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Uma Análise das Características dos Trabalhos “Ditos” Bibliométricos Publicados no

Enanpad entre 2000 e 2011


Autoria: Karla Splitter, Carolina Aguiar da Rosa, José Alonso Borba

Resumo
O objetivo desta pesquisa é identificar as características dos estudos classificados como
bibliométricos publicados no período de 2000 a 2011 no Enanpad, e analisar se estes atendem
as especificidades de um trabalho desta natureza. Foram encontrados 194 trabalhos, em
diversos temas, com significativo aumento de frequência, contudo quase um terço deles não
apresenta nenhuma das doze características possíveis enquadradas neste estudo. Do restante,
aproximadamente 60% têm de uma a no máximo quatro características. Nenhum dos
trabalhos analisados poderia ser efetivamente considerado bibliométrico. Trabalhos mais
densos, profundos, poderiam construir pontes para uma compreensão mais adequada de um
determinado tema.

1
1 Introdução

Avanços científicos surgem pela geração de conhecimento, pelas discussões teóricas e


constatações empíricas que possam acrescentar novos elementos ao debate. Dentro do campo
das ciências sociais aplicadas, busca-se interpretar os fenômenos sociais e a partir de então
compreendê-los, prevê-los, identificar regularidades. Os resultados obtidos nestes estudos
teóricos e empíricos são frequentemente divulgados em eventos científicos, tais como
congressos, palestras, seminários, painéis, entre outros. Tais eventos abrem a possibilidade
para que pesquisadores, professores, alunos, profissionais da área, possam divulgar suas
pesquisas, expressar suas opiniões. As críticas, contradições e complementaridades passam a
enriquecer a aprendizagem e o desenvolvimento do conhecimento.
Os eventos científicos representam um espaço para a discussão, divulgação de
pesquisas, preparação, exposição e debate junto a um público com conhecimentos
aprofundados em determinada(s) área(s). Esta reunião de diferentes concepções,
epistemologias, visões de mundo, realidades socioculturais, é enriquecedora para o avanço do
conhecimento. Nem sempre o conhecimento avança de forma rápida, linear, contínua e na
velocidade que a sociedade gostaria ou demandaria. De qualquer maneira, é preciso lembrar
que nas ciências sociais há uma dificuldade maior de demonstrar o conhecimento de maneira
objetiva. Para isso, há a necessidade constante de debates, avaliação de pessoas com
conhecimento aprofundado na área, além da manutenção de métodos apropriados para a
concretização de contribuições teóricas e empíricas.
Dentro da área de Administração e Contabilidade, um dos congressos brasileiros mais
reconhecidos consiste no Encontro Nacional da Pós-Graduação em Administração e
Contabilidade (Enanpad). Trata-se de um evento que visa fomentar a interação entre os
participantes, o debate aprofundado dos artigos. Ele possui 11 (onze) Divisões Acadêmicas
com seus respectivos temas de interesse.
Um dos métodos que tem sido amplamente utilizado e apresentado nos congressos
Enanpad consiste na bibliometria. Trata-se de um procedimento relevante para a determinação
e visualização de indicadores das publicações científicas em determinada área. Sua origem
deriva da Ciência da Informação, que “[...] estuda o comportamento, as propriedades, e os
efeitos da informação em todas as suas facetas, bem como processos de comunicação que
afetam e são afetados pelo homem”, processos esses “efetuados através de sistemas” (Braga,
1973, p. 10). Como áreas desta ciência encontram-se a bibliometria, cienciometria, infometria
e webmetria (Araújo, 2002; Vanti, 2002). A principal diferença entre estes subcampos está no
foco de estudo, naquilo que gera variáveis observáveis e métodos diferenciados a partir do
objetivo em questão. A bibliometria tem como objetivo analisar a produção científica
existente em livros, artigos publicados em anais de eventos, documentos e periódicos (Vanti,
2002). Araújo (2002) destaca que mais recentemente, a bibliometria está focada não somente
na mensuração, mas na compreensão contextualizada da produção científica e de seus autores,
estabelecendo uma parceira entre as técnicas bibliométricas e abordagens teóricas.
No entanto, considera-se necessário propor uma reflexão sobre o uso adequado da
bibliometria. As abordagens bibliométricas são baseadas na noção de que a essência da
pesquisa científica é a produção do conhecimento (Okubo, 1997) e que seus indicadores
constituem-se numa maneira de avaliar o estado da ciência (Cunha, Martins & Cornachione,
2008). O objetivo da bibliometria é a mensuração do conhecimento ou a compreensão sobre a
produção do mesmo (Iwamoto, Teixeira & Medeiros, 2010). Para isso faz-se necessário
conhecer esse campo de estudo com maior profundidade, refletir sobre o emprego das
técnicas bibliométricas na perspectiva de gerar novos conhecimentos, novos enfoques.
Diante do exposto, surge o seguinte problema de pesquisa: os estudos bibliométricos
publicados entre 2000 e 2011 nos congressos Enanpad se caracterizam como tal? Esta
2
pesquisa tem como objetivo geral identificar as características dos estudos classificados como
bibliométricos e analisar se estes estudos atendem as especificidades de um trabalho desta
natureza.
Como justificativa teórica e prática para o estudo, constata-se a existência de uma
demanda crescente pela mensuração da produção científica. Hocayen-da-Silva, Rossoni e
Ferreira Júnior (2008, p. 655) destacam que, “nos últimos anos, observa-se grande esforço dos
pesquisadores em fazer um balanço crítico das publicações científicas em diversas
disciplinas”. Cardoso, Mendonça e Sakata (2005), Leite (2008), Caldas e Tinoco (2004)
acreditam que uma das formas de avaliar a produção científica em determinada área do
conhecimento é a análise bibliométrica. No entanto, Mattos (2004) destaca que apesar de este
método ser utilizado amplamente atualmente, nem sempre tem sido seguido de maneira
adequada. Por vezes, muitos trabalhos nem contemplam o objetivo apropriado da
bibliometria, que visa alcançar indicadores da avaliação da produção científica através de
mapeamentos dos fenômenos da população utilizando-se de ferramentas estatísticas (Splitter
& Rosa, no prelo).

