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João Candido

BOTICA
HAICAIS, TANKAS
E OUTRAS
HOMEOPATIAS

poemas
Exílio no beco (ou do corpo)
Minha terra injeta pedras
Minha terra urina sangue
E também chora fumaça
Meu band-aid bandeirante

Dor que dói a todo instante


É de osso e carne fraca
Minha terra é exuberante
Nessa terra a fome é farta

Cismo à noite, de dia tenho muito sono


Minha terra é sombra de inverno a outono
Cismo à noite, sonolento de dia
Minha terra é apatia
Encruzilho-me
Vejo que meus próprios passos
Apagam seus rastros
(des)cortinar
sei dizer o que (é) vivo
cinzelar o que acho
empenar o que (é) penso

sei criar minha língua


sal(i)var o que (é)sonho
desenhar o que (é)verso

sei dar voz ao escrito


empedrar o que (é) grito
(não) dizer o que eu quero

sei falar diferente


sendo (in)consciente
ser meu próprio mistério
Vem da pele o sumo
Que lambeijando degusto
Carne, odor e fruto
Religião e filosofia
Toda estética
É uma questão de textura
Arredonda-se
Avoluma-se
O pedestal, a postura
A curva que singra
Circula
Sobre o altar do salto alto
Tudo que se busca
É a bunda
Mar Arpoador
Onde o Sol desposa o Rio
Pleno, me esvazio
Mais metalinguagem
Tenho feito poemas
Porque a vida assim tem mandado
Escrevo com poucas penas
Nada muito elaborado

Estrofes sem pretensão


Termino tudo em um ato
Não servem pra diversão
Pois tem cada verso chato…

Mas poemas, quando aparecem


Jorram por necessidade
Mesmo com pé quebrado
Mesmo fora de esquadro

A vida sem simetria


Pois também se faz poesia
Com o suor das seis e meia
Com o sangue das latrinas
Jardim de Sade
cravo e rosa lutam
e, despetaladamente,
se amam, se anulam
embora Deus exista...
… e a vida ainda por cima
é breve
elo entre eternidades
laço dos infinitos
cego nó vazio

por isso eu digo


que a vida
real, fingida
só ela significa
do antes
já não sabemos
e depois
ah, veremos…
O ventre do artista
Gera som, luz e poesia
Grávida maravilha
toda origem remete
à copia de outro original
que sendo cópia origina
o passado que não se finda
Solo em chama é cru
Gera a flor mandacaru
Beleza a olho nu
Alter outro
Quero alguém que me queira
Que me queira seu
Quero alguém que me queira
E queira o que é meu
Quero alguém que arranque
Da luz o breu
Quero alguém que me ascenda
Acenda eu

Quero alguém que me acerte


Me expulse
Quero alguém me espante
Que pulse

Quero alguém que deseje


Um sonho meu
Quero alguém que me aceite
Um sacrifício seu

Quero alguém que me creia


Como os ateus
Quero que reze
O credo e o crédito
Meus

Quero alguém inconstante


Quero alguém bem errante
Quero alguém que me erre
Quero que não me julgue
Quero alguém que me cure

Quero alguém que me apague


Quero que me rascunhe
Quero que me arrebate
Quero alguém que murmure

Quero que não se entregue


Quero alguém criativo
Quero que não me espere
Quero alguém vingativo.
A água lava e leva
Tudo que não for leveza
Enquanto me beija
Abraço a Rivaldo
Rivaldo finaliza
Discreto como um cão
(Preguiçoso e esquivo)
À sombra de um quintal
A saga do craque
Seco estrategista

Rivaldo girava
Rivaldo ainda gira
No campo e na vida
Com perna de pinça
Perna pincel de artista
Métrica em desalinho

Rivaldo não rima


Rivaldo ritmiza
Rivaldo uma reta
Grande parabolista
Rei da bicicleta
Exímio pedalista
No seu pouco espaço
(Nobre futebolista)
Falava com pés
Futebol maravilha
33
Em caso de estupro
Nunca haverá exagero
Só mais desespero
Poética do drible
pois
nem há
verso
possível
de alinhavar
os caminhos
da bola
que vai

ante

Trovejar do mel
A doçura do trovão
Bethânia canção
A maldição do craque
Técnica sem poesia
Faz da jogada eficiente
Triste geometria
O João Cabral empreiteiro
Não construía alquimia?

