles, a disciplina depende da força
de vontade do aluno ou da determinação dos pais. Essa visão atribui culpa
em caso de indisciplina. De fato, na escola exclusiva, anterior à atual, sele-
cionavam-se os alunos e ficavam de fora aqueles que não se ajustavam ao
comportamento desejado. Nesse caso, disciplina era mesmo um prerrequi-
sito para a escola. Hoje, comportadas ou não, todas as crianças têm direito a
estudar.
É pensar que existe um único tipo de disciplina e que ela só pode ser im-
posta. Minha ideia é que disciplina é um trabalho de todos em sala de aula.
Constrói-se a melhor forma de acordo com a necessidade. Numa aula tradi-
cional, expositiva, enquanto o professor fala ou escreve no quadro-negro,
os alunos devem ficar quietos, prestar atenção e copiar. Acontece que hoje
temos muitas propostas pedagógicas. Cada cultura escolar e cada atividade
em sala de aula tem uma disciplina adequada a seu desenvolvimento. De-
pendendo da situação, a melhor pode ser o silêncio ou as crianças pergun-
tando, ou conversando entre si.
perdas. Um dos motivos que nos levam a aderir à disciplina são as consequên-
cias de não nos entregarmos a ela. Convencer é diferente de impor.
Não. Por exemplo: muitos pais perguntam aos filhos se eles querem comer.
Eu não acho que seja uma boa pergunta. Porque, se o filho disser que não
quer comer, como fica? A melhor pergunta é o que ele quer comer, dando
opções. Dar autonomia não significa abrir mão do seu papel de líder e de res-
ponsável por certas coisas. Se você submeter tudo à opinião da maioria das
crianças, a curto prazo elas vão decidir pelo pior. Primeiro, tenta-se conven-
cer. O último recurso é impor. É errado tentar tratar como homogêneo algo
desigual como a relação adulto e criança ou a relação professor e aluno.
[...]
Rigidez é uma coisa, rigor é outra. Os artistas, que trabalham com criação,
costumam ser super rigorosos. Já rigidez é acreditar que uma coisa só pode
ser feita de um jeito, definido arbitrariamente. A disciplina está do lado da
criação, mas não é uma só. Alguns trabalham de dia, outros à noite; alguns
de um modo, outros de outro. A maior parte dos artistas tem de cumprir
prazos, se impõe tarefas. Se não houver disciplina, você para no meio, esque-
ce. Acontece que muitas vezes nós, adultos, usamos o discurso do rigor para
defender nossa rigidez ou nossa incapacidade de lidar com as situações.
Dica de estudo
<www.youtube.com/watch?v=_CGu08gXTC4&feature=related>.
Atividades
1. Descreva os princípios do construtivismo.
Referências
ABRÃO, Jorge Luís Ferreira. A História da Psicanálise de Crianças no Brasil. São
Paulo: Escuta, 1998.
BOWLBY, John. Apego: a natureza do vínculo. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
CALLIGARIS, Contardo et al. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofí-
cios, 1994.
CANDAU, Vera Maria. Sou Criança: tenho direitos – oficinas pedagógicas de di-
reitos humanos. Petrópolis: Vozes, 1998.
GINOTT, Haim. Pais e Filhos: novas soluções para velhos problemas. Rio de Ja-
neiro: Bloch, 1989.
JERUSALINSKY, Alfredo. Apesar de você amanhã há de ser outro dia. In: CALLIGA-
RIS, Contardo. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1995.
MACEDO, Lino de. Fala Mestre! Revista Nova Escola, São Paulo, n. 183, p. 38-42,
jun. 2005.
MEIRIEU, Philippe. Aprender... Sim, mas Como? São Paulo: Artmed, 1998.
OLIVEIRA, Marta Kohlxe de; TAILLE, Yves de; DANTAS, Heloyse; Piaget, Vygotsky,
Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992.
TONUCCI, Francesco. Com Olhos de Criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
Gabarito
1. Respeito à produção do aluno, condições para o aluno testar suas hipóteses
e oportunidades para os trabalhos em grupo, o que facilita a aprendizagem.
eu sei estudar?
Aprender
Tomemos, inicialmente, o enfoque de Kupfer (1989b) que é essencialmente
freudiano. A referência da Psicanálise de Sigmund Freud destaca que o ponto de
partida é investigar o motivo que leva alguém a ter desejo pelo conhecimento,
pela aprendizagem. Isso ocorre quando a criança questiona o mundo através
de inúmeros porquês; ela quer, na verdade, responder a duas questões existen-
ciais: por que nascemos e por que morremos, que correspondem sobremaneira
à sua origem e ao seu destino. O importante nesse processo investigativo é que
a criança revela-se curiosa com as coisas ao seu redor, está implicada em pensar,
duvidar, descobrir diferenças nas opiniões das pessoas (pais, professores).
O encontro com a escola faz-se necessário uma vez que a criança não apren-
de sozinha e geralmente os pais não podem lhe dedicar tempo para o ensino.
Daí o papel do professor. Como nos demonstram os três enfoques teóricos:
da Psicogenética de Henri Wallon, da Epistemologia e teoria genética de Jean
Piaget e da Psicologia histórico-cultural de Lev Vygotsky, que identificaram que
a relação professor-aluno é mediada pelo diálogo, afeto, laço que se constrói
entre eles. Daí a primeira conclusão sobre a questão do aprender: para Kupfer
(1989b) aprende-se com alguém que, pela importância, nos influencia, ainda
que as verdades ditas possam ser futuramente superadas, esse momento é de-
nominado de campo transferencial entre professor-aluno. Assim, restará legiti-
mada a crença, a confiança do aluno no professor, naquele cuja posição tem
importância e é capaz de influenciar seu desejo de saber.
Assim, o ser criativo olha os objetos e eventos na busca constante por novida-
de, com desprendimento para ver o todo sem preconceito e sem temor de errar.
Habilidades de estudo
Para alguns, hábito é o costume de se fazer algo de modo natural, sem preci-
sar de uma ordem mental. Quando, por qualquer motivo, interrompe-se a rotina
do hábito, a pessoa experimenta a sensação incômoda de que alguma coisa está
lhe faltando.
Assim, outra questão a abordar nesse tema (habilidades de estudo) é a sua re-
lação com o resultado satisfatório, o sucesso que se produz ao praticá-lo. Deve-
-se considerar que os efeitos produzidos tendem a ser influenciados por alguns
fatores, tais como regularidade, atitude, tempo, planejamento, cultura etc. Fre-
quentemente, diz-se que entre as boas condutas de estudo estão:
Discutir o material de estudo com outras pessoas que detenham algum co-
nhecimento sobre ele. Estudar em grupo permite trocar informações com
os colegas sobre o que cada um entendeu sobre determinado assunto.
Direcionamento do interesse.
Como regra geral, deve-se dedicar cerca de duas horas diárias de estudo. Em
vez de uma vigília noturna de estudo antes da prova, é melhor fazer uma revisão
rápida dos conceitos fundamentais e ter uma boa noite de sono.
Não há receitas mágicas para um estudo bem-sucedido, e cada pessoa deve de-
senvolver seu próprio estilo cognitivo. O ato de estudar envolve o desenvolvimen-
Capacidades organizacionais
Desenvolver um hábito de estudo pressupõe assumir responsabilidades com
um plano de estudo. Daí a necessidade de se escolher um local calmo e ade-
quado para trabalhar, como um canto na biblioteca ou um local acolhedor em
casa, se possível longe de qualquer distração, para garantir a concentração. A luz
também é importante, de preferência natural e sem sombras. Evite as lâmpadas
fluorescentes.
Uma forma fácil de fazer uma organização do tempo é usar um calendário se-
manal. Além disso, também se pode construir uma lista diária de tarefas a fazer.
É mais eficaz dedicar o tempo de estudo aos assuntos específicos do que estudar
genericamente. Isso significa, por exemplo, dedicar um período de tempo parti-
cular a um determinado capítulo ou a um determinado conjunto de problemas.