2 Revisão conceitual e metodológica da bibliometria


Os “avanços das ciências não são apenas progressivos, mas também reflexivos”, quer
dizer, o desenvolvimento das ciências também depende de estudos que façam uma reflexão
crítica do que se tem produzido cientificamente (Theóphilo & Iudícibus, 2005, p. 2). Uma das
maneiras de analisar o desenvolvimento em determinado campo científico ocorre pela
bibliometria. Ela consiste na mensuração da produção científica, na técnica de medir o
desempenho dos pesquisadores, a partir de uma coleção de artigos selecionados, de um ou
mais periódicos ou de um conjunto de instituições. Em teoria, o desempenho de pesquisa é
uma avaliação abrangente que leva em consideração diversas métricas quantitativas. Assim,
os estudos bibliométricos contribuem para o levantamento, avaliação e análise da produção
científica.
A bibliometria surgiu no início do século como reflexo da necessidade do estudo e da
avaliação das atividades de produção e comunicação científica (Araújo, 2006; Ferreira, 2010),
contudo Pritchard e Witting (1981) descrevem que métodos bibliométricos têm sido aplicados
por muito mais tempo. O primeiro estudo bibliométrico, apesar de não utilizar esta
nomenclatura, é atribuído ao psicólogo James McKeen Cattell (Sengupta, 1992; Godin,
2006), que desenvolveu em 1906 o trabalho intitulado American Men of Science, contendo
informações sobre milhares de cientistas ativos em pesquisas nos Estados Unidos. Ele
produziu estatísticas sobre o número de cientistas e sua distribuição geográfica e classificou
os mesmos de acordo com o seu desempenho (Godin, 2006).
De acordo com Hood e Wilson (2001) alguns dos primeiros trabalhos bibliométricos
incluem o de Coles e Eales (1917) que estudaram o crescimento da literatura de anatomia
entre o período de 1550-1860; Hulme (1923) que analisou o English International Catalogue
of Scientific Literature para fornecer informações sobre a história da ciência e da tecnologia, e
foi o primeiro que utilizou o termo “bibliografia estatística” (Araújo, 2006; Ferreira, 2010;
Guedes & Borschiver, 2005).
O termo bibliometria tem origem francesa, sendo criado por Otlet em 1934 no seu
Traité de Documentation (Araújo, 2006; Wilson, 1995). Contudo, o termo é frequentemente
creditado a Pritchard (1969), a partir de um artigo de sua autoria intitulado Statistical
Bibliography or Bibliometrics, o qual alega que o termo statistical bibliography não era de
todo satisfatório (Hood & Wilson, 2001; Vanti, 2002). A diferença entre os termos é que a
bibliometria utiliza mais métodos quantitativos do que discursivos (Nicholas & Ritchie,
1978).

