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Diário da República, 1.a série — N.

o 11 — 16 de Janeiro de 2007 345

Artigo 3.o Artigo 3.o


Regulamentação Irrenunciabilidade do direito à segurança social

O Governo adoptará no prazo máximo de 120 dias, São nulas as cláusulas do contrato, individual ou colec-
a contar da data da entrada em vigor da presente lei, tivo, pelo qual se renuncie aos direitos conferidos pela
a regulamentação necessária à efectivação do Programa, presente lei.
nomeadamente: Artigo 4.o
a) As condições de acesso ao Programa e as moda- Objectivos do sistema
lidades da sua efectivação;
b) A salvaguarda da reserva da intimidade e a pro- Constituem objectivos prioritários do sistema de segu-
tecção dos dados pessoais dos reclusos aderentes ao rança social:
Programa; a) Garantir a concretização do direito à segurança
c) A supervisão pelos serviços clínicos do respectivo social;
estabelecimento prisional; b) Promover a melhoria sustentada das condições e
d) As garantias de higiene, saúde e segurança dos dos níveis de protecção social e o reforço da respectiva
reclusos e do pessoal prisional. equidade; e
c) Promover a eficácia do sistema e a eficiência da
Artigo 4.o sua gestão.
Entrada em vigor
Artigo 5.o
Princípios gerais
A presente lei entra em vigor com o Orçamento do
Estado para o ano de 2007. Constituem princípios gerais do sistema o princípio
da universalidade, da igualdade, da solidariedade, da
Aprovada em 30 de Novembro de 2006. equidade social, da diferenciação positiva, da subsidia-
O Presidente da Assembleia da República, Jaime riedade, da inserção social, da coesão intergeracional,
Gama. do primado da responsabilidade pública, da complemen-
taridade, da unidade, da descentralização, da partici-
Promulgada em 6 de Janeiro de 2007. pação, da eficácia, da tutela dos direitos adquiridos e
dos direitos em formação, da garantia judiciária e da
Publique-se. informação.
O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA. Artigo 6.o
Princípio da universalidade
Referendada em 8 de Janeiro de 2007.
O Primeiro-Ministro, José Sócrates Carvalho Pinto de O princípio da universalidade consiste no acesso de
Sousa. todas as pessoas à protecção social assegurada pelo sis-
tema, nos termos definidos por lei.

Lei n.o 4/2007 Artigo 7.o


de 16 de Janeiro Princípio da igualdade

Aprova as bases gerais do sistema de segurança social O princípio da igualdade consiste na não discrimi-
nação dos beneficiários, designadamente em razão do
A Assembleia da República decreta, nos termos da sexo e da nacionalidade, sem prejuízo, quanto a esta,
alínea c) do artigo 161.o da Constituição, o seguinte: de condições de residência e de reciprocidade.

Artigo 8.o
CAPÍTULO I
Princípio da solidariedade
Objectivos e princípios
1 — O princípio da solidariedade consiste na respon-
o sabilidade colectiva das pessoas entre si na realização
Artigo 1. das finalidades do sistema e envolve o concurso do
Objecto Estado no seu financiamento, nos termos da presente
lei.
A presente lei define as bases gerais em que assenta 2 — O princípio da solidariedade concretiza-se:
o sistema de segurança social, adiante designado por
sistema, bem como as iniciativas particulares de fins a) No plano nacional, através da transferência de
análogos. recursos entre os cidadãos, de forma a permitir a todos
uma efectiva igualdade de oportunidades e a garantia
Artigo 2.o de rendimentos sociais mínimos para os mais des-
Direito à segurança social favorecidos;
b) No plano laboral, através do funcionamento de
1 — Todos têm direito à segurança social. mecanismos redistributivos no âmbito da protecção de
2 — O direito à segurança social é efectivado pelo base profissional; e
sistema e exercido nos termos estabelecidos na Cons- c) No plano intergeracional, através da combinação
tituição, nos instrumentos internacionais aplicáveis e na de métodos de financiamento em regime de repartição
presente lei. e de capitalização.
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Artigo 9.o Artigo 17.o


Princípio da equidade social Princípio da descentralização

O princípio da equidade social traduz-se no trata- O princípio da descentralização manifesta-se pela


mento igual de situações iguais e no tratamento dife- autonomia das instituições, tendo em vista uma maior
renciado de situações desiguais. aproximação às populações, no quadro da organização
e planeamento do sistema e das normas e orientações
Artigo 10.o de âmbito nacional, bem como das funções de supervisão
e fiscalização das autoridades públicas.
Princípio da diferenciação positiva

O princípio da diferenciação positiva consiste na fle- Artigo 18.o


xibilização e modulação das prestações em função dos
Princípio da participação
rendimentos, das eventualidades sociais e de outros fac-
tores, nomeadamente, de natureza familiar, social, labo- O princípio da participação envolve a responsabili-
ral e demográfica. zação dos interessados na definição, no planeamento
Artigo 11.o e gestão do sistema e no acompanhamento e avaliação
do seu funcionamento.
Princípio da subsidiariedade

O princípio da subsidiariedade assenta no reconhe- Artigo 19.o


cimento do papel essencial das pessoas, das famílias e
de outras instituições não públicas na prossecução dos Princípio da eficácia
objectivos da segurança social, designadamente no O princípio da eficácia consiste na concessão opor-
desenvolvimento da acção social. tuna das prestações legalmente previstas, para uma ade-
quada prevenção e reparação das eventualidades e pro-
Artigo 12.o moção de condições dignas de vida.
Princípio da inserção social
Artigo 20.o
O princípio da inserção social caracteriza-se pela
natureza activa, preventiva e personalizada das acções Princípio da tutela dos direitos adquiridos e dos direitos em formação
desenvolvidas no âmbito do sistema, com vista a eliminar O princípio da tutela dos direitos adquiridos e dos
as causas de marginalização e exclusão social e a pro- direitos em formação visa assegurar o respeito por esses
mover a dignificação humana. direitos, nos termos da presente lei.