Capacidades motivacionais
Uma ideia para motivar seus alunos é começar com uma tarefa fácil e interes-
sante, alguma coisa que propicie um sentimento de satisfação. Outras formas de
iniciar o estudo pode ser revisar ou relembrar os pontos principais da última aula
ou sessão de estudo.
Motivo pode ser definido como “uma condição interna relativamente dura-
doura que leva o indivíduo ou que o predispõe a persistir num comportamento
orientado para um objetivo, possibilitando a transformação ou a permanência
da situação” (SAWREY; TELFORD, 1976, p. 18). É o processo pelo qual o homem
é, consciente ou inconscientemente, provocado a agir com intencionalidade na
busca do prazer e da satisfação.
Reiteramos, com Fernandes (1979), o que fora dito no início desta exposição:
são indispensáveis para o aprender, a ação, o trabalho e a atividade do sujeito na
busca do conhecimento. Segundo Fernandes (1979, p. 149), “para alguma coisa
ser conhecida ou adquirida, é necessário um sujeito que possa assimilar o co-
nhecimento ou adquirir a habilidade”.
Texto complementar
Exemplos:
Exemplos:
Exemplos:
Exemplos:
1 – Use exemplos e analogias para relacionar material novo com algo que lhe
interesse e que você entenda bem, tal como esportes, passatempos ou filmes.
Exemplos:
1 – Assegure-se de que você sabe temas e leituras que a prova irá cobrir.
3 – Mantenha uma lista de partes do texto que lhe dão problema e dedi-
que mais tempo àquelas páginas.
Exemplos:
Dica de estudo
<www.unoeste.br/FIPP/gapa/inventario.htm>.
Atividades
1. Apresente uma definição de hábitos de estudo.
Referências
ABRÃO, Jorge Luís Ferreira. A História da Psicanálise de Crianças no Brasil. São
Paulo: Escuta, 1998.
BOWLBY, John. Apego: a natureza do vínculo. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
CALLIGARIS, Contardo et al. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofí-
cios, 1994.
CANDAU, Vera Maria. Sou Criança: tenho direitos – oficinas pedagógicas de di-
reitos humanos. Petrópolis: Vozes, 1998.
FERNANDES, Maria. Técnicas de Estudo: como estudar sozinho. São Paulo: EPU,
1979.
GINOTT, Haim. Pais e Filhos: novas soluções para velhos problemas. Rio de Ja-
neiro: Bloch, 1989.
JERUSALINSKY, Alfredo. Apesar de você amanhã há de ser outro dia. In: CALLIGA-
RIS, Contardo. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1995.
MEIRIEU, Philippe. Aprender... Sim, mas Como? São Paulo: Artmed, 1998.
TONUCCI, Francesco. Com Olhos de Criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
VYGOTSKY, Lev. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
Gabarito
1 Hábitos são, segundo os estudos de Woolfolk (2000), repetições periodica-
mente realizadas de um dado procedimento. Vale ressaltar que só será ha-
bitual aquilo que tiver o caráter de repetição, não podendo ser classificado
de hábito o que se modifica a cada novo agir. A periodicidade também é
elemento essencial, já que o hábito exige uma determinada frequência, uma
certa regularidade. Assim, o estudante deve definir quando estudar, criando
um hábito e explorando e ampliando o próprio ritmo de aprendizagem, ha-
bilidades muito importantes para o desenvolvimento do hábito de estudo.
O que se recomenda é acostumar-se a estudar regularmente, de acordo com
um plano de estudo. É importante que o estudante adquira o hábito de ler
revistas, jornais e livros (técnicos e de literatura).
Segundo Leite, Salles e Oliveira (2000, p. 5-9), quanto mais cedo co-
locamos a criança em situações rigidamente estruturadas e conduzidas,
menos possibilidade terá ela de chegar a encontrar seu jeito de ser, sua vo-
cação, sua afetividade. Sua espontaneidade é comprometida pela neces-
sidade de cumprir tarefas predeterminadas e ter um desempenho que lhe
assegure uma boa colocação dentro da escola de valores situados entre o
êxito e o fracasso. As variadas atividades de caráter psicológico e físico são
estímulos para a produção de caminhos mentais e para o armazenamento
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Disciplina: uma retrospectiva histórica
Dos cinco aos sete anos (fase pré-escolar), há um elevado instinto de movi-
mento e vivência lúdica, uma grande curiosidade pelo desconhecido, que con-
firma a necessidade de experiências múltiplas motoras, intrínsecas e evidencia-
das nos jogos. A capacidade de concentração da criança é de aspecto médio a
baixo e, portanto, os jogos longos e de raciocínio lógico devem ser introduzidos
de maneira lenta e gradual nos grupos infantis.
Dos sete aos dez anos (idade escolar), há um despertar por atividades físicas
esportivas, desenvolve-se naturalmente uma atitude otimista em relação aos
jogos, além da assimilação rápida de conhecimentos e habilidades, mas há um
baixo nível de fixação de movimentos, que devem ser repetidos diversas vezes.
288 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
Disciplina: uma retrospectiva histórica
Também nota-se que a família e amigos e/ou companheiros são agentes funda-
mentais para o desenvolvimento social da criança.
Dos dez aos doze anos (pubescência), constata-se a melhor idade para a
aprendizagem motora com melhorias nos níveis de força, rápida maturação
morfológica e funcional. A união desses elementos dá condições ao pleno de-
senvolvimento motor, como concluem Leite, Salles e Oliveira (2000, p. 12-14).
Dos doze aos quinze anos (puberdade), observa-se uma grande variação no
comportamento psicológico: uma instabilidade emocional, apesar do alto nível
intelectual. Há uma grande necessidade de vivência em grupo, assim como ne-
cessidade de autorrealização no grupo em que o jovem está inserido. O aumen-
to brusco do nível de testosterona e a irrupção da sexualidade são identificados,
como concluem Leite, Salles e Oliveira (2000, p. 12-14).
Comstock Complete.
Ballone (2004, p. 3) também alerta que não se pode considerar que todas as
crianças devam sentir e reagir da mesma maneira aos estímulos e às situações
ou, o que é pior, acreditar que submetendo indistintamente todos alunos às
mais diversas situações, quaisquer dificuldades adaptativas, sensibilidades afeti-
vas, traços de retraimento e introversão se corrigiriam diante desses desafios ou
diante da possibilidade do ridículo.
O dia a dia escolar é conturbado pelos fortes apelos de ordem sexual, afetiva,
econômica, ideológica e social. Assim que o aluno reconhece a importância do
ensino, ele o faz em nome de metas futuras, certamente externas ao perímetro
escolar ou aos objetivos estritamente escolares. Em síntese, a escola deixa de ser
o eixo central da vida do aluno. Os conflitos entre a escola e os apelos da vida
social, tão frequentes nos alunos do Ensino Médio (15 a 17 anos), já aparecem
muitas vezes entre os pré-adolescentes.
Diferentes significados
do termo disciplina
Para tratar de disciplina, historicamente, recorremos à autora Estrela (1992, p.
15-16), que esclarece as diferentes significações dadas ao termo disciplina: pu-
nição; dor; instrumento de punição; direção moral; regra de conduta para fazer
reinar a ordem numa coletividade; obediência a essa regra.
A autora faz um breve relato no que diz respeito à história evolutiva da edu-
cação e à disciplina, explicando que, nas sociedades ocidentais, as práticas dis-
ciplinares seguem etapas e obedecem a princípios semelhantes. O conceito de
disciplina inicialmente aparece ligado à conformidade exterior compreendida
como regras e costumes, avança para uma conformidade simultânea entre exte-
rior e interior e alcança a perspectiva que valoriza principalmente a interiorida-
de, ou o engajamento livre do ser.