3
Pritchard (1969, p. 348) definiu bibliometria como “a aplicação de métodos
matemáticos e estatísticos a livros e outros meios de comunicação”. De acordo com o autor, a
bibliometria engloba todos os estudos que tentam quantificar os processos de comunicação
escrita.
Outras definições de bibliometria são sugeridas, para Verbeek, Debackere, Luwel e
Zimmermann (2001) a bibliometria indica a coleção, o manuseamento e a análise quantitativa
dos dados bibliográficos, derivados das publicações científicas. Self, Filardo e Lancaster
(1989) definem bibliometria como a análise quantitativa de uma literatura, normalmente com
base na sua publicação e dados de citação. Para Sen (1999) bibliometria é uma avaliação
quantitativa do progresso cultural do homem, incluindo a ciência e a tecnologia, que pode ser
observado através de dados bibliográficos.
Como um método de pesquisa que utiliza ferramentas matemáticas e estatísticas para
investigar e quantificar os processos de comunicação escrita, a bibliometria se define pelo
estudo dos aspectos quantitativos da produção, disseminação e uso da informação registrada
(Pritchard, 1969; Araújo, 2002). Assim, utiliza padrões e modelos matemáticos para medir
esses processos, usando seus resultados para elaborar previsões e apoiar tomadas de decisões
(Kobashi & Santos, 2006). A bibliometria está fundamentada em algumas leis específicas, as
mais utilizadas são as leis de Lotka, Zipf e Bradford (Guedes & Borschiver, 2005). A Lei de
Lotka, ou Lei do Quadrado Inverso, aponta para a medição da produtividade dos autores, a
partir de um modelo de distribuição tamanho-frequência dos diversos autores em um conjunto
de documentos. Lotka afirma que a produtividade de autores está fundamentada na premissa
básica de que alguns pesquisadores publicam muito e muitos publicam pouco e enuncia que
esta relação entre o número de autores e o número de artigos publicados por esses, em
qualquer área científica, segue a Lei do Inverso do Quadrado (1/n2) (Lotka, 1929; Voos,
1974; Guedes & Borschiver, 2005). Quanto mais solidificada estiver uma ciência, maior será
a probabilidade de seus autores produzirem múltiplos artigos, em dado período de tempo
(Lotka, 1929; Guedes & Borschiver, 2005).
A Lei de Zipf consiste em medir a frequência de ocorrência das palavras em vários
textos, gerando uma lista ordenada de termos de uma disciplina ou assunto (Zipf, 1949). Para
Zipf (1949), se as palavras que aparecem em um texto de tamanho considerável forem listadas
em ordem decrescente de frequência, a graduação de uma palavra na lista será inversamente
proporcional à frequência da palavra (Pn ~ 1/na ). O intuito é estabelecer uma relação entre a
posição de uma palavra e a frequência de seu aparecimento em um texto longo (Guedes &
Borschiver, 2005). Considerando “r” como a posição da palavra, “f” como a frequência, e “c”
como uma constante, a lei de Zipf é assim formulada: r * f = c. Zipf extraiu de sua lei de um
princípio geral do “esforço mínimo”, considerando que a palavra cujo custo de utilização seja
pequeno ou cuja transmissão demande um esforço mínimo é frequentemente usada em um
texto grande (Vanti, 2002, p. 153).
Já a Lei de Bradford, ou Lei de Dispersão, permite, a partir da mensuração da
produtividade das publicações, estabelecer o núcleo e as áreas de dispersão sobre um
determinado assunto em um mesmo conjunto de revistas (Guedes & Borschiver, 2005).
Assim, a partir do momento em que os primeiros artigos sobre um novo assunto são escritos,
eles são submetidos a uma pequena seleção, por periódicos apropriados, e se aceitos, esses
periódicos atraem mais e mais artigos, no decorrer do desenvolvimento da área de assunto. Ao
mesmo tempo, outros periódicos publicam seus primeiros artigos sobre o assunto. Se o
assunto continua a se desenvolver, emerge eventualmente um núcleo de periódicos, que
corresponde aos periódicos mais produtivos em termos de artigos, sobre o tal assunto. A este
fenômeno Brookes (1969) refere-se como o mecanismo do sucesso gerando o sucesso.

4
Acredita-se que com a revisão crítica sobre as bibliometrias realizadas em artigos
publicados no Enanpad entre 2000 e 2011 seja possível refletir, rever os preceitos deste
método, sua epistemologia, para procurar realizá-lo com cada vez mais qualidade e validade.

3 Procedimentos metodológicos
Para identificar os trabalhos bibliométricos nos CDs dos anais do Enanpad do período
de 2000 a 2011, buscou-se, a partir da leitura dos títulos e/ou resumos, estudos que
descrevessem a respeito de campos da ciência social, de periódicos, de congressos, de
instituições, entre outros. De uma população de 8.956 artigos, foram encontrados 194 estudos
bibliométricos.
A escolha de tal evento se deu por amostragem não probabilística intencional (Hair,
Anderson, Tatham & Black, 2005) em virtude de seu reconhecimento científico e sua
classificação como “A” pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Capes).
Para identificar os trabalhos como de natureza bibliométrica foram utilizados alguns
indicadores apontados na literatura que se enquadram na área de administração e
contabilidade, elencados na Figura 1.

Indicadores selecionados para análise dos Autores que apresentam indicadores


Item
artigos bibliométricos bibliométricos
LOTKA (1929); VOOS (1974); GUEDES,
1 Lei de Lotka.
BORSCHIVER (2005).
BROOKES (1969); GUEDES, BORSCHIVER
2 Lei de Bradford.
(2005).
ZIPF (1949); VANTI (2002); GUEDES,
3 Lei de Zipf.
BORSCHIVER (2005).

Número de publicações por autor, revista, OKUBO (1997); MACIAS-CHAPULA (1998);


4
instituição e/ou temas. VERBEEK et. al ( 2002); ACKERMANN (2005).