Artigo 13.o
Artigo 21.o
Princípio da coesão intergeracional
Princípio da garantia judiciária
O princípio da coesão intergeracional implica um
ajustado equilíbrio e equidade geracionais na assunção O princípio da garantia judiciária assegura aos inte-
das responsabilidades do sistema. ressados o acesso aos tribunais, em tempo útil, para
fazer valer o seu direito às prestações.
Artigo 14.o
Artigo 22.o
Princípio do primado da responsabilidade pública
Princípio da informação
O princípio do primado da responsabilidade pública
consiste no dever do Estado de criar as condições neces- O princípio da informação consiste na divulgação a
sárias à efectivação do direito à segurança social e de todas as pessoas, quer dos seus direitos e deveres, quer
organizar, coordenar e subsidiar o sistema de segurança da sua situação perante o sistema e no seu atendimento
social. personalizado.
Artigo 15.o Artigo 23.o
Princípio da complementaridade Composição do sistema

O princípio da complementaridade consiste na arti- O sistema de segurança social abrange o sistema de


culação das várias formas de protecção social públicas, protecção social de cidadania, o sistema previdencial
sociais, cooperativas, mutualistas e privadas com o objec- e o sistema complementar.
tivo de melhorar a cobertura das situações abrangidas
e promover a partilha das responsabilidades nos dife- Artigo 24.o
rentes patamares da protecção social.
Administração do sistema

Artigo 16.o 1 — Compete ao Estado, no que diz respeito à com-


Princípio da unidade
ponente pública do sistema de segurança social, garantir
a sua boa administração.
O princípio da unidade pressupõe uma actuação arti- 2 — Compete ainda ao Estado assegurar, no que diz
culada dos diferentes sistemas, subsistemas e regimes respeito aos regimes complementares de natureza não
de segurança social no sentido da sua harmonização pública, uma adequada e eficaz regulação, supervisão
e complementaridade. prudencial e fiscalização.
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Artigo 25.o SECÇÃO II


Relação com sistemas estrangeiros Subsistema de acção social

1 — O Estado promove a celebração de instrumentos Artigo 29.o


de coordenação sobre segurança social com o objectivo
de garantir a igualdade de tratamento aos beneficiários Objectivos
por ele abrangidos que exerçam actividade profissional 1 — O subsistema de acção social tem como objec-
ou residam no respectivo território relativamente aos tivos fundamentais a prevenção e reparação de situações
direitos e obrigações, nos termos da legislação aplicável, de carência e desigualdade sócio-económica, de depen-
bem como a protecção dos direitos adquiridos e em dência, de disfunção, exclusão ou vulnerabilidade
formação. sociais, bem como a integração e promoção comunitárias
2 — O Estado promove, igualmente, a adesão a ins- das pessoas e o desenvolvimento das respectivas capa-
trumentos adoptados no quadro de organizações inter- cidades.
nacionais com competência na matéria que visem o 2 — O subsistema de acção social assegura ainda
desenvolvimento ou a convergência das normas de segu- especial protecção aos grupos mais vulneráveis, nomea-
rança social adoptadas. damente crianças, jovens, pessoas com deficiência e ido-
sos, bem como a outras pessoas em situação de carência
económica ou social.
CAPÍTULO II 3 — A acção social deve ainda ser conjugada com
outras políticas sociais públicas, bem como ser articulada
Sistema de protecção social de cidadania com a actividade de instituições não públicas.
SECÇÃO I
Artigo 30.o
Objectivos e composição
Prestações

Artigo 26.o Os objectivos da acção social concretizam-se, desig-


nadamente através de:
Objectivos gerais
a) Serviços e equipamentos sociais;
1 — O sistema de protecção social de cidadania tem b) Programas de combate à pobreza, disfunção, mar-
por objectivos garantir direitos básicos dos cidadãos e ginalização e exclusão sociais;
a igualdade de oportunidades, bem como promover o c) Prestações pecuniárias, de carácter eventual e em
bem-estar e a coesão sociais. condições de excepcionalidade; e
2 — Para concretização dos objectivos mencionados d) Prestações em espécie.
no número anterior, compete ao sistema de protecção
social de cidadania:
Artigo 31.o
a) A efectivação do direito a mínimos vitais dos cida- Desenvolvimento da acção social
dãos em situação de carência económica;
b) A prevenção e a erradicação de situações de 1 — A acção social é desenvolvida pelo Estado, pelas
pobreza e de exclusão; autarquias e por instituições privadas sem fins lucrativos,
c) A compensação por encargos familiares; e de acordo com as prioridades e os programas definidos
d) A compensação por encargos nos domínios da defi- pelo Estado e em consonância com os princípios e linhas
ciência e da dependência. de orientação definidos nos números seguintes.
2 — A concretização da acção social obedece aos
seguintes princípios e linhas de orientação:
Artigo 27.o
a) Intervenção prioritária das entidades mais próxi-
Promoção da natalidade mas dos cidadãos;
b) Desenvolvimento social através da qualificação e
1 — A lei deve estabelecer condições especiais de pro- integração comunitária dos indivíduos;
moção da natalidade que favoreçam a conciliação entre c) Contratualização das respostas numa óptica de
a vida pessoal, profissional e familiar e atendam, em envolvimento e de responsabilização dos destinatários;
especial, aos tempos de assistência a filhos menores. d) Personalização, selectividade e flexibilidade das
2 — As condições a que se refere o número anterior prestações e dos apoios sociais, de modo a permitir a
podem consistir, designadamente, no desenvolvimento sua adequação e eficácia;
de equipamentos sociais de apoio na primeira infância, e) Utilização eficiente dos serviços e equipamentos
em mecanismos especiais de apoio à maternidade e à sociais, com eliminação de sobreposições, lacunas de
paternidade e na diferenciação e modulação das pres- actuação e assimetrias na disposição geográfica dos
tações. recursos envolvidos;
f) Valorização das parcerias, constituídas por enti-
Artigo 28.o dades públicas e particulares, para uma actuação inte-
Composição grada junto das pessoas e das famílias;
g) Estímulo do voluntariado social, tendo em vista
O sistema de protecção social de cidadania engloba assegurar uma maior participação e envolvimento da
o subsistema de acção social, o subsistema de solida- sociedade civil na promoção do bem-estar e uma maior
riedade e o subsistema de protecção familiar. harmonização das respostas sociais; e
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h) Desenvolvimento de uma articulação eficiente sociais, designadamente através da criação de equipa-