O professor, sem muitas vezes ter consciência disso, institui “a organização monárquica” da
sala de aula, exteriorizada por um conjunto de privilégios inerentes à sua função: o professor
seleciona o saber e os recursos permitidos para o acesso a esse saber; dita normas e controla
os comportamentos; arbitra as matérias de disputa; condiciona os sentimentos ao condicionar
a possibilidade da sua exteriorização; controla as relações humanas na sala de aula; determina
os critérios do que é bom, verdadeiro, belo, útil, correto. (ESTRELA, 1992, p. 17-18)
Domínio público.
compreender e a aderir voluntariamente às
regras do jogo que ele se vê obrigado a jogar.
Para o que se propõe, essa Pedagogia é bem
coerente com seus pressupostos e objetivos,
mas Estrela (1992) questiona se é realmente
adequada e suficiente à formação do cidadão
que hoje vive em democracia, em um mundo
complexo e instável.
Para Montessori (apud ESTRELA, 1992, p. 19), disciplina não se obtém com
sermões ou ordens, mas é resultado do respeito pelas leis naturais e pelos princí-
pios de trabalho e de liberdade. “Disciplina não é, pois, um fim, mas um caminho
que permitirá à criança saborear as alegrias da ordem interior, atingidas graças a
conquistas sucessivas” (ESTRELA, p. 21). A Escola Nova se volta, portanto, a uma
educação democrática.
Assim, o grupo será algo propício para estabelecer essa congruência; desde
que exista harmonia entre o eu e a experiência do eu, a qual não será negada ou
recalcada. Então, o grupo, um lugar de troca livre, torna-se o lugar de apropria-
ção e de construção do saber. O professor passa a ser o facilitador, desde que ele
tenha uma atitude de autenticidade, de consideração incondicional positiva, de
compreensão empática. Os conflitos não se resolvem com censuras ou punições.
Caso haja sanções, cabe ao grupo tomar medidas referentes àquele indivíduo
que prejudica o seu funcionamento.
Em seu livro sobre disciplina, Tiba (1996, p. 27) diz que a indisciplina é o maior
mal da educação moderna:
Uma das piores coisas da indisciplina é a falta de organização interna do indivíduo. A pior
consequência é a queda da qualidade de vida. Não só de si mesmo, mas de todas as pessoas
que dele dependerem. Não dá para contar com os indisciplinados para atividades de
responsabilidade, eles funcionam conforme manda sua indisciplina e não seus compromissos.
Então, quando adulta a pessoa não conseguirá se adaptar a qualquer atividade pessoal ou
profissional. A falta de disciplina atrapalha a vida das pessoas porque confundem isso com
liberdade. A disciplina é um ingrediente da liberdade. Não há meio termo. Para ter esta
disciplina é necessário se voltar para a saúde social e não apenas para o bem-estar pessoal.
Em Rogers (apud ESTRELA, 1992, p. 22-23) fica clara essa relativização. Se por
um lado é difícil defini-la, por outro poderíamos pensar que o próprio conheci-
mento traz uma subversão às regras disciplinares adotadas por um determinado
grupo. Aqui temos um paradoxo entre o coletivo e individual, visto que nas abor-
dagens modernas a disciplina precisa ser acompanhada de autonomia e, acima
de tudo, ser reflexo de um processo de mobilização interior do aluno (GARCIA,
2001, p. 42-43).
Texto complementar
[...]
CONCELLOS, 1995). Tais estudos indicam que uma diretriz disciplinar ampla,
de base preventiva, é o melhor recurso que uma escola pode desenvolver.
cesso, que requer meses ou mesmo anos de trabalho coletivo, deverá incor-
porar a criação de grupos de trabalho responsáveis por avaliar, planejar e de-
sencadear determinadas mudanças e avanços na escola. Sob esse enfoque,
será favorável uma revisão não apenas na política disciplinar (caso exista!)
bem como no próprio currículo da escola (GORDON, 1999).
[...]
Dica de estudo
Relação Pedagógica, Disciplina e Indisciplina na Aula, de Maria Estrela, Porto
Editora.
Atividades
1. Comente a afirmativa de Garcia (1999, p. 1): “A indisciplina tem sido intensa-
mente vivenciada nas escolas, apresentando-se como uma fonte de estresse
na relações interpessoais, particularmente quando associada a situações de
conflito em sala de aula”.
Referências
ABRÃO, Jorge Luís Ferreira. A História da Psicanálise de Crianças no Brasil. São
Paulo: Escuta, 1998.
BOWLBY, John. Apego: a natureza do vínculo. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
CALLIGARIS, Contardo et al. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofí-
cios, 1994.
CANDAU, Vera Maria. Sou Criança: tenho direitos – oficinas pedagógicas de di-
reitos humanos. Petrópolis: Vozes, 1998.
GINOTT, Haim. Pais e Filhos: novas soluções para velhos problemas. Rio de Ja-
neiro: Bloch, 1989.
JERUSALINSKY, Alfredo. Apesar de você amanhã há de ser outro dia. In: CALLIGA-
RIS, Contardo. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1995.
LEITE, César; SALLES, Leila: OLIVEIRA, Maria Beatriz (Orgs.). Educação, Psicologia
e Contemporaneidade. Taubaté: Cabral Editora Universitária, 2000.
MEIRIEU, Philippe. Aprender... Sim, mas Como? São Paulo: Artmed, 1998.
SILVA, Luis Carlos Faria da. Possíveis incompletudes e equívocos dos discursos
sobre a questão da disciplina. Revista Educação e Sociedade, Campinas. v. 19,
n. 62, p. 125-150, abr. 1998.
TIBA, Içami. Disciplina: o limite na medida certa. São Paulo: Gente, 1996.
TONUCCI, Francesco. Com Olhos de Criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
ULIANE, Maria Helena. Meu Filho Repetiu na Escola. Disponível em: <www.ibb.
org.br/vidanet/outras/msg8.htm>. Acesso em: 8 nov. 2006.
Gabarito
1. O primeiro ponto é entender que a problemática da indisciplina escolar é
complexa e que deve ser investigada amplamente. Para tanto, deve-se pen-
sar sobre a concepção de indisciplina escolar, a relação entre a disciplina fa-
miliar e a disciplina escolar, já que a disciplina é um processo que começa
na relações familiares, por exemplo, no modo como as crianças aprendem
a obter atenção e reconhecimento familiar. Outro ponto é pensar sobre a
interação entre a indisciplina e o desenvolvimento psicossocial da criança e
do adolescente.
No Brasil, segundo Yara Sayão (1997), foi somente no início do século XX que
surgiram as primeiras ideias sobre educação sexual. Essas ideias vieram da Europa
e visavam ao combate à masturbação, às doenças sexualmente transmissíveis,
além do preparo da mulher para a função de esposa e mãe.
No âmbito extraescolar, Sayão (1997, p. 9-25) conta que, no início dos anos
1980, houve a veiculação e divulgação de questões ligadas à sexualidade. Sur-
giram serviços telefônicos, programas de televisão de Marta Suplicy e também
enciclopédias e fascículos vendidos em bancas de jornal, todos destinados a res-
ponder questões sobre sexo. Aconteceram também congressos e encontros pro-
fissionais, em que educadores, médicos e cientistas sociais debateram o tema.
Isso contribuiu para intensificar as ações sobre a inserção da educação e orien-
tação sexual nas escolas.
Sobre o desenvolvimento
psicossexual do homem
A sexualidade é um atributo do homem e está integrada ao processo de desen-
volvimento do ser humano, desde o nascimento até a morte. Compreende-se que
a sexualidade é muito mais do que simplesmente ter um corpo desenvolvido, apto
a procriar e que apresenta necessidades sexuais. Para Louro (1999), muitos consi-
deram que a sexualidade é uma característica que todos possuem “naturalmente”,
sem levar em conta a sua dimensão social e política e o seu caráter construído. No
entanto, a sexualidade envolve rituais, linguagens, fantasias, representações, sím-
bolos e convenções que são profundamente culturais e plurais.
