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Conselhos aos pais
Minha resposta mais substancial é que a primeira coisa que os pais precisam fazer
é continuar a ver seu filho apenas como ele é: uma criança como um todo, e não
um monte de peças quebradas para conserto. Antes de tudo, lembre-se de que o
seu filho ou sua filha ainda é a mesma criança por quem você caiu de amores no
momento em que pôs os olhos sobre ele ou ela. Tudo o que você amou sobre ela
antes de pensamentos sobre autismo passarem pela sua cabeça ainda está lá, e
tudo o que ele ama sobre você ainda está lá. O autismo vai colorir suas vidas, de
muitas maneiras inesperadas, algumas delas expansivas e inspiradoras, e algumas
difíceis e indesejáveis. Mas não podemos permitir que o autismo de uma criança
seja o único meio de defini-la. Uma criança é uma pessoa inteira, e uma pessoa
inteira não pode ser “desmontada em partes”.
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Conselhos aos pais
Nos primeiros dias após o diagnóstico, a jornada que se tem pela frente pode
parecer muito longa. Mas isso é verdade para qualquer criança, com autismo ou
não, e é uma coisa boa. Isso significa que o tempo está do nosso lado, oferecendo-
nos milhares de dias e milhões de momentos para ensinar, aprender e crescer junto
com o nosso filho, explorando (ou criando) oportunidades e recursos à medida que
surgem as necessidades. Nenhuma geração de crianças com autismo teve mais
razões para ser otimista sobre seu futuro como a de agora, pois o conhecimento
médico, as idias educacionais e a conscientização da comunidade aumentam a cada
dia. Se os pais forem diligentes na busca das pessoas e ambientes que deem ao seu
filho as melhores chances de sucesso em cada fase do desenvolvimento, eles vão
aprender a confiar em seus instintos sobre quais recursos particulares, ambientes e
pessoas são ou não são boas para o seu filho e família. Explorar todas as opções e
saber que há sempre escolhas é algo que nos fortalece.
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2. Por que você escolheu “viver com o autismo” em vez de “sofrer com o
autismo”?
Porque era a única escolha lógica e saudável. Havia muitas razões para que o
sofrimento não fizesse qualquer sentido para mim. Por sua própria natureza, o
sofrimento esgota o corpo, a mente e o espírito, e eu vi desde o início que eu teria
que aplicar cada centelha de minha energia física e emocional para fazer o que
precisava ser feito para o meu filho. Mais importante, as crianças tomam como
exemplos os seus pais. Se eu escolhesse sofrer, esse seria o modelo que ele veria
todos os dias, e haveria mais chances de ele vir a escolhê-lo também. Isso seria
inaceitável. Descobrir que meu filho tinha autismo pode não ter sido um dos dias
mais felizes de minha vida, mas isso não mudou em nada o que eu já conhecia e
amava a respeito dele. Ele era exatamente a mesma criança por quem eu havia
me apaixonado muito tempo antes de ele nascer.
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3. Quais são as características de uma relação produtiva entre pais e
profissionais, enquanto trabalham para ajudar uma criança?
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Relação produtiva
Porque eu era determinada ao selecionar as escolas certas para ele, quase todos
os professores que o meu filho teve foram excelentes. Aceitaram-no como uma
criança completa. Eles identificaram os seus pontos fortes e os utilizaram para
ajudar meu filho a superar seus desafios. Vê-lo como uma criança completa e
uma pessoa capaz, mesmo enquanto ele lidava com suas dificuldades, criou nele
um forte senso de autoconfiança, resistência e proatividade. Os seus professores
eram curiosos e, quando se trabalha com uma criança com autismo, a
curiosidade é uma das ferramentas mais potentes que um professor ou um pai
pode possuir. Muitos desses professores disseram: “Eu nunca tive um aluno
como ele, mas estou animado para trabalhar com ele. Vou descobrir o que o
motiva.” Eles queriam aprender com ele, tanto quanto eles queriam ensiná-lo. O
compromisso com uma abordagem de equipe e um modelo de aprendizagem
circular possibilitou o sucesso dele.
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4. Como as palavras que escolhemos usar afetam nossas vidas e a
relação com nossas crianças ? Quais seriam exemplos de palavras que
você escolheria usar e palavras que você não usaria? Por quê?
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Poder das palavras
Esses termos influenciam o que as pessoas pensam sobre a nossa criança e seu
potencial, moldando as expectativas que eles têm dela e a maneira como
interagem com ela, assim como a forma como a retratam para os outros. No
livro, eu exploro cada um desses termos e como utilizar uma linguagem mais
precisa e solidária. Mas isso começa com uma mudança para uma perspectiva
respeitosa em relação aos desafios de nossa criança. Bombardeio sensorial não é
“birra”. Todas as pessoas são seletivas sobre o que comem e sobre o que as
interessa. E a maior tragédia que pode acontecer a uma criança com autismo é
estar rodeada de adultos que pensam que ter autismo é uma tragédia.
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5. Conte-nos sobre o processo em que seu filho desenvolveu habilidades
de conversação através do uso da ecolalia. Que conselho você daria aos
pais de crianças que usam a ecolalia?
Crianças com autismo cujas habilidades com a linguagem são limitadas muitas vezes
dependem de ecolalia para se comunicar, repetindo trechos de linguagem ouvidos de
outras pessoas. A ecolalia pode ser imediata (repetindo o que as pessoas dizem ao seu
redor) ou de algo que ele ouviu no passado, como um filme (ecolalia tardia). Para muitos
pais, inclusive para mim, a ecolalia de uma criança provoca uma sensação de pânico de que
ele ou ela nunca poderá conversar em uma linguagem expressiva original. No entanto, a
ecolalia geralmente não é a prisão limitada que tememos que ela seja, mas um ponto na
estrada do desenvolvimento de uma criança em direção à competência de conversação.