OKUBO (1997); MACIAS-CHAPULA (1998);


5 Número de coautores/colaboradores.
SEN (1999).
Co-publicações: publicação com autores de
6 OKUBO (1997).
diferentes países, instituições, etc.
OKUBO (1997); MACIAS-CHAPULA (1998);
SEN (1999); VERBEEK et. al (2002);
7 Número de citações.
ACKERMANN (2005); GUEDES, BORSCHIVER
(2005).
Índice de afinidade: avalia a taxa relativa de
8 trocas científicas (entre países, instituições) OKUBO (1997).
através de citações.
Laços científicos (entre periódicos, autores..) OKUBO (1997); GUEDES, BORSCHIVER
9
medidos através de citações. (2005).
Co-citações: número de vezes que dois ou mais
OKUBO (1997); GUEDES, BORSCHIVER
10 artigos são citados em conjunto num mesmo
(2005).
artigo.
Figura 1. Indicadores Bibliométricos
Fonte: elaboração própria.

Foi verificado também se os trabalhos apresentavam (i) revisão teórica sobre


bibliometria (conceitos, características) e (ii) apresentação/citação de trabalhos
bibliométricos. Dentre as outras categorias de análise desta pesquisa encontram-se: evolução
da publicação anual dos estudos bibliométricos nos congressos Enanpad; áreas temáticas do
Enanpad em que foram publicados estes estudos; quantidade de publicação em periódicos,
após a apresentação no congresso, de tais artigos; quantidade de autores por artigo; estratégia
metodológica utilizada; fonte de coleta de dados (nacional, internacional, etc.).
5
Ainda, como análise complementar, com o intuito de investigar a relevância destes
estudos, utilizou-se o programa Publish or Perish que procura avaliar o impacto de trabalhos
por meio da quantidade de citações. A busca foi feita através do título de cada artigo, no qual
o programa traz como resultado a quantidade de trabalhos que fazem referência ao trabalho
pesquisado.
Os artigos tiveram sua classificação por áreas de acordo com a disposição de temas do
próprio EnAnpad do ano de 2010, e as áreas dos anos anteriores em que foram encontrados
artigos bibliométricos foram reclassificadas, ajustando-se a esta.
Para investigar se estes trabalhos foram publicados em periódicos, foi realizada uma
busca no curriculum lattes de todos os autores destes artigos. Foram verificadas todas as
pesquisas publicadas em periódicos a partir do ano de publicação de cada artigo no Encontro,
a procura de títulos iguais ou semelhantes.
A estratégia metodológica utilizada foi dividida em nível de estudo (descritivo,
exploratório e exploratório-descritivo) e quanto à abordagem do trabalho (qualitativa,
quantitativa e quali-quantitativa). A fonte de coleta de dados foi distribuída em literatura
nacional, internacional e ambas, quando fosse o caso, e classificada da seguinte maneira: a)
revistas específicas; b) congressos específicos, c) revistas diversas, d) revistas e congressos; e)
teses, dissertações e monografias; f) outras.

4 Análise dos resultados


Na Figura 2 está representada a evolução temporal dos artigos bibliométricos no
período de 2000 a 2011. Foram publicados 194 trabalhos neste período, sendo que o grande
marco da evolução deste tipo de trabalho ocorreu a partir de 2006, abarcando 82% dos artigos.

Evolução Temporal dos Bibliométricos

35

30

25

20

15

10

0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Figura 2. Evolução temporal da produção de artigos bibliométricos

Do total de publicações no Enanpad, os artigos bibliométricos representam 2,2%, e no


decorrer dos anos o percentual dessa relação vem aumentando, como pode ser visualizado na
Tabela 1. Os primeiros estudos bibliométricos produzidos e publicados no Enanpad são das
áreas de Estudos Organizacionais e Marketing, com 2 trabalhos cada um no ano de 2000. A

6
primeira área, no decorrer dos 12 anos do evento, alcançou uma participação de 12% no total
das publicações de bibliométricos, a área de marketing por sua vez 6%.

Tabela 1
Relação entre artigos bibliométricos
Ano Encontrados Total no Evento Percentual
2000 4 364 1,1%
2001 3 426 0,7%
2002 8 494 1,6%
2003 5 629 0,8%
2004 7 790 0,9%
2005 8 778 1,0%
2006 17 835 2,0%
2007 21 1043 2,0%
2008 30 1001 3,0%
2009 29 885 3,3%
2010 34 842 4,0%
2011 28 869 3,2%
Total 194 8956 2,2%

Destaca-se que no ano de 2010, os artigos bibliométricos representaram 4% do total de


artigos publicados no Enanpad. Essa taxa é bastante expressiva, uma vez que existem áreas
em tal Encontro que possuem praticamente o mesmo número de publicações, como é o caso
da área Gestão de Operações e Logística. Isso demonstra que pode ser conveniente a criação
de uma nova área em tal evento a respeito apenas de trabalhos bibliométricos.
As áreas com maior expressividade em trabalhos bibliométricos foram: Ensino e
Pesquisa em Administração e Contabilidade, Administração da informação e Estudos
organizacionais, representando 55% da amostra, conforme Figura 3.