Observa-se que falar sobre sexo nas escolas continua sendo uma tarefa não
muito fácil. Nérici (1971) comenta as contradições de pais que acham que a
escola seria apropriada para informar sobre assuntos sexuais, contra outros que
acham importuno esse tema em tal local. O autor ainda comenta que a educa-
ção sexual na escola deve atender ao nível de maturidade dos alunos, variar o
grau de condições para se falar sobre o assunto e, além disso, é preciso adequar
o público, precisando em certo momento separá-los por sexo. O autor completa
explicando que a escola deve transmitir o conteúdo de educação e orientação
sexual associados às demais atividades sociais e extracurriculares. Finalmente,
considera a escola o espaço adequado para o diálogo, reflexão, questionamento
sobre postura, tabus e valores a respeito dos relacionamentos e comportamen-
tos sexuais, que visem propiciar aos jovens a possibilidade do exercício de sua
sexualidade de forma responsável e prazerosa.
importante que a comunicação entre pais e filhos não se esgote para que os pais
continuem sendo fontes de confiança, experiência e influência para os filhos.
Para Lorencini Júnior (1997, p. 83-103), o indivíduo sofre a todo momento in-
fluências do que denomina de “cultura da sexualidade”. Influências advindas da
família, dos meios de comunicação, da religião ou da escola pressionam, exigem
e moldam o indivíduo para adaptá-lo aos padrões de comportamento impostos
pela sociedade.
A escola, como qualquer outro ambiente social (igreja, clube, grupo de fute-
bol etc.), desempenha papel importante na transmissão informal de conheci-
mentos ligados à sexualidade. Na instituição escolar, estão presentes as concep-
ções de gênero sexual, que são atravessadas pelas concepções de masculinidade
e feminilidade e pelas formas de sexualidade de uma dada sociedade. A partir
da assimilação dos conteúdos informados nesses diversos contextos, o indiví-
duo internaliza os comportamentos sociais próprios de um determinado papel
sexual que lhe foi ensinado, passando a assumir uma identidade sexual, como
“ser homem” ou “ser mulher”, modelos copiados de uma matriz que lhe foi ditada
pela sociedade em que cresceu.
Texto complementar
[...] Danielle afirma que as perguntas das crianças sempre vão existir. Tudo
depende da maneira como se escuta o questionamento. “Na sexualidade,
estamos lidando com a questão dos gêneros, jogos, brincadeiras, escolhas,
preconceitos, relações de poder. Cabe à família e à escola fazer com que esse
seja um assunto não velado. A sexualidade é algo além dos aparelhos re-
[...] A aluna Maria Fernanda, de 9 anos, que estuda na 3.ª série do Ensino
Fundamental do Colégio Santa Maria, conta que ela e seus colegas de classe
assistiram a um vídeo que tratava sobre a sexualidade, em uma linguagem
simples de ser compreendida. Após a sessão, os alunos colocaram suas dúvi-
das na caixinha de perguntas. Os questionamentos foram trabalhados pela
professora. “Tinha perguntas sobre vários assuntos, como por exemplo, de
onde vem o espermatozoide e quantos meses demorava para formar um
bebê. Quando perguntavam para a gente, eram sempre as mesmas pessoas
que diziam. A maioria não quis responder ou não sabia”, afirma. [...] Para o
aluno Rafael, de 10 anos, também da 3.ª série do Ensino Fundamental da
mesma escola, os meninos podem conviver pacificamente com as meninas.
Mas faz um ressalva: nos momentos de esporte, meninas só jogam caçador e
os meninos só querem saber de futebol. Se não quer participar da partida de
futebol, não resta outra alternativa a não ser ficar com as garotas.
Dica de estudo
<http://educadores.programa-ato.com.br>.
Atividades
1. Destaque pontos relevantes para pensar o tema da sexualidade aplicado no
contexto escolar.
Referências
ABRÃO, Jorge Luís Ferreira. A História da Psicanálise de Crianças no Brasil.
São Paulo: Escuta, 1998.
BOWLBY, John. Apego: a natureza do vínculo. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
CALLIGARIS, Contardo et al. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofí-
cios, 1994.
CANDAU, Vera Maria. Sou Criança: tenho direitos – oficinas pedagógicas de di-
reitos humanos. Petrópolis: Vozes, 1998.
GINOTT, Haim. Pais e Filhos: novas soluções para velhos problemas. Rio de Ja-
neiro: Bloch, 1989.
JERUSALINSKY, Alfredo. Apesar de você amanhã há de ser outro dia. In: CALLIGA-
RIS, Contardo. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1995.
MEIRIEU, Philippe. Aprender... Sim, mas Como? São Paulo: Artmed, 1998.
NISKIER, Arnaldo. A Nova Lei da Educação: tudo sobre a lei de diretrizes e bases
da educação nacional uma visão crítica. Rio de Janeiro: Consultor, 1996.
TONUCCI, Francesco. Com Olhos de Criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
Gabarito
1. Situações do cotidiano da vida estimulam a discussão do assunto, pois tudo
começa com perguntas sobre a nossa existência; sexualidade como um dos
temas transversais do sistema educacional abordado de diversas formas em
diferentes momentos; o tema sugere que a interação família-escola é essen-
cial, onde as pessoas devem encarar a sexualidade não apenas como sexo e
sim como um campo vasto de relações.
Bernard Shaw
Dificuldades de aprendizagem
Situações ligadas à criança
Nível de maturidade (orgânica).
O que pensamos
sobre nossas dificuldades?
Estudos como os de Mantovanini (2001) têm salientado que se deve consi-
derar, nas dificuldades escolares, aspectos relativos à subjetividade na relação
professor-aluno. Em outras palavras, deve-se
[...] pensar o fracasso escolar não como uma questão de a criança ter, ou não, um certo domínio
cognitivo, mas em função do que pensamos sobre ela ou sobre suas dificuldades. Ou seja, a
posição em que o professor coloca a criança ou como ela mesma se coloca frente ao saber
escolar, faz uma diferença significativa. O que pensamos sobre nossas dificuldades ou relações
com as coisas? (MANTOVANINI, 2001, p. 10)
1
Dislexia: problemas de leitura ligados a alterações espaçotemporais que levam à confusão, troca e omissão de letras, por exemplo, m e n, p e q,
b e d.
2
Disgrafia: dificuldades na escrita. Os problemas estão relacionados com o componente motor da escrita (forma das letras, espaço entre palavras,
pressão do traço) com a soletração e com a produção de texto escrito.
Lista de verificação
Conjunto de sinais que podem ser indicadores de DA.
O indivíduo tem problemas em:
Organização Desportos Compreensão da leitura Recordar eventos
Nota: essa lista de verificação pretende ser uma guia para pais e profissionais. Não deverá ser utilizada isoladamente, mas poderá construir uma
via que eles possam vir a considerar uma avaliação mais exaustiva. Todas as crianças exibem um ou mais destes comportamentos, de tempos
a tempos, ao longo da sua infância pelo que se chama a atenção para o fato que não se devem tirar ilações com base na aplicação dessa lista
por si só. Contudo, a exibição frequente de um grupo desses comportamentos pode ser considerada com um indicador para a procura de uma
consulta, ou para a efectação de observações ou avaliações posteriores.
Dificuldades em ar-
Problemas de articu- Atraso na decodifi- Compreensão pobre gumentar. Problemas
lação. Aquisição lenta cação da leitura. Di- da leitura. Pouca par- na aprendizagem de
Linguagem de vocabulário. Falta ficuldades em seguir ticipação verbal na línguas estrangeiras.
de interesse em ouvir instruções. Soletração classe. Problemas com Expressão escrita fra-
histórias. pobre. palavras difíceis. ca. Problemas em re-
sumir.