entre as entidades com responsabilidades sociais e os mentos sociais e serviços de acção social de apoio à
serviços, nomeadamente de saúde e de educação. maternidade e à paternidade, à infância e à velhice e
que contribuam para uma melhor conciliação da vida
3 — O desenvolvimento da acção social consubstan- pessoal, profissional e familiar dos membros do agre-
cia-se no apoio direccionado às famílias, podendo impli- gado familiar.
car, nos termos a definir por lei, o recurso a subvenções,
SECÇÃO III
acordos ou protocolos de cooperação com as instituições
particulares de solidariedade social e outras. Subsistema de solidariedade
4 — A criação e o acesso aos serviços e equipamentos
sociais são promovidos, incentivados e apoiados pelo Artigo 36.o
Estado, envolvendo, sempre que possível, os parceiros
Objectivos
referidos no n.o 6.
5 — A utilização de serviços e equipamentos sociais 1 — O subsistema de solidariedade destina-se a asse-
pode ser condicionada ao pagamento de compartipações gurar, com base na solidariedade de toda a comunidade,
pelos respectivos destinatários, tendo em conta os seus direitos essenciais por forma a prevenir e a erradicar
rendimentos e os dos respectivos agregados familiares. situações de pobreza e de exclusão, bem como a garantir
6 — O desenvolvimento da acção social concretiza-se, prestações em situações de comprovada necessidade
no âmbito da intervenção local, pelo estabelecimento pessoal ou familiar, não incluídas no sistema previ-
de parcerias, designadamente através da rede social, dencial.
envolvendo a participação e a colaboração dos diferentes 2 — O subsistema de solidariedade pode abranger
organismos da administração central, das autarquias também, nos termos a definir por lei, situações de com-
locais, de instituições públicas e das instituições par- pensação social ou económica em virtude de insuficiên-
ticulares de solidariedade social e outras instituições pri- cias contributivas ou prestacionais do sistema previ-
vadas de reconhecido interesse público. dencial.
Artigo 37.o
Artigo 32.o
Âmbito pessoal
Instituições particulares de solidariedade social
1 — O subsistema de solidariedade abrange os cida-
1 — O Estado apoia e valoriza as instituições par- dãos nacionais, podendo ser tornado extensivo, nas con-
ticulares de solidariedade social e outras de reconhecido dições estabelecidas na lei, a não nacionais.
interesse público, sem carácter lucrativo, que prossigam 2 — O acesso às prestações obedece aos princípios
objectivos de solidariedade social. da equidade social e da diferenciação positiva e deve
2 — As instituições particulares de solidariedade contribuir para promover a inserção social das pessoas
social e outras de reconhecido interesse público sem e famílias beneficiárias.
carácter lucrativo, consagradas no n.o 5 do artigo 63.o 3 — Para os efeitos previstos na presente lei, con-
da Constituição, estão sujeitas a registo obrigatório. sideram-se não nacionais os refugiados, os apátridas e
3 — O Estado exerce poderes de fiscalização e ins- os estrangeiros não equiparados a cidadãos nacionais
pecção sobre as instituições particulares de solidarie- por instrumentos internacionais de segurança social.
dade social e outras de reconhecido interesse público
sem carácter lucrativo, que prossigam objectivos de natu- Artigo 38.o
reza social, por forma a garantir o efectivo cumprimento
das respectivas obrigações legais e contratuais, desig- Âmbito material
nadamente das resultantes dos acordos ou protocolos 1 — O subsistema de solidariedade abrange as seguin-
de cooperação celebrados com o Estado. tes eventualidades:

Artigo 33.o a) Falta ou insuficiência de recursos económicos dos


indivíduos e dos agregados familiares para a satisfação
Das iniciativas dos particulares das suas necessidades essenciais e para a promoção da
Os serviços e equipamentos sociais da iniciativa de sua progressiva inserção social e profissional;
entidades privadas com fins lucrativos podem beneficiar b) Invalidez;
de incentivos e benefícios previstos na lei. c) Velhice;
d) Morte; e
e) Insuficiência das prestações substitutivas dos ren-
Artigo 34.o dimentos do trabalho ou da carreira contributiva dos
Licenciamento, inspecção e fiscalização beneficiários.
Os serviços e equipamentos sociais assegurados por 2 — O subsistema de solidariedade abrange ainda as
instituições e entidades privadas com ou sem fins lucra- situações de incapacidade absoluta e definitiva dos bene-
tivos carecem de licenciamento prévio e estão sujeitos ficiários do sistema previdencial, na parte necessária
à inspecção e fiscalização do Estado nos termos da lei. para cobrir a insuficiência da respectiva carreira con-
tributiva em relação ao correspondente valor da pensão
Artigo 35.o de invalidez.
Responsabilidade social das empresas
3 — O subsistema de solidariedade pode ainda abran-
ger os encargos decorrentes de diminuição de receitas
O Estado estimula e apoia as iniciativas das empresas ou de aumento de despesas, sem base contributiva
que contribuam para o desenvolvimento das políticas específica.
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Artigo 39.o que tal se mostre ajustado, a assunção, por parte dos
Regimes abrangidos
beneficiários, de um compromisso contratualizado de
inserção e do seu efectivo cumprimento.
O subsistema de solidariedade abrange, designada-
mente, o regime não contributivo, o regime especial
de segurança social das actividades agrícolas, os regimes SECÇÃO IV
transitórios ou outros formalmente equiparados a não Subsistema de protecção familiar
contributivos.
Artigo 40.o Artigo 44.o
Condições de acesso Objectivo

1 — A atribuição das prestações do subsistema de O subsistema de protecção familiar visa assegurar a


solidariedade depende de residência em território nacio- compensação de encargos familiares acrescidos quando
nal e demais condições fixadas na lei. ocorram as eventualidades legalmente previstas.
2 — A lei pode, no que diz respeito a não nacionais,
fazer depender o acesso à atribuição de prestações de
determinadas condições, nomeadamente de períodos Artigo 45.o
mínimos de residência legal ou de situações legalmente Âmbito pessoal
equiparadas.
3 — A concessão das prestações não depende de ins- O subsistema de protecção familiar abrange a gene-
crição nem envolve o pagamento de contribuições, sendo ralidade das pessoas.
determinada em função dos recursos do beneficiário e
do seu agregado familiar. Artigo 46.o
Âmbito material
Artigo 41.o
O subsistema de protecção familiar abrange, nomea-
Prestações damente, as seguintes eventualidades:
1 — A protecção concedida no âmbito do subsistema a) Encargos familiares;
de solidariedade concretiza-se através da concessão das b) Encargos no domínio da deficiência; e
seguintes prestações: c) Encargos no domínio da dependência.
a) Prestações de rendimento social de inserção;
b) Pensões sociais; Artigo 47.o
c) Subsídio social de desemprego;
d) Complemento solidário para idosos; Condições de acesso
e) Complementos sociais; e 1 — A atribuição das prestações do subsistema de
f) Outras prestações ou transferências afectas a fina- protecção familiar depende de residência em território
lidades específicas, no quadro da concretização dos nacional e demais condições fixadas na lei.
objectivos do presente subsistema. 2 — A lei pode, no que diz respeito a não nacionais,
fazer depender o acesso à atribuição de prestações de
2 — Sem prejuízo do disposto nos n.os 1 e 3 do artigo determinadas condições, nomeadamente de períodos
anterior, a atribuição de complementos sociais pode não mínimos de residência legal ou de situações legalmente
depender da verificação das condições de residência e equiparadas.
de recursos, nos termos a definir por lei ou do disposto 3 — A lei pode prever condições especiais de acesso
em instrumentos internacionais de segurança social em função das eventualidades a proteger.
aplicáveis. 4 — O disposto no n.o 1 não prejudica a aplicação
Artigo 42.o do disposto em instrumentos internacionais de segu-
rança social.
Montantes das prestações
Artigo 48.o
1 — Os montantes das prestações pecuniárias do sub-
sistema de solidariedade são fixados por lei com o objec- Prestações
tivo de garantir as necessidades vitais dos beneficiários, 1 — A protecção nas eventualidades previstas no
de modo a assegurar direitos básicos de cidadania. âmbito do subsistema de protecção familiar concreti-
2 — Os montantes das prestações referidas no za-se através da concessão de prestações pecuniárias.
número anterior devem ser fixados em função dos ren- 2 — A protecção referida no número anterior é sus-
dimentos dos beneficiários e dos respectivos agregados ceptível de ser alargada, de modo a dar resposta a novas
familiares, bem como da sua dimensão, podendo os mes- necessidades sociais, designadamente no caso de famí-
mos ser modificados em consequência da alteração des- lias monoparentais, bem como às que relevem, espe-
ses rendimentos, da composição e dimensão do agregado cificamente, dos domínios da deficiência e da depen-
familiar ou ainda de outros factores legalmente pre- dência.
vistos. 3 — A lei pode prever, com vista a assegurar uma
Artigo 43.o melhor cobertura dos riscos sociais, a concessão de pres-
Contratualização da inserção
tações em espécie.
4 — O direito às prestações do subsistema de pro-
A lei prevê, no âmbito das condições de atribuição tecção familiar não prejudica a atribuição de prestações
das prestações do subsistema de solidariedade, sempre da acção social referidas na alínea c) do artigo 30.o
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Artigo 49.o Artigo 54.o