Áreas Temáticas

Estudos
Estratégia em Organizacionais
Finanças Gestão da Ciência,
Organizações 12%
3% Tecnologia e Inovação
8%
5%

Gestão de Op erações
e Logística
4%
Ensino e Pesquisa em Gestão de Pessoas e
Administração e Relações de Trabalho
Contabilidade 5%
30%
M arketing
6%

Administração da
Informação
Contabilidade 13%
Administração Pública
7%
7%

Figura 3. Áreas dos artigos bibliométricos

7
Enfatiza-se a área Ensino e Pesquisa em Administração e Contabilidade com 59
artigos. Esta área possui maior participação de trabalhos bibliométricos em função de que não
delimita as pesquisas a assuntos específicos. Como exemplos, têm-se os estudos de Theóphilo
e Iudícibus (2005) que desenvolveram uma crítica de natureza epistemológica com foco na
produção científica em Contabilidade no Brasil e Serva e Pinheiro (2009) que analisaram a
produção sobre o campo científico da Administração no Brasil.
A temática com menor expressividade foi a de Finanças, resultado compartilhado pela
pesquisa de Camargos, Silva e Dias (2008), que analisaram a produção científica de finanças
no período de 2000 a 2008. Os autores relatam que a área perdeu um pouco de sua
participação relativa no total de trabalhos aprovados no evento, estabilizando nos últimos anos
em torno de 6%.
Os assuntos explorados nos trabalhos bibliométricos foram os mais variados. Sendo as
áreas de Ensino e Pesquisa em Administração e Contabilidade, Administração da informação
e Estudos organizacionais as com maior representatividade nos trabalhos bibliométricos (97),
a Tabela 2 demonstra as temáticas mais abordadas.

Tabela 2
Temáticas dos trabalhos bibliométricos
Temática Quantidade
Aprendizagem Organizacional 4
Capital Intelectual 2
Competências/Criatividade no Trabalho 3
Controladoria/Contabilidade Gerencial 5
Custeio Baseado em Atividades 2
Ensino, pesquisa e produção acadêmica 22
Estudos de gênero 2
Estudos Organizacionais 4
Gestão do Conhecimento 2
Métodos de pesquisa 13
Perfil/Características dissertações, periódicos 8
Redes Interorganizacionais 2
Sistemas de Informação e Tecnologia da Informação 8
Outras temáticas 20
Total 97

Nota: Os temas que apresentaram apenas um trabalho foram classificados em outras temáticas.

Dos 194 trabalhos bibliométricos 36% tinham como objetivo descrever os autores
mais citados, os mais profícuos, padrões de co-autoria, referências utilizadas bem como
instituições mais produtivas; 26% abordaram sobre aplicações de metodologias, evolução
temática, epistemologia dos estudos; os demais trabalhos buscaram panorama da atividade,
trajetória histórica e dimensões e aplicações conceituais.
Contudo, embora a maioria dos trabalhos tenha buscado identificar itens considerados
pela literatura como indicadores bibliométricos, muitos deles não podem ser caracterizados
como tal. A Tabela 3 apresenta os principais indicadores bibliométricos evidenciados pela
literatura e que indicadores estes trabalhos bibliométricos atendem.

Tabela 3
Indicadores bibliométricos

8
Indicador Quantidade
Revisão Teórica sobre Bibliometria (conceitos, características) 38
Apresentação/citação de trabalhos bibliométricos 46
Lei de Lotka 8
Lei de Bradford 1
Lei de Zipf 1
Número de publicações por autor, revista, instituição. 108
Número de coautores/colaboradores. 44
Co-publicações: publicação com autores de diferentes países, instituições, etc. 15
Número de citações 38
Índice de afinidade: avalia a taxa relativa de troca científicas entre países através de citações. 2
Laços científicos (entre periódicos, autores..) medidos através de citações. 10
Co-citações: número de vezes que dois ou mais artigos são citados em conjunto num mesmo artigo. 4

Os resultados apontam que 26,3% dos trabalhos atendem somente 1 indicador


bibliométrico, 0,5% atende 7 indicadores e, 31,4% não apresentam qualquer indicador
bibliométrico. O que vem demonstrar que diversos trabalhos apesar de se denominarem
bibliométricos, não possuem as características necessárias de trabalhos desta natureza. Além
do que, o indicador mais utilizado é o que simplesmente quantifica o número de publicações
por ano, autor, periódico ou instituição, sendo apresentado em 56% dos trabalhos.
Além disso, mais de dois terços dos trabalhos não possuem por base teórica trabalhos
sobre bibliometria, não discutem seu conceito, suas características, sua origem. Isso pode
demonstrar a falta de conhecimento sobre bibliometria, o que acarreta, então, na falta da
utilização de indicadores bibliométricos. Corroborando, 88% dos trabalhos que empregam
pelo menos 4 dos indicadores bibliométricos analisados, se fundamentam em bases teóricas
bibliométricas.
Desse modo, mesmo não se utilizando de instrumentos bibliométricos, estes trabalhos
podem estar contribuindo de forma a compreender algumas especificidades das diversas áreas
e subáreas da administração e da contabilidade. Por isso, este estudo buscou analisar a
relevância de tais pesquisas por meio da análise de suas citações através do programa Publish
or Perish. Os resultados são demonstrados na Tabela 4.