Dificuldades em re-
Problemas na apren-
cordar fatos. Proble- Dificuldade em recor- Problemas em estudar
dizagem de números,
mas de organização. dar conceitos mate- para os testes. Dificul-
Memória alfabeto, dias da se-
Aquisição lenta de máticos. Dificuldade dades na memória de
mana etc. Dificuldade
novas aptidões. Sole- na memória imediata. longo prazo.
em seguir rotinas.
tração pobre.
Problemas em perma-
Impulsividade, difi- Inconstante. Difícil au-
necer sentado (quieto). Problemas de memó-
culdade em planifi- tocontrole. Fraca capa-
Atenção Atividade excessiva.
car. Erros por deslei- cidade para perceber
ria devido à fraca aten-
Falta de persistência ção. Fadiga mental.
xo. Distração. pronomes.
nas tarefas.
Problemas na aqui-
sição de comporta- Instabilidade na pre-
Manipulação inade-
mentos de autonomia ensão do lápis. Proble-
quada do lápis. Escri- Diminuição da rele-
Motricidade (exemplo: apertar os mas na componente
ta ilegível, lenta ou vância da motricida-
fina atacadores dos sapa- grafomotora da escrita
incosistente. Redun- de fina.
tos). Desajeitado. Re- (forma das letras, pres-
dância em escrever.
lutância para desenhar são do traço etc.).
ou tracejar.
Nota: essa lista de verificação pretende ser uma guia para pais e profissionais. Não deverá ser utilizada isoladamen-
te, mas poderá construir uma via que eles possam vir a considerar uma avaliação mais exaustiva. Todas as crianças
exibem um ou mais desses comportamentos, de tempos a tempos, ao longo da sua infância pelo que se chama a
atenção para o fato que não se devem tirar ilações com base na aplicação dessa lista por si só. Contudo a exibição
frequente de um grupo desses comportamentos pode ser considerada com um indicador para a procura de uma
consulta, ou para a efectação de observações ou avaliações posteriores.
A partir dessas listas, pode-se recolher informações que, juntas com a infor-
mação obtida pela observação direta do aluno em situações escolares e pela
sondagem histórica, possibilitam a elaboração de uma primeira intervenção
educativa com fim de minimizar ou até suprimir os problemas de aprendizagem
do aluno.
Esses são alguns pontos apresentados pelo autor para as questões educacio-
nais relativas ao manejo das dificuldades de aprendizagem que têm preocupado
os educadores. Verifica-se, então, que o tratamento dessas dificuldades é uma
tarefa complexa, desafiadora e criativa, que envolve várias ações educacionais
e, muitas vezes, a estratégia encontrada é elaborar um plano de ensino especial
para o aluno em sala de recurso ou recuperação paralela, destinadas a alunos
com dificuldades não superadas no cotidiano escolar.
Texto complementar
O papel do professor
(MORAIS, 1997, p. 187-189)
Dica de estudo
Dificuldade de Aprendizagem: psicopedagogia na relação sujeito, família e
escola, de Simaia Sampaio. São Paulo: Wak, 2008.
Atividades
1. O que devemos considerar quando verificamos dificuldades de aprendiza-
gem no aluno?
Referências
ABRÃO, Jorge Luís Ferreira. A História da Psicanálise de Crianças no Brasil. São
Paulo: Escuta, 1998.
BOWLBY, John. Apego: a natureza do vínculo. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
CALLIGARIS, Contardo et al. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofí-
cios, 1994.
CANDAU, Vera Maria. Sou Criança: tenho direitos – oficinas pedagógicas de di-
reitos humanos. Petrópolis: Vozes, 1998.
GINOTT, Haim. Pais e Filhos: novas soluções para velhos problemas. Rio de Ja-
neiro: Bloch, 1989.
JERUSALINSKY, Alfredo. Apesar de você amanhã há de ser outro dia. In: CALLIGA-
RIS, Contardo. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1995.
LINHARES, Maria Beatriz M.; PARREIRA, Vera Lúcia C.; SANT’ ANNA, Sílvia C. Ca-
racterização dos Motivos da Procura de Atendimento Infantil em um Serviço de
Psicopedagogia Clínica. Medicina de Ribeirão Preto, p. 148-160, n. 26, 1993.
MEIRIEU, Philippe. Aprender... Sim, mas Como? São Paulo: Artmed, 1998.
TONUCCI, Francesco. Com Olhos de Criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
Gabarito
1. O primeiro passo é perceber a complexidade das questões que envolvem
as dificuldades de aprendizagem no processo do ensino. Deve-se também
pensar que as dificuldades de aprendizagem de modo amplo e associadas a
um contexto histórico-cultural. O segundo passo consiste em identificar as
diferenças na abordagem das dificuldades de aprendizagem, o que demons-
tra que as dificuldades de aprendizagem também dependem da história in-
dividual do aluno.
Disgrafias
Definição
É disgráfica uma criança que apresenta dificuldade em passar para a
escrita o estímulo visual da palavra sem comprometimento intelectual e/
ou neurológico que explique essa dificuldade. Para Antonio Morais (1997),
a disgrafia pode estar associada à disortografia. Nesse caso, observa-se
que a criança que tem dificuldade para escrever corretamente a lingua-
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
A ação preventiva e a aprendizagem
gem falada pode apresentar uma disgrafia associada: a criança escreve devagar,
retocando cada letra, realizando de forma incorreta as ligações entre as letras
para esconder a dificuldade ortográfica. No entanto, é possível encontrar crian-
ças disgráficas que não apresentam qualquer tipo de disortografia.
Aspectos relevantes
na identificação da disgrafia
Rigidez do traçado: escrita muito marcada, comprimida e angulosa.
Ações educacionais
para o desenvolvimento da escrita
Desenvolvimento psicomotor: o ato de escrever exige a coordenação
motora fina e o controle dos movimentos de vários segmentos do corpo,
visto que a escrita necessita de precisão e rapidez.
Disortografia
Definição
Tanto a disortografia quanto a disgrafia são alterações da linguagem escrita.
Com a disortografia, a criança escreve nos espaços certos, a caligrafia é clara,
porém cheia de erros ortográficos, e desse modo a criança revela sua incapacida-
de para usar os processos gráficos para representar na escrita a linguagem oral.
Para Morais (1997, p. 138-143), a disortografia pode ser uma das causas da
disgrafia, sendo possível que ocorra quando no processo de aprendizagem da
linguagem escrita se exige rapidez e um determinado ritmo gráfico de um aluno
que ainda não automatizou a relação entre som e letra. Nesse caso, o aluno está
impedido de realizar o traçado gráfico de forma aceitável, sua escrita é lenta e,
na maioria das vezes, incompleta – porque apresenta certas dificuldades em
recordar com rapidez que grafia representa determinado som. Essas dúvidas
podem ocasionar uma escrita irregular, com traço precipitado, falta de controle,
e excessivamente lenta.
Aspectos relevantes
na identificação da disortografia
No processo de escolarização, deve-se observar (MORAIS, 1997, p. 138-143):
Ações educacionais
para o desenvolvimento da escrita
As ações educacionais para o desenvolvimento da escrita nos aspectos psi-
comotor, mental, de linguagem e socioafetivo devem seguir as já apresentadas
anteriormente quando descrevemos a disgrafia.
Dislexias
Definição
Dislexia é a dificuldade da aprendizagem da leitura, relacionada à identificação,
compreensão e interpretação dos símbolos. Quando essa dificuldade não pode
ser explicada por condições físicas ou ambientais negativas, deficits sensoriais
ou intelectuais e comprometimento emocional, diz-se que a criança é disléxica.
Ações educacionais
para o desenvolvimento da leitura
Desenvolvimento psicomotor: imagem corporal, noção espaçotempo-
ral, lateralidade.
