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“Teoria U – Como liderar pela percepção e realização do futuro que

emerge, através da mente aberta, coração aberto e vontade aberta”


C. Otto Scharmer, Editora Campus, 2010
Pois hoje / É amanhã, / Ontem.
(Nektar: Remember the Future)

S ala de aula é fogo, porque ela tanto pode acen- Não é possível ver tudo nem se conhecer totalmente,
der o fogo da criação quanto congelar a energia vital. sempre haverá pontos cegos. Mas podemos melhorar
Acostumamo-nos a pensar em uma sala de aula com nossa capacidade de escolher o que ver, escolher o
um professor, os alunos e a matéria. Mais do que o nosso mundo e permanentemente construir o nosso eu.
obrigatório professar de seu conhecimento, ao profes- O momento atual da trajetória da humanida-
sor cabe arranjá-lo como se arranja a lenha em uma de clama por mudanças em nossa forma de viver.
lareira, acender a fagulha em um recanto que possa Precisamos aprender como acomodar 9 a 10 bilhões
aninhar uma chama, protegê-la do vento, alimentar o de pessoas sobre o planeta. Como isso nunca aconte-
fogo até que ele arda. E depois controlá-lo para que ceu, não temos quem nos ensine. Podemos aprender
ilumine sem ofuscar, aqueça sem chamuscar. com sociedades e civilizações que vivem ou viveram
É na sala de aula que o aluno pode mudar o rumo em regiões com recursos muito escassos para o
de sua vida, se frustrar ou nada sentir. Chamar uma tamanho de sua população, que sabem, souberam
pessoa de aluno é uma aplicação evidentemente incô- ou tiveram tempo para moldar convenientemente
moda da palavra “aluno” – “sem luz” – a alguém que sua cultura e tecnologias. Podemos também apren-
pode emitir, no próprio momento da aula, mais luz der com as que fracassaram. Porém, a situação do
até sobre a matéria que o professor. Como um pedaço momento contém alguns elementos que as civiliza-
de lenha em uma lareira, cada aluno pode participar ções anteriores não enfrentaram: a escala global de
da fogueira coletiva, ou se isolar. Pior ainda, a lenha nossos impactos e de nossa presença interconectada.
ansiosa por se queimar permanecer friamente deita- O coletivo agora é global.
da, silenciosa, potencial. Sala de aula é fogo também porque ela não é o
Um dos segredos da sala de aula é a atenção. Ao mundo. Criamos na sala de aula modelos do mun-
professor e aos alunos cabe dirigir a atenção para a do e brincamos com eles para ensinar e aprender.
matéria. O bom professor sabe mostrar aquele encanto Espera-se que quem não conhece aprenda com quem
da matéria em que a curiosidade dos alunos acende conhece. E quando ninguém conhece? E quando
em suas mentes a fagulha da atenção. Cuidando do precisamos aprender sobre um mundo que ainda não
recanto em que as primeiras chamas se acendem, existe – o futuro?
professor e alunos podem aumentar o calor da maté- Imagine que o mundo seja uma sala de aula. Na
Cláudio Boechat

ria até alcançarem juntos seus próprios corações. situação atual, não há professor. Os alunos devem apren-
Devidamente cuidado, as vontades serão mobilizadas, der uns com os outros. Por outro lado, a sala de aula não
e por isso a sala de aula tem o poder de despertar a é mais uma sala, mas o mundo, e podemos aprender
plenitude do humano: inteligência, sentimento e rea- com ele. O grande mestre pode ser o próprio mundo.
lização; mente, coração e vontade. A Teoria U guarda aí sua maior riqueza. Ao modelar
Otto Scharmer chama nossa atenção para a atenção. a aprendizagem humana, nos permite aprender coletiva-
Em minhas aulas, gosto muito de usar um filminho sobre mente sobre o todo, a partir da essência de cada parte.
dois times de basquete que trocam passes com duas Nós, humanos, temos uma crença fantástica de
bolas, uma para cada time. Estimulado a focar em um que criamos o futuro a partir de hoje, utilizando o
dos times, o espectador não percebe que um sujeito fan- passado. Se nossa sala de aula é o próprio mundo,
tasiado de urso atravessa a cena e dança moon walker. se a aula é a própria vida, se somos professor e aluno
As pessoas se assustam quando, em uma segunda exibi- ao mesmo tempo, então a Teoria U se soma a outras
ção do filme, são alertadas para o urso que não tinham propostas de formação e exercício da liderança,
visto. Ao exercitarem tão claramente o direcionamento onde todos somos líderes e liderados. Porque 9 a 10
intencional da atenção, as pessoas percebem o quanto bilhões de pessoas – todos primos, já que descen-
ele é fundamental. O mundo em que imaginamos viver dentes da mesma origem africana – somente poderão
é a composição dos pontos que iluminamos com nossa viver bem e dentro dos limites do planeta se todas
POR

atenção. Todo o resto são pontos cegos. forem líderes e liderados.