O futebol de projetos
Mera engenharia
Não compreende o craque
Convoca soldados, maquinistas
Prefere o marketing
Despreza a magia

Giovanni foi craque


Poeta
Alquimista
A poesia milimétrica do passe
O craque Giovanni dançava
Destilava na tristeza
Maestria
Com os pés pintava poesia

O mestre Giovanni encantava


Plateias
Torcidas (mesmo aquelas, inimigas)

Nenhuma tática o engaiolava


Nenhuma métrica o continha

Giovanni, craque solitário


Talento rodeado de injustiça
Seus lances entraram pra história
Enquanto a história já o esquecia
Mestre-sala do estandarte santista
Balé no tapete tablado
Alquimia na jogada precisa
Na semana santa
Deus morre (depois levanta)
Mas todo o céu sangra
Álgebra
Aos 14
A vida pode ser um sorriso
Deveria ser um sorriso

Mas pelos becos


Onde o sangue pisado
Seca
E a morte entre fumaças
Se esgarça

Onde crianças
Acariciam pedras
E escarram fetos

Onde a vingança é chumbo


Incandescente peçonha
& serpente

Nos becos
Onde a esperança
É espancada feito Judas
(aleluia!)
Qualquer menina de 13
Já bebeu 51
E distingue bem
Tiro de 12
Três oitão
Ponto 40
O olhar da serpente
Me penetra antes dos dentes
O bote iminente
entrincheirado
às vezes deliro
sonho voos diferentes

às vezes
me conformo atrás do giz
útil inocente
confortável
entre a lousa e o diário

às vezes
sou rebelde aprendiz
inconsolável
trago o coração nas tripas

às vezes
quero só o fim do dia
e aposentadoria que me redima
entre trocados, remédios e filas

às vezes
sou a bomba, sou vingança
que a tudo explodiria
se não fosse, às vezes
a esperança
Poeta e sua sina
Pra fugir da velha rima
Reconstrói suas trilhas
Crepúsculo baiano
O Sol envia
Seu último beijo do dia
Ao Farol da Barra
E mergulha
Com euforia e preguiça
Do outro lado da baía

A malha molhada do mar


Do Cristo ao Forte do Porto
Se espalha
E costura
Seu verde chumbo-esmeralda
Na franja das barras da praia

A brisa do fim do dia


É morna
E o canto de mil ancestrais
(Sobre o lixo escarrado na areia)
Informa:
Ainda é tempo de revolta
Eu sinto teu gosto
A umidade desse corpo
Tua luz e contorno
Para o sul
Língua, um barco a vela
Singra teus lábios, veleja
Navega entre pétalas
Amputação
Sou a soma do que não é meu
O que me deforma e define
Abriga-se em mim
Harmonia em clave de si

Pedaços de fragmentos
Desejam fugir de mim:
O eterno poema incompleto
O vácuo da fé de pedra
O insaciável corpo

Acumulo subtrações
Enquanto busco
Entre os vazios atômicos da matéria
O que mais arrancar de mim
Chora Mariana
Barragem que se esparrama
Rio que sangra lama
Tesouros nacionais
para Cacaso
E quem não sabe de nada
É bom saber bem já
O hospital está em greve
No Brasil há marajás

Se você ficar doente


Tome seu maracujá
A escola está em greve
No Brasil há marajás

Eu já li Gonçalves Dias
"Cabelos cor de anajá"
A polícia está em greve
No Brasil há marajás