Habilidade de leitura
Para Martins (2006), desenvolve-se a habilidade de leitura do aluno,
considerando-se:
as características do texto;
a visão;
a fadiga ocular;
a iluminação;
a postura do corpo;
Discalculia
Definição
A discalculia compreende a dificuldade para realizar atividades de cálculo
aritmético, tais como quantificação, numeração ou cálculo. Pode estar associada
352 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
mais informações www.iesde.com.br
A ação preventiva e a aprendizagem
Aspectos relevantes
na identificação da discalculia
Dificuldades na aprendizagem das operações matemáticas.
Ações educacionais
para o desenvolvimento do cálculo
Desenvolvimento psicomotor: atividade perceptiva, memória e organi-
zação espacial.
Definição
O transtorno por deficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é uma dificul-
dade comumente vista em crianças e se baseia nos sintomas de desatenção e hi-
peratividade. Tais aspectos são normalmente encontrados em pessoas comuns
e, assim, para haver diagnóstico de TDAH esses aspectos devem interferir signi-
ficativamente na vida e no desenvolvimento normal da criança. Geralmente, o
TDAH é notado quando a criança inicia as atividades escolares, quando o ajusta-
mento ao cotidiano escolar se mostra comprometido. No início da adolescência,
em geral o quadro se mantém o mesmo, com problemas predominantemen-
te escolares, sendo que, no final da adolescência e no início da vida adulta, na
maioria dos casos ocorre melhora dos sintomas.
Texto complementar
Resumo
A psicologia histórico-cultural assume que o fator biológico determina a
base das reações inatas dos indivíduos. Sobre essa base se constitui todo o
sistema de reações adquiridas, sendo estas determinadas mais pela estrutu-
ra do meio cultural da criança do que pelas disposições biológicas. Se é por
meio do processo de apropriação da cultura que cada homem adquire as ca-
pacidades humanas, a compreensão atual acerca dos distúrbios de aprendi-
zagem pode ser reconfigurada, demonstrando que mediações adequadas e
consistentes podem ter caráter revolucionário para a aprendizagem, ao tor-
narem presente o talento cultural quando o talento biológico não se revela
como esperado.
[...]
Distúrbios de aprendizagem ou
de ensinagem: uma questão controvertida
Uma revisão da literatura procurando enfocar os diferentes termos
usados para identificar o aluno que não aprende apontou tanto a falta de
concordância sobre as definições e conceitos, quanto uma forma confusa e
contraditória na apresentação de parâmetros que permitam compreender
que fatores podem ser considerados como causais intrínsecos ou extrínse-
cos nas mais diferentes obras e autores que tratam do assunto (Rocha, 2004).
A definição mais aceita na atualidade entende que
Concordamos com Souza (2000) quando afirma que se faz necessário uma
ruptura na forma de análise polarizada dos fenômenos, vindo a assumir um
referencial teórico que dê conta de articular os diversos níveis até então ge-
Dica de estudo
Natureza Selvagem, direção de Sean Penn, 2007.
Esse filme é uma experiência as sensações humanas. Faz uma reflexão acerca
da vida e da morte. Reflete sobre a felicidade que só existe na presença do outro,
a felicidade só existe compartilhada.
Atividades
1. Quais são as dificuldades de aprendizagem abordadas nesta aula? De forma
geral, do que decorrem essas dificuldades?
Referências
ABRÃO, Jorge Luís Ferreira. A História da Psicanálise de Crianças no Brasil. São
Paulo: Escuta, 1998.
BOWLBY, John. Apego: a natureza do vínculo. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
CALLIGARIS, Contardo et al. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofí-
cios, 1994.
CANDAU, Vera Maria. Sou Criança: tenho direitos – oficinas pedagógicas de di-
reitos humanos. Petrópolis: Vozes, 1998.
GINOTT, Haim. Pais e Filhos: novas soluções para velhos problemas. Rio de Ja-
neiro: Bloch, 1989.
JERUSALINSKY, Alfredo. Apesar de você amanhã há de ser outro dia. In: CALLIGA-
RIS, Contardo. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1995.
MEIRIEU, Philippe. Aprender... Sim, mas Como? São Paulo: Artmed, 1998.
TONUCCI, Francesco. Com Olhos de Criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
Gabarito
1. As DAs decorrem de múltiplas causas, desde situações externas a internas. Estu-
damos aspectos sobre as disgrafias, disortografia, dislexias, discalculia, TDAH.
Anny Cordiè
Por que, afinal, um determinado aluno não aprende? Quais as razões para o
aluno não aprender?
direção de se buscar saber: quem é você que relata essas queixas? Como você
se vê com esses sintomas? Parece-nos evidente que as manifestações psicosso-
máticas, ao se tornarem cada vez mais frequentes, impuseram uma mudança na
prática discursiva médica. Essa nova prática deverá direcionar o olhar do aten-
dimento médico para a clínica interdisciplinar, com uma equipe de especialistas
na investigação diagnóstica da doença de determinado paciente e a definição
de um plano de intervenção de tratamento também interdisciplinar. Isso com
seus desdobramentos para outros discursos, por exemplo, o educativo.
comportar-se em referência a essa posição imaginária. Ou seja, não basta saber a posição social
dos pais e dos filhos; deve-se também interrogar-se sobre o significado que eles conferem a
essa posição.
Assim, temos que o campo subjetivo refere-se a uma certa maneira do sujeito
de recortar, de interpretar inconscientemente sua vivência, sua experiência na
sociedade.
Num outro dito de Charlot (2000, p. 17) sobre a questão do lugar e da posição
subjetiva do sujeito no discurso social tem-se que
[...] não se deve esquecer, no entanto, que a existência escolar do aluno em situação de
fracasso traz a marca da diferença e da falta: ele constrói uma imagem desvalorizada de si ou,
ao contrário, consegue acalmar esse sofrimento narcísico que é o fracasso etc. O fracasso é
estudado “de dentro”, como experiência do fracasso escolar.
Por que estranha razão a escola se cala diante de questões intrínsecas ao fun-
cionamento, que afetam, sobremaneira, o desempenho escolar dos alunos e até
mesmo dos professores?
O médico que o atendeu disse à mãe que não havia necessidade do exame, pois a criança era
normal. Não satisfeita, a professora o reencaminhou, com as mesmas observações. Reginaldo
não sabe por que não aprende e já tem dúvidas sobre sua normalidade. Ao menor conflito,
os irmãos o provocam: “bem que a professora fala que tem problema”. Quando não consegue
fazer a lição, se desespera, gritando: “eu sei que sou doente, vou passar no médico e precisar
ficar internado uns dez anos”. Durante a consulta, toda vez que se tenta abordar essas questões,
ele chora e se recusa a fazer qualquer coisa.
Desse modo, identifica-se que o olhar dirigido ao aluno busca uma expecta-
tiva, um ideal, um comportamento padrão e tem relação direta com o aprovei-
tamento e o desempenho escolar do aluno, desconsiderando as suas potenciali-
dades e expectativas com o aprender.
Considerando o até aqui exposto, temos que supor que é coerente pensar
que cada aluno, em particular, terá um rendimento qualitativamente diferencia-
do dos seus colegas.
Olhar o aluno de outra maneira, relativizar atos, palavras e atitudes que não
correspondem ao que o professor imagina ser normal, parece-nos ser um cami-
nho para esse giro no estilo, na prática, no paradigma educacional para reconsi-
derar o aluno e, assim, mudarmos algo do cotidiano relacional escolar.
Um sujeito é:
um ser singular, exemplar único da espécie humana, que tem uma história,
interpreta o mundo, dá um sentido a esse mundo, à posição que ocupa nele,
às suas relações com os outros, à sua própria história, à sua singularidade.
Esse sujeito:
Após essa exposição, consideramos que não se pode deixar de lado os aspec-
tos subjetivos, no processo do aprender, para que possam surgir sujeitos singu-
lares, criativos, em sua ousadia e inventividade, que inclusive colaborem para
criar uma escola melhor.
Uma última palavra: parece-nos relevante apontar que talvez nosso maior
problema esteja em articular as dimensões psíquicas, cognitivas e sociais en-
volvidas no complexo processo que é o aprender. Salientamos que o aprender,
além de transformar nossa compreensão do que são as coisas, as situações, res-
significa o sentido que elas têm para nós.