Montantes das prestações Princípio da contributividade

Os montantes das prestações pecuniárias a atribuir O sistema previdencial deve ser fundamentalmente
no âmbito da protecção prevista na presente secção são autofinanciado, tendo por base uma relação sinalagmá-
estabelecidos em função dos rendimentos, da compo- tica directa entre a obrigação legal de contribuir e o
sição e da dimensão dos agregados familiares dos bene- direito às prestações.
ficiários e, eventualmente, dos encargos suportados,
sendo modificados nos termos e condições a fixar por Artigo 55.o
lei.
Condições de acesso
CAPÍTULO III São condições gerais de acesso à protecção social
Sistema previdencial garantida pelos regimes do sistema previdencial a ins-
crição e o cumprimento da obrigação contributiva dos
trabalhadores e, quando for caso disso, das respectivas
Artigo 50.o entidades empregadoras.
Objectivos

O sistema previdencial visa garantir, assente no prin- Artigo 56.o


cípio de solidariedade de base profissional, prestações Obrigações dos contribuintes
pecuniárias substitutivas de rendimentos de trabalho
perdido em consequência da verificação das eventua- 1 — Os beneficiários e, no caso de exercício de acti-
lidades legalmente definidas. vidade profissional subordinada, as respectivas entida-
des empregadoras, são obrigados a contribuir para os
regimes de segurança social.
Artigo 51.o 2 — A obrigação contributiva das entidades empre-
Âmbito pessoal gadoras constitui-se com o início do exercício da acti-
vidade profissional dos trabalhadores ao seu serviço.
1 — São abrangidos obrigatoriamente pelo sistema 3 — A lei define o modo e as condições de concre-
previdencial, na qualidade de beneficiários, os traba- tização da obrigação contributiva e das demais obri-
lhadores por conta de outrem ou legalmente equipa- gações dos contribuintes perante o sistema.
rados e os trabalhadores independentes. 4 — A lei estabelece ainda, nos casos de incumpri-
2 — As pessoas que não exerçam actividade profis- mento das obrigações dos contribuintes, o regime do
sional ou que, exercendo-a, não sejam, por esse facto, respectivo suprimento oficioso pelos serviços da segu-
enquadradas obrigatoriamente nos termos do número rança social.
anterior, podem aderir à protecção social definida no Artigo 57.o
presente capítulo, nas condições previstas na lei.
Determinação do montante das quotizações e das contribuições

Artigo 52.o 1 — O montante das quotizações dos trabalhadores


por conta de outrem e das contribuições das entidades
Âmbito material
empregadoras é determinado pela aplicação das taxas
1 — A protecção social regulada no presente capítulo legalmente previstas às remunerações que, nos termos
integra as seguintes eventualidades: da lei, constituam base de incidência contributiva.
2 — A lei define os critérios e as condições de registo
a) Doença; de remunerações por equivalência à entrada de con-
b) Maternidade, paternidade e adopção; tribuições, designadamente quanto à relevância jurídica,
c) Desemprego; ao valor a registar e ao respectivo período de registo.
d) Acidentes de trabalho e doenças profissionais; 3 — As taxas contributivas são fixadas, actuarial-
e) Invalidez; mente, em função do custo de protecção das eventua-
f) Velhice; e lidades previstas, sem prejuízo da possibilidade de ade-
g) Morte. quações, designadamente em razão da natureza das enti-
dades contribuintes, das situações específicas dos bene-
2 — O elenco das eventualidades protegidas pode ser ficiários ou de políticas de emprego.
alargado, em função da necessidade de dar cobertura 4 — A lei pode prever mecanismos de adequação do
a novos riscos sociais, ou reduzido, nos termos e con- esforço contributivo, justificados pela alteração das con-
dições legalmente previstos, em função de determinadas dições económicas, sociais e demográficas, designada-
situações e categorias de beneficiários. mente mediante a conjugação de técnicas de repartição
e de capitalização.
Artigo 53.o Artigo 58.o
Regimes abrangidos Limites contributivos

O sistema previdencial abrange o regime geral de 1 — A lei pode ainda prever, protegendo os direitos
segurança social aplicável à generalidade dos trabalha- adquiridos e em formação e garantindo a sustentabi-
dores por conta de outrem e aos trabalhadores inde- lidade financeira da componente pública do sistema de
pendentes, os regimes especiais, bem como os regimes repartição e das contas públicas nacionais e o respeito
de inscrição facultativa abrangidos pelo n.o 2 do pelo princípio da solidariedade, a aplicação de limites
artigo 51.o superiores aos valores considerados como base de inci-
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dência contributiva ou a redução das taxas contributivas Artigo 62.o