O silêncio de São Paulo


Diz pra não se preocupar:
"Acabou a rima em já"
"Não faz greve o marajá"
Um 10 da Vila
Eis que a bola brilha
O passe e a finta precisa
Nos pés desse Pita
Nirvana
Não me traduzir
Minha maior
Experiência

Camalear-me
Não para entender
Ou esconder
Apenas comungar
E ser
A língua faísca
Se na ponta ela pinça
Tua pele faminta
Sede lenta
Um livro de poemas
Não se bebe inteiro
Numa lida
Saboreia-se
Gota a gota
E nunca se esgota

Um poema que valha a pena


Não se entrega inteiro
Numa vida
Reescreve-se
Letra a letra
E sempre nunca termina
As vogais em chamas
No silêncio estrelam beijos
Dedos em deleite
Pêndulo
Não, o tempo não
corre nem escapa
Não foge, não morde
Nem tampouco
Escorre

Nós
Somos nós o farelo
O esfacelo
Nos esparramamos
sobre a história
sob o tempo, perecemos

O tempo segue
ssssssempreeeeessstático
Extático
Entretempos, permanece o tempo
Nós é que morremos.
Quando a noite chove
Faz carnaval no telhado
Canto um chorinho no quarto
Entre olheiras
O tic
O tac
E o sono não vem
A gota
O pingo
E o sono não vem
A pia
A ducha
E o sono não vem
Pijama
A fronha
E o sono não vem
Um verso
Um terço
E o sono não vem
Um comprimido
E o sono não vem
A faca
O pulso
E o sono não vem
O leite
O chá
E o sono não vem
Televisão
E o sono não vem
O celular
E o sono não vem
O livro
O rádio
E o sono não vem
A fome
O vômito
E o sono não vem
O dia chega
E o sono também.
O andar ondulante
Dócil fera que levita
Ferina felina
hagiografias
sou devoto de itamar
digo amém, paulo leminski
ave, maria
sob os mantos desse altar
acendo o círio canção
rezo terços de poesia

me embriago em cada mar


são tomé me cresse e visse
santa luzia!
falta homero pra enxergar
(falta a fé pra duvidar)
que na ceia o verso é pão
doce vinho a melodia

haicai russo pra sambar


tropicália que se alice
salve a rainha!
toco a lira pro negão
pro polaco, eneida e gíria
Cervantes ensina
Quixote é causa perdida
Feito o amor à vida
Lusco fusco de algum ocaso
Alguém
Arrasta e arranca
O sol do céu

Daí
Deitam-se os véus
Um a um
Desde o horizonte, da fonte, do leste
E costuram com fios de angústia
A dura noite, até o poente, na ponta do contra-
-oriente

Ave-da-lira, tirai de mim


O gosto da morte na garganta
Anjo pecador, levai de mim
Vosso reflexo partido em meu espelho
Eletricidade, eletrocutai
Meus uivos abafados pelas máquinas

E enquanto a manhã não rasgar


Os véus vazados pelas estrelas
(cujas luzes, pontudas feito agulhas feito pregos me crucificam, me deixam cego na
vereda estreita entre Édipo e Tirésias)
Escondo-me bêbado do desespero
Na cadeia desses meus companheiros pesadelos
Vou bordando cada beijo
Como um ébrio, como um cego
Do pescoço ao tornozelo
Ossário
É triste para a poesia
Ter de terminar assim
São Sebastião, seta
E alvo da própria flecha

Críticos atestam óbitos


Leituras tecem necropsias
Todo verso é cadavérico
Professores são legistas

É triste para a poesia


Ter de terminar assim
No cala-bolso academia
Sem saber além de si

P.S.
Enquanto isso a vida, profana artista
mimeografa liras
e se enfeitiça
da poesia marginalida
Giram girassóis
Negando a sombra das noites
Ciranda de amores
Entre o chá e o cachimbo
Nada mais que uma tarde
O Sol desfia seus raios claros
Sem despejar calor

Uma tarde de outono


Ou quase inverno
Em que as sombras geladas
Refreiam corações vermelhos

Tarde simples
Sexta após o feriado
Não se trabalha
Nem se viaja
E as horas nos traspassam