Muitas crianças com autismo, o meu filho inclusive, são adeptos do uso da ecolalia como
uma ferramenta para a comunicação funcional. Eles reconhecem a sua própria capacidade
para memorizar grandes blocos de diálogo ou texto, assim como para buscar esses
“arquivos” rapidamente e recuperar passagens relevantes. Eles, então, empregam estas
habilidades para compensar um déficit (de habilidades de linguagem expressiva ainda não
desenvolvidas o suficiente para formular a resposta original instantânea esperada deles).
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Conversação através do uso da ecolalia
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6. Você poderia nos contar sobre as quatro características
fundamentais do autismo descritas em seu livro?
O processamento sensorial é quase sempre um desafio para crianças com autismo e, para
mim, é o ponto de partida para tudo que queremos fazer para ajudá-los. Muitas crianças
com autismo apresentam hipossensibilidade ou hipersensibilidade a estímulos do dia a dia
como sons, texturas, cheiros e outros estímulos vestibulares ou proprioceptivos. Mais do
que meras irritações, sensibilidades amplificadas podem causar dor física, náusea,
ansiedade e muitos outros sintomas. Pessoas cujos sistemas sensoriais estão organizados
de forma típica conseguem processar milhares de estímulos sensoriais simultâneos sem
esforço, mas uma criança com autismo muitas vezes não consegue processar mais que um
por vez. Eu aconselho os pais a lidar com as questões sensoriais primeiro, especialmente
quando estiverem tentando entender o que está causando comportamentos negativos ou
atípicos. Para uma criança cujos sistemas sensoriais estão desordenados, todo o seu
ambiente parece ser hostil. Não é possível se chegar a qualquer aprendizado ou
socialização significativos se a criança não é capaz de tolerar o bombardeio sensorial
acontecendo ao seu redor no que parece, para nós, um simples dia de vida comum.
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Quatro características fundamentais do autismo
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Quatro características fundamentais do autismo
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Quatro características fundamentais do autismo
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7. Que medidas um professor pode tomar para tornar o ambiente da
sala de aula mais adequado para uma criança com autismo que pode
apresentar um processamento sensorial diferente?
Uma sala de aula colorida e animada que parece tão calorosa e agradável para nós
pode parecer ameaçadora para uma criança com autismo. Felizmente, o professor
pode tomar diversas medidas para tornar o ambiente mais confortável para essa
criança, e a maioria desses ajustes beneficia os outros estudantes também.
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Professor na sala de aula - que medidas tomar
A arte na parede que tem apenas um propósito decorativo pode ser um incômodo visual,
confundindo e distraindo a criança com autismo, então limite a exposição na parede aos
itens que são relevantes, tais como o calendário visual diário e semanal, as palavras que
estão sendo soletradas naquela semana, os trabalhos de arte dos alunos da classe ou fotos
dos alunos envolvidos em atividades da classe. Lâmpadas brancas fluorescentes zumbem
e piscam constantemente causando desconforto para muitas crianças (são até proibidas
em escolas de alguns países) e podem ser substituídas por iluminação natural, lâmpadas
incandescentes ou outras que imitam a luz natural, especialmente na área próxima à
carteira da criança com autismo. Quando possível, evite produtos químicos muito fortes e
os substitua por produtos sem fragrância e hipoalergênicos. Afixar tecidos de feltro ou
bolas de tênis nos pés das cadeiras pode reduzir os sons agudos de cadeiras sendo
arrastadas e arranhando o chão. Permitir que o aluno utilize um iPod ou fones de ouvido
na sala de aula pode diminuir as distrações auditivas.
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Professor na sala de aula - que medidas tomar
Muitos alunos conseguem se concentrar mais nas tarefas quando não estão
sentados em suas carteiras. Algumas crianças apresentam melhor resultado na
tarefa quando deitadas em um pequeno colchonete, pois o contato do corpo
todo com o chão as acalma. Algumas gostam de trabalhar ou de ler em pé em
uma espécie de pódio. Algumas buscam movimento e precisam mudar de
posição frequentemente de forma a conseguir manter o foco.
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Professor na sala de aula - que medidas tomar
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8. Que questões você recomenda que os pais façam aos médicos de seus
filhos antes de medicá-los?
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9. Como podemos preparar nossas crianças para se tornarem adultos
independentes, produtivos e bem-sucedidos em nossa sociedade?
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Adultos independentes, produtivos e bem-sucedidos
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Adultos independentes, produtivos e bem-sucedidos
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Adultos independentes, produtivos e bem-sucedidos
Um dos erros mais graves que um pai ou mãe pode cometer é presumir que nossas
escolas ensinarão aos nossos filhos tudo que eles precisarão aprender para se tornar
adultos capazes. As crianças ficam nas escolas por um número limitado de horas a cada
dia, e um número limitado de dias por ano. No resto do tempo, a responsabilidade é
dos pais para ajudá-los a aprender a maioria das habilidades de vida diária.
Independentemente da idade da criança, a atitude dos pais influenciará o resultado do
aprendizado. Dicas para nutrir uma atitude que assegure à criança as melhores
chances de sucesso podem ser encontradas em meu artigo “Guiando sua Criança com
Autismo para a Vida Adulta”, em inglês em meu site: http://www.ellennotbohm.com/
journey-to-independence-guiding-your-child-with-autism-to-adulthood/.
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“Informando, Inspirando e Habilitando Famílias,
Profissionais e Pessoas com Autismo”
WWW.INSPIRADOSPELOAUTISMO.COM.BR