dos regimes gerais, tendo em vista nomeadamente o Determinação dos montantes das prestações
reforço das poupanças dos trabalhadores geridas em
regime financeiro de capitalização. 1 — O valor das remunerações registadas constitui
2 — A determinação legal dos limites referidos no a base de cálculo para a determinação do montante
número anterior é baseada em proposta fundamentada das prestações pecuniárias substitutivas dos rendimen-
em relatório que demonstre, de forma inequívoca, o tos, reais ou presumidos, da actividade profissional.
cumprimento dos requisitos mencionados no número 2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior,
anterior e será obrigatoriamente precedida de parecer a determinação dos montantes das prestações pode
favorável da comissão executiva do Conselho Nacional igualmente ter em consideração outros elementos,
de Segurança Social. nomeadamente e consoante os casos, a natureza da
eventualidade, a duração da carreira contributiva, a
idade do beneficiário ou o grau de incapacidade.
Artigo 59.o 3 — Sempre que as prestações pecuniárias dos regi-
mes de segurança social se mostrem inferiores aos valo-
Responsabilidade pelo pagamento das contribuições
res mínimos legalmente fixados é garantida a concessão
1 — As entidades empregadoras são responsáveis daquele valor ou a atribuição de prestações que as
pelo pagamento das quotizações dos trabalhadores ao complementem.
seu serviço, devendo para o efeito proceder, no 4 — Os valores dos subsídios de doença e de desem-
momento do pagamento das remunerações, à retenção prego não podem ser superiores aos valores das res-
na fonte dos valores correspondentes. pectivas remunerações de referência, líquidos de impos-
2 — São nulas as cláusulas do contrato, individual ou tos e de contribuições para a segurança social, que ser-
colectivo, pelo qual o trabalhador assuma a obrigação viram de base de cálculo das prestações.
de pagar, total ou parcialmente, as contribuições devidas
pela entidade empregadora. Artigo 63.o
Quadro legal das pensões
o
Artigo 60. 1 — O quadro legal das pensões deve ser, gradua-
Restituição e cobrança coerciva das contribuições ou prestações
lmente, adaptado aos novos condicionalismos sociais,
de modo a garantir-se a maior equidade e justiça social
1 — As quotizações e as contribuições não pagas, bem na sua concretização.
como outros montantes devidos, são objecto de cobrança 2 — A lei pode consagrar medidas de flexibilidade
coerciva nos termos legais. da idade legal para atribuição de pensões, através de
2 — As prestações pagas aos beneficiários que a elas mecanismos de redução ou bonificação das pensões,
não tinham direito devem ser restituídas nos termos consoante se trate de idade inferior ou superior à que
previstos na lei. se encontra definida nos termos gerais.
3 — A obrigação do pagamento das quotizações e das 3 — A lei pode prever a diferenciação positiva das
contribuições prescreve no prazo de cinco anos a contar taxas de substituição a favor dos beneficiários com mais
da data em que aquela obrigação deveria ter sido baixas remunerações, desde que respeitado o princípio
cumprida. da contributividade.
4 — A prescrição interrompe-se por qualquer diligên- 4 — O cálculo das pensões de velhice e de invalidez
cia administrativa, realizada com conhecimento do res- tem por base os rendimentos de trabalho, revalorizados,
ponsável pelo pagamento, conducente à liquidação ou de toda a carreira contributiva, nos termos da lei.
à cobrança da dívida. 5 — Os valores das remunerações que sirvam de base
de cálculo das pensões devem ser actualizados de acordo
Artigo 61.o com os critérios estabelecidos na lei, nomeadamente
tendo em conta a inflação.
Condições de atribuição das prestações

1 — Constitui condição geral de atribuição das pres- Artigo 64.o


tações, nas eventualidades em que tal seja exigido, o Factor de sustentabilidade
decurso de um período mínimo de contribuição ou situa-
ção equivalente. 1 — Ao montante da pensão estatutária, calculada
2 — O decurso do período previsto no número ante- nos termos legais, é aplicável um factor de sustenta-
rior pode ser considerado como cumprido pelo recurso bilidade relacionado com a evolução da esperança média
à totalização de períodos contributivos ou equivalentes, de vida, tendo em vista a adequação do sistema às modi-
registados no quadro de regimes de protecção social, ficações resultantes de alterações demográficas e eco-
nacionais ou estrangeiros, nos termos previstos na lei nómicas.
ou em instrumentos internacionais aplicáveis. 2 — O factor de sustentabilidade é definido pela rela-
3 — Podem ainda ser previstas por lei, para cada even- ção entre a esperança média de vida verificada num
tualidade, condições especiais de acesso às prestações. determinado ano de referência e a esperança média de
4 — A falta de cumprimento da obrigação de ins- vida que se verificar no ano anterior ao do requerimento
crição, incluindo a falta de declaração do início de acti- da pensão.
vidade profissional ou a falta do pagamento de con- Artigo 65.o
tribuições relativas a períodos de exercício de actividade Acumulação de pensões com rendimentos do trabalho
profissional dos trabalhadores por conta de outrem, que
lhes não seja imputável, não prejudica o direito às A lei estabelece os termos e as condições de acu-
prestações. mulação de pensões com rendimentos de trabalho.
352 Diário da República, 1.a série — N.o 11 — 16 de Janeiro de 2007

Artigo 66.o Artigo 69.o


Direitos adquiridos e em formação Prescrição do direito às prestações

1 — É aplicável aos regimes do sistema previdencial O direito às prestações pecuniárias vencidas prescreve
o princípio da tutela dos direitos adquiridos e dos direi- a favor das instituições devedoras no prazo de cinco
tos em formação. anos, contado a partir da data em que as mesmas são
2 — Para o efeito do número anterior, consideram-se: postas a pagamento, com conhecimento do credor.
a) Direitos adquiridos, os que já se encontram reco-
nhecidos ou possam sê-lo por se encontrarem reunidos Artigo 70.o
todos os requisitos legais necessários ao seu reconhe-
Responsabilidade civil de terceiros
cimento;
b) Direitos em formação, os correspondentes aos No caso de concorrência pelo mesmo facto do direito
períodos contributivos e valores de remunerações regis- a prestações pecuniárias dos regimes de segurança social
tadas em nome do beneficiário. com o de indemnização a suportar por terceiros, as ins-
tituições de segurança social ficam sub-rogadas nos direi-
3 — Os beneficiários mantêm o direito às prestações tos do lesado até ao limite do valor das prestações que
pecuniárias dos regimes de segurança social ainda que lhes cabe conceder.
transfiram a residência do território nacional, sem pre-
juízo do disposto em instrumentos internacionais apli-
cáveis. SECÇÃO II
4 — Os efeitos da inscrição não se extinguem pelo
decurso do tempo. Garantias e contencioso