Uma tarde quase morta


De labor sem vertigem
Mecânica
Obrigações e tédio

Aquela tarde muda


Sem torpor
Sem paixões, desejos
De sono trincado
Retinas lentas
Sonhos flácidos

Uma tarde, quiçá


De esquecimentos
Desistências

Uma tarde não mais que aparência


Pálida
Áspera
Oca
De leve arrependimento

Uma tarde fraca


Quase vulto
Menos que lamento

Tarde
Para todos os desesperos
Habemus Helenam
Rir é muito pouco
Ela chove em gargalhadas:
“Feliz é os louco”
passeio íntimo
tanta beleza
dançando
em minha vista
a linda passa
e nem sabe
que me conquista
Não é por amor
Pela pele, pela carne
Tesão, meu amor
Imbassaí
ali
liquefazer
a zica

entre águas
estender
na areia
a preguiça

ante palhoças
celebrar
a natureza
rica
Dançar entre pernas
Mais que brincadeira ou jogo
É a oração do corpo
Adjetivos de Graciliano
Derrama-se
Diante da coisa
O caos do homem
A tanger seus lobos

Quem dá forma à consciência


Entalhando com precisão?
O escritor que faz da lira a faca
Formão
E troca a facilidade da lágrima pelo ferrão

Só o substantivo não basta


Mas belo, sublime, terrível
Só dizem de quem diz
São óculos dos alheios
E adornos para ingênuos

É preciso bordar
É preciso marcar
É preciso sangrar
Em cada palavra
Apenas arte
Para que jorre
Com poesia
Na secura da prosa
A verdade
Putas tristes
Gabo ensinou:
O ponto alto da vida?
Trepar por amor
Letramento dialógico
A leitura nunca é nula
A leitura nunca é só
O que leio enquanto escrevo?
Outros textos que dão nó

A escrita sempre é sina


A escrita é só reler
Todo texto abraça textos
A leitura é reescrever

A leitura cava mundos


A escrita é solidão
Só se escreve acompanhado
A leitura é reinvenção
Haicai para Bakhtin com final alternativo
pois sou mil pedaços
espelho embaçado
onde me esboço (em outro me esboço)
Valsa vienense em havaianas suburbanas
O cravo espremido
Bocejar, um espirro
E outros ruídos, bem menos finos
Lábios arredios
Para o fio dental explícito
Ouvir contra a latrina
Os murros molhados da urina

Enquanto for havendo amor


Me diga: quem é que liga?
Letra em luto
O verso é vazio
A voz sem eco no outro
Se Antonio Candido é morto
Desconstruindo Vênus
A mulher é uma força
Mas o homem também
A mulher é sensível
Tem umas que nem
A mulher é vaidosa
Ou não, tudo bem
A mulher disponível
Não vem que não tem

A mulher é um bicho
Ou o vento, ou um cisco
A mulher não é isso
E tampouco é aquilo
A mulher é um verso
Um bilhete, um rabisco
A mulher é o mundo
Ou talvez um vazio

Decantar a mulher
Entre tantas faces
É querer se perder
Sinceros disfarces
O que faz da mulher
Ser que se derrama
É ser o que quiser
Simples ser humana
Miss Poeta
para o escritor, tradutor, ensaísta, editor, professor, doutor, apresentador…
A prosa mesquinha estirada no verso
O livro de ponto, o abono, o abscesso
A quebra do lírico, a morte da ânsia
A plúmbea estrofe de pedra
Diplomas e plumas abrindo o acesso
A insana constância do tédio
A vida que vaga entre teses
O ventre a verter suas frases
Sem algo a dizer e daí, que remédio?
Poemas e exames de fezes
O ventre do artista
Gera a pérola infinita
Grávida maravilha
Bezerro de ouro
Sei que meu deus habita em mim
É parte de mim
Partilhada entre tantos