Texto complementar
Por que estudarmos a relação dos alunos com o saber e não o fracasso
escolar, visto ser ele que nos interessa diretamente? Porque, estritamente
falando, não existe o “fracasso escolar”. É verdade que os fenômenos desig-
nados sob a denominação de fracasso escolar são mesmo reais. Mas não
existe um objeto “fracasso escolar”, analisável como tal. Para estudar o que
se chama de fracasso escolar, deve-se, portanto, definir um objeto que possa
ser analisado. Detenhamo-nos um pouco nesse ponto.
Mas esse não passa de um nome genérico, um modo cômodo para desig-
nar um conjunto de fenômenos que têm, ao que parece, algum parentesco. O
problema é que se tem, pouco a pouco, reificado esse nome genérico, como
se existisse uma coisa chamada “fracasso escolar”. Afirmar que o “fracasso es-
colar” não existe é recusar esse modo de pensar sob o qual insinuam-se as
ideias de doença, tara congênita, contágio, evento fatal. Ao escutarmos tais
discursos, temos amiúde o sentimento de que se é hoje “vítima” do fracasso
escolar, assim como outrora éramos da peste. O fracasso escolar não é um
monstro escondido no fundo das escolas e que se joga sobre as crianças
mais frágeis, um monstro que a pesquisa deveria desemboscar, domesticar,
abater. O “fracasso escolar” não existe; o que existe são alunos fracassados,
situações de fracasso, histórias escolares que terminam mal. Esses alunos,
essas situações, essas histórias é que devem ser analisadas, e não algum
objeto misterioso, ou algum vírus resistente, chamado “fracasso escolar”.
Foi como diferença que a Sociologia analisou o fracasso escolar nos anos
1960-1970. Mais exatamente ainda, como diferença de posições entre alunos:
o aluno em situação de fracasso ocupa, no espaço escolar, uma posição dife-
rente da do aluno em situação de êxito – sendo essas posições avaliadas em
termos de notas, indicadores de sucesso, anos de atraso, lugar num sistema
escolar hierarquizado etc. Não somente o fracasso escolar é analisado, então,
como diferença de posições como, também, tais posições só fazem sentido
como posições diferentes de outras posições. Com efeito, as posições respec-
tivas, e não essas posições em si, é que permitem falar de fracasso escolar:
que um jovem esteja no terceiro ano colegial (aproximadamente, 8.a série do
Ensino Fundamental brasileiro) aos 17 anos só tem um sentido quando se
sabe que a maioria dos alunos entra no terceiro ano aos 14 ou 15 anos; que
uma criança tire um 2 de um total de 20 atribuídos a um exercício significa, é
verdade, que ela não entendeu o exercício; mas não se falará em fracasso es-
colar se os outros alunos também tiverem uma nota muito baixa. Esse tipo de
Sociologia não trata, na verdade, senão de diferenças e recorre essencialmen-
te à ferramenta que permite apreender e processar diferenças: a estatística.
Dica de estudo
O filme A Excêntrica Família de Antonia, de direção de Marleen Gorris.
Atividades
Após a leitura do texto, reúnam-se em grupos de três pessoas e escrevam em
poucas palavras o que vocês compreenderam sobre as seguintes questões:
Referências
ABRÃO, Jorge Luís Ferreira. A História da Psicanálise de Crianças no Brasil. São
Paulo: Escuta, 1998.
BOWLBY, John. Apego: a natureza do vínculo. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
CALLIGARIS, Contardo et al. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofí-
cios, 1994.
CANDAU, Vera Maria. Sou Criança: tenho direitos – oficinas pedagógicas de di-
reitos humanos. Petrópolis: Vozes, 1998.
CHARLOT, Bernard. Da Relação com o Saber: elementos para uma teoria. Porto
Alegre: Artmed, 2000.
COLL SALVADOR, César (Org.). Psicologia do Ensino. Porto Alegre: Artmed, 2000.
GINOTT, Haim. Pais e Filhos: novas soluções para velhos problemas. Rio de Ja-
neiro: Bloch, 1989.
JERUSALINSKY, Alfredo. Apesar de você amanhã há de ser outro dia. In: CALLIGA-
RIS, Contardo. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1995.
MEIRIEU, Philippe. Aprender... Sim, mas Como? São Paulo: Artmed, 1998.
TONUCCI, Francesco. Com Olhos de Criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
Gabarito
1. O ponto essencial dessa questão é considerar a partir das contribuições do
campo “psi” à educação que não existem crianças que não aprendem, ou
fracassadas escolares; o que existem são crianças em situação de fracasso,
impedidas circunstancialmente de aprender. Assim, tem-se que focar na
aprendizagem e não no fracasso; quer dizer, deve-se identificar os modos
de aprender da criança, sua relação com o saber. Deve-se considerar que são
muitos os aspectos que estão presentes numa situação de fracasso escolar,
o que significa que localizar o fracasso na criança é trabalhar numa leitura
linear de causa-efeito. Entender que o sujeito é um ser humano, aberto para
as relações interpessoais.
Getty Images.
Esse programa não elimina as regras, as normas e as leis como mecanismos
necessários para a socialização e a convivência na escola. Essas medidas têm
sempre uma dimensão repressiva, mas não podem perder o caráter educativo,
que aponta para o sujeito e para o limite de sua identidade pessoal e sua perso-
nalidade, ou seja, o limite de sua conduta, que é uma necessidade da convivên-
cia em sociedade e também do processo civilizatório da humanidade.
Comunidade escolar
pautada nos direitos humanos
Uma comunidade escolar pautada nos direitos humanos acontece no dia a
dia, na busca de direitos e deveres que possam ser incorporados à identidade
pessoal, mobilizando nos alunos o desejo de autonomia e de troca recíproca
de responsabilidades. Segundo Nagel (2006, p. 7), “o sujeito sem identificação
com seus pares torna-se incapaz de dimensionar e/ou perceber alguém que não
seja ele próprio. Não conta com um sistema decodificador ou receptor, a não ser
dos próprios interesses, e por isso não estabelece laços de reciprocidade. Con-
sequentemente, não estabelece vínculos. As amizades são fugidias”. Assim, as
ações educativas em valores humanos devem ter as seguintes características:
Getty Images.
Construindo o conhecimento
Segundo Nieves (2002, p. 75-85), ter acesso ao conhecimento é uma ca-
racterística humana, os educadores são mediadores do conhecimento coti-
diano e do conhecimento científico. É evidente a necessidade de integrar co-
nhecimentos novos, que considerem as preocupações da vida cotidiana, as
necessidades e os interesses do momento. Os educadores devem começar a
descobrir um novo papel de sua tarefa docente: o que faz e como faz (método).
Sabe-se que a aprendizagem escolar é sensível à quantidade de tempo em que
os alunos participam das tarefas acadêmicas, e que também aprendem mais
quando o educador demonstra interesse sobre aquilo que ensina.
Direitos humanos
Constituem direitos humanos sob a re-
Comstock Complete.
ferência do PNEDH (2007) entende como
sendo direito de todo ser humano, sem
distinção de raça, nacionalidade, etnia,
gênero, classe social, cultura, credo, orien-
tação sexual, opção política, ou qualquer
outra forma de discriminação. O exercí-
cio pleno da cidadania, a consideração
da diferença individual e da diversidade
humana nas interações interpessoais.
Assim, tem-se que, no PNEDH (2007, p. 11), educar é um direito humano que
conduz:
Texto complementar
ralizada por fomentar uma postura de atuação que sirva para estabelecer
as bases de convivência de nossa sociedade. Quando esta sente alguma
necessidade ou tem consciência de algum problema, reclama e exige
alguns códigos ontológicos que organizem as pautas de comportamento
ético [...].