Artigo 71.o
CAPÍTULO IV Deveres do Estado e dos beneficiários

Disposições comuns aos subsistemas de solidariedade 1 — Compete ao Estado garantir aos beneficiários
e protecção familiar e ao sistema previdencial informação periódica relativa aos seus direitos, adqui-
ridos e em formação, designadamente em matéria de
SECÇÃO I pensões.
2 — Os beneficiários têm o dever de cooperar com
Prestações as instituições de segurança social, cabendo-lhes, desig-
nadamente, ser verdadeiros nas suas declarações e
Artigo 67.o requerimentos e submeter-se aos exames de verificação
necessários para a concessão ou manutenção das pres-
Acumulação de prestações
tações a que tenham direito.
1 — Salvo disposição legal em contrário, não são
cumuláveis entre si as prestações emergentes do mesmo
Artigo 72.o
facto, desde que respeitantes ao mesmo interesse
protegido. Intransmissibilidade e penhorabilidade parcial das prestações
2 — As regras sobre acumulação de prestações pecu-
1 — As prestações concedidas pelas instituições de
niárias emergentes de diferentes eventualidades são
segurança social são intransmissíveis.
reguladas por lei, não podendo, em caso algum, resultar
2 — As prestações dos regimes de segurança social
da sua aplicação montante inferior ao da prestação mais
são parcialmente penhoráveis nos termos da lei geral.
elevada nem excesso sobre o valor total.
3 — Para efeitos de acumulação de prestações pecu-
niárias podem ser tomadas em conta prestações con- Artigo 73.o
cedidas por sistemas de segurança social estrangeiros,
Garantia do direito à informação
sem prejuízo do disposto em instrumentos internacionais
aplicáveis. Os beneficiários e as entidades empregadoras têm
direito a informação adequada sobre os direitos e obri-
Artigo 68.o gações decorrentes da presente lei e legislação com-
Indexante dos apoios sociais e actualização do valor das prestações plementar.
1 — Os montantes dos apoios sociais, designada- Artigo 74.o
mente os valores mínimos de pensões, são fixados tendo Certificação da regularidade das situações
por base o indexante dos apoios sociais, nas situações
e nos termos definidos por lei. 1 — Qualquer pessoa ou entidade sujeita a obrigações
2 — O valor de referência previsto no número ante- perante as instituições de segurança social pode reque-
rior é objecto de actualização anual, tendo em conta rer, em qualquer momento, que lhe seja emitida decla-
um conjunto de critérios atendíveis, designadamente a ração comprovativa do regular cumprimento dessas
evolução dos preços e o crescimento económico. obrigações.
3 — A actualização anual das prestações obedece a 2 — Quando não seja emitida a declaração compro-
critérios objectivos fixados por lei que garantam o res- vativa mencionada no número anterior, o particular
peito pelo princípio da equidade intergeracional e pela pode solicitar aos tribunais administrativos que intimem
sustentabilidade financeira do sistema de segurança a administração para passagem de certidão correspon-
social. dente, nos termos legais.
Diário da República, 1.a série — N.o 11 — 16 de Janeiro de 2007 353

Artigo 75.o CAPÍTULO V


Confidencialidade Sistema complementar
1 — As instituições de segurança social abrangidas
SECÇÃO I
pela presente lei devem assegurar a confidencialidade
dos dados de natureza estritamente privada de que dis- Composição do sistema complementar
ponham, relativos à situação pessoal, económica ou
financeira de quaisquer pessoas ou entidades. Artigo 81.o
2 — A obrigação prevista no número anterior cessa
mediante autorização do respectivo interessado ou sem- Composição
pre que haja obrigação legal de divulgar os dados abran- 1 — O sistema complementar compreende um regime
gidos pela confidencialidade. público de capitalização e regimes complementares de
iniciativa colectiva e de iniciativa individual.
Artigo 76.o 2 — Os regimes complementares são reconhecidos
como instrumentos significativos de protecção e de soli-
Reclamações e queixas dariedade social, concretizada na partilha das respon-
sabilidades sociais, devendo o seu desenvolvimento ser
1 — Os interessados na concessão de prestações do estimulado pelo Estado através de incentivos conside-
sistema podem apresentar reclamações ou queixas sem- rados adequados.
pre que se considerem lesados nos seus direitos.
2 — As reclamações ou queixas são dirigidas às ins- SECÇÃO II
tituições a quem compete conceder as prestações, sem
prejuízo das garantias contenciosas reconhecidas por lei. Do regime público de capitalização
3 — O processo para apreciar reclamações tem carác-
ter de urgência. Artigo 82.o
Artigo 77.o Caracterização

Garantias contenciosas 1 — O regime público de capitalização é um regime


de adesão voluntária individual, cuja organização e ges-
As acções e omissões da administração no âmbito tão é da responsabilidade do Estado, que visa a atri-
do sistema de segurança social são susceptíveis de rea- buição de prestações complementares das concedidas
cção contenciosa nos termos do Código de Processo pelo sistema previdencial, tendo em vista o reforço da
nos Tribunais Administrativos. protecção social dos beneficiários.
2 — Para efeitos do disposto no número anterior,
podem ser criadas por lei, para cada beneficiário ade-
Artigo 78.o rente, contas individuais geridas em regime financeiro
Nulidade de capitalização, que lhes garanta uma protecção social
complementar, concretizando o previsto no n.o 4 do
Os actos administrativos de atribuição de direitos ou artigo 57.o
de reconhecimento de situações jurídicas, baseados em 3 — A lei define as condições de adesão, as carac-
informações falsas, prestadas dolosamente ou com má terísticas, a garantia de direitos, o método de finan-
fé pelos beneficiários, são nulos e punidos nos termos ciamento, o regime de transmissão por morte e o tra-
da legislação aplicável. tamento fiscal do regime referido no presente artigo.
4 — A lei define ainda as formas de gestão das contas
individuais, designadamente a possibilidade de contra-
Artigo 79.o tualização parcial da gestão com entidades do sector
Revogação de actos inválidos privado.
1 — Os actos administrativos de atribuição de direitos SECÇÃO III
ou de pagamento de prestações inválidos são revogados
nos termos e nos prazos previstos na lei, sem prejuízo Regimes complementares de iniciativa colectiva e individual
do disposto no número seguinte.
2 — Os actos administrativos de atribuição de pres- Artigo 83.o
tações continuadas inválidos podem, ultrapassado o Natureza dos regimes de iniciativa colectiva
prazo da lei geral, ser revogados com eficácia para o
futuro. 1 — Os regimes complementares de iniciativa colec-
tiva são regimes de instituição facultativa a favor de
Artigo 80.o um grupo determinado de pessoas.
Incumprimento das obrigações legais 2 — Integram-se nos regimes referidos nos números
anteriores os regimes profissionais complementares.
A falta de cumprimento das obrigações legais rela- 3 — Os regimes profissionais complementares abran-
tivas, designadamente, à inscrição no sistema, ao enqua- gem trabalhadores por conta de outrem de uma
dramento nos regimes e ao cumprimento das obrigações empresa, de grupos de empresas ou de outras entidades
contributivas, bem como a adopção de procedimentos, empregadoras de um sector profissional ou interpro-
por acção ou omissão, tendentes à obtenção indevida fissional, bem como trabalhadores independentes.
de prestações, consubstanciam contra-ordenações ou ilí- 4 — Os regimes profissionais complementares são
citos criminais, nos termos definidos por lei. financiados pelas entidades empregadoras ou pelos tra-
354 Diário da República, 1.a série — N.o 11 — 16 de Janeiro de 2007