A força do falo, o vício da morte


É o meu próprio deus contido no ódio
Que tenho de mim

O meu descontrole, o meu antefim


O meu antieu que vela por mim

Minha alma tritura, me afoga o desejo


O meu próprio deus debocha de mim

Me sangra a libido, é meu berbequim


Me leva pro inferno, o deus que há em mim

Contracomunhão, deus da solidão


Muralha do nada, refúgio do não

Não posso com ele, não tenho outra sorte


Eu quero outro Deus, que zele por mim

Me arranque essa morte, me salve de mim


Que seja mais forte, meu sonho, meu fim
Eu quero outro Deus que me tire daqui

Que não seja meu, que eu seja seu


Eu quero outro Deus que me arranque esse eu
Copacabana
A praia que se espraia
O mar, de amor, se arrebata
Drummond, Caymmi e basta
A morte e a morte de Gabo e Jorge
Macondo
É Salvador sem dendê
Ilhéus sem cacau
Mangue Seco com bananal

A esta hora
Caribenha fantasia
(Tem Caribe na Bahia)
Quincas berra Buendía
E a quenga mais triste, quem diria
Alegra o fim
E o fim da vida
Leoa em plumas de fogo
Seu hálito de nuvens
Destila meus sonhos tolos
Abolia, não
A vida?
Mero sufoco
A morte?
Nada de novo
Depois disso
Sempre vem aquilo
E, bem ou mal
Toda existência
Tem um final
Definitivamente letal

Passar como passarinho


Seria lindo
Não fosse o esgoto
A sufocar meu jardim

Mas, indignação sem poesia


Faz escorrer a vida
Que já anda tão vazia

Se a rua é de barro
E a parede é de pau
Se parceiros de luta
Agora beijam a sola
De antigos judas
Mais que rancor
Precisamos da bruma

Pra encurtar a história


A fome deles
Se autodevora
Nós seguimos na luta
Nosso sonho ainda dura
Dentro da pantera, a gata
Mulher que leva a menina
Frescor de fruta felina
Sociolinguística
Tanta gente acredita
Na fala engaiolada e restrita
Em máscara maquiada e esquisita
E que o dito
Só é bendito
Sob freios, rebenques e arreios

Pesadelam os puristas
(como se a pureza da língua
não fosse a mistura fina)
Que além das parnasiarias
Não há linguagens
E fora da cartilha
Tudo é selvagem, vertigina

Palavras não são paridas


Em gramáticas normativas
A língua
Vive é nas bocas
Tem sabor, aroma
A página é espelho
Que reflete, mas não doma
Originais
Desde que a conheço
Escrevo mas não revejo
Jamais amanheço
Sigo a contramão da noite
Rascunhando meus desejos
Poeta sujo
Falava da fome suja
Que há na diarreia

Falava do crime do açúcar


E das mãos decepadas
Que plantam alheia fartura

Hoje, trancado em corolas


Fala por quem paga
E pensa que isto basta

Raimundo, Raimundo
Tua pena não te salva
Teu ventre não vale o mundo

P.S.
Morto o poeta, fica o desafio:
Como arrancar
O joio de seu trigo?
Abadia
Não negar o corpo
Manancial de texturas
Milagre de curvas
Palimpsesto de êxtases
Vinha de outro corpo
Lua Nova
Pingente
Que pende
Da orelha
Da estrela
Agora esperar
A ciranda das estrelas
Dança dos véus, Luas
E o que restar desse beijo
(seja amor ou atropelo)
Atrás da chuva
A Lua
Vestida de nuvens
Desnuda
A solidão noturna
Sem deixar de ser
Múltiplo, que vai além
Nem ser nada aquém
Nossa vocação e sina:
Ter raiz e semear
Teu rosto
Um tributo
O busto
Um abismo
Onde me prostro
Submisso
A corda
um último grito
ou sufocado gemido
diz o sempre dito:
me devora o precipício
no vazio do finito
Política de vitrine
Repitamos sem saber
E vivamos de clichê
Afinal, pensar pra quê?

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