A Teoria U destina-se a ajudar a ver mais do todo,
Cláudio Boechat é professor e coordenador técnico do Núcleo
a partir de um melhor conhecimento de si próprio. Petrobras de Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral.

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leitura

E m 30 de outubro de 2010, quando recebi a caminhada por duas fontes diferentes de aprendiza-
dedicatória de Otto Scharmer na edição brasileira do gem: aprender a partir das experiências do passado,
seu livro Teoria U - “Para o Pedro e para as sementes e aprender a partir do futuro à medida que ele for
do futuro que você trás para o mundo” – me dei conta emergindo.
da jornada percorrida desde 2003, quando fui aluno Teoria U lida com uma pergunta central: O que
de seu curso Leadership and Sustainability Lab, é preciso para aprender e atuar a partir do futuro, na
no MIT. Recordei também sua dedicatória no livro medida em que ele emerge?
Presencing (versão original, 2004): “Com os meus Otto nos faz conhecer histórias, pensamentos,
votos para a sua jornada do futuro - você recebeu um ideias, exemplos, práticas e ações cativantes, rea-
dom, traga isto para o mundo. Olhe para frente, para lizadas por líderes, pessoas comuns e organizações
o nosso futuro”. globais (Glaxo-SmithKline, Fujitsu, HP, McKinsey,
É desta jornada que o livro Teoria U fala. A jor- Nissan, PWC, Shell) e organizações sociais como
nada do Líder, o profissional da linha de frente, que a Oxfam, que se propôs a conhecer um território
recebeu um grande dom (semente) e tem de colocá-lo “oculto”, no qual podemos colocar “nosso ponto de
em prática, para transformar o futuro do mundo. Arquimedes” – o ponto de alavancagem estratégica
Partindo do principio de que para transformar intencionalmen-
“prestar atenção no que faze- te a estrutura do nosso futuro.
mos”, e “como fazemos” é a Além de exercícios que permitem
chave para o que criamos – Otto aos líderes e às organizações
chama de “estrutura de atenção” se conectarem com suas melho-
– o autor faz uma analogia com res possibilidades de futuro, e a
as três perspectivas do momento adquirir a capacidade de realizá-
criativo dos grandes artistas. Tudo -las.
começa no “ponto cego”, o lugar Para isso, devemos nos fazer
dentro ou em torno de nós, de algumas perguntas, como: Qual o
onde se originam nossa atenção e nosso papel como líderes? Quem
intenção, o lugar a partir do qual queremos ser? Para onde preten-
operamos quando fazemos algo. demos levar o mundo em que
As perspectivas são: da pintura vivemos? O que queremos criar
ou o “quadro final pronto”; do juntos para o nosso futuro? Para
“processo” da pintura; da “tela que estamos aqui?
em branco”, já que o artista ain- Convido o leitor a navegar
da não iniciou seu processo de pela Teoria U e observar sua jor-
criação. nada como líder, a partir de uma
Assim, podemos perceber nova perspectiva, refletindo sobre
três fases em uma obra de arte: depois de criada três pontos de sua missão. Sua jornada futura – Como
(pintura pronta), durante a criação (processo de pin- vai fazer a diferença neste futuro que emerge? Com
tura), ou antes, de iniciar a criação (tela em branco). o dom (semente) que recebeu, olhe para frente, para Pedro Lins
No livro, Otto faz a analogia do artista com a o futuro que você quer construir, e surpreenda-se.
liderança, mostrando o trabalho dos líderes em três Pense no legado que você quer deixar.
ângulos diferentes: o que eles fazem (resultados), O futuro emergente nos projeta um mundo com
como fazem (processos que utilizam), as fontes a 9 a 10 bilhões de habitantes, no qual não poderemos
partir das quais eles operam (tela em branco). nos basear nas experiências do passado, uma vez que
A Teoria U apresenta algumas respostas a per- nunca tivemos esta experiência. Por isso, inicie, sin-
guntas que não foram feitas: De onde os líderes estão ta, presencing, crie, desenvolva, ou coinicie, cosinta,
operando, de fato? Qual a fonte de suas ações? Como co-presencing, cocrie e codesenvolva. Aprenda, a
podemos enfrentar os desafios do futuro, com experi- partir de um melhor autoconhecimento, a utilizar os
ências passadas que não vivenciaram esses desafios? cinco movimentos do processo da Teoria U. Olhe para
Onde colocar a alavanca, quando querem transformar frente, utilize o seu dom. Boa jornada para o futuro.
POR

alguma coisa?
Para responder a essas e muitas outras questões
Pedro Lins é professor convidado da Fundação Dom Cabral e
de liderança e gestão, o livro nos convida a uma Consultor de Competitividade Sustentável.

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