Tabela 4
Citações dos estudos
Q uantidad e de Q ua ntidade de
Q ua ntidade de c ita çõe s P erc en tual Q uan tida de d e citaç ões Pe rcentua l
a rtigos artig os
n enh u ma cita ção 1 06 54,6 % de 2 1 a 25 citações 1 0,5%
de u ma a 5 citações 47 24,2 % de 2 6 a 30 citações 0 0%
d e 6 a 10 cita ções 24 12,4 % de 3 1 a 35 citações 2 1,0%
d e 11 a 1 5 citações 4 2,1 % de 3 6 a 40 citações 2 1,0%
d e 16 a 2 0 citações 5 2,6 % m ais de 40 cita ções 3 1,5%

Mais da metade dos artigos analisados não foram citados por nenhum trabalho, e um
quarto foi citado por no máximo 5 trabalhos. Tal fato pode evidenciar a baixa utilidade de tais
estudos. Isso pode ser decorrente da falta de aprofundamento dos temas estudados, do não
emprego de indicadores bibliométricos e principalmente a frequente ausência de uma
contribuição densa e efetiva do estudo em questão.
Procurou-se também investigar se estes trabalhos bibliométricos foram publicados em
periódicos, aplicando a fórmula apresentada na Figura 4.

9
Qtd. de artigos publicados em periódicos e eventos
Taxa de Conversão = x 100
Qtd. Total de artigos publicados em eventos
Figura 4. Fórmula taxa de conversão

A taxa de conversão encontrada foi de 36%, ou seja, dos 194 dos artigos publicados no
Enanpad, 124 não foram aceitos em periódicos (ou talvez nem tenham sido remetidos). Essa
expressiva quantidade de trabalhos publicados em congressos, mas não em periódicos pode
decorrer do maior rigor destes. Por outro lado, devido à demora do processo de publicação em
periódicos, estudos mais recentes podem estar em processo de avaliação e, em períodos
futuros, sejam publicados em periódicos. No ano de 2000, 75% dos estudos bibliométricos
foram publicados em periódicos. No entanto, nos anos de 2010 e 2011, dos 62 artigos
bibliométricos publicados no Enanpad, apenas 10 foram publicados em periódicos, o que
representa 16%, conforme pode ser visualizado na Figura 5.
Quanto aos periódicos em que foram publicados os artigos bibliométricos, destacam-
se as revistas com estrato A2 e B3, detendo 26% e 29%, respectivamente. Por outro lado, é
importante mencionar que não houve nenhuma publicação de tais artigos em periódicos com
estrato A1, que é considerado o de maior impacto científico, e que 15% das publicações são
em periódicos C e sem classificação pelo Qualis-Capes, revistas estas consideradas de baixo
impacto científico.
Os periódicos em que mais são convertidos os artigos publicados no Enanpad são:
Revista de Administração de Empresas (RAE) com 13% e Revista de Administração
Contemporânea com 9%.

Figura 5. Publicações de bibliométricos no Enanpad e em periódicos

Dos artigos verificados prevalecem as pesquisas descritivas, com 57%, os de natureza


exploratória e exploratório-descritiva com 20% e 23% respectivamente. Em relação à
abordagem dos trabalhos, predomina a abordagem qualitativa (52%), seguida por quantitativa
(25%) e quali-quantitativa (23%). Os resultados observados neste trabalho corroboram com os
achados de Teixeira (2002), onde prevalecem os estudos qualitativos, contudo diferem dos
resultados encontrados na pesquisa de Dalmoro, Corso, Faller e Wittmann (2007), onde a
predominância dos artigos do Enanpad no ano de 2006 foi 37% quantitativa. O que vem
demonstrar que elementos como a falta de exploração de determinado tema na literatura, o
caráter descritivo da pesquisa que se pretende desenvolver ou o propósito de compreender um
fenômeno complexo na sua totalidade tornam propício o emprego de métodos qualitativos
(Neves, 1996).
10
Das fontes de pesquisas utilizadas, o percentual de 76% refere-se à literatura nacional,
sendo que prevalecem as buscas em eventos específicos e em periódicos e eventos diversos,
com 30% e 18% respectivamente. A busca em fontes internacionais representou 11%, o que
pode ser preocupante, pois demonstra que os pesquisadores estão trabalhando apenas com
dados produzidos no âmbito nacional, não se atendo ao “estado da arte” do assunto em estudo
como um todo. O uso da literatura estrangeira como base de dados permite explorar novas
ideias, posicionamentos e conceitos.
Outro aspecto interessante verificado foi que dos trabalhos que utilizaram como fonte
de coleta de dados os eventos específicos de suas áreas, 67% referem-se aos anais do
Enanpad. Isso se justifica pelo fato de que o Enanpad é considerado o maior evento da
comunidade científica e acadêmica de administração do país, com divisão por áreas de
interesse, e concentra grande parte da produção científica nacional.
A Tabela 5 evidencia que 86% dos artigos foram escritos por mais de um autor. Até
2004 predominavam os trabalhos com um e dois autores. A partir de 2005 elevou-se a
participação de número de autores nos artigos. Glanzel (2002) já mencionava em seu trabalho
que uma das principais tendências constatadas nos últimos anos é a colaboração científica,
caracterizada pela co-autoria. Para Espartel, Basso e Rech (2008), no Brasil também se
verifica essa tendência. Isso pode estar ligado ao fato do amadurecimento dos temas
estudados, onde mais autores se juntam para estudar o mesmo assunto ou talvez pela pressão
exercida pela Capes no sentido de publicação de artigos, onde a co-autoria apresenta
benefícios que podem representar publicação em maior qualidade e quantidade, opinião
também aceita por Espartel, Basso e Rech (2008) e Lunardi, Rios e Maçada (2005).