balhadores independentes, sem prejuízo de eventual Artigo 89.o


pagamento de quotizações por parte dos trabalhadores Princípio da adequação selectiva
por conta de outrem.
O princípio da adequação selectiva consiste na deter-
Artigo 84.o minação das fontes de financiamento e na afectação
dos recursos financeiros, de acordo com a natureza e
Natureza dos regimes de iniciativa individual os objectivos das modalidades de protecção social defi-
Os regimes complementares de iniciativa individual nidas na presente lei e com situações e medidas espe-
são de instituição facultativa, assumindo, entre outras, ciais, nomeadamente as relacionadas com políticas acti-
a forma de planos de poupança-reforma, de seguros vas de emprego e de formação profissional.
de vida, de seguros de capitalização e de modalidades
mutualistas. Artigo 90.o
Artigo 85.o Formas de financiamento
Administração 1 — A protecção garantida no âmbito do sistema de
protecção social de cidadania é financiada por trans-
1 — Os regimes complementares de iniciativa colec-
ferências do Orçamento do Estado e por consignação
tiva e individual podem ser administrados por entidades
de receitas fiscais.
públicas, cooperativas ou privadas, nomeadamente de 2 — As prestações substitutivas dos rendimentos de
natureza mutualista, criadas para esse efeito nos termos actividade profissional, atribuídas no âmbito do sistema
legais. previdencial e, bem assim as políticas activas de emprego
2 — Quando, no âmbito de um regime profissional e formação profissional, são financiadas por quotizações
complementar, estiver em causa a atribuição de pres- dos trabalhadores e por contribuições das entidades
tações nas eventualidades de invalidez, velhice e morte, empregadoras.
a respectiva gestão tem de ser concedida a entidade 3 — Sem prejuízo do disposto no número anterior,
jurídica distinta da entidade que o instituiu. a contrapartida nacional das despesas financiadas, no
âmbito do Fundo Social Europeu, é suportada pelo
Artigo 86.o Orçamento do Estado.
Regulamentação, supervisão e garantia dos regimes complementares
4 — As despesas de administração e outras despesas
comuns do sistema são financiadas através das fontes
1 — A criação e modificação dos regimes comple- correspondentes aos sistemas de protecção social de
mentares de iniciativa colectiva e individual e a sua arti- cidadania e previdencial, na proporção dos respectivos
culação com o subsistema previdencial são definidas por encargos.
lei que regula, designadamente, o seu âmbito material, 5 — Podem constituir ainda receitas da acção social
as condições técnicas e financeiras dos benefícios e a as verbas consignadas por lei para esse efeito, nomea-
garantia dos respectivos direitos. damente as provenientes de receitas de jogos sociais.
2 — A regulamentação dos regimes complementares 6 — O disposto no presente artigo é regulado por
de iniciativa colectiva deve ainda concretizar o princípio lei.
da igualdade de tratamento em razão do sexo e a pro- Artigo 91.o
tecção jurídica dos direitos adquiridos e em formação,
Capitalização pública de estabilização
e fixar as regras relativas à portabilidade daqueles direi-
tos, à igualdade de tratamento fiscal entre regimes e 1 — Reverte para o Fundo de Estabilização Finan-
ao direito à informação. ceira da Segurança Social uma parcela entre dois e qua-
3 — A regulação, a supervisão prudencial e a fisca- tro pontos percentuais do valor percentual correspon-
lização dos regimes complementares previstos na pre- dente às quotizações dos trabalhadores por conta de
sente secção é exercida nos termos da lei e pelas enti- outrem, até que aquele fundo assegure a cobertura das
dades legalmente definidas. despesas previsíveis com pensões, por um período
4 — A lei prevê ainda a instituição de mecanismos mínimo de dois anos.
de garantia dos regimes complementares referidos na 2 — Os saldos anuais do sistema previdencial, bem
presente secção. como as receitas resultantes da alienação de património
e os ganhos obtidos das aplicações financeiras, integram
CAPÍTULO VI o fundo a que se refere o número anterior, sendo geridos
Financiamento em regime de capitalização.
3 — Pode não haver lugar à aplicação do disposto
Artigo 87.o no n.o 1, se a conjuntura económica do ano a que se
refere ou a situação financeira do sistema previdencial
Princípios justificadamente o não permitirem.
O financiamento do sistema obedece aos princípios
da diversificação das fontes de financiamento e da ade- Artigo 92.o
quação selectiva. Fontes de financiamento
Artigo 88.o
Constituem fontes de financiamento do sistema:
Princípio da diversificação das fontes de financiamento
a) As quotizações dos trabalhadores;
O princípio da diversificação das fontes de financia- b) As contribuições das entidades empregadoras;
mento implica a ampliação das bases de obtenção de c) As transferências do Estado e de outras entidades
recursos financeiros tendo em vista, designadamente, públicas;
a redução dos custos não salariais da mão-de-obra. d) As receitas fiscais legalmente previstas;
Diário da República, 1.a série — N.o 11 — 16 de Janeiro de 2007 355

e) Os rendimentos de património próprio e os ren- Artigo 97.o


dimentos de património do Estado consignados ao Isenções
reforço do Fundo de Estabilização Financeira da Segu-
rança Social; 1 — As instituições de segurança social gozam das
f) O produto de comparticipações previstas na lei ou isenções reconhecidas por lei ao Estado.
em regulamentos; 2 — Os fundos públicos de capitalização, designada-
g) O produto de sanções pecuniárias; mente o Fundo de Estabilização Financeira da Segu-
h) As transferências de organismos estrangeiros; rança Social, beneficiam das isenções previstas na lei.
i) O produto de eventuais excedentes da execução
do Orçamento do Estado de cada ano; e
j) Outras legalmente previstas ou permitidas. Artigo 98.o
Sistema de informação
Artigo 93.o
1 — A gestão do sistema de segurança social apoia-se
Orçamento da segurança social num sistema de informação de âmbito nacional com
1 — O orçamento da segurança social é apresentado os seguintes objectivos:
pelo Governo e aprovado pela Assembleia da República a) Garantir que as prestações sejam atempadamente
como parte integrante do Orçamento do Estado. concedidas aos seus destinatários;
2 — As regras de elaboração, organização, aprovação, b) Assegurar a eficácia da cobrança das contribuições
execução e controlo do orçamento da segurança social e do combate à fraude e evasão contributiva, bem como
constam da lei. evitar o pagamento indevido de prestações;
3 — O Governo apresenta à Assembleia da República c) Organizar bases de dados nacionais; e
uma especificação das receitas e das despesas da segu- d) Desenvolver os procedimentos e canais que pri-
rança social, desagregadas pelas diversas modalidades vilegiem a troca e o acesso de informação em suporte
de protecção social, designadamente pelas eventualida- electrónico, de modo a promover a desburocratização
des cobertas pelos sistemas previdencial e protecção e a aceleração dos processos de decisão.
social de cidadania e subsistemas respectivos.
4 — O Governo elabora e envia ainda à Assembleia 2 — O sistema de segurança social promove, sempre
da República uma projecção actualizada de longo prazo,
que necessário, a articulação das bases de dados das
designadamente dos encargos com prestações diferidas
e das quotizações dos trabalhadores e das contribuições diferentes áreas interdepartamentais, tendo em vista
das entidades empregadoras. simplificar o relacionamento das pessoas com a Admi-
nistração Pública e melhorar a sua eficácia.