Esses valores não podem ser outros senão aqueles que regulam nosso
sistema de convivência e que definem a finalidade principal de nossa edu-
cação: favorecer nos alunos o pleno desenvolvimento da personalidade
que configura o ser pessoa. [...]
Ensino Médio.
Educação ambiental.
Objetivos:
Educação para a saúde.
analisar e avaliar a influência humana Vida.
Divisão de responsabili-
no meio físico para melhorar a quali-
dades.
dade de vida.
Dica de estudo
Escritores da Liberdade, dirigido por Richard LaGravenese, 2007.
Atividades
1. De acordo ao Plano Nacional em Educação de Direitos Humanos, a que con-
duz a educação, que é um direito humano?
Referências
ABRÃO, Jorge Luís Ferreira. A História da Psicanálise de Crianças no Brasil. São
Paulo: Escuta, 1998.
BOWLBY, John. Apego: a natureza do vínculo. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
CALLIGARIS, Contardo et al. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofí-
cios, 1994.
CANDAU, Vera Maria. Sou Criança: tenho direitos – oficinas pedagógicas de di-
reitos humanos. Petrópolis: Vozes, 1998.
GINOTT, Haim. Pais e Filhos: novas soluções para velhos problemas. Rio de Ja-
neiro: Bloch, 1989.
lhados no projeto educativo da escola. In: NIEVES, Maria et al. Valores e Temas
Transversais no Currículo. Porto Alegre: Artmed, 2002.
JERUSALINSKY, Alfredo. Apesar de você amanhã há de ser outro dia. In: CALLIGA-
RIS, Contardo. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1995.
MEIRIEU, Philippe. Aprender... Sim, mas Como? São Paulo: Artmed, 1998.
TONUCCI, Francesco. Com Olhos de Criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
Gabarito
1. Ao fortalecimento do respeito aos direitos e liberdades fundamentais do ser
humano; ao pleno desenvolvimento da personalidade humana e senso de
dignidade; à prática da tolerância, do respeito à diversidade de gênero e cul-
tura, da amizade entre todas as nações, povos indígenas e grupos raciais,
étnicos, religiosos e linguísticos; à possibilidade de todas as pessoas partici-
parem efetivamente de uma sociedade livre.
Sociabilidade
Os seres humanos possuem uma tendência para viver em sociedade, fazendo
parte de uma comunidade organizada com leis, valores, moral, costumes, cren-
ças etc. Diríamos que cada um de nós se sente como pertencendo a vários sub-
grupos sociais que se organizam em culturas mais amplas (PRETTE, 2001).
Atitude
A atitude, enquanto comportamento social, é aprendida de acordo com as
experiências, as informações e a percepção que o indivíduo vai organizando e
relacionando com afetos (positivos ou negativos). Aprende-se, desse modo, a
comportar-se de modo favorável ou desfavorável, em relação ao(s) outro(s). As
atitudes sociais podem ser modificadas a partir de outras interações e novas ex-
periências de grupo.
encontra um adulto. Por isso o tão idealizado diálogo entre pais e filhos não é algo
fácil e atitudes algumas vezes falam mais do que palavras (OUTEIRAL, 1994).
Por essas razões, é preciso observar a realidade à nossa volta, agir e pensar sobre
para onde o mundo está indo. O conceito de aprendizagem, portanto, teve de se
tornar mais dinâmico; aprender passou a ser exigência instrumental para a com-
preensão do mundo atual. A flexibilidade é uma atitude social de grande impor-
tância nos dias de hoje: saber aprender e desaprender com certa desenvoltura.
Papel social
Os diferentes papéis sociais são referências para a nossa percepção do outro.
A nossa enorme plasticidade como seres humanos permite que nos adaptemos
às diferentes situações sociais e sejamos capazes de nos comportar diferente-
mente em cada uma delas. No transcurso do desenvolvimento social, a criança
aprende a compreender os papéis e os pontos de vista dos outros e, eventual-
mente, chega a reconhecer que as regras, normas e valores morais são essenciais
para dirigir as relações humanas.
É importante o que o indivíduo traz consigo como carga pessoal, mas o que
fará com que se constitua como tal é a condição de ele se relacionar com outro
ser humano. Assim, “o quem eu sou” está exposto ao livre-arbítrio de cada um
durante o seu desenvolvimento, dependendo, portanto, de cada indivíduo.
Mesmo que essa escolha tenha sido forçada e inconsciente, quem escolhe é o
sujeito, ainda que seja um bebê. Dessa maneira, sempre somos responsáveis por
aquilo que somos ao longo da vida.
O grupo social
Desenvolver atividades para trabalhar em grupo é importante, pois muito do
aprendizado social é feito em grupo. A experiência de grupo aproxima pessoas
com necessidades semelhantes que podem apoiar-se mutuamente e sugerir so-
luções para problemas comuns, ajudando umas às outras. Os integrantes de um
grupo experimentam novos papéis e, ao verem qual é a reação do outro diante
deles, podem ser apoiados (PRETTE, 2001; BARBOSA, 2001; PICHON-RIVIÈRE,
1982).
criatividade e espontaneidade;
reflexão crítica;
relaxamento.
ação cooperativa;
comunicação;
compartilhamento de experiências;
“Eu” e o grupo
O adolescente, para ser aceito no grupo, tem de se submeter às novas regras,
por vezes violentamente, e assim ser considerado um novo membro. Os ritos de
iniciação são variados, mas têm muitos elementos em comum: submissão, acei-
tação das regras do grupo, alguma exigência de sofrimento físico estão sempre
presentes. A primeira comunhão dos católicos é um exemplo de inclusão social.
O papel do educador
É preciso, na atualidade, ensinar os alunos a usarem as informações criativa-
mente. Assim, faz-se necessário o desenvolvimento das habilidades para a so-
lução de conflitos que são impostos pelo ambiente social e exigem habilidades
de discriminar e responder a estímulos sociais e, simultaneamente, aos próprios
estímulos internos (pensamentos e sentimentos).
Texto complementar
Criando interesses e despertando curiosidade
(WOOFOLK, 2000, p. 358-359)
Dica de estudo
A Fábrica como Agência Educativa, de Felipe Luiz Gomes e Silva, Cultura
Acadêmica.
Atividades
1. Defina sociabilidade com base nos argumentos sobre relações interpessoais
e o grupo na escola.
Referências
ABRÃO, Jorge Luís Ferreira. A História da Psicanálise de Crianças no Brasil. São
Paulo: Escuta, 1998.
BOWLBY, John. Apego: a natureza do vínculo. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
CALLIGARIS, Contardo et al. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofí-
cios, 1994.
CANDAU, Vera Maria. Sou Criança: tenho direitos – oficinas pedagógicas de di-
reitos humanos. Petrópolis: Vozes, 1998.
GINOTT, Haim. Pais e Filhos: novas soluções para velhos problemas. Rio de Ja-
neiro: Bloch, 1989.
JERUSALINSKY, Alfredo. Apesar de você amanhã há de ser outro dia. In: CALLIGA-
RIS, Contardo. Educa-se uma Criança? Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1995.
MEIRIEU, Philippe. Aprender... Sim, mas Como? São Paulo: Artmed, 1998.
MELLO, Guiomar Namo de. Que pessoas queremos formar. Entrevista. Nova
Escola, São Paulo, n. 179, jan. fev. 2005.
SILVA, Felipe Luiz Gomes e. A Fábrica como Agência Educativa. São Paulo: Cul-
tura Acadêmica, 2000.
TONUCCI, Francesco. Com Olhos de Criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
Gabarito
1. Os seres humanos possuem uma tendência para viver em sociedade, fazen-
do parte de uma comunidade organizada com leis, valores, moral, costumes,
crenças etc. Diríamos que cada um de nós se sente como pertencendo a vá-
rios subgrupos sociais que se organizam em culturas mais amplas.
2.
Psicologia e EDUCAÇÃO
Irene Carmen Piconi Prestes
Catarina de Souza Moro