Tabela 5
Evolução dos autores por artigo
Número de Total
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Total Geral
autores geral (%)
Com 1 autor 2 2 3 2 1 3 1 4 4 1 4 27 14%
Com 2 autores 1 1 1 1 2 1 5 7 8 7 9 7 50 26%
Com 3 autores 2 2 2 5 7 9 11 12 15 8 73 38%
Com 4 autores 1 2 2 1 2 3 6 5 6 6 34 18%
Com 5 autores 1 1 1 1 3 3 10 5%
Total artigos 4 3 8 5 6 9 17 21 30 29 34 28 194 100%
Total autores 8 4 19 10 18 27 42 59 82 79 103 81 532
Autores / Artigo 2,00 1,33 2,38 2,00 3,00 3,00 2,47 2,81 2,73 2,72 3,03 2,89 2,74

Foi verificado que dos 194 artigos analisados 48 autores publicaram em mais de uma
edição do Enanpad, sendo que 69% dos autores publicaram em duas. Dos autores que
publicaram em mais do que duas edições destaca-se Gilberto de Andrade Martins, que
publicou em 5 edições seguidas. Em relação à publicação de mais de um artigo na mesma
edição foram encontrados apenas 10 autores com 2 trabalhos cada por edição.

5 Considerações finais
Este trabalho teve como objetivo geral identificar as características dos estudos
classificados como bibliométricos, publicados no período de 2000 a 2011 no evento Enanpad,
e analisar se estes estudos atendem as especificidades de um trabalho desta natureza.
O aumento de trabalhos bibliométricos ocorreu a partir de 2006. Deste período até
2011 concentram-se 82% dos trabalhos analisados. Até o ano de 2005 a representatividade
dos artigos bibliométricos em relação ao total de artigos publicados no evento era cerca de
1%. A partir de 2006 o percentual subiu para 2,9, em 2010 este percentual foi de 4.