CAPÍTULO VII Artigo 99.o


Organização Identificação

Artigo 94.o 1 — Estão sujeitas a identificação no sistema de infor-


mação as pessoas singulares e colectivas que se rela-
Estrutura orgânica
cionem com o sistema de segurança social.
1 — A estrutura orgânica do sistema compreende ser- 2 — A declaração de início de actividade para efeitos
viços que fazem parte da administração directa e da fiscais é oficiosamente comunicada ao sistema de segu-
administração indirecta do Estado. rança social.
2 — Os serviços a que se refere a última parte do
número anterior são pessoas colectivas de direito
público, denominadas instituições da segurança social. CAPÍTULO VIII
Disposições transitórias
Artigo 95.o
Conselho Nacional de Segurança Social Artigo 100.o
1 — A participação no processo de definição da polí- Salvaguarda dos direitos adquiridos e em formação
tica, objectivos e prioridades do sistema é assegurado O desenvolvimento e a regulamentação da presente
pelo Conselho Nacional de Segurança Social. lei não prejudicam os direitos adquiridos, os prazos de
2 — Será criada, no âmbito do conselho, uma comis- garantia vencidos ao abrigo da legislação anterior, nem
são executiva constituída de forma tripartida por repre-
os quantitativos de pensões que resultem de remune-
sentantes do Estado, dos parceiros sociais sindicais e
patronais. rações registadas na vigência daquela legislação.
3 — A lei determina as atribuições, competências e
composição do conselho e da comissão executiva, tendo Artigo 101.o
em conta, quanto a esta última, o disposto no n.o 2
Regime transitório de cálculo das pensões
do artigo 58.o
Artigo 96.o Sem prejuízo do disposto no n.o 4 do artigo 63.o,
deve fazer-se relevar, no cálculo das pensões e com res-
Participação nas instituições de segurança social
peito pelo princípio da proporcionalidade, os períodos
A lei define as formas de participação nas instituições da carreira contributiva cumpridos ao abrigo de legis-
de segurança social das associações sindicais e patronais, lação anterior, bem como as regras de determinação
bem como de outras entidades interessadas no funcio- das pensões então vigentes, quando aplicáveis à situação
namento do sistema. do beneficiário.
356 Diário da República, 1.a série — N.o 11 — 16 de Janeiro de 2007

Artigo 102.o das Leis n.o 28/84, de 14 de Agosto, n.o 17/2000, de


Grupos sócio-profissionais
8 de Agosto e n.o 32/2002, de 20 de Dezembro.

A lei define os termos em que se efectiva a integração


no sistema previdencial dos trabalhadores e respectivas Artigo 110.o
entidades empregadoras por aquele parcialmente abran- Entrada em vigor e produção de efeitos
gidos.
1 — A presente lei entra em vigor no dia seguinte
Artigo 103.o ao da sua publicação.
Regimes especiais 2 — O disposto no artigo 68.o produz efeitos a partir
de 1 de Janeiro de 2007.
Os regimes especiais vigentes à data da entrada em
vigor da presente lei continuam a aplicar-se, incluindo Aprovada em 14 de Dezembro de 2006.
as disposições sobre o seu funcionamento, aos grupos O Presidente da Assembleia da República, Jaime
de trabalhadores pelos mesmos abrangidos, com res- Gama.
peito pelos direitos adquiridos e em formação.
Promulgada em 6 de Janeiro de 2007.
Artigo 104.o
Publique-se.
Regimes da função pública
O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA.
Deve ser prosseguida a convergência dos regimes da
função pública com os regimes do sistema de segurança Referendada em 9 de Janeiro de 2007.
social.
O Primeiro-Ministro, José Sócrates Carvalho Pinto de
Artigo 105.o Sousa.
Financiamento do sistema de protecção social de cidadania

A lei define os termos da transição para a forma Lei n.o 5/2007


de financiamento do sistema de protecção social de cida-
de 16 de Janeiro
dania prevista no n.o 1 do artigo 90.o
Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto
Artigo 106.o A Assembleia da República decreta, nos termos da
Aplicação às instituições de previdência alínea c) do artigo 161.o da Constituição, o seguinte:
Mantêm-se autónomas as instituições de previdência
criadas anteriormente à entrada em vigor do Decre- CAPÍTULO I
to-Lei n.o 549/77, de 31 de Dezembro, com os seus regi-
mes jurídicos e formas de gestão privativas, ficando sub- Objecto e princípios gerais
sidiariamente sujeitas às disposições da presente lei e
à legislação dela decorrente, com as necessárias adap- Artigo 1.o
tações.
Objecto
CAPÍTULO IX A presente lei define as bases das políticas de desen-
Disposições finais volvimento da actividade física e do desporto.

Artigo 107.o Artigo 2.o


Protecção nos acidentes de trabalho Princípios da universalidade e da igualdade
A lei estabelece o regime jurídico da protecção obri- 1 — Todos têm direito à actividade física e desportiva,
gatória em caso de acidente de trabalho, definindo os independentemente da sua ascendência, sexo, raça,
termos da respectiva responsabilidade. etnia, língua, território de origem, religião, convicções
políticas ou ideológicas, instrução, situação económica,
Artigo 108.o condição social ou orientação sexual.
2 — A actividade física e o desporto devem contribuir
Regiões Autónomas
para a promoção de uma situação equilibrada e não
A aplicação da presente lei às Regiões Autónomas discriminatória entre homens e mulheres.
dos Açores e da Madeira não prejudica a regulamen-
tação própria em matéria de organização e funciona- Artigo 3.o
mento, bem como a regionalização dos serviços de segu-
rança social. Princípio da ética desportiva
o
Artigo 109. 1 — A actividade desportiva é desenvolvida em obser-
Norma revogatória
vância dos princípios da ética, da defesa do espírito des-
portivo, da verdade desportiva e da formação integral
1 — É revogada a Lei n.o 32/2002, de 20 de Dezembro. de todos os participantes.
2 — Até revogação expressa, mantêm-se em vigor as 2 — Incumbe ao Estado adoptar as medidas tenden-
disposições legais e regulamentares aprovadas ao abrigo tes a prevenir e a punir as manifestações antidesportivas,

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