11
A área de maior destaque é a de Ensino e Pesquisa, com aumento expressivo a partir
de 2006. Os primeiros trabalhos bibliométricos publicados no Enanpad datam do ano 2000 e
pertencem as áreas de Estudos Organizacionais e Marketing. Dentro das 11 áreas temáticas do
evento, diversos assuntos foram explorados, como estudos de gênero, capital intelectual,
gestão de conhecimento, sistemas de informação, custeio baseado em atividades.
Dos 194 trabalhos, nenhum atendeu a todos os requisitos apontados pela literatura para
serem classificados como bibliométricos. 26,3% evidenciaram apenas 1 indicador, sendo que
31,4% não apresentaram nenhum. Destaca-se que 68% dos trabalhos não tiveram como base
teórica estudos sobre bibliometria. Este fato infere para a falta de conhecimento e
amadurecimento sobre a bibliometria, o que pode ter acarretado a pouca ou nenhuma
apresentação de indicadores bibliométricos nos estudos.
A taxa de conversão destes artigos em publicação definitiva foi 36%. Dos trabalhos
publicados em periódicos 26% foram em periódicos de estrato C e sem classificação pelo
Qualis-Capes, revistas estas consideradas de baixo impacto científico.
Prevalecem as pesquisas descritivas, com 57% e abordagem qualitativa com 52%, o
que vem demonstrar que os pesquisadores buscaram compreender e interpretar os fenômenos
por meio de métodos que auxiliam a ter uma visão mais abrangente dos problemas,
fornecendo um enfoque diferenciado para a compreensão da realidade, contudo essa
abordagem é algo que foge completamente da raiz do método bibliométrico.
Sobressaem as fontes de pesquisa em anais de eventos específicos (30%). A busca em
literatura internacional ainda é incipiente, o que pode ser uma limitação para os trabalhos
nacionais, visto que sob o âmbito internacional pode-se obter o verdadeiro “status quo” sob o
assunto abordado.
A maioria da produção na área de administração (38%) refere-se a trabalhos com três
autores. Este fato pode ser justificado pelo amadurecimento dos temas estudados, onde mais
autores se juntam para estudar o mesmo assunto ou pela pressão exercida pela Capes no
sentido de publicação de artigos, onde a co-autoria apresenta benefícios que podem
representar publicação em maior qualidade e quantidade. Para Castiel e Valero (2007, p.
3045) “Os pesquisadores precisam publicar, seja por razões normativas definidas pela
configuração dos necessários intercâmbios em rede que definem o avanço e o debate inerente
à atividade científica, seja pela necessidade de mostrar-se produtivo aos olhares judiciosos
daqueles que financiam pesquisas”.
O que se conclui neste estudo é o uso inadequado da bibliometria. A bibliometria visa
alcançar indicadores de avaliação da produção cientifica por meio de ferramentas matemáticas
e estatísticas. O objetivo da bibliometria é a mensuração do conhecimento ou a compreensão
sobre a produção do mesmo (Iwamoto, Teixeira & Medeiros, 2010). Como se constata, a
evolução de artigos bibliométricos é crescente, há uma diversidade temática em todas as
áreas. Mas em que sentido esses trabalhos contribuem para a mensuração do conhecimento
científico ou compreensão sobre o estado da arte do mesmo, se na verdade não utilizam as
técnicas bibliométricas? Quase um terço dos 194 trabalhos ditos bibliométricos não tem
nenhuma das doze características possíveis enquadradas neste estudo. Do restante,
aproximadamente 60% têm de uma a no máximo quatro características. Nenhum dos
trabalhos analisados poderia ser efetivamente considerado como bibliométrico. Apenas um
desses trabalhos incorpora sete indicadores, um pouco além da metade dos doze itens
elencados, resultados semelhantes encontrados na pesquisa de Iwamoto, Teixeira e Medeiros
(2010).
Outro fator que merece atenção é a taxa de conversão de publicação destes trabalhos.
64% não foram publicados em periódicos. Iwamoto, Teixeira e Medeiros (2010, p. 9) já
indagavam “Qual a efetiva contribuição que estamos oferecendo com os nossos estudos
bibliométricos?”. Se estes trabalhos permitem medir o avanço da ciência e a compreensão de
12
determinado assunto por que os mesmos ainda não foram publicados em periódicos científicos?
Estes teriam maior rigor na seleção e avaliação dos trabalhos? Ou realmente nos transformamos
em máquinas de produção acadêmica, no qual se valoriza mais o quanto se produz do que o
conteúdo produzido, como apontado por Saraiva e Carrieri (2009)?
Ainda poderíamos levantar o seguinte questionamento: seria o aumento deste tipo de
trabalho ocasionado pela pressão exercida pelas instituições de ensino e pela própria Capes?
Saraiva e Carrieri (2009) acreditam que um dos principais motivos do grande volume de
produção acadêmica dos últimos anos ocorre pela cobrança direta e indireta pelos órgãos de
fomento à pesquisa e instituições que os pesquisadores trabalham e/ou estudam. Para Splitter
e Rosa (no prelo) essa pressão pode acarretar a construção acelerada de trabalhos que não
contribuem de maneira devida ao meio acadêmico e profissional, servindo apenas como
caminho para alcançar a pontuação estabelecida como exigência dos órgãos reguladores e
instituições de ensino.
Ressalta-se que este estudo não pretende desvalorizar os trabalhos aqui analisados, não
é que estes trabalhos não tenham importância para o meio científico, mas talvez o que esteja
faltando é maturidade dos pesquisadores para elaborar trabalhos mais densos, aprofundar as
pesquisas em temas poucos estudados, utilizando as técnicas da bibliometria, no intuito de
contribuir para evolução das áreas em estudo. Iwamoto, Teixeira e Medeiros (2010) colocam
que a maioria dos trabalhos analisados são estudos incipientes, com análises superficiais, não
há uma abordagem profunda sobre o tema. Os resultados apontam que 55% dos artigos
analisados não foram citados por nenhum trabalho, e 24,2% foram citados por no máximo 5
trabalhos. Tal fato pode evidenciar a baixa utilidade de tais estudos, que decorre da
superficialidade dos resultados apontados por tais trabalhos.
O discutível neste trabalho é a forma indiscriminada que invariavelmente tem
descaracterizado os estudos bibliométricos produzidos nas diversas áreas. A falta de
aprofundamento dos temas estudados, e principalmente a frequente ausência de uma
contribuição densa e efetiva pode ao longo do tempo enfraquecer e destituir os trabalhos
bibliométricos de relevância objetiva. O que gostaríamos de ver em um trabalho desta
natureza é que caminho determinado assunto está percorrendo? Que resultados determinado
grupo de artigos trazem? Que conclusões podem ser feitas? Com o uso adequado da
bibliometria é possível identificar campos de estudos desconhecidos, abordagens não
contempladas e contrapô-las ao status quo de determinada área (Iwamoto, Teixeira &
Medeiros, 2010). Trabalhos mais densos, profundos, poderiam construir pontes para uma
compreensão mais adequada de um determinado tema e da ciência como um todo.

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